Refrigério 5ª edição.

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Os filhos

do Reino

Nessa ocasião os discípulos vieram a Jesus para perguntar qual deles seria o maior de todos no Reino dos Céus! Jesus chamou para perto dEle uma criancinha, e a colocou no meio deles. Depois disse: “Se vocês não se voltarem dos seus pecados para Deus e não se tornarem como criancinhas, nunca entrarão no Reino dos Céus. Portanto, todo aquele que se humilha como esta criancinha, é o maior de todos nos Reino dos Céus. E qualquer um de vocês que acolhe uma criancinha como esta, porque vocês são meus, está Me recebendo a Mim e cuidando de Mim. Mas se qualquer um de vocês fizer um destes pequeninos que crêem em Mim perder a sua fé, seria melhor para vocês serem jogados no mar com uma pedra amarrada no pescoço. Tomem cuidado para não desprezar nenhuma só destas criancinhas. Porque Eu lhes digo que no céu os seus anjos sempre estão na presença de meu Pai.

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Seu momento Olá! Você tem em mãos a quinta edição da Revista Refrigério. Ocupar seu tempo com a leitura de artigos que edificam seu coração, com o intuito de torná-lo ainda melhor, é uma ótima escolha. Aproveite página a página. Caso você não nos conheça, saiba que o nosso objetivo é apresentar os conteúdos do Reino de DEUS numa linguagem acessível a todos, e procuraremos fazer isto em quantas forem as edições subsequentes com o compromisso de não levantar nenhuma bandeira institucional do ambiente religioso. A única bandeira erguida pelo corpo editorial desta revista será; DEUS, O ETERNO, é AMOR, GRAÇA, JUSTIÇA e SALVAÇÃO. Louve-O toda a terra!!! Não fixamos um tema específico, mas postamos todos os artigos na certeza de que o Espírito Santo de Deus irá utilizá-los no momento certo na vida dos nossos leitores, oportunizando momentos com Deus e sua maravilhosa graça. Paulo, o apóstolo disse que... Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação. Somos parceiros de Paulo nesta empreitada, por isto lhe convidamos neste momento: Reconcilie-se com Deus, pois o único capaz de colocar ordem na existência humana chama-se JESUS CRISTO e, portanto, temos este compromisso de insistir com você para que não receba a graça de DEUS em vão, mesmo que ela se revele numa simples revista deixada propositalmente num ambiente onde você precisa esperar e não tem outra alternativa senão preencher o momento de espera - lendo. Boa leitura e até a próxima edição.

José Maria de Souza Editor Responsável 3 Refrigério


Águas das

Caminho

5 Entendi...

24 Alegria é...

6 Eram dois vizinhos

25 Chamam isso Casamento

7 Oração de Criança

26 O poder do toque

8 Eu quero ser um vaso novo

28 A moral e o Amor

9 Lições que a vida me ensinou

30 Luxúria

10 Por que Jesus levou meu filho de dois anos?

32 Confiança plena

14 Liderança não é para criança

33 Oportunidade? Não deixe escapar.

15 A samambaia e o bambu

34 O enterro do “Não consigo”

16 Um reino de amigos

35 Meu Pai

17 É hora de gargalhar

36 Vocabulário da Vida

18 Poeminha Amoroso

37 Papo de quem conhece a Deus, e dEle é conhecido

19 Crise masculina

38 A mágoa, o cárcere da alma

20 Graça

40 Chegar à terceira idade

22 Jesus nos ensina o bom senso e o realismo

42 Igreja

Editor Responsável: José Maria de Souza | Telefone: (33) 8416-8835 | E-mail: jotafeviva@ig.com.br Revisão de textos: Karine G. de Carvalho | Design Gráfico: Genidar Riani - (33) 8437-5000 Impressão: Lastro Editora | Periodicidade: Quadrimestral | Julho de 2010 | Exemplar avulso: R$ 5,00

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Entendi... Entendi que para ter sol, não é preciso não ter nuvens...

Entendi que não preciso entender tudo...

Que para voar, não é preciso ter asas...

Que para ser feliz, não preciso de bons motivos...

Que para sonhar, não é preciso dormir...

Que para fazer calar, não é preciso ter razão...

Que para querer, não há limites...

Que ter medo, pode ser com muita coragem...

Entendi que para cantar, não precisa ser afinado...

Entendi que paradoxo tem outro lado ou não...

Que para saber, nem sempre precisa perguntar...

Que para ser maluco, não precisa ser da cabeça...

Que para ter fé, não é preciso explicar...

Que para ganhar, pode ser perdendo...

Que para chorar, não é preciso doer...

Que cobrar, pode ser a forma de perder tudo...

Entendi que para dizer, não basta falar...

Entendi que perdoar todo dia é o mínimo para ser

Que para sentir, basta um coração...

perdoado também...

Que para beijar, pode ser com os olhos...

Que para ser eu mesmo, preciso me colocar no lugar do

Que sorrir, pode começar de uma lágrima...

outro...

Entendi que, contra toda lógica, o tempo pode parar...

Que para fazer um amigo, não é preciso ser um outro eu...

Que para sempre, pode ser dois segundos ou menos...

Que persistir, é o jeito de encontrar o caminho...

Que para agir, pensar pode travar...

Entendi que a distância é um conceito nada matemático...

Que para viver, não é preciso ter tempo...

Que para se estar longe, pode ser de mãos dadas...

Entendi que estar não é o mesmo que ser...

Que para ficar perto, só é preciso imaginar...

Que para conquistar, às vezes só depende da espera...

Que para amar, não precisa de mais nada...

Que derrubar, pode ser construindo... Que para chegar, correr pode atrapalhar...

Pablo Massolar

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Eram dois vizinhos

O primeiro vizinho comprou um coelhinho para os filhos. Os filhos do outro vizinho pediram um bicho para o pai. Ele comprou um cão pastor alemão. Papo de vizinho: * Mas ele vai comer o meu coelho. * De jeito nenhum. Imagina. O meu pastor é filhote. Vão crescer juntos, pegar amizade. Entendo de bicho. E parece que o dono do cachorro tinha razão. Juntos cresceram e amigos ficaram. Era normal ver o coelho no quintal do cachorro e vice-versa. Eis que o dono do coelho foi passar o final de semana na praia com a família e o coelho ficou sozinho. Domingo, à tardinha, o dono do cachorro e a família tomavam um lanche, quando entra o pastor alemão na cozinha. Pasmo, trazia o coelho entre os dentes, todo imundo, arrebentado, sujo de terra e, é claro, morto. Quase mataram o cachorro de tanto agredí-lo. Dizia o homem: - O vizinho estava certo, e agora? Só podia dar nisso! Mais algumas horas e os vizinhos iam chegar. E agora?! Todos se olhavam. O cachorro, coitado, chorando lá fora, lambendo os seus ferimentos. Já pensaram como vão ficar as crianças? Não se sabe exatamente quem teve a idéia, mas parecia infalível: Vamos lavar o coelho, deixá-lo limpinho, depois a gente seca com o secador e o colocamos na sua casinha. E assim fizeram. Até perfume colocaram no animalzinho. Ficou lindo, parecia vivo, diziam as crianças. Logo depois ouvem os vizinhos chegarem. Notam os gritos das crianças. 6 Refrigério

- Descobriram! Não passaram cinco minutos e o dono do coelho veio bater à porta, assustado. Parecia que tinha visto um fantasma. - O que foi? Que cara é essa? - O coelho, o coelho... - O que tem o coelho? - Morreu! - Morreu? Ainda hoje à tarde parecia tão bem. - Morreu na sexta-feira! - Na sexta? - Foi antes de viajarmos, as crianças o enterraram no fundo do quintal e agora reapareceu! A história termina aqui. O que aconteceu depois não importa. Mas o grande personagem desta história é o cachorro. Imagine o coitado, desde sexta-feira procurando em vão pelo seu amigo de infância. Depois de muito farejar, descobre o corpo morto e enterrado. O que faz ele... Provavelmente com o coração partido, desenterra o amigo e vai mostrar para seus donos, imaginando fazer ressuscitálo. E o ser humano continua o mesmo, sempre julgando os outros... Outra lição que podemos tirar desta história é que o homem tem a tendência de julgar os fatos sem antes verificar o que de fato aconteceu. Quantas vezes tiramos conclusões erradas das situações e nos achamos donos da verdade? Histórias como esta são para pensarmos bem nas atitudes que tomamos. Às vezes fazemos os outros sofrerem por nosso injusto julgamento, pense... “A vida tem quatro sentidos: amar, sofrer, lutar e vencer”. Então: AME muito, SOFRA pouco, LUTE bastante e VENÇA sempre que possível... Mas não julgue diante da 1ª. Visão ou do primeiro comentário. (circula na rede WWW.)


Oração de criança Deixai vir a mim os pequeninos! E então, aquietai, e sabei...

Cartas reais para Deus escritas por crianças. ** Querido Deus, Eu não pensava que laranja combinava com roxo até que eu vi o pôr-do-sol que Você fez terça- feira. Foi demais! Eugene ** Querido Deus, Você queria mesmo que girafa se parecesse assim ou foi um acidente? Norma ** Querido Deus, Em vez de deixar as pessoas morrerem e ter que fazer outras novas, por que você não mantém aquelas que você tem agora? Jane ** Querido Deus, Quem desenha as linhas em volta dos países? Nancy ** Querido Deus, Eu fui a um casamento e eles se beijaram dentro da igreja. Tem algum problema com isso? Neil

** Querido Deus, Se você olhar para mim na igreja domingo, eu vou te mostrar meus sapatos novos. Mickey

** Querido Deus, Obrigado pelo meu irmãozinho, mas eu orei por um cachorrinho. Joyce

** Querido Deus, Nós lemos que Thomas Edson fez a luz. Mas na escola dominical nós aprendemos que foi você. Eu acho mesmo que ele roubou sua ideia. Sinceramente, Donna

** Querido Deus, Choveu o tempo todo durante as nossas férias e como meu pai ficou zangado! Ele disse algumas coisas sobre você que as pessoas não deveriam dizer, mas eu espero que você não vá machucá-lo. Seu amigo (mas eu não vou dizer quem eu sou) ** Querido Deus, Por favor, me mande um pônei. Eu nunca te pedi nada antes,você pode checar. Bruce ** Querido Deus, Eu quero ser igualzinho ao meu pai quando eu crescer, mas não com tanto cabelo no meu corpo. Sam ** Querido Deus, Eu aposto que é muito difícil para você amar a todas as pessoas no mundo. Na nossa família tem só quatro pessoas e eu nunca consigo... Nan ** Querido Deus, Meus irmãos me falaram sobre nascer de novo, mas soa muito estranho.Eles estão só brincando, não é? Marsha

** Querido Deus, Eu não acho que alguém poderia ser um Deus melhor que você. Bem, eu só quero que saiba que não estou dizendo isso só porque você já é Deus. Charles ** Querido Deus, Talvez Caim e Abel não matassem tanto um ao outro se eles tivessem seu próprio quarto. Isso funciona com meu irmão. Eddie ** Querido Deus, Faça o meu pai lembrar de trazer de presente tudo o que eu esqueci de pedir. Robin ** Tia disse: Seu irmão nasceu, era muito bonitinho e foi direto morar com Jesus—explicando que o neném havia morrido. As crianças estavam em pé, ouvindo atentamente. O mais velho, de quatro anos, põe a mão no ombro do irmão de três anos, e ora: Papai do céu, leva o Viquinho também!? Ciro 7 Refrigério


EU QUERO SER UM VASO NOVO O profeta Jeremias foi chamado a descer à casa do oleiro para receber uma mensagem de Deus para a nação de Judá (Jr 18.16). Ali ele viu o oleiro trabalhando sobre as rodas, moldando o barro e fazendo dele um vaso novo. O vaso havia se estragado nas mãos, mas em vez do oleiro jogar o vaso fora, fez dele um vaso novo. Esse episódio encerra algumas preciosas lições: 1. Deus não desiste de você, mesmo quando você falha em cumprir seu propósito (Jr 18.4). O oleiro não jogou no lixo o vaso que se lhe havia estragado nas mãos. Ele não o colocou num canto como algo imprestável. Ele não desistiu desse vaso, mas fez dele um vaso novo. Assim, também, Deus não desiste de você. Mesmo quando você se torna como um barro sem liga ou como um vaso estragado, Deus continua investindo em sua vida. Ele não abre mão de fazer de você um vaso novo. Deus não desiste de fazer um milagre em sua vida. Ele não abdica do direito que tem de fazer de você um vaso de honra, um vaso útil, preparado para toda boa obra. Mesmo quando você cai, fracassa e se desvia, Deus não considera você como sucata imprestável. Ele não olha você com desprezo. Como oleiro divino, ele investe em sua vida e transforma você, para que você

