Revista pronews 189

Page 1

ano XVI | nยบ 189 jan de 2016

desde 1999



revista

Gastronomia para todos os sentidos

s o m Esta egando Ch


EDITORIAL | LUCIANA TORREÃO Caro leitor, mais um ano se passou e mais um vem chegando. É hora de lutar e começar tudo outra vez. De avançar nas estratégias e investimentos para não deixar a peteca cair. Esperamos que este ano seja melhor do que o que passou, e melhor do que muitos outros, apesar de tantas perspectivas negativas e ameaçadoras. Nesta edição, trouxemos reportagens inspiradoras, a fim de mostrar a diversidade de

ferramentas e estratégias que podem ser utilizadas na comunicação e marketing de maneira geral. Logo de cara, não deixe de ler nossa matéria de capa, que aborda a disputa pelo território da internet e as ferramentas que inibem propagandas e conteúdo em determinadas plataformas. Por falar em plataforma, o aplicativo Adote um cara, mostra como relacionamentos podem se tornar mercadoria, colocando os homens na

ÍNDICE

posição de produtos num supermercado, como numa lista de compras. E como oportunidade é algo que não se deixa escapar, no Mundo Online, o publicitário Flamarion Reis conta como seu blog Tabuleiro publicitário, que era pra ser apenas um portfólio digital, tornou-se referência e vitrine do mercado publicitário baiano.

EXPEDIENTE MID Comunicação (PE)

NOSSA CAPA 16 Entenda como os produtores de conteúdo e publicidade encaram a disputa pelo território da internet

DIRETOR-PRESIDENTE | Walter Lins Jr walter@revistapronews.com.br EDITORA | Luciana Torreão redacao@revistapronews.com.br REDAÇÃO | Ivelise Buarque, Juliano da Hora, Poliana Alencar redacao@revistapronews.com.br PRODUTOR GRÁFICO | Bruno Regis producao@revistapronews.com.br ASSINATURAS | 81 3426.6144 / 3034.6144 producao@revistapronews.com.br DISTRIBUIÇÃO LOGServiços (PE - 81 2123.1455) Jornal Correio - Rede Bahia (BA - 71 3203.1812) Sistema Verdes Mares (CE - 85 3266.9902) www.verdesmares.com.br

PDV 5 | TOP CASE 6 | FICHAS 10 | GIRO 14 CONECTE-SE 26 | OLHAR ACADÊMICO 30 MUNDO ONLINE 32 | CLICK 37 | NA ESTANTE 38

DADOS TÉCNICOS Impressão: Gráfica FacForm (81 3339.6566) grafica@facform.com.br Tiragem: 7.000 exemplares Formato: 22x30cm Tipologias: Swis721 Lt BT / Humanist521 BT Papel: Couché brilho 150g/m² Número de páginas: 40 As matérias assinadas por nossos colaboradores não representam, necessariamente, a opinião da revista. Produza a capa da Revista PRONEWS. Participe pelo e-mail: redacao@revistapronews.com.br

w w w. r e v i s t a p r o n e w s . c o m . b r

4

PANORAMA 24

DESTAQUE 34

Mundo Verde segue crescendo no setor de franquias

Ludmilla Veloso mantém a inquietude como característica e a “Arte da Guerra” como referência

revista de comunicação e marketing NE A Revista PRONEWS é uma publicação mensal da Walter Lins Pinheiro Júnior Editora ME. Empresarial Tacaruna - Av. Agamenon Magalhães, 3341, sls 205/206. Torreão, RecifePE. CEP: 50070-160 Fone: (81) 3426.6144 / 3034.6144


PDV

GRANDES CASES DE EMBALAGEM I A empresa pernambucana Mercato, detentora da marca Kook – Temperos do Mundo, lançou nova linha com catorze temperos no mercado nacional, ampliando seu portfolio para 38 produtos. Os potes da Kook, cujo layout é assinado pela agência pernambucana Elefante Studio Criativo, conquistaram a 9ª edição do prêmio "Grandes Cases de Embalagem", da revista Embalagem Marca. O prêmio visa incentivar e valorizar a busca da excelência nas embalagens brasileiras, premiando aquelas que se destacarem pela otimização do conjunto de seus elementos ou, isoladamente, de um ou mais deles que tenham peso decisivo para a obtenção de resultados positivos para a empresa usuária e para o consumidor final. A empresa optou por embalar os produtos em potes, cuja manipulação na hora de cozinhar é mais fácil, permitindo o uso integral do conteúdo através da prática da pitada.

GARRAFAS COMEMORATIVAS Em 2015, a Coca-Cola celebra 100 anos da garrafa com curvas acentuadas, conhecida como contour. E como parte dessa comemoração, a marca lança garrafas que vão do retrô ao moderno. Para contar um pouco da trajetória das garrafas que fizeram parte da história da marca. Os consumidores poderão beber e colecionar Coca-Cola em garrafas de vidro dos anos 1899, 1900, 1905, 1913, 1915 e 1923. A garrafa contour em alumínio, é a embalagem mais inovadora dos últimos 100 anos. Pela primeira vez produzidas no Brasil, as garrafas de 250 ml entram no portfólio fixo da marca para inspirar mais momentos especiais no seu dia a dia. E as garrafas PET também entram na celebração ganhando novo design inspirado na silhueta da garrafa contour original, trazendo a história da marca por meio dos conceitos herdados da clássica garrafa de vidro, como a letra cursiva – que nesta versão aparece em alto relevo –, a silhueta única e os contornos marcantes.

GRANDES CASES DE EMBALAGEM II A Kadov, marca de vodka Premium da CRS Brands, também conquistou a 9ª edição do prêmio "Grandes Cases de Embalagem". O produto concorreu ao lado de outros 274 projetos, entre eles, de grandes companhias de bebidas do país. A Kadov se destacou pela garrafa exclusiva, desenvolvida pela agência Benchmark Design Total e produzida com exclusividade pela Covet Owens-Illinois. A embalagem da Kadov tem como diferencial a forma cilíndrica e frente chanfrada, com a logomarca e grafismos pintados diretamente sobre o vidro, que provocam um efeito colorido à bebida. A garrafa com design moderno e inovador, proporciona ao produto visual sofisticado, colocando-o no universo das grandes marcas internacionais de vodka.

5


TOP CASE

A DÉCADA DO INUSITADO E TECNOLÓGICO IVELISE BUARQUE Nos anos 2000, muita coisa acontecia no mundo como a morte de João Paulo II, independência do Timor-Leste e os atentados ao World Trade Center e ao Pentágono. No Brasil, não poderia ser diferente, e diversos acontecimentos marcaram a década como um processo de transformação: a mudança política com a eleição do primeiro operário à presidência, a descoberta de petróleo na camada pré-sal e a proibição da veiculação de qualquer publicidade que propague venda de cigarros e outros derivados do tabaco, por exemplo. Contudo, um dos principais marcos ou reflexos desse período para a comunicação brasileira. A globalização que proporcionou um admirável mundo novo, em termos de brainstorm, podemos dizer assim,

beneficiado pelo avanço da internet, o impacto das novas tecnologias e a propagação das redes sociais (como o MySpace e o Orkut). O compartilhamento proporcionou troca de experiências e de informações, que ajudou a repercutir de forma mais rápida, boas e inovadoras ideias que mostraram que esta definitivamente foi a Era da Transformação. Uma época em que o compartilhar, seja lá o que fosse, era a ordem universal e com isso, muita coisa boa, instigante e intrigante foi espalhada, repercutida e conhecida. “Quando a gente ouve a expressão 'memória afetiva', sempre vem à cabeça aquele filme emocional que faz cair um cisco no olho. Não necessariamente. Há uma campanha que fez história e seria extremamente atual nos dias de hoje: BMW Films. Criada pela Fallon (EUA), com o nome “The Hire”, a campanha começou incrível pelo simples fato de não ser um filme de 30 segundos na TV, mas sim diversos curtametragens. Os caras convidaram nada mais, nada menos, que Ang Lee, John Woo, Guy Ritchie, John Frankenheimer para a direção e, como protagonista, Clive Owen, um sujeito que não era ninguém antes dessa campanha”, lembra Rodolfo Barreto, diretor de criação da agência Tudo. Este resgate não é à toa. Com

time impressionante de diretores, produtores, roteiristas e atores, este projeto envolveu série de oito curtasmetragens (em média cerca de dez minutos cada), produzidos para a Internet no começo dos anos 2000, para destacar os aspectos de desempenho de vários automóveis BMW. Realizados em conjunto com alguns dos melhores diretores, os vídeos do The Hire foram dirigidos por cineastas populares de todo o mundo como estratégia de conteúdo de marca. “Para você ter ideia, isso tudo aconteceu entre 2001 e 2002 e o sucesso foi tanto que as pessoas gravavam os filmes em CD para espalhar para os amigos. O YouTube só foi lançado anos depois, em 2005. Há quem diga que a BMW deve voltar com essa série em breve e, por falar em YouTube, os leitores podem dar uma olhada em um dos episódios no link: https://goo.gl/WwktkC”, comenta. O brilhantismo da campanha mencionada pelo publicitário foi tanto que incrementou em 2001 as vendas da BMW em 12,5 e no ano seguinte 17,2%. Além de ajudar a montadora a vender suas Mercedes e colocou em segundo lugar Lexus no mercado de carros de luxo. Nos primeiros quatro meses de exibição, os vídeos foram vistos mais de 11 milhões de vezes e ainda conquistou diversas premiações em 2002 como Grand Prix de Cyber

Criados pela AlmapBBDO em parceria com a produtora Cine, para a cervejaria Antarctica, os vts “Descalço” com Matheus Nachtergaele e “Garimpo” com Toni Tornado 6


Criada pela Fallon (EUA), com o nome “The Hire”, a campanha na TV, convidaram nada mais, nada menos, que Ang Lee, John Woo, Guy Ritchie, John Frankenheimer para a direção e, como protagonista, Clive Owen

Lion em Cannes e "Melhor Ação Short" do Short Film Festival Internacional de Los Angeles, concedido ao cineasta John Woo por Hostage. Hoje, com a marca de mais de 100 de milhões de visualizações, a série Hire integra a coleção permanente do Museu de Arte Moderna (Moma), desde 2003 e é considerada uma das grandes campanhas de marketing deste milênio. INDÚSTRIA DO AMOR Diferente das décadas anteriores, a propaganda no Brasil ganha nova ênfase em diversos níveis com relação mais pessoal e emocional das marcas com os indivíduos. Cada vez mais o peso das estratégias das empresas está pautado em conquistar o amor do consumidor com critérios e abordagens mais criativas. E com isso temos um mercado que estava em ebulição com investimentos que chegaram a 10 bilhões dólares por ano, todos os anos naquela década. E, inspirados no desenvolvimento da comunicação e das possibilidades oferecidas pelo novo cenário, os nossos criativos puderam ousar e abusar com muita propriedade. E, em consequência disso, a publicidade brasileira brilhou como numa na mídia, na rede e nos mais importantes eventos internacionais com o Festival Internacional de Propaganda de

Cannes, em que se destacou entre as quatro mais premiadas e consolidando-se assim entre as mais expressivas do mundo. “Como publicitário e pesquisador meu olhar sobre a publicidade sempre foi o de identificar nestas mensagens o seu potencial revelador de realidades. Cabe dizer que, quando falo de realidade, refiro-me à história. Penso numa história feita do senso comum e que chega a ideia do conhecimento histórico, propriamente dito. Das lembranças individuais à memória viva coletiva como trata o historiador Jacques Le Goff. Percebo a publicidade como objeto de alta potência que aponta para os sentidos dos rumos históricos da cultura e da sociedade que a circunscreve, isto é, seu contexto de circulação”, analisa Eneus Trindade, professor em Publicidade e Propaganda da ECA da Universidade de São Paulo (SP). O momento define o que foi desenvolvido nesta época, neste caso, e sendo assim alguns comerciais ganharam mais destaque do que outros, contudo, o que mais marcou foi o domínio de marcas específicas na mídia, em especial as cervejarias. O que não poderia ser talvez de outra forma na terra do samba, cerveja e futebol. E, observamos uma guerra acirrada da Antárctica, Brahma e Sol para mostrar seu poder de fogo de forma bem humorada e

características, o que ficava fácil de determinar que filme representava qual produto. E, dito isso, quem não se lembra de um dos personagens mais icônicos da televisão brasileira, o João Grilo, interpretado pelo ator Matheus Nachtergaele, oriundo da obra Auto da Compadecida de Ariano Suassuna, cujos trechos também brilharam na propaganda. MARCA REGISTRADA - Os elementos básicos de composição do esperto e inventivo João Grilo foram aproveitados pelo artista paulista, que deu cara nova em 2003 à secular cervejaria em campanha, criada pela AlmapBBDO, com a assinatura "Só se for Antarctica". Produzido pela Cine Cinematográfica, o vt de 60' intitulado “Coronel” mostra a difícil missão do personagem de evitar a tentação das moças de vída fácil da cidade, ultrapassar os desafios da geografia em seu caminho e a incrível distância do Sertão para entregar com urgência a tulipa com cerveja estupidamente gelada para o coronel e, sem pensar, ceder à sede, comprometendo sua vida. Risco que vale apenas “Só se for Antárctica”. Este foi um dos divertidos e bem sucedidos trabalhos em conjunto da agência e da produtora de filmes, uma das três mais premiadas do Brasil nos últimos 20 anos, que ainda rendeu outros projetos para a marca, como 7


