ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL - ABRIL 2011 / EDIÇÃO Nº 7
“A Fundação INATEL está hoje mais forte e coesa para bem de Portugal”, destaca Vítor Ramalho, Presidente da Instituição
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S.D.M – Investir na Madeira
GAIA : Aposta na Mobilidade
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DEFIANTE – Investigação de Doenças Raras
PV7 // EDITORIAL
E JORGE ANTUNES
jorge.antunes@pontosdevista.com.pt
O fado do «síndrome de negligência» Os portugueses, no seu todo, não têm interiorizado que a produtividade se assume como a primeira forma de solidariedade. Confuso? Ora bem, o que um faz, o outro não terá de fazer, porque se todos forem produtivos poderão usufruir de vidas mais saudáveis e razoáveis, porque a produtividade leva à riqueza e esta distribuída à justiça social, porque a produtividade de cada um é condição de sobrevivência do conjunto.
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erdadeiramente, o senso comum confunde produtividade com competitividade, e daí é-se levado a concluir que o maior problema da economia e sociedade portuguesa reporta à baixa produtividade das suas empresas, e que aumentando a produtividade o problema da competitividade das empresas portuguesas estaria instantaneamente solucionado. Terá esta afirmação um fundo de verdade? Sim. Sem dúvida. No entanto não basta ficar por aqui. É fácil elencar diversas justificações para o crescente panorama da nossa improdutividade, esse «palavrão» que tem feito capas de jornais e revistas. Baixo nível de formação cívica dos recursos humanos e activos nacionais, carência de uma tradição empresarial competitiva e inovadora, excessiva burocracia estatal, ineficiência de alguns serviços públicos chave nos mais diversos planos, excessiva carga fiscal, iliteracia, imaturidade tecnológica do universo empresarial, entre outros. São estes os vectores fundamentais que podem explicar esta letargia em que, ano após ano, vamos caindo, embora tenhamos noção do rumo que estamos a seguir… o abismo.
“Ainda o apanhamos, ainda o apanhamos…”
De todos os itens «seleccionados» ante-
riormente como impulsionadores desta prática errónea em que apostamos quotidianamente, diria que aquela que mais tem contribuído para este miserável e pelintra desígnio nacional assenta, antes de mais, num grave problema cultural, ou seja, o baixo nível de exigência que se faz sentir, praticamente em todos os níveis da sociedade, e que impomos a nós próprios. Já dizia Mahatma Gandhi, idealizador e fundador do moderno Estado indiano, que “como seres humanos a nossa grandeza reside não tanto em sermos capazes de refazer o mundo…mas em sermos capazes de nos refazermos a nós mesmos”. É nesta filosofia que temos de apostar. Refazer o que de mal foi feito e melhorar o que de bom foi conquistado. Assobiamos para o ar porque ninguém quer ter chatices ou assumir responsabilidade, até porque somos todos, praticamente sem excepção, uns tipos porreiros, que promovemos o nacional porreirismo, esta cultura do deixa andar que depois se vê. Esse contemporizar perante o erro. Esse é o «fado» que nos persegue e pelo qual nos deixamos apanhar... É claro que este défice de exigência tem, como é natural e lógico, reflexões negativas no funcionamento da nossa economia e da nossa sociedade. Se não fizermos mais, os serviços não melhoram, as empresas não incutem um maior nível de profissionalismo na sua orgânica, a
qualidade do produto manter-se-á baixa, a burocracia aumentará e o país não evolui. É o efeito pescadinha de rabo na boca, ou seja, em que não se sabe onde se inicia nem acaba o processo mas reconhece-se uma matriz comum: a ausência de uma cultura de exigência. Os serviços públicos existem numa lógica de resolver os problemas de qualquer cidadão, tendo como lógica facilitar o quotidiano de cada um de nós. Porém, quando alguém se dirige a um qualquer serviço de índole pública, é tomado por um sentimento de impotência e insatisfação. Porquê? O serviço prestado é lento, moroso, ineficaz, por vezes inoperante e muitas vezes insciente, onde as respostas aos nossos problemas parece que não existem. Lá está. Voltamos mais uma vez aquele chavão de contemporizar o erro e a inoperância que tão maus resultados tem dado. Já devíamos ter aprendido. Felizmente que vão surgindo casos que contrariam esta panóplia de lapsos e equívocos. Neste espaço já referi que não temos nenhuma bola de cristal para adivinhar o futuro, mas sabemos que o rumo a seguir será sempre para a frente, não numa «fuga para a frente», mas no rumo da credibilidade, da evolução e do poder de contar e fazer viver histórias, onde apresentamos paradigmas de excelência que encontram em metáforas uma forma de descreverem as suas práticas de gestão, inovação, ajustamento e sucesso.
Na actual conjuntura em que vivemos, não é fácil apostar em novos projectos, mas é esta capacidade de perseverança e empreendedorismo o nosso primeiro cartão-de-visita, ou seja, o desiderato é credibilizar, criar valor, no sentido da excelência, onde o seu Ponto de Vista é o único alinhamento que nos interessa. “Ainda o apanhamos, ainda o apanhamos”. Esta é a parte final (epílogo) da obra «Os Maias – Episódios de Vida Romântica» de Eça de Queirós, que retrata um diálogo entre dois dos protagonistas desta obra literária, Ega e Carlos e que retrata, e bem, o «estado» em que Portugal se encontra. Andamos sempre atrás de algo, esperamos sempre por algo, mas nunca o concretizamos. Este «triste fado». É este destino que pretendemos inverter e pelo qual pautamos o nosso caminho, pois acima de tudo pretendemos cessar com este «síndrome de negligência e acomodação» em que o nosso país vive. E somos todos responsáveis por ele.
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umário
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6 ANO INTERNACIONAL DAS FLORES-
TAS – ANA Aeroportos de Portugal, S.A. em destaque
14 FORMAÇÃO de qualidade – Players desta área revelam as mais-valias desta área
18 Oportunidades do Universo LUSÓ-
FONO - “Os mercados emergentes são fundamentais para Portugal crescer”, revela Luís Mira Amaral, Presidente do BancoBIC Portugal
28 ACUSTEKPRO – Inovação e Competitividade no seu melhor
30 “Sentimos que podemos fazer a di-
ferença”. Paulo Viegas, Administrador da Defiante, em entrevista sobre a INVESTIGAÇÃO DE DOENÇAS RARAS
34 Vítor Ramalho, Presidente da Fun-
dação INATEL e os NOVOS DESAFIOS DA INSTITUIÇÃO
44 S.D.M. - Sociedade de Desenvol-
vimento da Madeira, S.A. – REGIÃO DA MADEIRA é interessante e importante para a Internacionalização dos investidores portugueses. Saiba porquê
46 Luís Filipe Menezes, edil da autarquia de Vila Nova de Gaia, revela aposta forte do concelho na SUSTENTABILIDADE E MOBILIDADE
58 Fernanda do Carmo, Secretária de
Estado do Ordenamento do Território e das Cidades lembra a importância para o país da REABILITAÇÃO URBANA
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José Luiz Alves, director dos Aeroportos dos Açores, em discurso directo
As comunidades envolventes aos aeroportos são fundamentais” Nesta era contemporânea, em que as mutações e alterações são diárias, inúmeras vezes criadas por distintivas e várias realidades e panoramas, os aeroportos assumem um cariz metropolitano, de cidades cosmopolitas e multiculturalistas, e são ponto de partida ou chegada de muitos viajantes que escolhem o transporte aéreo como meio de locomoção. Acima de tudo um local onde se coaduna um sem número de características, que reflectem as necessidades de gentes e culturas diversas. Uma cidade em ponto pequeno, um espaço de inúmeras razões e paixões.
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e em muitos casos Portugal não será o melhor exemplo do que se faz bem, no domínio dos aeroportos somos considerados um caso único, pois o nosso país assume-se hoje, no capítulo da gestão aeroportuária, como o paradigma positivo do que de melhor se faz e edifica a nível mundial, tendo na ANA – Aeroportos de Portugal, SA a entidade certa para promover a ligação de Portugal ao mundo e o inverso também, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento económico, social e cultural das regiões em que se insere. Assim, a ANA – Aeroportos de Portugal, SA é a empresa concessionária da gestão manutenção e desenvolvimento de um conjunto de infra-estruturas aeroportuárias de fundamental relevância para a economia nacional, abrangendo os aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Beja, na Península, quatro dos nove aeroportos localizados na Região Autónoma dos Açores, e participa ainda na gestão dos aeroportos da Madeira e Porto Santo. Esta realidade encontra-se repleta de obstáculos e contrariedade quotidianas que somente uma empresa de enorme prestígio e rigor conseguiriam ultrapassar. A actividade aeroportuária produz efeitos intrinsecamente ligados ao desempenho económico do país e da região onde é desenvolvida, pelo que os aeroportos assumem-se como um dos grandes motores da globalização a nível económico e social. A ANA promove o seu papel junto das comunidades envolventes, mantendo uma postura de abertura e diálogo, indo ao encontro das mais-valias de projectos educativos, pedagógicos, de sensibilização e de solidariedade social, marcando fortemente e dinâmica que tem sido imposta ao nível do fenómeno, recente no universo empresarial, mas com alguma tradição no seio da ANA, da responsabilidade social e da sustentabilidade. Que relação possui o Ano Internacional das Florestas 2011 e a ANA – Aeroportos de Portugal, SA? À primeira análise diríamos que pouco ou nada. Nada mais errado, pois a ANA, ciente das suas responsabilidades ao nível do impacte am6
Abril 2011 Pontos de Vista
biental, tem sido uma prossecutora no domínio de iniciativas relacionadas com a sensibilização ambiental, assumindo uma política de ambiente que respeita o binómio custo-beneficio social e económico. A Revista Pontos de Vista conversou com José Luiz Alves, Director dos Aeroportos dos Açores geridos pela ANA, Ponta Delgada, Horta, Santa Maria e Flores, que revelou as razões que levaram a ANA – Aeroportos de Portugal, SA a aderir ao Ano Internacional das Florestas 2011, bem como as principais preocupações da empresa no domínio da redução da sua «pegada de carbono», abordando ainda os investimentos que têm sido realizados no âmbito dos aeroportos geridos pela ANA no Arquipélago dos Açores. Antes da conversa com o nosso entrevistado, fomos literalmente plantar árvores. Este evento surge no âmbito das comemorações do Ano Internacional das Florestas, em que a Secretaria Regional da Agricultura e Florestas promove este ano, um conjunto de iniciativas com a ANA, Aeroportos de Portugal SA, que visam promover a floresta açoriana. Assim, no passado dia 28 de Março, no Aeroporto João Paulo II, em Ponta Delgada, a Directora Regional dos Recursos Florestais, Anabela Isidoro, promoveu a entrega de dez expositores de plantas endémicas, com o objectivo de dar a conhecer o património florestal açoriano a quem viaja através daquele aeroporto. De seguida, foi dado início à plantação de dez mil plantas endémicas e autóctones dos Açores, nas áreas envolventes ao aeroporto sob administração da ANA Aeroportos de Portugal SA, com o apoio técnico da Direcção Regional dos Recursos Florestais. O nosso entrevistado também «meteu as mãos na terra» e depois disso conversou connosco sobre esta cerimónia e muito mais.
“Satisfeitos por colaborar e valorizar esta iniciativa”
Disponível para tudo o que sejam projectos interessantes e de promoção de valor, a proposta desta parceria entre a ANA e a Direcção Regional dos Recursos
José Luiz Alves
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Florestais surgiu pelo facto dos aeroportos, tal como dos Açores, assumirem-se como verdadeiras «portas de entrada» de qualquer região, sendo que a ANA decidiu agregar-se a este evento pelo facto de promover uma das particularidades dos Açores, ou seja, a flora endémica. Satisfeito pela realização desta parceria, para o nosso entrevistado a aceitação por parte da ANA de integração neste projecto surge também pelo facto da empresa se encontrar imbuída de um espírito credível no domínio da responsabilidade social. “Entendemos portanto que era perfeitamente adequado não só colaborar com a iniciativa, como valorizá-la, até porque as comunidades envolventes aos aeroportos, são dos stakeholders mais importantes que possuímos e portanto foi neste contexto que quisemos contribuir e participar numa acção que penso ser bastante importante para a região e para quem nos visita”, esclarece José Luiz Alves.
“O Ambiente tem sido responsável por muitos dos nossos investimentos”
A gestão dos impactes ambientais é uma preocupação quotidiana da actividade da ANA, principalmente no domínio das denominadas áreas ambientais prioritárias como a eficiência no consumo de energia e de água nas instalações aeroportuárias , o controlo de emissões potencialmente poluentes para o ar, o solo e os recursos hídricos, a promoção da redução, reutilização dos resíduos, a gestão do ruído e a preservação da biodiversidade. Neste âmbito, a Acreditação Aeroportuária de Carbono é o programa padrão Europeu de emissões de carbono para os Aeroportos. O programa – uma iniciativa do ACI Europe (Airports Council International) - avalia e reconhece os esforços dos Aeroportos para gerir e reduzir as suas emissões de carbono com quatro níveis de reconhecimento: “Mapeamento”, “Redução”, “Optimização” e “Neutralidade”. Assim, em Janeiro de 2011 todos os sete
aeroportos geridos pela ANA receberam a Acreditação de Carbono ao nível do “Mapeamento”. A acreditação ao nível do “Mapeamento” significa que a ANA Aeroportos de Portugal implementou uma estratégia de mapeamento de todas as fontes de emissões de CO2 que estão sob o seu controlo directo nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Ponta Delgada, Horta, Santa Maria e Flores. Este é o reconhecimento de um dos passos da estratégia em implementação na empresa no âmbito da gestão voluntária de carbono, que pretende ir ainda mais longe que a simples monitorização das emissões directas e indirectas de carbono, desenvolvendo e implementando um plano para gestão e redução das emissões de gases com efeito de estufa. Assim, além do acompanhamento que a ANA perpetua das comunidades locais ao fazer parte de eventos como o Ano Internacional das Florestas 2011, este também possui outra característica relevante em termos de compensação da pegada de carbono, geralmente associada aos aeroportos. “Compreendemos de facto que somos uma infra-estrutura onde se desencadeiam algumas tarefas que são poluentes, incluindo ao nível de emissões de carbono para a atmosfera. No entanto, embora geradas no interior do perímetro aeroportuário, resultam maioritariamente da actividade de diversas entidades que utilizam este espaço para a sua actividade – aeronaves, viaturas e equipamentos de apoio - ”, explica o nosso interlocutor, comprovando este facto, através de um estudo realizado recentemente que identificou que as infra-estruturas e equipamentos sob gestão da ANA, no que concerne às emissões de carbono, são somente responsável por cerca de 1,6 por cento de todas as emissões produzidas no aeroporto. Refere ainda esse estudo, que o espaço aeroportuário possui capacidade de influenciar a pegada de carbono de determinados stakeholders ou de outras actividades desenvolvidas no interior do aeroporto em cerca de 5,6 por cento, “o que significa, na pior das hipóteses, em média, que os aeroportos não podem influenciar mais do que 7,5 por cento de todas as emissões que são produzidas. Esse panorama reformula uma imagem do contexto da actividade”, explica convicto o director dos aeroportos da ANA nos Açores. Apesar de satisfeito e consciente da escassa responsabilidade das infra-estruturas e equiapmentos sob responsabilidade da Empresa quanto ao volume das emissões produzidas, isso não significa que a ANA pretenda ficar por aqui. “Esse cenário não nos desobriga a buscar mais e melhores soluções nesse domínio e assim continuamos, diariamente, a desenvolver esforços para assegurar uma actuação responsável neste âmbito. Esta é uma preocupação evidente e que mantemos em todos os aeroportos que estão sob a nossa tutela, facto que nos tem levado a realizar um conjunto de investimentos bastante significativos, em que uma das principais justificações que nos levaram a investir fortemente assentou em razões ambientais”.
ANA promove acções de sensibilização Assim, a aposta no aeroporto de Aeroporto João Paulo II, em Ponta Delgada foi forte, tal como nas outras três infra-estruturas aeroportuárias geridas pela ANA nos Açores. Concretamente, foi ampliada a plataforma de três para dez aviões, permitindo assim que a totalidade do trafego de aviões esteja bastante próxima da aerogare, possibilitando que as viaturas de assistência em escala possam operar com equipamentos movidos a energia eléctrica, “facto que não seria possível sem este investimento, dado o afastamento das anteriores posições de estacionamento, muito mais afastadas e por isso, mais adequadas para viaturas de combustão interna” afirma, lembrando que “tivemos também o cuidado de investir no fornecimento de energia eléctrica aos aviões a partir da rede, dispensando ruidosos e poluidores geradores eléctricos ligados a motores tradicionais. Acresce, ainda no âmbito desta ampliação da plataforma, a instalação de uma rede de distribuição de combustível aos aviões,, o que, em termos ambientais, permite inibir a circulação de camiões cisternas, diminuindo drasticamente o risco de incidentes e derrames, entre outros acidentes que anteriormente eram mais propícios de acontecer e que teriam efeitos danosos e nefastos para o ambiente”. Um dos projectos que assume neste momento maior preponderância passa também pela capacidade da ANA em potenciar nos clientes mais directos, companhias operadoras, entre outros, uma maior sensibilização para a sua própria pegada de carbono, “pois sabemos que os benefícios serão para todos, não só do ponto de vista ambiental, mas também ao nível da diminuição de custos operativos. Assim, temos de promover políticas verdes, pois além da redução de custos a nível ambiental, terá repercussões positivas no domínio económico da empresa. Pelo trabalho que temos vindo a realizar conseguimos ter perfeita noção disso, sendo que os Açores são o paradigma desse cenário, pois as pessoas assumiram esse compromisso de uma forma empenhada e temos tido a preocupação de realizar eventos constantes de alerta e sensibilização”, advoga José Luiz Alves.
dos Açores sob gestão da ANA, dadas as características geográficas distintas do Aeroporto João Paulo II e a vocação dos espaços para o efeito. Cetto é que serão também ser incluídos nesta comemoração”, explica. Além disso, a ANA Aeroportos de Portugal, SA irá cooperar com a Direcção Regional dos Recursos Florestais numa iniciativa designada por «Tree Parade», que tem como grande desiderato disponibilizar um conjunto de árvores artificiais para que as escolas, neste caso inseridas na proximidade dos aeroportos da ANA, através dos mais jovens, possam demonstrar a sua sensibilidade ao tema do Ano Internacional das Florestas, “expressando-se na decoração e pintura das árvores, que posteriormente serão expostas nas aerogares de cada aeroporto. Será uma iniciativa para realizar a curto prazo, e estamos apenas a aguardar a chegada do material para disponibilizar às escolas”, revela o nosso entrevistado. O nosso interlocutor não quis terminar esta entrevista sem abordar a relevância deste género de iniciativas no domínio da atractividade de novos visitantes e turistas na região dos Açores, sendo que a ANA Aeroportos de Portugal, SA, pretende continuar a ser um parceiro de excelência neste âmbito. “Nos últimos anos temos passado de um posicionamento passivo de mero prestador de serviços, que aceita o tráfego que surge, para uma postura de dinamizador do próprio mercado. Temos informação e capacidade de perceber onde se encontram as lacunas de transporte aéreo de determinados destinos, através de estudos de marketing. Assim, somos cada vez mais proactivos no fomento de soluções promotoras do desenvolvimento económico e social das regiões em que nos inserimos, transmitindo aos stakeholders essas oportunidades e integrando parcerias para a dinamização de novas rotas ou incremento das existentes, em prol do bem-estar e sustentabilidade da região em que nos inserimos. É também nesta perspectiva que se incluem as iniciativas de responsabilidade social e por isso, são transversais a toda a a actividade da ANA, Aeroportos de Portugal, SA”, conclui José Luiz Alves, Director dos Aeroportos dos Açores.
Ano Internacional das Florestas – “ANA não fica por aqui”
A terminar, o nosso interlocutor lembrou que os colaboradores da ANA são essenciais na orgânica quotidiana da empresa, sendo um dos valores perfeitamente identificados e “contamos com todos para este tipo de iniciativas”. Ainda neste domínio, segundo José Luiz Alves a aposta da ANA no âmbito do Ano Internacional das Florestas 2011 “não se fica por aqui. Perpetuamos a plantação de dez mil árvores de espécies endémicas e que tencionamos colocar nos taludes. Neste momento estamos a avaliar a possibilidade de ampliação da iniciativa aos restantes aeroportos
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Direcção Regional dos Recursos Florestais e o objectivo para 2011
Uma Árvore por cada Açoriano No arquipélago dos Açores, a floresta ocupa uma área próxima dos 72mil hectares, o que corresponde a uma taxa de arborização média por ilha de 31 por cento. Pelas suas características, a floresta açoriana é essencialmente de protecção em cerca de 65 por cento da sua área total, composta por floresta natural, vulgarmente conhecida como Laurissilva – onde se integram a Rede Natura 2000 e várias reservas naturais, localizadas em terrenos sob administração da Região –, e povoamentos de incenso, originados por regeneração natural.
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restante área florestal – cerca de 35 por cento do total – corresponde a floresta de produção, plantada em áreas públicas e privadas e composta por povoamentos de criptoméria, que predominam, e ainda por acácias, pinheiros bravos e eucaliptos Na última década, como resultado das políticas regionais e comunitárias e dos seus apoios financeiros, assistiu-se a um surto de florestação de novas áreas e à rearborização de outras, agora sujeitas a planos orientadores de gestão que garantem as boas práticas florestais. O contributo da floresta açoriana, mesmo o da denominada floresta de produção, não é mensurável apenas pela sua componente produtiva e económica. O mérito da floresta está muito para além das empresas criadas e do emprego gerado, sendo parte indissociável da tipicidade da paisagem açoriana, fundamental à preservação dos recursos naturais e ambientais, já que exerce uma importante função no ordenamento do território e, nalguns casos, na protecção de culturas. A Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou 2011 como o Ano Internacional das Florestas, depois de 2010 ter sido o Ano Internacional da Biodiversidade. O tema para este ano assenta no desígnio «Floresta para Todos», em que as florestas serão as grandes protagonistas desta data, acima de tudo pela relevância com que se revestem à vida humana e pela pressão que diariamente estão sujeitas. Assim, ao longo deste ano serão promovidas acções de sensibilização a nível mundial, tendo como desiderato principal sensibilizar para a gestão sustentável, conservação e desenvolvimento. Os Açores não podiam ficar de fora destas comemorações, até porque são uma região de paisagens selvagens e intocadas, onde a tranquilidade caracteriza um modo de vida dedicado à terra e ao mar. Conhecer os Açores é sempre uma aventura de descoberta, tendo na flora característica uma das suas maiores riquezas. A Revista Pontos de Vista conversou
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com Anabela Isidoro, Directora Regional da Direcção Regional dos Recursos Florestais do Governo Regional dos Açores, (DRRF) que revelou a importância do Ano Internacional das Florestas para a região, bem como as principais razões que levaram ao contacto e à respectiva parceria com a ANA – Aeroportos de Portugal, SA. Anabela Isidoro
Repleto de desafios, o Ano Internacional das Florestas 2011 é importantíssimo para os Açores, sendo visto como uma oportunidade, mais mediatizada, de continuar a promover o trabalho que tem sido perpetuado e realizado pela Secretaria Regional da Agricultura e Florestas/Direcção Regional dos Recursos Florestais, na protecção da riqueza
florestal do Arquipélago dos Açores. Segundo Anabela Isidoro, este desafio “foi imediatamente aceite, pois a nossa floresta possui uma vasta dimensão, sendo fundamental para a região a diversos níveis, pois apesar de não estarmos confrontados com os efeitos nefastos dos incêndios, possuímos regimes hidrológicos vastos, florestas de riquezas únicas e uma erosão bastante acentuada”, explica a nossa entrevistada.
Parceria entre a ANA e a DRRF
Assim, no passado dia 28 de Março, a Direcção Regional dos Recursos Florestais, em conjunto com a ANA – Aeroportos de Portugal, SA, promoveu uma iniciativa, no domínio das comemorações do Ano Internacional das Florestas, que tem como desiderato central a promoção da floresta açoriana, onde foram entregues dez expositores de plantas endémicas, “com o objectivo de dar a conhecer o património florestal açoriano a quem viaja através do aeroporto João Paulo II, em Ponta Delgada, mas também às comunidades locais”, explica, depois de ter participado na plantação de algumas, num total de dez mil, plantas endémicas e autóctones dos Açores, nas áreas envolventes ao aeroporto João Paulo II. Com um vasto conjunto de iniciativas a decorrer, esta acção de arborização insere-se num desafio lançado a diversos players da comunidade açoriana, como as juntas de freguesia, universo empresarial e escolas, tendo como prioridade principal a plantação de uma árvore por cada açoriano. “Como são quase 250 mil açorianos, pretendemos chegar ao fim do Ano Internacional das Florestas, com cerca de 250 mil árvores plantadas, preferencialmente das espécies endémicas dos Açores, produzidas com respeito pela biodiversidade, nos viveiros dos serviços florestais, existentes em praticamente todas as ilhas doas Açores”, afirma a nossa entrevistada, lembrando que a parceria com a ANA, Aeroportos de Portugal, SA surge pela perspectiva do aeroporto representar uma porta de entrada no Arquipélago dos Açores,
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bem como de circulação entre ilhas. “São fundamentais porque servem de ligação entre todos os açorianos e foi uma forma que encontramos de divulgação interessante. Além disso, o facto de termos sentido uma enorme receptividade por parte da ANA, através de José Luiz Alves, Director dos Aeroportos dos Açores, tornou este projecto ainda mais importante e de fácil colocação no terreno”, assevera Anabela Isidoro.
Receptividade por parte da comunidade local
Como referimos, as escolas, juntas de freguesia e empresas foram englobadas neste projecto, tendo tido, desde logo, “uma enorme receptividade. As escolas são recorrentes neste género de iniciativas, estando sempre presentes em causas deste género. As juntas de freguesia e as empresas são um desafio interessante porque normalmente não estão presentes neste âmbito, sendo que se nos primeiros o desiderato passa por arborizar, ordenar e embelezar os espaços públicos, nas empresas vai mais além, pois o fito assenta na beneficiação do seu próprio património social, através do envolvimento dos seus responsáveis e colaboradores, bem como para o patrocínio de planos de florestação de espaços públicos”, refere a nossa interlocutora, lembrando que a receptividade tem sido muito positiva, “pois já reunimos um conjunto importante de empresas e cerca de meia centena de juntas de freguesia”. Mas qual o impacto que a promoção da flora açoriana poderá ter na visibilidade e atracção de novos visitantes para a região? Segundo a nossa entrevistada estas aposta aportam uma mediatização elevada da floresta açoriana, indo portanto ao encontro da estratégia do Governo Regional dos Açores, ou seja, uma preocupação incessante com a temática do ambiente, “no sentido das áreas se gerirem de uma forma sustentável, em que buscamos, ao nível dos planos de arborização, introduzir as espécies endémicas, especialmente em locais que exigem maior atenção ao nível da erosão e dos recursos hídricos, como nas margens das ribeiras, em que estamos a fomentar o uso destas espécies”, explica a nossa entrevistada.
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Primeiro passo dado pelo «Projecto Life» A produção de endemismos iniciou-se nos Açores há cerca de 15 anos, principalmente ao nível do serviço florestal do Nordeste, em que existem, em oito das nove ilha ue compõem o Arquipélago dos Açores, serviços operativos, tendo São Miguel, pela sua dimensão, dois serviços operativos. Em 1994, decorrente do denominado «Projecto Life», procedeu-se à recuperação de algumas áreas, momento que deu início à produção de flora endémica. “Inicialmente promovemos um processo experimental nas reservas florestais, cerca de 28 reservas florestais de recreio, onde pretendíamos também incluir a flora endémica, tendo sido dado o passo para a fase seguinte, ou seja, plantação progressiva. Assim, com o «Projecto Life» e com os planos de ordenamento das bacias hidrográficas concretizados para as Furnas e Sete Cidades, começamos a sentir necessidade de produzir em maior escala e fomos estudando a forma como estas plantas se desenvolvem e propagam, sendo que o objectivo para 2011 é ultrapassar a produção anual de 250 mil plantas endémicas” revela Anabela Isidoro, assegurando que estão a ser produzidas plantas endémicas em viveiros de serviço, cerca de 18 viveiros, num total de 26 hectares. “Além disso, temos capacidade para produzir cerca de quatro a cinco milhões por ano de outras espécies além das endémicas”.
das diversas vistorias e dada a autorização de corte, sendo que na maioria dos casos é obrigatório replantar. O Governo Regional dos Açores assume o ambiente e a defesa das florestas como fundamental, possuindo viveiros que servem plantas gratuitamente para que as matas sejam plantadas. No entanto temos muitos mais desafios emergentes como a cinegética, piscicultura, caminhos rurais e florestais, pastagens baldias com distintas funcionalidades de ilhas para ilhas, ou seja, temos um grande leque de
actividades e desafios importantes”. A finalizar, Anabela Isidoro deixou uma mensagem importante, pois dentro das actividades e iniciativas promovidas pela DRRF, o desafio central é deixar uma imagem da importância das florestas no quotidiano das populações e do bem-estar que proporcionam, “porque às vezes olhamos para as florestas e não compreendemos como são fundamentais para a qualidade de vida do ser humano”, conclui Anabela Isidoro, Directora Regional da DRRF.