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cumpra os propósitos eternos que ele mesmo estabeleceu para sua vida. 2. Deus não faz apenas remendos em sua vida; ele faz de você um vaso novo (Jr 18.4). O oleiro não remendou o vaso que se lhe havia estragado nas mãos. Ele não se contentou com meias medidas. Ele fez um vaso novo. A obra de Deus em você é completa. Ele faz de você uma nova criatura. Ele não quer apenas uma reforma externa, um verniz de aparência. Ele quer dar-lhe uma nova vida, uma nova mente, um novo coração, uma nova família, uma nova pátria. Deus tem para você uma vida nova, com novos gostos, novas preferências, novos alvos, novos sonhos, novos compromissos. A vida com Cristo é novidade de vida. É vida santa, é vida no altar, é vida cheia do Espírito, é vida abundante, maiúscula, superlativa, eterna. A obra de Cristo em você é um milagre extraordinário. Portanto, você deve despojar-se dos trapos da murmuração e revestir-se com as vestes de louvor. Você deve largar para trás o espírito angustiado e cobrir-se com roupagens de louvor e óleo de alegria. 3. Deus não faz de você um vaso segundo o seu querer, mas um vaso segundo o seu propósito soberano (Jr 18.4). Deus fez do vaso que se lhe havia estragado nas mãos um

vaso novo, segundo bem lhe pareceu. A obra de Deus em você não é conforme os ditames da sua vontade, mas conforme os propósitos soberanos do próprio oleiro divino. Deus tem o melhor para você. Os planos de Deus para a sua vida são mais elevados do que os seus próprios sonhos. O projeto de Deus para a sua vida são mais altaneiros que os seus próprios projetos. A vontade de Deus e não a sua deve prevalecer em sua vida. Ele é o oleiro, e você o barro. Não é o barro que manda no oleiro; é o oleiro que molda o barro. O oleiro tem o direito de fazer do barro o que lhe aprouver. O oleiro divino que molda você é o mesmo que espalhou as estrelas no firmamento e o mesmo que lançou os fundamentos da terra. O oleiro divino está empenhado em esculpir em você a beleza de Jesus. Seu projeto eterno é transformar você à imagem do Rei da glória. Ele lhe predestinou para você ser conforme à imagem do seu Filho. Deus jamais desistirá desse projeto. Seus planos não podem ser frustrados. Se preciso for, ele vai quebrar o vaso e fazê-lo de novo. Mas, jamais vai desistir de fazer de você, um vaso de honra. Rev. Hernandes Dias Lopes


Lições que a vida me ensinou Parte I

“Para celebrar o meu envelhecimento, certo dia eu escrevi as 45 lições que a vida me ensinou. É a coluna mais solicitada que eu já escrevi. Meu hodômetro passou dos 90 em agosto, portanto aqui vão algumas da minha lista; Regina Brett, 51 anos de idade. 1. A vida não é justa, mas ainda é boa. 2. Quando estiver em dúvida, dê somente, o próximo passo, pequeno... 3. A vida é muito curta para desperdiçála odiando alguém. 4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato. 5. Pague mensalmente seus cartões de crédito. 6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar. 7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.

ar Ensina-nos a cont l os nossos dias, de ta emos maneira que alcanc corações sábios...

8. É bom ficar bravo com Deus. Ele pode suportar isso. 9. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário. 10. Quanto a chocolate, é inútil resistir. 11. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente. 12. É bom deixar suas crianças verem que você chora. 13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem ideia do que é a jornada deles. 14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele. 15. Tudo pode mudar num piscar de olhos. Mas não se preocupe; Deus nunca pisca. 16. Respire fundo. Isso acalma a mente. 17. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre. 18. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.

19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais. 20. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta. 21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use lingerie chic. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial. 22. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo. 23. Seja excêntrica agora. Não espere pela velhice para vestir roxo. 24. O órgão sexual mais importante é o cérebro. 25. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você.

Regina Brett

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Pastor Caio, Mano Velho: Depois de hesitar por uma semana decidi te escrever na expectativa de conseguir ajuda. Semana passada, Isaque, meu filho de dois anos, morreu afogado na piscina da minha casa e desde então minha vida se afogou. A dor é muito grande e a sua ausência e insubstituível. Ele era o cara mais incrível que já conheci... Tão cheio de vida e ousado, que havia dentro de mim uma agradável e desafiante expectativa de como eu iria tratar com ele na sua infância, adolescência e juventude. Junto com ele, morreram muitas outras coisas: sonhos, planos, paixões, interesse pela vida e vontade de lutar por qualquer coisa. São tantos “porquês” “pra quês” que, às vezes, penso que o melhor seria partir e estar com ele. Minha fé está abalada! Eu sei que Deus não apenas poderia ter evitado tal tragédia, mas também poderia ter revertido a situação até à hora do sepultamento. Creio com todas as minhas forças que Ele poderia, mas não o fez. Às vezes me consolo dizendo a mim mesmo: “o Senhor o levou” ou “era a vontade de Deus”. Na verdade, não tenho certeza de nada disso e não sei como lidar com isso. Sei que Isaque está com o Senhor, mas não me convenço que isso era o Seu “plano” pra vida dele e para nós. Outra piração que tenho tido e a respeito da minha vida de oração. Eu orava por meus filhos todos os dias e de maneira específica, contra tragédias, traumas, abusos e, algumas vezes, orei por proteção para que não se queimassem ou afogassem. As pessoas ao nosso redor têm sido muito solidárias, mas repetem as mesmas coisas que não têm poder de consolar meu coração e satisfazer a minha necessidade de entender Deus nessa hora. Essa coisa de arrumar respostas fáceis, tapam um buraco aqui, mas pra isso criam outros adiante. Sei que vc perdeu um filho que amava e talvez possa me ajudar a processar toda essas perguntas e me ajudar a ajuntar todos os cacos e seguir em frente sem me tornar uma pessoa amarga e indiferente com a vida. Por favor, me dá um toque. Valeu Mano!

Resposta: Meu mano amado: Graça, Paz e Consolação no Espírito Santo! É verdade, perdi um filho muito, muito amado, como todos os outros o são; e sei o que é amar, amar, investir a vida, dar tudo o que se tem, e, então, de repente, seu objeto de amor de se ir... Sim! É a nossa dor que se sofre em uma “perda” assim. A nossa dor e somente a nossa dor. Afinal, que outra dor se sofre quando um filho lindo, angelical, santinho, puro e sublime parte para a eternidade? Dor por ele não é. Sim! Sua dor não pode ser pela perda do filho em relação a este mundo, posto que o mundo caminhe para virar um Inferno palpável em pouco tempo. Portanto, nessa hora, a dor é da gente e somente nossa. De fato, a dor de um pai que ama o filho, nesta hora é dor do pai por si mesmo, por ter perdido um filho neste mundo e para si mesmo. Se como pai eu tivesse pensando no “futuro” de meu filho na terra, e se o fizesse de modo “romântico”, acharia que ele foi privado de ter e me dar alegrias ainda por muitos anos, posto que nessa hora, o pai apenas pense no futuro como um “mar de rosas”. Perdi dois filhos [embora “perder” não seja uma palavra própria para mim quando se trata de filhos que se foram...]. O 1º foi o Luizinho, que era um bebezinho que partiu com oito ou nove horas de vida. Lindo e perfeitinho, todo gostoso. O outro foi o Lukas, meu canguruzinho amado, e que se foi com 22 anos de idade. Entretanto, meu maior treino para essas “perdas” aconteceu observando meu pai e minha mãe, quando perderam um filho amado, de 19 anos, o meu mano Luiz Fábio, que morreu para os homens em um acidente de carro, enquanto ia à reunião da igreja a fim de treinar para um “Evento evangelístico” que eu faria e fiz no Teatro Amazonas, dois dias depois, chamado “À Cruz Urgente”. Foi com eles que aprendi que nunca se perde um filho apenas por que ele tenha “morrido”. De fato vi que a morte não mata ninguém, e que, muitas vezes, salva a pessoa daquilo que no mundo mata para sempre. Minha mãe perguntou a Deus: “Por que Senhor?” E leu, na mesma hora, um texto que para ela se abriu em Isaías: “... 11 Refrigério


porque o justo é levado antes que venha o mal, e entra na paz”. Daquele momento em diante [e isto aconteceu quase logo depois da notícia] comecei a aprender a lidar com a morte em Cristo. Então, sistematicamente, orava e jejuava pelos filhos que eu teria, e que, de fato, comecei a ter logo depois, em 1976, quando veio o Ciro, e, no ano seguinte, quando veio o Davi. Seis anos e oito anos depois deles, vieram o Lukas e a Juliana. Minha oração era uma só: Que o Senhor não os deixasse nem um dia a mais neste mundo se eles não fossem crescer para amar a Deus e tornarem-se gente boa de Deus nesta vida. Dizia ao Senhor que preferiria sepultar os quatro em um só dia, do que vê-los andando sem o amor de Deus no coração; pois, para mim, só se perde um filho se ele existir sem Deus neste mundo. Salvei-os de tudo: de acidentes no mar, em buracos de fossa, de quedas horríveis, de afogamento, etc. Mas eu sabia que aqueles eram os salvamentos bobos, pois, o verdadeiro salvamento nunca seria de catástrofes físicas, mas sim das espirituais e mentais — e eu sabia que somente o mistério do amor de Deus poderia cuidar deles, mesmo que fosse levando-os para salvá-los da morte de existir sem Deus no mundo. Assim, minha dor de pai, por mais forte que seja, é a dor de um pai que ama mais o destino eterno dos filhos em Deus, do que meus sonhos para eles na Terra. Nunca tive sonhos para meus filhos na Terra! Todos os meus sonhos para eles eram e são simples: que eles vivessem e vivam com o amor de Deus no coração, e que se a existência deles for afastar-se desse amor, que o Senhor, por amor a eles e a mim, os leve antes que venha o mal; e, assim, eles entrem na paz. Digo isto porque se a nossa esperança em Cristo se reduz apenas às coisas desta vida, então, creia, nós nos tornamos os mais infelizes de todos os homens. Quem tem Jesus como escudo contra acidentes, afogamentos, doenças, calamidades físicas — esse tal está pedindo que Jesus seja uma Seguradora ao estilo das Seguradoras Contra Acidentes. Eu, todavia, nunca achei que filho vivo no mundo fosse filho vivo em Deus! Meu amor pelos meus filhos tem a ver com a eternidade, não com uns aninhos de vaidade na Terra. Entretanto... 12

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Independentemente da consciência em fé que a pessoa tenha ou não, o elemento psicológico de tal perda é o seguinte: Quanto mais novo ou recém nascido seja o filho, menor e menos durável será a dor, pois, em tal caso, têm-se apenas os sonhos pessoais como agentes de dor da perda. Entretanto, quanto mais se tenha interagido com o filho, como já é o caso com dois anos de idade [tenho um netinho de dois anos hoje e que curto todos os dias em amor], então, maior e a dor; pois, além dos “sonhos de pai”, também já se tem a expressão de vida, doçura e personalidade da criança — o que aumenta muito mais a dor. Quando o filho está na flor da juventude, como foi o caso com meu irmão Luiz e meu filho Lukas, então, além dos sonhos, também já se tinha a vida mesmo; com seus contornos, ideias, atitudes, opiniões, graças, tristezas, esperanças e receios bem estabelecidos. A dor é imensurável também. Entretanto, quando o filho já é um adulto, que viveu e até já teve filhos, e, por alguma razão se vai... — a dor é imensa também, mas, de algum modo, o coração parece se consolar com o fato de que o filho disse ao que veio no mundo, como se isso tivesse dado a ele mais vida pelo tempo decorrido. Então, dizemos: “Não ficou velho, mas, graças a Deus, fez muita coisa boa; viveu”. E se o pai já é idoso e o filho também [o pai com uns 80 e o filho com 60], a dor é igualmente imensa, mas, pela velhice e pela falta de ilusões, o velho pai tende a se consolar com mais rapidez. Todavia, lendo a sua carta vi que todas as suas esperanças em Cristo ainda são apenas deste mundo! Você orava como quem investia em proteção! Além disso, vejo que “do lado de lá”, para você, existe o seu filho e nada mais... Afinal, sua vontade era morrer e estar com ele; embora a morte somente una os que, morrendo..., creiam em eternidade em Cristo. Ele, seu filho, sem que exista eternidade em Jesus, jamais será achado. Não existe um lugar sem Deus para ele ou para ninguém. Sem Deus o lugar do encontro é o Nada. O que noto meu mano amado, é que sua dor não tem esperança em Jesus. Não há senso de eternidade em seu co-

