Philos
PORTUGUÊS CATALÀ ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO ROMÂNĂ REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 8 setembro 2016 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 8 septiembre 2016
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REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 8 setembro 2016 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 8 septiembre 2016
LUIGI RICCIARDI LEONARDO RICHNER FRANCISCO CARVALHO MARCELO PROENÇA MACIEL DAVID JUNIOR GUSTAVO SOUZA
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PORTUGUÊS CATALÀ ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO ROMÂNĂ
REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 8 setembro 2016 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 8 septiembre 2016
EXPEDIENTE
REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA
Souza Pereira
EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE
Sylvia de Montarroyos
COMITÊ EDITORIAL | COMITÉ EDITORIAL
Lucrecia Welter
REVISÃO DE TEXTOS | SUPERVISIÓN DE TEXTOS
Maus Hábitos
DESENHO E DIAGRAMAÇÃO | DISEGÑO Y DIAGRAMACIÓN
Amanda Almeida Cordeiro ILUSTRADOR | DIBUJANTE
SOBRE A OBRA DESTA EDIÇÃO | SOBRE LA OBRA DE ESTA EDICIÓN
Publicado originalmente em setembro de 2016 com o título Philos, Revista de literatura da União latina. Os textos desta edição são copyright © de seus respectivos autores. As opiniões expressas e o conteúdo dos textos são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Todos os esforços foram realizados para a obtenção das autorizações dos autores das citações ou fotografias reproduzidas nesta revista. Entretanto, não foi possível obter informações que levassem a encontrar alguns titulares. Mas os direitos lhes foram reservados. Philos, Revista de Literatura da União Latina é registrada sob o número SNIIC AG-20883 no Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais com Certificado de Reserva outorgado pelo Instituto Nacional de Direitos do Autor sob o registro: 10-2015-032213473700-121. ISSN 2527-113X. Revista Philos © 2017 Todos os direitos reservados. | Publicado originalmente en septiembre de 2016 con el título Philos, Revista de literatura de la Unión latina. Los textos de esta edición son copyright © de sus respectivos autores. Todos los esfuerzos fueron hechos para la obtención de las autorizaciones de los autores de las citaciones o fotografías reproducidas en esta revista. Sin embargo, no fue posible obtener informaciones que llevaran a encontrar algunos titulares. Pero los derechos les fueron reservados. Philos, Revista de Literatura de la Unión Latina es registrada bajo el número SNIIC AG-20883 en el Sistema Nacional de Informaciones e Indicadores Culturales con Certificado de Reserva otorgado por el Instituto Nacional de Derechos del Autor bajo el registro: 10-2015-032213473700121. ISSN 2527-113X. Revista Philos © 2017 Todos los derechos reservados.
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Philos, Revista Philos Revista de de Literatura Literatura da da União União Latina Latina | | Revista Revista de de Literatura Literatura de de lala Unión Unión Latina. Latina.
EDITORIAL
REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA Nesta oitava publicação da Revista Philos, nossos autores trazem consigo a certeza da voz, intermináveis argumentos e inspiradores devaneios, aproximam-se uns dos outros entre poemas e contos amarrados por um único fio universal. São narrativas que se combinam, respondem a diferentes perguntas e encontram-se em uma mesma leitura. São correntezas de um rio que deságua na imensidão do mar. Essas mesmas águas, misturam-se com as cores das ilustrações incríveis de Amanda Almeida Cordeiro, conversam e transformam a consciência das palavras em traços cheios de sentimentalismo. É uma das nossas edições que mais se apropriaram do espaço público, das luzes, do trânsito barulhento, das curvas arquitetônicas e dos memoriais de cultura e encantos da cidade de São Paulo. Parafraseando Ana Hatherly: As palavras são as línguas dos olhos. Tudo cabe dentro das palavras. Esta publicação é parte do Philos Reposter, um projeto de republicação de todo o material lançado pela editora Camará Cartonera em novo formato gráfico, com colaborações de novos ilustradores, fotógrafos e artistas visuais. Desejamos uma ótima leitura, Souza Pereira
EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE
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Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.