Florestas essenciais à vida humana
No cargo desde 1 de Abril de 2010, Anabela Isidoro perpetua um balanço bastante positivo, lembrando que esta é uma área repleta de desafios interessantes, alguns deles já ultrapassados, como a produção de espécies endémicas, bem como o lançamento do Programa Regional de Ordenamento Florestal – PROF. “Estamos a ultimar pormenores para o lançarmos ainda este ano, pois é sem dúvida um marco primordial na nossa floresta”, assegura, lembrando que nos Açores não se corta uma árvore por livre e espontânea vontade. “Tem de ser realizado um pedido, posteriormente analisado e avaliado, onde são realiza-
Como são quase 250 mil açorianos, pretendemos chegar ao fim do Ano Internacional das Florestas, com cerca de 250 mil árvores plantadas, preferencialmente das espécies endémicas dos Açores, produzidas com respeito pela biodiversidade, nos viveiros dos serviços florestais, existentes em praticamente todas as ilhas doas Açores
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28 de Março – Um dia inesquecível
As Mãos na Terra…
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esenganem-se aqueles que achavam que os «engravatados» e as «engalanadas» teriam algum pudor em colocar as «mãos na terra» e pegassem em ancinhos e enxadas e andassem, em posições verdadeiramente acrobatas, nas encostas contíguas ao Aeroporto João Paulo II, em Ponta Delgada, a plantar árvores e a embelezar a área próxima deste espaço. Os principais anfitriões estavam bastante bem dispostos e «dispostos» a serem eles a dar o exemplo. Assim, Anabela Isidoro, Directora Regional da Direcção Regional dos Recursos Florestais do Governo Regional dos Açores e José Luiz Alves, Director dos Aeroportos da ANA nos Açores, deram o mote e depois de um pequeno discurso aos presentes sobre a importância desta iniciativa, ou seja, a plantação de dez mil árvores endémicas nas áreas envolventes ao aeroporto sob administração da ANA Aeroportos de Portugal SA, com o apoio técnico da Direcção Regional dos Recursos Florestais, foram entregues dez expositores de plantas endémicas colocadas no Aeroporto João Paulo II e que terão o «condão» de tornar mais verde este espaço. Assim, foi em poses equilibristas pouco dadas a funções de gestão, que vimos intervenientes extremamente anima10
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dos e divertidos com a possibilidade de calcorrear a terra natural e «meter» as mãos na mesma, provocando o regozijo e o gáudio de alguns «mirones» que iam apoiando aqueles que com maior ou menor esforço iam plantando árvores. Os guardas florestais estiveram presentes, dando dicas, aqui e ali, para que tudo decorresse dentro dos trâmites normais e as árvores fossem convenientemente plantadas. José Luís Alves e Anabela Isidoro deram portanto o exemplo e foram os primeiros a pegar na enxada e a «bater» na terra dura, colocando as primeiras árvores, das dez mil previstas, momento que originou um burburinho de satisfação entre todos os presentes. Apesar do entusiasmo da ocasião, esta foi uma acção que mereceu a aprovação de todos, até pela importância que revestiu este acto. “Estamos a promover a floresta açoriana e a para a ANA é um prazer associar-se a estas iniciativas”, afirmou José Luiz Alves. Para Anabela Isidoro, esta acção reverte-se de enorme relevância porque passa pela “estratégia do Governo Regional dos Açores continuar a promover os recursos florestais da região, dando a conhecer as suas mais-valias e fomentando a mesma no dia-a-dia dos açorianos”. Terminado o certame, é chegado o momento de lavar as mãos e voltar aos
gabinetes e às respectivas funções. As árvores plantadas? Essas irão crescer, devagar, devagarinho, mas com a certeza que num futuro longínquo lá estarão na sua imponência representativa da qualidade de vida da Humanidade.
PV7 // RESPONSABILIDADE SOCIAL - ANA AEROPORTOS, SA
ANA - Aeroportos de Portugal, SA e a Responsabilidade Social
ANA apoia “Medicina Mais Perto” A ANA - Aeroportos de Portugal, SA é a principal responsável por um determinado conjunto de infra-estruturas aeroportuárias de fundamental relevância para a economia nacional, sendo portanto, muito mais do que “apenas” uma gestora aeroportuária, um player de renome neste âmbito.
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nteressa destacar que a ANA - Aeroportos de Portugal, que tem implementado um Sistema de Gestão Integrado, tornou-se na primeira empresa em Portugal e na primeira empresa aeroportuária do mundo a alcançar a certificação simultânea nos vectores da Qualidade, Ambiente, Saúde e Segurança no Trabalho e Responsabilidade Social. Esta “conquista” reflecte o empenho e a dedicação a que foi votada a sua gestão diária, assumindo um compromisso na prevenção e minimização do impacte resultante do natural crescimento da sua actividade, no ambiente e nas comunidades onde estão inseridos os seus aeroportos. Mas a ANA ambiciona ir mais longe, como fica patente no apoio imediato dado a projectos como “Medicina Mais Perto”.
Conversamos com Ana Avelar, Focal Point para a Responsabilidade Social e Sustentabilidade dos Aeroportos dos Açores, sendo o tema central desta conversa o compromisso que a ANA mantém no domínio da Responsabilidade Social, neste caso, com o projecto designado por “Medicina Mais Perto”, promovendo assim uma maior interacção com a comunidade local onde se insere cada um dos seus aeroportos, e com a própria comunidade aeroportuária. Já na sua terceira edição, a iniciativa “Medicina Mais Perto” realizou-se este ano na Ilha de São Miguel, entre os dias 23 e 29 de Março, tendo sido organizada pela Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e concretizada por um grupo de 30 estudantes da referida instituição universitária.
Ana Avelar
Este grupo de estudantes voluntários esteve presente em diversos municípios da Ilha de São Miguel, promovendo acções de sensibilização, de formação e de rastreio, consoante o seu público-alvo. “Por exemplo, nas escolas foram abordadas sobretudo questões relacionadas com a alimentação. Aos adultos e idosos foram direccionados esforços no âmbito de patologias como a hipertensão, o colesterol e a diabetes e, no caso dos jovens, o foco incidiu maioritariamente em questões relativas ao consumo de álcool, drogas e doenças sexualmente transmissíveis, aproveitando, inclusive, a realização de um festival de tunas, realizado em Ponta Delgada, para promover acções de sensibilização”, afirma a nossa interlocutora à Revista Pontos de Vista. Mas qual o grande desiderato deste projecto? Segundo Ana Avelar, este programa direcciona estratégias de prevenção e combate ao estilo de vida que hoje levamos, demasiado acelerado, gerador de stress e sedentário, bem como ao tipo de alimentação pouco saudável com que quotidianamente lidamos. Assim, “este grupo de alunos de medicina promove actividades de saúde em
cidades afastadas dos grandes centros urbanos, logo com menores possibilidades de acesso a determinados tipos de testes e rastreios”, explica a nossa entrevistada, assegurando que o objectivo passa por identificar comportamentos de risco e alterá-los, contribuindo assim para a diminuição do impacto de determinadas doenças, principalmente do foro cardio e cérebro-vasculares, em Portugal. De referir ainda que, embora sendo este um projecto de cariz global, o dia 28 de Março foi dedicado à comunidade aeroportuária e com resultados muito assertivos. “Divulgamos esta iniciativa de rastreio por todos os colaboradores da ANA SA, prestadores de serviços, concessionários, entre outros, e a receptividade foi bastante positiva, pois aderiram a esta iniciativa mais de 120 pessoas, de diversas áreas, o que revela a disponibilidade da comunidade aeroportuária para este género de projectos”, conclui Ana Avelar.
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PV7 // CONSULTORIA E GESTÃO
ζ Por Júlio Moita, Director Geral, ATKINS Portugal
Planear, Projectar, Viabilizar
A Atkins (Portugal) é uma empresa portuguesa de consultoria no seu mais lato senso, associada do Grupo Atkins, líder de prestação de serviços de consultoria profissional, multidisciplinar e serviços complementares, baseada nos mais avançados desenvolvimentos tecnológicos. O Grupo opera a nível mundial, e tem escritórios na Europa, Médio Oriente, Ásia Central e Oriental, Pacífico e Américas. A Atkins (Portugal), com sede em Lisboa, detida a 100% pela WS Atkins International, Ltd., foi criada em 1987, e tem como objecto a prestação de serviços no âmbito da gestão, planeamento, engenharia, arquitectura e outras actividades afins, nomeadamente estudos, consultadoria, projectos, gestão, coordenação e fiscalização de empreendimentos, incluindo a actividade de gestor geral da qualidade em empreendimentos de construção.
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om uma riqueza de conhecimentos especializados recolhidos ao longo de mais de 24 anos, a Atkins (Portugal) possuí uma sólida reputação por fornecer, através dos quadros qualificados de que dispõe, soluções de elevada qualidade que satisfazem os requisitos específicos dos mais exigentes clientes. Pretendemos contribuir para que os nossos Clientes possam atingir os respectivos objectivos, proporcionando-lhes soluções práticas e eficazes, que lhes permitam desenvolver e valorizar os respectivos negócios, através da aplicação da experiência, dos conhecimentos inovadores e da mais avançada tecnologia. Combinamos inovação com elevados e sólidos padrões técnicos, recorrendo à nossa competência e do grupo a que pertencemos - líder na Europa e uma das dez maiores consultoras de engenharia a nível mundial - para acrescentar valor aos projectos que concebemos, quer ao nível da qualidade dos serviços, quer do potencial intrínseco de investimento. A Atkins (Portugal) orgulha-se por poder apresentar a excelência como a sua marca de referência. A abordagem multidisciplinar permite-nos trabalhar com os Clientes desde o início de um projecto. Ajudamos a desenvolver conceitos iniciais, conduzimos estudos de viabilidade económico-financeira e elaboramos estudos de avaliação do impacte ambiental. Oferecemos uma
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solução completa de gestão de empreendimentos, usando ideias inovadoras e novas tecnologias para optimizar o desempenho a longo prazo dos seus activos. Ao fazer uma abordagem sustentável, garantimos também que cada projecto que executamos trará benefícios a longo prazo para as comunidades onde trabalhamos. A expressão mais simples para a acção da A Atkins (Portugal) sintetiza-se nas seguintes palavras: Planear, Projectar, Viabilizar.
Planear
Os desafios que os nossos clientes enfrentam são multidimensionais, muitas vezes devido ao ambiente moderno cada vez mais complexo. Desde o controlo de custos e de riscos, a estudos de viabilidade e sustentação logística, a avaliações de impactes e contratos entre as partes interessadas, planeamos todos os aspectos associados aos projectos dos nossos Clientes.
Projectar
A Atkins (Portugal) projecta um capital intelectual, tal como sistemas de gestão e processos de negócio. Somos uma empresa de consultoria em gestão de empreendimentos, em engenharia e em projectos de infra-estruturas logísticas, de transportes e outros, como empreen-
dimentos turísticos, sistemas de abastecimento de água e drenagens, estradas e auto-estradas, caminhos-de-ferro, equipamentos aeroportuários, entre outros. A todos os nossos projectos aplicamos a mesma paixão e criatividade, aliadas a rigorosos padrões de qualidade.
Viabilizar
Os nossos clientes escolhem a Atkins (Portugal) porque querem concentrar-se nas suas ocupações principais. Confiam-nos a gestão de projectos e de pessoas, a par da resolução dos problemas, esperando que asseguremos o cumprimento dos prazos, o controlo dos custos e o êxito dos seus projectos. A Atkins (Portugal) dispõe de colaboradores e experiência em diversos países em todas as áreas do conhecimento envolvidas na Concepção, Projecto e Gestão de Obras Aeroportuárias, encontrando-se qualificada como Prestadora de Serviços à ANA Aeroportos. Colaborou já no desenvolvimento de alguns projectos com a ANA Aeroportos. Desta actividade destaca-se o Estudo de Grandes Condicionantes do Aeródromo de S. Jorge e a Revisão do Projecto de Execução de Pavimentos e Infra-estrutura do Terminal/Parque de Contentores do Aeroporto J. Paulo II. Como resultado dos trabalhos efectua-
dos com a ANA Aeroportos, apreciamos o excelente e correcto relacionamento que sempre foi facultado por toda a estrutura organizacional da ANA Aeroportos, a sua excelente organização e gestão que utiliza procedimentos com os quais a Atkins (Portugal) se identifica. A complexidade e condicionantes inerentes aos trabalhos aeroportuários constituem para nós uma oportunidade para utilizar os seus conhecimentos e procedimentos e partilhar da grande experiência da ANA Aeroportos para os melhorar consistentemente. A grande experiência do Grupo no domínio aeroportuário, com referência
obrigatória aos projectos do novo Terminal “Jet” VIP do Aeroporto no Abu Dhabi, do novo “World Cargo Centre” no Aeroporto de Heathrow para a British Airways Airports no valor de 250 milhões de libras, e da expansão do Terminal de Passageiros do Aeroporto Internacional do Bahrain, conferem à Atkins (Portugal), fruto do modelo de partilha conhecimento e recursos entre todas as unidades de negócio do Grupo , uma capacidade ímpar no mercado Português para superar limites e encontrar mais, melhores e mais rápidas soluções, capazes de continuar a fazer merecer a confiança da ANA Aeroportos na nossa empresa, no domínio das infra-estruturas e da sustentabilidade.
PV7 // FORMAÇÃO
AWA - Aeronautical Web Academy em destaque
Líderes na formação aeronáutica Tendo «descolado» há cerca de três anos, mais concretamente em 2008, a AWA - Aeronautical Web Academy assume-se como uma entidade de formação aeronáutica de excelência e tem evoluído de uma forma extremamente positiva, sendo actualmente um player de sucesso neste mercado tendo ultrapassado a turbulência criada pelos actuais constrangimentos das economias mundiais, fruto da exigência e rigor que pautam a actuação da Escola, o que se reflecte na qualidade da formação.
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AWA, enquanto Escola de formação aeronáutica, constitui-se como um parceiro sólido legitimado pela posse do Certificado P/FTO/07 emitido pelo Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC). Inclui, na sua oferta formativa, cursos de pilotagem profissional de aviões - ATPL (A), de piloto particular de aviões - PPL (A), de Instrutor de Voo – FI (A) e cursos de oficiais de operações de voo – OOV, para além de outras acções de formação pontuais. A Revista Pontos de Vista aproveitou a «boleia» e voou com a AWA, tendo conversado com os dois responsáveis pela edificação deste projecto e que têm sido o rosto do sucesso da AWA. Miguel Cardoso, piloto de linha aérea de longo curso, com vários anos de experiência e Renato Pinheiro, controlador de tráfego aéreo na Força Aérea Portuguesa e instrutor da cadeira de Legislação Aérea e Procedimentos ATC há mais de duas décadas. Apesar da sua relativamente curta existência, a AWA rapidamente assumiu um papel de notoriedade, o que se reflecte no sucesso que tem vindo a alcançar no ramo da formação aeronáutica em Portugal. A velocidade com que surgiu o reconhecimento surpreendeu de uma forma geral, tendo Renato Pinheiro referido que “quando foi iniciado o projecto, com apenas um curso de oficiais de operações de voo, havia a expectativa de avançar com os cursos de pilotagem num prazo estimado de três anos. Contudo, devido à elevada procura que se foi verificando e até a alguns pedidos nesse sentido que foram surgindo de potenciais alunos, esta intenção foi antecipada e, em apenas um ano, o segmento de pilotagem foi completamente instituído, o que permite à Aeronautical Web Academy oferecer formação integrada de pilotagem para pilotos de linha área” bem como os restantes cursos atrás referidos. A “descolagem” da Escola foi trabalhosa, continua a ser um desafio diário onde não se pode deixar nenhum detalhe ao acaso. Esta dedicação á causa permite que a Escola esteja hoje certificada pela DGERT, mas cabe aqui também uma palavra de apreço ao INAC em geral, enquanto entidade reguladora do sector, que apesar da sua exigência sempre apontou também a “rota” certa que devia ser seguida. No que respeita à actividade lectiva, a AWA conta com uma equipa de profissionais que leccionam nas suas áreas profissionais específicas. Como é natu14
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ral, os recursos humanos de qualquer entidade são fundamentais para o sucesso da mesma e, assim, os nossos entrevistados destacam o cuidado extremo colocado na selecção dos mesmos, tendo em conta diversos factores. “É preponderante a preparação académica e a competência pedagógica, tendentes a uma formação de excelência”, explicam os nossos entrevistados.
“Estágio é uma grande mais-valia para os alunos”
Uma das principais lacunas detectadas junto das entidades formadoras dos vários campos de actuação, está relacionada com a falta de ligação ao universo empresarial de modo a garantir a continuidade da mesma em contexto laboral e a permitir a integração dos formandos no mercado de trabalho. A AWA garante os estágios tendentes á obtenção ds licenças aeronáuticas nos cursos para os quais este é essencial, tendo contactos e parcerias com várias companhias de aviação, de forma a garantir que no final do respectivo curso o formando obtém a sua licença de modo a poder entrar no mercado. Conforme explicou Renato Pinheiro: “A questão do estágio é uma grande mais-valia para os alunos de alguns cursos. Por exemplo, no que respeita ao curso de operações de voo, o aluno só obtém a licença após ter percorrido duas componentes: a formação teórica (que é obtida na escola) e o estágio que lhe garante a prática essencial para que o regulador proceda à emissão da respectiva licença. No caso dos pilotos, o candidato pode chegar à AWA sem conhecer nada de aviões e sai com uma licença que lhe permite pilotar aviões de linha aérea. Noutras Escolas também se pode passar o mesmo. Todavia, na AWA é feito um acompanhamento sistemático da evolução dos alunos em todas as fases dos cursos. Isto é conseguido através do modo como o curso está estruturado, sendo inclusivamente ministrada formação específica, na fase final do curso de Linha Aérea, para o aluno se adaptar a voar em tripulações múltiplas, num curso específico vulgarmente designado por MCC . A AWA não pode garantir emprego nem faz promessas que não possa cumprir, mas sabe que existe uma grande falta de pilotos a nível mundial, preparando os seus alunos para esse mercado”, revela, lembrando que, no que respeita ao curso de Instrutor de Voo, “a AWA aqui assume-se
como geradora de emprego, uma vez que o aluno ao terminar o curso tem o estágio na AWA remunerado, ficando mesmo alguns a trabalhar na empresa como pilotos instrutores”, destacou Miguel Cardoso.
Congéneres do mercado vistos como parceiros
Nos vários cursos leccionados na AWA, cada turma está limitada a 12 alunos, sendo esta uma medida interna para manter a qualidade pedagógica que a Escola preconiza, conforme esclarece Miguel Cardoso: “A legislação permite que tenhamos um máximo de 18 alunos Miguel Cardoso e Renato Pinheiro
por turma, mas porque queremos garantir um elevado padrão de qualidade limitamos esse número a 12 alunos, o que possibilita um maior acompanhamento, sobretudo a alunos que apresentem alguma dificuldade ou em matérias com maior complexidade em que é necessário dedicar mais tempo a cada aluno. Isto acontece apenas na parte teórica dos cursos, porque na prática esta questão não se coloca pois cada aula de voo é individual”. Desde a sua fundação que a qualidade foi sempre uma bandeira do projecto AWA e foi neste sentido que a escola sempre se preocupou em estabelecer parcerias que potenciem este objectivo. Desta forma a AWA olha para os restan-
PV7 // FORMAÇÃO
tes players do mercado não como concorrentes, mas como entidades que podem ser complementares na formação que se destina a colocar bons profissionais no mercado de trabalho: “Sempre vimos as outras instituições do sector como uma mais valia, pois algumas apresentam igualmente uma postura correcta no que concerne á formação, sendo assim um instrumento de complementaridade. Desta forma, e em termos de exemplo, em vez de efectuarmos um investimento para a aquisição de um simulador de voo para a formação MCC acima referida, estabelecemos uma parceria com outras escolas que têm os seus simuladores com capacidade sobrante, sendo desta forma criada uma mais valia para ambos. É aí que vamos efectuar essa formação”. Apesar do sucesso já alcançado, a Aeronautical Web Academy está em constante crescimento e evolução, sendo que isto se deve, na óptica de Renato Pinheiro, a dois factores de diferenciação essenciais: “Temos algumas mais-valias que as outras escolas não possuem, sendo certo que não é obrigatório tê-las, mas ao inclui-las na formação fazemos a diferença. Todos os nossos cursos têm incluídos no plano de formação algumas visitas de estudo. Fazemo-lo porque entendemos que a realidade tem que se mostrar como ponto de aplicação da
teoria e, por isso, os nossos alunos visitam por exemplo o Centro de Controlo da Área (ACC) de Lisboa contactam com um órgão de prestação de serviços de tráfego aéreo e podem observar o controlo real dos voos no espaço aéreo nacional. Outra das “visitas” é em si mesma um pequeno curso, pois somos a única escola civil nacional com protocolo com a Força Aérea Portuguesa (a quem estamos reconhecidos) para utilização das instalações da Secção de Treino Fisiológico. Aqui os alunos são “treinados” para situações de hipóxia, ou seja, são experienciados pelo aluno os sintomas fisiológicos da falta de oxigénio. Esperamos que nunca aconteça mas, um dia se uma aeronave pilotada por um aluno que tenha já sentido os sintomas referidos sofrer uma despressurização, talvez este se possa antecipar na resposta correspondente e, quem sabe, evitar um acidente. Desta forma pensamos estar a contribuir de forma inequívoca para a segurança de voo, o que merece também ser referido”, afirma. Já Miguel Cardoso destaca a existência de um minicurso que a AWA possibilita aos candidatos da formação de Instrutores de Voo, onde experienciam as chamadas manobras anormais, “que acontecem, por exemplo, quando o avião entra em espiral, o que lhes dá uma preparação maior para o caso de algo
acontecer quando estiverem com os seus próprios alunos”. Este minicurso é assegurado através de uma parceria estabelecida com uma empresa que actua no ramo da acrobacia aérea e que está preparada para efectuar estas manobras dentro das mais elementares regras de segurança.
Estudo e autodisciplina são fundamentais
A Aeronautical Web Academy possui uma frota própria, composta por seis aeronaves, de três modelos diferentes: o Grob G-115A, que é um Avião de Instrução Básica, desenvolvido na Alemanha. Construído em matérias compósitas avançadas (as asas e a fuselagem principal são peças únicas), dispõe de um cockpit bilugar e canopy deslizante de ampla visibilidade. A frota da AWA conta com 3 destes aviões. As outras aeronaves são um Socata TB-9 e o outro um TB-10 que são as duas aeronaves utilizadas pela AWA para os voos de instrumentos (IFR). A mais recente em termos de aquisição é um Piper Seneca PA-34, onde são efectuadas as horas de bi-motor. Estas medidas fazem com que a AWA esteja a crescer nas casa dos 300 por cento ao ano, embora esteja bem determinado pela AWA um tecto que a Escola
não pretende ultrapassar, para não comprometer a qualidade do ensino teórico e da formação de voo. Contudo, Miguel Cardoso e Renato Pinheiro não querem ficar por este número, e estão já a ser preparadas várias novidades que deverão ser implementadas no decurso do próximo ano para que a AWA continue a solidificar a sua posição de prestígio no mercado da formação aeronáutica. Numa altura em que os primeiros formandos estão a terminar os respectivos cursos, Renato Pinheiro apela à dedicação de todos os que querem ser pilotos ou oficiais de operações de voo, afirmando que “só com dedicação ao curso conseguirão tornar-se bons profissionais, enquanto a AWA, por seu lado, se compromete a contribuir com o seu melhor para que a sua formação seja de excelência”. Já Miguel Cardoso refere que “gostava que todos tivessem a possibilidade de poderem um dia pilotar aviões”, sendo contudo necessário, para que isso se torne numa realidade, que exista um estudo bastante rigoroso e um nível de autodisciplina elevado, “porque ser piloto não é impossível, mas exige uma dedicação, aplicação e empenho diários que está ao alcance de todos desde que haja perseverança”. Os Directores finalizaram destacando o lema da AWA: “querer saber, saber, saber querer”.
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PV7 // FORMAÇÃO
Feed Performance Consulting em destaque
Referencial de Qualidade, Competência e Profissionalismo “O mundo hoje impõe uma condição de aprendizagem contínua e de constante abertura para fazer diferente e melhor. Por isso a Feed Performance Consulting está atenta às necessidades e adequa as suas acções de formação às necessidades de cada empresa e do mercado”, afirma João Mouga Vieira, Partner da Feed Performance Consulting, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde ficamos a conhecer quais as mais-valias da marca e que desafios se impõem à mesma de futuro, entre outras temáticas de relevo.
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uando é que surge a Feed Performance Consulting e de que forma é que tem promovido a diferença no quotidiano das organizações e por conseguinte dos seus stakeholders? A Feed Performance Consulting nasceu em finais de 2008, resultado da vontade firme dos seus fundadores de desenvolverem uma intervenção dirigida à melhoria dos resultados das organizações com base na sua larga experiência em empresas multinacionais de reconhecido prestígio. Qualquer projecto empresarial, sobretudo no contexto actual, necessita de um bom suporte quer ao nível da estratégia, quer dos processos e das pessoas. A nossa intervenção consiste em alinhar a estratégia com as operações, implicando a racionalização dos processos de negócio para torná-los mais eficazes. A diferença que fazemos todos os dias nas organizações onde intervimos está assente na nossa capacidade de, em conjunto com a organização, definir os objectivos a alcançar, identificar e caracterizar exaustivamente as disfunções e estrangulamentos que impedem ou prejudicam a performance da organização, estabelecer e definir as medidas a tomar, implementá-las e avaliar os seus impactos nos objectivos pré-definidos. Tal como diz a nossa assinatura, “Alimentamos resultados”, o nosso êxito só se mede pelos objectivos alcançados. A Feed Performance Consulting actua em duas grandes áreas: Business Performance e Human Performance. Quais as principais características de ambas e de que forma representam uma mais-valia para os vossos clientes? Em que âmbito? A Business Performance tem a ver com todos os processos, estruturas e sis16
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temas necessários para o desenvolvimento do negócio. A preocupação é sobretudo ao nível do adequado desenho dos processos, com o desempenho das estruturas, com a fiabilidade e competência dos sistemas bem como os aspectos do planeamento e controlo. Na realidade, tratamos do que está para além do organigrama da empresa ou seja, a forma como as estruturas hierárquicas se relacionam para produzir o resultado pretendido. Na Human Performance abordamos as descrições de funções, avaliação de desempenho, políticas de remuneração com incentivos adequados que premeiem a performance, o trabalho em equipa, a orientação a resultados…Ou seja, tudo o que envolve o trabalho das pessoas dentro de uma empresa. Como instrumento essencial da intervenção da Human Performance ocupamo-nos do recrutamento e selecção e desenvolvemos acções de formação orientadas para os aspectos identificados. Qual a importância, na sua opinião, em apostar na valorização do capital humano? Que relevância pode ter esta aposta ao nível da evolução económica/social do país? Todos temos claro que as pessoas são o activo mais importante das organizações! A diferença é que a maioria fica-se pelas intenções. Na realidade hoje, em qualquer contexto, são sempre as pessoas que fazem a diferença, se adequadas à função, bem dirigidas e motivadas contribuem para o desenvolvimento. Caso contrário, afundam qualquer empresa. O sucesso de cada país está intrinsecamente ligado à sua capacidade de produzir bens e
João Mouga Vieira
PV7 // FORMAÇÃO
serviços com maior valor acrescentado. Aliás um dos problemas mais comummente identificado no tecido produtivo português é a sua insuficiente formação e em consequência a sua baixa produtividade. Neste contexto a nossa acção contribui também para a evolução económica e social do país. O Business Coaching assume-se hoje como um fenómeno em crescendo e vital para as empresas. Neste sentido, qual a importância dada pela Feed a esta vertente? Como alguém disse “Através do coaching, ajudam-se os demais a darem o melhor de si mesmos, a aproveitarem todo o seu potencial, tanto pessoal como profissionalmente e a chegarem mais longe do que tinham imaginado num primeiro momento”. O business coach pretende fazer “crescer” o empresário ou o executivo de forma a torná-lo o motor da mudança na sua organização. Na maioria dos casos isso significa torná-lo parte da solução em vez de parte do problema. Na Feed Performance Consulting somos Business Coaches certificados pelo Business Coach Institute (USA) desde 2006. O processo de coaching ajuda os empresários e/ou gestores a clarificar os seus objectivos, confrontá-los com a sua realidade, as suas limitações, os seus talentos e assim ajudá-los a superar os desafios do dia-a-dia, com entusiasmo. Por isso consideramos que o business coaching é uma parte essencial da melhoria da performance das empresas, em particular das PME`s. De que forma é que esta valência é fundamental para as empresas nacionais? Os
empresários portugueses estão receptivos a este modelo? Nos tempos conturbados em que hoje vivemos, os empresários e gestores portugueses têm claro que, a exigência do presente implica uma abordagem mais profissional na gestão do seu negócio ou, caso o não façam, provavelmente terão que fechar as portas. Assim o apoio de um business coach pode contribuir decisivamente para a clarificação dos objectivos e dos caminhos a seguir para os atingir. O processo de business coaching é um processo de aprendizagem relativamente longo porque só desta forma se consolidam as aprendizagens e se alteram os comportamentos. A impaciência ou a necessidade de resultados imediatos, pode ser “fartura para hoje mas será sempre fome para amanhã”. Neste processo, trata-se de ensinar a pescar e não apenas dar o peixe. Qual a importância, na orgânica da empresa, da vertente da formação? De que forma a promovem? Para a Feed Performance Consulting conforme vimos a formação é uma das componentes essenciais da Human Performance. O mundo hoje impõe uma condição de aprendizagem contínua e de constante abertura para fazer diferente e melhor. Por isso a Feed Performance Consulting está atenta às necessidades e adequa as suas acções de formação às necessidades de cada empresa e do mercado. Não somos uma empresa de formação massiva, mas propiciamos formação num contexto integrado, privilegiando a componente prática de aplicabilidade imediata das aprendizagens que proporcionamos.