ração. Suas alegrias em Cristo se prendem apenas a esta vida, o que, numa hora como esta, faz de você o mais infeliz de todos os homens. Portanto, meu mano amado, caso sua mente não salte na fé para o plano da “esperança da glória de Deus”, coisa alguma lhe será consolação neste mundo de aprisionamentos a futuros medidos por tempo de vida e conquistas materiais e sociais. Não há muito a dizer... Apenas digo que seu filho está com Jesus. E mais: digo que conquanto seu filho esteja com Jesus, você, pela falta de esperança, fruto do engano da fé que lhe ensinaram [uma fé de Prosperidade e de Seguro Contra Acidentes], está em fel de amargura; e isto nada tem a ver com Deus, que apenas salvou seu filho contra todo acidente que mate o espírito; mas sim tem a ver apenas com você, que ainda pensa que vida abençoada é vida longa, saudável, rica e tranquila, conforme este mundo. Enquanto seus valores forem esses, saiba: não haverá nem esperança e nem consolação para a sua alma. Afinal, Paulo disse que quem crê em Jesus apenas para o Aqui e o Agora, esse é mais infeliz do que o ateu. Sofro saudades de meu filho Lukas, mas nunca senti perda ou desespero. Ele é meu segundo filho a

estar DEFINITIVAMENTE SALVO DE TUDO. Eu, de minha parte, aprendi a aproveitar tudo de todos — seja uma semana de vida, um mês, um ano, uma década, duas, três, ou qualquer tempo... Afinal, a coisa mais básica que se pode aprender sobre a existência é que ela é completamente frágil e mortal. Meu irmão, enquanto a gente não ama o amor de Deus tudo nos parece perda neste mundo. Quando, porém, a gente ama o amor de Deus,


então, nada mais é perda neste mundo. Quando o amor de Deus é maior do que qualquer outro amor em nós, e quando nosso amor por Deus não é porque Ele seja Legal, fazendo tudo conforme nossos planos e sonhos [planos nossos, mas que a gente chama de “plano de Deus”], mas porque Ele é amor, independentemente do que nos agrade ou não, então, até a morte é doce, e até a ida do filho é salvamento. “O justo é levado antes que venha o mal; e entra na paz!” — diz Deus por Isaías. Assim, segundo Deus, morrer não é mal. Mal é viver sem vida, sem Deus e sem esperança. Ora, quando a gente ama o amor de Deus, a conseqüência é que a gente crê no amor Dele sempre, especialmente ante a morte. Portanto, quando a morte vem, a gente olha para ela e diz: “Onde está ó morte a tua vitória?” Sim! Pois a morte somente mata os que não morrem e continuam a viver sem vida, embora existentes. Mas quando a gente foi invadido pela eternidade, e vive para e pela esperança da Glória de Deus, então, mesmo gemendo de dor, a gente diz sem hipocrisia: “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte de Seus

santos, especialmente de Seus anjinhos”. Isso, entretanto, consola o coração, pois, entrega-se o filho a quem ele pertence: ao Pai. Parece um pensamento tolo para quem não experimenta a rea-

lidade de Deus como vida mesmo, e não apenas como crença de Segurança. Mas para quem crê, o sentimento em fé é simples. De fato é como o que acontece a um pai que ama o filho, e que sabe que já não poderá tê-lo, mas, assim mesmo, o entrega a quem Melhor Pode Cuidar dele nesta vida ou em qualquer vida: o Pai. Meu mano querido, tudo o que lhe digo, agora, em meio à dor, lhe parecerá tolo e superficial. Sei que você não me considerará assim apenas porque eu sei o que é sofrer esta dor. No entanto, mesmo com tal respeito por mim, hoje ainda lhe parecerá DEMAIS o que lhe digo. Porém, em algum tempo, ao voltar para esta carta outra vez, com os olhos encharcados de lágrimas e dor, sua alma irá entendendo o sentido de tudo, e, aos poucos, você terá oxigênio de novo, e, assim, poderá vir a discernir o que hoje ainda lhe é impossível em razão da dor, da sua dor, de suas frustrações, de seu sentimento de ter sido boicotado por Deus. Mano, “alegremo-nos nas próprias tribulações; e não somente nisto, mas gloriemo-nos na esperança da glória de Deus” — pois, que mais nos resta neste mundo de existência que mata mais que a morte? Estou orando por você desde ontem à noite, quando vi a sua carta e a separei para responder agora. Meu netinho acordou cedo e estava comigo aqui fora, brincando e falando enquanto eu respondia a sua carta. E não foram poucas as vezes em que parei, olhei para ele, lembrei de seu filho, e orei por você e por todos os seus. Ninguém sabe nada nesta vida. Sábio é quem apenas vive o mal de cada dia com esperança e sem amargura no coração. Portanto, mais do que nunca se diz: o justo viverá pela fé. Mano amado, minha impotência já foi longe demais no falar. Agora, apenas faço silêncio e choro com você! O Senhor que o levou cuidará de todos os que ficaram! Nele, que ama os que Ele leva para Si mesmo, Caio.

Reverendo Caio Fábio

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Liderança não é para criança Parte I

1. O LÍDER é sempre o primeiro a pisar o território inimigo, e o último a deixar o campo de batalhas. 2. O LÍDER não deve deixar os feridos pelo meio do caminho, mas cuidar-lhe dos ferimentos, mesmo que isso pareça comprometer o avançar da batalha. 3. O LÍDER é líder de gente, não de coisas. Ele constrói relacionamentos, não prédios, ele fica no meio do povo, não atrás da mesa. Ele é uma pessoa e não um robô. Ele é um santo, não um anjo. 4. Ele se preocupa em atacar o inimigo, e não ao outro. Pois, na guerra espiritual na qual está envolvido, ele bem sabe que seu adversário não é de carne e osso, e por isso, não aponta suas armas contra si mesmo. 5. O LÍDER não pode exigir o que não consegue ser ou fazer. Não deve impor sobre os ombros dos outros os fardos que ele mesmo não consegue carregar. 6. O LÍDER não pode aproveitar-se de sua posição para massacrar mentalidades mais fracas, para “entrar rasgando”, para estuprar a alma carente de tão perdida e já invadida pela vida ímpia. 7. O LÍDER só pode indicar o caminho a seguir. Ele não pode decidir pelo outro. Ele toma pequeninos pela mão, mas não os empurra e nem força ninguém a fazer escolhas. Ele deixa as pessoas crescerem. 8. O LÍDER não convence na marra, não usa de ameaças e persuasão, não intimida criancinhas, não é um tirano. O LÍDER é capaz de ser doce, sem ser permissivo! Não é um vovô bonachão que fica distribuindo pirulitos, mas também não é um pai tão severo quanto ausente. 9. O LÍDER não fica procurando em quem 14 Refrigério

bater: não sai metendo o pé em barracas, caçando orelhas para puxar, gente para envergonhar, para expor, punir, apontar o dedo. Ele não “chuta o balde”, a não ser com os cínicos, com os que vendem religião, com os que comercializam a fé, com os desconvertidos malintencionados. 10. O LÍDER considera o outro superior a si mesmo, ele valoriza o “insignificante”, ele honra os anônimos, ele ama os fracos, e se esforça por não escandalizá-los. Ele se faz um igual. 11. O LÍDER é mais que um diácono, mais que um ancião, ministro ou presbítero, é mais que um auto-denominado bispo ou apóstolo. Ele é um filho amado do Pai, irmão de seus irmãos, que os serve com seus dons. Serve sem procurar ser servido. 12. O LÍDER tem convicções, mas isso não significa que não possa mudar, abrir mão, repensar. O LÍDER NÃO É INFALÍVEL! Ele não tem sempre os melhores planos e conselhos (para muitos, idéias são como crianças: As nossas são sempre melhores). 13. O LÍDER pode rever seus conceitos, admitir falhas sem ter vergonha. Ele aprende com o passado, sem ficar nele. Ele olha para o futuro, mas não vive nas nuvens das ilusões infantilizadas. 14. O LÍDER deixa os outros terem idéias também, ele não é a origem de tudo, a fonte de tudo, não possui inspiração exclusiva, discernimento permanente. 15. O LÍDER, quando fala, fala a verdade. Ele é transparente, autêntico. E quando a verdade doí, ele a fala com dor. Como quem não quisesse falar, confrontar. Ele precisa expor a verdade, mas ele não faz isso para rachar, pra quebrar de vez.


“ESPEREI com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.” Salmos 40:1

Certo dia decidi dar-me por vencido, renunciei ao meu trabalho, às minhas relações, e à minha fé. Resolvi desistir até da minha vida. Dirigi-me ao bosque para ter uma última conversa com Deus. “Deus,” eu disse “Poderias dar-me uma boa razão para eu não entregar os pontos?” Sua resposta me surpreendeu: “Olha em redor Estás vendo a samambaia e o bambu?” “Sim, estou vendo”, respondi. Pois bem. Quando eu semeei as samambaias e o bambu, cuidei deles muito bem. Não lhes deixei faltar luz e água. A samambaia cresceu rapidamente, seu verde brilhante cobria o solo. Porém, da semente do bambu nada saía. Apesar disso, eu não desisti do bambu. No segundo ano, a samambaia cresceu ainda mais brilhante e viçosa. E, novamente, da semente do bambu, nada apareceu. Mas, eu não desisti do bambu. No terceiro ano, no quarto, a mesma coisa… Mas, eu não desisti. Mas… no quinto ano, um pequeno broto saiu da terra. Aparentemente, em comparação com a samambaia, era muito pequeno , até insignificante. Seis meses depois, o bambu cresceu mais de 50 metros de altura. Ele ficara cinco anos afundando raízes. Aquelas raízes o tornaram forte e lhe deram o necessário para sobreviver. “A nenhuma de minhas criaturas eu faria um desafio que elas não pudessem superar”

E olhando bem no meu íntimo, disse: Sabes que durante todo esse tempo em que vens lutando, na verdade estavas criando raízes? Eu jamais desistiria do bambu. Nunca desistiria de ti. Não te compares com outros. “O bambu foi criado com uma finalidade diferente da samambaia, mas ambos eram necessários para fazer do bosque um lugar bonito”. “Teu tempo vai chegar” disse-me Deus. “Crescerás muito!” O bambu nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos projetos, de nossos sonhos... Especialmente no nosso trabalho, (que é sempre um grande projeto em nossas vidas) Devemos sempre lembrar do bambu para não desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão. Procure cultivar sempre dois bons hábitos em sua vida: a Persistência e a Paciência, pois você merece alcançar todos os seus sonhos! É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão. Nunca te arrependas de um dia de tua vida. Os bons dias te dão felicidade. Os maus te dão experiência. Ambos são essenciais para a vida. A felicidade te faz doce. Os problemas te mantêm forte. As penas te mantêm humano. As quedas te mantêm humilde. O bom êxito te mantém brilhante. Mas, só Deus te mantém caminhando... 15 Refrigério


Reino de Um

Amigos Vários dias depois Jesus voltou a Cafarnaum, e a notícia da sua chegada espalhou-se depressa pela cidade. Logo a casa onde Ele se achava ficou tão cheia de visitas que não havia espaço nem para mais uma pessoa, até do lado de fora. E Jesus pregava a Palavra a eles. Chegaram quatro homens carregando um paralítico numa esteira. Eles não podiam chegar até Jesus por causa da multidão, e por isso fizeram um buraco no teto por cima de onde estava Jesus, e fizeram descer o homem doente na esteira bem na frente de Jesus. Quando Jesus viu como eles acreditavam tão intensamente que Ele socorreria o amigo deles, disse ao doente: “Filho, os seus pecados estão perdoados!” Marcos 2:1-5 Quatro amigos levaram um paralítico a Jesus, em Cafarnaum. Que bom que esse homem tinha amigos. Que bom que eram amigos atentos a qualquer oportunidade de ajudá-lo. Eram amigos parteiros, que acreditam na possibilidade e provocam-na. Que bom que eram dos tais que não desistem diante dos obstáculos. O coração duro dos que já estavam na casa lotada, e que não se abalaram do seu conforto, para que alguém mais necessitado fosse aproximado de Jesus, parecia um obstáculo intransponível. Que bom que, para esses amigos, uma pedra, no meio do caminho, não era o fim do caminho. Que bom que sabiam que os dons que recebemos são para o bem do outro, e, imediatamente, se puseram em busca de saída, abriram um buraco em casa alheia. Que bom que, para eles, o ser humano vale mais do que qualquer 16 Refrigério

patrimônio. E interromperam o pregador. Que bom que, para Jesus, atender ao ser humano é mais importante do que terminar o sermão. E Jesus viu-lhes a fé. Que bom que Jesus atenta para a fé. E foi a fé dos amigos. E Jesus perdoou-lhe os pecados. Que bom que os amigos levaram o seu companheiro a Jesus. Que bom que Jesus sabe do que a pessoa precisa. Nem toda doença é fruto do pecado, mas todo pecado adoece o pecador, duma ou doutra forma. Aquele homem para voltar a andar precisava ser perdoado. A falta de perdão, sempre, dalguma forma, faz o que precisa de perdão estagnar. Tem gente que diz perdoar, mas mantém o outro em estado de dívida, não o libera para andar. Que bom que o perdão de Jesus nos libera para andar, Jesus perdoa e esquece. Como é bom quando a gente não tem mais fé, ter quem creia por nós. Como é bom quando a gente não consegue mais andar, ter quem nos carregue. Hans Bürky disse que o Reino de Deus é um reino de amigos. Foi isso que Jesus veio inaugurar: um reino de amigos. Que a Igreja seja assim! Pr. Ariovaldo Ramos


É hora de gargalhar!