EDITORIAL
REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA En esta octava publicación de la Revista Philos, nuestros autores traen consigo la certeza de la voz, interminables argumentos e inspiradores devaneios, se aproximan unos de los otros entre poemas y cuentos amarrados por un único hilo universal. Son narrativas que se combinan, responden la diferentes preguntas y se encuentran en una misma lectura. Son correntezas de un río que deságua en la inmensidad del mar. Esas mismas aguas, se mezclan con los colores de las ilustraciones increíbles de Amanda Almeida Cordero, conversan y transforman la conciencia de las palabras en trazos llenos de sentimentalismo. Es una de nuestras ediciones que más se apropiaron del espacio público, de las luces, del tráfico barulhento, de las curvas arquitetônicas y de los memoriais de cultura y encantos de la ciudad de São Paulo. Parafraseando Ana Hatherly: Las palabras son las lenguas de los ojos. Todo cabe dentro de las palabras. Esta publicación es parte del Philos Reposter, un proyecto de republicación de todo el material lanzado por la editora Camará Cartonera en nuevo formato gráfico, con colaboraciones de nuevos ilustradores, fotógrafos y artistas visuales. Deseamos una óptima lectura, Souza Pereira
EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE
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SUMÁRIO | SUMARIO CONTOS | COLUNAS | EXPERIMENTAIS CUENTOS | COLUMNAS | EXPERIMENTALES
8 Traços de um retrato,
por LUIGI
RICCIARDI
12 210693,
por
LEONARDO RICHNER
16 Carta para
Deus,
por FRANCISCO CARVALHO
18 Garota
pianista,
por MARCELO
PROENÇA MACIEL
por
GUSTAVO SOUZA
21 O muro,
por
DAVID JUNIOR
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23 Naufrágio,
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Amanda Cordeiro (2017)
LITERATURA BRASILEIRA
CONTOS
Rotas da lusofonia
TRAÇOS DE UM RETRATO Luigi Ricciardi por
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I
O mistério é o grande deus dos homens e o egoísmo, seu epitáfio. A frase que aqui
disponho era a epígrafe de um dos livros dourados que foram dados por desaparecidos após séculos de invasão e domínio do principado de Seitão nas terras da Camúria Ocidental. A coleção, que dispunha de sessenta volumes, cada um possuindo em torno de mil e quinhentas páginas, tentava reconstruir todos os passos da história já registrada sobre a terra, desde os primeiros gritos silenciosos até o fechar choroso da última réstia de energia que se tem notícia. Os livros não possuem assinatura, não se sabe quem escreveu, tampouco se quem escreveu viveu boa parte da história ou se captou da tradição oral, ou mesmo de uma biblioteca secreta – da qual se desconfia da existência – escondida debaixo de um deserto escaldante. Metade da coleção contava a história do mundo humano sob a égide de cálculos matemáticos, provando que havia um arquiteto e administrador e que tudo saíra como planejado; e a outra, a partir de imperfeições, contando a evolução ao acaso. Da primeira leva, todos ainda restam desaparecidos. Da segunda, alguns foram recuperados após a batalha de Saint-Dîné, quando a Terra já não estava habitada, pelo menos das formas de vida que até então conhecíamos. Hoje, sabemos como está tudo diferente. Quando o novo jesuíta Moisés de Rio Branco encontrou um dos livros semiescondido pela areia fina, sob restos de uma antiga catedral, gritou aos camaradas que o seguiam: Finalmente, Platão e Nostradamus tinham razão. O livro não ficou com ele, foi parar nas mãos de um rei sanguinário que queria entender um pouco mais sobre a arte da guerra. Para preservá-lo, contratou sete copistas de índole clérica pré-reformista para manuscrevêlos e preservar suas peculiaridades. Uma de suas cópias me caiu em mãos uma vez. Tentarei ser fiel ao vos transcrever o que li. II No princípio, era o caos. A forma adquirida de Gaia veio assim, sem explicação, coisa monumentalmente grega, salvo aquela do verbo que por muito tempo foi aceita, mito da palavra que era Deus e que, séculos mais tarde, far-se-ia carne, carne de cordeiro. Tudo era móvel e disforme. Havia fogo? Tudo era suspenso. Havia monstros? Não me perguntem, pois essa onisciência é sempre falsa. Conto o que ouvi (ou não), modificada oratura clássica de tempos longínquos. Fico com o nada, que, isso sim, sempre esteve lá antes de tudo e lá estará após o fim de tudo, quando o que conhecemos for engolido, inclusive a tabacaria do Pessoa. Isso! Havia o nada, explicação sempre usada e reinventada segundo o mito e o tempo do qual se conta. O importante é que no dançar de cadeiras sensuais entre Gaia e Urano: viva o fiat lux, e assim se fez o céu, a terra e o submundo. 8
