Roteiro 242 (1)

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brasília é cenário de dois filmes que estreiam em agosto

Ano XIV • nº 242 Agosto de 2015

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Impactante, para dizer o mínimo, é a capa desta edição, criada pelo diretor de arte André Sartorelli, sempre muito feliz em suas sacações. Ela chama a atenção para o principal festival de teatro e dança realizado aqui em Brasília, o Cena Contemporânea, que completa 20 anos e acontece entre 18 e 30 deste mês em oito teatros do Plano Piloto e cidades-satélites. Na foto escolhida por André para ilustrar a capa estão os argentinos Federico Fontán e Ramiro Cortez, protagonistas do espetáculo de dança contemporânea Cuerpos, premiado na Bienal de Arte Jovem de Buenos Aires. No palco, dois homens transitam num espaço despojado, onde convivem o terrível e o belo, o animal e o humano, em situações que os levam a enfrentar-se nos limites físicos, sem perder o erotismo e a emoção. Com cinco apresentações em palcos de quatro teatros, Cuerpos é um dos destaques da programação internacional de um festival sem fronteiras, que tem ainda produções de Portugal, França, Polônia, Espanha, Geórgia e Alemanha. Uma vitrine do que se faz de melhor não só fora como também no Brasil e em Brasília. Com preços populares e espetáculos gratuitos nas cidadessatélites, o diretor geral do Cena Contemporânea, Alaôr Rosa, aconselha: garanta seu ingresso com antecedência (pág. 18). Outro destaque desta edição é o lançamento de dois filmes ambientados em Brasília: Mulheres no poder, de Gustavo Acioli, e O último cine drive-in, de Iberê Carvalho. O primeiro, uma comédia, tem no elenco Dira Paes, Elisa Lucinda, Totia Meirelles e Stella Miranda e satiriza a cultura de corrupção que se instalou no país (pág. 30). Não poderia ser mais atual. O segundo, um drama premiado como melhor filme em Punta del Este, tem no elenco Othon Bastos, Breno Nina e Rita Assemany, e conta a história de uma família desmembrada que se reúne quando a mãe fica doente, tendo como pano de fundo o nosso Cine Drive-in, o último a sobreviver no Brasil (pág. 28). Também na seção Brasiliense de coração o personagem em foco é ligado ao cinema: André Luiz Oliveira, um baiano que escolheu nossa cidade para viver e produzir comerciais e filmes. É dele Louco por cinema, ganhador de seis prêmios no Festival de Brasília de 1994. Foi a primeira vez que um longa brasiliense ganhou o festival, ou, como diziam na época, “desta vez o Candango ficou em Brasília”. Saiba mais sobre a trajetória desse personagem lendo Produtivas loucuras (pág. 24). Boa leitura e até setembro. Maria Teresa Fernandes Editora

28 luzcâmeraação Dira Paes é a senadora corrupta e corruptora de Mulheres no poder, novo filme de Gustavo Acioli que satiriza a cultura da corrupção no Brasil.

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ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14 – Conjunto 2 – Casa 7 – Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa André Sartorelli | Colaboradores Adriana Nasser, Alessandra Braz, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Ana Vilela, Beth Almeida, Cláudio Ferreira, Eduardo Oliveira, Elaina Daher, Heitor Menezes, Júlia Viegas, Luana Brasil, Lúcia Leão, Luís Turiba, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Melissa Luz, Pedro Brandt, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle | Fotografia Fabrízio Morelo, Gadelha Neto, Rodrigo Ribeiro, Sérgio Amaral, Zé Nobre | Para anunciar 9988.5360 Impressão Editora Gráfica Ipiranga | Tiragem: 20.000 exemplares.

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Quarentão em grande forma Por Vicente Sá Fotos Lúcia Leão

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o início de Brasília, o Setor Comercial Sul era considerado um dos locais mais atraentes para empresas e profissionais liberais da cidade. Não havia advogado ou médico que não sonhasse em ter uma sala ou consultório naqueles altos edifícios do centro da capital. Os mais caros alfaiates recebiam ali os parlamentares e os mais ricos empresários da cidade-menina. Hoje, se o SCS assemelha-se aos centros antigos das cidades tradicionais, e os shoppings e pequenos centros comerciais espalhados agora por todo o Distrito Federal tomaram seu lugar no sonho da classe média, é ainda o pulmão e o local mais movimentado do Plano Piloto. Por ali já passaram dezenas de restaurantes que, se não formavam fila na porta, faziam a fama de quem os frequentava, como o português Cachopa, o capixaba Panela de Barro, o francês La Becasse e o brasileiríssimo Stella Grill. Cada um teve o seu momento de glória; porém, por razões as mais diversas, todos acabaram cerrando suas portas. Restou, dos mais antigos, apenas o Coisas da Terra,

firme e forte às vésperas de se tornar um quarentão, solidamente plantado na área central do SCS. Numa cidade de 55 anos, chegar aos 40 não é pra qualquer bar ou restaurante. Qual será o segredo dessa longevidade? O proprietário, Udileston Pinho Lopes, o Primo, há 40 anos no comando da casa que ajudou a erguer com seu irmão Wanderley ainda na década de 1970 – “quando todos tínhamos os cabelos longos e praticamente vivíamos em comuni-

dade” –, diz que, para resistir ao tempo é preciso não enfrentá-lo, mas acompanhá-lo. “Assim, nós, que começamos como um restaurante de comida natural, fomos mudando, introduzindo outras comidas brasileiras no cardápio, mas sem perder nossas características principais de utilizar sempre produtos naturais e de primeira qualidade, não permitir química na cozinha e trabalhar com quem gosta do que faz, como eu”, explica Udileston. Ele avisa que, mesmo não sendo um

O músico Chico Lopes, frequentador assíduo, com a mulher e a filha: a feijoada das sextas-feiras é imbatível.


chef, é um degustador perspicaz, que insiste na descoberta do tempero ideal para cada prato. “No Coisas da Terra, comida por quilo tem que ter a mesma qualidade da comida à la carte”, acrescenta. E sua busca parece estar dando certo. No site do TripAdvisor, o Coisas da Terra é considerado muito bom pela grande maioria da clientela, que é em média de 700 pessoas por dia (lembrando que o restaurante só abre para almoço). Nos 360 lugares dos dois ambientes – o de cima com ar condicionado – oito garçons se revezam no atendimento aos clientes, que consomem de sucos naturais a cervejas brasileiras, enquanto saboreiam o bacalhau gratinado, o pernil de cordeiro, o salmão ou a anchova negra, pratos preferidos pela maioria. Mas a casa não esquece os fregueses mais antigos, os naturalistas, e todos os dias são servidos, sempre, boas saladas, arroz integral e tofu. Pedro Abelha, presidente do Sindicato dos Publicitários do Distrito Federal e um dos fregueses mais assíduos do Coisas da Terra, esclarece um pouco o sucesso da casa: “Você chegando para almoçar aqui às 11h30, quando ele abre, ou na hora de fechar, a comida servida é sempre nova e quentinha. Nunca fica aquele ar de fim de festa, com as bandejas vazias ou por acabar”. Como bom carioca, ele adora o filé com fritas portuguesas das segundas-feiras. Talvez, então, este seja o grande segredo de um dos bons self-services da cidade, cuja cozinha é comandada há 23 anos pelo chef Samuel: enquanto houver freguês, o bufê é renovado ininterruptamente. Para alguns clientes, como o músico Chico Lopes, a feijoada de sexta-feira é imbatível. E o ambiente é sempre agradável, permitindo até ouvir a boa música de Geraldo Carvalho. As apresentações do músico, que acontecem todas as sextas-feiras, fazem parte das comemorações dos 40 anos do restaurante, que vai se estender até o final do ano, culminando com um show musical na Praça dos Artistas, que fica logo ali em frente. Embora ninguém lembre mais a data exata do aniversário, a comemoração, no que depender da clientela, vai cair num dia de semana, pois afinal (e infelizmente) o restaurante não abre aos sábados e domingos. Coisas da Terra

SCS Quadra 5 – Bloco B (3223.8610) De 2ª a 6ª feira, das 11h30 às 15h.

Udileston faz questão de fiscalizar pessoalmente a reposição do bufê, para garantir a satisfação dos clientes.

O início, em 1975 O Coisas da Terra começou como um misto de restaurante macrobiótico, armazém e farmácia natural, frequentado por jornalistas, políticos, andarilhos e artistas, onde se podia almoçar, levar os produtos para preparar em casa ou comprar remédios naturais e chás. Uma coisa assim um pouco hippie, onde todo mundo era meio dono. Udileston, portanto, precisou de muita maleabilidade e paciência para torná-lo um empreendimento comercial, com funcionários de carteira assinada e impostos em dia. Seu irmão, Wanderley Lopes, fazia do Coisas da Terra também um espaço cultural, trazendo pensadores e difusores de cultura para dar palestras e lançar livros. Mestres de yoga, do-in, macrobiótica e filosofia oriental passaram por Brasília e fizeram discípulos por conta de Wanderley e do Coisas da Terra. Naquela Brasília ainda vazia de 1975, os pães integrais eram raros e os produzidos pelo Coisas da Terra figuravam entre os melhores da cidade. Eles eram entregues nas casas dos clientes por Udileston, de bicicleta. “Era tão tranquilo que eu deixava a bicicleta com os pães embaixo do prédio, subia aos apartamentos e ninguém mexia em nada”, lembra.

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No jardim do Les Maries, Rose Vasconcelos (segunda à esquerda) comemora com as amigas o aniversário de Giselle (última à direita).

Sonho realizado

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Texto e foto Lúcia Leão

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o mesmo bigolaro onde dona Adeli preparava a massa que fez a fama da Galeteria Farroupilha, da 309 Norte, nas últimas décadas do século passado, Marilde Cavaletti fabrica, dia sim dia não, o espaguete que, servido com molho de camarões, é um dos pratos mais apreciados pelos clientes do Les Maries, pequeno e aconchegante restaurante que em menos de três meses de funcionamento conquistou a fidelidade de paladares exigentes e se tornou point de brasilienses apreciadores do bem comer. “Já é nosso ponto de encontro. Hoje estamos comemorando o aniversário da Giselle, mas já nos reunimos aqui outras vezes, com outros pretextos. Tanto a comida como o ambiente são deliciosos”, testemunha Rose Vasconcelos, vizinha do restaurante na 204 Norte e responsável por arrebatar as amigas para demorados almoços no jardim do Les Maries. Além do bigoralo, máquina rústica de madeira criada em Veneza, no Século 19, para produzir um tipo de massa característico daquela região da Itália, Marilde herdou da mãe a paixão pela cozinha, disciplina mais importante na formação dessa chef que aprendeu e aprimorou sua técnica trabalhando primeiro

no restaurante da família e depois com alguns dos profissionais mais renomados de Brasília e São Paulo. Administradora de empresas formada e pós-graduada pela Fundação Getúlio Vargas, não frequentou cursos de culinária, mas por muitos anos ofereceu sua força de trabalho para aprender os segredos da alta gastronomia em cozinhas comandadas por estrelas da grandeza de Isabel Pelegrino, Laurent Suaudeau e Pascal Valero. Passou por vários grandes restaurantes de Brasília e comandava a cozinha do Mercado 153, do Brasília Shopping, quando, no final do ano passado, decidiu que chegara a hora de se lançar em voo solo e criou o Les Maries, “para colocar em prática tudo o que sempre sonhei e nunca pude realizar em cozinhas alheias”, explica, divertida. Adepta da filosofia do slow food, projetou um restaurante para ser pequeno (atende no máximo 50 pessoas), trabalhar com ingredientes selecionados (ela se orgulha, por exemplo, de só utilizar os camarões da Costa Negra, únicos do Brasil com denominação de origem, produzidos em fazendas do Ceará sem utilização de quaisquer insumos artificiais ou aditivos químicos) e cuidar pessoalmente de cada prato. Na cozinha, só trabalham ela e o subchef Genilton Ribeiro, o Dólar, além de José, encarrega-

do da limpeza e da manutenção. A pequena equipe dá conta de oferecer almoço e jantar de terça-feira a sábado, almoço nos domingos e café da manhã nos finais de semana. O formato enxuto e a filosofia da casa, segundo Marilde, permitem ao Les Maries praticar preços mais baixos do que a média dos restaurantes de sua categoria. Os pratos executivos, por exemplo, são servidos no almoço por uma média de R$ 27. Nas noites de quartafeira ela prepara cardápios especiais para encontros de integrantes do Slow Food Cerrado. Durante o mês de agosto está servindo a Paella do Cerrado, que mistura frutos do mar com carne de cateto e outros produtos da região. Essas noites estão sendo aproveitadas também para degustações de vinhos levados pelos clientes. A casa não cobra rolha. Não bastasse, Marilde e Genilton ainda encontram tempo para oferecer aulas particulares de culinária. Elas acontecem no início da manhã e no meio da tarde, na cozinha do próprio restaurante, atendem ao interesse pessoal de cada aluno e custam entre R$ 100 e R$ 150, de acordo com os insumos utilizados. Les Maries

203 Sul – Bloco A (9697.1395). De 3ª a sábado, das 11h30 às 23h; domingo, das 11h30 às 17h.

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Sinta-se em casa por Victor Cruzeiro

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ui ao Viramundo Café algumas vezes nos últimos dias e me lembrei – como há muito não me lembrava – da relação tão íntima entre a cozinha e o coração. Encontrei, naquele pequeno e aconchegante bistrô recém-inaugurado na quadra 105 do Sudoeste, uma atenção e dedicação tamanhas que não eram voltadas apenas para os clientes, mas também para cada prato, doce ou café servido. São as próprias donas – Dani Ventura e Jaque Filgueiras – que servem os clientes. Não há intermediários entre as idealizadoras/donas e seu público. Enquanto isso, a cozinha, bem ao lado – também sem barreiras –, fervilha, preparando toda série de iguarias desse cardápio mais que esmerado. Provei a focaccia da casa (R$ 6,80), feita na hora, com sua massa suave adicionada de tomates e dentes de alho assa-

dos. Um primor que se completa com a sugestão de consumo com azeite, pimenta do reino moída e sal rosa, calmamente explicada pela própria Dani ao servir. É esse o carinho indispensável à cozinha, que o Viramundo esbanja. As maîtresses não supõem que o cliente já saiba a melhor maneira de consumir o prato, nem tampouco que conheça todos os nomes do cardápio. Ao perguntar o que diferenciava um aligot de batatas de um simples purê, ouvi uma calma e informal explicação. Não há aquele espectro prepotente que ronda os ambientes mais sofisticados, com seus cardápios repletos de termos em francês. Esse é o grande trunfo do Viramundo. Não é apenas a decoração minuciosa, de obra das próprias sócias. Tampouco é o cardápio amplo, que vai do café da manhã ao jantar. Nem mesmo a longa e surpreendente carta de vinhos. O que torna esse pequeno lounge do Sudoeste

tão único é esse afeto, depositado no café feito na hora e na maminha confitada (R$ 46), na berinjela parmegiana (R$ 22) e nos doces, que não são feitos lá, mas são postos à mesa pelas donas como se faria a um amigo de longa data em sua própria casa. Casa: essa é a palavra que define o ethos desse nosso Viramundo. Um ambiente repleto de pequenos detalhes de toda uma vida – souvenirs das viagens de Dani e Jaque – cujo objetivo primordial é ser acolhedor. E esse zelo vai do sorriso simpático que nos recebe à entrega de uma simples embalagem para os vários artesanatos e guloseimas à venda no salão. Tudo que eu posso dizer é: vá ao Viramundo, sinta-se em casa e então deixe que um pouco do Viramundo volte para casa com você. Viramundo Café

105 Sudoeste – Bloco C (3021.6908) Diariamente, das 8h30 às 22h30.


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A A R A P M O B É O QUE ~ , . A V O R P A A R A M A CÂ

O A C A C EDU ´

repasse de recursos

O projeto de lei que antecipa o para as escolas foi aprovado pela Câmara Legislativa. Assim como o que padroniza a data das férias em todas as escolas públicas e privadas e o projeto que detalha o Plano Distrital de Educação. São apenas 6 meses de trabalho e toda a população sendo beneficiada.

Se é bom para você, a Câmara aprova.

DENGUE


Edgar Marra

Rômulo Juracy

picadinho ao preço de R$ 198. No rodízio são servidos 18 cortes de carne – picanha, bife ancho, costela premium, shoulder steak, fraldinha, filé mignon, cupim, frango, cordeiro e carnes suínas. É indispensável fazer reserva.

Para a happy hour A calçada do Parrilla Madrid, na 408 Sul, está ficando pequena para a quantidade de apreciadores de duas delícias ali servidas nas noites de quinta e sexta-feira: o tradicional choripan, sanduíche argentino de pão ciabata, linguiça de porco caipira e molho chimichurri (R$ 14), e o hambúrguer de kobe beef, carne extraída do gado japonês wagyu, com queijo canastra ou gorgonzola (R$ 22).

Cardápio bem-humorado

Mais de 200 rótulos de cervejas especiais em 50 estandes, restaurantes, shows das bandas Scalene, Sargento Pimenta, O Barjo e o Bando, Os Dinamites, Passo Largo, MegaJamgo, Lady Laura e George Israel, do Kid Abelha, serão as atrações do 1º Bierfest Brasília, de 4 a 6 de setembro, no Arena Lounge do Estádio Mané Garrincha. “Há muitos apreciadores da bebida na região do DF. Portanto, o Bierfest chega em boa hora para quem não abre mão de conhecer novidades e degustar cervejas de qualidade excepcional”, afirma Gustavo Araújo, organizador do festival (foto). Uma parceria com o site www.ingressorapido.com.br oferece vantagens para quem adquirir antecipadamente o passaporte para os três dias de festival (R$ 70, meia). O ingresso para um dia (R$ 30, meia) dá direito a uma caneca para degustação. A expectativa da organização é de um público de 15 mil apreciadores da bebida preferida por dois terços dos brasileiros, segundo pesquisa do Ibope.

Os nomes dos novos petiscos e drinques recentemente incorporados ao cardápio dão bem uma ideia do clima descontraído reinante nos dois endereços do Primeiro Bar, no Setor Sudoeste (SIG, Quadra 8, tel. 3028.1331) e em Águas Claras (Shoping One, tel. 3028.4366). Esse suculento corte de carne, por exemplo, foi batizado de Safraldinha – aliás, é o mais caro dos novos pratos (R$ 37,90). Ao todo, são oito drinques e oito petiscos que atendem por nomes irreverentes como Caipi-Santo, Morangujá, Mexicomigo, Chapolin Colorado, Rei do Cangaço, Pig-Meu, Paga um Croquete? e Bacanow.

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Bolos do Flávio

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Rodízio com vinho

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Na churrascaria Fogo de Chão (Setor Hoteleiro Sul, Quadra 5, tel. 3322.4666), segue até o final do mês o rodízio para duas pessoas, mais uma garrafa de Carmen Cabernet Sauvignon,

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O Dia dos Pais já ficou pra trás, menos no La Bonne Fondue (Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 2, tel. 3223.0005). Quem for ao restaurante em qualquer domingo do mês de agosto e pedir um dos festivais de fondue da promoção em homenagem aos pais ganha 50% de desconto para o acompanhante. São três opções de fondue: o Tradicional (R$ 73,90 por pessoa), o La Mer (R$ 88,90) e o Completo (R$ 128).

Lá se vão oito anos desde que Flávio deixou a Paraíba, junto com a mulher e a filha, com a ideia fixa de abrir uma loja para vender exclusivamente bolos caseiros. Deu tão certo que ele acaba de inaugurar, na 108 Sul, sua 13ª loja (a primeira foi em Sobradinho). Entre os mais de 20 sabores servidos pela rede Bolos do Flávio, os preferidos da clientela são os de leite condensado e coco (foto), mandioca com requeijão e goiabada, milho, banana com passas, churros com doce de leite e cenoura com cobertura de chocolate.

Vocês querem bacalhau? Para quem quiser, uma boa dica é o festival de bacalhau do Dom Francisco da 402 Sul. São cinco versões do prato, todas suficientes para duas pessoas e acompanhadas de arroz branco. O bacalhau ao forno e o bacalhau à Braz custam R$ 85; o bacalhau à espanhola (foto), o de natas e o aromático saem por R$ 90. Reservas pelos telefones 3224.1634 e 3321.0769.

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DOIS ESPRESSOS E A CONTA cláudio ferreira claudioferreira_64@hotmail.com

Um nome pra chamar de seu

Uma das minhas maiores curiosidades em relação aos empreendedores do setor de bares, restaurantes e similares – esses heróis em tempos de crise econômica – é sobre como eles batizam os estabelecimentos. O nome é o cartão de visitas do lugar, é a primeira coisa que vai fazer o cliente parar ali e não no concorrente. Um nome que não chame a atenção ou que não instigue o consumidor a saber que novidade é aquela está fadado a levar o negócio ao fracasso. O problema é que não há fórmula mágica ou lógica cartesiana para atrelar o nome de um estabelecimento ao seu sucesso. Lugares com nomes bem bolados têm vida curta na cidade; outros, que nem se esmeraram tanto no batizado, são longevos. Por isso, na dúvida, é bom dedicar um tempo a escolher como vai se chamar aquele que o empresário espera que seja o próximo point do pedaço. Não há fórmulas mágicas, mas há fórmulas que se aproximam do sucesso. Pode-se, por exemplo, apelar para a objetividade, e colocar logo no nome do estabelecimento o produto carro-chefe da casa. Exemplos não faltam: pão de queijo, sushi, picanha, chope, glúten, café. O freguês bate o olho e já sabe o que esperar daquele novo comércio. Os restaurantes naturais são adeptos dessa objetividade – os nomes se referem à natureza, terra, saúde e evitam que carnívoros desavisados entrem procurando uma maminha. Há quem prefira contar com os gentílicos. As churrascarias adoram se autodenominar “gaúchas”, mesmo que não haja nenhum nascido no Rio Grande do Sul por lá. As pizzarias abusam das denominações que remetem à Itália. Quem serve carne de sol quer se

aproximar do Nordeste. E você consegue contar, nos dedos das duas mãos, quantos restaurantes adicionam as alcunhas “mineiro” ou “de Minas” ao primeiro nome? Sem esquecer dos goianos... Alguns estabelecimentos têm a nacionalidade do prato não no nome, mas no idioma. As creperias fazem biquinho na hora de escolher os nomes, quase todos em francês. A referência a Paris, geralmente, é explícita para dar um ar mais chique (ou chic). O pronome “el” introduz o nome de quem explora a culinária latino-americana, assim como “don” é a senha para o mundo italiano. Quem quer passar uma ideia de aconchego e intimidade coloca nome duplo: o primeiro é quase sempre “casa” ou “cozinha”, no máximo “esquina”. Prima desta ideia é a de ligar o bar ou o restaurante a um passado que ainda está na nossa cultura geral: nesses casos, o nome é igualmente duplo, e o primeiro é “armazém” ou “empório”. Apelar para os nossos sentimentos familiares ou para o nosso saudosismo acaba dando certo. Também dá certo ir buscar alguns adjetivos para criar imagens na cabeça do freguês. “Dourado”, por exemplo, enfeita alguns nomes duplos de padarias e restaurantes – assim como o ouro, a ideia aqui é de algo especial e valioso. Se o clima do estabelecimento é de montanha, “Serra” pode ser incorporado ao nome para deixar explícito que o ambiente é rural. Então, é só partir para o batizado. Uma dica: o nome deve estar claro, evidente. Há algumas logomarcas que mais confundem e escondem. Na dúvida, opte pela letra que dá mais leitura, pelo desenho que complementa a ideia que o nome quer passar. Aí, a chance de sucesso é bem maior.

