INL/INESC Instituições de prestígio na nanotecnologia AS VANTAGENS DA MEDICINA NATURAL
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NORGE em destaque
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SUPLEMENTO distribuído em conjunto com o JORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL NOVEMBRO 2013 / EDIÇÃO Nº 30 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros
ISEG – LISBOA SCHOOL OF ECONOMICS & MANAGEMENT
2.º FÓRUM INICIA TIVAS I&D+i À
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NOVA LEI DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS
27 DE NOVEM LISPÓLIS BRO,
Vasco Teixeira
AGENTE DE EXECUÇÃO NA SOCIEDADE
Coordenador do Projeto NanoValor e Investigador em Nanotecnologia, afirma:
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Fotografia: Catarina Morais
A Nanotecnologia está a emergir como o domínio científico e tecnológico mais promissor e de maior expansão de I&D. As expectativas para que a Nanotecnologia melhore a segurança e a qualidade de vida são extremamente elevadas
Somos a JMA “João Marcelo & Associados Sociedade de Advogados, RL”, com sede em Castelo Branco (Portugal), criada em Fevereiro de 1996 sob a denominação de “João C. Marcelo & Teresa M. Pereira – Sociedade de Advogados”, alicerçada num sólido quadro de valores, que orientam a sua forma de estar no Direito e na Vida: elevados padrões de profissionalismo, ética, confidencialidade, lealdade e de defesa dos interesses de cada cliente e apostando na contínua e crescente valorização académica e profissional dos nossos advogados. Temos como objectivo oferecer uma assistência global, com prontidão, competência e rigor, em todos os casos e circunstâncias em que os nossos clientes necessitem de apoio jurídico quer individual, quer a nível empresarial. A JMA tem desenvolvido a sua actividade nos vários ramos de direito, com especial incidência nas áreas do direito bancário, de seguros, energia, responsabilidade civil, administrativo, trabalho, fiscal e comercial. O espírito que presidiu à constituição da JMA foi o de juntar, no interior do País, um grupo de advogados de reconhecida competência, crescentemente vocacionados para áreas de especialização, nos vários ramos de direito, de modo a poder oferecer aos seus clientes um serviço global, de qualidade, eficiência e rigor. Estamos empenhados em prestar um serviço de qualidade, rigor e eficiência, e no estabelecimento de uma relação personalizada e de proximidade com os nossos clientes, procuramos, em cada momento, conhecer e compreender os seus problemas, encontrar
as soluções que melhor asseguram os seus interesses e propor-lhe as opções mais adequadas, na estrita medida das suas necessidades, com acompanhamento individualizado, desde a consultadoria até à defesa judicial, se necessária. A qualidade no trabalho profissional, a relação personalizada e de lealdade com o cliente, o respeito pelas normas éticas e deontológicas, levou-nos a optar pela excelência dos recursos humanos envolvidos, em detrimento de um crescimento que pudesse comprometer aqueles imperativos. É prática da JMA a interacção entre os clientes e os advogados com quem trabalham. O acompanhamento personalizado e individualizado de cada cliente é, para nós, prioritário. Fomentamos o espírito de equipa e a troca de conhecimentos, valores e experiências, num bom ambiente de trabalho, como aquele que nos orgulhamos de ter na JMA.
Av. 1.º de Maio, n.º 12 - 2º 6000-086 Castelo Branco - Portugal Telefone: 272 328566 / 272 329846 Fax: 272 329797 E-mail: geral@jma-advogados.com
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Em destaque 6
O Futuro das Fundações em Portugal na ótica de Maria da Conceição de Oliveira Martins, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Denise Lester
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Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Eletromecânicas (ANEME) e a estratégia do setor
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“Mais alimentos estariam disponíveis se não tivéssemos os atuais avultados e vergonhosos desperdícios”. Palavras de Hélder Muteia, Responsável do Escritório da FAO em Portugal
CUSTOS DA FOME NO MUNDO
O ponto de vista de Sandra Nogueira sobre o papel do agente de execução na sociedade
QS-Projects: parceria em todas as fases de projeto e obra
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MEDICINA NATURAL Tendo com base duas técnicas, a Morfese e a Athenese, a Clínica da Mente já ajudou vários pacientes a ultrapassar diferentes patologias do foro mental ou psicossomático
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ITN é uma instituição ligada à prática clínica, divulgação e formação na área das terapêuticas não convencionais
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EXCELÊNCIA EM NANOTECNOLOGIA
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ISEG: uma escola que cria líderes e grandes decisores
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Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas (ANIPLA) e a Nova Lei dos Produtos Fitofarmacêuticos
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NOVA LEI DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS “Esta Lei vai-nos permitir evoluir no sentido de uma utilização cada vez mais segura”, afirmou Paulo Lourenço, Country Registration Manager – Portugal da BASF
A nanotecnologia traz consigo um mundo infindável de aplicações. Instituições como o INL ou o INESC têm desempenhado um papel fulcral na promoção de uma área que tem muito para dar
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VINHO PORTUGUÊS NO MUNDO Situada na região de Muxagata, em Vila Nova de Foz Côa, os vinhos da Quinta da Mieira são “desenhados pela terra”
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A OPINIÃO DE...
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial
IMITAÇÃO DE MARCA: CONTRAFAÇÃO COM ADJUNÇÃO OU AGREGAÇÃO - O CONCEITO DE IMITAÇÃO DE MARCA REGISTADA
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1 - A imitação de marcas registadas, como vimos já, pode ser intencional ou resultar de um mero acaso. Mas a imitação de marcas notórias ou, pelo menos, com certa reputação, será sempre intencional, podendo considerar-se diretamente proporcional à divulgação e aceitação no mercado que já conseguiu conquistar.
2 - Por essa razão, nas oposições apresentadas contra pedidos de registos considerados ofensivos de marcas já registadas, indicam-se geralmente alguns casos anteriores, que já foram estudados pelo INPI e resolvidos dentro dos melhores princípios que regulam a concorrência correta e leal. Este será, talvez, o objetivo fundamental do INPI.
Assim, parece essencial, quando se estuda um novo caso de tentativa de imitação de marca já registada, examinar decisões de pedidos anteriores, se os houver, para seguir, em relação a esse problema, uma orientação coerente com a que já tenha sido definida pelo INPI. É evidente que uma só decisão não determina o rumo a seguir, mas se forem dez ou vinte não poderão ser ignoradas.
3 - Nota-se que, no INPI, não parece haver uma clara noção do conceito de imitação de marca registada: na verdade, muitas vezes limitam-se a citar ou a transcrever o nº 1 do artigo 245º do Código da Propriedade Industrial, para concluir se as alíneas
da disposição são aplicáveis ao caso concreto que estão a estudar e tiram, imediatamente, a sua conclusão – que, nessas condições, muitas vezes não será correta. É que a verificação da alínea a) é fácil – prioridade dos pedidos – mas as alíneas b) e c) levantam problemas, em especial a última, que é incompleta na definição do conceito de imitação das marcas. Na aplicação desta alínea c) considera-se, frequentemente, que a imitação depende da “semelhança de conjunto” das marcas em litígio. Em todo o caso, a comparação das marcas não pode limitar-se à “semelhança de conjunto” que – como parece óbvio – o imitador tem a elementar cautela de disfarçar. 4 - Aliás, a alínea c) do nº1 do artigo 245º, não faz qualquer exigência relativamente à semelhança de conjunto, que só existe na imaginação dos imitadores, que assim pensam – e por vezes conseguem – convencer que as marcas são distintas e não há perigo de erro ou confusão.
5 - Como é normal, o conceito de imitação de marca registada tem evoluído nestas ultimas décadas, assim como os direitos decorrentes do próprio registo: ao titular é conferido um direito exclusivo, ao mesmo tempo que fica habilitado a proibir um terceiro que use essa marca, sem o seu consentimento, na sua vida comercial, conforme dispõe o artigo 5º, 1 da Diretiva 2008/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de outubro de 2008.
Esta Diretiva, que aproxima as legislações dos Estados-Membros da União Europeia em matéria de marcas, veio substituir a 89/104/CEE do Conselho, de 21 de dezembro de 1988.
6 - Se, devido à sua identidade ou semelhança com uma marca anteriormente registada para produtos também idênticos ou semelhantes, existir um risco de confusão no espírito do público, esse risco compreende o risco de associação com a marca anterior (Diretiva, artigo 4º, 1, b)), e o registo será recusado ou anulado. Por outras palavras: nessas condições, a nova marca imita a que foi anteriormente registada. 7 - A lei Portuguesa segue, naturalmente, a Diretiva, embora com uma redação que vem já do Código de 1995 e que não é muito clara – indicando as formas básicas de semelhança (gráfica, figurativa ou fonética), a que acrescentou “ou outra”, para prevenir qualquer hipótese mais imaginativa.
8 - Mas, em Portugal, a grande preocupação tem sido a “semelhança de conjunto” – que a lei não exige, como se viu – para se concluir se há ou não imitação. E, frequentemente, se o conjunto não é semelhante, o INPI conclui que não há imitação. 9 - Em todo o caso, a semelhança de conjunto é uma invenção pouco feliz, uma vez que os consumidores, ao adquirirem determinado produto, não têm as duas marcas – a autêntica e a imitação – para poderem fazer uma comparação.
Pontos de Vista Outubro 2013
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A imitação – repete-se – tanto pode resultar da conjugação ou combinação de vários elementos existentes em ambas as marcas como da existência de um só elemento comum, se este for de tal forma saliente e predominante que domine o conjunto e lhe imprima a semelhança necessária para determinar a confusão
Como pode exigir-se que os consumidores se recordem dos pormenores do aspeto do conjunto? As marcas são referidas e memorizadas pelo seu elemento dominante e não pelo aspeto de conjunto que os seus elementos apresentam. Como é possível dar a uma característica secundária uma função determinante na concessão ou recusa do registo?
10 - Este ponto é fundamental – especialmente para o tema que estamos a tratar, ou seja a contrafação com agregação – sendo indispensável que fique bem claro que a semelhança de conjunto – sendo, sem dúvida, importante – não é determinante na apreciação do conceito de imitação. Quer dizer : havendo semelhança no conjunto, a imitação parece evidente, mas, se não houver, poderá também verificar-se imitação de marca registada. 11 - Este tema foi tratado nos Comentários ao Código de 1940, publicado em 1985, pelo meu tio Justino Cruz (com a minha colaboração) da seguinte forma: “O que fundamentalmente interessa é que a marca possua a necessária eficácia distintiva. Podem os seus vários elementos ser diferentes e no entanto, considerados em conjunto, induzirem em erro ou confusão; podem até ser iguais – mas reunidos de maneira a formarem uma marca perfeitamente distinta.
A imitação – repete-se – tanto pode resultar da conjugação ou combinação de vários elementos existentes em ambas as marcas como da existência de um só elemento comum, se este for de tal forma saliente e predominante que domine o conjunto e lhe imprima a semelhança necessária para determinar a confusão.” 12 - É preciso não esquecer que as marcas mais atacadas são as notórias – ou, pelo menos, com certa reputação – e o imitador refugia-se, justamente, na alteração dos pormenores para procurar defender o registo que pretende obter. Mas isto não será evidente? O INPI não se apercebe que quando uma marca fundamenta a recusa de dezenas de pedidos de registo é porque tem sucesso comercial, sendo cobiçada por todos os concorrentes? 13 - É sabido que as marcas notórias exigem um maior grau de proteção – e as razões apontadas variam – sendo praticamente consensual que a notoriedade agrava o risco de confusão, uma vez que deixa na memória do publico uma lembrança certa e persistente.
Em todo o caso, se o consumidor reconhece, sem dúvida, a marca notória, será correto dizer que tem dela uma lembrança certa?
A imitação de marcas é uma arte, que tem seguidores de alto nível e cuja finalidade é causar confusão no espirito do consumidor – que conhecendo a marca notória, não terá noção completa dos elementos secundários que a constituem.
O maior grau de proteção destas marcas justifica-se, essencialmente, pelo elevado numero de tentativas de imitação que sofrem e da qualidade dessa imitação, orientada por autênticos profissionais desta rendosa atividade. 14 - O artigo 245º, nº 1, do Código da Propriedade Industrial, dispõe que a marca registada considera-se imitada ou usurpada quando, cumulativamente,
“a) A marca registada tiver prioridade; b) Sejam ambas destinadas a assinalar produtos ou serviços idênticos ou afins; c)Tenham tal semelhança gráfica, figurativa, fonética ou outra que induza facilmente o consumidor em erro ou confusão, ou que compreenda um risco de associação com marca anteriormente registada, de forma a que o consumidor não as possa distinguir senão depois de exame atento ou confronto.” Comparando esta alínea c) com o artigo 4º, 1, b), da Diretiva, verifica-se que a redação é enganosa, pois o “ou que compreenda” parece dispensar a semelhança das marcas, o que é completamente errado. Mas o nº 3 do mesmo artigo é fundamental para o problema da contrafação com agregação, ao determinar que
“considera-se imitação ou usurpação parcial de marca o uso de certa denominação de fantasia que faça parte de marca alheia anteriormente registada.” O artigo 239º, nº 2, alínea a), esclarece ainda que constitui fundamento de recusa de registo
“A reprodução ou imitação de firma, de denominação social e de outros sinais distintivos, ou apenas parte característica dos mesmos, que não pertençam ao requerente, ou que o mesmo não esteja autorizado a usar, se for suscetível de induzir o consumidor em erro ou confusão”. Esta última disposição, destinada mais á defesa da firma ou denominação social, é também aplicável às marcas, que se incluem nos “outros sinais distintivos” e tem uma direta aplicação à reprodução com agregação de que temos vindo a falar. No próximo artigo vamos, finalmente, examinar casos concretos de decisões relativas à contrafação com agregação de marcas registadas.
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Este ponto é fundamental – especialmente para o tema que estamos a tratar, ou seja a contrafação com agregação – sendo indispensável que fique bem claro que a semelhança de conjunto – sendo, sem dúvida, importante – não é determinante na apreciação do conceito de imitação. Quer dizer : havendo semelhança no conjunto, a imitação parece evidente, mas, se não houver, poderá também verificar-se imitação de marca registada
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Futuro das Fundações em Portugal
Fundação Denise Lester e Queen Elizabeth’s School
Preparar os jovens para os desafios da sociedade do conhecimento Ao longo dos 78 anos de existência da Queen Elizabeth’s School e dos 48 anos da Fundação Denise Lester que gere e administra superiormente aquela instituição de ensino, temos vindo a valorizar o desenvolvimento global dos nossos alunos, respeitando a individualidade de cada um”, afirma Maria da Conceição de Oliveira Martins, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Denise Lester, que «abriu» as portas da instituição à Revista Pontos de Vista. Aqui ficamos a conhecer as potencialidades de uma instituição de enorme renome e prestígio e muito mais.
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Numa sociedade cada vez mais global e com as consequências que daí advêm, a Queen Elizabeth’s School (QES) procura promover um forte sentido de responsabilidade, tolerância e diálogo. Com os desafios trazidos por novas realidades educativas e sociais, como é que se consegue preservar os ideais preconizados pela fundadora, Denise Lester? A Queen Elizabeth’s School preconiza os ideais defendidos pela sua fundadora Miss Denise Lester O.B.E., aquando da conceção do projeto educativo desta escola e da constituição da Fundação portadora do seu nome, à qual cabe dar continuidade à obra que criou. Esses ideais mantêm-se atuais atendendo à grande visão que sempre teve para antecipar necessidades futuras. Cultivamos nos alunos, desde muito cedo, o sentido de responsabilidade, de autonomia, de espírito crítico, de moralidade, de sentido estético, de trabalho em equipa, de solidariedade, de tolerância e de abertura à interculturalidade. Entendemos que a aprendizagem de uma segunda língua é essencial numa educação formal e uma grande oportunidade educativa que contribui para melhorar competências multiculturais e linguísticas e promover a riqueza da diversidade numa sociedade cada vez mais global. Quando falamos de educação não nos referimos apenas à instrução, mas também à formação pessoal e social dos alunos. A QES é uma escola com tradição que aposta em dar aos seus alunos uma sólida formação de base, preparando-os para a vida adulta. Pretendemos formar cidadãos ativos e responsáveis. Desde a sua génese, a Fundação tem procurado desempenhar um papel ativo junto da sociedade, desenvol-
Maria da Conceição de Oliveira Martins
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A nossa escola tem participado em parcerias no âmbito de programas de intercâmbio educativo e cultural a nível nacional e internacional, tendo sido coordenadora de duas parcerias multilaterais entre escolas europeias no âmbito do Programa Setorial Comenius
vendo ações de apoio a nível social, exercendo uma ação altruística junto dos mais carenciados. Com a atual crise, sentem que a vossa atuação deve ser reforçada? Sim, sem dúvida. Com a atual crise económica que se faz sentir, a educação dos alunos para a cidadania, o altruísmo e o voluntariado são fundamentais para fazer prevalecer uma cultura de humanismo assente na dignidade do ser humano e no respeito pelos direitos fundamentais. A ação educativa da QES assenta nos valores cristãos, como influência moral fundamental na formação de caráter, no testemunho de generosidade e de amor ao próximo, promovendo o diálogo, a to-
lerância, a solidariedade e a inclusão no combate a todas as formas de exclusão e discriminação social. A Queen Elizabeth’s School tem vindo a desenvolver junto dos seus alunos iniciativas de sensibilização para a integração social de idosos, residentes em lares de terceira idade e de jovens portadores das mais variadas deficiências, aceitando e respeitando a diferença. A temática do Dia do Desporto de 2013 da Queen Elizabeth’s School versou sobre a inclusão e excelência desportiva, este evento decorreu com o apoio do Comité Paralímpico de Portugal, com a introdução de modalidades paralímpicas praticadas quer pelos alunos da
nossa escola quer por atletas portadores de deficiência. Habitualmente a QES faz campanhas de angariação de géneros alimentares, recolha de brinquedos e de material escolar para oferecer a instituições de solidariedade social, assim como tem vindo a realizar um trabalho de integração de crianças com problemas relacionais do foro das perturbações do desenvolvimento ou psicomotores em contexto escolar, com recurso a uma equipa interdisciplinar e a entidades externas especializadas nestas áreas. Neste contexto de crise económica, a fundação pretende apostar cada vez mais na internacionalização e na inovação. Que passos têm sido dados neste sentido? A Queen Elizabeth’s School foi criada como uma escola inglesa para crianças
Num futuro próximo, o que podemos esperar da atuação da Fundação Denise Lester e da Queen Elizabeth’s School? Qual será a vossa estratégia no sentido de continuarem a merecer a confiança dos alunos, respetivos encarregados de educação e parceiros? Ao longo dos 78 anos de existência da Queen Elizabeth’s School e dos 48 anos da Fundação Denise Lester que gere e administra superiormente aquela instituição de ensino, temos vindo a valorizar o desenvolvimento global dos nossos alunos, respeitando a individualidade de cada um. É nosso propósito continuarmos a apostar na formação contínua do corpo docente e não docente da Queen Elizabeth’s School, na formação social e pessoal dos seus alunos, na aprendizagem ao longo da vida e no seu sucesso escolar, preparando-os o melhor possível para os desafios da sociedade do conhecimento.
Pontos de Vista Novembro 2013
“A Queen Elizabeth’s School tem vindo a desenvolver junto dos seus alunos iniciativas de sensibilização para a integração social de idosos, residentes em lares de terceira idade e de jovens portadores das mais variadas deficiências, aceitando e respeitando a diferença”
portuguesas, o ensino da língua inglesa e a cultura britânica são introduzidos às crianças de uma forma intuitiva e natural, em contexto bilingue. O patriotismo em relação a Portugal ou, se estrangeiros, em relação aos seus países de origem, é sempre incutido aos alunos. A nossa escola tem participado em parcerias no âmbito de programas de intercâmbio educativo e cultural a nível nacional e internacional, tendo sido coordenadora de duas parcerias multilaterais entre escolas europeias no âmbito do Programa Setorial Comenius. A QES é membro do Instituto Britânico no Programa de Parceria de Exames denominado “Addvantage”, Centro de Exames do Trinity College London em Lisboa e tem o estatuto de “Cambridge International School” e “Cambridge Primary School” do Programa Internacional Educativo e de Exames da Universidade de Cambridge. Procuramos manter a excelência do nosso serviço educativo através da internacionalização do currículo, da inovação e do empreendedorismo do nosso corpo docente. A QES passou a ser considerada “Cambridge International School” do Programa Internacional Educativo e de Exames da Universidade de Cambridge. Na prática, em que consiste esta designação? É na continuidade dos objetivos delineados por Denise Lester para o projeto educativo da Queen Elizabeth’s School que iremos implementar o Programa
Internacional Cambridge Primary nas áreas do Inglês, Matemática, Ciências e Tecnologias da Informação e Comunicação, a par da Educação Pré-Escolar e do Currículo Oficial Português do Primeiro Ciclo do Ensino Básico. A introdução deste programa constitui uma mais-valia para a nossa escola e um fator de diferenciação para os nossos alunos, uma vez que toda a comunidade educativa irá usufruir de um currículo considerado de excelência a nível internacional, em complementariedade com o currículo nacional português.
Com o início de um novo ano letivo, que novos desafios acredita que esta instituição terá de enfrentar? A escolha do estudo precoce da língua inglesa torna-se uma prioridade, atendendo a que cada vez mais os pais pretendem que os seus educandos iniciem a aprendizagem de uma segunda língua mais cedo dado que, para muitos, a saída de Portugal e a aposta em carreiras internacionais é uma possibilidade a não descurar. De momento a Queen Elizabeth’s School tem inscritas cerca de 400 crianças, com idades compreendidas entre os três e os dez anos de idade, com valência da Educação Pré-Escolar e Primeiro Ciclo do Ensino Básico. A abertura de uma a duas salas de Creche é o próximo passo para o alargamento da oferta educativa da Queen Elizabeth´s School. Prevê-se que, em janeiro de 2014, seja inaugurada a Creche para alunos de dois anos de idade.
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Acredita que o setor não lucrativo é uma “poderosa força económica capaz de estimular o progresso e o desenvolvimento económico-social”? É importante realçar que a força do setor fundacional advém da sua capacidade de criar e desenvolver meios próprios de financiamento, que lhe permitam reforçar a autossustentabilidade financeira e autonomizar-se face a um Estado-Providência em profunda crise económica. O setor não lucrativo constitui uma poderosa força da economia social capaz de estimular o progresso, o desenvolvimento e crescimento económico, dando expressão a uma sociedade civil ativa, capaz de apoiar a diversidade de iniciativas próprias deste setor, cooperante com o Estado Social de Direito na resolução de necessidades sociais e , potenciando-se como um instrumento de respostas inovadoras aos desafios que se colocam em áreas prioritárias no domínio assistencial, humanitário, cultural, educativo, da investigação e do desenvolvimento tecnológico, de acordo com o disposto na Lei de Bases da Economia Social, Lei n.º 30/2013 de 8 de maio.
FUTURO DAS FUNDAÇÕES EM PORTUGAL
Salvato Teles de Menezes, Diretor Delegado da Fundação D. Luís I, afirma
“Temos noção de que o nosso trabalho é reconhecido” “Que uma instituição como a nossa consiga prestar um serviço de interesse público, de qualidade, que de outro modo seria mais caro, já é um feito. E não perdemos, durante estes profícuos dezassete anos de atividade, nenhuma das nossas características intrínsecas”, afirma o Diretor Delegado da Fundação D. Luís I, Salvato Teles de Menezes, que em entrevista à Revista Pontos de Vista deu a conhecer um pouco mais do papel que a Fundação D. Luís I desempenha na sociedade.
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Com a difusão do termo “fundação”, as suas especificidades são, muitas vezes, desvalorizadas. Que papel é que a Fundação D. Luís I desempenha na sociedade? Sentem que o vosso trabalho diário é devidamente reconhecido? A Fundação D. Luís I tem desempenhado um “papel” consentâneo com o espírito e a letra dos seus Estatutos iniciais, atuando em estreita colaboração com o Município de Cascais no fomento da atividade cultural de qualidade junto das populações. Nessa medida, tem gerido o Centro Cultural de Cascais desde a data da sua inauguração – ano 2000 – até ao momento presente. É evidente que temos noção de que o nosso trabalho é reconhecido, de outro modo a Fundação já teria deixado de existir. Contrariando os vaticínios pessimistas de alguns, sobrevivemos por ter sido feita justiça ao esforço desenvolvido ao longo dos anos onde era preciso que isso acontecesse. Apesar das profundas mudanças que a Fundação D. Luís I tem sido obrigada a enfrentar, no terreno, de que forma têm conseguido continuar a “criar, desenvolver, acolher, divulgar” e tornar a cultura acessível a todos no concelho de Cascais? As iniciativas programadas pela Fundação D. Luís I para o Centro Cultural de Cascais são de acesso gratuito, designadamente no que respeita às exposições de artes plásticas. Não é vocação da Fundação deslocalizar iniciativas para outros pontos do concelho, mas isso não significa que não o venha a fazer no futuro. Seja como for, a oferta cultural tem sido contínua, boa e barata no CCC. Um dos grandes objetivos da Nova Lei-Quadro das Fundações é restringir “o uso do termo fundação”, devolvendo o regime fundacional à sua original na-
tureza altruísta. No seu entender, essa característica intrínseca das fundações desapareceu? Não temos telhados de vidro. Convivemos pacificamente com o “termo” fundação. Mesmo nas fundações de tipo altruísta há lugar a despesas de manutenção, encargos fixos, custos de produção, entre outros. Que uma instituição como a nossa consiga prestar um serviço de interesse público, de qualidade, que de outro modo seria mais caro, já é um feito. E não perdemos, durante estes profícuos dezassete anos de atividade, nenhuma das nossas características intrínsecas. O levantamento realizado para avaliar o custo/benefício e a viabilidade financeira das fundações existentes em Portugal registou 578 fundações privadas e 135 entidades públicas com estatuto de fundação. Algumas fundações não são criadas pelas razões mais idóneas e, por causas dessas, todas ficaram a perder? Cremos que essa pergunta deverá ser dirigida a quem orientou e executou o Censo às Fundações. Pela nossa parte coube-nos responder com um histórico das realizações artísticas, culturais e educativas, demonstração de rigorosa gestão dos dinheiros disponibilizados e atividade ininterrupta. De sublinhar que as dotações nem sempre provieram da Câmara Municipal ou do Estado: o estatuto de Fundação privada até julho passado proporcionou, além da participação de privados na génese da Fundação, a movimentação em diversos períodos de verbas provenientes de mecenato. Por outro lado, a contribuição para o enriquecimento da oferta cultural na estação alta do turismo em Cascais tem propiciado o apoio do Turismo Portugal, peça chave do nosso êxito nos últimos anos. De forma a controlar esta proliferação de fundações em Portugal, na sua
Salvato Teles de Menezes
opinião, o que deveria ser feito? Antes de serem introduzidas reduções no dinheiro dado às fundações, acredita que deveria existir uma fiscalização mais apertada? O Tribunal de Contas e a Presidência do Conselho de Ministros sempre foram informados das nossas contas anuais. Desconhecemos os casos que justificam uma fiscalização mais apertada, mas não temos nada a opor a que as entidades competentes exerçam uma fiscalização adequada à correção, total ou parcial, de quaisquer anomalias que sejam detetadas.
Num período económico conturbado, como é que uma fundação sobrevive às dificuldades financeiras? Com uma gestão rigorosa, uma programação decidida com a antecedência indispensável (dois anos), a indispensável racionalização dos recursos humanos e um trabalho de captação de apoios mecenáticos, é possível sobreviver. Na essência, a capacidade de adaptação às circunstâncias e a resiliência perante as dificuldades são indispensáveis a quem, nestes tempos exigentes, tem de gerir qualquer instituição, seja ela fundação ou outra.
Com cerca de 17 anos de existência, qual o contributo que esperam continuar a dar em prol da oferta cultural em Cascais? Partindo do princípio que as condições políticas e económicas serão mais favoráveis, que objetivos estão em cima da mesa? Na verdade com cerca de 18 anos de existência (o aniversário será em fevereiro próximo), prosseguiremos as nossas atividades habituais, agora com a responsabilidade acrescida da gestão da Casa das Histórias Paula Rego e da Casa Duarte Pinto Coelho, no território das artes plásticas e da cultura em geral, estando abertos e a preparar uma intervenção ainda mais alargada no que concerne à estratégia cultural concelhia para os próximos anos. Sabemos, aliás, que é intenção do novo executivo municipal, presidido por Carlos Carreiras, atribuir novas responsabilidades à Fundação, alargando o seu âmbito de intervenção e tirando o máximo partido da experiência acumulada nos referidos 18 anos.
SOLICITADOR/AGENTE DE EXECUÇÃO NA SOCIEDADE
Armando Branco, Agente de Execução, afirma
“São muitos e enormes os desafios dos Agentes de Execução” “Com a última reforma são muitos e enormes os desafios dos AE, todavia, o mais castrante, mais perturbador e mais preocupante é a perda de atribuições que teremos de recuperar”, afirma Armando Branco, Agente de Execução e Administrador da Sociedade de Agentes de Execução R. L. da Armando Branco, Zita Pereira & Associados, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Nesta conversa, percebemos as mudanças ocorridas no âmbito da reforma da Ação Executiva e muito mais.
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Desde a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20/11, que procedeu a alterações no Estatuto da Câmara dos Solicitadores, que o denominado “solicitador de execução” passou a “agente de execução”. De que forma estas novas regras se refletem no seu trabalho diário? Importa dar nota que, em 2003 foi criada a figura do agente de execução que poderia ser Oficial de Justiça ou Solicitador de Execução. Com a entrada em vigor do DL.226/2008 de 20/11 aquela terminologia cai e passa a existir só a de Agente de Execução, o que se compreende, porquanto os Advogados passaram a poder exercer as funções de AE sem terem necessidade de suspenderem a inscrição na Ordem do Advogados. Aquele diploma conferiu mais atribuições aos Agentes de Execução consequentemente mais responsabilidades e mais rigor, tornando a ação executiva menos judicial, mais célere, mais eficaz e mais transparente. Paralelamente, institui na profissão o principio da separação de poderes, nomeadamente, separou o poder disciplinar e fiscalizador do poder executivo, ultrapassando assim um dos carcinomas do Estatuto da Câmara dos Solicitadores. Com este novo código acredita que se conseguirá efetivamente uma resposta mais célere aos inúmeros processos executivos pendentes? Tal celeridade significa que se irá atingir o propósito inerente ao processo executivo? Não creio que estamos perante um novo código, antes sim, por uma renumeração do anterior e uma nova reforma do CPC. Se a ideia do legislador foi a de reduzir os direitos e garantias dos cidadãos poderemos vir a ter uma redução da pendência. No entanto, o legislador criou um quadro de pendência falaciosa, senão repare, é remetido o processo ao AE de execução não há pendência, o AE remete ao Tribunal há pendência. Mais, extingue-se a instância por acordo de pagamento em prestações por 40 anos, mas se não for cumprido, renova-se a instância. Outro exemplo, Extinção da execução por adjudicação de rendimentos periódicos ao exequente (vulgo penhora de vencimento), caso o executado perca o emprego, reabre-se a instância. Ora, se o legislador quer acabar com a pendência executiva é muito fácil, basta entregá-la em exclusivo aos Agentes de Execução.
No seu entender, importa que a Câmara de Solicitadores continue a transferir as competências que eram exclusivas dos agentes de execução a outras profissões ou, pelo contrário, confira a este profissional o exercício exclusivo desta atividade? Lamento e repudio que a Câmara dos Solicitadores transfira as competências dos Agentes de Execução para outros profissionais. Não está em causa o valor ou a dignidade dos outros profissionais mas sim a forma de acesso à profissão. Os AE têm regras próprias de acesso à profissão, inclusive, têm de fazer um estágio de 10 meses para além do que já fizeram para serem Solicitadores ou Advogados, pelo que, não posso conceber, que outros profissionais estejam hoje a efetuar atos materiais executivos sem passarem pelo mesmo crivo de acesso e formação que os AE e isto depois da Sra. Ministra da Justiça ter publicamente referido que ia colocar cada profissional do foro no seu “ramo”. Parece-me que a Sra. Ministra rapidamente olvidou o que disse no V Congresso dos Solicitadores chegando ao ridículo de, por exemplo, hoje permitir o acesso a Administrador Judicial todo e qualquer licenciado, dito de outra forma, não será de estranhar ver amanhã o Engenheiro, o Psicólogo, o Médico, o Veterinário, entre outros como Administrador Judicial (outrora Administrador de Insolvência).
A comunicação entre os agentes de execução e as instituições financeiras vai passar a ser feita por via eletrónica. Na sua opinião, as instituições financeiras estão preparadas para isso? Terão que ser feitas adaptações aos sistemas informáticos dos bancos para permitir a concretização da medida? A penhora eletrónica está prevista desde 2003. São precisos mais de dez anos para colocar esta medida em funcionamento, parece surrealista, no entanto é uma realidade indesmentível que vem demonstrar a força do poder bancário sobre a soberania nacional. Acredito que hoje, são as próprias instituições de crédito a reivindi-
carem a implementação desta medida por razões de otimização de recursos e redução de custos, porquanto, deixa de existir remuneração à IC pela informação prestada, salvo nos casos em que o exequente é grande litigante. No que concerne a alterações nos sistemas informáticos dos bancos, não creio que tenham que proceder a grandes alterações porque recorrem aos melhores padrões tecnológicos, parece-me sim, é que as regras de comunicação entre os vários sistemas e as especificações técnicas têm de ser bem definidas sob pena de colocar em crise o sistema. A meu ver o esquema montado para a penhora de saldos bancários não é o melhor nem o mais feliz, torna-se moroso e é pouco fiável, continuando a permitir a intervenção humana o que descaracteriza o conceito de penhora eletrónica de saldos bancários. Repare que, para levantar um cheque o banco antes de o pagar verifica se há saldo e na afirmativa paga o cheque, pelo lado tecnológico, se for efetuar um levantamento ao multibanco, a caixa MB só lhe dá dinheiro se tiver saldo suficiente na conta, então, qual é a dificuldade em estabelecer uma via direta de acesso àquela informação, até porque, a haver penhora, o valor penhorado ficará cativo na conta do executado e não é efetuado o levantamento imediato. Mais, porque é que hoje o Agente de Execução não pode deslocar-se a uma dependência e penhorar imediatamente o saldo existente à semelhança do levantamento do cheque? Por claro e manifesto interesse que não os do exequente nem do Agente de Execução. Aliás, o regime hoje instituído para a penhora de saldo bancário poderá causar sérios danos quer às empresas quer às famílias senão repare, o AE começa por fazer um pedido de bloqueio que a IC responderá em 2 dias úteis tendo depois o AE 5 dias para promover o desbloqueio ou a penhora. Num cenário hipotético, o AE determina o bloqueio das 10 contas bancárias do executado a uma quinta-feira, na terça-feira o AE recebe a resposta que em todas as contas tem valor quase suficiente para pagar a quantia em divida e acrescido, nessa altura,
“Surpreende-me e estranho o facto de o legislador, ou pelo menos a Câmara dos Solicitadores e o Conselho de Especialidade de Agentes de Execução, não se terem lembrado disto!
digo no prazo de 5 dias o AE, segundo as regras do CPC determina a penhora do valor necessário e pede o desbloqueio do excedentário. Só que tal ocorre num período de fim do mês e a empresa fica totalmente privada de pagar salários aos seus trabalhadores que por sua vez precisam do seu soldo para as mais prementes necessidades, poderá ainda coincidir com o período de pagamento de impostos e a empresa ficou impossibilitada de fazê-lo tendo que o fazer fora de prazo com os agravamentos e penas daí decorrentes. Surpreende-me e estranho o facto de o legislador, ou pelo menos a Câmara dos Solicitadores e o Conselho de Especialidade de Agentes de Execução, não se terem lembrado disto! Como descreve a evolução desta atividade? Com as constantes alterações que se fazem sentir no mercado, tiveram de reajustar a vossa atuação no sentido de continuarem a responder com “rigor, eficácia e qualidade” aos desafios apresentados? Os Agentes de Execução desde 2003 que têm passado pelos mais variados trilhos. Certo é que sempre partiram o cascalho que lhes foi colocado à frente estando a construir uma autoestrada para os vindouros. Os AE são dos profissionais que mais têm sentido o chorrilho e as diarreias legislativas o que o tornam mais consistente e mais bem preparados para trabalhar a ação executiva. É certo que, pelo caminho muitos foram os ajustes e os reajustes até para colmatar as falhas Institucionais que, por vezes dizia ser de uma forma e outras vezes já dizia ser de outra forma. E como qualquer estrutura organizativa, é para nós fundamental a otimização de processos, reduzindo tempos com o consequente aumento do rigor, da qualidade e acima de tudo da eficiência. Na sua opinião, com o novo regime, quais são os principais desafios que irão surgir no desempenho da ação executiva? Com a última reforma são muitos e enormes os desafios dos AE, todavia, o mais castrante, mais perturbador e mais preocupante é a perda de atribuições que teremos de recuperar sob pena de colocar em crise a atividade dos novos AE e dos que ambicionam vir a exercer a atividade.
SOLICITADOR/AGENTE DE EXECUÇÃO NA SOCIEDADE
Sara Neves, Agente de Execução, em entrevista
Pontos de Vista Novembro 2013
“Deve ser criada uma Ordem dos Agentes de Execução” Há cerca de uma década, 2003, entrou em vigor a chamada Reforma da Ação Executiva, cuja principal inovação foi a criação da figura do solicitador de execução, que passou a ser o dominus do processo executivo, tendo a responsabilidade de efetuar todos os atos do processo: citação, penhora, convocação de credores, venda, entre outros. Seis anos depois, em 2009, foi possível aprimorar o paradigma existente aprofundando-o e concebendo condições para ser mais acessível, eficiente e apto a evitar ações judiciais desnecessárias (Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20 de novembro.
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epois destas alterações, eis que no ano em vigor, são promovidas novas regras para a ação executiva e a Revista Pontos de Vista quis ouvir mais profissionais desta área e entrou à conversa com Sara Neves, Agente de Execução e Solicitador da Correia da Silva, Neves & Associados - Sociedade de Agentes de Execução, RL, que em entrevista revelou algumas das alterações ao nível da reforma da ação executiva, as mais-valias que aportou ao mercado, bem como aos «agentes» existentes no mesmo, sem esquecer que é urgente que seja criada uma Ordem dos Agentes de Execução. Mas vamos saber mais de uma profissional que abdicou da solicitadoria, tudo “porque acredito que cada qual deve desempenhar um papel e não pode focar áreas de outros profissionais. Não podemos continuar a confundir papéis e funções”, revela Sara Neves A ação executiva é, indubitavelmente, um dos capitais de qualquer sistema jurídico. A sua eficácia é uma das mais pertinentes conjunturas para a confiança dos agentes económicos e, em geral, é um dos componentes alicerçais que contribui para a fidúcia dos cidadãos na justiça e nas instituições. É por via da ação executiva que os direitos, muitos deles já declarados por sentença transitada em julgado, se tornam efetivos.
Promover a confiança de investidores
A mudança aporta consigo, em praticamente todos os casos, prós e contras. No domínio da reforma da ação executiva este cenário também é identificado. Segundo Sara Neves, com esta reforma é possível verificar o esforço feito pela Câmara dos Solicitadores, “principalmente nos dois últimos anos”, em facultar o acesso às bases de dados, “algo que não tínhamos e que é de enorme importância. Além disso, o sigilo bancário foi levantado, que era uma luta com alguns anos. Num passado recente, tínhamos de pedir ao juiz e, em inúmeros casos, o tempo de espera do despacho judicial era de um ano. Obviamente que isso significava um enorme obstáculo ao nosso trabalho. Hoje isso não acontece, principalmente pelo acesso que temos ao nível do Banco de Portugal, que facilitou e veio resolver muitos dos processos
Sara Neves e Fernando Correia da Silva executivos”, afirma a nossa entrevistada, lembrando que atualmente os processos são mais céleres, por duas razões. “O executado não trabalha, não é proprietário de imóveis ou automóveis, mas ainda possui contas bancárias, resolvendo-se assim o processo. Ou então tira-se logo a ilação por onde resolver, ou seja, não tem bens, nem vencimento, logo podemos fechar o processo. Naturalmente que o exequente não gosta de encerrar o processo, mas temos de compreender que isso apenas gera mais custos para o tribunal, para o próprio exequente e cria estatísticas para a Troika, de quem veio, acredito, a pressão para que o sigilo bancário fosse levantado”, realça Sara Neves, assegurando que a imensidão de processos executivos pode funcionar como um entrave ao nível do investimento externo no nosso país. “Quem é que se sente com confiança em apostar e investir num país que tem tantos processos executivos por recuperar? Isso influencia o investimento no país, logo criar obstáculos aos crescimento”.
O seu a seu dono
Assegurando que estas modificações não propagam a atribuição de mais poderes aos agentes de execução, nalguns casos até retira determinadas responsabilidades ao mesmo. Assim, uma das principais mudanças passa pela responsabilidade do exequente no pagamento dos honorários dos agentes de execução. Tivemos um elevado número de processos que estagnaram por culpa imputável ao próprio exequente, que usou os serviços do tribunal e posteriormente não pagou aos agentes de execução, criando portanto um conflito complicado nos tribunais. Se esta nova reforma retirou
alguns poderes ao agente de execução, o único poder atribuído foi mesmo a permissão de acesso ao banco de Portugal. “O restante foi diminuído”. Mas será um erro continuar a falar-se, com a nova reforma da ação executiva, em solicitadores? Segundo Sara Neves, agente de execução e também solicitadora, é importante que se distingam as profissões e atividades. “O seu a seu dono. Ou tenho tempo e capacidade para fazer bem uma coisa, ou outra. As duas é que não”, revela convicta a nossa entrevistada, assegurando que agentes de execução, solicitadores e advogados podem conviver juntos, mas cada com a sua função. Desta forma, ainda segundo a nossa interlocutora, “é urgente que seja criada uma entidade promotora dos interesses dos agentes de execução. Deve ser edificada uma Ordem dos Agentes de Execução, apenas falta saber
quando será dado esse passo. Acredito que esta entidade seja importante e deve ser uma entidade autónoma, onde o agente de execução não esteja dependente de um advogado ou de um solicitador, tendo apenas que dar satisfações ao juiz em tribunal”, esclarece, finalizando com um mensagem que é extremamente relevante para as três classes: agentes de execução, solicitadores e advogados. “Não podemos fazer tudo ao mesmo tempo e com qualidade. Somos muitos nestas três classes, mas existe espaço para todos, desde que não se confundam ações e papéis, porque se continuarmos a misturar as intervenções de cada uma dessas classes, todas elas perdem credibilidade e isso não é positivo para ninguém”, finaliza Sara Neves. LER NA INTEGRA EM WWW.PONTOSDEVISTA.PT
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SOLICITADOR/AGENTE DE EXECUÇÃO NA SOCIEDADE
A OPINIÃO DE...
PAULA ALVES, SOLICITADORA
O AGENTE DE EXECUÇÃO JÁ É INDISPENSÁVEL NA JUSTIÇA E PARA A ECONOMIA DA NOSSA SOCIEDADE Com a nova lei, que engloba uma remodelação quase total do C.P.C., obrigou a todo um novo estudo e preparação, pois tenho diariamente que adaptar documentos e encerrar processos com penhoras a decorrer. A nova lei entrou em vigor em 1 de setembro de 2013 e para que a iniciasse com o mínimo de preparação abdiquei das minhas férias. E são muitas as formações em que temos de participar para nos adaptarmos à nova lei, o que obriga a um esforço maior para trabalharmos os novos processos.
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olicitadores e agentes de execução são áreas específicas no direito, no âmbito da solicitadoria. Para que se saiba, o agente de execução para o ser tem primeiro que se formar em solicitadoria ou direito. Continuar-se-á a falar em solicitadores agora e no futuro cada vez mais, pois os solicitadores estão a abraçar novas especialidades que estão a ser desenvolvidas. É de facto uma profissão que está a alargar os seus “horizontes” e a incrementar-se cada vez mais. Repare-se que hoje o solicitador já não é aquele profissional que era visto como alguém que fazia registos prediais e comerciais, preparava escrituras, procurações e elaborava contratos. Poucos eram os que lhes reconheciam mais competências. Até mesmo alguns juízes mais conservadores viam com maus olhos alguma peça processual que fosse assinada por um solicitador. Há pouco mais de dez anos os cidadãos ainda perguntavam “o que é um solicitador?”. Mas hoje, a profissão de solicitador é perfeitamente reconhecida e valorizada. O solicitador da atualidade já não prepara escritura, outorga-as; já não vai ao notá-
rio reconhecer assinaturas, fazer procurações e autenticar fotocópias, pois já tem poderes para ele mesmo praticar esses atos. Judicialmente, já são encarados como um profissional de direito, que constitui-se mandatário em processo declarativo, como é o caso das injunções e despejos. Ao agente de execução, com a nova lei, foram atribuídas mais algumas competências que já há muito faziam falta para o sucesso da ação executiva, como a apreensão dos veículos mesmo antes da penhora e arrombamentos em empresas sem necessitar de despacho judicial, que tão demorado era. Acho que não se deverá chamar poderes atribuídos ao A.E., (pois parece que o agente de execução é senhor de alguma coisa na justiça), mas sim de competências que lhe foram atribuídas para a eficácia das penhoras, da cobrança de créditos e rapidez da justiça na área executiva. A criação de uma ordem dos agentes de execução, não me parece necessária nem importante. Na nossa sociedade estamos habituados a criar organismos e associações para tudo, que só acarretam despesas e favorecem pessoas. Entendo que a Câmara dos Solicitadores está perfeitamente definida e organizada para a especialidade de agentes de execução. Embora o agente de execução de agora já possa ser formado através de solicitadores e licenciados em direito, na verdade os advogados que pretendam ser agente de execução têm que anular a sua inscrição na ordem dos advogados e passar a estar inscritos só na câmara dos solicitadores. Ora, uma ordem especial só desencadearia despesas com pagamento de rendas, entre outros, que não fazem falta. Para além disso, não podemos esquecer que atravessamos uma época de crise, e é importante evitar gastos desnecessários que fazem falta para desenvolver a profissão.
SOLICITADOR/AGENTE DE EXECUÇÃO NA SOCIEDADE
Sandra Nogueira, Solicitadora/Agente de Execução
Pontos de Vista Novembro 2013
“A mediação é uma tradição do solicitador” Com dois escritórios estrategicamente localizados (Vale de Cambra e Espinho), Sandra Nogueira vive a sua profissão com a máxima entrega. Nunca deixando de assumir a sua formação de base, a profissional confessou ficar mais ofendida se, em vez de não lhe atribuírem o título de doutora, não a olharem como uma solicitadora. Enquanto mediadora nata, Sandra Nogueira confessou: “a execução é a minha paixão”.Foi em conversa com a Revista Pontos de Vista que ficamos a conhecer os desafios que estes profissionais têm de ultrapassar.
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ez anos decorridos desde a entrada em vigor da reforma da ação executiva, uma das principais pedras basilares do sistema jurídico português, importa fazer um balanço. Quando, em 2003, é criada a figura do solicitador de execução, este passou a ter entre mãos a responsabilidade de efetuar todos os atos do processo, desde a citação, penhora, venda ou convocação de credores, entre outros não menos importantes. Em 2008, foram criadas novas regras para a ação executiva, caindo o título de solicitador de execução, que passou a agente de execução. O exercício destas funções deixou de ser exclusivo dos solicitadores, tendo sido alargada aos advogados. Assim, desde que preenchidos os requisitos da inscrição, estes dois profissionais podem exercer uma atividade que anteriormente era de exclusivo acesso aos solicitadores. A Revista Pontos de Vista quis conhecer os desafios que nascem das novas regras, conversando, por isso, com Sandra Nogueira, solicitadora/agente de execução. Para a profissional, importa, desde logo, fazer uma distinção entre as funções do solicitador e do agente de execução. “Enquanto um agente de execução é um mediador de conflitos nato, o solicitador é o profissional que resolve os problemas com celeridade. A mediação é uma tradição do solicitador”, afirmou. Desde questões relacionadas com registos prediais, registo automóvel, constituição das sociedades, contratos de compra e venda, entre outros, o solicitador é o profissional a quem qualquer indivíduo deve recorrer nestas situações. Para Sandra Nogueira, o solicitador é, por isso, “um jurista dinâmico, o homem do terreno, o profissional que vai de encontro à resolução dos problemas”. Até podem dizer que ela é uma “porta papéis” que essa definição não será uma ofensa. Mas, de modo algum, poderão acusar um solicitador de seralguém “arrogante e agarrado à cadeira”. Para resolver problemas, é necessário ter informação e o solicitador procura munir-se de todos os dados que tem ao seu alcance. Há funções que, pela sua responsabilidade, não se delegam a ninguém. “As pessoas mentem no terreno e não sabem ver o que é verdade. É importante estar preparado para contornar esses obstáculos”, garantiu a responsável. Sandra Nogueira foi adquirindo essas competências ao longo da sua carreira, apesar de ter descoberto cedo uma aptidão para a mediação de conflitos. Co-
meçou com 26 anos como funcionária forense e não se arrepende de não se ter formado mais cedo, em solicitadoria. Aliás, confessa mesmo que se assim fosse não seria o que é hoje. “A nossa área requer maturidade porque estamos a lidar com problemas de pessoas”, defendeu.
O papel do notário
Nesta distinção entre as funções do solicitador, do agente de execução e do advogado, importa, para Sandra Nogueira, compreender melhor a entrada dos notários nos procedimentos de despejo. “A forma como este profissional entrou não é a mais correta. De certo modo, este foi um meio de compensar os notários dos poderes que foram conferidos aos solicitadores do decreto lei 116/2008, a partir do qual passamos a ter poderes de titulação. Assim às escrituras que eram feitas pelos notários, acresce após a entrada em vigor do DL já referido, os documentos particulares autenticados (DPA´S) titulados pelos solicitadores. A Ministra da Justiça (Paula Teixeira da Cruz) deu, assim, uma colher de chá aos notários”, explicou. Por conseguinte, nas situações de despejo já se pode escolher o agente de execução ou o notário que, neste momento, tem acesso ao SISAAE (Sistema de Suporte à Atividade dos Agentes de Execução). Apesar de ter sido encarada como uma solução rápida para o congestionamento dos tribunais, Sandra Nogueira não acredita que estes “viessem salvar as pendências na ação executiva”, no que concerne aos despejos. Assim, a responsabilidade das pendências está nas mãos de Paula Teixeira da Cruz que deverá incutir, prazos aos tribunais, que demoram meses, se não em alguns casos anos a proferir despachos, relevantes para a celeridade processual, como por exemplo, deferir a força policial, proferir despacho liminar, entre outros. Além disso, para Sandra Nogueira existe pouco rigor na estatística, relacionada com os processos pendentes, o que não permite ter a noção real das pendências existentes.
“Ação executiva dá muito trabalho”
Ao longo da conversa e em vários momentos, Sandra Nogueira defendeu uma ideia que foi desenvolvendo. “O processo executivo é o filho bastardo do direito português”. Porquê? “O advogado, em alguns casos, não prestou a devida colaboração com o Agente de Execução, deixando-me pensar que se já tinha um filho legítimo, para quê preocupar-se com o bastardo? O processo executivo passou, assim, para as mãos do paren-
te pobre, a Câmara dos Solicitadores. Foi então que os oficiais de justiça descobriram que a ação executiva, mesmo continuando a ser o filho bastardo, era um bastardo rico, voltando-a novamente para os tribunais mas estes deixaram de ter estrutura com o despedimento de muitos funcionários públicos”, explicou Sandra Nogueira. Mesmo brincando com a situação, a profissional sabe que a “ação executiva dá muito trabalho”, admitindo que nem todos querem trabalhar 14 horas por dia, como acontece com um agente de execução. O retorno inerente a um “bastardo rico”, como apelidou, só aparece “quando há muita tramitação, dedicação, horas e horas de trabalho”, concluiu. É esta dedicação que a define enquanto profissional, enquanto solicitadora e agente de execução.
Sandra Nogueira
“As pessoas mentem no terreno e não sabem ver o que é verdade. É importante estar preparado para contornar esses obstáculos”
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A OPINIÃO DE...
SOLICITADOR/AGENTE DE EXECUÇÃO NA SOCIEDADE
Francisco Duarte, Solicitador / Agente de execução da F. DUARTE & ASSOCIADOS, SOC. AGENTES DE EXECUÇÃO, R.L.
SISAAE/GPESE - A MENTIRA O SISAAE/GPESE é a plataforma informática que a Câmara dos Solicitadores resolveu desenvolver para uso, exclusivo e legalmente obrigatório, dos AGENTES DE EXECUÇÃO.