TOP CASE

"Existem coisas que o dinheiro não compra, para todas a outras, existe Mastercard". Conceito do trabalho, criado pela McCann de Nova York

“Descalço” (mais um com Matheus Nachtergaele como um bravo nordestino atravessando o sertão sem sapatos) e “Garimpo” com o ator e cantor Toni Tornado, que concretiza o sonho de um garimpeiro com uma cerveja estupidamente gelada. MOTE DE SUCESSO - Emoção, bom humor e consciência do que realmente importa na vida, foram o mote de diversas campanhas memoráveis da Mastercard com a slogan "Existem coisas que o dinheiro não compra, para todas a outras, existe Mastercard". O conceito do trabalho, criado pela McCann de Nova York, trazia o posicionamento da marca de facilitar o dia a dia do cliente que poderia assim se concentrar no que mais lhe importa. Uma investida ousada que produziu diversos filmes de sucesso e premiados, desde os anos 2000, em que prevaleciam do amor à diversão. Os primeiros desses vts mostra uma jovem se produzindo para uma noite romântica com o namorado que fica com cara de bobo ao encontrá-la. A estratégia de comunicação aproximou

a marca dos consumidores e deu inicio a uma plataforma global de construção de marca, que gerou diversos outros projetos nesses quase vinte anos de prevalência no mercado, como o “Meu Brasil não tem preço”, criada pela W/McCann em 2012. Com a ideia de que este meio de pagamento existe para trazer benefícios e deixar as pessoas tranquilas, a investida “Não tem preço” se baseou em pesquisa com os consumidores, mostrou eficácia do marketing conquistando empatia do público (que realizou inclusive relato de histórias reais no site) e recebeu mais de 100 prêmios de criatividade. ALÉM DA IMAGINAÇÃO - No final da década, outra premiada campanha ousou na criatividade com a inusitada proposição, o “Cachorropeixe”, criado pela AlmapBBDO para o carro SpaceFox da Volkswagen e que explora o non-sense em um filme bem produzido e humorado. O comercial de mais de 60 segundos começa com um jovem na praia dialogando com o público sobre um desejo bem incomum: “Eu sonhei que

tinha um cachorro-peixe”, com a música Stand By Me ao fundo. “Este filme foi leão de ouro em Cannes numa categoria ultra competitiva que é a de carros e eu tive a honra de ter sido produtor na agência e participado de todo o processo”, enfatiza Egisto Betti, sócio e produtor-executivo da produtora Paranoid BR. Veiculado entre 2008 e 2009, a publicidade explora a imagem deste simpático personagem fictício em situações diversas no tradicional conceito do “melhor amigo do homem”, e conquistou definitivamente o público, a crítica e o mercado. O filme, produzido em computação gráfica pela argentina Rebolucion, envolveu uma produção multinacional com direção de Armando Bo, e levou não só ouro no Wave e bronze no Clio Awards como conquistou o 56º Festival Internacional de Publicidade de Cannes, na França, que se tornou a mais importante de todas por ser o primeiro ouro do Brasil em filmes nesta premiação, na subcategoria automóveis, depois de 27 anos.

O vt “Cachorro-peixe”, criado pela AlmapBBDO para o carro SpaceFox da Volkswagen, explora o non-sense em um filme bem produzido e humorado 8


ARTIGO | ADRIANO BALAGUER | SENIOR BUSINESS CONSULTANT DA GFT BRASIL

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ATRAVÉS DE DESIGN THINKING O processo de criação de novos modelos de negócios, com o objetivo de atender às atuais, e cada vez mais exigentes necessidades dos clientes, deve ser gerenciado e executado com a utilização de métodos e de processos globalmente reconhecidos. No mercado de serviços financeiros isso não poderia ser diferente, se analisado considerando-se o perfil dos clientes, INSPIRAÇÃO: nesta primeira etapa, as palavras chaves são entendimento, observação e inclusão de novos pontos de vista. Deve-se buscar o entendimento das necessidades do cliente (experiência do usuário) para o qual estamos buscando a solução. Sua realização pode ser feita através de observação, interação e imersão no assunto ou tópico em estudo. As técnicas de brainstorming são positivas e muito produtivas nesta etapa. O processamento e a síntese das descobertas, em conjunto com a inclusão dos pontos de vista da equipe do projeto e dos usuários e clientes, irão formar o design.

Tais projetos incluem a padronização dos canais de atendimento da empresa (digitais e físicos), fazendo com que o cliente possa interagir, e consumir os produtos e serviços da empresa, através de qualquer plataforma, a qualquer, momento e em qualquer

a natureza das transações, os riscos em geral, e obviamente, a receita gerada por este segmento. A aplicação do modelo design thinking pode trazer os benefícios necessários para o sucesso de um projeto de transformação digital. Design thinking é o conjunto de métodos e processos formais para a resolução prática e criativa de problemas e, consequentemente, o

IDEALIZAÇÃO: Aqui a prototipação e os testes começam pela exploração de ampla variedade de possíveis soluções, permitindo-se ir além do óbvio e explorar ou gerar grande quantidade de ideias. O passo seguinte é dar forma às ideias, fazendo com que se possa experimentar e interagir com as mesmas e aprendendo e desenvolvendo a inspiração. A tônica é experimentar e testar os produtos, serviços e soluções e usar as observações e feedbacks recebidos para refinar e melhorar os protótipos. Por fim, nesta etapa aprende-se mais com os usuários e clientes para ajustar o ponto de vista original. lugar. Uma interface agradável, com recursos bem definidos e de fácil utilização são fatores essenciais quando pensamos em aumento de satisfação e a experiência geral do usuário quando conectado aos canais de atendimento da empresa. Enfim, design thinking pode

desenvolvimento de soluções, com o objetivo de melhorar os resultados futuros da companhia. É uma “forma de pensamento” baseada ou focada em soluções, partindo de um objetivo (ou uma melhor situação futura) ao contrário de buscar simplesmente resolver um problema específico. A aplicação do conceito é dividida em três etapas. IMPLEMENTAÇÃO: nesta etapa final, temos a efetiva implementação dos requisitos de negócio, elaboração do plano piloto e criação do modelo de negócio a ser aplicado ao produto ou serviço. É importante ressaltar que não se trata de um modelo linear e, assim como nos projetos ágeis, cada etapa do processo pode ser feita de forma paralela e ser adaptada ou adequada ao projeto em questão. O não sequenciamento e a possibilidade de revisitar as etapas já concluídas é o que trará como resultado a solução mais adequada às necessidades do cliente. Por meio do uso adequado da metodologia design thinking, os projetos de transformação digital poderão ser desenvolvidos com o objetivo de atender diretamente as expectativas dos clientes.

alavancar o entendimento das prioridades necessárias para a empresa entrar definitivamente na Era Digital, investindo primeiro seus recursos onde o impacto percebido pelos clientes seja mais rápido.

9


FICHAS

A VIDA NÃO TEM REPLAY No clima de Verão da Bahia, de diversão, e no ritmo alegre do Axé, a Indústria São Miguel (ISM) lançou campanha do refrigerante Goob com o conceito “A vida não tem replay. Curta com Goob”. As imagens com pessoas bebendo o refrigerante na praia, com amigos, surfando, praticando esportes de aventura e na balada compõem as peças publicitárias, desenvolvidas pela agência Ideia 3, e que estão sendo usadas em outdoor e em mídia bus. Os novos jingles e vt, exaltam a vida e convidam para viver o agora. As peças foram veiculadas em rádios e TVs da capital e do interior baiano. “Se joga na vida, se joga com fé, o tempo não para, curta meu amor...” é a letra de um dos jingles, enquanto o vt lança algumas mensagens como: “não espere o momento certo, não espere um sinal, não espere ter certeza, viva o agora. A vida não tem replay. A vida é muito Goob”. Agência: Ideia 3 (BA) Cliente: Indústria São Miguel (ISM)/ Refrigerante Goob Dir. de Planejamento e Atendimento: Renata Schubach Atendimento: Cláudia Macêdo Planejamento: Janaina Andrade e Marcelo Yamauti Dir. de Criação: Wilton Oliveira Criação: Wilton Oliveira, André Lopes, Diego Leonardo, Leandro Dultra, David “Obama” Franco, Jan Hlavnicka Mídia: Ana Maria Almeida e Ludmila Macêdo RTVCi: Gladson Amaral e Amanda Lemos Produção Gráfica: Vilma Palma e Gilson Azevedo

HOME SERVICE DALLAS

A O2 Comunicação criou campanha de lançamento do Golden Piedade, mais novo empreendimento da Construtora Dallas. Estrelada pelo garoto-propaganda da marca, Carlos Casagrande, a campanha conta com peças como filme para TV, folders, mídia exterior, entre outros. Agência: O2 Comunicação (PE) Cliente: Construtora Dallas Atendimento: Yoran Junior Direção de criação: Yoran Junior Diretor de arte: Felipe Oliveira Redator: Yoran Junior Mídia: Cláudia Gusmão Aprovação: Sérgio Arruda / Manuella Araújo

10


FLAGRANTES DO BEM Um motociclista que interrompe sua rotina para ajudar um cadeirante a subir a calçada. Transeuntes que auxiliam cegos a realizarem travessias nas vias. Voluntários que distribuem alimentação às pessoas em situação de rua ou até mesmo passantes que estendem a mão para empurrar o veículo que teima em não funcionar. A solidariedade contida nas imagens reais das câmeras da Secretaria de Defesa Social são o mote da campanha Flagrantes do Bem, executada pela Blackninja para o Governo de Pernambuco. A campanha visa estimular o pernambucano a perceber o bem ao seu redor e multiplicar estas boas ações. Com filme de um minuto para TV aberta e internet, a campanha tem adequação para o digital e outras mídias. Na mídia impressa, imagem da bandeira de Pernambuco convida o leitor a mostrar seu orgulho com a hashtag #PernambucoMelhor.

Agência: Blackninja (PE) Cliente: Governo de Pernambuco Atendimento: Maria Edith Cunha, Cynthia Beltrão Direção de Criação: Bertone Balduíno, Renata Gusmão e Benjamin Azevedo Redator: Márcio Nazianzeno Diretor de Arte: Filipe Soares, Bruno Moura, Daniel Ferreira, Rodrigo Bonfim e Diniz de Miranda Produção: Durval Sanchez RTVC: Laís Leleu Mídia: Giuhilka Rodrigues e Rodrigo Rodrigues.

ROTA MÍDIA VEICULA FOREVER 21 Dando continuidade ao seu plano de expansão no mercado brasileiro, a norteamericana Forever 21, uma das redes fast fashion mais conhecidas no mundo, inaugurou unidade na capital pernambucana. É a primeira loja da marca na região Nordeste, no Shopping Center Recife, em Boa Viagem, Zona Sul da capital. Para anunciar a novidade, a marca escolheu a Rota Mídia Exterior, empresa no segmento com 100% de cobertura no Estado, para veicular a sua campanha de divulgação. Assinada pela agência Blue Box Comunicação, a campanha segue linha de comunicação bem objetiva. O plano de mídia conta com backbus e outdoor.