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Hoje, nesta fotografia que esquizofrenicamente tento descrever, vejo o novo caos, retornado, revivido, recriado. Contudo, vendo de cima com essa pseudo-onisciência de demiurgo, é nitidamente embaçada a consciência se estamos no apocalipse ou no novo gênesis. Talvez seja apenas um traço do retrato da história dos homens. Entretanto, aproveitando-me de um classicismo rude, sem fazer uso das novas linguagens da época, coube-me ser uma espécie de João Batista. Caso alguém se pergunte quem realmente é este que lhe entra vida adentro com uma estapafúrdia história irreal ou sonhada, digo-lhe que estou mais para um Saulo a caminho de Damasco. Fato é que Cronos nunca foi vencido senão por Zeus. E o titã pai de todos, filho de Urano, está ainda aí para não nos deixar mentir, vencendo e devorando quando acha que é necessário. Cronos tem face de Tânatos, foice que visita sem aviso, clichê de todos os tempos. Mas deixemos as coisas virem à tona no seu devido tempo. A curiosidade que muitos bens trouxe à humanidade gerou também a ganância. E tudo isso, mais o que virá após, já foram previstos por Tânatos desde que o mundo é mundo. A questão é que nunca se sabe quando. É, amigos, viver é negócio muito perigoso, já dizia um certo neologista brasileiro. Em suma, com história mitificada ou não, dou início às minhas linhas. III Muitas coisas foram as primeiras causas do quase desaparecimento da nossa espécie. Seria impossível elencar todas. Segundo algumas páginas amareladas e arrancadas de algum livro antigo, que foram encontradas pelos estudiosos pós-humanos. Nessa época, os seres que dominavam a terra eram chamados de homo sapiens, classificação deveras estranha, pois a sapiência desse povo era deveras relativa. Desde o momento em que perceberam o buraco no qual estavam se metendo, não passou trinta anos até que a sociedade e o planeta entrassem em colapso e sobrassem apenas alguns exemplares dessa espécie tão curiosa. Dizem que tudo ficou assim após a extinção da Amazônia, uma floresta tropical que possivelmente teria existido próximo à linha do Equador. Os anciãos do G-24 anunciaram as trombetas do fim. Apenas cento e quarenta e quatro sobreviveram. Dizem que a biblioteca interplanetária possui o único exemplar de sete mil páginas sobre esse furo histórico e, por motivos misteriosos, guarda-o dos olhares curiosos e nega veemente sua existência. Depois de todos os escândalos dos últimos tempos, não seria nenhum exagero, nem entregar-se a teorias de conspiração, acreditar na existência de tal objeto e na postura dos curadores dessa biblioteca estapafúrdia. Nessa época, o pólo sul era na Antártida, terra que chamamos hoje de Nova Tebas. Contase que durante milhares de anos ali só havia gelo. Mas, na época da quase extinção do homo sapiens, houve um superaquecimento global, fazendo com que o gelo ali presente derretesse e permitisse que a vida se desenvolvesse. Os cento e quarenta e quatro sobreviventes levaram para lá várias espécies de plantas e alguns animais que restavam. Quase morreram, mas eis que se fazem novas todas as coisas! Mal sabiam eles que ainda havia muito choro e ranger de dentes. IV A comunidade era baseada na divisão igualitária entre todos os seus habitantes. Tudo o que era produzido era dividido igualmente entre as pessoas que se dividiam em todo tipo de trabalho: plantio, construção de armas para caça, construção de casas, limpeza, trato dos animais etc. Eram divididos em casas que duravam apenas noventa dias. Moravam na mes9
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ma cabana para procriação. Se depois desse tempo, a mulher não engravidasse, havia um sistema de revezamento, ela ia para uma cabana e outra tomava o seu lugar. Era proibido qualquer tipo de posse. Um velho profeta insistia em não participar dos afazeres, pois dizia não acreditar no restabelecimento da raça humana. Décadas mais tarde, notou-se que um ou outro começou a roubar um pouco mais para si das cebolas que produzia, outro guardava um pouco mais de tomates e assim a discórdia começou a aparecer. Houve desentendimentos entre antigas nações, e os povos se separam em algumas divisões dentro da própria tribo, seguindo preceitos de língua: alemães, holandeses, austríacos; portugueses espanhóis e latino-americanos; ingleses e americanos; franceses e italianos; japoneses, chineses, coreanos; russos com ucranianos. Não demorou muito para a discórdia se instalar também dentro desses subgrupos. Com a superpopulação e o ódio entre os grupos, toda a Antártida acabou sendo explorada. Não sem consequências graves. Segundo consta, a África Unificada do Norte havia feito, secretamente, testes nucleares em uma área de Nova Tebas, então Antártida. A radioatividade do solo fez com que as plantas ali nascidas contivessem uma carga muito grande de radioatividade. Logo, além das doenças, a guerra pela água ou por qualquer outra coisa também levaria ao lançamento de inúmeras