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al plataforma tem-se mostrado, desde a sua criação até à atualidade, de uma ineficácia constrangedora e a maior fonte dos problemas diários, dos AGENTES DE EXECUÇÃO, uma vez que estão, legalmente, obrigados a trabalhar com ela. No entanto e insensíveis a esta realidade, os dirigentes da Câmara dos Solicitadores, continuam a publicitar o SISAAE/GPESE, junto do Ministério da Justiça e da TROIKA, como a melhor plataforma informática da Europa! A sua inoperância é tão evidente e grave, que leva muitos daqueles que apregoam maravilhas a seu respeito, ou seja, muitos dos próprios dirigentes da Câmara dos Solicitadores e alguns membros do Colégio da Especialidade dos Agentes de Execução, a usarem sistemas informáticos alternativos! Aliás, não seria descabido considerar, até que ponto, o mau funcionamento desta plataforma informática, ao longo destes anos, foi criando mazelas na própria saúde física e psicológica, da maioria dos AGENTE DE EXECUÇÃO.
Não é difícil imaginar as condições de stress a que um AGENTE DE EXECUÇÃO fica sujeito, quando confrontado com a impossibilidade de realizar o seu trabalho e cumprir os prazos legais a que está obrigado, sofrendo, consequentemente, retaliações, como sejam, processos disciplinares, multas, mau nome juntos dos juízes, dos exequentes e do público em geral. A título de exemplo, no meu escritório, em sete meses registei mais de 630 erros/impossibilidades de realizar o meu trabalho. Não estão aqui contabilizadas as muitas horas em que o SISAAE/ GPESE esteve mesmo sem trabalhar! Mas, tendo em consideração todas as declarações, dos dirigentes da Câmara dos Solicitadores, já gastamos mais de cinco milhões de euros nesta extraordinária plataforma informática! Então, se assim é, porque é que os dirigentes da Câmara dos Solicitadores insistem nesta mentira? Por duas razões: A primeira razão, prende-se com eventuais promiscuidades que possam existir entre quem criou o SISAAE/GPESE e os mesmos dirigentes, pois não
“Não é difícil imaginar as condições de stress a que um AGENTE DE EXECUÇÃO fica sujeito, quando confrontado com a impossibilidade de realizar o seu trabalho e cumprir os prazos legais a que está obrigado, sofrendo, consequentemente, retaliações, como sejam, processos disciplinares, multas, mau nome juntos dos juízes, dos exequentes e do público em geral”
se sabe do contrato assinado com a firma (CASO, LDA.) que desenvolveu e desenvolve o SISAAE/ GPESE; Parece que o código fonte pertence à CASO, em vez de pertencer à Câmara dos Solicitadores; Não se sabe quanto é que a Câmara dos Solicitadores já pagou à CASO e não se compreende como é que, ao fim de quase dez anos de maus serviços, não se denunciou, nem se reclamou, daquele contrato e da péssima prestação de serviços de que fomos e continuamos a ser vítimas. Para os dirigentes da Câmara dos Solicitadores a CASO é amiga e os AGENTES DE EXECUÇÃO os maldizentes e inimigos do SISAAAE/GPESE. Aliás, o ridículo vai ao ponto de o atual Presidente do Colégio da Especialidade dos Agentes de Execução ter sido eleito, designadamente, porque era o maior crítico do SISAAEE/GPESE e, depois de ter sido eleito, converteu-se num dos seus maiores e mais fervorosos admiradores e defensores! A segunda razão, prende-se com a chantagem que os dirigentes da Câmara dos Solicitadores fazem junto do Ministério da Justiça e da TROIKA, bem como junto de todos os grupos e comissões que a Tutela tem criado para fazer estudos e análises, sérios, para a reforma da ação executiva e a criação do desejável ESTATUTO DO AGENTE DE EXECUÇÃO. Já na carta aberta que a Câmara dos Solicitadores escreveu ao Ministro da Justiça, em 2010, a insurgir-se contra a criação da Comissão para a Revisão do Código do Processo Civil, se ameaçava e perguntava à Tutela quem é que ia pagar os mais
Pontos de Vista Outubro 2013
“A Câmara dos Solicitadores que fique alegremente com o SISAAE/ GPESE e o guise com batatas, pois não serve para mais que isso! O Governo e a Tutela, o Ministério da Justiça, têm a ferramenta que substitui o SISAAE/GPESE com enorme vantagem, o CITIUS!”
de três milhões de euros que a Câmara dos Solicitadores tinha gasto no GPESE (na altura, ainda não era SISAAE…). A mesma pergunta é, normalmente e repetidamente feita, nas referidas análises e estudos que a Tutela tem feito e mandado fazer com o objetivo de reformar e reformular toda a tramitação da ação executiva. Ora, a resposta é muito simples: A Câmara dos Solicitadores que fique alegremente com o SISAAE/GPESE e o guise com batatas, pois não serve para mais que isso! O Governo e a Tutela, o Ministério da Justiça, têm a ferramenta que substitui o SISAAE/GPESE com enorme vantagem, o CITIUS! O CITIUS já é utilizado por todos os restantes operadores da Justiça, relacionados com a ação executiva! Portanto, todos os problemas de comunicação e critérios, designadamente, para o combate à pendência, ficavam automaticamente resolvidos. Afinal, o que é que o SISAAE/GPESE faz que o CITIUS não faz? AH, pois é nesse momento que, os dirigentes da Câmara dos Solicitadores vêm argumentar com as suas fantásticas bases de dados, para a realização das consultas on-line! São, as famigeradas bases
de dados que o SISAAE/GPESE tem na teoria, mas que, na prática, são o pesadelo de qualquer GENTE DE EXECUÇÃO, pois raramente funcionam, por estarem quase sempre indisponíveis! Mas, essas bases de dados são propriedade do Estado Português! Já existiam e existem desde muito antes do SISAAE/GPESE e, repito, são da propriedade do Estado Português!!! Portanto, o seu uso, pelos operadores de justiça, designadamente, pelos AGENTES DE EXECUÇÃO, custa ZERO ao Estado, por isso, ao Ministério da Justiça. Basta que seja dado acesso, a essas bases, a cada um dos AGENTES DDE EXECUÇÃO, com supervisão e controlo do Ministério da Justiça, para termos o trabalho que hoje realizamos, bastante otimizado, pois é eliminado o interlocutor cego, surdo e mudo que é o SISAAE/GPESE. Concluindo, o Ministério da Justiça não deve hesitar em nos atribuir um estatuto igual ou parecido com o que atribuiu aos administradores de insolvência, isto, para o caso de não permitir a constituição da ORDEM DOS AGENTES DE EXEUÇÃO, afinal, o objetivo último da AAE- ASSOCIAÇÃO DOS AGENTES DE EXECUÇÃO, da qual o signatário é Presidente.
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Concluindo, o Ministério da Justiça não deve hesitar em nos atribuir um estatuto igual ou parecido com o que atribuiu aos administradores de insolvência, isto, para o caso de não permitir a constituição da ORDEM DOS AGENTES DE EXEUÇÃO, afinal, o objetivo último da AAEASSOCIAÇÃO DOS AGENTES DE EXECUÇÃO, da qual o signatário é Presidente 17
O PAPEL DO CONSULTOR
Sandra Nunes, Advogada, relembra
“O consultor jurídico é uma peça fundamental de qualquer organização” Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Sandra Nunes, Advogada, deu a conhecer a relevância que estes profissionais aportam às organizações, principalmente nos dias de hoje e lembrar que “o principal desafio da atividade do consultor jurídico é, no entanto, o mesmo de sempre: saber até que ponto pode ir em benefício do seu constituinte, sem, contudo, permitir-se ultrapassar os limites impostos pelas normas, regras e leis que regem os advogados e que, no fundo, nos regem a todos”. Na sua opinião, qual o papel do consultor judicial no âmbito das organizações? De que forma são os mesmos essenciais na prossecução dos desideratos das entidades? O consultor jurídico é, hoje em dia, uma peça fundamental no organigrama formal ou informal de uma qualquer organização. Com o apoio jurídico adequado que, em regra, deve ser efetuado previamente, as organizações poderão atingir objetivos mais eficazes e seguros nas múltiplas e complexas relações que estabelecem com os vários agentes com quem têm de se relacionar.
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Que tipo de serviços dispõe no sentido de apoiar as organizações neste domínio? Estamos mais vocacionados para o apoio às empresas. Nesta medida, o que a experiência nos ensinou foi que as empresas precisam de respostas céleres e acertadas, o que pressupõe proximidade. Ou
seja, entre o contacto promovido pelo constituinte e a resposta que lhe deve ser dada não pode mediar um grande lapso de tempo. E para que as respostas possam ser o mais possível completas, é essencial dispormos de contactos diretos e privilegiados com outras entidades, como, por exemplo, Agentes de Execução ou Administradores Judiciais, que, rápida e facilmente, podem dar uma preciosa ajuda para a estratégia a seguir. Quais são os principais apoios exigidos pelas empresas? Quais as reais necessidades? As empresas são realidades que exigem apoios tão simples como uma consulta sobre como devem contratar um colaborador, como deve ser alterada a sua forma jurídica, como avançar para cobranças junto de clientes que não pagam dentro dos prazos estipulados ou como, em caso mais extremados, avançar para uma insolvência de clientes que não pagam ou
própria. A eficiência com que o consultor jurídico atua muitas vezes determina a eficácia do resultado. E é exatamente na eficácia do resultado que a empresa tende a avaliar a valia do consultor jurídico. Será legítimo afirmar que a presença e atuação de um consultor judicial no seio de uma organização potencia o volume de negócios da respetiva entidade? Se sim, de que forma? Se antigamente bastava a palavra das partes para fechar acordos, hoje, reduzir a escrito o que foi combinado, é determinante - e não tanto para evitar dúvidas quanto ao que se combinou, mas precisamente para evitar que essa questão da dúvida possa sequer vir a ser colocada. Hoje em dia, desde que uma empresa é criada até ao momento da sua máxima expansão, toda a sua vida poderia e, em muitos casos, deveria ser acompanhada por consultoria jurídica, com vantagem para a empresa. É que, um mau contrato, pode não arruinar uma empresa, mas pode deixá-la em muito maus lençóis. E, às vezes, teria bastado uma simples consulta jurídica para o evitar. Que análise perpetua do setor de mercado em que atua? Quais são as principais lacunas que consegue identificar no mesmo? Encaramos o mercado onde atuamos com otimismo, com o otimismo próprio dos que pensam que quanto mais formada e informada for a classe dirigente dos vários tipos de organizações e do país, mais mercado disponível haverá para o consultor jurídico.
Que opinião possui relativamente à posição da Ordem dos Advogados no âmbito da orgânica dos advogados? A Ordem dos Advogados é uma entidade que apoia as várias formas de prática da advocacia, sejam elas desenvolvidas por sociedades de advogados, pelo advogado
“Hoje em dia, desde que uma empresa é criada até ao momento da sua máxima expansão, toda a sua vida poderia e, em muitos casos, deveria ser acompanhada por consultoria jurídica, com vantagem para a empresa”
Sandra Nunes de empresa ou pelo advogado de prática isolada, desde que o exercício da atividade seja pautado pelas regras deontológicas que não apenas garante como exige que sejam observadas. Mas, sendo o papel do Advogado na administração da Justiça imprescindível, ele tem sido visto, muitas das vezes, como um vetor menor desta equação. Talvez aqui a Ordem dos Advogados pudesse ir mais longe. Que análise perpetua do futuro neste setor e quais os principais desafios que serão impostos? Com crise ou sem crise, muitas organizações, sobretudo as de pequena e média dimensão, e, em particular as empresas, tendem a considerar o consultor jurídico como um custo. Strictu sensu, claro, mas um custo. No entanto, é pelo resultado do retorno da sua ação que deverá ser avaliada, qualificada e quantificada, a sua necessidade e o verdadeiro préstimo do consultor jurídico. Não é, pois, difícil demonstrar que, por intermédio de consultores jurídicos conhecedores e experientes, qualquer organização beneficia deste tipo e serviço. Dir-se-á que os advogados são caros! Diremos, apenas, que cada caso é um caso e que, pela natureza das coisas, a uma empresa de pequena dimensão não será exigido o mesmo que a uma outra de grande dimensão. O principal desafio da atividade do consultor jurídico é, no entanto, o mesmo de sempre: saber até que ponto pode ir em benefício do seu constituinte, sem, contudo, permitir-se ultrapassar os limites impostos pelas normas, regras e leis que regem os advogados e que, no fundo, nos regem a todos. LER NA INTEGRA EM WWW.PONTOSDEVISTA.PT
O PAPEL DO CONSULTOR
O “labirinto” da contabilidade e da fiscalidade na ótica de Romeu Figueiredo
Pontos de Vista Novembro 2013
“Ainda não estão a reconhecer o valor acrescentado que prestamos às empresas” Foi sempre com a base na qualidade, empenho, conhecimento, experiência e formação contínua que Romeu Figueiredo pautou a sua atividade profissional. Nunca ambicionou ter muitos clientes, mas sim um número que permita um acompanhamento constante a diferentes níveis, transcendendo as áreas contabilística e fiscal propriamente ditas, para ser um apoio à gestão das empresas, com opções ao nível da consultadoria. É licenciado em Gestão de Empresas, Técnico Oficial de Contas, formador, realiza peritagens e faz parte da equipa de controlo de qualidade da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC).
É
graças a essa visão abrangente que Romeu Figueiredo se orgulha de acrescentar valor aos seus clientes “através de procedimentos de controlo interno, da contabilidade registada atempadamente, da análise aos registos contabilísticos e de projecções efectuadas no decorrer do ano. Todas as declarações fiscais e parafiscais são enviadas atempadamente e antes do final do mês as empresas sabem os compromissos financeiros do mês seguinte, tendo no início do mesmo a guia para poderem efetuar os respetivos pagamentos. Como tal, os meus clientes não pagam multas. Para além disso, sabem também se estão a ter lucro ou prejuízo porque faço questão de informá-los sobre o evoluir dos seus resultados ao longo do ano, e colaborar no orçamento financeiro”, explica. E é aqui que começa geralmente a confusão. Na perspectiva de Romeu Figueiredo, grande parte dos empresários nacionais não estão, ainda, conscientes do facto de que nem todo o dinheiro que entra na empresa, independentemente da sua origem, é lucro e que é necessário distinguir chavões como lucro contabilístico, lucro fiscal e meios financeiros. “Como é que tenho lucro e não tenho dinheiro? Este é um dos pontos sobre o qual muitos dos nossos empresários se questionam e, ainda, não percebem como funciona na prática”.
O labirinto da contabilidade e da fiscalidade
Começam a coexistir demasiados sistemas contabilísticos (SNC, SNC-PE e Microentidades), o que transforma a contabilidade num verdadeiro labirinto, mas todas as entidades têm de ter a contabilidade devidamente organizada para poder responder à gestão da mesma e às exigências legais. “Há quem fale, inclusivamente na Comissão Europeia, que é desnecessário existir contabilidade. Na minha ótica, sem contabilidade, uma empresa não saberá qual o rumo que está a seguir. Em caso de letigios entre entidades serão os registos contabilisticos que servirão de base para que se esclareçam as opiniões divergentes, como exemplo, o pagamento de dívida entre empresas.”, refere. Nos dias de hoje, acresce ainda outra dificuldade para as empresas que é o facto das questões fiscais (declarativas) absor-
Romeu Figueiredo verem cada vez mais tempo, mais tecnologia, mais recursos humanos e mais qualificados. Mesmo para empresas isentas de IVA, a falta de contabilidade traduz-se num entrave à boa gestão. Sem contabilidade é difícil ter a noção da relação investimento/gasto/rendimento para se fazer uma análise coerente em proveito de um crescimento continuo. Como tal, para Romeu Figueiredo, aquilo que se pode concluir é que “ainda não nos estão a reconhecer o valor acrescentado que prestamos às empresas”. Cada vez mais, as empresas pagam IRC, não pelo lucro da sua atividade (rendimento menos os gastos), mas pela via de gastos que não são considerados para efeitos fiscais e gastos que o são, mas estão sujeitos a tributação autónoma (TA). Como é constatado, de ano para ano, as suas taxas são crescentes, aplicando-se a uma base mais abrangente nomeadamente nos encargos com as viaturas ligeiras de passageiros. A complicar de sobremaneira a imensa burocracia existente a nível fiscal e a dificuldade em que se consiga perceber as questões fiscais está a reforma do IRC. Para Romeu Figueiredo, os media, por vezes passam uma imagem errada do labirinto que é a contabilidade em Portugal e por isso o papel dos TOC (Técnicos Oficiais de Contas) é também o de desmistificar estas questões. “Ouvi por vezes, que com o regime de caixa para efeitos de IVA, este imposto só seria pago quando a empresa recebesse do seu cliente. Pois muito bem, mas também só deduz quando pagar e tiver prova do pagamento, algo que não ouvi na comunicação social. No fim do ano, mesmo que não tenha recebido a totalidade do montante que facturou, a empresa tem de entregar ao Estado o IVA dessas faturas e assim fazer o acerto do IVA, do ano término. Esse é um aspeto muito importante ao qual não ouvi a comunicação social dar o devido ênfase”. Aos seus clientes, Romeu Figueiredo faz questão de enviar newsletters periódicas gerais e, em alguns casos, personalizadas. Para além disso, trabalha lado a lado com eles, numa relação de proximidade da qual resultam reuniões periódicas. Para este entrevistado, os TOC têm que ter competências num variado leque de áreas de conhecimento que não apenas a contabilidade mas também a gestão financeira, a fiscalidade, o direito do trabalho, o direito societário, entre outras áreas do saber porque a atividade evoluiu e é necessário
ter parcerias com outros profissionais, nomeadamente advogados, avaliadores de imóveis, etc. Para isso, é necessária formação e atualização permanente. “Sempre defendi qualidade, o que sem formação contínua é impossível, daí ter sempre frequentado formação na área”, garante. Romeu Figueiredo também é formador reconhecido pela OTOC e pelo IEFP, prestando serviços nessa área, em acções de formação creditadas pela OTOC. Mas não é só da experiência enquanto formador que tira esta conclusão. Enquanto membro da equipa de controlo de qualidade da OTOC tem também vindo a perceber que “como em todas as classes há bons e há menos bons profissionais. Não é o facto de estarem nos grandes centros que faz a diferença, a idade também não o faz, nem mesmo as habilitações académicas. É de não negligenciar que a regulamentação profissional, desta classe, só
foi regulamentada em 1995, no entanto, já em tempos primórdios um escriba egípcio contabilizou os negócios efetuados pelo governo de seu país no ano 2000 A.C. Acredito que o TOC será cada vez mais reconhecido como uma mais-valia para as empresas e por conseguinte para a economia do país”. LER NA INTEGRA EM WWW.PONTOSDEVISTA.PT
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O PAPEL DO CONSULTOR
Projeto desenvolvido pela Quantuval e pela Correia de Lacerda
QS-Projects: parceria em todas as fases de projeto e obra A atual conjuntura económica exige respostas acertadas, em tempo adequado. A QS-Projects é isso mesmo. Um serviço criado por duas empresas (Quantuval e a Correia de Lacerda) como forma de contornar as dificuldades. O objetivo é prestar um serviço de consultoria e medição de projetos de arquitetura e engenharia, englobando todos os capítulos dos mapas de trabalho de uma obra. Foi junto dos mentores desta ideia, Mário Pinto e Paulo Lacerda, que a Revista Pontos de Vista conheceu melhor esta forma de colaboração altamente especializada.
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odem não partilhar a mesma estrutura física, pelo menos para já, mas Mário Pinto (Gerente da Quantuval) e Paulo Lacerda (Gerente da Correia de Lacerda) abraçam os mesmos objetivos, sobretudo quando se trata do resultado da experiência e dinâmica de ambas as empresas: o QS-Projects, uma ideia que surgiu um pouco no seguimento das dificuldades económicas que o país atravessa. Trata-se de um trabalho que visa prestar um apoio especializado em todas as fases de projeto e obra a projetistas, empreiteiros gerais e subempreiteiros, empresas fiscalizadoras e donos de obra. No fundo, baseia-se num esforço de complementaridade em que se une o melhor que cada um sabe fazer em prol do cliente final. “A Correia de Lacerda dedica-se à parte das instalações elétricas, AVAC, redes hidráulicas, ao passo que a Quantuval fica com a componente civil”, explicou Mário Pinto. Assim, é possível conjugar numa só proposta todos os passos, evitando que o cliente tenha de se deslocar a duas empresas independentes. “Conseguimos responder de forma mais A QS-Projects tem sido solicitada para fazer cedência de mão de obra de técnicos especializados que estão em falta no mercado nacional. Com a saída de muitos técnicos para o estrangeiro (PALOP, América Latina, Médio Oriente, por exemplo), Portugal ficou com carências neste segmento. Os clientes da QS-Projects têm, por isso, sentido necessidade de adquirir mão de obra especializada para entrarem em novos mercados, como por exemplo Costa Rica ou Venezuela. Todavia, esta opção ainda está a ser explorada pelos responsáveis.
clara e os nossos clientes acabam por ver em nós uma extensão da sua equipa”, acrescentou Mário Pinto. Com a crise que se instalou no setor da construção civil em Portugal, grandes empresas nacionais foram obrigadas a reestruturar as suas equipas, reduzindo nos recursos humanos. Quando existem picos de trabalho para os quais não consigam dar uma resposta tão imediata, o outsourcing e, em particular, a QS-Projects são a solução procurada. Antes da criação desta marca, Paulo Lacerda admite que não havia grande preocupação com a componente comercial do negócio. Os clientes entravam em contacto com eles e isso seria o suficiente para que a atividade fluísse. “Ao criarmos esta marca tivemos o cuidado de criar toda uma estrutura para termos mais visibilidade. Construímos um site, marcamos reuniões e estamos a dedicar-nos a esse trabalho para nos darmos a conhecer aos nossos clientes, mesmo aos que já são habituais”, esclareceu Paulo Lacerda. Hoje, a QS-Projects dedica-se, sobretudo, à análise de erros e omissões. Por outras palavras, tal como explicou Mário Pinto, “existe um projeto ou uma futura obra que é colocada a concurso. Os empreiteiros que querem concorrer, levantam o projeto e têm de ter alguém que faça a análise do mesmo para perceber se as quantidades que estão a ser colocadas a concurso correspondem à realidade ou se estão desfasadas. É um trabalho de responsabilidade e que exige muita experiência de obra”. Mas, gerar confiança no cliente não se afigura como uma tarefa fácil. Se, no primeiro trabalho, todos confiam, o segundo dependerá sempre dos resultados do primeiro. “Estamos constantemente a ser avaliados. A partir do momento em que falhamos uma vez, tudo o que fizemos é posto em causa. Mas temos conseguido manter os clientes e angariar novos. Aliás, grande parte dos nossos clientes ganham as obras para as quais concorrem”, defendeu Paulo Lacerda. No fundo, se existe
Paulo Lacerda e Mário Pinto segredo para esta parceria, ele está, sem dúvida, na compatibilização de ideias. Só assim o projeto dará frutos.
medidor orçamentista
Quantity Surveyor é um conceito com muita tradição nos países anglo-saxónicos mas em Portugal ainda está pouco reconhecido. “O medidor orçamentista é o parente pobre dos técnicos”, asseverou, desde logo, Mário Pinto. Enquanto não existir uma entidade que tutele a profissão, tal como acontece com os desenhadores, o “lobby dos engenheiros e dos arquitetos” continuará a ser mais forte. A propósito disso, Paulo Lacerda lembra que, atualmente, grande parte das empresas de projeto simplesmente não têm medidores orçamentistas na sua equipa. Esse trabalho é da responsabilidade de engenheiros ou desenhadores que, podem ter alguns conhecimentos básicos, mas não são especialistas. Para Mário Pinto, “qualquer pessoa sabe medir mas é preciso entender o que se está a fazer”. Assim, enquanto engenheiros, técnicos ou arquitetos assumirem funções que competem a um medidor orçamentista realizar, o papel deste profissional na sociedade e no seio das empresas do setor continuará a ser desvalorizado.
Quando comparados com os congéneres estrangeiros, o trabalho e a qualidade dos projetistas portugueses merecem grande destaque. “Por norma, os nossos projetistas têm um nível de detalhe e de organização de projeto bastante superiores. Nós somos realmente bons”, concluiu Mário Pinto. Serviços prestados: Fase de Projeto - Estudo técnico e económico de soluções construtivas; - Elaboração dos Mapas de Trabalhos e Quantidades; - Elaboração da estimativa de custos; - Compatibilidade entre Peças Escritas e Peças Desenhadas e Execução; - Elaboração das especificações técnicas gerais e especiais. Fase de Concurso - Erros e Omissões; - Avaliações de propostas. Fase de Obra - Autos de medição; - Controlo de Custos e respetiva evolução.
O PAPEL DO CONSULTOR
Susan Cabeceiras, CEO – Direção Comercial da KONCEPTNESS
Pontos de Vista Novembro 2013
Uma empresa que “sabe” e “sabe fazer” A KONCEPTNESS assume-se como a parceria ideal para a implementação de qualquer negócio. Sendo já uma estrutura de referência ao nível da consultadoria, conceção, coordenação e desenvolvimento de soluções, o que distingue esta empresa das demais? “Concebemos soluções criativas que têm em conta o contexto do mercado no qual o cliente atua, as especificidades da construção em questão, assim como, a legislação aplicável”, respondeu Susan Cabeceiras.
Assumindo-se como uma empresa de referência no mercado ao nível da consultadoria, conceção, coordenação e desenvolvimento de soluções para cada tipo de negócio, que caraterísticas têm feito com que a KONCEPTNESS se afirme como o melhor parceiro de uma organização? A nossa capacidade em compreender as necessidades dos clientes, dando a resposta mais adequada a cada caso é fundamental. Concebemos soluções criativas que têm em conta o contexto do mercado no qual o cliente atua, as especificidades da construção em questão, assim como, a legislação aplicável. Tal implica saber e saber-fazer. Só assim podemos prestar um serviço realmente personalizado que dê resposta efetiva às necessidades de quem acompanhamos, em qualquer ponto geográfico do país, seja numa determinada área específica do projeto, seja na totalidade deste último. Muito além da visão de um arquiteto, esta equipa trabalha para prestar um serviço baseado na perspetiva de um consultor disponível em todas as fases do projeto. Em que consiste este trabalho? Desde a consultoria prestada ao cliente, passando pela coordenação dos projetos realizados por técnicos e profissionais selecionados diretamente pelo cliente, até ao acompanhamento de todas as demais vertentes inerentes ao processo, a nossa equipa assegura uma intervenção completa, numa ótica de projeto e não de tarefa. Afinal, o nosso objetivo é e será sempre: a melhor opção para cada caso, para cada negócio, para cada cliente. Enquanto consultor, de que forma é possível conquistar a confiança de um cliente e levá-lo a recomendar o seu trabalho? Nesta área, o conhecido processo de “passa a palavra” é mais vantajoso do que um currículo qualificado? A confiança vai-se criando ao longo de todo o processo de atuação que, por seu lado, se carateriza por uma interação constante
Depois de Moçambique e Angola, a empresa quer continuar a apostar em mercados externos? O que tem sido feito no sentido de estimular a internacionalização da KONCEPTNESS? Sem dúvida, o processo de internacionalização tem colhido frutos e continua a fazer parte da nossa estratégia. A nossa estratégia de internacionalização tem privilegiado dois modos de atuação: a criação de parcerias estratégicas com empresas de engenharia, construção e outros setores de relevante interesse nos países visados, por um lado, e a preparação de uma plataforma de apoio aos nossos clientes portugueses para a expansão dos seus negócios no estrangeiro, por outro. Atualmente, contamos já com uma nova plataforma para Toronto, no Canadá, prevendo a nossa presença efetiva neste mercado a partir do próximo ano.
Susan Cabeceiras que permite a tomada de decisão por parte do cliente (parte central do processo) de forma sustentada e eficaz. Tudo isto conduz inegavelmente ao “passa-a-palavra” que é, de facto, a meu ver, a melhor ferramenta de marketing que existe.
No domínio da consultoria, de que forma é que atuam mediante uma parceria com o cliente? Como pode a vossa intervenção alterar ou definir o modelo de negócio mais adequado do vosso parceiro? Enquanto consultores, acompanhamos os nossos clientes nos diferentes momentos de decisão em termos de investimento. Imagine que o cliente pretende adquirir um lote de terreno para aí construir a sua fábrica. A KONCEPTNESS procede ao levantamento das necessidades inerentes à atividade do cliente em causa, e de acordo com o enquadramento legal, fornece um relatório técnico completo
que permite ao cliente decidir se é vantajoso ou não investir naquele terreno. Trata-se de aplicar o conhecimento e a técnica a cada situação e contexto.
Como é que se consegue ser competitivo nesta área de atividade? Que caraterísticas são necessárias para se vingar nesta profissão? O conhecimento real da legislação aplicável a cada caso, a gestão de todos os intervenientes envolvidos no processo, a consulta às entidades certas em cada etapa e a consciência dos pontos críticos de cada processo, são os verdadeiros ingredientes necessários para um licenciamento eficiente, com um investimento racional. E é precisamente aqui que a KONCEPTNESS faz a diferença: a nossa equipa, perita em áreas específicas do licenciamento, coordena e gere todo o processo, garantindo celeridade e eficácia, a um custo sustentado.
Num futuro marcado por algumas incertezas, quais são os principais desafios que se colocam à KONCEPTNESS? Conhecer e perceber o mercado e as suas tendências, dominar a legislação, suas atualizações e as competências técnicas, estar preparados para os desafios de um mercado em constante mudança: todos estes elementos têm sido parte integrante da KONCEPTNESS, desde a sua criação, conduzindo a um crescimento sustentado. Para além disso, continuar a investir em parcerias estratégicas com vista a abranger um leque mais vasto de apoio aos nossos clientes, tem-se revelado um desafio a prosseguir, nomeadamente aos níveis da exportação e internacionalização. A aposta numa relação continuada com os nossos clientes é também um dos aspetos prioritários para nós. Continuarmos a ser pioneiros na identificação e na compreensão das suas necessidades, mas também no conhecimento do que há de novo ao nível da Lei e na identificação das dificuldades técnicas específicas a cada atividade, constituem desafios diários aos quais damos e queremos continuar a dar resposta.
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O PAPEL DO CONSULTOR
Luís Câncio Martins, Gerente da J. L. Câncio Martins – Projetos de Estruturas
“Qualidade e flexibilidade” Fundada na década de 60, a J. L. Câncio Martins tornou-se líder na conceção de estruturas complexas para os sistemas de transporte, edifícios, obras marítimas e instalações industriais. A empresa presta serviços de engenharia de ponta com o objetivo final de projetar construções com qualidade a custos controlados. A Revista Pontos de Vista foi conhecer algumas das suas obras mais emblemáticas.
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Terminal XXI do Porto de Sines, a Ponte sobre o Rio Douro em Entre-os-Rios, a Ponte Salgueiro Maia sobre o Rio Tejo em Santarém ou a Ponte da Amizade entre Macau e Taipa. Estas são algumas das obras que tiveram o cunho da J. L. Câncio Martins, uma empresa portuguesa com cerca de cinco décadas de existência mas com uma visão global das oportunidades que surgem além-fronteiras. A filosofia da empresa manteve-se inalterada desde a sua génese pelas mãos de José Luís Câncio Martins. “Somos uma empresa que aposta desde sempre na competência e na qualidade, tendo como objetivo desenvolver projetos tão eficientes quanto possível” explica o atual gerente, Luís Câncio Martins. “Uma parte considerável dos nossos trabalhos são projectos variante – soluções apresentadas como alternativa aos projectos lançados a concurso para empreitada – que vingam por deles resultarem construções com mais qualidade mas com custos de execução e manutenção inferiores”, explicou em conversa com a Revista Pontos de Vista Luís Câncio Martins. Trata-se pois de otimizar o rácio entre a qualidade e os custos, respondendo sempre com prontidão às solicitações que surgem. De facto, é esta particularidade que faz com que a empresa consiga dar resposta em tempo oportuno e com qualidade aos pedidos. “Face aos consultores internacionais de grande dimensão que têm estruturas rígidas e processos de decisão morosos, temos maior flexibilidade”, explicou o responsável. No primeiro telefonema, no primeiro contacto, o “sim” pode surgir com prontidão. “Conseguimos dar uma resposta rápida às solicitações e creio que esse é um dos nossos pontos fortes”, admitiu. A principal atividade da empresa centra-se na elaboração de projetos de estruturas, sobretudo de pontes e estruturas marítimas. A atuação em edifícios é mais A experiência da empresa abrange: - Pontes Rodoviárias, Ferroviárias e Pedestres; - Obras Marítimas; - Túneis e Passagens Subterrâneas; - Edifícios; - Instalações industriais;
impacto direto na coesão territorial e assim na sociedade e economia.
O consultor e o seu papel como interveniente na sociedade
Luís Câncio Martins
pontual, tendencialmente voltada para construções especiais como é o caso do projecto que a J. L. Câncio Martins está a desenvolver no presente momento para um edifício coberto por uma cúpula de vidro em Berlim (Alemanha). A empresa tem também explorado as áreas do projecto de reabilitação e reforço, sobretudo de pontes, setor que tem ganho preponderância nas últimas décadas. “Em todo o mundo, a idade média das pontes tem vindo a aumentar, daí resultando a necessidade de intervir para repor as condições de segurança e funcionalidade. Em alguns casos é necessário reforçar as construções por forma a serem capazes de acomodar veículos mais pesados e volumes de tráfego superiores”, afirmou, dando como exemplos em Portugal a Ponte Eiffel de Viana do Castelo ou a Ponte D. Luís em Santarém. Neste âmbito, a empresa está empenhada em desenvolver em parceria com outra empresa portuguesa uma ferramenta designada por BMS, Bridge Management System, que permita às entidades responsáveis gerir o conjunto de pontes que tutelam, tarefa ingrata face à enorme quantidade de constru-
ções de épocas, tipologias, dimensões e materiais diferentes. “Pretendemos desenvolver um BMS de nova geração que integre processos já desenvolvidos com as mais modernas tecnologias. Em termos genéricos, esta ferramenta projeta cenários que suportam decisões do foro técnico e político tais como a alocação ótima de fundos existentes e a elaboração de orçamentos no curto, médio e longo prazo”, esclareceu Luís Câncio Martins. O velho ditado “casa roubada, trancas à porta” faz, infelizmente, muito sentido. Face à ausência dum programa preventivo, as ações de reparação, reabilitação e substituição tendem a ser reativas por efeito de ocorrências mais ou menos graves. “São situações que requerem uma intervenção urgente e são, por isso mesmo, muito mais dispendiosas. O mesmo acontece com as nossas casas. Uma coisa é fazer uma manutenção programada e preventiva, outra é desprezar essa manutenção e intervir quando já chove dentro de casa e o telhado ameaça ruir, colocando pessoas e bens em risco”, exemplificou. É, por isso, importante investir na prevenção e na manutenção de obras como as pontes que têm um
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Na consultoria isso também aconteceu. O conceito de parceria entre projetistas tem vindo a ser reforçado, muito graças à atual conjuntura económica que tem afetado muitas empresas do setor. “Em função das necessidades que existem e porque grande parte dos escritórios têm uma dimensão pequena ou média, como é o nosso caso, há esta necessidade de nos complementarmos por forma a ganharmos dimensão junto dos diferentes mercados”, defendeu Luís Câncio Martins. Já quando se fala na importância do consultor em projetos de engenharia, o engenheiro acredita que este papel deve estar intimamente ligado à consciência de que se está a intervir no habitat humano para servir o bem público. Por isso, as construções em geral e as pontes em particular “têm de satisfazer os requisitos de segurança, pois disso dependem vidas humanas, assim como os requisitos de funcionalidade que justificam a sua existência”, defendeu Luís Câncio Martins. Outro objetivo essencial é a economia de meios, na essência a minimização dos custos do ciclo de vida, ou seja execução, manutenção e demolição. A beleza e integração na envolvente é outro aspeto essencial. Uma sociedade que descuida a componente estética, o sentimento, é forçosamente uma sociedade desequilibrada. Nenhum projetista se pode alhear deste paradigma. Infelizmente, os donos de obra e os próprios projetistas entraram numa espiral de permanente redução dos honorários que se traduz numa perda de qualidade e, paradoxalmente, num aumento de custos de execução da obra. Reduzir os custos da empreitada requere tempo adicional para otimizar as soluções na fase do projeto. Ao cortar-se nos honorários, “poupa-se nos cêntimos, gasta-se nos euros”. Uma tendência que urge inverter. Serviços: - Estudos de Viabilidade; - Projetos Concetuais e Finais; - Assistência Técnica; - Consultoria; - Engenharia de Construção; - Reabilitação; - Revisão de projetos;
Pontos de Vista Novembro 2013
“Somos uma empresa que aposta desde sempre na competência e na qualidade, tendo como objetivo desenvolver projetos tão eficientes quanto possível”
Presença em mercados externos
Apostar no estrangeiro “é atualmente essencial para a sobrevivência”. Com a crise a afetar todos os setores de atividade, o segmento da construção civil continua a ser o mais debilitado. A solução passa por desenvolver trabalho em mercados externos. Aqui, a J. L. Câncio Martins tem um portfólio já bastante diversificado, inicialmente por opção, hoje por força das circunstâncias. Atenta às oportunidades que vão surgindo, a empresa tem, atualmente, projetos a decorrer ou em fase de execução na Europa, Médio Oriente e América Latina. Existe também um conjunto de mercados com grande potencial de crescimento como a Indonésia ou Moçambique que a empresa tem vindo a acompanhar.
Quanto ao mercado nacional, a esperança continua presente mas Luís Câncio Martins sabe que “os tempos áureos das décadas mais recentes dificilmente voltarão”. Com a crescente vontade dos decisores políticos e económicos de voltar a apostar no Mar, o trabalho poderá surgir. Luís Câncio Martins acredita também num investimento estratégico na via férrea, “não na alta velocidade mas em sistemas com interfaces e plataformas logísticas verdadeiramente eficientes capazes de conciliar o tráfego de pessoas e de mercadorias a velocidades razoáveis”, admitiu. Para qualquer uma destas oportunidades, a J. L. Câncio Martins continuará predeterminada a disponibilizar, em todos os momentos, serviços de engenharia de ponta.
Revista Pontos de Vista – Dos projetos que têm em carteira, há algum que se destaque? Luís Câncio Martins – Cada projeto tem a sua especificidade própria, independentemente da localização, escala ou materiais utilizados. Por vezes, projetos pequenos como pontes pedonais têm graus de sofisticação muito elevados. Destacaria contudo o projeto que elaborámos para a tomada de água de arrefecimento duma grande central termoelétrica por se tratar da maior do mundo do seu tipo. Uma prova da vitalidade da engenharia portuguesa!
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A OPINIÃO DE...
O PAPEL DO CONSULTOR
Henrique Abreu, Gerente da HP Engenharia
consultor – uma mais-valia Em alguns meios, o termo consultor é conotado com “mais um...” qualquer que seja o processo e desenvolvimento de um projeto. Não que em alguns casos isso não possa até ser em parte verdade, mas cada vez mais, com a especialização de matérias, a função retoma e ganha importância.
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a coordenação dos subscritores dos projetos, à coordenação das equipas multidisciplnares que englobam vários especialistas em obra, passando pelas relações com a fiscalização e também ainda pela validação da preparação da própria obra, o papel de um engenheiro civil sénior ao lado do dono de obra é fundamental.
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NO PROJETO...
Quando um dono de obra tem uma idéia ou um projeto, por mais clara ou definido que estes lhe pareçam, na maior parte dos casos ele está longe da série de passos e da complexidade de processos por que irá passar. Daí ser (ainda) comum o fraco procurement, ou processos de seleção das pessoas, equipas, empresas ou todos os quantos irão levar por diante a idéia / projeto. Sejam processos de estudos de viabilidade ou projetos de licenciamento, seja a seleção de serviços, seja desde logo a simples definição do programa base do projeto, não raras vezes desvalorizada, o aconselhamento técnico de um consultor com comprovada experiência na matéria ou pelo menos de direção e gestão das respetivas equipas multidisciplinares, revela-se sempre uma boa mais-valia para o promotor do projeto. É fundamental começar pelo principio, definindo o que se pretende, quando e como lá chegar. Infelizmente, a opção de recrutamento dos serviços de consultoria de direção e gestão do projeto não é ainda uma prática constante dos gestores empresariais ou dos próprios particulares, que substimam muitas vezes o setor da construção em geral. Todos se acham capazes de projetar e construir ou reabilitar. Em parte por culpa própria dos técnicos do setor, eles que também se acham, por vezes, sabedores de todas as matérias por terem feito esta ou aquela intervenção a qual consideram suficiente para se autodesignarem de consultores, especialistas, entre outros. Através dos vários canais hierárquicos, no projeto ou em obra, o verdadeiro consultor sabe aos vários níveis o essencial e aconselha oportunamente o dono de obra, na medida das suas dúvidas, quais os melhores caminhos a seguir, ou ainda subscrever decisões finais, sem no entanto se substituir ao cliente, parceiro institucional ou amigo.
O consultor deve pensar tal como o cliente, como se dele fizesse parte integrante. Se o cliente é uma entidade, deve pensar que dela é seu quadro. Se é um particular, deve pensar o projeto como que para seu usufruto. Deve respeitar os mais simples princípios da ética e confiança profissionais. Muitas vezes, no fim da obra, criam-se laços de respeito e amizade de valor incalculável. É o sinal máximo de um trabalho bem feito. Uma boa idéia só se tornará um produto de excelência se o rigor começar pela escolha da equipa adequada!
...E NA OBRA?
Tal como em qualquer atividade profissional, também para construir é preciso arte e engenho. Desde o servente ao diretor da obra, passando pelo encarregado, arvorados, condutores, manobradores, pedreiros, estucadores, canteiros, carpinteiros, serralheiros, canalizadores, eletricistas, respetivas ferramentas e equipamentos, bem como ainda uma série infindável de fornecedores e subempreiteiros, por toda uma série de outros especialistas, a logística de uma obra é muito mais complexa do que muitos profissionais do próprio setor imaginam! Um estaleiro, “a base” visível da logística de uma obra, tem uma organização de certo modo equivalente à de uma fábrica, ou até melhor, à de um acampamento militar, i.é. um conjunto edificado com instalações administrativas, sociais e indus-
“Por razões várias, confunde-se muito a preparação de obra com projeto de execução o que não deve acontecer. Há, de entre alguns projetistas, quem defenda que deve o empreiteiro apresentar obrigatoriamente elementos de projeto, o que é de facto uma inversão de responsabilidades! Isso não é acautelar os interesses do dono da obra, isso não é, garantidamente, o meio para se atingir uma construção de qualidade. Aqui entra também o consultor do dono de obra como garante dos seus objetivos”
triais, de certo modo precárias, com toda a exploração e manutenção diária que isso envolve. A segurança e higiene no trabalho é outro dos fatores a ter em conta. As condições naturais (morfologia do terreno, acessibilidades, etc) e atmosféricas do local, a envolvente social (com problemas cada vez mais emergentes), as perspetivas do dono de obra e do empreiteiro ou, ainda, as condições dos licenciamentos, são outros dos fatores externos a ter em conta na gestão de um contrato de empreitada. Cada estaleiro é realmente um caso. Por idêntica que a nossa obra seja a uma terceira com um projeto dito “equivalente”, nunca deve a direção e gestão da construção ser menos prezada. Por razões várias, confunde-se muito a preparação de obra com projeto de execução o que não deve acontecer. Há, de entre alguns projetistas, quem defenda que deve o empreiteiro apresentar obrigatoriamente elementos de projeto, o que é de facto uma inversão de responsabilidades! Isso não é acautelar os interesses do dono da obra, isso não é, garantidamente, o meio para se atingir uma construção de qualidade. Aqui entra também o consultor do dono de obra como garante dos seus objetivos. A diferença entre anteprojeto ou projeto de licenciamento e o projeto de execução, hoje em dia pelos meios informáticos disponíveis, é menor do que em tempos idos, mas não devem os projetistas aligeirar o seu trabalho nesta última fase. Deve um projeto seguir sempre todos os passos intermédios, i.é. desde o programa base ao projeto de execução, passando pelo estudo prévio, anteprojeto e licenciamento. Mas é incorreto e mau para o resultado final do projeto / obra a remissão de definições ou pormenores de execução para um caderno de encargos tipo, generalista e muitas vezes com artigos que nem aplicabilidade têm na obra, ou como agora “é moda” para fotografias ou sítios da Web. A inequívoca identificação de todos os detalhes e especificações pretendidas pelos projetistas, bem assim como a sua quantificação objetiva, só deve ter lugar no projeto de execução. Arquitetos e engenheiros, académicos ou experientes especialistas, seniores ou estagiários, devem, desde logo, ter consciência da complexidade de uma obra, dos imprevistos e dificuldades associadas. O projeto tem a mesma importância que a obra no resultado final do processo. Por outro lado, fiscalizar não é “ser polícia” (perdoe-se a comparação). É ser proativo, no sentido de uma resolução eficaz dos problemas que afetam uma obra. É ser pedagogo, no sentido de que a maior parte do pessoal empregue nas obras não tem em muitos casos formação sustentada, para a atividade que desenvolve, ao que se associa também a falta de objetivos curriculares ou avaliação construtiva do seu trabalho. Concluindo, havendo bom senso, disponibilidade para ouvir e para entender, proatividade e espírito de equipa, todas as partes envolvidas devidamente lideradas saem a ganhar.
BREVES
Mesa ao Vivo Portugal Brasil na Exponor Trata-se de um evento de cariz gastronómico que se realiza na Exponor nos próximos dias 29, 30 de novembro e 1 de dezembro. Acolhe um calendário com vários acontecimentos que ocorrem em simultâneo, em vários palcos das cidades do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia, potenciando o evento principal. O objetivo é aprofundar as relações e acordos bilaterais, promovendo a capacidade empresarial entre Portugal e o Brasil, numa relação que se pretende extensível a todo o Mundo Português.
Vinho dos ‘Xutos & Pontapés’ chega ao mercado externo
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Apenas quatro semanas depois de ser lançado em Portugal, a nova edição do vinho ‘Xutos & Pontapés’ já se encontra além-fronteiras, a ser vendido em superfícies comerciais de países como Angola, Cabo Verde, França e Bélgica. Produzido pela Casa Agrícola Alexandre Relvas, em parceria com a mais emblemática banda de rock nacional, o vinho dos Xutos é feito a partir da colheita de 2011 e contou com uma tiragem de 15 mil garrafas. De uma intensa cor rubi, aromas de frutos do bosque fumados, uma boa concentração de taninos e uma excelente persistência, o vinho ‘Xutos e Pontapés’ mantém os elevados padrões de qualidade exigidos pelas empresas que produzem vinho regional alentejano.
Castros – Iluminações Festivas ilumina Londres no Natal A empresa de Vila Nova de Gaia, Castros - Iluminações Festivas, ganhou o concurso para as iluminações de Natal da Oxford Street, em Londres, no Reino Unido. Segundo a publicação Design Week, a iluminação está orçada em um milhão de libras (cerca de 1,2 milhões de euros) e implicou a colocação de 1.778 bolas esféricas brancas entre Tottenham Court Road e Marble Arch. Esta iluminação será assegurada por 750 mil lâmpadas LED. No ano passado, num evento que teve Robbie Williams como anfitrião, 20 mil pessoas assistiram à ligação das luzes na Oxford Street. Este ano, as luzes acendem-se dia 12 de novembro, estando ligadas até dia 6 de janeiro de 2014. Todos os anos cerca de 40 milhões de pessoas visitam a Oxford Street durante as seis semanas que constituem o período de Natal, gastando cerca de mil milhões de libras (1,1 mil milhões de euros), segundo a NWEC. A empresa com cerca de 90 anos costuma fazer iluminações fora de Portugal. Em 2009, iluminou uma das ruas mais movimentadas de Nice, em França. Em 2010, em Londres, foi a vez de cobrir a Regent Street com estrelas cintilantes.
ZON e OPTIMUS lideram escolha do consumidor A ZON e a Optimus foram eleitas as marcas preferidas pelos Portugueses em 2013, pela iniciativa “Escolha do Consumidor” nas categorias “Pay TV” e “Telecomunicações Móveis”, respetivamente. As duas marcas do grupo ZON OPTIMUS veem, assim, reconhecida a satisfação que geram junto dos consumidores nacionais, num estudo levado a cabo pela Consumer Choice – Centro de Avaliação da Satisfação do Consumidor, que envolveu 40.712 participantes, que avaliaram 441 marcas, em 102 categorias, e de onde resultam 108 premiados. Pelo segundo ano consecutivo, a Optimus foi considerada a operadora móvel preferida pelos consumidores Portugueses, destacando-se pela qualidade dos seus serviços de Voz, Internet Móvel e Aplicações. Esta distinção reforça o compromisso da marca com a entrega de produtos e serviços diferenciadores e que correspondem às reais necessidades dos seus clientes. Já a ZON foi distinguida pelo seu serviço de televisão state of the art, IRIS, que se destaca por ser personalizável, multiplataforma e não linear. Este reconhecimento reforça o caráter inovador e focado na experiência do cliente da marca ZON.
MEDICINAS NATURAIS
Pedro Brás, Diretor da revolucionária Clínica da Mente, dá resposta à seguinte questão
Perturbações mentais: doenças ou estados? Para aqueles que consideram que a Depressão e a Ansiedade não são doenças mas sim estados em que as pessoas se encontram, há uma alternativa à intervenção psicoterapêutica convencional que parte deste princípio. Chama-se Clínica da Mente e surgiu há 5 anos no Porto. Nesta Clínica, especializada no tratamento da Depressão e da Ansiedade,é utilizada uma abordagem terapêutica inovadora resultante da HBM Therapy. A HBM parte do princípio de que certas experiências de vida que as pessoas viveram no passado perturbam o seu equilíbrio emocional atual. Assim, as pessoas estão em sofrimento devido a estarem associadas a estados de angústia, mágoa, revolta, dor ou medo, vivenciadas no contexto dessas experiências.
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ssim, para que o equilíbrio seja recuperado, a pessoa tem de libertar-se emocionalmente dessas emoções que perturbam a sua paz interior, abandonando os estados de ansieda-
de e depressão. A abordagem terapêutica da Clínica da Mente tem permitido ajudar milhares de pessoas que sofrem de patologias do foro mental ou psicossomático, tais como comportamentos obsessivo-compulsivos, ataques de pânico ou fobia social. Pedro Brás, Psicoterapeuta e Diretor da Clínica, explicou à Revista Pontos de Vista o que justifica este sucesso terapêutico: “A Clínica da Mente é única em Portugal porque utiliza uma abordagem terapêutica inovadora, baseada no conhecimento que temos sobre o funcionamento da mente humana. Entendemos a mente como algo distinto do cérebro, ou seja, as pessoas pensam e comportam-se refletindo a sua personalidade, sendo a bioquímica neural colocada para segundo plano”. Na base da Human Behavior Map (HBM) Therapy está o Mapa da Mente, que descreve o funcionamento mental. O Mapa da Mente foi desenvolvido pela MASTER HBM RESEARCH, sendo utilizado exclusivamente pela Clínica da Mente. “Com base no Mapa da Mente, desenhamos técnicas eficazes que nos permitem tratar diversas perturbações”, afirma Pedro Brás. O que nos diz então o Mapa da Mente? Revolucionário na forma como entende o comportamento humano, divide o ser humano em duas partes: o corpo e a mente. Entende-se a mente como um conjunto de processos que definem a forma como percebemos e processamos as experiências de vida, a forma como nos comportamos, como pensamos, etc. Alguns desses processos mentais são conscientes e, por isso, sabemos porque
Pedro Brás
temos fome ou porque tememos animais perigosos. No entanto, há muitos processos mentais que são inconscientes e, por isso, desconhecemos o motivo que nos leva a sentir, pensar ou agir de certa forma. Estes processos mentais “ocultos” fazem parte da nossa mente inconsciente. “A maior parte dos traumas que nos afetam e perturbam na nossa saúde mental são traumas inconscientes, já que se fossem conscientes, rapidamente conseguiríamos sair destes estados”, afirma Pedro Brás.