Agência: Blue Box Comunicação (PE) Cliente: Forever 21 Atendimento: Mariana Machado Mídia: Augusto Trigueirinho Redator: Luis Meira Diretor de Arte: Eduardo Salles Produção: Claudia Sales Aprovação: Eduardo Barberi 11


WEB

AMPLIFICANDO O QUE IMPORTA Medium cresce em relevância e se mostra um ótimo espaço para construir imagem positiva para marcas JULIANO MENDES DA HORA Vamos lá. Você quer que o seu produto ou conteúdo sejam relevantes em todos os canais, principalmente o digital? Para seguir os passos do seu público-alvo existe uma infinidade de recursos que beira à overdose. Na vasta imensidão de possibilidades que é a internet, é natural que os criadores e empreendedores se sintam perdidos em meio às ferramentas às quais várias tribos adotam pelo caminho. Existe uma em especial, que nasceu em 2012 e vem comendo pelas beiradas, chamada Medium. Já ouviu falar? Aproveite que o seu concorrente também não, e conheça melhor a mais nova empreitada dos inventores do Twitter. O Medium chegou à web anunciado com pompa e circunstância três anos atrás, aos olhos desconfiados de muita gente. A primeira reação foi: “Outra plataforma de blog?” “Por quê eu arranjaria mais uma rede pra ocupar o meu já escasso tempo?” A resposta se encontra no movimento natural da rede mundial de computadores: Ele é cíclico, e tecnologias vêm e vão, cedendo espaço para novos conceitos e usabilidade. O Medium se diferencia dos demais por se livrar da camada de ego em torno do que é publicado. Nele, a estrela não é quem aperta o botão de post, mas o conteúdo em si. Espere um pouco – você pode perguntar. Quem cria e posta no Medium não aparece? Aparece, sim, mas não da forma como conhecemos as plataformas de sites e blogs disponíveis no mercado. Enquanto o Blogger, Wordpress e o Tumblr 12

permitem uma customização para ficar com a cara de quem os utiliza, o Medium adota um design simples e clean que enfatiza o material postado. Em vez das pessoas visitarem o site de fulano, no Medium fulano é encontrado de acordo com as coleções de assuntos que estão sendo discutidos e colocado em pé de igualdade com outros criadores, sejam eles iniciantes ou consagrados. Aqui, são as ideias de Fulano quem ocupam o palco. Ele é medido e valorizado pelo que traz de criativo dentro de si. Portanto, no Medium, não dá pra caprichar na embalagem, se você não tem conteúdo embaixo da casca. COMO FUNCIONA? – Quando você posta algo no Medium, isso é arquivado num grupo conectado de forma temática, chamado de coleção. Tudo isso pode ser promovido por outros usuários que tiveram a chance de ler o que você tem a oferecer, bastando para isso acionar um botão que os permite indicar aprovação ao que acabaram de conhecer. Isso impulsiona determinado post dentro de uma coleção, fazendo com que ele seja visto por outros usuários que buscam conteúdo de acordo com seus interesses. Ainda é possível comentar trechos, seguir autores e coleções, para manter-se informado naquilo que os atraem. O Medium ainda oferece uma curadoria para quem assina sua newsletter, que seleciona textos baseados nas leituras anteriores de cada usuário. Quem assina o Medium passa a receber diariamente a

newsletter com sugestões de textos baseadas em suas leituras anteriores. Entre as personalidades que já aderiram ao serviço, estão o ator Leonardo DiCaprio, os escritores Walter Isaacson, autor da biografia de Steve Jobs, e John Green, de “A Culpa é das Estrelas”, assim como os cantores Bono Vox, do U2 e a estrela do rhythm and blues Alicia Keys. Em setembro de 2014, o Medium iniciou suas operações de fato em território brasileiro, com uma equipe própria no país para atender os usuários tupiniquins. Para quem deseja ficar por dentro das novidades em tempo real, basta seguir o perfil oficial no Twitter, batizado de @MediumBrazil. O gaúcho Leandro Demori é o editor dessa plataforma no Brasil, e afirma que ela é uma ótima alternativa para divulgar o trabalho de autores e editoras. "O Medium é um lugar para as pessoas dividirem ideias e histórias importantes, escritas por qualquer pessoa, desde cozinheiros a aeromodelistas", diz. No Brasil, o Medium tem alcançado a adesão de importantes grupos mediadores de conteúdo e pesquisa, como o YouPix, plataforma criada em 2006 por Bob Wollheim e Bia Granja para discutir a cultura da internet e o seu uso pelo público na criação de movimentos sociais e culturais, além de tráfego de informação. Em abril de 2015, eles tomaram a decisão de parar de postar seu conteúdo no espaço alocado no portal Vírgula (www.virgula.com.br) e continuar dali em diante pelo Medium.


Neste aplicativo a estrela não é quem aperta o botão de post, mas o conteúdo em si

“O primeiro momento do youpix era de trazer awareness (percepção do consumidor em relação a produtos e marcas). Para a cultura de internet e o universo de creators, com pageviews, eventos pra milhares de pessoas, celebração, quantidade, eyeballs e viralidade. Agora, uma vez que a cultura digital quebrou paradigmas e se estabeleceu como uma alternativa concreta à mídia tradicional na disseminação de informação, opinião, entretenimento e notícia, focamos em pensar o que essa revolução culturalcomportamental significa e discutir conteúdo digital e o mercado de creators”, explicou Bia Granja, durante o burburinho causado pela mudança. O gestor de marketing Daniel Lima (medium.com/geraçãoconteúdo) é outro profissional que também aderiu ao Medium. Gerente de Marketing e Comunicação do Núcleo de Apoio à Criança com Câncer em Recife, Pernambuco, ele está experimentando essa plataforma e se mostra satisfeito com o foco no conteúdo como uma estratégia eficiente de troca de informações construtivas e relevantes que podem inspirar criadores e empreendedores. “Comecei no Medium no dia 29 de maio, e notei que os números

do Medium são diferentes e mais objetivos do que dos do Google Analytics. Além do mais, pouca gente o conhece. Na época do wordpress eu tinha um numero diário médio de 200 visualizações. Um mês após ter iniciado meus posts no Medium, eu notei 114 views, apenas com conteúdo sendo replicado pelos próprios colaboradores em suas redes sociais. Aos poucos percebo esse número aumentando, ainda mais sabendo que o texto no Medium não tem prazo de validade como nos blogs, não fica na página inicial por um determinado período. O texto fica girando dentro do sistema por tempo indeterminado. O próprio Twitter oficial do Medium já replicou alguns de nossos conteúdos. É algo muito democrático”, afirma Daniel. COMO CONVERSAR COM SEU PÚBLICO – Se você tem uma marca e deseja utilizar o Medium, basta seguir os passos da BMW, a primeira a patrocinar textos de uma coleção específica. No caso, a empresa apoiou a coleção re:form, que trata de assuntos relacionados a design. Ainda que seja uma forma de monetizar a plataforma, isso é feito de forma coerente com a proposta do próprio Medium: a empresa automobilística se encaixa em formatos que dialoguem

com a postura do site. Essa estratégia se mostra satisfatória para ambas as partes. Como na ocasião a marca desejava promover o 4 series Gran Coupé, nada mais natural que apoiar matérias sobre design assinadas pela consagrada designer Sarah Rich. O modelo de patrocínio em questão incluiu um 'oferecido por BMW' no topo da coleção, e no cabeçalho e rodapé de cada um dos artigos disponíveis. Esta pode ser uma oportunidade para que as marcas construam trajetória apoiada em valores inovadores e de qualidade, por meio de uma presença menos gritante que os velhos banners, popups e animações que tanto pesam no carregamento dos sites, consumindo banda larga e causando a desistência de potenciais leitores. Para medir a eficiência do conteúdo patrocinado, o Medium utiliza um pacote de “minutos de leitura”, um acumulado de todos os minutos que os leitores utilizaram ao ler os artigos. Dessa forma, é possível ver de forma mais qualitativa os valores das campanhas implementadas. Conforme vimos anteriormente, quem dita as regras no Medium é o conteúdo, independente de quem o escreve. Se ele for bom, será valorizado e poderá gerar boas oportunidades de parcerias, atingindo um público que preza pela inovação e criatividade nas mais diversas demandas sociais, culturais, ambientais e econômicas. De posse dessas informações, onde está mesmo a sua desconfiança perante este sistema que já está tomando um tamanho inesperado? Para quem quer se apoiar em valores e engajamento, o Medium é o mais novo território a ser desbravado, com o diferencial de ele oferecer discussões e soluções que são realmente importantes para a sociedade. A hora de se aproximar ainda mais de seu público já chegou. Você vai continuar ignorando? 13


GIRO DESIGN EM FOCO A Associação Brasileira das Empresas de Design (Abedesign), juntamente com a TGI Consultoria em Gestão, está organizando o I Fórum das Empresas de Design de Pernambuco. O fórum formado por empresas como Reserva Comunicação, 2 Abad e Herbert Perman Design, tem o objetivo de aumentar a competitividade das empresas no estado, com oficinas práticas sobre ações mercadológicas, visibilidade, gestão e mercado local. Ao todo, as agências terão 12 encontros até abril de 2016. A capacitação foi visibilizada pela parceria entre a Abedesign e o Sebrae. É esperado que em abril do próximo ano cada uma das agências consiga fechar um plano de negócios individual com a TGI. Só depende da desenvoltura e do crescimento de cada empresa ao longo do evento.

I FÓRUM DAS EMPRESAS DE

DESIGN DE PERNAMBUCO

AMPRO NORDESTE A nova diretoria do Capítulo Nordeste da Associação de Marketing Promocional (Ampro) foi eleita para o biênio 2016/2017, em assembleia que aconteceu na sede da agência AMPLA Comunicação. Foram eleitos, por aclamação, em chapa única, o presidente Márcio Viana, da agência Plural Marketing Promocional (BA), o diretor Administrativo Financeiro Frederico Monteiro, da agência Agogô Promoções (BA) e a diretora Geral Alessandra Pires, da agência Ampla Comunicação (PE). Frederico Monteiro, Márcio Viana, Milton Santana e Daniela Koury (representante da Ampla)

NOVA AGÊNCIA PERNAMBUCANA O mercado publicitário em Pernambuco está mais doce com a abertura da nova agência, a Jujuba Flavor Comunicação e Design, que tem como diretoras Ju Vilaça e Flavinha Marques. Ju Vilaça tem larga experiência na área, tendo atuado durante 15 anos na Gruponove, de onde saiu recentemente para alçar novos voos ao lado da redatora Flavinha Marques. A Flavor Comunicação e Design já está em pleno vapor e fica localizada no Impact Hub, na rua Jacó Velosino, nº 145, em Casa Forte. Os trabalhos da dupla podem ser conferidos no site jujubaflavor.worpress.com

14


NÃO EXISTE MILAGRE A EF Englishtown, maior escola de inglês online do mundo, traz para a TV um dos mais conhecidos atores e humoristas da atualidade, Fábio Porchat. Com o mote "Não existe milagre para falar inglês, faça Englishtown", a agência JotaCom desenvolveu três divertidas peças de 30 segundos. O primeiro vídeo a ser exibido faz brincadeira com os famosos e tão imitados vendedores de programas da tarde. Porchat venderá o English Pillow, um travesseiro milagroso que ensina o idioma e tem o poder de tornar as pessoas fluentes em inglês – basta colocar revistas e livros em inglês dentro dele, dormir, acordar e pronto! Já na segunda peça, Fábio Porchat explica uma simpatia maluca com pena de papagaio e batata inglesa, garantindo que o ritual deixará seu inglês fluente.O filme final é inspirado nas pílulas milagrosas que aparecem em merchans de programas de televisão. Fabio Porchat ao público as Pílulas Inglesas, que fazem falar inglês instantaneamente.

VAI VERÃO, VEM VERÃO A cerveja Itaipava lançou sua campanha de verão 2016. A plataforma publicitária é composta de filmes para TV, spots de rádio, anúncios para mídia impressa, peças para mídia exterior, material para pontos de venda e estratégia digital, e será veiculada em todo o território nacional. Criada pela agência Y&R, a nova campanha “Vai Verão, vem Verão e sua Itaipava continua 100%” reforça o posicionamento da marca nesse período do ano. Os anúncios para mídia impressa apostam em estética moderna, com clima de praia no verão. Os títulos destacam a moda passageira de todo verão e reforçam que “Vai Verão, vem Verão e sua Itaipava continua 100%”. A campanha evidencia também as marcas que algumas coisas podem deixar: marcas boas (como a marquinha de biquíni) e as não tão boas (como as marcas de sol sem protetor). Ações digitais também farão parte da ação. SKOL BEATS SPIRIT A noite só é uma aventura quanto ela tem uma dose de imprevisibilidade. Com este espírito, a campanha de Skol Beats Spirit, bebida mista que acaba de entrar para a família de Skol Beats. Criado pela W+K, traz misteriosa balada na floresta e um espetáculo surreal de vagalumes piscando sincronizados com a batida da música, de autoria do Tropkillaz, banda que faz parte dos Selos Skol Music.

15


CAPA | CONTEÚDOS E PUBLICIDADE ON-LINE

BRIGA DE GIGANTES DIGITAIS JULIANO MENDES DA HORA A internet é uma das últimas maravilhas do homem moderno, certo? Sem barreiras de tempo e espaço, a informação corre solta por ela, ligando indivíduos e amplificando vozes e ideias. A rede mundial foi o martelo que causou a rachadura responsável pela quebra dos muros e paredes impostos pela mídia tradicional, que atualmente mostra sinais de esgotamento, certo?

Errado. Pelo menos, não totalmente. Na dúvida, siga o dinheiro: o capital que financia a inovação também é responsável pelas compras dessas ideias e aquisição de pequenas e médias iniciativas, além de ferramentas que inibem propagandas e conteúdo dos concorrentes, em nome da comodidade do usuário. No meio disso tudo, criadores e profissionais de marketing são mais

uma vez desafiados a fazer com que o peixe que vendem seja entregue aos destinatários – e recebam por isso. Desde a sua criação, a internet vem tomando espaços antes inimagináveis: ela mudou drasticamente a maneira como consumimos artigos culturais, como a música e o cinema, além de diminuir a distância entre empresas, marcas, personalidades e o público. Esse último tornou-se o regulador de muitas pautas e ações sociais, políticas e econômicas, pela mensuração proporcionada na forma de comentários, postagens e compartilhamentos. Em uma velocidade incrível, dados robustos que as pesquisas das décadas passadas demoravam a entregar, hoje chegam de forma espontânea e pedindo mais celeridade nas respostas. Tal como no livro “1984” de George Orwell, ninguém está incólume aos olhos da web. Diante deste cenário de convergência midiática, muitos souberam aproveitar o momento e cresceram junto com a rede mundial de computadores. Mas até onde esse crescimento é igual para todos, e onde ele pode significar uma inversão de valores na essência da própria internet? Nos últimos anos, temos observado a diáspora de internautas a cada rede social criada, ou conjunto de serviços oferecidos por determinada empresa, cada uma com seu ponto forte. Enquanto a Microsoft reinou absoluta durante a era dos computadores de mesa, o Google fez da internet a sua

Fábio Verschoor, sócio da Lead Lovers 16


“Hoje temos duas situações, onde os websites atendem determinadas demandas. Por exemplo, uma empresa pode precisar de espaço onde apresente uma postura mais institucional, enquanto outros se propõem a estabelecer relação mais direta com o usuário”

Fábio Verschoor

matéria prima, pavimentando a sua presença pelo universo digital pelos anos que viriam a seguir. A Apple surgiu com a mesma pegada da Microsoft, e após ter amargado período de obscuridade, reergueu-se no novo milênio, apoiada numa postura com foco em design e inovação, graças à visão de Steve Jobs. Com o advento das redes sociais, Mark Zuckerberg levantou o império que hoje é o Facebook. Cada uma delas está utilizando suas melhores cartas para continuar vencendo no jogo. FIQUE MAIS UM POUCO! – Zuckerberg em especial tem conseguido pautar os últimos passos na forma como acessamos conteúdo e trabalhamos produtos e serviços na internet. Vejamos: muitos de nós usamos o Facebook durante um período que nem nos damos mais conta. Ele não se resume mais à simples conferida das fotos do último final de semana ou para conversar no chat durante o intervalo de trabalho. Nós estamos nele praticamente em tempo integral. A situação

política atual é um forte exemplo do quanto nossas notícias e não-notícias são mediadas por esta rede. Rumores, charges e furos são replicados na timeline, fazendo com que grandes portais notem uma considerável diferença no acesso à sua produção: antes as pessoas iam aos sites e lá buscavam as informações que lhe pareciam mais relevantes. Hoje, há um aumento no acesso a links específicos vindos dos compartilhamentos nas redes sociais. É como se alguém retalhasse um menu de um restaurante e enviasse pratos específicos conforme o gosto dos clientes apurado pelos logaritmos do sistema. Mas aí, o destinatário também perderia de conhecer outros sabores que nem estava procurando, mas poderia se agradar. De qualquer forma, só porque foi segmentado, não significa que esse seja o fim dos menus que ainda resistem na forma de sites, blogs e portais. “Hoje temos duas situações, onde os websites atendem determinadas demandas. Por exemplo, uma empresa pode precisar de espaço onde apresente uma postura mais institucio-

nal, enquanto outros se propõem a estabelecer relação mais direta com o usuário”, afirma Fábio Verschoor, sócio da Lead Lovers, empresa que desenvolve plataforma de ferramentas integradas para marketing digital. E esta relação mais direta não é apenas com o internauta, mas com as empresas que o têm como alvo de suas ações. Percebendo o crescimento desse perfil de compartilhamento de conteúdo, o Facebook bateu à porta de grandes grupos midiáticos para perguntar por que diabos alguém iria querer complicar a vida do usuário e forçá-lo a sair da sua timeline querida. E, assim, nasceu o Instant Articles, direcionado às empresas jornalísticas, cujas matérias, notas e artigos publicados na própria rede social irão carregar dez vezes mais rápido que um link comum. Com isso, blogueiros, jornalistas e editores ficam dependentes do tráfego na rede de Zuckerberg. O seu modelo de negócio, a sua estratégia de publicação acabam por ter que se moldar ao humor dos modelos de negócios do Face, que lógico, cobrará uma boa fatia em cima de um conteúdo com o qual ele não arcou com nenhum custo referente à elaboração do mesmo. Mas como não existe almoço grátis nem na internet, quem se dispõe a marcar território em uma rede social deve se lembrar que antes de mais nada, ela é uma empresa. “Hoje o Facebook e outras mídias sociais são grandes fontes de tráfego e de criação de audiência para produtores de conteúdo. Para mim, ele é a maior fonte de acesso para meu site, pois uso ele para este fim”, pondera a especialista em marketing digital Camila Porto. Desde 2012, ela presta consultoria para empresas que desejam atuar com alta performance no universo digital. Mas ela avisa: não adianta se concentrar somente na timeline das redes e esquecer outros espaços. “Procuro sempre construir minha audiência tanto dentro dele quanto fora, e esse é o erro de muitas empresas.” 17


CAPA | CONTEÚDOS E PUBLICIDADE ON-LINE Camila Porto, especialista em marketing digital

Sobre a disposição do conteúdo dentro do Facebook, Camila é enfática: “isso é opcional. Se uma empresa não quiser que seu conteúdo seja consumido 100% no Facebook, ela pode optar por não fazer isso. Zuckerberg dita as regras e nós é quem decidimos se vamos aderir ou não. Ele está focado na melhor experiência do usuário dele e as empresas precisam entender que o Facebook é um canal de mídia que sempre vai focar no que é melhor para ele. Cabe a quem o usa com fins comerciais, se adaptar ou encontrar formas de se beneficiar de toda a estrutura deles da melhor forma possível para os seus interesses.” Iniciativas como essas traduzem bem a mudança de perfil dos internautas. De acordo com a última pesquisa divulgada pelo Comitê Gestor da Internet (CGI) em setembro de 2015, 81,5 milhões de brasileiros com mais de 10 anos de idade acessam a internet pelo celular. Esse número representa 47% dessa parcela da população, de acordo com entrevistas realizadas em 19,2 mil domicílios entre 18

os meses de outubro de 2014 e março de 2015. Na última edição da pesquisa TIC Domicílios, referente a 2013, esse percentual de internautas que se conectavam via celular era de 31% e 15% em 2011. Sabendo que a experiência com web browsers em plataformas móveis deixa a desejar, comparando com suas versões presentes nos PCs, é natural que Facebook e Apple façam uso da veiculação de conteúdo em suas plataformas otimizadas para uso mobile. O Apple News, por exemplo, é focado no carregamento rápido de notícias nos dispositivos que rodam o iOS. Este é um aplicativo nativo dos dispositivos Apple e conta com parceria de produtores de notícias conhecidos. Infelizmente, pela competição, estes são dois sistemas incompatíveis entre si, que vão contra o perfil de inovação que a internet traz em sua essência. Imaginem se os desenvolvedores da linguagem HTML a deixassem compatível somente com um determinado sistema ou programa? A essência da internet reside

na democratização da informação e na publicação rápida e simples, utilizando padrões que possibilitaram dar voz a quem quisesse. Se hoje existem blogueiros, vloggers e outras atividades relacionadas, devemos a esse caráter da web, que corre o risco de se perder pela combinação de performance aquém do desejado, por culpa de uma briga pelo market share entre quatro grandes empresas. Diante da atuação desses gigantes, quais os desafios que as iniciativas digitais de menor porte, como aplicativos e conteúdo independente, têm pela frente? A fusão ou incorporação por elas é algo inevitável? “O grande desafio é conseguir tração. A tração em cima de usuários é você conseguir motivar o usuário a usar o seu sistema, seu ambiente, de forma consistente e recorrente, pois só isso gera valor”, afirma Fábio Ricotta, cofundador da agência Mestre, que desenvolve marketing digital de performance para empresas como Casas Bahia, Ponto Frio, HP e Nike. Para ele, um bom exemplo de motivação criada que pegou os usuários de jeito foi o Spotify. “Ele tem uma base de usuários fieis, que voltam, que compram e que investem lá dentro, com o plano recorrente, com assinatura mensal, e tudo o mais. Mas chega uma hora em que essas empresas alcançam um nível tal, que acabam atraindo os olhares das gigantes. Foi assim com o Whatsapp, com o Instagram, com o YouTube”. Um bom exemplo de ideias que estão conseguindo seguir adiante frente ao cenário nebuloso da internet brasileira é o site Enjoei. Inicialmente uma página que agregava itens usados do próprio criador e de outros internautas, caiu no gosto do usuário e hoje é praticamente uma rede social em que estão tanto as pessoas que querem vender coisas usadas quanto as que


querem comprar coisas usadas. “Este site está gerando tração cada vez maior. Isso pode esperar o olhar de um cara grande, como o Buscapé ou Peixe Urbano, ou alguém desses grupos grandes que tenha interesse nessa base de usuários e como eles estão interagindo”, explica Fábio. “Hoje, muitos negócios nascem com o maior propósito de ser adquirido por uma grande empresa. Não há nada de errado nisso, pois eles estão gerando valor para si e para a sociedade. Não acredito que seja inevitável. É evitável, mas muitas empresas já nascem com o intuito de serem vendidas. Seja qual for o modelo de negócio, mesmo com grandes empresas é possível sim fazer sucesso. O próprio Facebook recebeu ofertas de compra de empresas como Yahoo e optou por seguir em frente. É a decisão de cada empreendedor vender ou continuar com seu negócio. O fato é: existe espaço para todos no mercado. Apesar de parecer que temos grandes grupos, a cauda longa é enorme e há muitas oportunidades em milhares de nichos”, afirma Camila Porto. “Eu acredito que o Snapchat é o exemplo de quem não quer ser comprado. Por outro lado, existe a lógica de que se você não for vendido você vai acabar com sérios problemas. Porque o cara vai comprar todos os seus concorrentes para minar o seu mercado. Ou ele vai lançar site ou sistema concorrente. Então, acho que é prudente e muitas startups buscam esse exit, (quando um grande tenta fazer a aquisição de um pequeno) e as

que tentam não usar esse método precisam ter uma saída, como é o caso do Snapchat”, reflete Fábio. Enquanto isso, a guerra segue, e aqueles que ainda não conseguiram encontrar seu ponto de tração, mas permanecem firmes no intuito de fazer a diferença, encontram cenário menos promissor. O Google tem a internet, no sentido de ser a responsável por recursos como o Double Click for Publishers, que permite gerenciar todo o inventário de anúncios, administrando não somente os blocos de Adsense, mas também os anúncios diretos. Por outro lado, O Facebook tem o seu próprio aplicativo e ferramentas que otimizam a veiculação de informações dentro dele, enquanto a Apple tem o iPhone, com bloqueadores, que dão aos usuários o poder de se livrar de anúncios, que dentro do Apple News não podem ser retirados. Em outras palavras, para quê pagar DFP ou AdX? Deixe seu dinheiro conosco, para que você possa ser visto por usuários Apple! Dados divulgados em junho pelo jornal britânico The Economist mostraram o crescimento de bloqueadores de anúncios, que embora ofereçam ao usuário navegação mais limpa e rápida, afeta anunciantes e outros sites que tentam se destacar em meio ao mar de conteúdo da rede. De acordo com a pesquisa, mais de 200 milhões de usuários utilizam esse recurso. Só o Adblock atingiu a marca de 400 milhões de downloads. Mas como a guerra é puramente financeira, a Microsoft, Google e Amazon pagam para que o

mesmo Adblock não bloqueie determinados anúncios. “Existem alguns estudos que dizem que nem todo mundo tem ou sabe o que são esses bloqueadores. E eu acredito muito no modelo de publicidade que não seja utilizando sistemas tradicionais, como o Google Ads ou outro modelo que seja fácil de bloquear. A negociação de mídia direta acaba sendo muito mais viável do que você colocar um sistema para disponibilizar anúncios no seu site. Esse é um dos modelos que algumas pessoas vêm adotando. Se você tem um site de conteúdo bacana interessante é legal ter uma página comentando quantos Page Views, quantos engajamentos você tem, quem é seu público, para poder dizer o preço e quanto custa colocar um banner no seu site. Isso acaba sendo uma forma boa de veiculação e monetização. Existem outras formas de ter conteúdo premium e produzir 30% de conteúdo gratuito e 70% de conteúdo pago, mas isso vai muito mais do seu modelo de negócios, do seu nicho e do seu público. Por fim, outros produtores de conteúdo estão migrando para a área de infoprodutos, na qual você pode trazer o conteúdo gratuito e vender para a pessoa um curso, um e-book, um livro digital, ou vídeos mesmo, através de sistemas de pagamento. Essa é uma forma de monetizar um conteúdo mais premium e particularmente falando, acredito mais nesse último modelo”, diz Fábio. Tendo isso em vista, os profissionais de conteúdo e marketing precisam se preparar e aprender um pouco

“Hoje o Facebook e outras mídias sociais são grandes fontes de tráfego e de criação de audiência para produtores de conteúdo.” Camila Porto

19


CAPA | CONTEÚDOS E PUBLICIDADE ON-LINE Fábio Ricotta, co-fundador da agência Mestre

mais, em vez de confiar somente em ferramentas como Facebook ou Google Ads para fazer seus anúncios. “É necessário começar a negociar mais mídia direta com os canais que têm relevância para o seu segmento, aprender a cultivar relacionamentos, fazer contato com o website em questão e negociar preços. Um modelo que talvez a gente já conheça mais da mídia tradicional, como a veiculação em televisão, revista, que está cada vez mais frequente para agências de mar20

keting digital. Acredito que a gente tem que se adequar um pouco mais neste sentido”, conclui. Por isso, a blogueira e YouTuber Julia Doorman, que conta com mais de 40 mil acessos diários únicos no blog Cabelos de Rainha, e mais de 170 mil fãs em seu canal no YouTube, investe em outras trincheiras além do digital. “É necessário estudar todas as possibilidades de estratégias que são pertinentes no momento. Assessoria de imprensa é uma delas, é outro modo de interagir

com o público-alvo”. Julia é adepta das redes sociais como um chamariz para o seu trabalho, e continua fazendo a sua parte para desbravar o universo online, sem esquecer o offline. “No blog eu consigo organizar meus conteúdos por datas e temas, é algo mais perene. Nas redes sociais isso não é possível. Continuo deixando links para acessar meu site e meu canal no Youtube, mesmo usando o Facebook”, afirma. Por isso, quem produz conteúdo e quem trabalha para que esse conteúdo seja conhecido, precisa ter em mente que a internet continuará diversa, apesar do poder dessas grandes empresas. “O usuário tem que lembrar sempre que é ele quem está no comando. Ele é quem decide onde irá consumir conteúdo, onde irá postar o que produziu. O que cada uma dessas empresas faz é criar plataformas e ferramentas melhores que as do concorrente para que sejam as escolhidas pelos internautas. Eu acredito que por maior que as gigantes sejam, quem tem o poder de escolha de onde e como estar é o usuário”, afirma Camila Porto. No Brasil, a discussão acerca do tamanho das fatias que Google, Apple, Facebook e Microsoft abocanham, talvez leve mais tempo para encorpar, pelo fato de ainda haver grande número de pessoas a serem atingidas – a internet não chega a todos os lugares, e restam muitas pessoas que não possuem aparelhos que as conectem. Para alguns profissionais, esses sinais indicam que há espaço para encontrar possibilidades. “Todos os dias, mais e mais pessoas entram na web pela primeira vez, e o segredo não está em ser mais complexo, mais avançado, mas sim, em como atender essas pessoas. É aí que está o grande mercado. Além disso, não sabemos explorar nem 10% do que a internet, o marke-


Reprodução/Internet

PESQUISA DIVULGADA PELO COMITÊ GESTOR DA INTERNET (CGI) EM SETEMBRO DE 2015 81,5 MILHÕES DE BRASILEIROS COM MAIS DE 10 ANOS DE IDADE ACESSAM A INTERNET PELO CELULAR

15% 2011

31% 2013

47%

2014/2015 21


CAPA | CONTEÚDOS E PUBLICIDADE ON-LINE Julia Doorman, blogueira (blog Cabelos de Rainha) e YouTuber

ting digital tem para nos oferecer hoje. Logo, a restrição está no campo de visão de muitas pessoas. Há muito por fazer e há muito para se construir. O melhor está por vir”, pondera Camila. Enquanto não temos a certeza de como será esse melhor, resta fazer o que sempre foi feito: se apoiar no princípio básico de que você precisa se comunicar com seu público. E isso é motivação suficiente para que profissionais sigam observando e estudando as próximas tendências, ouvindo novos talentos, e indo onde está sua audiência. Seja através de vídeos, textos, fotos, aplicativos, não importa. “Nós não temos controle sobre o que vai surgir amanhã, a gente não sabe qual é, por exemplo, o próximo Google ou o próximo Facebook. Existem várias startups, com vários jovens diferentes com ideias diferentes para expor conteúdo. Acho que, na livre democracia, todo mundo tem sua forma de expressão: pode ser numa mídia social, num blog, portal, site independente sem necessidade de uma empresa por trás, pode ser através de um site como o Medium que é muito utilizado nos EUA, e muitas outras. O produtor de conteúdo precisa correr atrás do público em si”, aconselha Fábio Ricotta. O futuro da Internet reside na consciência de quem a compõe, de quem faz a engrenagem da rede girar: os próprios usuários. Nesse ponto, as empresas que se interessam em manter esse campo vasto e livre, devem

caminhar junto com o seu público, através de ações afirmativas e inovadoras, no sentido de lembrá-lo de seu próprio poder. As empresas querem e dependem dos usuários para continua-

rem prosperando. Manter relação dinâmica e honesta é a grande sacada que contribuirá para o surgimento de novas ideias e oportunidades para todos.

“É necessário estudar todas as possibilidades de estratégias que são pertinentes no momento. Assessoria de imprensa é uma delas, é outro modo de interagir com o público-alvo” Julia Doorman

22


CONECTE-SE WWW.BEHANCE.NET/FULALEO

WWW.LETSBEGAMECHANGERS.COM

FULVIO OBREGON O artista colombiano Fulvio Obregon tem um enorme prazer em ilustrar diversas personalidades que ele admira na área da música, cinema e tecnologia. As referências pop são uma constante no portfolio dele. E um de seus últimos trabalhos tem recebido destaque na mídia internacional, como a série “Eu e meu outro eu”, no qual ele junta personalidades como Paul McCartney, Michael Jackson e Steve Jobs ao lado de suas versões mais jovens, de quando eles ainda davam os seus primeiros passos na carreira.

ESSENA O' NEILL Quem acompanhou a internet no final do ano passado com certeza deve ter ouvido falar de Essena O' Neill. Ela foi a Instagrammer que decidiu falar umas verdades sobre o mundo fabuloso das blogueiras e suas vidas perfeitas, recheadas com sorrisos, viagens e muito jabá. Ela abdicou da vida em redes sociais, mas três vezes por semana atualiza um site dedicado à divulgação de livros, filmes e projetos com foco em sustentabilidade, bem-estar e veganismo. “Let's be game changers” convida o internauta a repensar o tempo gasto atrás de curtidas e comentários, e observar outros tópicos que merecem atenção. Vale uma conferida.

23


PANORAMA | MUNDO VERDE

HORIZONTE VERDE E LUCRATIVO JULIANO MENDES DA HORA Quando o empresário Carlos Wizard anunciou a compra da rede de lojas Mundo Verde em 2014, muita gente foi pega de surpresa pela atitude ousada. Afinal, ele havia vendido o Grupo Multi, dono das escolas de idiomas Wizard e Yázigi para a britânica Pearson Education por R$ 1,9 bilhão, e iria passar um ano sabático antes de explorar novos negócios. Mas quatro meses após decidir se presentear com tais férias, adquiriu 100% da maior rede de alimentos orgânicos do Brasil. A Mundo Verde foi criada em Petrópolis, no ano de 1987, pelos irmãos Isabel e Jorge Antunes Jofre. Em sua trajetória, possui larga aceitação pelo seu público-alvo, principalmente nos últimos anos, em que temas como dietas funcionais, estilos de vida mais saudáveis e equilibrados alcançaram patamar de destaque na mídia tradicional e digital. A nova geração de consumidores, especialmente a faixa entre 18 e 25 anos, tem cuidado bastante da saúde e bem-estar nesse sentido, aumentando a busca por estabelecimentos e serviços que supram essa demanda. A empresa já havia sido adquirida pelo fundo de private equity Axxon Group em 2009. Àquela época, a Mundo Verde possuía 126 lojas distribuídas pelo Brasil. Agora, com Carlos Wizard no comando, as metas são impressionantes: abrir mais lojas (ele saltou de 335 para 410

unidades), totalizando 650 até 2018, alcançando faturamento de R$ 1 bilhão. Wizard se mostra dono de otimismo nada ingênuo. Estrategista seria a palavra mais adequada. “O interior do País é um bom campo, pelo fato de ainda termos cidades que não conhecem a rede”. Como todo bom empresário, antes de entrar nesse período sabático, Wizard procurou se informar acerca dos negócios mais interessantes para se investir no segmento de franchising. Tal interesse por esse modelo de negócio é óbvio: no Brasil, ele cresce cerca de 17% ao ano, encontrando-se atrás apenas do mercado dos Estados Unidos e da China. Em seus 28 anos de existência, a Mundo Verde procurou estar à frente do que havia de novidades e tendências em vida saudável e sustentabilidade no mercado brasileiro. Isso fez com que ela se tornasse a maior franquia do seu segmento na América Latina, de acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF). Ela concentra produtos de mais de 1.200 fornecedores e atende cerca de 150 mil pessoas que visitam as lojas em busca de pelo menos um dos cerca de 10 mil itens distribuídos em suas lojas. O sucesso da Mundo Verde está não apenas no foco relacionado à alimentação, mas num estilo de vida como um todo. Por isso é que o mix de produtos também inclui O empresário Carlos Wizard adquiriu a rede de lojas Mundo Verde em 2014

24

suplementos para atletas, cosméticos naturais, incensos, livros, CDs de música, e outros presentes que integram o conceito de saúde não apenas corporal, mas também da mente, do astral e do planeta como um todo, pelos valores e técnicas éticas aplicadas na concepção de cada item vendido. Algumas unidades também oferecem palestras sobre alimentação, cuidados com a saúde e qualidade de vida. “O Mundo Verde mantém o crescimento, pois os consumidores de nossas lojas, produtos e segmentos, são fiéis. É um cenário que está relacionado a hábitos de consumo. Entre as ações para manter a liderança de mercado, destaco a preocupação com o crescimento orgânico da rede, no qual os franqueados possuem mais de uma loja da marca; redução no número de fornecedores, com o objetivo de


conseguir melhores condições de preço, agilidade na distribuição e mais inteligência no abastecimento; inaugurações de franquias Mundo Verde em cidades que ainda não tinham nenhuma unidade da rede (Exemplos: Guarujá-SP, Pelotas- RS, Mogi Mirim-SP, Salto-SP, Luís Eduardo Magalhães-BA, Franca-SP, VarginhaMG, Vinhedo-SP, Lins-SP); fortalecimento das estratégias de marketing e maior presença da empresa na mídia e implantação de Centro de Distribuição exclusivo, localizado na cidade de Jundiaí, interior de São Paulo”, afirma Wizard. No quesito comunicação, a Mundo Verde mostra porque conquistou tantos clientes e admiradores: um relacionamento dinâmico e constante com seus consumidores, tanto em publicações impressas, quanto nos meios digitais. Ela foi uma das primeiras redes de franquia no Brasil a utilizar as redes sociais como estratégia de marketing. Hoje, está presente no Facebook (com mais de 1.116.879 fãs), no YouTube (1.134), no Google+, no Instagram (43.700) e no Twitter (20,6 mil), além do Blog Mundo Verde, atualmente com mais de 80.000 acessos por mês. Tudo isto, aliado a excelência no atendimento resultou na conquista de novos mercados e vários prêmios nacionais, como o de melhor franquia do Brasil em 2004, promovido pela revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, da Editora Globo. Por tudo isso, não é nenhuma novidade que o valor construído pela marca não passaria despercebido por Wizard. Em agosto de 2015, seu toque se fez presente na ampliação da linha de produtos com marca própria, que saltou de apenas 10% do portfolio de itens vendidos na rede, para 30%. O objetivo do empresário é aumentar essa parcela para 50% de tudo que for vendido levar o selo da Mundo Verde.

“O investimento em marca própria traz credibilidade e fortalece a marca, além de fidelizar ainda mais os consumidores, pois são produtos exclusivos que são encontrados apenas nas unidades da rede Mundo Verde. O cliente associa a marca ao produto com a loja. Além disso, reforça e garante o controle da qualidade do mesmo. Tem também uma questão de negócios, estrutural: se antes você tinha dezenas de marcas, hoje consegue aumentar a qualidade, centralizar os custos e melhorar a performance. Só no segundo semestre de 2015, fizemos o lançamento de uma linha de temperos naturais, uma linha de torradas, uma linha de chás, uma linha de biscoitos salgados, o L carnitine 2300 (suplemento feito a base de L carnitina líquida sabor abacaxi) e a Proteína Vegana. Temos mais lançados programados ainda para este ano”, revela Wizard Mais uma vez, a comunicação adotada fez o diferencial nesta etapa, ao utilizar o slogan “Faça os cálculos”, com a intenção de mostrar ao cliente que ele pode encontrar produtos que seguem alto padrão de qualidade a preço justo e acessível. Esta foi a primeira vez que a rede unificou os preços para todo o País. Outro ponto de destaque é a forma como essa articulação midiática é feita. Wizard

decidiu dividir o investimento meio a meio: 50% abrange a mídia tradicional e os outros 50% vão para a mídia digital, focando a estratégia de marketing nas mudanças do perfil do consumidor. Para o futuro, Carlos Wizard não tem receios: momentos que são classificados como crise são propícios para que as marcas fortaleçam sua presença na vida dos consumidores. “Apesar da perspectiva econômica e política totalmente desfavorável, o Brasil é o terceiro país com maior crescimento no setor de franquias e o maior da América Latina, tendo crescido 7,7% em faturamento em 2014, totalizando R$ 127 bilhões, de acordo com a ABF (Associação Brasileira de Franchising).” Para 2015, a entidade estima crescimento da atividade entre 7,5% e 9,0%. Já o número de marcas, aumentou 8%. “Eu encaro esse momento como período de reajustes e não como crise sem precedentes. Por exemplo, na década de 80. Naquela época, se você tivesse uma nota de 50 cruzados na época, não poderia dormir com ela no bolso porque ela perderia o valor no outro dia. Portanto, o cenário pouco promissor de 2015 não pode ser um motivo capaz de impedir as pessoas de realizarem seus sonhos e das empresas de prosperarem. 25


APLICATIVO

SALDÃO DA PAQUERA Aplicativo empodera a mulher com bom humor no jogo da paquera JULIANO MENDES DA HORA Sabe aquela máxima de que “está faltando homem no mercado”? Pois bem, esqueça isso e pegue sua sacola de compras mais charmosa e parta em direção ao aplicativo Adote um cara. Com interface deliciosamente irreverente, os homens são colocados na posição de produtos num supermercado, exatamente como algumas mulheres já fantasiaram em intermináveis discussões sobre como deveria ser encontrar o par ideal. Este app oferece opções variadas de possíveis pretendentes, que são selecionados a partir de tags, como numa lista de compras. As ofertas são amplas: “Gosta

26

de séries?” “É fã de Star Wars?” “É boêmio?” “Tatuado?” “Barbudo?” “Rastafari?” Black Power?” “Aventureiro?” “Tímido?” Tem pra todos os gostos. E para garantir que são as mulheres quem mandam no pedaço, o homem só pode trocar mensagens se for escolhido pela mulher. Além das tags, o aplicativo também é adepto dos “produtos regionais”, e utiliza busca por geolocalização: o aplicativo identifica onde está a "consumidora" e a informa quais os "produtos" que estão disponíveis naquela localidade ou em um raio de dois quilômetros. O Adote um cara é a versão brasileira do francês AdopteUnMec, o

campeão dos sites de namoro naquele país. Desde a sua fundação, há cinco anos, a versão original já alcançou a marca de 5,7 milhões de membros, com 85% dessa turma na faixa dos 18 aos 35 anos. Criado pelos franceses Florent Steiner e Manuel Conejo, o Adote um cara é uma grande inovação por empoderar a mulher no jogo da conquista e fazer isso com muito bom humor, trazendo mais tranquilidade e confiança por parte dos membros. “Nós queríamos mostrar que o fato da mulher ter esse poder de escolha sobre os homens pode ser divertido para ambos”, explica a gerente internacional de Marketing


Clara Bizien. Além da descontração, o aplicativo funciona como forma educativa de mostrar ao público masculino os limites no jogo da paquera, algo que deveria ser levado para o mundo real: No final das contas, se ele não despertou o interesse do sexo oposto, cantadas insistentes só tornam a situação mais desagradável e desnecessária para ambas as partes. NACIONAL OU IMPORTADO? Atualmente mais de 300 mil brasileiros disputam espaço na vitrine com homens de diversas nacionalidades. No Adote um cara é possível encontrar também argentinos, italianos, espanhóis, alemães, mexicanos e outros. Os rapazes do Brasil estão em terceiro lugar no ranking da presença no aplicativo. Para participar, os internautas só precisam preencher um cadastro rápido, com perfil composto de

características físicas e da personalidade. Os homens devem ficar atentos para vender o peixe da melhor forma, ou seja: caprichando no rótulo, com todos os ingredientes presentes no produto, que serão avaliados e adquiridos pelas moças. Muitos dos rapazes chegaram a esta rede social incentivados pelas amigas. No Adote um cara, limite é uma palavra riscada do dicionário das meninas. A máxima aqui é: a quantidade de pessoas que interage com o usuário aumenta a sua popularidade. E, quanto mais popular, teoricamente, mais atraente. Para permitir ser “incomodada” por algum mocinho, as meninas podem enviar mensagens secretas ou apenas colocar o moço desejado no carrinho de compras. O site permite que sejam adicionadas oito fotos ao perfil, podendo ser trocadas semanalmente, assim ninguém fica preso a um visual só. E, como a plataforma tem a

proposta de apenas dar um empurrãozinho na paquera, dados como endereço pessoal, telefone e email são vetados no perfil público, devendo ser reservados durante uma conversa mais íntima. Depois de adquirir o moço, a internauta pode classificá-lo, mas ao contrário do Lulu, outro aplicativo direcionado ao público feminino que gerou muita polêmica em 2014, o lado negativo da insatisfação é substituído pelo humor. Caso não for do seu agrado, não tem problema! Aqui, a política de trocas não lhe impede de optar por outro “produto” na mesma hora! Homens, quem aí tem coragem de assumir a pecha de produto novo no mercado? Meninas, quem aí está a fim de ir às compras? Adote um cara pode ser acessado via site oficial (www.adoteumcara.com.br) ou através de aplicativo disponível para Android e iOS.

27


VIRTUAL

ARMAZENAMENTO EM NUVEM É REALMENTE EFICAZ? POLIANA ALENCAR Atualmente vivemos em uma era tecnológica, a cada dia são lançadas ferramentas, aplicativos e mecanismos digitais. Todas essas inovações permitem que as pessoas tenham mais conteúdos. Com isso, fotos, arquivos de músicas e vídeos, relatórios, dados e documentos fazem parte da rotina de qualquer um. A internet trouxe possibilidades e grandes aparatos. A partir da necessidade humana, novos aparelhos vão surgindo. Em meio a isso, onde guardar tanto conteúdo? Para facilitar a vida dos usuários, surge a nuvem computacional, uma espécie de memória virtual com grande capacidade de armazenar dados, cuja plataforma tem servidores compartilhados por meio da internet. Uma das facilidades do mecanismo é que o usuário não

precisa instalar programas, já que todo o acesso ao serviço é através da rede. Por isso, os internautas podem visualizar em qualquer hora e lugar do mundo. Uma das características da nuvem são os recursos sob demanda e a visão geográfica dos arquivos de forma transparente ao usuário. Nesse contexto, empresas como Google, Microsoft, IBM e Amazon apostaram nesse mecanismo para atrair e manter os internautas. De acordo com estudiosos, esse novo fenômeno é considerado uma “fronteira digital”. Em contrapartida, a insegurança toma conta da nossa rotina. Assim como nossa casa pode ser invadida, será que na internet estamos realmente seguros? Essa pergunta é muito especifica para os dias de hoje, porém, não podemos generalizar e achar que na rede não

Sky Drive - conta com 25 GB, espaço para armazenar diversos conteúdos

28

existe domínio. Sempre surgem esses questionamentos e dúvidas, quando se trata de espaço democrático habitado por todos. Uma das grandes desvantagens do serviço se remete ao acesso, caso perca a conexão, comprometerá todos os sistemas embarcados. As empresas utilizam a plataforma para guardar enormes volumes de dados diários, sem o serviço parecia impossível armazenar tantos conteúdos. Portanto, as plataformas mais utilizadas pelos internautas são: Dropbox criado em 2007, tem como diferencial o serviço de indicações, no qual cada amigo convidado o usuário aumenta a capacidade, podendo chegar a 16 GB de espaço. Já outro bastante usado é o Google Drive, pela questão da velocidade em poucos


O Google Drive é bastante usado pela questão da velocidade

minutos. Além do Sky Drive - que conta com 25 GB, espaço para armazenar diversos conteúdos. Caso o internauta necessite de mais espaço, todas as opções possuem planos que variam, dependendo do serviço. A novidade vem ganhando cada vez mais adeptos. Isso porque os arquivos são colocados na web e os programas armazenam na nuvem computacional, de forma gratuita e acessível. Mas, a questão de que tudo é de todos, parece não agradar muita gente. Logo, surgem os possíveis dilemas: se ocorrer de um usuário perder os conteúdos armazenados, quem será o responsável pela recuperação? A empresa que atua na área tem um enorme banco de dados. Especialistas acreditam que a chance disso ocorrer é quase nenhuma. Um exemplo são os emails, que armazenam dados por vários anos. Ou seja, levar

documentos para nuvem tem se tornado cada vez mais seguro, porque os mecanismos estão ganhando usuários que buscam a ferramenta, pela questão do custo e da praticidade. Com o aumento significativo da nuvem computacional, novas plataformas especializadas surgiram com o intuito de proteger os conteúdos na rede. Como atualmente são desenvolvidas diversas ferramentas digitais é preciso estar atento às inovações. Assim, como surgem várias possibilidades para os usuários, surgem também os desafios. isso porque os criminosos virtuais estão sempre prontos a quebrar protocolos de segurança, espalhar softwares, invadir dados e provedores. Por isso, profissionais das diversas áreas da computação e de TI buscam saída para conter os invasores.

Outro ponto a citar é a legislação, que contribui para se ter segurança na internet. No Brasil não existe uma lei especifica. O Marco Civil da Internet, aprovado em 2014, estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso devido da ferramenta. Ou seja, a Lei 12.965/14 trouxe benefícios quando o assunto é segurança na rede. Porém, não há dúvidas de que a computação na nuvem tem se tornado uma realidade cada vez mais presente. Pesquisadores acreditam que a plataforma é extremamente eficaz, porque seria impossível armazenar todos os dados e conteúdos em um espaço físico. Deste modo, essa nova realidade veio para contribuir com empresas e os próprios usuários, que precisam guardar seus documentos por 5, 10, 15 ou 20 anos de forma segura e, sobretudo, confiável. 29


OLHAR ACADÊMICO

QUEM TEM MAIS CREDIBILIDADE, O JORNALISTA OU O BLOGUEIRO? MARINA SOARES | WWW.IMAGILENDO.COM TIFANNY VALENTE | WWW.FLASHCMD.COM SUZANA VALENÇA | WWW.SUZANAVALENCA.COM

30

Tanto o webjornalismo quanto os blogs, surgiram na década de 1990. Mas na época, não tinham muitas semelhanças. Os blogs eram espaço online usado como diário pessoal. Os usuários utilizavam esses sites para relatar seu dia a dia, rotina e sentimentos, ou seja, assuntos pessoais. Já o webjornalismo surgiu quando a tecnologia passou a possibilitar a publicação instantânea das notícias e mais interação com o público. De lá para cá, muita coisa mudou. Os blogueiros começaram a escrever sobre temas específicos, se especializando e, assumindo, muitas vezes, postura de jornalista. Foi crescendo a quantidade de blogs sobre cultura, arte, economia, esportes, etc. Por isso, hoje, autores de posts em blogs e jornalistas que postaram matérias na internet "disputam" os mesmos leitores, o mesmo espaço, os mesmos anunciantes. Nesse contexto, em

quem o consumidor deposita mais credibilidade? Essa foi a pergunta central do estudo que realizamos. Sob a minha orientação, as jornalistas Marina Soares e Tifanny Valente escreveram o artigo “Blog vs webjornalismo: a credibilidade da informação na era digital” como projeto de conclusão da pós-graduação em Comunicação e Marketing para as Mídias Digitais da Estácio. Durante a produção, foram conduzidas entrevistas com jornalistas de um dos maiores jornais pernambucanos e blogueiros de grande visibilidade no estado. Pesquisa quantitativa com leitores de ambos os meios foi executada na internet e diferentes fontes acadêmicas e referências bibliográficas foram consultadas. Tudo isso para, por fim, termos em mãos boas perguntas e ideias, mas não necessariamente respostas definitivas. Os sites de notícia online

seguem linhas editoriais específicas e, claro, abordam diversos assuntos. Os blogs, entretanto, tendem a focar as publicações em determinado tópico. Há quem entenda esse fato como a principal diferença entre os dois formatos. Se o leitor busca informações detalhadas sobre, por exemplo, quadrinhos, vai encontrá-las em blogs. Se quer se informar sobre as últimas notícias, em diferentes áreas, acessa sites jornalísticos. Mas, é isso mesmo? Até onde vai a credibilidade de um blog? Como é feita a apuração das notícias? Dá para confiar no blogueiro e no jornalista online? O que diferencia o blogueiro do jornalista? Existe algum filtro de informações para o texto do blog como há com o texto jornalístico? As jornalistas fizeram essas perguntas para leitores, jornalistas e blogueiros. Os resultados foram bastante interessantes.

Marina Soares

Tifanny Valente

Suzana Valenca


AS PERGUNTAS – A credibilidade dos blogs, em geral, não é colocada em cheque pelos leitores, que cada vez mais recorrem a esse grande universo online para checar várias fontes. Aqueles que responderam o questionário virtual informaram que a formação em jornalismo não aumenta a credibilidade de um autor de textos para a internet. Mas há um “porém”. Os leitores acham que o diploma não os faz confiarem mais no blogueiro, contanto que este tenha formação no assunto sobre o qual ele escreve. Os pesquisados também disseram que o atrativo dos blogs está no fato de eles, em geral, oferecerem diferentes opções de interação pelas redes sociais e que os blogueiros incentivem a participação do público leitor. Perguntados sobre preferências entre blogs e sites jornalísticos, os entrevistados mostraram não estar muito cientes ou interessados nessa “disputa”. Na busca por informação, o leitor consulta as opções disponíveis e os dois formatos estão plenamente estabelecidos como repertório de dados para os consumidores. AS RESPOSTAS (?) – Por outro lado, as entrevistas com os profissionais de comunicação mostraram que há pontos de vista bastante diferente quando o assunto é a atuação de blogueiros e jornalistas. Todos os consultados concordaram que, independente de onde a informação será publicada, é essencial ter comprometimento e responsabilidade nos processos de apuração e redação. Os entrevistados, entretanto, divergiram na hora de definir de que maneira esse cuidado deve ser exercido. A principal diferença apontada é que os jornalistas tendem a ter acesso direto aos agentes das histórias sendo reportadas. Os blogueiros, geralmente, compilam materiais disponíveis sobre o fato sendo narrado, utilizando, inclusive, produções jornalísticas como fonte. Quando o assunto é o “furo”, blogueiros e jornalistas enfrentam

pressões diferentes. É certo que os leitores esperam que sites jornalísticos sejam mais rápidos que blogs na hora de noticiar fatos extremamente recentes, os plantões e os acontecimentos urgentes. O factual e o “breaking news” ainda são território quase que exclusivo dos jornalistas. Entretanto, blogueiros conscientes de suas responsabilidades como formador de opinião também afirmaram ser preciso desacelerar o ritmo de publicação em troca de uma apuração mais cuidadosa. Tanto sites quanto blogs sabem que é necessário manter a credibilidade junto aos leitores. Se os jornais online mantém a credencial de fonte confiável de informação por dispor de profissionais diplomados e especializados, os blogs buscam esse mesmo status mostrando ter conhecimento sobre os temas reportados e atenção no processo de apuração. Outro fator que diferencia blogs de sites jornalísticos é a relação que cada um mantém com seus departamentos comerciais. Enquanto que nas redações de veículos online, os profissionais responsáveis pela criação de conteúdo e venda de anúncios sequer dividem o mesmo espaço físico. Em alguns blogs, o profissional responsável pelas duas tarefas é a mesma pessoa. O blogueiro é, na maioria das vezes, o dono da página, o contato comercial, o repórter, o colunista, o fotógrafo e o diagramador. O formato é interessante exatamente por permitir que qualquer um seja “o dono do jornal”. Mas quando os blogs atingem a condição de formador de opinião, essa proximidade com a publicidade ameaça a credibilidade do meio. De formas semelhantes, tanto jornais e revistas online e blogs precisam de recursos vindo da publicidade para se manter. Para os webjornalistas, na maioria das vezes, a relação comercial entre o veículo no qual atuam e as empresas anunciantes é algo sobre o qual eles não têm controle. Em um mundo ideal, os acordos financeiros dos veículos não iriam interferir na produção dos

conteúdos. Já para o blogueiro, a vida comercial e a vida editorial da página caminham bem mais próximas. E esses veículos que oferecem as mais variadas formas de unir, cada vez mais, as duas coisas. Posts patrocinados, publieditoriais, reviews pagos, são tipos de publicações que crescem como alternativa financeira entre os blogs. E aí, como fica a relação com os leitores? Como se manter e ter lucro sem perder a credibilidade do público? A pesquisa mostrou que os consumidores respondem bem à medida que as ações promocionais são feitas de forma clara. É interessante notar que, por muitas décadas o jornalismo “tradicional” tem tido que lidar com os questionamentos da influência e o papel da publicidade. Agora é a vez dos blogs buscarem a melhor maneira de equilibrar a equação anúncios x conteúdos de forma a manter a credibilidade juntos aos leitores e se manter comercialmente interessante para os anunciantes. AS IDEIAS – Os blogueiros ficaram cada vez mais profissionais e os jornais online se aproximam do leitor de forma que suas versões impressas jamais conseguiram. Parece que os dois formatos “aprenderam” um com o outro e evoluíram. Com isso, blogs e os sites de notícias estão, igualmente, na lista de referências dos leitores quando eles citam suas fontes de informações. Entretanto, os dois continuam sendo veículos diferentes. Com problemas, vantagens e processos diferentes. Essas particularidades, e o fato de elas serem variadas, só beneficia o leitor, que pode ter acesso a um dado ou notícia de formas distintas. Talvez não exista o formato mais confiável. Mas sim, casos e casos dentro das duas possibilidades. Cabe ao leitor, e isso o nosso estudo não percebeu, entender bem as diferenças entre cada uma dessas fontes, saber suas relações comerciais e editoriais, e escolher bem qual o veículo mais interessante, e confiável, para cada tipo de conteúdo. 31


MUNDO ONLINE | BLOG TABULEIRO PUBLICITÁRIO

UM TABULEIRO DE NOTÍCIAS PARA O MERCADO IVELISE BUARQUE

Rafaela Lomanto

Tabuleiro é um substantivo masculino para denominar uma peça de madeira, usada para diversos fins. Mas ainda representa espaço plano em qualquer edifício, por exemplo. Uma palavra com vários usos e um nome para um blog que faz um retrato do mercado baiano: o Tabuleiro Publicitário (tabuleiropublicitario.blogspot.com.br /), criado em 2010, por Flamarion Reis, que em apenas cinco anos de existência foi indicado e certificado pelo Top Blog 2010, 2011, 2012 e 2013, júri popular na categoria Comunicação e Marketing. “O Tabuleiro surgiu inicialmente com o propósito de expor o meu portfólio. No entanto, eu sentia falta na Bahia, de um veículo que mostrasse o que as agências baianas fazem e a valorização do mercado. Então, comecei a usar

esse espaço para isso e me vi atolado de releases de agências de todo o Brasil. Mas, a preferência hoje ainda são os trabalhos de agências baianas ou de marcas atuantes no estado. Quanto ao meu portfólio, até hoje não foi totalmente digitalizado”, lembra o publicitário, que apostou em plataforma simples e gratuita que atendesse à necessidade inicial. Da ideia de blog portfólio no meio digital, o espaço alcançou outro status, mas que também proporciona outro tipo de retorno. “Através dele, fui convidado a escrever artigos para diversos veículos, inclusive de fora do país. E, em junho deste ano, quando ainda estava nos Estados Unidos, recebi o Prêmio Excelência em Qualidade Brasil e o título de Comendador em Comunicação Integrada (Publicidade, Marketing e Jornalismo), oferecido pelo Instituto Brasileiro de Liderança (Braslíder), em São Paulo”, destaca com orgulho Flamarion. Inspirando-se em propostas voltadas ao cenário de marketing de todo país (como a nossa Revista Pronews, o Propmark e a Meio & Mensagem), o blog busca valorizar a propaganda nordestina, tornando-se catálogo para profissionais e estudantes. E, assim, o que as agências locais e as marcas fazem, quais as ações de comunicação desenvolvidas por lugares inusitados (como a Patagônia e a Ilha de Páscoa) e estimular a criatividade, inclusive provocando "choque cultural", a partir Flamarion Reis

32

de experiências do seu próprio criador mundo afora em viagem únicas. “Normalmente tento fazer uma dessas viagens uma vez por ano e já saio de lá com pautas para algum veículo; a moda usada em campanhas, que depois rendeu o blog Moda TB, mas depois decidimos focar apenas no Tabuleiro como ele é e deixamos os demais links de lado, porque, eu preciso pagar contas, tenho os meus projetos, ambições... e não posso ficar focado apenas no Tabuleiro”, diz Reis. E o resultado dessa experiência diversificada em comunicação rendeu, inclusive, novas experiências para Flamarion, que levou o Tabuleiro a migrar até para a mídia tradicional, ao virar coluna em revistas. “Até já recebi convite para assumir o marketing de um empreendimento e quando falei do Tabuleiro, foi colocado em pauta o tempo que é desprendido para o blog. Mas, o Tabuleiro é feito em meu tempo livre. É uma das minhas diversões, motivações e estímulo para seguir em frente nesta atividade que tanto amo. É uma fonte de criatividade e referência para mim e para vários outros profissionais. Falar em desistir do Tabuleiro é como invadir a minha privacidade”, enfatiza. Preocupado em aproveitar todas as possibilidades do mercado de comunicação, a atuação do Tabuleiro Publicitário está interligado com a atuação da empresa do publicitário, a UP Conteúdo Criativo, com gestão de redes sociais, que passou os


últimos cinco anos divulgando as publicações do blog em grupos segmentados nas redes sociais que possui. E, com isso, o fluxo de fãs, seguidores e curtidas nas redes sociais hoje geram números de audiência e views atrelados aos da agência. “Como diz o ditado 'em casa de ferreiro o espeto é de pau', e só agora montamos fanpage do Tabuleiro e nem a divulgamos ainda - nem para os amigos. A nossa falta de tempo também acaba fazendo com que a audiência altere bastante”, comenta Reis. Contudo, apesar desses desafios e das preocupações com relação à descaracterização do blog, o espaço já conta com mais de 320 mil views de profissionais de comunicação e apaixonados por propaganda, oriundos de vários países: Brasil, Estados Unidos e Alemanha, os três com maiores número de acessos e, destacando-se a liderança brasileira. Um público mais do que expressivo para o blog que consegue dialogar com esses leitores, mesmo que sua interação seja tímida. Eles fazem os seus comentários em suas próprias postagens, além de começar sua participação na recém criada fanpage do Tabuleiro. Mas, a integração com os fãs e interessados ainda se faz pelo e-mail, com o recebimento diário de uma centena de releases e notas. “É a partir deste material que selecionamos os materiais reescrevemos e, muitas vezes, fazemos pesquisas e levantamentos de mais informações extra-releases”, ressalta ele que ainda aproveita viagens para brainstorm de conteúdo. Apostando assim no conhecimento e no relacionamento com o público, o blogueiro e profissional de marketing acredita que blogs, sites e portais são ambientes que envolvem estratégias de mídia diferenciadas e com retorno garantido quando se anuncia onde o público está. E, por isso, acredita que o

caminho do mercado é cada vez mais evoluir no que diz respeito a isso. Um caminho sem volta, em que canais online e o meio online crescerão ainda mais futuramente, fornecendo desta forma grandes possibilidades para quem investir no mundo digital. “Blogs e sites são bem segmentados hoje em dia. Já portais, são capazes de manter em sua estrutura uma segmentação variada. As mídias online também são boa oportunidade para anunciantes por verem seus investimentos serem proporcionais aos cliques que cada anúncio obtém. Além disso, as oportunidades de ter redes sociais altamente rentáveis e com um investimento reduzido são uma grande chance para a captação de novos clientes e ampliação das vendas”, enfatiza Flamarion. Em sua opinião, uma das grandes vantagens do meio online é o fato dele permitir o desenvolvimento de ações em conjunto com outras empresas ou programas de fidelização. Desta forma, obtém-se recompensas para os clientes com produtos e serviços em troca de informações capazes de deixar o foco de cada marca cada vez mais

assertivo. “De nada adianta focar o conteúdo em notícias da própria organização. Para gerar audiência, sobretudo entre o público que interessa em cada setor. É necessário realizar pesquisa, muito planejamento e até estudo de mercado envolvendo o micro e o macro ambientes. O difícil é convencer, inclusive os pequenos anunciantes, de que a melhor forma é mesclar todo esse conteúdo”, comenta. E, assim, é possível superar a competitividade no mundo atual, especialmente para os novos profissionais, que, por outro lado, dispõem de série de possibilidades atualmente. “Participar de cursos, seminários, congressos - ampliar o campo de visão. Ter foco no cliente já que um publicitário atua em diversos setores. Encarar estágios em diversas áreas da comunicação - até para saber com a qual mais se identifica. Até mesmo porque hoje os novos profissionais possuem série de oportunidades que vão desde ao acesso a experiências internacionais, à divulgação de seus jobs através das redes sociais e até o mundo online com novas e mais imediatas oportunidades”, completa. 33


DESTAQUE | LUDMILLA VELOSO

EM BUSCA DO ÊXITO DIÁRIO IVELISE BUARQUE Cearense de berço, mas pernambucana de coração, Ludmilla Veloso leva uma vida quase itinerante e que talvez siga à risca uma das citações mais icônicas do seu filme predileto, Waking Life (USA, 2001): “Your life is yours to create”, que é um conceito muito pertinente ao seu dia a dia. Afinal, o que pode ser mais expressivos do que as opções desta profissional, formada em economia com especialização em tradução, que se tornou uma das primeiras analistas em SEO (Otimização para buscadores) do Recife, e hoje é diretora de conteúdo da Naranya Market Brasil e sócia-fundadora da NOgap Ventures (Portugal). “Acho que grande parte da minha vida mais nômade se deve à minha infância. Como minha mãe é funcionária pública, até os seis anos de idade tinha morado já em quatro cidades. Nasci em Fortaleza, aos três meses, fui pra Recife, depois Petrolina e Caruaru e voltei pra Recife aos seis anos”, lembra ela, que optou pela carreira inicial por influência do avô que a motivava a seguir uma carreira diplomática. No comando, atualmente, deste novo empreendimento em Portugal, que ainda está em fase de abertura, Veloso busca levar ideias brasileiras para o outro lado do Atlântico e manter os centros de suas ações na área que abraçou há anos. “Eu sempre gostei de tecnologia, fazia blogs quando era adolescente e sempre me mantinha informada. Mas, 34

na Faculdade Frassinette do Recife (Fafire), tive a oportunidade de realmente trabalhar com isso. E, foi na cara e coragem, não tinha um planejamento digital feito para o Núcleo de Línguas e eu fui lá e fiz e me meti, mesmo. E, graças a minha coordenadora na época e ao pessoal de comunicação que deixou eu me meter, deu muito certo. Fiz um monte de testes e aos 26, já com uma carreira um pouco mais definida, decidi voltar a ser estagiária da área digital, como analista de SEO, na Cappen. E o mais engraçado, minha chefe tinha 19 anos”, diz ela que teve oportunidade de atuar como gestora da campanha de matrículas do Núcleo de Línguas da Fafire, antes de trabalhar na Cappen. Sua primeira escolha profissional, a faculdade de Economia, deveu-se à influência do meu avô Em Recife, não tinha ainda o curso de diplomacia. O que lhe rendeu algumas habilidades interessantes. “Falo quatro línguas: inglês, espanhol, alemão e óbvio português. Arrisco dizer que depois da temporada em Portugal, até português de Portugal também, o pá!”. Sua trajetória na área é extensa, inclusive, com destaque ativo como empreendedora tendo fundado ainda a Freeck Digital Marketing e atuado na Associação Brasileira de Startups. Essa interação com tantas coisas diferentes, mas com certa interligação em alguns aspectos é uma das características de sua inquietação

profissional, sua própria persona e do cenário de mercado. “Foi sempre muito orgânico, que foi acontecendo e eu estava disposta a esses desafios na época. Acho que tem uma combinação da minha personalidade e do mercado ser rápido e as ideias nascerem e morrerem com muita facilidade. Esse é o mercado do fail fast, ou seja, falhar logo e recriar, não é um mercado focado em longo prazo em termos de produto, é criar, testar, falhar, recriar, testar, falhar e isso pode levar anos, até haver sucesso”, assume. Não é à toa que a profissional vem se destacando no cenário não só nordestino como ainda nacional. E o mais importante é que ela encarou desde o princípio seus desafios com toda a garra necessária para empreender ainda em universo desconhecido, numa época de muitas transformações. “Naquele tempo que eu comecei, o mais difícil era vender o serviço, que era muito novo para o Nordeste e, ainda no Brasil, era algo novo. Ainda hoje não faz parte da estratégia de algumas empresas”, recorda ela, que superou as barreiras do Clube dos Bolinhas. “Não senti barreira profissional na área de marketing digital, estávamos todos construindo e não senti muito esse preconceito. No entanto, na área de startups, principalmente, em Recife, há preconceito e as mulheres tem dificuldade de participar nos espaços, principalmente, como colocou, recentemente, uma grande amiga,


Ludmilla Veloso ladeada por Karina Martins e Carolina Godoy

que atua na área de empreendedorismo feminino, a Deb Xavier, por conta de que muitos dos eventos e workshops e o que envolve esse universo não foi conceituado para mulheres”, comenta. Talvez a facilidade para enveredar com destreza neste universo venha da preparação para seguir carreira na diplomacia, inclusive com o domínio de três línguas além do português (inglês, espanhol e alemão). E suas habilidades diversas são importantes para empreender no mundo digital, assim como experiências variadas fazem toda a diferença no mercado atual, em sua opinião. “Eu acredito muito na criatividade brasileira. Ainda acho que veremos grandes coisas sendo realizadas. No momento ainda estamos copiando mais que criando. Mas eu acredito na real possibilidade de crescimento. O grande problema é a quantidade de impostos e a

dificuldade de empreender no país. O perigo é justamente as pessoas começarem a pensar e acreditar que a melhor coisa é emigrar, aí teremos uma fuga de cérebros muito séria. Para termos mais chances de sucesso é realmente aquela de sempre: educação e se capacitar cada vez mais. Empreendedor tem que se virar nos 30, em qualquer situação e logo mais”, destaca. É neste cenário que está a nossa transformação empresarial, com uma fatia de idealizadores que buscam inventar o seu próprio trabalho dentro do que chamamos de economia digital, que é a mais barata. Uma forma de produção e de realização que vai ser cada vez mais normal, viável e econômica para o País e para quem quiser apostar em sua capacidade criativa para empreender. “Já que não existe alto custo de estoque, você não precisa de escritório e não precisa contratar

pessoas, tudo é possível com um computador e uma conexão, e as suas ideias”, diz. E é neste universo que estão as startups no Brasil hoje, que se congregam em um cenário real de expandir no país. ”A economia agora é cada vez mais a economia do conhecimento e das ideias. Eu acredito na total inclusão de pessoas dos mais variados backgrounds e experiências e não é nem por idealismo político nem nada, é apenas por lógica cartesiana biológica mesmo, aquela coisa da evolução das espécies, quanto mais diversidade tem o sistema, mais anticorpos vai ter e mais bem sucedida vai ser a sua replicação”, completa. Exercer diariamente faceta empreendedora é, contudo, essencial para o sucesso no mundo dos negócios e em um processo de gestão, pois o aprendizado diário e através de exemplos reais se tornam imprescindíveis para a concretizar qualquer coisa. Essa experiência é mais do que fundamental na gestão de negócio no meio online, em que é preciso manter meios próprios para atingir metas, alcançar audiência e crescer junto ao público. “Na questão da gestão, eu acredito sempre que deve se manter a operação enxuta. Só contratar quando não houver mais nenhuma capacidade ociosa dos sócios e ter as atribuições e papéis dos sócios muito bem definidos. Quanto aos meios para crescimento, cada negócio terá suas particularidades. Mas se é online dificilmente você vai conseguir fugir de fazer aquisição orgânica (SEO, ASO, assessoria de imprensa, redes sociais, blogs, conteúdo, e-mail marketing, newsletter) e aquisição paga (adwords, downloads patrocinados, mídia em geral)”, 35


DESTAQUE | LUDMILLA VELOSO Ludmilla Veloso no Web Summit 2014

enfatiza. Em sua opinião, as premissas de um negócio sempre são as mesmas, qualquer que seja a situação. É preciso manter a cabeça aberta para interações, até alcançar o sucesso neste mundo globalizado e tecnológico. Isso independe de estarmos vivendo em meio a inovações e plataformas multimídias que estão sendo um grande desafio para muitos profissionais, marcas e empresas. “Não acho que dá para fazer médias e parâmetros e receitas com produtos/serviços, já que são muito variados e os públicos alvos também são bem diversos”, acredita. Desta forma, para que os profissionais contribuam efetivamente nos resultados dos projetos e no processo de aproximação das marcas com o público e as organizações têm que discutir tanto conteúdo, relevância e sustentabilidade das coisas e na vida das pessoas, nesta época de transformação. “Para se aproximar mais dos meios tecnológicos e ter algo mais relevante sendo feito pelas marcas, é necessário entender a jornada do cliente e cada vez realmente entender que o cliente não tem razão e que muitas vezes as pessoas realmente não sabem o que querem. As pessoas compram

soluções para os seus problemas, não produtos/serviços. Acho que, a partir daí, já faz com que qualquer marca/empresa/profissional consiga ter diferencial interessante”, destaca a especialista, que é referência em estratégias particularmente nas técnicas de potencializar e melhorar o posicionamento de motores de busca em sites (SEO). Hoje, o peso deste mercado para app stores está inclusive em crescimento e pode gerar bons resultados para os negócios. “SEO é extremamente importante para posicionamento de apps nas lojas, principalmente para Google. O mercado mobile está em aquecimento e ainda está no início.

Em muitos lugares já se tem mais celulares que pessoas”, opina. O Brasil é realmente um país com potencial para usar a abusar – e com sucesso - do potencial desta era digital, apresentando bons trabalhos nas mais diversas frentes, desde as startups, empresas de marketing digital, webcelebridades nas mais variadas mídias (Blogs, Vlogs, Twitter, Facebook e Instagram). “Cada dia acho que estamos ficando melhor. Temos muito bons profissionais de conteúdo, SEO, blogueiros e vlogueiros. As webcelebridades fazem parte da estratégia. Eu acho que ainda tem muito espaço para crescer, mas minha experiência, principalmente agora, trabalhando mais perto do mercado latino americano (sou diretora de conteúdo do Naranya Market Brasil, uma empresa mexicana com atuação em 17 países na América Latina) é de que nós somos bons, e há real interesse de se criar bons conteúdos”, reforça que se define através das palavras de Fernando Pessoa: "O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito". Ludmilla Veloso no Weekend Aracaju 2014

36


CLICK | MARCUS VINÍCUS SOUZA | MVSS@TERRA.COM.BR

A PIPA A pipa sobe, sobe os sonhos, sobe a alegria A criança corre puxando a linha para ver as rabiadas Ela sobe, desce, gira, sobe ligeira, cai Nos movimentos do vento Na habilidade do mestre da alegria A criança, a pipa, o papagaio, a coruja Dança o balé da alegria no céu azul do Recife Deslizando na vida e na imaginação E a vida prova mais uma vez que A felicidade é uma linha no ar. CÂMERA: Nikon D90 LENTE: Sigma VR 28-300 ISO: 200 Exif: 1/800s F 8 – 300mm

PESQUISA DESMISTIFICA MARKETING OMNICHANNEL A Rakuten Marketing, empresa global de estratégias omnichannel, acaba de divulgar os dados de pesquisa desenvolvida em parceria com o The CMO Club – grupo de executivos de marketing fundado em 2007 e que, atualmente, reúne mais de 850 líderes de todo o mundo – sobre as tendências para o investimento em marketing crosschannel nos próximos meses. O relatório, intitulado ”Desmitificando o marketing omnichannel para criar uma estratégia vencedora a CMOs”, traz entrevistas com clientes da Rakuten Marketing dos Estados Unidos, Inglaterra, Japão, Canadá, Austrália e Brasil. Entre os destaques do estudo, está o fato de que a maioria das companhias (55%) ainda pretende implementar estratégia omnichannel (integração total de canais). Dentre elas, 29% planejam fazê-lo nos próximos seis a 12 meses. CMO (Chief Marketing Officer) designa alguém que ocupa o posto de diretor executivo de marketing. O crescimento no investimento em marketing de display também

aparece como tendência global, com destaque para o Brasil, que refletiu um aumento de 58% no último ano, seguido do Japão (20%), Estados Unidos (18%) e Austrália (15%). Isso demonstra que, cada vez mais, as empresas percebem a importância da estratégia omnichannel para ganhar vantagem competitiva, com resultados mensuráveis. Ainda segundo a pesquisa, os consumidores realizam cada vez mais suas compras por meio de smartphones, o que tem fortalecido a performance em marketing para esse tipo de dispositivo. Para se ter ideia, houve crescimento de dois dígitos no investimento para todos os canais. Porém, quando se fala de dispositivos móveis, o aumento em marketing de busca foi de 145% na comparação ano a ano. Em campanhas de display, chegou a 402% no mesmo período. A pesquisa revela, ainda, que apenas um quarto do total de entrevistados (26%) afirma não ter planos de implementar estratégias omnichannel. Quando questionados

sobre os maiores desafios para a execução, 64% indicam falta de recursos necessários para o sucesso do plano. Outros desafios incluem a insuficiência técnica para integração de dados (52%) e analítica para sua interpretação (61%). “Fica claro em nosso estudo, que as estratégias omnichannel são prioritárias na maioria das companhias, porém, ao mesmo tempo, é controversa a falta de recursos, integração e ferramentas de análise. Acredito que esses entraves estão diretamente relacionados à dificuldade de medir resultados”, destaca Alessandro Gil, Country Head da Rakuten Marketing. Com relação à mensuração de resultados, 35% responderam que “atualmente não utilizam nenhum meio robusto para mensurar as técnicas” e avaliar os resultados dos esforços de marketing cross-channel. “Por perceber essa necessidade, a Rakuten Marketing tem focado seus esforços na análise e otimização da mensuração, por meio das inovações tecnológicas em suas plataformas e serviços”, completa Gil. 37


NA ESTANTE

UMA PERGUNTA POR DIA, de Potter Style, Editora Intrínseca, 368 páginas Todos os dias, criamos imensa quantidade de registros em celulares, redes sociais e aplicativos. No entanto, quase nunca temos o hábito de retornar a eles. Às vezes podem parecer só besteiras, mas quantos desses relatos não mostrariam nosso crescimento e nossas mudanças em todos esses anos? “Uma pergunta por dia” convida você a registrar suas respostas a uma variedade de questões, das mais simples às mais complicadas, como “Para onde você quer fazer sua próxima viagem?” ou “Escreva a primeira linha da sua autobiografia”. Em cada página há espaço para cinco respostas, uma por ano, ao longo de cinco anos. Com o passar do tempo, quando voltar a um dia já anotado, o dono do diário encontrará seus pensamentos anteriores, num exercício divertido e construtivo de recordar e refletir.

O CIRCUITO DOS AFETOS, de Vladimir Safatle, Editora Cosac Naify, 512 páginas Qual o sentido da política no mundo contemporâneo? Este livro procura oferecer novos paradigmas políticos num momento em que tanto as utopias de esquerda quanto o próprio capitalismo encontram-se em descrédito. Para isso, o autor reconstitui um fio que parte de Aristóteles e sua teoria dos afetos, passa por Espinosa e chega até Giorgio Agamben, debatendo com Michel Foucault e expoentes atuais da Escola de Frankfurt.

DANGEROUS GLITTER, de Dave Thompson, Editora Veneta, 400 páginas Aclamado pela crítica, “Dangerous Glitter - Como David Bowie, Lou Reed e Iggy Pop foram ao inferno e salvaram o rock n' roll” conta a história de encontro que mudou a história da cultura pop mundial e levou a atitude “sexo, drogas e rock n' roll” ao seu ponto máximo. Uma história escandalosamente saborosa que envolve astros como Mick Jagger, John Lennon, Bob Dylan, Andy Warhol, Frank Zappa, Alain Delon e centenas de outros dos personagens mais surpreendentes que já pisaram o planeta Terra.

38




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.