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Este é um poema de amor tão meigo, tão terno, tão teu... É uma oferenda aos teus momentos de luta e de brisa e de céu... E eu, quero te servir a poesia numa concha azul do mar ou numa cesta de flores do campo. Talvez tu possas entender o meu amor.

Mas se isso não acontecer, não importa. Já está declarado e estampado nas linhas e entrelinhas deste pequeno poema, o verso; o tão famoso e inesperado verso que te deixará pasmo, surpreso, perplexo... eu te amo, perdoa-me, eu te amo...” Cora Coralina

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Crise Masculina Quando eu completei 25 anos de casado, introspectivo, olhei para minha esposa e disse: - Querida, 25 anos atrás nós tínhamos um fusquinha, um apartamento caindo aos pedaços, dormíamos em um sofácama e víamos televisão em uma TV preto e branco de 14 polegadas. Mas, todas as noites, eu dormia com uma loira de 25 anos. E continuei: - Agora nós temos uma mansão, duas Mercedes, uma cama super King Size e uma TV de plasma de 50 polegadas, mas eu estou dormindo com uma senhora de 50 anos. Parece-me que você é a única que não está evoluindo. Minha esposa, que é uma mulher muito sensata, disse-me então, sem sequer levantar os olhos do que estava fazendo: - Sem problemas. Saia de casa e ache uma loira de 25 anos de idade que queira ficar com você. Se isso acontecer, com o maior prazer eu farei com que você, novamente, consiga viver em um apartamento caindo aos pedaços, durma em um sofá-cama e não dirija nada mais do que um fusquinha. Sabe que fiquei curado da minha crise de meia-idade? Essas mulheres mais maduras são realmente demais.* 19 Refrigério


Ainda há pouco, ao reler o admirável Sermão do Monte, percebi como a graça esteve presente nos princípios expostos por Jesus. Mesmo reconhecendo que a graça foi exaustivamente estudada e definida pela teologia, é preciso redescobrí-la nos lábios do Nazareno. Os favores imerecidos de Deus não podem ficar circunscritos às codificações teológicas. Naquele relvado, na encosta de um morro qualquer, Cristo falou de assuntos diversos, mas não se esqueceu de explicitar que Deus se relaciona com seus filhos diferente de todas as divindades conhecidas. Após séculos de argumentação sobre os significados da graça, os cristãos precisam despertar para ao fato de que ela é o chão da espiritualidade cristã. Um neopaganismo levedou a fé de tal forma que muitos transformaram a oração em uma simples fórmula para canalizar e receber os favores divinos. Para obter resposta às petições, implora-se, pena-se, insiste-se, no aguardo de que Deus escute. Quando não se recebe, justifica-se assumindo culpas irreais, como falta de disciplina. Acha-se que é necessário continuar implorando para Deus se sensibilizar. Mede-se a espiritualidade pelo número de respostas aos seus pedidos e, quando malsucedidos, castiga-se por não merecer. A própria linguagem denuncia romeiros católicos e evangélicos, que lotam os espaços religiosos: é preciso “alcançar uma graça”. Graça liberta do imperativo de dar 20 Refrigério

certo. O Sermão da Montanha começa felicitando pobres em espírito, chorosos, mansos e perseguidos. Os triunfantes não podem se gloriar de serem mais privilegiados do que os malogrados. Graça revela um Deus teimosamente insistindo em permanecer do lado de quem não conseguiu triunfar; até porque a companhia de Deus não significa automática reversão das adversidades. Graça permite o autoexame, a análise das motivações mais secretas da alma, sem medo. Na série de afirmações sobre ódio, adultério, divórcio e vingança, Cristo deixou claro que ninguém pode se vangloriar quando desce às profundezas do coração. No nível das intenções, todos são carentes. O olhar sutil indica adultério. O ódio despistado revela homicidas em potencial. A vingança disfarçada contamina as ações superficiais. Lá onde brotam as fontes das decisões, tudo é confuso; vícios e virtudes se confundem. Somente com a certeza de que não haverá rejeição é possível confrontar os intentos do coração para ser íntegro. Graça convida a amar. Jesus afirmou que Deus “faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos”. Para revelar sua bondade, Deus não precisou ser convencido a querer bem. Deus não faz acepção de pessoas; o seu amor não está condicionado a méritos. Quando as pessoas são inspiradas por gratidão, reconhecimento e admiração por tão grande amor, se sentem impul-


sionadas a imitá-lo. Deus surpreende por dispensar bondade sem contrapartida de virtude. Assim, na improbabilidade de os seres humanos se mostrarem graciosos, os discípulos devem almejar a única virtude que pode torná-los perfeitos como Deus - o amor. Graça é convicção de que o acesso a Deus não depende de competência. Quem acredita que será aceito pelo tom de voz piedoso ou pela insistência em repetir preces nega a paternidade divina. Antes de pedirmos qualquer coisa, Deus já estava voltado para nós. Os exercícios espirituais não precisam ser dominados como uma técnica, mas desenvolvidos como uma intimidade. O secreto do quarto fechado representa um convite à solitude, à tranquilidade que não acontece com sofreguidão. Graça libera energia espiritual que pode ser dirigida ao próximo. Buscar o reino de Deus e sua justiça só é possível porque não é preciso preocupar-se com o que comer e vestir e por jamais ter de bater na porta do sagrado para conquistar benefícios particulares. Basta atentar para os lírios do campo e pardais para perceber que as ambições devem escapar à mesquinhez de passar a vida administrando o dia-a-dia. Graça devolve leveza para que os filhos de Deus sintam-se à vontade em sua presença, como meninos na casa dos avós. Graça libera as pessoas para se tornarem amigas de Deus, em vez de vê-lo como um adestrador inclemente. Graça não permite delírios narcisistas. Nenhuma so-

berba se sustenta diante da percepção de que Deus aposta na humanidade e ainda se convida a cear entre amigos. Graça distensiona o culto porque avisa: tudo o que precisava acontecer para reconciliar a humanidade com Deus foi concluído: “Consumatum est”. Portanto, enquanto a graça não for redescoberta de fato como a mais preciosa verdade da fé, as pessoas podem até afirmar que foram livres, mas continuarão presas à lógica religiosa das compensações. Devedores, jamais entenderão que o reino de Deus é alegria. A graça liquida com pendências legais. Não restam alegações a serem lançadas em rosto -- “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus?”. A religiosidade legalista insiste que é perigoso falar excessivamente sobre a graça. Anteparos seriam então necessários para proteger as pessoas da liberdade que a graça gera. Mas o amor que tudo crê, tudo espera e tudo suporta não aceita outro tipo de relacionamento senão abrindo espaço para que haja amadurecimento. Deus ama assim, e o Sermão da Montanha não deixa dúvidas de que todo discurso sobre o reino de Deus deve começar com graça. Soli Deo Gloria

Ricardo Gondim

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Jesus nos ensina o bom senso e o realismo

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ão é raro imaginar-se Jesus com alguém acima da necessidade de usar o bom senso. Isto porque ele podia manter uma multidão no deserto, sem comida, por ser capaz de fazer um milagre a qualquer momento. Poderia, se quisesse, atravessar o mar sem temer o mau tempo, já que era capaz de acalmá-lo com um simples gesto. E até mesmo lhe era possível andar sobre as águas. Contudo, as ideias que concebemos sobre o modelo de vida de Jesus, a partir destes fatos, são mágicas, irreais e não-razoáveis. Ainda que ele tenha feito as coisas que acima relatamos - como temos certeza de que as fez -, não as realizou como experiência rotineira nem com a despreocupação irresponsável, que inconscientemente a ele se pretende atribuir, em nome de seus poderes divinos. Alguém disse o seguinte sobre o bom senso de Jesus: O olhar de Jesus vê a vida com bom senso e realismo. Dizemos que alguém tem bom senso e realismo quando para cada situação tem a palavra certa, o comportamento exigido, e atina logo com o cerne das coisas. O bom senso está ligado à sabedoria concreta da vida; é saber distinguir o essencial do secundário; é a capacidade de enxergar e colocar todas as coisas em seus devidos lugares. O bom senso se situa no lado oposto ao do exagero. Jesus não era como aqueles que pensavam utopicamente que somente o campo do crente é capaz de produzir. Ele sabia que sol e chuva são dádivas comuns de Deus sobre todos os homens, terras e fazendas. Ele conhecia as leis da natureza e não tentava violentá-las (seus milagres são milagres, não violências naturais). Ele não era do tipo que saía no inverno, pela fé, sem agasalho; ou de roupa quente no calor. Era carinhoso com a natureza, mas não um sentimental: amava os lírios mas sabia que o destino das ervas era o forno. Quando as figueiras brotavam folhas novas, esperava o verão e não o inverno. Também conhecia tudo sobre safras e entressafras do trigo. Se seus dias fossem os nossos, não deixaria um carro constantemente estacionado à beira-mar, porque sabia que a ferrugem destrói; nem dinheiro em caixas velhas, porque tinha visto que a traça rói, tampouco enterraria à vista um tesouro no quintal, pois não desconhecia que os ladrões espreitam, escavam e roubam. Jesus também não atribui ao cristão um papel diferente no mundo econômico, social e físico. O salvo pode ser pobre e doente, e suas feridas lambidas pelos cães. Ele sabe que os corpos em putrefação atraem abutres. Sabe ainda que a sobrevivência dos pássaros é espontânea. Percebe claramente que espinhos e abrolhos atrapalham o serviço do semeador. Admite que

há gerentes que roubam e são espertos. Conhece o esquema hierárquico entre os militares. Nota que os poderosos da terra exploram os mais fracos. Observa a triste rotina dos desempregados em praça pública. Compreende que todo bom patrão deve exigir contas e relatórios dos empregados. É prático o suficiente para saber que uma casa sem alicerce cai, e que um edifício sem base sólida se arrebenta no chão, casa sobre casa cairá. Também para ele não é surpreendente que uma indústria, comércio ou fazenda bem administrados se tornem lucrativo investimento, ainda que o dono seja um ateu. Jesus também olhou para as crianças com a ótica do realismo e do bom senso. Delas é o reino dos céus, mas não deixam de ser crianças: suas brincadeiras revelam muito do seu latente egoísmo, sua imaturidade e fortes caprichos. Ele observou como as criancinhas brincam de casamento na praça e os coleguinhas se recusam a danças, ou como querem brincar de enterro mas os outros não querem brincar de chorar. Não é obscuro para Jesus que o parto seja obra de amor e dor. Sabe que antes que o filho venha ao mundo o que está em relevo é o sofrimento. Ele não era como aquele pastor que afirma que o parto da mulher cristã é menos dolorido. Reconhece no entanto que, após este, a mulher já nem se lembra das dores, pela alegria de ter trazido ao mundo um ser humano. E a sabedoria prática de Jesus prossegue. Sabe que somente exércitos bem treinados podem vencer uma guerra. Conhece as estratégias dos assaltantes noturnos. Admite que a rendição é a única alternativa para um exército incapaz de vencer um confronto armado. Não desconhece que a casa, para não ser assaltada, precisa ter a porta bem fechada e que a vigilância é indispensável. Percebe como deve ser vergonhoso para alguém não terminar a obra que começou E, por último, ele não sublima o relacionamento entre irmãos. Ainda que sejam do mesmo sangue, filhos de um bom e generoso pai, um pode ser ordeiro enquanto o outro indisciplinado, mas este pode ser humilde e aquele orgulhoso. E mais ainda: o ciúme pode ser uma dura realidade entre irmãos. O discípulo é, portanto, um ser que segue a maneira de viver de Jesus com o mesmo bom senso e realismo do seu Mestre. O que, no entanto, não o afasta dos grandes sonhos, dos grandes ideais, nem da fé que promove os impossíveis. O bom senso não é inimigo dos ideais ou da fé. É com ideais e fé que o discípulo projeta e vislumbra os seus alvos, mas é com bom senso que dá os passos. Ainda que seja fundamental saber discernir os momentos em que o único passo que o bom senso pode e deve dar é um passo de fé. Fonte: Livro - O mais fascinante projeto de vida. Seguir a Jesus