“A mente tem como principal missão afastar-nos da dor e aproximar-nos do prazer”
Os processos mentais atuam de acordo com este princípio básico, afastando-
“A saúde mental tem que ser o nosso principal foco porque só estamos felizes se estivermos em paz com a nossa mente, e somos afetados na nossa paz pelos nossos estados de introspeção”
-nos de todas as experiências que possam trazer dor ou desconforto e aproximando-nos das experiências que se esperam trazer prazer e conforto. Pedro Brás explica, “as pessoas precisam dissociar-se das experiências negativas do passado, porque aquilo que o ser humano viveu condiciona-o no presente. Se as vivências boas nos condicionam de forma positiva, as más condicionam-nos
de forma negativa. Muitas vezes, reagimos de forma adversa e incongruente, porque experienciamos situações no passado que nos condicionaram dessa forma. Como fazer então para deixar de sofrer? A nossa experiência diz-nos que é deixar de sentir esse passado. Ou seja, é possível aceder às memórias porém, estas deixam de ser experimentadas como traumáticas. A chave está no sen-
O que são os ataques de pânico? “Os ataques de pânico são um estado de ansiedade criada pela nossa mente quando sentimos um grau de medo máximo, como por exemplo medo de morrer. Os sintomas dos ataques de pânico são tão fortes que acreditamos que podemos morrer só por ação desses sintomas. Esta crença é tão forte que nos traumatiza, e, a partir do primeiro ataque de pânico, ficamos com medo de voltar a sentir estas sensações, originando mais pânico. É criado assim o síndrome do Pânico, em que não conseguimos parar de sentir o medo de ter medo, pânico de sentir pânico. O síndrome do Pânico tem cura. Aplicando os princípios da HBM Therapy, a Clínica da Mente atua precisamente na raiz do problema. Caso a caso, deteta e trata a origem desses medos, afastando as emoções negativas e restaurando a paz e harmonia interior da pessoa. Estes tratamentos inovadores são totalmente naturais e têm demonstrado grande eficácia: 80 por cento dos casos são resolvidos em apenas quatro sessões terapêuticas” Pedro Brás.
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Pontos de Vista Novembro 2013
Se as vivências boas nos condicionam de forma positiva, as más condicionam-nos de forma negativa. Muitas vezes, reagimos de forma adversa e incongruente, porque experienciamos situações no passado que nos condicionaram dessa forma
tir. Se uma pessoa entra em pânico cada vez que passa num túnel, ou sente uma enorme revolta quando está sentada na sua mesa de trabalho, isso significa que vivencia, naquele momento, experiências traumáticas do passado. Assim, as técnicas da HBM Therapy tornam possível a dissociação emocional dessas experiências traumáticas do passado, levando a pessoa a um estado de equilíbrio e paz interior.”
Técnicas Utilizadas
A intervenção terapêutica na Clínica da Mente tem início com uma Sessão de Avaliação/Diagnóstico, agendando-se um plano terapêutico intensivo (em média de 4 sessões terapêuticas para que sejam atingidos os resultados pretendidos). Nas sessões, são utilizadas duas técnicas: a Morfese e a Athenese. A Morfese pode ser entendida como a evolução da hipnose clínica. O nome deriva de Morfeu, deus grego dos sonhos e filho de Hipnos, deus do sono. A Morfese é uma técnica de indução de sonhos, baseada na hipnose clínica, em que a pessoa entra num estado de sonolência, entre o sono e a vigília. Tendo em conta que é através do sonho que todas as noites reorganizamos emoções e experiências, o psicoterapeuta induz sonhos que permitam essa reorganização emocional do indivíduo. Quando sonhamos espontaneamente, ao longo da nossa vida, podemos ter dificuldade a processar certas vivências mais traumáticas, ficando presos às emoções sentidas, em vez de nos libertarmos e atingirmos o equilíbrio e a paz que a mente precisa “Levamos as pessoas a um estado de sonolência, favorável à introspeção, sendo nesse estado intermédio entre o sono e a vigília que as pessoas começam a sonhar. Os sonhos que induzimos permitem que elas se dissociem das experiências que as magoaram no passado”, explica Pedro Brás.
Trata-se assim de uma técnica de libertação em que as pessoas encontram o seu equilíbrio, dissociando-se de tudo o que as perturbou. Qual a vantagem da Morfese relativamente à Hipnose? “A Hipnose é uma técnica onde apenas 20 por cento das pessoas conseguem entrar facilmente. Por essa razão, criamos a Morfese, que conseguimos aplicar a 95% das pessoas que nos procuram”, explica o diretor da clínica. Quanto à Athenese, uma “evolução da programação neurolinguística”, deriva de Athena, deusa grega da sabedoria e da estratégia. Na Athenese procura-se a mudança na forma e na estratégia do pensamento, partindo do princípio que cada pessoa é condicionada pela forma como pensa e pela estratégia que utiliza. As pessoas utilizam estratégias de acordo com a sua personalidade, com as suas experiências de vida e com aquilo que são. Mas, por vezes, essas estratégias não são as adequadas para que uma pessoa possa atingir os objetivos que pretende. Assim, a Athenese permite pensar de forma diferente, desenvolver novas estratégias de pensamento, com o intuito de obter resultados mais assertivos.
Alargar a rede a todo o país
“Uma vez que trabalhamos com seriedade, dedicação e empenho, queremos disponibilizar a cada vez mais pessoas este conhecimento”, afirma. Uma vez que a Clínica da Mente tem como missão ajudar todas as pessoas que sofrem de perturbações mentais e emocionais a saírem desse estado limitante no menor tempo possível, Pedro Brás tem como principal objetivo, para os próximos tempos, fazer chegar a HBM Therapy a mais pessoas. Como tal, nos próximos seis meses, será aberta uma clínica também em Lisboa e, nos próximos cinco anos, está estabelecida
como meta a abertura de um centro clínico por distrito. Pedro Brás deixa uma mensagem aos leitores: “compreendam que a saúde mental tem que ser o nosso principal foco porque só estamos felizes se estivermos em paz com a nossa mente, e somos afetados na nossa paz pelos nossos estados de introspeção, depressão e ansiedade, que são contraditórios com o
bem-estar. Estas perturbações mentais não são doenças, são estados, pelo que não precisam de medicação para atingir a cura. A medicação apenas minimiza os sintomas desses estados, mas não os resolve. No entanto, com a abordagem psicoterapêutica adequada, as pessoas recuperam efetivamente o equilíbrio e a paz interior, para que sigam o seu caminho e sejam felizes!”
“Levamos as pessoas a um estado de sonolência, favorável à introspeção, sendo nesse estado intermédio entre o sono e a vigília que as pessoas começam a sonhar. Os sonhos que induzimos permitem que elas se dissociem das experiências que as magoaram no passado”
Depressão e Ansiedade Segundo Pedro Brás, as dificuldades das pessoas dividem-se em dois eixos: Depressivo ou Ansioso. “A depressão é uma perturbação emocional na qual experimentamos emoções de angústia, tristeza, frustração, desânimo, desmotivação, e resulta de experiências traumáticas do passado, das quais ainda não nos conseguimos dissociar, libertar. Estas emoções podem ser muito fortes e deprimem-nos, perturbando profundamente o nosso bem estar Vivemos assim muito tempo com este peso, com estas sensações e sentimentos, dia após dia, acumulando emoções negativas, o que nos leva a um estado de absoluta incapacidade para lidar com este estado emocional negativo. A depressão é um estado em que a nossa mente não está a conseguir processar devidamente emoções negativas e fortes de experiências vividas no passado”, explica Pedro Brás. Por sua vez, a ansiedade é um estado que deriva da emoção do medo. Sempre que sentimos medo geramos um estado de ansiedade. “Naturalmente, sentimos medo sempre que prevemos sentir dor ou desconforto numa determinada situação. Por vezes, a nossa mente inconsciente, condicionada por experiências traumáticas do passado, pretende evitar a repetição destas experiências causando ansiedade que nos perturba mesmo em actividades simples do dia a dia. Isto acontece porque essas experiências traumáticas do passado dão sinais errados à nossa estrutura emocional, provocando reações de medo tão inesperadas e incontroláveis como avassaladoras”, distingue.
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MEDICINAS NATURAIS
Clínicas Dra. Cristina Camões
“Ser psicólogo clínico é uma missão de Vida” A Revista Pontos de Vista conversou com Cristina Gonçalves D’ Camões, Diretora Clínica das Clínicas Dra. Cristina Camões e Psicóloga Clínica e Neuropsicóloga, onde ficamos a conhecer as mais-valias dos diferentes espaços, a forma como o atual estado do país tem vindo a promover um aumento das depressões, sem esquecer as razões que levaram a nossa entrevistada a escolher esta profissão.
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Quando é que edifica da clínica e de que forma é que a mesma tem vindo a crescer de uma forma sustentada e solidificada? Quais são as principais dificuldades que têm enfrentado? Depois de vários anos a exercer clínica privada e dada a grande afluência e abertura da população para os nossos serviços clínicos, sentimos a dada altura a necessidade de alargar a oferta de serviços. A clínica na Boavista, no Porto abriu em janeiro de 2012. Fomos sendo solicitados noutras áreas do país, o que nos levou a abrir clínica também em Lisboa, na Avenida da República, onde recebemos pacientes da grande Lisboa, do Alentejo e até mesmo do Algarve. As maiores dificuldades que temos tido prendem-se com a impossibilidade de dar resposta a todos os casos clínicos e ainda não poder chegar a zonas do país no interior. Quais os segmentos de serviços apresentados nas Clínicas Dr.ª Cristina Camões? A clínica na Av. da Boavista, no Porto dispõe das especialidades de Psicologia Clínica, Neuropsicologia, Nutrição Clínica, Terapia da fala e Mediação Familiar. A clínica na Av. da República, em Lisboa dispõe das especialidades de Psicologia Clínica, Neuropsicologia e Mediação Familiar. De que forma tem sido fundamental na prossecução dos desideratos da clínica a existência de uma equipa de profissionais altamente qualificados? Nas nossas clínicas a formação científica e a investigação são fundamentais para garantir serviços clínicos que primam pelo rigor e eficácia. Todo o corpo clínico da nossa equipa possuiu formação pós-graduada em Universidades de prestígio nacionais ou estrangeiras. Estamos constantemente a atualizar a formação e apostamos na reciclagem constante de conhecimentos científicos. Quem nos procura sabe que terá um serviço de qualidade.
Cristina Gonçalves D’ Camões O que pode fazer pelas pessoas a especialidade de Psicologia Clínica e Neuropsicologia? A Psicologia Clínica é uma especialidade que trata os problemas do foro mental, tais como: depressão clínica, perturbação de ansiedade, perturbação emocional, fobias, ataques de pânico, nas crianças problemas de comportamento/ aprendizagem, enurese, afetivo-relacionais. O tipo de tratamento nos adultos é Psicoterapia e nas crianças Ludoterapia. A Neuropsicologia é uma especialidade clínica que trata doenças do foro neurológico: doenças degenerativas (Parkinson, Doença de Alzheimer), AVC, Doença Bipolar, Depressão Major). Nas crianças os casos de défice de atenção, de concentração e de memória também fazem parte desta área clínica. Numa altura em que a população está mais vulnerável devido à crise, acredita que são necessárias mais consultas de psicologia no Serviço Nacional de Saúde e que seria positivo uma maior ligação entre a saúde pública e a privada no domínio da Psicologia? Tendo em conta que grande parte das
pessoas que ocorrem às urgências dos hospitais sofrem de problemas de ordem psicológica como causa direta ou indireta, estaria certamente na hora dos nossos governantes começarem a dar importância à saúde mental. Diria que se economizaria imenso a curto e médio prazo na área da saúde se investíssemos nos profissionais desta especialidade. Com a crise seria justo que todos pudessem ter oportunidade de dispor destes serviços clínicos gratuitamente. A ligação da saúde pública e privada se é aplicada noutras áreas médicas, não vejo porque não o seja na saúde mental, é uma questão de equidade e justiça social sobretudo para os doentes. Na sua opinião qual o problema de ordem psicológica que mais afeta a população? As investigações confirmam que a Depressão contitui atualmente um dos flagelos do séc. XXI na área da saúde. Cerca de 15% da população portuguesa sofre de patologias psiquiátricas de ansiedade e depressivas graves a moderadas. Em Portugal os antidepressivos ocupam o top na venda de medicamentos. Nos primeiros 8 meses deste ano verificou-
-se um aumento de 1,9 % na venda de medicamentos para a ansiedade e depressão. Banalizou-se completamente a venda deste tipo de fármacos, penso que está a tornar-se um grave problema a nível mundial de dependência química. Geralmente preocupamo-nos com a venda clandestina de drogas duras, mas a prescrição de medicação psiquiátrica é por vezes mais grave, pois a única diferença para as outras drogas é que é legal e controlada em laboratório. Assisto diariamente a casos de crianças que são medicadas psiquiatricamente e que vão de manhã para a escola a ressacar, com tremuras, suores frios, e que nas aulas ao contrário de conseguirem estar mais atentos, perdem o poder de concentração e atenção. Outro sintoma grave é que potencia a agressividade na criança, podendo levar ao suicídio na adolescência. Os profissionais de saúde que medicam crianças com este tipo de fármacos deviam ter em conta que o cérebro destas ainda está em formação e que está a ser bloqueado ao nível da produção de neurotransmissores e a modificar por vezes irremediavelmente a estrutura cerebral da criança. A Psicologia constitui um modo diferente de tratamento, pois vai atuar nas causas (quase sempre de ordem emocional e relacional) e não apenas nos sintomas. Porquê a escolha desta profissão? Ser psicólogo clínico é muito mais do que uma profissão. Acima de tudo é uma missão de vida, já que, ao contrário do que se ensina na faculdade a personalidade do psicólogo é essencial para o exercício desta profissão. Escolher ser psicóloga foi uma tomada de consciência do sentido da própria vida, que se traduz pela resposta à pergunta: “Nasci para quê?”. Tal como afirmou Jung e faço minhas as suas palavras: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar numa alma humana seja apenas outra alma humana”.
MEDICINAS NATURAIS
Nuno Pereira da Costa, Terapeuta e Administrador da ModusQuantum, em destaque
Pontos de Vista Novembro 2013
“Importantes estudos reconhecem o biofeedback como uma tecnologia eficiente” Assente nos princípios da Física Quântica e inserida nas medicinas biológicas regenerativas assim surge a Terapia Quântica. Com o uso de uma tecnologia que mede e regista os impulsos elétricos da nossa pele, ajudando a gerir e reprogramar as capacidades auto-curativas do corpo humano, a Terapia Quântica devolve ao mesmo a sua ressonância natural. Esta tecnologia, certificada pela União Europeia, tem o nome de INDIGO e a patente de William Nelson, antigo investigador da NASA que dedicou mais de três décadas da sua vida à investigação de medicinas alternativas, física quântica, biologia e psicologia. Ao trabalhar nestas teorias trivectoriais no projeto APOLO da NASA e investigando os campos eletromagnéticos aplicados à medicina, desenvolveu o tratamento energético. Nuno Pereira da Costa, Terapeuta e Administrador da ModusQuantum, deu a conhecer à Revista Pontos de Vista mais sobre esta terapêutica e o trabalho que tem vindo a desenvolver nos últimos três anos.
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ão inúmeras as aplicações da Terapia Quântica, desde dores crónica, insónia e stress, até alterações de peso, depressões e dependência de tabaco. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o stress é considerado o mal do século, sendo visto como o principal causador de doenças crónicas e atingindo 90 por cento da população. Através desta sofisticada terapia é possível amplificar o processo natural de regeneração, cicatrização e recuperação do organismo, tendo como objetivo final a auto-cura e não apenas a eliminação dos sintomas como acontece noutras terapias. Sabe-se que cada elemento ou órgão do nosso organismo possui uma frequência eletromagnética única e identificável, revelando pela reactividade eletrofisiológica da pessoa os seus níveis de vitaminas, aminoácidos, enzimas, minerais, nutrientes, açucares, toxinas, bactérias, fungos, alergias, parasitas, vírus, fatores mentais e emocionais, órgãos, ossos, músculos, etc.. Através desta informação dada pela tecnologia INDIGO – Sistema de Biofeedback, a terapia quântica potencia o poder auto curativo do corpo humano, de forma não invasiva e sem recurso a medicação. É por isso um método seguro, relaxante e sem efeitos secundários que pode ser usado por todos e em qualquer idade, exceto em pessoas com pacemaker ou epilepsia. A terapia convencional, pelo contrário, é invasiva e faz recurso a fármacos, criando dependências e diversos efeitos secundários.
Nuno Pereira da Costa
“Estes caminhos abrem novas possibilidades para o tratamento”
O biofeedback incorpora alguns dos melhores elementos de eletromedicina, medicina vibracional e medicina energética. A medicina eletro ou o uso de modalidades energéticas para tratar doenças físicas é considerada uma das ciências documentadas mais antigas e conhecidas. Ainda que as aplicações mais subtis e mais profundas do conceito de corpo elétrico tenham sido descobertas apenas recentemente, foram diversos os pensadores e cientistas que contribuíram para esta base de conhecimento. Atualmente, milhares de investigadores e médicos, em todo o mundo, investigam medicina eletro e biofeedback como alternativas eficazes aos métodos tradicionais de tratamento. “Estes caminhos abrem novas possibilidades para o tratamento de condições tais como a lesão medular, a restauração muscular, a regeneração nervosa, a estimulação cere-
bral, os distúrbios de bexiga, as doenças cardíacas, os tumores e outras doenças crónicas”, explica Nuno Pereira da Costa. Talvez a quântica esteja atualmente a passar por uma fase de moda porque não é só na área terapêutica que se tem assistido a grandes avanços nos últimos anos. Também o Prémio Nobel da Física 2012 foi atribuído a dois físicos quânticos, Serge Haroche e David Wineland. Para Nuno Pereira da Costa, “este é um passo importante no mundo quântico, que explora novos horizontes e confirma a importância da física quântica no presente, abrindo caminho para o desenvolvimento de novas tecnologias e para o reconhecimento da terapia quântica”. Como Tal, Nuno Pereira da Costa acredita que a curto prazo poderá perspetivar-se um maior conhecimento da própria terapia e das suas mais-valias relativamente às terapias convencionais, levando um maior número de pessoas a interessarem-se pela mesma e a procurarem os seus benefícios. Consequentemente, levará também a um maior desenvolvimento científico e a uma maior articulação com as medicinas convencionais, algo que já se vem verificando como resultado “da atual postura social e cultural que se relaciona com a procura da essência e do bem estar humano”, afirma.
“São áreas em pleno desenvolvimento”
É importante referir que as teorias tecnológicas que nos trouxeram o biofeedback nos anos 60 foram as mesmas que trouxeram outros dispositivos para os nossos sistemas de saúde. Este utiliza assim uma tecnologia semelhante à ressonância magnética, ecografia, eletroencefalograma e eletrocardiograma.
“Importantes estudos reconhecem o biofeedback como uma tecnologia eficiente para a gestão e controlo da dor e já é utilizado internacionalmente em clínicas privadas e hospitais, de que são exemplo a Mayo Clinic e o St. John’s Hospital nos Estados Unidos. A Terapia Quântica, isoladamente ou em combinação com outras terapias, é eficaz para o tratamento de uma variedade de desordens médicas e psicológicas. Quem o diz é mais uma vez Nuno Pereira da Costa, alguém para quem o interesse na área surgiu há 3 anos como resultado das suas experiências pessoais. “O balanço é positivo, o percurso feito até aqui tem sido progressivo e estruturado”, refere. Para os próximos tempos, promete manter os seus princípios de dedicação e fidelidade às necessidades do cliente, esperando reforçar a consolidação da ModusQuantum. Mais do que isso, espera estabelecer novas parcerias com diferentes entidades que permitam uma maior abrangência de ação e assistir a uma maior articulação entre a medicina convencional e as medicinas alternativas. Para os mais céticos, deixa uma mensagem: “as terapias alternativas, nas quais a quântica se insere, são áreas em pleno desenvolvimento devido a uma procura crescente. Podem funcionar por si só ou como um complemento à medicina convencional. Para um cliente cético há necessidade de deixar que o mesmo, sem compromisso, experimente a terapia e possa, por si próprio, ter a oportunidade de se libertar através de sensações, dos medos, das angústias, entre outras, deixando que o cliente se envolva com a informação que a terapia fornece, criando necessidade de um conhecimento mais profundo sobre a mesma e os seus benefícios”.
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MEDICINAS NATURAIS
Escola de Medicinas Alternativas e Complementares (EMAC) em destaque
“Formar não é dar peixe mas ensinar a pescar” Criada em 2008, na Escola de Medicinas Alternativas e Complementares este sempre foi um dos grandes princípios que nortearam o trabalho de toda a equipa de profissionais. Formar não é uma tarefa fácil. Em pouco tempo, a escola tem conseguido subverter a forma como se trabalha com medicina natural em Portugal. Com a qualidade de professores e terapeutas que chegam de todo o Mundo, o objetivo será sempre formar pessoas qualificadas que respondam aos desafios de um setor que tem reforçado a sua imagem aos olhos dos cidadãos e dos próprios profissionais de saúde.
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partir do momento em que qualquer interessado entra no 4º andar, do número 351 da Rua Alexandre Herculano, no Porto, pode esperar uma receção digna de profissionais com experiência comprovada no mercado. A Revista Pontos de Vista esteve com André Dourado, Diretor Pedagógico da Escola de Medicinas Alternativas e Complementares (EMAC), para quem, mais do que uma relação de professor e aluno, o objetivo primordial é fazer com que o formando encontre ali um grupo de amigos. Na EMAC, um aluno “pode esperar que terá a melhor formação na área que escolher e terá uma equipa que está disposta a ajudá-lo do início ao fim”, garantiu o responsável. O lema da escola parte exatamente deste princípio:
“formar não é dar peixe mas ensinar a pescar”. Mais do que passar um diploma, importa ensinar a pensar. “Queremos reestruturar a forma de ver a doença, ajudar a ver o problema sob outro ponto de vista para que depois, perante casos diferentes, o profissional saiba pensar por si mesmo, sem ter que recorrer a protocolos já estabelecidos”, explicou. Protocolos estes que se definem pelo seu caráter fixo e não dinâmico, ao contrário do que está na essência de um ser humano. “A nossa linha de orientação é ensinar a pensar, a usar o raciocínio que adquirem cá para depois conseguirem resolver os quebra cabeças da vida diária”, acrescentou. Tentando ser pioneira nas matérias a lecionar, a EMAC responde aos interesses demonstrados por aqueles que procuram a escola. Atualmente, a formação é dada em torno dos seguintes cursos
principais: Naturopatia, Osteopatia estrutural, sacro-craniana e visceral e Acupunctura. Além disso, a escola tem cursos de Aromaterapia, Tratamento de lesões músculo-esqueléticas e PsicoNeuroImunologia. São ainda dadas formações noutras áreas, como dieta em obesidade, dieta em doenças neurológicas, em pediatria, havendo ações formativas de apenas um dia só para profissionais e outras abertas ao público. No próximo ano estão previstas formações inéditas em Portugal com a vinda de especialistas consagrados de outros países.
Maior credibilização
Ainda existe muito desconhecimento do público em geral e dos próprios profissionais de saúde, o que, inevitavelmente, gera desconfiança. Além disso, o facto de existirem muitos terapeutas sem o mínimo de preparação e ética leva a Organização Mundial de Saúde (OMS) a manter uma posição de orientação e cautela. A EMAC tem, por isso, trabalhado para contribuir para uma maior credibilização social e científica das medicinas alternativas e complementares, através, por exemplo, da organização de congressos que trazem a Portugal especialistas de todo o Mundo que mostram os resultados do trabalho que desenvolvem. A par disso, a EMAC começou também a colaborar com a MAMA HELP no sentido de ajudar a melhorar o estado físico e emocional do doente com cancro da mama e aumentar a taxa de sucesso no combate à doença. Assim, pretende-se mostrar que as medicinas alternativas e complementares “não servem apenas para mudar dietas e tratar a obesidade”, explicou André Dourado. Mais do que isso, estas técnicas são fortes aliadas na melhoria de “qualquer problema de saúde”. Por isso mesmo, qualquer momento é oportuno para recorrer a este tipo de medicinas. “Pode ser apenas porque não quer ficar doente no próximo inverno, porque quer ficar com um corpo saudável no verão ou mesmo quando já estamos doentes e com problemas graves de saúde, como gastrointestinais, pulmonares, emocionais, neurológicos, alergias ou problemas de pele”, exemplificou o especialista.
Quadro legislativo
De acordo com a nova lei, todos os futuros profissionais deverão ser licen-
André Dourado
“A nossa linha de orientação é ensinar a pensar, a usar o raciocínio que adquirem cá para depois conseguirem resolver os quebra cabeças da vida diária” ciados na área e as instituições de formação não superior, como é o caso da EMAC, têm no máximo cinco anos para se adaptarem ao regime jurídico das instituições de ensino superior. André Dourado espera que esta lei “seja bem cumprida para que a escola possa fazer o seu caminho, dando formação de nível superior, sozinha ou em parceria com universidades”, afirmou. Apesar da crescente procura da medicina alternativa e complementar em Portugal, a legislação deveria “proteger mais o terapeuta e o paciente”. Uma opção lançada por André Dourado passaria por baixar o IVA sobre os suplementos nutricionais com que são classificadas as plantas, vitaminas e os produtos que são utilizados. Só assim Portugal ganharia terreno e esta área da medicina teria o crescimento desejado por todos. LER NA INTEGRA EM WWW.PONTOSDEVISTA.PT
MEDICINAS NATURAIS
Nuno Assis, Diretor do Instituto de Terapias Naturais (ITN) em destaque
Pontos de Vista Novembro 2013
“A grande vantagem das terapias não convencionais é a sua ação preventiva” O Instituto de Terapias Naturais (ITN) é uma instituição ligada à prática clínica, divulgação e formação na área das terapêuticas não convencionais. Com uma equipa de terapeutas e professores credenciados com formação de nível superior e internacional, o Instituto pauta os seus serviços pela eficácia e elevados padrões de qualidade. Missão que têm na prestação de serviços de saúde mas também enquanto centro de formação nesta área. Quem o garante é o Diretor do Instituto, Nuno Assis, que a Revista Pontos de Vista entrevistou e lhe dá agora a conhecer o conteúdo da conversa.
C
omo último recurso é, de facto, a altura em que muitas (novas) pessoas se dirigem, em regra, aos centros de medicina natural. Após procurarem uma solução para os seus problemas num vasto número de clínicos da medicina convencional e não conseguindo solução para o problema de saúde que as “persegue”, depositam as suas esperanças neste tipo de terapêuticas, denominadas de não convencionais. “O facto de sermos muitas vezes a última “esperança” dos nossos utentes em termos de abordagem terapêutica, aumenta a nossa responsabilidade”, explica Nuno Assis. Para o diretor do ITN, a denominação terapêuticas não convencionais, tal como são reconhecidas pela lei n.45/2003, é redutora logo pela simples razão de incluir um “não”, advérbio que traduz negação. Em vez de terapêuticas não convencionais, o correto seria para Nuno Assis “chamar medicina integrativa porque o objetivo é trabalhar em parceria com os médicos. As duas áreas não têm que funcionar isoladamente, nem podem. Quando percebemos que ultrapassa a nossa abrangência de ação e é necessária outra abordagem (a convencional) somos ética e deontologicamente obrigados a fazer esse encaminhamento. É positivo que o mesmo aconteça do outro lado”. Mas isso acontece? Já há médicos que, conscientes de que a patologia em questão pode ser tratada de uma forma menos invasiva e sem recurso a químicos, fazem o encaminhamento para terapeutas de áreas como a acupunctura ou a osteopatia? Nuno Assis está confiante de que esse cenário é cada vez mais frequente. No entanto, “há ainda alguns médicos que me dizem ‘mas a acupunctura não resolve tudo’. É verdade, mas as outra áreas também não. A ação conjunta (integrada) de ambas as abordagens contribuiria para uma sociedade mais saudável. O que para mim é desumano é quando não há o direcionamento correto por parte das terapêuticas convencionais, para a abordagem natural por puro desconhecimento.” Ao contrário daquilo que muitas pessoas pensam, Nuno Assis faz questão de esclarecer que nas consultas, para além de se aplicar a terapêutica adequada a cada paciente, também se aconselha medicação quando necessário. No en-
Nuno Assis
tanto, é sempre uma medicação natural e apenas quando se percebe que o organismo do paciente está debilitado a um ponto em que sozinho já não é capaz de responder a um estímulo. “Grande parte dos problemas que apresentamos, tais como dores de cabeça, tonturas, mais stress, depressões, ansiedade ou mesmo processos inflamatórios são resultado do estilo de vida extremamente stressante que temos e deste recurso (fácil e rápido) à medicação química, que fica no nosso organismo como algo de tóxico. Para além disso, o nosso organismo é muito inteligente e produz aquilo de que necessita (o seu próprio anti-inflamatório ou o seu analgésico,…). O problema é que se em vez de estimularmos a produção destas mesmas substâncias quando delas necessitamos por via natural, o fazemos por via química, não por estimulação, mas sim por substituição, o nosso organismo deixa de as produzir, criando uma necessidade cada vez maior de que lhe seja dado medicação. É o efeito bola de neve!” explica.
“Uma pessoa cética que crítica sem experimentar revela ignorância”
Aquilo que Nuno Assis defende como primordial é a prevenção. Acontece que essa prevenção levanta outras questões porque exige “tempo, dinheiro e vontade das instâncias superiores de que tal aconteça. Por um lado, a nossa sociedade não está mentalizada para a necessidade de cuidarem de si mesmos, da sua vertente física, orgânica, mental ou espiritual. Só quando temos essa necessidade, geralmente porque sentimos desconforto ou dor, é que nos lembramos e a abordagem convencional tem muita a ver com a cultura do interventi-
vo. A grande vantagem das terapias não convencionais é a sua ação preventiva. O problema surge quando a prevenção é vista pela medicina convencional como forma de conflito com a ação interventiva da medicina convencional e com as farmacêuticas”, lamenta. É importante que as pessoas estejam informadas e que existam apoios e incentivos económicos para que os utentes recorram às abordagens naturais. Confiante de que o futuro para esta área se avizinha favorável, em grande parte como resultado da formação de qualidade crescente que começa naturalmente a dar relevância aos bons profissionais, Nuno Assis deixa uma mensagem aos mais descrentes: “experimentem! Uma pessoa cética que crítica sem experimentar, e falo nas críticas negativas e
não construtivas, revela ignorância. A regulamentação que existe atualmente ainda não é a suficiente e sabemos que em qualquer legislação há “arestas a limar”, mas estamos num tempo de transição que eu espero que seja para melhor, para que tenhamos terapeutas realmente bons, para que haja menos profissionais com uma formação débil e para que se mostre que a prática clínica natural tem tanta qualidade como a convencional”. É essa aposta na abordagem clínica de qualidade e na formação dos melhores profissionais possíveis que é feita no ITN. Qualidade ao invés da quantidade, é o que se pretende para os utentes, sendo estas as pedras basilares para o Instituto. LER NA INTEGRA EM WWW.PONTOSDEVISTA.PT
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MEDICINAS NATURAIS
Sílvia Rosa e André Dourado, Terapeutas na Expressão Saúde – Centro de Terapia Integrado
“Os problemas de saúde surgem quando há desequilíbrios de energia” A convicção de que a combinação das práticas da medicina convencional e complementar dará lugar a um novo modelo de medicina que irá prevalecer no século XXI está no DNA da Expressão Saúde. “Não há várias medicinas, existe apenas uma que procura a saúde do paciente e, por isso, tem que haver complementaridade e ser escutada a opinião dos diferentes profissionais de saúde, sejam estes da medicina natural ou convencional. Neste contexto, poderem trabalhar ambos no mesmo espaço é claramente positivo”, explica Sílvia Rosa, Diretora do Centro e Responsável pela área de acupunctura.
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objetivo principal da Expressão Saúde é maximizar a qualidade dos cuidados de saúde oferecidos aos pacientes através do desenvolvimento de estratégias terapêuticas que permitam cuidar destes nas suas diferentes dimensões, ou seja, a nível físico, emocional e mental. É esta visão global das pessoas e das suas patologias que está na base das medicinas naturais, como explica o naturopata do centro, André Dourado, “há muitas maneiras de ver a arte de curar, na naturopatia olhamos para as doenças de um ponto de vista mais global. No fundo, o importante é que se perceba qual a causa do problema para que ele não volte a surgir com esse ou outro nome porque as doenças têm uma dinâmica, e muitas ve-
dicinais, a par de outros métodos que vão depender do terapeuta em questão, já que esta é uma área muito vasta em que intervêm diferentes profissionais.
convencional, a tendência é que essa procura venha a tornar-se também mais espontânea e a surgir crescentemente como uma primeira opção.
“As questões emocionais estão no topo da procura – o stress, a ansiedade, as depressões – e, no caso da acupunctura, que é a minha área, é enquanto a patologia está ainda na fase energética que melhor somos capazes de aplicar o nosso trabalho e de obter resultados mais rápidos”. E se a ansiedade e o stress, há alguns anos atrás, estavam associados essencialmente aos adultos, resultado das preocupações do dia a dia, neste momento estas são patologias comuns também nos mais jovens. “Há mais adolescentes a sofrer ataques de ansiedade e os casais jovens tendem a ver estas áreas de forma mais aberta e a procurar aqui as respostas. Por exemplo, também para tratar as alergias dos filhos, há um número crescente de pais a procurar os naturopatas, ao invés dos pediatras e dos tratamentos tradicionais. Tanto a naturopatia como a acupunctura podem ser terapias realizadas em crianças de tenra idade”, explica Sílvia Rosa. Para a diretora do centro, ter saúde é “estar equilibrado energeticamente, os problemas de saúde surgem quando há desequilíbrios de energia por excesso ou por vazio”. São esses desequilíbrios que se tentam combater na Expressão Saúde. Uma vez que, a maior parte das patologias que levam os pacientes a recorrer à clínica estão relacionadas com os seus ritmos de vida, que não tendem a abrandar, a convicção de Sílvia Rosa é que a procura da Expressão Saúde venha também a crescer nos próximos anos, tal como tem vindo a acontecer desde que abriu portas. E se até agora muitas das pessoas que recorrem ao centro o fazem porque não encontram uma resposta para os seus problemas na medicina
No entanto, a limitar esta mudança de paradigma existem vários fatores que, na opinião destes dois especialistas, constituem desafios que se colocam à medicina natural. Entre eles está a falta de capacidade financeira de grande parte da população para suportar os custos das consultas. Por outro lado, subsiste o problema deste tipo de medicina não estar ainda integrada no Sistema Nacional de Saúde, como já vem acontecendo noutros países, o que lhe acrescentaria divulgação e acessibilidade. “Muitas vezes as pessoas querem fazer estas terapias mas não têm capacidade financeira que o permita e, ainda que muitas seguradoras tenham já estas áreas incluídas na cobertura das apólices, infelizmente nem toda a população tem acesso aos seguros de saúde”. Quem o lamenta é Sílvia Rosa que apela a que “as pessoas sejam curiosas e procurem informar-se, procurem conhecer estas formas de dar uma resposta aos seus problemas de saúde, em que cada pessoa é tratada como um ser único. Aqui devemos ter o tempo e o cuidado de olhar para tudo: os olhos, o cabelo, a pele, a alma…”. Outro dos tratamentos inovadores que podemos encontrar na Expressão Saúde é a Terapia Quântica que assenta nos princípios da Física Quântica, os quais comprovam que tudo no universo vibra a uma frequência única e individual, inclusive o ser humano. Tem a vantagem de utilizar uma ferramenta de diagnóstico e tratamento indolor e não ter efeitos secundários, sendo também bastante útil quando aplicada às crianças pela dificuldade que estas têm em expressar o que sentem.
“Há mais adolescentes a sofrer ataques de ansiedade”
Sílvia Rosa e André Dourado zes as pessoas têm um problema na pele, que depois passa para um problema nos pulmões, e de seguida para um problema noutro órgão. Parecem problemas isolados e separados mas não o são”. O que são então? No fundo expressões da mesma dinâmica e é essa dinâmica que a naturopatia tenta encontrar para tratar depois com recurso a dieta e plantas me-
“Cada pessoa é tratada como um ser único”
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Workshop de Naturopatia com o Dr. André Dourado - 21 de Novembro às 18h30 nas instalações da clínica Tema: Prevenção e tratamento de gripes e doenças de inverno. Dicas, regras alimentares, receitas e suplementos para afastar as doenças de inverno. Venha expor as suas dúvidas e aprender com um especialista em Saúde Natural sobre prevenção e tratamento. Inscrições: Expressão Saúde - T. 217550179 ou e-mail: saudeexpressao@gmail.com Valor: 25,00 €
MEDICINAS NATURAIS
Filipa Pinto Cardoso, um nome incontornável da Terapia Quântica em Portugal, garante
Pontos de Vista Novembro 2013
“Tentamos devolver à pessoa o seu estado natural que é a saúde” Falar em terapia quântica obriga necessariamente a que se fale no INDIGO Quantum Biofeedback, o sistema revolucionário que lhe permite ser o seu próprio gestor a nível físico, mental, emocional e energético e, desta forma, aumentar o nível de consciência e autoconsciência. Por sua vez, falar em INDIGO em Portugal leva a que se fale também em Filipa Pinto Cardoso. É esta terapeuta e formadora na área da terapia quântica que representa o sistema INDIGO a nível nacional. A paixão por esta área nota-se em cada gesto, em cada palavra quando fala sobre o assunto. À Revista Pontos de Vista explicou como funciona esta tecnologia e deu a conhecer o seu percurso pouco vulgar a nível profissional, mas recheado de sucessos, dos quais é exemplo o seu próprio centro terapêutico, a QuantumWay, que é uma referência incontornável nesta área.
O
início do percurso profissional de Filipa Pinto Cardoso em nada fazia prever que esta se tornaria uma das principais terapeutas nacionais na área da terapia quântica. Licenciada em Gestão de Empresas exerceu durante quase duas décadas, de 1983 a 2005, a sua atividade profissional dentro desta área, tendo sido Diretora de Marketing em empresas como a Castrol, o Correio da Manhã, o Record, o Diário de Notícias, a TSF e a PT. Alguns problemas que enfrentou a nível pessoal fizeram-na experimentar o INDIGO e a recuperação do estado débil em que se encontrava foi espantosa e de uma rapidez que caracteriza como “desumana no bom sentido”. Para Filipa Pinto Cardoso, “o universo conspirou a favor da minha mudança” e, como tal, na altura a exercer o cargo de diretora de marketing da PT, agarrou uma oportunidade para sair desta área e dedicar-se áquilo que realmente a satisfaz: ajudar e ensinar. “Eu já me andava a interessar por coisas que estavam além do dia a dia, do cumprir prazos, da carreira profissional”, refere, Acabada de sair da PT, o objetivo de Filipa Pinto Cardoso era investir em formação na área da terapia quântica, que lhe permitisse trabalhar com o INDIGO de forma mais profissionalizada. A formação em Portugal era, no entanto, parca ou até mesmo inexistente por isso foi em Budapeste que fez os cursos que lhe abriram várias portas posteriormente. Assim, tornou-se terapeuta de Quantum Biofeedback certificada pela “The Quantum Alliance”; representante oficial dos sistemas INDIGO e Eternale Quantum Biofeedback no nosso país; coordena-
dora nacional da “The Quantum Alliance” e ainda a única instrutora oficial de língua portuguesa da “The Quantum Academies”, o que a tem obrigado a ir frequentemente ao Brasil dar formação. Participa ainda como oradora convidada em congressos internacionais. “É algo que descobri que adoro fazer, adoro ensinar”, afirma.
O INDIGO
E esse ensinamento, essa partilha de sabedoria, não se resume à área de formação. Também enquanto terapeuta Filipa Pinto Cardoso defende que é importante fazer uma espécie de coaching com os clientes porque “o que as pessoas muitas vezes precisam é de serem guiadas, de se reconhecerem e reconetarem a elas próprias”. Quando lhe é colocada a questão, mas afinal o que é e como funciona o INDIGO?, Filipa Pinto Cardoso começa por dizer que o equipamento é como se fosse o seu sócio porque é a partir da informação que este dá que vai ser desenvolvido tudo o resto em termos terapêuticos. Esta é uma tecnologia que analisa e harmoniza energeticamente os fatores de stress que causam as doenças ou os desequilíbrios do corpo, reduzindo-os e devolvendo a saúde à pessoa. “Enquanto os médicos tratam, nós tentamos devolver à pessoa o seu estado natural que é a saúde. No fundo, eles lidam com a doença e nós com a saúde. São duas coisas diferentes, apesar de muitas pessoas no meio se confundirem e achar que são uma espécie de curandeiros quando não o são. Nenhuma emoção é boa ou má, mas quando existe em excesso é sempre prejudicial. O INDIGO treina e relembra as pessoas para que estas reaprendam a voltar ao seu estado natural”, explica.
Sendo o excesso de stress o caminho para a doença, conseguir manter esse equilíbrio interno e voltar a esse estado natural é também o caminho para evitar a doença. Através da terapia quântica é feito aquilo que pode ser chamado de “check-up do corpo energético”, ou seja, através de um método não invasivo, muito confortável e relaxante, sem quaisquer efeitos colaterais, o INDIGO dá informações tais como: parâmetros elétricos do corpo em termos de biofísica, bloqueios, intolerâncias, sensibilidades, entre muitas outras coisas. Ainda assim, obviamente não substitui os exames microbiológicos, dá, no entanto, informações energéticas que também não são detetáveis a níveis bioquímicos. Com a terapia quântica, pode assim descobrir as causas dos bloqueios do metabolismo e harmonizá-los, utilizando as frequências energéticas dos fatores que o restabelecem e lhe devolvem a saúde, o que contribui para o reforço do corpo físico, mental, emocional, bem-estar espiritual e consequentemente uma melhor qualidade de vida. O software conta com mais de 800 programas, entre os quais, estimulação do sistema imunitário, equilíbrio do sistema hormonal, linfático, estabilização do ritmo cardíaco, detox, redução de dor, anti envelhecimento, equilíbrio da função digestiva, estimulação da memória, estabilização emocional, deficit de atenção, concentração ou regulação do metabolismo. “É um equipamento de elevadíssima tecnologia, não invasivo e sem efeitos secundários que nos dá uma série de informações pertinentes sobre como a pessoa está no momento e é importante este ‘no momento’ para que se possa trabalhar no agora. Ao detetarmos os desequilíbrios, carências e bloqueios
Filipa Pinto Cardoso
das pessoas damos uma resposta totalmente desenhada para a pessoa naquele particular momento da sua vida. Detetamos as componentes neuro emocionais ligadas a determinado estado, vemos quais são os fatores de stress associados a determinados sintomas físicos e, dessa forma, o equipamento dá-nos informação muito importante para que possamos atuar ‘cirurgicamente’ em determinadas áreas, sempre de uma forma holística, em termos mentais, emocionais, físicos e energéticos”, explica. Para Filipa Pinto Cardoso, avizinham-se tempos de “grandes desafios, descobertas e evolução, com crises de fé e de desespero mas é também nesses momentos desafiadores que somos empurrados contra a parede e obrigados a tomar uma atitude. O que eu espero que aconteça na minha área profissional é apenas um espelho do que está à minha volta e neste mundo de espelhos vai haver cada vez mais pessoas a precisar de ajuda. Infelizmente as pessoas que mais precisam de ser ajudadas e guiadas são também, geralmente, as que têm menos recursos, ou financeiros ou de força, porque estão desmotivadas”, lamenta.
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MEDICINAS NATURAIS
Hélio Pereira, Cirurgião Ortopédico e Presidente da Sociedade Portuguesa de Homeopatia
Uma terapêutica com mais de 200 anos de experiência Criada por Samuel Hahnemann há mais de dois séculos, a Homeopatia é uma terapia complementar e, em alguns casos, alternativa, que tem conquistado muitos adeptos. No Brasil é considerada uma especialidade médica desde 1980. Na Europa, Reino Unido, França e Alemanha integraram a homeopatia nos seus sistemas de saúde pública. Em Portugal, apesar das farmácias venderem medicamentos homeopáticos com autorização do Infarmed, o caminho ainda está a ser construído e há muito a fazer. Conversamos com Hélio Pereira, um Cirurgião Ortopédico que há 30 anos descobriu as potencialidades desta área da medicina não convencional.
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mporta, em primeiro lugar, perceber o que se entende por homeopatia. A resposta chegou por Hélio Pereira, um profissional que concilia funções enquanto Coordenador do Curso Básico de Homeopatia – Programa Europeu e cirurgião ortopédico. “Trata-se de um sistema terapêutico em que se utilizam substâncias de três principais ramos da natureza: vegetal, mineral e animal. Estas substâncias são tratadas farmacologicamente para que sejam usadas em doses muito reduzidas, permitindo que o efeito tóxico desapareça. Nesse processo procura-se potenciar o efeito terapêutico, através de um sistema de diluições progressivas e de dinamizações entre cada diluição”, explicou. São estes passos que, no geral, caraterizam o sistema farmacológico homeopata, uma terapêutica que se tem revelado eficaz, sem efeitos secundários e que pode ser usada em populações mais suscetíveis, nomeadamente grávidas, crianças, idosos, diabéticos ou insuficientes renais. A experiência de Hélio Pereira de mais de 30 anos leva-o a afirmar com convicção: “este é um contributo que se pode dar 1º Seminário – Entrada Livre mediante envio do Boletim-Resposta para o Secretariado Locais e datas: 22 de Novembro: Coimbra – Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra 23 de Novembro: Porto – Hotel Ibis Porto Gaia 30 de Novembro: Lisboa – Hotel Olissippo Marquês de Sá
de forma complementar e, muitas vezes, alternativa à medicina convencional”. A homeopatia tem mostrado que é possível ser usada de uma forma bastante ampla e em diversas patologias, nomeadamente as chamadas patologias funcionais, ou seja, problemas onde não existe uma lesão orgânica mas há um mau funcionamento de determinado órgão ou sistema. São elas: “alergias, patologias digestivas, como gastrites, problemas ligados à vesícula, asma, infeções respiratórias de repetição (ocorre muito nas crianças), problemas cutâneos ou patologias do foro psíquico que se traduzem por uma dificuldade de adaptação a certas alterações ou meios”, esclareceu Hélio Pereira. Aqui procura-se estimular a capacidade do organismo para se auto equilibrar. Também na menopausa, a homeopatia poderá ajudar a suavizar os sintomas e a tornar esta fase de mudança menos difícil. Para o cirurgião ortopédico, conciliar estes dois ramos da medicina nem sempre é fácil. A homeopatia ainda não foi integrada no ambiente hospitalar, uma questão que, para Hélio Pereira, poderia ser repensada. “Poderia ser aberta uma área experimental de investigação clínica nestas áreas dentro dos hospitais. Mas é um processo que demora algum tempo. Isto já aconteceu com a acupunctura que já é considerada uma área de competência por parte da Ordem dos Médicos. Mas em Portugal os processos demoram mais tempo a avançar”, defendeu Hélio Pereira. Mesmo assim, a homeopatia já é reconhecida como uma terapêutica e existe mesmo legislação específica direcionada para os medicamentos homeopáticos. Hélio Pereira espera que a evolução continue no sentido de ser atribuída uma licenciatura nesta área. Tal como acontece em todas as áreas, para que as técnicas fiquem devidamen-
“Trata-se de um sistema terapêutico em que se utilizam substâncias de três principais ramos da natureza: vegetal, mineral e animal”
Hélio Pereira te estabelecidas é necessário apostar com veemência na divulgação. Em Portugal, não havia tradição de homeopatia mas esse cenário começou a mudar há cerca de 30 anos. “Tem havido um reconhecimento progressivo e estou convencido de que a homeopatia fará parte das possibilidades que serão oferecidas aos pacientes no Sistema Nacional de Saúde”, afirmou o especialista.
Curso Básico de Homeopatia
Elaborado de acordo com o Programa de Ensino de Homeopatia dos Países da União Europeia, o Curso Básico de Homeopatia, cujo coordenador é Hélio Pereira, vai já na sua 27ª edição. Inicialmente o curso era realizado com o apoio de uma escola francesa que lançou as bases do mesmo. Mas, ao longo dos anos, e apesar de receber um forte contributo de conferencistas estrangeiros, o curso centra-se numa equipa de profissionais portugueses. O interesse por esta área tem, de facto, aumentado a olhos vistos e a presença nestes seminários é a prova disso. “Temos uma elevada procura, sobretudo por parte de profissionais de saúde, medicina, farmácia, medicina dentária, medicina veterinária e mesmo terapêuticas não conven-
cionais, como acupunctura, osteopatia ou naturopatia, que nos procuram para conhecer as possibilidades de usar a homeopatia de uma forma integrada com as suas terapias”, explicou Hélio Pereira. Esta terapêutica tem sido cada vez mais utilizada, existindo estudos que se centram nos benefícios não só para a saúde como a nível financeiro. “Os doentes tratados faltam menos tempo ao trabalho e têm uma recuperação muito mais rápida, mesmo em situações mais agudas. Isso faz com que em muitos países as empresas seguradoras comparticipem as despesas porque os doentes regressam mais rapidamente à sua atividade profissional”, assegurou. Por todas as mais valias, Hélio Pereira terminou a conversa deixando um repto: “são bem recebidas todas as pessoas que quiserem conhecer a homepatia”. Inscrições Secretariado do Curso de Homeopatia, Programa Europeu: Academia Internacional de Homeopatia Integrativa Rua Andrade Corvo, n.º 11, 1.º A Tel. 213153626 – 213153355 Fax 21.315 21 64 Email: celticum@mail.telepac.pt www.cursodehomeopatia.com (Programa Europeu)
MEDICINAS NATURAIS
Pontos de Vista Novembro 2013
André Dourado, Naturopata e Diretor da EMAC afirma
“Trabalho com a cabeça e com o coração” Licenciou-se em biologia, chegando mesmo a fazer trabalho de investigação mas cedo percebeu que não era esse o seu caminho. André Dourado define-se como “uma criança com uma curiosidade insaciável” e este mundo das medicinas alternativas e complementares foi suficientemente forte para que tenha decidido mudar de rumo. É hoje um naturopata de renome, tarefa que é complementada com funções de formador e de membro do conselho científico do Mama Help.
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ão envelheça, não importa o tempo que viva. Nunca deixe de ser como uma criança curiosa perante o grande mistério da vida”. Já no seu tempo, Albert Einstein olhava para o mistério como a “mais bela experiência que podemos ter”. André Dourado, desde que iniciou um novo percurso no domínio das terapias alternativas, adota esta visão, assumindo-se como uma “criança curiosa insaciável”, que procura respostas e que vai constantemente lançando novas perguntas. Por isso, a opção de abandonar uma futura carreira como biólogo foi também fruto dessa curiosidade que o carateriza enquanto ser humano e profissional, duas funções que não podem estar separadas. “Quando há essa separação, somos bipolares. Convém saber onde começa e acaba o trabalho mas nunca deixo de ser quem sou”, defendeu. E quem é André Dourado? É especialista em Naturopatia, Osteopatia Craneosacral, Psico-neuro-imunologia e Microkinesioterapia, professor em Portugal, Espanha e Brasil e Membro do Conselho Científico do Mama Help (Centro de Apoio a doentes com cancro da mama). No fundo, é um profissional que “trabalha com a cabeça e com o coração” e que viveu um crescimento exponencial. “Não consigo parar, é demasiado viciante”, partilhou em conversa com a Revista Pontos de Vista. Depois de ter abandonado a carreira de biologia, André Dourado ainda se sentiu tentado a enveredar por um caminho ligado ao mundo artístico. Mas foram as terapias alternativas que venceram esta “batalha” e, depois de ter entrado num mestrado em Espanha, a curiosidade nunca mais acabou. Enquanto professor, essa é de igual modo uma das principais mensagens que procura transmitir aos seus alunos. André Dourado ensina a desvendar os mistérios de um vasto mundo ainda por descobrir e, muitas vezes, o papel
André Dourado também se inverte. “Temos que estar sempre a aprender e a ensinar ao mesmo tempo. Mesmo quando estou a desempenhar as minhas funções enquanto professor, sinto que tenho de ser um aluno ao mesmo tempo. Se dou formação e não aprendo nada com os meus alunos isso significa que fiz um mau serviço. Aprendo sempre muito com eles que, em muitos momentos, me ajudam a colocar peças do puzzle que ainda estavam por preencher”, afirmou. Este papel de um profissional que se mostra polivalente é desempenhado em quatro principais pólos, nomeadamente: no Mestrado de Medicina Natural da Faculdade de Medicina de Santiago de Compostela, na Pós-graduação em Terapias Naturais e Complementares da CESPU, no Curso de Internacional de Naturopatia do Instituto Salgado de Saúde Integral (Brasil) e na EMAC (Escola de Medicinas Alternativas e Complementares).
o nosso conhecimento é muito pequeno. É essa constatação da imensidão do conhecimento e a necessidade de saber o que é a vida e o ser humano que me fascina”, realçou o responsável. No fundo, para o especialista, todo o trabalho “acaba por ser uma busca” por si próprio. Ao longo dessa constante e insaciável procura, André Dourado tenta dar sempre o seu melhor em prol do bem estar de quem o procura. No final, a sua felicidade e o sentimento de “dever cumprido” surgem quando as pessoas conseguem ultrapassar as barreiras que as impediam de evoluir e de “atingirem o seu equilíbrio”. André Dourado não esconde ainda a sua paixão por Naturopatia e por qualquer atividade que envolva o domínio das energias. “Sou fascinado pelo campo da física quântica. Todos sabemos que a energia existe mas, de facto, não conhecemo-la bem”, adiantou.