bombas atômicas, mas sem extinguir totalmente a raça humana. A guerra durou anos e terminou, obviamente, de maneira trágica. Ao longo da batalha final, seis estrondos foram ouvidos. O velho vidente afirmava que eram as sete trombetas do apocalipse judaico-cristão, crendices populares da época. Uma terça parte do oceano ficou misteriosamente vermelha, navios foram destruídos. Houve um clarão vindo do céu quando o velho anunciava novas pragas que viriam abater o homem. Segundo o mesmo livro guardado pela biblioteca interplanetária, nuvens gigantes de gafanhotos atacaram as tribos que se degladiavam até à morte. O sábio gritava de sua porta: “Naqueles dias, os homens vão correr em busca da morte, mas não saberão onde ela está. Vão querer a morte, mas a morte fugirá deles”. Um louco, no meio do fronte de batalha, gritava incessantemente “Lance sua foice e ceife. Chegou a hora da colheita, pois a lavoura da terra está madura. Lance a foice e colha os cachos da videira da terra, porque as uvas já estão maduras”. Então o velho gritou: “está realizado”, caindo morto fulminantemente. Segundos depois, os dois últimos homosapiens adultos se matavam mutuamente com duas espadas. No mesmo momento, o último bebê era resgatado por um macaco que adentrava a nova floresta Antártida. Dizem que o posfácio do livro escondido pela biblioteca interplanetária é o seguinte: “Não há monstro que habite dentro de nós. O que há é algo que habita em todos os recônditos cantos do mundo, e essa coisa não tem nome, mas nos obriga a fazer coisas irreversíveis”.
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Luigi Ricciardi (São Paulo, Brasil). Nascido Luís Cláudio Ferreira Silva, é graduado em Letras PortuguêsFrancês (UEM), mestre em Estudos Literários (UEM) e doutorando em Estudos Literários (UNESP). Foi finalista do prêmio SESC em 2014. Publicou os livros de contos Anacronismo Moderno (2011), Notícias do Submundo (2014) e Criador e Criatura (2015). É fundador do projeto Mutirão Artístico e da revista literária Pluriversos. Atualmente é professor do Bacharelado em Língua Francesa da Universidade Estadual de Londrina (UEL). 1
Amanda Cordeiro (2017)
LITERATURA BRASILEIRA Rotas da lusofonia
210693 por
Leonardo Richner1
Por último, decide andar até o metrô.
Tira o cigarro torto do maço amassado. Traga, embirrando o pulmão e sente a febre do corpo inflamado de ressaca. Uma dor na nuca, evita olhar para os lados. A rua espirra gente, amontoa cheiro. Na porta da estação, uma barraca de cachorro quente fumegando água de salsicha; do outro lado, a velha de lenço na cabeça estende a mão grossa. À frente, o vendedor oferece quinquilharias: corrente de metal vagabundo, móveis em miniatura feitos de arame, lanterna, chaveiro, Papai Noel do Paraguai que acende a vela presa na mão Ho! Ho! Ho! E o cachorro movido à pilha que late, late, late e dá cambalhota. Prende o cigarro com o dedão e o dedo do meio. Arremessa numa só tacada para fora da calçada. Enfia as mãos no bolso. O vendedor fala, refala, explicando as muambas. Compra o cachorro. Sobe as escadas da estação. A sacola de plástico azul batendo na perna. Senta e coloca a sacola com o cachorro entre as pernas. Encosta na janela e o galo na cabeça estala e o afasta. Não sai nunca. Desde a pancada. No banco da frente, lateral, percebe a intenção de uma conversa. Um gordo, com os botões estourando a camisa azul esgarçada pela barriga, segura um folhetinho. Nossa senhora de Guadalupe. Já no “Posso Te Fazer Uma Pergunta”, a mão com desenho de cruz, salmo e ramo de arruda interrompe uma possível conversão religiosa. A bobeira de querer ser moço novamente. Moço para beber sem doer a cabeça ou enjoar o estômago, para andar insone pela rua, moço para cheirar pó barato sem os brônquios chiarem, como estão agora, sem adormecer a ponta dos dedos, como sente agora. Ser moço para meter em todas, gozar com o mesmo prazer do primeiro jato de porra da primeira punheta. Ser moço e não ter passado pesado nas costas, tatuagens feitas à força ou escolher os desenhos, pelo menos. Ser moço para não ter de olhar tudo e ver só passado. No espelho, o cabelo branco saindo do couro cabeludo aqui, ali, e mais aqui. Ser moço novamente. Quem precisa de cabelo branco? O trem sai do túnel. Considerando que o Conselho de Sentença, ao apreciar a primeira série de quesitos, referente ao crime de homicídio qualificado que vitimou Silmara Queiroz de Almeida, reconheceu a materialidade e a autoria delitiva; Inspira fundo. O estridor no peito. O gordo ouviu. Tenta decidir entre andar todas as estações. Ida e volta. Para aonde ir primeiro, visitar quem? Tira o cachorro da sacola. Um leve sorriso involuntário no rosto. A porta abre e fecha. Não entra ninguém. Esqueceu que hoje é feriado. A luz do trem pisca. 12
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EXPERIM.