Orgulhamo-nos de a avaliação das nossas formações, feita pelos nossos formandos, termos obtido, no ano de 2010 mais de 95 por cento de classificação bom e muito bom. A divulgação da nossa formação é realizada através da Newsletter da Feed, do sítio da Feed, do Feed Performance Club, dos nossos parceiros e através da internet. Quais as principais vantagens das denominadas formação Inter – Empresas e Intra – Empresas? Na formação intra-empresas permite customizar mais eficazmente os conteúdos, os exemplos e também os objectivos da formação para além de facilitar o posterior acompanhamento. Desenvolvemos programas totalmente orientados para as necessidades identificadas do cliente. A formação inter-empresas tem a vantagem de permitir conhecer experiências diferentes o que enriquece a formação. Dentro desta perspectiva a Feed lançou, em 2009, o Feed Performance Club destinado a empresários e gestores, que se reúne todos os meses e aborda um tema de gestão previamente definido. Deram-nos a honra da sua presença e da sua visão o Sr. Secretário de Estado da Energia e Inovação Prof. Carlos Zorrinho, o Sr. Prof. João César das Neves, Presidente do Concelho Científico da FCEE da Universidade Católica, o Sr. Prof. Miguel Cruz, Administrador do IAPMEI, entre outros. O Feed Performance Club reúne desde o seu início em Lisboa, com assinalável êxito, pelo que ponderamos a possibilidade de num futuro próximo promover o Feed Performance Club na zona norte do país. A internacionalização das empresas as-
sume-se como um passo natural. A Feed Performance Consulting tem esse desiderato? Se sim, para que mercados pretende fazê-lo? A Feed Performance Consulting encara a internalização como uma estratégia a longo prazo. A internacionalização projectada a longo prazo dirigir-se-á prioritariamente para Espanha. No médio prazo pretendemos consolidar a nossa presença no mercado nacional nomeadamente no norte do país onde actualmente a nossa presença ainda é esporádica.
Quais são as principais prioridades da Feed Performance Consulting de futuro? Pretendemos desenvolver a nossa presença em Portugal cobrindo a totalidade do território continental e ilhas, tornarmo-nos a médio prazo numa das empresas de referência no mercado. Mais do que uma questão de quota de mercado, a Feed Performance Consulting, pretende constituir-se como um referencial de qualidade, competência e profissionalismo.
PV7 // DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO ESPAÇO LUSÓFONO
Luís Mira Amaral, CEO do BancoBIC Portugal, em discurso directo
“Os mercados emergentes são fundamentais para Portugal crescer” Tendo como principal desiderato promover a aproximação entre os investidores portugueses e angolanos e estabelecer-se como uma «ponte» entre ambos os países, o BancoBIC Portugal direcciona a sua orgânica no sentido de apoiar as empresas lusas na sua estratégia de exportações e internacionalização para aquele país africano, perpetuando-o também no sentido inverso, ou seja, em relação aos investidores angolanos que operam ou pretendam realizá-lo em Portugal ou noutro país europeu.
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endo como mais-valia o profundo conhecimento das economias e sistemas financeiros portugueses e angolanos, o BancoBIC tem vindo a dar uma resposta cabal aos desafios emergentes em prol dos seus clientes no desenvolvimento permanente das suas organizações, através de um conjunto de soluções para cada caso, seja no segmento empresarial, particular ou private banking. Edificado em Maio de 2008, o BancoBIC surgiu como uma nova entidade bancária de génese portuguesa, tendo tido a inspiração do seu «irmão gémeo» o BancoBIC angolano, um dos mais reconhecidos bancos a nível mundial, que replicou a estrutura accionista do BIC Angola. A Revista Pontos de Vista deslocou-se à sede do BancoBIC, em Lisboa, tendo conversado com Luís Mira Amaral, CEO do BancoBIC Portugal, banqueiro formado em engenharia, com mestrado em economia e que conhece por dentro os meandros da política, que num discurso à sua imagem, corrente e contínuo, falou-nos do desenvolvimento das relações entre Angola e Portugal, reflectindo sobre a política angolana, designadamente monetária, bem como sobre os desafios que se colocam actualmente a esse país africano e a Portugal, onde os constrangimentos económicos sentidos, devido à actual crise económico-financeira, também já se fizeram sentir no quotidiano do BancoBIC português. Apesar de alguns ainda pensarem que o BancoBIC português é uma filial do BIC angolano, esse panorama está completamente errado, até porque o BIC nacional assume-se como um banco de direito europeu e não uma filial ou sucursal do Banco BIC Angola, tal como explica o nosso entrevistado. “Os accionistas do BIC Angola, face à história de sucesso 18
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da entidade africana, resolveram criar uma entidade bancária similar em Portugal, ou seja, foi replicada a estrutura accionista em Portugal, que tem vindo a perpetuar um excelente serviço aos seus clientes desde 2008”, assume convicto Luís Mira Amaral, lembrando que quando assumiu o projecto do BIC português “tinha perfeita consciência de que iriamos actuar num sector de mercado bastante saturado, maduro, e disse, nesse momento, que só aceitaria arrancar com este projecto, num contexto de crise financeira internacional”, assume. Mas porquê iniciar este projecto apenas num contexto de crise económica? “Porque estava relacionado a um grande banco angolano, o que possibilitava trabalhar no desenvolvimento das relações entre Portugal e Angola. Mesmo numa conjuntura de crise internacional essas relações encerravam um potencial que podia ser aperfeiçoado e expandido. Assim, iniciámos a actividade através de duas linhas de negócio: banca de empresas e banco correspondente”, revela
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Os accionistas do BIC Angola, face à história de sucesso da entidade africana, resolveram criar uma entidade bancária similar em Portugal, ou seja, foi replicada a estrutura accionista em Portugal, que tem vindo a perpetuar um excelente serviço aos seus clientes desde 2008
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Luís Mira Amaral
PV7 // DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO ESPAÇO LUSÓFONO
o CEO da instituição financeira.
“Hoje somos considerados um player de relevo”
Assim, no seguimento lógico do seu crescimento, e apesar do BancoBIC português ter sido edificado num clima de instabilidade económico financeira a nível internacional, bem como a nível nacional, os factos corroboram a anterior afirmação do nosso interlocutor, ou seja, que só aceitaria arrancar com este projecto em plena crise financeira. Se no primeiro ano de actividade, 2008, do BancoBIC este teve cerca de 700 mil euros de prejuízo, nos dois anos seguintes os indicadores da entidade bancária foram completamente alterados, pois em 2009 o BIC português teve um lucro de 200 mil euros e no ano transacto, 2010, um proveito de cerca de dois milhões e quatrocentos mil euros, cenário demonstrativo da senda evolutiva do banco BIC, que no final do primeiro ano de actividade, 2008, detinha uma carteira de crédito de 260 milhões de euros e activos do banco na ordem dos mil milhões de euros. “São resultados impressionantes e positivos, facto que nos leva a ser hoje considerados um player já estabelecido no mercado”, afirma Luís Mira Amaral. Chegado a este ponto, segundo o nosso entrevistado não existe muito mais espaço de crescimento com a actual configuração, até porque o sector do retalho actual em Portugal, ao nível do crescimento interno, encontra-se bastante saturado, “porque temos um número elevado de instituições bancárias, logo um vasto número de redes de retalho”, advoga, confessando que este facto motivou uma reunião com os accionistas do BIC Portugal, onde foi perceptível que para que a instituição possa conhecer um nível de crescimento na vertente do retalho, “teríamos de adquirir uma rede”, esclarece, assegurando que o que motivou o interesse na possível aquisição do BPN adveio deste facto, cenário que não foi concretizado pelas três instituições bancárias que na altura demonstraram interesse no levantamento do caderno de encargos da privatização do BPN, ou seja, BIC Portugal, Montepio Geral e Barclays. De lembrar que no dossier de venda do BPN, o Governo pedia 185 milhões de euros pelo banco e impunha a manutenção dos cerca de dois mil postos de trabalho, um dos pontos que foi contestado pelos interessados. Mas não só. Mira Amaral lembra ainda que a marca vale «zero» e que as condições de venda do BPN previam a manutenção na instituição de uma carteira de crédito mal parado que os eventuais interessados não pretendiam assumir. “Naturalmente
que seria um negócio interessante, mas, compreensivelmente o Governo pretendia efectuar essa venda em bloco, logo com o passivo todo do BPN, o que tornava o produto invendável”, esclarece Luís Mira Amaral, assegurando que não havendo condições para a aquisição de uma rede de balcões que permita usufruir de um crescimento na vertente do retalho, “iremos continuar a actuar nas nossas áreas preferenciais, ou seja, apoio empresarial, operações através de bancos correspondentes angolanos, e private banking. No que concerne aos bancos correspondentes, o banco BIC português coopera actualmente com quatro bancos correspondentes de génese angolana, lembrando ainda que com os resultados de crescimento apresentados pelo BIC português, desde a sua edificação, “acredito que seja um excelente cartão-de-visita para que mais bancos angolanos pretendam trabalhar connosco”, afirma convicto, assegurando que actualmente o BancoBIC Portugal pode assumir-se como uma entidade de prestígio e credibilidade. “Somos hoje um banco bem classificado, possuímos um lugar de relevo no mercado e portanto é mais do que argumento para realizar uma aposta forte em conseguir novos bancos angolanos e na vertente do private banking”.
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Objectivo – Rentabilizar a carteira de crédito existente No plano das empresas e face à situação económico-financeira do país, o desiderato do nosso interlocutor e seus pares não passa pelo crescimento quantitativo ao nível do crédito, até porque a instituição bancária presidida por Mira Amaral possui actualmente uma carteira de cerca de 260 milhões de euros, facto que leva o nosso entrevistado a incrementar níveis de exigência e de selecção elevados no momento de aceitar novos clientes, buscando assim uma posição mais defensiva em relação a possíveis novos clientes, sendo que o objectivo passa então por rentabilizar a carteira de crédito já existente no seio do banco. Mas recuando um pouco no tempo, ainda no plano da banca, o BIC Portugal quando se iniciou apostou em empresas portuguesas que já operavam no mercado angolano, algumas delas apoiadas pelo BancoBIC Angola, realidade que tornou mais fácil trabalhar com as mesmas. “O facto de serem clientes de ambas as entidades, do BIC Angola e do BIC Português, permitiu-nos gerir os fluxos financeiros entre Angola e Portugal. No entanto, como não podíamos ficar confinados apenas a empresas ligadas a Angola apostamos na diversificação e
Mas porquê iniciar este projecto apenas num contexto de crise económica? “Porque estava relacionado a um grande banco angolano, o que possibilitava trabalhar no desenvolvimento das relações entre Portugal e Angola. Mesmo numa conjuntura de crise internacional essas relações encerravam um potencial que podia ser aperfeiçoado e expandido. Assim, iniciámos a actividade através de duas linhas de negócio: banca de empresas e banco correspondente
Uma Companhia em Angola perto de si
actualmente dispomos de uma base de clientes mais alargada. Somos um banco similar a outros e fazemos o que os outros fazem, só que dispomos de uma competência específica no que respeita ao financiamento do comércio externo para Angola, a qual é reconhecida. Apoiamos as empresas portuguesas como qualquer outro banco e dispomos de uma grande componente de apoio à exportação de empresas portuguesas para Angola e trabalhamos as linhas habituais ligadas ao comércio externo”, explica.
Aproveitar sectores em expansão
É de referir que o BIC Português arrancou quando os outros bancos começaram a sentir dificuldades de liquidez, pelo que muitas empresas começaram a ter dificuldades em obter linhas de crédito. “Tivemos, no entanto, o cuidado de não aceitar empresas que, por maus motivos, tivessem o crédito cortado nos outros bancos”, explica, lembrando que vivemos um período de diversos constrangimentos, onde os spreads e as taxas de juro crescem correntemente, facto que levará o BIC Portugal a acompanhar as cedências do mercado e o ritmo do mesmo. Assim, “teremos de ter muito cuidado com o denominado crédito mal parado e com as empresas que ameacem vir a ter problemas futuros. Teremos de ser mais selectivos em novas operações e mais criteriosos nas empresas que aceitamos”, adverte, assegurando que o BIC colocou o seu departamento de gestão de risco em funcionamento de uma forma impecável na selecção dos projectos, facto que tem permitido à entidade bancária possuir, na sua grande totalidade, apenas clientes com bom risco. Apesar de não deter nenhum sector específico, foi no sector da construção civil que o BIC Portugal atingiu uma expressividade forte e elevada. Assim, o fito passa por não aumentar a concentração da actuação do BIC em sectores onde já possui uma forte presença, até porque “já reunimos um conjunto de boas empresas neste sector e não pretendemos aumentar esse nível de empresas de construção civil”, afirma o nosso entrevistado. O sector do vestuário e do calçado em Portugal tem conhecido empresas que se têm destacado, mesmo além-fronteiras, pela sua capacidade de inovação e de distinção perante o mercado. Assim, são estes sectores que na opinião de Luís Mira Amaral, devem ser analisados com atenção. “Os sectores industriais e da indústria transformadora são importantíssimos e queremos aproveitar os mesmos como eventuais novos clientes do BIC. Isto para dizer que não esperaAbril 2011 Pontos de Vista
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mos um crescimento espectacular ao nível do volume de crédito, embora esteja estimado um crescimento na ordem dos 40 milhões de euros, que sendo positivo, já não podemos considerar como um crescimento expressivo. Queremos apostar na defesa e na rentabilização da carteira de clientes já existente”. Se inicialmente, como foi referido, o BancoBIC português começou a trabalhar com empresas que já se encontravam em Angola, através do BIC angolano, à posteriori passou a actuar de uma forma similar a outros congéneres nacionais nesta área e com empresas que ainda não perpetuavam qualquer ligação ao mercado angolano. De referir que o BancoBIC Portugal não financia investimentos directamente em Angola, sendo que a estratégia passa por orientar os empresários portugueses que “vêm ter connosco, transmitindo-lhes a nossa experiência sobre Angola e alimentando-os com informação, na base do sistema de informação que é o BIC Angola”, assegura, lembrando que o investimento realizado em Angola deve ser encarado como um investimento local. “Apoiamos na preparação do dossier e ajudamos a transferir o processo, que será submetido ao BIC Angola. A decisão é tomada em Angola”, revela Mira Amaral.
“Apostar em Angola sim, mas com qualidade e valor”
Angola tornou-se nos últimos tempos quase que uma «moda» para as empresas portuguesas. Positivo? Negativo? Mira Amaral dá-nos uma visão da realidade. Segundo o nosso entrevistado, Portugal necessita dos mercados emergentes para crescer, precisando também de continuar ligado ao euro, pois só dessa forma “teremos uma âncora cambial e estabilidade financeira, que necessitamos como de «pão para a boca». No entanto, também necessitamos dos países emergentes, tais como, por exemplo, o angolano e brasileiro, que têm conhecido um grande crescimento e devem ser mercados prioritários para as empresas portuguesas ao nível das exportações e dos investimentos realizados nesses mercados”, explica. Apesar da importância destes mercados, criou-se a ideia de que a aposta nestes mercados seria o El Dorado para o universo empresarial português. “Nada mais errado”, assevera o CEO do BIC, assegurando que só devem apostar em Angola as empresas que estejam consolidadas em Portugal. “As empresas apenas podem pensar em expandir os seus horizontes se reunirem estruturas sólidas e consolidadas. E como é que isso se faz? Possuindo um know how específico, competências tecnológicas, domínios dos mercados, entre outras características fundamentais para se ter 20
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sucesso além-fronteiras”. Mira Amaral advertiu ainda para o facto do mercado angolano estar em constante mutação e portanto muito mais sofisticado e exigente. “Os angolanos são conhecedores da realidade do mundo e estão cada vez mais atentos ao valor e à qualidade dos produtos. Ninguém tem sucesso exportando produtos de baixa qualidade. Felizmente que temos essa capacidade técnica e os angolanos reconhecem qualidade nos produtos e marcas portuguesas, o que tem permitido que surjam diversos casos de sucesso de marcas portugueses em solo angolano”.
Interromper a «dolarização» da economia angolana em prol do Kwanza
Como é que se pode captar recursos em Kwanza a médio e longo prazo se a moeda desvalorizar em relação ao dólar? Estão questão coloca-se porque em Angola ainda subsiste a circulação simultânea de duas moedas, o Kwanza e o dólar, facto que poderá criar dificuldades acrescidas à gestão bancária. Quando o petróleo atingiu os 150 dólares por barril criou-se um clima de alguma euforia em Angola, que assumiu demasiados compromissos nessa fase. Assim, quando “existem recursos a mais exagera-se na dinâmica do optimismo”, afirma o nosso entrevistado, relembrando que o inverso aconteceu, ou seja, o petróleo desceu e, face aos compromissos assumidos, “Angola teve de enfrentar a dura realidade, ou seja, injectou-se demasiado dinheiro na economia, aumentando portanto a procura e a oferta não conseguiu responder, o que, associado às vicissitudes logísticas fez sobrevir tendências inflacionistas, que inevitavelmente levam sempre à depreciação da moeda”, revela Mira Amaral. Cessada esta fase, o Governo angolano encontra-se agora preocupado com a estabilização do Kwanza em relação ao dólar e com o fenómeno que existia antes da crise financeira actual, ou seja, o aumento da importância da moeda nacional, Kwanza, em detrimento do dólar. “Antes da crise, estávamos a assistir a um crescente número de operações, ao nível de crédito e de posses, em Kwanzas e não em dólares, ou seja, tinha-se interrompido a «dolarização» da economia angolana. Esta aposta na moeda nacional demonstrava a confiança na economia nacional e no Kwanza. Para voltar a essa fase, o Governo angolano deve controlar a inflação, fortalecendo a moeda nacional face ao dólar e promovendo aplicações em Kwanzas, que aliás possui uma taxa de juro muito interessante”, assegura, fazendo uma analogia entre Portugal e Angola. “O petróleo deve ser para Angola o que os fundos comunitários foram para Portugal: um meio de
financiar as reformas estruturais”.
Crise económica e os constrangimentos sentidos
Como é sabido e conhecido, a economia mundial encontra-se numa fase difícil e penosa, com nefastas consequências para os diferentes países mundiais, uns mais afectados que outros, mas todos têm sofrido os efeitos negativos e as agruras que esse panorama aporta aos mercados. O BIC português, apesar dos resultados francamente positivos, também tem sido afectado face aos constrangimentos económicos, bem como à instabilidade política que se sente em Portugal. É que apesar de haver uma preocupação constante no BIC na selecção de empresas com bons resultados e com capacidade de pagamento das suas obrigações, existem alguns clientes que foram afectados pela crise, impedindo-os de realizar o pagamento das suas dívidas ao banco. “Isso é constrangimento directo. Embora sejam poucos os clientes que temos com estes problemas”, adverte Mira Amaral. Mas terão sido os fluxos de Angola para Portugal sido afectados? Segundo o CEO
do BIC português esse cenário não se coloca, sendo que a situação encontra-se praticamente normalizada. “O Governo angolano pagou as suas obrigações às empresas de construção civil portuguesas e o BIC Angola tem conseguido «arranjar» dólares para fazer transferências para Portugal, o que me leva a afirma que neste momento não existe grande problema nesse domínio”. A terminar, Luís Mira Amaral, assume que o futuro não se afigura fácil, sendo portanto necessário prosseguir com cautela e capacidade de inovar e buscar novos clientes que representem um risco menor, sendo que o objectivo primordial do BIC passa por manter o que já conquistou. Assim, os grandes desideratos do BancoBIC Portugal passam “por continuar a desenvolver o negócio do private banking, reforço da banca correspondente e consolidar e aumentar a rentabilidade da carteira de crédito existente”, conclui Luís Mira Amaral, CEO do BancoBIC Portugal.
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ζ OPINIÃO: Domingos Simões Pereira, Secretário Executivo da CPLP
A Importância das Comunicações no espaço CPLP Na aurora deste novo milénio tornou-se numa evidência a crescente importância do sector das telecomunicações nas sociedades modernas, designadamente pela emergência de uma sociedade da informação, comunicação e do conhecimento em tempo real e do papel infra-estrutural das tecnologias de informação e comunicação na construção de novos paradigmas.
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este estágio de desenvolvimento obriga-nos a uma reflexão sobre as telecomunicações no espaço dos Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), as políticas que os nossos países desenvolvem e as áreas de cooperação. Se por um lado as tecnologias de comunicação e informação estão largamente difundidas e implementadas no mundo globalizado, verificamos ainda situações assimétricas, com níveis de desenvolvimento díspares. Torna-se pertinente reflectir sobre algumas questões como a promoção do investimento em infra-estruturas e a promoção do acesso universal, rompendo assim com assimetrias locais, regionais, internacionais e sociais. O objectivo de garantir o acesso universal aos serviços com qualidade e com custos que sejam comportáveis, fica mais passível de ser enfrentado. Falar da CPLP, nestas ocasiões, é o sermos capazes de nos conectarmos, procurando estabelecer o diálogo, neste sector que tem espaço de progressão. Quando se observa a CPLP, os Estados-membros que a compõem, constata-se a sua diversidade, a sua pluralidade, verifica-se as economias diferenciadas, e é este o ponto de partida, não o ponto de chegada. Os Estados-membros são diferentes, díspares. É necessário saber se essa disparidade é necessariamente um elemento de bloqueio, pois, se somos simplesmente obrigados a constatar a fraqueza dos recursos que estão ao nosso dispor e a assumir a fatalidade da situação; ou se, reconhecemos que nesse ponto de partida, existem oportunidades, algum espaço de intervenção no
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qual, normalmente, somos chamados a encontrar mecanismos que criem essas oportunidades. Essa diferenciação é, fundamentalmente, ao nível da informação e das oportunidades. A nossa Comunidade reclama oportunidades. Oportunidades de formação; oportunidades de se ser capaz de transformar o meio em que está inserido. Quando a CPLP foi instituída estabeleceu três eixos fundamentais de intervenção: a promoção da língua, a concertação política e diplomática e a cooperação. É necessário compreender, ao fazer uma avaliação retrospectiva, quem colocou estas questões; é preciso entender que os Estados, ao entrarem em organizações multilaterais, mantêm a sua soberania. E é em função dos consensos que forem possíveis estabelecer que a Organização encontra um espaço de intervenção. Tendo em conta o ambiente em que se vivia quando se constituiu esta organização, consegue-se compreender melhor, que os Estados, sobretudo os africanos, ao mesmo tempo que queriam uma afirmação num espaço internacional, que é multilateral, também enfrentavam um desafio muito importante o da sua própria afirmação enquanto Estados. Temos que partir do que é básico, do que é menos conflituoso. E esse ponto de partida é, exactamente, o podermos dizer que temos uma língua que é comum; e essa língua é expressão de uma história que tem muito de comum, e é com esta base que encontramos o objectivo, o desafio. Considero que as questões mais importantes e relevantes, quando se aborda a CPLP, são a formação e as oportunida-
des. E são também a ponte de ligação para o tema do desenvolvimento do sector das telecomunicações na CPLP. As novas tecnologias de informação e comunicação oferecem muito, mas o principal que deve oferecer é a possibilidade de minimizar as distâncias que separam os Estados, as suas carências e dificuldades com as oportunidades. Penso que esse é um desafio muito complexo: levar a oportunidade a todos os jovens que hoje querem realmente aprender e transformar o seu meio, não é um desafio fácil. Mas penso que, para o abordar, nós temos que ser capazes de nos “conectarmos”, pelo menos, se estamos a fazer essa conexão de forma divergente, ou estamos apenas a reconhecer que o ponto de partida para essa conexão é divergente e múltiplo, o que também não é necessariamente negativo”, comenta este representante da CPLP. A questão económica dos países é um dos elementos que merecem análise, e existem estudos muito concretos, por exemplo, o valor económico da língua portuguesa; ou seja, em grande medida, os ganhos económicos que os Estados-membros da CPLP acabam por auferir têm muito a ver com as matérias-primas que explora mas também está relacionado com a capacidade de tornar relevante a sua aptidão para prestar serviços e todos os ganhos estão em última análise relacionados com a língua. No caso de Portugal, num estudo feito pelo Instituto Camões (ainda numa fase preliminar), aponta para o facto de cerca de 17% do PIB português estar directamente relacionado com ganhos que são proporcionados pela língua. Na actualidade, nós não estamos a explorar todas as oportunidades que podem estar à nossa frente, não estamos a explorar todas as oportunidades que nos são oferecidas o que significa um mar de oportunidades de desenvolvimento deste sector. Uma economia como a guineense, virada para um mercado comum, mesmo afirmando ser uma zona que abre perspectivas para cerca de 80 milhões
de pessoas, terá sempre dificuldades em enfrentar a concorrência, em ser realmente uma economia concorrencial senão tiver por detrás um substrato que seja preenchido por competências, por capacidades, por outra estrutura económica mais sólida. É isto o que deve representar a nossa Organização. É isto que deve ser a CPLP. A nossa Organização está num processo de crescimento, vai completar 15 anos, e seria um pouco penalizante achar que podíamos dar saltos muito maiores. É positivo considerarmos que nós temos sempre espaço para progredir. Temos que ser ambiciosos, temos que ser capazes de fazer mais. Mas também temos que ser capazes de não darmos passos maiores que as próprias pernas. Achamos que a CPLP pode dar um salto qualitativo importante, que terá reflexos directos na capacidade de utilização daquilo que as novas tecnologias hoje nos oferecem, e que terá resultados muito concretos na forma como nós realizamos negócios. A CPLP só vai conseguir atingir minimamente os objectivos a que se propõe quando passar a ser realmente responsabilidade da Comunidade. Quando todos reunidos, assumirmos que se encontrarmos elementos que não estão a ser devidamente valorizados pelas nossas estruturas, chamarmos a atenção e responsabilizamos as estruturas para o fazer. Quando estamos reunidos com os nossos advogados da CPLP, sermos capazes de ouvir um pedido de responsabilização, mas assumirmos também a nossa própria responsabilidade. A CPLP será aquilo que nós decidirmos que ela seja. A CPLP não poderá ultrapassar os Estados-membros. E são os Estados-membros que vão ter que marcar o passo da nossa Organização. E é por isso que nós achamos que temos oportunidade de dar um passo importante neste domínio.
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ELO - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Económico e a Cooperação
Fomentar oportunidades nos países de Língua Portuguesa
Com o desiderato de promover e desenvolver o intercâmbio económico, social, científico e cultural entre Portugal e os países em vias de desenvolvimento, assim como reforçar os laços económico-empresariais com aqueles países, em particular com os Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a ELO Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Económico e a Cooperação é hoje uma referência no panorama nacional e internacional. Francisco Murteira Nabo, Presidente da ELO, revela, em entrevista à Revista Pontos de Vista, a sua visão sobre o actual cenário das relações entre Portugal e os países de língua oficial portuguesa. Francisco Murteira Nabo
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ual tem sido a actividade da ELO - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Económico e a Cooperação no sentido de se encontrar uma estratégia complementar de crescimento económico à Europa? Que medidas têm colocado em prática? A ELO, como outras organizações similares europeias, nasce com a preocupação de fomentar a cooperação económica da Europa com o grupo de países que entretanto ascenderam à independência. Por isso a ELO pertence à rede europeia destas Associações e ou Organizações, reunindo regularmente com elas, e participando nos vários projectos, conferências e debates que são promovidos a nível internacional nesse sentido. A existência desta rede é o resultado da visão de que a Europa deve fortalecer cada vez mais as suas relações com estes novos países, dada a complementaridade económica que existe entre as suas economias. Em Portugal, por exemplo, a recente criação da SOFID, que é uma 22 Abril 2011 Pontos de Vista
instituição financeira vocacionada para o apoio financeiro a projectos de PME`s no espaço da lusofonia, dá uma ideia da importância que Portugal dá hoje às relações económicas com os países de língua oficial portuguesa.