Para André Dourado, trabalhar nesta área é “como estar numa procura de algo misterioso que não sabemos o que é mas que é belo e imenso”. Quanto mais se sabe, mais há por descobrir. “Quando pensamos que já sabemos tudo, de repente, abre-se uma porta e vemos que
Confessa que já o começou a escrever durante o período em que estava a tirar o mestrado mas a falta de tempo não foi aliada neste sonho que é publicar um livro da sua autoria. Esta necessidade de transpor o seu conhecimento para o papel surgiu da perceção de que não
Fascinado pelo mistério
Publicação de livro está para breve
existia no mercado uma publicação sobre plantas medicinais que fosse inteiramente correta e exigente, sob o seu ponto de vista. Além disso, este sonho surge também de uma caraterística que lhe está no sangue: ensinar. “Quero transmitir aquilo que sei até porque o conhecimento se não for partilhado não tem interesse nenhum”, assumiu. Mais do que escrever livros, André Dourado pretende fazer chegar o seu conhecimento ao público geral de uma forma ainda mais direta, através, por exemplo, de intervenções a nível televisivo sobre dieta saudável. Continuar aliado ao Mama Help, no projeto “Culinária Curativa”, faz parte dos planos, ao mesmo tempo que continua a ser professor e terapeuta. Nesta busca insaciável por respostas, André Dourado continuará a ser incansável noutra vertente, a de credibilizar as terapias alternativas em Portugal. Curriculum Vitae de André Dourado • Naturopata, Diretor da Escola de Medicinas Alternativas e Complementares e Membro do Conselho Científico do Mama Help (Centro de Apoio a pacientes com cancro da mama); • Professor no Mestrado de Medicina Natural da Faculdade de Medicina de Santiago de Compostela, da Pós-graduação em Terapias Naturais e Complementares da CESPU, do Curso Internacional de Naturopatia do Instituto Salgado de Saúde Integral (Brasil) e na EMAC (Escola de Medicinas Alternativas e Complementares); • Tem especialização em Naturopatia (Espanha), Osteopatia (Portugal), Psico-neuro-imunologia (Espanha), Micro-imunoterapia (França) e Microkinesioterapia (Brasil/França).
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MEDICINAS NATURAIS
Ana Rita Bandeira de Melo, Diretora do Espaço NewLife
Relaxamento e bem-estar no Espaço NewLife O Espaço NewLife é antes de mais um local de relaxamento e bem-estar. Nele dispõe de um leque de atividades que visam o encontro com o que de melhor existe em nós, resultando desse encontro a confiança e segurança que são a base para o bem-estar e paz interior que todos queremos alcançar. No Espaço NewLife pode encontrar, desta forma, um conjunto de terapias que facilitam e atuam no desenvolvimento e transformação pessoal e no tratamento e manutenção da saúde e do bem-estar das pessoas, tais como a cura prânica, a astrologia, o tarot, a terapia quântica, a numerologia e mais, recentemente, também a homeopatia. A nível tecnológico, o Espaço NewLife está equipado com os mais modernos equipamentos de terapia quântica.
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Ana Rita Bandeira de Melo
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na Rita Bandeira de Melo, Diretora do Espaço NewLife, resume a sua filosofia a um esquema. “Há um triângulo que inclui o ser, o fazer e o ter. A sociedade hoje em diz faz muito para ter mas, infelizmente, esquece-se do ser. Quando invertemos isso, percebemos aquilo que somos e aquilo que temos que fazer para ter prazer. No fundo, conseguimos alcançar os diferentes cantos do triângulo. Como diz Júlio Machado Vaz, as pessoas estão doentes da alma e essa é a tal questão do ser”. Nesse sentido, no Espaço NewLife há a convicção de que o desenvolvimento pessoal é de extrema importância para que se encontre o bem-estar e, por isso, Ana Rita Bandeira de Melo desenvolve três vezes no ano o workshop conhecido como “HealYourLife” direcionado a todo os que procuram uma saída diferente para a forma como se olham e encaram o mundo que os rodeia. O “HealYourLife” desenvolve-se ao longo de 12 sessões, ao ritmo de uma sessão semanal de duas
horas e meia, sempre em horário pós-laboral. Cada uma dessas sessões tem um tema base que é desenvolvido e aprofundado, tai como o medo, a culpa, a crítica, a mudança, o trabalho ou o perdão.Um workshop que nos ensina a conhecermo-nos e a gostarmos daquilo que somos. Foi esse conhecimento de quem é que fez com que Ana Rita Bandeira de Melo, após vinte anos a trabalhar como contabilista,decidisse dedicar-se a esta área. “Poder ajudar os outros é muito bom, é uma paixão”, afirma.
A meditação
Outra forma que Ana Rita Melo encontrou de ajudar o outro foi através da criação de um espaço em que as pessoas possam fazer meditação, neste caso a meditação desenvolvida pelo Mestre Choa Kok Sui. Uma vez que as pessoas têm crescentemente a necessidade de reencontrarem nas suas vidas estabilidade, relaxamento, definição e controlo pessoal para gerir o stress,mas não dispõem de tempo para o fazer, podem desta forma meditar às quartas-feiras no Espaço NewLife. Todas as contribuições monetárias oferecidas pelos participantes reverterão a favor da divulgação da Cura Prânica em Portugal, uma arte milenar que é também desenvolvida neste centro terapêutico. Existem vários níveis de cura prânica: o básico, o avançado, a psicoterapia, a cura prânica com cristais e a autodefesa psíquica. Para a harmonização quer do terapeuta, quer dos pacientes, existem também várias meditações desenvolvidas pela cura prânica, sendo a mais conhecida a Meditação dos Corações Gémeos, capaz de deixar os praticantes num estado de harmonia pleno. Apesar da cura prânica não substituir a medicina ortodoxa
ou alopática, constitui uma excelente terapia complementar, recomendada para pessoas de todas as idades. “Trata-se de uma terapia energética. Nós conseguimos ver o corpo físico das pessoas mas elas têm também um corpo de energia e isso está cientificamente provado pelos cientistas Kirlian. Se nós conseguirmos equilibrar esse corpo de energia, conseguimos equilibrar também o corpo físico, seja ao nível de dores, emocional ou mental”, explica. De facto, em 1939 o cientista russo SemyonKirlian descobriu um método de fotografar em que se consegue visualizar esse corpo energético à volta do objeto, uma espécie de aura. Mas não é só neste caso que a ciência tem vindo a comprovar aquilo que a espiritualidade diz. Ana Rita Bandeira de Melo dá um exemplo: “já há muito tempo que está provado que o pensamento gera no cérebro a produção de endorfinas que podem atacar ou favorecer o sistema imunológico. Se temos pensamentos negativos, as endorfinas vão atacar o sistema imunológico, a pessoa perde qualidade de vida e começa
a desenvolver determinado tipo de doenças. Se está alegre e positiva, as endorfinas funcionam ao contrário e vão favorecer o sistema imunológico”.
As tecnologias Quânticas
A terapia quântica, com o biofeedabck SCIO e a bioressonância com o Biolaser que podemos encontrar no Espaço NewLife, é outro exemplo relevante da aproximação da ciência à espiritualidade. “A medicina quântica é ciência, apenas é outro ramo da ciência. Enquanto a medicina tradicional funciona com base na química, a quântica funciona na base da física. Mais do que isso, um dos aparelhos utilizados, o Biolaser, foi inclusivamente desenvolvido por cientistas russos de modo a dar apoio aos médicos e está a ser vendido em vários países que têm dificuldade em alargar a rede hospitalar a todo o país porque é um excelente método de diagnóstico e é um aparelho muito mais barato e fácil de utilizar do que aqueles que encontramos nos hospitais. É uma máquina totalmente de apoio à medicina tradicional”, conclui.
Astrologia, Tarot e Numerologia Ana Rita Bandeira de Melo explica de forma simples o que é cada uma destas áreas e em que momentos ou para que fins se deve recorrer a cada uma delas: - Astrologia:“vai buscar informação aos astros sobre quem somos e quais os pontos fortes a trabalhar da pessoa, bem como as alturas em que esta se pode movimentar melhor. É importante para ajudar a pessoa a entender-se porque sintetiza padrões ou linhas energéticas que se reflectem ao longo da vida” - Tarot: “funciona para situações mais específicas e coisas mais rápidas, no fundo para nos dar uma orientação naquele momento, numa decisão e a transformação que ocorre na nossa percepção” - Numerologia: “vai buscar ensinamentos ancestrais estudando o lado qualitativo do número, porque cada número tem uma energia. Assim através da análise do nome, ou da data de nascimento, dá várias informações que ajudam ao autoconhecimento”
A OPINIÃO DE...
MEDICINAS NATURAIS
Susana Cor de Rosa - Formadora e Terapeuta de Cura Quântica Unificada Autora do livro “Quem Somos Nós - o código da criação”
www.susanacorderosa.com
t. 929 015 310
susanacorderosa@gmail.com
Cura Quântica Unificada – Medicina Natural sempre acessível Atualmente há cada vez mais pessoas a procurarem novas formas de se sentirem Sãs. Seja a causa um diagnóstico de doença incurável ou porque são avessas aos efeitos secundários dos medicamentos e à abordagem meramente física dos problemas, seja porque querem entender-se melhor enquanto pessoas, concretizarem metas e terem mais significado nas suas vidas, seja porque desejam sentir-se ligadas a algo maior e efetivamente serem felizes. A Cura Quântica Unificada dá respostas a todas estas situações e a tantas outras de uma forma clara, coerente, eficaz e sempre saudável.
A
expressão cura quântica significa o ato ou efeito de curar através dos “quanta” (partículas subatómicas/ energia) e unificada vem da noção de um campo uno de energia, isto é, um campo que é a base de tudo quanto existe ou poderá vir a existir e ao qual damos o nome de campo da consciência unificada. A Cura Quântica Unificada baseia-se em princípios de física quântica a qual estuda os fenómenos e a natureza da realidade ao nível fundamental (subatómico/energético). Do ponto de vista quântico tudo o que se nos apresenta na realidade seja uma estrela, uma erva, uma barata, uma pessoa, uma ideia, um desejo ou uma ação é energia/partículas/ ondas de possibilidades a vibrar num oceano de energia primordial. Cada um e tudo quanto existe é também um campo de energia, faz parte deste campo uno de energia, está a ele ligado, afeta-o e fala com ele a todo o instante. Como uma gigantesca teia cósmica em que todos os fios estão ligados e quando um se move todos se movem, assim é esta nossa relação com a energia universal. A realidade de que tudo é feito é então energia e a energia é suscetível de ser afetada por nós, seres de energia. Para muitas pessoas a realidade parece que não é feita por nós, que estamos separados uns dos outros ou da natureza, que a vida nos acontece, e que o que sentimos, desejamos, falamos ou pensamos não tem efeitos na nossa vida e coletivo. Só que tal não é verdade. A realidade tem a nossa marca, aquilo que pensamos, amamos, temos medo ou fazemos de bom ou menos bom é também realidade/ energia e afeta-nos e ao mundo. E mais pode ser mudada a cada momento, escrevendo no livro da vida doutra maneira. Com efeito, na perspetiva quântica a realidade existe num estado de indeterminação, isto é, não está fixa num lugar ou estado, é apenas probabilidade e necessita também da consciência humana para a tornar atual, manifesta. E é o ser humano que no ato de se focar, de pensar, de sentir ou de agir que define como aquela energia/ onda/partícula se vai comportar, onde e como vai aparecer. Isto quer dizer que participamos do mundo e criamos a realidade também à nossa medida pela forma como nos detemos nela. Por exemplo, a pessoa que se sente impotente para lidar com o pai ou com os filhos está a organizar a sua realidade/energia para experimentar contextos de impotência, realimentando a mesma energia, estando em desequilíbrio que pode criar doença. Enquanto ela não mudar a forma como perceciona o mundo (impotente) vai continuar a ter o mesmo cenário quântico. Caso ela escolha uma nova emoção- potente- para lidar com o pai ou com os filhos e persista nela tem outras possibilidades na vida que lhe vão trazer mais equilíbrio, saúde. As situações que são percecionadas como problemas, insucessos ou doenças resultam sempre de bloqueios de energia. O campo energético humano ficou sobrecarregado, por exemplo por pensamentos caóticos; em tensão por stress, com raiva ou tristeza; e com muita energia ou sem energia para a ação. Isto impede o fluxo de energia, criando desordem/problema/ doença. Doença é um estado de resistência; é isolamento e limitação e falta de comunicação de si com o Todo. A cura é então a decisão de voltar a abrir a comunicação, substituir a informação distorcida, alterar a energia e aceitar que tudo é possível, pois na verdade é essa a natureza da realidade, um campo de infinitas possibilidades. Isto aplica-se à dor de cabeça ou de costas, ao cancro, à depressão ou à questão profissional, de relacionamento ou financeira, pois estamos sempre a lidar com energia, informação e luz que são o substrato de tudo. Por exemplo, numa das minhas consultas uma senhora veio com uma infeção urinária cheia de dores, estando já na terceira semana com antibióticos. Assim que comecei a sentir a informação do seu campo entendi claramente uma desordem na comunicação com as pessoas que amava, irmã e sobrinho e raiva escondida por não lhe darem atenção. Observei a energia e deixei que ela se movesse e depois introduzi nova informa-
ção. No final da sessão já não tinha dores; o corpo curou-se naturalmente. Outra experiência de uma senhora que após ter lido o meu livro “Quem Somos Nós-o código da criação” resolveu participar num dos meus workshops Mudar de Vida- pois tinha uma relação muito turbulenta com o marido, e queria morrer. Ela percebeu que estava sempre na velha história da vítima e que só se tinha causado sofrimento. Decidiu largar o velho Eu e viver a partir de um novo estado. Chegou a casa transformada. Em todos os workshops que realizo de Cura Quântica Unificada, Relacionamentos Saudáveis, Ativação do ADN Subtil, Força Infinita, entre outros, os resultados acontecem. A premissa essencial é sempre a decisão de assumir a responsabilidade pela própria vida e escolher o rumo que faz mais sentido. LER NA INTEGRA EM WWW.PONTOSDEVISTA.PT
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MEDICINAS NATURAIS
Alberto Lopes, presidente da Associação Portuguesa de Hipnose Clínica e Hipnoanálise (APHCH)
Hipnose, uma combinação perfeita de relaxamento físico e perspicácia mental “Para o leitor que pretende recorrer à técnica de hipnose recomenda-se algum cuidado na escolha do profissional de hipnose, que deve ser extremamente competente e profissional no uso da técnica”, afirma Alberto Lopes, Psicólogo/Hipnoterapeuta e mestre em Neuropsicologia, bem como Diretor Clínico da Clínica de Hipnoterapia Dr. Alberto Lopes, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde ficamos a conhecer as mais-valias da Hipnose e não só. Saiba mais.
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De que se trata quando falamos de hipnose ou hipnoterapia? Ao contrário do que as pessoas possam pensar, a hipnose não é inconsciência é hiperconsciência. Já que, na realidade, se trata de um estado especial de concentração focalizada e consciência expandida, em comparação com os estágios normais de vigília e sono. As principais organizações mundiais reconhecem publicamente as enormes vantagens no seu uso pelos profissionais de saúde. Por exemplo, ela é recomendada por instituições tão credíveis como a Organização Mundial de Saúde (OMS), pela Associação Psiquiatra Americana (APA) pela congénere inglesa, British Medical Association (BMA), entre outras. O aspeto fundamental da hipnose é a mudança experimental subjetiva, embora também se observem mudanças psicofisiológicas facilmente detetáveis. Ou seja, a pessoa em transe hipnótico experimenta um agradável relaxamento, sendo que o seu foco de atenção vira-se mais para o seu mundo interior, em detrimento da consciência periférica. Quando se aplica um setting hipnótico aos poderosos processos psicodinâmicos do inconsciente ficam de repente disponíveis podendo os comportamentos disfuncionais ser mais facilmente “reprogramados” em prol de um maior equilíbrio e bem-estar do consulente. Gosto de dizer que entrar em transe hipnótico é uma combinação perfeita de relaxamento físico e perspicácia mental. Quais as áreas de saúde onde a hipnose pode ser usada trazendo vantagens para os doentes? A hipnose clínica é considerada uma técnica natural, não invasiva e inócua. Podendo ser usada isoladamente por bons profissionais hipnoterapeutas pode trazer fantásticos benefícios para o doente, mas também pode ser usada em complementaridade com outras terapêuticas médicas. A sua eficácia da hipnose no controlo da dor está cientificamente confirmada por inúmeros estudos, trazendo grandes vantagens em detrimento do uso exagerado de medicação. Mas, para além disso, a hipnose permite diminuir o receio dos tratamentos oncológicos, reforçando o sistema imuno-
“Um bom profissional de hipnose, deve estar munido de técnicas para fazer um diagnóstico psicopatológico da síndroma problema. Daí, a necessidade de uma profissionalização adequada dos profissionais da área. Atente-se que os protocolos hipnoterapêuticos possuem técnicas aplicáveis em todas as áreas da saúde física, mental e psicointelectual com enormes vantagens em teremos de rapidez na resolução dos problemas”
Alberto Lopes lógico, demonstrou ser muito eficaz no combate às perturbações psicológicas, como os principais medos e fobias, permite lidar com o stresse, com a ansiedade e as perturbações de pânico, sendo considerada uma das melhores técnicas no tratamento da famigerada depressão. Além disso, está a ser usada com eficácia para diminuir o sofrimento de pacientes com neoplasias, doenças neurodegenerativas (esclerose múltipla, fibromialgia, artrite reumatoide) e síndromes psicossomáticas como as doenças dermatológicas, por exemplo. Há algumas contra-indicações no uso da hipnose? Na realidade, sendo feita por profissionais reconhecidos e acreditados é uma
técnica absolutamente segura e muito interessante na sua aplicabilidade. Naturalmente, como todas as abordagens terapêuticas, também tem as suas limitações. Por exemplo, deve-se usar a hipnose com muita cautela em consulentes com síndromes epiléticos, com traços psicóticos e/ou esquizofrénicos. Façamos esta analogia: a hipnose é como um injeção, geralmente todas as pessoas a sabem dar, mas cuidado com o conteúdo que introduzimos na seringa, pois usada por profissionais pouco competentes pode provocar “mazelas psicológicas” tremendas e difíceis de erradicar. Um bom profissional de hipnose, deve estar munido de técnicas para fazer um diagnóstico psicopatológico da síndroma problema. Daí, a necessidade de
uma profissionalização adequada dos profissionais da área. Atente-se que os protocolos hipnoterapêuticos possuem técnicas aplicáveis em todas as áreas da saúde física, mental e psicointelectual com enormes vantagens em teremos de rapidez na resolução dos problemas. Sendo que a prática hipnoterapêutica é cada vez mais usada como importante instrumento de auxílio clínico nas áreas da medicina, na psicologia e psiquiatria sendo considerado um recurso de mais-valia na área da saúde.
Diz que a hipnose carece de estudos válidos para ganhar melhor aceitação. Há já algum trabalho nesse sentido com o uso da hipnose na medicina? Posso dar como exemplo um recente estudo hospitalar com a hipnose. Estive presente como hipnoterapeuta responsável no primeiro estudo comparativo da dor, em comparação com um potente opiáceo usado em cirurgias. Este estudo foi efetuado no serviço de neurologia do Hospital de Santo António, tendo como principal responsável do projeto o doutor Pedro Amorim, e contou com a colaboração de alunos de medicina do ICBAS, da Universidade do Porto, e visava verificar a eficácia no uso da Hipnose no Controlo da Dor com Potencias Evocados, comparativamente ao uso de opiáceos em cirurgia, como o Remifentanil. Os resultados foram muito promissores, já que
Pontos de Vista Novembro 2013
a analgesia hipnótica, aplicada em dores leves a moderadas, apresentou níveis equipotentes de analgesia comparativamente ao mais potente opiáceo usado em cirurgias: o Remifentanil. Desde então, a analgesia hipnótica está sendo usada em alguns hospitais públicos (por exemplo, no Hospital Santa Maria em Lisboa, e no Hospital Santo António, no Porto), com notável sucesso no controlo da dor pós-operatória, no controlo das dores de parto e nas Unidades da Dor, para atenuar e eliminar os efeitos perniciosos em doentes com dor crónica ou aguda.
De que forma a hipnose pode ajudar a combater a dor? Importa referir que a hipnose clínica é uma técnica natural que faz uso dos poderosos processos de regeneração da mente inconsciente, pois em diversos estágios de transe há um incremento de substâncias opiáceas naturais como, as endorfinas e serotonina, que promovem sensações de bem-estar combatem a dor e a depressão, verifica-se também um aumento da dopamina e da noradrenalina na fenda sináptica, estes importantes neurotransmissores reforçam o sistema imunológico e ajudam a combater a maioria das doenças. O transe hipnótico é uma abordagem natural e não invasiva e que parte do pressuposto que cada pessoa é auto-curável, já que entendo que a natureza dotou-nos com os recursos necessários que ajuda a eliminar ou modular a dor e estabelecer o nosso equilíbrio. É difícil aprender a usar a hipnose? Quer dizer, a técnica hipnótica pode ser usado por qualquer pessoa? Para o leitor que pretende recorrer à técnica de hipnose recomenda-se algum cuidado na escolha do profissional de hipnose, que deve ser extremamente competente e profissional no uso da técnica. Sou da opinião que deve ter uma forte formação sólida na área psicológica e que entenda a importância de uma colaboração estreita com um médico assistente do seu consulente. E, finalmente, deve pertencer a associações de
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Assusta-me saber que há formações de fim-semana sobre hipnose, e que na semana seguinte os pseudo-hipnoterapeutas já estão a montar um gabinete de hipnose em qualquer esquina. Isto é aterrador, recordemos que ainda não existe regulamentação para o uso da técnica no nosso país, logo as associações do setor são o único garante na idoneidade dos técnicos. Eu sei que me irão compreender que, quando se trata da saúde mental, todos os cuidados na escolha do hipnoterapeuta são poucos
hipnoterapia credíveis na área da hipnose. Assusta-me saber que há formações de fim-semana sobre hipnose, e que na semana seguinte os pseudo-hipnoterapeutas já estão a montar um gabinete de hipnose em qualquer esquina. Isto é aterrador, recordemos que ainda não existe regulamentação para o uso da técnica no nosso país, logo as associações do setor são o único garante na idoneidade dos técnicos. Eu sei que me irão compreender que, quando se trata da saúde mental, todos os cuidados na escolha do hipnoterapeuta são poucos.
O que se tem feito na área da formação com a hipnose em Portugal, para a acreditação e o reconhecimento de hipnoterapeutas habilitados com a técnica? Embora entenda que ainda temos muito a fazer para a validação da técnica de hipnose, há já algum trabalho válido feito por associações reconhecidas no setor. Sou presidente fundador da Associação Portuguesa de Hipnose Clínica e Hipnoanálise (APHCH), e trabalhamos estreitamente na elaboração dos conteúdos programáticos das respetivas formações, visando cumprir os requisitos técnicos e deontológicos que o seu Conselho Científico recomenda a todos os profissionais de hipnose. A APHCH é pioneira na acreditação de hipnoterapeutas em Portugal
e procura munir os seus profissionais com as devidas competências técnicas deontológicas e éticas sobre a hipnoterapia. Os seus cursos de Hipnose Clínica e Hipnoanálise são os únicos no nosso país que engloba um período mínimo e obrigatório de horas recomendado de formação, vai até 12 meses com estágio em ambiente de consultório. Sendo que, para o futuro hipnoterapeuta receber o diploma de hipnoterapeuta acreditado, é obrigatória uma componente de estágio em ambiente real de consultório com supervisão de hipnoterapeutas séniores recomendados pela APHCH. Pensamos que para um futuro hipnoterapeuta, não basta só a componente teórica das aulas, é sempre necessária a prática com os doentes em ambiente clínico. Repare-se que, até agora, não existia em Portugal nenhum estágio na área da hipnoterapia e foi esta associação que implementou a obrigatoriedade de dois meses de estágio e apresentação do respetivo Relatório de Estágio para ser diplomado reconhecido para exercer a sua prática em segurança. Até que ponto seria importante a hipnose ser reconhecida como tratamento complementar pelo próprio Serviço Nacional de Saúde (SNS) como sucede nos EUA e Inglaterra? Como se pode comprovar, por estudos recentes em todo o mundo, a hipnose é um método natural, rápido e autêntico para o problema da depressão, a ansiedade e ajuda a eliminar quase todos os medos e fobias, alem disso ela pode ajudar sobremaneira as outras abordagens metodológicas sendo um recurso de mais-valia na medicina, psicologia e psiquiatria. Compreende-se que ainda exista alguns receios e mitos que demoram a ser ultrapassados. No entanto, basta conhecer um profissional sério e competente, e que usa a técnica com finalidade médica e terapêutica, para esquecer a imagem caricata de um hipnotizador de aparência exótica, ou de palco, capaz de transformar o seu paciente numa espécie de robot. Infelizmente, é esta a ideia que teima a prevalecer fruto do cinema e dos espetáculos de ilusionismo de palco. Penso que importa fazer uma reflexão sobre a possibilidade do uso da hipnose como coadjuvante no tratamento das maleitas
que afetam a maioria dos portugueses, a exemplo do que se faz nos outros países. Está provado por inúmeros estudos que o uso da hipnose em instituições de saúde e em ambiente hospitalar trouxeram inquestionavelmente, enormes vantagens para as pessoas e para os Sistemas Nacionais de Saúde desses países. Atente-se que nos tempos que correm, devido à austeridade que grassa à nossa porta, talvez possam imaginar o benefício económico que advém, através do uso da técnica nas nossas instituições. Além disso, o reconhecimento e a “chancela” oficial, do real potencial da hipnose para fins terapêuticos, certamente abririam novos horizontes para o uso e aplicação da técnica em grande parte da população de que mais dela necessita. Na sua opinião o que falta para que os profissionais de saúde possam usar mais frequente a hipnose na sua prática clínica? Creio que ainda falta dar uma oportunidade à técnica para demonstrar todo o seu extraordinário poder de cura. A hipnose clínica e hipnoanálise pode e deve estar disponível para mais pessoas que a ela queiram recorrer, mas importa muito passar uma imagem profissionalizante dos hipnoterapeutas. Estes psicoterapeutas devem ser competentes, idóneos e responsáveis, na sua área de intervenção. E, sobretudo, que reúnam um conjunto de competências na área da saúde mental, hipnoterapêutica, filosóficas e até psicoespiritual. É verdade que existe ainda muito a fazer para divulgar esta abordagem psicoterapêutica absolutamente incrível, para que que mais pessoas possam recorrer a ela. Termino, não sem antes deixar uma reflexão para a possibilidade do uso da hipnoterapia pode fazer a diferença, como uma das mais importantes abordagens psicoterapêuticas ao dispor do ser humano na ajuda à resolução dos males das sociedades modernas. Já que a hipnose permite as mais sagazes reflexões sobre as principais perguntas da vida. Informações: Telef. 225 028 162 E-mail: geral@hipnoseeregressao.com Website: www.hipnoseeregressao.com
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NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Vasco Teixeira, Coordenador do Projeto NanoValor e Investigador em Nanotecnologia em grande destaque
A nanotecnologia não é um “quebra cabeças” Está à frente dos nossos olhos mas o cidadão comum ainda não lhe acrescenta muito valor. Nos telemóveis, cremes, computadores, roupa, automóveis, embalagens, a nanotecnologia está em todo o lado e veio para ficar. São variadas as aplicações e abrange áreas tão díspares como a física, química, biologia, ciência, medicina, engenharia de materiais, computação, entre muitas outras. Ao dominar estes conhecimentos multidisciplinares, o ser humano tem ao seu dispor a capacidade de manipular a matéria a uma escala nanométrica que é nada mais do que um milímetro dividido por um milhão de partes. É uma área demasiado abrangente mas quanto mais se conhece, mais se fica fascinado. Afinal, o que é que se pode esperar da nanotecnologia?
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V
asco Teixeira é Professor, Investigador, Coordenador do Projeto NanoValor, Pró-Reitor da Universidade do Minho para a Investigação e é, certamente, um dos profissionais mais aptos a responder a essa questão. Há quem já fale num “mundo admirável da nanotecnologia”, uma tecnologia que torna as coisas mais inimagináveis em realidade e que está em constante evolução. Há muito ainda para se fazer no âmbito das aplicações tecnológicas e industriais e a aposta em nanotecnologia tem sido um meio fundamental para acrescentar valor a um determinado produto. “Atualmente a nanotecnologia está a emergir como o domínio científico e tecnológico mais promissor e de maior expansão de I&D. As expectativas para que a nanotecnologia melhore a segurança e a qualidade de vida são extremamente elevadas e por outro lado oferece potenciais soluções para problemas industriais através de técnicas de nanofabricação emergentes”, refere Vasco Teixeira. As-
sim, o que se espera da nanotecnologia é que “torne um produto mais eficiente para que este apresente funções e capacidades adicionais, que seja produzido por uma tecnologia limpa, que não consuma muita energia no seu processo de fabrico, que seja bastante durável e com um custo mais baixo”, respondeu Vasco Teixeira. Os nanomateriais (segundo a Comissão Europeia são “materiais cujos principais constituintes têm dimensões compreendidas entre um e cem nanómetros”) e a nanotecnologia estão presentes em muitos produtos do quotidiano. As pessoas que não estão diretamente ligadas a estes assuntos nem sempre se apercebem do investimento que se faz para desenvolver um novo produto e dos procedimentos que foram tomados. Assim, a forma mais simples de explicar a um leigo na matéria as implicações desta área em coisas simples do dia a dia é através de exemplos práticos. Para Vasco Teixeira, um exemplo evidente prende-se com a evolução dos telemóveis e dos computadores portáteis nos últimos anos. “A nível da velocidade de processamento
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A nível da velocidade de processamento e memórias que utilizam microchips cada vez mais pequenos, dos monitores OLED, dos ecrãs táteis que têm de ter um revestimento especial à base de semicondutores transparentes, a evolução foi muito rápida
Vasco Teixeira
e memórias que utilizam microchips cada vez mais pequenos, dos monitores OLED, dos ecrãs táteis que têm de ter um revestimento especial à base de semicondutores transparentes, a evolução foi muito rápida”, avançou. Mas existem muitos outros exemplos que, à primeira vista, fogem ao reconhecimento de qualquer um. “Posso pensar numa etiqueta que vai ser sensível a uma variação de temperatura. Um produto alimentar ou farmacêutico tem que estar sempre abaixo de uma temperatura e se no transporte essa temperatura subir vai danificar o produto. Aquele nanosensor vai ser sensível ao ponto de mudar de cor de uma forma irreversível e, assim, a empresa final que comercializa já sabe que aquele produto não pode ser colocado no mercado”, explicou Vasco Teixeira em conversa com a Revista Pontos de Vista. Fala-se ainda numa espécie de laboratório num chip, do inglês “lab-on-a-chip”. Em que consiste? Existirão laboratórios de análises clínicas a uma escala muito pequena que vão estar integrados num pequeno chip. Quais são as implicações
Pontos de Vista Novembro 2013
desta tecnologia? Vasco Teixeira, como um apaixonado pela nanotecnologia, responde com grande espetativa. “Em vez de retirarmos sangue para análises clínicas em laboratório convencional que, em muitos casos, é um processo que demora muito tempo, vamos poder ter este lab-on-a-chip em que, através de uma pequena gota de sangue ou mesmo de saliva no próprio consultório médico podem ser despistadas dezenas de doenças”, explicou o responsável. “Esta será a medicina do futuro (nanomedicina) que trará um novo paradigma ao processo de diagnóstico e prevenção de doenças. A investigação em nanotecnologia também irá contribuir para avanços fundamentais em nanomateriais e processos em sistemas de energia. No futuro próximo, contribuirá para o desenvolvimento de sistemas eficientes e de baixo custo para a geração, armazenamento e transporte de energia. Os materiais e estruturas concebidos e fabricados ao nível nanométrico não só melhoram como reduzem os custos nos sistemas solares fotovoltaicos, sistemas solares térmicos, células de combustível e outras tecnologias de energia”, refere Vasco Teixeira
Aposta estratégica da Universidade do Minho
As atividades de investigação e desenvolvimento tecnológico são considerados pilares fundamentais da estratégia
da União Europeia de forma a estabelecer a prosperidade sustentável e crescimento inclusivo e enfrentar os desafios sociais. Há muito que a aposta em nanotecnologia faz parte da estratégia para a investigação na Universidade do Minho (UM). Já mencionámos várias aplicações mas a lista é infindável. Na indústria têxtil são hoje usadas nanopartículas ou nanofibras de prata que têm propriedades antibacterianas. A indústria cosmética cria protetores solares baseados em nanopartículas com capacidade para controlar a absorção de radiações solares e as nanocápsulas com aditivos anti-envelhecimento penetram mais eficazmente na pele. A Universidade do Minho está atenta e tem em curso dezenas de projetos de Investigação e Desenvolvimento que vão neste sentido. Com financiamento externo ou com o apoio de parceiros industriais, a UM tem dado o devido valor a uma área que já tem um impacto socioeconómico bastante considerável na Europa, EUA e Japão, por exemplo. Aliás, no Sexto Programa-Quadro de Investigação da União Europeia (2002-2006), dos 50 projetos aprovados, 18 eram na área dos nanomateriais e da nanotecnologia e a importância dada a estas áreas é crescente. Atualmente no 7ºPQ já vimos aprovados 74 projetos dos quais cerca de duas dezenas são relacionados com nanotecnologia. Estes projetos englobam áreas onde
a UM detém competências científicas e tecnológicas em bionanotecnologia, nanomedicina, nanoeletrónica e nanomateriais (síntese e nanocaracterização). Dos inúmeros projetos em que a UM está envolvida, quer seja por financiamento externo ou como prestação de um serviço a uma empresa, Vasco Teixeira explicou um que está a ser desenvolvido na área da bionanotecnologia. “Estamos a desenvolver embalagens alimentares que são comestíveis, que
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Esta será a medicina do futuro (nanomedicina) que trará um novo paradigma ao processo de diagnóstico e prevenção de doenças. A investigação em nanotecnologia também irá contribuir para avanços fundamentais em nanomateriais e processos em sistemas de energia
hoje já podemos ver, por exemplo, nas maçãs que têm um verniz orgânico que pode ser ingerido. Contudo, estamos a desenvolver embalagens mais avançadas inteligentes e interativas, com sensores integrados e evitando que estas sejam opacas porque, cada vez mais, o consumidor quer ver o que compra. Por exemplo, se a carne for embalada numa embalagem tradicional, o oxigénio e o crescimento de fungos e bactérias, se presente, poderão estragar o produto. Assim, para haver um prazo de validade mais estendido, vamos ter de desenvolver revestimentos transparentes com uma capacidade melhorada de barreira de difusão ao oxigénio e ao vapor de água e adição de certas nanopartículas no polímero contribuirão para a capacidade anti-bacteriana”, esclareceu Vasco Teixeira. Desenvolver investigação de vanguarda acaba também por ser o papel atribuído às universidades. Com os apoios necessários que muitas vezes têm de ser elas próprias a conquistar, deve sair do seio de uma universidade “investigação aplicada, direcionada para problemas concretos da sociedade e do nosso tecido económico e empresarial e realizada em colaboração com as indústrias e tendo em consideração o público alvo”, disse. Por outras palavras e voltando aos exemplos práticos que ajudam a simplificar um processo que parece complicado, se o objetivo é desenvolver nanopartículas para aplicação em fibras têxteis quer seja para coloração, libertação de aromas ou para sistemas superhidrofóbicos anti-sujidade ou fotocatalíticos para autolimpeza, um investigador nunca poderá trabalhar sozinho. A grande maioria dos projetos em curso têm participação de PME’s e todos eles apresentam uma vertente muito aplicada e dirigida para setores da economia Alguns produtos e serviços baseados em nanotecnologia que já estão no mercado: - Filtros de proteção solar; - Tecidos resistentes a manchas e que não amassam; - Diversas aplicações na medicina, como cateteres, válvulas cardíacas, marca-passo, implantes ortopédicos; - Sistemas de filtração de ar e água; - Microprocessadores e equipamentos eletrónicos em geral; - Produtos cosméticos; - Pó antibactéria; entre outros. Fonte: Wikipédia
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NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Vasco Teixeira, Coordenador do Projeto NanoValor e Investigador em Nanotecnologia em grande destaque
nacional, designadamente na indústria opto-eletrónica, metalomecânica, indústria automóvel, indústria de moldes, plásticos, de embalagens, cerâmica, vidro e indústria biomédica. A universidade deverá, por isso, continuar a alimentar uma relação profícua com a sociedade e com a indústria.
Projeto NanoValor
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Mas, para aproximar o cidadão ou uma empresa destes trabalhos de investigação importa abrir as portas e comunicar. Vasco Teixeira acredita que os investigadores devem ser reconhecidos internacionalmente pelo seu trabalho e, neste sentido, devem desempenhar um duplo papel: “por um lado, temos de falar uma linguagem de alto nível com os nossos pares e escrever publicações científicas muito específicas que o público em geral não consegue perceber na maior parte dos casos e, por outro lado, o mesmo cientista tem de ter a capacidade de ter outro tipo de linguagem para que qualquer pessoa ou jovem possa ler um artigo de divulgação geral científico e aprenda o que é a ciência”, evidenciou. A nível da Comunidade Europeia, este trabalho de promoção tem sido feito, por exemplo, através da organização de iniciativas mais direcionadas para a população jovem. A nível de promoção da transferência da tecnologia que está a ser desenvolvida nas universidades e centros tecnológicos para a indústria regional e nacional, há cerca de três anos que podemos falar do Projeto NanoValor, coordenado por Vasco Teixeira. “Tem por objetivo a criação de um pólo de competitividade para a nanotecnologia para capitalização do potencial de investigação e desenvolvimento tecnológico nas regiões do Norte de Portugal e Galiza”, explicou o responsável. Abraçando o lema “todos por uma Euroregião de excelência em nanotecnologia”, este projeto, cofinanciado pelo FEDER através do Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal 2007-2013 (POCTEP), pretende converter o potencial em I&D em novos produtos, serviços e processos de alto valor acrescentado. O balanço tem sido francamente positivo e têm conseguido aproximar os atores chave ligados à nanotecnologia e não só. “Temos rea-
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Temos de procurar investimentos externos, procurar financiamentos a receitas próprias através de serviços à indústria e através da captação de projetos nacionais e europeus
lizado vários encontros informais onde falamos das aplicações da nanotecnologia. Mesmo as empresas ditas tradicionais que por vezes pensam que esta tecnologia não é útil para eles acabam por perceber que um determinado produto pode ser funcionalizado e melhorado com a aplicação de nanopartículas ou nanorevestimentos”, garantiu Vasco Teixeira. Apelidado pelo coordenador como “emblemático”, o Projeto NanoValor já mereceu reconhecimento europeu por ter conseguido aproximar investigadores e associações industriais. “Temos conseguido levar o conhecimento que é gerado nos laboratórios das universidades e nos centros de investigação às empresas”, salientou. Aliás, um dos grandes objetivos do projeto consiste na criação de um observatório tecnológico onde as empresas podem pesquisar onde é que existem competências naquela área ou encontrarem um parceiro para
uma candidatura a um determinado projeto. E acrescenta, “o significado de colaboração tem ganho novos contornos, permitindo um envolvimento mais efetivo entre vários agentes na valorização e capitalização de investigação e desenvolvimento. O NanoValor vincula as suas ações na perspetiva de que o conhecimento em nanotecnologia gerado deverá contribuir para além do fomento da competitividade das empresas e sua internacionalização, promover o emprego qualificado atraindo e fixando jovens graduados e cientistas com reconhecimento internacional e incentivar ações de empreendedorismo que possam contribuir para a criação de novos postos de trabalho”.
Relação com o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL)
Situado em Braga, o INL, como resultado de um Memorando de Entendimento entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal e o Ministério da Educação e Ciência de Espanha, é hoje um pólo de excelência dedicado à investigação aplicada à área da nanotecnologia. Com este projeto, a região tem ao seu dispor infraestruturas científicas e tecnológicas internacionalmente competitivas. Com a Universidade do Minho e o INL, a região norte é já reconhecida internacionalmente como um pólo competitivo nesta matéria. Aliás, a UM foi a primeira instituição nacional de ensino superior a assinar um protocolo com o INL, a 17 de fevereiro de 2010, dia de aniversário da organização. Nas áreas consideradas prioritárias para a atuação do INL (Nanomedicina;
Segurança e Qualidade Alimentar; Controlo do Meio Ambiente; Nanoeletrónica e Nanomanipulação Molecular), a UM também tem grupos de investigadores a trabalhar. O protocolo tem como finalidade o estabelecimento de ações de colaboração científica e tecnológica nas áreas relevantes das Nanociências e Nanotecnologias, no âmbito das atividades de I&DT desenvolvidas pelo INL e UM, como elementos integrantes de uma estratégia global do desenvolvimento científico e tecnológico. Com este protocolo, as duas entidades saem beneficiadas. Se, por um lado, investigadores da UM têm a possibilidade de ter laboratórios nas instalações do INL, por outro lado, os profissionais deste podem ser convidados a lecionar naquela instituição. Mais do que esta troca de conhecimento, há ainda uma partilha de equipamentos assim como ofertas de cursos de pós-graduação no domínio da nanotecnologia e a orientação conjunta de projetos de alunos do 2º e 3º ciclos. Acaba por ser uma relação de complementaridade que já está a dar frutos.
Investimento tende a aumentar
Os números não enganam. Tem havido um investimento crescente da Comissão Europeia em financiar projetos de nanotecnologia. Se no Sexto Programa-Quadro cerca de 1700 milhões de euros estavam direcionados para projetos desta natureza, no atual Sétimo Programa-Quadro esse valor subiu para 3500 milhões de euros. Vasco Teixeira mostrou-se expectante e otimista relativamente ao Programa Horizonte 2020 que estabelece três prioridades: excelência científica, a
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Por um lado, temos de falar uma linguagem de alto nível com os nossos pares e escrever publicações científicas muito específicas que o público em geral não consegue perceber na maior parte dos casos e, por outro lado, o mesmo cientista tem de ter a capacidade de ter outro tipo de linguagem para que qualquer pessoa ou jovem possa ler um artigo de divulgação geral científico e aprenda o que é a ciência
criação de liderança industrial e o desenvolvimento de respostas aos desafios societais. Este programa europeu irá apoiar com sensivelmente 70 mil milhões de euros a investigação, a inovação e a competitividade de 2014 a 2020, criando indústrias líderes em áreas como as tecnologias de informação, nanotecnologia, biotecnologia, entre outras. Já em Portugal os apoios financeiros dados para a investigação são suficientes para que possamos assistir a uma verdadeira evolução nas diferentes áreas em que é usado o potencial da nanotecnologia? “Os apoios não são diretos, não são subsídios. Os investigadores têm de concorrer a projetos nacionais ou europeus altamente competitivos e só os melhores ganham. No Sétimo Programa-Quadro a Universidade do Minho já conseguiu captar como receitas próprias para projetos de investigação mais de 20 milhões de euros. São projetos ganhos em candidaturas em que a probabilidade de ganhar não é assim tão alta”, explicou. Seria sempre melhor que houvesse um maior investimento mas, mesmo assim, Vasco Teixeira acredita que se tem feito um bom trabalho na captação de projetos e que a aposta nesta área está a crescer.
continuar a apostar estrategicamente no investimento em nanotecnologia, mantendo sempre um afincado apoio ao espírito empreendedor de docentes, alunos e investigadores. Quando se fala no futuro da nanotecnologia, Vasco Teixeira prefere mencionar dados concretos de estudos já lançados no mercado. Assim,
até 2015, espera-se que surjam 400 mil postos de trabalho qualificados na Europa nesta área, contrastando com os 160 mil contabilizados em 2008, segundo previsões da Comissão Europeia. Quanto aos valores que a nanotecnologia vai envolver por incorporação em produtos tradicionais de várias indústrias e em
produtos com tecnologia de ponta nos próximos dez anos: 340 biliões de dólares nos materiais; 300 biliões de dólares em eletrónica; 180 biliões de dólares na área dos produtos farmacêuticos e 30 biliões de dólares na saúde e medicina. Então, à questão “a nanotecnologia está no futuro?” a resposta é clara: “sim”.
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Hoje, o que é ser Investigador em Portugal?
“Investigador é aquele profissional que tenta utilizar a ciência para resolver problemas”, adiantou Vasco Teixeira. Esse conceito é universal em qualquer parte do Mundo. Mas as condições que existem para que se possa desenvolver esta atividade são divergentes. Com o decréscimo nacional nos orçamentos das universidades, a investigação poderia até ser o “parente pobre” destas instituições. Mas não. As dificuldades continuam a ser uma porta aberta para novas oportunidades. “Temos de procurar investimentos externos, procurar financiamentos a receitas próprias através de serviços à indústria e através da captação de projetos nacionais e europeus”, explicou Vasco Teixeira. Hoje, cerca de 30 por cento do orçamento da Universidade do Minho chega dessas fontes de financiamento altamente competitivas de âmbito nacional e internacional. Apesar das vicissitudes próprias do ambiente económico conturbado, a UM vai
Quem é Vasco Teixeira? Pró-Reitor para a Investigação na Universidade do Minho (2009/2013). Professor na UM desde 1989, Empreendedor e Investigador em nanotecnologia, nanomateriais, engenharia de superfícies e revestimentos finos multicamada nanocompósitos/nanoestruturados. É autor e co-autor de mais de 110 artigos científicos publicados em revistas internacionais ISI, editor de três volumes de revistas científicas ISI, cinco capítulos de livros, quatro Prémios de Mérito/ Inovação Industrial e Empreendedorismo Tecnológico e proferiu mais de 25 palestras convidadas em conferências internacionais. É Editor-in-Chief do Journal of Nano Research (o Editor honorário é o Prémio Nobel Sir Harry Kroto). Liderou e participou em vários projetos nacionais e europeus de I&D e Inovação -(EU FP6, FP7, FCT, ADI, QREN, ON2,POCTEP,COST). Organizou e co-organizou inúmeras Conferências Nacionais e Internacionais nas áreas de Nanotecnologia, Nanomateriais, Revestimentos Finos, Transferência de Tecnologia e Empreendedorismo. Na sua investigação aplicada, desenvolvida na UM desde 1989, sempre procurou integrar colaborações com empresas de modo a que os domínios de I&D pudessem contribuir para o desenvolvimento de novas competências técnicas da indústria internacional e nacional. Estimula um espírito e uma cultura de empreendedorismo nos seus jovens colaboradores, sendo promotor e mentor científico de equipas de jovens recém licenciados e de investigadores pós-graduados para processos de empreendedorismo tecnológico (COTEC, IAPMEI, TecMinho). Mentor tecnológico e sócio fundador de empresas de base tecnológica na área de nanotecnologias, engenharia de superfícies e revestimentos técnicos para a indústria dos moldes de injeção e metalomecânica. Galardoado com três Prémios de Inovação/Melhor Plano de Negócios e de Empreendedorismo. Distinguido com o Prémio Janus em 2010 pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de S. Paulo (IEA-USP), São Carlos, Brasil.
2.º Fórum Iniciativas à I&D+i
27 de novembro, Lispólis
Um evento ainda mais completo e agregador É sabido e comum que a inovação tecnológica gerada pela investigação e desenvolvimento desempenha um papel fundamental no impulso à competitividade empresarial, tornando-se, portanto, numa valiosa ferramenta para o crescimento socioeconómico do país. Para que isso seja uma realidade, é necessário que existam players preparados para responder às necessidades do universo empresarial, o mesmo que funciona como o «motor» da economia nacional, e que, nos últimos tempos, tem atravessado alguns momentos de agrura.
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F. Iniciativas assume-se como esse parceiro de excelência, onde qualquer serviço «made in» F. Iniciativas tem execução imediata, desde o primeiro contacto com o cliente, assumindo a compreensão do diagnóstico inicial, até ao processo de avaliação das candidaturas efetuadas aos Sistemas de Incentivos em vigor. Mas muito mais aporta a F. Iniciativas. Um dos principais «cartões de visita» da empresa passa pela realização do Fórum Iniciativas à I&D+i, que se vai realizar, pelo segundo ano consecutivo, a 27 de novembro, na Lispólis, Pólo Tecnológico de Lisboa. Telma Paz e Paulo Reis, respetivamente Diretora-Geral Adjunta e Responsável pelo Desenvolvimento do Novo Negócio, em entrevista à Revista Pontos de Vista deram a conhecer os desideratos deste evento, a importância do mesmo para diversos players, universidades, empre-
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Paulo Reis e Telma Paz
sas, entre outros, bem como as razões que levam a que este segundo Fórum seja mais ambicioso do que o primeiro e tenha atraído mais atenções. Podemos analisar essa relevância na recetividade do mesmo, pois para esta edição a F. Iniciativas ainda não tinha apresentado o programa final “e já tínhamos inscrições realizadas”, refere Telma Paz, a quem este interesse e relevância pelo certame “provoca um sentimento de orgulho e de dever cumprido”. Um dos vocábulos mais referidos no início desta conversa por parte dos nossos interlocutores foi ambicioso. Quisemos saber as razões de toda a ambição aqui imposta. “Fomos ambiciosos a todos os níveis com o 2º Fórum Iniciativas à I&D+i. Primeiramente porque o primeiro evento tinha um alinhamento composto numa manhã. O de este ano será um dia inteiro. Além disso, conseguimos reunir um painel de enorme valia, tal como no ano transato, mas este terá a capacidade de abordar novas áreas e
Depois de darmos a conhecer os diferentes modelos de inovação existentes a nível local, iremos dar um enfoque grande ao conceito do intraempreendedorismo. Temos de saber olhar para o seio das nossas organizações e perceber as mais-valias do capital humano existente. Não basta olhar para o exterior, pois corremos o risco de perder oportunidades de enorme valor
mais segmentos, permitindo que este evento seja ainda mais completo”, salienta Paulo Reis. De acordo com Innovation Union Scoreboard 2013, Portugal encontra-se entre os países moderadamente inovadores, estando consequentemente abaixo da média da UE27, sendo portanto necessário e urgente que se criem medidas e metodologias alternativas em prol de soluções inovadoras e acima de tudo capazes de marcar a diferença. O 2º Fórum Iniciativas à I&D+i tem essa capacidade, até porque permitirá um dia completo de apresentações e debates que serão do interesse de empresas, investigadores, universidades, entre outros. Se o evento de 2012 correu muito bem e os nossos entrevistados recolheram um feedback bastante positivo, o de 2013 tem tudo para ser ainda melhor. A F. Iniciativas está a consolidar o seu conhecimento no âmbito do Programa «Horizonte 2020», que terá como enfoque a uniformização de todo o financiamento em
investigação e inovação, focando-se no desenvolvimento de uma melhor sociedade, indústrias mais competitivas, bem como uma ciência de excelência. O 7º Programa Quadro de Investigação & Desenvolvimento Tecnológico, com um orçamento global superior a 50 mil milhões de euros para o período 2007-2013, foi o maior instrumento da Comunidade Europeia especificamente orientado para o apoio à investigação, através do cofinanciamento de projetos de investigação, desenvolvimento tecnológico e demonstração. O Horizonte 2020 assegurará a liderança industrial em matéria de inovação, com um orçamento de aproximadamente 70 mil milhões de euros e inclui um importante investimento em tecnologias essenciais, bem como um maior apoio às PME. “A grande mais-valia do Horizonte 2020 é que permitirá que projetos de enorme valia deixem de «estar na gaveta» e passem a ter impacto direto no e para o mercado. Em Portugal temos de aproveitar esta iniciativa, porque temos empresas de qualidade, ciência de excelência, faltando apenas essa interligação que permitirá que os projetos cheguem de facto ao mercado, logo tenham uma finalidade”, salientam os nossos entrevistados, lembrando que o Horizonte 2020 aporta desde logo apoios participados a cem por cento em atividades de I&D, comparativamente à realidade do 7º Programa Quadro. “Além disso, o time-to-grant será reduzido, ou seja, se no passado era de quase um ano, agora será segundo a proposta apresentada de oito meses. A outra grande novidade é que haverá um grande enfoque na inovação. Isto significa que as empresas irão participar ativamente nos consórcios para
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Fomos ambiciosos a todos os níveis com o 2º Fórum Iniciativas à I&D+i. Primeiramente porque o primeiro evento tinha um alinhamento composto numa manhã. O de este ano será um dia inteiro. Além disso, conseguimos reunir um painel de enorme valia, tal como no ano transato, mas este terá a capacidade de abordar novas áreas e mais segmentos, permitindo que este evento seja ainda mais completo
levar a ciência e a investigação aplicada à componente empresarial. A aplicabilidade dos projetos investigados deve ser uma realidade urgente e queremos pelo menos dar início a essa discussão”, refere Telma Paz.