Considerando que o Conselho de Sentença não absolveu o acusado;
Ajeita o corpo no banco. Difícil achar posição. Banco duro. Fazem de propósito. Assim, ninguém fica tempo demais sentado. O ar abafado começa a suar na sobrancelha. Que diabos! Tira o casaco. Um furo debaixo do sovaco. Nem percebeu. 210693 no pulso. O aniversário. Do outro lado, “Deus Tudo Pode” embaralhado numa cruz, perto de uma sereia com a cauda que vai até o ombro, desce para o peito, na águia nazista. De onde o gordo está, só dá para ver a cabeça. A suástica fica mais pra baixo. Desfigurada de queimadura.
Considerando que o Conselho de Sentença não reconheceu que o réu agiu sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima; O trem chega à estação Tietê. Levanta, o apito da porta fechando e a sacola com o cachorrinho à pilha quase se prende ao fechar. Passa a catraca. Entra na rodoviária. Repara aqui, ali, mais outro lá e mais outro. Todo mundo olhando. Uma senhora passa e fecha o casaco com as mãos. Idiota, tem medo até de pernilongo. Tira do bolso o dinheiro, uma nota de dois rasgou-se na ponta. Considerando que o Conselho de Sentença reconheceu que o crime foi cometido por motivo torpe; Embola o casaco para servir de travesseiro. Olha as imagens rápidas como quem não vê nada. Tudo novo. A tatuagem “Amor Só de Mãe” nas costas coça. Não dá para alcançar. Que vida! Ir sem rumo. Enfia a mão no bolso e retira o documento: DIP-SP 2905 06/10741. Sente a coluna doer. Tenta endireitar-se na poltrona. Sente o estalo. O corpo todo quebrado. O cu dói. Redói, ainda da despedida. O ônibus sai de São Paulo. Considerando que o Conselho de Sentença reconheceu que o crime foi cometido com emprego de meio cruel; Anda pela calçada da praia. A brisa meio morna, meio laranja. Bate a sacola na perna. É outro ar. Sem suor da cambada. Sem bafo de cárie. Sem cheiro de vômito. Sem cheiro de mijo. De bosta socada com o pau. Sem cheiro de gente desgraçada. Encontra um pedaço de sol caindo. Fecha o olho e deixa bater na cara. Sol sem ser quadrado, sem as sombras das linhas das grades. Sol amarelo, quente.
Considerando que o Conselho de Sentença reconheceu que o crime foi cometido mediante recurso que impossibilitou defesa das vítimas; Senta no banco. A linha de mar à frente. Coloca a sacola do lado. Desamarra o cadarço. Tira a meia e guarda dentro do tênis. Sente os grãos de areia no chão. O chão. Quente de sol. O concreto morno. O cu para de doer, o fogo nas costas apaga. O pulso coça 210693. O três torto cai para a direita. Os pés no chão.
