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Ano XIV • nº 239 Maio de 2015
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Rafael Lobo / Zoltar Design
EMPOUCASPALAVRAS Está com boca pra quê? Um bom risoto de quinoa com nozes e brócolis ou um filé de peixe ao molho de maracujá e manga? Ou acha que seu paladar hoje está mais para um alentado filé mignon ao molho de tamarindo, farofa de castanhas e arroz aromatizado? Seja qual for sua preferência gastronômica, certamente ela estará incluída em um dos 86 menus dos restaurantes que participam da décima edição do Brasil Sabor. Até o final do mês, o festival promovido pela Abrasel, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, vai movimentar nossa cidade com uma fórmula já consagrada: prato principal mais entrada ou sobremesa por R$ 29, R$ 39 ou R$ 49. As receitas criadas pelos chefs para os potenciais 60 mil frequentadores dos restaurantes inscritos no festival têm em comum a utilização de ingredientes regionais provenientes de pequenos produtores rurais. E nos dias 30 e 31, baru, cagaita, buriti, jatobá e outras delícias do cerrado estarão reinando soberanas na Feira Gastronômica Brasil Sabor, no Parque da Cidade, para fechar com chave de ouro mais uma edição do festival (página 6). Mas há outras novidades na área gastronômica. Uma delas é a inauguração de um restaurante da franquia Red Lobster, a maior do mundo em matéria de lagosta e frutos do mar. Com capacidade para 174 pessoas, ele acaba de se instalar em 473m2 do Aeroporto Juscelino Kubitschek, por onde passam anualmente 18 milhões de pessoas. Um dos carros-chefes do cardápio é o Ultimate Feast, uma tenra cauda de lagosta grelhada e patas de caranguejo ao vapor combinadas com camarão grelhado ao molho scampi e camarão empanado. De salivar! (página 9). No mais, é conferir nossos destaques musicais, como o perfil do Sr. Plebe Rude, ou melhor, Philippe Seabra, produzido pelo jornalista Heitor Menezes. O sexto álbum de estúdio da Plebe, Nação daltônica, comprova que a verve do comentário político continua firme e forte: “As decisões que tomam por você/ E as opções que te deixam eleger / Seus horizontes esbarram na TV” (página 22). Boa comida, música e diversão contida em pílulas na seção Dia & Noite (página 18). O que mais é preciso pra ser feliz? Boa leitura e até junho. Maria Teresa Fernandes Editora
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Esse cuscuz de milho com camarão e crosta de baru, do Boteco, é um exemplo da criatividade dos chefs brasilienses que participam do Festival Brasil Sabor.
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ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14 – Conjunto 2 – Casa 7 – Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa André Sartorelli | Colaboradores Adriana Nasser, Alessandra Braz, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Ana Vilela, Beth Almeida, Cláudio Ferreira, Eduardo Oliveira, Elaina Daher, Heitor Menezes, Júlia Viegas, Luana Brasil, Lúcia Leão, Luís Turiba, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Melissa Luz, Pedro Brandt, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Vicente Sá, Vilany Kehrle | )RWRJUDÀD Eduardo Oliveira, Fabrízio Morelo, Gadelha Neto, Marx Farias, Sérgio Amaral, Zé Nobre | Para anunciar 9988.5360 Impressão (GLWRUD *UiÀFD ,SLUDQJD _ Tiragem: 20.000 exemplares. 5
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ÁGUANABOCA
Filé mignon com crosta de baru e purê de mandioca, do Avenida Paulista.
Linguado grelhado com tortinha de macaxeira recheada com bobó de camarão, do Carpe Diem.
Uma década de sucesso POR BETH ALMEIDA
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s gourmets brasilienses já têm o evento marcado na agenda. Afinal de contas, são dez anos do Festival Brasil Sabor na capital federal, desta vez com a participação de 86 bares e restaurantes que praticam diferentes estilos de gastronomia e ambiente, mas todos eles servindo refeições com entrada, prato principal e sobremesa ao preço de R$ 29, R$ 39 ou R$ 49. A expectativa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, seção do Distrito Federal (AbraselDF), é que, até 31 de maio, sejam servidos cerca de 35 mil menus, mobilizando algo em torno de 60 mil pessoas.
Tendo como tema o aniversário de uma década do festival – “Há dez anos invadindo as ruas e celebrando o Brasil” – o Brasil Sabor busca a valorização não só da cultura gastronômica local, mas também a utilização de ingredientes regionais, do cerrado, e provenientes de pequenos produtores rurais, nos pratos elaborados pelos chefs das casas participantes. “A meta é criar um elo entre esses pequenos produtores e os chefs de cozinha de Brasília. Recebemos várias receitas, todas exclusivas, com produtos do cerrado, da agricultura familiar, e a gente acredita que esse vai ser o grande diferencial do Brasil Sabor deste ano”, afirma o presidente da Abrasel-DF, Rodrigo Freire.
ENTREVISTA: RODRIGO FREIRE O presidente da Abrasel-DF defende uma maior interação entre bares e restaurantes e os moradores das vizinhanças. Isso, para ele, não só torna a cidade mais alegre, mas também mais segura. “As melhores cidades do mundo, as mais gostosas de se morar, são as que misturam de fato o comércio com as moradias”, argumenta. O que diferencia o Brasil Sabor nesse mundo de festivais? O nosso festival não é focado em pro6
moções. Até por ser uma associação que preza pelo fortalecimento e desenvolvimento da gastronomia e da cultura brasileiras, a gente tem estimulado muito a aproximação com ingredientes locais. A ideia é focar na cultura gastronômica de Brasília. Nosso interesse, como Abrasel, é também movimentar as ruas. É um festival que faz com que as ruas de Brasília fiquem mais movimentadas. E isso traz conforto, alegria e segurança. Porque é impressionante como as ruas mais movi-
Os ingredientes dos produtores locais também serão a atração da Feira Gastronômica Brasil Sabor, que ocupará um amplo espaço no Parque da Cidade, nos dias 30 e 31 de maio. Lá será possível adquirir produtos como baru, cagaita, buriti e jatobá diretamente dos produtores, além de degustar pratos com esses ingredientes, regados a sucos e drinques. Haverá espaço ainda para quem quiser ampliar seus conhecimentos culinários aprendendo receitas nas aulas-show com participação dos chefs, em cozinhas instaladas em pontos estratégicos da cidade, entre eles a Torre de TV. Como em edições anteriores, a clientela poderá acumular selos, um para cada
mentadas são mais seguras, as pessoas se sentem mais seguras do que andando em ruas desertas. Então, o festival tem uma função que está acima do só promocional. Por que é importante estimular esse hábito entre os brasilienses? Aqui em Brasília a gente tem todo um planejamento urbano diferenciado. E a gente tem que trabalhar melhor a relação do comerciante com o morador. O brasiliense e as autoridades públicas de Brasília precisam entender que essa mistura do morador com o comércio é uma tendência no mundo. As melhores cidades, as mais gostosas de se morar, são as
Filé suíno em crosta de baru com purê de banana da terra, do Taypá.
Risoto de carne seca com banana da terra, do Bazzo Ristorante.
Fotos: Rafael Lobo / Zoltar Design
menu degustado, e, ao completar seis, terá o direito de repetir, gratuitamente, a refeição de que mais gostou. Neste ano, a Abrasel também quer aproveitar a realização do festival para valorizar o papel social das ruas na convivência entre as pessoas e a importância da movimentação proporcionada pelo funcionamento de bares e restaurantes nas quadras comerciais da cidade, como explicou Rodrigo Freire em entrevista à Roteiro (leia abaixo). Independente dos objetivos da entidade, o fato é que o Brasil Sabor, como vem acontecendo há dez anos, é uma ótima oportunidade para experimentar novos sabores, conhecer novos restaurantes e, nessas visitas, quem sabe, fazer novos amigos. Não dá para ficar em casa. Festival Brasil Sabor
Até 31/5 em 86 restaurantes da cidade (relação completa dos participantes e descrição dos pratos em www.brasilsabor.com.br).
que misturam de fato o comércio com as moradias. Se tem só moradias, a gente tem mais insegurança, como em algumas dessas quadras à noite. Se tem só comércio, tem dificuldade à noite, por falta de movimentação. Brasília foi feita com as quadras comerciais para atender as residenciais e eu acredito que, com o crescimento da cidade, cada vez mais a gente precisa desenvolver melhor esse diálogo do morador com o comerciante. A ocupação das ruas depende, então, dessa boa convivência dos bares e restaurantes com os vizinhos das áreas residenciais?
Risoto de frutos do mar com arroz arbóreo, camarões, lulas, mexilhões e molho de tomate, do Nosso Mar.
Exatamente. A gente está, inclusive, desenvolvendo uma campanha, batizada de “Brasília, cidade viva”, que passa por uma consciêncientização dos bares e restaurantes, mas que busca também educar um pouco os clientes para que não cometam excessos e não perturbem a vida dos moradores dos blocos mais próximos. Ao mesmo tempo, temos trabalhado com a flexibilização da legislação com relação a barulho. A lei hoje é muito rígida. Os músicos da cidade praticamente não têm mais onde trabalhar. Então a gente está fazendo essa campanha toda em conjunto, para criar um equilíbrio..
Truta grelhada ao molho de limão e risoto de banana da terra, do Limoncello Ristorante.
Até porque, com a lei seca, é melhor consumir bebidas alcoólicas na vizinhança, não é mesmo? Isso. Antes, o burburinho da cidade se concentrava no Plano Piloto, especialmente na Asa Sul. Hoje, vemos que isso se descentralizou. Também Águas Claras, Sudoeste, Guará, Sobradinho e outras localidades têm ótimas opções de bares e restaurantes. A gente tem visto uma descentralização muito grande e cada vez mais isso pode ser frutífero para os próprios bairros. E essa ocupação pelo comércio traz mais segurança, mais vida para a cidade à noite.
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POR VICENTE SÁ FOTOS GADELHA NETO
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os avós italianos, Guilherme Lavoratti, proprietário do Don Ruffoni, herdou o respeito pelos mais velhos – o que se vê na logomarca da casa, uma homenagem ao avô – e o prazer pela boa comida. Essa segunda herança é responsável pelo diferencial do restaurante – comidas saborosas para quem come com prazer. O ambiente aconchegante e a posição da casa, voltada para dentro da quadra, evitam o barulho do trânsito e ajudam na concentração necessária para a deliciosa tarefa. No cardápio, é perceptível a mistura das cozinhas francesa, italiana, espanhola e brasileira, com destaque para o uso de ingredientes do cerrado, como o jatobá e frutas frescas. Então, como pede o cardápio, comecemos abrindo o apetite com
um mix de bruschettas em que três duplas de cortes de pão italiano vêm cobertas com tomate temperado, cogumelo e pasta de fígado (R$ 14). Ou, ainda, uma porção de bolinhos de tapioca picante, fritos com queijo coalho e recheados com geleia de abacaxi picante (R$ 17). Nesse momento, se você ainda não pediu, vai pedir para ver a carta de bebidas e escolher um bom vinho argentino ou português – ou ainda uma das 26 cervejas especiais selecionadas a dedo por Guilherme, um conhecedor. Entre as mais elogiadas estão a Backer Capitão Senra (R$ 26), cerveja artesanal mineira do tipo Amber Lager, assim batizada em homenagem ao motociclista que percorreu todo o Brasil há 50 anos, e a Invicta Weiss, à base de malte de trigo (R$ 22,50). Com o paladar devidamente preparado, vamos em frente na seção que o cardápio define como “pegar leve”. Aqui,
Fotos: Divulgação
Quatro em um
Guilherme Lavoratti (à direita) e o chef Sandro Rodrigues.
Pancetta, purê de mandioquinha e salada de palmito.
podemos escolher o gaspacho (R$ 23), a salada acompanhada de queijo de cabra derretido sobre algumas torradas (R$ 19) ou um caldo de cogumelo bem cremoso (R$ 29). Ainda seguindo a orientação do cardápio, vamos para a seção “para comer sem pressa”. Aqui, aconselhamos três opções: o pato à moda franco-brasileira, grelhado ao ponto com molho de laranja, purê de mandioca e salada verde com ervas (R$ 63), o carré de cordeiro com legumes grelhados e farofa de jatobá (R$ 60) e a pancetta, barriga de porco assada a baixa temperatura, acompanhada de um molho de mel, purê de mandio-
Restaurante Don Ruffoni
204 Norte – Bloco A (3037.1020) 2ª feira, das 11h30 às 15h; 3ª a sábado, das 11h30 às 24h.
Bolinhos de tapioca picante.