Como é que o espaço da lusofonia pode ser uma aposta a fortalecer a nível comercial, de investimento e de parcerias empresariais, no sentido de se evoluir para uma integração económica? O que se constata hoje é que o País tem tido grandes dificuldades de crescimento dentro da Europa, acentuando cada vez mais as suas características de uma economia de serviços. Daí que se reconheça hoje a necessidade urgente de, por um lado, fomentar uma estratégia de diversificação do seu comércio externo e de investimentos para regiões fora da Europa, e por outro, regressar ao Atlântico e incentivar parcerias de investimento com os países da CPLP. Para isso será necessário criar instrumentos
para que os empresários do espaço lusófono caminhem para uma progressiva integração económica. Como forma dos países melhorarem as suas economias e as suas vantagens comparativas num mercado global onde os espaços regionais terão cada vez maior relevância. É neste quadro que tem um sentido estratégico o desenvolvimento do Porto de Sine. O projecto do “HUB” aeroportuário em Alcochete, uma política de progressiva liberdade de circulação de capitais, pessoas e bens, tal como o fomento de oportunidades de negócio entre os países das regiões em que cada um dos países de língua portuguesa está inserido.
A ELO, desde a sua criação, procurou focar a sua actividade nos países africanos de língua oficial portuguesa, e centrar as suas iniciativas em actividades de cooperação de natureza económica e social. De que forma é que este desiderato foi considerado e concretizado? No início a ELO procurou acima de tudo
sensibilizar os empresários e outros decisores para a importância da cooperação empresarial no espaço lusófono. Só após a criação da SOFID e agora com a recente criação da Confederação Empresarial da CPLP é que de facto se pode afirmar que as razões que estiveram na base da sua criação começam a ser atingidas. Em Maio último, foi decidido criar a Confederação Empresarial da CPLP, constituída por 12 das mais importantes associações empresarias dos oito países de língua portuguesa. Qual a importância deste órgão? A criação da Confederação Empresarial visa promover contactos e detectar oportunidades de negócio entre os empresários dos oito países de língua portuguesa. Pretende-se que haja poucos discursos e muitos encontros entre investidores, que o portal da Confederação seja um instrumento operacional interactivo, e não apenas informativo, e
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que que a Confederação faça propostas concretas aos Governos sobre os mecanismos que podem fomentar as parcerias. Será portanto um instrumento pragmático para uma maior integração económica dentro do espaço da CPLP
Porque é que a ausência de uma Confederação Empresarial no espaço de língua portuguesa era claramente uma lacuna grave? Porque só como Conselho Empresarial, como era, não tinha condições para operacionalizar o discurso político, que era muito, mas com muito pouca eficácia. A Confederação terá, espera-se, dentro em breve, cerca de 70 Federações ou Associações Empresarias dos oito países, pelo que a mobilização das sinergias existentes será muito grande
Com a criação da Confederação Empresarial da CPLP de que forma podem ser fomentados os negócios em língua portuguesa? Que mais-valias poderão retirar desse facto? Aumentar as sinergias, fomentar as parcerias em todos os domínios, fazer pontes entre os espaços regionais a que cada pais pertence, estimular investimentos recíprocos, participar no processo de globalização como um grupo de países com afinidades comuns, estimular a mobilidade do emprego, potenciar as complementaridades económicas e obter financiamentos em maior escala.
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Hoje mais de 2/3 do comércio externo português passa pela Europa o que torna a nossa economia fortemente dependente da evolução da economia europeia. No entanto a europa tem vindo a perder posição na economia mundial, reflectindo-se portanto em Portugal. Apostando fortemente no espaço da lusofonia de que forma pode Portugal crescer do ponto de vista económico? Defendo que o triângulo Europa Medi-
terrânica (em particular o espaço ibérico) - América Latina (em particular o Brasil) – África Austral e Central (em particular os países lusófonos) terão um papel decisivo na melhoria da nossa competitividade e diversificação dos nossos mercados externos. É para mim tão óbvio que até me parece incrível que ainda o não tenhamos feito!
Na sua opinião crê que existe essa consciência em Portugal por parte das autoridades responsáveis? Que transformações serão necessárias na nossa economia para que esta aposte em domínios de valor acrescentado? No discurso político sim mas na definição de medidas e instrumentos concretos estamos muito longe do necessário. Portugal deverá concentrar esforços nos sectores ou áreas onde temos claras vantagens comparativas, como – além do turismo - nas energias renováveis, na economia do mar, na moderna agricultura de regadio e biológica, nos sectores tradicionais modernizados, no aproveitamento de uma muito barata mão-de-obra qualificada, na internacionalização das nossas empresas e, acima de tudo, na confiança, que se tem perdido! De que forma é que o triângulo constituído pela Europa, Atlântico Sul e África – onde se encontra a quase totalidade dos países lusófonos – pode ser uma vantagem competitiva? Integrando-se, caminhando no sentido de uma união económica, e assumindo-se como uma região com ambições no diálogo global entre as regiões, que irá caracterizar a economia do nosso século. Que análise perpetua da realização do 2º Fórum Lusófono das Comunicações que será realizado entre 14 e 15 de Abril pela ARCTEL – Associação de Reguladores de Comunicações e Telecomunicações da
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O que se constata hoje é que o País tem tido grandes dificuldades de crescimento dentro da Europa, acentuando cada vez mais as suas características de uma economia de serviços. Daí que se reconheça hoje a necessidade urgente de, por um lado, fomentar uma estratégia de diversificação do seu comércio externo e de investimentos para regiões fora da Europa, e por outro, regressar ao Atlântico e incentivar parcerias de investimento com os países da CPLP
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CPLP? São estes eventos fundamentais para a revitalização do sector em território lusófono? Não são só fundamentais, serão uma inevitabilidade, no quadro da integração e do diálogo permanente que preconizo entre os oito países de língua portuguesa. O contacto e a interactividade conduzirão à necessidade do conhecimento das experiências recíprocas. Quais os principais desafios e oportunidades para o futuro? Perceber que a longo prazo não é possível distribuir riqueza que não se produz e que, por isso, só um aumento da nossa produtividade e competividade externa permitirão melhorar os nossos níveis de bem-estar futuros.
Aumentar as sinergias, fomentar as parcerias em todos os domínios, fazer pontes entre os espaços regionais a que cada pais pertence, estimular investimentos recíprocos, participar no processo de globalização como um grupo de países com afinidades comuns, estimular a mobilidade do emprego, potenciar as complementaridades económicas e obter financiamentos em maior escala
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Opinião: Fábio Gomes Raposo da Gameiro e Associados, Sociedade de Advogados, R.L.
Da Contratação de Trabalhadores em Angola
Com a estabilidade proporcionada pela paz, alcançada há nove anos, e com uma economia em destaque, a contrariar a tendência da maioria das economias mundiais, Angola começa a assumir uma posição de relevo nas potências do continente africano, sendo constantemente o foco de diversas reportagens, documentários e trabalhos noticiosos e de investigação. Angola está indubitavelmente na moda.
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ão é, assim, de causar estranheza que as empresas, e os investidores em geral, vejam naquele país da África Austral a possibilidade de incremento dos seus rendimentos, de internacionalização das suas estruturas empresariais, de diversificação de investimentos. Vislumbram, no fundo, oportunidades de negócio com o foco de um retorno financeiro quase sem par na conjuntura económico-financeira mundial actual. Todavia, além da necessidade de se cumprirem todos os pressupostos e de se tomarem as devidas salvaguardas no que à constituição de empresas no país diz respeito – sejam empresas de direito angolano, sejam sucursais de empresas estrangeiras – cumpre, outrossim, atender a um factor sobremaneira importante: o da mão-de-obra. O Governo Angolano tem anunciado a elaboração e a execução de políticas de fomento de emprego, prevendo que até 2025 sejam criados mais de dois milhões e meio de postos de trabalho. Não subsistem dúvidas de que, neste âmbito, os investidores externos desempenham um papel fundamental, consubstanciado, a título exemplificativo, na importância que a Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP) atribui à criação de postos de trabalho aquando da análise e aprovação dos processos de investimento. Adicionalmente, refira-se ainda a obrigatoriedade legal da existência de um Qualificador Ocupacional 24
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Se é verdade que são as pessoas que compõem as organizações, que as fazem funcionar e que são a sua imagem, também o é que, em Angola, aquelas assumem um papel de destaque no início de actividade das empresas, qualquer que seja a área de negócio a que nos reportemos
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em todas as empresas, o que é demonstrativo da importância atribuída à gestão e organização dos quadros profissionais e das estruturas orgânicas destas. Assim, através da conjugação de políticas de fomento de emprego, de atribuição de incentivos ao desenvolvimento de actividades em determinados sectores - como o primário - ou de determinadas regiões geográficas, de apoio à internacionalização de empresas para Angola, de benefícios para o investidor que cria postos de trabalho e da existência de uma maior e constante formação dos quadros profissionais, estão reunidas as condições para que o mercado de trabalho angolano assuma um papel cada vez mais importante na vida das empresas e nas políticas económicas e sociais de desenvolvimento do país. Se é verdade que são as pessoas que compõem as organizações, que as fazem funcionar e que são a sua imagem, também o é que, em Angola, aquelas assumem um papel de destaque no início de actividade das empresas, qualquer que seja a área de negócio a que nos reportemos. A contratação de trabalhadores exige sempre a necessidade de salvaguardar todos os interesses em causa e atravessa várias etapas: desde a fase de recrutamento, passando pelas de negociação, de formalização das condições acordadas, de cumprimento de imperativos legais, de formação socioprofissional dos trabalhadores nas respectivas áreas
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de actividade, até chegar à execução e à cessação do vínculo jurídico-laboral. No que concerne aos trabalhadores estrangeiros, a contratação destes activos está dependente de pressupostos adicionais, como sejam a emissão de um visto de trabalho, o qual só o é após o devido parecer favorável do Ministério que tutela a respectiva actividade. Para o efeito, cumpre que as empresas possuam a totalidade da documentação societária e oficial válida, além da exigência de requisitos adicionais. Contudo, além da formalização legal do vínculo jurídico-laboral, há que respeitar e fazer respeitar os preceitos legais específicos existentes para estes trabalhadores, como os relativos ao repatriamento de salários para o país de origem ou ao abandono do país em caso de cessação do vínculo laboral. Mas as dificuldades no sector de recursos humanos não se prendem somente com a contratação de trabalhadores ou com a execução do respectivo contrato de trabalho. Aquando da existência de algum diferendo entre as partes, é imperativo respeitar os pressupostos legais aplicáveis, mormente os respeitantes à eventual instauração de um procedimento disciplinar, principalmente nos casos de cominação no despedimento do trabalhador. Note-se que, em Angola, os trabalhadores despedidos de forma ilícita podem, com relativa facilidade,
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A contratação de trabalhadores exige sempre a necessidade de salvaguardar todos os interesses em causa e atravessa várias etapas: desde a fase de recrutamento, passando pelas de negociação, de formalização das condições acordadas, de cumprimento de imperativos legais, de formação socioprofissional dos trabalhadores nas respectivas áreas de actividade, até chegar à execução e à cessação do vínculo jurídico-laboral
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requerer uma tentativa de conciliação com a entidade empregadora, através da apresentação de um requerimento à Sala de Trabalho da Procuradoria Geral da República que, na situação de não se chegar a acordo, culmina habitualmente com a remessa do processo para a fase judicial. E ainda que o processo de litígio laboral em causa possa ser arquivado por razões processuais ou não concluir com a decisão desejável para o trabalhador, a sua simples existência poderá causar demasiados transtornos e até prejuízos à entidade empregadora, mesmo que, no final, a decisão lhe seja favorável. A questão é chegar até aí. À semelhança do que sucede noutros países, a legislação laboral angolana protege principalmente o trabalhador, quer ao nível do direito substantivo, quer ao nível processual. E por muitas razões que possam existir a favor de uma das partes, estas dificilmente obterão qualquer tipo de sucesso judicial se não souberem proteger-se devidamente e respeitar a legislação aplicável e comummente aplicada. E se não o fizerem, uma qualquer vitória em sede de pleito judicial, a existir, será apenas moral.
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PV7 // DESAFIOS E OPORTUNIDADES NO ESPAÇO LUSÓFONO
Observatório Lusófono de Actividades Económicas
“Visto de Maputo, Portugal parece diferente”
Luís Cunha e José Paulo de Oliveira
Em entrevista à Revista Pontos de Vista, os professores José Paulo de Oliveira e Luís Cunha, respectivamente presidente e vice-presidente do Observatório Lusófono de Actividades Económicas, dão-nos a conhecer este organismo que procura diariamente contribuir para a melhoria da Eficiência, Produtividade e Competitividade das economias dos países da Lusofonia.
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Observatório Lusófono de Actividades Económicas (OLAE) assume-se como uma unidade de investigação/negócio, criada no âmbito da Faculdade de Economia e Gestão. Na sua génese encontra-se um grupo de alunos e professores de Economia que sentiram a necessidade de aplicar, na prática, alguns dos conceitos teóricos apreendidos nas aulas e que, em 2006, iniciaram o desenvolvimento do Índice de Competitividade Cambial Real da Economia Portuguesa (ICCREP). Já durante o ano de 2007 as actividades expandem-se com a realização de algumas conferências e, em 2009, obtém-se o reconhecimento pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias como Centro de Investigação ligado à Faculdade de Economia e Gestão, e ainda como unidade de negócio. Apesar de ter nascido no seio do Grupo Lusófona, o Observatório Lusófono de Actividades Económicas “é uma entidade independente, embora seja oficialmente reconhecido pelo Grupo e existam muitas sinergias entre as duas entidades em que grande parte das pessoas que trabalham no OLAE perpetuam ligações à Lusófona, quer como docentes, quer como alunos ou antigos alunos”, conforme referiu o presidente do OLAE, José Paulo de Oliveira. Logo após o seu aparecimento, o OLAE 26
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O Índice de Competitividade Cambial Real da Economia Portuguesa “ é um modelo integralmente desenvolvido pelo OLAE, que estuda a evolução da competitividade das exportações através das variações da Taxa de Câmbio, mas fá-lo não apenas do ponto de vista nominal, mas também do ponto de vista real
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registou um crescimento significativo, contando logo à partida com cerca de 50 membros activos que contribuíram para o desenvolvimento do organismo, o que levou à criação, em 2007, do ICCREP, conforme destacou José Paulo de Oliveira: “O Índice de Competitividade Cambial Real da Economia Portuguesa” é um modelo integralmente desenvolvido pelo OLAE, que estuda a evolução da competitividade das exportações através das variações da Taxa de Câmbio, mas fá-lo não apenas do ponto de vista nominal, mas também do ponto de vista real. Ou seja, estudamos o impacto não só com todos os nossos parceiros comerciais não apenas com aqueles com os quais a nossa Taxa de Câmbio vai variando, mas também relativamente aos outros países da zona Euro. Assim, ainda que na zona Euro a Taxa de Câmbio esteja fixa, em termos de variações de custos unitários de produção, há uma variação da competitividade cambial entre os diferentes países, que se não estivéssemos numa base fixa, poderia ser compensado por variações cambiais. Como estamos em taxa fixa não pode ser compensado por esta via e nós temos resultados em termos de impacto sobre a competitividade das nossas exportações. José Paulo de Oliveira sublinhou ainda que este modelo que está a ser calculado há quatro anos, “tem a carac-
terística de ser exportável e neste momento está já a ser aplicado à economia de Moçambique, sendo que no futuro será alargado a Cabo Verde”. O OLAE está também a desenvolver um Gabinete de Previsão Económica, de modo a apostar mais na divulgação pública do trabalho realizado pelo organismo, nomeadamente através de parcerias com os media. Sendo marcadamente um centro da Lusofonia, o Observatório Lusófono de Actividades Económicas apresenta, na pessoa do seu presidente, uma visão diferente dos constrangimentos económicos com que todos os dias somos confrontados: “Neste momento Portugal é um país onde as pessoas estão focadas na crise e nos problemas, mas praticamente todos os países das Lusofonia estão em crescimento ou prometem vir a ter muito crescimento económico e um nível elevado de oportunidades. O Brasil é o caso mais conhecido, afirmando-se já como potência mundial, mas Angola também segue um ritmo de crescimento e o caso de Moçambique, que é um país com boa governação e baixos níveis de corrupção, onde há bom ambiente de negócios e que está a crescer próximo dos dois dígitos. Neste sentido, visto de Maputo, Portugal parece diferente e muitas vezes temos a sensação que não há tantos motivos para o desespero”.
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O Brasil é o caso mais conhecido, afirmando-se já como potência mundial, mas Angola também segue um ritmo de crescimento e o caso de Moçambique, que é um país com boa governação e baixos níveis de corrupção, onde há bom ambiente de negócios e que está a crescer próximo dos dois dígitos. Neste sentido, visto de Maputo, Portugal parece diferente e muitas vezes temos a sensação que não há tantos motivos para o desespero
“As empresas reconhecem o OLAE como um parceiro importante” Outra das linhas orientadoras do OLAE é formar e capacitar recursos humanos que possam ser mais eficientes e eficazes no seu desempenho profissional. Assim, o OLAE tem já em Maputo um escritório a trabalhar em permanência, “que está neste momento envolvido num projecto de formação de empreendedores e gestores de pequenas empresas, em colaboração com o Ministério do Trabalho de Moçambique, direccionado para desempregados e que vai beneficiar 11 mil pessoas”. Para José Paulo de Oliveira “este dinamismo que se vê na Lusofonia contrasta com a actual conjuntura económica portuguesa, mas da qual vamos conseguir sair mais cedo ou mais tarde”, afirma convicto. De modo a cumprir o seu principal desiderato de contribuir para a melhoria da eficiência, produtividade e competitividade das economias dos países da Lusofonia, o OLAE trabalha directamente com as empresas ajudando a que estas se tornem organizações mais produtivas e competitivas: “O trabalho do OLAE com as empresas está estabelecido em dois níveis: através de parcerias de troca de recursos e acompanhamento de projectos. A receptividade tem sido excelente, porque além do OLAE transportar conhecimento académico temos uma visão muito prática da vida das empresas e estas reconhecem o OLAE como um parceiro importante”, destacou José
Paulo de Oliveira. O OLAE é hoje reconhecido como um centro de investigação e prestação de serviços de referência no campo do pensamento económico, da gestão empresarial e da formação de recursos humanos, com forte notoriedade e implantação no mundo Lusófono, contribuindo de forma eficaz e decisiva para a internacionalização de empresas portuguesas: “Portugal tem muito conhecimento que pode ser aplicado nestes mercados. A partilha de uma língua comum representa uma grande vantagem para as nossas empresas se instalarem nestes mercados que apresentam 20 ou 30 anos de crescimento para os quais as organizações nacionais podem contribuir decisivamente e tirar daí os respectivos dividendos”.
Novas metodologias…mais valor
Além do ICCREP, o Observatório Lusófono de Actividades Económicas está neste momento a desenvolver uma nova metodologia designada por Índice de Capital Humano e que será divulgada publicamente a breve prazo, conforme explicou o presidente do OLAE, José Paulo de Oliveira: “Esta nova metodologia está relacionada com o impacto na economia real das qualificações e do aumento das qualificações, o que vai permitir descobrir onde deve ser efectuado o investimento na formação e na educação, de modo a aumentar o retorno para a economia. Este indicador será lançado seguramente ainda no decorrer deste ano”.
José Paulo de Oliveira anunciou ainda a criação do Luso 101, um Índice de Benchmarking, que representa a busca das melhores práticas na indústria que conduzem a um desempenho superior e que terá uma visão diferente do IBP: “O Índice de Benchmarking Português apresenta uma perspectiva transversal a todas as actividades económicas e com o Luso 101, vamos procurar através de 101 indicadores, sendo que 80 são transversais aos vários sectores, mas 21 serão especificamente dirigidos a cada sector analisado para melhorar a produtividade das empresas nacionais”.
II Jornadas de Economia, Gestão e Ciência Política -Certame de Referência-
O OLAE encontra-se ainda a preparar a realização das II Jornadas de Economia, Gestão e Ciência Política, a decorrer nos próximos dias 18, 19 e 20 de Outubro que aglutinarão várias faculdades da Universidade Lusófona, num debate alargado sobre a situação económica e política actual e cuja comissão organizadora será presidida pelo professor Luís Jorge da Costa. Por seu lado, o Vice-Presidente do OLAE, Luís Cunha, destaca a “criação de um Livro onde serão representadas algumas empresas do espaço Lusófono, que se destaquem no seu sector de actividade e que possuam uma história de sucesso por terem realizado algo”, a ser lançado em Outubro próximo. A par deste livro, será lançado ainda um Selo de Qualida-
de, a ser atribuído a empresas que venham a figurar no livro.
Responsabilidade Social do OLAE
Lutar contra a pobreza e a exclusão social, em todas as suas formas, contribuindo activamente para a construção de um mundo melhor é outros dos objectivos fundamentais do OLAE que assume activamente o seu papel de responsabilidade social, conforme afirmou José Paulo de Oliveira: “Do ponto de vista da responsabilidade assumimos que é uma área que nos preocupa e, por isso, temos um gabinete de consultoria pro bono, através do qual perante a submissão de projectos da parte de promotores que tenham dificuldades sociais e económicas, temos o maior prazer em contribuir, porque temos a noção que podemos marcar a diferença na vida das pessoas, pois entendemos que pessoas que não tenham dinheiro para pagar o serviço de um economista, mas se puderem aceder a um projecto bem elaborado, poderão criar o seu próprio emprego e mudar as suas vidas. O OLAE está pronto a ajudar e a assumir o risco com aqueles que não possuem capital económico, porque sabemos que de tudo quanto dermos à sociedade iremos seguramente conseguir colher dividendos”.
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PV7 // INOVAÇÃO E TECNOLOGIA
AcustekPro – A Qualidade em destaque Pedro Teixeira, Administrador da AcustekPro
Pedro Teixeira
“Queremos ser líderes no mercado europeu do isolamento acústico e vibrações”
A Acustek nasceu no final de 2005, pela mão de Pedro Teixeira, Administrador da AcustekPro, que decidiu dar seguimento ao sonho de criança e criar a sua própria empresa. Em conversa com a Pontos de Vista, Pedro Teixeira, dá-nos a conhecer esta organização que tem como objectivo fundamental ser a melhor referência nacional em 2012, com uma gama completa de produtos e serviços nos mercados onde actua.
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erita em soluções chave na mão na realização de obras de isolamentos e condicionamentos acústicos, a Acustek prima pela qualidade e tem como objectivo primeiro superar as expectativas dos seus clientes. A Acustek realiza obras em todos os sectores de actividade conseguindo isolamentos que poderão variar entre os 38 e os 65dB em função das necessidades dos clientes. Logo após surgir no mercado, em 2005, a Acustek destacou-se pela qualidade do serviço prestado e o número de solicitações aumentou rapidamente. Contudo, como explicou Pedro Teixeira, este rápido crescimento quase ditou o fim do seu sonho de criança: “Há três anos estive quase a fechar a empresa, precisamente porque crescemos muito depressa e 28 Abril 2011 Pontos de Vista
quando isto acontece existe um risco, porque quando não se tem uma estrutura para suportar este crescimento, tudo se complica. O número de obras cresceu muito rapidamente e tornou-se imperativo ter mais pessoas, mais viaturas, mais espaço e uma estrutura financeira para suportar tudo isto que precisava naturalmente de ser alavancada.” Assim, fruto de uma grande visão empreendedora e com a ajuda de todos os colaboradores, reformulamos a forma de actuar da Acustek, optando por uma filosofia mais produtiva e focada na criação de valor para o cliente, que não só salvou a empresa, como permitiu que esta continuasse a crescer até hoje: “Optamos por uma filosofia de inovação constante com desenvolvimento de produtos fabrico e instalação dos mesmos, o que nos ga-
rante uma grande vantagem face à concorrência uma vez que detemos toda a cadeia de valor”. Deste modo a Acustek foi-se superiorizando à concorrência, fruto de uma forma de actuar que se disponibiliza totalmente para garantir a satisfação dos seus clientes, cumprindo sempre elevados padrões de qualidade: “Acabamos por afastar a concorrência com este modo de estar no mercado, porque conseguimos responder mais rapidamente às exigências dos clientes, com preços mais atractivos e uma qualidade superior garantida por toda a nossa equipa de trabalho. Hoje em dia cerca de 90 por cento dos contactos que recebemos são de entidades que já trabalharam connosco, ou às quais a Acustek foi aconselhada”.
“Abraçar” a internacionalização
Com uma presença consolidada no mercado nacional, a Acustek prepara-se agora para abraçar a internacionalização. A empresa já exporta alguns produtos para Angola e, em Julho, irá focalizar a sua atenção para o mercado brasileiro: “A Acustek exporta neste momento para Angola e a partir de Julho vamos marcar também presença no Brasil, através da participação no 18º congresso internacional de acústica e vibração com um stand de produtos integralmente desenvolvidos e fabricados na nossa fábrica. Isto acontece porque neste momento estamos num período de afinação final dos nossos produtos, que têm vindo a
ser desenvolvidos ao longo dos últimos seis anos”. Actualmente, no mercado externo, existem poucas empresas a fabricar produtos de acústica e não há nenhuma que tenha um programa de fabrico em massa para exportação. Atento a esta realidade, Pedro Teixeira, definiu um programa estratégico que visa tornar a Acustek na empresa de referência na Europa: “Ao longo destes cinco anos temos desenvolvido os nossos produtos e efectuado testes nas obras que realizamos, para a aperfeiçoar o que temos de modo a garantir um produto óptimo. Assim, os resultados de cada ano são direccionados para investigação e desenvolvimento dos produtos e, neste momento, estamos num ponto em que vamos começar a produzir para exportação. A Acustek ainda não é verdadeiramente uma empresa exportadora, mas temos a ambição de o ser no futuro esperando ser líderes no mercado europeu porque não existe nenhuma empresa com a nossa abordagem”.
Formação marca a diferença
Dispondo de um quadro de pessoal próprio com passaporte de segurança e formação intensa nas suas áreas de actuação, a Acustek coloca em cada uma das suas obras um chefe de equipa que assegura que a obra decorre de acordo com a planificação inicial, e previne eventuais problemas que possam surgir no decorrer da mesma. “Só no último ano, cada um dos nossos colaboradores recebeu
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mais de 600 horas de formação. Isto acontece porque queremos que quem está no terreno esteja dotado do máximo de conhecimento para poder identificar e prevenir eventuais problemas que possam surgir ao longo do processo. Na Acustek a inovação é feita por toda a empresa e não por uma única pessoa”. Em 2007, a Acustek criou um departamento de investigação e desenvolvimento (I&D) com o objectivo de desenvolver novos produtos e serviços e aperfeiçoar os existentes. Este departamento elabora planos estratégicos de desenvolvimento em função das necessidades e oportunidades de mercado. Recorrendo a um método de análise de valor o departamento de I&D, pretende inovar na forma e conceito de todos os produtos que desenvolve. É da responsabilidade do departamento de I&D não só o desenvolvimento do produto em si, mas também a definição dos métodos de fabrico e montagem mais adequados.
“O fruto deste investimento será seguramente colhido mais tarde”
Em 2008 e 2009 a Acustek candidatou-se aos programas SIFIDE e QREN com o objectivo de aumentar o seu esforço no aperfeiçoamento e criação de novos produtos. Pedro Teixeira reforça que recorreu a estes programas de apoio
não para viabilizar financeiramente a empresa, mas para poder aumentar em número e qualidade o trabalhado realizado pelo Departamento de Inovação e Desenvolvimento: “Durante muitos anos as empresas sugaram a União Europeia e não aproveitaram estes fundos da forma mais adequada, tendo usado o dinheiro para sanear as empresas. Em vez de irem ao banco buscar dinheiro, foram à União Europeia. Estes fundos estão disponíveis e é necessário saber aproveitá-los. O que a Acustek fez foi pegar nestes apoios e investir na criação de know-how, através do Departamento de Inovação e Desenvolvimento para poder dar um passo em frente e crescer sustentadamente. O fruto deste investimento será seguramente colhido mais tarde”. Com este forte investimento em Inovação e Desenvolvimento, Pedro Teixeira espera no decorrer de 2011 duplicar a facturação e assumir uma posição de liderança no mercado nacional. Isto acontece numa altura em que os problemas económicos do país se acentuam, numa prova de que com visão empreendedora e um bom plano estratégico, é possível ultrapassar os constrangimentos com que vivemos: “Existem duas formas de olhar a crise económica: pelo seu lado cinzento ou pelas oportunidades que ela acaba por criar. Em cada problema existe uma oportunidade e nós procuramos
ver as coisas por este prisma. É assim que fechamos negócios e crescemos. No passado mês de Março, foram uma vez mais batidos todos os recordes de obras adjudicadas”. Das obras realizadas pela Acustek, Pedro Teixeira destaca “as várias Escolas de Música e estúdios” realizados pela equipa por si liderada. Já no campo da indústria “a colaboração com a Cimpor” é o principal motivo de orgulho desta empresa que, no futuro continuará a garantir “a melhor relação preço qualidade do mercado dos isolamentos”.