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Alegria é... Desarticulado, mal conseguiria descrever o que é alegria. Talvez se pareça com uma leve coceira na alma, que dá vontade de rir. Quem sabe seja o que transforma o coração em jardim onde borboletas brincam. Alegria suscita, sim, uma ansiedade deliciosa. Quando estou feliz, surpreendo-me sussurrando: “Não preciso de mais nada”. Alegria é granada que explode no peito com estilhaços que ferem sem magoar. Alegria é bomba que irriga a pele com arrepios de satisfação. Alegria é rede branca estendida no alpendre, que contempla as montanhas. Alegria é cafezinho no balcão da padaria. Alegria é som da taça robusta que brinda o encontro, olho no olho. Alegria é sorriso agradecido do neto que acabou de ganhar o primeiro estilingue. Alegria é tempero que se espalha pela casa. Alegria é música que lembra o amor adolescente. Alegria é estrela cadente que risca o céu, e convida a fazer um pedido. Alegria é exame de laboratório dizendo que não é preciso alongar o tratamento. Alegria é livro relido depois de dez anos. Alegria é elogio do pai. Alegria é crepúsculo que colore o céu de um Apocalipse deslumbrante. Alegria é fúria do mar contra as rochas. Alegria é colibri que se aproxima e foge num piscar de olhos. Alegria é feriado chuvoso para ler poesia em voz alta. Alegria é lágrima de amor. Alegria é tapioca com manteiga em dia frio. Alegria é silêncio na catedral vazia, que acolhe a meditação. Alegria custa tão pouco, meu Deus! Soli Deo Gloria. Ricardo Gondim

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Chamam isso

Casamento Tendo recebido uma certidão de casamento, e geralmente, a bênção do padre ou do pastor, um homem e uma mulher se consideram casados. Fulano e Beltrana se casaram sábado passado, ou estamos casados há 13 anos são expressões que denotam nossa compreensão do que seja casamento. O referencial da Bíblia Sagrada, conforme o Gênesis possibilita outra compreensão. A declaração bíblica de onde derivamos um conceito de casamento afirma que o homem deve deixar pai e mãe, unir-se à sua mulher e então serão uma só carne. Podemos sintetizar isso em três palavras: autonomia, aliança e intimidade. Deixar pai e mãe implica emancipação. Unir-se à mulher implica compromisso conjugal: assumir o mesmo jugo, andar no mesmo passo, partilhar o ônus e bônus da existência comum. Ser uma só carne é uma referência ao que acontece quando do ato sexual pleno, considerado a mais densa intimidade possível entre um homem e uma mulher. Para que exista casamento é necessário que os três ingredientes estejam integrados de forma dinâmica: autonomia, aliança e intimidade.

A realidade demonstra que muitos que se consideram casados ainda não deixaram pai e mãe, isto é, não se emanciparam, ainda são dependentes emocional, social, economicamente. Outros, se emanciparam, mas não se uniram, isto é, passaram a viver juntos mas continuam com biografias independentes, cada um construindo sua interioridade e seu futuro em bases distintas e às vezes antagônicas. Mais comum são os que se tornaram uma só carne pelo ato sexual, mas nem se emanciparam nem fizeram uma aliança entre si. Em síntese, para a maioria, senão para a totalidade dos casais, o casamento é um processo que leva tempo, não raras vezes muito tempo. O “dia do casamento”, no cartório e na igreja, apenas inicia um processo de emancipação, aliança e intimidade. Felizes os casais que assumiram este compromisso e foram se casando aos poucos, continuam se casando todos os dias, e mais ainda aqueles que conseguem dizer: “finalmente, estamos casados”. Seja, pois, a graça de Deus sobre todo casal que se dispôs a colocar os pés nesta trilha da comunhão que somente a morte pode encerrar. Pr. Ed René Kivitz

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O ato de tocar passa pelo interesse genuíno e cheio de amor pelo próximo, pelo desejo profundo de dar e receber afeto Dar e receber contato físico são experiências fundamentais para o desenvolvimento humano. A pele, além de ser o maior órgão do corpo, é também o receptor do sentido do tato. Através dela, a sensação do toque que damos ou recebemos chega rapidamente

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ao cérebro, transmitindo-nos tanto o prazer quanto o desconforto dos contatos corporais. Na nossa espécie, a experiência tátil começa desde a fase fetal. No útero, o bebê recebe estímulos sensoriais o tempo todo através da pele. Nos momentos que antecedem ao parto normal, são os estímulos corporais que sinalizam tanto à gestante quanto ao nascituro que é hora da chegada de um

novo ser ao mundo. E é também no contato corporal com a mãe que a criança faz sua primeira comunicação com o mundo externo. Através desta interação física, o recémnascido pode receber novamente o conforto perdido da vida intrauterina e experimentar o calor e a segurança tão necessários para sua adaptação e desenvolvimento nos primeiros anos de vida.


O contato através da pele é um meio potente de comunicação que poderá ser desenvolvido ou bloqueado. Na verdade, as pessoas deveriam se tocar mais. Em muitas situações da vida, um toque é sempre importante e pode mesmo ser terapêutico. Uma pessoa entristecida, por exemplo, pode ser confortada através de um abraço demorado e acolhedor. Momentos de sofrimento podem ser aliviados quando alguém toca o ombro ou segura a mão de quem sofre; aquele que chora precisa de quem, suavemente, lhe enxugue as lágrimas, e assim por diante. Quem já desenvolveu essa sensibilidade saberá o tamanho, a forma e a intensidade de como deve ser o contato físico. Numa sociedade erotizada como a nossa, qualquer referência a toques entre seres humanos tende logo a receber conotação sexual. Contudo, o ato de tocar também passa pelo interesse genuíno e cheio de amor pelo próximo, pelo desejo profundo de dar e receber afeto. A falta do contato físico tem acarretado muitos danos ao ser humano – e não apenas no desenvolvimento de algumas doenças físicas, mas também na interação social do indivíduo e na sua capacidade de expressar amor e criar vínculos. Ashley Montagu, antropólogo inglês e autor do livro Tocar – O significado humano da pele, cita em sua obra que a falta de contato físico e do aconchego do colo pode aprisionar uma

pessoa dentro de si mesma, dificultando tanto sua caminhada na direção do outro como a aceitação da proximidade com outras pessoas. Para ele, o contato ajuda o ser humano a ultrapassar a barreira da sua própria pele, a qual o separa do seu mundo externo. Assim, o ato de tocar funciona também como uma espécie de libertação. Há várias razões pelas quais podemos ter dificuldades tanto em dar como em receber o toque. A primeira delas é simples: não tocamos porque não fomos tocados por aqueles que cuidaram de nós e não sabiam da importância deste contato. E a dor causada pela ausência do toque poderá se manifestar de forma intensa e insuportável quando somos tocados ou desejamos tocar. Segundo, porque muitos de nós nascemos de pais que não sabiam separar o toque amoroso e carinhoso do contato visando relacionamento sexual. E dessa forma, além de passarem uma ideia distorcida do carinho, também não deram aos filhos a interação física tão necessária, não apenas no início da vida, mas também quando deixam a infância. Em terceiro lugar, não tocamos nem nos deixamos tocar porque, em algum momento de nossa vida – ou mesmo repetidamente –, fomos tocados de forma abusiva, egoísta e até com violência. Uma mulher em psicoterapia me relatou que foi molestada e abusada sexualmente na infância por um

homem próximo de sua família. Ela tinha o desejo de segurar minha mão e até receber um abraço em nossos encontros, mas a cada vez que tentava se aproximar, lembranças repugnantes e doloridas vinham à sua mente. No entanto, ela não desistiu, e aos poucos ultrapassou as sensações que tinha registrado em sua memória. E, aprendeu a dar e receber o toque carinhoso e desinteressado dos que estavam à sua volta. Cristo Jesus não se esquivou de ser tocado e nem de tocar. Ele pegou as crianças no colo e colocou as mãos sobre suas cabeças abençoando-as. Tocou os enfermos afastados do convívio social, os excluídos e também os amigos. Estava livre, da mesma forma, para receber o contato físico das mulheres, inclusive das marginalizadas, assim como dos doentes e de seus discípulos. Tanto que João, na última ceia, é acolhido quando reclina a cabeça sobre o peito do Mestre. Como filhos de Deus, somos chamados a expressar amor não somente com palavras, mas com ternas manifestações de carinho e aconchego. Além de aceitarmos a redenção eterna que há na cruz, também precisamos de Cristo para redimir nossos afetos e assim nos doarmos mais através da interação e do toque físico. Esther Carrenho

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A questão da moralidade na vida humana é de um peso que vai muito além da nossa capacidade de suportá-lo. Não me refiro aqui às muitas idéias acerca do tema discutindo se moralidade é para uma ética situacional - cada um encara como quer - ou se universal - todos devem aceita-la como princípio universal e divino. Creio ser muito mais útil pensar sobre ela do ponto de vista das relações interpessoais. Afinal, embora possamos cometer pecados diretamente contra Deus, na maioria das vezes, nossos pecados são contra o próximo e, em conseqüência disso, contra Deus tendo-se em conta que a sua lei maior foi quebrada: a lei do amor. No texto que analisaremos a seguir o apóstolo Paulo trata o assunto de forma muito rica. Numa situação hipotética no texto mas totalmente comum na vida, alguém se vê numa situação de erro, pecado, algo condenável moralmente falando, mas que caracteriza não um erro premeditado, mas uma falha, uma armadilha das circunstâncias, do próprio coração da pessoa. É isso que ele quer dizer com “...se alguém for surpreendido nalguma ofensa, ...”. Mas se o leitor prestar atenção, verá que o tema deste trecho não é o erro da pessoa nem a disciplina a que ela deve ser submetida mas sim o modo como cada um dos seus próximos lidarão com a questão em seus próprios corações. É óbvio, portanto, que o modo como se trata o que errou, seja adultério, furto, mentira, revela como a pessoa lida com o assunto para si e em si. Quem logo de cara condena e define a pessoa pelo erro, demonstra que ou se acha imune a tais erros ou então comete 28 Refrigério

os mesmos e a situação vem a calhar para servir de cortina de fumaça para seus atos. Temos então algumas advertências para os que lidarão com o que errou: 1- “...Vós que sois espirituais corrigi o tal com espírito de mansidão;... “ Ser espiritual aqui não define uma condição permanente. O que, certamente, ele quis dizer é que aqueles que estiverem bem na sua comunhão com Deus, andando em espírito e que são os que poderão ajudar no momento, devem faze-lo com misericórdia para que aquele que está enfraquecido seja encaminhado à comunhão com Deus novamente, fortalecido na fé e salvo da destruição que a culpa proveniente do erro poderá trazer a sua alma. 2- “Mas olha por ti mesmo, para que não sejas também tentado.” Esta parte confirma o que foi dito acima. Os que são espirituais devem, no trato com a situação, olhar por si mesmos exatamente porque o grande perigo é que se se julgarem melhor do que o “caído” serão presas fáceis do diabo pelo auto-engano. Quem pensa que está imune ao erro é mais passível de errar do que qualquer outro. Não é a única vez que somos advertidos assim na bíblia mas I Coríntios 10:12 também o faz: “Aquele,porém, que pensa estar em pé, cuide para que não caia”. 3- “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.” É nessas horas que se conhece os que amam verdadeiramente. Levar as cargas uns dos outros não se trata de meros favores mas disposição para entender o outro, sua realidade, sua má escolha, sua humanidade. Quem condena, além de não levar carga

alguma para ajudar, na verdade, torna mais pesada a carga do outro pois, nessas horas, o que menos se precisa é de gente para piorar a culpa, o sentimento de rejeição que o próprio erro já traz. 4- “ Se alguém pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo. Mas prove cada um a sua própria obra. Então terá motivo de glória só em si mesmo, e não em outrem. Pois cada qual levará o seu próprio fardo.” Notem como Paulo evolui o tema advertindo agora para a maior das tentações numa situação destas: Quem não leva a carga da pessoa já fragilizada pelo erro, pela culpa mas antes a condena e ou se diverte com sua condição torna-se um candidato a filhote de satanás que “vem de rodear a terra e de passear sobre ela” procurando os Jós da vida que possam ter sua integridade questionada. E o questionamento existe como argumento para que fim? O que se quer provar? Satanás queria se justificar perante Deus, como desde o princípio faz, acusando os homens. Isso é bem sintomático em todos nós já que sempre queremos ser alguma coisa em cima do não ser do outro, mesmo que esse não ser seja por uma situação específica como a de um erro que alguém possa cometer num certo momento da vida. Quem não consegue ser alguma coisa de concreto, ter integridade , boa reputação que seja fruto de atos incontestáveis, às vezes, quer ser por meio do marketing como o dos políticos que destacam somente falhas dos seus adversários como forma de serem um pouquinho melhores na comparação. O caminho certo diante de uma situação assim é reconhecer nossa própria falibilidade e ver o outro como alguém que foi apanhado pelo mal pelo qual qualquer um de nós pode ser. Um fato