Aproveitar a proximidade
O crescimento de algumas das maiores empresas do nosso tempo tem por base uma cultura de intraempreendedorismo. Em Portugal, começamos a ver exemplos claros de intraempreendedorismo, não só em grandes empresas mas também em PME, funcionando como um fator importante de crescimento e de criação de vantagens competitivas. O crescimento desta realidade necessária depende dos funcionários destas empresas que, munidos de ideias concretas e vontade de empreender, lançam o desafio aos seus empregadores. “Depois de darmos a conhecer os diferentes modelos de inovação existentes a nível local, iremos dar um enfoque grande ao conceito do intraempreendedorismo. Temos de saber olhar para o seio das nossas organizações e perceber as mais-valias do capital humano existente. Não basta olhar para o exterior, pois corremos o risco de perder oportunidades de enorme valor”, explica Telma Paz. Em Portugal, felizmente, existe uma grande dinâmica ao nível das redes de conhecimento, e esse conceito não será descurado no 2º Fórum Iniciativas à I&D+i. Como? “Através de entidades como o MIT Portugal e outros, que irão explicar
como uma aposta na inovação, ciências e tecnologias pode ter um impacto positivo nas empresas e na economia nacional. Da parte da tarde, teremos aquele que porventura será o melhor painel de financiamento existente atualmente em Portugal, em que iremos abarcar também o próximo Quadro Nacional de Financiamento, o Horizonte 2020, bem como o Iniciativa EUREKA e o Programa EUROSTARS”, revela Paulo Reis, assegurando que apesar de não ser, este ano, tema de maior relevância, a internacionalização não foi esquecida. “Além da temática do Risk Sharing Instrument do Fundo Europeu de Investimento, teremos Antoine Abbatucci, da F. Iniciativas Internacional, a abordar o tema da internacionalização, dando a conhecer as diferentes tipologias existentes nos diversos mercados, para as empresas que pretendam apostar na internacionalização”.
Que não subsistam dúvidas. A F. Iniciativas, através da realização do 2º Fórum Iniciativas à I&D+i, funciona como um elemento facilitador e potenciador do negócio de cada um dos presentes. Como? Através da promoção de um evento totalmente gratuito, “onde será dada a oportunidade aos presentes de terem acesso a conhecimento e informação de enorme relevância. Será um dia, onde poderão estar de perto e partilhar dúvidas e preocupações com experts nas mais diversas matérias, aos quais teriam dificuldade de acesso num outro contexto. Queremos que este evento represente uma forma de proximidade e ligação entre as partes, facilitando o networking, para que cada um dos presentes aproveite da melhor forma em prol das suas organizações e assim, de utilidade para o país”, concluem Telma Paz e Paulo Reis.
F. Iniciativas e a Nanotecnologia Portugal assume-se como um dos países pioneiros na investigação da aplicação de nanotecnologia, onde os desafios existentes no âmbito deste segmento são imensos, semelhantes por exemplo ao desenvolvimento de novas tecnologias. A F. Iniciativas não quis deixar de estar ligada a esta vertente. Porquê? Principalmente porque a Nanotecnologia é o futuro. Além disso, no seio da base de clientes da F. Iniciativas existem algumas empresas focadas nesta área. “Além disso, no 2º Fórum Iniciativas à I&D+i ficará marcado pela presença de Vasco Teixeira, personalidade muito considerada na Nanotecnologia. Desta forma, vamos tentar aproximar as empresas da investigação no âmbito da Nanotecnologia. Mais uma vez, pretendemos que estes projetos em fase de investigação sejam viáveis para o universo empresarial e estejam direcionados para o mercado. Pretendemos fazer a ponte para a Nanotecnologia”, revela Paulo Reis.
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A OPINIÃO DE...
NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Raquel Antunes, Instituto Nacional da Propriedade IndustriaL
Nanotecnologia em Portugal: que futuro? A nanotecnologia tem sido um dos maiores ímpetos para o desenvolvimento tecnológico no século XXI e é vista como o recurso para a próxima revolução industrial. Preveem-se benefícios socioeconómicos amplos, prometendo vir a responder a desafios globais como as necessidades energéticas, saúde, água e alterações climáticas. Dados da Comissão Europeia (CE) fazem prever um volume de produtos sustentados pela nanotecnologia no valor de 2 triliões de euros em 2015 (1).
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mbora a aposta na promoção da nanotecnologia tenha vindo a aumentar globalmente, as atividades de I&D estão principalmente focalizadas nos Estados Unidos, seguidos pelo Japão e alguns dos maiores países da União Europeia (Alemanha, França e Reino Unido), embora considerando os dados per capita, países como a Irlanda, Israel, Taiwan, Austrália e Bélgica pareçam destacar-se (1). No que se refere à publicação científica, um indicador que traduz o foco científico, dados divulgados da OCDE mostram que as publicações sobre nanotecnologia têm vindo a aumentar a uma taxa que excede largamente a taxa de publicação geral. Quando considerado o número de citações como indicador da significância das publicações nesta área, observa-se um papel dominante dos Estados Unidos e do Japão (2). Quanto ao panorama das patentes, indicador fundamental da atividade a jusante da ciência básica verifica-se que, comparativamente à atividade científica, o número de patentes é ainda relativamente baixo, o que é tipicamente o caso de tecnologias emergentes, embora a taxa de patenteamento ultrapasse já a atividade de patenteamento global (2). Dados da Thomson Innovation® com base na classificação internacional de patentes B82Y referente à nanotecnologia revelam que, nos últimos cinco anos, foram as áreas dos nanomateriais e produção de nanoestruturas que apresentaram um crescimento mais significativo, com alguma relevância também da nanomedicina e nanobiotecnologia. A maioria dos pedidos é feita diretamente nos EUA ou através de um pedido de patente internacional e, quando considerado o país de origem do primeiro pedido, há também uma clara preponderância dos Estados Unidos, sobretudo na área dos nanomateriais e nanomedicina, embora com forte representatividade da Europa na nanomedicina e do Japão, China e Coreia nas nanoestruturas. A nível nacional, segundo um estudo de Eugénio e Fatal (2012), verificou-se um aumento significativo de publicações científicas de nanotecnologia na última década, especialmente desde 2004 (3). Em termos de patentes, os principais intervenientes do meio académico são a Universidade de Aveiro, Minho e Nova de Lisboa, sendo a Innovnano e a CUF as empresas mais ativas. Embora a posição do nosso país seja ainda pouco representativa, tem havido um aumento de pedidos de patente de nanotecnologia com origem num pedido nacional e praticamente todos os pedidos têm um correspondente internacional, o que demonstra um forte in-
vestimento para conquistar uma posição internacional, nomeadamente a nível dos nanomateriais, seguidos pela nanomedicina e nanoestruturas. A nível europeu, o apoio à investigação no âmbito dos Programas-Quadro tem continuado a aumentar, passando de 1,4 mil milhões de euros, entre 2003 e 2006, para mais de 1,1 mil milhões de euros no período de 2007 a 2008 (4). Mais ainda, a importância da nanotecnologia na Europa levou a CE a designá-la como uma das seis tecnologias chave na liderança industrial, no âmbito do Horizonte 2020 (5). Considerando o enquadramento europeu e o percurso nacional, acredita-se que esta é uma área que deverá continuar em expansão em Portugal. Em particular, o valor do mercado global de nanomateriais é atualmente estimado em €20 mil milhões, e o emprego direto no setor dos nanomateriais é estimado entre 300 000 a 400 000 na Europa (1), pelo que o nosso país começa a posicionar-se num setor claramente estratégico. Nanomateriais são também um dos setores de investimento privilegiados pela Portugal Ventures, que anunciou no presente mês a 5a Call For Entrepreneurship. Portugal beneficia também de financiamento da CE para formação, no âmbito das ações Marie Curie do Programa «Pessoas», das Redes de Excelência e das Plataformas Tecnológicas Europeias (4), além da aposta nacional na criação de oferta de formação superior e pós-graduada em nanociências. Mais ainda, a recente criação do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, em Braga, com um investimento anual de €30 milhões, visa constituir um pólo de investigação internacional por excelência, dotando o nosso país de infraestruturas e massa crítica interdisciplinar que permitem dar o salto da investigação para a fase de inovação industrial, juntamente com mecanismos de transferência de tecnologia.
Embora a posição do nosso país seja ainda pouco representativa, tem havido um aumento de pedidos de patente de nanotecnologia com origem num pedido nacional e praticamente todos os pedidos têm um correspondente internacional, o que demonstra um forte investimento para conquistar uma posição internacional, nomeadamente a nível dos nanomateriais, seguidos pela nanomedicina e nanoestruturas
A proteção por patente afigura-se fundamental para permitir a constituição de monopólios legais que confiram aos titulares o retorno pelo investimento em I&D e maior competitividade no mercado. O futuro assenta na otimização de competências em áreas-chave e na constituição de equipas multidisciplinares de topo para valorização da forte aposta nacional em infraestruturas, indo ao encontro da estratégia europeia de traduzir em ativos de PI o imenso potencial científico, promovendo a inovação e a competitividade e reforçando a posição no mercado global. (1) Comissão Europeia (2005) - Some Figures about Nanotechnology R&D in Europe and Beyond (2) OCDE (2009) - Nanotechnology: an overview based on indicators and statistics (3) Joana Eugénio e Vanessa Fatal (2012) - Evolução da Nanotecnologia, Abordagem Nacional e Internacional, INPI (4) Comissão Europeia (2009) - Nanociências e Nanotecnologias: Plano de Ação para a Europa 2005-2009, Segundo Relatório de Execução 2007-2009 (5) Comissão Europeia (2011) - Establishing Horizon 2020 - The Framework Programme for Research and Innovation (2014-2020)
NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Jose Rivas e Paulo Freitas, Diretor Geral e Diretor Geral Adjunto do INL – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia
Pontos de Vista Novembro 2013
INL: um pólo de excelência em nanotecnologia Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia ou simplesmente INL. Este é um projeto comum de Espanha e Portugal mas é direcionado para o Mundo. Fruto de um protocolo assinado em 2005 pelos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior português e da Educação e Ciência espanhol, o INL é a prova de que os dois países estão empenhados em apostar na cooperação científica e tecnológica, nomeadamente nas áreas de nanociências e nanotecnologia. Chegando a Braga, no momento em que se chega às instalações do INL, não restam dúvidas. Mais do que um edifício imponente, ali estão resguardadas, quase como se estivessem num “claustro”, as ideias do futuro.
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Estas áreas foram escolhidas porque já havia um trabalho de suporte nalgumas delas, quer em Portugal, quer em Espanha. Não partimos do zero. A alimentação e a saúde são áreas que fazem todo o sentido para estes dois países e, a nível internacional, podemos marcar posição nestes segmentos
José Rivas e Paulo Freitas
ão cerca de 47 mil metros quadrados por explorar. Ao longo de uma série de laboratórios e de corredores que parecem infindáveis, os investigadores têm ali tudo o que precisam para criar ciência e tecnologia de ponta. Mas mais do que isso. Além de uma infraestrutura com equipamento de topo de gama, os investigadores têm ainda acesso a infraestruturas sociais, como uma creche e uma residência para visitantes. Está tudo pensado ao pormenor para que daqui saiam as melhores ideias e avanços tecnológicos, não fosse o objetivo do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) ser uma grande potência nesta área à escala global. A decisão da criação do INL que surgiu na XXI Cimeira Luso-Espanhola, que decorreu na cidade de Évora, entre os dias 18 e 19 de novembro de 2005, abriu um novo capítulo nas relações entre Portugal e Espanha, reforçando a construção de uma economia baseada no conhecimento e no desenvolvimento científico e tecnológico dos dois países. O objetivo era claro. Ser um pólo de investigação internacional de excelência e atrair, desse modo, parcerias com instituições do ensino superior, centros de investigação e indústrias, promovendo a transferência do conhecimento para a economia, gerando emprego e formando profissionais altamente qualificados. Tudo isto tendo como bandeira uma área que está em crescente desenvolvimento e que nos rodeia, mesmo quando o comum dos mortais não se apercebe disso. Falamos da nanotecnologia e foi com duas figuras de destaque do INL, Jose Rivas (Diretor Geral) e Paulo Freitas (Diretor Geral Adjunto) que a Revista Pontos de Vista conheceu o trabalho e o percurso que o laboratório tem calcorreado ao longo dos últimos dois anos e meio. Apesar do caminho ser curto, há ainda muito por descobrir e Paulo Freitas e Jose Rivas mostram-se “orgulhosos” com o trabalho que se desenvolveu. Apesar de estar desenhado para acolher 400 investigadores, os cem profissionais que neste momento vestem a camisola pelo INL são de elevada qualidade. E os resultados saltam à vista, dentro das
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NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Jose Rivas e Paulo Freitas, Diretor Geral e Diretor Geral Adjunto do INL – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia
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Provavelmente, não temos noção da melhoria que os produtos tiveram nos últimos anos, por exemplo ao nível da embalagem. Pensemos por exemplo nos produtos frescos que têm um tempo de armazenamento curto. Temos a certeza que novas embalagens, num futuro próximo, permitirão manter esta frescura por mais tempo, e eventualmente informar o consumidor sobre o estado do produto
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quatro áreas às quais dedicam toda a atenção: nanomedicina, monitorização ambiental e controlo da qualidade alimentar, nanoelectrónica e energia, nano-estruturas e manipulação molecular. São quatro áreas estratégicas definidas pelo INL e que “foram escolhidas porque já havia um trabalho de suporte nalgumas delas, quer em Portugal, quer em Espanha. Não partimos do zero. A alimentação e a saúde são áreas que fazem todo o sentido para estes dois países e, a nível internacional, podemos marcar posição nestes segmentos” afirmou Paulo Freitas. Alicerçado num caráter interdisciplinar, o INL junta equipas transversais a várias áreas de conhecimento, desde física, engenharia, biologia, farmácia e química. Assim, “podemos num só sítio fazer investigação do mais alto nível, desde a parte fundamental até ao protótipo”, esclareceu. Jose Rivas acrescentou que “o INL está a aumentar a sua competitividade e os resultados alcançados refletem a consolidação dos novos grupos de investigação”.
Nanotecnologia com aplicação na medicina
Tendo como objetivo melhorar as técnicas de diagnóstico e de tratamento do cancro e de doenças neurológicas, o INL pretende, até meados de 2015, desenvolver biossensores para a deteção de células tumorais circulantes e nanomarcadores para aplicação em imagiologia com aplicação à medicina. “Este é um bom exemplo do tipo de investigação que se faz no INL. Estamos a trabalhar não só com grupos de investigadores mas também com o utilizador final”, explicou Paulo Freitas. O usuário final é, neste caso, o médico que poderá ter ao seu dispor um sistema de diagnóstico mais eficaz. O projeto, denominado InveNNta e que abrange uma parceria entre o INL e o Instituto de Investigación Sanitário de Santiago de Compostela (IDIS), funcionará, ainda, como plataforma para a participação em projetos europeus. Jose Rivas avançou com outro exemplo do trabalho que se tem desenvolvido na área da nanomedicina, com aplicação à
cardiologia, nomeadamente à cardiologia de intervenção. Pretende-se detetar placas artereoscleróticas vulneráveis in vivo e em tempo real. “É uma investigação que implica ter o biólogo que está a utilizar o biomarcador e que vai detetar uma modificação da superfície da placa para ver se ela e vulnerável “. Paulo Freitas comentou “como é que conseguimos fazer essa marcação in loco, ou seja, num ambiente real
em que o coração está a bater e, depois, como é que podemos detetar ao longo da operação?”. Aqui entram os conhecimentos da física e da engenharia eletrotécnica. “Vamos tentar utilizar os métodos que já existem hoje nas salas de operação, adaptando-os para que o cirurgião possa ver uma imagem em tempo real com informação sobre a vulnerabilidade da placa”, explicou o mesmo responsável.
Nanotecnologia com aplicação no setor alimentar
Na aplicação da nanotecnologia à alimentação, algumas técnicas utilizadas, por exemplo, na nanomedicina estão hoje a ser aplicadas neste setor. O INL está, por isso, a criar grupos de investigadores nestas áreas. Para uma melhor compreensão, José Rivas fez-nos viajar até ao supermercado. “Provavelmente, não temos noção da melhoria que os produtos tiveram nos últimos anos, por exemplo ao nível da embalagem. Pensemos por exemplo nos produtos frescos que têm um tempo de armazenamento curto. Temos a certeza que novas embalagens, num futuro próximo, permitirão manter esta frescura por mais tempo, e eventualmente informar o consumidor sobre o estado do produto”. “Há imensas possibilidades de aplicação direta da nanotecnologia”, defenderam ambos os investigadores, acrescentando: “na alimentação, a nanotecnologia está a dar os primeiros passos ”. Esta é, assim, uma área com enormes potencialidades que o INL quer explorar.
Comunicar a ciência
“Transmitir a ciência é um tema muito importante mas difícil. Dois anos e meio é pouco tempo e não é fácil transmitir o que estamos a fazer às comunidades que nos rodeiam. Mas estamos contentes com o trabalho que temos feito e com esta região”, começou por defender José Rivas. A nanotecnologia está presente em tudo o que nos rodeia. Os telemóveis são, sem dúvida, o exemplo mais flagrante. Mas falamos ainda nos cremes solares, nas embalagens, nos automóveis ou na roupa. É um sem número de possibilidades que escapa ao olho do ser humano. É, por isso, importante apostar na comunicação do trabalho que se faz no seio destes laboratórios. Um trabalho
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Pontos de Vista Novembro 2013
Transmitir a ciência é um tema muito importante mas difícil. Dois anos e meio é pouco tempo e não é fácil transmitir o que estamos a fazer às comunidades que nos rodeiam. Mas estamos contentes com o trabalho que temos feito e com esta região
que, para Paulo Freitas, já tem sido feito. “Tem havido uma série de iniciativas para levar a nanotecnologia ao público, dando a conhecer os benefícios e os riscos que qualquer nova tecnologia pode trazer “. Este trabalho de comunicação passa também por um reforço das colaborações com universidades, centros de investigação e as próprias indústrias que, cada vez mais, estão abertas à inovação, num trabalho de parceria que tem como princípio “ganhar vs ganhar”, como defendeu José Rivas. “O INL pode ainda contribuir para melhorar alguns processos de produção de empresas já existentes numa região com uma forte tradição ao nível têxtil”, assegurou Paulo Freitas.
Ser investigador
Num repto lançado aos dois intervenientes, a Revista Pontos de Vista procurou conhecer os desafios que investigadores de duas nacionalidades distintas enfrentam com a conjuntura económica atual. José Rivas foi o primeiro. “Espanha viveu um salto muito grande na últimas décadas e hoje tem um grupo de jovens com um talento excecional comparável com os países mas avançados e, em Espanha, e penso que e o mesmo em Portugal, continua a ser um desafio transformar parte da investigação em inovação. A componente prática ainda tem de ser desenvolvida”, defendeu. Já em Portugal, “nos últimos 20 anos houve um investimento grande na formação de doutorados em todas as áreas, com a
INL Área de implantação: 47,000 m2 Área total construída: 26,000 m2 Área do edifício científico central: 22,000 m2 Edifício social (creche e residência) Edifício científico central: Laboratórios: 7,500 m2 Sala limpa: 1000 m2 Outras áreas técnicas: 3,500 m2 Auditório e outras áreas públicas: 4,800 m2 Administração: 700 m2
aposta em bolsas de doutoramento com financiamento público que permitiu a formação de milhares de profissionais. Houve ainda um grande esforço na implementação de novas infraestruturas. Ao nível da transferência do conhecimento prático para o setor económico, estamos hoje a progredir”, completou Paulo Freitas. Se, a nível comunitário, há interesse em financiar a ciência, no INL faz-se a própria ciência. Aumentar o autofinanciamento, crescer, reforçar a equipa de investigadores e serem “tremendamente competitivos” a nível internacional são alguns dos planos para os próximos anos de uma entidade que caminha para ser uma potência global na área da nanotecnologia.
INL em dados cronológicos: - Novembro de 2005: é decidida a criação do INL, na XXI Cimeira Luso-Espanhola, em Évora; - Novembro de 2006: aprovação do estatuto internacional do INL; -Março de 2007: lançamento do concurso internacional para o projeto do INL -Janeiro de 2008: foi lançada a primeira pedra na XXIII Cimeira Ibérica, em Braga dando-se posteriormente início à construção; - Julho de 2009: apresentação internacional do INL, com a presença do Presidente da República, Cavaco Silva, do Rei Juan Carlos de Espanha, dos primeiros-ministros José Sócrates e José Luiz Zapatero e dos Ministros da Ciência de ambos os países; - 2010: início da contratação de investigadores e outro pessoal para o INL e em novembro começaram as atividades científicas nas instalações do INL.
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NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Susana Cardoso de Freitas, Investigadora do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC-MN)
INESC-MN: tradição de ligação à indústria Não se considera uma pessoa espontaneamente empreendedora mas alguém que trabalha nos bastidores para assegurar que tudo funciona. Talvez por essa razão Susana Cardoso de Freitas, Investigadora do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC-MN) tem vindo a coordenar o trabalho investigação na área de filmes finos e sensores magnéticos do instituto e a formação avançada na área das nanotecnologias. Os seus interesses de investigação incluem deposição de filmes finos por feixe de iões em bolachas de silício de 200 milímetros, integração de materiais magnetoresistivos em dispositivos nanométricos ou a otimização de sensores para deteção de pequenos campos magnéticos. À Revista Pontos de Vista falou sobre o trabalho que tem vindo a desenvolver, o INESC-MN e os desafios que se colocam à investigação em Portugal.
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Susana Cardoso de Freitas
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o ano de 1989 nascia o INESC, uma associação privada sem fins lucrativos, de utilidade pública e dedicada à educação, incubação, investigação científica e consultoria tecnológica. Nessa altura, foi construída a primeira Sala Limpa em Portugal para processo de bolachas de silício de 150mm, que desde então tem consolidado uma forte reputação no apoio à investigação e formação avançada nas áreas das Micro e Nanotecnologias em Portugal. O grupo de Estado Sólido do INESC individualizou-se em 2002 como INESC-Microsistemas e Nanotecnologias (INESC-MN), e tem conseguido afirmar-se nacional e internacionalmente em várias áreas de investigação aplicada. Foi no âmbito de centro de investigação científica que a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com uma das investigadoras seniores do instituto, Susana Cardoso de Freitas. Mesmo em contexto económicos adversos, o INESC-MN tem dado com determinação o seu contributo para a construção de um Portugal moderno, de uma economia sólida e de uma sociedade de qualidade. Desde cedo, institui-se como um modelo de referência na forma de relação Universidade - Indústria, tendo vindo a demonstrar que, na atividade socioeconómica de um país com um grau de desenvolvimento como Portugal há lugar para a Investigação e o Desenvolvimento. “No INESC-MN apostamos na capacidade de produzir os nosso próprios materiais (temos várias máquinas de deposição, manuais ou automáticas), em ser versátil ao nível das geometrias e processos que usamos para definir dispositivos à micro e nano-escala e, depois, para cada um deles, tentamos sempre encontrar uma aplicação em que possamos fazer a excelência e diferenciarmo-nos. Essa diferença não é apenas produzir materiais diferentes, e que mais ninguém está a fazer mas es-
A indústria nacional teve sempre um carácter bastante artesanal, e quando tenta ser inovadora, a nanotecnologia parece resolver todos os problemas, mas a verdade é que nos falta muito trabalho para articular a industria e a investigação nacionais
acho que não nos podemos dar ao luxo de utilizar recursos para fazer investigação inconsequente, mas devemos ambicionar que os resultados da investigação em nanotecnologia se apliquem em dispositivos funcionais, mesmo que não seja imediatamente”, afirma Susana Cardoso de Freitas.
“Não podemos deixar que outros rentabilizem as nossas ideias”
sencialmente termos a capacidade de fazer protótipos e sistemas baseados em tecnologias desenvolvidas por nós (por exemplo, integrando chips com sensores e microfluidos. Uma característica do INESC-MN é a sua versatilidade: podemos optimizar diversos materiais, depositar os filmes em diversos tipos de substratos (desde bolachas de silício com 200mm de diâmetro até cristais com 2mm, passando por substratos de
vidro e plástico), desenhar e fabricar os circuitos na Sala Limpa e depois fazer a integração com electrónica (muito em colaboração com o INESC-ID) e plataformas de microfluidos, que também desenvolvemos. As ligações à indústria (internacional) que temos mantido ao longo dos anos têm formatado a atitude com que fazemos investigação, motivando um sentido prático e aplicado’. Particularmente nesta altura, no nosso país,
Mas se no INESC-MN a mentalidade é concretizar ideias que possam ser aplicadas, esta é uma atitude singular no panorama dos centros de investigação nacionais. “Se estamos a fazer investigação, cabe-nos também a nós lutar para tornar os resultados obtidos num produto, tal como acontece em países mais industrializados. Em Portugal, muitos investigadores trabalham para acumular pontos no currículo mas depois deixam à vontade de outros que tomem conta das ideias e que as transformem em produto”, lamenta. Susana Cardoso de Freitas faz questão de referir que nunca sentiu no nosso país o estigma de não haver dinheiro para a investigação, apesar de a sua distribuição
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ser demasiado homogénea. Aquilo que se nota é ineficiência na forma como se lida com os resultados científicos. Grande parte dos investigadores mostram-se satisfeitos por publicarem artigos científicos, orientarem teses de mestrado ou doutoramento e participarem em conferências quando poderiam ser ainda mais ambiciosos e tentarem rentabilizar os resultados da sua investigação. Noutros países mais industrializados, são também estabelecidas metas que tornam o trabalho de investigação bastante mais ambicioso e aliciante. Se os objetivos delineados não forem cumpridos, é-lhes retirado o financiamento. “Ao fim de um ano têm que provar serem capazes de colocar no mercado aquilo que fizeram ao longo desse período. Isto, naturalmente, dá uma motivação diferente a quem faz investigação”, explica. Em países onde a indústria é um dos motores da economia pode haver uma maior absorção do trabalho de investigação. Em Portugal, já não bastava o mercado ser pequeno, a mentalidade dos empresários por vezes não é a mais correta. “Nunca fomos realmente incentivados a rentabilizar os nossos resultados. Para além disso, a indústria nacional teve sempre um carácter bastante artesanal, e quando tenta ser inovadora, a nanotecnologia parece resolver todos os problemas, mas a verdade é que nos falta muito trabalho para articular a industria e a investigação nacionais. Mas esse esforço tem que partir das novas gerações”.
“De repente, toda a gente fala de nanotecnologias”
A nanotecnologia é um conceito genérico, que engloba múltiplas vertentes. Susana Cardoso de Freitas desmistifica. “De repente, toda a gente fala de nano-
tecnologias, que se tornou a palavra da moda. É certo que ser uma moda significa que as pessoas estão entusiasmadas e isso é bom. Estruturas à nano-escala sempre existiram na natureza, em tudo o que é bio e, por isso, a nanotecnologia esteve sempre muito ligada ao mundo dos biólogos. Mas os avanços tecnológicos nos últimos 20 anos nos equipamentos de medida e caracterização permitiram que pessoas que trabalham em electrónica, sistemas mecânicos, sensores, entre outros, pudessem começar a fazer componentes cada vez mais compactos, a manipular e a construir sistemas que em vez de serem gigantescos passaram a ser micrométricos. E a partir daí é natural aceitar o desafio de passar do micro para o nano. Desta forma, estas pessoas aproximam-se do mundo da biologia e começam a construir artificialmente sistemas nanométricos, compatíveis a nível de tamanho e comportamento com sistemas biológicos. E acho que foi aqui que a nanotecnologia conquistou o mundo”. No INESC-MN já há vários anos que se vem a trabalhar em escalas muito reduzidas. Os processos de litografia à micro-escala já existiam antes mesmo de Susana Cardoso de Freitas entrar para o instituto e posteriormente começaram a ser feitos à escala nano, com esta investigadora a dar um importante contributo nesse sentido. “Se virmos em corte os chips que fazemos, estamos a trabalhar à escala nano há já 20 anos pois os materiais depositados podem ser tão finos com 0.5 ou 1nm. Se virmos a superfície dos chips ao microscópio, começámos à micro-escala, com litografia até 1 micrómetro, mas desde 2006 conseguimos escrever também à escala nano, e agora podemos desenhar padrões até 20nm”, afirma.
O problema das patentes: “As patentes espelham a utilidade e inovação das ideias dos investigadores. Estas são um bom indicador da produtividade científica e houve uma pressão imensa, desde há alguns anos, em incentivar a política de patentes em Portugal, o que se traduziu num boom enorme de departamentos de patentes nos institutos e universidades. É uma dificuldade imensa para um investigador saber se o seu próprio trabalho é competitivo ou não e, por isso, recorre ao gabinete de patentes. As patentes que passem uma primeira triagem são depois sujeitas aos critérios do Instituto/Universidade, que decide se tem interesse ou não em pagar os custos para a manter. É aí que alguns saem prejudicados porque a diferença entre os institutos que têm muito dinheiro e aqueles que têm menos reflete-se no número de patentes que vão conseguir armazenar. Em tempos de crise, como actualmente, prevalece o factor económico, pelo que boas ideias poderão ficar desprotegidas por motivos económicos. Neste ponto, os investigadores podem proteger as suas ideias através de publicações científicas, marcando posição internacionalmente, e reduzindo a possibilidade das ideias serem patenteadas por outros.” Susana Cardoso de Freitas
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Se virmos em corte os chips que fazemos, estamos a trabalhar à escala nano há já 20 anos pois os materiais depositados podem ser tão finos com 0.5 ou 1nm. Se virmos a superfície dos chips ao microscópio, começámos à micro-escala, com litografia até 1 micrómetro, mas desde 2006 conseguimos escrever também à escala nano, e agora podemos desenhar padrões até 20nm
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Susana Cardoso de Freitas, Investigadora do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC-MN)
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Se estamos a fazer investigação, cabe-nos também a nós lutar para tornar os resultados obtidos num produto, tal como acontece em países mais industrializados. Em Portugal, muitos investigadores trabalham para acumular pontos no currículo mas depois deixam à vontade de outros que tomem conta das ideias e que as transformem em produto
“Temos muito boa reputação”
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O INESC-MN aporta sempre à excelência científica e tecnológica, sendo para Susana Cardoso de Freitas o grande trunfo deste centro de investigação “ter materiais de boa qualidade e produzir filmes muito finos, que podem ir desde 0.5 nanómetros, para depois fazer aquilo que se chama de tecnologia top-down, ou seja, trabalhamos esse material de cima para baixo, desenhando por litografia os sensores, contactos eléctricos, etc, numa arquitectura vertical, para integração em chip. A perspetiva do INESC-MN sempre foi, de facto, apostar na qualidade dos materiais, ter muita flexibilidade ao nível dos processos de micro e nanofabricação de dispositivos e, para cada um, encontrar uma aplicação em que possamos fazer a excelência. Ajuda
muito termos colaborações com colegas de diversas áreas científicas, porque nos trazem desafios onde podemos usar os nossos chips ou processos em contextos diferentes, o que é muito enriquecedor”. Essa capacidade de desenvolver trabalhos de excelência em determinados nichos levou a que fosse retomada recentemente uma spin-off criada há alguns anos no INESC-MN e que não vingou. No entanto, as críticas apontadas nessa fase foram agora corrigidas e percebeu-se que “em vez de tentarmos encontrar soluções gerais e milagrosas para toda a gente é preferível que tenhamos um produto capaz de solucionar um problema concreto e poder fazer a diferença nesse nicho”, afirma Susana Cardoso de Freitas. Para além de produzir ciência e tecnologia que compete e lidera em mercados nacionais e mundiais, o INESC-MN for-
ma recursos humanos de elevada qualidade científica e técnica, por esse motivo, Susana Cardoso de Freitas não tem dúvidas que “os nossos alunos podem ir trabalhar para os melhores lugares do
mundo se tiverem esse interesse. O primeiro impacto do INESC-MN no mundo tem sido exatamente esse: formação de excelência”. A proximidade do Instituto Superior Técnico e Universidade de Lisboa tem sido um factor chave desde o início, porque a integração de alunos de várias áreas científicas de engenharia (Física, Biotecnologia, Electrotecnia, Biomédica, etc) promove o carácter multidisciplinar necessário na área das nanotecnologias. Mais do que excelentes alunos, são também investigadores motivados para apostar nas capacidades nacionais e na modernização de Portugal. No fundo, são o futuro do país e têm contribuído para que o INESC-MN alcançasse resultados exemplares na demonstração do nexo positivo entre ciência, tecnologia e economia e mesmo em contextos económicos particularmente difíceis consiga dar com determinação o seu contributo para a aproximação do sistema de ensino científico e tecnológico às necessidades do tecido económico e social. Associados do INESC-MN: - INESC - INESC - Investigação e Desenvolvimento - INESC - Inovação - INESC - Porto - Instituto Superior Técnico (IST)
NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Jaime Rocha Gomes, Fundador e Gestor da Ecofoot, afirmou
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“Temos um produto pronto a ser aplicado industrialmente” “Quando em 2011 transferi a tecnologia de então para a Success Gadget, dediquei-me às nanopartículas coloridas com uma nova equipa, tendo recebido o grande prémio de Inovação BES nesse ano por esta tecnologia (Nanocor). Com este incentivo, formámos uma empresa spin-off, a ECOFOOT”. As palavras do fundador, Jaime Rocha Gomes, apresentam uma empresa que, em abril de 2012, trouxe inovação a um setor considerado tradicional, nunca deixando que os objetivos da mesma se sobrepusessem a um constante respeito pelo meio ambiente.
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oi na Universidade do Minho (UM), em 2007, que Jaime Rocha Gomes iniciou o seu percurso no desenvolvimento de nanopartículas funcionais com uma apresentação sobre esta novidade mundial em Junho de 2008 numa conferência internacional Nanotech em Boston. Falava-se, então, nas nanopartículas antimicrobianas e coloridas que revolucionaram o mercado pelo facto de serem recarregáveis em máquina de lavar, sendo duráveis ao longo de mais de 90 lavagens. Com esta equipa de investigadores, Jaime Rocha Gomes fundou uma empresa spin-off com o intuito de comercializar não só este como outros produtos desenvolvidos no seio da UM. E o processo continuou, com persistência e numa contínua ânsia de descoberta. Em 2011 deu-se, assim, uma nova conquista. “A minha equipa conseguiu introduzir nas nanopartículas um produto não toxicológico que demonstrou em testes efetuados no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, o IHMT, que tinha uma boa atividade como antimosquito mesmo depois de várias lavagens”, explicou. Nesse momento, a durabilidade atingiu as dez lavagens mas hoje sabe-se que o produto aplicado em artigos têxteis por processos adequados resiste a mais de 90 lavagens. A tecnologia foi então aplicada em ambiente industrial pelo grupo têxtil Malhas Sonix, mais concretamente pela Success Gadget, criada para aplicar este e outros produtos funcionais na têxtil. Depois de ter seguido o seu caminho com as nanopartículas coloridas, Jaime Rocha Gomes retomou o contacto com a empresa, “transferindo via spin-off uma nova tecnologia de nanopartículas antimosquito para serem aplicadas na máquina de lavar”, evidenciou o também professor catedrático da UM. Todo este percurso foi calcorreado até à criação da Ecofoot, em abril de 2012, que surgiu como resultado do estímulo originado pela atribuição do grande prémio de inovação do BES (Banco Espírito Santo) pela tecnologia Nanocor. A partir daí, o processo de solidificação da tecnologia já passou por etapas bastante importantes. “Instalámo-nos no Avepark, Parque de Ciência e Tecnologia, desenvolvendo um produto comercial com base nas nanopartículas coloridas, o H2COLOR, e registámos a patente e a marca”, disse Jaime Rocha Gomes em declarações à Revista Pontos
de Vista. Trata-se de um nanopigmento com propriedades de corante no tingimento têxtil, equivalentes aos melhores corantes que se usam na têxtil, a fibras naturais, tal como o algodão e a lã e na aplicação a fibras regeneradas como as viscoses. Atualmente, a par dos esforços dedicados por toda a equipa para o reforço da capacidade de produção, “podemos dizer que temos um produto pronto a ser aplicado industrialmente”, declarou o responsável. O modo de produção atual, planta piloto, já permitiu realizar os primeiros testes industriais de aplicação numa empresa têxtil. Para breve, “iremos para outras de diferentes setores, tais como malhas, lã e vestuário”, partilhou.
Ambições além fronteiras
A presença constante em congressos e eventos de cariz internacional não deixa de ser uma forma de divulgar o trabalho que desenvolvem mas vai muito mais além. O objetivo primeiro é encontrar os parceiros ideais. Apesar de se definir como um “patriota” e de continuar a trabalhar para que o nome da empresa se solidifique no mercado nacional, Jaime Rocha Gomes sabe que o caminho está lá fora. Falamos da China, Índia, Singapura ou Brasil, países já de si muito recetivos à inovação, o que, infelizmente, ainda não se sente muito no seio das empresas têxteis portuguesas. “Aqui, salvo algumas exceções, a inovação nas empresas do setor têxtil fica sempre um pouco no fim da linha. Neste momento, elas estão a sobreviver bem mas não olham para o futuro. Possuem máquinas muito evoluídas, têm uma estrutura consolidada, bons canais de distribuição e, no fundo, encontram-se bem. Mas, não estão a procurar a inovação que nós produzimos”, defendeu Jaime Rocha Gomes. Apesar de atenta a oportunidades que possam surgir, a Ecofoot não desperdiça tempo, procurando os parceiros estratégicos, dentro e fora de Portugal. Além de novos mercados, o spin-off académico da Universidade do Minho quer entrar noutras áreas, nomeadamente as tintas de alto valor acrescentado, como as tintas de impressão e de estamparia digital. Além disso, por estarmos a falar de um produto que é um nanopigmento, tem igualmente interesse para tintas de automóvel e outras aplicações que exigem uma solução com maior cobertura e maior resistência à luz. No final, já quando questionado sobre o percurso que a nanotecnologia está a fazer e o impacto crescente associado, Jaime Rocha
Equipa da Ecofoot
Gomes mostra-se cauteloso, levantando algumas dúvidas. Para o responsável, a nanotecnologia vai evoluir, sem sombra de hesitações. “Mas nos têxteis, cosméti-
cos e tudo o que esteja em contacto com a pele, haverá um maior controlo ligado ao tamanho e à substância que forma a nanopartícula”, concluiu.
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NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Dias de Sousa, S. A. e a Nanotecnologia
“Existimos para criar valor” Credibilidade, excelência, rigor, inovação, qualidade. Tudo isto são características intrínsecas a inúmeras empresas existentes em Portugal e que diariamente lutam e buscam incessantemente por elevar o nome do nosso país internamente e além-fronteiras. A Dias de Sousa, Instrumentação Analítica e Científica, S. A, empresa do grupo com semelhante nome, será sempre um dos desses casos positivos e é hoje, cada vez mais, um dos principais players existentes no fornecimento ao mercado luso de produtos e serviços na área dos equipamentos analíticos e científicos.
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riada há cerca de três décadas, mais concretamente em 1982, a Dias de Sousa SA tem vindo a protagonizar uma página de sucesso, num livro que se tivesse um título, seria «A Arte para um Crescimento Inovador». A Revista Pontos de Vista conversou com Pedro Laranjeira e Paula Lourenço Cid, respectivamente Director Geral e Directora Comercial da empresa, que expuseram as razões que levaram a empresa a crescer de uma forma tão sustentada ao longo destes 30 anos, a forma como a Dias de Sousa e a Nanotecnologia são indissociáveis, lembrando ainda que o grande desiderato da empresa passa por ser a número 1 em território nacional, embora a satisfação por um lugar no «pódio» seja evidente. “Sabemos naturalmente da nossa qualidade e mais-valia e sabemos que é obrigatório respeitar os nossos concorrentes, pois só com eles é que podemos evoluir para sermos cada vez melhores e nunca estagnar”, esclarece Pedro Laranjeira. Como já foi salientado, crescimento e progressão têm feito parte do ADN da Dias de Sousa SA ao longo dos anos. As razões? Acima de tudo pela aposta e investimentos realizados ao nível humano, ou seja, em termos de competências necessárias para fomentar um enquadramento tecnológico aos clientes, permitindo assim à empresa um diálogo frutífero com o mercado, sejam eles Universidades, Institutos de Investigação, Indústrias, entre outros. “Tem sido uma batalha dura, até pelo actual contexto económico, mas temos ultrapassado os obstáculos que surgem, cooperando com os nossos parceiros e inovando junto dos clientes para assim aportarmos soluções interessantes e muitas vezes pioneiras ao mercado. Essa é a forma que temos encontrado para marcar a diferença e, um pouco a contra ciclo da realidade do país, nos últimos três anos temos crescido ao nível de facturação e volume de negócios. Existimos para criar valor acrescentado no mercado/clientes”, esclarece Paula Lourenço Cid.
“Desbloquear soluções em prol de projectos de referência”
Sabendo que o mercado não pára e que as mutações são diárias, a Dias de Sousa SA não se limita a fechar-se no seu universo, apostando «apenas» nas suas ideias. Desta forma, a empresa conhece o mercado e sabe que existem nichos do mesmo que permitem o desenvolvimento de soluções inovadoras. “Desta forma conseguimos ter soluções diferenciadoras e inúmeras vezes pioneiras no mercado. É esta forma de actuar que nos caracteriza e que tem permitido o desenvolvimento do projecto”, advoga o nosso interlocutor, assegurando que a postura da Dias de Sousa SA tem como desiderato aportar conhecimento, saber e mais-valias a todos os players de mercado, dando ainda o exemplo de um caso real e que teve
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Paula Lourenço Cid e Pedro Laranjeira
Tem sido uma batalha dura, até pelo actual contexto económico, mas temos ultrapassado os obstáculos que surgem, cooperando com os nossos parceiros e inovando junto dos clientes para assim aportarmos soluções interessantes e muitas vezes pioneiras ao mercado. Essa é a forma que temos encontrado para marcar a diferença e, um pouco a contra ciclo da realidade do país, nos últimos três anos temos crescido ao nível de facturação e volume de negócios. Existimos para criar valor acrescentado no mercado/clientes
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Fomos dos primeiros a trabalhar com grupos a nível académico nesta área. Permitimos que os grupos de investigação finalizem os seus trabalhos em menos tempo e isso é essencial porque tanto permite direccionar o trabalho para ir mais além, como possibilita a recolha de dividendos mais celeremente. Isto vê-se e é palpável no mercado
na Dias de Sousa SA a alavancagem que necessitava. “Existia um grupo de investigação, de uma universidade de relevo no país, que estava a desenvolver um trabalho que implicava um estudo a longo prazo, ou seja, três anos, no sentido de se perceber se de facto tinha sustentabilidade. Entrámos em contacto com esse cliente e introduzimos uma representada nossa, munida tecnologicamente, e o que eles teriam de fazer em três anos, foi possível fazer em poucas horas. Isto demonstra como conseguimos, através da nossa capacidade inovadora e dos nossos recursos humanos desbloquear soluções em prol de projectos de referência. Neste caso, além de terem sido eliminados custos operacionais, proporcionamos uma ajuda eficaz a um grupo de investigadores, permitindo um grande avanço a nível tecnológico e de desenvolvimento do produto, principalmente em áreas tão importantes como a Nanotecnologia, que foi o caso”, salienta Pedro Laranjeira. Além das parcerias e da cooperação, a Dias de Sousa SA dinamiza mais actividades com este fito, ou seja, através de congressos, seminários, apresentações, “em que procuramos disseminar o que existe em termos tecnológicos e que podem ser fundamentais para o cliente final, em qualquer segmento como
polímeros, nanotecnologia, pré clínica, entre outras”.
Responder a todos os desafios na Nanotecnologia
Se é uma realidade que a Nanotecnologia tem vindo, ao longo dos últimos 20 anos, a crescer, não é menos verdade que esta inovação é o futuro e pode revolucionar todos os segmentos tal como os conhecemos, tendo sempre como perspectiva a melhoria da qualidade de vida da sociedade. A Dias de Sousa SA não quis ficar de fora neste domínio e portanto não se pode falar em Dias de Sousa SA dissociando-a da dinâmica da Nanotecnologia, pois a empresa liderada por Pedro Laranjeira é uma das responsáveis pela introdução deste conceito/inovação em Portugal. “Fomos dos primeiros a trabalhar com grupos a nível académico nesta área. Permitimos que os grupos de investigação finalizem os seus trabalhos em menos tempo e isso é essencial porque tanto permite direccionar o trabalho para ir mais além, como possibilita a recolha de dividendos mais celeremente. Isto vê-se e é palpável no mercado”, advoga Paula Lourenço Cid. É um facto que a Nanotecnologia tem vindo a crescer, principalmente no domínio das aplicações, que têm permitido
este boom da mesma. É importante frisar que em Portugal existem trabalhos de nomeada no âmbito da Nanotecnologia e isso pode ser comprovado pelos galardões com os quais foram premiados diferentes investigadores ao longo dos anos, alguns únicos no panorama nacional, embora fosse salutar existirem mais grupos definidos, uma rede de laboratórios superior, “no fundo entidades que promovam a comunicação entre esses grupos, pois representaria o alavancar
de um crescimento mais consistente a nível da investigação nanotecnológica”, assume Pedro Laranjeira. A Dias de Sousa SA possui a capacidade para responder a qualquer desafio ao nível da Nanotecnologia, e isso é transversal às aplicações que os seus clientes possuem. “Temos diversas soluções que participam em várias etapas de todo o processo. Basta que haja uma equipa com desafios que temos resposta aos mesmos”.
Dias de Sousa SA Internacional Apesar de reconhecerem que o mercado interno é o seu foco e que foi este que permitiu o posicionamento da empresa nos dias de hoje, os nossos entrevistados abordaram também a internacionalização da mesma, passo que foi dado em 2006. “Nesse ano percebemos que tínhamos que antecipar uma possível crise macro e micro económica, que veio acontecer entretanto, e iniciámos contactos com diversos parceiros presentes em outros países. Desta forma, temos vindo a consolidar a nossa presença paulatinamente em mercados como Brasil, Espanha, Marrocos, Palop’s, entre outros. O nosso desiderato passa por levar soluções das nossas representadas ligadas à parte dos materiais/ nanotecnologia para esses países”, revela Pedro Laranjeira, salientando que este processo não tem sido fácil. “Não somos um produtor, mas um distribuidor, e isso provoca sempre alguns problemas, porque é complicado distribuir algo que já é por vezes distribuído localmente. Mas pouco a pouco vamos conseguindo elevar a nossa presença internacional, jamais esquecendo o mercado interno, que é essencial para nós”, concluem os nossos interlocutores.
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NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Orfeu Flores, CEO da STAB VIDA, assegura em entrevista
“A marca está associada a Qualidade”
Marca reconhecida em diversos segmentos de mercado, A STAB VIDA pretende continuar a crescer de futuro, tendo como desiderato primordial a entrada nos laboratórios de rotina de diagnóstico de doenças infeciosas e os de doenças oncológicas, não apenas pela prestação de serviços, mas também pela venda de equipamentos e consumíveis – todos baseados em nanotecnologias. A Revista Pontos de Vista conversou com Orfeu Flores, CEO da STAB VIDA, que deu a conhecer um pouco mais de uma marca que aposta na qualidade e excelência. Foi em meados de 2001 que a STAB VIDA foi criada, tendo como desiderato inicial a comercialização de uma invenção universitária. Passados 12 anos, que balanço é possível fazer da atuação e intervenção da marca no mercado? Passados 12 anos somos uma marca já conhecida em vários segmentos de mercado, nomeadamente investigadores universitários, laboratórios de diagnóstico e médicos geneticistas em Portugal e em Espanha. A marca STAB VIDA tem boa perceção no mercado, associada a qualidade e velocidade na análise de amostras biológicas.
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A STAB VIDA pretende ser THE HOME FOR GENE TECHNOLOGY e ser conhecida na Europa pela elevada qualidade da sua investigação e dos seus serviços nas áreas da genómica e proteómica. De que forma têm conseguido atingir este desiderato? Quais têm sido as maiores dificuldades? A STAB VIDA tem um conjunto de laboratórios e rotinas implementadas com o objetivo de produzir dados genéticos de alta qualidade para os profissionais que precisam desta informação. Notamos que a quantidade de dados requerida pelos clientes é cada vez maior, e que essa tendência veio para ficar a nível global. A quantidade de BIG DATA produzida diariamente por laboratórios especializados como o nosso é crescente em forma exponencial. Temos estado a investir fortemente em tecnologia e equipamentos com grande capacidade de produção massiva de resultados, e estamos a expandir a localização dos laboratórios para grandes cidades europeias, tais como Madrid e Milão. As maiores dificuldades têm sido o enorme custo do investimento e a concorrência de grandes empresas com enorme capacidade laboratorial e cujos comerciais abordam os mesmos clientes que a STAB VIDA. Nomeadamente, temos uma competidora alemã, de tamanho médio, uma competidora coreana, também de tamanho médio, e uma competidora chinesa de tamanho gigante.
Orfeu Flores e equipa da Stab Vida O facto de operarem a partir de uma sólida base de clientes na área da investigação das ciências da vida, instituições governamentais, empresas farmacêuticas e de biotecnologia e hospitais aporta-vos outro know-how na análise de soluções e aplicações? A melhor vantagem que retiramos do tipo muito particular da carteira de clientes é que com alguns deles desenvolvemos parcerias reversas: de fornecedor passamos a ser clientes diretos dele. Sendo os nossos clientes profissionais muito avançados tecnologicamente, e com produção científica original, acabamos por colaborar para o avanço da própria inovação tecnológica da STAB VIDA, incorporando o seu conhecimento. Com isto garantimos que a nossa R&D avança mais rapidamente e a um custo muito inferior caso não beneficiássemos deste out-sourcing. O objetivo de comercializarmos as nossas próprias inovações fica mais alcançável. Quais são as principais características da marca? O que vos leva a ser consideradas uma empresa inovadora? A marca está associada a qualidade (somos empresa certificada ISO 9001), velocidade (somos mais rápidos que todos os nossos competidores), exportação (50%) e a participação ativa em projetos europeus (neste momento somos coordenadores de 2 projetos FP7 e par-
ticipamos numa rede internacional de doutoramentos Marie Curie). Temos várias patentes registadas e um protótipo de diagnóstico inovador em fase de validação clínica. Alem do mais, não sendo académicos, temos publicado uma média de 3 artigos científicos anualmente, em revistas internacionais, uma delas com fator de impacto bastante elevado.
De que forma analisa o crescimento da tecnologia da genética? O facto de estarem a ser criadas bases para novos produtos e mercados é positivo para o setor? A genética sofreu uma revolução no espaço de 3 ou 4 anos. O que era antes não tem nada a ver com o que é agora. De cromossomas pintados e regiões de genes sequenciadas em meses, passou a Exomas, Transcriptomas, Genomas e Painéis múltiplos de genes em dias, senão horas nalguns casos. O factor limitante passou a ser a informática que não consegue analisar estes dados massivos ao mesmo ritmo. Todo o mundo dos profissionais clínicos tem agora o acesso benéfico a informação global sobre um paciente e os genes multifatoriais da doença. Acredito que as terapias serão mais personalizadas e por isso, mais eficazes. Sei que os pacientes vão beneficiar e muito, e sinto que a ciência avançará a um ritmo acelerado. Há muito por fazer a nível mundial. Estamos cá para isso!
No âmbito da vossa intervenção, qual a importância da Nanotecnologia? De que forma é que a orgânica da STAB VIDA e da Nanotecnologia estão interligadas? A nanotecnologia é que tornou possível a sequenciação massiva que já é rotina implementada nos nossos laboratórios. Por exemplo, utilizando um chip de sequenciação com milhões de pequenos poços, mas que cabe num dedo da mão, já podemos analisar o ADN de 48 bebés recém-nascidos e em menos de uma tarde analisar os seus genes para as doenças de fibrose quística, galactosemia, fenilcetúria e hiperplasia adrenal congénita. Alem do mais, a STAB VIDA usa a nanotecnologia para as nossas 3 linhas de I&D mais importantes: - Nanopartículas funcionalizadas com anticorpo específico para limpar as placas cerebrais de beta-amiloide causadoras da doença de Alzheimer; - Nanopartículas de ouro funcionalizadas com sondas de DNA para diagnóstico POC (“point of care”) e escolha da terapia adequada para cancro do pulmão a partir de sangue periférico do paciente; - Chip de diagnostico com canais microfluídicos e nano partículas quantum dots para despiste rápido e sensível da doença de Lyme.