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Acabamos por afastar a concorrência com este modo de estar no mercado, porque conseguimos responder mais rapidamente às exigências dos clientes, com preços mais atractivos e uma qualidade superior garantida por toda a nossa equipa de trabalho. Miguel Telo, Director do Departamento de I&D
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PV7 // DOENÇAS RARAS – O DOENTE E A INVESTIGAÇÃO
Defiante e o Universo das Doenças Raras
“Sentimos que podemos fazer a diferença” “Poucas são as empresas que apostam em nichos de mercado tão reduzidos como este uma vez que o retorno é claramente inferior a um “blockbuster”, concretiza Paulo Viegas, Administrador da Defiante, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde ficamos a conhecer mais a fundo os principais desafios que se colocam à empresa participada pelo grupo farmacêutico Sigma-Tau, a Defiante, no domínio da investigação de doenças raras, assegurando que a orientação da marca encontra-se plenamente definida e direccionada para o doente, pois este, além de um desafio económico é, acima de tudo, uma prioridade ética que a Defiante espera vencer.
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articipada pelo grupo farmacêutico Sigma-Tau, a Defiante tem sido um promotor e parceiro de referência a entidades que buscam a internacionalização dos seus produtos e visibilidade nos mercados internacionais. De que forma é que a Defiante tem sido um parceiro de confiança e credibilidade e qual a relevância do seu know how e experiência na promoção do sucesso da marca? Ao longo dos seus dez anos de vida a Defiante, capitalizando o nome e grande reputação do Grupo Sigma-Tau e dos seus fundadores, conseguiu criar uma reputação positiva junto da indústria. Espelho disso mesmo são os inúmeros acordos de aquisição, licenciamento e de participação societária que tem vindo a acumular. Uma das grandes prioridades da Defiante passa pelo acompanhamento da actividade desenvolvida pelo Grupo Sigma-Tau ao nível de projectos de Investigação & Desenvolvimento. Qual a relevância que a I&D aporta na orgânica da entidade? O Grupo investe mais de 16% dos seus resultados em I&D. Os diversos centros de I&D que o Grupo tem e onde trabalham praticamente 400 pessoas, num universo de 2200, número total de funcionários do Grupo a nível mundial, são o reflexo desse mesmo investimento. A Defiante desempenha neste projecto um papel uno, com projectos próprios de elevada importância. Brevemente, contamos ter o lançamento de um novo produto a nível mundial que se encontra, neste momento, em fase de registo a nível europeu.
Apesar de desenvolver projectos em diversas áreas, a Defiante aposta principalmente na vertente da Biotecnologia. De que forma o perpetuam? Qual a importância deste sector na promoção de mais-valias para o mercado? Que outras áreas são promovidas? A grande importância dada pelo Grupo à I&D e a relevância que esta ganha também na Defiante, torna inevitável que a biotecnologia seja uma das áreas que mais interesse científico desperta na Defiante e no Grupo. A nossa atenção na procura de novas terapias e mecanismos para encontrar respostas para algumas patologias, para as quais ainda não existem respostas ou onde podemos melhorar a qualidade de vida dos pacientes, leva-nos a olhar com muito cuidado para esta área da ciência. Por essa razão a Defiante tem participações 30
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no capital social de algumas empresas de biotecnologia, principalmente nos EUA, e desenvolve um conjunto de contactos a nível mundial relevante que nos permitem ter acesso às inovações mais recentes.
Quais são os principais projectos desenvolvidos com a chancela da Defiante e que podem ser considerados de referência? De que forma é que os mesmos promoveram o fornecimento de medicamentos pioneiros no tratamento de determinadas patologias? Neste momento a Defiante está em fase de registo de um produto novo que resulta da combinação da Simvastatina com Omega 3 que é uma associação reconhecida na prevenção secundária da mortalidade e morbilidade cardiovascular em pacientes já tratados com simvastatina e ácidos gordos polinsaturados. Sem dúvida que este projecto nos imprime grande confiança em poder trazer uma diminuição do impacto das doenças cardiovasculares na qualidade de vida da população. Aguardamos com expectativa a finalização do registo junto das autoridades. Outro projecto que abraçamos e que nos deixa bastante orgulhosos é o Kalbitor, que está também em fase de registo junto das autoridades europeias, e que é indicado para o Angioedema Hereditário. Uma patologia rara que se caracteriza por episódios recorrentes e espontâneos de inchaços que ocorrem nos tecidos cutâneos das extremidades, bem como nas membranas mucosas do tracto intestinal, laringe e outros órgãos internos. Estes episódios são geralmente dolorosos, desfigurantes e debilitantes. As crises laríngeas podem levar à obstrução das vias respiratórias e podem ser fatais, levando à morte por asfixia. O Oncaspar é um outro produto que nos deixa particularmente orgulhosos, pois destina-se ao tratamento da Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA). Este produto é uma forma pegilada da L-asparaginase, o que diminui a resposta do sistema imunitário aumentando as probabilidades de sucesso do tratamento. Igualmente importante é o Adagen, indicado para a Imunodeficiência Combinada Grave (também conhecido como SCID ou “Bubble Boy Disease”), na qual existe a ausência combinada das funções dos linfócitos T e dos linfócitos B. Este produto é fundamental pois sem ele as crianças com este tipo de patologia poderão falecer devido a uma extrema susceptibilidade a infecções muito
graves. Este aspecto deixa na Defiante uma responsabilidade ética fundamental para a qual temos de ter a estrutura pronta e bem oleada para responder a qualquer caso que apareça em qualquer parte do mundo. Apesar de estes serem os projectos mais emblemáticos, a Defiante continua a avaliar muitas outras oportunidades de parcerias e aquisições onde consideramos poder trazer qualidade de vida às pessoas no geral. A Investigação & Desenvolvimento preconizada na Defiante tenta encontrar novos produtos dentro das suas aquisições que as farmacêuticas não considerem tão relevantes ou terapias que já não estão acreditadas na vertente médica. É esta capacidade de acreditar que esses produtos ainda podem ser uma mais-valia para o doente que vos tem permitido colocar numa posição cimeira relativamente a outros players deste mercado?
Apesar de a Defiante estar a começar a abraçar neste momento o mundo das doenças raras, a nível mundial o Grupo detêm já mais de uma década de experiencia a este nível, o que faz com que sejamos um dos principais players a nível mundial. Olhar para poucos casos como se olha para um grande universo é aquilo que distingue hoje o Grupo e também a Defiante. Este é um desafio económico mas também ético que contamos vencer com sucesso. A nossa orientação para o doente, estamos convictos, traz o que refere na sua pergunta, a mais-valia para o paciente. Ter a capacidade de acreditar e sonhar pode acabar com barreiras. Qual o nível de investimento que a Investigação & Desenvolvimento representa para a Defiante? Em Portugal de que forma tem sido canalizado esse investimento nesta área? Quais as áreas que tem
Paulo Viegas
PV7 // DOENÇAS RARAS – O DOENTE E A INVESTIGAÇÃO
merecido maior atenção? Estando integrada no Grupo, a Defiante procura usar todos os recursos internos na persecução das suas necessidades de I&D. Noutras situações, como parcerias estabelecidas internacionalmente, faz com que este trabalho seja conduzido em centros fora de Portugal. Naturalmente que a possibilidade de estabelecer parcerias com centros de I&D nacionais não está excluída já que hoje a I&D e o conhecimento não têm fronteiras. O nível do investimento da Defiante acompanha os rácios do Grupo e por isso mesmo representam uma fatia considerável na factura de investimento final de cada ano. Existem perspectivas para incrementar esse volume de investimento e de recursos de futuro? Que perspectivas possuem neste âmbito? Não existem hoje elementos que indiciem o incremento no investimento na I&D em termos relativos, contudo, o abraçar de novos projectos fará com que a Defiante, em termos absolutos, venha a investir mais em I&D, sendo que a manutenção do rácio relativamente aos resultados se mantenha inalterável.
Estima-se que existam em todo o mundo entre 5 mil e 8 mil doenças raras distintas que afectam entre 6% e 8% do total da população. Na União Europeia há entre 27 milhões a 36 milhões a sofrerem de doença rara e em Portugal estima-se que sejam entre 600 mil a 800 mil as pessoas afectadas. Sendo este um problema tão grave, não crê que escasseiam estratégias a curto/médio prazo para se «trabalhar» as doenças raras no seu todo? Não podia estar mais de acordo com a pergunta, bem como com a frieza dos números referidos. É de facto uma área que até há muito pouco tempo não mereceu a devida atenção da indústria, contudo, felizmente tem vindo a ganhar notoriedade e uma maior atenção a nível mundial. Poucas são as empresas que apostam em nichos de mercado tão reduzidos como este uma vez que o retorno é claramente inferior a um “blockbuster”. É nesta área que sentimos que podemos fazer a diferença, não só pela nossa dimensão como também pela responsabilidade ética que se vive na Defiante e no Grupo. Sinto também que a responsabilidade de todos os Governos é fundamental a este nível. E para isso basta que a legislação de registo às terapias de doenças raras seja diferenciada e adequadas à sua especificidade, que os tempos de aprovação sejam céleres e, acima de tudo, que o apoio ao paciente, em termos clínicos e económico, seja claro e livre de complicações. Dessa forma, certamente que mais empresas, como nós fazemos na Defiante, colocarão maiores esforços no sentido de encontrar as melhores soluções para estes doentes. Muitas vezes sentimos que a energia titânica que fazemos, para resolver problemas concretos, poderia ser usada de forma mais eficiente.
Acredita que as doenças raras ainda são «negligenciadas» em Portugal? Qual deverá ser o papel das entidades privadas, como a Defiante, neste âmbito? Faltam apoios governamentais neste sentido? Ainda não temos uma visão concreta da realidade nacional, contudo, e como tem vindo a acontecer um pouco por todo o mundo, a atenção às patologias raras está em crescendo e de uma forma generalizada todos os Governos e sociedades despertam para esta dura realidade. Este despertar é muito importante, significa que estamos no início da estrada de um longo caminho que ainda está por percorrer. Como já referi acima, para mim o mais importante de tudo é que os Estados consigam apoiar estas pessoas e as suas famílias de forma simplificada e sem burocracia. Que consiga que famílias inteiras não sejam penalizadas para além daquilo que a patologia já de si ceifa a estas. Se este mínimo estiver garantido, reafirmo a facilidade com que empresas como a Defiante terão em fazer chegar as terapias adequadas a estas pessoas, que já tanto sofrem, trazendo alguma qualidade e dignidade de vida. De que forma seria benéfico para os doentes que fossem promovidas parcerias público/privadas na promoção da I&D ao nível das doenças raras? As vantagens são um factor indiscutível nestas situações. Numa sociedade dinâmica, creio que será possível atingir uma convergência de interesses clínicos e éticos que trazem mais-valias inestimáveis aos pacientes. A Defiante e o Grupo Sigma-Tau estão sempre disponíveis a qualquer forma de cooperação que permita alcançar este estágio. Nesse sentido, hoje a Defiante suporta alguns centros que se encon-
tram a desenvolver investigação sobre moléculas ou produtos que pertencem à Defiante.
O actual Programa Nacional para as Doenças Raras define diversas medidas como melhorar o acesso das pessoas com doenças raras a cuidados adequados. Mas o Programa não dispõe de qualquer descriminação ao nível do Orçamento do Estado (OE). Na sua opinião este cenário é demonstrativo do longo caminho que ainda temos a percorrer? Os Governos estão a demitir-se dessa responsabilidade? Eu creio ser uma vitória alcançada que, contudo, não poderá significar que devemos ficar parados. A sociedade civil está dinâmica. As associações de pacientes conhecem as suas necessidades, e as daqueles que apoiam, sabem com clareza o que pretendem, logo têm capacidade de defender devidamente os direitos dos seus associados, e isso é uma mais-valia para os próximos passos. Estas doenças, para além de serem patologias raras, são em praticamente todos os casos incapacitantes para o doente e para a família que o acompanha, e esta realidade tem de ser suportada a 100% pelo estado. A falta de dotação orçamental especifica não é de facto um bom sinal e isso tem de ter consequência. É aqui fundamental o papel das associações de pacientes, pois só estas podem junto dos organismos oficiais falar dos números e também dos dramas familiares que se vivem nestes casos. Como parte da indústria, reafirmo a nossa total disponibilidade para contribuir para uma melhor legislação e “awareness” desta realidade trazendo soluções para algumas patologias e, noutros casos, a melhoria da qualidade de vida. Por defeito sou uma pessoa optimista e creio que dentro de poucos anos este debate terá ganho outra forma.
Que novas terapias serão identificadas pela Defiante ao nível da I&D na vertente das doenças raras proximamente? Neste momento não temos no horizonte outros produtos ou terapias para comunicar para além dos já referidos Kalbitor, utilizado no tratamento da Angioedema Hereditária; o Adagen, no tratamento da chamada “Bubble Boy Disease”; o Oncaspar, na luta contra a Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA); e o Synacthen que, entre outras indicações terapêuticas, está indicado para a encefalopatia mioclónica infantil com hipsarritmia. Este último já está disponível e registado em Portugal, e é comercializado pela Defiante em território nacional desde 2009. A Sigma-Tau dedica mais de 16% das suas receitas anuais a pesquisa científica, um número que excede a média da indústria farmacêutica em geral. Com este «quadro», quais são os principais desafios que se impõe à Defiante de futuro? A responsabilidade social e ética é muito vincada no Grupo e consequentemente na Defiante. Queremos assim orientar a nossa tomada de decisão com isto em mente. O elevado investimento feito anualmente pelo Grupo em I&D orienta-nos nesse sentido. O projecto que assumimos e abraçamos hoje com muito orgulho é aliciante e fundamental a muitas famílias e pacientes. Estamos muito empenhados, no Grupo e na Defiante, em ajudar a melhorar a vida de pessoas que necessitam de ajuda.
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PV7 // PÁSCOA NO ALGARVE
DESFRUTE DO MELHOR AMBIENTE FAMILIAR NUM CENÁRIO PERFEITO
PÁSCOA NO ALGARVE A Páscoa é uma época singular marcada pelo seu característico ambiente familiar e por isso, o Suite Resort Monte Santo preparou para o período da Páscoa uma oferta exclusiva para que possa proporcionar a si e à sua família, as melhores mini férias de sempre! Descanse, fuja à rotina e desfrute de momentos de descontracção, união e divertimento familiar com o charme e a tranquilidade do Suite Resort Monte Santo, as mais amplas e luxuosas Suites e Moradias no Carvoeiro! A PROMOÇÃO DE PÁSCOA NO SUITE RESORT MONTE SANTO INCLUI • Alojamento em luxuosas Suites totalmente equipadas com os mais elevados padrões de qualidade
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• Utilização pelas crianças do Kids Club Planet Junior com parque infantil ao ar livre • Jogo “Caça ao Ovo da Páscoa” no Domingo de Páscoa de manhã
• Acesso gratuito aos equipamentos Fitness: ginásio, piscina interior aquecida, sauna, banho Turco, jacuzzis, solário natural, campo desportivo, circuito de Fitness e piscinas exteriores do resort • Utilização gratuita dos jacuzzis nas Açoteias • Estacionamento gratuito
• Selecção de serviços “Baby Must Have!” • Serviço de abertura de cama e roupões • Late Check-out
€295 PACOTE | VÁLIDO PARA 2 PESSOAS, 2 NOITES CRIANÇAS ATÉ AOS 12 ANOS SÃO NOSSAS CONVIDADAS
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PV7 // SAÚDE
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OPINIÃO: Ana Isabel Mota, Neuropsicóloga Clínica
O doente com AVC pode recuperar as funções perdidas O Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode levar a um desempenho cognitivo deficitário. Com efeito, um estudo recente revelou que cerca de 55% dos doentes de AVC apresenta dificuldade ou incapacidade de lembrar momentos vividos anteriormente (e.g., o dia do casamento, o nascimento dos filhos), 40% revela défice de funcionamento executivo (e.g., lembrar o que ia a dizer, não planear a acção) e 23% dos doentes apresenta dificuldades de linguagem (e.g., dificuldade na articulação das palavras, dificuldade a perceber o que lhe é dito), etc. Todos estes défices dificultam a realização de tarefas diárias, nas suas mais variadas dimensões. Ana Mota | M.ª Sofia Nascimento | Zelia Parijs | Ana Queiroz | Renata Almeida | Consultório Ana Queiroz
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ontrariamente à ideia ainda muito enraizada na nossa sociedade, do “coitadinho” e de que “não há nada a fazer”, o doente com AVC pode recuperar as funções perdidas parcial ou totalmente, mesmo anos após o incidente. Uma vez que as dificuldades são multidimensionais, afectando diferentes domínios da funcionalidade diária, também a intervenção deve ser multidimensional. Com efeito, no Consultório Ana Queiroz, a intervenção em casos de AVC envolve uma equipa interdisciplinar de profissionais altamente qualificados e motivados para a prática clínica de excelência com recurso a técnicas inovadoras e participação em investigação científica neste ramo (e.g., Programa Doutoral em Neurociências pela Faculdade de Medicina – Universidade do Porto, acerca da reabilitação neuropsicológica da atenção em doentes pediátricos com AVC), que verdadeiramente trabalham em equipa. Cada especialidade tem uma função da máxima relevância para a recuperação da saúde do doente com AVC e prevenção de novo AVC, cuja probabilidade de ocorrência está aumentada após o primeiro. (Ver Quadro ao Lado)
Doente visto na sua Totalidade
No Consultório Ana Queiroz o doente com AVC é visto na sua totalidade, sem esquecer a sua família. Com efeito, a intervenção traçada para cada doente é holística, com o contributo de todas as especialidades, uma vez que se pretende uma melhoria na sua funcionalidade diária geral. Esta abordagem permite
um tratamento mais eficiente, pois uma equipa interdisciplinar comunica entre si e vai adaptando a intervenção em tempo útil, por forma a melhor promover a diminuição dos défices resultantes do AVC e uma readaptação da família ao doente, cujo défice cognitivo muitas vezes deixa irreconhecível para os familiares (e.g., deprimido, agressivo, sem
capacidade de falar, sem capacidade de aprender novas memórias, sem capacidade de recordar eventos familiares prévios ao AVC). Assim sendo, a nossa equipa de profissionais não se preocupa apenas com o doente, mas também com todo o sistema familiar em que está inserido. É fundamental auxiliar o doente com AVC na recuperação da sua
Especialidade
Contributos na Prevenção e Tratamento do AVC
Neurologia
Exame neurológico. Definição do tratamento farmacológico.
Psicologia Clínica
Intervenção individual ou em grupo com familiares de doentes com AVC. Psicoterapia para perda de peso, ansiedade, gestão de conflitos, depressão para doentes com AVC e familiares.
Neuropsicologia Clínica
Terapia da Fala Fisioterapia Terapia Ocupacional Nutrição
Terapia Bowen
Avaliação do défice cognitivo. Reabilitação neuropsicológica (fisioterapia ao cérebro). Dinamização de Programas de Estimulação Cognitiva. Cessação tabágica.
funcionalidade (e.g., voltar a falar, voltar a andar, voltar a lembrar), independentemente da sua idade, mas é igualmente crucial auxiliar os membros da sua família a readaptarem-se à nova realidade e aprenderem a reduzir os factores de risco de AVC. Dentro ou fora das nossas instalações o mais importante é, e sempre será, o ser humano que procura a nossa experiência profissional! Oitenta e cinco por cento dos sobreviventes de AVC regressam a casa, mas muitas vezes a família desconhece que pode fazer alguma coisa para recuperar as funções perdidas devido ao AVC. Uma equipa interdisciplinar representa uma vantagem, porque avalia as necessidades de intervenção e planeia um programa adaptado a cada um dos doentes e sua família, comunicando entre si e com a família por forma a optimizar todos os esforços.
Avaliação do défice de linguagem. Exercícios de reabilitação da fala. Avaliação do défice motor. Exercícios de reabilitação dos movimentos comprometidos. Terapia Ocupacional Avaliação do défice funcional no dia-a-dia. Adaptação das tarefas diárias ao défice persistente.
Definição de um plano alimentar saudável, para redução de colesterol, perímetro abdominal e redução de gorduras no sangue. Redução da ansiedade, da dor e espasticidade. Promoção da mobilidade.
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PV7 // TEMA DE CAPA
Vítor Ramalho, Presidente do Conselho de Administração da Fundação INATEL, afirma
“Estamos em sintonia perfeita com uma filosofia de modernidade” O dia corria quente e vagaroso, numa Primavera que já começa a «piscar o olho» ao Verão, quando a Revista Pontos de Vista visitou a Fundação INATEL, na Calçada de Santana, um espaço que equilibra de forma perfeita o casario de tipo popular com os edifícios senhoriais, com janelas de sacada e interessantes ferros forjados que dão grande ritmo e colorido, com as suas flores, a toda a perspectiva descendente da calçada, com o Tejo no horizonte. Uma imagem ímpar para uma conversa de fundo.
A
s condições estavam reunidas para um diálogo aberto e profundo com Vítor Ramalho, Presidente do Conselho de Administração da Fundação INATEL, que num discurso eloquente e convincente revelou um pouco mais do futuro da instituição que preside desde 2008, os principais desafios a delinear, que numa fase de constrangimentos económicos devem ser ainda mais racionais e objectivos, sem esquecer que a Fundação INATEL é hoje sobejamente conhecida e reconhecida pelos portugueses e além-fronteiras, fruto de um trabalho escrito em páginas brilhantes ao longo de mais de 75 anos de história comemorados em 2010. Figura conhecida na praça pública, principalmente no domínio político, pelas suas mais do que determinadas intervenções públicas, Vítor Ramalho assumiu a função actual, presidente da Fundação INATEL, há cerca de três anos, período que, segundo o próprio, tem sido bastante enriquecedor e que lhe permite afirmar “que os desideratos a que nos propusemos foram completamente alcançados”. De referir que o nosso entrevistado é o primeiro presidente do Conselho de Administração da Fundação INATEL, pois no passado, esta intitulava-se como um instituto. Mas quais foram as principais razões que levaram a esta alteração de estatuto? Segundo Vítor Ramalho, a marca INATEL necessitava de um nível superior de agilidade perante o mercado, pois o instituto encontrava-se bastante dependente e condicionado pela intervenção do Estado, “que é lenta”, revela o nosso interlocutor, lembrando contudo que, com esta mudança, o Estado não deve, tal como está a fazer, de continuar, “por razões de trans34
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parência”, a exigir rigor na utilização dos dinheiros que não sendo públicos pertencem aos associados da Fundação INATEL. “Este cenário é positivo. A lógica da instituição estava demasiado centrada no Estado e assim essa ligação foi quebrada e por efeito disso mesmo, sentimos necessidade em «arejar» a marca e oferecer uma imagem nova à Fundação INATEL, seguindo em harmonia com um desejo de modernização por relação da nossa natureza competitiva e pela valorização de quem trabalha”, afirma, assegurando que enquanto presidente da INATEL jamais aceitaria em conceber a marca INATEL como uma estrutura desusada, antiquada e obsoleta. “Estamos em sintonia perfeita com esta filosofia de modernidade, porque quem trabalha merece o melhor e esta «casa» existe para servir sobretudo quem trabalha. Assim, nutrimos uma preocupação ética, competitiva e de sentido de futuro fortes, porque se não apostássemos numa filosofia de inovar e de modernizar, correríamos o risco de estagnar e não o podemos fazer, sobretudo ao nível de equipamentos imobiliários que como sabemos estão mais propensos a degradar-se. Isso é inaceitável”, assegura convicto Vítor Ramalho.
Modernizar a imagem INATEL e não só
Nenhuma entidade pode funcionar e alcançar níveis de excelência se não tiver estruturas sólidas, serviços de qualidade e produtos de predicados acima de qualquer suspeita. A Fundação INATEL representa o paradigma descrito anteriormente, sendo que o nosso entrevistado considera alicerces como as respostas que devem ser dadas, em tempo real, a tudo o que são requalifi-
Vítor Ramalho
PV7 // TEMA DE CAPA
cações de imóveis, entre outras, para continuar a dotar a Fundação INATEL com os melhores equipamentos, traduzidos na qualidade e excelência, numa senda que encerra no incremento da competitividade da própria marca. Mas está este fito a ser concretizado? “Não tenho qualquer dúvida”, assegura Vítor Ramalho, que enquanto presidente do Conselho de Administração concorreu para a inauguração de três novas unidades hoteleiras de excelência, localizadas em Linhares da Beira, integrada numa aldeia histórica, Ilha das Flores e Graciosa, no Arquipélago dos Açores. Estas duas últimas vieram rectificar uma lacuna da Fundação INATEL ao nível da sua cobertura. “De facto estávamos presentes em todo o território nacional e na Região Autónoma da Madeira, existindo esta pecha ao nível dos Açores que hoje, finalmente, está colmatada. Portanto, orgulho-me de ter preenchido essa resposta, que era necessária”, confirma o nosso interlocutor, assegurando que estão também projectos em marcha de requalificação do parque de equipamentos pertencentes ao INATEL ao nível de diversas valências como desporto, cultura, entre outros. Assim, no actual cenário, a Fundação INATEL detém 18 unidades hoteleiras, quatro parques de campismo e uma agência em cada um dos 18 distritos do país. Depois de renovadas as unidades de Porto Santo e da Foz do Arelho, encontra-se agora, em processo de requalificação, a unidade de Vila Nova de Cerveira, com cerca de cem quartos, com um investimento que ronda os cinco milhões de euros. Proximamente, mais concretamente em Outubro próximo,
será iniciada a requalificação do edifício antigo de Albufeira, “com um investimento bastante relevante, na ordem dos quatro milhões de euros, estando actualmente em curso a reestruturação da unidade de Manteigas. Numa fase mais avançada, praticamente concluídos, estão os projectos de requalificação do Luso e de Santa Maria da Feira, totalizando cerca de 26 frentes de trabalho”, refere. De salientar que, só em 2011, o investimento protagonizado com fundos próprios da Fundação INATEL rondará os dez milhões e meio de euros. “Esta é uma frente de ataque que queremos concluir com sucesso”. Em outro patamar encontra-se a uniformização das agências dispersas pelo país, ou seja, promovendo a sua modernização através de meios que fomentem a mobilidade e a acessibilidade às mesmas. “As agências localizadas em cada distrito e que se situavam em locais de difícil acesso ou em prédios de apartamentos em andares superiores serão colocadas, todas elas, ao nível do rés-do-chão” revela o nosso entrevistado, assegurando que este caminho segue o ritmo da modernização da imagem da instituição, indo também ao encontro da optimização de recursos a nível interno, provando que a INATEL está decididamente direccionada para as novas tecnologias. “Pretendemos promover a modernização administrativa da instituição, onde o nosso site (www.inatel.pt), recentemente aperfeiçoado, é fundamental, pois permitirá marcações através do mesmo seja para alojamento em qualquer das nossas unidades, seja para uma visita ao teatro ou na promoção de uma iniciativa
desportiva”
Desporto e Cultura de mãos dadas
O desporto é outro dos pilares que norteia a orgânica da Fundação INATEL, facto que levou, por exemplo, à reestruturação do Parque de Jogos 1º de Maio, que com uma localização privilegiada e uma arquitectura urbanística típica do Estado Novo, recebe diariamente milhares de visitantes que procuram neste oásis de tranquilidade e beleza, a prática de actividades físicas, desportivas e de lazer. De referir que essas obras foram complementadas através de protocolos estabelecidos com grandes nomes do desporto nacional. “Hoje temos uma escola de atletismo treinada pelo famoso Moniz Pereira, e uma escola de futebol dirigida por ex-atletas de alta competi-
75 anos de História Como já foi referido, o INATEL é uma instituição reconhecida por todos, sendo inclusive uma entidade familiar que guarda inúmeras memórias. Em 2010, ocorreu a passagem do 75º aniversário da Fundação INATEL, sendo que essa efeméride foi aproveitada para o lançamento de um Livro «75 anos do INATEL» e de um documentário especial sobre uma das instituições mais queridas do país e com uma relação profunda com os portugueses. “Pedi a dois grandes jornalistas, Cesário Borga e Fernanda Bizarro, que elaborassem um documentário, tendo sido emitido na televisão pública por duas vezes, onde ficamos a conhecer a história desta casa, até porque as pessoas conhecem-nos, mas não fazem a ideia da verdadeira história que tem norteado o crescimento do INATEL”, esclarece Vítor Ramalho. O Livro «75 anos do INATEL» assume-se como um timbre da verdadeira história não apenas da INATEL, mas também de Portugal, “pois expressa a narrativa desta casa e não podemos perder este património que é de todos os portugueses”, assinala convicto.