interessante quando o assunto é moralidade é que para a maioria de nós o erro não pode ser considerado como uma das tantas tragédias a que estamos sujeitos na vida. Se alguém sofre um acidente, perde um filho, o pai , a mãe, a casa numa enchente ainda que alguns tentem ver nisso um castigo, um carma , uma retribuição, há os que se compadecem. Mas se a tragédia decorre de uma escolha mal feita em que alguma lei moral foi quebrada aí até esses que se compadecem nas tragédias acham demais. Mas não estamos todos num mundo mal? Não enfrentamos todos dilemas morais todos os dias? Não estamos todos expostos a condições diversas geradas pela cultura do país, pelos maus governos, pela pobreza que priva, a riqueza que nos acomoda, pela maldade dos ladrões, dos motoristas bêbados, dos policiais que abusam de sua autoridade e às nossas próprias ambigüidades? Não são estas situações que muitas vezes nos levam a escolhas difíceis ? Julgar o outro sem levar em conta que em seus lugar talvez faríamos o mesmo ou pior é injusto quando o fazemos no conforto de uma situação privilegiada. Mas ainda que tenha havido um erro real em função de uma escolha livre precisamos ser misericordiosos. O fato é que o tempo todo estamos procurando meios de nos afirmar diante dos outros e de nós mesmos. A falta de absolutos morais que provenham do amor divino e não das nossas concepções marketeiras da vida leva a maioria a querer se afirmar como gente boa, humana e admirável em cima do que o outro não é ou não foi. Mas devemos provar nossa obra para certificarmo-nos de sua legitimidade, sem comparação com outro para que a glória do elogio, do reconhecimento dos outros seja real e não ovações do público que gostou da peça onde pôde

realizar suas catarses. Cada um levará seu próprio fardo, ou seja, todos temos zonas escuras na mente, no coração. Todos enfrentamos em algum momento da vida o confronto com determinadas escolhas que fizemos mas que são difíceis de explicar dada a complexidade das circunstâncias em que fomos premidos a tomá-las. Por coisas assim é que a bíblia diz que ninguém deve julgar nada antes do tempo (juízo final). Deus dará a cada um o louvor pelas suas obras (Icor. 4:5). Nossos julgamentos morais não levam em conta os segredos do coração pois só Deus os conhece. É óbvio que não somos impedidos de discernir que tal coisa que alguém fez está errada, mas somos ensinados a não definir a pessoa absolutamente por aquele erro e nos sentirmos superiores com isso. Aliás, este é o processo mental dos que gostam de fofocar, falar mal à meia boca curtindo a desgraça alheia. Se alguém quiser saber o que realmente contará a nosso favor no dia do juízo final guarde o texto de Tiago 2:13 mas entendendo a palavra misericórdia não somente no sentido que quem dá pão ao faminto mas também de quem dá pão à alma dos tantos que padecem na desgraça da execração dos fariseus de plantão. “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo.”

Sérgio Luiz do Espírito Santo E-mail: sergioluesp@hotmail.com

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Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia... Gálatas 5:16

A lista dos sete pecados capitais não constam na Bíblia Sagrada, este conceito ou compreensão dos sete pecados capitais nos remeteria aproximadamente ao século quarto; quando o papa Gregório estabeleceu esta convenção das principais paixões e anseios humanos e das principais batalhas na interioridade humana e que conspiram contra nossa humanidade. Em outras palavras! Quanto mais cativos destas paixões , o orgulho a inveja a ira, a preguiça, a gula a avareza e a luxúria! Mais animais! Menos humanos! Mais bestiais menos gente nós somos! Estes pecados chamados capitais são assim designados por que dão origem a outros pecados! São sete paixões que fazem nascer dentro de nós e em nossa vivencia outros tantos pecados... Neste artigo abordaremos alguns aspectos, pois são vários acerca do pecado da luxúria. O que é a luxúria!? A luxuria é em termos simples... “Só pensar naquilo!” É o apetite desordenado pelo sexo. Luxuria é por assim dizer um dos pecados mais excelentes da nossa sociedade contemporânea. O sexo está esparramado diante de nós você sabe que não precisa ser rico para ser avarento! Você sabe que não precisa comer muito para ser um glutão! Também você não precisa fazer muito sexo para ser culpado do pecado da luxuria. Porque esta compreensão dos pecados capitais diz não tanto a respeito daquilo que fazemos em si, mas daquilo que habita nosso co30 Refrigério

ração e interioridade. Por exemplo, a avareza não diz respeito a quanto dinheiro você tem nas mãos; diz que lugar o dinheiro ocupa no seu coração! Se ele é o senhor dos seus valores e da maneira como você organiza sua vida; a questão da gula, não diz respeito ao tamanho do seu prato, “diz respeito à maneira como você se relaciona com a comida! E com os prazeres próprios do seu corpo assim também o sexo ou luxuria, não diz necessariamente ao quanto você faz de sexo. A questão não é quanto sexo você faz, mas quanto o sexo ocupa seu pensamento, e o quanto é o sexo quem determina sua visão de realidade a sua forma de relacionar-se com as pessoas a sua maneira de organizar a vida, à sua maneira de ver a si mesma, ou a si mesmo. Ou eu faço muito sexo ou eu faço pouco sexo ou eu não faço sexo, mas o sexo me é uma razão para a felicidade ou infelicidade. O sexo não importa se eu faço muito ou pouco ou se faço moderadamente, mas o sexo é uma questão de tentação e de agonia e de angústia constante, e então é nesse sentido que identificamos a luxúria, quando o sexo tem força! Tem poder! E implica a nossa consciência a nossa vontade e a nossa ação. Concordo com Richard Foster, quando diz que a nossa sociedade fala pouco de sexo; parece contraditória essa afirmação não é? Mas veja só, é contraditória quando a nossa sociedade fala em sexo para vender pneu de automóvel; sexo para vender programa infantil de televisão; sexo para vender seguro de vida; sexo para promover dietas; sexo para promover ideologias; sexo


nas revistas, nos Outdoors, nas conversas nas piadas nas sugestões de humor; quando nós temos sexo nos olhos, na maneira como nos olhamos e nos despimos mutuamente. Como é que alguém pode nos dizer que falamos pouco de sexo!? Foster responde, nossa sociedade fala pouco de sexo porque fala muito em termos de abrangência, mas fala pouco em termos de profundidade. A nossa sociedade não fala realmente acerca de sexo. A nossa sociedade não conversa de maneira adulta sobre sexo. Em nossas igrejas muito menos, pareceme que dentro do ambiente religioso o sexo é o tabu dos tabus, e o pecado sexual é o pecado sem perdão; o sujeito matou cinco, ele prega domingo à noite, ele adulterou não prega nunca mais! Porque para nós sexo implica o pecado sem perdão. As novas configurações familiares os novos conflitos de orientação sexual, as identidades, gêneros, essa discussão dentro da igreja está conflitiva e diante do conflito a gente se cala. Mas todo mundo tem sexo no pensamento, pois é impossível viver sem pensar em sexo! Porque sexo é uma necessidade vital por que sem sexo nós nos extinguiremos. È impossível viver sem comer! É impossível ficar sem pensar em sexo, é natural, mas não se fala; e porque não se fala.. Porque é conflitivo. Então, luxúria é um assunto seríssimo; então o que é que a bíblia diz para nós: a bíblia diz para nós que devemos “andar no Espírito para não satisfazermos o desejo da carne” porque o Espírito deseja o que é contrário a carne e a carne deseja o que é

contrario ao Espírito, eles estão em conflito um com o outro. É como se fossem dois cachorrinhos um preto e um branco; o preto é a carne e o branco o Espírito, eles estão sempre brigando o que você alimenta mais é o que ganha a luta! Parafraseando o apóstolo Paulo, imagino que ele queria dizer; não sois bicho, homem é que sois. A carne tem desejos, o corpo tem apetites, mas nós somos humanos e nós temos a prerrogativa de decidirmos o que fazer com os nossos apetites e com os nossos desejos. Desejo não é pecado, vontade não é pecado, gostar da coisa não é pecado. O apostolo está dizendo o seguinte: não vivam como animais não vivam como o bicho; sabe como vive o BICHO, ele vive de imoralidade sexual, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, discórdia, ciúmes, ira, facção, egoísmo, inveja, embriagues, orgias e por ai vai... Vocês são seres espirituais, criados à imagem e semelhança de Deus, e Deus é Espírito! Então façamos um caminho de transcendência da nossa animalidade e bestialidade, este é o convite do evangelho! O que a bíblia sagrada diz para nós é o seguinte: precisamos transcender nossa animalidade, vivermos uma humanidade digna! A questão não é se eu faço ou não sexo, a questão é se eu não faço e não fazendo eu sou gente suficiente para deixar de fazer! E se faço eu sou gente suficiente para fazer bem feito como se deve fazer! A questão não é sexo ou não sexo! A questão é você é bicho ou você

é gente! Você é cativo da carne nesse sentido pejorativo, a carne degenerada com seus apetites descontrolados desgovernados; ou você é alguém cuja dimensão espiritual o capacita conviver com a sua dimensão animal, porque nós seres humanos somos isto, fomos criados do pó da terra, corpo, ANIMALIDADE, e foi soprado em nós o fôlego da vida... Espírito! ESPIRITUALIDADE. Fomos criados com estas duas coisas, não podemos negar nem uma nem outra! Como nós cristãos respondemos à luxúria: os solteiros com castidade, os casados com fidelidade. Quando o sexo é legítimo ou não é a bíblia que diz para nós. Deixara o homem seu pai e sua mãe unira se a sua mulher e serão os dois uma só carne! O caminho de Deus para nós é o caminho de uma aliança, aliança entre pessoas que se amam e se assumem diante de Deus; com dignidade diante umas das outras e diante da sociedade, aquém ou da qual devem refletir ou espelhar; não apenas um padrão de humanidade, mas um padrão de relacionamento humano nós somos assim, somos cristãos somos seguidores de Jesus, estamos presente na sociedade dizendo: olhem para nós e aprendam a ser gente, olhem para nós e aprendam a ser casal, olhem para nós e aprendam a amar, olhem para nós e aprendam a construir família, olhem para nós e aprendam a desfrutar do sexo, olhem para nós e aprendam o que é de fato viver e ter prazer com a benção de Deus! (Ouça este conteúdo na integra no site: www.ibab.com.br)

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Confiança plena!

NÃO SE PREOCUPE demais por causa dos perversos! Não fique com inveja dos maus e pecadores. Logo eles murcharão e secarão como a erva. Em vez disso, confie no Senhor e procure fazer o bem; viva tranquilamente em seu lugar e ponha a verdade em prática. Faça do Senhor a sua grande alegria e Ele dará a você os desejos do seu coração. Deixe nas mãos do Senhor tudo o que você for fazer. Confie nEle de todo o coração e Ele fará o que for necessário. Ele fará a sua justiça brilhar como a luz. Mostrará claramente a todos que você está com a razão. Descanse no Senhor, espere pacientemente pela sua ação. Não fique preocupado com os homens maus que conseguem sucesso em seus planos perversos. Deixe de lado a raiva e abandone a ira! Não perca a cabeça; isso só traz prejuízo! Esses homens maus serão destruídos, mas quem confia no Senhor receberá grandes bênçãos já nesta vida. Dentro em breve os maus vão desaparecer. Mesmo procurando, você não encontrará um sequer. Mas quem se humilha perante o Senhor receberá bênção sobre bênção e viverá na mais perfeita paz. O homem mau faz planos para destruir

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o justo, cheio de ódio. O Senhor zomba dele porque sabe que o dia do castigo está se aproximando. Os maus preparam seus revolveres, seus estiletes e facas para destruir os humildes e pobres, para matar os que andam pelo caminho de Deus. No entanto, serão destruídos pelas próprias armas. Suas facas atravessarão seus corações e seus estiletes serão quebrados. É melhor ter pouco e obedecer ao Senhor do que possuir as grandes riquezas dos homens maus porque a força dos maus será quebrada, mas o Senhor sustentará os justos com a sua força. O Senhor observa passo a passo a vida de quem obedece a Ele de coração. Preparou para eles uma recompensa eterna. Na época das dificuldades, eles não ficarão sem ajuda; quando houver fome, eles terão comida à vontade mas os maus desaparecerão. Os inimigos do Senhor murcharão como a erva; serão destruídos e sumirão como fumaça. Os maus pedem emprestado e depois dizem: “Não tenho como pagar!”. Os justos têm o bastante para si e ainda podem ajudar os outros. As pessoas que recebem a bênção do Senhor herdarão a vida. Mas quem for amaldiçoado por Ele será destruído.

O Senhor dá passo firme e certo ao homem bom. Tem prazer na vida de quem é justo. O homem bom pode cair, mas não cairá para sempre. O Senhor segura a sua mão e o ajuda a levantar-se. Já fui moço; agora sou um velho, mas nunca vi o justo ser abandonado pelo Senhor. Nunca vi a família do homem que ama ao Senhor passar fome e necessidade. Pelo contrário; ele é bondoso, ajuda os outros e a sua família é uma bênção. Assim, se você deseja um lar eterno e feliz, deixe a maldade de lado e comece a praticar o bem. Pois o Senhor tem prazer na justiça e não abandona quem pertence a Ele; eles serão protegidos para sempre, mas quem ama a injustiça será destruído. As pessoas que amam a Deus receberão a vida eterna como herança e viverão para sempre. O justo sempre fala o que é certo e sempre dá bons conselhos, porque obedece de coração a Lei do seu Deus. Por isso, seus passos são firmes e certos. O homem mau vive espiando o justo, fazendo planos para tirar-lhe a vida. Mas o Senhor não permitirá que o justo caia nas mãos do perverso; se um homem bom for julgado, Deus não deixará que ele seja condenado. Espere com paciência o Senhor agir! Siga o seu caminho e Ele dará as honras e as bênçãos que você deseja. Você há de ver os maus serem corrigidos. Eu mesmo já vi algo semelhante: um homem orgulhoso e mau, crescendo em força e poder como um pé de sucupira. Mas, pouco tempo depois, procurei por ele e descobri que tinha desaparecido. Mas, se você prestar atenção no homem justo, verá que a coisa é bem diferente! Quem obedece ao Senhor e vive em paz terá um fim abençoado. Quem vive desobedecendo a Lei de Deus, quem tem prazer em fazer o mal, será destruído para sempre. O Senhor salva os justos; no dia da dificuldade Ele é a proteção de quem O ama! Ele ajuda e livra os justos dos planos perversos dos homens maus, porque confiaram nEle. SALMO – 37 Bíblia Viva


Oportunidade?

Não deixe escapar. “Mas o que eu faço o farei, para cortar ocasião aos que buscam ocasião...” (2 Coríntios 11:12)

Oportunidades são dadas a todos nós e elas vêm de Deus, o Eterno. Precisamos aproveitá-las, pois pode ser que não ocorram novamente e então ficaremos frustrados, com um sentimento de perda. Eram para o meu bem e eu não as valorizei. Que pena! Quando ocorrerão novamente? Hum... Só o Eterno sabe. Paulo, o apóstolo, reconhecia o valor das oportunidades e não deixava passar em branco a chance de tornar conhecidos os aplicativos do Reino de Deus, aos que procuram conhecê-Lo. Tenho aprendido a não permitir esse sentimento de perda mais em minha vida. Aproveito ao máximo as oportunidades, nas suas mais variadas formas. Não saio mais de casa sem dar um cafuné na minha esposa, seja permanecendo, saindo, chegando, não nego a oportunidade aos meus, de saberem que os amo. Enquanto duram as oportunidades precisamos torná-las relevantes, seja no trabalho, na escola, na feira, no supermercado. Leio com todo gosto tudo que é bom. Voltei a estudar, pois precisei. Estou deslumbrado, descobri o prazer de aprender! Conheço pessoas novas todos os dias e não abro mão dessa aventura. Jamais saio após uma visita a uma pessoa amiga ou cliente, sem antes sugerir: “Vamos orar?” Creio no poder da oração. Faz-me dependente do Eterno e me ajuda a não dar lugar ao espírito da soberba em mim. Além do mais, é tanta coisa para agradecer a Deus que seria desperdício gastar esse tempo com outra coisa; é uma maneira que eu tenho de demonstrar gratidão. Antes orar do que reclamar, não é mesmo? Para finalizar, quero compartilhar uma

rica oportunidade que recebi de Deus, dias atrás: assistir ao filme Invictus. Mostra a história de Nelson Mandela, líder sul-africano que passou 27 anos na prisão e foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul. Filme dirigido por Clint Eastwood, estrelado por Morgan Freeman (escolhido pelo próprio Mandela), como Mandela, Matt Damon como François, o capitão do time de Rugby Springboks, escrito por Anthony Peckham. Com uma trilha sonora leve e suave, Eastwood mostra o lado humano e belo de um homem que não permitiu que 27 anos na prisão lhe roubassem a alma. Com sua eleição, os cidadãos negros esperavam que os brancos fossem esmagados como revanche pelos anos de humilhação e miséria causados pela minoria branca. Mandela, ao contrário, usa essa oportunidade para reconciliar sua nação, unindo negros e brancos, tanto na sua guarda nacional quanto no time de rugby, antigamente odiado pelos sul-africanos negros, incentivando o perdão, o amor e a união de uma nação à beira de uma guerra civil. No desenrolar da história, Mandela surpreende a todos com sua lição de disciplina (caminhava de madrugada toda manhã), de resiliência, ao lidar tanto com seus problemas familiares quanto com os de sua nação, oportunizando o seu povo conhecer o poder do perdão e do amor. Valorize as oportunidades que chegam até você e não as deixe escapar. Receba, discirna, compartilhe e nunca se esqueça de dar glórias a Deus!

José Maria de Souza 33 Refrigério


O Enterro do

“Não Consigo” Esta história foi contada por Chick Moorman, e aconteceu numa escola primária do estado de Michigan, Estados Unidos. Ele era supervisor e incentivador dos treinamentos que ali eram realizados e um dia viveu uma experiência muito instrutiva, conforme ele mesmo narrou: “Tomei um lugar vazio no fundo da sala e assisti. Todos os alunos estavam trabalhando numa tarefa, preenchendo uma folha de caderno com ideias e pensamentos. Uma aluna de dez anos, mais próxima de mim, estava enchendo a folha de “não consigos”. “Não consigo chutar a bola de futebol além da segunda base.” “Não consigo fazer divisões longas com mais de três números.” “Não consigo fazer com que a Debbie goste de mim.” Caminhei pela sala e notei que todos estavam escrevendo o que não conseguiam fazer. ”Não consigo fazer dez flexões.” “Não consigo comer um biscoito só.” Voltei para o meu lugar e continuei minhas observações. Depois de algum tempo os alunos foram instruídos a dobrar as folhas ao meio e colocá-las numa caixa de sapatos vazia, que estava sobre a mesa da professora. Ela tampou a caixa, colocou-a embaixo do braço e saiu pela porta do corredor. Os alunos 34 Refrigério

a seguiram. E eu segui os alunos. Pegaram uma pá e começaram a cavar. Iam enterrar seus “não consigo”! A professora fez uma oração em memória do ‘não consigo’. “Que ‘não consigo’ possa descansar em paz e que todos os presentes possam retomar suas vidas e ir em frente na sua ausência. Amém.” Ao escutar as orações entendi que aqueles alunos jamais esqueceriam a lição. Lendo esta história, nos colocamos diante de Deus! Ele é o Senhor dos impossíveis! Em Jeremias 32,27 diz “… Haverá algo que me seja impossível?” – Esta é a pergunta que o Senhor faz a você hoje. O anjo Gabriel falando à Maria ratifica: “A Deus nada é impossível”. Lucas 1:37 Se somos de Deus e você se entregou à Ele , em um pequeno ou em um grande momento de oração, então saiba que Ele lhe tomou nos braços, Ele ama você! Não podemos dizer que “não conseguimos”, porque quem cuida de nós pode tudo! Confie Nele, enterre seus medos, fraquezas e seus “não consigo”. Continue seu caminho, na presença do Senhor, que lhe conduz e cuida de você! Troque o seu “não consigo” por “Tudo posso N’Aquele que me fortalece”. E que o “não consigo” descanse em paz…


Meu Pai Andava triste, chorosa, adoecendo muito, quando decidi voltar à terapia. Meu terapeuta segue a linha junguiana. Para minha surpresa, certo dia, depois de muitas reclamações e lágrimas, ele pediu para me deitar e pediu para que eu voltasse à infância e sentisse o afago do meu pai. Piorou minha situação. Não conseguia recordar de nenhum beijo ou abraço de meu pai ou minha mãe, mas de muitas surras às vezes injustas e dolorosas. Lágrimas copiosas rolaram pela minha face. Escutando a música de Luther Vandross sobre uma menina dançando com o pai e vendo a compreensão do pai para com ela, mais lágrimas rolaram pela minha face, criando cachoeiras dentro de mim, sem um leito de rio para levá-las a desaguarem no mar. Como com tanta idade ainda sinto a falta do colo do meu pai? Se os pais soubessem o mal que impingem em seus filhos por falta de colo, direção, cuidado, carinho, amor e dedicação eles correriam menos, puniriam menos e amariam mais. Contudo, o que é amar um filho? Gosto da frase que diz: “Amar é escolher o melhor para o objeto amado”. Também gosto da teoria de que o amor vem antes da autoridade. Amar é abraçar, beijar, dar colo, entender o sentimento do seu filho. Porém, também é disciplinar, ensinar, dirigir, guiar, criar valores eternos em seus corações para que mais tarde não venham a se esquecer. Amar é criá-los para o mundo. Dar-lhes autonomia o suficiente

para que comecem a tomar suas próprias decisões. Criá-los e ajudá-los a alcançar a maturidade com sabedoria. Muitas vezes, os filhos precisam mais de sua presença do que de presentes caros. Pois os presentes, cedo se tornam obsoletos, mas seus gestos de ternura, de compreensão, permanecerão impressos para sempre em suas memórias. Pequenos gestos como: pescar juntos; andar a cavalo; ensinar a nadar, a pedalar, discutir valores que eles veem em programas de TV, levá-los a seu filme predileto, uma vez? duas vezes? Não importa. Levá-los para cortar o cabelo, para as vacinas, para a primeira vez no dentista. Fazer com que se sintam protegidos porque sabem que sempre que precisarem o papai, a mamãe estará por perto. Só ama bem, quem já foi amado antes pelos pais, ou quem faz muitos anos de terapia. Fazendo assim, você estará educando e dando ao mundo um ser humano capaz de se doar, de amar e de fazer o bem para transformar a humanidade. Não amando os filhos, você está dando ao mundo um ser humano carente, exigente com os outros ao seu redor, e com um vazio no coração que nenhum outro ser poderá preencher.

Silvia Geruza jubis4@gmail.com 35 Refrigério


Vocabulário

Vida

da

Pequeno dicionário para se entender mais profundamente o significado de algumas palavras muito importantes na vida de qualquer pessoa, explicado com o sentimento, sem a formalidade das regras gramaticais ou amarras filosóficas. Amigo: É alguém que fica para ajudar quando todo mundo se afasta. Adeus: É quando o coração que parte deixa a metade com quem fica. Amor ao próximo: É quando o estranho passa a ser o amigo que ainda não abraçamos. Caridade: É quando a gente está com fome, só tem uma bolacha e reparte. Carinho: É quando a gente não encontra nenhuma palavra para expressar o que sente e fala com as mãos, colocando o afago em cada dedo. Ciúme: É quando o coração fica apertado porque não confia em si mesmo. Doutrinação: É quando a gente conversa com o Espírito colocando o coração em cada palavra. Cordialidade: É quando amamos muito uma pessoa e tratamos todo mundo da maneira que a tratamos. Evangelho: É um livro que só se lê bem com o coração. Evolução: É quando a gente está lá na frente e sente vontade de buscar quem ficou para trás. 36 Refrigério

Parte I

Filhos: É quando Deus entrega uma jóia em nossas mãos e recomenda cuidá-la. Fé: É quando a gente diz que vai escalar um Everest e o coração já o considera feito. Fome: É quando o estômago manda um pedido para a boca e ela silencia. Entendimento: É quando um velhinho caminha devagar na nossa frente e a gente, estando apressado, não reclama. Inveja: É quando a gente ainda não descobriu que pode ser mais e melhor do que o outro. Inimizade: É quando a gente empurra a linha do afeto para bem distante. Lealdade: É quando a gente prefere morrer que trair a quem ama. Lágrima: É quando o coração pede aos olhos que falem por ele. Mágoa: É um espinho que a gente coloca no coração e se esquece de retirar. Livro: O Homem que Veio da Sombra Autor: Luiz Gonzaga Pinheiro