Fotos: Divulgação
quinha e salada de palmito (R$ 42). Outras opções deliciosas são os risotos de camarão (R$ 40) e três tomates (R$ 34) e o filé ao pesto (R$ 38). Havendo espaço para sobremesa, recomendamos a Marmelada do Quilombo, produzida na região do antigo quilombo de Mesquita, em Goiás, servida com queijo da Serra da Canastra e crocante de castanhas de caju (R$ 15). Muito apreciados, também, são a maçã ao forno (R$ 13) e o obacaxi com hortelã (R$ 12). Inaugurado em setembro do ano passado, o Don Ruffoni, cuja cozinha é comandada pelo chef Sandro Rodrigues, também oferece almoço executivo de segunda a sábado, sempre com duas opções por dia, sendo uma vegetariana Segunda-feira, por exemplo, é dia do picadinho de filé ao molho de vinho, ovo poché, arroz branco, farofa de jatobá e banana à milanesa, e do linguini com abobrinha e tomate cereja; terça, poulet basquaise (à moda do País Basco) com purê de mandioquinha e legumes ou lasanha de ricota com espinafre; quarta, ossobuco à moda de Milão, com risoto de açafrão, ou gnocchi al pomodoro e basilico; quinta, coq au vin com arroz branco ou risoto de cogumelos; sexta, cassoulet com arroz branco ou arroz com lentilhas e salada mediterrânea. Os preços são sempre os mesmos: R$ 35 ou R$ 25 (esse o dos pratos vegetarianos). Todos os dias são servidos ainda o chorizo à brasileira (200 gramas de chorizo prime com farofa de ovos, vinagrete e arroz com legumes, por R$ 32,90) e o bobó de camarão, acompanhado de arroz com legumes e polenta frita (R$ 29,90). O ambiente tranquilo e bem decorado facilita a conversa calma e o bom apreciar de uma comida que une quatro referências culturais em pratos bem desenvolvidos e que acabam conquistando nosso respeito.
Talharim com cogumelho
Ultimate Feast
Lagosta e muito mais POR SÚSAN FARIA
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Aeroporto Juscelino Kubitschek, por onde passaram 18 milhões de usuários em 2014, está repleto de novidades: novas rotas aéreas, exposições, amplos espaços e muitas lojas. A mais recente é o moderno e aconchegante Red Lobster, especialista em lagosta e frutos do mar, considerada a maior rede do mundo no ramo. Instalado desde 30 de março numa área de 473 m2, com capacidade para 174 pessoas, o restaurante, cujo slogan é “um mar de sabores”, tem ficado lotado, especialmente nos fins de semana. O que chama a atenção dos brasilienses e transeuntes são a qualidade, a inovação e o sabor dos alimentos (sopas, saladas, lagostas, caranguejos, camarões, peixes e sanduíches), das bebidas e das sobremesas, bem como a atenção e o tratamento vip com que todos são recebidos por uma equipe bem treinada e profissional. A rede americana, que tem duas unidades em São Paulo, uma no Aeroporto de Guarulhos e outra na Avenida Faria Lima, oferece também em Brasília cardápio semelhante ao servido nos Estados Unidos. A marca chegou ao Brasil como resultado de um contrato entre a
Darden Restaurants e a International Meal Company (IMC). Um dos carros-chefes do cardápio é o Ultimate Feast – cauda de lagosta grelhada e patas de caranguejo ao vapor combinadas com camarão grelhado ao molho scampi e camarão empanado (R$ 114,90). Outro prato delicioso é o Rock Lobster Tail, servida com purê de batata caseiro e mix de vegetais frescos (255 gramas a R$ 89,90 ou 170 gramas a R$ 64,90). Se o cliente preferir, antes da lagosta pode se servir de entradas como a Seafood Pizza – camarões, vieiras, mussarela gratinada, tomates frescos e manjericão (R$ 29,90), ou a Seafood Stuffed Mushrooms, de cogumelos frescos cobertos com mix de frutos do mar e queijo Monterey Jack gratinado até dourar . São muitas combinações oferecidas pelo restaurante: pratos com peixe, camarão, caranguejo, vieiras, frango e carne vermelha. O Salmon New Orleans, com mix de camarões, molho Tabasco Buerre Blanc e brócolis, custa R$ 52,90. Os pratos servem até duas pessoas. Entre as sobremesas, Chocolate Chip Lava Cookie, com sorvete de baunilha e calda de chocolate (R$ 19,90). A limonada Raspberry, com xarope de banana, pêssego ou morango, custa R$ 9,90.
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Comida boa, em ambiente clean (mesinhas de madeira e paredes bem decoradas, com fotos de portos), fundo musical de qualidade e um visual das pistas de pousos e decolagens e da mata nativa do aeroporto podem proporcionar momentos especiais de muito sabor e descontração. Tanto é que muitos brasilienses, mesmo sem estar com passagem aérea no bolso, estão indo ao Red Lobster. “É um movimento natural. Muitas pessoas se preparam para vir aqui, independentemente de estarem viajando”, comemora o diretor de marketing, Renato Ribeiro. Criada pelo americano Bill Darden, aos 19 anos de idade, o Red Lobster foi inaugurado em 1968, em Lakeland, na Flórida, e hoje possui 680 unidades nos Estados Unidos e Canadá. Em Brasília tem 70 funcionários e 80% das refeições são preparadas com produtos nacionais. Tem recebido, em média, 180 clientes diariamente, número que dobra aos sábados e domingos. O Aeroporto Internacional de Brasília é o segundo do país em número de passageiros e o terceiro em número de voos internacionais. É ainda o maior em capacidade das pistas, podendo operar um pouco ou decolagem por minuto. E agora tem um restaurante à altura.
Comida segura POR SÚSAN FARIA
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Fotos: Divulgação
Fish in a bag (acima) e seafood pizza.
Red Lobster 10
Praça da Alimentação do Aeroporto Internacional de Brasília (3364.9097). Diariamente, das 11h às 22h.
á muito tempo que o trabalho de um nutricionista não se resume a cardápios equilibrados e criativos. Hoje, esse profissional está mais atento às responsabilidades com a segurança e a qualidade da alimentação, treinando equipes para saberem comprar, armazenar, higienizar, manipular e processar os alimentos. Ele deve conhecer desde iluminação e ventilação até bons equipamentos e legislação sanitária. Isso porque o consumidor, ao mesmo tempo que come mais fora de casa, está mais exigente e tem fácil acesso às redes sociais para denunciar abusos ou falta de compromisso dos estabelecimentos com a sua saúde. “Um fio de cabelo num prato pode causar muita perplexidade e repercussão negativa do restaurante nas redes sociais”, exemplifica a nutricionista Juliana Braga. Há alguns anos ela vem treinando equipes de restaurantes, creches e confeitarias de Brasília, com base em seus estudos e seguindo a Resolução 216-2004 da Anvisa, que alerta para vários itens que podem comprometer o padrão de segu-
rança alimentícia de um estabelecimento, especialmente os fatores físicos (insetos, fios de cabelo ou parafusos, por exemplo), químicos (resíduos de detergentes) e biológicos (causadores de vírus e bactérias). Juliana também segue as regras da APPCC (Análise dos Perigos e dos Pontos Críticos de Controle), sistema americano de prevenção de riscos na comida, que proporciona maior satisfação ao consumidor, torna as empresas mais competitivas, amplia possibilidades de novos mercados e propicia redução
da perda de matérias primas, embalagens e produtos. Trabalho é o que não falta a Juliana, 34 anos, baiana radicada em Brasília, com MBA em Gestão de Negócios da Alimentação. Ela atende a rede Johnnie Burger, as 11 lojas Bolos do Flávio, o Universal Diner, o Loca como Tu Madre, o Ancho Bistrô de Fogo, o Parrilla Madrid, a Pizzaria Baco, o Limoncello e a Infante Day Care, creche e pré-escola de Águas Claras, onde escolheu até os fogões – sempre elétricos, para evitar incêndios. Entre as boas práticas orientadas pela nutricionista, nada de brincos, anéis, pulseiras ou alianças na cozinha. Além do perigo de essas pecinhas caírem no meio de um prato, elas podem levar bactérias aos alimentos. Comer rezando, o blog de Juliana, tem seis anos de existência e 17 mil acessos por mês. “É meu terceiro filho”, orgulhase. No blog ela dá dicas de onde comer bem, dentro e fora do Brasil, com preços, citações de pratos e links dos estabelecimentos. Os pedidos de informações sobre onde comer eram tantos que o pessoal do Sindicato dos Nutricionistas da
Bahia deu a sugestão: “Cria logo um blog que facilita”. Nos treinamentos, primeiro Juliana faz um diagnóstico da casa, identifica o que ela precisa e sugere a base de boas práticas de manipulação, que vão desde a higiene pessoal à higiene da caixa d’água do estabelecimento. Seus clientes são fixos e o treinamento é ministrado a cada três meses. “Há muito mercado em Brasília para a Nutrição. Antigamente, uma mulher grávida, um recém-operado ou um transplantado só comia em casa para ter segurança de sua saúde. Hoje, isso mudou”, garante. Ela parte do princípio de que ninguém sabe se o cliente tem ou não saúde delicada ou sistema imunológico baixo. Então, o importante é ter responsabilidade e garantir que não haja contaminação na comida. A seu ver, entre as maiores dificuldades encontradas no setor de alimentação estão cozinhas subterrâneas, perto de caixas de gordura, com pouco espaço, inclusive para armazenar e manipular alimentos. “Não se pode usar o mesmo recipiente para cortar carne e verduras. A falta de higienização das ver-
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e saborosa
duras é outro complicador. Só o fato de a salada estar verdinha não significa que as folhas foram bem lavadas”, comenta. No início de abril, Juliana treinou os chefs e subchefes do Ancho Bistrô de Fogo, na 306 Sul, lembrando que esse treinamento é exigido pela Anvisa e que falar em boas práticas de alimentação envolve toda a cadeia produtiva e até o acondicionamento do lixo. Segundo ela, a maior parte das contaminações vem das mãos. Então, unhas sempre bem curtas e higienizadas – e nada de esmalte. Na opinião de Renata Carvalho, uma das proprietárias do Ancho, a estética dos alimentos também diz muito. “As pessoas primeiro reparam no prato, comem com os olhos e precisam ter uma boa impressão de tudo”. Este ano, o slogan do Dia Mundial da Saúde, 7 de abril, foi “Alimento seguro: do campo à mesa, faça a sua parte”. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) prepararam folders, textos, prêmios, vídeos e eventos sobre o assunto. Em um dos vídeos, dirigido a crianças, Cinco chaves para uma alimentação mais segura, a explicação do que são alimentos bons, maus e patogênicos e o que fazer para se alimentar bem. Em várias cidades do mundo, em abril e maio, nutricionistas e higienistas estarão participando de encontros sobre alimentação segura. No Brasil serão realizados o VII Congresso Latino Americano e o XIII Congresso Brasileiro de Higienistas de Alimentos, de 28 de abril e 1º de maio, no Hotel Atlântico Búzios, com o tema central “Alimento, promoção da saúde e compromisso sócio ambiental” e a expectativa de 1.200 participantes.
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Bacalhau no Rubaiyat
Ainda no campo do inusitado: na noite do dia 19, terça-feira, clientes do Empório Árabe, de Águas Claras, poderão degustar às cegas, com os olhos vendados, um menu-surpresa composto por entrada, dois pratos principais e sobremesa, cada qual harmonizado com uma taça de vinho. Essa vai ser a quarta edição da “noite dos sentidos”, que oferece aos comensais a oportunidade de prestar atenção não só aos sabores, mas também aos aromas, texturas e sons à sua volta. O menu só será revelado ao final do jantar, que custa R$ 120 por pessoa (reservas pelo telefone 3436.0063). O restaurante suíço Blindekuh, de Zurique, foi o inventor, 16 anos atrás, dessa modalidade de degustação, que a partir daí virou moda na Europa, Estados Unidos e, mais recentemente, no Brasil.