ção e reconhecidos pela magnífica carreira como os ex-internacionais Dimas e Hélder, entre outras modalidades como por exemplo o râguebi”. Além disso, a Fundação INATEL tem ainda uma vertente extremamente importante, ou seja, além dos duzentos mil associados, possui cerca de quatro mil centros de cultura e desporto, onde a relação de proximidade com qualquer uma destas entidades é bastante elevada, municiada através de instrumentos próprios da Fundação INATEL, como a Revista Tempo Livre, “publicação de excelência em Portugal e lida por mais de 400 mil pessoas”, refere, factos demonstrados por um estudo insuspeito recente realizado pelo professor Roberto Carneiro. A cultura de um povo patenteia muito mais que sua essência. Representa a sua nascença e vivência. Exibe a história do mesmo e como o futuro está salvaguardado em prol das gerações mais jovens. Neste aspecto, a Fundação INATEL tem vindo a corrigir lacunas patenteadas no passado, onde a dinâmica da cultura não tendo sido esquecida, também não era muito lembrada. Assim, fruto da capacidade de trabalho dos colaboradores do universo INATEL, num total de quase um milhar, cerca de 900, a aposta passou também pela melhoria do Teatro da Trindade, que sofreu alterações de «montra», tendo sido completamente alterado relativamente a um passado recente. “Hoje quem passa nesse espaço não o reconhece. Foi plenamente modernizado por fora e por dentro e esta prevista a conclusão das obras em Julho”. Dirigido pela actriz Cucha Carvalheiro, o Teatro da Trindade beneficiou este ano, 2011, da melhor peça de teatro referente ao ano passado, 2010, e que foi exibida pela INATEL, tendo ainda sido Abril 2011 Pontos de Vista
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Rapidinhas FUNDAÇÃO INATEL Futuro
PORTUGAL Universalidade de um Povo ANGOLA A minha segunda pertença
premiado, em 2009, com o galardão de melhor actor. “São reconhecimentos que apreciamos bastante e que traduzem o labor e a intensidade da actividade que promovemos nas diversas valências que dispomos”, refere Vítor Ramalho.
A multidisciplinariedade da INATEL
O Universo INATEL não pára. Existem sempre diversas coisas para fazer, ideias a finalizar e projectos a iniciar. A monotonia não é portanto um sentimento sentido na orgânica da Fundação INA-
Momento Alto
“O momento em que me dei conta do que já sabia que é o povo português. Assim, o momento mais marcante, foi quando recebi pela primeira vez as pessoas que regressaram a Portugal ao abrigo do programa «Portugal no Coração». Não é somente comovente, é um grito de alma de um povo de gigantes, fantástico e solidário. Esse momento deu-me muita coragem e reforçou o meu espírito para não desfalecer nesta caminhada no seio da INATEL e fora dela”.
PARTIDO SOCIALISTA Estruturante para a Democracia
Eng.º JOSÉ SÓCRATES Secretário-geral do PS e Primeiro-Ministro PROF.º CAVACO SILVA Presidente da República
LIVRO QUE O TENHA MARCADO Sun Tzu – A Arte da Guerra
FRASE MARCANTE Só quando vi e senti o sangue percebi que era verdade QUALIDADE Entrega DEFEITO Teimosia
O QUE MAIS O IRRITA A incompreensão sobre o que é o espírito de servir O QUE MAIS ADMIRA A Coragem
POLÍTICOS Que nunca foram… sendo…Jesus Cristo, Gandhi, Martin Luther King HOMEM DE PARTIDO Mário Soares
POLÍTICA O contrário que está a ser feito em Portugal
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TEL que, impelida pela vontade e empreendedorismo do nosso entrevistado e seus pares, tem vindo a desenvolver diversos programas, inovadores em muitos domínios. Assim, no decorrer de 2011, será feita uma aposta forte num programa recente denominado por «Sempre em Férias», sendo uma iniciativa alternativa aos lares de terceira idade. “Possibilitará, a quem deseje ficar instalado na INATEL por mais de 30 dias durante o ano ou até durante a sua vida, usufruir de unidades hoteleiras de enorme qualidade onde poderão ficar, tal como se estivessem num lar, embora com a vantagens evidentes de poderem desfrutar de actividades lúdicas várias,
sendo portanto uma mais-valia óbvia”, assevera, esclarecendo que este programa, «Sempre em Férias» não se deve confundir com o turismo sénior. “Esta iniciativa é exclusivamente destinada a acolher pessoas que, em lugar de irem para lares de terceira idade, têm a INATEL como escolha”. Saúde, Termalismo, Turismo Sénior, Turismo Solidário, Abrir Portas à Diferença, entre outros são outros programas «made in» INATEL, indo, alguns deles, ao encontro de uma prerrogativa central da INATEL, ou seja, a responsabilidade social. “O Turismo Solidário, por exemplo, assume-se como uma resposta destinada a famílias carenciadas e o «Abrir Portas à Diferença» apoia pessoas portadoras de deficiência”, esclarece satisfeito o nosso interlocutor. Ainda neste domínio, a INATEL criou agora um programa denominado por «Conversa Amiga», em funcionamento há cerca de um ano, que se assume como uma iniciativa que tem como desiderato atender as pessoas que vivem na solidão. “Assim, através deste programa, podem comunicar via telefone com os nossos 18 voluntários, que acabam por se revelar fundamentais para essas pessoas que estão carenciadas e que necessitam do nosso apoio”. Assim, um pouco na lógica de tudo o que patenteia o «selo» INATEL, esta iniciativa tem tido bastante sucesso, tendo recebido mais de mil chamadas telefónicas, o que leva Vítor Ramalho a acreditar que a INATEL, neste domínio, não ficará por aqui. “Para se ter uma ideia concreta, com estes programas e iniciativas, mobilizamos cerca de 55 mil pessoas. Mas temos mais programas, mais iniciativas, mais actividades. Com estas respostas proporcionamos alternativas para diversas faixas etárias e não apenas para pessoas idosas. Possuímos uma escola de parapente em Linhares da Beira, em que realizamos, no ano passado, o Campeonato Mundial de Parapente. Apostamos em desportos de todo o terreno. Criamos recentemente uma associação de âmbito turístico religioso, que é extremamente potenciador de actividades futuras e que acaba por desenvolver níveis de atractividade para o país elevados. Temos a Taça INATEL de Futebol que aloca neste momento cerca de 308 equipas dispersas por todo o país, afigurando-se como um verdadeiro campeonato de futebol e que ao nível
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de regras e exigências não fica em nada atrás dos campeonatos profissionais da modalidade”. Quando falamos ou pensamos no desígnio da INATEL associamos, nem que seja por uns instantes, a mesma ao turismo sénior, algo que foi sendo alterado nos últimos tempos e que está já a surtir efeitos concretos, tal como explica o nosso interlocutor, dando exemplos consistentes disso mesmo. “Se formos ao Parque 1º de Maio estão diariamente mais de duas mil pessoas a praticar desporto nesse espaço. Semelhante imagem ao nível das iniciativas criadas e da interacção que promovemos com os chamados centros de cultura e desporto onde a juventude responde sempre positivamente a estes programas. Criámos programas para jovens entre os 13 e os 17 anos, denominado por Turismo Júnior Educativo e em 2010 celebramos uma parceria com o Ministério da Educação que permitiu que tivéssemos cerca de 3300 jovens, em condições de conforto evidentes, nas nossas instalações, complementando respostas, em diversos domínios, aos jovens, às quais as escolas não conseguem dar procedimento”.
“Sem investimentos não há competitividade”
Homem atento e esclarecido, Vítor Ramalho, desde que iniciou ou seu périplo pela Fundação INATEL, sabia das dificuldades económicas existentes ao nível mundial e principalmente em Portugal. Assim, usando da transparência e seriedade, nunca deixou de informar os colaboradores da Fundação INATEL que para vencer as dificuldades inerentes à crise era fundamental nortear a orgânica da instituiçao pelo rigor, com cortes
nas despesas supérfluas, optimização dos níveis de eficácia e excelência no serviço prestado aos beneficiários, pois são eles que satisfazem as receitas da instituição. Confessando que houve de facto um ligeiro decréscimo na procura, embora não tanto como em actividades concorrenciais similares, Vítor Ramalho assume que o universo INATEL beneficiou com os cortes efectuados. “Não afectamos o funcionamento normal e nem sequer colocamos a probabilidade de proceder ao despedimento de trabalhadores. Isso não. Mas conseguimos ter uma racionalidade nos recursos que propiciaram a gestação de meios para novos investimentos, fundamentais para o futuro da instituição”, assume. Se no passado o Estado beneficiava fortemente a Fundação INATEL ao nível de recursos, actualmente esse cenário inverteu-se e de que maneira, com cortes elevadíssimos. “O Estado, em termos gerais contribuía com cerca de pouco mais de dez por cento da Segurança Social em relação às despesas globais da instituição, sendo que outra parte provinha da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, embora numa percentagem menor relativamente ao Estado. Ora, com a diminuição drástica de ambas as receitas e dos programas governamentais, tivemos que modelar estratégias e novas formas de actuação. Assim, o objectivo passa pela auto sustentabilidade e é nessa filosofia, sem temer o futuro, ou seja, com rigor, sabendo o que pretendemos, com qualidade, melhorando o que tem de ser melhorado e apostando nos domínios que regem a INATEL, que pretendemos caminhar”, esclarece Vítor Ramalho, que comunga da ideia que a solução não passaria por cessar o volume de investimentos, pois isso poderia significar “o fim da instituição, porque
Momento Baixo Personalidade consciente do actual estado do país, segundo Vítor Ramalho, ao longo destes três anos de gestão, o momento mais complicado que viveu rege-se ao período actual. “Sobretudo os últimos tempos. Pela sociedade”, advoga, deixando a sua visão sobre o panorama nacional. “Podia ter sido evitado o cenário de eleições antecipadas, acima de tudo pelo interesse nacional. Acho que houve muita «gente» a colocar os interesses partidários à frente dos interesses nacionais e isso é péssimo. Sempre defendi o alargamento dos objectivos e desígnios nacionais por entendimento interpartidário, sem a necessidade de isso se transportar para o Governo e fixando desideratos que o povo português pretendia ver salvaguardados como a justiça, educação, saúde, produtividade interna, emprego, entre outros”, revela o presidente da INATEL, não sem antes deixar um «aviso» sério e concreto. “A situação é mais grave do que se prevê e espero que os políticos mais experientes dêem o exemplo e tomem posições públicas de reflexão para todos. Isso é fundamental”.
sem investimento não há competitividade e esta não se compatibiliza com o que se encontra desprovido de qualidade”, advoga o presidente da Fundação INATEL.
Programa CALYPSO
O trabalho realizado ao longo dos 75 anos de história da INATEL em prol dos portugueses tem sido fundamental, permitindo que a instituição seja hoje sobejamente reconhecida em todos os quadrantes da sociedade portuguesa, estando constantemente associada a vocábulos como credibilidade, qualidade e excelência. No entanto, actualmente tem proliferado um novo fenómeno, denominado por «aldeia global» e que promove a proximidade entre países, culturas e povos, nos mais diversos domínios. A «abertura ao mundo» da Fundação INATEL não foi esquecida, e tem sido fomentada sobremaneira. Assim, numa parceria com uma instituição homóloga espanhola, todos os anos é promovido o intercâmbio de quatro mil cidadãos portugueses associados e espanhóis. Além disso, tem sido fomentado uma ligação estreita com o Brasil, em que estiveram, por exemplo, no ano passado, na sua Abril 2011 Pontos de Vista
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maioria mulheres, em Portugal cerca de 300 pessoas de nacionalidade brasileira no nosso país. Ainda neste domínio, a Fundação INATEL foi a única instituição portuguesa que participou no estudo de preparação para o lançamento do programa CALYPSO, da responsabilidade da União Europeia e que pretende financiar parte das viagens de turismo das pessoas com mais de 65 anos de idade que disponham de poucos recursos. O programa deverá entrar em vigor até 2013 e a Fundação INATEL foi a única instituição a nível nacional que integrou o referido estudo devido à experiência que já possui no segmento do turismo sénior. “Os nossos programas dedicados a este segmento movimentam cerca de 70 mil pessoas, além de que a Fundação INATEL possui também uma vasta experiência no intercâmbio de turistas e nível europeu, tendo começado a apostar neste tipo de programas em 1995, em parceria com a sua congénere espanhola Imserso”, afirma o nosso entrevistado, lembrando que estes programas são “muito importantes para o desenvolvimento da economia das regiões, o que é de sublinhar no período em que vivemos”, considera, assegurando que países como a Finlândia e a Polónia são também alvos concretos da INATEL.
Portugal no Coração Mais perto de quem está longe
Num claro elogio às «gentes» lusas, o nosso interlocutor sempre teve a noção da dimensão do povo português, principalmente daqueles que se projectam além-fronteiras. Actualmente mais de metade da população portuguesa vive no estrangeiro, sendo que uma grande parte dos mesmos foi bem-sucedida. No entanto, como em tudo na vida, por vezes a sorte é madrasta e o êxito nem sempre depende do nosso esforço, dedicação ou talento, realidade também sentida por alguns portugueses que arriscaram a sua vida além-fronteiras. Atenta a estas situações, a Fundação INATEL criou o programa «Portugal no Coração», sendo que o âmbito do mesmo passa por, anualmente, trazer emigrantes portugueses, cerca de 40 a 50, que estão há muitos anos a residir no estrangeiro “e que por dificuldades económicas não pode regressar ao seu país natal. Assim, os consulados portugueses seleccionam essas pessoas, em função do número de anos que estão a residir no estrangeiro, em que nunca pode ser seleccionado alguém com menos de uma década no estrangeiro e a transportadora TAP propicia a viagem dos mesmos e a INATEL prepara todo o programa que é de 15 dias. Para se ter uma ideia, a esmagadora maioria das pessoas seleccionadas não vem a Portugal há mais de 40 ou 50 anos, sendo pessoas de idade avançada e que provêm de países díspares como Argentina, Austrália, África do Sul, Brasil, entre outros”, afirma Vítor Ramalho, deixando ainda um elogio a esses cidadãos portugueses e do mundo e como os mesmos podem servir de exemplo ca38 Abril 2011 Pontos de Vista
tegórico e optimista para que Portugal possa sair da crise em que se encontra. “É profundamente impressionante analisar a relação profunda que ainda mantêm a Portugal, apesar da distância e dos anos que saíram de cá. Acredito que, fruto do contacto que mantenho com estes compatriotas, saberemos enfrentar as dificuldades actuais, porque a dimensão destas pessoas, a coragem que possuem e a esperança no futuro, que nunca foi quebrada, deve ser vista como um forte incentivo”
Sócio do INATEL? Fácil, barato…e «dá» milhões… de vantagens A terminar, Vítor Ramalho assumiu que a instituição que preside pretende alcançar a meta de mais cinco por cento do número de beneficiários que existem actualmente. Como será realizado esse processo? Que campanhas específicas estão a ser desenvolvidas para o acto? Segundo o presidente da Fundação
INATEL o caminho passa por dar a conhecer as prestações de serviços oferecidos pela marca nos diversos domínios: turismo, cultura, hotelaria, intervenção social, desporto, entre outros. Mas também realizando programas direccionados para esse objectivo, através da internet e da presença em eventos de relevância como a BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa, que se realizou este ano no Parque das Nações, entre os dias 23 e 27 de Fevereiro e da Feira do Livro de Lisboa que se realizará no Parque Edu-
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ardo VII, de 28 de Abril a 15 de Maio. “São eventos fundamentais para promovermos a captação de novos sócios. Além disso, apostamos fortemente em programas de marketing puro, através da exposição radiofónica e televisiva”, conclui. Mas quais são as grandes vantagens em associar-se à Fundação INATEL? “Acima de tudo porque pagam muito menos que as pessoas não associadas, valores na ordem dos 20 por cento, e podem aceder a um conjunto vasto de unidades hoteleiras de qualidade e a diversas actividades em condições muito vantajosas. Basta despender de uma verba anual de 20 euros e de uma jóia de inscrição equivalente, sendo bastante fácil ser sócio da INATEL, pois podem fazê-lo através do site ou através de uma agência existente em qualquer ponto do país”. Vítor Ramalho não quis terminar esta conversa não sem antes deixar uma mensagem aos beneficiários da INATEL, que “é uma grande instituição e que tenho muito orgulho em servir. Quero deixar uma mensagem de forte esperança, pois tenho muito orgulho que 200 mil pessoas façam parte desta «casa», e tenho a certeza que quando deixar o cargo, a INATEL estará mais forte, coesa e pujante, com alicerces bem reforçados para bem de Portugal, da sociedade portuguesa e daqueles que trabalham”, conclui Vítor Ramalho, presidente do Conselho de Administração da Fundação INATEL
“Não estou arrependido pela aposta na INATEL” Reconhecido pelas suas «andanças» políticas, Vítor Ramalho foi deputado eleito pelo distrito de Setúbal e presidente da Federação Distrital do Partido Socialista de Setúbal, tendo, aquando do seu ingresso na Fundação INATEL, «abandonado» a Assembleia da República, onde era, além de deputado, presidente da Comissão de Trabalho, presidente do Fórum dos Parlamentos de Língua Portuguesa na componente nacional e presidente da Associação de Amizade Portugal/Angola. Ora tudo isto demonstra a capacidade do nosso entrevistado, um verdadeiro «Homem dos sete ofícios» e que nos deu a conhecer quais as razões que o levaram a abdicar temporariamente da sua vida política e a aceitar o desafio da Fundação INATEL. Tendo perfeita consciência da importância da representação da nação na Assembleia da República, segundo Vítor Ramalho, foi em 2007 que percebeu que não era possível que o mundo e Portugal continuassem como estavam. Desprovido de qualquer diletantismo ou precipitações, segundo o nosso interlocutor, em 2007, o mundo estava a ser gerido através de uma engenharia financeira pura, em que a capacidade produtiva significava um terço de todo o dinheiro movimentado à escala planetária e sem correspondência na actividade produtiva. “Manter este cenário é incomportável”, afirma. Assim, quando o ex-INATEL, instituto público, viu alterada a sua natureza jurídica para uma Fundação privada de utilidade pública, “sabia que o Governo pretendia colocar uma pessoa a presidir os destinos da Fundação INATEL que estivesse ligada à economia social e ao universo do trabalho. Ofereci-me para o cargo, perante o espanto de todos”, esclarece, lembrando que pretendia seguir um cunho de construção de algo diferente. Nada arrependido com a decisão tomada, Vítor Ramalho assume-se como um Homem de partido, tendo «sublinhado» essa ideia aquando do seu discurso de tomada de posse, “Sou um Homem de partido. Sou do Partido Socialista e jamais o negarei, mas digo à frente de todos o que penso e nunca irei consentir ser influenciado a nível partidário, muito menos na Fundação INATEL. Quando entro na instituição deixo a política à porta”, afirma, assegurando que o facto de ter enveredado por outro projecto não significou que tenha mudado “uma vírgula” na sua actividade política como cidadão. “Digo o que deve ser dito e acho que esse é o caminho, porque só dessa forma engrandecemos a política e os partidos políticos que são os principais pilares da democracia”, assegura Vítor Ramalho
Prazeres Escondidos Segredos todos temos, prazeres escondidos? Quem não os tem? Quem diria que o nosso entrevistado tem em si um talento nato para a pintura? Este é o seu grande prazer e já pode ser visto em público, pois encontra-se a decorrer no Casino Estoril uma exposição de pintura de artistas angolanos, de 16 a 30 de Abril, em que o galerista Lima de Carvalho, sabendo da predisposição de Vítor Ramalho para esta arte, convidou-o a incluir várias telas e que estão em exposição com grandes nomes da pintura angolana. “É um hobbie que poucos conhecem, mas que me dá um prazer enorme”, confessa Vítor Ramalho.
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ζ Opinião: MiniSom
MiniSom e INATEL celebram protocolo A MiniSom celebrou um protocolo com o INATEL que oferece aos sócios da Fundação vantagens acrescidas na utilização de serviços relacionados com a saúde auditiva.
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empresa portuguesa especialista em audição e aparelhos auditivos disponibiliza, a todos os sócios do INATEL, um conjunto de vantagens como: aparelhos auditivos digitais a baixo preço, facilidades de pagamento, assistência pós-venda, cobertura de dois anos de garantia e embalagens de pilhas a preços especiais. A MiniSom poderá ajudar os sócios do INATEL a terem uma melhor audição, através do uso dos últimos avanços em tecnologia de fabricantes internacionais reconhecidos como a Siemens, a AudioService (Alemanha) e a Oticon (Dinamarca). De acordo com Miguel Bragança, Director de Marketing e Comunicação da MiniSom, “Este protocolo surge no âmbito da estratégia de associar a nossa marca a outras entidades, disponibilizando os nossos serviços de modo a contribuir para a saúde e bem-estar das famílias portuguesas”. Estando a audição directamente relacionada com a saúde física e mental do indivíduo, a MiniSom pretende com este protocolo contribuir para a missão da Fundação INATEL que é promover as melhores condições para a ocupação dos tempos livres e do lazer, a inclusão e a solidariedade social. O protocolo permite ainda a realização de rastreios auditivos gratuitos nos 38 Centros MiniSom de Norte a Sul do país. Desta forma, os sócios do INATEL têm a oportunidade de saber o estado da sua audição através de um teste rápido, simples e eficaz que poderá ajudar a detectar possíveis problemas. “Há que ter em conta que a Organização Mundial de Saúde estima que 500 milhões de pessoas apresentam um determinado grau de perda auditiva, um número que deverá aumentar nos pró-
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Há que ter em conta que a Organização Mundial de Saúde estima que 500 milhões de pessoas apresentam um determinado grau de perda auditiva, um número que deverá aumentar nos próximos anos. É importante o acompanhamento regular da audição e este protocolo dá essa possibilidade aos sócios do INATEL
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ximos anos. É importante o acompanhamento regular da audição e este protocolo dá essa possibilidade aos sócios do INATEL”, acrescenta Miguel Bragança. Ao longo dos seus 10 anos de existência, a MiniSom tem vindo a apostar na realização de protocolos de cooperação com outras entidades, para que os seus membros e/ou associados possam usufruir de vantagens muito especiais. Para além do INATEL, outras entidades como o Automóvel Club de Portugal, o Clube GBES, a Casa de Pessoal da RTP/RDP, a Associação Mutualista Aduaneira, o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNTB) e a Ordem dos Economistas, já se associaram à MiniSom com parcerias de um enorme valor acrescentado para ambas as partes. É também através destas parcerias que a MiniSom alcança o seu principal objectivo: contribuir para a saúde auditiva e, consequentemente, bem-estar e qualidade de vida das famílias portuguesas, um trabalho que tem desenvolvido desde a sua fundação. Miguel Bragança acredita que estas parcerias “são um óptimo meio para promover a saúde auditiva”, alertando para que “a falta de informação e, muitas vezes, o preconceito fazem com que a maioria das pessoas demore algum tempo a procurar a ajuda de um profissional, factor essencial para o tratamento de uma perda auditiva”. Para a MiniSom, as parcerias promovem o contacto com as populações, facilitando e incentivando o acesso a cuidados de saúde auditiva de forma regular, o que pode contribuir para uma qualidade de vida superior. De facto, a audição desempenha um papel muito importante na vida do ser humano. Em Portugal, não se sabe ao certo quantas pessoas têm perda auditiva,
embora haja dados relativos aos censos realizados em 2001, que apontam para 6,1 % a percentagem de população que apresentava pelo menos um tipo de perda de audição. Ouvindo bem, estamos mais atentos ao que se passa à nossa volta nas diversas circunstâncias. É por isso que a MiniSom aconselha o acompanhamento regular da audição, principalmente a partir dos 50 anos. Através do site www.minisom.pt os interessados poderão saber mais sobre a parceria com o INATEL e aceder a informação detalhada sobre audição e aparelhos auditivos.
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Para a MiniSom, as parcerias promovem o contacto com as populações, facilitando e incentivando o acesso a cuidados de saúde auditiva de forma regular, o que pode contribuir para uma qualidade de vida superior
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ζ Por S.D.M. - Sociedade de Desenvolvimento da Madeira, S.A.
Internacionalização portuguesa através da Zona Franca Numa altura em que a economia portuguesa procura mecanismos para superar o impacto da crise, designadamente aumentando o nível de exportação das suas empresas, o Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM) posiciona-se como um dos mecanismos mais interessantes e competitivos para a internacionalização dos investidores portugueses, tanto para os países lusófonos como para outros mercados.
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oi nos anos 80 que surgiu formalmente o CINM, também conhecido como Zona Franca da Madeira, como instrumento de desenvolvimento económico, tendo como objectivo principal contribuir para a modernização e diversificação da economia da Madeira e do País, por duas vias: pela atracção de investimento externo e pela internacionalização das empresas portuguesas. Nas suas duas décadas de existência, o CINM tem levado o nome da Madeira e de Portugal aos mercados mais prestigiados à escala mundial através de muitas acções internacionais de divulgação e promoção desenvolvidas pela S.D.M. – Sociedade de Desenvolvimento da Madeira, S.A., empresa que gere o CINM e promove as suas principais áreas de actividade: Zona Franca Industrial, Registo Internacional de Navios e Serviços Internacionais. Com acções directas nos mercados, através de workshops, seminários, conferências e missões promocionais, a S.D.M. procurou desenvolver uma estratégia de proximidade com os investidores, tendo como objectivo deixar bem evidente a credibilidade e as vantagens comparativas da praça, conseguindo que o CINM obtivesse taxas elevadas de penetração em mercados altamente sofisticados e habituados a lidar com as mais diversas plataformas de negócios e, mais recentemente, aumentando as potencialidades dos empresários portugueses em internacionalizar os seus investimentos. 44
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Para a credibilidade internacional do CINM, como mecanismo de auxílio à atracção de investimento e criação de empresas, da internacionalização da economia nacional e de desenvolvimento económico de uma região ultraperiférica, contribuem aspectos como a transparência, o rigor e a supervisão, do quais foi dotado desde a primeira hora, confirmados tanto pela Comissão Europeia como pela OCDE. O CINM gerou, em pouco mais de duas décadas, um conjunto de resultados qualitativos e quantitativos, na economia regional, entre os quais se destacam os seguintes: a contribuição para a formação de cerca de 20 por cento do PIB da Madeira, de acordo com dados oficiais do INE referentes a 2002; a cria-
ção de 2800 postos de trabalho, na sua maioria altamente qualificados, e que auferem salários 70 a 80 por cento acima da média praticada noutros sectores da economia regional; receitas fiscais significativas para os cofres da Região que, apenas em IRC, são da ordem dos 33 milhões de euros por ano, de acordo com os dados oficiais referentes a 2009. O Centro Internacional de Negócios da Madeira poderá continuar a gerar efeitos directos positivos na economia local e nacional se, para fazer face à concorrência internacional no sector, lhe forem atribuídas condições de competitividade no sentido de, primeiro, manter o actual número de empresas em actividade e, segundo, ser capaz de atrair investidores de novos mercados emergentes.
O regime de benefícios do Centro Internacional de Negócios da Madeira O Centro Internacional de Negócios da Madeira é um regime fiscal preferencial aprovado pela União Europeia. Para além das vantagens de natureza fiscal, aspectos como a transparência, a regulamentação e fiscalização de acordo com as melhores práticas internacionais fazem do CINM um regime altamente credível nos mercados. Desde a primeira hora, os regimes de benefícios fiscais da praça madeirense têm sido autorizados pela União Europeia enquanto ajudas de Estado. A última autorização foi concedida já em 2007 para admissão de novas empresas durante o período de 2007 a 2013, com concessão de benefícios respeitantes às suas actividades até 31/12/2020 (Regime III). Com o estabelecimento de mais este regime, a Comissão Europeia afirmou pretender promover o desenvolvimento económico e social da Madeira permitindo a atracção de investimento com o objectivo de ultrapassar as naturais dificuldades inerentes à sua ultraperificidade. Assim, as empresas licenciadas para operar no âmbito dos diferentes sectores de actividade do CINM (Zona Franca Industrial, Serviços Internacionais e Registo Internacional de Navios), entre Janeiro de 2007 e 31 de Dezembro de
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2013, beneficiam de uma taxa de IRC reduzida de 4 por cento em 2011 e 2012 e de 5 por cento de 2013 a 2020. Este regime estabelece ainda que, de forma a beneficiarem das reduções fiscais, as empresas licenciadas devem cumprir com um dos seguintes requisitos: criar de um a cinco postos de trabalho nos seis primeiros meses de actividade e realizar um investimento mínimo de 75.000€ na aquisição de activos fixos, corpóreos ou incorpóreos, nos dois primeiros anos de actividade; ou criar seis ou mais postos de trabalho nos primeiros seis meses de actividade. Recorde-se que a Madeira beneficia do regime de ajudas de Estado ao funcionamento de empresas no âmbito do CINM, na medida em que, à luz do Tratado de Funcionamento da União Europeia, são reconhecidos os seus constrangimentos permanentes como região ultraperiférica, como são a insularidade, a dimensão reduzida, o isolamento e a dependência económica de certos produtos. A análise da Comissão Europeia demonstrou que o regime autorizado para o CINM é adequadamente dirigido à realidade específica da Madeira e proporcional às suas necessidades efectivas. Segundo a Comissão, no passado esta medida contribuiu positivamente para a diversificação e desenvolvimento da estrutura de bens e serviços desta Região.
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Com o estabelecimento de mais este regime, a Comissão Europeia afirmou pretender promover o desenvolvimento económico e social da Madeira permitindo a atracção de investimento com o objectivo de ultrapassar as naturais dificuldades inerentes à sua ultraperificidade
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Luís Filipe Menezes, edil da autarquia de Vila Nova de Gaia em discurso directo
Aposta forte na Sustentabilidade e Mobilidade A Autarquia de Vila Nova de Gaia obteve a aprovação de 75 milhões de euros por parte do Banco Europeu de Investimento (BEI) para questões relacionadas com a mobilidade. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, o edil da autarquia de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes, explicou como decorreu esta selecção e a sua importância para o Município actualmente e futuramente.