Quais são os principais desafios de futuro que se colocam à STAB VIDA? Dos muitos desafios que se colocam, a nós como a qualquer iniciativa empresarial, destacaria o desafio da ainda maior internacionalização, com a inerente competição que isso acarreta, e o desafio de entrada em mercado dos nossos novos protótipos validados. Se tudo correr bem, continuaremos a crescer cerca de 20 por cento ao ano como até aqui e iremos entrar nos laboratórios de rotina de diagnóstico de doenças infeciosas e os de doenças oncológicas, não apenas pela prestação de serviços, mas também pela venda de equipamentos e consumíveis – todos baseados em nanotecnologias. LER NA INTEGRA EM WWW.PONTOSDEVISTA.PT
A STAB VIDA é um laboratório de biotecnologia. A nossa missão consiste em inovar e em adotar novas tecnologias na área da biotecnologia, através da investigação e desenvolvimento, aquisição de novas tecnologias, e na comercialização adequada dos produtos e serviços no mercado global. Desenvolvemos e realizamos serviços inovadores em genómica, para atender as necessidades dos laboratórios de pesquisa de ciências da vida, tais como: Sequenciação Sanger, Sequenciação NextGen, Síntese de Primers, Genotipagem. Madan Parque, Rua dos Inventores, Salas 2.18 e 2.19 2825-182 Monte de Caparica - Setúbal
E-mail: info@stabvida.com www.stabvida.com
Tel: +351 21 043 8606 Fax: +351 21 043 8608
NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Teresa Peña, Presidente da Sociedade Portuguesa de Física, em entrevista
Pontos de Vista Novembro 2013
“Um país sem ciência não é um país verdadeiramente soberano” “Temos de consciencializar tanto dirigentes responsáveis, como o cidadão que paga impostos, para a importância do investimento científico em Portugal”, afirma convicta Teresa Peña, Professora do Instituto Superior Técnico e Presidente da Sociedade Portuguesa de Física, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Saiba mais da Sociedade Portuguesa de Física, uma entidade que tem como desiderato primordial promover o desenvolvimento da Física e a criação de talento. O que é a Sociedade Portuguesa de Física? A Sociedade Portuguesa de Física (SPF) é uma sociedade privada sem fins lucrativos, com o estatuto de utilidade pública, que agrega cientistas e professores, de várias gerações, e com interesses em áreas diferentes da Física. O que os une é o objetivo de motivar, promover o desenvolvimento da Física e a criação de talento. Parte essencial da atividade da SPF é comunicar o valor da cultura científica. Nomeadamente, através de palestras, conferências, edição de uma Revista, a Gazeta de Física, organização das Olimpíadas Nacionais e Internacionais de Física. A literacia científica é indispensável hoje para o exercício pleno da cidadania. A Física, como uma âncora para a Química, a Biologia, a Engenharia, permite respostas em áreas várias - ambiente, energia, biomedicina, sistemas de saúde, engenharia mecânica, engenharia civil, arquitetura.
Porque é importante investir em ciência? Um país sem ciência, sem investigação científica, não é um país verdadeiramente soberano. É vulnerável e mais dependente de outros países. Tanto nas crises, em que é preciso canalizar respostas a problemas, como fora delas, onde fica limitado a consumir inovação, sem definir que inovação melhor responde às suas especificidades próprias - da história, da geografia, da genética, dos recursos naturais, etc. Temos de consciencializar tanto dirigentes responsáveis, como o cidadão que paga impostos, para a importância do investimento científico em Portugal. Por outro lado, o processo de fazer ciência, pela sua natureza e para ter impacto, tem de ser internacional. A metodologia da Física exige verificação e validação por grupos independentes, e usa colaborações em grandes instalações experimentais que não faz sentido replicar em vários países. A SPF é membro da European Physical Society (EPS) , International Union of Pure and Applied Physic (IUPAP), European Federation of Organizations of Medical Physics (EFOMP), International Organization of Medical Physics (IOMP). Com estas instituições, participa na organização de conferências e em corpos editoriais de revistas especializadas. Com a EFOMP, por exemplo, a SPF colaborou recentemente no Projeto de análise de risco em radioterapia, “Guidelines on a risk analysis of accidental and unintended exposures in radiotherapy”.
A Ciência em Portugal evoluiu imenso nos últimos 30 anos. Ultrapassámos o hiato que havia relativamente à média europeia. É necessário que o conhecimento ganho não se perca, o que exige investimento continuado. Sem ele, podemos regredir décadas e a recuperação pode sair cara ou nunca acontecer. Por fim, tal como para aplicar matemática é preciso conhecer regras de cálculo, a existência de ciência aplicada exige o desenvolvimento da ciência fundamental. A investigação aplicada caminha a par da investigação fundamental. E esta estimula a investigação interdisciplinar. O detetor de partículas CMS que no CERN permitiu a descoberta da partícula Higgs é o dispositivo de física de estado sólido mais poderoso jamais construído pelo homem - para conseguir processar e separar os resultados de colisões a uma taxa de 1 bilião de colisões por segundo.
Para que serve a Física? Dois dos alicerces do estilo de vida e economia atual, o acesso fácil à energia, e a globalização quase instantânea da comunicação, resultaram de duas revoluções tecnológicas com epicentro em descobertas da Física. Uma foi a Revolução Industrial, que modificou radicalmente a forma e utilização da produção de energia e a produção de bens. Outra foi a Revolução Digital, que transformou profundamente a forma de processar e transmitir de informação. A primeiro veio com o sucesso nos séculos XVIII e XIX da Física Clássica da Termodinâmica e do Eletromagnetismo. A segunda nasceu no século XX com a compreensão do comportamento da matéria ao nível dos átomos, pela Física Quântica. Os elementos ou eletrónica do hardware dos computadores são sistemas descobertos no quadro da Mecânica Quântica - sem que muita gente tenha consciência disso. O mundo da Nanotecnologia é o mundo da Mecânica Quântica. As revoluções industriais e de informação massificaram o acesso à energia e informação. De formas diferentes, estabeleceram a interconectividade geral de hoje. Tornaram o ser humano simultaneamente mais autossuficiente e mais interligado. Este é também o paradoxo da vida e economia atual: sobrevive quem é mais autónomo e mais global. E o futuro? A próxima grande revolução poderá acontecer de novo na produção, armazenamento e distribuição da energia. A energia
move tudo, da mais pequena célula viva ao homem, às suas extensões civilizacionais, as casas que habitamos, os computadores que usamos, as múltiplas indústrias de que dependemos. Sendo o Sol a nossa fonte primeira de energia, quase inesgotável, chega-nos à Terra anualmente 1.5x1018 kWh/ ano (só 25000 vezes mais do que consumimos já, na presente era dos Terawatt). Mas apenas as células fotossintéticas das plantas transformam diretamente a energia solar em nutrientes complexos que sustentam o metabolismo e crescimento de outras células das plantas e não só. Podemos quase dizer que somos parasitas das plantas - pelos alimentos que consumimos, e no nosso de vida, pelos combustíveis fósseis que gastamos. E um dos grandes desafios do futuro é aproveitar diretamente a energia do Sol, diminuindo o recurso a combustíveis fósseis. O que tem de se conseguir, por exemplo, aumentando a eficiência de células fotovoltaicas tradicionais
Teresa Peña dos painéis solares, e explorando células orgânicas, ou outras baseadas em novos sistemas quânticos como “quantum-dots” ou grafeno. A descoberta do grafeno foi contemplada com o Prémio Nobel de 2010. É um material único: combina a resistência do ferro, a condutividade do cobre, a leveza do alumínio. Pode abrir um mundo novo.
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NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Pedro Pinto, CEO da Smart Inovation, afirma
“O impacto da Nanotecnologia nas pessoas será da mesma ordem de grandeza como aconteceu com a luz, telefone e computadores” A mediatização e o desenvolvimento de todas as vertentes relacionadas com a Nanotecnologia são atualmente uma evidência, onde Portugal começa inclusive a figurar como pioneiro na investigação da aplicação da Nanotecnologia em determinadas áreas. Fomos conversar com Pedro Pinto, CEO da Smart Inovation (Si), marca que tem vindo a promover um papel essencial no âmbito da Nanotecnologia em Portugal e não só. Saiba mais de uma tecnologia que promete revolucionar o mundo.
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Smart Inovation apresenta-se como uma empresa de I&D que desenvolve soluções na área da Nanotecnologia. Tem um centro de produção de nanoparticulas com dois reatores com capacidade de duas toneladas cada. Além disso, possui ainda dois laboratórios, um de caracterização e outro de experimentação, estando ainda preparada com um espaço de incubação. “Isto é uma unidade de produção de nano partículas à escala industrial, sendo a única no país e na Europa a deter esta capacidade instalada”, afirma o nosso entrevistado. “A tecnologia «made in» Smart Inovation é uma plataforma de transporte de substâncias ativas, que permite conferir novas propriedades e características a diversos tipo de materiais” assume Pedro Pinto. Mas em que materiais pode esta tecnologia, já com marca registada pode ser aplicada? “Em vários tipos de materiais, como as tintas, o verniz o papel, o têxtil e os polímeros”. Mas afinal quais são as principais mais-valias da Nanotecnologia? Para o nosso interlocutor «o céu é o limite» no que concerne à aplicação da Nanotecnologia. “O impacto da Nanotecnologia nas pessoas será da mesma ordem de grandeza como aconteceu com a luz, telefone e computadores. Trará novas e melhores soluções para a resolução dos problemas que diariamente se nos apresentam bem como virá revolucionar todo o tipo de indústria. Hoje, através da Nanotecnologia, podemos fazer uma imensidão de coisas, que no passado era impossível. Pode ser aplicada a qualquer mercado, desde têxtil, saúde, agricultura, construção civil, tintas, desporto, ambiente, papel, entre outros”, assevera Pedro Pinto, revelando ainda algumas parcerias como a Barbot e a Nanotint no âmbito das tintas, Lameirinho, Enamorata, A. Pimenta e Moretêxtil na área têxtil são alguns dos exemplos de muitos outros que estamos a efetuar. “Esta é uma tecnologia acessível em termos de aplicação, versátil e ecofriendly. Por exemplo para pintar uma habitação T3 o valor de custo de pintar a casa é muito acessível face ao benefício que
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Uma das grandes vantagens da nossa tecnologia é utilizar um repelente e não um inseticida que permite às pessoas estarem sossegadas quanto ao grau de toxicidade. Já imaginou o que era as crianças lá em casa em permanente contacto com o inseticida
Pedro Pinto tem ficando as pessoas com uma casa repelente a mosquitos”, salienta o nosso entrevistado, assegurando que a eficácia dos produtos da SI “ronda os 95 por cento”. “Uma das grandes vantagens da nossa tecnologia é utilizar um repelente e não um inseticida que permite às pessoas estarem sossegadas quanto ao grau de toxicidade. Já imaginou o que era as crianças lá em casa em permanente contacto com o inseticida”.
Consolidar marca em mercados externos
Apesar das evidentes vantagens da utilização da Nanotecnologia e da curiosidade que as pessoas têm na mesma, Pedro Pinto revelou contudo as dificuldades ainda existentes e que têm funcionado como um obstáculo à implementação da tecnologia. “Isto é uma tecnologia que
não se vê e como tal as pessoas têm alguma dificuldade em entender a eficácia e os resultados da sua aplicação. Para que tal não aconteça todos os nossos produtos são testados e certificados pelos diversos organismos e médicos como é o caso do IHMT – Instituto de Higiene e Medicina Tropical, e o Dr. Sousa Basto especialista na área da dermatologia”. África e Mercosul são dois destinos bastante atraentes para a Si, estando a ser movidos esforços para que a marca evolua nos mesmos. “Em África temos tido um bom acolhimento alicerçado na parceria com o IHMT, que possui uma enorme credibilidade, facto que confere uma garantia superior aos nossos produtos”. Assegurando que seria um passo de «gigante» se existissem mais apoios estatais bem direcionados a estas tecnologias pois tem havido investimentos
em projetos que não fazem sentido nenhum. Para Pedro Pinto as mais-valias não se vislumbram apenas na eficácia dos produtos mas também a economia dos países seria beneficiada como é o caso das doenças “nosocomiais”, onde a despesa nacional dos diversos Estados é enorme. Em Franca, por exemplo, gasta-se cerca de mil milhões de euros por ano no tratamento destas doenças. Nos EUA ocorrem cerca de 1,7 milhões de infeções anuais provocando cerca de cem mil mortes anuais. Estes custos, podiam ser bastante atenuados com a utilização do bactericida desenvolvido pela Si nos hospitais quer ao nível da roupa das camas como nas roupas usadas pelos agentes de saúde. “O bactericida que usamos é um produto que aniquila qualquer infeção e a utilização do mesmo é simples e cómoda, podendo até ser feita em casa na máquina de lavar roupa, tal Produtos Smart Inovation -Bactericida -Repel mosquito -Térmitas -Pé de atleta -Pé diabético -Frieiras
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Iremos estar sempre à procura de novas aplicações e soluções que permitam às diversas industrias tradicionais incorporar valor acrescentado proporcionando-lhes novos mercados e ganhos de competitividade como já várias empresas o fizeram. Podemos criar muito mais a partir do que já foi feito e queremos ser uma referência nesta área
como se coloca o detergente ou o amaciador”, assume Pedro Pinto. “O problema é que quando se trata de organizações do Estado são sempre processos demasiado morosos e difíceis de tratar”. São diversos os projetos onde a Si está envolvida e todos eles com enorme re-
levância e capacidade para revolucionar diversos mercados. Questionámos o nosso interlocutor sobre os principais desafios de futuro da Si. “Em 1º lugar consolidar as parcerias nos diversos países para que a nossa tecnologia chegue às pessoas e organizações. O mercado
Africano e o Mercosul são prioritários e acredito que a entrada nos mesmos não será complicada pois temos produtos muito atraentes e as negociações têm decorrido a bom ritmo”. Em 2º lugar sendo uma empresa de I&D será crucial consolidar o papel do Conselho Consultivo e Cientifico liderado pelo Prof. Vasco Teixeira na vigilância tecnológica, captação de novos projetos e divulgação da tecnologia nos diversos fóruns de opinião a nível global. Por último a Internacionalização da produção dos nossos produtos de forma a agilizar a logística e acima de tudo reduzir o custo ao nível dos impostos de importação que proliferam nos diversos países e que aumentam imenso o preço dos nossos produtos”, salienta Pedro Pinto, assegurando que assim e no que à Nanotecnologia concerne, “iremos estar sempre à procura de novas aplicações e soluções que permitam às diversas industrias tradicionais incorporar valor acrescentado proporcionando-lhes novos mercados e ganhos de competitividade como já várias empresas o fizeram. Podemos criar muito mais a partir do que já foi feito e queremos ser uma referência nesta área”, finaliza o CEO da Smart Inovation, Pedro Pinto.
Para quem não conhece. O que é a Nanotecnologia? “A nanotecnologia é a capacidade potencial de criar coisas a partir do mais pequeno, usando as técnicas e ferramentas que estão a ser desenvolvidas nos dias de hoje para colocar cada átomo e cada molécula no lugar desejado. Se conseguirmos este sistema de engenharia molecular, o resultado será uma nova revolução industrial. Além disso, teria também importantes consequências econômicas, sociais, ambientais e militares. Para quem não sabe 1 nano é um milhão de vezes mais pequeno que o milímetro”.
Entidade agregadora urge no setor Sendo este um setor em constante mutação, para Pedro Pinto, o grande problema passa, ainda, pela pouca organização do mesmo, que poderia ser colmatada com a criação de uma instituição aglutinadora dos interesses de todos os players existentes, desde empresas, organizações e universidades. “Seria de facto importante a criação de um “cluster” que agregasse e unisse todos estes interesses. Temos pessoas de enorme valia neste setor e projetos interessantes em desenvolvimento. Será um erro estratégico para o País se tal não vier acontecer e tornará muito mais difícil o desenvolvimento da nanotecnologia”, revela Pedro Pinto.
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NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Tito Trindade, Diretor do Programa Doutoral em Nanociências e Nanotecnologia e Membro do Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO) da Universidade de Aveiro
“Apostar em nanotecnologia significa apostar em ideias inovadoras” Nas suas diversas vertentes, a nanotecnologia e as nanociências há muito tempo que despertaram a atenção da Universidade de Aveiro (UA) que materializou esse interesse, em outubro de 2012, com a criação de um agrupamento interdisciplinar conhecido como Instituto de Nanotecnologia de Aveiro (AIN) que congrega três principais unidades de investigação: o CICECO, o TEMA e o I3N (Polo de Aveiro). Trata-se de “um instituto que visa o desenvolvimento e otimização de iniciativas na área da nanotecnologia, de modo a potenciar e projetar internacionalmente a investigação e formação da UA nesta área”, explicou Tito Trindade, Membro do Laboratório CICECO.
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lém de Membro do Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO), Tito Trindade é Diretor do Programa Doutoral em Nanociências e Nanotecnologia na Universidade de Aveiro. Suportado pelo AIN (Instituto de Nanotecnologia de Aveiro), este programa que vai já na sua quinta edição foi pioneiro em Portugal e tem como objetivo formar profissionais altamente qualificados nestas áreas. Mas os planos não ficam por aqui. “Pretende-se alargar horizontes, nomeadamente estabelecendo convénios de colaboração e captando novos talentos para esta área”, esclareceu Tito Trindade. Através das unidades que o sustentam, o AIN tem procurado também estimular o diálogo sobre esta área, estabelecendo pontes com investigadores da UA com interesse em nanotecnologia, tal como referiu Tito Trindade que deu como exemplo a investigação desenvolvida em parceria com o laboratório CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar) no âmbito da nanotecnologia aplicada ao ambiente e estudos de ecotoxicologia. Esta é, inquestionavelmente, uma área com potencial no país e, tanto a comunidade científica, como as universidades, como as próprias indústrias têm estado atentas. A Universidade de Aveiro não é exceção. A produtividade nesta área tem crescido, tanto em quantidade como em qualidade e essa aposta, a nível mundial, pode ser comprovada pelo crescimento
Tito Trindade
do número de citações internacionais aos artigos científicos publicados pelos seus investigadores. Já de âmbito nacional, “a UA tem atualmente uma contribuição muito significativa na área nano, como facilmente pode ser verificado utilizando as bases de dados bibliométricos disponíveis”, ressalvou o investigador. Este facto lança a UA para o topo das instituições que desenvolvem investigação nesta área. Mas é na vertente dos nanomateriais que a universidade
“A Nanotecnologia é na sua génese e prática uma área de conhecimento interdisciplinar, em que se cruzam conhecimentos provenientes da Física, Química, Biologia e diversas engenharias, entre outras especialidades. Não surpreende pois que tenha implicações em diversas áreas, tomando partido de novos produtos que podem ser formulados e propriedades novas que podem ser exploradas em dispositivos inovadores” Tito Trindade
se destaca. Aliás, em 2013, no Ranking Taiwan 2013 para a produtividade científica, a UA surge num honroso vigésimo lugar para a área dos materiais a nível europeu, uma conquista vanguardista para Portugal. Para Tito Trindade, “isto demonstra bem a dinâmica da UA nesta área que naturalmente, para além do CICECO, conta também com contribuições de outras unidades de investigação, nomeadamente as que suportam o AIN”. Este reconhecimento “atesta a elevada qualidade da investigação que a UA desenvolve e continuará a desenvolver nesta área”, concluiu.
Maior Instituto Português em matéria de Engenharia e Ciência dos Materiais
Constituído em março de 2002, o CICECO é hoje o maior instituto nacional no campo da ciência dos materiais e engenharia e que se tem destacado pela excelência da investigação que desenvolve em materiais. As competências desta equipa de investigação, que aumentou nos últimos dez anos, têm sido reconhecidas além fronteiras, “em
particular ao nível de processos de síntese, caraterização e processamento de nanomateriais”, salientou o responsável. Atualmente, o CICECO tem conduzido vários trabalhos que se destacam pelo seu impacto nesta área. Tito Trindade ressalvou dois domínios que envolvem Revista Pontos de Vista – Portugal está a conseguir acompanhar a rápida evolução em nanotecnologia? Tito Trindade – Tendo em conta o que se faz atualmente em nanotecnologia, Portugal tem excelentes centros a nível internacional. Nos últimos anos apareceu no país um número significativo de centros e laboratórios dedicados às nanociências e à nanotecnologia, dispersos por todo o país. A comunidade científica portuguesa tem estado atenta, tem correspondido positivamente e era importante que esse investimento fosse mantido.
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A UA tem atualmente uma contribuição muito significativa na área nano, como facilmente pode ser verificado utilizando as bases de dados bibliométricos disponíveis
equipas de vários investigadores: “a investigação em novos nanomateriais para medicina, como por exemplo para entrega controlada de medicamentos, terapia fototérmica, bioimagem utilizando nanopartículas luminescentes e/ou magnéticas, nanotermometria e a avaliação de efeitos ao nível da saúde humana (nanotoxicologia) da aplicação de nanomateriais. Outro exemplo na área dos materiais é a utilização de nanocápsulas para proteção de reparação de superfícies de materiais, por exemplo em processos de corrosão”, esclareceu.
Inovação e Nanotecnologia
Pela natureza dos materiais e dos procedimentos que se vão desenvolvendo a montante, para Tito Trindade não há dúvidas de que existe uma relação muito íntima entre inovação e nanotecnologia. Aliás, cada vez mais permanece a ideia de que a nanotecnologia pode ser transformada em inovação empresarial e em empreendedorismo. Para tal também importa distinguir nanociências de nanotecnologia, uma ponte que nos foi descrita por Tito Trindade. Enquanto as primeiras são geralmente identificadas como “aspetos de natureza mais fundamental, por exemplo preparação de novos nanomateriais e estudo de fenómenos à nanoescala”, a nanotecnologia
utiliza esse conhecimento em aplicações práticas, com o desenvolvimento de novos produtos e dispositivos mais eficientes. Em suma, a inovação surge quando este conhecimento é aproveitado. Apesar dos importantes passos dados neste domínio, o caminho é longo e Portugal ainda tem muito que “crescer ao nível da transferência de nanotecnologia de centros de investigação para o tecido produtivo”, salientou o investigador.
Uma área com enorme potencial
Apostar em nanotecnologia acaba por ser um caminho inevitável. É uma área em crescimento e já muitos falam esta linguagem, incluindo Portugal que tem assistido nos últimos anos ao aumento do número de centros e laboratórios de investigação com interesses nesta área, a par do elevado número de projetos financiados internacionalmente. Aqui, o papel dos jovens investigadores, considerados como um recurso precioso no sistema científico nacional, afigura-se crucial. São dinâmicos, empreendedores e portadores de ideias inovadoras, um caminho que cruza com o da nanotecnologia. Assim, “apostar em nanotecnologia significa apostar em ideias inovadoras em que a juventude é pródiga em proporcionar”, concluiu Tito Trindade.
65 Instituto de Nanotecnologia de Aveiro (AIN) é suportado por três unidades de investigação: - CICECO: criado em 2002, tem contribuído para o desenvolvimento da base de conhecimento científico e tecnológico necessária para a produção e transformação inovadora em materiais cerâmicos, híbridos orgânicos-inorgânicos e materiais para um desenvolvimento sustentável (Diretor: João Rocha); - TEMA: Centro de Tecnologia Mecânica e Automação tem como principal missão reforçar o seu papel junto do tecido empresarial e dar o seu contributo para o avanço da ciência e tecnologia a nível nacional e internacional (Diretor: José Grácio); - I3N- Polo de Aveiro: integra uma das maiores instituições portuguesas na área das nanociências e nanotecnologias, à qual foi atribuída o estatuto de laboratório associado em 2006, pelo então Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago (Diretor: Armando Neves).
NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
José Malaquias, Partner da Success Gadget sedeada em Braga
Success Gadget acompanha o novo paradigma da indústria têxtil A nanotecnologia veio trazer novas realidades às mais variadas áreas de atividade. A indústria têxtil não foi exceção. Este novo paradigma abrirá as portas para novos mundos, novos negócios e novas oportunidades. Numa visão do que serão os têxteis do futuro, a Success Gadget é e quer continuar a ser pioneira no desenvolvimento e comercialização de produtos repelentes de mosquitos e anti microbianos associados à nanotecnologia para utilização em larga escala.
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tecnologia foi desenvolvida na Universidade do Minho por uma equipa liderada por Jaime Rocha Gomes, Professor Catedrático na mesma instituição, e está, hoje, a ser explorada em exclusividade pela Success Gadget, “uma empresa cujo centro de atividade está focado na produção e comercialização de produtos com base em nanopartículas para aplicação em têxteis e outros materiais com propriedades antimicrobianas e antimosquito”, explicou José Malaquias, Partner da Success Gadget, em conversa com a Revista Pontos de Vista. Os resultados alcançados nasceram de uma contínua aposta na autonomia e especialização da empresa. Estamos a falar de mais de três anos de trabalho e investigação e de um investimento que supera os 600 mil euros. “Somos hoje autónomos quer em capital humano e financeiro, quer na investigação e desenvolvimento”, evidenciou o responsável. Esta independência tem sido um forte trunfo no momento de responder aos desafios colocados pelo mercado. A par do espírito empreendedor vital a uma empresa jovem e dinâmica, a Success Gadget tem, atualmente, quatro unidades de produção (reatores) que permitem “assegurar o fornecimento imediato dos nossos produtos face às necessidades dos nossos clientes” e garantem a preparação necessária para “triplicar” a produção, tal como está previsto. Aliada à intensiva colaboração com Jaime Rocha Gomes que tem permitido injetar uma contínua qualidade nos produtos, a Success Gadget apresenta-se como uma empresa capaz de desenvolver soluções inovadoras, fortemente direcionadas para as necessidades do mercado e para o bem estar das pessoas. Assim, no domínio da nanotecnologia, biotecnologia, têxteis biofuncionais e saúde, a Success Gadget está em permanente alerta, sabendo identificar oportunidades de negócio que acrescentem valor.
Marca Sil2U
A marca Sil2U é, inquestionavelmente, o fator que diferencia a Success Gadget de outra qualquer empresa presente no mercado. Descrita por José Malaquias como “revolucionária e inovadora”, a tecnologia Sil2U, detida em exclusivida-
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A solução para têxteis vem colmatar algumas lacunas existentes no mercado como sejam a durabilidade, a eficácia e a toxicidade. Temos uma durabilidade e eficácia de longa duração cientificamente comprovada e garantida à lavagem da peça de roupa, o que comparado com as soluções atualmente existentes é, de longe, a mais eficaz José Malaquias
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“Nos testes científicos a Success Gadget trabalha com institutos e laboratórios reconhecidos internacionalmente, nomeadamente: o IHMT (Instituto de Higiene e Medicina Tropical) em Portugal; o Swiss TPH (Swiss Tropical and Public Health Institute) da Suíça e o Siri Life Science da Índia” de pela empresa, “permite uma atuação transversal na utilização de nanotecnologia, conferindo caraterísticas específicas a diversos materiais”, explicou. Através desta tecnologia, a Success Gadget está apta a responder às solicitações com soluções inovadoras nas mais diversas áreas. “Funciona como uma plataforma de princípios ativos que permite funcionalizar diversos materiais utilizando como sistema de transporte nanopartículas de sílica”, explicou José Malaquias.
Principais áreas de atuação
Soluções para a repelência de mosquitos e soluções antimicrobianas recarregáveis. Atualmente e a nível comercial, são estas as duas principais áreas de atividade da empresa. Nas soluções para a repelência de mosquitos, a empresa tem desenvolvido produtos para a área têxtil, conferindo aos tecidos e à roupa propriedades de repelência de longa duração, e para a construção civil, atraO que são Têxteis Biofuncionais? São têxteis que veiculam princípios ativos e interagem com a pele e o ambiente. Surgem da necessidade de se criar materiais biologicamente funcionais com eficácia sobre a pele humana e estão, hoje, focados sobretudo no uso de tecidos que servem de terapia e prevenção no apoio a diversas doenças.
vés de aditivos para tintas, vernizes e argamassas. “A solução para têxteis vem colmatar algumas lacunas existentes no mercado como sejam a durabilidade, a eficácia e a toxicidade. Temos uma durabilidade e eficácia de longa duração cientificamente comprovada e garantida à lavagem da peça de roupa, o que comparado com as soluções atualmente existentes é, de longe, a mais eficaz”, defendeu José Malaquias. Classificado pela EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da América) com o menor grau de toxicidade, o produto base repelente usado pela Success Gadget “é altamente eficaz na repelência de mosquitos e outros insetos, como por exemplo as carraças, sendo inofensivo para mamíferos”, salientou o responsável. Além disso, a empresa está também a comercializar um produto spray repelente de mosquitos de longa duração. Podendo ser aplicado em roupas, tendas de campismo, entre outras, o objetivo é que “cada um de nós possa fazer o seu próprio tratamento à roupa assegurando os efeitos repelentes pretendidos”, explicou.
Presença em mercados externos
Partindo do princípio de que o mercado alvo varia consoante a natureza do produto que está a ser comercializado, José Malaquias, apesar das vicissitudes atuais, não deixa de olhar para o mercado em Portugal. Mas é para o Mundo que a empresa tem os olhos voltados. Quando se fala nos produtos focados na repelência de mosquitos, os mercados “são de-
finidos pela necessidade de combate ao mosquito, quer seja por incómodas pragas sazonais, como a última deste verão no Algarve, quer seja pela necessidade de combate a doenças graves como a malária ou o dengue, como por exemplo, os recentes casos na Madeira”, afirmou. Não está fora de cogitação a possibilidade de entrar em mercados afetados pelo flagelo da carraça, nomeadamente os países do norte europeu. Este é um trabalho de permanente parceria e, como tal, a Success Gadget encontrou, em Portugal, nas Malhas Sonix SA (investidor e sócio maioritário), um parceiro ideal à sua implementação nas indústrias têxteis ou de comercialização têxtil, através do fornecimento de soluções tecnológicas. A nível internacional, a empresa está, no momento, a cooperar com fortes aliados no sentido de impulsionar a sua posição em mercados ditos estratégicos, como sejam África, Ásia, EUA, Europa, América Latina e Brasil.
Têxteis do Futuro
O mercado da indústria têxtil vive um novo paradigma que tem obrigado a reajustar estratégias e atuações. Surge, assim, um novo conceito do que serão os têxteis do futuro, com a imagem de “tecidos com moléculas transportadoras capazes de veicular vários princípios ativos e de absorver substâncias, odores, calor excessivo a partir da pele e libertar compostos terapêuticos ou cosméticos para a pele”. São os chamados têxteis biofuncionais que nascem da “necessidade de se criar materiais biologicamente funcionais com eficácia sobre
a pele humana”, como evidenciou José Malaquias. Tal como a indústria têxtil, também a medicina tem apostado no desenvolvimento de materiais têxteis para o bem estar das pessoas. A explicação é simples. Estes podem “interagir de uma forma muito intensa com a pele devido ao elevado tempo de contato entre eles, o que implica que os organismos da pele possam ser influenciados pelos tecidos e vice versa”, explicou José Malaquias. Para o futuro, os dados estão lançados. “Temos um produto repelente de mosquitos também de longa duração que está neste momento na fase de testes finais, exclusivo para aplicação têxtil em peça de roupa já confecionada e que vai permitir a impregnação dos têxteis em máquina de lavar roupa doméstica por cada um de nós, como se de um detergente se tratasse”, confidenciou José Malaquias. Nanotecnologia é isso mesmo. Conceber o que, um dia, se considerou inimaginável. Esta continuará a ser a aposta estratégica da Success Gadget. Principais vantagens: - Ausência de toxicidade; - Testados em laboratórios internacionais certificados; - Testes clínicos; - Longa Duração - Efeito permanente de princípio ativo; - Facilidade de uso; - Conforto e proteção; - Biocompatibilidade.
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NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Ana Paula Pêgo, Investigadora Principal do Instituto de Engenharia Biomédica (INEB)
Nanomedicina: a medicina do futuro Há quem defenda que, em 15 anos, a nanotecnologia passará de fantasia a realidade. Mas a verdade é que esta é já uma das técnicas mais promissoras ao serviço da biomedicina. Apesar de continuar a ser um imenso mundo por descobrir, os resultados já são palpáveis e a nanomedicina pode ser considerada a medicina do futuro. Mesmo dependendo de avanços científicos e tecnológicos, a nanomedicina utiliza nanopartículas e outros elementos à escala nanométrica para aumentar a rapidez e eficiência de diagnóstico e de tratamento de doenças.
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oi com Ana Paula Pêgo, Investigadora Principal do Instituto de Engenharia Biomédica (INEB) e coordenadora da equipa Biomaterials for Neurosciences, que a Revista Pontos de Vista foi conhecer melhor as potencialidades de uma área que tem vindo a mostrar importância com várias aplicações no quotidiano. Trabalhando numa escala tão pequena, consegue-se uma precisão sem precedentes. No fundo, “a nanomedicina explora as propriedades de moléculas e materiais à escala nano, de forma a tirar melhor partido destes elementos”, explicou a investigadora. Em alguns casos, ter algo mais pequeno pode ser interessante e bastante promissor e a nanotecnologia possibilita um melhor conhecimento dos materiais já utilizados. “Isso é importante porque no nosso corpo as células sentem muitas coisas a esta escala e para percebermos, por exemplo, como é que estas vão responder a um implante, temos que conhecer a superfície do material a implantar à mesma escala que as células o percebem”, explicou Ana Paula Pêgo que se dedica à área da regeneração do sistema nervoso. São detalhes que não são perceptíveis ao nosso olho, mas que um microscópio de força atómica deteta com precisão. A nanomedicina tem contribuído, também, para o aumento da eficácia de medicamentos e para a redução dos efeitos secundários provocados pelos tratamentos. De facto, na nanomedicina utilizam-se materiais para transportar fármacos e, deste modo, ter algo duma escala mais pequena permite que estes veículos entrem nas células e possam entregar o fármaco de forma eficiente e dirigida. “Hoje conseguimos modificar estes veículos com moléculas específicas para uma determinada célula doente, ou seja, o veículo leva uma chave para entrar na célula certa e não entrar em todas as outras células, diminuindo, assim, os efeitos colaterais”, esclareceu Ana Paula Pêgo. Além disso, “também conseguimos ter partículas que transportam os fármacos e que podem circular durante mais tempo no nosso corpo, fazendo com que tenhamos de tomar menos vezes um medicamento”, acrescentou. Esta tecnologia trouxe, desde logo, novos avanços no combate a doenças, como o cancro, e na resolução de problemas degenerativos, sendo uma importante aliada no diagnóstico, tratamento e prevenção. Para facilitar a com-
A sociedade tem de perceber a importância e o potencial para que também entenda que esse investimento tem retorno. A informação que se passa nem sempre é clara e pode provocar medos e desconfianças
Ana Paula Pêgo
preensão, Ana Paula Pêgo avançou com exemplos práticos: “Hoje existem técnicas que permitem detetar uma massa grande de tecido alterado. Mas vamos imaginar que conseguimos ter partículas a circular no nosso corpo contendo um agente de contraste para ser detectado por imagiologia, que se vão ligar apenas a células doentes. Assim, será possível encontrar um tumor mais cedo e o diagnóstico poderia ser feito de um modo mais específico”, explicou.
Vários exemplos no mercado
Apesar de poucos, há já vários produtos que estão na clínica. “As partículas para entrega de fármacos para células tumorais já estão no mercado e têm vindo a aparecer mais destes exemplos”, adiantou Ana Paula Pêgo. Contudo, como
acontece com um fármaco “tradicional”, a aplicação clínica de uma nanopartícula é um processo demorado. “Temos de garantir a segurança, afastar os efeitos secundários e seguir uma série de requisitos necessários para que um produto chegue ao mercado. É um trabalho moroso e os agentes terapêuticos com base em nanotecnologia não são diferentes”, asseverou a investigadora. Para Ana Paula Pêgo, o investimento numa área tão promissora é incontornável. Apesar dos resultados já serem bastante palpáveis, o caminho é longo e só se conseguirá ser competitivo e desenvolver estes processos se houver uma forte aposta no investimento. Apesar de se fazer óptima investigação, a verdade é que para que os institutos portugueses estejam ao nível dos congéneres europeus, por exemplo, é fundamental apostar cons-
tantemente na inovação e na renovação de equipamentos que são dispendiosos. Aliás, “por serem equipamentos com tecnologia de ponta e muito caros até poderíamos pensar que irão durar décadas, mas a tecnologia evolui rapidamente e os equipamentos requerem uma renovação constante, envolvendo grandes investimentos que nem sempre conseguimos fazer”, salientou. Trata-se de um mundo competitivo e é importante que a sociedade perceba as potencialidades de uma área que ainda tem muito para dar. É no fundo uma aposta no futuro, na procura de soluções para problemas clínicos. Mas “a sociedade tem de perceber a importância e o potencial para que também entenda que esse investimento tem retorno. A informação que se passa nem sempre é clara e pode provocar medos e desconfianças. Quer cientistas, quer empresas têm noção de que é importante debater este assunto para que a informação seja o mais correta possível”, defendeu Ana Paula Pêgo.
“A diferença está no volume de investigação”
Nos últimos 15 anos, a investigação em nanomedicina não tem parado e os progressos são notórios. Como forma de materializar a dedicação que o país tem dado a esta causa, foi inaugurado, em Braga, em 2009, o Laboratório Ibérico de Nanotecnologia. A investigação que se faz em Portugal não fica, de modo algum, aquém do que se faz no estrangeiro. “A diferença está no volume de investigação. Noutros sítios há um investimento maior e mais continuado. Em Portugal, há altos e baixos e isso cria instabilidade e faz com que se ande mais devagar, para além de, para o mesmo tipo de propostas, o volume de dinheiro
Pontos de Vista Novembro 2013
Figura 1: Imagem de nanopartículas desenvolvidas para entrega de genes a células neuronais obtidas por microscopia de força atómica (painel da esquerda) e microscopia eletrónica de transmissão (painel da direita). A superfície das nanopartículas está revestida com um proteína reconhecida por recetores presentes em células neuronais, pelo que as mesmas entram preferencialmente em neurónios. Imagens de H Oliveira e AP Pêgo (INEB).
que temos disponível ser menor. É importante que haja uma continuidade nas políticas e que se crie estabilidade, até no emprego científico”, explicou a investigadora. Cabe aos governos a responsabilidade de criar políticas de investimento mais continuadas mas, por outro lado, os investigadores também têm um papel a cumprir. “Temos de mostrar a importância das áreas em que trabalhamos e comunicar com a sociedade”, defendeu.
Responder às questões que lhe colocam será sempre uma prioridade de Ana Paula Pêgo, que se tornou em 2012 Investigadora Principal no INEB. A especialista ambiciona continuar a ver esta instituição crescer, dando sempre aos investigadores as condições de trabalho que necessitam para desenvolver as suas ideias. A par de, um dia, conseguir ter no mercado um produto que está a desenvolver, esta será sempre a principal motivação da investigadora.
Figura 2: Imagem de uma microesfera (a vermelho) com a bactéria Helicobacter pylori (a verde) aderida. As microesferas são feitas de um polímero natural, o quitosano, cuja superfície foi modificada à escala nanométrica com recetores que vão ligar especificamente a H. pylori e remover esta bactéria do estômago, com o objetivo de prevenir o desenvolvimento de cancro gástrico. Imagens de I Gonçalves e MCL Martins (INEB); trabalho realizado em colaboração com IPATIMUP e FCUP.
Trabalhos que estão a desenvolver “Estamos a desenvolver métodos para a libertação dirigida de agentes terapêuticos e genes no sistema nervoso (Ver Figura 1), assim como para a libertação de fármacos para células cancerígenas; estamos a tentar desenvolver partículas que consigam reduzir a carga de bactérias patogénicas, como é o caso da Helicobacter pylori que podem estar presentes no estômago (Ver Figura 2); estamos a trabalhar para perceber que alterações surgem no ambiente de um tumor e como as células mudam em função deste ambiente para, assim, conseguirmos desenhar partículas que vão chegar a uma população de células específica que possa reverter o processo patológico”, explicou Ana Paula Pêgo.
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A OPINIÃO DE...
NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Anabela Carvalho, QUalified European Patent Attorney e Agente Oficial de Propriedade Industrial
Nanotecnologia e patentes – Que Desafios? O número de pedidos de patentes de tecnologias à nanoescala tem aumentado nos últimos anos e, sem dúvida, continuará a aumentar, fruto do grande investimento nesta área, com um volume de negócios previsto para 2015 de 1 trilião de euros (média americana, fonte IEP – Instituto Europeu de Patentes). Estas invenções são de quase todas as áreas da ciência e da engenharia, sendo especialmente relevantes as aplicações na área da medicina, biotecnologia, química, física, mecânica, têxtil ou materiais.
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natureza interdisciplinar da área gera, por vezes, dificuldades em encontrar e classificar os documentos mais relevantes, nomeadamente as patentes e os pedidos de patentes. A própria definição de nanotecnologias está sujeita a alguma indefinição. Na área das patentes, o termo nanotecnologia é utilizado para entidades com tamanho geométrico controlado, isto é, que não seja acidental, com pelo menos um componente funcional abaixo dos 100 nm numa ou mais dimensões, sendo suscetível de surtir efeitos físicos/químicos/biológicos que sejam intrínsecos ao tamanho. Esta definição também abrange métodos e equipamentos para análise, manipulação, processamento e medida com precisão inferior a 100 nm, os quais se encontram normalmente numa classe designada por ‘B82Y’ da classificação internacional de patentes (IPC). Esta classe inclui biotecnologia, armazenagem, processamento, materiais e tratamentos de superfície, ótica, e magnetismo entre outras. Quando se analisam os registos desta área, observa-se um elevado número de formulações farmacêuticas nomeadamente ingredientes ativos, ciclodextrinas ou “targeted drug delivery”, sistemas computacionais quânticos, processos litográficos, revestimentos de superfície, entre outros. Contudo, esta classificação não é exaustiva, uma vez que muitos documentos nem sempre são assim classificados, devido ao já referido caráter multidisciplinar destas tecnologias, as quais poderão ter múltiplas aplicações e/ou alusões
na sua descrição, algumas das quais até a microescala e não nanoescala, ou ainda por os próprios inventores optarem por não fazer menção à escala nano para “despistar” a concorrência. Esta limitação dificulta uma análise precisa dos dados de patentes para a identificação das áreas emergentes nas nanotecnologias. Tem sido habitual, portanto, que os especialistas nesta área atribuam à nanotecnologia um significado adicional relativamente às áreas tecnológicas tradicionais, ou seja, esta funciona como uma ‘tag’. A própria sociedade – empresas e entidades governamentais – não tem feito uma distinção significativa entre micro e nanotecnologias, pejando a área de buzzwords e hype, já que é muito frequente a menção excessiva do termo ‘nano’. Apesar disto, uma regra habitual nesta área é que o tamanho, por si só, não é suficiente para conferir novidade à tecnologia desenvolvida, com exceção porventura para algumas invenções na área de química. No entanto, existem muitos fenómenos químicos e físicos que se alteram quando usamos nano-dimensões, pelo que é crucial demonstrar, aquando da proteção da tecnologia, os desafios que foram encontrados e superados ao desenvolver este tipo de soluções. Assim sendo, há fatores que deverão ser analisados cuidadosamente tais como eventuais efeitos inesperados, a demonstração das vantagens e particularidades da escala, dificuldades ultrapassadas e intrínsecas à nanoescala, entre outros. Além destes fatores, a própria jurisprudência em matéria de patentes tem evoluído nos últimos anos, sendo que já não é de esperar ser possível a obtenção de uma patente simplesmente pela redução à nanoescala de um produto ou processo anteriormente existente. Conclui-se, portanto, ser algo artificial a distinção entre as várias escalas de tecnologia, já que o fator realmente distintivo é se os fenómenos químicos e físicos se alteram devido às dimensões utilizadas, isto é, se os desafios que foram encontrados e superados merecem a validação e apoio da sociedade para o seu sucesso comercial. Para além destes desafios na proteção das invenções ligadas à nanotecnologia, as empresas enfrentam outros desafios nomeadamente aquando da comercialização destas soluções inovadoras. A natureza interdisciplinar da nanotecnologia faz com que uma patente, mesmo que prevista inicialmente para um objeto muito específico, possa ter aplicações múltiplas em numerosas outras áreas. Acontece assim, que uma mesma patente de nanotecnologia pode bloquear áreas muito diversas, quer sendo, uma potencial fonte de rendimento para o seu detentor, através da celebração de acordos de licenciamento, quer sendo uma fonte de contrariedades para terceiros, através da sua eventual infração. É, por estas razões, fundamental que as empresas desta área possuam sólidos portfolios de patentes, de forma a poderem negociar com concorrentes e parceiros, os mercados e as aplicações que mais lhes interessam, apostando numa forte componente de propriedade intelectual para poderem liderar num mercado que se prevê ainda mais competitivo.
NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Em destaque, Helena Aguilar – investigadora do LEPABE
Pontos de Vista Novembro 2013
cooperação na ciência é essencial Helena Aguilar é alguém para quem a ciência é acima de tudo uma paixão. Transformar essa paixão em profissão foi o que fez e por isso é investigadora do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia (LEPABE), instalado na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Neste momento a finalizar um projeto na área da nanotecnologia que pretende converter energia solar em energia elétrica, Helena Aguilar esteve á conversa com a Revista Pontos de Vista, dando a conhecer não só o trabalho que tem vindo a desenvolver mas também a sua perspetiva relativamente à investigação e à ciência em Portugal.
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ste projeto de conversão de energia através de células fotovoltaicas, que está agora no fim e que já valeu à equipa liderada por Helena Aguilar o reconhecimento internacional da US National Science Foundation (NSF) e da ECS (The Electrochemical Society), permite produzir eletricidade a baixo custo e de forma sustentada em termos ambientais através de um processo semelhante ao que ocorre nas plantas durante a fotossíntese. A investigação, financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), tem como objetivo desenvolver materiais funcionalizados com nanopartículas condutoras e capazes que absorver a radiação solar, que permitam aumentar a eficiência de conversão energética e assegurar a estabilidade dos módulos fotovoltaicos a longo prazo, viabilizando e potenciando a utilização prática dos mesmos. Como tal, a investigadora tem-se dedicado à síntese de semicondutores e catalisadores à base de carbono nanoestruturado - componentes dessas células - porque um dos problemas que ainda se coloca é essa “falta de estabilidade a longo prazo. Ninguém quer comprar um painel solar que apesar do baixo custo não seja eficiente na conversão de energia e dure somente um ano. É expectável que dure pelo menos dez e, por isso, os esforços têm sido no desenvolvimento de materiais estáveis”, explica. Desta forma, espera que a tecnologia possa vir a ser comercializada em Portugal mas, até ao momento e apesar das vantagens que lhe são inerentes, como o baixo custo, a possibilidade de integração de várias cores no mesmo painel, semitransparência e processo de fabricação mais simples do que o das tecnologias fotovoltaicas tradicionais, a sua implementação no mercado fotovoltaico depende fortemente dos avanços tecnológicos necessários para ultrapassar a questão da estabilidade, assim como da evolução de outras tecnologias
emergentes. No entanto, várias empresas americanas e asiáticas investiram há cerca de dez anos nesta tecnologia (designada como Dye-sensitized Solar Cells) e, como tal, já começaram a comercializar sistemas para produção de energia de baixa potência. “Esta ainda não é uma tecnologia que possa ser aplicada facilmente a grande escala. Os desenvolvimentos tecnológicos tendem a ir nesse sentido mas ainda estamos um pouco aquém. Se falarmos em aplicações de grande escala, como por exemplo revestir a parede de um edifício para converter a energia solar em energia elétrica, referimo-nos a grandes quantidades de materiais cujos valores são ainda elevados”, explica. Por esse motivo, as empresas que já apostaram na comercialização desta tecnologia, fazem-no ainda em aplicações de pequena dimensão. Um exemplo disso são as mochilas com equipamento integrado para carregar o IPAD, assim como pequenos sistemas de sombreamento para aplicação em janelas. No fundo, aplicações de baixa potência, com custos reduzidos.
“As empresas não apostam numa tecnologia se não tiverem garantias de sucesso”
Helena Aguilar acredita que, em Portugal, nos últimos anos, tem-se verificado um crescendo do investimento nas áreas científicas e tecnológicas, particularmente relacionadas com a nanotecnologia, mas é preciso dar passos firmes para que o país seja mais competitivo nesse domínio. “Temos a capacidade tecnológica, temos bons investigadores, mas não temos mercado. Como tal, as empresas não apostam numa tecnologia se não tiverem garantias de sucesso”, acrescenta. Para a investigadora “também não tem havido uma cooperação verdadeiramente eficaz entre universidades, centros de investigação e empresas. Existem projetos, muitas vezes bem-sucedidos, mas uma parte deles fica na gaveta, inexplicavelmente”. Para além disso, o sistema científico e tecnológico nacional está muito dependente
Helena Aguilar de apoios financeiros, “Nos últimos anos houve um esforço grande por parte das entidades governamentais em promover o desenvolvimento da ciência em Portugal mas depois tem que haver continuidade. Uma coisa que eu tenho vindo a perceber é que não é necessário tanto dinheiro quanto se julga para fazer boa ciência – a cooperação é essencial. Ou seja, nós temos os meios técnicos porque as nossas universidades estão bem equipadas a nível tecnológico. No entanto, na minha opinião, poderiam fazer uma maior partilha desses recursos. Existem colaborações pontuais mas deviam estabelecer-se mais protocolos de colaboração. É essa uma das grandes diferenças entre Portugal e outros países, nomeadamente Europeus, nos quais há uma maior partilha dos recursos e dos conhecimentos”, realça. Em parte por esse motivo, Portugal tem-se deparado com o êxodo de muitos investigadores. “Eu espero que a situação melhore porque o panorama não é favorável à fixação dos investigadores em Portugal”, afirma. Também Helena Aguilar terminou recentemente o contrato com a FEUP e, por isso, espera não ter que seguir o exemplo de muitos colegas. Através deste projeto, a equipa de investigação espera ter con-
tribuído para o desenvolvimento e implementação desta tecnologia em Portugal. “Conseguimos aumentar a eficiência dos dispositivos pela modificação das nanopartículas utilizadas, atingindo os 12 por cento de eficiência. Tendo em conta que o valor máximo de eficiência destas células, reportado recentemente, é de cerca de 15 por cento encontramo-nos muito próximos. Para além disso, conseguimo-lo usando sempre processos de produção simples, económicos e materiais não tóxicos”, salienta. Terminado este projeto, tem já novas ideias em mente que gostaria de abraçar. “Gostava de trabalhar na área dos nanosensores e também de continuar um projeto - que já comecei no âmbito do anterior, porque nós gostamos sempre de ir um bocadinho à frente das metas a que nos propomos inicialmente - que são as células solares de papel para produção de energia”, explica. O papel é constituído por microfibras de celulose, que podem ser funcionalizadas com nanopartículas que apresentem propriedades físicas, químicas e optoelectrónicas melhoradas. O baixo custo e a facilidade de integração em projetos de arquitetura não convencionais são duas das principais vantagens.
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NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
João Paulo Dias, Diretor Adjunto do Laboratório do IPN - LED&MAT, afirma
“O futuro também está na nanotecnologia” O Diretor Adjunto do Laboratório do IPN - LED&MAT, João Paulo Dias, deu a conhecer, em entrevista à Revista Pontos de Vista, as potencialidades desta entidade, a forma como a Nanotecnologia será cada vez mais importante. “O potencial é enorme e o contributo desta área para aumentar a visibilidade do país mostrando avanços tecnológicos bastante meritórios”, afirma o nosso entrevistado.
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Qual a importância que o Instituto Pedro Nunes – Associação para a Inovação e Desenvolvimento em Ciência e Tecnologia aporta atualmente à nanotecnologia? Como caracteriza o potencial que encerra esta área? Os desenvolvimentos em nanotecnologia no IPN têm sido conduzidos essencialmente através do seu laboratório de Ensaios, Desgaste & Materiais (Led&Mat). Nos últimos anos, as solicitações de parceiros industriais têm-nos obrigado a criar soluções que têm potenciado enormemente o crescimento da nanotecnologia nas nossas atividades, estando presentemente incluída, de algum modo, em mais de 50% dos projetos com financiamento europeu que temos em curso. Que investigações têm conduzido na área da nanotecnologia? Qual o vosso papel na mediatização do que de mais pioneiro se faz nesta área?
Os nossos estudos incidem preferencialmente na estruturação de filmes finos no sentido de lhes conferir valências que os tornam dispositivos nanométricos capazes de executar funções tecnológicas. Por exemplo, desenvolver revestimentos protetores estruturados em multicamada onde são inseridas camadas sensoriais capazes de medir localmente a temperatura para controlo adaptativo dos parâmetros de corte de ferramentas. A nossa relação preferencial com a indústria tem permitido identificar múltiplas situações em que o potencial de aplicação de nanotecnologias existe, e pode ser a solução que se procura. Os apoios financeiros dados para a investigação são suficientes para que possamos assistir a uma verdadeira evolução nas diferentes áreas em que é utilizado o potencial da nanotecnologia? Na nossa opinião sim! Neste momento a
investigação de base nesta área alcança valores muito significativos. No entanto, parecer-nos-ia fundamental motivar, financiar e fomentar a implementação dos desenvolvimentos já efetuados para as aplicações concretas ao nível empresarial/industrial. Aí sim, pensamos que os apoios financeiros estão aquém do que seria desejável. O potencial é enorme e o contributo desta área para aumentar a visibilidade do país mostrando avanços tecnológicos bastante meritórios. Parece-nos que deveriam ser propostas parcerias com as incubadoras de índole tecnológica que poderiam impulsionar a implementação dos resultados já obtidos, em ações de transferência tecnológica e demonstração ao nível industrial. Que avanços é que esta área tem conhecidos nos últimos anos? Sente que este ainda é um setor algo disperso, ou seja, seria positivo que fosse criado uma espécie de cluster do setor
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No entanto, parecer-nos-ia fundamental motivar, financiar e fomentar a implementação dos desenvolvimentos já efetuados para as aplicações concretas ao nível empresarial/industrial. Aí sim, pensamos que os apoios financeiros estão aquém do que seria desejável
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Quem é que nunca sonhou com a possibilidade de, tal como no corpo humano, uma fissura, uma fratura ou deformação numa peça ou equipamento poder ser “consertada” por ela própria? A estruturação dos materiais à escala manométrica começa a dar os primeiros resultados existindo, por exemplo, já disponíveis no mercado tintas autorreparadoras de riscos
que promovesse mais do que a congregação de projetos, a comunicação das respetivas equipas de trabalho? É para nós claro que a investigação científica e tecnológica neste domínio tem tido uma aproximação específica a cada área de conhecimento (engenharia de materiais, engenharia mecânica, física ou biomédica), não sendo percetível a existência de uma linha condutora comum. Vemos com muito interesse a criação de um Cluster que reunisse os principais atores neste domínio englobando universidades, centros de inovação e transferência do saber, empresas integradoras das tecnologias e utilizadoras finais, especialmente se estas cruzarem diferentes domínios/setores de atuação. Quais as vantagens associadas à utilização da nanotecnologia nas diferentes áreas que já contam com essa aplicação? Na nossa opinião os grandes avanços que foram potenciados pela utilização de nanotecnologias encontram-se neste momento relacionados com a miniaturização alcançada em diferentes componentes, tais como transístores, interruptores, que têm contribuído significativamente para a minimização de massa e volume dos mais diversos equipamentos eletrónicos;
Em que outras áreas espera ver a nanotecnologia utilizada num futuro próximo? As áreas em que o nosso imaginário é fértil em conceber soluções mas que, tendo sido consideradas utópicas, se aproximam vertiginosamente da realidade. Por exemplo na área biomédica onde já estão desenvolvidas nanopartículas tecnologicamente estruturadas para servirem como dispensários locais de medicamentos, com funções de localização, abertura
e libertação controlada dos fármacos. Ou numa área que tem atraído recentemente a atenção de muitos investigadores, a autorreparação. Quem é que nunca sonhou com a possibilidade de, tal como no corpo humano, uma fissura, uma fratura ou deformação numa peça ou equipamento poder ser “consertada” por ela própria? A estruturação dos materiais à escala manométrica começa a dar os primeiros resultados existindo, por exemplo, já disponíveis no mercado tintas autorreparadoras de riscos. Como é que perspetiva a evolução da nanotecnologia no mundo e em Portugal? Esta é uma área com potencial no nosso país? Os exemplos referenciados anterior-
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Diríamos antes que “o futuro também está na nanotecnologia”. Pensamos que a sua importância será tão grande quanto formos capazes de incorporar o seu potencial no desenvolvimento das tecnologias tradicionais. Esta simbiose será capaz, sem dúvida, de revolucionar o mundo como o conhecemos
O que é que podemos esperar do Instituto Pedro Nunes nos próximos anos dentro desta área da nanotecnologia? Da nossa parte, vamos continuar a investir no conceito da nano-estruturação de materiais para criar respostas tecnológicas para as áreas dos sensores e das superfícies auto adaptáveis e apostar em projetos de financiamento que envolvam empresas que garantam a aplicabilidade dos nossos estudos. Há boas perspetivas para o lançamento de uma ação spin-off de uma empresa com base num dos projetos envolvendo conceitos nanotecnológicos.
mente mostram o enorme potencial que as nanotecnologias têm. Sendo áreas em constante desenvolvimento e com impacto no dia a dia da população mundial, será de esperar um crescimento exponencial nas aplicações que estão presentemente em estado avançado de desenvolvimento. Pensamos que será de esperar um potencial semelhante em Portugal. A existência de Centros de Investigação dedicados quase exclusivamente à nanotecnologia e nanomateriais coadjuvada com o reconhecimento pelas entidades financiadoras da investigação desta área de conhecimentos, permite antever um crescimento sustentado dos estudos de desenvolvimento e sua consequente aplicação ao nível empresarial.
O futuro está na nanotecnologia? Em que medida? Será legítimo afirmar que a Nanotecnologia vem revolucionar tudo tal e qual como conhecemos? Diríamos antes que “o futuro também está na nanotecnologia”. Pensamos que a sua importância será tão grande quanto formos capazes de incorporar o seu potencial no desenvolvimento das tecnologias tradicionais. Esta simbiose será capaz, sem dúvida, de revolucionar o mundo como o conhecemos.
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NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
André Paulo Catarino, Diretor do Mestrado em Micro/Nano Tecnologias da Escola de Engenharia da Universidade do Minho
“A nanotecnologia é uma área que não tem limites” Como resultado de uma iniciativa dos Departamentos de Eletrónica Industrial, Engenharia de Polímeros, Engenharia Têxtil, Engenharia Mecânica, Engenharia Biológica e Informática da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, foi criado, há seis anos, um mestrado para os “apaixonados” pelas micro e nanotecnologias. A Revista Pontos de Vista conheceu um curso que pretende formar uma nova geração de especialistas e investigadores nestas áreas, pela voz de André Paulo Catarino, Diretor do Mestrado.
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s micro e nanotecnologias são um mundo de possibilidades por descobrir. Um pouco por todos os países industrializados, estas áreas têm sido protagonistas de extensivas atividades de investigação, desenvolvimento e inovação, despertando o interesse entre diversos públicos. Falamos não só de empresas que veem nestas áreas potencialidades infindáveis, mas também nos jovens que, cada vez mais, querem dominar estes conhecimentos. A Escola de Engenharia da Universidade do Minho foi ao encontro desses jovens, há seis anos, abrindo um mestrado na área das micro e nanotecnologias. A Revista Pontos de Vista conheceu a componente formativa do curso junto do diretor do mesmo, André Paulo Catarino. “sendo suportado pelas equipas docentes depor seis departamentos
distintos, esta formação adquiriu uma abrangência relativamente vasta, tendo como principal público alvo jovens e profissionais licenciados em Ciências e Ciências de Engenharia. “Os departamentos suportam a componente letiva e de investigação e, com as competências específicas de cada um, o curso torna-se bastante rico uma vez que cada um dos departamentos dá a sua visão dentro desta temática”, explicou o responsável. Numa primeira e curta fase, os docentes procuram desenvolver a chamada “homogeneização do curso”. Por outras palavras, “tentamos uniformizar os conhecimentos dos candidatos porque eles vêm de áreas muito distintas, como química, física, biomédicas, eletrónica. Têm, por isso, conhecimentos diferentes e procuramos equilibrá-los”, esclareceu André Catarino. Posteriormente, os alunos adquirem conhecimentos de natureza teórica uma vez que o objetivo é dar a conhecer a micro e a nanotecno-
logia. Por fim, a última fase do primeiro ano letivo tem já uma índole mais prática, seguindo-se depois o segundo ano, o de dissertação. Os alunos escolhem um tema entre uma lista proposta por investigadores dos diferentes centros de investigação da Universidade Minho, empresas e de outros centros como o INL. Temos colaborações com universidades estrangeiras pelo que também é habitual alunos realizarem parte ou a totalidade da dissertação fora do país. “O aluno ganha uma visão mais ampla das diferentes aplicações que a nanotecnologia pode ter. Se fosse um curso específico como por exemplo na área da biologia ou eletrónica, o aluno ficaria com uma boa base de conhecimentos mas mais orientada para aquela área em particular. Assim, entendemos nós, os alunos ficam com uma ideia mais abrangente da forma como podem intervir nesta área e inclusivamente utilizam conhecimentos da sua área de formação base em áreas novas, resultando em projetos inovadores”, colmatou o profissional. Com as atuais necessidades de competitividade do setor industrial, o mestrado procura, assim, colmatar algumas lacunas ainda existentes em Portugal, formando profissionais altamente especializados capazes de realizar um trabalho independente e de qualidade de “investigação, desenvolvimento e inovação em ambiente universitário ou empresarial”.
O papel das universidades
Na medicina, biologia, telecomunicações, setor automóvel, desporto, indústria têxtil, aeronáutica, eletrónica, entre muitas outras. As aplicações da micro e nanotecnologia são infinitas, levando mesmo André Catarino a afirmar: “a nanotecnologia é uma área que não tem limites”. O papel desempenhado pelas universidades é, por isso, fundamental nesta transferência do conhecimento para as empresas, uma tarefa que, para André Catarino, se está a tornar um desafio cada vez maior. “Com os cortes sucessivos nos financiamentos públicos é muito complicado realizar investigação sem o apoio crescente das empresas. Penso que Portugal não tem neste momento capacidade para suportar determinado tipo de investigação em nanotecnologia, como já sucede noutros países em que a investigação é suportada em grande parte por grandes
multinacionais” e em que os respetivos estados compreenderam a importância desta área no futuro da humanidade, defendeu. Mesmo assim, a mudança está instalada e “graças à qualidade da investigação realizada em Portugal tem havido um interesse crescente por parte das empresas em investir na investigação e procurar colaborações com as universidades dado o que estas podem proporcionar em termos de conhecimento e inovação”, acrescentou André Catarino. Por seu turno, do lado do cidadão comum, este poderá com o tempo vir a ter uma melhor perceção da presença da nanotecnologia até porque está em todo o lado. “Nos smartphones, nas vacinas, na roupa que vestem, nos tratamentos que as pessoas fazem, cada vez mais a nanotecnologia está presente. O impacto é de tal maneira grande mas, ao mesmo tempo, é em algo tão pequeno que o público em geral não tem consciência da essência da nanotecnologia”, afirmou. Sendo uma área com tanto potencial, para André Catarino vale sempre a pena fazer este investimento, principalmente no domínio do profissional. “O utilizador compra os artigos e não tem noção da tecnologia e neste caso a micro e nanotecnologia que está envolvida nos produtos, ou seja, não há propriamente escolha. Já para o profissional, para o futuro mestre em micro/nano tecnologia, sim, entendo que é um investimento que terá um retorno seguro no futuro, do ponto de vista profissional”. Algumas das matérias lecionadas no mestrado: • Introdução às nanotecnologias e técnicas de fabrico; • Introdução aos microssistemas e às microtecnologias; • Nanomateriais e nanossistemas; • Bionanotecnologia; • Modelação e Simulação de Sistemas para Micro/Nano Tecnologias; • Acabamentos funcionais • Projeto e desenho de circuitos integrados; • Técnicas de caraterização de micro/nano tecnologias; • Micro/Nano Sensores e Atuadores, entre outras.
A OPINIÃO DE...
NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
João Rodrigues, Coordenador Científico do Centro de Química da Madeira da Universidade da Madeira
NanoMad – Nanoquímica e Nanomateriais na Ilha da Madeira – Um projeto em construção Em 2004, a Comissão Europeia considerou como estratégica a área das Nanociências e da Nanotecnologia, referindo que a Europa deveria aumentar o investimento nesta área para atingir a meta de se tornar a principal economia no mundo baseada no conhecimento. A Comissão Europeia espera que os avanços neste domínio possam responder às necessidades dos cidadãos, contribuir para a competitividade da União e dos objetivos de desenvolvimento sustentável, e ainda reforçar a coesão entre as diferentes regiões, incluindo, naturalmente, as regiões ultraperiféricas da Europa, onde a Região Autónoma da Madeira (R.A.M.) se insere.
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importância desta área do conhecimento para a economia mundial é tão significativa que alguns estudos apontam para que, em 2015, o valor do mercado mundial na área da Nanotecnologia atinja os 2,5 a 3 triliões de euros e que, até 2020, venham a ser criados, na área, 6 milhões de empregos. O Governo Regional da Madeira, em sintonia com as políticas europeias e nacionais para esta área, reconheceu oportunamente a importância da Nanotecnologia para o desenvolvimento sustentável do tecido económico e empresarial e para a fixação na Região de quadros de elevado potencial científico. De igual modo, a Universidade da Madeira (UMa) consagrou, no seu plano estratégico para 2010-2013, como prioritária a área das Nanotecnologias, delegando no Centro de Química da Madeira (CQM) a responsabilidade pelo seu desenvolvimento na UMa. O CQM, constituído em 2004 no âmbito de um convite aberto pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) para a criação de novas Unidades de Investigação em Portugal, é uma das mais importantes unidades de investigação e desenvolvimento da Universidade da Madeira e da R.A.M., ocupando uma área de Laboratórios superior a 700 m2 e contando nos seus quadros com 45 investigadores, dos quais 15 são doutorados. Tendo por base os recursos físicos disponíveis, a sua implantação na Região e o knowhow dos seus investigadores, o CQM decidiu orientar os seus esforços quer para a investigação aplicada com elevado impacto regional (nomeadamente, os Produtos Naturais), quer para um campo mais emergente de investigação científica (a Nanoquímica e
os Nanomateriais). A aposta neste segundo domínio teve em vista contribuir para aumentar a visibilidade internacional da UMa e, simultaneamente, potenciar a atração de novos alunos, bem como a instalação na Madeira de investigadores e empresas de elevado potencial tecnológico. O CQM, usando a Nanoquímica como sua ferramenta de trabalho, desenvolve a sua ação num nicho de investigação praticamente único em Portugal - a síntese e caracterização de nanomateriais baseados em dendrímeros para aplicações biomédicas e optoelectrónicas. Por exemplo, para a entrega de genes e fármacos em tecidos alvo, como agentes de contraste em imagiologia médica e, ainda, como duplicadores de frequência para aplicações em telecomunicações. Adicionalmente, são também desenvolvidas novas metodologias analíticas baseadas em nanomateriais para a caracterização de sistemas biológicos e de produtos naturais. O trabalho já realizado no domínio da Nanoquímica e dos Nanomateriais encontra-se publicado em diversos jornais da especialidade e tem merecido a atenção e o reconhecimento de várias entidades públicas e privadas. Por exemplo, foi atribuída ao CQM, através da UMa, a única Cátedra a nível nacional no domínio das Nanotecnologias/Nanoquímica e Nanomateriais, a qual é suportada conjuntamente pelo Banco Santander e pela FCT. Foi, também, estabelecida uma parceria com uma empresa para o desenvolvimento de novos detergentes baseados em nanomateriais para o mercado internacional. O projeto NanoMad atraiu também o interesse de personalidades reconhecidas internacionalmente na área da Nanoquímica, de que se destaca o Professor Geoffrey Ozin, o primeiro investigador a introduzir o conceito de Nanoquímica (em 1992, no jornal Advanced Materials) e que, por duas vezes, marcou presença na Madeira. Muito recentemente, o projeto também mereceu o interesse do Embaixador da China em Portugal, Dr. Huang Songfu que visitou o CQM a 19 de outubro do corrente ano. Além disso, a UMa, através do CQM e das suas parecerias nacionais e internacionais, oferece o único 2º ciclo de estudos (mestrado) a nível mundial na área da Nanoquímica e dos Nanomateriais, todo ministrado em inglês, que já vai na sua segunda edição e que tem atraído estudantes de todo mundo. Este mestrado conta com o apoio, a nível nacional, do CICECO/Universidade de Aveiro e do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) e, a nível internacional, das Universidades de Jyväskylä na Finlândia (Nanoscience Center), Antuérpia na Bélgica, Bordéus em França, Duisburg-Essen na Alemanha e Donghua (China). Adicionalmente, o CQM organiza todos os anos uma escola de outono (Nanoschool) dedicada a esta temática e integra duas redes científicas Europeias na área dos nanomateriais a rede COST-Dendrímeros em Aplicações Biomédicas e a rede Supraphone. De referir que os ex-alunos e investigadores do Centro têm encontrado colocação nesta área com relativa facilidade, não só em Portugal, como também no estrangeiro, nomeadamente na Universidade de Berkeley (E.U.A), na Universidade John Hopkins (E.U.A.) e na Universidade de Donghua (China). O projeto NanoMad, nascido no seio do CQM em 2005, é pois um projeto em permanente construção, aberto à colaboração com todos os interessados, ao serviço da Região Autónoma da Madeira e do País.
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NANOTECNOLOGIA E O FUTURO EM PORTUGAL
Jorge Coelho, Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Química da Universidade de Coimbra
“A nanotecnologia permitirá a criação de produtos de alto valor” “Grandes áreas como medicina, nanofabricação, ambiente, ou energia já estão bastante cobertas pela nanotecnologia. Neste momento, o grande desafio será o desenvolvimento de soluções técnicas que representem mais-valias efetivas para a sociedade a um custo aceitável”, revela Jorge Coelho, Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Química da Universidade de Coimbra, que em entrevista à Revista Pontos de Vista, deu a conhecer as potencialidades desta área, bem como os principais projetos que a sua equipa de investigação possui para os próximos anos no âmbito da Nanotecnologia. De que forma é que a equipa de investigação tem apostado fortemente no âmbito da Nanotecnologia? Como caracteriza o potencial deste segmento? A nossa equipa de investigação está a desenvolver diversos projetos de investigação na área da nanotecnologia, envolvendo o uso e o desenvolvimento de novos materiais poliméricos. Esta área abre enormes potencialidades ao nível das características que os novos materiais podem apresentar à nanoescala, e que seriam impossíveis de alcançar com tecnologias mais convencionais.
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Que género de investigações têm conduzido na área da nanotecnologia? Qual o domínio da vossa intervenção na mediatização do que de mais pioneiro se faz nesta área? Neste momento temos projetos que en-
volvem a preparação de nanoestruturas para diferentes aplicações: revestimentos compropriedades condutoras; entrega de material genético e fármacos; e sistemas de polimerização em fase dispersa, que conduzem à preparação de nanopartículas de estrutura controlada.
Que avanços tem conhecido esta vertente nos últimos anos? Sente que este ainda é um setor algo disseminado, ou seja, seria importante a criação de um cluster do setor que promovesse a comunicação das respetivas equipas de trabalho? Os avanços científicos registados nesta área ao nível científico têm sido notáveis, no entanto, ainda existe algum desfasamento entre esse conhecimento gerado, e a tecnologia disponível ao cidadão comum. Será essencial criar
Nuno Rocha, Jorge Coelho e Arménio Serra clusters temáticos que envolvam equipas multidisciplinares para que se encontrem soluções aplicáveis ao nosso quotidiano. Quais as vantagens associadas à utilização da nanotecnologia nas diferentes áreas? A nanotecnologia de uma forma simplista permite explorar características e propriedades dos materiais que só são alcançáveis quando a matéria é manipulada à sua escala atómica e molecular, conseguindo-se assim atingir materias com desempenhos únicos. Em que outras áreas espera ver a nanotecnologia utilizada num futuro próximo? Grandes áreas como medicina, nanofabricação, ambiente, ou energia já estão bastante cobertas pela nanotecnologia. Neste momento, o grande desafio será o desenvolvimento de soluções técnicas que representem mais-valias efetivas para a sociedade a um custo aceitável.
Como é que perspetiva a evolução da nanotecnologia no mundo e em Portugal? Esta é uma área com potencial no nosso país? Hoje é indiscutível que a nanotecnologia permitirá a criação de produtos de alto valor acrescentado que incorporem um elevado valor tecnológico. Estando Portugal a passar por momentos difíceis, esta área pode ser essencial para garantir a tão necessária competitividade das empresas portuguesas. O futuro está na nanotecnologia? Em que medida? Será legítimo afirmar
que a Nanotecnologia vem revolucionar tudo tal e qual como conhecemos? Como todas as tecnologias que de alguma forma revolucionaram o modo como vivemos em sociedade, e das quais a internet é provavelmente o mais recente exemplo, o futuro da nanotecnologia enquanto possível tecnologia de massas, terá de encontrar um equilíbrio entre o desempenho dos materiais e o seu custo. Na maioria das áreas ainda há um longo trajeto científico a percorrer para que se consiga tornar este equilíbrio viável. Por outro lado, a utilização de materiais com, pelo menos, uma dimensão característica inferior a 100 nm, tem levantado algumas questões relacionadas com a possível toxicidade e segurança ambiental, e que terão ser claramente avaliadas. O que é que podemos esperar da sua equipa de investigação nos próximos anos dentro da área da nanotecnologia? Durante os próximos anos vamos trabalhar no desenvolvimento de nanoestruturas poliméricas multifuncionais aplicadas a duas áreas principais, os revestimentos e a entrega controlada de substâncias ativas (fármacos, material genético, entre outros). Procuraremos também encontrar formas que permitam que as nanoestruturas mimetizem a forma, composição, arquitetura, e o modo de atuação dos sistemas biológicos. A grande maioria dos projetos que decorrem atualmente no nosso laboratório são em colaboração direta com a indústria, pelo que também nesta área deverá ser possível nos próximos anos desenvolver produtos comercializáveis. LER NA INTEGRA EM WWW.PONTOSDEVISTA.PT
INTERNACIONALIZAÇÃO
ANEME - Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Eletromecânicas
Pontos de Vista Novembro 2013
“AS indústriaS metalúrgica e eletromecânica SÃO um setor estratégico” “A internacionalização deverá sempre constituir uma aposta estratégica das empresas do setor, dada a reduzida dimensão do mercado nacional”, refere João Reis, Vice - Presidente Executivo da ANEME - Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Eletromecânicas, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Ao longo desta conversa é possível conhecer os apoios prestados pela instituição aos seus associados no âmbito da internacionalização que é fundamental para o universo empresarial luso ao nível da indústria metalúrgica e eletromecânica. Ainda no âmbito do apoio às empresas do setor a ANEME tem vindo a desenvolver ao longo dos anos, um conjunto de Estudos de Levantamento e Caracterização das Empresas Industriais de Angola, Moçambique, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe, Chile e Argentina. Estes estudos têm permitido às empresas ter um conhecimento real do tecido empresarial desses países, contribuindo assim para uma abordagem sustentada desses mercados e simultaneamente possibilitar novas formas de cooperação entre as empresas portuguesas e desses países. João Reis Quando é que foi criada a ANEME Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Eletromecânicas e de que forma é que a mesma tem vindo a preconizar um trabalho eficaz em prol do setor e dos seus associados? A ANEME foi criada como Associação Patronal em 1975, resultando da transformação do anterior Grémio dos Industriais Metalúrgicos e Metalomecânicos do Sul, constituído em 1960. No corrente ano completa 53 anos de atividade centrada na representação e no apoio às empresas do setor metalúrgico e eletromecânico, tendo como objetivo estratégico o incremento da sua competitividade, do seu nível de internacionalização e do grau de qualificação dos seus recursos humanos. Com esse fim a ANEME presta apoio e informação às suas empresas associadas tendo um papel fundamental em termos de representação do setor a nível nacional e internacional. É representante das empresas portuguesas do setor metalúrgico e eletromecânico nas principais organizações europeias do setor – ORGALIME, CEEMET, FEM e CEMA.
Tendo em vista promover a deslocalização da produção e a internacionalização das empresas suas associadas, a ANEME tem promovido a realização de missões empresariais e a presença em Feiras quer na Europa, quer nos mercados do Magreb, da África Austral e da América do Sul. De que forma tem funcionado a ANEME como elemento potenciador da internacionalização das empresas? A ANEME ao longo dos últimos 20 anos tem desenvolvido uma grande atividade no apoio à internacionalização das empresas. Subjacente a esta atividade sempre esteve uma estratégia baseada numa escolha de mercados – a Europa, os mercados Africanos de Língua Portuguesa e a América Latina – e na criação em alguns desses mercados de unidades formativas de apoio à instalação das empresas nesses mercados. Assim, em Moçambique, encontra-se a funcionar, desde 1999, o projeto do Centro de Formação da Metalomecânica de Maputo, projeto que integra a ANEME, UGT e IEFP pela parte portuguesa e AIMO, OTM-CS e INEFP pela parte moçambicana.
De que forma tem sido a internacionalização imprescindível no âmbito da sobrevivência de algumas empresas? A internacionalização deverá sempre constituir uma aposta estratégica das empresas do setor, dada a reduzida dimensão do mercado nacional. Nesta fase de grande quebra da procura interna e investimento a atividade exportadora registou um incremento de facto assinalável no setor. No entanto, para que uma empresa
aborde o mercado externo, seja por via de exportação, ou por via de deslocalização, teve naturalmente de ter uma base de partida com sustentação no mercado interno. Os mercados externos, não são, na maioria dos casos, a salvação das empresas, nem resolvem, regra geral, a falta de encomendas no mercado interno, já que, em alguns casos, exigem investimentos vultuosos, numa fase inicial, com retorno, a médio longo prazo. Naturalmente que em algumas fileiras industriais ou em empresas de grande dimensão cuja atividade se espraia por inúmeros mercados, a atividade externa poderá contribuir, durante determinados períodos de tempo, para a falta ou inexistência de encomendas no mercado interno. Por outro lado, seria útil para as empresas portuguesas que as empresas de capitais públicos, na sua abordagem dos mercados externos procurassem, desde logo estabelecer sinergias com as empresas industriais, nomeadamente na área do subcontrato.
Que análise perpetua dos setores de atuação da ANEME? A indústria metalúrgica e eletromecânica é um setor estratégico. Os seus principais subsetores - indústrias básicas de metal, produtos metálicos, bens de equipamento e material de transporte - são fundamentais para o desenvolvimento da atividade económica na sua globalidade. O setor representa em Portugal cerca de 23 mil empresas, 201 mil trabalhadores e 25 000 milhões de euros de volume de negócios. Tem um peso na indústria transformadora, que ultrapassa os 30 por cento. As exportações do setor correspondem a cerca de 50 por cento de seu volume negócios e a 30 por cento das exportações nacionais. As empresas têm realizado investimentos em termos de modernização, de inovação, de estratégias comerciais, que muito têm contribuído para a melhoria da sua competitividade e para o seu sucesso internacional. Importa que o poder político cria o meio apto para que as empresas consigam desenvolver as suas estratégias, nomeadamente reforçando os mecanismos de apoio financeiro à internacionalização e à atividade empresarial na sua globalidade.
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A OPINIÃO DE...
DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO
Hélder Muteia, Responsável do Escritório da FAO em Portugal
Os elevados custos da fome no Mundo As estatísticas da fome no mundo, para uns, não passam de um emaranhado de números, tabelas e gráficos, ou pouco mais do que isso. É natural que certas pessoas, vivendo por exemplo no conforto de uma capital da Europa, Japão ou Estados Unidos, não tenham a real dimensão do flagelo da fome. Apenas dois por cento dos 842 milhões de pessoas famintas vivem em países desenvolvidos. Os restantes 98 por cento, ou seja 827 milhões, vivem em países em desenvolvimento. Para estes, trata-se de uma realidade dura, vivida intensamente no seu dia a dia. Na África Subsaariana e no Sul da Ásia, o problema está de certa forma estigmatizado: uma em cada quatro pessoas não tem o que comer. E na ausência de redes de proteção social, elas estão de certa forma abandonados à sua sorte.
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este quadro, 2,5 milhões de crianças morrem anualmente devido à malnutrição infantil, e cerca de 165 milhões de crianças subnutridas, arrastam consigo o estigma do sofrimento e negação de um desenvolvimento normal e saudável. Famílias inteiras ficam deste modo reféns da fome crónica e da pobreza absoluta, perpetuando um ciclo vicioso de miséria transmitida de geração para geração. Se tomarmos em conta os custos diretos e indiretos da fome no mundo, cerca de cinco por cento do produto interno bruto mundial é gasto, essencialmente no tratamento de carências alimentares e doenças infeciosas ocasionadas pelo síndrome de vulnerabilidade. Isto equivale a 3,5 biliões de dólares por ano, ou seja, 500 dólares por pessoa em média. Esta realidade não dignifica a natureza humana. Há mudanças de paradigmas urgentes e necessárias na forma como é abordada a questão alimentar. É importante fazê-lo a nível dos sistemas alimentares para que se tenha uma perspetiva mais holística e equilibrada, uma vez que existe uma interação não só entre as diferentes etapas dos processos (produção, transporte, processamento, distribuição até ao consumo), mas também envolvendo o contexto económico, social, ambiental e institucional em que os processos ocorrem. Analisando por exemplo a questão da disponibilidade, vários estudos demonstraram que uma melhor distribuição de alimentos garantiria a erradicação imediata da fome. De igual modo, mais alimentos estariam disponíveis se não tivéssemos os atuais avultados e vergonhosos desperdícios. Cerca de 30 por cento dos alimentos que são produzidos são desperdiçados ao longo da cadeia, alguns literalmente jogados para o lixo. Grande parte desse desperdício é resultante de padrões de consumo inadequados. Outra parte resulta da falta de infraestruturas e tecnologias de armazenamento, processamento e combate a pragas. De igual modo, existe a questão ambiental. Os atuais padrões de consumo e práticas produtivas revelam-se inadequados. Ameaçam mesmo a base de recursos que sustenta a vida no planeta: água, solos, florestas, fauna, ar etc. As alterações climáticas são um exemplo disso. A questão demográfica também nos remete a reflexões muito profundas. Projeta-se que a população cresça dos atuais sete mil milhões para cerca de nove mil milhões em 2050. Perante a pressão de aumentar a produção alimentar em cerca de 60 por cento, é urgente que se olhe para a questão
com realismo e coragem. Para além de um direito, a alimentação é, essencialmente, uma precondição para a dignificação da natureza humana. Como referi, um mundo saudável depende da abordagem dos sistemas alimentares como um todo. Ter-se-ia, assim, o privilégio de olhar, não somente para a questão meramente alimentar, mas também para a componente social refletida na dignidade e saúde do indivíduo, das comunidades e do mundo. Investindo na promoção da utilização eficiente de recursos naturais, na redução de perdas e desperdícios, e na alteração de comportamentos e atitudes perante todas as componentes do sistema alimentar, a Humanidade não só economizaria recursos no combate à fome, subnutrição, obesidade e outros efeitos negativos, como também construiria uma plataforma mais sólida e sustentável para o seu futuro.
Se tomarmos em conta os custos diretos e indiretos da fome no mundo, cerca de cinco por cento do produto interno bruto mundial é gasto, essencialmente no tratamento de carências alimentares e doenças infeciosas ocasionadas pelo síndrome de vulnerabilidade. Isto equivale a 3,5 biliões de dólares por ano, ou seja, 500 dólares por pessoa em média”
DIA NACIONAL DO MAR
Cofaco, empresa conserveira mães das marcas Bom Petisco, Tenório, Pitéu e Líder, em destaque
“As conservas portuguesas são consideradas das melhores do mundo” A indústria conserveira faz parte da tradição nacional desde final do século XIX quando, em Vila Real de Santo António, os pescadores se faziam ao mar e traziam peixe para ser conservado e consumido depois, nomeadamente nas épocas mais rigorosas do inverno. Após a II Guerra Mundial, assistiu-se a um crescimento decisivo desta indústria em Portugal. É neste contexto que nasce a Cofaco, em 1961, empresa que todos conhecemos através das suas marcas Bom Petisco, Tenório, Pitéu ou Líder. O atum e a sardinha em lata são, sem dúvida, alimentos correntes na dieta das famílias portuguesas e, também já o são nos mercados externos, de modo que a Cofaco tem assistido a um crescimento nas exportações na ordem dos dois dígitos. A Revista Pontos de Vista quis saber mais sobre esta empresa que faz parte do dia a dia de milhares de famílias nacionais e por isso esteve à conversa com Luís Cumbrera Tavares, Adjunto da Administração da Cofaco.
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oi no Algarve que nasceu a Cofaco, no início da década de 60, no entanto, fruto da escassez de atum nos mares algarvios, depressa a empresa se desloca para o arquipélago dos Açores, lugar privilegiado de passagem do atum nas suas rotas migratórias através dos oceanos. Atualmente, é uma empresa exclusivamente açoriana, situando-se os seus polos industriais nas ilhas do Pico e de S. Miguel.
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E quem é que não conhece marcas como a Bom Petisco ou a Pitéu?
A entrar nas casas dos portugueses regularmente desde essa altura, a Cofaco desde cedo alcançou uma posição de liderança em Portugal. Um lugar que tem sabido manter, fruto não só da qualidade a que sempre nos habituou, mas também de uma atitude de renovação e inovação constante, numa área marcada pela tradição. “Embora seja uma categoria muito tradicional e com muita empatia pelo consumidor, que tem uma grande ligação às conservas e conhece todos os benefícios das mesmas, sabemos que o consumidor está sempre à procura de novidades e nós também, como líderes no mercado, temos a responsabilidade de ir de encontro a essas novas necessidades que são criadas ou que nós próprios criamos nos consumidores. A Cofaco, concretamente com a marca Bom Petisco, é líder em Portugal e tem sido sempre pioneira em inovação, desde há 50 anos atrás quando foi criada. Foi a marca que introduziu a abertura fácil, os molhos de azeite ao natural, os frascos de vidro e, mais recentemente, para nos aproximarmos ao público mais jovem, lançamos também os hambúrgueres de atum”, explica Luís Cumbrera Tavares. Os hambúrgueres de atum são um conceito totalmente inovador não só ao nível do produto, mas também no que diz respeito à embalagem. A Cofaco tem, efetivamente, essa preocupação em apresentar novos formatos, tal como esta bolsa de alumínio flexível, que apresenta as mesmas características que a lata tradicional, mas é visualmente diferente e aporta maiores quantidades.
Luís Cumbrera Tavares “Esta bolsa é utilizada nos hambúrgueres de atum e no Pitéu mais económico e tem como objetivo ir de encontro às famílias que procuram um produto mais económico, com a mesma qualidade. Trata-se de uma embalagem equivalente a duas latas de atum, ou seja, a quantidade média que as famílias utilizam na sua refeição, numa embalagem diferenciadora, mais fácil de abrir e que permite que as pessoas não se cortem, um problema que as latas podem por vezes criar”, afirma.
Muitos chefs utilizam já as conservas nos seus pratos
Ainda assim, apesar dos produtos e embalagens mais inovadores que têm sido lançados pela Cofaco e alcançado o sucesso desejado, Luís Cumbrera Tavares defende que esta é uma área em que há uma certa resistência à mudança. As típicas latas de conserva que tão bem conhecemos continuam a ser as preferidas do consumidor e as próprias lojas gourmet dão preferência ao aspeto tradicional das mesmas. Mais do que isso, também no que diz respeito aos pratos
concebidos nota-se uma tendência para a resistência à inovação, um olhar para as reservas como um produto a ser consumido quando o tempo para preparar pratos mais elaborados escasseia ou o cansaço de um dia complicado de trabalho se apodera sobre o consumidor. “O consumidor valoriza a categoria e identifica as mais-valias do consumo, o facto de ser peixe, o ómega 3, mas geralmente acaba por fazer um consumo de recurso, o que cria uma certa barreira a um maior dinamismo”, refere o nosso entrevistado. Como tal, um dos objetivos da Cofaco, neste momento, é “mudar esta mentalidade e fazer com que as pessoas percebam que o produto permite outro tipo de utilizações, tal como alguns chefs têm mostrado, pela conceção de pratos diferenciados que utilizam sardinha, cavala e atum. Isto para a categoria tem sido bastante positivo porque acrescenta valor”.
Retração interna contrasta com aumento das exportações
Apesar das conservas constituírem uma
alternativa saudável e económica para a carteira dos portugueses numa altura em que a poupança é uma realidade necessária à grande generalidade das famílias, nos últimos anos, desde que a crise se instalou, assistiu-se a uma quebra no consumo a nível interno. A contrabalançar a retração interna, assiste-se a um aumento do volume de exportações. “A Cofaco tem desde sempre um histórico importante de exportação e temos assistido a um crescimento interessante nos últimos anos, na ordem dos dois dígitos. Naturalmente, em Portugal a marca Bom Petisco tem uma notoriedade de cem por cento, o que ainda não acontece lá fora. No entanto, as empresas conserveiras nacionais estão já nos quatro cantos do mundo e são reconhecidas pela sua elevada qualidade. Um reconhecimento que tem sido bem explorado e aproveitado pelas várias empresas conserveiras e, por isso, as conservas portuguesas são consideradas das melhores do mundo”, orgulha-se. E é principalmente nos mercados ao qual Portugal tem ligação histórica, tal como os países da Europa onde a presença de portugueses é forte através da emigração ou os países de língua oficial portuguesa, que o consumo das marcas Bon Apetit ou Bom Petisco é mais acentuado. No fundo, o chamado mercado da saudade! A par do objetivo de manter a liderança em Portugal, o aumento das exportações é algo que a Cofaco também espera que se mantenha nos próximos tempos porque, sem dúvida, é esse o espírito que está na génese desta empresa. Para assinalar o Dia Nacional do Mar, Luis Cumbrera Tavares terminou esta conversa reforçando “a importância que o mar sempre teve para Portugal e a qual não nos podemos jamais esquecer. Foi importante para nós na época dos descobrimentos mas continua a ser, não apenas a nível comercial, mas também social”. O mar faz parte da nossa cultura e com ele aquilo que de bom nos traz, o nosso pescado, as nossas conservas que tão bem têm sabido levar o selo Portugal além-fronteiras e, dentro destas, este caso de sucesso que é a Cofaco e as suas marcas, Bom Petisco, Pitéu e Líder.
DIA NACIONAL DO MAR
Fernando Loureiro Bastos, Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa fala sobre Direito do Mar
Pontos de Vista Novembro 2013
“Os problemas criam a necessidade de se encontrar soluções para eles” O Dia Nacional do Mar comemora-se a 16 de novembro como forma de homenagear a entrada em vigor da Convenção da Nações Unidas sobre Direito do Mar. Assinada em 1982, esta convenção foi o maior passo dado na área do Direito do Mar. Na mesma altura, foi criado também o Tribunal Internacional do Direito do Mar, com competências para julgar as questões relativas à interpretação e à aplicação daquele tratado e das evoluções posteriores a que assistimos nesta área. Para perceber essa mesma evolução nos últimos 30 anos, a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Fernando Loureiro Bastos, Jurista Especialista em Direito do Mar e Direito Internacional e professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
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Direito do Mar é um ramo do Direito Internacional cujo estudo em Portugal coincide com a altura em que foi assinada a Convenção da Nações Unidas sobre Direito do Mar. Muitas vezes designada de “constituição dos oceanos”, esta é a estrutura básica do Direito aplicável ao espaço marítimo. Desta forma, no início dos anos 80, surgiu na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa uma cadeira de Direito do Mar, lecionada pelo Professor Armando M. Marques Guedes na licenciatura e que passou mais tarde a ser uma temática desenvolvida igualmente em seminários de mestrado. Atualmente, é Fernando Loureiro Bastos o docente responsável pelo ensino pós-graduado desta matéria na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Uma matéria que tem vindo a despertar o interesse crescente dos alunos da instituição de ensino em questão.
“Há uma espécie de moda nesta matéria”
Para Fernando Loureiro Bastos, esta é uma matéria que está a ganhar importância, voltando a ocupar a agenda mediática e a ser colocada como uma problemática importante no rumo que o Mundo segue, no caminho da sustentabilidade e do entendimento entre Estados. “A primeira vez que me interessei pelo Direito do Mar foi há mais de 20 anos. Agora há uma espécie de moda nesta matéria e eu, que tenho esse distanciamento de mais de duas décadas, fico muito satisfeito por pensar que houve uma época em que o assunto tinha poucas pessoas que se interessassem por ele mas que a partir do novo milénio, volta a ter importância, passando atualmente por uma fase bastante positiva, em que o Mar é debatido de inúmeras perspetivas, sendo o Direito do Mar uma dessas perspetivas e um contributo paralelo a muitos outros”, afirma. Nesse sentido, Fernando Loureiro Bastos acredita que iremos assistir nas próximas décadas a avanços significativos na área, resultado também do facto de se estar a viver uma fase de transição ao nível dos próprios investigadores, o que dá lugar a novas perspetivas, fruto das necessidades atuais e da evolução na forma como es-
tes assuntos são encarados. “Os grandes especialistas mundiais de Direito do Mar foram os que estiveram na negociação da Convenção das Nações Unidas e, como tal, neste momento estamos numa espécie de transição de gerações e isso vai levar a que certos problemas que até agora eram visto de uma forma possam passar a ser vistos de outra ótica. Por exemplo, que passemos a ter uma visão mais ambiental das questões jurídicas”, afirma. Os principais desafios que se colocam no momento atual ao Direito do Mar são, na visão deste jurista, questões como o regime jurídico de exploração dos recursos genéticos; o combate à sobreexploração ao nível da pesca, assunto que é discutido há algumas dezenas de anos e para o qual se procuram soluções que permitam evitar a extinção das espécies; e, inevitavelmente, as questões relacionadas com a poluição marítima. Quando acontecem acidentes de elevado impacto mediático, de que é exemplo o Prestige, este assunto é colocado em cima da mesa e, apesar do cariz negativo da ocorrência de tais catástrofes, é essa atenção mais generalizada que pode levar a evoluções nesta área. “Os problemas criam a necessidade de se encontrar soluções para eles e a evolução depende disso mesmo”.
“Quando há expertise em determinada matéria, isso gera oportunidades”
É exatamente isso que Fernando Loureiro Bastos tem expectativa que possa acontecer com o caso que tem atualmente em mãos. O nosso entrevistado encontra-se a defender a Guiné-Bissau no Tribunal Internacional de Direito do Mar sobre uma situação de apresamento de uma navio de nacionalidade do Panamá que se encontrava a fazer o fornecimento de combustível a navios pesqueiros. Ora a questão que se coloca neste caso é a de saber se reabastecer navios pesqueiros na zona económica exclusiva faz parte da liberdade do alto mar ou é uma questão que pode ser objeto de regulamentação por parte do Estado costeiro. Tratando-se de uma questão relativamente nova, que foi já foi discutida anteriormente mas à qual não foi dada uma resposta, o desfecho deste caso poderá vir traduzir-se num avanço ao nível da regulamentação nesta área do Direito do Mar. É evidente que estas situações têm sem-
pre como pano de fundo interesses de cariz económico que podem ser resultado do interesse das próprias nações, da pressão geral dos consumidores no mercado global ou da ganância de quem desenvolve a atividade económica. Cada Estado tenta posicionar-se da melhor forma e, por isso, uma das questões mais prementes nesta área é, sem dúvida, a extensão da plataforma continental além das 200 milhas, o que para Portugal se traduzirá num aumento imenso do território marítimo sujeito à sua jurisdição. Neste cenário, é importante que Portugal continue a formar especialistas nas diferentes áreas do Mar, nomeadamente juristas. “Importante referir que quando há expertise numa determinada matéria, isso gera oportunidades. Exemplo disso é o facto de pertencer, em conjunto com a Professora Marta Chantal Ribeiro
Fernando Loureiro Bastos da Universidade do Porto, a uma rede europeia de especialistas juristas nesta matéria, a MarSafeNet.”, conclui. LER NA INTEGRA EM WWW.PONTOSDEVISTA.PT
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NORGE EM DESTAQUE
Chef Vítor Sobral e o segredo na cozinha
“Os produtos do mar da Noruega são uma mais-valia pela Qualidade” A arte da cozinha pertence a quem nela sabe estar. Já foi conhecido por ter reinventado a gastronomia portuguesa, já foi o cozinheiro mais moderno português, já teve inúmeros títulos, mas aquilo que o Chef Vítor Sobral mais gosta, é de ser considerado uma pessoa preocupada com as nossas raízes inovando sempre nas tradições gastronómicas.
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Revista Pontos de Vista quis saber mais do Chef Vítor Sobral, um cozinheiro de renome no panorama nacional e internacional, e que começou nestas «lides» em pequeno, onde os primeiros passos na cozinha foram dados com a sua mãe, a fazer bolos. Ser chef é um estatuto que se conquista e nunca cessa. O nosso entrevistado aproveitou essa oportunidade e, além da formação enquanto cozinheiro, também retirou as mais-valias da experiência das viagens que teve oportunidade de fazer e que permitiram aprender técnicas com outros pares e novas tendências que todos os dias aplica e usa. Vítor Sobral é um homem direto e nunca esquece as suas raízes. Será portanto por isso, que jamais esquece as suas origens e a nossa cultura gastronómica, regional e tradicional, que é o principal fito da sua cozinha. Para o Chef Vítor Sobral é claro que não existe uma boa cozinha sem bons ingredientes e lembra que na nossa cozinha, a portuguesa, “quase todos os ingredientes estão num patamar de qualidade superior”. Assegurando que ser cozinheiro acima da média é ser criativo e ser chef é ter capacidade de liderar equipas, o nosso interlocutor sabe que originalidade, irreverência e simplicidade são «ingredientes» fundamentais na cozinha, mas q.b. “Acho que devemos misturar essas três características, mas usando-as sempre com bom senso e com conta, peso e medida”, revela, lembrando ainda que a criatividade é sempre importante, “para surpreendermos as pessoas. ReUm Bacalhau dá para muitas receitas Bem cortado, o Bacalhau da Noruega dá para muitas refeições porque para cada corte há uma receita. Pratos frios ou quentes, mais ou menos elaborados, é sempre possível reinventar receitas com o melhor bacalhau. Aproveite-o até à última lasca.
Vítor Sobral
Pontos de Vista Novembro 2013
“ lativamente à minha forma de trabalhar, esforço-me, juntamente com a minha equipa, por ser criativo com produtos e sabores que as pessoas identifiquem e que não sejam cozinhados de uma forma habitual. Gosto de surpreender pelo paladar”, assume, ele que em criança tinha três referências: suspiros, bolo de iogurte e delícias de vaqueiro.
Cozinha e produtos regionais
Mas como é que se define, enquanto chef, Vítor Sobral? “Cozinha simples, fácil de entender e que jamais esquece as matrizes e raízes da cozinha portuguesa, mas que de alguma maneira, tem também influências de outras matrizes de cozinha de língua portuguesa”, esclarece, ele que gosta de ensinar truques de culinária, principalmente quando comunica com o público. “Tento sempre passar algumas dicas e procedimentos que vão facilitar o dia a dia das pessoas, e melhorar o sabor dos seus cozinhados”. Vítor Sobral é dos principais chefs portugueses e o primeiro cozinheiro a ser condecorado como Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Mas sabendo que a cozinha portuguesa figura como uma das mais ricas, como analisa e define a gastronomia lusa o Chef? “Na minha opinião, existem três catego-
“Na minha opinião, existem três categorias de cozinha portuguesa. A cozinha tradicional portuguesa que de alguma maneira é a matriz e a mãe de todas as outras. A cozinha tradicional que é feita pelas famílias e prolifera de geração em geração e a cozinha contemporânea. A grande riqueza que possuímos e a base de tudo é sem dúvida a cozinha e os produtos regionais que temos em Portugal”
rias de cozinha portuguesa. A cozinha tradicional portuguesa que de alguma maneira é a matriz e a mãe de todas as outras. A cozinha tradicional que é feita pelas famílias e prolifera de geração em geração e a cozinha contemporânea. A grande riqueza que possuímos e a base de tudo é sem dúvida a cozinha e os produtos regionais que temos em Portugal”, assevera convicto.
Bacalhau da Noruega dá vantagem na confeção
Portugal é o país que mais consome bacalhau - são 70 mil toneladas por ano, o equivalente a sete quilos anuais por habitante, e por isso não podia ficar de fora nesta conversa com o Chef Vítor Sobral, ele que é um fanático pelo peixe preferido pelos lusitanos, e que já valeu o título de um livro denominado por «As Minhas Receitas de Bacalhau», fruto de uma parceria com a Norge, onde estão conjugadas receitas clássicas e inéditas, sobre este peixe originário dos mares do Norte, em especial do Atlântico. “O bacalhau é sem dúvida um dos meus produtos preferidos, embora deva dizer que tenho muitos outros que entram na minha «galeria» de produtos favoritos. A minha abordagem ao bacalhau passa por mostrar às pessoas que em Portugal conseguimos fazer uma receita de ba-
Para surpreendermos as pessoas. Relativamente à minha forma de trabalhar, esforço-me, juntamente com a minha equipa, por ser criativo com produtos e sabores que as pessoas identifiquem e que não sejam cozinhados de uma forma habitual. Gosto de surpreender pelo paladar
calhau de inúmeras maneiras, embora a nossa cozinha vá muito mais além do bacalhau”, afirma o Chef Vítor Sobral. E porquê produtos do mar da Noruega? “Acima de tudo pela qualidade dos produtos colocados à nossa disposição. Para um cozinheiro ter acesso a produtos de qualidade como são os da Noruega é uma vantagem no momento da confeção de um prato de bacalhau”. Mas tem o Chef Vítor Sobral um prato favorito de bacalhau? Em jeito de brincadeira, o nosso interlocutor lembrou que tem 500 receitas de bacalhau e se
preferisse uma, “as outras iriam ficar tristes”, salienta. A terminar, questionámos o Chef sobre a relação entre cozinha e felicidade. Pode a comida mudar a vida das pessoas? Plenamente convicto, Vítor Sobral assume que sim, “tornando as pessoas mais felizes e alegres, mesmo no âmbito da sua saúde. Se comermos bem seremos sem dúvida pessoas diferentes e mais saudáveis. Costumo dizer meio a sério, meio a brincar, que quem não gosta de comer, é de desconfiar”, conclui o Chef Vítor Sobral.
Dica do Chef Vítor Sobral Utilize azeite nas suas receitas de bacalhau Em cru, como tempero, cozinhado como ingrediente ou bem quente como forma de cozedura, o azeite dá sabor, aroma e melhora as texturas, marcando presença em quase todas as receitas de bacalhau. Após a demolha, para a confeção do bacalhau, torna-se necesária a presença de uma gordura para potencializar o sabor e conduzir o calor, e o azeite é a gordura mais delicada e rica para tal. O importante será escolher sempre um azeite de qualidade, fazendo as combinações certas com os melhores ingredientes.
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NORGE EM DESTAQUE
Chef Justa Nobre e os produtos do mar da Noruega
“Os produtos do mar da Noruega são fantásticos” A Chef Justa Nobre é uma aficionada da gastronomia portuguesa, sendo atualmente uma das mais famosas chefes de cozinha no nosso país e não só. Em criança já tinha o gosto pelos tachos e panelas, por andar na cozinha da casa da família a saciar a curiosidade dos presentes e assim, é legítimo que se afirme que a arte de cozinhar já nasceu com a nossa entrevistada.