Vinhos de Somontano Virão dessa região localizada no nordeste da Espanha, entre o vale do Rio Ebro e os Pirineus, os vinhos da próxima degustação promovida pelo Instituto Cervantes Brasília em parceria com a importadora B-Cubo, dia 27, a partir das 19h. Para o sommelier Carlos Borges,
diretor da B-Cubo (na foto acima), trata-se de uma região produtora diferente e mais ousada do que outras da Espanha, pela proximidade com a França, de onde recebe grande influência. “Os espanhóis chegam a chamar os vinhos de lá de ‘afrancesados’, por serem mais elaborados e frescos”, diz. Serão servidos sete rótulos: Laus Flor de Chardonnay (branco), Laus 700 ALT (branco com madeira), Laus Flor de Merlot (rosado), Laus Roble, Laus Crianza, Laus Reserva e Laus 700 ALT (os quatro últimos tintos). A degustação custa R$ 70. Reservas pelo telefone 3242.0603.
Por falar em vinho...
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Grupos de pelo menos quatro pessoas que participarem do rodízio de pizzas da Dolce Far Niente (Edifício Vila Mall, Avenida Castanheiras, 1.060, Águas Claras), de terça a quintafeira, a partir das 19h, ganharão um desconto de 20% no preço de qualquer vinho da casa. No rodízio (R$ 46,90 por pessoa) são servidas 20 pizzas salgadas – entre elas essa aí abaixo, de shitake – e quatro doces, todas preparadas com massa romana ou napolitana tradicional, integral ou sem glúten (à base de arroz, azeite, sal e açúcar).
Rafael Lobo / Zoltar Design
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Para comemorar sete anos em Brasília, a rede Sushiloko está presenteando a clientela, pelos próximos três meses, com novos pratos e copos colecionáveis. Ao longo desse período, quem consumir um dos novos pratos terá direito a adquirir, por R$ 4,90, um dos copos estampados com os deuses da sorte do Japão: Sabedoria, Felicidade, Saúde, Prosperidade, Proteção, Conhecimento e Riqueza. A cada dia da semana, um modelo de copo e um tipo de prato, um deles até com inspiração bem brasileira: esse mini acarajé acompanhado de enrolados de salmão e couve, servido às sextas-feiras. Axébanzai!
Jantar no escuro
Para crianças
Quem também acaba de reformular o cardápio é o duoO Restaurante, conhecido por sua gastronomia funcional, baseada em alimentos nutritivos e no preparo saudável. Entre as novidades, dois pratos infantis já disponíveis na unidade da 103 Sul: esse macarrão com almôndegas (R$ 25) e um frango empanado com purê de batata barôa (R$ 24). Os adultos também foram contemplados com novos pratos, servidos das 19 às 23h de segunda a sexta-feira e, nos fins de semana, também no almoço: picadinho de filé com arroz integral, farofa de castanhas e sementes e ovo pochê (R$ 44), lombo ao molho de mel e arroz biro birô (R$ 41), filé de frango grelhado com penne de milho e chia ao molho de tomate e manjericão (R$ 39), risoto de limão siciliano (R$ 52), salmão em crosta de quinoa com legumes e brotos na manteiga ghee (R$ 45), lasanha de berinjela à bolonhesa (R$ 38) e penne de milho com chia, filé em tiras e shitake (R$ 44), entre outros.
Acarajé japonês
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Em um restaurante cujo nome se tornou sinônimo de boa carne, parece até inusitado que o destaque do novo cardápio seja o bacalhau ao forno, que chega às mesas com cebolas, brócolis, batata, tomate cereja confitado e azeitonas (R$ 190, servindo três a quatro pessoas). Batizado de “pratos da família”, o cardápio elaborado pelo chef executivo do Grupo Rubayat, o espanhol Carlos Valentí, conta ainda com outras quatro opções para esta temporada outonal: um mix de carnes acompanhado de legumes na grelha e arroz ou farofa (R$ 190), uma paella valenciana que leva frutos do mar e da terra (R$ 210), a carne da Fazenda Rubayat, guisada com vinho do Porto e acompanhada de polenta e arroz branco (R$ 160), e um irresistível festival de sobremesas (R$ 35), no qual não dá para perder o cheese cake. Todos, claro, servidos em porções para a família inteira.
Andreia Marlière
Rogério Gomes
PICADINHO
Festival
De 14 a 31 de maio, menus especiais em diversos restaurantes de Brasília
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Entrada ou Sobremesa
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da Vida
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GARFADAS&GOLES LUIZ RECENA
lrecena@hotmail.com
Velho e novo
sabor saudade
A gaúcha Uruguaiana é muito distante de Brasília. Dista quase 800 quilômetros da capital, Porto Alegre. Faz certo tempo ganhou uma música em sua homenagem, que no título diz tudo: “Como é longe Uruguaiana!”. Até mesmo os rio-grandenses do sul brincam com o tema, quando informados de mais um reparo na estrada, que encurtou um pedaço do trajeto. “Nessa hora a cidade descobre e dá mais uns passitos para trás...”. Ou seja, continua longe, talvez até mais. Em tempos de riqueza teve ligação aérea e ferroviária com a capital. Um trem noturno e rápido, com serviço de bordo, garantia bom sono e bela viagem. O rodoviarismo e o atraso mental dos dirigentes, independente de partidos, venceram de novo e hoje só temos ônibus. Bons ônibus e só. Na ida, a odisseia foi em partes; na volta, de um tiro só. Continuo sem saber qual a melhor... Bom de verdade foram as garfadas, muitas, e os goles menos, sempre menos, do que o desejado. A eles, pois.
La minuta
Do aeroporto até a rodoviária é o início de uma pequena viagem no tempo. Fora da Copa do Mundo, a “arena” dos ônibus ainda tem ares de província e sabores idem. O tempo curto foi do tamanho certo do “a la minuta”: bife na hora, ovo frito, batata frita, arroz branco, feijãozinho e salada. Para molhar o bico e puxar o sono da tarde até Santa Maria, uma latinha de Polar, “a melhor brahma gaúcha”, segundo um filósofo e artilheiro do futebol local. Doze “pilas” e o nascer de uma saudade.
Augustus Augusto
Santa Maria é um coração de estudante. Muitas vezes mais do que isso. O melhor e mais famoso galeto do interior do Rio Grande ainda está lá, no restaurante Augusto. Saboroso e farto. E com a sorte de saudar o patriarca, 87 anos, capaz de reconhecer o colunista disfarçado em sobrepeso e cabelos brancos. “Ventania!
És tu mesmo?”. Lágrimas responderam com credibilidade maior do que a voz embargada. Familiares tocam o barco com a competência antiga. É porto seguro. Os amigos por perto dão a moldura que enriquece o quadro dos afetos. Um quadro que se reforça também nos reencontros em outros pontos da cidade, onde a frase “foi aqui que tudo começou” é de longe a mais repetida.
Rota 290
Não tem mais andarilhos, motos, baseados, calças desbotadas e cabelos longos ao vento. Mas a velha estrada está lá: longas retas, campos planos, animais pastando. Uma, duas, três horas e tudo igual. Cansou? Pois relaxe que tem mais. E mais e mais e mais. Um dia chega, uma hora estaciona. O auto é bom e o motorista também. A conversa melhor que tudo. Só memória, só saudade, só distância. No chão e no tempo. Um rápido descanso e no fim da tarde a primeira costela.
Essa a gente nunca esquece. Os sinais de modernidade estão no tinto argentino e na churrasqueira na varanda do apartamento. O velho Rio Uruguai avisa que está por perto. Batata doce, pança cheia e um sono uterino. É bom voltar...
Livre libres
“El Paso de la Pátria”. A terra correntina igualmente faz ataque de saudade. Não muda e se renova. É um fenômeno. Com o peso fraco, somos quase ricos. E tome compra: doce de leite, alfajores, batatada, carne boa, queijos, vinhos. Uma ponta de contrabando nunca abandona a alma fronteiriça e a quota estoura, mas passa. Como é longe Uruguaiana! Quão pequenas ficaram as enormes casas da infância! Como se resumiram as dantescas disputas de basquete. Mas é bom voltar. Rever amigos, remexer as memórias, chorar o pranto livre e despido de vergonhas. Por fim, Porto Alegre. Mais costelas, mais conversas e ver o tempo passando para a gurizada...
0DVVDJHP ÀVLRWHUiSLFD e linfática, tratamento complementar de celulite e obesidade. Técnica japonesa. 14
Mariinha, profissional com mais de 40 anos de experiência. 910 Sul, Mix Park Sul, Bloco I sala 18. Tel.: 3242.8084
PĂƒO&VINHO ALEXANDRE FRANCO pao&vinho@agenciaalo.com.br
IrredutĂveis gauleses
Meus contemporâneos hĂŁo de se lembrar, da infância paralela Ă minha, de um clĂĄssico da literatura infantojuvenil: os irredutĂveis gauleses Asterix e Obelix, principais personagens da estĂłria de uma aldeia gaulesa que resistia sempre e sempre Ă invasĂŁo e domĂnio romano. Parece-me que os vinicultores franceses seguem o mesmo exemplo de seus ancestrais, pois seus vinhos, dos mais aos PHQRV FOiVVLFRV YROWDP D OLGHUDU D SUHIHUrQFLD GH PXLWRV HQyĂ€ORV GHSRLV GH YiULRV HPEDWHV QDV ~OWLPDV WUrV GpFDGDV com novas estrelas, em especial vindas do chamado Novo 0XQGR TXH WURX[H p YHUGDGH yWLPRV YLQKRV GRV (VWDGRV 8QLGRV GD $XVWUiOLD GR &KLOH GD ÉIULFD GR 6XO H DLQGD FRP coisas novas do Velho Mundo, como o rejuvenescimento dos vinhos portugueses, o surgimento, agora jĂĄ consolidado, de vinhos Italianos inovadores sob denominaçþes genĂŠricas GH ,*7 H SRU Ă€P PDLV UHFHQWHPHQWH R UHQDVFLPHQWR GRV vinhos do leste europeu. Digo isso menos baseado em nĂşmeros comerciais e mais na observação de cĂrculos de bons apreciadores de vinho, que voltam a preferir costumeiramente degustar ERQV YLQKRV GHVVD SURFHGrQFLD DSHVDU p YHUGDGH GH alguns preços por vezes nada convidativos. (X PHVPR TXH VHPSUH WLYH SRU SUHIHUrQFLD QDWXUDO navegar por todos os mares, variando continuamente as origens dos vinhos escolhidos para beber, comecei a observar, de uns tempos para cĂĄ, que nĂŁo apenas as minhas adegas passaram a ser tomadas por uma maioria de franceses, mas principalmente que as garrafas bebidas e guardadas para futuros comentĂĄrios passaram a acumular essa mesma origem. Eis que, ao resgatar os Ăşltimos exemplares da Roteiro, defrontei-me com nada menos que seis garrafas francesas, GDV TXDLV HVFROKL WUrV %RUGHDX[ H GRLV &KkWHDXQHXI GX 3DSH para trazer-lhes Ă apreciação. Do Châteauneuf, nĂŁo da
minha recente visita Ă regiĂŁo, mas de compras passadas, temos o Domaine Cros de La MĂťre 2007, um dos bons representantes do vinho da regiĂŁo, que utiliza com maestria a Grenache, a Mourvedre e a Counoise para mostrar uma Ăłtima complexidade aromĂĄtica com IUDPERHVDV H DPRUDV YDOH OHPEUDU TXH P€UH VLJQLĂ€FD amora), uma boca macia, redonda, fresca e longa GH WDQLQRV Ă€QRV PDV PXLWR SUHVHQWHV 1DV SDODYUDV de seu criador, “um vinho com equilĂbrio, frescor, brilho e suavidadeâ€?. Ainda de Châteauneuf, tambĂŠm o Domaine Lafond HVWH SUHVHQWH QR %UDVLO DWUDYpV GD 7$+$$ 5 utiliza, de forma mais clĂĄssica, a Grenache, a Mourvedre e a Syrah, muito intenso na cor quase pĂşrpura, com nariz a cassis e alcaçuz, com toques de lavanda, no palato ĂŠ sedoso e com fundo doce. Um vinho para ocasiĂľes especiais. De Bordeaux, primeiro uma boa surpresa: o Grand Vin de Cantegril 2006, vindo de Graves. Um vinho elegante, de tradicionais 12,5% de ĂĄlcool, de cor rubi, aromas de frutas vermelhas muito maduras e leve toque de pimentĂŁo e boca muito saborosa, macia, de corpo mĂŠdio e taninos maduros e bem domados. Um clĂĄssico corte de Cabernet Sauvignon e Merlot que funciona muitĂssimo bem. Para completar, dois dos grandes: um Château Giscours 2006 e um Château Pichon Longueville – Comtesse de Lalande 2002. O primeiro, um tĂpico corte de Margaux de Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot, com 13% de ĂĄlcool, de vermelho denso, no nariz muito frutado e carĂĄter mineral, alĂŠm de claro toque de cassis. O segundo, um Pauillac de grande estirpe, puro sangue da Cabernet Sauvignon, de cor rubi, de aromas complexos de frutas maduras, especialmente cassis e cerejas, toques de tabaco e um certo defumado. Um exemplo de elegância, harmonia e balanceamento.
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DOIS ESPRESSOS E A CONTA CLĂ UDIO FERREIRA claudioferreira_64@hotmail.com
Bem-vindos, food trucks!
2V IRRG WUXFNV YLHUDP SDUD Ă€FDU Mi FRQTXLVWDUDP clientes de todas as idades e tribos e estĂŁo cada vez PDLV GLYHUVLĂ€FDGRV &RPR QyV EUDVLOLHQVHV HVWDPRV sempre abertos Ă s novidades, ĂŠ grande o contingente de consumidores que jĂĄ incorporaram os caminhĂľezinhos simpĂĄticos aos hĂĄbitos alimentares. Eles sĂŁo cada vez mais eclĂŠticos em termos de cardĂĄpio. Inevitavelmente sĂŁo especializados. No exĂguo espaço fĂsico dos food trucks, nĂŁo dĂĄ para querer oferecer lista extensa GH LJXDULDV DR FOLHQWH 8P GHOHV Ă€FD UHVSRQViYHO SHOR sanduĂche, o outro pelo risoto, mais um pela comida japonesa, e assim por diante. Por isso, esses eventos nos quais um caminhĂŁo se posiciona prĂłximo a outro sĂŁo Ăłtimos – ao invĂŠs de concorrentes, eles sĂŁo complementares. O grupo que vai comer junto tem vĂĄrias opçþes, pode sentar em local estratĂŠgico, misturar culinĂĄrias distintas e sair satisfeito. Mesmo em atitude solitĂĄria, eles fazem sucesso. JĂĄ percebi, por exemplo, que um deles estaciona algumas noites entre a comercial da 201 Sul e o prĂŠdio da PolĂcia Federal. Local meio ermo Ă noite, nĂŠ? Ledo engano: VHPSUH TXH SDVVR SRU Oi WHP XPD SHTXHQD Ă€OD Os preços? Na primeira vez em que comi um hambĂşrguer em um food truck achei a cifra meio salgada, mas o hambĂşrguer estava Ăłtimo. O problema ĂŠ que a gente compara os preços com o da comida de rua tradicional, sem lembrar que existe todo um conceito – palavra da moda – atrĂĄs daquela estrutura de ferro com fogĂŁo, cozinheiros e caixa. Gosto da criatividade das formas dos caminhĂľes. Uma adaptação para transformar o que era meio de transporte
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GH FDUJD HP UHVWDXUDQWH PyYHO SRGH FKHJDU D 5 PLO +DMD LQYHVWLPHQWR 0DV p PXLWR OHJDO SRGHU EULQFDU FRP DV cores, o formato, o balcĂŁo e o logotipo. A comunicação tem que ser rĂĄpida: o cliente que passa a pĂŠ ou de carro tem que entender, de cara, qual ĂŠ a comida que estĂĄ sendo vendida por ali. EstratĂŠgia boa ĂŠ vender a comida em recipientes descartĂĄveis. Pratos, talheres e copos que possam ser jogados no lixo depois – e o latĂŁo de lixo, ĂŠ claro, tem que estar bem visĂvel. Embalagens de papelĂŁo, pratinhos de isopor, guardanapos grandes, ĂŠ como se a gente fosse comer ao lado do caminhĂŁo com as ferramentas de quem optou pelo delivery. Ideal para ambientes ao ar livre. JĂĄ existe atĂŠ reality-show de food truck, veja sĂł! O canal TLC, presente em algumas operadoras de TV paga, mostra uma competição semanal com proprietĂĄrios dos caminhĂľes, que precisam conquistar um jĂşri com suas iguarias rĂĄpidas. Os norte-americanos, aliĂĄs, sĂŁo especialistas no assunto: os caminhĂľes que vendem sanduĂches rĂĄpidos jĂĄ fazem a cabeça dos nova-iorquinos hĂĄ muito tempo. Esta ĂŠ uma globalização, aliĂĄs, que abre espaço para as caracterĂsticas locais. Primeiro, porque a culinĂĄria ĂŠ adaptada ao gosto de cada paĂs. Depois, porque atĂŠ os FDPLQK}HV WrP YHUV}HV QDFLRQDLV ² RQGH PDLV VHQmR QD $PpULFD /DWLQD H PDLV HVSHFLĂ€FDPHQWH QR %UDVLO KDYHULD Kombis transformadas em food trucks? Ainda hĂĄ muito HVSDoR SDUD DEUDVLOHLUDU R IHQ{PHQR PDV LVVR Ă€FD D cargo dos especialistas em economia criativa. Eu sĂł quero aproveitar a variedade de cardĂĄpios e a mobilidade desses novos restaurantes.
�� e �� de maio
ENTRADA GRATUITA
Feira Gastronômica
Feira Gastronômica no Parque da Cidade Fácil acesso - Áreas de convivência Amplo estacionamento - Pratos a preços especiais
Local: Estacionamento � e �� do �arque da Cidade Estandes com diversos restaurantes e pratos a preços promocionais:
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Conheça os participantes:
4Doze Bistrô Ancho Bistrô de Fogo Baco Pizzaria Balcony 412 Bar Godofredo Beirute Bier Haus BSB Grill Carpe Diem Confeitaria Francesa Crepe Royale CRU Balcão Criativo Due Trattoria e Bruschetteria
Empório Árabe Restaurante Forneria Parole Gordeixo's Ilê Restaurante Johnnie Special Burger Kaza Chique Le Jardin Du Golf Kojima Marvin (Marietta Café) Mayer Restaurante Monardo Café Gourmet Noz Panquecas Gourmet Olivae
Oliver Parrilla Madrid Piacere Restaurante Italiano Primeiro Bar e Restaurante Quitanda Fácil Sucopira Ticiana Werner Restaurante e Empório Toca do Chopp Trattoria da Rosário Universal Diner Valentina Villa Borghese Restaurante Villa Tevere Restaurante
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DIÁRIODEVIAGEM
Celebração do vinho POR ADRIANA NASSER
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e você é do tipo que curte uma viagem com programação diferente, pode marcar na sua agenda a temporada da vindima – a colheita das uvas – no Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, entre janeiro e março do ano que vem. São 60 dias de celebração da cultura do vinho, com eventos, atividades, passeios e, claro, muito vinho e boa comida. O centro das atrações é a cidade de Bento Gonçalves, a chamada “capital brasileira do vinho”, com rica tradição de imigrantes italianos que se dedicam à produção da bebida desde sua chegada à região, em 1875. Bento, como é conhecida por seus moradores, fica a aproximadamente uma hora de Porto Alegre, de carro, partindo do aeroporto. As paisagens do trajeto rendem boas fotos. O viajante passa por várias vinícolas e pode ir parando. O Vale dos Vinhedos passou a desenvolver o turismo dos vinhos e atualmente tem 70 vinícolas, pertencentes a 30 famílias. Tomar espumantes debaixo do parreiral, deitado em um edredon. Já pensou nisso? Pois é, o piquenique entre os parreirais, regado a espumantes e bons vinhos, é um dos programas diferentes e imperdíveis da região e que vem conquis-
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tando os turistas que visitam o Vale dos Vinhedos. Eu fui com um grupo de pessoas, mas há quem reserve o espaço até para fazer pedido de casamento. Mais romântico, impossível! Um dos locais que oferecem o programa é uma vinícola pequena e familiar, de puro charme, a Cristofoli, que fica no distrito de Faria Lemos. Logo na chegada, o viajante é recebido com uma taça do espumante rosé da casa. Entre
um grissini e outro, o papo vai fluindo com a enóloga da marca, que é quem recebe os visitantes e os leva para o parreiral, onde está o edredom, estendido entre as videiras. Além dos espumantes e do piquenique, o visitante pode optar por almoçar ou jantar no Spazio del Vino, também na propriedade, e estender a programação. A capacidade do local é para 20 pessoas. Uma experiência muito agradável!
Cristofoli: Estrada RS 431, km 6, distrito de Faria Lemos – (54) 3439.1190. Dal Pizzol: RS 431, km 5, distrito de Faria Lemos – (54) 3449.2255. Cave Geisse: Linha Jansen, s/n, distrito de Pinto Bandeira – (54) 3455.7461. Salton: Rua Mário Salton, 300, distrito de Tuiuty – (54) 2105.1000. Que tal de bike?: Dallonder Grande Hotel – Rua Herny Hugo Dreher, 197. Bairro Planalto – (54) 3455.3555.
A repórter Adriana Nasser viajou a convite do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).
Fotos: Gilmar Gomes / Ibravin
Outra programação que movimenta a alta temporada na Serra Gaúcha é a própria colheita das uvas. Cortar os cachos é uma das atividades turísticas que vêm encantando enófilos e amantes do vinho. E o melhor: o programa pode ser feito durante o dia ou de noite. As colheitas noturnas acontecem em noites de lua cheia, com direito a música e mais vinhos e espumantes locais. E não é só isso! Tem ainda passeios de jipe, tour de bike, aulas e degustações a perder de vista. A Dal Pizzol, uma das vinícolas mais antigas de lá, é um verdadeiro museu ao ar livre, onde o turista pode conhecer mais de 500 tipos de uvas. Outro programa muito interessante é o passeio na Salton, onde, além de degustações de vinhos e espumantes, o cliente ainda pode optar por um delicioso e tradicional almoço italiano na adega de pedra da vinícola. Quem acha que passeios por vinícolas são sempre iguais vai se surpreender com a programação de uma das mais badaladas do país. A Cave Geisse oferece um passeio de jipe 4x4 pelos vinhedos e serve um de seus espumantes premiados internacionalmente em um mini-deck, de frente para uma cachoeira. Um visual de tirar o fôlego. Outra novidade entre os passeios turísticos e culturais da região são os circuitos de bike oferecidos por hotéis locais. Os roteiros são variados e vão de duas a oito horas de duração. Um micro-ônibus leva o visitante do hotel ao ponto de partida, onde estão as bicicletas e o guia. Equipamentos de segurança, como o capacete, estão incluídos. Dependendo do roteiro escolhido, o passeio ainda dá direito a uma parada na Casa da Ovelha, que oferece degustação, pastoreiro de ovelhas e amamentação de cordeiros, além de uma pequena loja de laticínios (queijos e iogurtes de cabra, sem lactose). Esse é ideal para quem viaja com crianças.
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Divulgação
DIA&NOITE nãoficção Pela primeira vez, nos últimos 20 anos, os melhores curtas-metragens do Festival Internacional de Documentários É tudo verdade estão qualificados para a próxima disputa do Oscar de melhor curta documental. Sem dúvida, um reconhecimento da importância do festival brasileiro pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Isso significa que os premiados ficam dispensados da exigência da estreia em salas de cinema norte-americanas. De 27 de maio a 1º de junho, o CCBB apresenta a vigésima edição do festival de não-ficção com a exibição de 12 filmes selecionados, incluindo dois longas-metragens premiados: A paixão de JL (foto), do brasileiro Carlos Nader, sobre o pensamento do artista plástico José Leonilson, falecido em 1993, aos 36 anos, e A França é a nossa pátria, co-produção franco-cambojana dirigida por Rithy Panh, que recupera material de arquivo para falar da colonização francesa da Indochina. O centenário de nascimento de Orson Welles (1915-1985) será lembrado no festival com a exibição de Verdades e mentiras, de 1973, último filme dirigido pelo diretor do lendário Cidadão Kane. Sessões às 14, 16, 18 e 20h, com entrada franca.
Festival de Filmes Curtíssimos/ Divulgação
cinemaafricano Mandela, o caminho para a liberdade é um dos filmes a serem exibidos na Semana do Cinema Africano, concebida para celebrar o Dia da África, que ocorre em 25 de maio. Nessa data, em 1963, foi assinada a Carta da Organização de Unidade Africana (OUA), que se tornou a União Africana (UA) em 1999. O filme, de 2013, tem direção de Justin Chadwick e conta a vida do líder negro, nascido e criado na zona rural da África do Sul, que ganha a capital, Joanesburgo, onde abre seu primeiro escritório de advocacia. Lá se torna um dos líderes do Congresso Nacional Africano (CNA). Sua prisão o separou de Winnie, o amor de sua vida, que irá apoiá-lo durante seus longos anos de cativeiro, e por sua vez, tornam-se figuras ativas do ANC. De 20 a 25 de maio, no cinema do CCBB, com entrada franca. Programação em www.bb.com.br/cultura.
Mais de 100 cidades de todos os continentes, entre elas Brasília, recebem simultaneamente a 8ª edição do Festival Internacional de Filmes Curtíssimos, que será realizado entre 10 a 13 de junho. Participam produções de todos os gêneros de França, Alemanha, Espanha, Singapura, Coreia do Norte, Estados Unidos, Países Baixos e Malásia. A única exigência dos organizadores é que os filmes não ultrapassem três minutos, fora o título e os créditos. A Mostra Competitiva Nacional contará com filmes curtíssimos oriundos de quase todas as regiões do Brasil – entre eles o brasileiro Luz, sombra e medo (foto), de Mauricio Bartok – que concorrem ao Prêmio da DOT Cine. O Festival oferece ainda o Prêmio Moviecenter (R$ 7.500 em locação de equipamentos) para o melhor filme brasiliense. No Cine Brasília, com entrada franca. Programação completa no site www.filmescurtissimos.com.br
Eles têm em comum o fato de trazerem mensagens de paz e união, independente de contornos religiosos. De 20 e 23 de maio estará no ar o 5º Festival de CinemaTranscendental, no Cine Brasília (106/107 Sul). Parte do Maio da Diversidade, promovido pela Subsecretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, o festival tem coordenação do produtor audiovisual Lucas de Pádua, que, segundo disse, pretende contrapor a temática pesada e muitas vezes negativa do cinema tradicional “com obras da sétima arte focadas em mensagens de paz e união. Entre os filmes da programação estão Nos passos do Mestre (foto), de André Marouço, “sobre a sabedoria do maior pedagogo, médico, filósofo e pacifista do mundo, Jesus Cristo”, e Frei Galvão, o Arquiteto da Luz, de Malcolm Forest, sobre o primeiro santo brasileiro. Os ingressos são alimentos não perecíveis a serem doados a instituições de caridade. Exibições às 19h, de quarta a sextafeira, e às 15 e 19h, no sábado. Programação em www.cinematranscendental.com.br
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festivaltranscendental
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curtíssimos
Priscila Prade
asfasesdoamor “Para as mulheres, diga que é um espetáculo engraçadíssimo. Para os homens, que é um show da Marisa com uma roupa bem apertada. E gays e lésbicas, só espero que estejam na primeira fila!”. Essa frase de Marisa Orth, postada no Facebook recentemente, já dá bem o tom escrachado do que é a performance da atriz em Romance Volume III, em cartaz em Brasília nos dias 23 e 24 de maio, no Teatro da UNIP (913 Sul). Com texto dela e da jornalista Teté Martinho, o espetáculo é dirigido por Natália de Barros e tem participação da banda que acompanha a atriz e também cantora na interpretação de 13 músicas. Elas pontuam as citações do texto às várias fases do desgaste de cada forma de relacionamento. A ideia do show surgiu na noite de 12 de junho de 2008, quando Marisa decidiu colocar em prática sua melhor promessa: dar início a um trabalho que falasse de amor. “Foi assim que nasceu o Romance Volume II; volume II propositalmente, porque o I não deu certo!”, explica. Depois de cinco anos em cartaz com essa versão mais focada nas fases da conquista amorosa, Marisa Orth partiu para a versão atual, a número três, com uma abordagem um pouco mais “a fundo”, passando pela leveza do namoro até os relacionamentos mais profundos, como casamentos, noivados e amizades de longa data. Sábado, às 21h, e domingo, às 20h, com ingressos a R$ 90 e R$ 45, à venda na Central de Ingressos do Brasília Shopping.
Gabriel Wickbold
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emquepossoajudar?
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Em 25 discos produzidos ao longo de 35 anos de carreira, ele já chegou naquela etapa em que o artista pode se dar ao luxo de gravar o que mais lhe agrada. Dia 22 de maio, às 21h, o público de Brasília poderá conferir o show do cantor e compositor Fábio Júnior, que apresenta seu último trabalho, não à tôa intitulado Íntimo, com uma música assinada por ele e 12 que ganham as cores e nuances de seu estilo. Ele sai de uma balada pop-romântica para um jazz e encontra brecha para encaixar um toque flamenco. A canção As dores do mundo, de Hyldon, abre o disco. Na sequência, um dos hits de sua carreira, 20 e poucos anos. No repertório estão ainda Paciência, de Lenine e Dudu Falcão, e Muito estranho, de Dalto. O show Íntimo será no Net Live Brasília. Ingressos a partir de R$ 60, na pista, e mesas para quatro lugares a R$ 600 e R$ 800. À venda na Central de Ingressos do Brasília Shopping.
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todaemsi A cantora e compositora brasiliense Ana Reis comemora dez anos de carreira com novo show e gravação de DVD. Dia 31 de maio ela sobe ao palco do Teatro SESC Newton Rossi, em Ceilândia, para apresentar o show Toda em si, que tem direção musical do violonista e arranjador Paulo André Tavares. Ana Reis passeia pelo fado, flerta com o baião, a guarânia, o ijexá e dedica boa parte do repertório desse novo projeto também ao samba. Interpreta ainda composições feitas em parceria com João Ferreira, Rodrigo Bezerra, Bruno Patrício, Marcus Moraes, Túlio Borges, Alberto Salgado e Climério Ferreira. Ela é acompanhada por Bruno Patrício, no sax e flauta, Marcus Moraes, no violão, Rodrigo Bezerra, nas guitarras, Rodrigo Baldu, no baixo, Célio Maciel, na bateria, Juninho Ferreira, no acordeom, e Thiago Viegas e Juninho Alvarenga, nas percussões, além das participações especiais de Paulo André Tavares, no violão, Leonel Laterza, na voz, e Victor Angeleas, no bandolim. Às 18 horas, com entrada fraca.
Eles prometem tocar o dedo numa ferida que é difícil de cicatrizar: o mau atendimento no serviço público brasileiro, de um modo geral. Os humoristas Leonardo Ladislau e TJ Fernandes apresentam, dias 22, 23, 24, 30 e 31 de maio, o espetáculo Em que posso ajudar, uma seleção de cenas cotidianas que seriam trágicas se não fossem cômicas. Os protagonistas e escritores são bastante conhecidos pelo público de Brasília que gosta de uma boa comédia. Eles fazem parte da Cia. de Comédia Os Filhos da Peça e comandam a Happy hour do humor, que serviu de inspiração para a criação de Em que posso ajudar. TJ também é comediante de stand-up, já participou de diversos programas de TV e se apresentou nos principais eventos do gênero na cidade. Os atores interagem com a plateia e são pioneiros em falar francamente sobre os problemas e as curiosidades do atendimento ao público no país. Sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 20h, no CCB (601 Norte). Ingressos a R$ 40 e R$ 20. Mais informações: 9983.7988.
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naslentesdosueco
Åke Borglund
DIA&NOITE
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A proposta dos idealizadores Toninho de Souza e Marta Jabuonski é sair dos convencionais quadros, esculturas, desenhos e xilogravuras das obras de arte, e desafiar os artistas a criarem com guarda-chuvas, guardasóis e sombrinhas. Parte do projeto Objeto do desejo, que em setembro de 2014 expôs cadeiras como suporte da arte e, em fevereiro passado, se valeu de malas, sapatos e botas, para a expressão da criatividade, a mostra Obra rara ocupa a galeria da LBV até 31 de maio, com obras dos artistas Alda Carvalho, Alvinhar Geraldo, Angela Brito, Angélica Bittencourt, Ariene Saabor, Daniela Nunes, Élton Skartazini, Francisco Alves, Gilson Filho, J.Vicente, Maria, Marta Jabuonski e Toninho de Souza. Das 8 às 20h, com entrada franca.
arteeciência Sete debates em cada uma das quatro cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. Assim é o projeto Arte & Ciência, promovido pelo CCBB, e que começa em Brasília no dia 1° de junho. A proposta é situar a interrelação entre cultura científica e cultura humanística e artes, abordando temas atuais, como o papel da razão, da memória e da imaginação no mundo contemporâneo, bem como os dilemas éticos envolvidos nas pesquisas genéticas e o poder das artes e da música para o bem-estar psicológico. “Nossa intenção é a de estimular e atrair o público para um assunto de ponta, reunindo um time de primeira grandeza, entre cientistas e pesquisadores, escritores, artistas plásticos e filósofos”, diz Patrícia Lira, gerente de programação do CCBB de Brasília. O encontro inaugural da série reúne o neurocientista Esper Cavalheiro e o músico e ensaísta José Miguel Wisnik para discutir o tema A mente e o poder da música. Além de Cavalheiro e Wisnik, estão confirmadas as presenças da neurocientista Jociane Miskiw, dos físicos teóricos Luiz Pinguelli Rosa e Rogério Rosenfeld, da biogeneticista Mayana Zatz, entre outros. O debate A mente e o poder da música será na segunda-feira, 1° de junho, das 20 às 22h, com entrada franca mediante retirada de senha uma hora antes do início.
parisebrasília Durante 40 dias, o artista plástico francês Marc Goldstain esteve em Brasília e pintou pessoas de várias regiões da cidade. O resultado desse trabalho está na exposição De Paris a Brasilia, retrato realista de uma cidade sonhada, em cartaz na Aliança Francesa (708 Sul) até 10 de julho. O objetivo do artista, segundo ele mesmo explica, “é trazer à tona um retrato realista e ao mesmo tempo subjetivo da capital do Brasil, misturando o coletivo – urbanismo – e o singular – o traço desenhado do habitante e seu retrato”. A capital federal atraiu a atenção de Goldstain devido à sua arquitetura tão específica e às suas semelhanças com a Europa, principalmente no que se refere ao estilo internacional nascido nos anos 20, com a ascensão da escola de arquitetura Bauhaus. De segunda a sexta-feira, das 10 às 18h. Entrada franca.
Suzzana Magalhães
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De 22 de maio a 15 de junho, a Câmara Legislativa apresenta a exposição Brasília 1957: uma saga do Século XX. São 36 imagens feitas pelo fotógrafo sueco Åke Borglund três anos antes da inauguração da nova capital e uma réplica do jornal argentino La Nación, de 1959, com matéria e registros do próprio Borglund sobre os primeiros passos de Brasília. Faz parte da mostra, também, uma ampliação do mesmo jornal, de 1961, com a última entrevista concedida por JK como presidente. A curadoria é de Mercedez Urquiza, argentina então recém- chegada à cidade que ciceroneou o fotógrafo durante suas andanças, que resultaram em 800 fotografias. Como agradecimento, Borglund deu de presente a Mercedes 45 fotos. Nos anos 2000, a curadora recebeu o restante das fotos feitas no Brasil pelo sueco, que também visitou Rio de Janeiro e Salvador. “As imagens dessa exposição contam a história da cidade com foco nos personagens de uma época em que não se tinha tempo para pensar o futuro, vivia-se intensamente o presente, a aventura da construção da capital”, destaca Mercedez Urquiza. Das 8 às 19h, com entrada franca.
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artetransgressora Sua obra é expressão de sua posição crítica em relação à política e à religião. Por isso, sempre teve o intuito de profaná-los, desconstruí-los, desordená-los. Até 13 de julho, o brasiliense terá a possibilidade de conhecer a arte do argentino León Ferrari, que fugiu da ditadura em 1976 e veio para o Brasil, onde morou até 1984. A exposição Léon Ferrari – resistências e transgressões está em cartaz no CCBB e abre as comemorações da Data Nacional da Argentina, celebrada no dia 25 de maio, aniversário da Revolução de Maio de 1810. Em São Paulo, Ferrari ligou-se a um grupo de artistas que o instigou à experimentação de novos modos de fazer arte, desde desenhar com materiais convencionais, como nanquim, grafite, crayon, canetas esferográficas, tinteiro e carimbo, até utilizar modos de impressão em heliografia, serigrafia, fotocópia, microficha, videotexto e offset. Ele retoma, então, experiências conceituais iniciadas na década de 1960, com esculturas em arame, escrituras indecifráveis que criam novas propostas para linguagens tradicionais como o desenho e a gravura, plantas arquitetônicas e várias outras propostas. Nascido em 1920, em Buenos Aires, Ferrari morreu há dois anos, deixando extensa produção artística, com destaque para as obras Cuadro escrito, criação central para a arte conceitual internacional, e La civilización occidental y cristiana (1965), montagem de um avião de guerra com uma imagem do Cristo crucificado, peça paradigmática na tradição da vanguarda estético-política da arte do Século XX. De quarta a segunda-feira, das 9 às 21h, com entrada franca.
André Carvalheira
Não se admire se um dia, ao chegar a uma estação do metrô ou ao ponto do ônibus que você utiliza para ir para o trabalho, encontrar um casal ou um trio de dançarinos executando uma bela coreografia de dança contemporânea em plena plataforma da estação. Eles fazem parte do projeto Disseminar contato-estação, que vai fazer 28 apresentações gratuitas com o intuito de formar público para democratizar o acesso às manifestações artísticas. Entre os dias 29 de maio e 11 de junho, os bailarinos Rosa Schramm, André Kainan e o autor do projeto, Camillo Vacalebre, poderão surpreender os frequentadores da Rodoviária do Plano Piloto, das rodoviárias de Sobradinho e de São Sebastião e de estações de metrô do Guará, Taguatinga, Ceilândia e Samambaia. Sem um roteiro definido, sem recursos cênicos e tendo a estação como palco, os três dançarinos inserem no espaço público coreografias instantâneas, criando um insólito “lugar de intimidade” e a possibilidade de modificar a percepção habitual do corpo e do espaço. Cada performance tem 40 minutos de duração. A programação está em www.disseminarcontato.com.
Paky Produções
dançanometrô
José Inácio Parente
diversidademusical É a flautista Odette Ernest Dias quem abre a terceira temporada do projeto Solo música, na Caixa Cultural. Serão dez recitais ao longo do ano, sempre às segundas-feiras, e sempre trazendo atrações de diversos gêneros e propostas inusitadas. Na estreia, a musicista de 85 anos apresentará repertório baseado no CD Horizontes, uma ousada fusão entre as músicas de compositores de épocas diferentes: o barroco Johann Sebastian Bach e o norte-americano Paul Horn. Odette interpretará também obras de François Couperin, Claude Debussy e dos brasileiros Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone, Radamés Gnatalli e K-Chimbinho. Nascida em Paris, a flautista graduou-se em 1951 pelo Conservatório Nacional Superior de Música da capital francesa e, em 1952, mudou-se para o Rio de Janeiro, sendo convidada pelo Maestro Eleazar de Carvalho para fazer parte da Orquestra Sinfônica Nacional, na qual atuou até 1974. Mudou-se para Brasília e foi professora de flauta na UnB. Dia 18 de maio, às 20h, com ingressos a R$ 10 e R$ 5, à venda na bilheteria do Teatro da Caixa Cultural. Mais informações: 3206.6456.
piratasnopalco Jake, Izzy e Cubby são três jovens piratas que vivem grandes aventuras ao tentar iludir os dois conhecidos vilões do clássico Peter Pan: Capitão Gancho e seu parceiro, Senhor Smith. Eles têm a companhia do papagaio de vigia Skully, mas não por muito tempo, pois o Capitão Gancho planeja sequestrar o bichinho em troca do pó mágico das fadas. Jake e os piratas é a peça da Cia. Néia e Nando que está em cartaz no Brasília Shopping até 31 de maio. A proposta é convidar os espectadores mirins a trabalharem em equipe para ultrapassar todos os obstáculos. Sábados e domingos, às 16h, com ingressos a R$ 50 e R$ 25 (somente em dinheiro), à venda na bilheteria do Brasília Shopping, a partir das 13 horas dos dias de espetáculo. Informações: 3242.5278.
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Heitor Menezes
BRASILIENSEDECORAÇÃO
Sr. Plebe Rude POR HEITOR MENEZES
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lebe Rude, Sepultura e Violeta de Outono. Essas três bandas, remanescentes dos fatídicos anos 80, mantêm acesa a chama dos princípios e da dignidade artística. Um ou outro grupo talvez esteja escapando, mas é muito pouco no contexto do B-Rock, o rock verde e amarelo. Sobreviver neste país já é difícil; sobreviver de rock, ganhar muita grana, nem mesmo mudando o nome para Herbert Vianna, ou melhor, Philippe Seabra. O cara que mantém acesa a chama da Plebe não vive só das glórias de discos emblemáticos como O concreto já rachou, lançado há exatos 30 anos, obrigatório na discografia B-Rock. Desde o final do ano passado é possível escutar Nação daltônica, o sexto álbum de estúdio, que consolida a atual formação da banda, com Philippe (guitarras, vocal e principal compositor), André X (baixo), Clemente (guitarra e vocais) e o baterista Marcelo Capucci. Basta ouvir Anos de luta (título inspi-
rado em Dias de luta, do Ira!), a segunda faixa do disco, para perceber que a verve do comentário político continua firme e forte (“As decisões que tomam por você / E as opções que te deixam eleger / Seus horizontes esbarram na TV”). Mais do que isso, mostra que a Plebe Rude continua contundente e importante peça de resistência ao sistema, fazendo-nos, como sempre, refletir, por meio da canção, do rock, sobre a visão enviesada, daltônica, que nos acostumamos a ter sobre as coisas. Ou que é empurrada goela abaixo, melhor falando. Por aqui desde 1976 (governo Geisel ainda detonando), quando tinha dez anos de idade, Philippe, nascido em Washington, capital dos Estados Unidos, testemunhou uma outra cidade e todo o nascimento da “tchurma” que viria a botar na rua o rock de Brasília. A transição de menino americano comedor de pizza, que nem falava português, para jovem brasileiro que percebia que havia alguma coisa de errado sob as botas e fardas, deu-se na Escola Americana. Dessa fase restou a recordação rebelde de ter
ficado de braços cruzados diante de Ronald Reagan, de lamentável lembrança, quando da visita do presidente norteamericano a Brasília. Foi nessa visita que Reagan, provavelmente entediado, fez um brinde ao “povo da Bolívia”. “Lá na Escola Americana estudavam os irmãos Mueller (Bernardo, da Escola de Escândalo, e André, da Plebe) e os irmãos Ouro Preto (Dinho e Ico). O Ico, que era do Aborto Elétrico, foi quem me inspirou a voltar a estudar violão. Naquela época, eu achava estranho, pois havia propaganda militar na televisão. O leite tinha um gosto estranho. A cidade era estranha e a vida era diferente. Quando vim para o Lago Norte, esse isolamento me fez me voltar para a música”, recorda. Nessa época, no Lago Norte, os vizinhos eram ninguém menos que Fê Lemos (Capital Inicial) e André Mueller, o André X, o cara que apresentou o punk ao garoto americano que curtia Van Halen, Aerosmith, Boston e Kansas. “Na entrada da Conjunto 10 da QI 8, o André me convidou a montar a Plebe Rude. O resto é história”. Onde conheceu o
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Renato Russo? “Acho que foi no Food’s, na 111 Sul. LĂĄ foram realizados os shows mais memorĂĄveis. AliĂĄs, os shows mais legais aconteciam Ă tardeâ€?. Sob a bĂŞnção de The Clash, cujo London calling acabava de ser lançado, em 1980, o que abriu a cabeça da moçada nĂŁo foi exatamente o punk moicano, trĂŞs acordes, tipo Sex Pistols, como esclarece Philippe, e sim o pĂłs-punk britânico de bandas como Siouxsie & The Banshees, Psychedelic Furs, Comsat Angels e PiL. “O Metal box, do PiL, ĂŠ a quebra. No isolamento de BrasĂlia, esses discos fizeram a nossa cabeça. O movimento da galera formada por filhos de diplomatas, que conseguiam com certa facilidade os discos recĂŠm-lançados lĂĄ fora, o isolamento da cidade, o som e as letras do pĂłs-punk foram fundamentaisâ€?, destaca o Sr. Plebe Rude, enfatizando o diferencial do “rock de BrasĂliaâ€? em relação ao ensolarado rock de bermudas que tomava as paradas de sucesso da ĂŠpoca: “As letras do Aborto ElĂŠtrico, LegiĂŁo Urbana e Plebe, falando em ‘que paĂs ĂŠ este’, ‘atĂŠ quando esperar’, ‘voto em branco’ e ‘mĂşsica urbana’, foram as letras que fizeram a turma ser presa em Patos de Minas. Essa era a nossa realidade. Acho que as pessoas sentem saudade e romantizam a respeito do som dos anos 80 justamente por causa dessa pureza no som e na linguagemâ€?. O resto, de fato, ĂŠ histĂłria. Os planos econĂ´micos, os desastres polĂticos que vieram em seguida, mudaram a conjuntura e deletaram a Plebe e outros artistas das grandes gravadoras. Nos anos 90, tambĂŠm nĂŁo teve sorte quem nĂŁo se vendeu Ă voracidade do mercado. O disco Mais raiva do que medo (1993), apenas com Philippe e AndrĂŠ, da formação original, foi pouco visto e ouvido. Philippe
concorda que esse ĂĄlbum deveria ser relançado, para que a obra da banda seja disponibilizada na Ăntegra. A Plebe voltou mesmo em 2003, quando incorporou o inteligente Clemente (da paulistana Inocentes). ExĂmio guitarrista, Clemente tambĂŠm se encaixou perfeitamente como a segunda voz, alĂŠm do fato de ter legĂtimo DNA punk. O disco R ao ContrĂĄrioâ€? (2006) testemunha esse renascimento da Plebe. Quem assistiu ao filme Faroeste caboclo, do diretor RenĂŞ Sampaio, deve ter visto o nome de Philippe Seabra nos crĂŠditos. Vencedor do Grande PrĂŞmio do Cinema Brasileiro de 2013, em vĂĄrias categorias, o filme tambĂŠm teve laureada a trilha, assinada pelo Sr. Plebe Rude. Cuidado ao falar em retomada de som e tal, quando se referir ao novo trabalho da banda, cuja capa guarda certa semelhança com a do disco Nunca fomos
tĂŁo brasileiros (1987). Philippe avisa: “NĂŁo levamos a sĂŠrio as bandas que dizem que vĂŁo retomar o que faziam no inĂcio. O som e o discurso da Plebe sempre foram essesâ€?. Ponto para a densidade. Ponto para a coerĂŞncia. Ponto para a atitude. Pensam que a plebe rude quer ser elite sofisticada? NĂŁo ĂŠ bem assim.
Cabra-cega $ SHGLGR 3KLOLSSH 6HDEUD DFHLWRX R GHVDĂ€R GH RXYLU DOJXPDV FDQo}HV H WHQWDU LGHQWLĂ€Fi ODV QR PHOKRU HVWLOR FDEUD FHJD Vejamos o que se passou: Train to lammy suite (California Guitar Trio, 1994) – “Esse riff GH LQWURGXomR p EHP /HG =HSSHOLQ PDV FRP DPSOLĂ€FDGRUHV mais potentes. Parece King Crimsonâ€?. Tomorrow (The Durutti Column, 1985) – â€œĂ‰ meio Morrissey. O AndrĂŠ gostava disso. Faz tempo que nĂŁo ouço. O grande connoisseur de mĂşsica da Plebe ĂŠ o AndrĂŠâ€?. NinguĂŠm presta (Tolerância Zero, 2000) – â€œĂ‰ de BrasĂlia? NĂŁo? O paralelo que eu vejo ĂŠ que, enquanto os playboys tentavam dar porrada na gente, a gente saĂa com as namoradas delesâ€?.
4th of July (X, 1987) – “Isso ĂŠ provavelmente americano, nĂŁo ĂŠ? Parece o pessoal da Georgia, meio sub-R.E.M., algo assim. X? Da CalifĂłrnia. Nunca curti muito o punk californiano. Ramones, simâ€?. Years later (Cactus World News, 1986) – “Me dĂĄ uma dica. Da Irlanda? That Petrol Emotion? Isso lembra Arcade Fire. NĂŁo sei quem ĂŠ. O tempo e a batida sĂŁo os mesmos de AtĂŠ quando esperarâ€?. NĂŁo me diga adeus (Aracy de Almeida, 1947) – “NĂŁo tenho muito acesso a esse tipo de som, mas me agrada. Aracy de Almeida? Nossa geração conhece a Aracy de Almeida como a jurada rabugenta da televisĂŁoâ€?. 25
Zé Maria Palmieri
GRAVES&AGUDOS
Maskavo, outra vez
Roots
Em show com a formação original, banda comemora os 20 anos do primeiro disco POR PEDRO BRANDT
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ançado em 1995 em CD e LP pelo selo Banguela, o mesmo responsável pelas estreias de Raimundos e Little Quail, o primeiro álbum da banda Maskavo Roots tinha todos os predicados para alçar o septeto brasiliense ao sucesso. Na receita sonora do grupo cabiam rock, pop, reggae e ska trabalhados com uma originalidade própria, resultando em um disco delicioso da primeira à última faixa, com um punhado de canções de vocação radiofônica, a exemplo de Tempestade e Escotilha. Mesmo com algumas músicas tocando bem nas rádios e com o clipe de Tempestade (filmado na piscina de ondas do Parque da Cidade) conseguindo grande exposição na MTV, crises internas e estruturais balançaram a banda e, pouco depois do lançamento do disco, o Maskavo Roots perdeu três integrantes. Com o passar dos anos e mais trocas na formação, a banda abandonou o sobrenome Roots, abraçou o reggae pop e emplacou sucessos como Asas e Um anjo do céu. Mas o tempo tratou de reaproximar os sete músicos: os vocalistas Marcelo Vourakis e Joana Duah, o tecladista Quim, o baixista Marrara, o baterista Txotxa e os guitarristas Pinduca e Prata (este último, o único remanescente da formação original). A amizade entre eles rendeu ensaios descompromissados nos
quais relembravam o repertório do começo do grupo (fundado em 1993). Em 2009, no festival Porão do Rock, o Maskavo Roots (divulgado como M. Roots, para não confundir o público com a banda atual) fez seu primeiro revival. “Aquele show foi muito especial pra gente, nos entregamos e curtimos a presença uns dos outros”, lembra Pinduca. A vontade de repetir a dose permaneceu, mas acabou inviabilizada pelas agendas dos integrantes, divididos entre Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Com a aproximação do aniversário de 20 anos do primeiro álbum, a banda se programou (ensaiando à distância) para, mais uma vez, subir ao palco como Maskavo Roots, no sábado, 30 de maio, no mesmo local do show de lançamento de duas décadas atrás, o salão social da Asbac. Até a banda de abertura daquela ocasião, a extinta Os Wallaces (que conta com integrantes da Cia. de Comédia Melhores do Mundo), foi reativada para participar da celebração. As comemorações continuam no segundo semestre com o relançamento, em vinil, do álbum pelos selos Assustado (PE) e Dom Pedro (DF). Maskavo Roots, o disco, tornou-se um trabalho cultuado. A música Tempestade costumava ser tocada em shows pelo Skank e foi gravada também pelo Patu Fu. “Considero um puta disco, muito sofisticado, e que acredito ser cada vez mais valorizado”, orgu-
lha-se Pinduca. “Num show no Rio de Janeiro, o Marcelo Camelo apareceu no camarim reclamando que não tocamos Escotilha”, conta Prata. O repertório da apresentação de 30 de maio contará com músicas do primeiro disco e composições feitas pela formação original que acabaram entrando nos CDs posteriores do Maskavo Roots (Melodia que eu conheço, de 1997, e Se não guenta, por que veio?, de 1998). “Para completar, faremos um medley de Bob Marley, pois o Maskavo Roots começou a partir do Cravo Rastafari, que era uma banda cover do cantor jamaicano”, adianta Pinduca. Quem estava lá, há 20 anos, poderá reviver aquela época. Quem só conhece as histórias terá a chance de ver ao vivo uma das maiores bandas surgidas em Brasília.
Maskavo Roots – 20 anos
30/5, às 22h, no salão social da Asbac (SCES, Trecho 2). Ingressos: R$ 50 (à venda nas lojas Koni da 209 Sul, 201 Norte, 101 Sudoeste e Avenida das Araucárias, 855, Loja 11, Águas Claras). Classificação indicativa: 18 anos.
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QUEESPETÁCULO
A comédia
como deve ser
POR JÚLIA VIEGAS
“C
om Gardi, o absurdo faz sentido”. Estas palavras, vindas do prestigiado jornal francês Le Figaro, dão a medida da força do trabalho da artista suíça Gardi Hutter. Clown na mais profunda acepção da palavra, Gardi traz sua impagável personagem Jeanne d’Arpo ao teatro da Caixa Cultural, para uma curtíssima temporada do espetáculo A costureira, de 11 a 14 de junho. Jeanne d’Arpo é uma mulher, digamos, com contornos bastante volumosos e cheia de desejos, quase sempre irrealizáveis. Figura ligada ao Arlequim, da commedia dell’arte, e com o sentido tragicômico do Carlitos de Charles Chaplin, Jeanne é desajeitada e quase não fala. Mas, ao contrário dos dois personagens citados, ela não fica caindo a toda hora, nem faz pantomima ou aquelas famosas gags. Seu humor é físico, sim, mas de uma maneira totalmente original. Segundo o mesmo Le Figaro, “bastaria sua expressão facial para fazer o espetáculo”. Gardi Hutter é sucesso por onde pas-
sa. Já conquistou prêmios em vários países, foi declarada “tesouro nacional” da Suíça, virou fantasia de carnaval das mais usadas em seu país e foi transformada em boneca – na pele, é claro, de sua Jeanne d’Arpo. A propósito, ela costuma explicar que sua personagem tem uma certa ligação com a santa guerreira: “Três santos visitaram Joana d’Arc, mas um deles se enganou e foi bater na casa da lavadeira Jeanne d’Arpo. Só que ela não quis ir pra luta de jeito nenhum”, diverte-se. As histórias protagonizadas por Jeanne são tristes. Em A costureira não é diferente. O espetáculo partiu de um desejo de Gardi Hutter de abordar a relação entre o destino e a morte, a partir de um divertido jogo da vida. Entre rolos de tecido, botões, carretéis e agulhas, ela tenta tecer o fio de sua história, mas o destino (todo mundo sabe) escolhe seus caminhos e nos surpreende. A artista já declarou: “As minhas histórias são tristes porque ela nunca consegue cumprir aquilo que quer. As pessoas se divertem com essa tragicidade e ficam felizes por encontrarem alguém mais infeliz do que elas”.
O espetáculo conta com a direção de Michael Vogel, ator e diretor da companhia alemã Familie Flöz, reconhecida internacionalmente por espetáculos que usam da máscara de maneira revolucionária. Com A costureira, Gardi já rodou o mundo em mais de 500 apresentações, desde a estreia em 2010, e foi destaque da mostra off do famoso Festival de Avignon, na França. Gardi Hutter nasceu em 1953, na Suíça, e desde os 25 anos de idade dedica-se à arte do Clown, sendo uma das primeiras mulheres a obterem reconhecimento na área. Até subir ao palco em espetáculos-solos, a artista caminhou muito. Fez temporada como palhaça do Circo Nacional da Suíça, no Circo Knie 2000, e trabalhou com grandes mestres como Nani Colombaioni e Ferruccio Cainero. A artista já esteve em Brasília com os espetáculos Joanna d’Arpo e O ponto. A costureira
De 11 a 14/6 no teatro da Caixa Cultural (Setor Bancário Sul, Quadra 4). De 5ª a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Ingressos: R$ 20 e R$ 10. Classificação indicativa: 12 anos. Informações: 3206.9448.
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EDUCAÇÃOCOMLAZER
Para sonhar e aprender m programa diferente, barato, instrutivo, lúdico. Uma ótima opção para crianças e pessoas de qualquer idade é ir ao Planetário de Brasília e assistir a um de seus filmes. Em março, o Planetário completou 41 anos de existência, dos quais passou 16 fechado. Em dezembro de 2013 foi reinaugurado, após ampla reforma, e hoje oferece seis sessões a cada sábado e domingo, praticamente de hora em hora, das 10h às
18h30. O ingresso é um quilo de alimento por pessoa e por seção. Durante a semana, a maioria dos filmes é dirigida às escolas, com pré-agendamento, e as duas últimas destinadas ao público em geral. Nos filmes, oportunidade para conhecer não só estrelas e planetas, mas até mesmo como nasceram as bactérias, os oceanos, a vida, ou questões de Biologia e Filosofia. Programa leve, diferente, zen... música suave, olhando a abóboda celeste, como se estivéssemos viajando no espaço, no passado, presente ou futu-
ro. Os filmes – simulações do universo, com histórias ou documentários – duram entre 23 e 45 minutos. Centro científico, cultural, histórico e de entretenimento, o Planetário de Brasília proporciona momentos únicos de descontração e construção do saber. Na sala redonda em forma de cúpula hemisférica, de 12,5 metros de diâmetro, estão 80 poltronas ligeiramente inclinadas para que se possa observar as imagens e astros exibidos no teto, sempre com um enredo por alguma viagem.
Dois pedacinhos de vidro (23 min) – Duas lentes colocadas num tubo revelam um céu nunca antes visto pela humanidade. Numa noite de observação das estrelas, dois adolescentes aprendem sobre Astronomia. Uma astrônoma lhes explica a história do telescópio e as descobertas que essas ferramentas têm feito. Os estudantes aprendem como os telescópios funcionam e principalmente como os maiores observatórios do mundo
usam esses instrumentos para explorar mistérios do universo. Ao olhar pelo telescópio, os estudantes, juntamente com a platéia, exploram as luas galileanas, os anéis de Saturno e a estrutura espiral de galáxias. Aprendem sobre as descobertas de Galileu, Huygens, Newton e outros astrônomos, físicos, matemáticos e cientistas. Conhecem o Hubble, um satélite astronômico artificial não tripulado que carrega um imenso telescópio.O filme apresenta entrevistas com astrofísicos e
cosmólogos de renomadas universidades e observatórios do mundo, que explicam o cosmos, as mais recentes descobertas no espaço, as novas ideias sobre a vida em outros planetas e o buraco negro.
POR SÚSAN FARIA
Os filmes
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Reino de luz: uma breve história da vida (24 min) – O estudo da Astronomia começou há mais de 30 mil anos. Até hoje, diversas respostas são encontradas em consequência dos próprios questionamentos. Em Reino de luz somos convidados a
fazer uma reflexão sobre nosso lugar no universo, a exploração do espaço, as conquistas e os avanços que a humanidade foi capaz de realizar. Origens da vida (24 min) – A humanidade sempre se interessou em saber se existe vida fora do planeta Terra. Formas de vida exóticas são raras, mas quando encontradas despertam a curiosidade dos cientistas. Em Origens da vida são mostrados fatos importantes na evolução da vida na crono-
logia do Universo, passando pelo seu início no Big Bang, a criação do sistema solar e a formação da Terra, seguida das condições para a existência de vida no nosso planeta. Com linguagem simples e fantásticas imagens, a sessão apresenta conhecimentos sobre o nascimento, vida e morte das estrelas e dos sistemas planetários. E traz um olhar sobre a extinção dos dinossauros. O filme é uma viagem através do tempo, mostrando muitas descobertas, e um alerta para nossa consciência planetária.
Fotos: Divulgação
Equipamentos especiais – os alemães Space Master e Power Dome VII – simulam fenômenos da Astronomia, como o mapeamento dos céus, planetas, estrelas e cometas. Diferentemente dos observatórios, que possuem telescópios para observar diretamente o céu noturno, os planetários podem simular o universo durante o dia ou quando há muitas nuvens. O Brasil possui dezenas de planetários, todos listados pela Associação Brasileira de Planetários no link http://planetarios.org.br, onde há informações básicas sobre cada um deles. Geralmente em novembro de cada ano, as direções desses planetários realizam encontro. No ano passado, cerca de 60 mil pessoas – inclusive de outros Estados e países – visitaram o Planetário, onde foram projetadas 500 sessões. Além dos filmes, o público pode apreciar atualmente a exposição Universo surpreendente, sobre a concepção, construção e funcionamento dos maiores observatórios astronômicos terrestres do mundo. São painéis fotográficos de galáxias espirais em forma de sombrero, situadas a cerca de 70 milhões de anosluz de distância, nebulosas planetárias e constelações estelares. As fotos foram tiradas por um telescópio com tecnologia de ponta e padrão de referência da astronomia europeia, o Very Large Telescope (VLT), e pelo famoso Telescópio Espacial Hubble. Réplicas das roupas usadas pelo astronauta brasileiro Marcos Pontes também fazem parte da mostra. Segundo o astrônomo Airton Lugarinho, diretor do Planetário, a intenção é reforçar a ida das escolas, especialmente dos estudantes de EJA (Educação de Jovens e Adultos) e do ensino médio noturno, para saírem da rotina e se sentirem estimulados ao estudo. O Planetário oferece também cursos para professores da rede pública e tem recebido grupos de idosos, de hospitais como o Sarah Kubitschek. Na opinião de Lugarinho, é um programa em que também as crianças se soltam e fazem emergir suas fantasias e curiosidades.
O segredo do foguete de papelão (45 min) – Numa viagem lúdica pelo espaço, três coisas são essenciais: um foguete de papelão, um prestativo livro de Astronomia e uma dose de imaginação. A nave é construída a partir de uma caixa de papelão, contendo uma carga de balões cheios de ar fresco. A jornada passa pelo Sol e pelos planetas rochosos e gigantes gasosos, com seus belos anéis. A viagem não é livre de riscos, mas o livro ajuda em todas as situações de perigo.
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EDUCAÇÃOCOMLAZER
Planetário de Brasília Setor de Difusão Cultural, Via N1, Eixo Monumental. Telefone: 3361.6810 (inclusive para agendamento de escolas).
Programação 3ª a 6ª feira (somente para escolas agendadas). 9h30, 11h, 14h30 e 15h45. 3ª a 6ª feira (sessões abertas ao público). 17h30: Origens da vida. 19h: Reino de luz. Sábados, domingos e feriados. 10h e 14h: Dois pedacinhos de vidro. 11h: O segredo do foguete de papelão. 15h e 17h30: Origens da vida. 16h30 e 18h30: Reino de luz.
Fotos: Divulgação
Equipamentos SpaceMaster - Além de mostrar a Via Láctea, o Sistema Solar, as fases da lua e as constelações, esse equipamento analógico da década de 1970 é capaz de reconstruir o céu de Jerusalém na época de Jesus Cristo ou saltar para o futuro, projetando o céu do ano 2030. Power Dome VIII - É uma ferramenta digital com tecnologia de ponta. Possui oito projetores ao redor da cúpula e 12 caixas acústicas. Proporciona projeções multidisciplinares imersivas com efeitos visuais tridimensionais. Por meio dessa tecnologia, os espectadores têm a sensação de estar imersos entre as imagens e o som de cada apresentação. O equipamento tem softwares, como o Uniview e Sky-Control, para produzir apresentações do universo, permitindo, inclusive, imagens ao vivo.
Dicas importantes 30
A entrada no prédio para visitação das instalações e exposições é franca. A partir da abertura (8h) podem ser retirados até cinco ingressos por pessoa. Não é possível a retirada de ingressos para os dias seguintes. Após o começo das sessões, é proibida a entrada de público na cúpula. Melhor levar agasalhos leves na cúpula, por causa da baixa temperatura ambiente.
GALERIADEARTE
Mais que surrealista POR ALESSANDRA BRAZ, DE SÃO PAULO
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iga-me com quem andas e te direis quem és”. O pintor espanhol Joan Miró (18931983) foi um artista que seguiu à risca o dito popular, vivendo rodeado de estrelas. Era amigo do surrealista André Masson, de André Breton, Henri Matisse, Georges Braque, Paul Klee e Pablo Picasso. Tudo isso quando morava em Paris, na década de 1920. Com Picasso, trocava histórias, ideias, e um acompanhava o trabalho do outro. “O termo da produção dos dois é cumplicidade. Foram dois artistas longevos, que atravessaram toda uma época. E, no caso das obras de arte, compartilhavam a possibilidade da espontaneidade”, diz Paulo Miyada, curador do Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo, que vai receber, de 24 de maio a 16 de agosto, a exposição Joan Miró – A força da matéria, uma grande compilação de seu trabalho, com mais de cem obras, entre pinturas, esculturas e desenhos. Após esse período, a exposição segue para o Museu de Arte de Santa Catarina, em Florianópolis, de 2 de setembro a 14 de novembro. Cunhado como surrealista, na verdade Miró acaba abarcando uma definição mais abrangente. Um grande inquieto, ele sempre quis inovar. Cansou da pintura, foi para a escultura. Revoltou-se com o cavalete e resolveu fazer colagens. “Ele cabe numa categoria maior. Com os surrealistas, ele dividia o interesse por aquilo que não podia ser explicado, mas não se ateve ao programa de nenhum grupo. Sua maior característica foi a experimentação”, explica Miyada. As linhas eram seu maior produto de investigação. Ele achava que a pintura muito tinha a ver com a palavra. Sua obra convida os espectadores a uma visão de mundo mais simples. As pinturas são ideias e não uma imagem pronta, com muitos elementos gráficos e falta de gravidade. Miró era um grande crítico da ditadura do General Francisco Franco, que governou a Espanha entre os anos de 1938 e 1973 e ordenou o ataque ao vale de
Guernica, no País Basco, que resultou na morte de 1.654 camponeses, em 1936, durante a Guerra Civil Espanhola. “Toda a vida dele foi tencionada por conflitos. Ele teve que se mudar para ter a possibilidade de trabalhar, por isso sua arte era tão livre. Ele achava que a arte tinha que trazer uma transgressão e ser contrária a qualquer regra autoritária”, prossegue Miyada. Quando foi morar nos Estados Unidos, deixando Paris por causa da Segunda Guerra Mundial, Miró já tinha ganhado fama em Nova York e exposto no MoMa (Museum of Modern Art). O contato com novos artistas norte-americanos, como os expressionistas Jackson Pollock e Mark Rothko, trouxe-lhe uma nova maneira de fazer arte. Nos anos 1950 mudou-se para Palma
de Maiorca, onde passou a fazer vários experimentos. Pintava com agressividade e deixou o colorido para trás. Agora, as linhas negras e os espaços em branco eram o mais importante. Nos anos 1960 e 1970, chegou a pintar no chão, como Pollock fazia. Nesse momento, a escultura também lhe tomou a curiosidade. Usou materiais inusitados, como sucata, em alguns trabalhos. E, num ato mais violento, ainda no âmbito de sua pesquisa pictórica, chegou a queimar algumas de suas telas. Joan Miró - A força da matéria
De 24/5 a 16/8 no Instituto Tomie Ohtake (Rua dos Coropés, 88, São Paulo). De 3ª a domingo, das 11 às 20h. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (entrada franca para crianças até dez anos e na 3ª feira para o público em geral). À venda no site ingresse.com ou na bilheteria do instituto, de 3ª a domingo, das 10 às 19h.
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LUZCÂMERAAÇÃO
Cuba,
Uma noite
verso e reverso
Cine Brasília exibe este mês Uma noite, ficção norte-americana ambientada em Havana, inspirada num caso real, e o documentário Cuba libre, de Evaldo Mocarzel, ambos enfocando controversos aspectos da vida na ilha de Fidel. POR SÉRGIO MORICONI
É
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muito difícil ser imparcial quando o assunto é Cuba. Normalmente romantizada pelas esquerdas que consideram o país um símbolo da resistência contra o imperialismo norte-americano na América Latina, o país exerce um fascínio irresistível, a despeito das
críticas que lhe são feitas quando o assunto é a maneira como a elite revolucionária de Fidel Castro e seguidores lidam com as liberdades individuais, com os intelectuais e artistas dissidentes, com as minorias, especialmente os homossexuais. Uma noite, da norte-americana Lucy Mulloy, e Cuba libre, do brasileiro Evaldo Mocarzel, trazem duas perspectivas nor-
malmente negligenciadas, mas absolutamente contundentes da ilha. O filme de Mocarzel documenta a atriz transexual Phedra D. Córdoba e o da estreante Mulloy traz o drama de três jovens que sonham emigrar para Miami. Alguns meses atrás, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ter feito uma viagem de turismo a Cuba, já
do desejo, notadamente de Raúl, de fugir para Miami, onde diz querer encontrar o pai, Uma noite vai muito além dessa circunstância específica. O quadro pintado por Mulloy de Cuba é sombrio e deve revirar o estômago dos simpatizantes da causa cubana. Prostituição, drogas, apartheid entre a população local e os turistas, mercado negro, tudo faz parte da paleta da diretora. O envolvimento de Mulloy com seu filme é profundo. Ela mesma operou a câmara e compôs várias das músicas da trilha sonora. Dizem que a arte imita a vida e vice versa. Pois muito bem: ao ser contemplada no Festival de Tribeca com os prêmios de melhor ator, para Javier Núñes Florian, de melhor fotografia e de melhor diretor(a) jovem, Mulloy se deu conta de que nem o ganhador, nem sua irmã na ficção, haviam subido ao palco. Eles haviam desaparecido no caminho para o evento. Javier e Anailín tinham se aproveitado da conjuntura de entrar em solo norte-americano para fugir. Eles foram em busca de uma vida melhor em Miami! Mulloy depois se declarou orgulhosa pelo fato de seu filme ter realizado o sonho do casal de atores protagonistas. Muito da ideia do filme veio deles. Quando começou a escrever o roteiro, ainda nos Estados Unidos, ela pensava em situar a ação do filme apenas na travessia do mar. Foram as conversas com os atores e as contradições que testemunhou, quando pisou em solo cubano,
que a fizeram mudar o curso da história. Muitas das contradições apresentadas em Uma noite são imanentes a distorções do pensamento revolucionário (como a ideologia militar varonil), mas, do mesmo modo, foram aprofundadas pelo isolamento econômico e político cubanos a partir do colapso da União Soviética. A “distensão” promovida pelo presidente Raúl Castro não deixa de ser uma clara manifestação de que se havia chegado num limite e que algo necessariamente deveria ser feito para tirar o país do impasse em que se encontrava. Levando tudo isso em consideração, seria um contrassenso dizer que essa abertura seria o “fim de Cuba”. De que Cuba se estaria falando, afinal? Certamente não seria a Cuba de Mulloy. A abertura de Raúl Castro estaria condenando o país a retroceder ao tempo de Fulgêncio Batista, quando a ilha – com seus cassinos, drogas e prostitutas – havia se transformado num quintal recreativo para a classe média dos EUA, marginalizando a população local? O filme insinua essa possibilidade, muito embora, como diz o velho provérbio português, só o tempo é o senhor da verdade e da razão. Uma noite
EUA/Cuba, 2013, 90min. Roteiro e direção: Lucy Mulloy. Com Dariel Arrechaga, Anailín de la Rúa de la Torre e Javier Nuñez Florian.
Cuba libre
Brasil, 2011, 72min. Roteiro e direção: Evaldo Mocarzel. Com Phedra de Córdoba. Os dois filmes serão exibidos até 25/5 em sessões às 17, 19 e 21h.
Fotos: Divulgação
que conhecia a ilha muito superficialmente por ocasião de algumas de suas visitas oficiais. “Quero visitar Cuba antes que ela acabe”, afirmou, claramente aludindo ao fim do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos desde 1962 àquele país. Parece que existe, de fato, um fascínio generalizado por parte dos estrangeiros em relação ao mítico estoicismo de uma nação que ousou desafiar a mais poderosa economia do mundo. É inevitável perguntar o que deverá “se acabar” com a restauração das relações comerciais entre a pequena ilha caribenha e o gigante do norte. Que tipo de idealização os estrangeiros fazem de Cuba? A julgar pelo que vemos em Uma noite e Cuba libre, existe um abismo entre as perspectivas de nativos e daqueles que vivem fora da ilha. A ex-conselheira cultural da Embaixada da França em Brasília, Françoise Cochaud, atualmente servindo em Cuba, disse a mim estar impressionada com a programação cultural do país. “Todos os grandes artistas do mundo querem se apresentar em Cuba”, comentou Françoise, numa rápida passagem por Brasília, mencionando um concerto do maestro espanhol Jordi Savall que acabara de ver em Havana alguns dias antes. Costuma-se reverenciar também a riqueza cultural cubana, principalmente a música. A Phedra D. Córdoba retratada por Mocarzel, autor de outros documentários enfocando excluídos, À margem do concreto (sobre os sem-teto) e Do luto à luta (sobre portadores de Down), não se enquadra propriamente no que se costuma definir como a “cultura cubana”. Nascida em Havana, Phedra deixou o país há cinco décadas para se transformar em diva do grupo paulista Os Satyros. Vítima da repressão homofóbica do governo de Fidel, ela retorna a Havana e, pelas mãos de Mocarzel, discute a situação de transexuais, gays e lésbicas na Cuba contemporânea. Homossexualidade também está presente no filme de Mulloy. Apadrinhada de Spike Lee, a jovem diretora colecionou prêmios em Berlim (melhor filme da mostra Generation), em Atenas e no Festival de Cinema Independente de Tribeca, em Nova York. A obra centra toda a ação nos irmãos Elio (Javier Núñes Florian) e Lila (Anailín de La Rua de la Torre) e na complexa relação com o amigo Raúl (Dariel Arrechaga). Apesar
Cuba libre
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20.05 | Sem Fronteiras
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26.05 | Cerrado em Alta
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27.05 | Brasileiro Contemporâneo
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