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ntes de irmos ao cerne da questão, o nosso entrevistado, Luís Filipe Menezes diz ser necessário fazer uma contextualização prévia. Para que esta selecção tenha favorecido o Município de Gaia foi necessária apostar fortemente numa política global de sustentabilidade ambiental e de gestão urbana qualificada. “Há um antes disto”, lembra o presidente, fazendo um backward de todo este processo. “Toda uma década em que houve um investimento brutal do ponto de vista de políticas de sustentabilidade. Começámos o nosso trabalho na autarquia com um concelho que tinha cerca de dez por cento da rede de saneamento estabelecida, algo que eu considero quase catastrófico. Felizmente que o panorama actual é bastante distinto, pois fruto de um trabalho bastante vasto, hoje possuímos uma das melhores redes de abastecimento básico e de saneamento de água na Europa”, assegura convicto. Vale a pena lembrar que os sistemas de tratamento de Vila Nova de Gaia estão preparados para tratar resíduos de seiscentos mil cidadãos e isso originou grandes alterações, como a procura por parte de diversas empresas que se instalaram em Gaia, pois o tratamento de afluentes permite que indústrias relativamente poluentes não tenham que investir em ETAR’s próprias. Mas não só. O nosso interlocutor apresenta outros exemplos. “Num Concelho suburbano, outrora desordenado, invertemos esse panorama, em que havia cerca de um metro e meio quadrado de área verde por habitante, e estamos a chegar agora a um número que considero mítico, equivalente a países como desenvolvi-
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Luís Filipe Menezes
Janela de Oportunidade que não pode ser desperdiçada
Mas o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia aumentou a fasquia e ambição do projecto, tal como é seu
A minha vontade é que nessa data possamos ter algo concluído. Pretendo que haja pelo menos um plano do ponto de vista conceptual. É, aliás, uma exigência da Comissão Europeia e do BEI, definir um faseamento realista do desenvolvimento do projecto
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dos como a Suécia, com cerca de sete metros quadrados de área verde por habitante. Para isso contribuem zonas como as do Parque Biológico Municipal, o Parque da Lavandeira, o Parque das Corgas em Seixezelo, o Parque de Crestuma, a primeira reserva natural urbana do estuário do Douro ou projectos mais actuais como é o caso do Parque da Ribeira de Santarém na Afurada ou o Parque do Cabedelo. Apenas neste contexto é que faz sentido dar o passo a seguir, ou seja, seguindo a lógica de uma política mundial, europeia e portuguesa, em que este «palavrão» tão lato da sustentabilidade não se cinge ao ambiente mas a todo um conjunto de questões de ordenamento, de mobilidade, de consumo de combustíveis, de preservação da biodiversidade e mesmo à manutenção da vida na terra. “Aproveitámos este balanço porque estamos a trabalhar há uma década neste projecto”, salienta o nosso entrevistado, dando a conhecer algumas especificidades do mesmo, ou seja, “criamos uma equipa multi-sectorial que pressupõe políticas de mobilidade, pistas de ciclismo, cerrar o centro histórico ao trânsito e alargar os espaços verdes e, nesse contexto, surgiu a construção de uma candidatura a um projecto que possui uma parceria financeira e institucional bipolar da Comissão Europeia e do BEI para um projecto de sustentabilidade global que foi muito bem acolhido”.
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O transporte eléctrico ou energeticamente sustentável não será compatível no futuro com custos brutais. É acima de tudo importante definir canais exclusivos para o transporte público. Mas radicalmente restritos para que possam incluir tecnologias evoluídas que coexistam em certas horas do dia com tecnologias menos evoluídas. De igual forma, deve ser pensado um sistema que no futuro permita uma actualização sem que sejam necessários custos adicionais brutais e elevados
apanágio desde que assumiu a liderança da autarquia, estabelecendo como vertente fundamental da candidatura, a dinâmica do transporte público. Considerada uma janela de oportunidade por existir uma enorme omissão do Estado, relativamente à política de transportes públicos urbanos, sem ordenação e numa base de um sector inseguro com contratos bastante precários e com concessões tão curtas que não permitem o investimento e a sua programação. “Era necessário encontrar um sucedâneo do ponto de vista da qualidade e tecnologia susceptível de cumprir este papel com custos reduzidos”, advoga Luís Filipe Menezes. Assim, o projecto foi aprovado, tendo Vila Nova de Gaia sido uma das seleccionadas. Este facto ganha maior preponderância e supremacia, se atendermos a que foram somente seis, a nível europeu, os projectos aprovados neste âmbito. “Assim, seis técnicos qualificados irão coordenar este projecto e trabalharão durante três anos apresentando projectos que vão sendo aprovados individualmente e financiados consoante o mérito. Assim, foi assinado e aprovado o contrato e a equipa encontra-se constituída”, afirma o nosso interlocutor.
Levar o know how a nível externo
Quanto à questão da concretização destes projectos em obra Luís Filipe Menezes é mais cauteloso. Não promete que estejam finalizados até 2013 mas ”a minha vontade é que nessa data possamos ter algo concluído. Pretendo que haja pelo menos um plano do ponto de vista conceptual. É, aliás, uma exigência da Comissão Europeia e do BEI, definir um faseamento realista do desenvolvimento do projecto”, confirma o autarca. Luís Filipe Menezes considera que a janela de oportunidade que se impõe é nacional porque se o projecto for positivo pode vir a ser generalizado a outras zonas do País. Por outro lado, “podemos tirar vantagens a nível externo, competindo no estrangeiro com o know-how adquirido e prestando os nossos serviços e conhecimentos a países que começam agora a desenvolver a vertente dos transportes públicos e da mobilidade. Esta investigação está na moda, é o futuro e é necessária. É também uma forma de promover a capacidade económica deste sector e por conseguinte do país”, assegura convicto o edil de Vila Nova de Gaia. O autarca abordou ainda outra oportunidade que pode ser fomentada com
esta aposta concreta. “Houve uma forte consolidação do negócio nos últimos anos. Se num passado recente tínhamos cerca de uma centena de entidades a trabalhar nesta área, hoje há cerca de meia dúzia, o que, obviamente, aporta outra solidez financeira e capacidade de investimento. Assim, promovemos um novo modelo de gestão de transportes mais rentabilizado e com capacidade de responder às necessidades de mais cidadãos”. Vila Nova de Gaia apresenta três grandes eixos do ponto de vista do transporte público: a linha Nascente que liga Castelo de Paiva e passa por todo o interior de Gaia, nomeadamente em Sandim, Olival, Crestuma, Avintes, parte de Oliveira do Douro, Pedroso terminando na Avenida da República. O segundo eixo assume-se como o Norte-Sul, muito centrado na antiga estrada nacional nº 1 e que liga os concelhos do norte do distrito de Aveiro a freguesias do sul de Gaia como Grijó, Perosinho, Serzedo, Sermonde, Seixezelo, parte de Pedroso e dos Carvalhos. O terceiro e último eixo resume-se à zona Ocidental citadina, através da orla marítima e da cidade. “Todo este espaço irá possuir uma harmonia e uma lógica concreta, até porque o projecto obriga a que isto seja explicado de uma só vez. A minha preferência vai para a linha Nascente. Arrisco dizer que Avintes e Gaia vão ser os primeiros contemplados para se poder começar a «ver algo realizado» já até ao fim de 2011.”
Um projecto nacional
O Presidente da Câmara de Gaia afirmou ser importante a comunicação entre o seu grupo de trabalho e empresas como a EFACEC, Salvador Caetano ou até mesmo com instituições como a Universidade do Porto no que diz respeito à elaboração e à investigação do projecto. “Seria interessante edificar um sistema que não sendo completamente nosso tenha um toque português, por exemplo, do ponto de vista do design e que seja aplicável em Vila Nova de Gaia”. Mas há outras tecnologias que a Salvador Caetano está a ponderar juntamente com os seus parceiros no Oriente e na Europa. Fala-se na possibilidade de criação de um veículo com autonomia para cerca de um quilómetro e que, em cada paragem, recarrega através de um sistema electromagnético. O Estado tem linhas de incentivo à produção deste tipo de sistema e às empresas que venham a concorrer à sua exploração utilizan-
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do essas tecnologias. Com este tipo de financiamento abre-se a perspectiva de um concurso a 25 a 30 anos apesar da situação de escassez do nosso mercado financeiro. Para Luís Filipe Menezes, “o transporte eléctrico ou energeticamente sustentável não será compatível no futuro com custos brutais. É acima de tudo importante definir canais exclusivos para o transporte público. Mas radicalmente restritos para que possam incluir tecnologias evoluídas que coexistam em certas horas do dia com tecnologias menos evoluídas. De igual forma, deve ser pensado um sistema que no futuro permita uma actualização sem que sejam necessários custos adicionais brutais e elevados”. “O corredor exclusivo traz qualidade, facilidade e rapidez equivalentes às de uma linha de metro. Tem tradução na qualidade ambiental já que diminui
as emissões de dióxido de carbono e o ruído e estes, por si só, são argumentos mais do que suficientes e vantagens visíveis para a melhoria da qualidade de vida do cidadão. Quanto aos custos e à sustentabilidade “acredito em tarifários harmoniosos e compatíveis. Os custos altos imputados actualmente relacionam-se com o investimento que também é dispendioso. Se o investimento consegue reduzir os custos então a exploração terá por sua vez valores mais baixos. Não tenho dúvidas que com estes projectos finalizados Vila Nova de Gaia aportará uma melhoria evidente na qualidade de vida de todos os cidadãos”, conclui Luís Filipe Menezes, edil da autarquia de Vila Nova de Gaia.
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ISLA de Gaia – Instituto Superior de Línguas e Administração de Vila Nova de Gaia
“Temos de apostar numa valorização contínua” A Revista Pontos de Vista foi conhecer o ISLA Gaia, a mais antiga instituição de ensino superior universitário particular em Portugal, tendo conversado com António Godinho, Director do ISLA de Gaia – Instituto Superior de Línguas e Administração de Vila Nova de Gaia, que abordou as principais temáticas actuais para a instituição, assegurando que a qualidade imposta na orgânica da entidade visa a promoção de valor retratado nos alunos, em prol de um futuro mais próspero e prometedor.
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ISLA de Gaia - Instituto Superior de Línguas e Administração de Vila Nova de Gaia tem como visão institucional ser uma referência de excelência no ensino, reconhecido nacional e internacionalmente por serviços de qualidade e relevância social, com práticas flexíveis, criativas e inovadoras. Quais as principais características do ensino do ISLA de Gaia? O ISLA de Gaia faz parte do Grupo UNISLA, assim como os de Santarém e Leiria, tirando partido de meio século de experiência. O ISLA, a mais antiga instituição de ensino superior universitário particular em Portugal, tem sido sempre inovador em diversas áreas de ensino, ao criar novos cursos de acordo com as reais necessidades do mercado, preenchendo lacunas do restante sistema de Ensino Superior e apostando fortemente na qualidade académica, científica e pedagógica do seu corpo docente. Claro está que, como suporte, dispõe de recursos actualizados e adequados ao ensino que ministra e, não menos importante, incentiva uma relação de proximidade entre o professor e o estudante. O ISLA de Gaia assume-se como instituição de referência na vertente do ensino superior. Neste sentido, de que forma é que promovem o desenvolvimento da região em que se inserem? Para além de procurar dispor de formação adequada às necessidades do Grande Porto, tem reforçado a relação com as mais diversas entidades do tecido empresarial, governo regional, serviço público, associações, etc., tanto para proporcionar uma maior oferta de estágios e emprego para os seus estudantes e diplomados, como para prestar serviços à região e até reajustar a sua formação às reais necessidades do mercado. Vila Nova de Gaia tem conhecido um crescimento exponencial nos últimos anos, sendo fundamental para esse desenvolvimento as denominadas forças vivas da região. Neste contexto, que medidas deveriam continuar a ser promovidas no sentido de dar ainda mais «força e condições» a estas entidades para serem elas as principais promotoras do desenvolvimento do concelho? 48
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Nos últimos anos, Gaia tem feito um enorme esforço no sentido de criar condições para que novas empresas se venham a instalar na região, com todos os benefícios que daí advêm para a população. Isto é um facto indiscutível. Agora, para além de manter essa estratégia, há que projectar os pontos fortes da região e reforçar as relações entre as diversas entidades, as denominadas forças vivas da região, para que em conjunto ganhem maior força e posição perante o exterior. A qualificação dos portugueses tem sido um dos principais desideratos do Exe-
António Godinho
cutivo estatal, desiderato que tem sido levado a «bom porto» por instituições como o ISLA de Gaia. De que forma é que a instituição prepara os jovens no sentido dos mesmos representarem um capital humano que promova o desenvolvimento sustentado de Portugal? Apostando na qualidade. Na qualidade da formação que ministra, pensando sempre no futuro, mantendo-a sempre adequada às reais necessidades do mercado. Para isso, procuramos manter e reforçar os laços com os nossos diplomados e com as entidades que os acolhem.
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O ensino universitário tem sido por diversas vezes «acusado» de formar recursos humanos que não são necessários ao nível do mercado do trabalho. Como é que o ISLA de Gaia analisa este cenário? Como é que se contorna esta inevitabilidade? A meu ver, não acho que seja uma inevitabilidade. Por um lado, as instituições de ensino superior universitário devem procurar dispor de cursos verdadeiramente adequados às necessidades do mercado, nem que para isso se tenham de associar, deixando de se manter orgulhosamente sós, e deixando de se preocupar em justificar os recursos que dispõem no momento. Por outro lado, os candidatos não se devem deixar levar por modas ou pela simples expectativa de uma profissão onde julgam vir a ganhar muito dinheiro. Seria muito melhor para todos, e naturalmente para o país, se a escolha assentasse principalmente nas suas apetências e numa formação de qualidade, de modo a que no futuro venham a sentir-se profissionalmente realizados. Acredito que o resto virá naturalmente por arrasto. O paradigma da educação, aos mais diversos níveis, mudou em Portugal. A mobilidade assume-se hoje como uma importante medida ao nível do conhecimento dos alunos. De que forma promovem programas de mobilidade, promo-
vendo assim o conceito de «Universidade aberta ao Mundo»? O ISLA participa no programa ERASMUS e incentiva os seus estudantes a tirar partido desta oportunidade, que sem dúvida é muito enriquecedora, conhecendo outras culturas, outras vivências. Felizmente a grande maioria dos nossos estudantes já trabalha, o que, para cumprir este programa, não ajuda. Contudo, tem-se notado uma adesão crescente e, inclusivamente, vamos acolhendo cada vez mais estudantes de universidades estrangeiras. Qual a importância, na sua opinião, em apostar na valorização do capital humano? Que relevância pode ter esta aposta ao nível da evolução económica/social do país? A sociedade tem evoluído a um ritmo crescente, em grande parte imposto pelos contínuos progressos das novas tecnologias. Como tal, temos de apostar numa valorização contínua, numa permanente actualização de competências, pensando sempre nas necessidades, não só do presente, mas com o que teremos de enfrentar no futuro. Só assim nos poderemos manter competitivos, tanto a nível pessoal como a nível de país. De que forma organizam ofertas forma-
tivas diversificadas de forma a responder à procura sem descurar as reais necessidades do mercado do trabalho? Existe a preocupação da vossa parte em sensibilizar os alunos para formações que apesar de menos apelativas, são indispensáveis e vitais para o desenvolvimento do país? Como já referi, procuramos manter-nos atentos às necessidades do mercado, auscultando continuamente os nossos diplomados e as entidades que os acolhem. Para além de cursos de especialização tecnológica, licenciaturas e mestrados, devidamente creditados pelo ministério da tutela, estamos conscientes da necessidade e obrigação que temos em proporcionar formação que permita aos nossos diplomados uma valorização contínua. Para tal, promovemos todos os anos cursos de pós-graduação e de especialização, entre os quais alguns financiados.
Quais são as principais prioridades do ISLA de Gaia de futuro? Temos de apostar na qualidade, e a todos os níveis. Para isso, e de entre uma série de objectivos específicos, temos de nos concentrar na qualidade do ensino e da aprendizagem, maximizar as sinergias do grupo em que nos inserimos, incentivar a investigação e desenvolvimento, e na qualidade dos recursos e
dos serviços que prestamos à comunidade. Só assim poderemos corresponder às expectativas dos nossos diplomados, estudantes, docentes, funcionários e entidades com quem procuramos reforçar laços de cooperação. Que mensagem gostaria de deixar a todo o «Universo» do ISLA de Gaia? De uma forma muito simples e sucinta, mantendo um espírito de família, podem sempre contar com o ISLA.
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Apostando na qualidade. Na qualidade da formação que ministra, pensando sempre no futuro, mantendo-a sempre adequada às reais necessidades do mercado. Para isso, procuramos manter e reforçar os laços com os nossos diplomados e com as entidades que os acolhem.
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ISPGaya -Instituto Superior Politécnico Gaya
“Os nossos alunos são uma garantia de qualidade” EQUIPA DO ISPGAYA
O ISPGaya orienta a sua actividade pedagógica para a promoção do pleno desenvolvimento da personalidade da sua comunidade estudantil, promovendo um périplo educativo de referência, de credibilidade e de qualidade que aportam à instituição uma chancela de prestígio e de relevo, indo ao encontro de um dos lemas da instituição: «Futuro com Futuro».
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undamentado em valores humanos, o ISPGaya dá importante relevo à dimensão pessoal e comunitária do indivíduo, formando os seus alunos para a liberdade responsável, a abertura ao futuro, a flexibilidade na mudança, a solidariedade com o mundo em que está inserido, a responsabilidade participativa, o respeito pelas ideias e pela consciência dos demais e o compromisso na construção da fraternidade humana. Não tenhamos dúvidas, o ISPGaya assume hoje um cartão-de-visita relevante, onde os pilares da Instituição, corpo docente, oferta formativa e fundamentalmente os alunos, retomam, dia após dia, aquilo que deve ser o paradigma da Educação de excelência. Neste âmbito, a Revista Pontos de Vista deslocou-se às instalações do ISPGaya, em Vila Nova de Gaia, tendo conversado com João de Freitas Ferreira, Presidente do ISPGaya, Nelson Neves e Justino Lourenço, membros da Direcção da Instituição e Maria Augusta Gomes Oliveira, Secretária Geral do ISPGaya, que numa conversa aprofundada e reflectiva, nos deram a conhecer os principais desafios 50
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impostos à Instituição, à sua forma de estar e de actuar em prol de uma educação de excelência, onde os alunos são o ponto central da sua orgânica, lembrando ainda que a visão de quem rege os destinos do ISPGaya se encontra virada para o futuro, mesmo o que é realizado no presente. Assumindo que além da preocupação em formar indivíduos “para entrarem no mercado de trabalho”, para João de Freitas Ferreira, a visão do ISPGaya passa por uma lógica do que serão as mudanças e alterações futuras, “para assim estarmos preparados para essas transformações”, advoga o nosso entrevistado. Assim, o que tentamos suscitar nos nossos alunos passa por um espírito de pro-actividade e de empreendedorismo, porque é este o caminho”, afirma convicto, deixando a última palavra ao corpo docente da instituição. “Os professores devem interiorizar esta meta, porque se a instituição não puder contar com os mesmos, então todos os projectos, iniciativas e mais-valias não são colocadas em prática, acabando, invariavelmente,
por condenar qualquer instituição de ensino ao fracasso. Felizmente temos conseguido passar esta mensagem e os nossos professores têm sido fundamentais na concretização desse objectivo”. Neste sentido o Observatório para a Qualidade do Centro de Investigação e Desenvolvimento do ISPGaya (CID_ISPGaya) possui um projecto de análise das trajectórias profissionais dos diplomados, estando neste momento em curso o estudo aplicado aos diplomados em Bolonha (4 primeiros anos). Deste estudo resultará uma publicação, tal como já aconteceu num estudo anterior aplicado aos diplomados pré-bolonha. Corpo docente de qualidade insuspeita, alunos dedicados à essência da filosofia da instituição e condições ímpares para a prática do estudo, são características essenciais do ISPGaya e fundamentais para o sucesso de qualquer estudante e por conseguinte de uma Instituição de Educação. Neste sentido, falta abordar a vertente da oferta formativa, pois sem ela, a escola pode ser mais ou menos atractiva, podendo ainda representar uma ténue linha que separa os resulta-
dos razoáveis da excelência e da qualidade. Assim, segundo João de Freitas Ferreira, “o ISPGaya promove a aprendizagem ao longo da vida, concretizada através de Cursos de Especialização Tecnológica (CET’s), Licenciaturas, Pós-Graduações e Mestrados”. Outra forma de promover a qualidade e actualidade da formação do instituto reside na acção do Conselho Consultivo, em fase de activação e que é formado por personalidades distintas de diversas áreas, com o objectivo primordial de orientar e promover uma crítica positiva da Instituição, apoiando-nos na elaboração de planos de futuro que sejam adequados ao desenvolvimento da instituição”, revela.
Aproximação ao universo empresarial
“Os nossos alunos são uma garantia de qualidade”, revela, Nelson Neves e lembra que, aquando da introdução do Processo de Bolonha, o ISPGaya intensificou a aproximação ao universo empresarial, incutindo essa necessidade de formação nos alunos, assim como a introdução de
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temáticas relacionadas com o exterior. O ISPGaya, como Instituição do Ensino Politécnico, promove um nível superior de trabalhos e estudos orientados ao nível prático, embora sem nunca esquecer os fundamentos teóricos. “Temos de valorizar, ainda mais, a componente prática e foi Bolonha que permitiu a formatação destes novos conceitos, que nós enquanto ISPGaya já desenvolvíamos, embora não de uma forma parametrizada, mas por princípios inerentes à natureza da Instituição”, esclarece Nelson Neves. Mas como foi realizado este desiderato? Praticamente todos os cursos do ISPGaya possuem unidades curriculares que promovem e “obrigam” os alunos a desenvolver contactos com empresas e instituições externas ao domínio do ISPGaya, trazendo-as posteriormente ao quadro de escola, “para serem enquadrados na respectiva unidade curricular. Essas empresas e instituições aportam ao interior do ISPGaya e dos alunos um ponto de vista diferente das necessidades, evoluções e tendências do mercado que permite aos nossos alunos estarem atentos e preparados para enfrentar as dificuldades do mesmo”. Além disso, o ISPGaya possui unidades curriculares, como Seminários de Economia e Gestão, unidades curriculares de Projecto em Contexto Empresarial, Seminários de Empregabilidade, entre
outras, focalizados essencialmente na consumação da vertente Politécnica da Instituição nas suas dimensões técnicas, científicas e humanas. O papel das instituições é também fundamental, tal como demonstra a preocupação do ISPGaya que tem vindo a promover actividades autónomas como as 3ªs Jornadas de Informática de Gestão, que decorreram no primeiro semestre deste ano lectivo, e a Semana das Engenharias que está a decorrer actualmente, também já na sua 3ª Edição. “São outras formas que temos para realizar a ligação com o mundo empresarial”,
esclarece Nelson Neves. O contacto dos nossos alunos com a vertente empresarial também se promove através do desenvolvimento da “veia” empreendedora. Neste âmbito, podemos salientar as actividades desenvolvidas com a Inova. Gaia, incubadora de empresas de base tecnológica da Câmara Municipal de Gaia, na qual o ISPGaya é sócio fundador.
Equilíbrio salutar do corpo docente
O ISPGaya promove a aproximação do
Instituto às empresas e fomenta uma formação de cariz mais experimental, política essa que não é de agora no seio da Instituição. “Procuramos equilibrar o corpo docente com professores de perfil “mais” académico e com professores que estejam integrados no meio empresarial”, revela Justino Lourenço, lembrando que esta forma de actuar agiliza as relações entre o Universo Académico e Mundo Empresarial e pode ser considerada pioneira no panorama do ensino superior português, pois apenas recentemente se procedeu a uma reflexão sobre esta temática com a introdução do Processo de Bolonha e com a criação do título de Especialista instituído pelo novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior – Lei n.º 62/2007, de 10 de Setembro.
Actividades de I&D no ISPGaya
As actividades de I&D do ISPGaya passam pelo CID_ISPGaya e pela Wideskills. O CID_ISPGaya é uma unidade orgânica que se dedica à investigação fundamental e aplicada nos vários domínios das áreas científicas do Instituto e promove a divulgação dos resultados dessa investigação nas Edições ISPGaya, como livros publicados e artigos científicos na revista científica da Instituição, denominada Politécnica. A Wideskills é uma empresa criada em 2010 pela CEP
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– Cooperativa de Ensino Politécnico, crl, entidade instituidora do ISPGaya, e constitui uma interface empresarial das áreas científicas do ISPGaya, promovendo a inovação projectos e soluções para a comunidade.
“Processo de Bolonha aporta novas formas de enriquecimento”
Em Portugal desde 2006, o Processo de Bolonha tem vindo a ser defendido por uns e criticado por outros, embora a ideia base é que o mesmo veio para ficar. Interessa lembrar que a ideia base desta iniciativa é que, salvaguardadas as especificidades nacionais, seja possível a um estudante de qualquer estabelecimento de ensino superior, iniciar a sua formação académica, continuar os seus estudos, concluir a sua formação superior e obter um diploma europeu reconhecido em qualquer universidade de qualquer Estado-membro. Tal pressupõe que as instituições de ensino superior passem a funcionar de modo integrado, num espaço aberto antecipadamente delineado, e regido por mecanismos de formação e reconhecimento de graus académicos homogeneizados à partida. Em última instância, o Processo de Bolonha baseia-se numa harmonização generalizada das estruturas educativas, que asseguram as formações superiores na Europa. Nesse enquadramento, os sistemas de ensino superior estão dotados de uma organização estrutural de base idêntica, oferecem cursos e especializações semelhantes e comparáveis em termos de conteúdos e de duração, e conferem diplomas de valor reconhe-
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cidamente equivalente tanto académica como profissionalmente. Que consequências aportou este momento para o universo académico português? Interessa lembrar que a geração dominante actualmente de gestores de empresas foram pessoas “formatadas” pelo ensino anterior à implementação do Processo de Bolonha. Com o Processo de Bolonha, houve a necessidade de transformar licenciaturas e de optimizar conteúdos programáticos, provocando um sentimento céptico inicial do mundo empresarial. Recusando a ideia artificial que com o Processo de Bolonha comprimiram-se cinco anos em três anos, Justino Lourenço reconhece contudo que quando se perde em termos temporais “temos de ter cuidado no momento de se optimizar processos”, reconhece, sublinhado imediatamente por Nelson Neves que esclarece que esse facto, redução da licenciatura de cinco para três anos, “não significa que se possa considerar o actual Processo de Bolonha como algo com qualidade inferior ao passado. Talvez usando um nome errado, é apenas uma licenciatura diferente que permite ao aluno um envolvimento totalmente distinto, pois é chamado a colaborar de uma forma mais pró-activa”, assume Justino Lourenço, atestando contudo que “Não tenho dúvidas que apesar da redução temporal dos cursos, o Processo de Bolonha aporta novas formas de enriquecimento”.
Mobilidade assume-se como vital
O paradigma da educação, aos mais diversos níveis, mudou em Portugal. A
mobilidade assume-se hoje como uma importante medida ao nível do conhecimento dos alunos, sendo portanto imperioso que se promova conceitos diferentes e alternativos, indo ao encontro de Instituições de Ensino Superior Abertas ao Mundo. Ao ISPGaya este conceito não é estranho, apostando fortemente no mesmo em prol da valorização dos seus alunos e corpo docente e da imagem da instituição além-fronteiras. Assim, decorreu entre 23 de Março e 6 de Abril, na cidade do Porto, no Museu Nacional Soares dos Reis, uma iniciativa referente às mobilidades do programa de Aprendizagem ao Longo da Vida, que se assume como uma das medidas da União Europeia e que dinamiza, entre outros, o Programa Erasmus, do qual o ISPGaya também faz parte. “Estamos a coordenar e participar nesse programa intensivo, relacionado com o ensino integrado das Artes na Infância, do qual fazem parte um conjunto vasto de Instituições de Ensino Superior Europeias de países como a Bélgica, Holanda, Espanha, Inglaterra, Finlândia, Estónia e Croácia”, assegura Maria Augusta Gomes Oliveira. A aposta na mobilidade surgiu há cerca de dois anos, com a obtenção da carta Erasmus por parte do ISPGaya, no sentido de promover a internacionalização do Instituto, através da mobilidade dos alunos e dos professores, “que o têm feito sobremaneira. Neste momento temos alunos oriundos da Bélgica, Holanda e
Dinamarca, bem como alunos portugueses em países europeus. É de salientar que existem alunos que no âmbito dos estágios destes programas, foram convidados a permanecerem nas empresas estrangeiras de acolhimento onde ainda permanecem, fomentando dessa forma a sua própria internacionalização”, salienta a nossa entrevistada. O ISPGaya reconhece que a mobilidade não é encarada da mesma forma por todos os alunos, já que havendo no instituto uma preponderância de alunos pós-laborais, estes não apresentam a mesma disponibilidade que os alunos diurnos. No entanto, o aporte positivo do intercâmbio internacional de professores e alunos constitui-se como fundamental no reforço da imagem que possuem da própria instituição. A mobilidade também tem acontecido ao nível dos docentes, valorizando as instituições que os acolhem pelas práticas inovadoras que levam além fronteiras, bem como o ISPGaya, pelas sinergias que se criam no desenvolvimento de projectos comuns que de momento se encontram em candidatura à Comissão Europeia. Por isso mesmo, temos realizado uma forte aposta neste domínio e pretendemos continuar a elevar o desígnio do ISPGaya a outros países em prol dos nossos alunos e do nosso corpo docente”, conclui Maria Augusta Gomes Oliveira.
