Refrigério 8ª edição

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Vamos exterminar

menores

infratores

e abandonados?

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O Divorcio e eu

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Avรณs e netos,

PARCERIA

que dรก certo!

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ENTRE A LIBERDADE NA LIBERTINAGEM, E A OBRIGAÇÃO NA

CASA DO AMOR! M

UITAS VEZES vinham cobradores de impostos (gente desonesta) e outras pessoas de má fama para ouvir os sermões de Jesus; com isso começaram diversas queixas dos líderes religiosos e dos estudiosos da lei judaica, porque Ele estava fazendo amizade com aquela gente baixa - e até comendo com eles! Então Jesus contou esta história: “Se você tivesse 100 ovelhas e uma delas se perdesse no deserto, não deixaria as outras 99 para ir à procura da perdida até conseguir encontrar? Depois você a carregaria nos ombros para casa, todo alegre. Quando chegasse, reuniria os seus amigos e vizinhos para alegrar-se com você porque a sua ovelha perdida foi achada. “Um homem tinha dois filhos. Quando o mais novo disse ao pai: ‘Eu quero agora a minha parte da herança, em lugar de esperar até que o senhor morra!’, o pai concordou em dividir a fortuna entre os filhos. Poucos dias depois este filho mais novo juntou toda parte dele, viajou para uma terra distante, e ali gastou todo o dinheiro com festas e prostitutas. Quando o dinheiro dele acabou, uma grande fome espalhou-se sobre a terra, e ele começou a passar necessidade. Foi então a um fazendeiro local pedir para trabalhar na fazenda, cuidando dos porcos. O rapaz andava com tanta fome que desejava encher seu estômago com os legumes que jogava aos porcos, mas ninguém deixou. Quando ele finalmente voltou ao seu juízo, disse consigo mesmo: ‘Lá em casa até os empregados têm comida de sobra, e aqui estou eu, morrendo de fome! Eu vou para casa, junto do meu pai, e lhe direi: “Pai, eu pequei, tanto contra o céu como contra o senhor.

Ora, da mesma forma há muito mais alegria no céu por causa de um pecador perdido que volta para Deus, do que por outros 99 que não se perderam! Outra história: Uma mulher tem 10 valiosas moedas de prata e perde uma delas. Ela não vai acender uma lâmpada e olhar em cada canto da casa para achá-la? E depois não vai convidar suas amigas e vizinhas para se alegrarem com ela? Da mesma forma há alegria entre os anjos de Deus quando um pecador se arrepende. Para explicar ainda melhor este assunto, contou-lhes a seguinte história:

E já não mereço ser chamado seu filho. Por favor, quero ser seu empregado’’’. Então ele voltou para casa, para junto de seu pai. E quando ainda estava a uma grande distância, o pai viu que ele vinha, e ficou cheio de compaixão e de alegria! Correu, abraçou e beijou o filho. O rapaz disse: ‘Papai, eu pequei contra o céu e contra o senhor, e não mereço ser chamado seu filho’ Mas o pai disse aos seus servos: ‘Depressa! Tragam a roupa mais bonita e rica da casa para vestir nele. Coloquem um anel em seu dedo e sandálias em seus pés. Matem o melhor bezerro que temos. Precisamos fazer uma festa, para comemorar nossa alegria. Porque este meu filho estava morto e voltou à vida. Estava perdido e foi achado. Com isto começou a festa. Mas o filho mais velho estava nos campos trabalhando; quando ele voltava para casa, ouviu a música das danças, E perguntou a um dos criados o que estava acontecendo.

Libertinagem é todo ato em que o indivíduo pratica em sua ação descontroladamente sem senso crítico da realidade. Vive nos prazeres e delícias de tudo aquilo que o mundo pode oferecer. 2 Refrigério

‘Seu irmão voltou’, contou ele, ‘e o seu pai matou o melhor bezerro e preparou uma grande festa para comemorar a volta dele ao lar com saúde’. O filho mais velho ficou zangado e não queria entrar. O pai saiu e insistiu com ele. Porém ele respondeu: ‘Estes anos todos eu tenho trabalhado bastante para o senhor, e nunca me recusei, nenhuma vez, a fazer uma só coisa que o senhor me mandou; e em todo este tempo o senhor nunca me deu nem mesmo um cabrito para uma festa com os meus amigos. Já quando volta este seu filho, depois de gastar o dinheiro do senhor com prostitutas, o senhor comemora matando o melhor bezerro que temos na fazenda!’ ‘Olhe meu filho querido’, disse-lhe o pai, ‘eu e você somos muito amigos e tudo o que tenho é seu. Porém é justo comemorarmos, pois ele é o seu irmão; estava morto e voltou a viver! Estava perdido e foi achado!”


Chegamos à oitava edição da Refrigério. Como um dos colaboradores desta prestigiosa revista, fico feliz quando sou informado que o seu conteúdo tem realmente levado refrigério à alma de muitos dos que a leem. Sempre que vou escrever um texto, me pergunto sobre quais questões posso refletir para, assim como o todo o conteúdo da revista, poder de algum modo ajudar os leitores no que tange às demandas de suas almas, mas não as demandas caprichosas e vaidosas que em nada os ajudará a encontrar a paz de Deus. O leitor notará que a cada nova edição um tema tem sido tratado. Nenhuma doutrina específica de algum grupo religioso está sendo ensinada em suas páginas, mas apenas a doutrina de Cristo que liberta, que instrui na justiça do reino de Deus, que faz o coração aquietar-se, que traz esperança apesar de todo o desespero crescente a cada dia. Gostaria de sugerir que você leia todos os artigos, pois mesmo aqueles aparentemente chatos serão úteis à sua vida de algum

modo. Tenho certeza que em nenhum deles você terá aquele gosto residual de alimento gostoso no começo, mas que depois deixa certo amargor no fim. Todos os artigos são muito agradáveis e úteis para a sua edificação espiritual. Até a seção de humor é para ser útil na edificação da sua vida, chamando a atenção para certos costumes religiosos nocivos a alma de uma forma agradável e didática além, é claro, de engraçada. Nosso desejo é que a palavra de Jesus chegue ao seu coração sem qualquer mistura que a distorça e que, como semente em boa terra, cresça e frutifique trazendo o bem ao mundo por meio da sua vida. Boa leitura, boas meditações, ruminações e bons frutos. Sérgio Luiz do Espírito Santo Colaborador

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Águas Caminho

das

5 Espírito Jovem 6 Inocência 7 Você está triste por algum motivo? 8 Decisão 9 Liderança não é para criança! 10 Milho de pipoca 11 Espiritualidade no mundo do trabalho 12 Dependência e Codependência

Pontos de venda da Refrigério

14 Vamos exterminar os menores infratores e abandonados?

Rua Marechal Floriano, 1116 - Centro Telefone: (33) 3271.0164 Governador Valadares - MG

16 A crise é a melhor benção que pode ocorrer 17 É hora de gargalhar 18 Traduções conteporâneas dos 10 mandamentos II 19 Perdão, a faxina da alma

LIVRARIA EVANGÉLICA BELÉM

20 A autoestima dos nossos filhos

Av. Marcos de Azevedo, 205 - Vila Rubim Telefone: (27) 3222.1015 Vitória - ES - distbelem@hotmail.com

22 Jesus nos ensina a ser santos e integralmente humanos 24 Fio de Prata 25 Olimpíadas de Seattle 26 Deus não vive onde trabalho: No IML 28 Liderança não é para qualquer um 29 Deus está à janela

Bastidores  JOSÉ MARIA DE SOUZA Direção geral e departamento comercial jotafeviva@ig.com.br

30 O divórcio e eu 32 Venha o teu reino 34 A utopia de um mundo melhor! 36 Aprendendo com os gansos 37 O testemunho das pedras

 ISABEL GOMES Atendimento e suporte comercial ao leitor

38 Avós e netos, uma parceria que dá certo! 40 Um jeito diferente de olhar para o Salmo 23 42 Vivendo pela fé...

 CÉLIA CRISTINA Pesquisa, editoração de temas da web tina052007@hotmail.com  KARINE CARVALHO Correção e atualização de textos dentro da norma ortográfica karineesperanca@gmail.com

 GENIDAR RIANI Editoração e designer gráfico contato@genidar.com.br

http://revistarefrigerio.blogspot.com Editor Responsável: José Maria de Souza | Telefones: (33) 8416-8835 | 9132-3901 | 3084-3197 | e-mail: jotafeviva@ig.com.br Revisão de textos: Karine G. de Carvalho | Design Gráfico: Genidar Riani - (33) 8437-5000 Impressão: Lastro Editora | Periodicidade: Quadrimestral | Julho de 2011 | Exemplar avulso: R$ 7,49

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espírito jovem!

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juventude não é um período de tempo. É um estado de espírito, um resultado da vontade, uma qualidade da imaginação, uma vitoria da coragem sobre a timidez, do gosto pela aventura sobre o amor ao conforto. Um homem não precisa ficar velho porque viveu um determinado número de anos. Os anos podem enrugar a sua pele, mas o desertar dos ideais enruga a alma. As preocupações, os medos, as dúvidas e o desespero são inimigos que devagar nos fazem prostrar em direção à terra e transformam-nos em poeira antes da morte. A sua vontade permanece jovem enquanto você esta aberto para o que é belo, bom e grande; receptivo para as mensagens de outros homens e mulheres, da natureza e de Deus. Se um dia você se tornar amargo, pessimista e consumido pelo desespero, Deus tenha piedade da sua alma de velho. General Douglas MacArthur

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Inocência Certa vez li uma pequena estória que me encantou. Nunca esqueci esse texto que demonstra a inocência infantil e nos mostra o quão devemos confiar em Deus.

SORRINDO NA TEMPESTADE “Eu posso andar pelo vale escuro, onde a morte está bem perto; mas continuo tranquilo e não sinto medo. Tu, Senhor, me guias e proteges constantemente!” Salmo 23:4

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quela menininha diariamente fazia o caminho para a escola sozinha e a pé. Naquela manhã, apesar do mau tempo, do vento forte e das nuvens ameaçadoras, ela seguiu em direção à escola. Ao longo do dia, o vento foi aumentando. Formou-se uma tempestade com muitos raios e trovões. A mãe pensou que sua �ilha poderia sentir medo de voltar sozinha em meio ao temporal. A�inal, ela mesma estava bastante assustada. Preocupada, ela entrou em seu carro e dirigiu, em meio à tempestade, para apanhar a �ilha na escola. Não demorou muito, e ela avistou a sua �ilha andando pela estrada. Chamou-lhe a atenção, no entanto, o fato de que, a cada relâmpago, a criança parava, olhava para cima e sorria. Outro e outro relâmpago. E ela sempre parava, olhava para cima e sorria. Finalmente, a menina entrou no carro. A mãe, curiosa, foi logo perguntando: Filha, o que você estava fazendo? E a garotinha, alegre e despreocupada, respondeu: Eu estava sorrindo. Deus não para de tirar fotos minhas!

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A

inocência da infância. É a simples lição que podemos aprender de uma criança. Descobrir a maravilha de Deus em todos os detalhes do mundo. A lição de compreender que podemos con�iar em Alguém maior que nós, que é maior que tudo. A tempestade de problemas, de adversidades, de inquietudes está aí para arrastar aquele que não alicerçou sua casa na Rocha Eterna. É verdade que nesses momentos é di�ícil lançar um sorriso, mas lembremos da lição que as crianças nos trazem. Vamos con�iar e sorrir. No meio da tempestade vamos olhar para o alto e lançar nosso maior sorriso, pois Deus está nos olhando e guiando.


Você esta triste por algum motivo? “O coração conhece a sua própria amargura, e da sua alegria não participará o estranho.” Prov. 14:10.

V

ocê está triste hoje por algum motivo? Ninguém compreende o que traz no coração? A vida é assim. É isto que Salomão afirma hoje. Só você conhece a verdadeira dimensão de sua alegria ou de sua tristeza. O coração é um cofre fechado. Ninguém pode abri-lo. Você não pode explicar, com palavras, o que existe dentro do santuário sagrado de seu mundo interior. Por isso, é preciso aceitar a realidade da vida, sem esperar ser “compreendido”. Mas Deus não o deixou abandonado neste mundo para carregar sozinho a tristeza que muitas vezes chega à sua vida. Jesus diz: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei.” Mat. 11:28. Jesus é refúgio para agoniados e tristes, consolo para afligidos, esperança para os desesperados e segurança para os temerosos. É possível que nesta vida nin-

guém o compreenda. As pessoas o julgarão por sua aparência e não por seu coração. Elas se impressionarão com o título acadêmico que você possui e não com a disposição interior que tem para lutar e crescer. Se você ficar parado, esperando ser entendido pelos outros, desperdiçará sua vida em lamentações e

queixas. E quando abrir os olhos, o tempo terá passado. Aceite hoje o desafio de construir a vida de um modo diferente. Confie menos no ser humano e mais

em Deus. Quando as flechas da incompreensão humana aparecerem intempestivamente, esconda-se nos braços de Deus, conte a Ele tudo. Ele não ignora sua situação. Quando você abre o coração a Deus, a dor torna-se menos intensa, o fardo mais leve e a escuridão menos densa. Faça de Deus o seu amigo de cada dia. É melhor andar com Ele na escuridão do que caminhar sozinho em plena luz do dia, esperando ser compreendido pelas pessoas. Em vez de querer ser compreendido, tente compreender. Em vez de esperar uma mão auxiliadora, estenda a mão para socorrer. Sempre existe alguém mais carente do que você. A vida é assim. Talvez para que a dor não machuque tanto. Comece seu dia lembrando-se de que “o coração conhece a sua própria amargura, e da sua alegria não participará o estranho”. Alejandro Bullón

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Decisão É a hora da verdade Tenho que tomar a decisão. Exercitar a liberdade De escolher sim ou não. Tudo gira a minha frente Pareço perder a razão. Não sei se escolho com a mente Ou se opto com o coração. Duas vias… dois caminhos… Duas portas… uma saída. Uma é estrada de espinhos A outra manancial da vida.

O tempo está passando celeremente. É um… é dois… é já. Detenho-me… retrocedo novamente Tenho tanto medo de errar.

Não posso brincar com a sorte O tiro não pode sair pela culatra. Qual opção me livra da morte? Qual me coroará de ouro e prata?

O medo paralisa meus pensamentos Há um silêncio… um vazio insolente Que nos mais importantes momentos Ocupa minha única vertente.

É muito poder em minha mão O futuro está há um segundo de me encontrar. Minha vida depende de uma decisão E comerei do fruto que eu plantar.

O que há depois da porta? Por que é tão difícil escolher? Será que encontrarei viva ou morta A esperança que me força viver?

Outra coisa é certa Tenho que avançar. Não posso ter a oferta E deixá-la escapar.

Enquanto estou estagnado Nesta triste aflição. Vou ficando mais cansado Pra tomar uma decisão.

Leandro Salum

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Liderança não é para

��i�nç�! (Parte II)

O LÍDER não fica cavando pecados alheios para se divertir com eles. Ele olha primeiro para dentro de si, e sonda diariamente seu coração de crente. O LÍDER não pode apedrejar ninguém, salvo exceção: os “líderes que não têm pecado!” Esses podem castigar “depenar” e escarniçar os pecadores. O LÍDER não pode ficar preocupado com sua reputação. Ele precisa encarar com naturalidade ser alvo de críticas e pré-julgamentos. Ele precisa saber acolher, abraçar e beijar até os que, ocultamente, não retém suas línguas afiadas. O LÍDER, porém, também não é escravo de seu comportamento. Ele não é um ator. O LÍDER não precisa fazer caras e bocas. Precisa ter uma só face, sem mascaramentos. Não deve ser ora sim, ora não, de acordo com a conveniência. O LÍDER não precisa ter voz de líder, roupa de líder, postura de líder, olhar de líder. O LÍDER precisa ter coração de servo, vestes brancas, joelhos flexionados e olhos de compaixão. O LÍDER não precisa gritar por res-

peito, testar a obediência, verificar o alcance de sua autoridade. Ele não precisa apresentar títulos, ostentar currículo, berrar sua posição. O LÍDER não pode “chorar suas pitangas” pelos corredores, não pode se “empanelar”, fazer bico, montar fã-clube, ser parcial, tendencioso, político. O LÍDER abre mão de seus direitos, raramente se defende. Ele defende sua Causa: o Reino! Ele não se glorifica. Ele glorifica seu Rei: Jesus! O LÍDER não é auto-suficiente. Não é LÍDER de si mesmo. Professor de si mesmo. Pastor de si mesmo. Fã de si mesmo! Seu lema é DEPENDÊNCIA OU MORTE! O LÍDER não é um super-herói. Ele também chora, também cansa, também tem mau-humor, dias difíceis de tristeza e solidão. Ele também precisa de ombro do irmão e do colo do Pai. O LÍDER precisa aprender a descansar, a parar, dar um tempo, refletir, sos-

segar o coração cansado, estar à sombra, retirar-se, reciclar-se, recostar-se aos pés do Mestre. O LÍDER precisa saber frear-se, conter impulsões, controlar a vontade de tanto falar e pouco ouvir, a ânsia por dominar, argumentar, concluir, finalizar... Colocar pontos finais. Precisa deixar uma margem de espaço para o outro caminhar sem opressão. O LÍDER não ama e nem é amado por causa de seu desempenho. Ele não é um ativista, não deve se preocupar em agradar a todos, mas sempre a Deus. O LÍDER busca ser fiel e não bem-sucedido. Ele sabe que obedecer é melhor que sacrificar. Líderes que não obedecem a Deus não podem ser obedecidos. O LÍDER sabe que essa peleja não é café-com-leite, que a guerra (War) não é um jogo. A caminhada cristã não é de mentirinha. Sabe que a Igreja não é um tabuleiro, e as vidas não são peças de um game de estratégia.

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Milho de pipoca

Uma parábola sobre mudança e transformação

A

transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho de pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer. Pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa. Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de

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ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser o fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o emprego, ficar pobre. Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo. Sem fogo, o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação. Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pensa que a sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do

fogo a grande transformação acontece: BUM! - e ela aparece como uma outra coisa completamente diferente que ela mesma nunca havia sonhado. Bom, mas ainda temos o piruá - o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A sua presunção e o medo são a dura casca que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo... Rubem Alves Fonte: livro “O amor que acende a lua”


ESPIRITUALIDADE NO MUNDO DO TRABALHO

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palavra espiritualidade suscita diversas imagens. Para a maioria das pessoas, entretanto, sugere a contemplação, num ambiente calmo, sereno e tranquilo. Dificilmente a palavra espiritualidade evoca a agitação da vida diária, o barulho de uma fábrica, a inquietação de uma equipe de alta performance, a tensão de um corredor de hospital, o movimento irrequieto dos adolescentes em uma sala de aula, a lotação de um trem do metrô no final da tarde, o plenário de uma câmara de vereadores, a gritaria de uma feira ou a graxa de uma oficina mecânica. No imaginário popular, certamente a espiritualidade é uma coisa própria dos templos com suas liturgias, dos adeptos de um culto ou praticantes de uma fé e especialmente dos clérigos e sacerdotes religiosos. Não é sem razão que esse abismo entre as coisas de Deus e as coisas do mundo está presente no (in)consciente das pessoas. Um dos maiores clássicos da espiritualidade cristã data do século XV, a saber A imitação de Cristo, de Thomas a Kempis. Motivado por sua sincera piedade, Kempis escreveu coisas como: “Esta é a maior sabedoria: o desprezo do mundo para se aproximar do reino dos céus”; “É realmente uma agonia ter de viver na terra”; e ainda: “Toda vez que caminho entre os homens, volto menos homem”. Palavras piedosas de outrora, que hoje não fazem mais sentido. Ficou no passado o tempo em que a conotação da palavra espiritualidade implicava o absoluto antagonismo entre céu e terra; sagrado e profano; espiritual e secular. Por outro lado, não podemos esquecer que a tradição cristã também enfatiza a espiritualidade fincada no solo da vida diária. Teresa de Lisieux falava do “pequeno caminho” da

espiritualidade no cotidiano; Inácio de Loyola, Francisco de Assis, Madre Tereza e muitos outros enxergavam Deus na face das pessoas no dia-a-dia. Benedito, fundador do monasticismo, tinha por lema “orar e trabalhar”. Martinho Lutero falava do sacerdócio de todos os cristãos e os reformadores colocavam o trabalho no centro das vocações cristãs. Martin Luther King Jr e Desmond Tutu basearam em sua fé todo o compromisso e engajamento na luta pela dignidade humana. A verdade é que “convidado ou não, Deus está presente”, como escreveu Carl G. Jung sobre a porta de seu consultório. Teilhard de Chardin escreveu: “[Deus] está, em certo sentido, na ponta de minha pena, de meu pincel, de minha agulha - e em meu coração, em meu pensamento. A conclusão do traço, da linha, do ponto de costura em que estou trabalhando é que me fará entrar em contato com a meta final a que tende minha vontade em seus níveis mais profundos”. Cremos que, se de fato, a palavra espiritualidade nos remete às possibilidades da experiência e do relacionamento com o Deus de quem não podemos nos evadir, pois, como afirmou o apóstolo Paulo aos atenienses: “nEle vivemos, nos movemos e existimos”, então é verdade também que todas as áreas e dimensões da vida estão relacionadas a Deus, e Deus está intrincado com tudo quanto existe e acontece. Queremos viver, portanto, a máxima que dá sentido à vida qualificada como cristã: “seja comer, seja beber, ou qualquer outra coisas a fazer, que tudo seja feito para a glória de Deus”. Pr. Ed René Kivitz

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A dificuldade em colocar limites é um problema para muita gente.

DependEncia e

A dificuldade em colocar limites é um problema para muita gente. Muitas pessoas encontram-se vivendo relacionamentos nocivos. Tais relações são aquelas em que ocorrem sérios desequilíbrios entre as pessoas envolvidas. Geralmente, de um lado, há alguém aparentemente bastante zeloso e responsável; e, de outro, um indivíduo que é exatamente o oposto disso. Assim é o pai que resolve todos os problemas do filho inconsequente; a mulher que suporta as armações do marido em nome da fidelidade conjugal; o trabalhador que carrega nas costas o fardo deixado por um colega negligente. Nesse tipo de relacionamentos, geralmente predomina a falta de limites. E, mais grave ainda é que, com frequência, um dos lados sempre arca com as consequências de escolhas e atos irresponsáveis de alguém que lhe é próximo. A dificuldade em colocar limites para o outro é um problema para muita gente. As justificativas podem variar um pouco, mas todas apontam numa mesma direção: como o

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codependEnCia outro vai mudar se não o socorrermos e prestarmos ajuda? De que maneira vai mudar sua atitude e comportamento se deixado sozinho? Com desculpas desse tipo, muitos se tornam codependentes daqueles que se acostumaram a ter alguém sempre resolvendo os problemas criados, mesmo manifestando contrariedade. Relacionamentos assim formam uma espécie

de engate, onde um necessita do dano e outro precisa da recriminação. E assim a dependência e a codependência se alimentam, às vezes por toda uma vida. Impossível deixar de lembrar a parábola do filho pródigo, registrada no evangelho de Lucas. O contexto da época indica que aquele pai da história contada por Jesus não queria divi-


dir a herança dos filhos antes da hora – mas acabou cedendo. O rapaz viveu como bem quis e gastou o dinheiro sem controle nenhum, até ficar sem nada. Contudo, o pai, ainda que saudoso e angustiado pela ausência do filho, nada fez para resolver seu problema. Teve estrutura e recursos internos para aguentar a dor de saber que ele sofreria as consequências das suas próprias escolhas. E foi justamente a ausência do socorro paterno que permitiu que aquele jovem experimentasse o desespero decorrente de sua própria insensatez. Na dor da angústia, o rapaz caiu em si e lembrou-se do conforto da casa do pai. Imediatamente, tomou o caminho de volta, arrependido. Consciente de sua falha resolveu até abrir mão da sua condição de filho e fazer parte da criadagem do pai. A parábola é uma ilustração do amor de Deus para conosco, aquele tipo de amor maduro, que deixa o outro livre para escolher e aprender com suas próprias decisões. O mesmo amor que se dispõe a receber de braços abertos o penitente, desde que haja um verdadeiro arrependimento e disposição para uma nova atitude e um novo comportamento. Normalmente, pessoas que desenvolveram um comportamento nocivo e irresponsável, quando percebem o fracasso, acusam e culpam os outros por aquilo que é sua responsabilidade. E, enquanto considerar que a culpa é “do outro”, nenhuma pessoa se empenhará

Só deixa a codependência quem fortalece a si próprio, preparando-se para enfrentar acusações e julgamentos injustos. É necessário, também, estar pronto para suportar um possível distanciamento, e por vezes até a rejeição, diante da decisão de deixar o outro entregue a si mesmo. para promover mudanças em si mesma. Outros usam de manipulação, ameaçando sonegar afeto e rejeitar os familiares ou parceiros; e há ainda os que agem com agressividade, e às vezes até violência, intimidando e forçando aqueles que os cercam a se submeterem mais facilmente. Só deixa a codependência quem forta-

lece a si próprio, preparando-se para enfrentar acusações e julgamentos injustos. É necessário, também, estar pronto para suportar um possível distanciamento, e por vezes até a rejeição, diante da decisão de deixar o outro entregue a si mesmo. E, corajosamente, suportar o mal estar de estabelecer limites, não cedendo a nenhum tipo de pressão que possa vir de quem se tornou dependente, sabendo que há uma chance para a mudança de quem experimenta na própria pele os danos das escolhas erradas. Certo pai, cansado da falta de responsabilidade do filho – que tinha um péssimo rendimento universitário por conta das noitadas e frequentes bebedeiras – e de fazer tudo o que podia para fazê-lo melhorar, estava a ponto de desistir. Até que um dia, depois de muito refletir, resolveu liberar o filho para fazer suas escolhas. E fez o seguinte discurso: “Meu filho, quero estar do seu lado, mas daqui para frente é você quem vai escolher onde vai desfrutar dessa companhia. Pode ser na sarjeta, no hospital ou na cadeia; também pode ser num trabalho onde se sinta realizado, no banco escolar ou aqui em casa. Só que não vou mais resolver os problemas que você tiver causado a você mesmo. Saiba, contudo, que estarei sempre disponível e por perto. A escolha é sua.” Esther Carrenho

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Vamos exterminar

os

menores

infratores

e abandonados? D

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ia a dia, os noticiários levam ao conhecimento público as diversas tragédias pessoais em que as crianças e adolescentes se envolvem na sociedade moderna, a ponto de, recentemente, terem sido veiculadas no mundo inteiro imagens de um garoto na Indonésia – quarto país mais populoso do globo e o primeiro entre os países islâmicos – já viciado, apesar de possuir apenas dois anos de idade, tragando cerca de 40 cigarros por dia, com experiência de dar “inveja” a qualquer fumante inveterado. A propósito, em nosso país, morre por subnutrição aproximadamente uma criança a cada dois minutos. De outro lado, os pequenos sobreviventes são submetidos pela sociedade, incluindo-se o Estado e a própria família, ao mais absoluto descaso em seu processo educacional, que prioriza nesta “era da realidade virtual” a cultura da futilidade, do consumismo e do exacerbado liberalismo, como no triste episódio do garoto indonésio, ao invés de propiciar-lhes um saudável desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade, conforme assegura o art. 227 da Constituição Federal. Ora, sem uma boa formação, inclusive espiritual, pais despreparados não fornecem aos filhos os cuidados necessários durante a infância, acarretando um verdadeiro efeito cascata com reflexos extremamente negativos nas gerações seguintes, pela indesejável proliferação de menores infratores e abandonados.

No plano jurídico, vale destacar que o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, instituído pela Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990, é uma das legislações mais avançadas do mundo, o qual estabelece em seu art. 3º que “a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando - lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”. Mas a quem compete a efetivação desses direitos? Como não poderia deixar de ser, seguindo as leis naturais, a resposta foi normatizada pelo Legislador no art. 4º do ECA, que diz expressamente ser, em primeiro lugar, dever da família assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária das pessoas em desenvolvimento. Evidentemente, essa responsabilidade é legalmente compartilhada com a própria comunidade, a sociedade em geral e o Poder Público, sem os quais tornar-se-ia tarefa impossível a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. No plano espiritual não é diferente, pois as Sagradas Escrituras também elegem a família como o berço para a criação e educação dos filhos, cujo


norte é traçado em Provérbios 22.6: “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele”. Todavia, quando toda essa rede de proteção falha, as crianças e adolescentes ficam à mercê de diversas situações de risco, que não possuem uma causa determinada, mas são decorrentes de uma soma de fatores. A aniquilação da família, que é o mais nefasto de todos, falta de recursos �inanceiros, fatores individuais, como hereditariedade, o temperamento, o caráter, a educação. Fatores sociais, como perseguições política ou religiosa e a pressão que a própria sociedade exerce sobre os indivíduos. A indiferença afetiva: fazer de tudo sob pretexto de lutar pela vida; a pobreza econômica e cultural: ler pouco, o pensar pouco, os vazios preenchidos erradamente; os meios de comunicação: noticiários sensacionalistas, ritmo da vida de consumo, sempre com novas ondas de necessidades engendradas, como a moda, desejos artificiais estimulados pela propaganda, a permissividade, incentivando a rebeldia e a oposição juvenil. Sem dúvida, no Brasil, torna-se imperiosa a melhoria das tímidas políticas públicas voltadas ao combate dos fatores de risco – que não é papel do Poder Judiciário, mas dos demais Poderes –, eis que prevenir é uma atitude de preservação, de amor ao futuro da nação.

Nada obstante, a magistratura brasileira vem conseguindo conectar a atividade judicante a causas sociais importantes, como a campanha Mude um Destino, promovida pela Associação dos Magistrados Brasileiros em favor dos 80 mil meninos e meninas que vivem em abrigos à espera de uma família. Essa postura foi decisiva para aproximar o Judiciário do cidadão comum, porque a campanha derruba mitos e esclarece cada um dos passos para a adoção, superando o maior obstáculo existente que é a falta de informação. Aliás, mais uma vez, o insuperável amor divino nos revela em Efésios 1.5, que o próprio Pai “nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade”. Logo, somente o cumprimento integral dos deveres e o absoluto respeito aos direitos legalmente assegurados, por parte de todos, sobretudo pela família, contribuirá para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna, para quem sabe, num futuro iminente, possamos exterminar os menores infratores e abandonados... E salvar as crianças e adolescentes! Lupércio Paulo Fernandes de Oliveira Juiz de Direito

luperciofernandes@gmail.com

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A crise é a melhor bênção que pode ocorrer Não só isso, mas nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. (Romanos 5:3-5)

“Não pretendemos que as coisas mudem se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor bênção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar superado. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções. A verdadeira crise é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calarse sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la.”

Albert Einstein

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É hora de gargalhar!

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Traduções contemporâneas dos dez mandamentos II

Por que os dez mandamentos são as dez coisas mais difíceis que tentamos fazer na vida

VI Não matarás

Não tirarás a vida de alguém. Não tirarás ninguém da vida. Não negarás o perdão Não farás justiça com tuas mãos movidas pelo ódio. Não banirás ninguém da tua vida. Não negarás ao outro a oportunidade de existir na tua vida.

VII Não adulterarás

Não farás sexo. Não farás sexo na imaginação. Não farás sexo virtual. Exceto com teu cônjuge. Não te deixarás dominar pelos teus instintos físicos. Não terás um coração leviano e infiel. Não te satisfarás apenas no sexo, mas te realizarás acima de tudo no amor.

VIII Não furtarás

Não vincularás tua satisfação às tuas posses. Não te deixarás dominar pelo desejo do que não possuis. Não usurparás a propriedade e o direito alheios. Não deixarás de praticar a gratidão. Não construirás uma imagem à custa do que não podes ter. Não pensarás só em ti mesmo.

IX Não dirás falso testemunho

Não dirás mentiras. Não dirás meias verdades. Não acrescentarás nada à verdade. Não retirarás nada da verdade. Não destruirás teu próximo com tuas palavras. Não dirás ter visto o que não vistes.

X Não cobiçarás

Não viverás em função do que não tens. Não desprezarás o que tens. Não te colocarás na condição de injustiçado. Não desdenharás os méritos alheios. Não duvidarás da equanimidade das dádivas de Deus. Não viverás para fazer teu o que é do teu próximo, mas do teu próximo o que é teu. www.edrenekivitz.com.br

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PERDÃO, A FAXINA DA ALMA

O O

perdão é a cura das memórias, a assepsia do coração, a faxina da alma. O perdão é uma necessidade vital e uma condição indispensável para termos uma vida em paz com Deus, com nós mesmos e com o próximo. Uma vez que somos falhos e pecadores, estamos sujeitos a erros. Por essa razão, temos motivos de queixas uns contra os outros. As pessoas nos decepcionam e nós decepcionamos as pessoas. É impossível termos uma vida cristã saudável sem o exercício do perdão. Quem não perdoa não pode adorar a Deus nem mesmo trazer sua oferta ao altar. Quem não perdoa tem suas orações interrompidas e nem mesmo pode receber o perdão de Deus. Quem não perdoa adoece �ísica, emocional e espiritualmente. Quem não perdoa é entregue aos verdugos da consciência. O perdão, portanto, não é uma opção para o discípulo, mas uma necessidade imperativa. O perdão é uma questão de bom senso. Quando nutrimos mágoa no coração, tornamo-nos escravos do ressentimento. A amargura alastra em nós suas raízes e produz dois frutos malditos: a perturbação e a contaminação. Uma pessoa magoada vive perturbada e ainda contamina as pessoas à sua volta. Quando guardamos algum ranço no coração e nutrimos mágoa por alguém, acabamos convivendo com essa pessoa de forma ininterrupta. Se vamos descansar, essa pessoa torna-se o nosso pesadelo. Se vamos nos assentar para tomar uma refeição, essa pessoa tira o nosso apetite. Se nosso propósito é sair de férias com a família, essa pessoa pega carona conosco e estraga as nossas férias. Por essa razão, perdoar não é apenas uma questão imperativa, mas, também, uma atitude de bom senso. O perdão alivia a bagagem, tira o fardo das costas e terapeutiza a alma.

Mas, o que é perdão? Perdão é alforriar o ofensor. Perdoar é não cobrar nem revidar a ofensa recebida. O perdão não exige justiça; exerce misericórdia. O perdão não faz registro das mágoas. Perdoar é lembrar sem sentir dor. Até quando devemos perdoar? A Bíblia nos diz que devemos perdoar assim como Deus em Cristo nos perdoou. Devemos perdoar de forma ilimitada e incondicional. Devemos perdoar não apenas até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Por que devemos perdoar? Porque fomos perdoados por Deus. Os perdoados precisam ser perdoadores. No céu só entra aqueles que foram perdoados; e se não perdoarmos, não poderemos ser perdoados. Logo, todo discípulo de Cristo precisa praticar o perdão. Quem deve tomar iniciativa no ato do perdão? Jesus disse que se nos lembrarmos que nosso irmão tem alguma coisa contra nós, devemos ir a ele. Não importa se somos o ofensor ou o ofendido. Sempre devemos tomar a iniciativa, e isso com humildade e espírito de mansidão. Precisamos entender que o tempo nem o silêncio são evidências de perdão. É preciso o confronto em amor. Há muitas pessoas doentes emocionalmente porque não liberam perdão. Há muitas pessoas fracas espiritualmente porque não têm a humildade de pedir e conceder perdão. Precisamos quebrar esses grilhões, a �im de vivermos a plenitude da liberdade cristã. O perdão é a manifestação da graça de Deus em nós. Se nos afastarmos de Deus, nosso coração torna-se insensível. Porém, se nos aproximarmos de Deus, Ele mesmo nos move e nos capacita a perdoar assim como Ele em Cristo nos perdoou.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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A autoestima estima dos nossos

filhos! Pais, não irritem seus filhos, para que eles não se desanimem.

Colossenses 3:21

U U

ma semana depois de minha esposa e eu decidirmos começar uma família, entramos numa livraria e compramos dois livros sobre como educar filhos. Por uma série de razões os dois filhos só nasceram seis anos depois e acabamos lendo não dois, mas 36 livros. Se dependesse de teoria, estávamos preparados. Hoje eles estão crescidos e um amigo me perguntou que livros nós havíamos utilizado mais. Foi uma boa pergunta que demorei a responder. Usamos um livro só, um que educava mais os pais do que os filhos. Intitula-se ‘A Autoestima do seu filho’ de Dorothy Briggs, e o título já diz tudo. A tese do livro é como agir para nunca reduzir a autoestima do seu 20

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filho: elogiá-lo frequentemente, ouvir sempre suas pequenas conquistas, festejar as suas pequenas vitórias, nunca mentir ou exagerar neste intento, em suma mostrar a seus filhos seu verdadeiro valor. Ao contrário do que defendem os demais livros, não é uma boa educação, nem disciplina, nem muito amor e carinho, ou uma família bem estruturada que determinam o sucesso de nossos filhos, embora tudo isto ajude. A sacada mais importante do livro, no nosso entender, foi a constatação que filhos já nascem com uma elevada autoestima, e que são os pais que irão sistematicamente arruiná-la com frases como: ‘Seu imbecil!’, ‘Será que você nunca aprende?’, ‘Você ficou surda?’. Jean Jacques Rousseau errou quando

disse que “o homem nasce bom, mas é a sociedade que o corrompe”. São os próprios pais que se encarregam de fazer o estrago. Por exemplo: você, pai ou mãe, chega do trabalho e encontra seu filho pendurado na cadeira: ‘Desça já seu idiota, vai torcer o seu pescoço’. Para Dorothy, a resposta politicamente correta seria ‘Desça já, mamãe tem medo que você possa se machucar’. Primeiro porque seu filho não é um idiota, ele assume riscos calculados. Segundo são os pais, com suas neuroses de segurança, que têm medo de cadeiras. Quando nossos dois filhos começaram a aprender a pular, entre três e quatro anos de idade, desafiava-os para um campeonato de salto a distância. Depois de algumas rodadas, seguindo a fi-


losofia do livro, deixava-os ganhar. Ficavam muito felizes, mas qual não foi a minha surpresa quando na sétima ou oitava rodada, eles começavam a me dar uma colher de chá, deixando que eu ganhasse. Que lição de cidadania: criança com boa autoestima não é egoísta e se torna solidária. Eu não tenho a menor dúvida de que os problemas que temos no Brasil em termos de ganância empresarial, ânsia em ficar rico a qualquer custo que leva à corrupção, advêm de um pai ou uma mãe que nunca se preocuparam

com a autoestima de seus filhos. Eu acho que políticos, professores e intelectuais, na maioria desesperados em se autopromover, jamais darão oportunidades para outros vencerem, como até crianças de três anos são capazes de fazer. A fogueira das vaidades só atinge os inseguros com baixa autoestima. Alguns pais fazem questão até de vencer seus filhos nos esportes para acostumá-los às agruras da vida, como se a vida já não destruísse a nossa autoestima o suficiente. A teoria é simples, mas a prática é complicada. Uma frase desastrada pode arruinar o efeito de 50 elogios bem dados. ‘Meu ma-

rido queria que o segundo fosse um menino, mas veio uma menina’. Imaginem o efeito desta frase na autoestima da filha. Portanto, quanto mais cedo consolidar a autoestima melhor. Esta tese, porém, tem seus inconvenientes. Agora que meus filhos são muito mais espertos, inteligentes e observadores do que eu, tenho que ouvir frases como: ‘É isto aí Pai’, ‘Faremos do seu jeito, pai’, tentativas bem-intencionadas de restaurar a minha abalada autoestima.

Stephen Kanitz

Publicado na Revista Veja edição 1 650 de 3 de maio de 2000 - Informações sobre o livro mencionado no artigo: A auto-estima do seu filho - BRIGGS, Dorothy Corkille MARTINS FONTES

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Estamos habituados a pensar em Jesus com as categorias teológicas do docetismo. Por mais que rejeitemos o docetismo como heresia, não raramente vemos o Senhor Jesus sob uma ótica docética. Vemolo como uma espécie, de ser de transição entre a divindade e a humanidade. E quando fazemos a afirmação teológica categórica de que ele é tanto Deus quanto homem, por nossa má compreensão do que seja adoração para com a divindade, parece que inibimos deliberadamente a humanidade de Jesus, como se esta lhe conferisse menos crédito.

N

a minha peregrinação espiritual tenho mantido uma surpreendente relação com essas categorias teológicas e reais do Cristo vivo e redentor. Foi só depois que minha mente se abriu para a contemplação da sua humanidade que meu próprio conceito da sua divindade ganhou brilho. É mais Deus quem pode sê-lo enquanto homem. É mais forte quem tudo pode vencer enquanto fraco. Possui total onisciência quem é capaz de tudo ver com o minúsculo olho humano. A humanidade de Jesus acentua o sentido da sua total divindade. Alguns trechos bíblicos nos permitem perceber que a humanidade de Jesus é humanidade mesmo. E é somente nesta manifestação do seu existir humano que encontro o modelo para meu próprio existir. Deixando claro que no emprego que fazemos da palavra humanidade não existe qualquer conotação de concessão ao pecado - conforme o sentido que o termo ganhou em nossa cultura - vamos tentar des-

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Jesus

nos ensina a ser

santos e integralmente

humanos (parte 01)

cobrir as mais simples e significativas expressões da humanidade de Jesus. Ser humano não é ser fraco moralmente. Ser humano é ter sentimentos normais e profundos; é ser sadio nessa categoria e dimensão de existir dentro dos critérios chamados humanos, a cujo grupo pertencemos. Jesus participou de todos os condicionamentos normais da vida humana. Seu estômago roncava quando tinha fome. Quando o sol era causticante e o seu corpo se desidratava, ele sentia sede. Essa sensação era tão forte que a assumia como parte fundamental do seu existir humano. Por isso mesmo não brincava com a sede de ninguém, nem com a própria. Seu corpo se fatigava como o de qualquer ser humano, não obstante sua saúde perfeita fosse um fato inequívoco, e parte lógica de qualquer teologia que julgue a sua humanidade como isenta de pecado. Seu corpo conhecia tanto o que era sentir frio como experimentar calor, e sua mente percebia o descon-


não pode deixar de alegrar-se ao perceber que os forto, a ausência de um teto seguro e aconchegante pobres e simples de coração estavam abertos à realisob o qual repousar. Jesus não romantizava a quesdade do Reino de Deus. Choca-se com a impenitência tão da sede, do cansaço, do sono, o frio e o desabridas cidades nas quais pregou as boas-novas do Reigo. Todas essas realidades foram experimentadas e no, e as repreensões que pronuncia são duras e ásmanifestadas em sua vida: quando teve sede, pediu peras. Sente-se contristado e indignado ao observar água; ao sentir-se cansado procurou um lugar para a cegueira espiritual dos fariseus. Também ficamos assentar-se; e dormiu quando teve sono. Em meio à cientes de que suas emoções necessitavam de desaexaustão preferiu descansar; chorou ao ver um amigo bafo e alívio. Manifesta seu cansaço em relação aos morto, e se emocionou até o choro ao contemplar a fariseus incrédulos com um profundo suspiro. Quancidade que o rejeitara. Quando o perigo da morte e do do vê que os discípulos não entendem suas repetisofrimento lhe sobrevieram, experimentou tristeza e das e ilustradas lições sobre o amor e a compaixão, angústia. Sim, Jesus não romantizou a sua humanidaenerva-se educadamente. de, ao contrário, assumiu-a com um realismo divino. Uma das mais fortes evidências da sadia e integral A humanidade da mente de Jesus também se humanidade de Jesus reside no indiscutível fato de manifesta claramente. É preciso sublinhar este ele experimentar intensamente o fenômeno amizafato, à primeira vista um tanto óbvio, porque não de: seus discípulos são seus servos, mas apesar disso raramente somos tentados a olhar para Jesus como houve em sua vida tempo e espaço para as mais íntipossuidor de uma espécie de mente humana, e nos mas relações fraternas. Seja no alto do Hermom, seja custa admitir que ela fosse humana mesmo. Mas tão no aconchego especial que ele deu verdadeira era a sua humanidade a João, seja na iniludível preferênmental, que foi assolada por forSe aprendermos cia que demonstrou pela hospedates tentações. As tentações são essa realidade sobre gem na casa de Lázaro. conflitos mentais, e Jesus foi ataSe aprendermos essa realidade cado por eles em todos os níveis, a humanidade de sobre a humanidade de Jesus, nosnão apenas naqueles que ficaram registrados nos Evangelhos. To- Jesus, nosso sentido de so sentido de espiritualidade mudavia, ele as venceu a todas sem espiritualidade mudará dará inteiramente. A partir dessa compreensão o homem é tanto pecado. inteiramente. A partir mais espiritual quanto mais sanNa véspera da execução do Calvário sua psique mergulhou em prodessa compreensão o tamente humano. Além disso, criase uma nova concepção de manifunda depressão. A vida de Cristo homem é tanto mais festação de humanidade piedosa. não nega que a existência humana possa deprimir-se: A minha alma espiritual quanto mais Com Cristo fica claro que a verdadeira piedade passa, antes de tudo, está profundamente triste até a santamente humano. pelo caminho da verdadeira e sanmorte. O mundo das emoções e ta humanidade, calcada na base da das percepções humanas não foi revelação escriturística. A única maneira de sermos negado nem escondido por Jesus em sua própria masadios e libertos das psicopatologias é buscarmos, neira de expressar sua vida humana. Ele manifestou no poder do Espírito Santo, a transformação da próafetividade natural pelas crianças, as quais, abraçanpria vida, na semelhança de Deus em Cristo Jesus. do, abençoou. OS pequeninos lhe causavam a mesJesus nos ensina a ser despreconceituosos. ma emoção que provocam em qualquer ser humano Em Jesus a verdade tem músculos, cor e pele. normal. Jesus também dava a si mesmo o direito de Cristo é a verdade. Apesar disso, não vemos nele a inimpressionar-se com as pessoas, ao ponto de amá-las tolerância de alguns cuja fria e desalmada ortodoxia à primeira vista. Ele extasiou-se diante da fé de um é mais uma espada afiada do que a expressão do zelo pagão e da sabedoria de um doutor. Na vida humana e do temor do Senhor. Jesus é a pessoa mais aberta de Jesus o elemento surpresa era uma possibilidade. que já fez história na Terra. Ele é aberto, sem no enPelo menos na manifestação da sua sadia e integral tanto ser um liberal sem fronteiras. Nele não vemos humanidade ele dava a si mesmo tal direito. pré-compreensões a respeito das pessoas, apesar de A admiração é outro fenômeno humano que conhecer de antemão o que é a natureza humana. não esteve ausente da vida de Jesus. Seu realismo Nele não encontramos sintomas de preconceitos ou não pensava na categoria do “nunca pensei que fosse de pré-julgamentos. Seu dedo nunca é levantado anpossível”, mas sua humanidade admitia a admiração tes de a hipocrisia manifestar-se. Sua voz nunca se dos que dizem: “Não imaginei que fosse tanto”. Suas ergue antes de a incoerência pretender passar por emoções são tão fortes quanto humanas e santas. Ele coerência. Seu juízo nunca vem, senão depois de a se compadece dos mortos e consola os enlutados Ao injustiça mascarar-se de retidão. se deparar com o povo faminto e desorientado, é to(... leia mais na próxima edição.) mado por compulsiva compaixão. Diante da incredulidade chega à indignação, mas

Fonte: Livro: Seguir Jesus. O mais fascinante projeto de vida

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É maravilhoso viver! Ver a luz, o sol! Se uma pessoa chegar à velhice, deve se alegrar em todos os dias de sua vida. Mas deve lembrar também que a eternidade é muito mais comprida; quando se compara a vida com a eternidade, o que fazemos aqui não vale nada! Rapaz, como é maravilhoso ser jovem! Aproveite a sua mocidade, mas aproveite mesmo! Faça tudo o que tiver vontade de fazer e conhecer. Experimente tudo, mas lembre de uma coisa: você vai ter de dar conta a Deus de tudo o que fez. Deixe de lado a dor e a tristeza, mas lembre de que o jovem, com toda a vida pela frente, comete muitos erros graves. NÃO DEIXE O entusiasmo da mocidade, fazer com que você esqueça o seu Criador. Honre a Deus enquanto você é jovem, antes que os dias maus cheguem, quando você não vai mais ter alegria de viver. Quando seus olhos estiverem tão fracos que não poderão perceber a luz do sol, da lua e das estrelas, vai ser tarde demais para uma vida ativa de serviço e se lembrar de Deus. Vai chegar um dia em que os seus braços tremerão de velhice e as suas pernas que hoje são firmes e fortes ficarão fracas. Os dentes vão cair e você não poderá mastigar direito. Os seus olhos ficarão cansados e fracos. Os seus lábios, murchos, ficarão bem fechados enquanto você tenta mastigar sua comida! Você vai acordar com o barulho dos pássaros, mas não ouvirá direito e mal conseguirá falar, com voz tremida.

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Você vai ter medo de lugares altos, medo de cair. Vai ser um velho de cabelos brancos, de rosto murcho, que anda se arrastando; já não vai ter o vigor físico, e verá a morte de perto, aproximando-se cada vez mais de sua casa eterna. Depois atrás do seu caixão, muita gente vai seguir, chorando. Sim, lembre-se do seu Criador agora, enquanto você é jovem, antes que o fio de prata da vida seja cortado; antes que o copo de ouro se quebre; antes que o vaso se quebre junto à fonte e a roda se parta junto ao poço; antes que o pó volte à terra de onde veio e o espírito volte a Deus que o deu. Tudo é uma ilusão, diz o Professor; uma grande tolice. Mas, porque era sábio, o Professor continuou ensinando aquilo que sabia a outras pessoas; ele reuniu muitos provérbios e ditados. Além de ser sábio, o Professor sabia ensinar, e além de ensinar o que sabia, ele fazia isso de um modo agradável e interessante; As palavras do homem sábio nos forçam a tomar uma atitude. Elas explicam claramente verdades muito importantes. Os alunos que aprendem bem o que os professores ensinaram serão sábios. Mas meu filho, saiba logo: há tantas opiniões diferentes que é impossível contar. Você poderia estudar essas opiniões por toda a sua vida, ficar cansado de estudar, sem chegar ao fim! Esta é minha conclusão final, respeite a Deus e obedeça aos Seus mandamentos. Isso é o resumo do que o homem deve fazer. Porque Deus vai julgar todos nós por tudo o que fazemos, até por aquelas coisas que ninguém conhece, sejam elas boas ou ruins. Bíblia Viva: Eclesiastes capítulos 11 e 12


Olimpíadas de Seattle Um ao outro ajudou, e ao seu irmão disse: Esforça-te. Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.

H

á alguns anos atrás, nas Olimpíadas Especiais de Seattle, nove participantes, todos com deficiência mental ou física, alinharam-se para largada da corrida dos 100 metros rasos. Ao sinal, todos partiram não exatamente em disparada, mas com vontade de dar o melhor de si, terminar a corrida e ganhar. Todos, com exceção de um garoto, que tropeçou no asfalto, caiu rolando e começou a chorar. Os outros oito ouviram o choro. Diminuíram o passo e olharam para trás. Então eles viraram e voltaram. Todos eles. Uma das meninas, com Síndrome de Down, ajoelhou, deu um beijo no garoto e disse: “Pronto, ago-

ra vai sarar”. E todos os nove competidores deram os braços e andaram juntos até a linha de chegada. O estádio inteiro levantou e os aplausos duraram muitos minutos. E as pessoas que estavam ali, naquele dia, continuam repetindo essa história até hoje. Talvez os atletas fossem deficientes mentais... Mas, com certeza, não eram deficientes da sensibilidade... Por quê? Porque, lá no fundo, todos nós sabemos que o que importa nesta vida é mais do que ganhar sozinho. O que importa nesta vida é ajudar os outros a vencer, mesmo que isso signifique diminuir o passo e mudar de curso.

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DEUS NÃO VIVE ONDE TRABALHO:

NO IML! Dúvidas e medo sobre a fé Olá Pastor Caio Fábio! Eu sou professor e leciono em vários colégios. Fiquei sabendo a respeito do senhor por intermédio de uma colega de profissão em uma das escolas onde leciono. Bem, eu sou uma pessoa muitíssimo complicada. Eu fui policial de necropsia da polícia civil por aproximadamente um ano, e nesse período pude ver todo o resultado da violência humana nas salas e nos corredores do IML (Instituto Médico Legal). Os colegas mais antigos de profissão costumavam dizer: “... se há um lugar onde Deus definitivamente não está são nos corredores do IML...”. Em um dia de trabalho me deparei com uma criança de uns três anos de idade, sexo masculino, que fora vítima, de acordo com o laudo cadavérico após exame necroscópico, de espancamento seguido de morte por hemorragias internas múltiplas. Embora fôssemos instruídos para que nunca entrássemos na história de sofrimento da vítima, não podia deixar de passar pela minha cabeça o seguinte questionamento: “Onde estava Deus nessa hora em que a criança estava sendo agredida e espancada até à morte?” Devido a esse fato e muitos e muitos outros... Inclusive coisas da minha própria vida que eu vivenciei e experimentei a respeito das pessoas, fui gradativamente perdendo a minha fé. E hoje parece que não me resta mais nada a não ser a minha razão. Será que o senhor poderia me ajudar? Resposta: Meu mano amado: Graça e Paz! O que dizer então de Deus, que deixou crianças inocentes morrerem enquanto Jesus, Seu Filho, era levado em fuga para o Egito? Nessas horas todos viram “Deus”! Sim! 26

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Todos têm ideia a dar a Deus. É a Síndrome de Jimmy Carrey! Ora, se é assim, pergunto: Como “Todo-Poderoso” o que você faria? Que “soluções” traria ao mundo? Faria o quê? Violaria as leias da Física sempre que alguém fosse fazer mal a alguém? Sim! A faca entortaria sempre que fosse ser enfiada em alguém. Ou quem sabe o braço do espancador caísse morto quando ele fosse atacar um inocente. O fato, meu irmão, é que ninguém numa hora assim pensa na criança espancada! Sim! Pois, caso a mesma criança estivesse na esquina, quem de vocês no IML, a levaria para casa para criar? É tão fácil dar ideias para Deus acerca das coisas que nós, mesmo podendo, não fazemos nada para resolver em vida! Em horas como essa o nosso egoísmo é tão grande que a gente só pensa em nós mesmos, que vemos a tragédia e ficamos sem esperança, ou nós que ficamos sem esperança e injustiçados diante do ocorrido perverso. Entretanto, no fundo, o que fica não é a dor pela criança, mas o choque da brutalidade, a qual, de modo inconsciente, lembra que aquele corpo poderia ser o nosso ou de gente que nós amamos. Mas e a criança? Foi mal para ela encontrar com o Pai de amor? Foi mal para ela ter sido tirada do inferno para o Paraíso do amor? Foi mal para ela nem ter sabido que teve um corpo mutilado ante ao fato de que ganhou um corpo eterno? Foi mal para ela não mais ter que sofrer os abusos dos homens de modo indefeso? Foi mal o amor de Deus por ela, que a tirou do poder das maldades dos homens? Foi má a alegria de Deus ao acolher mais um de Seus santinhos? Sua reação é como a de um habitante do inferno que fica muito triste com

Deus por Ele tirar de lá tanta gente boa! “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte de Seus santos!” Sabe o que falta a você? Consciência e alegria na vida que é! Meu irmão, se meu corpo chegar a algum IML todo lacerado e arrebentando, não sinta nada, pois, de fato, aquele corpo é de morte, e se não morre hoje, morrerá amanhã, mas certamente morrerá. Sim! Poderá não ser lacerado por homens, mas, sem dúvidas, será banquete de vermes! Mas e daí? Meu irmão, você escreveu para um homem que já perdeu muito, segundo os homens, que já sofreu muitas dores, segundo os homens, e que já sentiu quase todos os sentimentos desta vida, segundo os homens — e que, apesar disso, não tem perguntas filosóficas a fazer a Deus. Há quase cinco anos meus filhos e minha mulher não quiseram que eu visse o corpo atropelado de meu filho Lukas, pois, não queriam que eu visse o estado de deformidade inicial no qual o atropelamento deixou o seu corpo de 22 anos. Eu, no entanto, nunca gastei cinco minutos para pensar no que o atropelamento fez a ele, embora, todos os dias, eu imagine, ainda que de modo pobre [pelas minhas limitações], a Glória que hoje o veste em eternidade! O que falta a você é uma fé que seja fé, segundo o Evangelho; pois, a fé que você tem é segundo a “igreja triunfalista e mentirosa”, a qual vive de sua propaganda enganosa, vendendo Seguro de Vida e contra Acidentes aos crentes incautos. Alguém lembra de Jesus dizendo: “Meu Pai! Puxa Vida! Por que Pilatos


tinha que misturar o sangue dos Galileus com os sacrifícios que eles ofereciam?” Ou ainda: “Pô, Pai! Por que aqueles dezoito homens que visitavam a Torre de Siloé tiveram que estar lá justamente na hora em que a Torre caiu?” Sim! Você escreveu para um homem que não tem perguntas e, por isto, não tem respostas humanas, visto que, para mim, a resposta não é a longevidade na Terra, mas a segurança na eternidade. Sou um alienado? Não! Apenas sou coerente com o que Jesus ensinou e com o modo silencioso com o qual Ele tratou de todas essas coisas. Sim! Ele nada disse, embora,

muitas vezes, tenha salvado a muitos, enquanto andava entre nós. Entretanto, quando Ele quis ilustrar o amor, a imagem escolhida foi a do absurdo e a do casuísmo de um assalto na baixada para Jericó. E mais: na “história” Ele não impediu o assalto. Sim! Não enviou anjos e nem exércitos. E qual foi a “solução” de Jesus? Ora, foi fazer um homem de amor passar, ver e agir. A resposta de Jesus às calamidades deste mundo é o amor de todos os Samaritanos Gente Boa de Deus! Em horas como essa não se deve fazer perguntas a Deus, mas apenas a nós mesmos; tipo: O que eu posso fazer para ajudar quem está vivo? Sua fé, aparentemente, era o produto evangélico de crença mágica, e que, aparentemente, se tornou “cristã” sem levar em consideração que somos discípulos de uma fé que não liga para a morte [que já foi vencida e que não mata mais], não se espanta com catástrofes e não demanda de Deus que no mundo não haja aflições. E mais: esquecemos tudo o que Jesus disse que poderia acontecer aos discípulos, tanto como perseguição dos homens, como também no que tange a todo tipo de violências que poderíamos sofrer. Releia os Evangelhos e veja se você encontra alguma promessa de sus-

pensão do mundo real apenas porque alguém disse que crê em Jesus. Meu irmão, se o precursor de Jesus teve a cabeça cortada porque causa dos meneios de uma bunda jovem, a de Salomé, e da cobiça de um rei semi-brocha, Herodes; e se o Messias foi morto de modo estuprado de violências impensáveis... — por que você alimenta as ilusões de que nesta vida o amor de Deus pode ser medido pela ausência de dor e de maldades? Largue essa fé de crenças mágicas e entre de cabeça no sentido do Evangelho, onde aprendemos que a morte já não mata mais ninguém, especialmente crianças inocentes, cujas faces são vistas de dia e de noite pelos anjos de Deus, conforme Jesus garante no Evangelho. O mais, mano, só mesmo você escrevendo para Deus, ou, se quiser simplificar, apenas crendo Nele! Receba meu abraço! Ah! Um problema: O corpo de Jesus sumiu do IML de Jerusalém! Um beijo! Nele, que ainda demorou mais dois dias antes de se mover na direção da casa de Lázaro, o amigo que morria.

Reverendo Caio Fabio

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Liderança não é para qualquer um

Ninguém será capaz de exercer satisfatoriamente a função de liderança, sem o desenvolvimento de pelo menos três capacidades. A capacidade de conviver com a solidão.

Líderes são líderes porque enxergam, percebem, sentem, sabem, estão dispostos a sacrifícios, possuem paixão diferenciada em relação aos liderados. Um líder na média dos seus liderados é um liderado que está no lugar errado, a saber, ocupando a posição de líder. Águias não voam em bandos.

A capacidade de tomar decisões impopulares. John Kennedy disse que o segredo do fracasso é “tentar agradar

todo mundo”. O líder deve sempre tentar construir consenso, mas deve ter coragem para tomar decisões e assumir responsabilidades. Caso contrário, será um “facilitador de discussões”, e não um líder de fato.

A capacidade de conviver com críticas. Como se diz no popular, “nem Jesus Cristo agradou todo mundo”.

Nesse caso, uma vez que o líder se posiciona, assumindo sua responsabilidade de levar todo mundo rumo ao bem comum, certamente contrariará interesses particulares, e consequentemente será alvo de palavras duras e imerecidas. Sempre. Eis as razões porque o exercício da liderança não é para qualquer um. Pr. Ed René Kivitz

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Deus está à janela!

Mas agora, assim diz o Senhor que te criou e te formou; não temas porque te remi, chamei- te pelo nome tu és meu... Eu, eu mesmo sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro! (Isaias 43:1 e 25) MEUS FILHINHOS, estou lhes dizendo isto a fim de que vocês fiquem longe do pecado. Mas se vocês pecarem, existe alguém para rogar por vocês diante do Pai. O nome dele é Jesus Cristo, Aquele que é tudo quanto é bom e que agrada completamente a Deus.

Johnny um pequeno menino, e sua irmã Sally, foram passar alguns dias na fazenda dos avós. O vovô de Johnny lhe presenteou com um estilingue para ele brincar na floresta. Johnny passou grande parte da tarde praticando com seu estilingue, mas não conseguiu boa mira. Ficando um pouco desanimado, ele voltou para o jantar. Ao se aproximar da casa, viu o pato de estimação da vovó... Em um impulso, ele acertou o pato na cabeça e matou-o. Ele ficou chocado e triste! Em pânico, escondeu o pato morto na pilha de madeira! Sally tinha visto tudo, mas ela não disse nada. Após o almoço no dia seguinte, a avó disse: “Sally, vamos lavar a louça” Mas Sally disse: “Vovó, Johnny me disse que queria ajudar na cozinha” Em seguida, ela sussurrou-lhe: “Lembra-te do pato?” Assim, Johnny lavou os pratos. Mais tarde naquele dia, vovô perguntou se as crianças queriam ir pescar e vovó disse: “Me desculpe, mas eu preciso de Sally para ajudar a fazer o jantar.”

Sally apenas sorriu e disse: “Está tudo certo, porque Johnny me disse que queria ajudar” Ela sussurrou novamente, “Lembra-te do pato?” Então Sally foi pescar e Johnny ficou para ajudar. Por vários dias Johnny se viu obrigado a fazer o trabalho de Sally, ele não aguentava mais. Arrependido e envergonhado ele procurou a avó e confessou que tinha matado o pato. A avó ajoelhou, deu-lhe um abraço e disse: “Querido, eu sei... eu estava na janela e vi a coisa toda, mas porque eu te amo, eu te perdoei. Eu só estava me perguntando quanto tempo você iria deixar Sally fazer de você um escravo.” Qualquer que seja o seu passado, o que você tem feito... O diabo fica jogando-o no seu rosto (mentir, enganar, vícios, medo, maus hábitos, ódio, raiva, amargura, etc.)... Seja o que for... Você precisa saber que: Deus estava de pé na janela e viu a coisa toda. Ele contempla a extensão da sua vida... Ele quer que você saiba que Ele te ama e que você está perdoado. Ele está apenas querendo saber por quanto tempo você vai deixar o diabo lhe fazer de escravo. A grande coisa acerca de Deus é que quando você pedir perdão, Ele não só perdoa, mas Ele se esquece. É pela graça e misericórdia de Deus que somos salvos. Vá em frente e faça a diferença na vida de alguém hoje. Liberte-a da escravidão do seu segredo acerca dela, e a deixe ir livre e desembaraçada, como Deus fez com você... E lembre-se sempre: Deus está à janela! 29 Refrigério


O Divorcio e eu Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Efésios 25 e 28

N

aquela noite, enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua mão e disse: “Tenho algo importante para te dizer”. Ela se sentou e jantou sem dizer uma palavra. Pude ver sofrimento em seus olhos. De repente, eu também fiquei sem palavras. No entanto, eu tinha que dizer a ela o que estava pensando. Eu queria o divórcio. E abordei o assunto calmamente. Ela não parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente perguntou em voz baixa: “Por quê?” Eu evitei respondê-la, o que a deixou muito brava. Ela jogou o talher longe e gritou “você não é homem!” Naquela noite, nós não conversamos mais. Pude ouvíla chorando. Eu sabia que ela queria um motivo para o fim do nosso casamento. Mas eu não tinha uma resposta satisfatória para esta pergunta. O meu coração não pertencia a ela mas e sim a Jane. Eu simplesmente não a amava mais, sentia pena dela. Sentindo-me muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio, deixando para ela a casa, nosso carro e 30% das ações da minha empresa. Ela tomou o papel da minha mão e o rasgou violentamente. A mulher com quem vivi pelos últimos 10 anos se tornou uma estranha para mim. Eu fiquei com dó deste desperdício de tempo e energia, mas eu não voltaria atrás do que disse, pois amava a Jane profundamente. Finalmente ela começou a chorar alto na minha frente, o que já era esperado. Eu me senti libertado enquanto ela chorava. A minha obsessão por divórcio nas últi30 Refrigério

mas semanas finalmente se materializava e o fim estava mais perto agora. No dia seguinte, eu cheguei em casa tarde e a encontrei sentada na mesa escrevendo. Eu não jantei, fui direto para a cama e dormi imediatamente, pois estava cansado depois de ter passado o dia com a Jane. Quando acordei no meio da noite, ela ainda estava sentada à mesa, escrevendo. Eu a ignorei e voltei a dormir. Na manhã seguinte, ela me apresentou suas condições: ela não queria nada meu, mas pedia um mês de prazo para conceder o divórcio. Ela pediu que durante os próximos 30 dias a gente tentasse viver juntos de forma mais natural possível. As suas razões eram simples: o nosso filho faria seus testes escolares no próximo mês e precisava de um ambiente propício para preparar-se bem, sem os problemas de ter que lidar com o rompimento de seus pais. Isso me pareceu razoável, mas ela acrescentou algo mais. Ela me lembrou do momento em que eu a carreguei para dentro da nossa casa no dia em que nos casamos e me pediu que durante os próximos 30 dias eu a carregasse para fora da casa todas as manhãs. Eu então percebi que ela estava completamente louca, mas aceitei sua proposta para não tornar meus próximos dias ainda mais intoleráveis. Eu contei para a Jane sobre o pedido da minha esposa e ela riu muito e achou a ideia totalmente absurda. “Ela pensa que impondo condições assim vai mudar alguma coisa; melhor ela encarar a situação e aceitar o divórcio”, disse Jane em tom de gozação.

Minha esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito tempo, então quando eu a carreguei para fora da casa no primeiro dia foi totalmente estranho. Nosso filho nos aplaudiu dizendo: “O papai está carregando a mamãe no colo!” Suas palavras me causaram constrangimento. Do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa, eu devo ter caminhado uns 10 metros carregando minha esposa no colo. Ela fechou os olhos e disse baixinho “Não conte para o nosso filho sobre o divórcio” Eu balancei a cabeça mesmo discordando e então a coloquei no chão assim que atravessamos a porta de entrada da casa. Ela foi pegar o ônibus para o trabalho e eu dirigi para o escritório. No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu peito, eu senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi que há muito tempo não prestava atenção a essa mulher. Ela certamente tinha envelhecido nestes últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto, seu cabelo estava ficando fino e grisalho. O nosso casamento teve muito impacto nela. Por uns segundos, cheguei a pensar no que havia feito para ela estar neste estado. No quarto dia, quando eu a levantei, senti certa intimidade maior com o corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10 anos da vida dela a mim. No quinto dia, a mesma coisa. Eu não disse nada a Jane, mas ficava a cada dia mais fácil carregá-la do nosso quarto à porta da casa. Talvez meus músculos este-


jam mais firmes com o exercício, pensei. Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou uma série deles, mas não conseguia achar um que servisse. Com um suspiro, ela disse “Todos os meus vestidos estão grandes para mim”. Eu então percebi que ela realmente havia emagrecido bastante, daí a facilidade em carregá-la nos últimos dias. A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso... Ela carrega tanta dor e tristeza em seu coração... Instintivamente, eu estiquei o braço e toquei seus cabelos. Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse “Pai, está na hora de você carregar a mamãe”. Para ele, ver seu pai carregando sua mãe todas as manhãs tornou-se parte da rotina da casa. Minha esposa abraçou nosso filho e o segurou em seus braços por alguns longos segundos. Eu tive que sair de perto, temendo mudar de ideia agora que estava tão perto do meu objetivo. Em seguida, eu a carreguei em meus braços, do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme contra o meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso casamento. Mas o seu corpo tão magro me deixou triste. No último dia, quando eu a segu-

rei em meus braços, por algum motivo não conseguia mover minhas pernas. Nosso filho já tinha ido para a escola e eu me vi pronunciando estas palavras: “Eu não percebi o quanto perdemos a nossa intimidade com o tempo”. Eu não consegui dirigir para o trabalho... Fui até o meu novo futuro endereço, saí do carro apressadamente, com medo de mudar de ideia... Subi as escadas e bati na porta do quarto. A Jane abriu a porta e eu disse a ela “Desculpe Jane. Eu não quero mais me divorciar”. Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa “Você está com febre?” Eu tirei sua mão da minha testa e repeti “Desculpe Jane. Eu não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque nós não soubemos valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor. Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei minha esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe. A Jane então percebeu que era sério. Deu-me um tapa no rosto, bateu a porta na minha cara e pude ouví-la chorando compulsivamente. Eu voltei para o carro e fui trabalhar. Na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê de ro-

sas para minha esposa. A atendente me perguntou o que eu gostaria de escrever no cartão. Eu sorri e escrevi: “Eu te carregarei em meus braços todas as manhãs até que a morte nos separe”. Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e um grande sorriso no rosto, fui direto para o nosso quarto onde encontrei minha esposa deitada na cama - morta. Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu estava muito ocupado com a Jane para perceber que havia algo errado com ela. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos efeitos de um divórcio - e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho a imagem de nós dois juntos toda manhã. Pelo menos aos olhos do meu filho, eu sou um marido carinhoso. Os pequenos detalhes de nossa vida são o que realmente contam num relacionamento. Não é a mansão, o carro, as propriedades, o dinheiro no banco. Estes bens criam um ambiente propício à felicidade, mas não proporcionam mais do que conforto. Portanto, encontre tempo para ser amigo de sua esposa, faça pequenas coisas um para o outro para mantê-los próximos e íntimos. Tenham um casamento real e feliz!

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Venha o teu reino E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos. E ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu. Lucas 11:1e2

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A segunda súplica de Jesus é pela manifestação do seu reino: “Pai nosso que estás nos céus (…), venha o teu reino (…), assim na terra como no céu”. É a oração mais radical que um cristão pode fazer. O reino de Deus é o governo de Deus entre nós. Suplicar dizendo: “venha o teu reino” é invocar o Rei e seu governo sobre nós. Os cristãos do primeiro século entenderam a oração de Jesus e, ao suplicarem “Pai nosso, venha a nós o teu reino”, todo o comportamento deles, não só pessoal, mas comunitário, foi transformado a partir desta nova realidade. Foram tomados pelo desejo de conhecer melhor a Deus e sua palavra, de viver em comunhão com os irmãos, abrindo suas casas para receber a nova comunidade do reino. Tinham profundo e sincero temor de Deus (submissão) e o poder do novo Rei se manifestava entre eles. Viviam de forma solidária suprindo as necessidades uns dos outros. Oravam, jejuavam, adoravam e, enquanto estas coisas aconteciam o Senhor lhes acrescentava tudo o que necessitavam no dia a dia, inclusive novos convertidos (Atos 2:4247). Era uma igreja que orava venha a nós o teu reino. Justino Mártir (100-165) dizia que: “Nós, que antigamente nos alegrávamos nas relações sexuais fora do casamento, agora nos mantemos totalmente castos; usávamos a magia, mas agora nos dedicamos ao bem e ao Deus eterno; valorizávamos acima de qualquer coisa a aquisição de riquezas e bens, mas agora trazemos o que temos para um estoque comum e o repartimos com todos os necessitados; odiávamos e destruíamos uns aos outros, não convivíamos com pessoas de outras raças por causa de seus costumes diferentes, mas desde que Cristo veio, temos um relacionamento ótimo, oramos por nossos inimigos e nos esforçamos para convencer os que nos odeiam injusta-

mente de que devem viver de acordo com os bons preceitos de Cristo, para que participem conosco da mesma esperança feliz pela recompensa do Deus que governa tudo”. É um testemunho de uma igreja que também orava venha a nós o teu reino. Nos anos 50 e 60 o mundo foi impactado pelo testemunho de um pastor batista, negro, que liderou uma das maiores revoluções pacifistas contra o racismo. Depois de receber várias ameaças de morte, numa madrugada de sábado para domingo, o Rev. Martin Luther King foi despertado por um telefonema que o deixou assustado. Levantou, foi para a cozinha de sua casa e depois de tomar um café preocupado com a segurança de sua esposa e filhos, orou assim: “Senhor, tenho estado de pé por aquilo que creio ser justo. As pessoas estão olhando para mim e pela minha liderança, se eu permanecer diante deles sem força e coragem, eles fracassarão. Estou no fim das minhas forças. Não tenho mais energia. Não tenho mais nada. Cheguei num ponto onde não consigo mais seguir sozinho”. Mais tarde ele compartilhou com sua esposa: “Naquele momento experimentei a presença de Deus como nunca havia experimentado. Parecia que ouvia sua voz me dizendo: “Permaneça de pé pela justiça, permaneça de pé pela verdade e eu estarei ao seu lado sempre.” Quando ele se levantou da mesa, estava tomado por uma nova coragem e confiança e pronto para encarar o que tinha pela frente. Ele também orou venha a nós o teu reino. Nesta oração, estamos clamando pela manifestação deste reino já presente entre nós. Não oramos dizendo levanos para o teu reino, mas, sim, venha o teu reino. Não somos nós que trazemos o reino, como não somos nós que tornamos o nome de Deus santo. Só Deus pode tornar seu nome santo, só Deus pode manifestar entre nós o seu reino. Esta súplica expressa nosso desejo de ver o reino de Deus presente entre nós. Vivemos entre o reino já manifestado em Cristo e o reino que será plenamente consumado quando Ele voltar. Naquele dia todas as coisas serão endireitadas, nossos olhos plenamente abertos, nossa mente totalmente transformada, nossos afetos completamente redimidos, nossa comunhão com Deus inteiramente restaurada. Jesus inaugurou o reino. O reino de Deus é o jeito que Deus deseja que seu povo viva. É o governo de Deus sobre o seu povo. É a restauração da nova


“Jesus inaugurou o reino. O reino de Deus é o jeito que Deus deseja que seu povo viva. É o governo de Deus sobre o seu povo. É a restauração da nova humanidade.” humanidade. Todo o Sermão do Monte é um retrato disto. Quando suplicamos: “venha o teu reino (…), assim na terra como no céu”, oramos assim: Pai, antecipa estas coisas. Manifesta o teu governo. Quebra todas as resistências da minha alma. Torna-me mais obediente aos teus mandamentos. Enche-me de tua compaixão. Manifeste a tua justiça entre nós. Pai torna-me mais humilde, manso e puro para que eu viva do jeito que o Senhor Jesus, teu santo Filho, me ensinou a viver. Pai cura a minha cegueira para que eu contemple a realidade com os mesmos olhos que Jesus,

meu Rei e Senhor, contemplam. Pai, transforma o meu medo em coragem para que eu ame a justiça e a busque como o Senhor espera que eu faça. Pai, faça de mim um instrumento de tua paz na minha família, no meu ambiente de trabalho, entre os meus vizinhos. Pai, usa-me para levantar os abatidos, socorrer os necessitados, restaurar os que têm o coração ferido, abrir os olhos dos cegos e ajudar os paralíticos a andarem. Pai, não me deixe andar ansioso em relação ao futuro, comida, roupa, moradia e outras coisas que consomem minhas forças e energias, ajuda-me a crer que cuidas de mim e me enche de paixão pelo teu reino, pelo teu evangelho e tua justiça, certo de que as outras coisas me serão dadas. Pai reverte a ação do pecado. Manifeste entre nós os teus mandamentos justos e bons. Usa-nos como ministros da reconciliação. Restaure a humanidade corrompida e reine soberanamente em toda a tua criação. É uma oração que tem implicações sobre nossa conversão, nossa identidade. É uma oração que somente aqueles que entram no reino e participam dele o fazem. Somos chamados por Cristo a entrar e participar do reino de Deus. Quem faz parte do reino? O pobre e humilde de espírito, aquele que faz a vontade do Pai, aqueles cuja justiça excede a dos escribas e fariseus, aquele que se faz como uma criança.

Quem faz parte do reino? O pobre e humilde de espírito, aquele que faz a vontade do Pai, aqueles cuja justiça excede a dos escribas e fariseus, aquele que se faz como uma criança. É assim que temos orado? Quando apresentamos nossos pedidos a Deus, levamos em conta a honra do seu nome e a presença do seu reino em primeiro lugar? Quando oramos pelo emprego, salário, saúde, família, nação, orientação e direção, são para que o reino de Deus se manifeste em todas estas áreas? A oração que Jesus ensinou começa assim: “Pai nosso, santificado seja o teu nome. Venha a nós o teu reino”. Rev. Ricardo Barbosa de Souza

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Adeutopia um

mundo melhor!

H

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á no imaginário de muitas pessoas a idéia de que um mundo melhor é possível a partir de certas mudanças. Geralmente, estas mudanças pensadas e propostas são todas de natureza sócio-econômica nunca pensando no homem como a causa do que incomoda, mas sempre e somente como a vítima de um sistema injusto, desigual, provocador de revoltas, de comportamentos desajustados que levam ao crime e a tantos outros problemas. É a partir desta premissa que políticos, intelectuais, antropólogos, sociólogos, filósofos, cientistas políticos e tantos outros analisam a questão e propõem as mudanças necessárias e que muitas vezes resultam em sistemas de governo, de leis e que, por mais que pareçam produzir algum bem sempre possuem efeitos colaterais com distorções que, de algum modo, também produzem as mesmas injustiças que se deseja combater.

O fato é que o mundo jaz no maligno. Prova disso é que não há nação, por mais desenvolvida que seja que não possua cidadãos que sofrem. Se não é com a questão econômica é com as questões existenciais, a dor da perda, as doenças, a depressão, a angústia, a falta de sentido na vida, conflitos familiares, conjugais, violências e muitas outras coisas. É por essa razão que é um grande engano acreditar que a proposta de Cristo para o homem é de uma mudança de natureza social, econômica ou política. Já vi pessoas questionando a utilidade da mensagem cristã diante de tantas mazelas após dois mil anos de história, ou seja, querem um Cristo candidato político para mudar o mundo. Infelizmente, há muita coisa dita e feita em nome de Cristo ao longo da história que é conhecida como cristianismo, mas em nada se coaduna com os ensinos de cristo. Qualquer pessoa, por mais simples que seja,


se ler as palavras de Jesus no novo testamento, principalmente as do sermão do monte, verá o inverso das práticas violentas de alguns grupos que se intitulam cristãos, do moralismo massacrante de alguns grupos religiosos, das práticas dos partidos ditos cristãos, das bancadas ditas evangélicas no congresso nacional. Numa certa vez, quando questionado acerca de quando viria o reino de Deus, Jesus respondeu que quando ele chegasse ninguém poderia dizer: “Ei-lo aqui ou ei-lo ali, porque o reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17:20,21). Esta é a grande proposta, a única viável, eficaz e produtora de mudanças: mudar o homem de dentro para fora. É por isso que Cristo quer mudar o ser humano e não os fatores externos como forma de ajudá-lo. E isso vale para todo os setores desta vida, pois, sabemos que quando somos guiados por uma boa consciência, pelo amor, pela noção de direito do outro nossas vidas se transformam sempre para melhor. Uma pessoa honesta devolve uma bolsa com dinheiro porque é honesta e porque sabe do direito do outro que a perdeu. Um pai trata bem os seus filhos porque é responsável e os ama e não porque a lei o obriga a sustentá-los ou a pagar pensão. O patrão trata bem os funcionários

porque os vê como gente que tem necessidades, direitos, família para sustentar e não como máquinas de produção somente. Eu poderia citar muitos exemplos práticos mas creio que já deu para entender que a lei do amor no coração não pode ser burlada, driblada porque não possui brechas. Esta é a lei de Cristo : “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros.” E o tempo todo é demonstrado como esse amor deve desembocar na prática da vida, indo muito além do discurso religioso legalista, do ascetismo inútil e do formalismo estereotipado que mostra uma cara de piedade e esconde um coração de maldades. Quem estiver esperando que Cristo venha para nos dar um modo de vida conforme as expectativas comuns de todos, que dizem respeito a conforto material, muito dinheiro no bolso, poucos ou nenhum imposto para pagar, segurança nas ruas vai se frustrar. O trabalho que Ele faz pode parecer lento, mas é eficaz. E como Ele mesmo disse: “O meu reino não é deste mundo”, e também: “Se esperamos em Cristo só para esta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”. Deixe Jesus te mudar e você vai entender tudo o que eu disse até agora. Sérgio Luiz do Espírito Santo E-mail: sergioluesp@hotmail.com

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Aprendendo com

os gansos

C

erto pesquisador gastou alguns anos de sua vida estudando o comportamento dos gansos e suas constantes viagens migratórias ao longo de suas vidas, e ficou admirado com as inúmeras lições registradas por ele durante as pesquisas acerca do comportamento deste animal na natureza. Hoje utiliza estas informações nas palestras que ministra ao redor do mundo falando das lições acerca de relacionamentos aprendidas com os gansos! Talvez lhe interesse saber porque nos seus voos estão sempre na formação em forma de um V; agindo assim todo o bando aumenta em 71% o alcance de voo em relação ao de um pássaro que voe sozinho. Primeira lição: Partilhar da mesma direção e sentido de grupo permite chegar

mais rápido e facilmente ao destino, ajudando-nos uns aos outros os resultados são melhores. Quando um ganso sai da formação sente maior resistência do ar e tem dificuldade em voar sozinho, então, rapidamente regressa à formação para aproveitar o poder de elevação dos que estão à sua frente. Lição dois: Permanecendo em sintonia e unidos àqueles que se dirigem na mesma direção o esforço será menor, mais fácil e agradável alcançar as metas e estaremos dispostos a aceitar e oferecer ajuda. Quando o ganso líder se cansa, muda-se para o fim da formação enquanto outro assume a dianteira. Lição três: Partilhar a liderança, respeitar-mos sempre e mutuamente reunir dons e talentos utilizando recursos na solução de problemas e benefícios para todos

da equipe. Enquanto voam em formação os gansos grasnam para dar coragem e alento ao que vai a frente para que assim possa manter a velocidade e o ritmo. Lição quatro: Quando há coragem e alento a progressão é maior, uma palavra de ânimo dita a tempo, motiva, ajuda, dá força e produz o melhor dos benefícios! Quando um ganso adoece, fica ferido ou está cansado e tem de sair da formação logo outros saem também e o acompanham para ajudar e proteger permanecendo com ele até que seja capaz de voar novamente, ou morra. Então alcançam novamente o bando ou integram-se noutra formação. Lição cinco: Apesar das diferenças estejamos unidos tanto nos momentos difíceis como nas horas de trabalho.