Senhor, Tu examinaste a fundo a minha alma e conheces todas as coisas a meu respeito. Tu sabes o que acontece comigo quando estou descansando ou quando estou caminhando. Tu conheces de longe cada um dos meus pensamentos. Tu examinas cuidadosamente todos os meus passos e observas com atenção o meu sono; sim, Tu conheces muito bem tudo o que eu faço. Tu sabes tudo o que eu vou dizer antes da palavra ser formada em minha boca. Tu estás à minha frente e atrás de mim ao mesmo tempo, e me guias e abençoas com a tua mão. Saber isso é algo tão maravilhoso que eu nem consigo compreender! É impossível fugir do teu Espírito! Em lugar algum conseguirei me esconder de Ti, meu Deus! Se eu subir bem alto em direção ao céu Tu estás lá; se eu quiser descansar no reino dos mortos, lá também Te encontrarei. Se eu voar para as partes mais distantes do oceano com os

primeiros raios da manhã, até ali a tua mão dirigirá os meus passos e o teu poder me dará forças para ficar de pé. Se eu tentar me esconder de Ti na escuridão, Tu transformas a noite em dia claro. Para Ti, a escuridão nada esconde, a noite mais escura é dia claro; a escuridão e a luz são a mesma coisa. Tu criaste todas as partes internas do meu corpo; Tu uniste todas essas partes para formar o meu corpo, enquanto eu ainda estava no ventre de minha mãe. Eu Teu agradeço por me teres criado de maneira tão perfeita e maravilhosa! O teu trabalho é um verdadeiro milagre e na minha alma sei disso muito bem. Tu conhecias perfeitamente cada parte do meu corpo enquanto eu ainda estava sendo formado no ventre de minha mãe, como a semente que cresce debaixo da terra. Antes mesmo do meu corpo tomar forma humana Tu já havias planejado todos os dias da minha vida; cada um deles estava registrado

no teu livro! Senhor, como são importantes para mim os teus pensamentos sobre a vida! São tantos que não consigo contar; são como os grãos de areia nas praias. A cada novo dia, quando acordo, sinto que fico mais perto de Ti. Eu desejo Senhor que Tu destruas os pecadores rebeldes! Para longe de mim, homens malvados e violentos! Vão embora! Eles ofendem a Deus abertamente, cheios de ódio e maldade nos corações. Ó Senhor, eu odeio os que Te odeiam! Teus inimigos são meus inimigos também. Realmente odeio essa gente que Te despreza; para mim, são inimigos mortais. Por isso, ó Deus, examina a minha vida em detalhes! Põe os meus pensamentos e emoções à prova, toma conhecimento de tudo! Descobre qualquer caminho errado e mau e orienta-me para que eu ande sempre pelo caminho da vida eterna. Salmo 139 – Bíblia Viva!

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Nós sofremos mais por causa das pessoas do que por causa das circunstâncias. As pessoas nos fazem chorar mais do que as vicissitudes da vida. As pessoas nos decepcionam e nós decepcionamos as pessoas. Os relacionamentos dentro da família, no trabalho e até igreja, algumas vezes, se tornam tensos. Feridas são abertas na alma e mágoas profundas se instalam no coração. Amizades são rompidas, casamentos são abalados, relacionamentos sólidos entram em colapso. Nesse processo, a comunicação é rompida, o silêncio gelado substitui as palavras de amor e a desconstrução da imagem do outro se torna uma verdadeira ação de desmonte. O resultado do adoecimento das relações humanas é a mágoa. Esse sentimento de amargura se instala no solo do coração e lança suas raízes trazendo perturbação para a alma e contaminação para os que vivem ao redor. A mágoa é a ira congelada. A mágoa é o armazenamento do ressentimento. A mágoa é entulhar o coração com o rancor, é alimentar-se do absinto do ranço, é afogar-se no lodo do ódio, é viver prisioneiro na armadilha da vingança. A mágoa é uma prisão. Ela é o cárcere da alma, o calabouço das emoções, a masmorra escura onde seus prisioneiros são atormentados pelos verdugos da consciência. Quem se alimenta da mágoa não tem paz. Não

tem liberdade. Não tem alegria. Não conhece o amor. Não tem comunhão com Deus. Não pode adorar a Deus, nem trazer sua oferta ao altar. Quem retém o perdão não pode orar a Deus nem receber dele o perdão. A mágoa é autodestrutiva. Ferimo-nos a nós mesmos quando nutrimos mágoa por alguém. Guardar mágoa no coração é como beber veneno pensando que o outro é quem vai morrer. Quem guarda mágoa no coração vive amarrado pelas grossas correntes da culpa. Quem vive nessa masmorra adoece emocional, física e espiritualmente. Há muitas pessoas doentes porque se recusaram a perdoar. Na igreja de Corinto havia pessoas fracas, outras doentes e algumas que já estavam mortas em virtude de relacionamentos adoecidos (1Co 11.3). Tiago ordena os crentes a confessarem seus pecados uns aos outros para serem curados (Tg 5.16). Há muitas pessoas vivendo cativas no calabouço do diabo, prisioneiras do ódio, acorrentadas pela mágoa, cuja vida espiritual está arruinada. Gente que precisa ser liberta dessa prisão existencial, desse cativeiro espiritual. O salmista Davi orou pedindo a Deus para tirar a sua alma do cárcere (Sl 142.7). A chave que abre a porta dessa masmorra é o perdão. O perdão traz cura onde a mágoa gerou doença, traz reconciliação onde a mágoa gerou afastamento, traz ale-

gria, onde a mágoa produziu tristeza e dor. O perdão restitui aquilo que a mágoa saqueou. O perdão é a faxina da mente, a assepsia da alma, a limpeza dos porões do coração. Perdoar é zerar a conta. É nunca mais lançar no rosto da pessoa a sua dívida. Perdoar é lembrar sem sentir dor. Perdoar é não retaliar. É pagar o mal com o bem. É abençoar aqueles que nos amaldiçoaram. É fazer o bem àqueles que nos fizeram o mal. Perdoar é ser um vencedor, pois é vencer o inimigo não com a espada, mas com o amor. Perdoar é sair do cárcere da alma, é ser livre, é viver uma vida maiúscula, superlativa e abundante. Perdoar é viver como Jesus viveu, pois Ele não retribuiu o mal com o mal, antes por seus algozes intercedeu. Perdoar é ter o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus. Chegou a hora de raiar a liberdade em sua vida. A Palavra de Deus liberta: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8.32). Jesus Cristo liberta: “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36). É hora de sair do cárcere que prende a sua alma com as grossas algemas da mágoa. É hora de experimentar a liberdade do perdão. É hora de tomar posse da vida abundante que Jesus lhe oferece! Rev. Hernandes Dias Lopes

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uito do que está acontecendo aqui agora foi idealizado no passado. A Bíblia ensina em Gálatas 6.7 “... o que o homem semear... ceifará”. Pesquisadores franceses constataram que vivemos 70% do nosso tempo relembrando o passado, 25% projetando o futuro, e... o restante... 5%... Focados no presente. Isso é viver abundantemente? É possível dizer que, “recordar é viver” no passado. O passado vive de saudade e a saudade é o antônimo de entusiasmo. Quem sente saudade se lembra com pesar dos tempos em que teve entusiasmo. O entusiasmo (Deus dentro de nós) faz o homem transformar sonhos em realidades e o impossível em realizações. Ao supervalorizar o que passou, a saudade entorpece o que está passando e o que está por vir. Assim como o apóstolo Paulo, é necessário que “esqueçamos” das coisas que atrás ficam e avancemos para as que estão diante de nós – Filipenses 3.13b. O que você é e faz pode ser mais interessante do que o que você foi e fez. Porém, não basta desapegar-se do passado e viver simplesmente o presente, é necessário projetar o futuro, sonhar, arquitetar, ter planos para hoje e para amanhã. Objetivos e planos são compromisso com a existência e com o futuro. Sem entusiasmo não se realiza grandes coisas. O entusiasmo é capaz de trazer felicidade, encantar pessoas, despertar admiração, operar milagres, curar ou minorar enfermidades. O que é a fé, senão a espiritualização do entusiasmo? J.R. Nascimento declarou: “Você é idoso quando ainda sonha... Você é velho quando apenas dorme... Você é idoso quando ainda aprende... Você é velho quando já nem mais ensina... Você é idoso quando ainda ousa... Você é velho quando sequer tenta”. A sociedade tem uma visão estereotipada da pessoa idosa, e


muitas vezes o próprio idoso a reforça, não interrompendo o ciclo. É preciso desmistificar essa imagem, apresentando-se como ser idoso que possui vivências e expectativas específicas, que não reduzem sua responsabilidade e participação ativa no processo social, pois continua a interagir com os demais seres e sendo competente segundo suas potencialidades. “Os idosos são portadores de nossas melhores chances de transformação social e superação do quadro de miséria. Estão entre os principais atores de nossa vida política, econômica e cultural. Basta olhar ao redor de nós para descobrir o quanto vivemos da experiência, da sabedoria, da capacidade e generosidade da terceira idade”. Herbert de Souza – o saudoso Betinho. É sabido que ninguém envelhece apenas por ter vivido muitos anos – envelhece mesmo quando abandona seus ideais, quando fecha seu coração ao amor, quando dá as costas à esperança, quando renuncia ao sonho. Quais são seus ideais? Qual é o seu projeto de vida? A pretensão maior do conhecimento

é propiciar felicidade às pessoas; assim sendo, o objetivo do profissional comprometido é tal qual o farol de mar, não direcionar um caminho, mas iluminar caminhos, para que você, através de comportamentos saudáveis, envelheça com sucesso, de acordo com o seu interesse. Não adianta só viver, isso é vida insossa. É imprescindível que a vida tenha qualidade, enfim tenha sabor e dê prazer. A natureza opera de tal forma que crescer e viver são quase sinônimos. Quando um para, o outro acompanha. Portanto, necessitamos de desafios durante toda a nossa vida. O conhecimento adquirido e a experiência podem tornar a terceira, quarta e quinta idades mais propícias a novas conquistas. Lembrando sempre que: cada fase do desenvolvimento humano nos proporciona possibilidades e limites. Enfim, o envelhecimento resulta da interação de fatores genéticos, ambientais e do próprio estilo de vida do indivíduo. Portanto, faz-se necessário investirmos na qualidade de nossa vida, pois podemos viver até 120 anos (Gênesis 6.3b), correspondendo

ao tempo necessário para que aconteçam todas as divisões celulares previstas geneticamente, segundo pesquisas recentes. Atividades físicas e mentais, alimentação adequada, bem estar espiritual, emocional e social podem retardar e/ou diminuir o ritmo de envelhecimento do organismo e impedir manifestações patológicas. Deus fez o máximo por nós com a morte de Seu Filho na cruz, portanto, temos muito valor. Ele não nos abandonará agora, nem nos deixará na metade do caminho, por assim dizer. Temos reconhecido o nosso valor? O alto preço pago na cruz não nos mobiliza a um autoinvestimento? Desafio vocês idosos, a buscarem atividades que atendam suas necessidades, possibilidades e desejos, para que, suas vidas além de longas, sejam saudáveis, pois na “velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes” – Salmo 92.14. Mary Gláucia Ribeiro m.glaucia@uol.com.br

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Igreja Igreja é um lugar onde o Pai se sente em casa, Onde é adorado pelo que é e não pelo que pode, Onde é obedecido de coração e não por constrangimento, Onde o seu reino é manifesto no amor, na solidariedade, na fraternidade e serviço ao outro, Onde o ser humano se perceba em casa e seja a casa de Deus e do outro, Onde Jesus Cristo é o modelo, o desejo e o caminho, Onde a graça é o ambiente, o perdão a base do relacionamento e o amor a sua cimentação. Onde o Espírito Santo está alegre pela liberdade que desfruta para gerar e expressar a Cristo, Onde Ele vê os seus dons serem usados para edificar, provocar alegria e servir ao próximo, Onde todos andam abraçados, Onde a dor de um é a dor de todos, Onde ninguém está só, Onde todos têm acesso ao perdão, a cura de suas emoções, a

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amizade e a ser cada vez mais parecido com Cristo, Onde os pastores são apenas ovelhas-exemplo e não dominadores dos que lhes foram confiados, Onde os pastores são vistos como ovelhas-líder e não como funcionários a serem explorados. Onde não há gente nadando na riqueza enquanto outros chafurdam na miséria, Onde há equilíbrio, de modo que quem colheu demais não esteja acumulando e quem colheu de menos não esteja passando necessidades. Enfim, a comunidade do reino de Deus, Onde aparece a humanidade que a Trindade sonhou, Onde a cidade encontra paradigmas. Onde o livro texto é a Bíblia.

Pr. Ariovaldo Ramos


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