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ISQ – Instituto de Soldadura e Qualidade
Promover a aproximação ao Universo Empresarial Entidade de prestígio e renome a nível nacional e não só, o ISQ – Instituto de Soldadura e Qualidade, enquanto infra-estrutura tecnológica intervém em diversas áreas técnicas, actuando de uma forma caracterizada pela proximidade ao mercado, transferência de um vasto know how e boas práticas, bem como pela constante actualização dos seus serviços. No fundo o ISQ caracteriza-se por uma entidade que tem promovido sobremaneira a valorização de quadros nos mais diversos sectores tecnológicos nacionais.
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lidade que caracteriza a nossa presença no mercado, mas também em áreas como a gestão, saúde, desenvolvimento pessoal, consultoria no sentido de dar continuidade à aplicação da nossa missão, principalmente nas PME’s que são o tecido empresarial que caracteriza a região onde nos encontramos. Para além desta aposta, a estratégia do nosso crescimento assenta sempre num binómio: - por um lado, a Internacionalização – O ISQ tem uma presença cada vez mais importante no mundo, onde mantemos escritórios, delegações e empresas associadas em Angola, Argélia, Brasil, China, Cuba, Espanha, Guiana Francesa, Irão, México, Moçambique, Noruega e Turquia. Através do ISQ Internacional são realizadas análises de tendências, oportunidades e riscos de mercado permitindo que a nossa presença seja efectiva, dinâmica e sustentada. - por outro, a Investigação e Desenvolvimento, a génese do ISQ , que permitiu desenvolver novos produtos, novos processos de engenharia, boas práticas know how que alavanca hoje, por exemplo, o desenvolvimento de projectos inovadores na região norte como o ECOTERMOLAB ou a certificação pela NP IDI deste Projecto.
ocalizado em Vila Nova de Gaia, o ISQ tem vindo a perpetuar um longo périplo de sucessos ao longo dos anos, sendo actualmente uma das entidades mais referenciadas e reconhecidas a nível local e a nível nacional, apostando em pilares como a credibilidade, qualidade e excelência para se afirmar como um bastião em Portugal. A Revista Pontos de Vista conversou com Sofia Borges de Araújo, Coordenadora do Centro de Formação Norte do ISQ, que revelou as mais-valias impostas na instituição, os projectos que estão a ser delineados, bem como as perspectivas de crescimento no futuro, porque no ISQ o futuro começa agora. Numa fase conturbada e marcada pelos constrangimentos económicos em que vivemos actualmente, quais são os principais desafios e prioridades que se colocam ao ISQ? O ISQ é uma Associação científica e técnica, privada sem fins lucrativos, e a maior infra-estrutura tecnológica do país, que desenvolve uma grande diversidade de actividades de prestação de serviços com um denominador comum descrito na sua missão: “... contribuir para a melhoria contínua da indústria e dos serviços portugueses, com a consequente projecção internacional, prestando ao Estado, Autarquias e às Empresas colaboração ao nível da Transferência e Desenvolvimento de Tecnologia, Inovação de Produtos e Processos, Estruturação de Processos de Gestão e Controlo da Qualidade, Higiene e Segurança, Controlo Energético e Ambiental, e Valorização Sistemática dos Recursos Humanos. A nossa principal aposta passa, portanto, pela criação de um centro de competências de excelência não só nos ramos da engenharia, energia, segurança, qua-
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Sofia Borges de Araújo, Coordenadora do Centro de Formação Norte do ISQ
Não serão estes desafios demasiado ambiciosos? De forma alguma. Repito que o crescimento consolidado em antecipação às tendências do futuro permite que façamos este périplo, ou seja, criação de um centro de competências de excelência, nas áreas da Formação, Investigação e Desenvolvimento, de novos produtos e serviços inovadores, alinhado com as reais necessidades do mercado.
A nossa principal aposta passa, portanto, pela criação de um centro de competências de excelência não só nos ramos da engenharia, energia, segurança, qualidade que caracteriza a nossa presença no mercado, mas também em áreas como a gestão, saúde, desenvolvimento pessoal, consultoria no sentido de dar continuidade à aplicação da nossa missão, principalmente nas PME’s que são o tecido empresarial que caracteriza a região onde nos encontramos
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O ISQ inovou em 2005 quando edificou o ECOTERMOLAB, procurando responder às necessidades emergentes de qualificação de técnicos especializados nas áreas da climatização, eficiência energética e Energias Renováveis. Quais são as grandes mais-valias deste Laboratório? O Ecotermolab é um laboratório de Investigação e Desenvolvimento e de Formação, com uma área de 1780 m2, certificado de acordo com os actuais regulamentos da certificação energética de edifício e qualidade do ar interior, equipado com tecnologia e soluções inovadoras no sector da climatização, energias renováveis e eficiência energética, o que o tornam um edifício energeticamente eficiente. O conceito Ecotermolab nasceu em 2002, tendo sido consubstanciada em 2005. Já na sua origem se pretendeu criar um espaço laboratorial, demonstrativo, integrando várias fontes de energias renováveis, solar térmico; solar fotovoltaico e eólico, tornando-o num edifício energeticamente sustentável. Impulsionados pelo crescimento exponencial das necessidades formativas nas áreas da climatização, eficiência energética e energias renováveis o ISQ repensou o projecto, fazendo-o crescer para novos patamares em que se inclui a investigação e desenvolvimento como parceiro da formação profissional. O Ecotermolab proporciona um ambiente de troca de experiências e saberes numa espiral de conhecimento em que a cada patamar de expertise corresponderá nova onda de desenvolvimento. Ao nível da formação profissional o salto qualitativo conseguido com a existência deste Laboratório é o facto de ser possível passar-se da prática simulada em oficina para a prática em contexto real de trabalho, na medida em que todas as infra-estruturas Técnicas do Edifício – AVAC, eléctrica, AQS, gestão técnica – 54
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além de garantirem o funcionamento do edifício poderão servir de objecto de estudo, demonstração e mesmo intervencionadas pelos próprios formandos no âmbito dos cursos lá realizados, sem dúvida uma mais-valia para o desenvolvimento de competências e um elemento diferenciador no mercado. Outra mais-valia prende-se com o facto de permitir às PMEs, incapazes de se abalançar sozinhas em projectos de I&D para a inovação, procurem usar e usufruir da rede de parcerias do Ecotermolab.
Este projecto é a face visível do que pretendem fazer na região Norte? Também. O projecto Ecotermolab tem como missão acrescentar valor às organizações através de actividades de investigação, desenvolvimento e suporte técnico que permitam o aumento das competências profissionais e tecnológicas das empresas portuguesas do sector da energia pelo que pretende ser reconhecido na Região Norte como um parceiro de excelência em I&ID e Inovação e em organizações nacionais como internacionais. Como objectivos propostos na concepção do Projecto vs resultados atingidos à data Inovação na prestação de serviços à comunidade: espaço aberto, demonstrador e de experimentação de instalações e soluções energéticas uma vez que todas as salas estão dotadas de sistemas de iluminação e AVAC diferentes para permitir comparação, conhecimento de alternativas e monitorização das soluções implementadas Desta forma, o ISQ quer ser diferente e pretende transmitir o que de melhor se faz neste sector, transmitindo o know how que sustenta esse saber e conhecimento e daí termos «conquistado» ECOTERMOLAB, um espaço único no
país, na sua génese e no conceito, que potencia sobremaneira, também nível interno, o ISQ.
Referiu-se à importância dos parceiros do ISQ. De que forma é que os mesmos podem retirar dividendos desta pro actividade do ISQ pelo facto deste integrar as áreas do saber junto dos mesmos, dando-lhes a «beber» estas características e condições que potenciam? Parceiros e inúmeras vezes fornecedores e até memos concorrentes entre si e estão juntos no mesmo espaço, reconhecendo a sua potencialidade na promoção e visibilidade dos seus produtos e serviços, junto dos Técnicos que recorrem ao Ecotermolab, potenciais clientes. Aos actuais parceiros foram impostos requisitos de participação por nível/tipologia de tendo sido seleccionados os seguintes parceiros que aderiram sem reservas ao projecto apresentado: CLEAR, WOLF, METALURGIA VIDEIRA, DAIKIN Portugal, GRUNDFOS, SCHNEIDER, FRANCE AIR, LENNOX Portugal, LLEDO, DOMÓTICA. A participação dos parceiros neste projecto veio introduzir mais capacidade de I&D, permitir que os conhecimentos adquiridos no ECOTERMOLAB estejam um passo à frente do mercado pela rapidez de transferência de know-how através dos departamentos de desenvolvimento das entidades envolvidas ao mesmo tempo que permite uma constante actualização da tecnologia existente pela garantia de renovação dos equipamentos e componentes ao longo do tempo. Enquadrado na missão do Ecotermolab, temos estabelecidas parcerias com PME’s da região norte no domínio da I&D – Investigação e Desenvolvimento, apoiando na elaboração de candidaturas ao QREN por parte dessas PME’s. Isso é óptimo porque muitas destas em-
presas não possuem laboratórios próprios de I&D nas suas instalações para testar e alterar os seus equipamentos, o que está a ser feitos nos laboratórios do Ecotermolab.
De que forma recorreu o ISQ aos apoios do QREN? Qual a importância do mesmo na orgânica do ISQ? Foi bastante relevante, até porque usufruímos do QREN nas suas mais diversas vertentes, sendo que o ECOTERMOLAB é o paradigma de uma candidatura bem-sucedida, pois foi considerado um projecto positivo e aprovado pelas suas inúmeras potencialidades. Usufruímos também dos apoios do QREN no domínio do POPH, ao vermos aprovados e a decorrer em simultâneo 12 cursos de Educação e Formação de Adultos, nas áreas do AVAC; Energias Renováveis e Telecomunicações e Soldadura. O Centro Novas Oportunidades do ISQ surgiu em 2003, tendo sido uma aposta importante do ISQ. Porquê? Que razões levaram a esta aposta durante quase sete anos? Foi entendido como fundamental, sendo mais um pilar para o Centro de Formação da Delegação Norte. Já certificávamos pessoas profissionalmente, mas ao nível do acompanhamento do processo de certificação de competências pretendíamos mais. Assim, quando surgiu a oportunidade de nos candidatarmos a este novo projecto, inicialmente denominado por Centros de RVCC - Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, fizemo-lo imediatamente. O Centro Novas Oportunidades foi uma mais-valia, pelo expoente que fomos, cumprindo sempre a carta de qualidade. Embora com nºs de certificação mais baixos, regemo-nos sempre pelo rigor e ao ritmo dos nossos valores
e não de eventuais pressões vindas do exterior.
Mas encerraram o CNO em 2010… Sim. Decidimos encerrar o CNO em 2010 pelo facto de este não estar a atingir as metas para os quais foi criado e, os princípios de funcionamento que o ISQ defende para um Centro Novas Oportunidades. Contudo, reconheço que foi um processo muito válido e de grande qualidade e impacto na região.
Os CNO’s foram acusados de promover o facilitismo e a complacência. Que análise perpetua destas críticas? Quando entramos no antigo RVCC fomos alinhando com as entidades tutelares as linhas mestras do projecto, embora mantendo sempre uma linha de coerência do nosso próprio procedimento interno, com o desiderato de «remar» a favor dos adultos e não contaminando o projecto. Estamos de consciência perfeitamente tranquila quando ouvimos algumas vozes contra, porque agimos de boa-fé, com ética e valores bem definidos e determinados. Os CNO’s de qualidade e que quiseram promover essa excelência, tal como o nosso, realizaram um trabalho muito positivo em prol da sociedade portuguesa. Aqueles que imbuídos de um espírito economicista e que quiseram crescer aceleradamente e passaram ao lado da fiscalização e controlo fizeram-no e não tiveram resultados tão satisfatórios. Daí as vozes de insatisfação. Embora não as entenda. Que novidades formativas estão a ser delineadas pelo ISQ? O ano de 2011 é, acima de tudo, um ano de concepção de novos produtos formativos que ultrapassam as áreas tradicionais de intervenção do ISQ. Assim, iremos proceder, no seio do ISQ e a curto prazo, a acordos para módulos de formação com uma ligação estreita à Ordem dos Engenheiros. Esses módulos além de serem direccionados para a área das engenharias, serão também sectorizados para o domínio da inovação, da I&D e da internacionalização. Iremos desenvolver formação especializada nas áreas da eficiência energética, de projecto, da soldadura, da segurança, da gestão sustentadas em metodologias formativas inovadoras, atractivas e dinâmicas que promovem o desenvolvimento de competências em vez da transmissão dos conhecimentos. Iremos basear também a nossa actividade na consultoria formativa, de gestão, de engenharia e menos na formação “formatada” promovendo o dinamismo formativo no seio das empresas e organizações, embora mantendo a formação profissional tipicamente característica do ISQ que tem enorme prestígio.
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Soltráfego num minuto
Nome
Áreas de Actuação Posicionamento Statement
Visão e Valores
Carlos Oliveira, Administrador Soltráfego | Soluções de Trânsito e Estacionamento
A
Soltráfego é uma empresa tecnológica portuguesa que desenvolve projectos e instala soluções de Trânsito, Estacionamento e Networking, actuando no mercado de engenharia de tráfego e mobilidade urbana / ITS (Intelligent Transports Systems). Suportada em mais de 15 anos de know-how e experiência no mercado, e com origem numa empresa de cariz familiar a CARLOS OLIVEIRA - a Soltráfego é uma referência ao nível da engenharia, projecto, instalação e gestão da mobilidade e estacionamento no plano nacional. Apostando numa dinâmica de inovação, e proximidade as necessidades do cliente, a Soltráfego foi responsável pelo projecto e instalação de mais de 2.500 sistemas semafóricos e de controlo de velocidade, 350 instalações de estacionamento e controlo de acessos, de Norte a Sul do país, bem como pelo projecto e instalação do sistema de detecção, prioridade e de semaforização de toda a rede do ‘Metro do Porto’, e respectiva manutenção. “A Soltráfego é um centro de competências de engenharia, projecto e instalação, suportando-se ainda em parcerias sólidas com players de mercado e universidades, o que contribui para o posicionamento da empresa como referência no mercado de engenharia de trânsito, mobilidade e estacionamento” refere Carlos Oliveira, Presidente da Soltráfego. Em resposta às necessidades de gestão de estacionamento no mercado nacional, a Soltráfego possui soluções inte56
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Soltráfego – Soluções de Trânsito, Estacionamento e Comunicações, S.A. Desenvolvimento de projectos e instalação de soluções de Trânsito, Estacionamento e Controlo de Acessos
Referência ao nível de engenharia, projecto, consultoria, instalação e gestão da mobilidade e estacionamento, disponibilizando soluções inovadoras e sustentáveis
Simplificamos a mobilidade urbana | Making Urban Mobility Easier Inovação, Tecnologia, Sustentabilidade, Eficiência, Compromisso
Equipa
50 colaboradores
Posição no mercado
Quota de 45 % no mercado de trânsito e 25 % no estacionamento
Facturação
gradas e inovadoras para a gestão do estacionamento, nos diversos níveis: parques de estacionamento, controlo de acessos ou parcómetros. Tratam-se de soluções e equipamentos de última geração, da nova gama da EQUINSA, marca representada em Portugal pela Soltráfego, que conta já com mais de 350 instalações em todo o país, e que se distinguem pelo elevado nível tecnológico, fiabilidade e design. A oferta inovadora da Soltráfego destaca-se pela integração de todas as soluções (Interfonia, Reconhecimento de Matrículas, CCTV, Sistema de Identificação de Lugares, etc.) numa rede IP, bem como pela capacidade de centralização e gestão remota e todas as operações, possibilitando ao operador a obtenção em tempo real de toda a informação (ocupação e utilização do parque, dados contabilísticos, estatísticas ou listas de incidentes). Como soluções avançadas de gestão do estacionamento destacam-se: o sistema GUIA para identificação de lugares vagos e direccionamento dos condutores no interior dos parques (estacionamento assistido); a gestão de matrículas efectuada através do SIGMA (sistema de Reconhecimento de Matrículas) para acessos personalizados; sistemas de CCTV (videovigilância); Informação em painéis exteriores do número de lugares vagos em cada parque (via GPRS ou GSM); e a integração da solução “Via Verde” ou tecnologia Mifare e Calypso como soluções de pagamento intermodal. “O nosso crescimento neste mercado tão
5 Milhões de Euros (2010)
exigente e competitivo resulta também da colaboração entre o nosso Departamento de Inovação e as Universidades, só nos últimos 5 anos colaboramos em 7 teses de Doutoramento e Mestrado”. A capacidade da Soltráfego foi ainda reconhecida com a integração na “Rede PME Inovação” da COTEC, no projecto europeu Living Labs, sendo ainda membro fundador da ITS Portugal, membro como perito do comité ONS-InIR (organismo de normalização sectorial), e membro da Comissão Portuguesa de Túneis, integrada no LNEC. A Soltráfego foi ainda distinguida pelo IAPMEI como PME Líder, pela competência e qualidade do seu desempenho, tendo o seu Sistema de Gestão da Qualidade certificado segundo a norma ISO 9001:2008. Fazendo uma análise ao sector em Portugal, Carlos Oliveira refere que “o sector do estacionamento não é ainda devidamente valorizado em Portugal, e deveria ser encarado como um instrumento de gestão e ordenamento do território. Todas as nossas soluções são projectadas com o intuito de criação de valor acrescentado, e orientadas para satisfazer as necessidades dos gestores dos parques e do utilizador final, simplificando a mobilidade urbana”. Acrescentando que “a preocupação com a sustentabilidade ambiental é um vector das nossas soluções, prestamos por exemplo consultoria na iluminação dos parques, e sensibilizamos os clientes para as vantagens de introdução de soluções inovadoras e sustentáveis, de que o sistema “Guia” é exemplo: ao direccionar os condutores para os lugares vagos
permite uma redução substancial das emissões de monóxido de carbono, e menores perdas de tempo, mas permite também ao gestor do parque conhecer melhor a ocupação do seu parque, e assim encerrar determinada zona em certas horas, por forma a reduzir os custos energéticos”. A Soltráfego está igualmente presente em mercados globais como parceiro especializado em desenvolvimento de projectos, formação e coordenação de equipas, fornecimento/instalação e integração de soluções, suportando-se numa dinâmica de inovação e transferência de know-how e tecnologia com os parceiros. Reforçar a presença no mercado externo, como parceiro especializado em projectos de referência, designadamente em Espanha e França, e nos países de expressão portuguesa como Cabo Verde e Moçambique, é um dos grandes objectivos que a Soltráfego traçou para os próximos anos em termos de internacionalização.
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A oferta inovadora da Soltráfego destaca-se pela integração de todas as soluções (Interfonia, Reconhecimento de Matrículas, CCTV, Sistema de Identificação de Lugares, etc.) numa rede IP, bem como pela capacidade de centralização e gestão remota.
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PV7 // PARQUES DE ESTACIONAMENTO
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Opinião: João Pedro Silva, Administrador da Intelimotion
Melhor Estacionamento, Melhor Ambiente As mudanças climáticas que ocorrem no planeta devem-se, em grande medida, às constantes emissões de CO2 e outros gases de efeito de estufa produto das actividades humanas e em especial, aos gases de escape gerados nos motores de explosão interna presentes nos automóveis. À medida que a utilização do automóvel cresce, crescem também as emissões de gases poluentes para a atmosfera. Esta questão torna-se particularmente relevante no caso do estacionamento.
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s cidades de hoje enfrentam um conjunto muito significativo de desafios urbanísticos, dos quais a mobilidade automóvel é um dos mais preponderantes. Com a tendência generalizada da deslocalização das zonas residenciais para a periferia das grandes cidades, mantendo-se a concentração de actividades terciárias nos seus centros, verifica-se diariamente um fluxo muito grande de entrada de viaturas nas cidades, sendo necessário disponibilizar cada vez mais espaços de estacionamento cobertos de forma a servir toda esta procura. Tem-se assistido também a uma tendência de surgimento de grandes espaços comerciais junto dos centros urbanos. Os Centros Comerciais são cada vez mais destinos diários de qualquer cidadão, potenciando a utilização do seu próprio meio de transporte. Os seus parques de estacionamento são frequentemente de grande lotação e cobertos. Neste contexto, o processo de estacionamento pode tornar-se complexo. A localização de um lugar para estacionar numa superfície vasta e preenchida pode tornar-se demorada, levando a que a circulação automóvel dentro dos parques se agrave à medida que a taxa de ocupação aumenta, aumentando assim a emissão de gases poluentes e degradando o nível de serviço prestado aos Clientes. Para minimizar este problema surgiram
as soluções de Auxílio Visual ao Estacionamento. Estas soluções são concebidas para que um condutor descubra da forma mais rápida e cómoda possível, um lugar de estacionamento livre, minimizando significativamente o tempo gasto a imobilizar a viatura. Através da capacidade de sentir a presença de um carro num determinado lugar de estacionamento, uma solução desta natureza fornece informação em tempo real aos condutores das disponibilidades existentes, permitindo maior comodidade, conforto e rapidez no parqueamento. Esta informação permite sinalizar de forma luminosa quais os lugares que estão livres, contribuindo assim para uma fluidez superior do trânsito automóvel dentro dos parques de estacionamento. A existência de informação em tempo real sobre as disponibilidades de lugares de estacionamento livres, permite também alimentar sinalizadores colocados em pontos estratégicos de circulação, fornecendo informação quantitativa por corredor, área ou piso. Esta informação é depois complementada com sinalética direccional que canaliza os fluxos de trânsito para as zonas com maior capacidade para acolher o estacionamento. A optimização gerada pela utilização destas soluções reduz as deslocações dentro dos parques de estacionamento onde estão implementadas, contribuindo para a redução do consumo de combustíveis e subsequente redução das emissões de carbono. A estas reduções acresce o contributo para a qualidade do ar respirável e a redução dos consumos energéticos com a ventilação da atmosfera. Através de um estudo independente realizado por uma Universidade, foi possível observar uma redução até 70% do tempo de estacionamento de uma viatura e até 50% da redução do percurso até à sua imobilização total. Estas soluções são assim comprovadamente eficazes na redução de gases com efeito de estufa, contribuindo assim de forma decisiva para a sustentabilidade ambiental das actividades relacionadas com a operação de parques de estacionamento. A proposta de valor que as soluções de auxílio visual ao estacionamento trazem para as empresas operadoras é também significativa:
Ao nível da redução de custos: porque reduzem a factura energética associada à ventilação da atmosfera dentro de um parque. Como é possível conhecer a taxa exacta de ocupação do estacionamento em tempo real, é possível também fechar espaços que não estão a ser usados, com toda a poupança de custos operacionais que isso implica, abrindo-os apenas no momento exacto em que são necessários; Ao nível da melhoria do nível de serviço ao Cliente: porque melhoram significativamente a experiência de utilização do espaço, factor ainda mais importante quando se trata de um espaço Comercial, promovendo a satisfação e a fideli-
zação do Cliente; Ao nível do aumento das receitas: porque aumentando a fluidez dentro dos parques de estacionamento, promovem a maximização das taxas de ocupação. Na Intelimotion desenvolvemos a solução Advanced Parking Technlogy, uma solução de auxílio visual ao estacionamento presente em mais de 25.000 lugares em Portugal, Espanha e Brasil. Inovando continuamente, oferecemos soluções de melhoria da mobilidade automóvel aos nossos Clientes, com elevado impacto ambiental positivo. A nossa tecnologia pode ser parte da solução. A outra parte é sua.
PV7 // REABILITAÇÃO URBANA
Fernanda do Carmo, Secretária de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades afirma
“Tornar a reabilitação urbana mais competitiva é o objectivo” Fernanda do Carmo
“A simplificação da criação de Áreas de Reabilitação Urbana tem como objectivo, por um lado, antecipar a aplicação de um quadro administrativo e fiscal favorável à reabilitação urbana que será certamente atractivo para os interessados”. Quem o afirma é a Secretária de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, Fernanda do Carmo, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Conheça mais de uma área fundamental para o país. A Reabilitação Urbana.
O
Governo aprovou recentemente três diplomas para reformar os mercados de reabilitação urbana e de arrendamento. Quais as principais vertentes destas medidas? As medidas aprovadas pelo Governo visam remover obstáculos críticos à reabilitação urbana e tornar a reabilitação de edifícios mais competitiva face à construção nova, incidindo em três domínios: - Simplificação de procedimentos e eliminação de obstáculos burocráticos à realização de obras de reabilitação urbana; - Garantia do cumprimento dos contratos de arrendamento, em particular em caso de falta de pagamento de rendas, condição essencial para atrair novos investidores para a reabilitação urbana; - Relançamento de operações de reabilitação urbana, promovendo o seu financiamento. Os diplomas foram aprovados pelo Conselho de Ministros, em 17 de Março, mas as matérias da sua incidência não dispensam uma intervenção da Assembleia da República, o que nas actuais circunstâncias é inviável, não estando assim concluído o respectivo procedimento legislativo. De que forma é que estas iniciativas legislativas visam a promoção de meios simplificados e de procedimentos mais expeditos em todos os processos de reabilitação urbana? Basicamente, foi criado um procedimen-
to especial para o controlo de operações urbanísticas relacionadas com a reabilitação urbana que visa a simplificação e celeridade dos procedimentos, assente numa maior responsabilização dos projectistas e responsáveis pelas obras e no reforço da fiscalização. Este novo procedimento abrange as obras realizadas em edifícios localizados em Áreas de Reabilitação Urbana ou com mais de 30 anos, desde que as mesmas preservem as fachadas e a altura do edifício, e centra-se no seguinte: - A decisão passa a ser centralizada numa única entidade, designada ou constituída pelo município, sendo eliminados os pedidos de pareceres a outras entidades; - As obras passam a poder realizar-se apenas com base numa comunicação prévia, efectuada com a antecedência de 20 dias, devidamente instruída com elementos de projecto e termos de responsabilidade pré-definidos, eliminando-se a necessidade de licenças ou autorizações; - A autorização de utilização do edifício passa a ser automática, a partir da entrada de uma declaração dos responsáveis pelas obras de que as mesmas terminaram e foram realizadas de acordo com o previsto; - A constituição da propriedade horizontal passa a efectivar-se igualmente com base numa declaração efectuada por um técnico legalmente habilitado, deixando de ser necessária a certificação por parte do município.
São, ainda, estabelecidas medidas para facilitar a decisão de realização de obras em espaços comuns e para agilizar os mecanismos de realojamento dos arrendatários para a realização de obras no locado, aspectos colaterais considerados essenciais para a concretização das iniciativas de reabilitação dos edifícios.
Um dos principais desideratos do programa de reabilitação urbana passa pela promoção da recuperação de imóveis degradados. No entanto, como pode estas medidas fomentar o regresso das populações aos centros históricos e a redução das rendas? Este é também um dos principais objectivos? Efectivamente, nos centros históricos concentra-se uma elevada percentagem de imóveis degradados. Os incentivos à reabilitação urbana, agora previstos, permitirão trazer para o mercado estes imóveis dado que através da diminuição dos custos associados à realização e aprovação das obras e através da diminuição dos riscos associados ao arrendamento, tornar-se-á significativamente mais atractivo o investimento na recuperação do edificado, o que, naturalmente, conduzirá a uma maior oferta e à disponibilidade, a preços mais baixos, de imóveis no centro das cidades. Crê que actualmente os edifícios degradados e abandonados nos centros das cidades não constituem um activo económico para os seus proprietários? Estas medidas vêm alterar esse cenário? Acre-
dita que existe receptividade por parte dos proprietários relativamente à diferença que estes edifícios podem fazer nos nossos centros históricos? A simplificação da criação de Áreas de Reabilitação Urbana tem como objectivo, por um lado, antecipar a aplicação de um quadro administrativo e fiscal favorável à reabilitação urbana que será certamente atractivo para os interessados, e, por outro lado, permitir a condução dos apoios financeiros do QREN, destinados à política de cidades, para estas áreas criando sinergias entre a actuação dos privados, na reabilitação do edificado e a actuação das entidades públicas na requalificação do espaço público, infra-estruturas e equipamentos. Ainda no que se refere ao aproveitamento destas sinergias, importa notar que a reabilitação urbana não é apenas a reabilitação dos edifícios, mas a qualificação e modernização do tecido urbano nas vertentes, ambiental, social, urbanística e económica e que só da conjunção destes dois factores se alcançarão os objectivos de regeneração e atractividade dos centros urbanos, prosseguidos pela política de cidades. A confiança no mercado de arrendamento é também fundamental para que os proprietários concluam que a reabilitação do imóvel é, a prazo, mais vantajosa do que a sua manutenção, numa atitude passiva e muitas vezes especulativa, fora do mercado. LER NA ÍNTEGRA WWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT