Revista pronews 194

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EDITORIAL | LUCIANA TORREÃO O mundo dá voltas. Tudo muda. Tudo se renova. E a gente também mudou. Depois de 14 anos no endereço da Agamenon Magalhães, no Torreão, a redação da Revista PRONEWS e sua equipe estão de casa nova. Agora, estamos em novo local: Rua Guimarães Peixoto, 75, Sala 202 - Empresarial One Way, Casa Amarela, Recife - PE, 52051-200. Também estamos com novos projetos e ideias. Já está no ar o blog da Revista Malagueta gastronomia para todos os sentidos – www.revistamalagueta.com.br – novo e ousado projeto de Walter Lins Jr. Para mais informações e pautas, entrem em contato pelo redacao@revistamalagueta.com.br Neste novo local estamos funcionando com as duas editorias.

ÍNDICE

EXPEDIENTE

Agência Um (PE)

DIRETOR-PRESIDENTE | Walter Lins Jr walter@revistapronews.com.br

NOSSA CAPA 16

EDITORA | Luciana Torreão redacao@revistapronews.com.br

Uma nova leva de influenciadores ganha destaque e transforma o mercado

REDAÇÃO | Ivelise Buarque e Juliano da Hora redacao@revistapronews.com.br PRODUTOR GRÁFICO | Bruno Regis producao@revistapronews.com.br ASSINATURAS | 81 3426.6144 producao@revistapronews.com.br DISTRIBUIÇÃO LOGServiços (PE - 81 2123.1455)

APP.COM 5 | TOP CASE 6 | FICHAS 10 | GIRO 14 CONECTE-SE 26 | OLHAR ACADÊMICO 30 MUNDO ONLINE 32 | CLICK 37 | NA ESTANTE 38

DADOS TÉCNICOS Impressão: Gráfica FacForm (81 3339.6566) grafica@facform.com.br Tiragem: 7.000 exemplares Formato: 22x30cm Tipologias: Swis721 Lt BT / Humanist521 BT Papel: Couché brilho 115g/m² Número de páginas: 40 As matérias assinadas por nossos colaboradores não representam, necessariamente, a opinião da revista. Produza a capa da Revista PRONEWS. Participe pelo e-mail: redacao@revistapronews.com.br

w w w. r e v i s t a p r o n e w s . c o m . b r

revista de comunicação e marketing NE

PANORAMA 24

DESTAQUE 34

Duas grandes marcas do setor ótico se integram e ampliam presença no Brasil

Designer Gilvan Felisberto encara o desafio de tocar a própria agência

W’editora

A Revista PRONEWS é uma publicação mensal da Walter Lins Pinheiro Júnior Editora ME. Empresarial One Way - Rua Guimarães Peixoto, 75, sala 202. Casa Amarela, Recife-PE. CEP: 52051-200. Fone: (81) 3426.6144 3


ARTIGO | DIEGO CARMONA | ESPECIALISTA EM MARKETING DIGITAL (LEADLOVERS)

O Marketing de Afiliados está em ascensão no Brasil nos últimos anos, no entanto, esta forma de monetização ainda é pouco explorada em terras tupiniquins. Este modelo de negócio é uma excelente alternativa para quem deseja aprimorar as suas estratégias de marketing, gerar tráfego para o seu site ou blog, trabalhar com marketing digital e, principalmente, gerar lucro a partir da venda de produtos de terceiros. O Programa de Afiliados ou Mercado de Afiliados como também é conhecido já está mais difundido nos Estados Unidos há alguns anos, quando a Amazon.com a lançou o seu programa de afiliação, popularizando este sistema de vendas online. O mercado de Afiliados é definido a partir de 3 pilares: PRODUTOR - O produtor ou anunciante é o responsável por criar um produto digital que pode ser um curso referente a um determinado assunto voltado para um segmento em específico, pode ser uma consultoria referente à plataformas digitais ou serviços externos como, por exemplo, a declaração de imposto de renda ou de gestão empresarial. Os produtos digitais também podem ser voltados para o campo da saúde e o bem estar pessoal, oferecendo formas alternativas para manter o corpo em forma, enfim, no âmbito digital o que não falta são opções para entregar conteúdo de qualidade no formato de produto digital. AFILIADO - O afiliado é a pessoa que deseja indicar e vender o produto 4

TEUBOMNEGOCIO.COM/MARKETING-DE-AFILIADOS-COMO-FUNCIONA/

ENTENDA COMO FUNCIONA O MARKETING DE AFILIADOS

digital criado pelo produtor e ser remunerado pela venda através da indicação, esta recompensa financeira se dá através de comissões, o valor da comissão é determinado pelo infoprodutor em cima do valor do conteúdo que está sendo comercializado. A forma de divulgação do produto fica a critério do Afiliado, ele pode utilizar a estratégia de vendas que achar melhor, entre elas é permitido a utilização de banners no site ou blog do afiliado (este material geralmente é disponibilizado pelo Produtor), anunciar em plataformas como o Facebook e Google, e Marketing de Conteúdo, recurso muito utilizado para geração de tráfego orgânico. PLATAFORMAS DE AFILIAÇÃO - As plataformas de afiliação são uma espécie de Marketplace, pois elas funcionam para dois níveis de

usuários, o primeiro é para os diversos produtores de segmentos diferentes que disponibilizam os seus produtos em um único local e o segundo é para quem deseja trabalhar como afiliado, que em uma única plataforma pode encontrar uma variedade de produtos digitais para indicar e vender. Para que a interação entre o Produtor e Afiliado flua tranquilamente estão disponíveis no mercado brasileiro algumas destas plataformas, as mais conhecidas são: Hotmart, Eduzz e Monetizze. O infoprodutor disponibiliza o seu produto digital em uma destas plataformas e quem deseja se tornar afiliado para vender o produto deve solicitar afiliação dentro das plataformas, a liberação imediata ou não da solicitação dependerá da forma como o responsável pelo produto fará este processo.


PDV

ITAIPAVA RENOVA IDENTIDADE VISUAL Marca de cerveja que mais ganhou mercado no Brasil na última década, a Itaipava está de visual renovado. A tradicional lata branca cedeu espaço para novos grafismos e cores, na mais profunda evolução visual em duas décadas de existência. Simplicidade, autenticidade e ousadia foram os elementos de inspiração. A nova identidade visual é fruto de um ano e meio de trabalho das equipes de design, marketing, pesquisa e branding, liderados pela agência FutureBrand. É mais um movimento para tornar a marca uma das três mais vendidas do Brasil até 2020. Em busca da "roupa" perfeita para a cerveja 100%, chegou-se a uma identidade onde os elementos cresceram e ficaram mais dinâmicos. Esta é a terceira remodelação visual da história da Itaipava. Até o fim de 2016, as gôndolas de todo o território nacional terão a Itaipava Pilsen com novo design. Pontos de vendas, geladeiras, banners e outros materiais visuais também serão renovados.

DALENA HOMENAGEIA RECIFE Amor e admiração pela cidade que abriga todas as lojas da marca. Este é o propósito da rede Dalena ao apresentar suas novas embalagens que fazem uma homenagem à cidade do Recife. A marca, que neste 2016, completa 18 anos, inicia suas comemorações, apresentando ao mercado além de suas novas embalagens, selos e display de mesas, com ilustrações sobre a cidade do Recife, desenhados a mão pela designer Carol Burgo e finalizadas pela agência Ohpera.

Garrafa do Whisky Teacher's chega com design mais elegante e moderno, além de rótulo que carrega em si os atributos que a empresa deseja transmitir com comunicação, pautada pelo mote “Forte como você”. Reforçando esta proposta a embalagem traz em relevo, símbolo característico da região de origem do produto: o Thistle. Conhecido no Brasil como Cardo, esta planta carrega em sua própria história a força e sobrevivência da Escócia, e por isso figura como insígnia da guarda escocesa e já foi usado em moedas, notas bancárias, estampas e espadas. Principal ícone dessa nova embalagem, o símbolo na garrafa representa a Light Of Scotland (Luz da Escócia) para a Teacher's que reforça suas apostas no produto no Nordeste e em especial em Pernambuco (principal praça do whisky na região) com ousada ação de ativação da marca.

RAPHAEL MALTA CLASEN

TEACHER'S INOVA EM EMBALAGEM

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TOP CASE | IN MEMORIAM

UM NOME QUE FICOU NA MEMÓRIA Carol Fernandes a marca do pioneirismo do mercado nordestino IVELISE BUARQUE

Carol Fernandes, fundador da Itaity Publicidade e criador de peças inesquecíveis da TV pernambucana 6

jargões mais impactantes e memoráveis (“Quando a gente não quer, qualquer desculpa serve”), que passou a ser usado por muitos em momentos diversos no dia a dia. A imagem de um personagem cego enfatizando a importância de cuidar da vista – “porque quem sempre teve não sabe o que é perdê-la” – despertou a atenção para a rede e deu início a uma série de comerciais com este texto (criado no final dos anos 1970), e que se manteve até os Anos 1990, protagonizados até por atores conhecidos e renomados como Tuca Andrada. “Todo o trabalho criativo de Carol tinha por base o conhecimento, através de pesquisas qualitativas, que ele fazia seguindo o perfil dos consumidores de seus clientes e telespectadores da Globo Recife. E, foi por isso que resolvemos transferir

a mídia da Casas José Araújo, do horário noturno para o patrocínio do Jornal Hoje, se não me engano, por mais de 12 anos. Neste período de criação em conjunto de mídia e do conteúdo, a Itaity Publicidade foi a primeira agência, em tempos de crise como os de hoje, a valorizar a importância do anúncio como saída fundamental para superar as dificuldades. E, com essa atitude, tornou-se a primeira agência a anunciar em TV no Brasil”, relembra Cleo Nicéias, presidente da Asserpe (Associação das Empresas de Radio e Televisão de Pernambuco). Realmente, sua Itaity provocou mudanças no trabalho de mídia e proporcionou grande projeção da criatividade nordestina, inclusive aproveitando algumas estratégias oportunas em especial para as Casas José Araújo, cujas campanhas são FOTO DIVULGAÇÃO | INTERNET

Diz-se que “por trás de um grande homem sempre há uma grande mulher” e na história da publicidade podemos dizer que por trás de uma grande agência sempre existe um grande profissional. De fato, entre as maiores referências do mundo temos a Ogilvy & Mather, criada por um David MacKenzie Ogilvy, aclamado como "o pai da propaganda". Na cena nacional figuram nomes como Washington Olivetto da W/Brasil e Nizan Guanaes, sócio e co-fundador do Grupo ABC. Em nossa história, um personagem também se destacou pela beleza e originalidade de suas campanhas, e pioneirismo no mercado da propaganda no Nordeste: Carol Fernandes – um verdadeiro case de sucesso. E por isso, em sua homenagem, nesta edição resgatamos um pouco de sua memória. “Ele era um estrategista e criativo, foi um dos maiores jinglistas da publicidade que Pernambuco já teve e que marcou época com sua Itaity”, lembra Alfrizio Melo da Ítalo Bianchi Comunicação. De fato, a maioria dos jingles criados pelo publicitário ficou na memória afetiva de todos que tiveram a oportunidade de vê-las na telinha ou nos monitores. Suas campanhas sempre geraram impacto de uma forma ou de outra, como a da Casa Lux Ótica, para a qual criou um dos


“Davanira é ela, tire suas roupas de janela. Toda vez que eu vejo ela sem você, eu só lembro-me de você sem ela”

“As casa Zé Araujo mostram pro povo agora, belezas da nossa gente, retratos da nossa história”

“Quando a gente não quer, qualquer desculpa serve. Porque quem sempre teve não sabe o que é perdê-la”

consideradas magistrais. Em relação a este cliente, todos têm algum desses trabalhos em suas lembranças por sere uma peça inesquecível. Passaram-se mais de três décadas e as propagandas com jingles da José Araújo até hoje lembram que a rede era a casa onde "quem manda é o freguês". “Tenho viva em minhas lembranças as campanhas da Itaity Propaganda, liderada pelo publicitário pernambucano Carol Fernandes, cujo trabalho tinha como mote a mediação da cultura local popular na mídia publicitária para o estímulo ao consumo. Suas campanhas, memoráveis, mostravam-se no nível do sensível e do cotidiano como belas, bem humoradas e por isso memoráveis espetáculos estéticos”, comenta Eneus Trindade, professor da Escola de comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo.

almoço, pois este anunciante patrocinava o jornal da TV Globo do meio dia. Essas mensagens foram constitutivas de um imaginário cotidiano da minha geração”, diz Trindade. E os trabalhos para a marca não só se destacaram pelos elementos que reforçavam a força da cultura e do desenvolvimento da região, como também anteciparam uma tendência que se intensificou posteriormente quando se percebeu que o melhor caminho para conquistar e fidelizar o pernambucano era regionalizar a comunicação. Ocupando grade do horário nobre da televisão, as criações foram responsáveis por grandes transformações na comunicação ao longo das décadas de 80 e 90, marcando também o período como o de maior presença dos trabalhos da Itaity no mercado. Afinal, quantos carnavais foram conduzidos ao som do jingle de Davanira que passou a ser um marco da comemoração da folia: “Davanira é ela, tire suas roupas de janela. Toda vez que eu vejo ela sem você, eu só lembro-me de você sem ela” ainda é um canto no cortejo de muitos blocos. “'Carol Fernandes era o publicitário que fazia música'. A frase é do jornalista e colunista do JC, Fernando Castilho. E foi uma das que mais me marcaram lendo – ou relendo – tudo sobre Carol Fernandes, no dia de sua morte. Pra mim, Carol era música, imortalizada, por exemplo, na não menos imortal

Davanira, lembrança sonora e visual da minha juventude. Carol fez muito mais do que publicidade. Criou uma cultura, um estilo. Foi um inovador”, diz Laurindo Ferreira, diretor de redação do Jornal do Commercio. Resgatando o lado divertido da festa de Momo, o comercial foi gravado no ano de 1992 e mostrava bela jovem numa sacada de um dos casarões de Olinda, cidade patrimônio histórico e cultural da humanidade, nas proximidades do Mercado da Ribeira. As imagens insinuantes da atriz pernambucana (Veruska Luna, que tinha quase 14 anos na época) aliada à música transformaram o filme em um sucesso e fizeram do jingle um grande hit do carnaval de 1993, em Pernambuco. “Carol Fernandes era um artista. Cronista que transformava realidade em emoção. E emoção em significado, tanto para clientes quanto para consumidores. Criava peças publicitárias como se fossem um curta-metragem. Visionário de olho afiado, conseguiu perpetuar, por meio dos anúncios que criou, o comportamento de uma época e entendeu, antes de muitos, que publicidade boa é aquela que toca o coração. Por isso virou referência, fez escola e virou história”, comenta Beatriz Ivo, diretora de jornalismo da TV e Rádio Jornal. Bastante conhecida por produzir comerciais voltados à cultura local pernambucana, as campanhas para a José Araújo contavam histórias

Com isso, a Casas José Araújo ficou na memória de toda uma geração por conta da criatividade de suas campanhas, além de se tornar referência em estudos acadêmicos. A marca fez história na cena da propaganda no Nordeste e a agência ficou marcada provavelmente para sempre. “Os comercias das Casas José Araújo (loja de tecidos e confecções de cama, mesa e banho) mostravam a força da musicalidade local, do folclore, a beleza do lugar e a simpatia da gente. Além disso, esses comerciais ritualizavam o horário do

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TOP CASE | IN MEMORIAM

de festejos populares e da roupa nova para suas celebrações, que tem poder de reconstruir na lembrança as cenas nostálgicas. Os versos simples dos seus jingles representam canções tão emblemáticas, que ganharam forças até na voz de importantes expoentes de nossa música como o Rei do Baião, Luiz Gonzaga. “A publicidade pernambucana perde não apenas um exímio criador de jingles, mas um grande estrategista de vendas. Carol Fernandes colocava emoção em tudo o que fazia – por isso que todos os clientes com quem trabalhou tornaram-se líderes do mercado local e caíram na boca do povo. Marcou gerações, fez história e para sempre será lembrado”, lembra Vladimir Melo, diretor executivo do Sistema Jornal do Commercio. De forma muito particular, os projetos carregavam muitos simbolismos arraigados nas tradições nordestinas, desde as comemorações profanas até as religiosas, como na emblemática campanha com a qual

DANIELA NADER

“Carol era um homem com visão de futuro, que sempre esteve à frente do seu tempo”, acrescenta o publicitário Queiroz Filho, CEO do Grupo Duca, holding que reúne agências como a BG9 e Ampla PE/ES

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EUDES SANTANA

“Ele era um estrategista e criativo, foi um dos maiores jinglistas da publicidade que Pernambuco já teve e que marcou época com sua Itaity”, lembra Alfrizio Melo da Ítalo Bianchi Comunicação

prestigiou as comemorações da Nossa Senhora da Conceição, produzida em 1978. As imagens mostravam de forma lúdica a fé do povo pernambucano e o jingle reside ainda hoje no imaginário popular: "Senhora da Conceição. Minha Mãe, Minha Rainha. Dai-me a vossa proteção, minha querida madrinha. Vela acessa, subo o morro pra pagar minha promessa. Vou vestir azul e branco, pra pagar eu tenho pressa. As Casas Zé Araújo fazem essa louvação. Com o povo rendem graça à Virgem da Conceição". “Carol Fernandes é um ícone da propaganda pernambucana. Tudo o que ele desenvolveu e idealizou há mais de 30 anos continua válido para os dias atuais. Isso mostra o quanto Carol era um homem com visão de futuro, que sempre esteve à frente do seu tempo”, acrescenta o publicitário Queiroz Filho, CEO do Grupo Duca, holding que reúne agências como a BG9 e Ampla PE e ES. As incríveis melodias e as

imagens cheias de referências das tradições de um povo rico, animado, fervoroso e confiante transformaram as campanhas de Carol Fernandes, da sua Itaity e da Casa José Araújo, cliente mais consciente da força da propaganda para reforçar a marca, um dos maiores cases do mercado de propaganda da região. De maneira emblemática e fazendo menção à cultura, destacou com muita emoção a relação das marcas com o consumidor, e ainda antecipou, há trinta anos, estratégias e conceitos de comunicação que o mercado passou a conhecer posteriormente. Seus comerciais construíram histórias deliciosas e incríveis, histórias que representaram e reforçaram o cerne das marcas: branding, storytelling, entre muitas outras apostas nas quais investiu com pioneirismo. “Por mais que eu pudesse testemunhar algo sobre o profissional Carol Fernandes seria um fato insignificante diante da importância dele para o desenvolvimento da comunicação e da propaganda em Pernambuco. É por essas e por outras que, para mim, Carol Fernandes não é passado. É futuro. E, as vezes me pergunto: será que não foi ele, institivamente, o primeiro a usar como conceito o neuromarketing na propaganda?”, enfatiza o amigo Cleo Nicéias, que dividiu com o célebre publicitário diversas histórias e momentos inesquecíveis.


ARTIGO

| FÁBIO RICOTTA | COFUNDADOR DA AGÊNCIA MESTRE

Muitas empresas já realizam alguma coisa de Growth Hacking ou Inbound Marketing em suas estratégias sem sequer saber destes termos. De acordo com uma pesquisa da empresa Opinion Box, dentre todos os entrevistados, 61% não sabem o que é Inbound Marketing, e 71% nunca ouviram falar de Growth Hacking. Provavelmente por este motivo, ainda são poucas empresas que utilizam estas estratégias plenamente. Para tratar deste assunto, preciso explicar a diferença entre estes termos no Marketing Digital. Growth Hacking é uma forma de maximizar a aquisição de clientes por meio de técnicas do Marketing Digital, como captação de e-mails, anúncios no Google e Facebook, melhorias em conteúdo, entre outras estratégias que normalmente são chamadas de Hacks, e que costumam ser um pouco mais incisivas na busca por impactar os usuários e torná-los clientes da forma mais eficiente possível. O Inbound Marketing é o encapsulamento de várias técnicas do marketing digital baseadas no relacionamento com o cliente, com o objetivo de trazer o lead ou contato

até o produto ou serviço, solidificando esta relação até que o lead se torne cliente. Em resumo, podemos dizer que o Inbound Marketing é uma base para a aquisição de clientes através de relacionamento, e o Growth Hacking é uma amplificação de canais para melhorar a performance da geração de novos clientes. Ambos consistem em aumentar o número de clientes, seja vender diretamente ou capturar leads, e o ideal é sempre investir nestes dois caminhos, especialmente porque o Inbound Marketing tem resultados de médio e longo prazo. Muitas empresas já utilizam algumas estratégias semelhantes sem saber da terminologia correta. Mesmo assim, quanto mais se conhece dos termos, mais fácil será

para descobrir pesquisas e notícias da área, especialmente cases da área, que serão apresentados com os termos que já fazem parte do mercado. Quem quer ser avançado na área será muito beneficiado ao pesquisar por estes termos. Quanto investir? Sempre me perguntam qual valor deve-se colocar nestas estratégias, mas o fato é que não há um número exato. Mesmo assim, diante da realidade que vejo, acredito que as empresas devem investir de 15% a 30% do faturamento em marketing digital, variando entre as duas estratégias. O mais importante é calcular detalhadamente o retorno em relação ao que foi investido, o que é o grande segredo de qualquer estratégia de marketing digital: você sabe exatamente qual o retorno. Investir nestas estratégias é essencial para as empresas nos dias de hoje, independente da área de atuação. Sei que no e-commerce, por exemplo, o tempo de resposta é mais rápido, mas toda empresa pode se beneficiar destas técnicas se fizer com profissionais preparados.

WWW.ACELERACAODIGITAL.COM

//REVISTAALISTA.COM.BR

A GRANDE DIFERENÇA ENTRE INBOUND MARKETING E GROWTH HACKING

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FICHAS

PEGADINHA Como os carros entram nos shoppings centers? Essa é uma dúvida que permeia a cabeça de muita gente quando se depara com um veículo em meio aos corredores dos centros de compras. Foi esse o insight que a agência Morya teve para divulgar a promoção do Salvador Shopping, que vai sortear três Mercedes GLA 200. Em forma de pegadinha, com câmeras escondidas, o ator Maurício Ramos colheu as mais engraçadas hipóteses sobre como os veículos entraram no mall. Dias antes, foram lançados três teasers com mensagens específicas para o Facebook, Instagram e WhatsApp que ajudaram a aumentar a curiosidade do público e já alcançaram mais de um milhão de pessoas.

Agência: Morya (BA) Cliente: Salvador Shopping Atendimento: Jacqueline Bochin Gerente de Digital: Danilo Pestana Criação: Alan Coelho, Beto Perazzo, Danilo Pestana, Jacqueline Bochin, Luã Vaz Mídia Online: Alan Coelho Aprovação: Karina Dourado, André Pina

ENERGIA INTELIGENTE

O Movimento Energia Inteligente chegou de forma embrionária. A nossa campanha mostra que pequenas atitudes podem realmente fazer grandes diferenças. Em projetos de comunicação grandes como esse é onde é possível mostrar a força do nosso time. Fazer parte de um job onde cada departamento pode inserir um pouco do seu talento, focando sempre no objetivo que quer alcançar. O nosso convite é que mais e mais pessoas possa aderir a campanha, afinal, as futuras gerações terão muito o que agradecer. Agência: Sin Comunicação (PB) Cliente: Energisa Atendimento: Tamara Nery Planejamento: Jorge Gadelha Diretor de Criação: Masao Yogi Coordenador de Criação: Ana Carla Diretor de Arte: Raissa Medeiros Redator: Elaine Borges RTVC: Thaís Rica Mídia: Simony Batista e Tarciano Pe r e i r a A p r o v a ç ã o : M a r i n a Rievers

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O SABOR DAS PEQUENAS SURPRESAS

Agência: Ampla Comunicação (PE) Cliente: Vitarella Atendimento: Ludmila Marques, Juliana Otaviano e Bárbara Caldas Diretoria de Criação: Manuel Cavalcanti, Rafael Nântua e Mateus Alves RTVC: Fernando Amaral, Larissa Bione, Mariana Bandeira e Jéssica Carvalho Mídia: Nilson Samico, Priscilla Leite, Mariâgela Valença e Diego Máximo Aprovação: Marina Lemos, Luiza Medeiros e Adriana Sampaio

O mês de junho, também conhecido como o “Mês dos Namorados”, é marcado pelo clima de romance e paixão. E é esse sentimento provocador e envolvente que encabeça a campanha do Dia dos Namorados do Plaza Shopping, assinada pela Arcos. Com o tema “Paixão tem P de Plaza”, a estratégia de comunicação dá continuidade ao conceito da nova campanha institucional do mall, que traz o slogan “Tudo que é bom, tem P de Plaza”. O partido gráfico da nova campanha desenvolvida para o Dia dos Namorados traz os clientes do centro de compras como protagonistas da ação. Além disso, a estratégia de comunicação também promove a segunda edição do projeto Plaza Garage Concert, que leva música e gastronomia para os casais apaixonados. O evento conta com DJs, ponto do vinil, mercado dos chefs, feirinha pop e apresentações musicais. A campanha conta com anúncios publicitários nas plataformas de mídia exterior (outdoor e painel de Led), rádio e internet.

A Vitarella, indústria de massas alimentícias e bolachas, lançou campanha institucional. Criada pela agência pernambucana Ampla, o mote é “O sabor das pequenas surpresas”, levantando a bandeira que é preciso curtir mais momentos em família e com os amigos. O filme valoriza pequenos gestos, como sair de casa mais cedo para surpreender a filha no balé, visitar o avô no meio da semana ou preparar um café da manhã sem motivo. A ideia é convocar as pessoas a criar e registrar pequenos grandes momentos em família, cada vez mais difíceis na vida moderna. As cenas dos filmes da campanha mostram pessoas fazendo de algumas surpresas experiências inesquecíveis. A nova campanha da Vitarella conta com inserções na TV (PE, AL, SE, RN, PB e BA). Também haverá veiculação em salas de cinema da Bahia ao Rio Grande do Norte, mídia exterior, anúncios em revistas do trade, rádios, e internet.

TUDO QUE É BOM

Agência: Arcos Comunicação (PE) Cliente: Plaza Shopping Atendimento: Flávia Oliveira Diretora de Atendimento: Maria Paula Londres Gerente de Atendimento: Letícia Rezende Criação: Caio Rocha e Diego Koury Produção Gráfica: Alessandra Melo e Karol Myller RTVC: Vani Carvalho Mídia: Paula Fernanda e Mariana Sobreira Aprovação: Fabíola Azevedo 11


INTERNET

FUTURO ELETRÔNICO NEBULOSO Pressão das teleoperadoras põe em cheque o futuro dos negócios na internet brasileira JULIANO MENDES DA HORA

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No início deste ano, setores ligados à comunicação, tecnologia da informação, educadores e empreendedores ligaram o sinal de alerta para a ameaça de redução do acesso à internet no Brasil, através de uma medida da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que permitia às teleoperadoras comercializar as franquias de banda

Só que suspensão não é proibição definitiva. Por enquanto fica tudo como está, até que a própria Anatel analise essa questão. Enquanto isso, vários profissionais já estão tratando de enxergar além, caso essa medida venha a vigorar num futuro próximo. Afinal de contas, o que significaria essa limitação de acesso à internet no Brasil? “Em primeiro lugar,

larga exatamente como ocorre nos pacotes mobile: após atingir o limite de dados mensais, a velocidade poderia ser reduzida, ou o serviço ser interrompido, até que o mês virasse ou o usuário pagasse ainda mais por dados a serem usados. Bastou a Vivo anunciar a adoção do modelo proposto, para que as outras empresas aderissem logo em seguida. Só que elas não contavam com a maturidade do internauta brasileiro: após uma forte mobilização da sociedade civil, a Anatel suspendeu a decisão por tempo indeterminado.

seria um retrocesso de tudo, mesmo. Retrocesso na área educacional, no direito à informação, e principalmente, nos negócios, pois conhecimento gera inovação, que por sua vez traz mais oportunidades de desenvolvimento e renda”, pondera a professora Danyelle Soares Comin (PE). Docente da Escola Estadual Madre Iva, no município do Cabo de Santo Agostinho, Danyelle tem sido testemunha da transformação que tomou conta da célula mater do futuro: os jovens estudantes. “É aqui

que tudo começa. Hoje, com a facilidade do acesso à tecnologia, a grande maioria possui smartphones com ampla gama de recursos multimídia. Alguns possuem redes residenciais, outros recorrem às lanhouses e o próprio 3G dos chips. Também há grande parcela frequentando locais que oferecem wifi grátis e lá baixam o que é necessário. Com isso, posso indicar livros gratuitos para download a fim de enriquecer o que foi passado em sala, posso estimulá-los a buscar o que outros estudantes estão desenvolvendo em suas áreas de interesse, tanto a nível nacional, quanto internacional, posso fazer uso de vídeos, aplicativos e jogos educacionais… a lista é imensa! Sem falar no âmbito da gestão, para mim, que lanço as notas na Siepe, uma caderneta eletrônica do estado, onde eu e meus colegas fazemos chamadas, registramos aulas e planejamentos. Tudo isso ficaria comprometido caso houvesse uma limitação na banda larga. Internet para mim é um direito social imprescindível para o exercício da cidadania”, afirma. A faixa etária que está sendo preparada por profissionais como Danyelle é altamente conectada e se insere no alvo das empresas e marcas que desejam firmar seu espaço no concorrido mercado consumidor. Além de pesquisas educacionais, eles estão se tornando protagonistas de


Marcela Sotero, jornalista (PE)

uma revolução na comunicação, ao desafiar os modelos já saturados da mídia tradicional. Personalidades digitais que se desdobram em várias plataformas já conseguiram sedimentar o seu espaço, e hoje trafegam com facilidade entre o online e o offline, atraindo marcas que desejam estar conectadas à nova geração de consumidores. “Estamos vivendo numa Era em que tornou-se comum vermos negócios que nasceram e seguem se desenvolvendo basicamente das nuances digitais”, explica a jornalista Marcela Sotero (PE). Com longa bagagem profissional, ela atentou para o potencial que essa nova geração de empreendedores possuía, ao prestar consultoria para blogueiros que despontavam no cenário local e nacional. Foi então que em Fevereiro deste ano surgiu a Blog.con, serviço de consultoria específica para este nicho, dentro da Cena Comunicação Integrada, formada por Sotero, a publicitária Helô Paiva e a blogger Cuca Amorim. “A internet é um campo de escoamento espontâneo de ideias, e por isso mesmo, muito volátil. Tudo o que você escreve ou deixa disponibilizado em vídeo é reverberado numa velocidade

impressionante. Por isso percebemos que conforme alguns fenômenos iam crescendo, elas não poderiam mais agir de forma descompromissada, uma vez que estavam se tornando formadores de opinião, e é aí que nós entramos”, explica. O serviço inclui acompanhamento de postagens, apresentação pessoal e relacionamento com potenciais investidores e o público. Para uma Era fortemente digital, a ideia chegou no momento certo, mas pelo forte lobby das empresas de telefonia, ela também pode ser afetada. “Já enfrentamos um mercado bastante concorrido, que nos desafia todos os anos a encontrar estratégias a fim de conquistar espaços, e caso haja essa limitação, muitos negócios que seriam importantes para movimentar a economia do país seriam prejudicados, por que grande parte deles passa pela internet”, pondera Marcela. “Esse é um assunto bastante sério, pois impedirá muitos talentos de serem vistos num futuro próximo. É como matar um futuro de possibilidades que ainda está sendo gestado. Com uma internet sem limitações, podemos nos dar ao luxo de navegar despreocupadamente e descobrir conteúdo e ferramentas que nem sabíamos que existiam! Já imaginou se a partir de hoje vivêssemos contando a quantidade de bytes que gastaríamos ao acessar um portal ou assistir a um vídeo no YouTube? Isso seria o fim, pois nos prenderia a uma bolha sem espaço para o novo, pois correríamos o risco de continuar acessando somente aquilo que já conhecíamos.” Para se ter uma ideia da importância que a rede tem à economia do País, o estudo “Connecting the World” da

Strategy&, consultoria de estratégia da PricewaterhouseCoopers (PwC) acaba de ser publicado, projetando a injeção de 152 bilhões de dólares na economia brasileira até 2020, caso a universalização do acesso à internet no Brasil se torne real. Para isso acontecer, o custo de conexão no Brasil teria que cair 68% para que a inclusão digital alcançasse 80% da população. “A universalização do acesso à internet no Brasil e no mundo é um dos grandes desafios a serem enfrentados, pois tirará milhões de pessoas da pobreza, dará oportunidades de crescimento a elas, além de gerar mais negócios para empresas de diversos setores”, diz Ivan de Souza, sócio da Strategy& no Brasil. “Para isso, precisamos de internet barata, de fácil acesso e com conteúdo relevante para todos.” O estudo traça um panorama de 120 países ao longo dos últimos dez anos e está disponível gratuitamente na web. É necessário que o diálogo seja estimulado em todas as cadeias criativas que utilizem o território digital como ferramenta de crescimento. Caso contrário, estaremos dando um tiro no pé do nosso próprio futuro.

Danyelle Soares Comin, professora (PE) 13


GIRO

EXERCITE O AMOR A agência Mídia 10 Comunicação e Marketing lançou nova campanha digital da marca Portofit, de moda fitness. Elaborada sob o mote “amor em movimento”, o material traz a assinatura “Exercite o Amor”, traduzindo o cotidiano de casais fitness que malham e encaram os desafios juntos, transpirando as boas energias que são a cara da Portofit. Junto à campanha, também foi lançado um concurso cultural nas redes sociais para que o público compartilhe os bons momentos juntos em casal. As melhores fotos serão premiadas com produtos da marca.

QUEM DISSE, BERENICE? NO PLAZA SHOPPING A marca quem disse, berenice?, especialista em maquiagem, inaugura mais uma loja em Recife. Quem passar pelo Plaza Shopping Recife poderá conferir os mais de 500 produtos entre maquiagem, acessórios e perfumes. Lançada em 2012, quem disse, berenice? possui hoje três lojas na cidade de Recife: shoppings Boa Vista, Recife, Riomar e Tacaruna. Atualmente, quem disse, berenice? conta com mais de 130 lojas em diversas cidades do Brasil. A marca também comercializa os mais de 500 produtos via e-commerce, no www.quemdisseberenice.com.br, com entrega em todo o país. Seus diferenciais estão nos espaços, que trazem os produtos à mostra em suas embalagens reais e na experimentação, onde as pessoas podem ficar à vontade para provar cada item. O mesmo modelo de autosserviço é adotado em todas as unidades da marca, que vem com a proposta de quebrar as regras do mundo da maquiagem.

FRIBOI INVADE O SÃO JOÃO DE CARUARU A maior festa de São João do mundo acontece em Caruaru (PE), em junho, e a Friboi, marca número 1 em carnes no Brasil, não poderia ficar de fora. Depois de participar da produção do maior cuscuz do mundo em 2015, a marca foi a fornecedora oficial de charque para o evento da Maior Macaxeira do Mundo. Ao todo, foram distribuídos mais de 100 quilos de carne como acompanhamento da macaxeira para o público participante. Além disso, a Friboi espalhará blimps (balões infláveis) gigantes por todo o evento e distribuirá pirulitos personalizados todos os dias da festa. E para se aproximar ainda mais dos consumidores locais, a marca criou série de ações exclusivas para os ponto-de-venda da região. Supermercados serão decorados com móbiles e bandeirinhas personalizadas e terão a distribuição de encartes com receitas juninas à base de carne.

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CONEXÃO ENTRE AS PESSOAS Para celebrar a maior manifestação popular de todo o Nordeste, a C&A, líder no varejo de moda, lança campanha de São João. Desenvolvida pela AlmapBBDO, o filme, que dá continuidade à nova visão da marca sobre a moda, valoriza a união de culturas e tradições para reforçar o momento de reconexão das pessoas com suas raízes e mostrar como as várias tradições regionais se misturam nessas festas. O filme será veiculado na TV aberta, nas praças de Salvador, Vitória da Conquista, Feira de Santana, Itabuna, São Luís, Imperatriz, Recife, Caruaru, Petrolina, Aracaju, Maceió, Campina Grande e João Pessoa. A Coleção São João está disponível em lojas selecionadas da rede em todo o Brasil e também pode ser encontrada na loja virtual (cea.com.br). SOU ARROZ COM FEIJÃO Camil lança nova campanha ressaltando a força de superação que o arroz com feijão de todos os dias dá ao Brasil. Para acelerar seu crescimento no mercado, a marca apresenta novo posicionamento, nova campanha, novo site e novas embalagens. Gustavo Borges e Dira Paes são as celebridades escolhidas para apresentar o mote "Sou Arroz com Feijão". A Camil acredita que a combinação arroz com feijão, tão presente no dia a dia, é o que sustenta a força e a garra do brasileiro, principalmente nos momentos mais adversos. Para a marca, o arroz com feijão é ingrediente fundamental da superação e perfeito para quem não desiste de alcançar seus objetivos. Há mais de cinco décadas acompanhando os brasileiros, a Camil tem propriedade para apostar na missão de ressignificar o arroz com feijão e mostrar que, esses dois ingredientes, são muito mais do que nutrição. Eles representam também cuidado, carinho e proporcionam a força necessária para que os brasileiros continuem superando seus desafios. SEARA E DELICATA PATROCINAM SÃO JOÃO DE CARUARU Desde 1972, o interior de Pernambuco recebe o evento conhecido como o “O Maior e Melhor São João do Mundo”. A festa acontece no São João de Caruaru, e tem como um dos patrocinadores oficiais a Seara. A empresa marca presença no Pátio de Eventos Luiz Gonzaga e tem duas atrações para surpreender ainda mais o público da festa – o Food Park Seara, um barco vicking, no qual além da diversão, os participantes poderão experimentar gratuitamente o Hot Dog Seara, assinadas pelo chef Cesar Santos, conhecido pela culinária típica de Pernambuco. Outros quatro carrinhos de hot dog personalizados estarão à disposição dos visitantes: mais um carrinho com distribuição gratuita de sanduiches no camarote do evento – e três para venda de duas versões do lanche. As exposições das “Comidas Gigantes”, com pratos típicos nordestinos, como o cuscuz, a broa de milho e diversas outras, contarão com o patrocínio oficial da margarina Delicata. 15


CAPA | INFLUÊNCIA DIGITAL

INFLUÊNCIA DIGITAL, O QUERER E PODER IVELISE BUARQUE Na década de 1970, Emerson Fittipaldi destacava os olhos de uma geração para a R. Sontonax France, enquanto Pelé lançava a linha de paletós de exportação da Ducal. Chico Anysio usava a diversidade de seus personagens para protagonizar o lançamento do “Caça-monstro” da Estrela para jovens que podiam brincar com as variações de rostos de monstros, nos anos 80. Reynaldo Gianecchini emprestou o seu charme para o Shampoo Seda em comercial feito para encantar uma garota e Xuxa retratava o frescor que ajudou a consolidar a marca de Hidratante Monange. A história da propaganda sempre contou com o respaldo de personalidades distintas para enfatizar as qualidades de um produto, seduzir, transmitir credibilidade e confiança para muitos artigos. De grande ou médio prestígio, eles deram suas vozes e suas caras “a tapa” em nome

de uma empresa e deram o pontapé inicial a uma investida estratégica que ganha novas formas e plataformas: o marketing de influência, que nos tempos atuais está diretamente atrelado ao universo online. “Influência digital não deve ser vista como algo próprio do advento da internet ou coisa do tipo. Ser influente é você dominar um conteúdo com propriedade, saber comunica-lo e, mais que isso, ter capacidade de engajar pessoas sobre determinado assunto, seja em qual for a plataforma. A grande diferença é que a internet, mais precisamente, as redes sociais, permitiram que essas pessoas levassem seus conteúdos para cada vez mais interessados, rompendo a barreira de tempo e espaço. E, com elas, surgiram um grande número de fãs e seguidores que inspiram a sua produção de conteúdo”, diz Newton Neto (Planner) da Aporte Comunicação (PE). Personagens anônimos do ciberespaço se tornaram atualmente os protagonistas do que alguns estão chamando de nova propaganda. Se antes toda publicidade carecia de produção (câmeras, fotógrafos, assistentes, casting, etc), agora basta um smartphone ou uma câmera na mão, uma dose de coragem, ousadia, profissionalismo, uma ideia na cabeça e conexão. Antigamente, tudo não passava de uma simples brincadeira para entreter o público ou liberar algo guardado dentro de si, mas hoje são Murilo Oliveira, sócio da IWM Agency (SP)

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reflexos de um novo potencial de produtores de conteúdo, talentosos, que estão agregando mais do que imagem e nome às marcas. Estão utilizando seu potencial para agregar audiência e credibilidade. “A influencia digital pode ser exercida por qualquer pessoa que transmita uma mensagem e tenha uma audiência, ou seja, qualquer um de nós. Contudo, hoje vivemos o boom das novas 'celebridades' digitais, que são em sua maioria formada por formadores de opinião jovens e que estão, principalmente nas redes sociais, sendo seguidos e admirados por milhares, senão milhões de pessoas”, comenta Murilo Oliveira, sócio da IWM Agency (SP), primeira empresa full service de celebridades do Brasil. A prova do peso que esses influenciadores têm em termos de engajamento e influência são os dados comprovados em pesquisas. Estudo apresentado em janeiro deste ano apontou um raio-x interessante que reflete bem este cenário, numa parceria entre a Meio&Mensagem, o Google e a empresa de pesquisas Provokers Market Analytics. O foco foi jovens, entre 14 e 17 anos, das classes A, B e C, hábito de ver televisão e conexão à internet, para investigar o poder de consumo e as referências. Foram entrevistadas mil pessoas, da capital e do interior, espalhadas em cinco regiões do Brasil, entre outubro e novembro de 2015. Oriundos de São Paulo, Rio de


Leandro Nunes, head de digital da Perspectiva Comunicação (SP)

Janeiro, Porto Alegre, Recife e Salvador, revelaram em especial quem seguem na web. O que se concluiu é que todas as celebridades de TV citadas neste levantamento pelo público-alvo integravam programas que estavam no ar na época da pesquisa. Além disso, determinou-se que os influenciadores apontados têm características específicas em relação ao trabalho de geração de conteúdo online: autenticidade (15%), originalidade (13%), senso de humor (13%) e inteligência (12%). Com o estudo, constatou-se que esses anônimos que ganharam a atenção e a projeção dos jovens estão em sua maioria naquela que é considerada atualmente a segunda maior mídia audiovisual no ranking de mercado: o Youtube. Dos 10 mais influentes, cinco dos nomes citados vêm do site de vídeos. Entre essas “webcelebridades” estão diversas personalidades que se tornaram conhecidas e reconhecidas pelo papo direto com o internauta, como Felipe Neto, Felipe Castanhani e Kéfera Buchman. Eles são os sucessores de um movimento espontâneo que começou há mais de uma década e que passou a ter outra conotação devido à necessidade de expor seus pontos de vistas e atendendo uma demanda em busca por algo original e acessível. “Este fenômeno não é apenas dos novos dias, ele vem se consolidando ao longo de uma década e meia, desde a criação dos primeiros blogs na internet no começo dos anos 2000, e hoje tem atingido seu ápice com o advento das redes sociais, que democratizaram a propagação do conteúdo e a inserção da população à internet, trazendo e formando multidões de fãs e seguidores”, ressalta Oliveira. Os seguidores passaram a

acompanhar a trajetória desses influenciadores no on-e-off. Alguns desenvolvem projetos fora da internet que dão continuidade ao seu trabalho nas redes. “Eles são tão influenciadores a ponto de vender livros biográficos e figurarem em listas de mais vendidos. É o novo toque de Midas, principalmente, quando o público almejado é o adolescente. Temos como exemplo a Kéfera com o canal '5incominutos' e o Christian Figueiredo com os canais homônimos e o 'EuFicoLoko' no YouTube, nos quais o objetivo era apenas desabafar sobre acontecimentos corriqueiros em suas vidas, e arrebataram uma legião de fãs, na casa dos milhões. Além disso, embolsaram bons salários a partir das visualizações no YouTube, viraram garotos-propaganda de diversas marcas, de telefonia a fastfood e moda fitness. Seus seguidores os veem como espelho e é muito comum pedirem aos pais e responsáveis para comprarem produtos anunciados pelos seus ídolos”, diz Leandro Nunes, head de digital da Perspectiva Comunicação (SP). Criador de um dos primeiros canais da história do YouTube brasileiro, Felipe Neto é um exemplo nítido dessa integração, destacando-se como o primeiro a atingir um milhão de assinantes no Brasil. Além disso, produziu na telinha o seu “Até que Faz Sentido” no canal pago Multishow, e ainda realiza várias iniciativas agregadas a sua atividade de ator e produtor com sua Paramaker, empresa de network dentro do YouTube. Com 22 anos, Kéfera reúne quase doze milhões de seguidores nas suas mídias sociais (Youtube, Facebook, Twitter e Instagram), e enveredou para o mundo da escrita com o seu “Muito mais do que 5inco

minutos”, pela editora Paralela, que foi o best-seller da Bienal do Rio de 2015. Luísa Trigo, do Blog da Lully, criou o diário digital no ano em que lançou o seu “Carnaval”, em 2012, deslanchando uma carreira como autora infanto-juvenil ainda com “Meus 15 anos”, “Na porta ao lado”, três publicações físicas e digitais e duas digitais. Essa democratização transformou a relação desses youtubers, bloggers e instagramers com seus meios de atuação e com o mercado de comunicação, que está aprendendo a agenciar essas celebridades e inovar as ações estratégicas para clientes e anunciantes. “O atual momento deste mercado é promissor mais revela uma questão importante que diz respeito a transformar esse talento em negócio. E com isso os desafios são diversos, afinal, envolvem atrelar o conteúdo produzido com os interesses das marcas”, completa Murilo. Desafios esses que valem muito a pena quando se trata de propagar ideias e produtos numa conversa direta com a nova geração, que cresceu e vive na Era dos 3Cs (Curtir, Comentar e Compartilhar). É neste cenário que estão os influenciadores digitais que 17


CAPA | INFLUÊNCIA DIGITAL Guga Mafra, CEO da boo-box/ftpi (SP)

PROPAGAÇÃO EM REDE – Apesar de parecer uma coisa recente a realidade 18

agora é um novo meio. Mas a prática não é muito diferente. A marca - e também aquele que a está endossando - tem que ser verdadeira, tem que ser direta com o público, tem que estar disposta a dialogar”, lembra Guga Mafra, CEO da boobox/ftpi (SP). Com uma legião de fãs nas gerações Y e Z, os influenciadores constroem nova base de possíveis consumidores, que vão além das ações estratégicas na grande mídia, pelo simples fato de conectar produto ou serviço ao seu life style, que pessoas passam a acompanhar e admirar fazendo com que sejam imediatamente alcançadas. “Os influenciadores digitais são as novas celebridades e os novos queridinhos das marcas. É prudente acabar com a fronteira do digital, e chamá-los de influenciadores, visto o alcance que eles atingem. Com milhares ou até mesmo milhões de seguidores, esses personagens se utilizam da sua reputação digital para criar tendências, inspirar comportamentos

Ser influente é você dominar um conteúdo com propriedade, saber comunica-lo e, mais que isso, ter capacidade de engajar pessoas sobre determinado assunto, seja em qual for a plataforma.

geram conteúdos que suprem o desejo de um público com a qual as marcas precisam se conectar e interagir para alcançar seus objetivos. O que começou da necessidade das marcas obterem embaixadores mais próximos dos consumidores, tornou-se uma prática que acrescenta ao trabalho de marketing, uma vez que esses novos atores são considerados pessoas comuns e que já usam espontaneamente os produtos que divulgam. “A diferença entre uma estrela global postando uma foto no instagram e um youtuber é clara para os internautas. A primeira provavelmente está recebendo para falar bem de um produto, e a segunda fala porque acredita e usa realmente aquele produto, visto que os 'digital influencers' costumam falar de igual para igual e, normalmente, não têm pretensão de trabalhar como atores profissionais. Vale ressaltar que, atualmente, youtubers ganham para fazer propaganda de produtos também, mas a percepção do público ainda é mais favorável a eles”, para Nunes.

é que o conceito de “influenciador” sempre existiu de alguma forma. Nos anos 40, as estrelas de cinema eram as maiores referências no que vestir e usar para a progressiva sociedade de consumo da época. Muitos nomes que brilharam na telona integraram, espontaneamente ou não, este movimento há mais de seis décadas, como a diva Marilyn Monroe. Ao declarar que “dormia despida com apenas duas gotas do Chanel Nº 5”, a atriz impulsionou e eternizou o perfume da marca francesa, lançado em 1921 pela estilista Coco Chanel. “Qualquer pessoa que esteja nas redes sociais, mesmo que só fale para família e amigo(s) está produzindo conteúdo e pode transmitir também mensagens publicitárias e ganhar dinheiro com isso. O que antes só era de fato possível para celebridades e para grandes empresas de comunicação. Marcas apresentam seus produtos através de produtores de conteúdo, atores, músicos, apresentadores de TV, entre outros já há algumas décadas. O que temos

Newton Neto, planner da Aporte Comunicação (PE)


Diogo Bueno, diretor de pesquisa digital da Hello Research (SP)

e promover produtos e marcas, com uma exposição direta ao público. Um exemplo é a 'Geração Pugliesi' que se identifica e segue o passo a passo da blogueira fitness paulistana”, destaca Diogo Bueno, diretor de pesquisa digital da Hello Research (SP). Para o executivo da agência de pesquisa de mercado e inteligência, eles geram um engajamento muito intenso e representam uma oportunidade de ações com melhor custo benefício, inclusive. “Desde antecipar o lançamento, testar produtos e opinar sobre tendências, os criadores de páginas, perfis e blogs já são uma das maiores fontes de informações da internet e vem auxiliando dia a dia muita a gente a decidir o que comprar, o que vestir, onde jantar, onde se hospedar, etc. E é claro que muitas marcas já largaram na frente e vem explorando muito bem o mundo dessas celebridades. Inclusive os canais não-digitais já vem cedendo e tentando trazer esses personagens para o mundo off-line. O Masterchef, da Band, um dos programas mais surpreendentes dos últimos tempos na TV brasileira, deve muito do seu sucesso à integração com as redes sociais e os influenciadores, trazendo o conceito de segunda tela para o horário nobre da TV”, diz Bueno. Conversando diretamente com usuários, permite um engajamento maior que possibilita a interação do público nos mais diversos assuntos e criando relacionamento com o conteúdo e a marca, numa via de mão dupla de propagação de informações e esclarecimentos via comentários e outros diversos canais. Esse novo modelo de comunicação dá respaldo a um serviço ou marca ligada ao seu meio, dentro e fora das redes. E assim

seu impacto torna-se muito mais eficiente do que uma campanha estrelada por uma “celebridade” do cinema, da música ou da TV, que muitas vezes pode até fugir dos padrões ou do universo de conhecimento do público. “Bloggers, youtubers e instagramers influenciam muito os comportamentos, especialmente se considerarmos que consumimos por inconsciente coletivo (Carl Gustav Jung). Logo, se um youtuber ou blogger genuinamente usa uma marca, ou um esmalte de determinada cor, as pessoas por inconsciente coletivo tendem a consumir. Um exemplo clássico são os cortes de cabelos influenciados pelos jogadores de futebol ou por uma atriz famosa, o mesmo ocorre no meio digital”, comenta Fernando Kimura, especialista em Marketing Digital e Neuromarketing. Uma vez que o consumidor se encontra cético em relação a um novo produto ou serviço, a participação de influenciadores representa um dos braços do marketing digital 3.0. E não é a toa que personalidades já conhecidos em outros meios migraram para este novo formato, ampliando o universo das personalidades digitais e

conquistando maior alcance que inserção em meios tradicionais. “Podemos considerar este o começo de um novo movimento para atingir uma grande massa. Uma oportunidade de trabalhar estratégias e desenvolver ações que sejam mais do que uma tendência para as marcas, diante da interatividade e da inclusão digital da era que vivemos. Ao mesmo tempo pode ser muito pontual, superficial ou não genuíno, o uso de um digital influencer, a consistência e espontaneidade são percebidas pelo público. Vale escolher o digital influencer e as ações que serão criadas para envolver o público, e a preferência do digital influencer ser legítima. Hoje é uma estratégia muito interessante e indicada para muitos produtos e áreas como moda, beleza, produtos de tecnologia, carros e viagens. Por outro lado, o Conar acompanha cada vez mais estes movimentos”, destaca Kimura. Diante do novo consumo de informação, apostar nos influenciadores digitais se confirma como um ótimo recurso para atingir estes objetivos. Na guerra digital, em que ganha quem tem mais fãs ou engajamento, esta turma bem sucedida e influenciadora, dentro e 19


CAPA | INFLUÊNCIA DIGITAL

REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO Apesar da força que muitas celebridades possam proporcionar

Vale escolher o digital influencer e as ações que serão criadas para envolver o público, e a preferência do digital influencer ser legítima.

fora das redes, são responsáveis pelo reconhecimento das marcas. “O grande diferencial desses novos atores é a capacidade de transformar sua audiência em comunidade. Ou seja, eles não são apenas capazes de impactar um número determinado de pessoas, mas sim de gerar engajamento e envolvimento. E isso não tem preço. Eles conseguem transmitir paixão e veracidade em suas publicações, pois são completamente 'gente como a gente', lembra Newton Neto da Aporte. Não é à toa que se tornou ótima estratégia e chave para a publicidade que pode romper barreiras, fugir de preconceitos e conquistar o consumidor, que terá mais confiança quando a indicação da marca parte de alguém com gabarito. Essa força motiva, por exemplo, 71% das brasileiras a experimentação de produtos que estão na moda, conforme estudo realizado pela Ipsos (“Celebridades. Marcas e Consumo”).

Fernando Kimura, especialista em Marketing Digital e Neuromarketing

para as vendas de diversos produtos, os influenciadores desta era digital se destacam definitivamente por características diversas, que vão além dos vídeos e publicações engraçadas ou conteúdo interessante sobre determinado assunto. Eles expressam os comportamentos e os conceitos deste público, e por conta disso têm um importante papel na comunicação online. Atuando em grande parte de forma espontânea e instantânea, eles trabalham com dois elementos básicos que se tornam uma nova moeda no mercado: poder de influência e conteúdo. “Antes a influência era mais restrita. E o que temos hoje é uma criação de conteúdo mais pulverizada, e mais pessoas podem fazer. É igual ao que rolou com bandas de rock e DJs nos anos 90/2000. Para produzir um disco era necessária uma grande gravadora. Depois passou a ser só necessário talento. Acho que essa é a grande mudança. Para que anunciantes se beneficiem disso sem forçar a barra, o primeiro passo é ser honesto e direto. O público não odeia publicidade, ele odeia ser manipulado. E justamente Fernando Kimura, especialista em Marketing Digital e Neuromarketing

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por conta dessa característica 'independente' desses produtores de conteúdo, eles são muito bons em fazer isso respeitando o público deles”, enfatiza Guga Mafra. Definitivamente “Conteúdo é rei” como preconizou Bill Gates, em artigo denominado “Content is King”, nos anos 90. Esta frase, que é uma das mais ditas entre profissionais de marketing digital, concretiza a base de atuação e da presença web das principais marcas no Brasil e no Mundo, e não seria diferente com relação aos influenciadores. Precisa-se considerar primeiramente que para ter influência sobre o público em um universo disputado como o das mídias sociais o desafio é ser notado pelos usuários entre tantas informações como nos feed de notícias do Facebook, por exemplo. “Os digital influencers estão aí há um tempo, mas agora me parece que são o novo viral. Toda marca quer trabalhar com eles, quer testar esse poder e alcance. Acho ótimo que cada vez mais gente comum, que não é celebridade, seja alçada ao status de influenciador. Desde que tenha o que dizer, claro. Afinal, influência digital é conseguir ter conversas com seu público, seja ele formado por 1 milhão de seguidores, seja ele formado por 100. É entender que, quando você se dispõe a criar conteúdo para a internet, você automaticamente abre espaço para interação - e ela é fundamental para qualquer coisa que você queira fazer. Influenciar é ter voz, é promover conversas, é engajamento. De nada adianta você ter um milhão de seguidores que só se relacionam na caixa de comentários com 'sdv' (sigla para 'Segue De Volta') e 'troco likes'. Mais vale um número infinitamente menor que tenha algo a dizer e vontade de fazer parte da conversa


Dani Arrais, sócia da Contente (SP)

que você iniciou”, ressalta Dani Arrais, sócia da Contente (SP), empresa de projetos especiais dentro e fora da web. Os modelos de estratégia de comunicação devem ser bem pensados e os canais de atuação das marcas precisam ser minuciosamente avaliados, inclusive refletindo-se acerca do uso diversificado de canais de divulgação, para que a empresa faça o investimento certo para a consolidação de sua marca. “Quando uma marca se associa a um influenciador amplia o alcance do que tem a dizer. Mas tem que ter em mente que tipo de influenciador quer contratar. É comum hoje vermos pessoas que têm 100 mil, 200 mil seguidores e postam basicamente selfies. Se sua marca tiver a ver com selfie, ótimo. Se não, será que ainda vale, a essa altura do campeonato, investir em alguém só porque tem um rostinho bonito? Tenho dúvidas. Estamos vivendo um momento ótimo no mundo e na internet, com cada vez mais gente expressando suas ideias e posições. Então se associar a quem tem o que dizer é o que vale a pena”, enfatiza Arrais. As mensagens enviadas por essas personalidades, em diversas plataformas e na própria vida real, têm que conciliar informação sobre a marca/ produto, transparência e clareza, perspectiva humana e real e fundamentalmente credibilidade. “A vinculação de uma marca/negócio a um influenciador digital traz grandes vantagens. Mas, temos também que levar em questão a criação de conteúdo proprietário, algo que cada vez mais tem se tornado latente e relevante, dentro do espectro de mídia. Através do Branded Content (conteúdo de marca) com influenciadores, as marcas tem tido

essa rica oportunidade de vender produtos e serviços através de conteúdo, já que hoje o consumidor está cada vez mais avesso à publicidade convencional, e está procurando consumir conteúdo de qualidade e não publicidade colocada 'goela abaixo'”, pondera Murilo Oliveira. Para ele, o endorsement de pessoas capazes de influenciar outras sempre foi sonho de qualquer marca, porém nunca foi uma estratégia democrática por ser muito cara. A internet e a exposição das redes sociais proporcionaram a associação a custos menores à influenciadores que podem se associar inclusive a uma pequena marca. De fato, na publicidade, os influencers cumprem esse papel de transferir a sua credibilidade à marca em que está associada, contudo, este trabalho tem que ter consistência para não comprometer a mensagem publicitária ou a imagem que o público tem em mente. Afinal, o consumidor sabe distinguir que é uma ação comercial de uma referência espontânea. “Marcas apresentam seus produtos através de produtores de

conteúdo, atores, músicos, apresentadores de TV, entre outros já há algumas décadas. O que temos agora é esse novo meio. Mas a prática não é muito diferente. A marca - e também aquele que a está endossando - tem que ser verdadeira, tem que ser direta com o público, tem que estar disposta a dialogar. E a grande vantagem disso é que a mensagem do anunciante está sendo passada através da voz de uma pessoa na qual o público confia, seja uma audiência, seja a família dele. E essa pessoa fala na linguagem desse público, fala de igual para igual, principalmente no caso de produtores de conteúdo da internet, coisa que é muito difícil para uma marca sozinha fazer”, lembra Guga Mafra. Enquanto artistas e atletas dividem seus espaços nos corações e mentes do público com os influenciadores, esses renovam o mercado criando o que poderemos até chamar de “nova propaganda”, contribuindo para a tomada de decisão do cliente. E a prova disso está em pesquisa realizada em 2013 pela Nielsen que mostra que 84% dos 21


CAPA | INFLUÊNCIA DIGITAL consumidores no mundo tem como fator principal revisões e recomendações de fontes confiáveis, ao invés das informações passadas em mensagens publicitárias. Além disso, estudo produzido pela McKinsey & Company apontou que 20% a 50% se baseiam no marketing boca-a-boca. “Esses influencers estão por toda parte, em especial no Youtube, no Facebook e no Instagram e possuem milhares (e em muitos casos, milhões) de seguidores. Criam conteúdos, vídeos, textos, depoimentos, contam seu dia, postam suas dietas, mostram seu almoço, exercícios, viagens, seus trabalhos e com isso criam imagens pessoais de sucesso em que as pessoas se espelham e se apegam. Com poucos cliques e muitas redes sociais, encontra-se qualquer informação e, dependendo do que for encontrado, terá sido determinado seu sucesso ou fracasso”, diz Marcelo Caricati, sócio-fundador da Agência Linka (SP).

Estamos vivendo um momento ótimo no mundo e na internet, com cada vez mais gente expressando suas ideias e posições. Então se associar a quem tem o que dizer é o que vale a pena. Quando uma marca se associa a um influenciador amplia o alcance do que tem a dizer.

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Dani Arrais, Contente (SP)

A dimensão desses agentes para as marcas nas redes cresce a cada dia, de acordo com levantamento do The Shelf (empresa americana desenvolvedora de plataformas de marketing de influência). 88% dos influenciadores divulgam verbalmente sobre as marcas que patrocinam; 72% compartilham posts adicionais de seus patrocinadores gratuitamente; 77% afirmam que a tendência de comprar em marcas que os patrocinam é maior. “Sem dúvida nenhum bloggers, youtubers e instagramers influenciam muito o comportamento das pessoas. Com qualquer citação ele pode levar ao céu ou ao inferno qualquer empresa, de qualquer tamanho ou segmento, pode levar dezenas de pessoas a procurarem uma empresa, apenas por que colocaram que tal empresa é séria e honesta. E, ao mesmo tempo, podem fazer com que más condutas cheguem rapidamente ao seu público, criando situações de difícil reversão”, comenta Caricati. Num momento em que estamos cada vez mais conectados ao ambiente online, esse aval que um influencer pode dar à marca é uma garantia de qualidade atestada com sua imagem, para o especialista. A participação em ações impactam os usuários de forma assertiva e efetiva e se torna um grande diferencial para a marca. “Fato de utilizar a opinião de alguém 'dito popular' é uma grande oportunidade para o segmento publicitário. É uma ação já usada há bastante tempo nas mídias offline que visavam associar a marca a celebridades, o chamado testemunhal. Hoje, de uma forma mais criativa, interativa e ágil são os posts de fotos e vídeos em redes sociais que fazem esse papel. Eles têm como grande vantagem, em relação ao passado, a possibilidade de conseguir mensurar todas as ações geradas pela publicação e alcançar pessoas durante

todo o dia e lugares através dos smartphones, já que todos estão conectados quase 24 horas por dia. Para ficar mais claro, a força que uma ação dessas pode ter para uma marca, tome como exemplo uma personalidade influenciadora como o jogador Neymar, que possui mais de 56 milhões de seguidores no Facebook e que com apenas uma postagem de foto gerou quase um milhão de likes e mais de 6.000 compartilhamentos na rede”, salienta Marcelo. Da mesma forma, a atitude errada ou equivocada na conduta do influenciador pode comprometer também a marca e gerar prejuízos em sua imagem junto ao público. De fato, se antes a propaganda tradicional já dividia seu budget com a publicidade online, agora os esforços se voltam para a visão de pessoas “comuns” falando de um produto/serviço em que acredita e recomenda, valorizando a marca, cliente, anunciante. Pesquisas atestam, inclusive, que 65% das marcas já utilizam estratégias de marketing de influência hoje no mercado, e 52% das empresas realmente destinam verba exclusiva para ações em mídias sociais. “Os influenciadores definitivamente não são mais uma oportunidade temporária, se estivéssemos em 2009/2010 este termo caberia de fato. Hoje eles têm tomado um papel fundamental nas estratégias de comunicação das marcas e têm sido mídia obrigatória para qualquer campanha que envolva internet. O meio Influencers tem se tornado o maior custo x benefício para campanhas, pois além de ter um investimento comparativamente aos tradicionais equivalente, é capaz de entregar um resultado às vezes 30, 40, até 50 vezes maiores em campanha”, enfatiza Murilo Oliveira da IWM Agency.


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CARREIRA SOLO O Carreira Solo é um site, uma comunidade, dedicada ao mercado de profissionais Freelancers, principalmente, das áreas de design, tecnologia da informação e marketing. Nele é possível ver entrevistas, links, referências, livros, filmes, novidades na área da comunicação. Além disso, há um espaço reservado para o guia do freela, com artigos, podcasts, livros e entrevistas essenciais para repensar a carreira como freelancer ou pequeno empreendedor. É um projeto que vai além de sua plataforma tecnológica ou das tendências de seu tempo. O objetivo é tirar você de onde está e levá-lo a empreender sua própria marca pessoal.

DRAFTBOOK Criação do ilustrador e diretor de arte Chandler Vaz, o Draftbook é um Tumblr com ilustrações diárias, onde pedidos e sugestões são atendidos com artes que se debruçam sobre a cultura pop do cinema, quadrinhos e animações. Dono de um traço seguro, o sketchbook de Vaz serve de inspiração para todos aqueles que apreciam exercitar a criatividade, munidos de papel, nanquim e tintas coloridas.


PANORAMA | GRANDVISION BY FOTOTICA

UNIÃO DE FORÇA POR EXPANSÃO IVELISE BUARQUE O Brasil tem 100 milhões de pessoas que precisam de óculos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), que ainda aponta que apenas 36 milhões fazem correção visual. Encaramos assim, um momento positivo para o setor ótico que tinha previsão de faturamento de R$ 24,2 bilhões ano passado, segundo a Associação Brasileira da Indústria Óptica - Abióptica. Com isso, a perspectiva é de crescimento de 70% do setor nos próximos cinco. Diante deste cenário, a Fototica anuncia nova investida e incorporação que projeta a marca nacional, hoje uma das maiores redes de varejo ótico. Agora, integrase ao poderoso grupo holandês GrandVision e assume a assinatura GrandVision by Fototica. "A GrandVision By Fototica faz parte do maior varejista ótico do mundo, que possui forte know-how no segmento de franquias. O grupo opera mais de 1.000 franquias espalhadas pelo mundo. Estamos implementando no Brasil um modelo de negócio similar ao que o grupo aplica em outros países, como França e Alemanha: simples, seguro e sustentável a longo prazo, o que permitirá que a empresa aumente sua presença nacionalmente", diz o presidente Alvaro Vieira. Com 100 lojas em quatro estados brasileiros (São Paulo, Bahia, Pernambuco e Sergipe), a rede não só passa a fazer parte da maior rede de varejo ótico do mundo, mas aposta em audacioso processo de expansão agregando novas possibilidades para os consumidores brasileiros com portfólio de grifes internacionais entre 24

outros benefícios. A mudança visa trazer o know-how global do grupo e manter os atributos que fez a empresa ter uma marca reconhecida pela sua qualidade e serviço ao longo dos anos. "A GrandVision by Fototica conta com moderno laboratório central em São Paulo, garantindo alta qualidade em todos os produtos. A empresa investe constantemente em equipamentos de última geração, que associados às exclusivas lentes LightView e Variview oferecem qualidade, conforto visual e as melhores relações custo-benefício do segmento. A empresa também conta com amplo portfólio de grifes exclusivas para óculos de grau, óculos de sol e lentes de contato. São 23 marcas com identidades únicas. Essas grifes nos ajudam a entregar diferenciação em nossas lojas e oferecem ao consumidor produtos de qualidade a preços mais acessíveis", enfatiza. Além do incremento do portfólio, a marca aposta agora em plano de franquias com modelo de negócio simplificado para investidores, focando-se em atingir essa meta de expansão, e na sua atuação em todo o território nacional. "Podemos dizer que esse é um projeto de longo prazo e nosso foco e prioridade é o sucesso dos franqueados. A quantidade de novas lojas nesse formato será consequência desse árduo trabalho com os nossos parceiros. Vemos um grande potencial para este modelo de franquia no Brasil, e aspiramos expandir os negócios em regiões que ainda não estamos presentes. Podemos citar Rio

de Janeiro, Minas Gerais, Brasília e Paraná como algumas delas", destaca. Unindo a trajetória da Fototica ao know-how global do grupo holandês, a GrandVision by Fototica manterá os atributos que fizeram as duas corporações se tornarem reconhecidas no setor (nacional e globalmente), para a garantia deste projeto de longo prazo com sucesso dos franqueados. Desta forma, investe também em processo de redefinição da marca que vai além da incorporação do nome internacional, do portfólio de grifes e do aporte aos franqueados que contam com suporte total e consultoria para a manutenção do padrão e da imagem da rede. "A Fototica está passando por um processo de rebranding com a incorporação do nome GrandVision à marca Fototica, a partir de agora, que vai ao encontro do momento atual da companhia e do Grupo. Diante desse novo momento teremos mudanças em todas as 100 lojas da rede gradativamente, além de todos os processos para incorporar o nome em nossas ações e comunicações", comenta Alvaro. Mas o trabalho tem muito chão ainda dentro do planejamento de comunicação e marketing da GrandVision by Fototica. A empresa nacional já costumava investir forte no Brasil com diversas ações e manterá esses planos nesta fase atual, apostando mais do que em campanhas. Dentro do composto de comunicação já incrementada com nomes fortes na mídia como Ivete Sangalo, a nova estratégia estreita a


relação também com novos influenciadores (com destaque para a pernambucana Camila Coutinho do blog Garotas Estupidas). "Temos um histórico de investir fortemente em campanhas nos pontos de venda e, com esse novo projeto, continuaremos a seguir esse caminho, contando com materiais em diferentes mídias, com foco em mídia online e CRM. As estratégias de marketing ainda preveem campanhas integradas para todas as lojas e ações regionais. Recentemente, a empresa levou a uma de suas lojas em Pernambuco, Bahia e São Paulo a blogueira Camila Coutinho para falar sobre as últimas tendências de moda das passarelas e seus óculos preferidos", diz o presidente. PROJEÇÃO ESTRATÉGICA Inicialmente, a Fototica começou com uma loja fundada em 1920 pelo húngaro Desidério Farkas, em São Paulo, que já estava ampliando seus negócios com filiais nos anos 40, juntamente com seu filho Thomas Farkas, que passou a presidir a empresa. Apesar de ter investido em outros segmentos distintos posteriormente, os empreendedores concentraram constantemente seu foco principal no setor ótico, mantendo sua imagem forte neste mercado e chamando a atenção de grandes corporações. "Em 1997, foi adquirida por um fundo de investimentos e, em 2007, pela Hal Investiments B.V., principal acionista do grupo GrandVision. Em 2009, adotou um novo logotipo e retirou a letra 'P' do nome (Fotoptica), assim como os serviços fotográficos do seu mix de produto (serviço de revelação em 24h que passou a ser oferecido nos anos 80)", lembra Vieira. Agora integrada ao grupo holandês, a marca Fototica conquista nova projeção e promete muitas novidades para este setor que se mantém estável, especialmente no

Nordeste. Por isso, a GrandVision by Fototica movimenta cerca de 42 lojas na região, por considerá-la extremamente importante para os negócios da empresa. “Saúde ocular é uma necessidade básica. Enquanto todos os segmentos estão sentindo os efeitos da situação econômica brasileira, o setor ótico se mantém estável. A GrandVision by Fototica é um grande player desse mercado e faz parte do maior grupo de varejo ótico do mundo. Temos grandes ambições para o mercado brasileiro e continuamos a ver oportunidades de crescimento. Especialmente no Nordeste onde todos os nossos esforços de crescimento também visam o desenvolvimento da marca nas cidades da região”, enfatiza o presidente. Neste cenário do setor com as expectativas de crescimento, a GrandVision by Fototica se prepara para manter sua marca firme e forte

em um momento de novos desafios para o país, ultrapassando com estratégia eficiente qualquer adversidade no meio do caminho para alcançar seus objetivos. “Estamos em um processo de expansão. E o investimento em franquias nos dá a oportunidade de crescer e nos permitirá conquistar a liderança do mercado. Queremos que a GrandVision by Fototica se torne um grande player nacional, expandindo seus negócios e sua presença em todos os estados brasileiros”, reforça Alvaro Vieira. E com a nova investida o holandês GrandVision amplifica suas ações globalmente, em um processo que já conta com uma presença forte com mais de sei mil unidades e mais de mil unidades franqueadas. “Em 2015, o faturamento da GrandVision foi de 3,2 bilhões de euros, algo em torno de R$ 13,3 bilhões, considerando o euro a R$ 4,15”, completa o executivo. apareça. 25


INSTAGRAM

MAIORIDADE DIGITAL Instagram segue tendência do Facebook para ltragem de conteúdo JULIANO MENDES DA HORA Quando uma nova rede social surge no horizonte é sempre aquele mesmo roteiro: no início, uma aura de curiosidade e empolgação com seu potencial é desenhada, seguida de uma adesão dos usuários que pode ser determinante na sua permanência em meio à concorrência. Aqueles que conseguem se estabelecer herdam as glórias e as dores de cabeça trazidas pelo potencial de crescimento e as demandas que surgem com elas. Foi assim com o Fotolog, com o MySpace, com o Orkut, com o Facebook, e agora, o ponto de virada chega ao Instagram. O aplicativo fotográfico mais querido dos últimos anos acaba de anunciar a inevitável mudança na forma como vemos nossas timelines. De agora em diante, posts serão destacados de acordo com sua relevância, e não mais colocados em ordem cronológica como antes. O que isso significa? Significa que talvez você não veja alguns posts de acordo com o momento em que você abre o aplicativo. No lugar da foto publicada por sua amiga neste exato momento, pode estar a postagem de alguma celebridade que você esteja acompanhando, ou até mesmo aquele conhecido cheio de seguidores, que esteja faturando muitos likes e comentários. São eles quem vão aparecer primeiro na sua lista, enquanto o resto será empurrado para o fim da fila. 26

Para muitos usuários, chegou a hora do Instagram assumir de vez o poder que nós, internautas demos a ele, e vestir uma roupagem mais profissional. Afinal de contas, Grandes poderes trazem grandes responsabilidades. E não foi à toa que Zuckerberg desembolsou tanto pelo aplicativo. Atualmente, o Insta (como é carinhosamente chamado pelos brasileiros) possui mais de 400 milhões de usuários, com 16 milhões só de contas brasileiras. Destas, 14

milhões são acessadas prioritariamente pelo celular, fortalecendo de vez a era mobile. Conforme mais e mais pessoas tenham acesso a smartphones e tablets, a tendência é que o crescimento não pare. De acordo com os últimos números divulgados pelo próprio Facebook, a cada segundo acontecem 575 curtidas e 81 comentários. Ao longo do mês, terminamos passando

257 minutos com os olhos vidrados na rede da maquininha fotográfica. No cenário demográfico, o sudeste e o nordeste brasileiro são os campeões de audiência, com 8,1 milhões e 3,4 milhões de usuários, respectivamente. É um campo vasto para possibilidades nas regiões que mais crescem no Brasil. OVERDOSE VERSUS QUALIDADE “Acredito que esse era um caminho natural a ser tomado pelo Instagram”, afirma o potiguar Rener Oliveira, do blog Repostei. “Sempre procurei otimizar o alcance de minhas atividades online através das redes sociais. O Instagram me atraiu por que tem uma interface simples, e todo mundo usa. Mas acredito que muita coisa se perdia no meio do caminho.” Tal afirmação se deve ao fato de um efeito parecido com o que ocorre em outras redes, onde a relevância é medida por número de seguidores. Justamente na intenção aumentar sua visibilidade, muitos usuários adotaram a prática do like for likes, follow for follow. “Como consequência, as pessoas seguiam outras nem tanto por afinidade, mas na intenção de fazer volume. Muita gente terminou por ficar por fora dos perfis que realmente gostavam, que ficavam perdidos em meio à uma overdose de conteúdo, pelo fato do aplicativo seguir uma ordem cronológica e pelas


Hugo Barros, publicitário e digital in uencer

pessoas terem mais o que fazer em vez de passar o dia conferindo fotos no telefone”, pondera. E foi pensando nisso que a equipe do Instagram resolveu adotar os temidos algoritmos. Sim, os mesmos que causaram uma revolução nas fanpages do Facebook, fazendo despencar o alcance orgânico das postagens, a fim de alavancar a comercialização de pacotes de anúncios e impulsionadores de posts. O anúncio da medida deixou a comunidade instagrammer de cabelo em pé. Falava-se no fim de uma era e início de outra, onde a diversão e espontaneidade características do aplicativo alcançariam um ciclo natural onde seria preciso agregar essa evolução para que ele sobrevivesse. Por isso, mais do que nunca, o Insta pode ser dividido entre dois tipos de público: aquele que não está nem aí e aquele que deseja utilizá-lo para promover conteúdo, produtos e serviços. Atualmente, ele já possui planos de impulsionamento de posts semelhante ao praticado no Facebook, onde você pode selecionar público-alvo por fatores demográficos, de idade e várias

alternativas. Mas para quem deseja construir uma trajetória de relevância sem estampar o famigerado “patrocinado” na testa, o Instagram começa a demandar uma postura mais estratégica, pautada pela qualidade. Tem sido assim com o publicitário e digital influencer Hugo Barros. Ao longo dos últimos três anos, Hugo tem construído com muito esmero uma imagem proativa e cativante na internet a seu favor. Para tanto, ele tem apostado no seu carisma e nas lições que aprendeu durante a faculdade. “Quem acha que basta só uma boa imagem e tags está muito enganado, pois o Instagram amadureceu e exige o mesmo de quem deseja faturar com ele”, explica. “Ter conhecimento do seu públicoalvo, seus hábitos e horários de maior atividade, além de perceber o que está gerando buzz pela rede, são pontos que norteiam as minhas postagens.” Embora haja espaço para imagens e vídeos mais espontâneos, a maioria do conteúdo que Hugo desova para seus seguidores é milimetricamente planejada. Curtidas, interação com usuários e retorno dos investimentos dos parceiros fizeram dele um dos nomes em ascensão no mercado nordestino. Justamente pela força de seus posts, Hugo é um dos perfis que com certeza será beneficiado pela nova política de algoritmos do Instagram. Com 18.2 mil seguidores e uma média entre 200 a 1.800 curtidas por posts, ele foi convidado para promover um workshop no Maranhão, intitulado “Quanto vale sua selfie?”, realizado em Maio na cidade

de Imperatriz. “Acredito que essa curadoria dos algoritmos será boa para valorizar aquilo que é feito com dedicação e criatividade, afinal de contas, esse é o espírito do aplicativo: surpreender e cativar. Quem fizer um trabalho sério só tem a ganhar daqui pra frente”, pondera, grato à disciplina e convivência com reuniões, relatórios e infográficos de desempenho. Pode ser que daqui a alguns meses, os usuários comuns notem uma queda significativa na quantidade de curtidas nos seus posts, além da super exposição de determinadas contas e hashtags, em detrimento de outras. As regras são claras e quem deseja se jogar na pista pra negócio deve encarar o Instagram com espírito de empreendedor e mente aberta para não perder o timing e nem o coração dos internautas. Só fica preocupado com os algoritmos quem ainda não aprendeu a fazer o dever de casa enquanto ainda é tempo. Ou pelo menos até outra rede superar a maquininha fotográfica vintage. (Olá, Snapchat?)

Rener Oliveira, blog Repostei 27


DIGITAL

O CAMINHO DAS NOVAS EXPERIÊNCIAS TELEVISIVAS IVELISE BUARQUE A reinvenção da TV no Brasil com o avanço do modelo digital está trazendo uma modernização progressiva para difusão nacional, com vista à democratização e à universalização de um sinal de melhor qualidade, mais capacidade e possibilidades para a sociedade. E naturalmente mudará completamente o padrão brasileiro de transmissão e de consumo de televisão, envolvendo maior mobilidade para que o telespectador não fique mais restrito ao horário padrão de programação. Desta forma, poderá decidir o que assistir, quando e de que forma, 24h por dia, até em dispositivo móvel. As apostas são tão grandes que a Kantar IBOPE Media fechou parceria com a empresa japonesa Video Research para a criação de um sistema de medição que captura toda a audiência da televisão digital em aparelhos celulares e em tablets. Desenvolvido após muito investimento, este recurso chamado de TDT Mobile ajudará o mercado a transformar essa mudança em oportunidade. Lançada pela empresa em agosto de 2015, essa tecnologia antecipa investimentos em infraestrutura de coleta e processamento de dados para mensurar a audiência e a fiscalização publicitária do sinal digital a partir de julho, de acordo com esta divisão latino-americana da líder global em inteligência de mídia. Apesar do desligamento total do sinal da TV analógica ser concluído apenas no final de 2018, já está trocando todos os meters do painel de 6.060 domicílios, localizados em 280 municípios brasileiros, para o modelo DIB 6 – que possui a única tecnologia no mundo auditada pela E&Y e validada 28

pelo Media Rating Council (MRC), capaz de medir o padrão brasileiro de TV digital. Segundo a organização, o meter possui ampla capacidade de coleta e reconhecimento de áudio, sendo capaz de medir qualquer sinal digital, garantindo desta forma a qualidade e abrangência na captação de dados antes, durante e depois do switch-off. Conhecida como TDT, a nova televisão que o Brasil irá ver traz assim cada vez mais possibilidades para diversos setores da comunicação, e por isso o investimento é tão necessário. E todos devem fazer parte do processo para que a iniciativa não fique limitada. Pensando na necessidade do telespectador e preocupados com audiência já consolidada, emissoras já se organizam para manter as transmissões dos seus sinais e a exibição dos seus programas dentro do padrão digital: desde a qualidade técnica de imagem e som passando a questão da interatividade e da acessibilidade. “As emissoras estão fazendo o que lhes compete, trocando seus equipamentos das geradoras, implantando retransmissoras, por exemplo. De certa forma, entendemos que o Ministério das Comunicações está fazendo os processos avançarem com velocidade. No momento, entendemos que as emissoras estão fazendo um esforço imenso para garantir que cada brasileiro tenha mantido o direito de acesso à TV aberta e gratuita. Garantindo a infraestrutura, as aplicações fluirão de forma tranquila, lembrando que a multiprogramação é vedada às emissoras comerciais pela portaria 106/2012 do MC”, diz Vladimir Melo

da TV Jornal. O diretor executivo considera que este avanço representa a continuidade de um modelo de acesso aberto à televisão gratuita, garantindo esta melhor qualidade de imagem e som, que possibilita ainda que sejam implementados novos recursos de acessibilidade, como audiodescrição e closed caption. Ultrapassando alguns desafios comuns a um país com as características do Brasil, a TV Digital está se costurando de uma maneira acessível e versátil ao público, preparando-se adequadamente para as mudanças que estão por vim. Mas, o fato é que as empresas estão abrindo as portas para esta adaptação obrigatória sem incentivos do governo, contudo, confiantes de que esta inovação trará transformações positivas para o mercado de comunicação e no meio televisivo, que ainda é o veículo com maior penetração nos lares brasileiros. As mudanças irão com certeza interferir não só no trabalho e nas ações das emissoras como especialmente no que diz respeito aos investimentos em propaganda. “O modelo brasileiro permite que o mercado publicitário entregue produtos inovadores, com maior qualidade, com recursos de acessibilidade e interatividade. As emissoras têm o grande desafio da produção de conteúdo, há um universo muito grande a ser explorado”, destaca Melo. Neste sentido, a TV Jornal está um passo a frente. Desde 2009, a emissora foi a primeira de Pernambuco a transmitir o sinal digital, apresentando uma programação diversificada e em alta definição (HD) ao telespectador:


atrações de humor, gastronomia, entretenimento e principalmente jornalismo. Cobrindo 104 municípios da região com sua grade já no novo sistema, é o único veículo pernambucano a transmitir a programação via streaming – uma forma de distribuição de dados via internet – através do site (www.tvjornal.com.br), além de utilizar parte dos conteúdos enviados via comuniQ, aplicativo do SJCC onde o telespectador pode enviar sugestões de notícias. “Contudo, todo o esforço feito até hoje na TV Digital não foi revertido em receita comercial, foi uma questão única de sobrevivência no segmento. As emissoras investiram muito dinheiro em estudos, equipamentos, novas tecnologias, testes, implementação, mas sem retorno financeiro. As receitas no meio TV têm aumentado por outros fatores, o que nos leva a entender que poderíamos estar em outro patamar”, enfatiza. Observamos que todos os avanços e vantagens que teremos com a implantação da TV Digital no Brasil em grande parte reportam às redes de televisão aberta, como um agente direto para essas mudanças. “A situação da TV comercial aberta no Brasil se difere da maioria das emissoras internacionais e apresenta crescimento no faturamento ano após ano. Se ninguém discute a influência da TV, também não se discute que há muitas mudanças acontecendo no ambiente da comunicação. Outro fato é que o desenvolvimento das pesquisas de digitalização do sinal digital de transmissão das emissoras aconteceu frente a expansão da internet, a concorrência acirrada das emissoras por audiência, o crescimento da operação das TVs por Assinatura, o consumo de vídeos on demand, a IPTV, smartphones, etc”, comenta Valéria Martins, gerente de Marketing da TV Record Brasília. Para a executiva, todas essas transformações são reflexo direto das mudanças nos hábitos de assistir televisão do telespectador, que pode

Valéria Martins, gerente de Marketing da TV Record Brasília

ter acesso à informação e ao entretenimento onde estiver e quando quiser. A realidade mostra que estamos no progressivo e contínuo caminho da inovação, passando pela substituição dos meios de comunicação e pela readaptação dos veículos, que assumem novos papeis e funções sociais. A coexistência das mídias tradicionais com as novas tecnologias é fundamental neste contexto com foco na mútua participação na construção e distribuição de conteúdo. “Nesse processo, a TV Digital surge com o

objetivo de estimular a pró-atividade, a colaboração e a personalização dos conteúdos, e o telespectador nesse processo é aliado das TVs. A experiência da TV Record passa não somente pelo processo de digitalização e oferta de aplicativos interativos. Há de mobilizar a sociedade sobre as possibilidades que a TV Digital pode agregar para a experiência televisiva, fornecendo informações realmente relevantes”, exemplifica Martins. A convergência midiática desconstrói o comportamento antespassivo do telespectador e a ideia de comunicação de massa, para Valéria. Contudo, além do desafio da substituição do parque tecnológico pelo usuário e pelas emissoras, é preciso ter em mente que todo o processo relacionado ao futuro da TV Aberta envolve também grandes reestruturações operacionais, qualificação dos profissionais do mercado de comunicação e do modelo de negócio. “Atualmente, a valorização do conteúdo é mais importante do que a valorização da plataforma. A garantia da qualidade e da relevância do conteúdo, a partir da reflexão sobre o que acontece na sociedade, com base em pesquisas de comportamento e tendência, torna-se princípio vital para refletir sobre a nova função da TV. E os formatos comerciais como vinhetas, chamadas, merchandising se comunicam agora com ícones e botões que proporcionam novas experiências televisivas e cria novos conteúdos. Permitindo ao telespectador explorar novos caminhos com mais engajamento, criar ciberespaços e conteúdo transmídia. Traçar estratégias baseadas em estudos de tendência e comportamento é vital para um negócio que movimenta bilhões. Mais do que adivinhar o futuro, entender a nova audiência que se configura e aproveitar as oportunidades para proporcionar uma real inclusão digital”, frisa a diretora gerente de Marketing da TV Record Brasília. 29


OLHAR ACADÊMICO

A IMPORTÂNCIA DA PONTE ENTRE A ACADEMIA E O MERCADO MARIANA LIBONATI | MESTRANDA EM CONSUMO, COTIDIANO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL (UFRPE) E PROFESSORA DA NOVA ROMA Sempre gostei muito de escrever, ler, pesquisar...A minha curiosidade de conhecer mais o mundo me fez buscar além. Por ter este perfil, antes de escolher qual graduação cursar não sabia se fazia Publicidade, que era um grande sonho, ou se cursava Letras, já que gostava bastante de idiomas e de ensinar. Meu amor pela publicidade falou mais alto e já no primeiro período comecei a estagiar na E.Life (empresa de pesquisa e monitoramento de redes sociais). Na época (2008) essa área estava começando e eu achava muito interessante poder observar o que estava sendo dito sobre grandes marcas nas redes sociais por um público que não apenas recebia informação da mídia, mas que estava empoderado e gerava conteúdo. Era muito importante aprender como gerenciar e monitorar esses clientes. Logo depois fui estagiar na Mercado Comunicação com dois grandes mestres Ivanildo Holanda e Márcio Quirino. Lá foi minha grande escola, trabalhei em quase todas as áreas e pude ter uma vivência real do mercado publicitário, atendi grandes clientes como Rede Globo, Shopping Costa Dourada e Life do Brasil. Como comecei na prática muito cedo, durante minha graduação eu tentava buscar sempre mais, referências em outros autores mais avançados e o que estava acontecendo em outros países. Já que sempre existiu em mim essa busca por conhecimento eu resolvi fazer intercâmbio na Universidad de Valladolid na Espanha, foi uma experiência muito rica para 30

aprender um novo idioma e conhecer outras pessoas, culturas, países e ter um novo olhar sobre a publicidade. Fiz o meu trabalho de conclusão de curso sobre um comparativo das práticas de planejamento de mídia e comunicação: Madrid x Recife. Depois que me formei, passei pela DB´D Comunicação, Duplo A Comunicação, Ampla Comunicação e Reserva Comunicação. Trabalhei nas áreas de Mídia ou Atendimento e Planejamento. Também cheguei a trabalhar no

departamento de Marketing de uma construtora. Meu maior foco sempre foi pesquisa, planejamento, tentar entender bem as necessidades de quem consome os produtos e serviços. Em 2013 percebi que sentia a necessidade de estudar mais, então fiz MBA em Marketing pela UFPE e logo depois engatei no mestrado de Consumo, Cotidiano e Desenvolvimento Social na UFRPE, que devo concluir no final do ano.

Já que gosto tanto de estudar, de buscar outros olhares e tenho experiência de mercado resolvi tentar um sonho antigo, que é o que vem me completando e realizando muito: ensinar. Sou professora da Faculdade Nova Roma da graduação e leciono atualmente a disciplina de Mídias Sociais no MBA de Marketing da Faculdade Boa Viagem em parceria com a publicitária Ludmilla Vasconcelos. Hoje posso incentivar os alunos a buscarem cada vez mais, a lerem, estudarem, viajarem e estagiarem. A teoria é fundamental, mas essa precisa ser aplicada na prática. As empresas são verdadeiros laboratórios para que os alunos aprendam como se portar, como construir conhecimento e ter uma experiência muito válida no mercado, todavia, acredito também que o mercado pode estar presente na sala de aula. É importante que os professores tentem trazer o máximo do mercado para ensinar através de cases, aplicações práticas, palestras de pessoas da área e visitas técnicas, por exemplo. Isso já aproxima o aluno desde o início do cotidiano profissional que ele terá. Minha bagagem de mercado é fundamental para que eu possa dar exemplos e tente tornar as disciplinas que leciono muito práticas, claro com a associação às teorias estudadas. Minha ideia é ajudar a formar um profissional que saiba se portar dentro de uma empresa e que seja curioso para estudar cada vez mais, buscando sempre soluções criativas e inovadoras. A academia tem como objeti-


vo produzir conhecimento para a melhoria da sociedade, entretanto, muitas vezes esse conhecimento não é aplicado na prática. Ainda existe um distanciamento muito grande entre o mercado e academia que precisa acabar, porque o embasamento e o estudo de teorias podem ser fundamentais para campanhas de sucesso, por exemplo. Quando se conhece bem qual o público-alvo, se faz uma pesquisa estruturada, sabe os hábitos dos consumidores, onde eles estão e o que buscam, além do domínio dos conceitos e teorias, existe uma grande soma de esforços para que a campanha seja mais assertiva. Tive a honra de estudar com duas grandes professoras e consultoras, Karla Patriota e Izabela Domingues, que mostram que o diálogo entre a academia e o mercado é possível e fundamental. Tudo muda muito rápido, especialmente na publicidade, tem o estudo de novas mídias, novos hábitos de consumo, entre outros. Dessa forma, a academia desenvolve muitas soluções e conceitos para serem aplicados, por isso é importante ser inquieto e estudar cada vez mais. Eu por exemplo estudo a plataforma digital Facebook, contudo sei que daqui a alguns anos essa rede pode ser extinta como ocorreu com o Orkut, por exemplo. O fundamental é estudar as relações sociais que acontecem nas redes sociais. E, caso uma seja substituída por outra, observar quais aspectos foram aperfeiçoados nessa nova mídia digital. Mas é muito mais uma questão de hábitos de consumo das mídias. Podemos observar também, por exemplo, o que ocorre em relação ao meio jornal, onde grande parte do públicoalvo de leitores migrou do impresso para o online, mas ainda tem consumidores que tem o hábito de ler o impresso, então essa mídia não deixou de existir. O mesmo aconteceu na década de 50 com a chegada da TV, muitas pessoas acreditavam que o

Para mim a teoria e a prática estão correlacionadas, uma é dependente da outra, não sei onde começa a teoria e onde termina a prática

rádio iria morrer porque essa nova mídia trazia a junção de som, imagem e movimento, logo seria mais atrativa, mas o rádio não acabou. Existe uma evolução dos meios e cada um tem suas especificidades, mas existe público para isso, o importante é analisar como ocorrem as transformações nos consumos das mídias. Por isso os estudos de hábitos, consumo, e tendências são fundamentais. A pesquisa e o planejamento trazem subsídios para o sucesso das campanhas de publicidade, porque com o embasamento estratégico se consegue identificar qual o público correto e onde ele se encontra, por exemplo. Para mim a teoria e a prática estão correlacionadas, uma é dependente da outra, não sei onde começa a teoria e onde termina a prática. Recentemente, recebi um pedido de ajuda com o qual fiquei muito feliz: um amigo da minha área pediu indicação de livros de comunicação e marketing porque estava com a equipe montando um planejamento de campanha para a empresa na qual trabalha, mas gostaria estudar mais para traçar os 4 P's de marketing, realizar uma matriz swot, saber qual o

período mais indicado para o lançamento da campanha, entre outras coisas. Isso mostra que existe uma preocupação do mercado para aplicar a teoria na prática e ser mais assertivo nos objetivos de comunicação e marketing. Porque toda empresa tem problemas para solucionar e precisa saber qual a maneira correta de fazer isso. Principalmente, nessa época de crise, onde é preciso se destacar da concorrência e não se tem, muitas vezes, grande verba para investir, então tem que ser algo bem focado. É fundamental que ocorra cada vez mais essa aproximação entre mercado e academia, é preciso que o mercado compreenda que a base teórica ajuda no fornecimento de dados importantes para aplicação na prática. Concordo também que a academia deve pesquisar cada vez mais temas atuais e que sejam de interesse da sociedade e do mercado e não apenas do pesquisador. Dessa forma haverá aproximação maior entre ambas as partes. Sou bem otimista com um futuro mais integrado entre a academia e o mercado, mas para isso precisamos buscar cada vez mais o conhecimento associado à prática.

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MUNDO ONLINE | BLOG LÓGICA FEMININA

A INFLUÊNCIA DA LÓGICA FEMININA NAS REDES IVELISE BUARQUE Abrir um diálogo íntimo e pessoal sobre aquilo que se pensa e acredita no mundo online é um caminho atípico, porém não impossível nos dias de hoje como prova o “Lógica Feminina”. Projeto que traz à tona com ousadia e bom humor algumas questões do dia a dia (como perda, amor, realização pessoal, qualidade de vida e filhos), apresentando variados pontos de vista e notícias diversificadas sobre coisas que se integram com esta visão da sua mentora: Thatiana Nunes, conhecida no meio como Thatu Nunes, idealizadora do "Manual das Encalhadas" que com o passar do tempo ganhou vida própria e se transformou nesta proposta mais madura, que agrega ainda diversos outros projetos. “O Lógica Feminina é um blog de postagem diária. Existem momentos em que isso falha, claro. Mas eu procuro respeitar isso de forma religiosa, pois os leitores cobram quando demoro a postar”, diz autora da iniciativa. Atuando com sucesso há mais de cinco anos no meio, ela assume que a escolha se baseou numa ideia simples: falar de amor, relacionamento, comportamento humano. “Bom, eu fui falar do que eu sabia falar, né? (risos) Porque, cá entre nós, duvido alguém que entenda mais de relacionamentos do que eu! Hahahaha”, enfatiza brincando. Como muitos empreendimentos digitais, Thatu começou despretensiosamente neste universo com o “Manual das Encalhadas” para tirar onda de umas amigas com postagens divertidas e 32

eventuais. O que teve início como uma simples diversão, tornou-se uma forma de desabafo após o falecimento trágico do marido Luciano, ganhando uma proporção imensurável para a empreendedora, que chegou a se chamar DraDoAmor. “Eu comecei a escrever pra superar a dor da viuvez trágica, mas sem querer falar sobre isso publicamente. Aí só saíam textos sobre amor, relacionamentos, comportamento, sociedade, etc. Com o passar dos anos finalmente contei minha história e as pessoas tomaram para si como uma referência ao meu respeito”, lembra.

Facebook.com/logicafemininablog

Entretanto a ideia definitivamente tomou outras proporções e, após dividir a investida com tantas outras responsabilidades, tornou-se o seu plano A e, com o passar do tempo, contou com mais investimento, estudo, preparo e planejamento. E o resultado superou possivelmente todas as suas expectativas, uma vez que atuar com marketing digital e se tornar uma referência no mundo online não era um plano inicial em sua vida

profissional. A brincadeira virou negócio com audiência enorme e com interação crescente com o público. “Eu já tive 30 mil visitas por dia no blog antigamente, quando eu me dedicava ativamente a divulga-lo. Hoje, a divulgação é quando dá, quando estou a fim. Em 2014, fechei o blog completamente. Ficamos um ano e meio completamente fora do ar e em novembro de 2015 voltei bem de leve, mas com hobby. E os views caíram a zero, pois tirei do ar TODAS as páginas e como tínhamos muitas visitas vindas do google, perdi todas elas. Hoje, temos mil visitas por dia, mas a qualidade delas é absurdamente melhor. São visitas que permanecem dois minutos no blog, em média. Para um blog de nicho isso é uma vitória imensa. E a melhor parte é que temos crescido muito, mês a mês”, destaca orgulhosa. E esse orgulho não é à toa. Os números destacam a força que o Lógica Feminina tem no universo digital que conta com cinco mil curtidas na página no Facebook (http://Facebook.com/logicafeminina blog), fora duas mil o perfil da própria autora (http://Facebook.com/ nunesthatu). Isso representa para Thatu um grande fenômeno. A sua página, que é acompanhada em sua maioria por mulheres entre 25 e 34 anos (23%), tem um alcance orgânico de 396 mil e envolvimento de 48 mil com as publicações. “Alcançamos, com pouco mais de mil curtidas, quase seis milhões de pessoas. Coisa que muita página enorme não faz!”, enfatiza ela. E desta forma, mesmo


associando sua relação com a tecnologia e com as mídias sociais comi quase fisiológica, ela normalmente consegue se manter distante delas aos finais de semana para desafogar um pouco da rotina que exerce nos dias de hoje, que engloba diversos projetos paralelos e um amplo processo de trabalho que, para dar certo, necessita de um plano estruturado. “Eu faço planejamento mensal baseado em ferramentas de pesquisa do Google, alinhando com sugestões dos leitores, especialmente dos assinantes da newsletter que me respondem muito aos e-mails trocados semanalmente. Lá, eles contam suas histórias, comentam o que gostaram e até o que não gostaram no Lógica Feminina, e sugerem temas. Recentemente, me comovi ao saber que um senhor de 68 anos é leitor assíduo e usa nossas publicações para um trabalho voluntário em Minas Gerais, lendo nossos textos para velhinhos de um asilo. Também me comunico ativamente com eles nas redes sociais, debatendo assuntos em tempo real, levando as opiniões deles para as postagens e vice-versa”, comenta com satisfação. Por isso, Thatu mantém uma movimentação ativa de suas ferramentas e mídia sociais para manter em evidência as ações em desenvolvimento com o Lógica Feminina. Fora o blog que é o potencial mais explorado, essas ferramentas podem ser consideradas como fatores fundamentais para fazer com que ele se destaque e repercuta ainda mais no meio online. Contudo, cada uma mantém um peso específico em suas estratégias de marketing digital. “A ferramenta mais efetiva do blog é a newsletter. Eu não fazia ideia do poder dessa ferramenta até começar a usa-la como meio de comunicação direta com os leitores, abrindo meu coração com histórias

Thatu Nunes com a atriz Tati Pasquali do vlog Amor no Ventilador

do meu dia a dia em meio aos e-mails semanais de feed. Eles me respondem prontamente, demonstram que se sentem próximos mesmo, falam comigo como amigos e também acabam me trazendo suas aflições”, enfatiza. Contudo, apesar do vínculo que a newsletter estabeleceu com o público direto do Lógica Feminina, as principais redes sociais online proporcionam um contato direto com o target que contribuem para estabelecer esta relação mais pessoal que Thatu acredita ser essencial como termômetro de um empreendimento digital. “O Twitter é mais usado como ferramenta de opinião instantânea. Já, o inbox do Facebook, esse é quase o confessionário. É onde inúmeras leitoras recorrem a mim na esperança de uma resposta para suas aflições amorosas e comportamentais e, ao mesmo tempo, onde mais recebo feedbacks dos textos que escrevo para outros blogs, como o Entre todas as coisas, por exemplo”, destaca a blogueira e colunista. Com muito foco e com gestão estruturada e pautada em visão emocional com o meio online, o Lógica Feminina se tornou negócio que alcança novo modelo de comunicação no mundo digital, tornando-se assim, referência de criatividade neste universo. Uma

receita que ela não tem receio algum em compartilhar. “Comprometimento é fundamental. Aliás, acho que para qualquer coisa que se faça na vida, né? Para manter o blog, apliquei o que aprendi nos conceitos de vendas PAP (porta a porta): sequência e frequência. Assim como nas vendas, temos que ser frequentes e manter uma sequência média para que os clientes e, no caso dos blogs, os leitores, possam criar uma rotina de leitura e fidelizarem”, acentua Thatu. Para ela, dentro desse processo é fundamental se preocupar com a qualidade do conteúdo e com a linha editorial, pois essas duas coisas ajudam a criar uma identificação do leitor com o veículo e, a partir deste momento, se tornar um negócio. “Se você tiver sequência e frequência, mas não tiver qualidade, o leitor não vai assinar seu feed ou sua newsletter. Ele não vai clicar nos banners de seus parceiros, nem vai consumir produtos de anunciantes. Mas no caso do blog em si, por exemplo, ele acaba funcionando muito mais como uma vitrine do meu trabalho de redatora e de analista de mídias sociais, que é o que faço de forma remunerada. Desde que comecei isso, apesar de levar muito a sério a linha editorial, o conteúdo, a sequência e frequência do Lógica Feminina, eu o tenho como hobby”, compartilha a profissional. 33


DESTAQUE | GILVAN FELISBERTO

MATURIDADE E LIBERDADE JULIANO MENDES DA HORA Chega uma hora na vida de todo profissional em que ele é impulsionado a dar aquele salto responsável por coroar a sua trajetória. São anos e anos de suor, lágrimas, tentativas, e muitos sorrisos para comemorar os êxitos ao longo do caminho, ajudando a construir um olhar mais apurado e seguro da própria carreira. E eis que esse momento chegou para o pernambucano Gilvan Felisberto, que está à frente da Le Content Estúdio, junto com a jornalista Júlia Gouveia. Há 10 anos em São Paulo, Gilvan sentiu que era hora de reunir a ampla bagagem acumulada em grandes veículos da comunicação brasileira, como Editora Abril, Globo e o Grupo Folha, para conquistar o mercado com mais autonomia e ousadia. Nascido em Limoeiro, interior de Pernambuco, o design sempre esteve na vida de Gilvan, embora ele não se desse conta disso. “Era muito natural. Desde pequeno eu já me norteava por um certo senso de estética. Por exemplo: ao contrário de outras crianças, eu não deixava minha mãe escolher as roupas que ela comprava pra mim. O meu próprio gosto e cuidado com a combinação visual vinham em primeiro lugar. E isso se estendia até mesmo pelo material que utilizava na escola. Eu dava opinião em tudo, desde os lápis, borrachas, passando pelos estojos, e até a forma de encapar os cadernos e livros, embalados sempre um tipo de plástico fosco que eu preferia, era bem engraçado”, lembra. A infância de Gilvan teve a 34

forte presença das histórias em quadrinhos e animações, que ajudaram a enriquecer o leque de referências pop empregadas em suas incursões artísticas e escolares. Foi somente no fim da adolescência que ele descobriu o design como algo sério: “Na época do vestibular de 1995, uma colega de classe optou por prestar exame para o curso então chamado de desenho industrial, o que

chamou a sua atenção. “Ela sempre desenhou muito bem, mas eu nem imaginava o que um curso com aquele nome teria a ver com o que ela fazia”, explica. Como não estava muito familiarizado, e ainda não tinha uma certeza concreta a respeito de que carreira seguir, optou por tentar o curso de publicidade, mas não foi aprovado. “Foi então que no ano

seguinte, lá estava eu prestes a encarar toda aquela maratona de estudos, sem ainda me identificar com qualquer curso. Foi aí que uma vizinha veio conversar comigo sobre design. A partir do que ela me contava, tive ideias e fui me identificando com o curso. Ou seja, eu acho que não escolhi, embora eu já possuísse algumas coisas intrínsecas a quem gosta desse segmento, eu fui meio que levado ao design. Em outras palavras, fui lapidado ao longo da vida, até perceber que era isso mesmo que me realizava.” O início não foi fácil. Embora gostasse muito das aulas, o jovem Gilvan ainda não se identificava com o ofício que estava aprendendo. “No começo eu achava que não tinha muito a ver, pois via ali uma demanda por uma certa organização, um estudo de análise, disciplina… Eu também não possuía um olhar analítico, nem achava que pudesse desenvolver isso. Tanto que no primeiro trabalho acadêmico que fiz, o professor perguntou se eu tinha cortado o modelo com uma foice.” Embora os corredores da universidade estivessem repletos de conhecimento e professores que exigiam o melhor de seus pupilos, o maior aprendizado veio com a vida prática. “Foi estagiando que obtive os maiores aprendizados. Mas embora eu estivesse cercado de pessoas talentosas, acredito que nada disso teria valido a pena se eu também não me dispusesse a andar com as próprias pernas”, pondera Gilvan. FAÇA VOCÊ MESMO - E foi


aprendendo em tempo integral que Gilvan fez parte da equipe da Biblioteca Pública no Parque 13 de Maio, Print Comunicação e Jornal do Commercio. “A minha entrada no jornal se deu numa época bem peculiar da Universidade Federal de Pernambuco. Por conta das constantes e longas greves que aconteciam lá, pude utilizar o tempo ocioso para trabalhar em mais de um lugar. Uma colega da Print Comunicação fazia o mesmo que eu, só que enquanto me dividia entre a agência e a biblioteca, ela já vinha do JC. Ao ser contratada, a vaga de estagiária dela ficou vaga, e eu me candidatei.” Como todo iniciante numa grande empresa de comunicação, o começo pode ser inóspito. O “andar com as próprias pernas” foi uma percepção desenvolvida gradativamente, ao viver a rotina da redação. “Eu encarava as responsabilidades que meus chefes e colegas me delegavam, mas no entanto, eu não me sentia trabalhado, sabe? Talvez por que eles se sentissem satisfeitos com as minhas criações, e pelo ritmo acelerado da produção, não tive aquela orientação tão característica de quem está passando por um aprendizado profissional. O

meu crescimento nesse aspecto foi bastante intuitivo, mesmo: observando o trabalho de outras pessoas, como elas faziam para chegar a um resultado que eu considerava legal. Essa percepção se deu entre 1998 e 1999, a época em que eu mais comecei a evoluir, sem que as pessoas necessariamente me treinassem. Curiosidade e proatividade foram fatores determinantes para o meu amadurecimento.” Na época, a primeira inspiração de Gilvan foi sua então colega Andréa Aguiar. “Sempre olhei pra ela como minha referência mais próxima, eu sempre tinha ela trabalhando do meu lado, acho que foi a grande responsável pelo meu desenvolvimento. Eu perceber o trabalho dela me ajudou bastante a criar o meu estilo. Por que em design, você pode fazer qualquer coisa, livro, revista, jornal, anuário, mas se você não possuir uma identidade própria, seu trabalho se torna mais do mesmo, igual a qualquer um.” Quanto à demanda de produção, essa era bem intensa, mas os tempos eram outros. Ainda havia espaço para métodos mais lúdicos na criação, por assim dizer. “Peguei uma fase em que ainda se usava muito lápis e papel para a criação do conceito a

seguir no layout das páginas. Algumas empresas atualmente tentam resgatar esse vínculo com o lápis e o papel, o que ajuda bastante a ter uma ideia de espaço, dando mais liberdade pras ideias virem. Fiz muito uso disso nos cadernos especiais, como Turismo, Família e alguns suplementos de domingo, o que me proporcionava mais amplitude para exercitar a criatividade.” No JC, Gilvan deixou sua marca como estagiário e posteriormente como parte da equipe colaboradora até o final de 2001, quando decidiu se dar uma chance no Canadá. “Creio que uma experiência fora do Brasil é válida em vários aspectos da vida. Eu fui, mas deixei várias portas abertas, caí na estrada com prazo de validade para retornar, embora não soubesse exatamente quando. De qualquer forma, não me passava pela cabeça deixar o país definitivamente”, recorda. E a volta foi agendada pelo destino, bem antes do que ele imaginava: “Eu havia me inscrito no Curso Abril de Jornalismo com o meu trabalho de graduação, um projeto gráfico para uma revista de moda. Fui aprovado, entraram em contato comigo e perguntaram se eu queria voltar pra fazer o curso. Como eu já ia voltar um dia mesmo, que fosse por uma boa causa. E naquele momento, era uma ótima causa. Vim, fiz o curso em janeiro de 2002, e depois voltei pra Recife para trabalhar na Setor Z, uma agência de publicidade, e logo depois fiz parte da equipe da revista Continente, da Cepe.” BYE, BYE, RECIFE – Gilvan sempre teve alma cosmopolita. Gostava de visitar vários lugares diferentes nas férias, embora essas fossem um artigo cada vez mais escasso em sua rotina dividida entre dois ambientes de trabalho. Mas havia um lugar para o qual ele desejava apenas ir, e não 35


DESTAQUE | GILVAN FELISBERTO

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e sua rotina de produção. Àquela altura, eu nem estava pensando em ficar. Eu já havia deixado o prédio e estava caminhando pelo centro, quando recebi um telefonema da Lúcia Farias, então assistente de arte da revista Elle, me perguntando se eu estava procurando trabalho. Eu respondi que sim, e ela me pediu para aparecer por lá na quarta-feira para conversar com o editor de arte deles, Neds Gonçalves.” Ao estar frente a frente com Neds, Gilvan recebeu a seguinte proposta: “Temos uma demanda boa até dezembro. Se você for bom, vai ficando”.

Sentíamos falta de termos nossas ideias valorizadas, de ousar mais, de sair da caixa.

voltar: São Paulo. Capital financeira do país, a metrópole sempre mostrou um ponto de intersecção cosmopolita no que se refere ao intenso fluxo de conhecimento, tecnologia e culturas. Ao ver colegas e conhecidos da profissão levantarem vôo em busca de maiores desafios e crescimento profissional, Gilvan manteve vínculo com a terra da garoa através dos contatos que tinha por lá. E a oportunidade veio em 2006, quando as férias de ambos locais nos quais trabalhava coincidiram. “Havia uma estagiária na Cepe, a Monique Cabral, que ao saber da minha ida a São Paulo nas férias, recomendou que eu procurasse o primo dela, Paulo, na época capista da revista Capricho. Comecei a acompanhar o trabalho dele. Ao mesmo tempo, tinha reencontrado um ex-colega de faculdade, que estava lá trabalhando na revista Manequim. E foi aí que encarei minha prova de fogo: enquanto o Paulo Cabral foi bastante receptivo, me pedindo que o procurasse assim que chegasse, esse meu ex-colega prontamente me disse para não vir. “O mercado aqui tá muito ruim, não vai ter trabalho pra você, cara.” Mas àquela altura ele já estava com tudo organizado para a viagem, afinal de contas, eram as férias, não havia razão para não ir. “Comecei a comparar as posturas um do outro, e percebi o seguinte: se eu estou a fim de mudar minha vida e apostar numa coisa que eu considero que seja para o meu bem, eu vou buscar os aspectos positivos. Descartei o contato desse meu ex-colega e me apoiei na janela aberta pelo primo da Monique. Vim para passar 10 dias. Reservei a segunda-feira da segunda semana pra ir à Abril. Encontrei algumas pessoas com quem tinha feito o curso em 2002 e conheci o Paulo Cabral, que me mostrou a sua equipe

Gilvan agarrou a oportunidade, ainda que só tivesse seis meses garantidos. Durante a primeira semana de trabalho, foi percebendo como se comportava àquela nova realidade. Logo viu que aquela experiência lhe permitiria seguir ainda mais longe. Sua relação profissional com Recife estava por um fio. Nesse caso, o do telefone. Bastaram duas ligações interurbanas para que ele pedisse demissão de seus compromissos pernambucanos. A experiência na Elle jogou Gilvan na cova dos Leões.

Acostumado com as técnicas e os programas utilizados em suas experiências no Recife, ele teve de ser bastante ágil para dar conta do recado numa das revistas de moda mais conceituadas do mundo. “A Cristina Vasconcelos me ajudou bastante nesse sentido. Desde explicando o fluxo da revista, até me ajudar a reciclar meus conhecimentos do InDesign, que eu não usava no dia-adia, embora eu tivesse feito um curso. Na Cepe e no Jornal do Commercio usávamos outro programa.” Foi aí então que ele encontrou aquilo que sentiu falta durante sua época de estagiário. A partir dessa experiência, a carreira de Gilvan deslanchou. Após a Elle, deixou sua marca em uma série de revistas customizadas do Grupo Folha, além de integrar a equipe da revista Crescer, além de edições da Marie Claire, da Editora Globo, por um curto período. Em seguida, fincou os pés na Viagem e Turismo, da Abril, onde ficou como freelancer por 10 meses, até ser contratado em setembro de 2007. Da Viagem e Turismo, Gilvan foi para a Exame, encerrando seus trabalhos em Abril deste ano. “São muitos anos nesse universo, e me considero muito feliz por minhas escolhas e oportunidades que me foram dadas. Só que havia um pormenor que sempre incomodou a mim e aos meus colegas: sentíamos falta de termos nossas ideias valorizadas, de ousar mais, de sair da caixa. Além das editoras pelas quais passei, pude desenvolver trabalhos para agências, e percebia o quanto o mercado estava se especializando num formato engessado, cada vez mais sem identidade própria. A Júlia Gouveia, com quem desenvolvi uma parceria maravilhosa nesse cenário, também pensava igual. E não titubeou ao encarar o desafio de se lançar junto comigo nesse projeto, o Le Content Estúdio de Comunicação.”


CLICK | THIAGO GOUVEIA | FOTOTHIAGOGOUVEIA@GMAIL.COM

No Elevador Em 2013 fui contactado por uns alunos do Curso de Moda da Faculdade Boa Viagem, para fotografar um trabalho de conclusão de período. De imediato já me passaram a ideia: vamos reconstruir algumas cenas do filme Psicose, de Alfred Hitchcock. Só com essa informação já topei na mesma hora, amo os filmes do Alfred, e Psicose foi o primeiro filme do diretor que vi. Fotografamos em um apartamento de uma das alunas. Primeiro me passaram as cenas a serem recriadas. No decorrer do ensaio tivemos que ir ao térreo do edifício. A porta do elevador era bem antiga, provavelmente da década de 60\70. Nela havia uma janela e eu pedi para que a modelo, interpretando a personagem Mary Crane (Janet Leigh) se posicionasse ali e fizesse uma expressão de assustada, mas ao mesmo tempo inocente! Eu usei a luz natural do ambiente, preferi, pois o uso do flash poderia fazer reflexo no vidro. Então esta foto não estava no roteiro e acabou sendo umas das fotos de retratos que mais gostei de ter feito!

MODELO: FERNANDA DIDIER CÂMERA: NIKON D5000 OBJETIVA: 35MM ABERTURA: 2.8

AMPRO INICIA CICLO DE PALETRAS A Ampro – Associação de Marketing Promocional – Capítulo Norte/Nordeste, realizou no São Salvador Hotéis & Convenções, o primeiro dos encontros programados para este ano do “Ciclo de Palestras AMPRO”. O tema discorrido entre os participantes foi “O Jurídico nas Promoções e na Internet”, e para isso, os advogados Samy Charifker (Recife) e Flávia Penido (São Paulo) discorreram respectivamente sobre “Aspectos jurídicos das promoções comerciais” e “Sua Empresa, o Direito e a Internet”. O evento contou apoio institucional da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), ABAP (Associação Brasileira das Agências de Publicidade), ABMP (Associação Baiana do Mercado Publicitário) e Rede Bahia. O objetivo do encontro foi trazer noções gerais da área jurídica na comunicação, com isso, foram abordadas as regras gerais sobre sorteios, concursos culturais e outras formas ligadas às promoções – tanto sobre os requisitos para realização, quanto sobre as penalidades sofridas. Foi também esclarecido quanto às Marcio Viana, presidente da AMPRO Nordeste e Dra Flávia Penido regras gerais do que pode e deve ser feito na internet, em particular, nas redes sociais, além das limitações e regulações realizadas por órgãos competentes em todas as formas de publicidade, tanto em eventos especiais, como Copa do Mundo e Olimpíadas, como no contexto geral das campanhas realizadas pelas marcas. A ideia da associação é promover encontros com temas que envolvam o live marketing, durante todo o ano. “Existem diversos segmentos da sociedade que podem dialogar com o mercado de Live Marketing. Por isso, vamos buscar essa reunião constante, para discutirmos assuntos pertinentes ao nosso meio”, afirma Márcio Viana, presidente da Ampro Norte/Nordeste. Se forma bastante dinâmica e interativa, Flávia Penido explicou os detalhes que atualmente cercam o Direito e a Internet, no que o Código de Direito do Consumidor e o Decreto do Comércio Eletrônico interferem como o ecommerce e como se deve ter atenção aos direitos de imagem e autoral, com todas as ações promocionais que podem ser realizadas pelas agências no Brasil. Ela falou ainda sobre as limitações das atividades no período de realização das Olímpiadas 2016 impostas pelo Comitê Olímpico Internacional. 37


NA ESTANTE

COMO MENTIR COM ESTATÍSTICA, de Darrel Huff. Editora Intrínseca, 160 pg. Publicado pela primeira vez, em 1954, o livro de Darrell Huff foi o pioneiro em tratar de um tema polêmico e controverso: o mau uso da estatística para maquiar dados e abalizar opiniões. Hoje, o livro continua relevante em tempos de internet e big data. Com comentários e posts de uma infinidade de fontes disponíveis na grande rede, qual é, afinal, o grau de confiança que devemos depositar nas análises estatísticas? Este livro nos mostra como amostras enviesadas, gráficos dúbios, e listagens incompletas são os vilões da interpretação de dados. Só nos Estados Unidos, o livro já vendeu mais de 1,5 milhão de exemplares, tendo sido um dos livros de cabeceira de Bill Gates por anos.

TÁ TODO MUNDO MAL, de Jout Jout, Companhia das Letras, 157 pg. Em tempo de cyber celebridades publicando livros onde o conteúdo é o que menos importa, é reconfortante ler “Tá todo mundo mal: o livro das crises”, da YouTuber Jout Jout. Atual fenômeno da internet, Julia Tolezano começou com um vídeo que abordava o feminismo, e a partir daí passou a se debruçar sobre os demais aspectos da vida. Desde as coisas mais simples e aparentemente sem importância, até os assuntos sérios, abordados com uma sagacidade e espontaneidade como há muito não se via. Em "Tá todo mundo mal", ela reune textos sobre família, aparência, inseguranças, relacionamentos amorosos, trabalho, onde morar e o que fazer com os sushis que sobraram no prato, entre outras coisas. A principal virtude de Julia é expor a pequenez dos nossos fantasmas rindo de si mesma. Livro indispensável ler e reler naqueles momentos em que precisamos lembrar que a vida está de cabeça pra baixo pra todo mundo.

LÁ VEM TODO MUNDO: O PODER DE ORGANIZAR SEM ORGANIZAÇÕES, de Clay Shirky, Editora Zahar, 296 pg. Decididamente, as redes sociais vestiram a carapuça do pensamento punk que diz “Do it Yourself”. Com a concepção do poder nas mãos dos internautas, a sociedade global vem se mobilizando cada vez mais na busca de representatividade e direitos. Desde protestos que ajudam na queda de ditaduras, passando pela exposição de criminosos, ou nos recados enviados às empresas que não agem de forma ética, todos somos capazes de tomar decisões em grupo sem passar pela intermediação de organizações tradicionais. Clay Shirky, um dos mais influentes pensadores da web, analisa como se tornou possível compartilhar informações, produzir de maneira colaborativa e até mesmo planejar ações coletivas de grande porte sem a intervenção de empresas, partidos políticos ou igrejas.

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