BRASÍLIA É CENÁRIO DE DOIS FILMES QUE ESTREIAM EM AGOSTO
Ano XIV • nº 244 Outubro de 2015
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EMPOUCASPALAVRAS
Brincadeiras à parte, a verdade é que a cerveja, fabricada provavelmente pela primeira vez em Tebas, 3.400 anos antes de Cristo, tem sido considerada a bebida socializante por excelência, aquela que caiu no gosto popular e é presença constante em rodas de amigos. Eles veem na bebida a oportunidade de se refrescar e prosear horas a fio sem gastar muito. Nos últimos anos, entretanto, com o processo de “descoberta do vinho” pelo brasileiro, a cerveja esteve um pouco fora dos holofotes. Isso mudou há algum tempo, quando uma onda de produção e consumo de bons rótulos artesanais fez reacender a paixão por ela. Diante dessa constatação, decidimos convidar um especialista no assunto para apresentar aos brasilienses um roteiro dos locais onde a boa cerveja artesanal pode ser degustada. Autor do livro Larousse da cerveja, Ronaldo Morado aceitou o desafio e elencou para nossos leitores os melhores lugares para se apreciar a bebida que, segundo o cientista norte-americano Benjamim Franklin (1706/1790), “é a prova de que Deus nos ama e quer que sejamos felizes” (página 6). E já que toda boa cerveja pede um bom acompanhamento, que tal experimentar um smørrebrød de rosbife, guariroba, molho remoulade e cebola frita crocante? O delicioso sanduíche dinarmaquês, cuja pronúncia aproximada é “smorbrot”, está no mais recente empreendimento do chef Simon Lau, bem no coração do Jardim Botânico (página 10). A boa cervejinha harmoniza muito bem, ainda, com os pratos elaborados por 47 restaurantes e bares que vão participar da sétima edição do Sabor Suíno, de 14 a 31 de outubro. Com preços nas faixas de R$ 29,90, R$39,90 e R$ 49,90, o festival permite ao consumidor experimentar bons cortes da nutritiva e saudável carne suína (página 15). Bom apetite, boa leitura e até novembro. Maria Teresa Fernandes Editora
Divulgação
“Sábio foi o homem que inventou a cerveja”, afirmou certo dia o filósofo grego Platão, que viveu entre 427 e 347 antes de Cristo. Será que ele tinha razão? Um provérbio inglês confirma a genialidade da invenção, ao sentenciar: “Uma boa cerveja faz até um gato falar”. Outro provérbio, esse celta, diz: “Pessoas boas bebem boas cervejas”. Em tempos mais atuais, o roqueiro Frank Zappa (1940/1993) levou a paixão pela bebida ao extremo: “Um país não pode ser levado a sério se não tiver ao menos a própria cerveja e uma companhia aérea. Ajuda se tiver um bom time de futebol e algumas armas nucleares, mas o mais importante é ter a própria cerveja”.
32 luzcâmeraação Adeus à linguagem, filme mais recente de Jean-Luc Godard, estará na retrospectiva das obras do cineasta francês que o CCBB apresenta a partir de 21 de outubro.
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ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14 – Conjunto 2 – Casa 7 – Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa Carlos Roberto Ferreira, sobre foto de R. Ribeiro | Colaboradores Adriana Nasser, Alessandra Braz, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Ana Vilela, Beth Almeida, Cláudio Ferreira, Eduardo Oliveira, Elaina Daher, Heitor Menezes, Júlia Viegas, Luana Brasil, Lúcia Leão, Luís Turiba, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Melissa Luz, Pedro Brandt, Ronaldo Morado, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle | Fotografia Fabrízio Morelo, Gadelha Neto, R. Ribeiro, Sérgio Amaral, Zé Nobre | Para anunciar 9988.5360 | Impressão Editora Gráfica Ipiranga | Tiragem: 20.000 exemplares.
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A onda das cervejas
mais que especiais
POR RONALDO MORADO * FOTOS R. RIBEIRO
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urante quase toda sua história a humanidade se reuniu preferencialmente em três ambientes: as academias, as igrejas e os bares. No Brasil, especificamente, o boteco ou botequim
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se tornou uma instituição popular em todas as camadas sociais, presente em todas as cidades – independente de sua dimensão – e de caráter democrático, por ser um local de confraternização e lazer. De formatos e configurações diferentes – boteco, choperia, pub, bar-empório – os bares se tornaram pontos de convergência das pessoas cujos principais objetivos são relaxar, encontrar, conversar, paquerar, conspirar, enfim, socializar sem maiores compromissos. Como personagem central do típico bar brasileiro, a cerveja tem uma relação direta com a descontração do local, seja nas choperias de fluxo contínuo de tulipas “bem servidas”, seja nos tradicionais botequins de garrafas super geladas. Nos últimos dez anos, uma verdadeira revolução cervejeira está transformando a cena dos bares brasileiros, modificando a oferta de produtos e refinando costumes e comportamentos. Esse movimento, iniciado nos Estados Unidos há
mais de 30 anos, contaminou o Brasil e provocou uma onda de empreendedorismo em toda a cadeia fornecedora, desde os cervejeiros caseiros, passando pelas microcervejarias e chegando à mesa dos bares e do consumidor. Em Brasília temos assistido ao nascimento de vários locais com oferta das chamadas “cervejas especiais”, que trazem não só produtos diferenciados como também uma nova proposta de ambiente, com bastante juventude, clima alternativo e inovador. Geralmente afastada das grandes cervejarias, a nova geração de bares aposta na enorme diversidade de produtos e estilos de cerveja, em geral desconhecidos dos brasileiros. Acostumados a mais de um século de “ditadura” das cervejas do estilo Pilsen, os brasileiros têm se surpreendido com a enorme variedade de estilos – são mais de 100. A surpresa com essa “novidade” é tanta que, aqui, apelidou-se de “cerveja especial” tudo o que não é a loira tradicional.
* Consultor de empresas, cervejólogo, autor do livro Larousse da cerveja, de 2009.
Um cliente em momento de relaxamento, meditação e contemplação das 12 torneiras de chope do Santuário, onde é possível encontrar até brownies à base de cerveja.
Outras capitais brasileiras, como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, receberam as primeiras ondas dessa tendência de bares e empórios cervejeiros especializados já na década de 1990, com lenta expansão até recentemente, quando um verdadeiro tsunami invadiu as esquinas e calçadas. Brasília oferece hoje boas opções de bares e empórios com esse espirito cervejeiro. Alguns nasceram como empório, outros como bares, mas todos têm em comum o perfil da comunidade cervejeira: alegria de compartilhar informações sobre cada garrafa, cada estilo, cada cerveja, enquanto se contam boas estórias. O Santuário, da 214 Sul, que se intitula “casa de cerveja”, é iniciativa de três amigos apaixonados por cerveja: Marcius Fabiani, Daniel Amaro e Rodrigo Baquero. Fundada em junho de 2014, possui 12 torneiras de chope, sempre servindo
estilos diferentes em um ambiente descontraído com o melhor do rock alternativo. Além dos chopes, há uma excelente variedade de cervejas que podem ser acompanhadas por empanadas, goulash e até brownies feitos à base de cerveja. O Malbec Beer iniciou suas atividades em março de 2013, no térreo do Hotel Saint Moritz, como hobby de dois irmãos que vieram do Ceará há 18 anos. À frente do negócio, Lindenberg Aquino se surpreendeu com o sucesso do bar, frequentado por maioria de não residentes na cidade. Localizado no Setor Hoteleiro Norte, oferece uma ampla variedade de cervejas que podem ser acompanhadas pelas linguiças e salsichas Berna com pão francês e mostarda, de acordo com o padrão suíço. O Grote Bier começou como um empório na Asa Norte, em 2010, e agora está também no Setor Noroeste com
uma loja que é um misto de bar e empório. Paula Figueiredo, gaúcha de Pelotas, é uma empreendedora nata e acredita no potencial da cidade para esse tipo de cerveja. Com bastante oferta de cervejas e dois bicos de chope, é muito procurado também pelo eisbein e petiscos de filé. Acompanhando a tendência dos food trucks, Brasília foi uma das primeiras cidades a ter uma Kombi cigana, oferecendo excelentes opções de chope. A iniciativa de três amigos – Eduardo Golin, Heitor Heffner e Marcel Castelo Branco – colocou na rua, em junho de 2014, a Corina Cervejas Artesanais, agora com sete bicos de chope. De terça-feira a domingo, toda semana, o bar ambulante estaciona em locais anunciados pelo Facebook, onde é seguido por uma numerosa legião de fãs. O Pinella, da 408 Norte, é um gastropub (bar/restaurante) com boas op-
Antes um hobby, hoje um bar de sucesso pilotado por Lindenberg Aquino, o Malbec, do Hotel Saint Moritz, é frequentado principalmente por não residentes em Brasília.
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Paula Figueiredo, gaúcha de Pelotas, é quem comanda o Grote Bier, que começou na Asa Norte, em 2010, e acaba de abrir um misto de empório e bar no Setor Noroeste.
ções de cerveja para acompanhar um cardápio de petiscos com nomes femininos: Flávia, Gláucia, Fernanda, Marta etc... A casa oferece uma programação diária de boa música (do jazz à MPB). As proprietárias, Flávia Attuch e Marta Liuzzi, comandam o local desde 2011 e capricharam na carta de cervejas especiais. Aberto em março de 2014 na 413 Norte, na mesma linha de gastropub, o Victrola oferece ótimas cervejas e um cardápio bem variado. O local é famoso pela boa música a partir de LPs, ou seja,
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os tradicionais “bolachões”. Para harmonizar com as várias opções de cervejas, o cliente tem acesso a uma discoteca diversificada e, em alguns casos, a exemplares raros de discos. Seus proprietários, Cristian e Alan, são orgulhosos de sua proposta de harmonização de cerveja, comida e música. O casal Antonio Jorge e Luciana apostou no segmento cervejeiro em 2008 e já possui duas lojas do Empório Soares & Souza, uma na Asa Sul e outra na Asa Norte, com uma terceira a inaugurar em
breve no Lago Sul. Misto de empório e bar cervejeiro, suas casas possuem mais de 400 rótulos e promovem eventos sobre a cultura cervejeira, tais como palestras, degustações, cursos etc. O cardápio de petiscos é variado, destacando-se o combinado de coxinhas, salchichas e bruschettas com fatias de pão caseiro. O Pivo abriu as portas no final de 2014, na 406 Sul, com a ideia de ser um empório de cervejas, mas se rendeu à demanda dos clientes por espaço para degustação dos mais de 300 rótulos. Os pro-
Milhares de cervejeiros comparecerem ao Espaço Arena do Estádio Mané Garrincha, no início de setembro, para participar do Bierfest, maior festival de cerveja do Centro-Oeste.
prietários, Fábio Coelho e Gustavo Sanches, estão sempre presentes e garantem a hospitalidade e qualidade dos pesticos liderados pelas bruschettas e empanadas argentinas. O Mestre-Cervejeiro é um empório localizado na quadra 301 do Sudoeste. A família Gomes – Fernanda, Amanda e Marcos – está sempre na loja, desde fevereiro deste ano, orientando os clientes na escolha da cerveja mais adequada, entre os 200 rótulos à disposição. Os acompanhamentos ficam por conta da La Creperie e do Brazilian American Burguer, vizinhos e parceiros. O mais jovem ponto cervejeiro de Brasilia é o Aleatório, na 408 Norte, aberto no mês passado. A proposta dos sócios Allan Alves, Felipe Lucena e Juliana Neto é que o local seja um espaço de convergência cultural-etilíco-gastronômico. O conceito é inovador e tenta unir os ambientes de bar e de galeria, para atrair as pessoas desligadas e as ligadas em música, cerveja e artes em geral. O alternativo está presente no cardápio, na decoração, no espírito colaborativo de seus frequentadores. O Beer Selection é uma referência em se tratando de cervejas belgas, mas não se restringe a elas. Ali pode-se degustar também marcas inglesas, americanas e alemãs. O Jacques garante um atendimento vip para uma happy hour em local pouco provável, o Complexo Brasil 21. Com algumas torneiras de chope, sempre conta com ótimas opções estrangeiras e nacionais.
Os sócios André Ricardo e Dercino iniciaram as operações do Camberra, na quadra 100 do Sudoeste, em dezembro de 2014, com muitas opções no portfólio. Como empório de cervejas e sem instalações para cozinha, também contam com uma parceria com o bar vizinho, o Espaço Sudoeste. Um típico pub irlandês tem sempre um palco para música ao vivo, decoração rústica e uma boa oferta de cervejas, entre elas a obrigatória Guinness. É assim o O’Rilley Irish Pub, da 409 Sul, que desde 2005 é a referência brasiliense em shows de bandas cover e rock em geral. Em três andares, com ambientes aconchegantes, é possível se sentir na Irlanda com a mesma atmosfera íntima e selvagem regada a excelentes cervejas. Num ambiente bastante intimista, o Bar Godofredo é um dos mais antigos de Brasilia a apostar nas cervejas especiais. Seu proprietário, Aylton Tristão, já está com dois bares – o tradicional, na 408 Norte, de ambiente retrô, e o mais recente, chamado de Boutique do Godofredo, mais moderno, na Avenida das Araucárias, em Águas Claras. Ambos com bastante variedade de cervejas e petiscos. O Mr. Beer é uma boa opção para quem transita pelo Brasília Shopping. Apesar de não ser um bar, possui uma ótima carta de cervejas especiais, incluindo alguns rótulos exclusivos. No balcão é possível degustar uma cerveja com alguns salgadinhos. Ou seja, Brasília não é mais uma principiante no mundo das cervejas especiais.
Santuário
214 Norte – Bloco C (3039.5667)
Malbec Beer
SNH – Hotel Saint Moritz (3526.8893 )
Grote Bier
CLNW 10/11 – Bloco A – Setor Noroeste 409 Norte – Bloco A (3576.0592)
Corina Cervejas Artesanais
www.facebook.com/corinacervejas
Pinella
408 Norte – Bloco B (3347.8334 )
Victrola
413 Norte – Bloco E (3032.2626)
Empório Soares & Souza
403 Sul – Bloco D (3532.6702) 212 Norte – Bloco B (3963.7022)
Pivo
406 Sul – Bloco D (3879.0025 )
Mestre-Cervejeiro
301 Sudoeste – Bloco C (3021.6667 )
Aleatório
408 Norte – Bloco E (8250-0800)
Beer Selection
Complexo Brasil 21 – Loja 56 (3575.6466)
Camberra
100 Sudoeste – Bloco B (3021.6500)
O’Rilley Irish Pub
409 Sul – Bloco C (3244-2424)
Bar Godofredo
408 Norte – Bloco B (3965.6666) Avenida das Araucárias, 1325 Águas Claras (3021-6500)
Mr. Beer
Brasilia Shopping, 1º piso (3034.7046)
Além de degustar duas centenas de rótulos, assistiram a aulas práticas sobre o processo de produção artesanal da cerveja, inclusive com a utilização de ingredientes do Cerrado.
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Simon Lau está de volta
Às vésperas de reabrir o Aquavit, chef dinamarquês aposta no smørrebrød, sanduíche típico de seu país. POR ADRIANO LOPES DE OLIVEIRA
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Fotos: Gastrô Comunicação
oi amor à primeira vista. Assim que bateu os olhos na Casa de Chá do Jardim Botânico – e no verdejante ambiente à sua volta – o chef Simon Lau não teve dúvida: é ali que vai reabrir, até o final de outubro, seu badalado restaurante Aquavit, que funcionou durante dez anos no Setor de Mansões do Lago Norte, mas fechou as portas em meados de 2013 por restrições impostas pela lei de zoneamento urbano.
Antes, ele havia considerado algumas alternativas, como o mezanino da Torre de TV, o terraço panorâmico do Teatro Nacional e a Casa de Chá da Praça dos Três Poderes. “Quando vi que havia baunilha do cerrado plantada aqui em volta, aí é que não tive mais nenhuma dúvida”, diz Simon, um apaixonado por essa especiaria (foi ele quem a apresentou à imprensa e a profissionais da gastronomia, em 2008). Em meio aos preparativos para a reinauguração do Aquavit, Simon faz uso do espaço, desde setembro, produzindo
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e oferecendo à fiel clientela um sanduíche típico de seu país natal, a Dinamarca. Trata-se do smørrebrød (o nome significa pão com manteiga e pronuncia-se “smorbrot”), uma iguaria surgida à época dos vikings dinamarqueses, originalmente bem simples, mas que, com o passar do tempo, ganhou versões mais elaboradas, como as servidas por Simon, e a partir dos anos 20 do século passado tornou-se o prato nacional da Dinamarca. O smørrebrød é preparado com pão preto de centeio e sementes ou pão branco de farinha de trigo 00, ambos produzidos artesanalmente, com uso de fermentação natural. Primeiro, o pão recebe uma generosa camada de manteiga e em seguida os ingredientes, que resultam em combinações inusitadas como a do boeuf tartar com a guariroba, decorada com caviar e alcaparras e finalizada com flor de sal e pimenta do reino. As diferentes versões do sanduíche, com preços entre R$ 15 e R$ 30, mesclam ingredientes nórdicos e brasileiros. Experimentamos três versões. Começamos pelo smørrebrød de abacate, cerefólio (parente da salsinha), cebola roxa e couve marinada em limão siciliano; seguimos
Fotos: Kristine Cardoso
com o gravad lax (o mais famoso, feito com salmão marinado por 48 horas no açúcar mascavo, sal, erva doce, anis estrelado, kümmel, pimenta do reino e dill, servido no pão branco com molho de mostarda e dill); e finalizamos com o mais delicioso de todos – o de rosbife, guariroba, molho remoulade (à base de maionese) e cebola frita crocante. Tudo isso precedido por uma entradinha de comer rezando: o mini fikadeller de porco, visualmente semelhante a uma almôndega, porém muito mais saboroso, macio e suculento. As sobremesas são um capítulo à parte. Servida num potinho, a mousse de chocolate belga Amma 85% leva açúcar de
baunilha do cerrado, creme de leite e ovos caipiras. A torta de pão preto tem a companhia de morangos (ou outra fruta da estação) e chantilly. Pra fechar com chave de ouro, um café especial, produzido pela Fazenda Jatobá, de Patrocínio (MG), acompanhado de rosquinhas que, ao serem assadas, ao longo da tarde, espalham um aroma intenso de canela e cardamomo. Batizado de Simon Lau Smørrebrød, o novo espaço funciona aos sábados e domingos, das 12 às 17 horas, e tem capacidade para apenas 50 pessoas. Mas quem não conseguir uma mesa pode comprar os sanduíches e fazer um piquenique no jardim, debaixo dos caramanchões espa-
lhados à beira de um laguinho rodeado por centenas de espécies de plantas. E, assim, curtir a exuberante natureza do local, sem dúvida uma feliz escolha de Simon. “A Casa de Chá tem um charme irresistível. É rústica como uma fazenda de Goiás e ao mesmo tempo elegante em seu modernismo”, derrete-se o chef. O Aquavit, que deve ser reinaugurado até o final do mês, funcionará nas noites de quarta, quinta e sexta-feira. Simon Lau Smørrebrød
Jardim Botânico de Brasília – SMDB, Área Especial, Lago Sul (3366.4686) Sábado e domingo, das 12 às 17h. Mais informações: www.simonlau.com.br.
Direção e Dramaturgia Alexandre Fávero
Sombristas Thiago Bresani e Soledad Garcia
Segunda-feira 12/out às 18h Terça-feira 13/out às 20h CAIXA Cultural Brasília Teatro da CAIXA SBS Quadra 04 Lotes 3/4 Edifício Anexo à Matriz da CAIXA 61 3206-9448 | 3206-6456
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Riccardo Bucchino
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Altas comidas Em São Paulo, 29ª loja Eataly confirma conceito do projeto nascido há oito anos em Turim: reunir num só lugar alta qualidade em culinária italiana. POR MARIA TERESA FERNANDES
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ão foram poucos os amigos que visitaram Nova York recentemente e vieram contando a novidade que atrai hordas de brasileiros: o gigante Eataly, um lugar onde se pode comprar ingredientes, aprender a fazer e degustar a boa comida da Itália. Desde maio passado, entretanto, não é mais preciso incluir essa visita em roteiros nova-iorquinos, já que a pouco mais de mil quilômetros de Brasília funciona o Eataly Brasil, em São Paulo, com um conceito tão simples quanto o ovo de Colombo: reunir tudo de boa qualidade da gastronomia italiana sob o mesmo teto, “um lugar onde você pode comer, comprar e aprender”. Logo na entrada do prédio de três andares, com 4.500 m2, a grande placa já resume a história: alti cibi, ou seja, altas comidas. Na recepção do gigante, que
oferece mapas de localização para o visitante de primeira viagem, outro imenso cartaz filosofa: “a vida é muito curta para não se comer e beber bem”. Impossível discordar dos criadores do Eataly, fundado em 2004 e que só depois de três anos de pesquisa e planejamento teve sua primeira loja aberta em Turim, em janeiro de 2007. Ao longo dos três primeiros anos, seus donos criaram e compraram ações de empresas de alimentos e bebidas de alta qualidade e hoje têm ou são parceiros de mais de 19 produtores ou distribuidores de alimentos italianos, incluindo água, bebidas não alcoólicas, vinhos, carnes frescas, carnes curadas, queijos, massas, doces, assim como uma agência voltada ao turismo gastronômico. Essas empresas fornecem aproximadamente
25% dos produtos da mercearia, enquanto os outros 75% são fornecidos por mais de dois mil produtores. Das 29 lojas do Eataly no mundo, 15 estáo na Itália, como não poderia deixar de ser, nove no Japão, duas nos Estados Unidos, uma em Dubai, uma em Istambul e agora uma em São Paulo. A capital paulista foi escolhida para ser a primeira
Fotos: Divulgação
cidade a receber uma loja na América Latina pela simples razão de abrigar o maior número de italianos fora da Itália. Sem contar o apreço que os paulistas têm pela culinária italiana, capisce? É para eles – e para nós também, por que não? – que estão montados no Eataly 19 pontos de alimentação em meio a um mercado com mais de sete mil produtos italianos ou de produtores locais, que seguem as receitas tradicionais. No térreo, a La Piazza é inspirada em uma praça italiana, onde amigos e famílias se reúnem todos os dias para uma refeição rápida e um copo de vinho. É lá que ficam também o mercado, com suas barraquinhas coloridas de frutas, legumes, verduras, queijos, pães, doces, conservas, e um bazar de utensílios domésticos e até cosméticos. No primeiro andar, sete restaurantes dividem espaço com outra parte do mercado, a que inclui peixaria, massas, cervejas, vinhos, açougue e condimentos. Foi no Il Pesce que resolvi fazer minha primeira incursão gastronômica. Entre as opções de pratos do dia, fiquei com um filé de anchova (R$ 35) feito na frente dos fregueses por dois jovens chefs que cuidavam da fome de clientes distribuídos em cinco mesas na hora do almoço. Peixe fresquinho, bom acompanhamento, bom preço. É lá também que ficam a Pasticeria di Luca Montersino, com seus doces à moda italiana, e os restaurantes La Carne, La Pasta, La Pizza, La Rosticceria, Terraço e o Caffé Vergnano. O toque mais sofisticado do Eataly está no segundo andar, ocupado inteiramente pelo Brace Bar & Griglia, em ambiente clean e envidraçado. A especialidade da casa é o sabor defumado dado aos legumes, verduras, frutos do mar, carnes e frutas pela grande grelha que é a protagonista. Para os mais animados, há sempre cursos de gastronomia italiana e degustações. Em um deles, a chef Renata Reakneese vai ensinar como tornar os pratos itralianos mais saudáveis na oficina que realiza no dia 28 de outubro, intitulada Viva l’Itália Vegetariana. Em outro evento da agenda do Eataly, o chef Manuele Fanutza, dono do restaurante Letizia, na Sardenha, vai pilotar um jantar-degustação com delícias da típica gastronomia sarda. Nada mau. Apesar de os restaurantes do Eataly praticarem preços bem razoáveis quando
comparados aos dos bons restaurantes de Brasília, os produtos da mercearia, da peixaria e sobretudo do bazar assustam um pouco a quem busca qualidade aliada a preço justo, o tal do desgastado mas sempre citado custo/benefício. Só para se ter uma ideia, boas massas industrializadas italianas custam em média R$ 30 a embalagem com 300 gramas. As massas frescas da rosticeria são um pouco mais baratas, mas mesmo assim ainda ficam acima do que se costuma pagar por aqui. Outro exemplo pode ser encontrado na peixaria, onde um quilo de tilápia custa R$ 55,90 e um quilo de salmão R$ 73,09. Está exatamente nesse peque-
no detalhe dos preços um problema que os operadores do complexo italiano precisam corrigir. Afinal, foram eles mesmos que se propuseram a quebrar o paradigma de que comida de qualidade é para a boca de poucos. “Comer e comprar produtos de qualidade deve ser um direito de todos”, garantiram em seu conceito. E nós, sinceramente, esperamos que consigam chegar a esse ideal. Eataly
Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 1489, São Paulo.Horário de funcionamento: mercado, diariamente das 8 às 23h; restaurantes, diariamente em horários variados. Consultar em www.eataly.com.br ou pelo telefone (11)3279.3300.
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POR SÚSAN FARIA
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uem passa hoje pela comercial da 302 Norte não fica indiferente ao ver um portal todo alaranjado e o letreiro Chão de Estrelas. Tratase de um novo empreendimento gastronômico, com espaço para quase 400 pessoas. No restaurante e pizzaria, até 200 pessoas; no bar-teatro, 160. O forte da casa são as pizzas batizadas com nomes de estrelas da televisão brasileira, com poucos ingredientes e muito sabor, como a Abobrinha Paulo Betti (mussarela no tomate, lâminas de abobrinha e parmesão, por R$ 49,90 a grande, com oito fatias). A pizza que mais faz sucesso é a Nordestina Luiz Esteves, em homenagem ao apresentador da CE-TV, feita com queijo coalho e carne de sol (R$ 58,90). Tem também a Lisandra Souto, com mussarela, molho de tomate, camarão e gotas de azeite trufado da Itália (R$ 69,90). Igualmente deliciosa é a William Bonner, de mussarela, creme de leite, mortadela italiana e geleia de damasco (R$71,90). “Recentemente a Deborah Secco me pediu uma receita com camarão e azeite de trufas; então, estou sempre criando alguma coisa nova”, diz Francisco Francílio de Oliveira Gonçalves, o Maradona, pizzaiolo das estrelas do programa do Faustão e um dos sócios do Chão de Estrelas. Aos 17 anos, o cearense Maradona saiu de sua terra, Crateús, para tentar a vida no Rio de Janeiro. Começou na faxina, logo se tornou garçom, depois cozinheiro, pizzaiolo e, anos depois, empresário. Ganhou o apelido numa casa de shows no Rio, na década de 1990. “Já havia dois Oliveiras e um Gonçalves, aí
inventaram esse pra mim”, conta. No bar Plataforma, no Leblon, serviu a Tom Jobim, que tinha mesa cativa na casa. Em 2000, Maradona trabalhava em um bufê e fazia pontas em novelas e gravações externas na TV Globo quando foi chamado para substituir um garçom no Domingão do Faustão. O que era provisório se tornou definitivo. Maradona conheceu o italiano Mario Tacconi, responsável pelo quadro Pizza dos Famosos, com quem aprendeu as técnicas de uma boa pizza. “Sempre quis aprender e me desenvolver”, afirma Maradona, que se considera uma pessoa extrovertida, que gosta de lidar com o público e de honrar compromissos, entre eles o de ofertar pratos feitos somente com alimentos de excelente qualidade. Hoje, ele se desdobra para trabalhar aqui e em três Estados. Continua no Programa do Faustão, aos domingos, em São Paulo; no Rio, tem um bufê
Chão de Estrelas
302 Norte – Bloco D – Loja 3 (3045.0807). De domingo a 5ª feira, das 11 às 24h; 6ª e sábado, das 11 à 1h. Fotos: Fábio Setti
Pizzas dos astros da TV
e a Padaria Só Vitória; e há cinco anos fundou o Chão de Estrelas, em Fortaleza, junto com Alex Nogueira, cearense de Pacajus, humorista do Domingão do Faustão. Os dois se conheceram nos bastidores da Pizza dos Famosos. Deu tão certo o restaurante e pizzaria em Fortaleza que a casa chegou a Brasília e deve se expandir para outros Estados, com franquia aberta. Em Brasília, o Chão de Estrelas conta com um bar-teatro, no subsolo, para shows de música e stand-up comedy, onde são servidos petiscos e drinques. No almoço, a casa oferece bufê de segunda a sexta-feira por R$ 44,90 o quilo e nos fins de semana por R$ 54,90 o quilo. O ponto forte do almoço é a variedade de peixes e camarões. À noite, de domingo a domingo, as pizzas de Maradona são servidas no salão, ao lado do bufê de frios, antepastos, pães e foccacias. A carta de vinhos é extensa, com marcas do Brasil, Argentina, Chile, Portugal, França, Uruguai e África do Sul. Em breve, a casa, que tem um grande painel de Maradona com artistas da TV e cantores como Roberto Carlos e Ivete Sangalo, servirá café da manhã com o que há de melhor na culinária nordestina. Toda sexta e sábado, à noite, tem música ao vivo, estilo voz e violão. Os shows de humor são às quintas e sextas, a partir das 21h. Além dos comediantes, músicos se apresentam antes e depois dos shows. A mesa com quatro lugares custa R$ 200.
Saborosa e barata U
Medalhão ao molho de vinho do Porto, do Piacere.
Pancetta ao molho de mirtilo, do Trio Gastronomia. Fotos: Rafael Lobo - Zoltar Design
ma coisa é certa: em meio à crise, o consumidor fica naturalmente mais seletivo com seus gastos. Sair para comer fora é um dos prazeres que acabam sendo sacrificados por muitos brasileiros na tentativa de economizar em tempos difíceis. Mas visitar bons restaurantes pode sair mais em conta do que o esperado. Basta escolher pratos com ingredientes mais baratos, mas não menos nobres, como a carne suína. Saborosa, versátil, com baixos teores de colesterol, custa bem menos do que outras proteínas animais, seja nos restaurantes, seja nos supermercados. Além disso, é uma das queridinhas dos chefs. Tanto que, neste mês de outubro, será protagonista de um festival exclusivo para ela. Entre os dias 14 e 31, nada menos de 47 restaurantes e bares de Brasília vão oferecer pratos elaborados exclusivamente com cortes suínos por R$ 29,90, R$ 39,90 e R$ 49,90. As casas estarão participando do 7º Festival Sabor Suíno, realizado pela Associação de Criadores de Suínos do Distrito Federal (DFSuin) e pelo Sindicato dos Suinocultores (Sindisuínos). Segundo o presidente das duas entidades, Ivo Jacó de Souza, o objetivo é disseminar as qualidades da carne suína e incentivar seu consumo no DF. Além disso, o festival será uma boa oportunidade para o público conhecer diferentes cortes de suínos como filé mignon, picanha, alcatra e muitos outros, em preparações inusitadas. No restaurante Trio Gastronomia, o chef Emerson Mantovani vai servir pancetta ao molho de mirtilo com purê de feijão branco e farofa de couve manteiga na cachaça. O prato traduz a gastronomia autoral e contemporânea de Mantovani, que tem conquistado clientes fiéis na capital federal. Durante o Sabor Suíno, a porção individual vai custar apenas R$ 39,90. “A carne de porco é bastante saborosa, suculenta e macia, uma das mais consumidas no mundo. Há muitos anos vem ganhando espaço na mesa dos brasileiros, e acredito que o festival será uma boa oportunidade para os brasilienses degustarem essa carne tão saborosa”, afirma Emerson. Vale a pena provar também o prato oferecido no restaurante italiano Piacere. Por R$ 39,90 os clientes poderão saborear um medalhão suíno envolto em fina fatia de bacon, ao molho de vinho do Porto, acompanhado de risoto de limão siciliano. O Ticiana Werner Restaurante será outra boa opção. Pelos mesmos R$ 39,90 a casa vai servir picanha suína grelhada ao molho de vinho tinto, acompanhado de purê de batata baroa e sobremesa de brownie com ganache de chocolate e sorvete de creme. Na Galeteria Serrana, a costela suína marinada, com acompanhamento de arroz branco, farofa, maionese e salada verde, vai custar R$ 29,90 e servir duas pessoas. A refeição também será farta no Santana Restaurante, onde o porco na lata cozido e frito, com arroz branco, tutu de feijão, ovo frito e couve refogada, servirá também a duas pessoas por R$ 49,90. 7º Festival Sabor Suíno
De 14 a 31/10 em 47 bares e restaurantes. Relação completa e descrição dos pratos, com os respectivos preços, na página do festival no Facebook.
Costela suína marinada, da Galeteria Serrano.
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PICADINHO O dia inteiro
Alan Santos
Divulgação
Atum muito especial
Bacalhau na trattoria
Os 300 rótulos selecionados pelo chef Francisco Ansiliero para a Enoteca Dom Francisco, recentemente inaugurada no Pátio Brasil, são vendidos com 15% de desconto em relação aos preços praticados nos restaurantes da rede. “A localização central e a comodidade de ter uma gara gem coberta no shopping foram decisivas na escolha do local”, diz o proprietário do restaurante do Pátio Brasil, Kerley Horikawa (na foto com Ansiliero). Além dos vinhos, os clientes encontrarão também alguns destilados e acessórios, como taças e decanters. Os três rótulos comemorativos da grife Dom Francisco – Marqués de Tomares, Barbera d’Alba Sovrana e Barolo, os dois últimos do renomado produtor Beni di Batasiolo – estão à venda na nova enoteca, aberta de segunda a sábado, das 10 às 22h, e nos domingos e feriados, das 12 às 20h.
Thomas BF
Um atum tipo exportação, de coloração avermelhada intensa, textura mais rígida e sabor delicado, vindo do Nordeste, pode ser degustado a partir de agora em pratos à la carte e nos festivais de sushi e sashimi do Kojima (406 Sul, Bloco C, tel. 3443.0118, e Shopping Quê, Águas Claras, tel. 3436.2212), que pratica uma culinária baseada na cozinha japonesa tradicional, porém mesclada com as experiências vividas pelo chef Alexandre Faeirstein em suas viagens gastronômicas. Extremamente nutritivo, rico em proteínas e fonte de nutrientes como magnésio, potássio e ômega-3, o atum é o peixe mais utilizado na preparação do sushi no Japão (no Brasil é o salmão).
Quituart 25
Menu primavera Thomas BF
Isso mesmo. O bacalhau em posta com batatas ao murro e brócolis (R$ 65) é uma das novas estrelas do cardápio da Due Trattoria e Bruschetteria (209 Norte, Bloco D, tel. 3532.1018). “Estamos oferecendo pratos apreciados pelos italianos, mas não apenas os óbvios”, diz um dos proprietários, Raoni Castro, lembrando que, depois de Portugal, a Itália é o país que mais consome bacalhau. Outras novidades: o tagliatelle com sauté de filé mignon, tomate cereja e cogumelos (R$ 42), esse suculento filé mignon com cogumelos e abacaxi, acompanhado com risoto de grana padano (R$ 59),
A simpática feirinha de gastronomia do Lago Norte, quem diria, comemora este mês um quarto de século. Na agenda recheada de shows e promoções estão também aulas-show de chefs da cidade e da própria feirinha da QI 9, canteiro central. Entre os convidados estão Dudu Camargo (Grupo Dudu Camargo) e Gustavo Blasetti (Il Basílico), dia 20, Agenor Maria (Olivae) e Ana Paula Jacques (Slow Food do Cerrado), dia 21, Gil Guimarães (Baco e Parrilla Madrid) e José Luiz Paixão (BalcoNY), dia 22, e, finalmente, Francisco Ansiliero (Dom Francisco) e Lucilene Silva (Beit Kahama), dia 23. Mais informações: 3368.7139.
BSB Grill 17
Fabio Setti
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Enoteca Dom Francisco
o risoto de arroz carnaroli com mix de cogumelos frescos e ervas finas (R$ 38) e o nhoque ao sugo com fonduta de queijo brie (R$ 39).
Café da manhã, almoço executivo, lanche da tarde, drinques, espumantes e vinhos na happy hour. Foi assim, seguindo a tendência atual dos cafés e bistrôs parisienses, de funcionar do primeiro ao último horário do dia, que Fabiana Braga e Frederico Amorim configuraram seu Rapport Cafés Especiais e Bistrô (201 Sul, Bloco B, tel. 3322.0259). No café da manhã, pelo preço fixo de R$ 14,85 a casa oferece suco de laranja, cesta de pães, trouxinha de peito de peru, fatia de bolo do dia, geleia, manteiga e espresso (curto, longo, ristretto ou duplo, ao gosto do freguês). Em qualquer hora do dia, o café é servido em oito versões, todas acompanhadas de um shot de água com gás e petit four. O menu executivo, com duas opções diárias de prato principal, leva a assinatura da consultora Jozyanne Costacurta. Para o lanche, bolo e torta especial do dia, sanduíches, omeletes, tapiocas, bruschettas, saladas, sucos de frutas e bebidas sem lactose.
De entrada, bruschettas de tomate e manjericão ou salada de rúcula, manga, abacate e cebola roxa; prato principal, filé de pescada amarela grelhado, acompanhado de risoto à primavera, ou baby beef de Angus grelhado, acompanhado de mix de batatas assadas (foto); de sobremesa, torta chifon de chocolate e frutas vermelhas ou tartelete de frutas da estação. São essas as opções do menu especial de primavera do Dom Francisco do Pátio Brasil (tel. 3322.1071), servido apenas no jantar ao preço de R$ 59,90. A promoção vai até 25 de novembro.
Quem também aniversaria é uma das mais tradicionais casas de grelhados da cidade, fundada em 5 de outubro de 1998. Para comemorar 17 anos de existência, o BSB Grill (304 Norte, Bloco B, tel. 3326.0976, e 413 Sul, Bloco D, tel. 3346.0036) criou uma programação especial, com eventos, promoções e sorteios de brindes. Começou na noite de 2 de outubro, quando os sócios Issa Attie e Lúcio Bittar receberam os clientes na unidade da Asa Sul com um boi e um porco no rolete, além de outro porco assado à moda paraguaia. Já a festa de encerramento será no dia 31, desta vez no local onde tudo começou, na 304
Telmo Ximenes
Davi Fernandes
mercado brasileiro. Durante 18 dias, os restaurantes vão elaborar menus especiais e 55 operadoras de turismo vão oferecer viagens ao Peru a preços favorecidos. Brasília será representada pelo Taypá, do chef Marco Espinoza.
Para casais Essa só vale nos jantares de sábado. Pelo preço fixo de R$ 189, os casais que forem ao Parrilla Madrid (408 Sul, Bloco D, tel. 3443-0698) poderão degustar duas receitas criadas pelo chef Gil Guimarães, harmonizadas com uma garrafa do vinho tinto francês Pétit Mayne Olivier, de Bordeux, ou do espumante nacional 5 Cepas Bom, rosé brut, produzido em Santa Catarina. As duas receitas: bife de chorizo com molho de vinho e pimenta, servido com risoto milanês (foto), e filé de robalo com arroz integral de hortelã e salada de morangos picantes.
Norte. Serão servidos dois porcos à paraguaia, acompanhados de arroz, farofinha, feijão tropeiro e vinagrete, a R$ 30 por pessoa.
Sob nova direção
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Luiz Carlos, o Carlão, ex-gerente do Bar Brasília, acaba de assumir o comando do Paradiso Cine Bar (306 Sul, Bloco B, tel. 3526.8072). Sua primeira providência foi voltar a abrir no almoço, com um cardápio dividido entre pratos do dia, econômicos ou tamanho família. O prato da quinta-feira, por exemplo, é o tradicional picadinho (R$ 26,90) acompanhado de arroz branco, banana à milanesa, farofa de ovos e ovo poché. Entre os pratos econômicos, espetinhos de frango, filé mignon, picanha e salmão (foto abaixo), todos com três acompanhamentos e um molho e preços entre R$ 19,90 e R$ 24,90. Finalmente, os pratos tamanho família, para três pessoas ou mais, como o arroz de bacalhau (R$ 96,90), o linguado ao molho de ervas (R$ 84,90) e a picanha especial (R$ 99,90). A segunda providência foi estender para qualquer dia da semana e qualquer horário, até o final do mês, o preço promocional de R$ 8,90 das cervejas Budweiser (1.000ml), Corona, Original e Heineker (600ml) e de R$ 9,90 da Estrella Galicia Premium Lager (600ml).
Petiscos históricos Reza a lenda que, na Ribeirão Preto de meados dos anos 30, um bar recém-inaugurado no térreo do imponente Edifício Diederichsen foi ligado a uma fábrica da Antárctica, a algumas quadras de distância, por uma espécie de “chopeduto”, e esse vínculo jamais se desfez. Verdade ou não, o certo é que a hoje famosa
Vinte e seis restaurantes peruanos de 15 Estados vão participar, de 22 de outubro a 8 de novembro, da terceira edição da Peru Week, a mais importante campanha promocional do turismo e da gastronomia daquele país no
Se o conteúdo for tão bom quanto bela é a embalagem, o sucesso da Authoral estará garantido. Primeira cachaça premium do país produzida – em Brasília – pelo sistema home distilling (destilaria caseira, em tradução livre), ela é resultado de 20 anos de vivência do advogado e empresário Eduardo Moreth entre mesas, cozinhas de restaurantes e salas de aulas do mundo inteiro. “Desenvolvi um processo único, que une as melhores técnicas de produção de vinhos, cervejas, azeites e destilados em um só produto. Esse conceito, apesar de simples, jamais havia sido experimentado anteriormente”, explica Moreth. Lançada no último dia 8, a Authoral foi avaliada com nota máxima pelo laboratório do Doutorado em Cachaça da Uiniversidade de São Paulo e ficou em primeiro lugar no concurso de blends do Instituto Cana Brasil. Até agora foram produzidas 5 mil garrafas, à venda em www.authoralcachaca.com.br.
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Cachaça Authoral Felipe Menezes
Os melhores peruanos
Choperia Pinguim segue fiel ao seu primeiro fornecedor de chope. No dia 29 de agosto de 2016 a Pinguim completará 80 anos, mas as comemorações já começaram, com o lançamento de um cardápio de petiscos históricos em suas cinco unidades, inclusive a de Brasília, aberta há pouco mais de seis meses no Espaço Gourmet do ParkShopping. De segunda a sexta-feira, das 17 às 20h, os clientes podem escolher entre a tulipinha de frango ao alho e óleo (R$ 14), a parma giana a palito (R$ 32), a moela de frango ao vinagrete (R$ 12), o camarão empanado da foto abaixo (R$ 28), porções de quibes (R$ 15) e bolinhos de queijo (R$ 17) e uma infinidade de outros tira-gostos. Para acompanhar, o mini chope e o tradicional Maracanã, na tulipa.
GARFADAS&GOLES
Na estrada da vida
LUIZ RECENA
lrecena@hotmail.com
O mês de outubro antecipa o aviso de mais um final de ano. No nosso caso de moradores do hemisfério sul é ainda pior, pois com a primavera, antecipando o verão, duas estações alegres, que fortalecem nossos espíritos. Mês de outubro infantil. Infanto-juvenil. De tantas lembranças. Nostálgico também, esse mês de outubro, cheio de datas. Mês de versinhos: “Oh! Que saudades eu tenho/ Da aurora da minha vida/ Da minha infância querida/ Que os anos não trazem mais”. No caso do colunista, uma aurora em beira de rio curtida. Ideia de espaço sem fim, de fronteiras, idiomas diferentes. Primícias. Um primeiro lambari, azulado e fujão, mas que propiciou a licença para uma frigideira velha, um fogareiro Jacaré e um óleo bem quente para que os próximos não fugissem mais: passaram a mergulhos imediatos de primeiro grau. Uma infância de guri: minhocas nas latas, pedras, paus, linhadas e caniços nas mãos. E bocas sujas, muito sujas. Não precisava juiz ou sentença: éramos mantidos a cem metros mínimos de distância de senhoras, viúvas e mais velhos em geral. Terríveis, arderíamos no mais quente dos infernos. A condenação, unânime, inclusive com nossa anuência, não tirou nossa felicidade. Gurizada macanuda! Quer dizer, beleza pura!
Farinhas da vida
Tempos mudam
Os lambaris continuaram preferidos e fartos, mas houve peixes maiores e a descoberta das farinhas melhorou o paladar. De trigo, de milho, de pão, enriqueceram o cardápio. A panela veio em seguida e com ela novos pratos, os ensopados. Sempre de peixes, agora com legumes e pirões.
A infância foi ficando. Nas mudanças de voz, nos pelos das mãos, na descoberta e apreço pelas cantoras espanholas e atrizes de cinema. Os sonhos eram sonhos mesmo. Cardápio variou e entraram maioneses e galinhadas. Penosas domésticas, na maioria. Outras recolhidas na calada das noites, ofertas de uma vizinhança gentil e que dormia cedo. Quando as faculdades chegaram, nas cidades grandes, os meninos do interior faziam até macarronada, arroz de carreteiro, ensopados variados em panelas de qualquer tipo. Do ferro à pressão, do forno aos espetos, era beleza pura a gurizada. Macanuda!
Agora brasas Se o carvão foi a pedra polida, o QSuco foi um avanço civilizatório, junto com a tolha de papelão e o copo de lata. E do peixe à costela. Unha com ela! Até hoje, quando o produto olha, pidão, é possível abandonar os últimos estágios civilizatórios do garfo e da faca e, mesmo no restaurante chiquezinho, “dar de mão no osso e limpá-lo no dente”... Assim se aprende e assim se faz. Se bater no peito e gritar, aí sim, abotoe a camisa nas costas do elemento e mande-o sem escalas para o hospício.
Agora brasas – 2 Dominado o segredo básico da costela, a chegada ao segundo grau mudou geografia, destino e cardápio. O convívio com os maiores produziu descobertas. A paletinha de cordeiro, de longe a melhor delas, mais difícil de assar, mais atenção requerida, mais prazer garantido. Primeiros goles: cerveja fresca, cachaça ruim, vinho com soda. Nenhum bateu nosso herói: QSuco!
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Crianças, distâncias “Guri, pra quem nasceu na beira do Rio Uruguai tu já foste longe. Vê se te aquieta!”. O comentário, longe de surpreender, serviu para enquadrar um pouco o exibido correspondente internacional. Comidas e receitas eram outras, cheias de novidades e palavras estrangeiras. No fundo pátio, encurtando a distância, o tempo, a memória, provocando o paladar e as lágrimas, ali estavam as duas, costela e paletinha de cordeiro, chorando no calor do carvão. Feliz Dia da Criança!
PÃO&VINHO
Constante Bota Nos últimos tempos, não sei dizer por quê, tenho tido uma preferência pelos vinhos italianos. Não é algo consciente, nem muito menos programado, simplesmente quando decido ir até a adega para escolher uma garrafa acabo sempre atraído por um rótulo da Bota. Quase sempre um toscano, mais ainda, quase sempre um Brunello. Os motivos podem ser os mais diversos: uma preferência intrínseca à minha pessoa (afinal, me casei duas vezes, a primeira com uma Trevisani e a segunda com uma Sartorelo); talvez porque tenho sempre ótimos exemplares de lá nas minhas adegas; muito pelo fato de que, coincidentemente ou não, nos últimos tempos as melhores ofertas que me têm aparecido para comprar nas importadoras que frequento têm sido bons Italianos; provavelmente porque o tipo de comida que costumo preparar em minha casa é na maioria das vezes constituído de massas e molhos que casam melhor com seus correlatos natais (a harmonizaçãoo por origem é sempre uma garantia); uma combinação de tudo isso, certamente. De qualquer forma, não me sinto compelido a fugir dessa sina, pois não é mais que plenamente agradável e compensatório tal destino. Assim, sob pena dos meus leitores sentirem falta de comentários de outras origens, mais uma vez estou aqui a trazer-lhes dois ótimos caldos carcamanos. Fica, todavia, a promessa de me esforçar para variar mais na próxima coluna. Sem mais delongas, pois, falemos de uma lenda do extremo sul italiano. Quem não experimentou ao longo de sua jornada vínica o tão famoso, especialmente entre nós, brasileiros, Duca de Salaparuta? Um vinho relativamente simples, vindo da Sicília e produzido da sua mais emblemática casta, a Nero D’avola.
ALEXANDRE FRANCO pao&vinho@agenciaalo.com.br
Até pouco tempo atrás, essa casta era usada básicamente em assemblages, com o intuito de aportar cor e corpo. É a uva tinta mais tradicional e importante da região, também conhecida como Calabrese, e responsável por alguns dos melhores tintos da Sicília, além de participar do corte do tradicional vinho Marsala. Com tantos vinhos de alta gama surgidos dessa casta nos últimos anos, o velho Duca ficou meio esquecido, mas fui buscar o top da vinícola, o Duca Enrico, da safra de 2002. Um vinho já bem envelhecido, com tons acastanhados, mas ainda com muita vida em boca, de acidez nítida, taninos macios, com palate austere e profundo. No nariz, é cheio de especiarias e chocolate. Ótimo vinho. E, claro, como não poderia deixar de ser, um ótimo rótulo de Brunello di Montalcino: um Patrizia Cencioni Solaria 2010. Seria novo, mas na vinificação modernista esse exemplar já vem no ponto mesmo com seus poucos cinco anos de idade. Sem dúvida um autêntico Brunello, da mais pura Sangiovese, mas aqui a vinificação em estilo moderno produz um vinho mais “redondo” do que a maioria dos Brunellos, especialmente levando-se em conta a pouca idade da garrafa. De cor rubi brilhante, com aromas de cerejas negras e frutas silvestres, com alguma amêndoa tostada. De boa estrutura, mas sem exageros, com final longo e macio. Um vinho ao mesmo tempo intenso e suave. Grande vinho. Ah, sim, para acompanhar? Claro que não poderia deixar de degustá-los com boas massas. O primeiro, o velho Duca, foi muito bem com um ravióli de brie e pêra com molho de pecorino. Para o segundo, o Brunello, uma massa com molho de tomates e calabresa defumada e um bom toque de pimenta. Tudo muito gostoso.
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DOIS ESPRESSOS E A CONTA
Quem quer o CPF? Dizer o número do Cadastro da Pessoa Física a cada refeição fora de casa se tornou um hábito incontestável entre os brasilienses. A estratégia do governo local, baseada em experiências de outros Estados, é fazer de nós todos fiscais da Fazenda, em troca de descontos em impostos cujas contas e porcentagens nunca estão totalmente claras. A articulação deu certo, nunca nos importamos tanto com notas fiscais como atualmente, mas pedir o CPF, às vezes, traz situações engraçadas. Em alguns estabelecimentos, uma placa ao lado da caixa registradora parece uma ameaça – informa que, se você não pedir a Nota Legal antes do caixa começar a atendê-lo, você dançou. Em outros, é você mesmo quem digita os números, num miniteclado sobressalente. Há ainda a possibilidade de imprimir um cartãozinho no site da Secretaria de Fazenda e apresentá-lo: um código de barras evita que você tenha que falar ou digitar o CPF. A maioria dos bares e restaurantes já pergunta se o cliente quer colocar os números na nota fiscal. Alguns são mais simpáticos, como a rede de lanchonetes que pede o seu CPF antes de emitir a nota e já traz a fatura com o número. Depois de pagar a conta, avisa que o CPF já foi lançado e pergunta se o cliente quer o recibo. Para quem não quer carregar mais papel na carteira – e eles vão se reproduzindo espantosamente ao longo da semana – é uma ótima opção. Chato, mesmo, é quando o restaurante demora a trazer o recibo. Até compreendo que inserir um CPF não é prioridade diante da quantidade de registros que um caixa tem que fazer no dia a dia de um local que serve comida e bebida.
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CLÁUDIO FERREIRA claudioferreira_64@hotmail.com
Mas em alguns lugares a nota com os dígitos pessoais impressos chega a demorar mais do que a própria comida. Como fazer quando se tem uma mesa cheia de contribuintes ávidos por acumular descontos no IPTU ou no IPVA? Normalmente sempre tem alguns tipos, como o “fominha”, que quer a Nota Legal todas as vezes; ou o oposto, o “tranquilo”, que cede sua vez diante da primeira insistência e acaba ficando prejudicado. Tem ainda a esposa que quase briga com o marido para que ele peça a nota, resguardando com fúria o patrimônio familiar. E aquele cidadão que demorou a fazer o cadastro e quer recuperar o tempo perdido, adotando uma estratégia de trator. Quando a mesma turma sai frequentemente, fica mais fácil. É só fazer um revezamento e confiar na memória alheia para que o benefício seja alternado. Se for aniversário de alguém, acho simpático que este seja o CPF da vez a ser lançado na nota. Ou se um amigo está em dificuldades financeiras temporárias e urgentes – como o desemprego, por exemplo – é solidário deixar que ele tenha o futuro desconto. Mas se a turma é grande e não vai se reunir mais, aí é melhor tirar no palitinho e deixar a sorte agir. Sim, porque não dá para começar uma inimizade por causa de um desconto no imposto do ano seguinte. E assim vamos repetindo indefinidamente o número do CPF. Tem gente que, mesmo assim, não decora os dígitos e tem que levar uma “cola” na carteira. Não é o caso das crianças: cada vez mais, vejo meninos e meninas de quatro ou cinco anos que, de tanto ouvirem o pai e a mãe repetirem a ladainha, já são capazes de dizer o CPF do adulto sem pestanejar. Sinal dos tempos.
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Daryan Dornelles
DIA&NOITE tiê “Palavras não bastam, não dá pra entender / E esse medo que cresce não para / É uma história que se complicou /Eu sei bem o porquê”. Assim começa a música A noite, tema da personagem Mari (feito por Bruna Marquezine) na novela global I love Paraisópolis. O sucesso faz parte do CD Esmeralda, o terceiro da cantora paulistana Tiê, que se apresenta na Caixa Cultural de 16 a 18 de outubro. Produzido por Adriano Cintra e Jesse Harris, o disco com 12 faixas foi gravado em São Paulo e Nova York e conta com parcerias como David Byrne e Guilherme Arantes. No show em Brasília, a cantora estará acompanhada de André Whoong (teclado, guitarra e violão), Magno Vito (baixo) e Gianni Dias (guitarra, violão). Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Bilheteria: 3206.6456.
Vincent Dargent
trioclássico
pianorusso
queridinhos
Schubert, Taneyev e Rachmaninof são os compositores de música clássica escolhidos pela pianista russa Anastasiya Evsina para o programa de seu recital do dia 28 de outubro no CTJ Hall (706/906 Sul) . Ela iniciou seus estudos de piano com quatro anos e graduou-se no Perm Music College, da Rússia, e na Gnessin Russian Academy of Music, com menção honrosa. Concluiu mestrado em piano solo no Conservatório Tchaikovsky, de Moscou, e em música de câmara na Academia Gnesin. Anastasiya venceu diversos concursos e, em 2006, recebeu a cndecoração do presidente da Federação da Rússia. Anastasiya cativa o público com maestria e talento extraordinários. Entrada franca.
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A coqueluche atual da molecada, que atende pelo nome de Minions, está chegando a Brasília para quatro apresentações no Teatro Unip, da 913 Sul. O espetáculo Uma aventura com os Minions vai trazer os divertidos e atrapalhados personagens, às voltas com o maior vilão da história, Gru, que recebe a visita de uma doce criança, Agnes, e vive uma grande mudança em sua vida. Com a ajuda dos bonequinhos azuis, Gru tenta recuperar o posto de maior vilão, cuidar das crianças e ainda enfrentar o grande El Macho. Com ingredientes que misturam aventura, ação e comédia, a adaptação em turnê pelo país será apresentada dias 17 e 18 de outubro, com sessões às 16 e às 18h. Ingressos a R$ 80 e R$ 40, à venda nas lojas Cia Toy.
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Cenék Pavlík, no violino, Marek Jerie, no violoncelo, e Ivan Klánský, no piano, formam o The Guarneri Trio Prague, da República Tcheca, que há 25 anos tem se destacado como um dos melhores trios clássicos da atualidade. Os músicos estarão se apresentando dia 16 de outubro no CTJ Hall (706/906 Sul), às 20h. No programa do concerto, peças de Beethoven, Brahms e Bloch. O trio apresenta-se regularmente em todos os continentes, em festivais de música e renomadas salas de concerto. A turnê brasileira é patrocinada pela Embaixada da Suíça e tem como proposta mostrar “a leveza notável com que os três músicos interagem nas apresentações, juntamente com o domínio completo do seu repertório que proporciona uma experiência de pureza e qualidade sonora inigualáveis ao público”. Entrada franca.
pianoamericano É a primeira vez que o pianista e compositor Roger Davidson vem a Brasília, mas há quatro anos ele esteve pela primeira vez no Brasil, onde gravou o CD A Journey to Rio, juntamente com músicos brasileiros. Ele transita bem entre a música de câmara e sinfônica, assim como realiza trabalhos para corais, samba, rumba, jazz e música para crianças. Sua estreia, em 2008, foi no Carnegie Hall, de Nova York, como pianista, na primeira apresentação de seu álbum Prece para a paz, com trio de jazz e orquestra. Rendeu-se à música brasileira pela Bossa Nova. A colaboração entre Stan Getz e João Gilberto deu início ao Brazilian Jazz, que Roger abraçou de imediato. Ele se apresenta no CTJ Hall (706/906 Sul), dia 23 de outubro, às 20 horas, com Marco Lobo, percussionista baiano que trabalha com grandes nomes da MPB. O espetáculo Volta ao mundo através da música será repleto de improviso, piano e percussão se fundindo em peça única.
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musicaldesuspense Alguma coisa está presente numa velha casa. Alguma coisa que ameaça um casal de irmãos já velhos, calejados pela vida. Alguma coisa, ou talvez a própria casa, vem cobrar o sangue, o cheiro e os segredos perdidos em seus cômodos. O espetáculo Resquícios, da companhia Fábrica e Teatro em Brasília, é puro suspense. Com direção de Rafael Soul, o musical concebido, criado e produzido totalmente por artistas de Brasília parte de três textos previamente escolhidos pela dramaturga Luana Proenca: Casa tomada, do argentino Júlio Cortázar, que traz o ambiente, a situação e o suspense; Putas asesinas, do chileno Roberto Bolanõrevela, que apresenta um dos segredos imprevisíveis da obra, e Amador ausente, da chilena Aquiles Ferrari III, que traça a ponte entre o passado e o presente, que caracteriza o tempo de passagem da peça. No Teatro Dulcina, dias 30 e 31 de outubro, às 21h, e 1° de novembro, às 20h. Ingressos a R$ 40 e R$ 20.
licençaprêmio
carmemparedes Luciana Melo
As cores, os tipos, os estereótipos, os temas e as hipérboles do cineasta espanhol Pedro Almodóvar ganham os palcos brasilienses em novembro. O ator e agora diretor Kael Studart coloca de pé um projeto acalentado há anos, o espetáculo Mata! Mata! Mata-me, amor!, que conta a história de Carmen Paredes, uma cantora underground da Asa Norte que fez muito sucesso nos anos 90. Hoje evangélica, sustenta um complicado caso secreto com Iran, um famoso pastor que esconde uma vida dupla. Mas é quando seu filho, Pedro Paredes, volta de uma longa viagem que o passado de Carmem vem confortá-la, enquanto o futuro do pastor Iran caminha para a condenação. O espetáculo será filmado, assim como os ensaios, para, no próximo ano, tornar-se um longa-metragem. No Instituto Cervantes (707/907 Sul), de 3 a 12 de novembro, com sessões de terça a quinta-feira. Classificação indicativa: 18 anos.
A edição de outubro do Teste de Audiência, da Caixa Cultural, será especial para Brasília. O projeto coloca na berlinda Licença prêmio, primeiro longametragem de Santiago Dellape, cineasta brasiliense conhecido por curtas premiados como Ratão. A produção é uma comédia de aventura que conta a história de um grupo de funcionários públicos que se descobre envolvido em uma trama de viagem no tempo, arquitetada pelo chefe da repartição. O filme é estrelado por Tonico Pereira, Edu Moraes, Bianca Müeller (foto) e Eucir de Souza, com participação de Dedé Santana. Depois da exibição do filme, ainda em fase de finalização, o público responde a um questionário dando sua opinião sobre a obra e participa de debate aberto com o diretor. Dia 27, a partir das 20h. Entrada franca, até a lotação do teatro.
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José de Holanda
Ele criou um instrumento, batizado de violão-tambor, com cinco cordas que ecoam diferentes timbres. Seu nome é Tiganá Santana, baiano de Salvador que se apresenta na Caixa Cultural de 29 de outubro a 1º de novembro. No repertório, músicas do seu terceiro CD, Tempo & magma, entoadas nos idiomas africanos kikongo, kimbundo, wolof e mandinka, bem como em português e inglês. O álbum duplo foi gravado no Senegal, através do Programa Petrobrás Cultural, e após residência artística promovida pela Unesco, na qual o artista se encontrou com os músicos que participam desse trabalho. As músicas foram executadas no violão-tambor criado por ele, aliado às sonoridades de instrumentos quase em extinção como n’goni, kirrin, cabaça e sabar, oriundos da África Ocidental, tocados por quatro músicos africanos vindos do Senegal, Guiné e Mali. De quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Ingressos a R$ 10 e R$ 5. Informações: 3206.9448.
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Esse é o nome da instalação de Rodrigo Franzão que está exposta até dia 24 de outubro na Marquis Gallery do National Arts Club, em Nova York, juntamente com nove obras de seu acervo. Paulistano e morador de Abadiânia, é o primeiro artista plástico brasileiro, em 117 anos, a expor na galeria onde Picasso, Goya e Andy Warhol apresentaram trabalhos inédito. Katharsis retrata a figura humana em sua condição orgânica. Buscando inspiração na relação que o indivíduo tem com o corpo, Franzão deixa aparente em primeiro plano os alicerces biológicos que formam o ser humano, propondo uma reflexão sobre nossas estruturas físicas. Em técnica mista sobre papel, as obras são costuradas com fio de cobre, para traçarem as estruturas internas do corpo humano. O curador Robert Yahner conta que impressionou-se com a qualidade das obras e com a lucidez com que o artista mistura os materiais. Quem estiver na cidade que nunca dorme nesse período pode visitar a exposição, em Gramercy Park S. De segunda a sexta, das 10 às 17h, com entrada franca.
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surrealismo A arte iluminadora de Rones Dumke é o nome da mostra em cartaz na Câmara dos Deputados até 27 de outubro. São 28 obras, entre colagens, gravuras e técnicas mistas, influenciadas pelo dadaísmo, pelo simbolismo e pelo construtivismo. O artista plástico trabalha também com o figurativo e com o surrealismo clássico. Autodidata, aprendeu os primeiros ensinamentos das artes plásticas com o pai, mas depois frequentou o ateliê de Carlos Scliar. Destacou-se na geração de jovens artistas que renovou a pintura paranaense na década de 1970, e que inclui nomes como Carlos Eduardo Zimmermann, Rubens Esmanhot to, Osmar Chromiec e Bia Wouk. Na galeria de arte do 10º andar do Anexo IV, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas, com entrada franca.
dopopularaoerudito Até 31 de outubro, o trabalho de Péricles Rocha estará no foyer do Plenário da Câmara Legislativa. São 26 telas que marcam os 40 anos de carreira do artista plástico cuja inspiração vem da cultura popular e dos ritmos nordestinos. Péricles começou a pintar com oito anos na beira do Rio Parnaíba, na cidade de Benedito Leite, Maranhão. Inebriado pelas cores de tons quentes como o clima equatorial, ele compõe telas barrocas, usando tonalidade ocre e terra nas suas criações. “São cores que eu trouxe do sertão. O ocre, o bege, o marrom das roupas dos vaqueiros, da nossa cultura sertaneja, são tons que trouxe para misturar”, explica. O sincretismo religioso transparece nas imagens sacralizadas, evocando os anjos da igreja católica, cálices e espadas justiceiras. A mostra Do popular ao erudito tem entrada franca.
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katharsis
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Por muito tempo, a gravura e as técnicas correlatas para produzir obras que gravitavam em torno da linha e de tramas de tecidos foram a essência da arte de Helena Lopes. Impossibilitada fisicamente de fazer alguns movimentos das mãos e do pescoço, ela descobriu que conseguia segurar um pincel e começou a pintar. Seu esforço resultou em uma série de obras, agora expostas na mostra Desejo de potência, em cartaz na Galeria de Arte do CTJ Hall (706/906 Sul) até 30 de outubro. São 28 trabalhos inéditos – 14 pinturas em acrílico sobre tela e 14 gravuras – que abordam os desafios decorrentes da impossibilidade de realizar alguns movimentos com as mãos. De acordo com a curadora Graça Ramos, no princípio a artista se esforçou para estruturar com a régua e o lápis formas geométricas, o que resultou em pinturas controladas. A energia das cores – vermelho, laranja e amarelo – se sobrepôs e movimentos nasceram orgânicos, ainda ancorados no geométrico, como se ela reivindicasse a solidez disforme de quadrados e retângulos. No corpo a corpo com as tintas, continua a curadora, “a liberdade fluída se impôs, estruturas se dissolveram e as superfícies em azul e verde passaram a revelar emaranhados de sentidos incontroláveis ou tentativas de registrar imagens do caos”. De segunda a sexta, das 9 às 21h, e sábados, das 9 às 12h. Entrada franca.
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DIA&NOITE
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sentidosdonascer Não só as mulheres, mas também os homens poderão experimentar as sensações de uma mulher grávida. Idealizado pela pediatra Sônia Lansky e pelo professor Bernardo Jefferson de Oliveira, ambos mineiros, o projeto possibilita que os visitantes vejam sua barriga crescer por meio de uma tela de realidade virtual. Em seguida, passam por uma espécie de farmácia onde diversos itens lhes são oferecidos, incluindo alguns produtos estranhos, como, por exemplo, uma burca para amamentação. Na etapa seguinte, recebem diversas opiniões de todos que sempre querem dar palpites para as futuras mamães. Ao final, o público tem uma espécie de renascimento ao passar pelo colo do útero, como se fosse um bebê vindo ao mundo. A mostra Sentidos do nascer tem o objetivo de incentivar o parto normal. Na Praça Central de Ceilândia, até 24 de outubro, no Conjunto Nacional, de 30 de outubro a 25 de novembro, e finalmente no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, de 1º a 5 de dezembro, dentro da programação da 15ª Conferência Nacional de Saúde. Entrada é franca.
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codinomebeija-flor Um jovem ex-aluno do CIEM e da Universidade de Brasília ingressou na luta armada clandestina, transformando-se num guerrilheiro proscrito. Descendente de família tradicional nordestina, participou, durante 15 anos, de ações espetaculares e perigosas de enfrentamento à repressão. A partir da anistia política, viveu atormentado pelos codinomes e nomes falsos de batismo como guerrilheiro. Essa é a essência do livro Codinome Beija-Flor, do jornalista Aylê-Salassié, que será lançado dia 7 de novembro, em jantar no Cota Mil, e posteriormente no Carpe Diem da 104 Sul e na livraria Saraiva. Ex-professor da Universidade de Brasília e da Universidade Católica, o autor acaba de ter publicada na Alemanha a segunda edição do seu livro Americanidade, sobre a integração da América Latina (a primeira foi produzida pelo Senado). Em 2014, o jornalista lançou na Feira Nacional do Livro, em Brasília, Rupturas, que trata da cultura dos novas gerações. Codinome Beija-flor é uma publicação da Editora Otimismo, tem 350 páginas e vai custar R$ 35.
verciência dosedupla Paula Ragucci
Gabriela Doti nasceu no Uruguai e cresceu ouvindo candombe, o ritmo africano que faz parte da cultura uruguaia. Ouvia também a cumbia colombiana, o som de Carlos Gardel e Mercedes Sosa. Ainda menina, mudou-se para o sul do Brasil e se encantou com as canções de Elis Regina, Rita Lee e Milton Nascimento. O resultado de toda essa influência musical pode ser conferido dia 23 de outubro, às 20h, no show de lançamento dos discos autorais e inéditos Aguas del Tiempo e La Niña en la Pantalla. Ela será acompanhada por Paulo André Tavares e Oswaldo Amorim, os diretores musicais, e também por Serge Frasunkiewicz (piano e teclados), Rodrigo Bezerra (biolão e huitarra), Misael Barros (bateria), Léo Barbosa (percussão), Bruno Medina (saxofone), Moisés Alves (trompete e flugelhorn) e Ted Falcon (violino e bandolim). Na Caixa Cultural, com ingressos a R$ 20 e R$ 10. Mais informações: 3206.9448.
Thiago Sabino
Luz, ciência e vida. Esse é o tema da 21ª Mostra Internacional de Ciência na TV, a VerCiência 2015, com exibição de produções de emissoras de todas as partes do mundo que promovem a cultura científica e buscam espertar o interesse do grande público pela área. Nesta edição, que acontece entre 19 e 25 de outubro, as exibições acontecem no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, na Casa de Cultura da América Latina, no Planetário de Brasília, na Divisão Regional de Cultura do Gama e em unidades da Regional de Ensino do Gama e Recanto das Emas, todas com entrada franca. A sessão Luz, ciência e vida encabeça a mostra e está associada à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que celebra o Ano Internacional da Luz, declarado pela ONU e pela Unesco. A programação completa, com a grade horária das sessões e sinopses dos títulos em exibição, está em verciencia.com.br/mostras/brasilia.
pipocandopoesia Está de volta, a partir de 12 de outubro, o projeto que reúne poetas brasileiros e pipoca, nos jardins do CCBB. Realizado desde 2008, o Pipocando poesia é um sarau itinerante, interativo e performático que este ano sugere a troca de um verso por um saquinho de pipocas, bem no Dia das Crianças, a partir das 16h30, com participação dos pipoqueiros-poetas e da palhaça Matusquella. Em novembro, os poetas escalados para o projeto da atriz e poeta Manuela Castelo Branco são Fabrício Carpinejar, dia 14, Vinicius Borba, dia 15, Noélia Ribeiro, dia 21, e Luis Turiba, dia 22. Às 16h30, com entrada franca.
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Emília Silberstein
QUEESPETÁCULO
A música do século das luzes POR JÚLIA VIEGAS
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e a um musicista fosse dado o direito de escolher que período da história gostaria de visitar, é quase certo que, em sua grande maioria, a resposta seria: Século XVII. Afinal, foi nos anos 1600 e tantos que viveram e trabalharam alguns dos maiores nomes da música de todos os tempos. A lista é fértil em talentos. Senão vejamos: Mozart, Bach, Vivaldi, Beethoven... praticamente cada reino europeu produziu o seu mestre no período (talvez a mesma época também fosse escolhida por um ator, se pensarmos em Shakespeare e Molière, por exemplo). No final de semana de 20 a 22 de outubro, a Caixa Cultural vai apresentar um espetáculo que promove uma incursão na música desse período do passado. É Settecento: uma viagem ao barroco, concerto que leva para o palco o trabalho do grupo brasiliense Estúdio Barroco, formado por um time de músicos de primeira. As
apresentações vão ser sempre às 20 horas. Como o próprio nome indica, este é um dos momentos da história musical do Ocidente mais executados pela companhia Estúdio Barroco (dedicada ao estilo que varreu as artes entre os séculos XVI e XVIII). Recentemente, em 2014, a companhia interpretou o madrigal Barca di Venetia per Padova, do italiano Adriano Banchieri (1568-1634), numa proposta muito bem sucedida de casar o antigo e o contemporâneo, com direção artística dos celebrados Adriano e Fernando Guimarães. Em Settecento: uma viagem ao barroco, os músicos André Vidal (canto), Sueli Helena de Miranda (flauta doce), Cecília Aprigliano (viola da gamba) e Ana Cecília Tavares (cravo) visitam a obra de compositores que atuaram no chamado “século das luzes”. Johan Sebastian Bach, Wolfgang Amadeus Mozart, Antonio Vivaldi, Georg Friedrich Händel e Ludwig van Beethoven são mestres que fizeram desse também o “século da música”. Um tempo que, além de composições sem
precedentes na história, foi marcado por uma grande agitação científica, intelectual e social que viria a desembocar na guilhotina da Revolução Francesa. Mas essa é outra história. Por enquanto, vamos ficando no Século XVII (ou nos Settecento), nos deliciando com cantatas e suítes de Vivaldi (1678-1741), do alemão Georg Phillipp Telemann (1681-1767) e do genial J.S. Bach (1685-1750); sonatas, suítes e outras peças dos célebres Marin Marais (1656-1728), compositor e gambista francês vivido pelo ator Gerard Depardieu no filme Todas as manhãs do mundo, de 1991, Johann Joseph Fux (1660-1741), compositor e professor de música austríaco, e Giuseppe Sammartini (1695-1750), compositor italiano, oboísta virtuoso e um grande colaborador de Haydn. Settecento: uma viagem ao barroco
20 a 22/10, às 20h, no teatro da Caixa Cultural. Ingressos: R$20 e R$ 10 (à venda a partir de 17/10). Classificação indicativa: 12 anos. Mais informações: 3206.9448.
Luzes, sombras e sons POR VILANY KEHRLE
Fotos: Diego Bresani
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etade mulher, metade peixe, ela mora no fundo do rio, mas aparece sempre nos fins de tarde para atrair os homens com seu belo e irresistível canto e levá-los para a profundeza das águas. Por conta de sua magia, os poucos que conseguem voltar acabam ficando loucos. Diz a lenda que somente um ritual realizado por um pajé pode livrar o homem desse feitiço. Conhecida também como a “mãe das águas”, a Iara é um dos mais famosos mitos do folclore brasileiro. Essa lenda de origem indígena é o tema de Iara – O encanto das águas, montado pela Cia. Lumiato. Na peça, em cartaz dias 12 e 13 na Caixa Cultural e dia 27 no Teatro Mapati, um índio sonha com uma mulher sobrenatural. Ao acordar, vai ao encontro de um sábio pajé para buscar entender quais são os mistérios dessa mulher, descobrindo, assim, a história da sereia brasileira. Contada quase sem palavras, a narrativa ganha vida por meio do jogo de luzes e sombras e tendo a música composta por Mateus Ferrari como elemento central. A Cia. Lumiato nasceu em 2008, em Buenos Aires, pelas mãos do brasiliense Thiago Bresani e da portenha Soledad Garcia, que se conheceram durante um curso de teatro de bonecos e objetos da Universidade de San Martín. Em 2012, quando chegaram a Brasília, começaram a estudar e explorar a linguagem do teatro de sombras, arte muito antiga que teve origem na pré-história. O projeto Sobre Lendas e Sombras, apresentado naquele ano pela dupla para concorrer ao edital do Fundo de Apoio à Cultura, tinha o objetivo de realizar pesquisa e montagem de um espetáculo que utilizasse a linguagem do teatro de sombras. Contemplados com os recursos do FAC, Bresani e Soledad se aprofundaram na pesquisa sobre os conceitos do teatro de sombras, estética e dinâmica cinematográfica, e produziram então Iara – O encanto das águas. “Víamos poucos trabalhos dedicados aos mitos e lendas dos indígenas brasileiros. Nos identificamos
muito com essas histórias, e sabemos da importância de utilizar o teatro para contá- las”, afirma Bresani. Ele informa que Iara tem chegado a diferentes públicos de uma maneira bastante forte. “As crianças ficam fascinadas com a leitura do mito da sereia brasileira, acima de tudo com a linguagem. Acredito que, hoje em dia, com tantos estímulos tecnológicos que elas têm, assistir a um espetáculo feito quase de forma artesanal é algo supernovo e curioso. Já os adultos entram na história por meio do encantamento pela linguagem do teatro de sombras de suas lembranças”. Com direção, dramaturgia e cenografia do gaúcho Alexandre Fávero, maior referência brasileira no teatro de sombras
contemporâneo, o espetáculo tem acumulado importantes prêmios, como o Sesc do Teatro Candango, em 2014, e o Atina, da Argentina, no mesmo ano. Para Fávero, o teatro “é uma brincadeira que não mente, que deseja o ato imprudente da arte. Fica de olhos abertos, de tocaia, esperando alguém para arrastar ao desconhecido”. Com duração de 40 minutos, Iara – O encanto das águas promete enfeitiçar crianças e adultos. Iara – O encanto das águas
Dias 12/10, às 18h, e 13/10, às 20h, na Caixa Cultural (SBS, Quadra 4), e dia 27/10 no Teatro Mapati (707 Norte, Bloco K), dentro da programação do Festival de Teatro para a Infância de Brasília, sempre com entrada franca. Classificação indicativa: livre. Contato para as instituições que queiram participar: coordenação.df@gentearteira.com.