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Considerando que o Conselho de Sentença reconheceu que o crime foi cometido contra pessoa menor de catorze anos; Em quinze anos. A primeira delicadeza: a onda molha o dedão do pé. Um arrepio sobe. A perna meio bamba. Deixa a cabeça cair para trás e ouve a lembrança do menino falando “Me dá Um Cachorrinho Papai”! PELO EXPOSTO e considerando a vontade soberana do Conselho de Sentença, CONDENO o réu CARLOS Queiroz de Almeida O sol se esconde no céu roxo. Acinzentando. As nuvens grossas. Vai chover daqui a pouco. Silmara pede “Por Favor”! Silmara fala “Não Foi Eu Quem Pegou O Dinheiro”. Silmara explica: “Eu Num Tava Fugindo”. Silmara grita: “Pensa No Menino”. A faca entra. A pele na lâmina parece papel. O estômago enche de sangue. A faca sai. Entra. Sai. Entra. Sai. Entra. Sai. Entra. Sai. O sangue gruda poucos segundos depois. Melaço escorrido no cabo e na mão. em relação a vítima Silmara Queiroz de Almeida) Água fria. A sensação de que isso aqui é vida. O mar encostando na pele. O mar, e não pele suada, ranço de sujeira grudando nos pelos, respingo de baba no rosto, porra vazando do cu, sangue espirrado na testa. O mar. O mar encostando no primeiro milímetro. Abre os olhos. em relação a vítima Ryan Queiroz de Almeida) Ryan acordou. “Papai Você Trouxe Meu Cachorrinho”? Aniversário de seis anos. Levanta da cama. Os braços abertos. “Papai, Meu Cachorrinho”. O pijama do Frajola. A cara de traição de Silmara. O quarto turvo. A faca corta as cordas vocais. Um engasgo. Corta os tendões, veias, artérias do pescoço. A cabeça cai para trás. Um engasgo. O Frajola molhado de sangue grosso e escuro. à pena privativa de liberdade de 44 (quarenta e quatro) anos e 06 (seis) meses de reclusão, no regime inicialmente fechado, o que faço com fundamento no artigo 386, inciso I, do Código de Processo Penal. Tira o cachorro da sacola. Vira o botão para a direita. Começa a latir. Uma. Duas. Três vezes. Uma cambalhota. Volta a latir. Tira do bolso o documento. Livre! Deixa cair na areia. O padre perguntando: “Está Arrependido Do Teu Pecado Meu Filho”? Já nem dá pra ver o fim do mar perto do céu. Escureceu. O padre contrai os lábios. Olha para trás, aquele quadrado de janelinhas. Joga o casaco no chão, o portão da penitenciária abre. Publicada no Salão Nobre do Tribunal Popular do Júri da Comarca de São Paulo/SP, aos 20 de agosto de 1999, às 17h30min, saindo as partes intimadas para os efeitos recursais. Registre-se. Cumpra-se. Água limpa. O corpo imerso na primeira água do mundo. Sal e Deus. Prende a respiração. O menino tenta abraçar o pai. A água batendo no queixo. Afunda no adeus. Na areia, o cachorro late. Uma. Duas. Três vezes. Dá uma cambalhota.
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Leonardo Richner (São 1
Paulo, 1981) publicou o livro de contos “Você, que nunca mais apareceu” pela editora Penalux. Também publicou com o coletivo 9/fora o livro de contos “Nove História – Nove Autores”.
Amanda Cordeiro (2017)
LITERATURA BRASILEIRA
CONTOS
Rotas da lusofonia
CARTA PARA DEUS por
Francisco Carvalho1
Hoje pela manhã, quando a ociosidade se fazia aguda, sentei-me junto ao muro que me
separa da rua e, com a máquina de escrever entre as pernas e uma xícara de café requentado ao lado, me coloquei a datilografar uma carta para Deus. Não que eu acredite na existência de tal divindade, mas, sendo você tão devota dEle e sendo eu tão devoto seu, entendo que não faz mal apelar por um pouco de ajuda, na esperança de que, estando eu errado sobre a não existência de um ser celestial, me faça agradável ao seu divino olhar. A verdade é que, depois de recorrer a tantos artifícios para chamar sua atenção, me vi obrigado a tentar o impensável. Nesta carta, eu não peço riqueza. Também não me interessa um lugar no paraíso. Tudo que pedi é que, escrevendo certo por linhas tortas, como dizem ser do seu costume, Ele me empurre para mais perto de você. Sei que pode parecer abuso de minha parte incomodá-lo com tal pedido, mas, como prometido, entrego minha alma ou o que restou dela se por Ele for atendido. Quanto ao coração, bem, o coração é seu, e eu vou negá-lo a Deus, se o mesmo for requerido.
Francisco Carvalho 1
(Maceió, 1988), escritor e professor de história, graduando-se pela Universidade Federal de Alagoas.