Se tornarmos realidade o espírito de equipe apesar das diferenças e pudermos formar um grupo humano para enfrentar todo o tipo de situações, se entendermos o verdadeiro valor da amizade e nos conscientizarmos do sentimento de partilha, a vida será mais simples e o voo dos anos terá mais prazer! Se nos mantivermos unidos, apoiando-nos em amor... Amigos sejamos gansos!

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J

esus disse que se não se fala a verdade, as pedras clamam; e a�irmou que clamariam até para pregar o Evangelho, caso os mensageiros se calassem ou falsi�icassem a verdade. Quando os judeus se mostraram jactanciosos por serem “�ilhos de Abraão”, Jesus lhes disse que das pedras sobre as quais pisavam naquele lugar, Deus poderia gerar verdadeiros �ilhos de Abraão. Mostrando tanto a liberdade de Deus para se comunicar como bem entende e deseja, bem como acentuando o fato que “Abraão”, apesar de histórico, é mais que um homem, é um conceito, é um espírito, é um modo, é um caminho, é uma vereda de fé; e que o DNA de Abraão tem seu genoma na fé que vem como dom de Deus; e, portanto, podendo ser por Deus suscitada até em pedras; ou melhor: até mais facilmente em pedras do que em gente rebelde e

arrogante. Hoje já se sabe que até literalmente as pedras falam. Estou usando cilício para falar. Toda essa nossa conversa é ciliciana, é papo das pedras, é memória em pedras, é informação disponibilizada em pedra; pois, os homens não se comunicam mais com o coração. As ciências em geral entraram no ambiente das pedras falantes e contadoras de todas as histórias passadas! Deus, porém, que faz gente da lama, pode fazer pedras falarem... Ah, como as pedras falam e ainda falarão!... Nesse tempo em que os discípulos se tornaram como os judeus dos dias de Jesus, mais do que nunca as pedras vão falar... As pedras falarão quando caírem como porretes em nossas cabeças... As pedras falarão quando caírem do céu como chuva de meteoritos apocalíp-

ticos aos milhões... As pedras falarão quando os seres mais impensáveis começarem a pregar o Evangelho, ainda que com outra cara, e bem na cara dos aturdidos e empedrados ex-discípulos. E as pedras estão falando... Os mais sábios, os mais humanos, os mais sensíveis, os mais perceptivos, os mais conscientes, os mais nobres nas decisões, os mais misericordiosos, os mais amigos da criação, os mais ativos no bem, os mais abertos e não preconceituosos, os mais pacientes, os mais esperançosos, os mais generosos — em geral, na maior parte, não frequentam templos e não são religiosos, mas penas gente; gente que, segundo os cristãos, ainda não se converteram; sendo, portanto, ainda apenas pedras no caminho... Pense nisso!... www.caiofabio.net

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Avós e netos,

uma PARCERIA

que dá certo!

“Que bênção ver os filhos de nossos filhos!”

O

s avós são a imagem viva das tradições e memórias da família. Antigamente os avós eram associados à velhice, e dessa forma, a morte deles era aguardada. Atualmente, os avós têm assumido um novo papel, principalmente, em função das fragilidades conjugais e da alta taxa de gestações precoces. Os pais adolescentes correspondem aos jovens avós, que entre 35 e 50 anos, tornam-se agentes de arranjos familiares. Hoje, estão mais empenhados em ajudar seus filhos a criar os netos, para que possam cuidar de suas carreiras profissionais, pois os mesmos ainda não possuem independência e autonomia para cuidarem de suas famílias.

Salmo 128.6

Pesquisas mostram, desde os anos 60, a importância dos laços de família e trocas entre as gerações. Attias-Donfut resgatou o conceito de “socialização reversa” indicando que as gerações mais jovens socializam, ou seja, ensinam comportamentos e manejos de novas tecnologias às gerações mais velhas. Como temos vivenciado isso! Os netos colocam seus avós conectados. Por outro lado, os avós oferecem segurança afetiva, exercendo o papel de garantir a permanência dos laços familiares. A relação entre avós e netos é muito gratificante; porém, os pais é quem devem cuidar de seus filhos com amor e firmeza. Filhos órfãos de pais vivos têm a probabilidade de ficarem comprometidos afetivamente. Estudiosos das relações familiares oferecem cinco categorias explicativas da qualidade das relações entre os avós e seus netos: Avós Formais: manifestam um interesse constante pelos netos, no entanto, estabelecem um laço convencional com os netos sem interferir no papel parental (pai e mãe). Avós Afastados: (figuras distantes) possuem pouco interesse por seus netos e têm com eles contatos episódicos (natal, aniversário,...). É possível que tenham sido também pais distantes e/ou a qualidade da relação entre genros e/ou noras seja comprometida. Avós Orientadores: são preocupados em transmitir seus valores e de oferecer modelos de comportamento aos netos. Eles procuram compartilhar com seus filhos a função de socialização de seus netos, no entanto, procuram agir de forma complementar e não substitutiva. 38 Refrigério


Os Avós Lúdicos: rompem com a relação de autoridade. A relação é percebida como fonte de prazer e de satisfação para ambos. Nessa categoria encontramos a relação dos avós com seus netos mais fortemente marcada pelas características de espontaneidade e de voluntariado. Avós/Pais Substitutos: assumem o cuidado e a educação de seus netos substituindo os pais, em circunstâncias dolorosas, tais como, a morte dos pais ou o abandono, por diversos fatores. É sabido que os avós podem contribuir muito para a formação do neto. Na verdade, eles podem se entender muito bem. Vamos imaginar ora o avô, ora o pai, levando a criança à es-

cola. No caminho, eles se deparam com uma cena: uma lagarta se transformando em borboleta. É possível que o pai a faça apressar, mas o avô, com certeza, irá parar e dar atenção àquele momento e até falará algo para ampliar o repertório da criança; coisa que os pais, ante a preocupação da vida moderna e por estarem atarefados, não terão paciência ou tempo para fazê-lo. Embora o papel dos avós tenha alcançado uma importância altamente significativa nos nossos dias,

essa condição ainda é pouco considerada, não só nas pesquisas, como nas pautas das políticas públicas. Faz-se necessário uma atenção maior a esse segmento, com o intuito de apoiá-lo e orientá-lo. Dia 26 de julho comemora-se o Dia dos Avós – símbolo da sabedoria e experiência de vida. Celebre esse dia! A herança de Deus para o ser humano não é o dinheiro, mas são os filhos (Salmo 127.3a). Participe da vida deles. Separe tempo para conversar e brincar com eles. A família é presente de Deus. Agradeça-o por ela. Mary Gláucia Ribeiro m.glaucia@uol.com.br

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Um jeito

difelrhearnptaera o de o

3 2 o m l a S O Senhor é o meu Pastor,

Guia-me mansamente à águas tranquilas.

Nada me faltará.

Refrigera a minha alma.

Caminhar me faz por verdes pastos,

Guia–me pelas veredas da justiça,

Isto é relacionamento!

Isto é suprimento!

Isto é direção!

Isto é refrigério!

Isto é cura!

Isto é Mentoria!

Por amor do Seu nome.

Isto é propósito!

Ainda que eu caminhasse pelo vale das sombras da morte, Isto é provação!

Eu não temeria mal algum, Isto é confiança

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Porque Tu estás comigo, Isto é parceria!

A tua vara e o teu cajado me consolam. Isto é correção!

Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos. Isto é HONRA!

Unge a minha cabeça com óleo

Isto é consagração!

E meu cálice transborda.

Isto é abundância!

Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias de minha vida

E eu habitarei a casa do Senhor Isto é intimidade!

Por longos dias.

Isto é eternidade!

Isto é bênção!

O que é mais valioso não é o que nós temos em nossas vidas, mas QUEM nós temos em nossas vidas!

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Vivendo pela fé... Mas o meu justo viverá pela fé!

H

ouve um tempo em que o tema fé ocupou grande parte dos meus processos mentais! Isto em detrimento de outras questões importantes na minha jornada espiritual; como oração, consagração, adoração e culto. Eu desejava muito discernir a dinâmica de como viver pela fé, no meu imaginário isto facilitaria a compreensão dos demais temas ensinados nas Escrituras. Aprendi e continuo aprendendo muita coisa boa acerca da fé e constantemente tenho revisitado os escritos na carta aos Hebreus nos capítulos 10,11 e 12 mantendo me atualizado. Indaguei de outros cristãos mais sóbrios na sua espiritualidade o que eles já tinham aprendido acerca deste tema. Escolhi alguns mestres e leio seus ensinos tirando o máximo de proveito. Quero compartilhar com você alguns insights legais que tenho aprendido desde então... Espero contribuir de alguma forma com a sua maneira de interpretar a fé ensinada nas Escrituras. Fique à vontade para compartilhar comigo suas experiências. No rodapé da página, abaixo da minha assinatura está meu e-mail. Ficarei grato com seu retorno. Os que se dispõem viver pela fé, precisam saber que haverá dias em que serão honrados pela fé; e dias em que precisarão honrar a fé! Toda ação de fé é um ato de confiança, como todo ato de confiança precede de fé. A diferença reside apenas em quem recebe este crédito nosso de cada dia... O uso de amuletos como “ponto de contato para a fé” é macumba e misticismo e nada contribui na sua relação com Deus, pelo contrário fragiliza sua compreensão da graça e providência divina. A verdadeira fé sempre nos leva para 42 Refrigério

o secreto do nosso quarto e nos quebranta a alma diante da plenitude daquele que sempre se antecipa às nossas dificuldades e virtudes. Conhecemos muitos heróis da fé, alguns nas páginas da bíblia, outros pertos de nós, com sua perseverança, determinação e novidade de vida... Há sempre uma boa nova para contar e fazem questão de pontuar: foi Deus quem fez isto! A Ele toda glória. Tocar, falar, cheirar, ouvir e enxergar, agentes dos sentidos, nos abre as portas da existência real... Mas a fé nos abre as portas da existência espiritual! No supermercado se compra suprimentos para o estômago, nas Escrituras se busca suprimentos para alimentar a fé. Fé todos nós temos e a fé que tu tens é para ti mesmo... Portanto não inveje a fé de ninguém; apenas busque transcender em Deus a sua fé, mesmo que ela seja do tamanho de um grão de mostarda. Uma das maneiras de transcender na fé é reconhecer a pequenez da mesma e pedir ajuda a Deus para aumentá-la! Felizes os que utilizam da fé para conhecer o coração de Deus ao invés de utilizar a fé apenas para enxergar o que ele tem em suas mãos... Não há nenhum problema na fé utilitária, mas é preciso prosseguir em direção à virtude, ao conhecimento,

ao domínio próprio à perseverança à piedade, a fraternidade e por fim ao amor; conselhos de Pedro, o apóstolo, pois segundo ele se estas qualidades crescerem em nós na mesma medida da fé, seremos homens e mulheres plenos no conhecimento acerca de nosso Senhor Jesus Cristo e operosos e produtivos em nossa jornada espiritual! Com uma consciência isenta da condenação de obras mortas, certos de que o único sacrifício que agrada a Deus será a obediência a Ele por meio da fé! A comunidade científica, principalmente os físicos, já se renderam ao discurso do viver pela fé, pois perceberam que já chegaram ao limite das descobertas vistas a olho nu ou através dos microscópios ou do que é manipulável humanamente. A física quântica (que estuda o quanta, a menor quantidade de energia capaz de criar a matéria, foi a maior descoberta do último século) e a teoria das cordas está aí deixando todos atônitos sem saber o que fazer ou negar! Pois só dá pra prosseguir se tiverem a ajuda do alto, e o coração encurvado em adoração a Jesus; autor e consumador da Fé.

José Maria de Souza jotafeviva@ig.com.br


Leitura que edifica a alma e torna leve o coração.

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