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ascida em Vale dos Prados, Trás-os-Montes, Justa Nobre considera-se uma lutadora por natureza e gosta de se “fazer à vida”, lembrando que quando era mais pequena “cozinhar era tão natural quanto brincar”. Aos 21 anos foi convidada para chef de cozinha do Restaurante 33, e até aqui “apenas” tinha trabalhado numa pequenas tasca de uma das suas irmãs. Inicialmente não queria aceitar este desafio, “tinha algum receio”, diz. Mas a verdade é que este projeto foi mais uma vitória de Justa Nobre. “Realizei a abertura da casa, fiz as ementas e o restaurante tornou-se num sucesso”, afirma, não sem antes lembrar que a confiança do dono do espaço foi também importante. “Consegui contrapor o medo e o sucesso foi conseguido”. É uma autodidata e por isso diz em jeito perentório, que não é chef, “Sou a Justa. Sou cozinheira e o ser chef vem por arrasto, porque nunca tive ninguém a mandar em mim”. Quanto à formação académica, naquela altura pouca gente ia para uma escola de hotelaria. “Não senti falta, mas se tivesse frequentado um curso, talvez tudo tivesse sido mais fácil, pois teria aprendido certas técnicas e mais coisas sobre a cozinha nacional e internacional”, salienta. Mas isso não foi um problema. Porquê? Porque a capacidade de Justa Nobre permitiu que aprendesse por ela própria. “A minha vontade de saber mais não tinha e continua a não ter fim”, refere Justa Nobre. Prefira Bacalhau seco da Noruega Sabor de origem Ao preferir Bacalhau seco da Noruega, conta não só com a garantia de qualidade das águas frias do mar da Noruega, como pode ainda escolher um bacalhau preparado segundo a sabedoria ancestral e com origem em pesca sustentável. Confie na qualidade do verdadeiro Bacalhau e aposte no sabor de origem.
Justa Nobre
Pontos de Vista Novembro 2013
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“Não há cozinha portuguesa que não tenha bacalhau. Não há família portuguesa que não goste de bacalhau”, refere. E a nossa entrevista? O que dizer do Bacalhau que nos chega do mar da Noruega? Os produtos do mar da Noruega são fantásticos, gosto especialmente do bacalhau. Muito bem tratados e com enorme qualidade. Para mim usar Bacalhau da Noruega é uma escolha de há muitos anos. Existiu sempre nas minhas cozinhas e irá continuar a existir. É um ingrediente muito importante e de altíssima qualidade”.
Cozinhar é para quem Ama de verdade
Atualmente muitas pessoas apostam numa carreira de chef, sendo uma profissão que está digamos na moda. Alguns programas televisivos, deram maior visibilidade a cozinheiros amadores que gostam de cozinhar e que quer ser reconhecidos por isso. Como vê Justa Nobre esta realidade? Sabendo de antemão que é positivo “sangue novo” nestas andanças, e que trazem consigo novos sabores, novas formas e mais criatividade, para a nossa entrevistada é preciso perceber as razões que levam estas pessoas a apostar nesta carreira. “De facto existem muitos jovens a tirar um curso de cozinha. Isso é positivo. Mas se as razões dessa escolha passarem apenas por aparecer na televisão, então é assustador para eles, para a classe e para a própria cozinha. É salutar que tirem cursos e se formem, mas que seja pelas melhores razões e não por 15 minutos de fama”, salienta a nossa interlocutora, não sem antes referir que esta profissão “é apenas para
“De facto existem muitos jovens a tirar um curso de cozinha. Isso é positivo. Mas se as razões dessa escolha passarem apenas por aparecer na televisão, então é assustador para eles, para a classe e para a própria cozinha”
O fiel amigo dos portugueses O fiel amigo há muito que está enraizado na tradição gastronómica portuguesa e não é por acaso. Os portugueses sabem que o Bacalhau da Noruega é o único a oferecer o sabor tradicional de que tanto gostam.
quem a ama, porque requer muito sacrifício e temos de dar muito de nós aos outros. Só vai singrar nesta profissão quem tiver espírito de sacrifício”, assegura a Chef Justa Nobre.
sinónimo de prato cheio e barriga farta, hoje as coisas mudaram. A Chef Justa Nobre dá a receita. “Comer bem é comer com qualidade e com regra. Saber comer é saber ter saúde”, salienta.
Como Chef de cozinha portuguesa, Justa Nobre prefere sempre produtos «made in» Portugal. “Estão sempre em primeiro lugar. Gosto de cozinhar comida portuguesa e de a mostrar porque tem de facto uma enorme qualidade e valia. Acima de tudo gosto de transmitir aos outros o que a nossa cozinha e gastronomia têm de bom” afirma convicta. Ainda nesta lógica lusa, para a nossa entrevistada a cozinha portuguesa é muito mediterrânica, com produtos bastante genuínos, “desde o tomate ao azeite”, passando por outros. Toda a matéria-prima de que dispomos é de enorme qualidade, muito rica e bastante saudável”. Se num passado recente, comer bem era
Bacalhau. Quem não gosta? À mesa dos portugueses encontramos sempre um delicioso prato de bacalhau. A Chef Justa Nobre também falou daquele que é um dos seus ingredientes preferidos. O Bacalhau da Noruega. “Não há cozinha portuguesa que não tenha bacalhau. Não há família portuguesa que não goste de bacalhau”, refere. E a nossa entrevista? O que dizer do Bacalhau que nos chega do mar da Noruega? Os produtos do mar da Noruega são fantásticos, gosto especialmente do bacalhau. Muito bem tratados e com enorme qualidade. Para mim usar Bacalhau da Noruega é uma escolha de há muitos anos. Existiu sempre nas minhas cozinhas e irá continuar a existir. É um ingrediente muito
“Saber comer é saber ter saúde”
Produtos do mar da Noruega “são de origem e de altíssima qualidade”
Lasca que é um mimo Bem seco e curado, só o verdadeiro Bacalhau lasca na perfeição depois de cozinhado. Logo após captura, o bacalhau é limpo, aberto, salgado e seco, de acordo com os mais elevados padrões de qualidade, obtendo-se assim um bacalhau genuíno de características únicas como só o mar da Noruega lhe oferece.
importante e de altíssima qualidade”. E qual o prato de bacalhau preferido de Justa Nobre? “Toda a gente gosta de bacalhau cozido, mas aquele que mais gosto de comer e de cozinhar é o bacalhau confitado com alho e tomilho fresco. Para quem ainda não provou vai adorar”, sugere a nossa Chef, ela que costuma dizer que nasceu cozinheira, “porque há coisas que nos saem da alma”.
A Norge, Conselho Norueguês das Pescas, é a organização responsável dos exportadores de peixe da Noruega. Com representação em vários países, incluindo Portugal, a aposta da Norge na qualidade de origem vem de há muito tempo e tem como principal objetivo promover o consumo dos melhores produtos do mar da Noruega, oferecendo produtos de excelência e características únicas.
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ESCOLAS DE NEGÓCIO ENTRE AS MELHORES DO MUNDO
João Duque, Presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), defendeu
“Queremos que os nossos alunos sejam capazes de construir a sua própria identidade” Cavaco Silva, Fernando Ulrich ou Alberto da Ponte. Estamos a falar do atual Presidente da República Portuguesa, do Presidente da Comissão Executiva do BPI e do Presidente da RTP. Além de serem hoje grandes decisores que se destacam na esfera política, económica e empresarial, em comum partilham um percurso académico no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). Quando João Duque afirma que esta é uma escola que cria líderes, vê nestas personalidades e noutras, que formam a “brilhante coletânea” da Associação dos Antigos Alunos, a concretização dessas palavras.
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ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão) é, hoje, um dos grandes responsáveis pela formação e educação da “elite do pensamento e da decisão económica e empresarial em Portugal”. A instituição académica tem conseguido estar, ao longo de mais de cem anos, na vanguarda do ensino da economia, finanças e gestão, não ostentando, graças a esse estatuto, grandes protagonismos. Assume sim o peso de um passado brilhante e a responsabilidade de ter educado e de continuar a educar profissionais que se destacam onde quer que estejam. O segredo é simples na teoria. Já no terreno esse trabalho exige que todos vistam a camisola. “O ISEG é uma escola que se destina a formar quadros médios superiores na área de economia e gestão com uma forte formação técnica nessas áreas. Mas não impomos um modelo formativo como sendo o certo. Damos sim a conhecer todos os modelos e cada aluno opta pelo mais adequado para construir a sua própria identidade”, explicou João Duque, Presidente do ISEG em declarações à Revista Pontos de Vista. No final de cada ano letivo, João Duque espera sempre ver um objetivo concretizado. “Dos 350 alunos que terminam a licenciatura ou dos 500 que acabam o mestrado, quero entregar um diploma único para cada um deles. Podem ter um fato e uma gravata iguais mas quero que cada um seja diferente do colega do lado. Queremos que os nossos alunos sejam capazes de construir a sua própria identidade”, defendeu o Presidente. “Liberdade de aprender e liberdade de ensinar”. É com esse mote que a escola quer chegar aos seus estudantes e, para tal, além do ensino de longa duração e da vasta possibilidade de cursos executivos de curta duração e de formação intensiva, o ISEG possibilita o acesso a muitas outras opções. “Quero que os meus alunos sejam também excelentes econo-
O ISEG é uma escola que se destina a formar quadros médios superiores na área de economia e gestão com uma forte formação técnica nessas áreas. Mas não impomos um modelo formativo como sendo o certo
João Duque
mistas e gestores”, afirmou João Duque. Aqui, o “também” não surge por acaso. “Significa que têm obrigatoriamente de o ser para que tenham o nosso diploma. Mas quero que sejam mais do que isso. Sejam cidadãos do mundo”. Para lá chegarem, o ISEG disponibiliza atividades que vão além do ensino da economia e gestão. No fundo, é-lhes dada a possibilidade de crescerem dentro da escola, com uma atividade cultural constante, exposições de arte, palestras, atividades musicais e o ensino de seis línguas estrangeiras (inglês, francês, alemão, castelhano, russo e mandarim). Além de toda a componente formativa que assenta em modelos de aproximação quantitativa e qualitativa, o ISEG procura incutir nos seus alunos um es-
pírito de parceria. “Não pretendemos que eles queiram ser o primeiro na organização onde vão estar. Este é um modelo de comportamento que vejo muito estimulado nalgumas escolas. Despertar no aluno um espírito de concorrência e agressividade face aos colegas na busca do melhor não é saudável, sobretudo
quando estou a preparar pessoas que vão colaborar em organizações”, explicou João Duque que avançou rapidamente para um exemplo representativo do mundo do futebol. “O Cristiano Ronaldo não consegue ser o melhor numa equipa que perde e se ele quiser ser o melhor da equipa levará a mesma a perder”, descreveu. Deste modo, os alunos devem perceber que serão agentes de transformação nas organizações onde vão estar com o intuito de coloca-las em primeiro lugar no ranking do setor de atividade a que pertencem. “Em vez de usarem os cotovelos para empurrarem os outros, devem usar as mãos para ajudarem a puxar o grupo para a frente”, defendeu. Este é o modelo de ensino usado pelo ISEG, uma escola que cria líderes. Tendo em conta a extensa literatura que se dedica ao assunto, um líder pode ter variadas definições. Mais democrático, mais autocrático, mais emocional, mais
O ISEG hoje: Disponibiliza sete licenciaturas, uma das quais em parceria com a Faculdade de Motricidade Humana; 20 mestrados; vários doutoramentos, o MBA ISEG e dezenas de cursos de pós-graduação. De acordo com os requisitos para o Ensino Superior a nível internacional, os cursos estão devidamente acreditados. O ISEG dispõe ainda de unidades de investigação acreditadas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Pontos de Vista Novembro 2013
concentrador, mais otimista. Existem sempre caraterísticas individuais que se destacam e um líder saberá ler os sinais e agir quase de uma forma inata. Ser líder é, para algumas pessoas, tão natural como respirar. “Parece que têm um certo poder, um magnetismo, uma aura que nós não vemos. Devemos ver num líder uma calma e um controlo que não vemos em mais ninguém. Mas, por outro lado, o líder também sabe criar instabilidade de forma a obrigar as pessoas a saírem da sua zona de conforto”, defendeu João Duque. No ISEG procura-se isso mesmo mas por muito que se ensine e que se transmita bons conselhos, não há uma receita universal.
Uma das melhores escolas de negócios do Mundo
À questão “que escola recomenda em cada país a quem nele pretenda estudar?”, Portugal continua a destacar-se na formação de executivos. Há cinco escolas portuguesas na Lista Eduniversal 2013, o ranking das melhores escolas de negócios do Mundo. A qualidade do ensino de uma instituição como o ISEG é, assim, reconhecida “fora de portas”, o que, para João Duque, “significa que a indústria de educação do ensino superior na área de economia e gestão está a afirmar-se como uma boa indústria”. Mas o caminho não é muito difícil de fazer, defendeu o mesmo responsável. Basta seguir os padrões das melhores escolas que figuram no top 5. “Para mim o modelo é aquele. Tenho de ver o que é que eles fazem, o que exigem e adequar à realidade onde estamos inseridos”, admitiu. Este reconhecimento surge como resultado de um intenso investimento que se tem feito, tanto nas infra estruturas como na contratação de um corpo docente altamente qualificado. “É pedido que os profissionais de uma universidade empurrem a barreira do conhecimento para a frente e forcem o desconhecido e este deve ser um esforço diário para que o desconhecimento ocupe cada vez menos espaço”, explicou João Duque. Quanto maior a exigência, maior será o reconhecimento internacional de entidades que começam a olhar para a escola como um parceiro de interesse. Todavia, a atual conjuntura económica poderá ditar um futuro instável para as universidades portuguesas. “As restrições orçamentais são devastadoras e há o risco de muitas destas conquistas se perderem por causa deste período de crise que levará à perda de uma compo-
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Quero que os meus alunos sejam também excelentes economistas e gestores. Significa que têm obrigatoriamente de o ser para que tenham o nosso diploma. Mas quero que sejam mais do que isso. Sejam cidadãos do mundo
nente fundamental, os docentes”, partilhou o responsável. Quase a terminar o seu mandato, João Duque espera que o novo presidente continue a levar em frente esta linha estratégica que tem conduzido o ISEG a bom porto, mantendo o mesmo modus operandi que tem conduzido a uma maior afirmação nacional e mundial. Formar profissionais de topo continua a ser o objetivo. Já no mercado internacional, quando estes profissionais forem elogiados pelas suas competências levantar-se-á a questão: “De que universidade vêm?” E a resposta é clara: “Das universidades portuguesas claro porque lá o ensino é de grande qualidade”, concluiu João Duque. O ISEG em dados cronológicos 1844 – A aula de comércio é anexada ao Liceu de Lisboa para formar a Escola de Comércio; 1869 – A Escola de Comércio passou a chamar-se Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, depois de ter sido integrada no Instituto Industrial de Lisboa; 1884 – Criação do Curso Superior de Comércio; 1911 – O Instituto Industrial e Comercial de Lisboa origina o Instituto Superior Técnico e o Instituto Superior de Comércio; 1930 – Formação da Universidade Técnica de Lisboa. A designação do Instituto Superior de Comércio foi alterada para Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras; 1972 – Alteração para Instituto Superior de Economia; 1990 – Adoção da atual designação: Instituto Superior de Economia e Gestão - ISEG.
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BREVES
MELHOR VINHO TINTO PORTUGUÊS DISTINGUIDO NA CHINA É DA REGIÃO DO TEJO
8º FORUM “PORTUGAL EXPORTADOR” Com o objetivo de incentivar as empresas portuguesas, com destaque para as PMEs, a apostar na exportação dos seus produtos e serviços, a Fundação AIP, a AIP-CCI, o BES e a AICEP Portugal Global, com o apoio da CIP e AEP promovem a 8ª edição do Portugal Exportador. O evento terá lugar no próximo dia 27 de Novembro no Pavilhão do Rio, do Centro de Congressos de Lisboa e permitirá às empresas aceder, de uma forma simples e agregada, a um conjunto diversificado de ferramentas de apoio ao processo de internacionalização.
Portugal Maior – O grande encontro Intergeracional na FIL entre 4 e 8 de dezembro 88
Em Portugal existem dois milhões de idosos e a tendência futura aponta para um aumento progressivo deste número. Com o objetivo de sensibilizar para as necessidades das pessoas de idade mais avançada, as Nações Unidas instituíram o Dia Mundial da Terceira Idade que se assinala a 28 de Outubro. Consciente de que é necessário dotar a sociedade civil de respostas adequadas para assegurar uma melhor qualidade de vida aos seniores, a Fundação AIP, através da AIP – Feiras Congressos e Eventos, realiza entre 4 a 8 de Dezembro na FIL a 2ª edição do salão Portugal Maior que pretende ser uma grande festa intergeracional, onde os visitantes encontram as mais recentes novidades e serviços para um envelhecimento digno e de excelência, mas também para todos os que pretendem ter uma vida ativa e em permanente atualização.
Portugal no ranking das melhores escolas de negócios do mundo O Moura Basto, Reserva, Tejo 2010 (Enoport United Wines) foi o vinho tinto português a ser distinguido com o Troféu Regional, a mais importante distinção existente no ‘Decanter Asia Wine Awards’, uma das maiores competições mundiais de vinhos, que ocorreu na China, de 16 a 19 de setembro. Das 74 medalhas ganhas pelos vinhos portugueses neste concurso apenas dois dizem respeito a troféus regionais, a maior distinção da competição e que só pode ser atribuída a vinhos que tenham vencido uma medalha de ouro na fase inicial do concurso e que sejam reconhecidos como o melhor da região na sua categoria. Os vinhos premiados no ‘Decanter Asia Wine Awards’ irão ter a oportunidade de participar numa série de provas e feiras no continente asiático ao longo de 2013 e 2014.
Portugal teve cinco escolas portuguesas na lista Eduniversal 2013, o ranking das melhores escolas de negócios do mundo. As escolas portuguesas já constavam desta lista no ano transato mas, este ano, há uma novidade: a Nova School of Business and Economics melhorou a sua classificação, chegando às cinco “palmas” e estando agora entre as 100 melhores escolas de negócios do mundo. A Eduniversal atribui palmas às escolas de negócios. Cinco palmas é a classificação máxima e equivale a uma “Universal Business School”. As quatro palmas representam uma “Top Business School” (escolas com reputação internacional). Três palmas equivalem a uma “Excellent Business School” (escolas com reputação nacional), duas palmas a “Good” e uma palma a “Local Reference” (ou seja, uma escola com referência local). Depois da Nova, que ocupa agora o 88º lugar da lista das melhores escolas de negócios do mundo, com 5 palmas, segue-se a Católica-Lisbon School of Business and Economics, com 4 palmas, e o INDEG/ISCTE-IUL, a Porto Business School e o ISEG, todos com 3 palmas. As escolas têm ainda direito às recomendações dos diretores de mil escolas. A Nova volta a liderar neste campo, com 258% de votação. A Católica tem 196% de recomendações, o ISCTE 137%, a Porto Business School 119% e o ISEG 74%.
A OPINIÃO DE...
NOVA LEI DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS
Anipla – Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas
“A profissionalização dos agricultores só poderá beneficiar o setor e a agricultura nacional” Os produtos fitofarmacêuticos aumentam o rendimento das culturas, minimizam as perdas das colheitas e melhoram o uso eficiente de recursos naturais como a terra, água e energia. Asseguram a disponibilidade de alimentos, de elevada qualidade, a preços acessíveis, promovem o desenvolvimento de outros setores da economia (algodão/fibras/flores) e protegem milhões de pessoas de doenças transmitidas por insetos.
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m recente relatório da OCDE-FAO revelou que sem uma gestão avançada da proteção das culturas, as atuais perdas anuais (de 26 por cento a 40 por cento) de produção potencial no mundo, poderá duplicar. A publicação da Lei nº 26/2013 vem regular as atividades de distribuição, venda e aplicação de produtos fitofarmacêuticos e dos seus adjuvantes. Embora grande parte da atividade de comercialização e utilização de produtos fitofarmacêuticos se encontrar legislada há muitos anos, através do DL 173/2005, esta nova legislação vem reforçar as regras em áreas específicas tais como aplicação área, aplicação em zona urbanas, de lazer e em vias de comunicação. Acrescenta ainda exigências às atividades de comercialização e aplicação profissional de produtos fitofarmacêuticos, mais concretamente ao nível da formação, transversal a todas as áreas que integram a Lei 26/2013, assim como a promoção e desenvolvimento da proteção integrada, e de abordagens técnicas alternativas com vista à redução da dependência dos prod. fitofarmacêuticos. A sua implementação prática engloba ainda a publicação de um Plano de Ação Nacional, que define medidas e indicadores nacionais para o cumprimento das metas estabelecidas nas áreas de redução de risco e impacto dos produtos fitofarmacêuticos na saúde humana e no ambiente, e estabelece a forma de monitorizar e divulgar a informação junto dos utilizadores de produtos fitofarmacêuticos. Apesar da Anipla considerar que a presente legislação é estruturante para a agricultura nacional, importa realçar a necessidade de criar condições efetivas para o seu cumprimento, pois nalgumas áreas, as condições e os prazos definidos para aplicação das novas exigências são demasiado curtos para as reais necessidades a nível nacional. Existem ainda algumas medidas que vêm burocratizar o processo produtivo, com implicações diretas na eventual perda de competitividade dos agricultores portugueses, relativamente aos seus parceiros europeus.
O panorama atual requer uma atenção especial na área da fiscalização, não apenas no que respeita ao cumprimento da lei, mas de forma mais efetiva nas importações ilegais de pesticidas, de países estrangeiros. Em relação ao seu impacto para o setor fitofarmacêutico, entendemos que a profissionalização, cada vez maior, dos nossos agricultores só poderá beneficiar o setor e a agricultura nacional, salvaguardando aqui a necessidade de criar condições para a exequibilidade das medidas patentes no Plano de Ação Nacional. Para além disso, grande parte das medidas implí-
citas no novo quadro regulamentar, tais como a necessidade de aumentar o conhecimento sobre as boas práticas na utilização dos produtos fitofarmacêuticos, são há muito desenvolvidas pela Indústria. Sensibilizar o agricultor para uma utilização sustentável dos prod. fitofarmacêuticos é um dos objetivos da Anipla, coincidente com alguns objetivos da Lei 26/2013. A verdade é que, atualmente, os agricultores são cada vez mais profissionais e estão sensibilizados para a necessidade de usar corretamente os produtos. Sabem que o seu uso em excesso não lhes
Pontos de Vista Outubro 2013
“A verdade é que, atualmente, os agricultores são cada vez mais profissionais e estão sensibilizados para a necessidade de usar corretamente os produtos. Sabem que o seu uso em excesso não lhes garante maior proteção das suas culturas, aumenta os seus custos de produção e prejudica a colocação dos seus produtos no mercado. Em simultâneo, a formação obrigatória dos agricultores e as ações de sensibilização desenvolvidas pela ANIPLA e pelas suas associadas, tem contribuído para melhorar o seu grau de conhecimento dos produtos” garante maior proteção das suas culturas, aumenta os seus custos de produção e prejudica a colocação dos seus produtos no mercado. Em simultâneo, a formação obrigatória dos agricultores e as ações de sensibilização desenvolvidas pela ANIPLA e pelas suas associadas, tem contribuído para melhorar o seu grau de conhecimento dos produtos. A atividade da Anipla, e das empresas associadas, junto dos agricultores revela-se nas suas inúmeras ações de formação, divulgação de informação técnica e promoção de reuniões técnicas. Nas campanhas de informação e sensibilização junto dos agricultores, sobre o cumprimento das boas práticas agrícolas, por vezes desenvolvidas em colaboração com o Ministério da Agricultura, a Indústria tem a preocupação de passar todo o seu conhecimento técnico e cientifico e disponibilizar as ferramentas necessárias à prática de uma agricultura sustentável e profissional, que respeite a saúde humana e o ambiente. Como exemplo dessa preocupação, destacamos o desenvolvimento da campanha contra o uso ilegal
de produtos fitofarmacêuticos, do Projeto TOPPS, que divulga as boas práticas para a proteção da água (www.topps-life.org) e do Projeto Cultivar a Segurança (www.cultivaraseguranca.com) cuja atividade, desde 2005, visa aumentar a segurança do Aplicador de produtos fitofarmacêuticos, do Consumidor e do Ambiente, através de ações de sensibilização e divulgação sobre a melhoria das técnicas de aplicação, a redução da exposição do aplicador, utilizando as soluções existentes e as medidas de gestão necessárias, promovendo as Boas Práticas Agrícolas defendidas pela Indústria, entre as quais se inclui o respeito pelos limites máximos de resíduos oficialmente estabelecidos. Ainda integrada nesta iniciativa, através da assinatura de um protocolo com o ICNF, na área Business&Biodiversity, a Anipla promove e divulga a importante relação entre biodiversidade e agricultura, Efetivamente o agricultor tem uma importância fundamental na produção de alimentos e na preservação dos recursos naturais. A prática de uma
agricultura segura e profissional representa uma mais-valia para a qualidade de vida dos portugueses, quer no acesso a produtos agrícolas frescos, de qualidade, fundamentais a uma alimentação saudável, quer enquanto guardiões de um ambiente de qualidade. Ao nível da Distribuição, a Indústria participa, apoiando, sensibilizando e formando os seus distribuidores de forma a atuarem responsavelmente disponibilizando, sempre que possível, as ferramentas necessárias ao cumprimento das exigências nacionais, das quais é exemplo a criação do Sistema Valorfito – Sistema de gestão dos resíduos de embalagens vazias de produtos fitofarmacêuticos, que conta já com mais de 600 Pontos de Recolha, cobrindo todo o país. Ao esforço de garantir a segurança na utilização dos nossos produtos tem necessariamente de se aliar a introdução no mercado de novas e inovadoras soluções fitofarmacêuticas. Cada vez mais a Indústria procura responder às necessidades de uma agricultura em evolução, e lidera esse processo, através da pesquisa de novos produtos e novas tecnologias, economicamente viáveis, capazes de garantir eficácia em relação aos inimigos das culturas, e que em simultâneo respeitam o Homem e o Ambiente. É portanto necessário, que as autoridades nacionais, a par com a implementação da Lei nº 26/2013, viabilizem novas e avançadas soluções na proteção das culturas em Portugal, permitindo aos nossos agricultores manter a competitividade a nível europeu.
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NOVA LEI DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS
Paulo Lourenço, Country Registration Manager – Portugal da BASF defendeu:
“A Lei 26/2013 é uma evolução, não uma revolução” Com o novo quadro legislativo que passou a regulamentar as atividades de distribuição, venda e aplicação de produtos fitofarmacêuticos, vulgarmente conhecidos como pesticidas, para uso profissional e de adjuvantes de produtos fitofarmacêuticos, novos desafios surgirão. Paulo Lourenço, Country Registration Manager – Portugal da BASF, a empresa química líder a nível mundial, partilhou a sua posição com aa Revista Pontos de Vista: “Esta Lei vai-nos permitir evoluir no sentido de uma utilização cada vez mais segura, minimizando os eventuais riscos para o Homem e para o Ambiente”.
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Uma nova legislação veio regulamentar as atividades de distribuição, venda e aplicação de produtos fitofarmacêuticos para uso profissional e de adjuvantes de produtos fitofarmacêuticos, estabelecendo de igual modo os procedimentos de monitorização do uso desses mesmos produtos. Com base na vossa experiência, que impacto este regime tem tido no mercado? A colocação de PF no mercado está regulada em Portugal desde 1966. A atividade de distribuição, venda, prestação de serviços de aplicação de produtos fitofarmacêuticos e a sua aplicação pelos utilizadores finais é objecto de regulamentação específica desde 2005, com a entrada em vigor com o DL 173/2005. A Diretiva nº 2009/128/CE foi transposta para o ordenamento jurídico interno pela Lei n.º 26/2013, que regula as atividades de distribuição, venda e aplicação de produtos fitofarmacêuticos para uso profissional, tal como já acontecia com o DL 173/2005, mas sendo mais ambiciosa, regulando também os adjuvantes de produtos fitofarmacêuticos e definindo os procedimentos de monitorização à utilização dos mesmos. Estamos em crer que a nível estrutural esta Lei não terá grande impacto, o seu impacto far-se-á certamente sentir ao nível da implementação da monitorização da sustentabilidade do uso de PF através dos Planos de Ação Nacional. Esta Lei vai-nos permitir evoluir no sentido de uma utilização cada vez mais segura, minimizando os eventuais riscos para o Homem e para o Ambiente. A Lei 26/2013 é uma evolução e não uma revolução. No seu entender, este quadro legal vem reduzir os riscos e os efeitos da utilização de produtos fitofarmacêuticos, vulgarmente conhecidos por pesticidas, na saúde humana e no ambiente? Os PF, antes de serem colocados no Mercado, são ensaiados e testados durante muitos anos e são avaliados e aprovados por entidade independentes e com
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Estamos em crer que a nível estrutural esta Lei não terá grande impacto, o seu impacto far-se-á certamente sentir ao nível da implementação da monitorização da sustentabilidade do uso de PF através dos Planos de Ação Nacional
Estamos numa fase demasiado “juvenil” para já identificar lacunas. Caso elas existam, serão identificadas pelos Planos de Ação Nacional, aprovado a 8 de outubro de 13 pela Portaria 304/2013. Aquando da sua revisão, daqui a cinco anos poderemos fazer uma avaliação da Lei.
competência para o fazer, em Portugal a entidade competente é a DGAV. O uso dos produtos de acordo com as instruções do rótulo garante que estes serão usados de forma segura e eficaz sendo o risco do seu uso aceitável para o Homem, Animais e Ambiente. De um modo geral, quais são as principais mais valias associadas a esta nova legislação? Que benefícios serão, à partida, visíveis para as empresas? Ao fomentar a utilização responsável, esta Lei vem ao encontro do entendi-
mento da Indústria de que a utilização dos PF sendo fundamentais para a produção de alimentos em qualidade e quantidade, é perfeitamente compatível com a Agricultura Sustentável. Esta lei transpõe a diretiva do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de outubro, que impõe um quadro de ação para uma utilização sustentável dos pesticidas de âmbito comunitário. Apesar de minimizar o risco da utilização deste produtos, que lacunas ficaram por preencher?
A aplicação dos fitofármacos deve ser feita com a máxima responsabilidade. Apesar das campanhas de sensibilização, a verdade é que o número de acidentes e doenças profissionais no sector agrícola têm aumentado. Que cuidados a BASF tem tido a este nível? A Indústria, no sentido de minimizar o risco associado ao uso do PF, tem vindo a desenvolver um conjunto de iniciativas com o objetivo de alertar os utilizadores para a utilização segura dos produtos através de programas de stewardship. Em Portugal foi lançado em 2005 o projecto “Utilização Segura dos Produtos Fitofarmacêuticos”. Este projeto, lançado pela Indústria Europeia para os Países do Mediterrâneo (Safe Use Iniciative), teve o apoio da ECPA, da qual a ANIPLA é membro associado. O principal objetivo desta iniciativa visou aumentar a segurança do aplicador de Produtos Fitofarmacêuticos, diminuindo a exposição potencial através da utilização correta do equipamento de proteção individual, da melhoria
Pontos de Vista Novembro 2013
“A BASF está empenhada em colaborar de forma estreita com os agricultores para que estes continuem a produzir alimentos de forma eficiente e sustentável. Num processo de co-criação ouvimos as suas necessidades e juntos moldamos as ferramentas do futuro”
das técnicas de aplicação e da redução da exposição do aplicador, abrangendo uma parte fundamental das Boas Práticas Agrícolas defendidas pela Indústria Fitofarmacêutica. A BASF no seu programa de I&D investe na procura e desenvolvimento de soluções cada vez mais seguras e sustentáveis para o Homem e Ambiente. Implementamos programas de stewardship para o uso seguro dos nossos produtos e apostamos constantemente na transferência de conhecimento para os nossos parceiros (distribuidores, técnicos e agricultores). A título de exemplo introduzimos formulações mais seguras para o utilizador, colocamos pictogramas alusivos à prática segura de PF, embalagens ECOPACK.
Além deste quadro legal que pode trazer mudanças significativas ao setor, importa que as autoridades competentes reforcem a fiscalização e a inspecção a fim de garantirem que a lei é cumprida? A implementação e cumprimento das diretrizes da Lei apenas serão efetivos com a cooperação e colaboração empenhada de todos aqueles que estão envolvidos no setor. É necessário reforçar as ações pedagógicas, estamos em crer que esta é a melhor forma de assegurar o uso responsável de PF, contudo admitidos que as ações de fiscalização e punição poderão ter um efeito positivo no debelar de situações ilícitas como sejam a comercialização e uso de produtos ilegais. Apesar das exigências para o uso dos produtos fitofarmacêuticos terem aumentado, na sua opinião, importa continuar a intensificar o trabalho de sensibilização no âmbito dos equipamentos usados na aplicação dos pes-
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O uso dos produtos de acordo com as instruções do rótulo garante que estes serão usados de forma segura e eficaz sendo o risco do seu uso aceitável para o Homem, Animais e Ambiente
ticidas e das exigências de formação inicial para realizar a prescrição? Formação e informação são fatores basilares para assegurar o uso seguro de PF. Neste sentido todas as iniciativas são poucas para sensibilizar neste sentido. A adoção das medidas e conceitos preconizados é da responsabilidade de todos os elos da cadeia de valor e não só da indústria.
Os agricultores que recorrem a produtos fitofarmacêuticos de contrafação ou ilegais correm sérios riscos, não só para si próprios como relativamente ao ambiente e à saúde do consumidor. Deverá existir uma maior aposta em campanhas de sensibilização a este nível? A ANIPLA e todos os seus associados, tendo consciência do problema, lançaram uma iniciativa a nível nacional, no sentido de sensibilizar e alertar para os perigos associados ao uso de produtos ilegais e contrafeitos. Acreditamos que a sensibilização e a pedagogia são a melhor forma para mudar comportamentos.
A entrada de produtos fitofarmacêuticos ilegais e de contrafação na Europa é uma das maiores preocupações da Indústria Fitofarmacêutica. O que se pode fazer para conter o crescimento da contrafação e comercialização ilegal destes produtos? É necessário apelar aos intervenientes na vida agrícola nacional uma maior vigilância? Produtos ilegais ou de contrafação são perigosos para o Agricultor, para o Consumidor e para o Ambiente. Eles podem colocar em perigo a produção do agricultor e potencialmente colocam em perigo a saúde dos consumidores e o ambiente. Os países que não consigam controlar o comércio e utilização deste tipo de produtos podem colocar em perigo a sua reputação enquanto produtores e exportadores. Para fazer face a este problema as entidades competentes deverão ter meios para combater este problema. Combinando sucesso económico, responsabilidade social e proteção ambiental, de que forma a BASF tem
contribuído para a construção de um futuro mais sustentável? A Sustentabilidade é um elemento chave da estratégia da BASF desde há longa data. Estamos indexados há muitos anos no Índice de Sustentabilidade Dow Jones e somos pioneiros em análise de eco-eficiência. No setor agrícola esta estratégia global derivou para o princípio de que “juntos criamos soluções para uma agricultura sustentável”. A BASF faz uma gestão responsável e ética do ciclo de vida de todos os seus produtos desde o momento que são descobertos até ao momento em que as suas embalagens são recolhidas para reciclagem, valorização, tendo sempre em consideração as suas caraterísticas e o seu possível impacto para o Homem e Ambiente. A BASF está empenhada em manter/ desenvolver um portfólio alargado de soluções sustentáveis que incluem os “clássicos” produtos fitofarmacêuticos a produtos de investigação biotecnológica. Para a BASF os agricultores e os outros membros da cadeia de valor são alvo da nossa atenção no sentido de em cooperação desenvolvermos ferramentas que se adaptem as suas necessidades mas que também se enquadrem nas expectativas da sociedade, só assim podemos ser pioneiros e abraçar as tendências globais e as políticas agrícolas. A BASF está empenhada em colaborar de forma estreita com os agricultores para que estes continuem a produzir alimentos de forma eficiente e sustentável. Num processo de co-criação ouvimos as suas necessidades e juntos moldamos as ferramentas do futuro.
Sendo uma empresa que tem apostado num maior reconhecimento da agricultura e dos esforços que os agricultores fazem para obter produtos de extrema qualidade, no futuro, qual será a linha de orientação da BASF? A BASF está comprometida com a agricultura, neste sentido iremos continuar a investir no setor. Estamos convictos que a inovação irá ter um papel preponderante na agricultura do futuro, contribuindo para superar o desafio de alimentar uma população em crescendo sem com isso afetar os “direitos” das gerações vindouras. Temos como visão sermos uma referência no negócio agrícola, ajudando a moldá-lo no sentido de uma agricultura cada vez mais sustentável. Este desafio será possível através do desenvolvimento e cimentar de parcerias, oferecendo produtos e tecnologia inovadora bem como serviços que irão ao encontro das necessidades dos utilizadores.
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EVENTOS DE RENOME – FESTIVAL ART&TUR
Mais um sucesso em 2013
A evolução do ART&TUR, de 2008 a 2013
Várias dezenas de países participam no ART&TUR desde a primeira edição, o que faz deste evento um sucesso a nível mundial. Este ano o evento não deixou os créditos por mãos alheias e foi, uma vez mais, um enorme sucesso.
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Festival ART&TUR tem o exclusivo para toda a Península Ibérica no âmbito do CIFFT (Comité Internacional de Festivais de Filmes de Turismo), e já é um dos festivais mais influentes a nível global, não só porque atrai os melhores filmes, e em grande número, como também pelo facto de atrair um vasto conjunto de profissionais mundialmente reputados. A par disso, faz o “casamento” entre a arte cinematográfica com as tradições locais. Pela primeira vez em 2012, o Festival ART&TUR contou com o Alto Patrocínio da Presidência da República Portuguesa. Este reconhecimento veio confirmar e reforçar a credibilidade do evento, reconhecer o enorme valor que o festival possui e incentivar a continuidade de um trabalho profissional e árduo que tem como um dos seus objetivos o de levar a marca Barcelos pelo mundo fora. Este festival tem como principal intuito a promoção de produções audiovisuais que enfatizam o papel e a função do turismo na sociedade moderna, nas suas múltiplas dimensões: cultural, social, económica, recreativa, religiosa, des-
portiva e de saúde. Para além disso, o Festival visa outros objetivos mais concretos, como promover Portugal como destino turístico, em particular o Norte do país e a cidade de Barcelos. Outro dos objetivos do festival é o de promover boas práticas no setor do turismo, numa ótica de responsabilidade social e preservação ambiental. Adicionalmente, o Festival ART&TUR aposta no incentivo a jovens talentos, encorajando os seus projetos de realização de filmes de viagens. A dimensão cada vez mais internacional do ART&TUR é notória, como facilmente se demonstra pelo elevado número de países a concurso desde a primeira edição. Em 2008 concorreram 158 filmes, provenientes de 26 países; em 2009 participaram 169 filmes em representação de 38 países; em 2010, concorreram 295 filmes de um conjunto de 33 países; em 2011 concorreram 287 filmes de 39 países; em 2012 participaram 360 filmes de 29 países; e em 2013 participaram 380 filmes de 39 países. Aqui se comprova a evolução de um certame único em Portugal e no Mundo. Fica a doce sensação pela próxima edição que acreditamos será ainda mais rica e plena de novidades.
ASSOCIATIVISMO EM PORTUGAL
Elisabete Rita, Diretora Geral da AIDA, em entrevista
“O distrito de Aveiro caracteriza-se por uma forte densidade empresarial” A Associação Industrial do Distrito de Aveiro (AIDA) é uma associação regional multissectorial criada com o objetivo de representar, promover e defender os interesses económico-sociais das entidades associadas que, por sua vez, exercem ou representam atividades de natureza industrial ou conexa. Na atual conjuntura, um dos papéis mais importantes da associação é o apoio à internacionalização das empresas, através da organização de missões empresariais e da identificação de mercados alvos, assim como oportunidades de negócio associadas aos mesmos. A Revista Pontos de Vista entrevistou Elisabete Rita, Diretora Geral da AIDA. Saiba mais sobre esta associação que representa inúmeras empresas de referência em Portugal, muitas das quais conhecidas pela sua forte vocação exportadora.
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Quando é que foi criada a AIDA - Associação Industrial do Distrito de Aveiro e de que forma é que a mesma tem vindo a preconizar um trabalho eficaz em prol dos associados? A AIDA - Associação Industrial do Distrito de Aveiro foi criada em 1986 tendo, e mantendo ao longo dos 27 anos de existência, como propósito representar e promover o tecido empresarial da região de Aveiro. É seu objetivo pautar-se por manter uma relação de contínua proximidade com as empresas, no sentido de reunir um amplo conhecimento sobre a sua gestão quotidiana, para dessa forma, estar apta a fazer o seu papel de interlocutora com o poder político da forma mais rigorosa possível, representando os interesses económico-sociais das empresas e dando-lhes a voz que, isoladamente, não conseguiriam ter. Esta proximidade com o tecido empresarial permite à AIDA adotar práticas e políticas de trabalho versáteis e atuais que visem a prestação de mais e melhor e maior apoio às empresas. Que serviços dispõe a AIDA em prol dos associados? A Associação tem vindo a alargar o leque de serviços prestados de acordo com as necessidades das empresas, exemplos de alguns serviços são a prestação de informações sobre os Sistemas de Incentivo e apoio na elaboração de candidaturas, licenciamento industrial e gestão da qualidade, formação profissional, consultoria jurídica, normativa e fiscal, consultoria técnica e económica, promoção de seminários especializados e workshops. A internacionalização é área fortemente desenvolvida nomeadamente, através da organização de Missões Empresariais e de Importadores, esclarecimentos sobre mercados alvo e forma de os abordar, tendo sempre como premissa, a contínua auscultação dos empresários, permitindo identificar mercados que oferecem oportunidades de negócio e fomentá-las. Já ao nível do associativismo empresarial, a AIDA promove iniciativas através das quais procura incrementar a proximidade entre os empresários da Região
Elisabete Rita e restantes players nacionais como são exemplos, meetings bilaterais com entidades decisoras, o Fórum Empresarial da Região de Aveiro (três edições já realizadas), o evento comemorativo dos 25 anos da AIDA - que teve o associativismo empresarial como mote.
De que forma tem sido importante na dinâmica da AIDA o papel da internacionalização? Tem a AIDA funcionado como elemento potenciador da internacionalização das empresas associadas? A estratégia da AIDA, desde cedo, assentou no apoio à internacionalização das PME da região de Aveiro incidindo quer no aumento das exportações e quer no investimento e na afirmação das empresas nacionais nos mercados externos. Por esse facto, tem vindo a desenvol-
ver diferentes iniciativas dirigidas às empresas que pretendem iniciar ou intensificar a sua atividade no âmbito internacional, nomeadamente prospeção de mercados emergentes, organização de missões empresariais, apoio na implementação de empresas nos novos mercados, montra de produtos on-line, realização de seminários/workshop de apresentação dos mercados e elaboração de estudos de mercado sobre novos mercados, ações de follow-up das iniciativas para avaliação das mesmas, seja pelos resultados conseguidos pelas empresas seja na ótica de melhoria dos serviços prestados. De referir, que, nas cerca de 10 Missões Empresariais que a AIDA realiza anualmente, procura também captar investimentos para a Região através das missões invertidas (de importadores) e do
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A estratégia da AIDA, desde cedo, assentou no apoio à internacionalização das PME da região de Aveiro incidindo quer no aumento das exportações e quer no investimento e na afirmação das empresas nacionais nos mercados externos
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A Associação tem vindo a alargar o leque de serviços prestados de acordo com as necessidades das empresas, exemplos de alguns serviços são a prestação de informações sobre os Sistemas de Incentivo e apoio na elaboração de candidaturas, licenciamento industrial e gestão da qualidade, formação profissional, consultoria jurídica, normativa e fiscal, consultoria técnica e económica, promoção de seminários especializados e workshops
aumento das sinergias com entidades estrangeiras congéneres. PALOP, Países do Leste, América Latina e Norte de África, são alguns dos mercados já explorados e que a AIDA continuará a explorar, estando previstas, para 2014, missões empresariais a esses mercados. Pretendendo fomentar a competitividade internacional das empresas em diversos mercados, a AIDA desenvolve projetos financiados como são exemplos o “Global PME” que promove a presença das empresas portuguesas nos Concursos Públicos Internacionais, o “SIGAME INTERNACIONALIZAR+”.
Em que consiste o projeto SIGAME INTERNACIONALIZAR+? Este projeto é promovido pela AIDA em parceria com a ANEME - Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Eletromecânicas tendo como principal objetivo estreitar as relações entre os empresários portugueses e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) designadamente Angola, Cabo Verde, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e Brasil (estado do Ceará). No âmbito deste projeto já foram criadas redes de suporte de apoio à cooperação empresarial, uma em cada país, tendo em vista promover, apoiar e incentivar as empresas a integrar redes de cooperação inter-empresarial, facilitando o estabelecimento de relações comerciais entre os países de língua oficial portuguesa. O SIGAME será seguramente o instrumento de cooperação e internacionalização no espaço de intervenção da CPLP. Em termos operacionais, quais os meios que o projeto coloca ao dispor das empresas no apoio à internacionalização? Este projeto coloca ao dispor das empresas diversos serviços como, nomeadamente, o acesso a concursos públicos e a oportunidades de negócios, simulações de proximidade a clientes e fornecedores, ferramentas de auto-diagnóstico de cooperação e de internacionalização. Todo o projeto está baseado numa forte rede, já constituída, de instituições e entidades governamentais e associativas que darão corpo e atualidade a esta importante ferramenta de negócios aos países de língua oficial portuguesa. Acresce o facto do projeto estar suportado num Sistema de Informação Georreferênciada, o que permite associar
toda a informação e dados, quer das empresas quer do território onde estão inseridos.
Que potencialidades oferece a região de Aveiro para investidores e parceiros de investimento e de que forma a AIDA participa no acompanhamento e desenvolvimento destas potencialidades? O distrito de Aveiro caracteriza-se por uma forte densidade empresarial e por um aparelho produtivo muito diversificado em que predomina o setor industrial, com inúmeras empresas de referência em Portugal, muitas das quais assumindo uma forte vocação exportadora. Apresenta-se como uma das regiões do país com maior expressão nacional, representando 6,7 por cento do tecido empresarial Português, as quais contribuem com cerca de 4 por cento do total de IRC pago no país. A Região de Aveiro distingue-se, igualmente, pela diversidade de recursos naturais, possuindo uma localização
geográfica privilegiada, boas acessibilidades rodo e ferroviárias, e excelentes infraestruturas como é o caso do porto de Aveiro, que formam uma plataforma intermodal permitindo o escoamento fácil de mercadorias para os mercados internacionais. Tem também excelentes centros de saber e empresas altamente dinâmicas pelo que reúne todas as condições, quer em termos de infraestruturas quer em termos de recursos humanos, para captar investimentos. A AIDA tem trabalhado para que as potencialidades da Região sejam devidamente aproveitadas, potenciando o trabalho em rede entre todos os agentes económicos, nacionais e internacionais, com os quais desenvolve projetos em parceria, procurando ter com as várias entidades a mesma proximidade existente com as empresas. Desta forma, dá voz e visibilidade ao tecido empresarial, transmite as suas principais necessidades e identifica possíveis oportunidades de melhoria aos mais diversos níveis.
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VINHO PORTUGUÊS NO MUNDO
Os vinhos Quinta da Mieira, em destaque
Um hobby que se transformou em negócio João Turégano Caetano nasceu na zona de produção vinícola do Cartaxo, onde o seu pai tinha uma pequena vinha para produção própria. Do Douro era um desconhecedor até há pouco anos, altura em este Professor Universitário e Empresário na área das energias renováveis se apaixonou pelo vinho produzido no Alto Douro Vinhateiro. Esta paixão levou-o a comprar uma vinha em Vila Nova de Foz Côa e, daquele que à partida seria um hobby, surgiu um negócio que está já no Brasil e prepara-se agora para entrar noutros mercados. Falo nos vinhos da Quinta da Mieira, uma bela homenagem ao vale do Côa, principalmente através do seu vinho branco, um Rabigato de peso!
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á quem o chame de produtor improvável! O sucesso na sua vida profissional, que nada tem a ver com viticultura, não levavam a crer que entrasse nesta área, pela qual sempre foi um apaixonado mas na qual nunca tinha dado cartas, até há quatro anos, quando em 2009 decidiu adquirir alguns hectares de vinha, na aldeia da Muxagata, em Foz Côa. São 30 hectares onde convivem vinhas velhas com mais de 50 anos da casta rabigato. Uma casta de maturação precoce que prefere solos secos e um clima moderado. A sua elevada acidez natural torna-a interessante e indicada para o fabrico de vinhos com um toque de flores de laranja, notas vegetais, frescos, com vivacidade e persistência na boca. Ainda que considere os vinhos brancos mais difíceis de fazer pelo próprio processo de fabrico, ainda mais em vinhas antigas, com socalcos curvilíneos, onde os diferentes tipos de uva não estão separados e a produção é feita de forma manual, foi o monocasta branco que aqui produziu que animou João Turégano Caetano a lançar-se de cabeça neste novo desafio. “Na minha primeira produção fiz um vinho branco de casta rabigato do qual gostei muito e que foi bastante bem recebido pela crítica e em feiras, recebendo sempre grande pontuação e críticas muito positivas”, orgulha-se. O Quinta da Mieira Branco 2010, vinho de estreia do produtor, e o seu primeiro lote, de apenas 1500 garrafas, mereceu logo o estatuto de “revelação” por parte da crítica. Às vinhas antigas da quinta, junta-se a irreverência de João Turégano Caetano, que quer sempre fazer algo de diferente, juntar à qualidade diferenciação, num saudável convívio entre tradição e inovação. “A aposta é sempre a qualidade e fazer coisas diferentes daquilo que se vê no mercado”, afirma. Em 2012 começou também a ser comercializado o vinho tinto da Quinta da Mieira e, ainda que não seja o preferido de João Turégano Cateano, que se deixou cativar desde logo pelos brancos, está a ser também bastante acarinhado pela crítica.
João Turégano Caetano
Através do Quinta da Mieira Branco 2011, o Douro tem um excelente vinho branco cem por cento Rabigato. Um monocasta que se destaca pelas notas frutadas, o travo a abacaxi, citrinos suaves e camomila. É macio, elegante, equilibrado na boca e com a acidez típica de um Rabigato, com um final longo e agradável.
Pontos de Vista Novembro 2013
A conquistar o Brasil
Os vinhos Quinta da Mieira conquistaram o Brasil no início deste ano, mercado no qual estão a ser muito bem recebidos. No entanto, João Turégano Caetano não se ficará por aqui e está já a pensar em novos mercados. O próximo passo será Angola e Moçambique, aos quais se seguirão os países do Norte da Europa. Os objetivos de crescimento nos mercados externos levam também a que a restruturação da vinha e o alargamento do espaço de cultivo sejam metas delineadas no futuro da Quinta da Mieira, como forma de responder às inúmeras solicitações de um vinho que não pára de conquistar adeptos. “Atualmente, estamos no Brasil, graças a um projeto de exportação da Emcodouro SA, do qual faço parte e que está a exportar vários vinhos, entre eles, o
Quinta da Mieira. Os primeiros vinhos começaram a ser exportados em maio, já foram lançados em São Paulo e estão a ser bastante aclamados pela crítica brasileira. De seguida, queremos apostar em mercados emergentes, onde se nota uma tendência de aumento do consumo e, por isso, maiores possibilidades de crescimento. Cá em Portugal, apesar
Rótulo dos vinhos Quinta da Mieira No ímpar vale vinhateiro da região do Côa encontra-se o maior complexo de arte rupestre paleolítica ao ar livre, conhecido em todo o mundo. A identidade e o rótulo Quinta da Mieira traduzem esse encontro distintivo entre a paisagem e o vinho, numa estética suave de linhas inspiradas por este vale, onde os traços das pinturas rupestres se fundem com os socalcos das vinhas.
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VINHO PORTUGUÊS NO MUNDO
do Quinta da Mieira ter os seus nichos de mercado, não temos feito uma grande aposta na promoção”, explica. Nesta fase de expansão e internacionalização dos vinhos Quinta da Mieira interessa aproveitar a imagem dos vinhos nacionais além-fronteiras. Imagem essa que, na perspetiva de João Turégano Caetano, “tem subido bastante pelo facto de estarmos cada vez mais em força nas feiras e concursos internacionais, onde ficamos sempre muito bem posicionados, o que provoca o reconhecimento dos vinhos portugueses. Apesar disso, temos ainda um caminho longo a percorrer, que outros países como a França e a Itália já percorreram e por isso têm vinhos bastantes cimentados no mercado. Acho que temos feito um excelente
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Os vinhos Quinta da Mieira, em destaque
trabalho nesse sentido e, para além disso, têm aparecido imensas marcas novas de vinho português com muita qualidade, o que mostra também que está a ser feito um bom trabalho desde a base”. E porque a vinha da Quinta da Mieira é demasiado rica em paisagens para não ser explorada também a esse nível, João Turégano Caetano, com o seu espírito empreendedor por natureza, está já a pensar em investir também no enoturismo, um excelente cartão de visita para Portugal e para o consumo dos nossos vinhos. “Não temos pressa em crescer mas gostava, de facto, que esse crescimento incluísse um projeto de enoturismo, no fundo, uma pequena unidade hoteleira que faça a ligação entre os vinhos e o turismo”, conclui.
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A aposta é sempre a qualidade e fazer coisas diferentes daquilo que se vê no mercado