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Amanda Cordeiro (2017)
LITERATURA BRASILEIRA Rotas da lusofonia
GAROTA PIANISTA por
Marcelo Proença Maciel1
O amor se manifesta de maneiras misteriosas. Os dias passam lentamente e de forma
grosseira, quando sem ela, fazendo com que amar seja uma maldição desesperadora, charmosa. Meu espírito raivoso chove tempestades quando sente que não pode ter aquilo que deseja. Meus ouvidos fazem greve de surdez, porque pensam que ouvir algo além de sua música é uma tortura sem valor. Naquela noite, eu rastejei pela cidade procurando uma dose letal de inspiração. Busquei Ginsberg nas vielas escuras. Olhei fixo nos olhos de estranhos, quis que meus olhos relampejassem ao encontrar outros olhos, mas não aconteceu. Fiz da solidão um verso concreto e sujo. Até que finalmente cedi e me rastejei até onde estaria a garota que me embriagaria só com seu olhar cravejado de pólen e inspiração (néctar dos poetas). Cheguei ao teatro. Eu conseguia ver o aroma doce exalando pelas paredes. A pequena abelha voou em busca de sua flor. As graves batidas do meu coração ecoavam pela plateia como explosões intensas, vibrantes. A surdez de abstinência abafava meus pensamentos, eu só conseguia ouvir meus próprios momentos, de forma cinza, como a justa medida do tempo. Foi quando, de longe, ouvi uma trovoada. Senti o cheiro de terra molhada e devastada pelo vento. – Ela entrou. A pianista estava usando a noite como vestido e as estrelas como brincos, ela tinha cabelos longos, liso aos dedos, que acertavam seus ombros como as ondas noturnas quebram nos barcos, rosto fino e acariciado pela perfeição, com lábios cor-de-estrela-cadente, penetrando na atmosfera terrestre, e o talento fértil como a terra. Ela sentou-se em frente ao seu piano, estendeu os braços e deixou que os dedos dançassem sobre as teclas como as árvores dançam ao vento. – Eu me embriaguei. Ela deslizava pelas notas assim como eu deslizo pela poesia. Ela construía melodias assim como eu construo silêncios. Ela acalmava meus caos. Eu lutava contra isso. As estações não são claras quando estou me drogando com suas melodias, nem o tempo, nem a vida, nem as memórias, nem nada. Eu me deitei sobre seu perfume de mulher e apoiei meu corpo na doce intensidade daquele momento. Fiquei alto o suficiente para pensar em tudo que até aquela hora havia me afligido. Lembrei-me de histórias próprias que nunca havia contado, pessoas de quem ousei me esquecer, areia, balanços. Mastiguei seco para não sentir amargo. Mesmo alto, consegui sentir o frio de realidade acariciando minhas costas. Saber dessa realidade foi perder minha garota até mesmo na imaginação e, naquele instante, eu percebi que em vida temos pouco, mas fora dela temos nada. Quis congelar o tempo para viver como nada ao lado dela. E o frio visceral foi tomando conta de todos os labirintos do meu corpo, até que chegou aos meus olhos, e eu, como quem cai de uma escada, os abri de forma ríspida como um tiro no vácuo e eles relampejaram ao encontrar dois olhos... os olhos da pianista. Ela sorriu mudando o curso da maré dos meus pensamentos. 18
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CONTOS
Aquele sorriso ofuscou todos os meus sentidos e abençoou minha poesia. – Agora, eu vivia. Desejei que aquele sorriso fosse a primeira e a última coisa que veria na minha vida. Os relâmpagos pararam quando ela voltou os olhos para seu piano, e eu me fiz uma pergunta: “Como posso sentir mais frio do que este inverno permite’’? Não encontrei uma resposta nem mesmo nos meus sonhos. Então mudei a pergunta, mas essa eu sussurrei em direção a ela: “Posso amar-te no inverno quente mesmo com o vento indiferente”? Só encontrei a resposta nos meus sonhos. Minha alma queria tanto estar com a pianista que, mesmo se eu fechasse os olhos e ignorasse sua presença, as palavras sairiam do meu corpo e cercariam sua silhueta me fazendo sentir cada curva e textura, como um sexto sentido, uma defesa natural do meu corpo, um instinto poético, algo tão natural quanto o voo de uma águia. Eu era dependente químico daquele amor. Sem ele correndo pelas minhas veias, faltavamme palavras na mente e cor nos olhos. Eis o meu fim; para sempre não seria. O frio chegara ao meu coração. Fez bombear neve para todo o meu corpo. – Minhas asas queimaram. Eu caí de alma no chão do mundo. Já com dores de cabeça, ouvi com dificuldade palmas abafadas por todo o teatro, só consegui bater minhas mãos três desajeitadas vezes. O silêncio grudou nas paredes e as luzes se acenderam. Eu estava tentando me levantar em todos os sentidos, quando meus olhos tocaram a silhueta fina da minha pianista. Pela primeira vez, eles choveram ao invés de relampejar. Eu vi a noite amanhecendo a cada degrau do palco que ela descia em minha direção. Quando ela estava próxima o suficiente para não conseguir fugir dos meus braços, eu amanheci. Entrelacei-me na noite gélida do seu corpo e ela repousou a cabeça sobre meu coração mais calmo. Tive minha garota pianista em minhas mãos por alguns minutos e ela me teve como uma estrela em sua noite... só por sempre. Para sempre.