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VERSO&PROSA
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Cozinha e meditação
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ada mais atual, emergente e necessário do que os saberes milenares sobre a consciência do corpo. Nada mais próximo da mesa brasileira cotidiana ideal do que as técnicas de seleção e preparo de alimentos desenvolvidas no extremo oriente, na longínqua China. Sem barreiras de tempo nem de espaço. Estranho? Nem um pouco! Lendo ou ouvindo Sonia Hirsch, esses conceitos parecem tão simples, óbvios e naturais quanto preparar um feijão de caldo grosso como faziam nossas avós, cantarolando, observando os temperos emanarem lentamente suas essências e aguardando pacientemente o fogo agir e o borbulho adensar a mistura. Elas não sabiam, mas isso é meditação, prática tradicional de fortalecimento e pacificação da mente. “São muitas as formas de meditação. Cozinhar é uma delas. Uma, porque leva tempo, exige paciência e entrega. Duas, porque se você não põe a mente no que está fazendo pode queimar a comida, salgar demais, errar a receita e cometer toda sorte de erros e distrações que acabariam em sabe Deus que tragédias! Três, por-
que enquanto você faz não pensa, não julga, apenas observa”, diz Sonia. É disso e de muitas outras artes e ciências milenares que ela vai falar no curso Meditando na cozinha tradicional chinesa, no auditório da Aliança Francesa, de 21 a 24 de outubro. “Será uma viagem através do conhecimento milenar chinês sobre o universo e a natureza do ser humano, no lugar mais adorável da civilização: a cozinha”, define a pesquisadora e escritora carioca que há mais de 30 anos dedica-se a conhecer e a promover a intrínseca relação entre alimentação e saúde. Baseado no livro Manual do herói, o curso vai tratar das qualidades materiais e imateriais dos alimentos, com sua capacidade de interferir no equilíbrio do corpo, da mente e das emoções; das cores e sabores; dos tamanhos, texturas, formatos e movimentos. Tudo isso conduzido para conciliar prazer e bem-estar no dia a dia. Sonia Hirsch abraçou a pauta de alimentação e saúde nos anos 80, quando publicou seus primeiros livros, entre eles os best-sellers Sem açúcar com afeto e Deixa sair. Explorou a conexão dos alimentos com a saúde da mulher no livro Só para mulheres e a relação entre comida, alergias, parasitas e câncer em A dieta do dr. Barcellos contra o câncer e todas as alergias e Almanaque de bichos que dão em gente. O Manual do herói é adotado por escolas de acupuntura e shiatsu em todo o país como um facilitador da compreensão do pensamento prático e filosófico das artes de cura tradicionais chinesas. “Com o tempo, meu trabalho tomou um viés mais de transmissão oral de conhecimento do que de escrita. Gosto de ir ao encontro dos meus leitores, muitos deles me acompanham há mais de 30 anos”. Boa parte desses seguidores fiéis está em Brasília, cidade que Sonia Hirsch conhece desde os tempos do barro e poeira – quando visitava a irmã e o cunhado “pioneiros” – e à qual se afeiçoou desde a década de 80, quando passou uma temporada por aqui trabalhando com a cineasta Tania Quaresma. Daí vieram cursos, palestras, lançamentos e amizades que hoje a deixam muito à vontade. “Frequento ca-
sas, conheço um pouco o cotidiano brasiliense e gosto dele”. Entre os amigos brasilienses está a fisioterapeuta e acupunturista Susana Ayres, parceira de crenças e pesquisas há mais de uma década e que participa do curso de Sonia com uma aula especial sobre distúrbios e desconfortos abdominais ligados à alimentação. Chegando no olho do furacão, onde a palavra “crise” permeia todo e qualquer assunto, Sonia Hirsch não se intimida em proclamar uma polêmica bandeira: a saúde não é dever do Estado, é dever de cada um. A obrigação do Estado é oferecer educação, para que cada indivíduo seja capaz de cuidar da própria saúde, e tratamento médico, caso ele venha a precisar. “A pessoa enfrenta tudo melhor se tiver saúde. É o que todos desejamos constantemente. Como a alimentação tem um papel essencial na manutenção da saúde, tudo o que puder ser melhor vai ajudar. Por exemplo, diminuir a quantidade de doces, abolir refrigerantes, reduzir cafezinhos, beber água ou chá entre as refeições, comer uma maçã no meio da tarde, entre as refeições, mastigar o suficiente para ensalivar bem a comida, não tomar líquidos às refeições, a menos que seja um pouco de caldo ou chá ou água quentes, evitar alimentos gelados e micro-ondas”, ensina.
Meditando na cozinha tradicional chinesa 21/10, às 18h30 – Palestra inicial, com entrada franca. De 22 a 24/10 – Curso em três etapas (R$ 400). Local: auditório da Aliança Francesa (708/907 Sul, Lote A). Inscrições pelo site www.correcotia.com/brasilia.
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GALERIADEARTE
Óleos sobre tela, ambos sem título, da série Quando a seca entra, de 2015.
A poética do matuto POR ALEXANDRE MARINO
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s figuras humanas que povoam a obra do artista plástico Fabio Baroli são aquelas com quem nos defrontamos diariamente em nosso cotidiano de pobres mortais. Pessoas comuns, que têm um pouco de bonitas e às vezes muito de feias, corpos imperfeitos, às vezes à beira do grotesco, às vezes de uma beleza irrelevante, quase sempre longe das formas idealizadas das capas de revista ou das poses sempre distantes do real. E o erotismo é o elemento que dá luz e vida a esses personagens. O Centro Cultural Banco do Brasil recebe entre 28 de outubro e 21 de dezembro a exposição Deitei para repousar e ele mexeu comigo – Pinturas de Fabio Baroli, uma seleção de suas impactantes pinturas. O título incomum para uma mostra de artes plásticas é coerente com o conteúdo de seu trabalho e especialmente dessa exposição, focada no conceito de “antropomatutologia”, expressão criada por Baroli para designar seus estudos sobre os tipos humanos do interior do país. Fabio Baroli é um jovem artista com um currículo respeitável. Aos 34 anos, ele possui obras nos acervos de instituições como o Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, Brazil Golden Arts Investiments (BGA) de São Paulo, Museu Nacional de Brasília, além de coleções particulares do Brasil e no exterior. Fez exposições individuais em
São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Campo Grande, entre outras cidades, e participou de coletivas em várias capitais. Com curadoria da pesquisadora, arte-educadora e crítica de arte Renata Azambuja, a exposição reúne obras de várias séries produzidas por Baroli, incluindo duas séries sobre as quais ele prefere não falar, já que são inéditas e mais experimentais. As outras três são compostas por obras que pertencem ao próprio artista ou a coleções particulares. O universo de Baroli é o interior brasileiro, seu ambiente e seus tipos, mas não se identifica com regionalismos ou ruralismos. Baroli se apropria de termos, linguajares, imagens comuns, trocadilhos, e faz uma narrativa visual desses temas. Entre as figuras humanas que retrata estão amigos, parentes, pessoas comuns com quem cruza na cidade, em ambientes como casas simples, feiras, a rua, em cenas íntimas, urbanas, rurais, domésticas. Lugares onde a vida acontece. “Eu mesmo devagar me descobri como um matuto”, conta o artista, nascido em Uberaba (MG) em 1981. De lá ele saiu para estudar Artes Plásticas no Instituto de Artes da UnB. Em 2010, mudouse de Brasília para o Rio de Janeiro, onde pretendia viver, mas descobriu que sua memória se voltava cada vez mais para o interior do país. “Decidi voltar para Uberaba, para ficar perto da matéria que alimentava meu trabalho”, conta. E é lá que vive há três anos.
Baroli reconhece que a volta às raízes deu mais qualidade a seu trabalho. Foi assim que criou o conceito de antropomatutologia, a partir do qual se apropria das imagens do cotidiano para criar. “Minha obra se apoia no tripé pintura, como linguagem, apropriação, como método, e erotismo, como tema”, explica. Ele observa que o erotismo não significa, necessariamente, corpos desnudos, mas uma postura espiritual que leva o indivíduo a burlar um cotidiano opressor. Fabio Baroli volta a Brasília com um trabalho consolidado e reconhecido, desenvolvido a partir de suas pesquisas de linguagem artística e ambientes humanos. É uma situação diferente de algumas que aqui viveu há pouco menos de dez anos, quando, ainda estudante da UnB, provocou polêmicas na cidade. Em 2006, ele coloriu de rosa a Catedral de Brasília, com o uso de um sistema de iluminação, no dia nacional do orgulho gay. E em 2007 construiu no campus da UnB a escultura Telúrico, um obelisco de três metros de altura que provocou polêmica por seu aspecto fálico, e terminou derrubado por algum vândalo. Para Baroli, esses fatos nada mais são do que partes de sua trajetória. Deitei para repousar e ele mexeu comigo – Pinturas de Fabio Baroli
De 28/10 a 21/12, de quarta a segunda-feira, das 9h às 21h, no CCBB (SCES, Trecho 2), com entrada franca. Classificação indicativa: livre. Mais informações: 3108.7600.
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BRASILIENSEDECORAÇÃO
A cabeça do Cabeças POR VICENTE SÁ FOTO LÚCIA LEÃO
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uem viveu o final dos anos 70 e começo dos 80 em Brasília e passou pela 311 Sul numa tarde de domingo vai se lembrar com um sorriso daquela imensidão de jovens sentados no chão, conversando apoiados em suas bicicletas, lendo os poemas nos varais de poesia que se estendiam por grande parte do gramado ou simplesmente ouvindo os músicos e poetas da cidade nos animados Concertos Cabeças. Se tiver uma memória bem privilegiada, vai se lembrar de um jovem de barba negra e olhos azuis que, por trás do palco ou dentro da galeria Cabeças, andava apressado conversando com um e outro, coordenando aquelas tardes de calma anarquia artística.
São esses mesmos olhos azuis que sorriem para mim numa manhã de setembro de 2015. A barba agora já tem fios grisalhos, mas a alegria e a energia que o jovem coroa transmite são as mesmas. Esse ator que se tornou um agitador cultural na acepção máxima da palavra atende pelo nome de Néio Lúcio e chegou a Brasília, vindo do Rio de Janeiro, em 1959, aos seis anos de idade. “Eu me criei em uma Brasília livre e linda. Morava na 304 Sul e era só descer do prédio para encontrar os outros meninos e brincar de queimada, polícia e ladrão, carniça, garrafão, jogar bete ou futebol, sem nenhum receio. A cidade era da gente”, lembra, nostálgico. Dos pais, Néio herdou o amor pela música. O pai tocava piano de ouvido e a mãe era professora de música da Escola
Parque. Filho adotivo, tinha irmãos bem mais velhos que moravam fora do Brasil. Por isso, ao se tornar órfão aos 16 anos, ficou realmente sozinho no mundo. Assim, viu cortarem a luz de sua casa e escassear a comida da despensa. Abandonou o apartamento, parou de estudar no Colégio São Carlos e passou a viver na rua, lavando carros e fazendo biscates. Até que um dia descobriu o Colégio Pré-universitário, onde havia aulas de teatro. Encantado com aquele mundo, passou a frequentá-lo tão assiduamente que findou por estudar também as outras matérias e tornar-se monitor da turma de teatro – e, mais tarde, ator e professor. Como ator, trabalhou na montagem da peça O homem que enganou o diabo... e ainda pediu troco, que deu origem ao Teatro Galpão. “Lá funcionava um depósito
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da Novacap e foi negociada com o então Secretário de Educação e Cultura, Vladimir Murtinho, a montagem da peça do jornalista Luiz Gutemberg. E como o texto era puxado ao cordel, fez-se um cenário circense, com arquibancada e um tipo de picadeiro. A ideia é que aquilo ficasse como espaço de cultura para a cidade e com o tempo passasse por reformas, mas acabou que ficou daquele jeito mesmo. O cenário virou o teatro”, conta Néio. Algum tempo depois, ele montou um musical de sua autoria, Escreve escritor, escreve, com músicas de Oswaldo Montenegro, no mesmo teatro, que herdara o nome de sua antiga função: Galpão. Trabalhou também com Hugo Rodas em várias peças, inclusive a antológica Os saltimbancos, vencedora do Prêmio do Serviço Nacional do Teatro como melhor espetáculo infantil de 1977. E montou, inusitadamente, dentro da Catedral de Brasília, um trabalho com Iara Pietricovsky e Johanne Madsen sobre músicas do suíço-brasileiro Walter Smetak. Nesse ínterim passou a dar aulas de teatro no Colégio Cresça, mas o dinheiro das peças e das aulas não lhe proporcionava uma vida minimamente tranquila e ele então teve a ideia de alugar uma casa onde pudesse morar e trabalhar. Assim, com a ajuda de um empresário, alugou um espaço onde montou a Galeria Cabeças, onde passou a produzir encontros de artistas, músicos, poetas e pintores. “A coisa foi indo e pegou porque era algo que as pessoas queriam, que as pessoas esperavam que acontecesse. Eu fui o catalisador”, analisa. O certo é que pelos Concertos Cabeças passaram dezenas de artistas brasilienses: Cássia Eller, Mel da Terra, Renato Matos, poetas, pintores, grupos de teatro e muita gente feliz de assistir e voltar a conviver nas quadras. A ideia era tão boa que se espalhou por outros locais da cidade, rebatizada de Grande Circular. Primeiro foi para a Asa Norte, depois chegou ao Cruzeiro e Guará. Mas na 311 Sul, onde tudo começou, o público cresceu demais e passou a criar problemas para os moradores das quadras próximas, estacionando os carros sobre a grama ou na porta das garagens, e os concertos tiveram que ser transferidos para outros locais, até finalmente chegar à rampa acústica do Parque da Cidade, onde ficou até suas derradeiras apresentações, Néio foi, então, para a Secretaria de Cultura trabalhar com projetos comunitários e incentivar grupos que criavam e precisavam de apoio, tanto no Plano Piloto quando nas cidades-satélites. “Cheguei a produzir 36 eventos num único mês, mais de um por dia”, orgulha-se. Hoje, aposentado, ele está cuidado do Museu Virtual Cabeças, onde se encontram fotos, textos e vídeos dos espetáculos. Para quem quiser conhecer ou matar as saudades, o endereço é www.cabecas.org.
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LUZCÂMERAAÇÃO
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Godard e o cinema que pensa A mais completa retrospectiva do cineasta francês já realizada no Brasil será exibida simultaneamente em Brasília, Rio e São Paulo. POR SÉRGIO MORICONI
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m dos fundadores da Nouvelle Vague, movimento que revolucionou o cinema francês e mundial no final dos anos 50 e início dos 60 do século passado, Jean-Luc Godard acabaria por se tornar a alma do grupo de realizadores que colocou em cheque os códigos da arte cinematográfica então vigentes. A equação é mais ou menos a seguinte: se retiramos qualquer um dos companheiros do cineasta de origem suíça do que podemos chamar de “a escola modernista do cinema contemporâneo”, ela perde muito do que tem de mais essencial. Entre esses companheiros de geração franceses podemos citar nomes de peso como os de Eric Rohmer, Claude
Chabrol, François Truffaut, Louis Malle e Jacques Rivette. É claro que Alain Resnais, Chris Marker e mesmo Agnès Varda seriam exceções, já que estão, todos eles, muito próximos do estilo experimental-ensaístico de Godard. Mas não se pode retirar Jean-Luc Godard do grupo da Nouvelle Vague sem que o movimento perca a sua identidade, ou a forma como foi percebida por plateias ao redor do mundo. Godard está para a Nouvelle Vague assim como Glauber Rocha está para o nosso Cinema Novo. A Retrospectiva Jean-Luc Cinéma Godard trará a Brasília todos os longas, médias e curtas-metragens, além de séries de televisão, filmes publicitários e vídeo-cartas. Serão exibidos desde as primeiras expe- riências do diretor, ainda nos anos 1950, co-
mo Operátion Béton (1954) e Une femme coquette (1955), assim como a fase do Grupo Dziga Vertov, até seus filmes mais recentes, como Notre musique (2004), Film Socialisme (2010) e Adieu au langage (2014). É de fato o que mencionamos como “uma retrospectiva completa” da obra do cineasta. Trata-se, portanto, de uma chance incontornável para se entender os conceitos estéticos de alguém que jamais fez qualquer concessão à indústria cultural. Godard fez e faz filmes que acreditam na inteligência do espectador. Ele próprio define o cinema como “um pensamento que forma uma forma que pensa”. Não é nada fácil entender o cinema de Godard. Consciente disso, o curador da Retrospectiva Jean-Luc Cinéma Godard, Eugênio Puppo, vai proporcionar, du-
Pierrot le fou
Duas ou três coisas que eu sei dela Fotos: divulgação
rante a mostra, um curso (com o professor João Lanari, nos dias 5 e 6 de novembro) e um debate (no dia 14 de novembro, com Pablo Gonçalo, crítico e colaborador da revista Cinética, e com Alex Vidigal, especialista em artes visuais e mestre pela Universidade de Brasília). Outra novidade será a exibição de filmes raríssimos – trazidos pelo especialista inglês Michael Witt – como Salve a vida (quem puder) e Seis vezes dois, episódio deixado de lado pelo realizador, parte de uma série de 12 programas. Aparentemente, Godard permanece uma esfinge para plateias jovens, desacostumadas com obras ensaísticas, indiferentes à dramaturgia clássica. Não deixa de ser significativo o fato de há alguns anos uma revista francesa ter colocado Godard como uma das 400 personalidades mais influentes das artes do Século XX. Chauvinismo? Não é de forma nenhuma o caso. Dividida muito claramente em três períodos, a carreira de Godard é em si mesma ilustrativa e uma reafirmação de sua importância para o cinema que se imagina “futuro” – considerando inclusive a nossa contemporaneidade. Quando surge em 1959, com Acossado, sua motivação inicial era um sentido de liberdade absoluta da linguagem. O cinema passa a ser o tema mesmo dos seus filmes. Categorias como realismo, expressionismo ou quaisquer que sejam perdem o sentido. Godard é um modernista (pós-moderno?) brechtiano. Cultura erudita, subcultura, cultura de massa, HQs, todos num mesmo caldeirão, um monumento à desconstrução de paradigmas e ao distanciamento crítico. Seus filmes não tratam de enredos, mas de ideias. Semiologia e metalinguagem puras. O segundo movimento da carreira de Godard é uma consequência direta dos eventos de maio de 1968. A questão que o revolucionário francês se colocava era mais ou menos a seguinte: como pode um radical fazer um filme dentro do sistema de produção capitalista? Se seu cinema já era de difícil comunicação com o público, a partir de então todos os vasos comunicantes são cortados. Cinema não é mercadoria, ele diria, fazendo coro com pensadores marxistas, como Adorno. Godard se junta a Jean-Pierre Gorin e ao Grupo Dziga Vertov (o grande realizador russo que antecipou procedimentos metalinguísticos à linguagem do documentário), vai para as portas das fábricas e das universidades e assume
A chinesa
Viver a vida
a militância política. Nesse momento, seu cinema assume uma contradição difícil de resolver. Em seus filmes, a dialética da forma e do conteúdo atinge uma dimensão paradoxal. Para Godard, o “realismo” seria uma forma essencialmente burguesa. Godard quer fazer filmes como “ação política”. Para ele, as ideologias do “real”, do “natural” e mesmo da “verdade” devem ser destruídas. “Cinema não é como as coisas são e sim como as coisas verdadeiramente são”, afirma ele, num “oxímoro”
que define inteiramente sua persona de artista. Ele também não parece um cabotino quando diz, em sua obra JLG/JLG (Jean-Luc Godard por Jean-Luc Godard), que “se existe alguma verdade nos lábios dos poetas, eu sobreviverei”. É ver para crer, ou talvez, crer para ver. Retrospectiva Jean-Luc Cinéma Godard
De 21/10 a 30/11 no CCBB (SCES, Trecho 2), com ingressos a R$ 4 e R$ 2. Programação e sinopse dos filmes em www.bb.com.br/cultura. Mais informações: 3108.7600.
Adriana TMS
GRAVES&AGUDOS
Paisagens sonoras Músico brasiliense lança projeto solo com músicas tocadas em sintetizadores POR PEDRO BRANDT
U
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m dos argumentos usados para defender a superioridade dos discos de vinil perante outros suportes físicos para a música é o poder que a imagem impressa na capa exerce na imaginação das pessoas. Na memória afetiva do músico brasiliense Bruno Soares da Paixão, o disco Oxygene, de Jean Michel Jarre, ocupa lugar de prestígio. A capa misteriosa, com um crânio que se mescla a um globo terrestre, é tão sugestiva e instigante quanto os sons criados pelo instrumentista francês. “Meu pai trouxe o disco de Paris e ouvia direto. Não deu outra: fiquei vidrado”, lembra o brasiliense, 37 anos. O pequeno Bruno não sabia, mas aquele álbum lançado em 1976 teria uma importância definidora em sua vida. Nascia ali uma paixão pelas possibilidades sonoras dos sintetizadores. Algumas décadas depois, Bruno também se muniria desses peculiares instrumentos – entre novidades e peças de época, vintage mesmo, de fabricantes como as consagradas Moog e ARP – para fazer música eletrônica. “Não tenho um xodó. Mas o Wasp sempre é o mais charmoso deles, pelo design incomum e pela interface modular”, detalha o pai de mais de dez dessas “crianças”. Pilotando essas e outras traquitanas, como o sequenciador/programador de
sons e batidas Ableton, Bruno deu forma às criações presentes em seu primeiro álbum, Jeopardy. O disco – em vinil, obviamente – chega ao mundo sob o pseudônimo MYMK, num lançamento do selo Low Kick High Punch. O nom de guerre do projeto musical, Bruno explica, não guarda nenhum significado oculto, vem de uma fixação por consoantes coladas. “Quanto mais forte a junção, melhor”, afirma. Aliás, foi como Bruno Sres (corruptela de seu sobrenome) que o músico brasiliense ficou conhecido. Guitarrista e tecladista requisitado, ele tem no currículo shows realizados e discos gravados com as bandas Superquadra, Disco Alto, Pierrot Lunar e com o cantor Beto Só. As músicas de Jeopardy podem assustar o ouvinte desavisado. Engana-se quem espera algo como música eletrônica de pista, para dançar, ou as nuances new age de Jean Michel Jarre. As oito faixas do LP são “paisagens sonoras” que permitem tanto um diálogo com as experiências da música eletroacústica – inevitável não lembrar do disco Música eletrônica, lançado em 1975 pelo maestro Jorge Antunes – quanto trilhas sonoras de filmes futuristas e as sinfonias cacofônicas e aleatórias que surgem espontaneamente num passeio pelo centro das grandes cidades. Bruno cita o produtor inglês Darren J. Cunningham, o Actress, como referên-
cia absoluta. “Li um dia desses um termo excelente: ‘power ambient’! Chorei de rir. Mas era uma parada séria, em um artigo sobre Tim Hecker e Eric Holm, caras que curto bastante. Mas saco que o som do MYMK cai para um lado de IDM e ambiente abstrato, é inevitável”, explica o músico. Quem conhece os artistas do renomado selo britânico Warp também terá uma boa pista do que encontrar no disco. Se todo esse papo deixou o leitor curioso – por que não? – para saber como esse tipo de música é executada ao vivo, o show de lançamento do Jeopardy tem data marcada: em 17 de outubro, a partir das 19 horas, Bruno e sua parafernália estarão no Instituto Cervantes (707/907 Sul). Julia Oga, autora da arte do disco, cuidará da atmosfera visual da apresentação com projeções de vídeos. O acesso é livre.
Jeopardy
Primeiro álbum do projeto MYMK. Oito faixas. Lançamento Low Kick High Punch. R$ 70. À venda na Dom Pedro Discos (412 Norte). Ouça em soundcloud.com/mymk.
Ministério da Cultura apresenta Banco do Brasil apresenta e patrocina
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Realização
28 de outubro a 21 de dezembro, no Centro Cultural Banco do Brasil – Brasília Central de Atendimento BB 4004 0001 ou 0800 729 0001
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