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Marcelo Proença Maciel (São Paulo, 1999). Escritor e poeta nascido no dia 21 de março na cidade de Tatuí, SP. 1
Amanda Cordeiro (2017)
LITERATURA BRASILEIRA
CONTOS
Rotas da lusofonia
O MURO por
David Junior1
Um pequeno garoto vivia numa comunidade afastada de todo o resto do mundo,
cercada por altíssimos muros de tijolo e concreto e com um imenso portão que nunca se abria. Uma igreja, uma escola, algumas casas e várias plantações e criações. Um lago – lindo, por sinal. Uma pequena civilização, escondida num pequeno pedaço de mundo. Comum a tudo o que é material é a pequenez. Sabe-se lá o tamanho do que há além do universo, se é que essa teoria de algo além é válida e se é que o universo já não baste. Mas, mesmo que miúdos e marginalizados, eram todos os habitantes felizes, dentro da felicidade que lhes fora apresentada. Ali, um pequeno garoto vivia. Seu pai era cuidador de ovelhas. O homem gostava dessa denominação, não de outra. Tudo o que lhe remetesse a religiões entortava-lhe a alma. Santo Deus! Não que fosse ateu. Pelo contrário, tinha uma fé que os anjos invejavam. Mas não atribuamos pecados aos pobres angelicais, pois aqui esse capital toma um tom menos ofensivo, e já não sei se me faço entender… A semântica das palavras é o veneno e a vacina. Cabe-nos escolher entre a presa e a seringa. E de tanto moralismo nesta narrativa, esqueçome do importante, mas retomo o fato. A mãe do garoto, uma doce senhora que regava a pequena horta da família. A irmã era a cópia da mãe, e ajudava nos serviços domésticos. Já o garoto não copiava a ninguém, nem a si mesmo. Até mesmo o espelho se espantava. Todos os dias, o pequeno garoto ia até os muros que cercavam a cidadezinha e insinuava escalá-los. Não passava da metade da altura, pois a mãe lhe gritava e desaprovava toda aquela curiosidade pueril. Voltava o menino, então, aos árduos trabalhos entre o carrinho e a bicicleta. Quando o pai voltava das ovelhas, a mulher lhe contava o que fizera o menino, e o pai reforçava a reprovação ao pequeno. No fundo, o pai apenas queria manter sua autoridade e fazer-se cúmplice da mulher, pois admirava seu filho exercendo a curiosidade que ele também tinha. A irmã, ainda que mais velha, não reprovava nem aprovava. Não dizia nem desdizia. Não pensava. Apenas copiava. Certo dia, novamente em seu ofício de persistência, o garoto começou a escalar o muro, aquele altíssimo muro, ínfimo aos olhos do infinito. A mãe logo lhe repreendeu, como sempre acontecia. Mas, dessa vez, o menino não a ouviu e continuou a escalar. A cada centímetro acima, a mãe lhe prometia um castigo a mais. Mas ele estava disposto a aguentar a pena futura. Escalava, subia, suava. Chegou ao cimo. Olhou para baixo e viu sua mãe desesperada, junto de sua irmã não pensante. Do pequeno campo das ovelhas, o pai enxergava o filho, ao longe, e ria-se feliz, mas triste por não estar sobre o muro também. O garoto olhou para o outro lado do muro e viu a mesma altura entre ele e o chão, porém uma diferente extensão entre ele e o horizonte.
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David Edson de Camargo Junior (Votorantim, 1989). Professor e escritor. 1
Amanda Cordeiro (2017)
LITERATURA BRASILEIRA
EXPERIM.
Rotas da lusofonia
NAUFRÁGIO por
Gustavo Souza1
Em ciclo giratório, - a noite que era sóbria, nas bebidas e volúpias constantes - em
cruzeiro à deriva... O surto das danças em salão – as alegrias amálgama. Entre corpos impuros, e excitados aos ritmos musicais – das quimeras cegas. - O adeus estava próximo, nas curvas aprumadas do vento nebuloso, - ao sul da costa, da vida. O vinho deleita os lábios, - das sóbrias vítimas que despejaram as alegrias em mar aberto... Em segundos, a noite de néctar, - se apossam do inferno terror, de sujeitos pedindo socorro; outros se afogam ao vento frio, - verdade! Outros se enforcam em cordas à deriva, milhares de corpos boiando, - e o mínimo em embarcação que sofre aos fortes ventos do sul... Em ciclo giratório, a embarcação, - esvanecer ao sombrio mar...
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Gustavo Souza (Piranhas, Alagoas, 1992). Poeta e crítico licenciado em História pela Universidade Federal de Alagoas. Menção honrosa na categoria de novos poetas do Concurso Sarau Brasil da Editora Vivara (2015). 1
Philos
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