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GARFADAS&GOLES Luiz Recena

lrecena@hotmail.com

Dos apertos da saudade

Quando a saudade aperta, procuro um bar “das antigas”. Um boteco onde não precise me embriagar. Nem beber, se for o caso. Não dar explicações, pois ali elas não cabem, não são necessárias. Trata-se de local que, de tão conhecido, fala, pergunta e responde sozinho. O balcão, a mesa, o quadro de avisos, tudo é familiar. O garçom é sábio, respeita silêncios e não faz filosofia. Gerente e dono seguem a mesma linha. É um “tudo-bem-quanto-tempo-cadê-aturma-e-os-meninos-estão-crescidos-já-têm-a-vida-deles-isso-é-bom”. E ponto final. Vida que segue no exame do cardápio e no pedido em seguida. Dia desses, o fim da tarde escorregou e tombou na minha frente. Bem Brasília! Sem programação nem inspiração para a noite, lembrei de um francês amigo, que bebia cachaça e declamava as palavras pela metade, quando ficava bravo. Então, em sua homenagem, admiti que estava “mei-putda-vid”, com aquela situação. Era sexta-feira e esse deus do começo da noite ancorou meus devaneios na esquina do Ki Filé, o novo. Para quem não sabe: existiu um KF velho e o colunista é desse tempo. Pura nostalgia. Ao lado, um Pai Joaquim feito estátua de madeira, com a mão estendida e algumas moedas na palma. Danados filhos da turma certo dia rapinaram as moedas. Só não foram para o sal pela proteção do preto

velho e dos risos da plateia. Então, entre Raimundos e lembranças, salta um filé alto ao tornedor, do ponto para o mal. Feita a ligação com o passado, vida que segue. Quando a saudade aperta, procuro um bar “das antigas”. Pode ser o Pipou’s, com o João e sua paciência de Jó. Frango a passarinho, pescoço de peru, linguiça frita, costela de porco. Só tira-gosto “laitchi” e com pronúncia carioca... Molhar o bico? Pouco e de vez em quando. Não se bebe mais como antigamente. Quando a saudade aperta, procuro um boteco “das antigas”. Um onde esteja o Cabo. Hoje é o Fausto & Manoel; ontem era o Toca, do Chopp ou do Claude. A ordem da saudade não altera os fatores etílicos. No Cabo atual tem comidinhas para boêmios terceira idade, tipo caldinhos e sopinhas. Mas sempre se descola um filé Osvaldo Aranha, que ninguém é de ferro e o pé ainda está longe da cova... (tóc-tóc-tóc). Quando a saudade aperta e a boca não está para botecos, sempre tem as enseadas do Gil. Portos seguros sob o atento comando de capitães de longo curso: Carlos no Madrid, Wagner e Raildes nos Bacos sul e norte. E la nave va! Entre pizzas, carnes em cortes nobres e duas boas taças de tinto, isso quando não tem almoço dos xiitas, fiéis e infiéis que arderão nos fogos dos infernos de Dante. Salud!

Fórmula 1

Selva de pedra

A força da carne bovina e os cavalos de força na mesma pista. É a nova promoção do BSB Grill neste mês de agosto. Asado de tira mais um bife, a escolher entre ancho, tira e chorizo. Três acompanhamentos: farofa de ovos, fritas e arroz com brócolis. Servem duas ou três pessoas. Na brinquedoteca tem videogame F-1 2015. Quem ganhar concorre a boné do piloto Felipe Nasr.

Elas gastam tinta e papel. Inundam a internet, enchem os sacos celulares. E pouco mudam. A lei da selva de pedra segue forte: trem aperta ônibus, que fecha caminhão, que aperta carro, que derruba moto, que derruba bike, que atropela pedestre. Amigo e colega, Alexandre Garcia fez mais pelo bem desse quadro do que as ônguis, sumidouros de verbas públicas e doações, sem bons resultados. Vivem disso. Não podem perder a boquinha.

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Baianidade francesa

Não é raro, hoje em dia, em meio às ondas incessantes da culinária contemporânea, cozinha molecular, fusion food, gastronomia de vanguarda, um verdadeiro metralhar, enfim, do raio gourmetizador que aplaca nossa alimentação, nos depararmos com textos simplesmente bizarros como este de um professor doutor universitário do Rio de Janeiro: “Daí se realça o multiculturalismo da cozinha fusão, caracterizada pelo design e pela assemblage. Esses novos paradigmas da hibridação impõem uma certa lógica empírica da cozinha terapêutica somada à lógica analítica de uma nutrição científica (fortemente amparada pela mídia), que recomenda certos tipos e proporções de alimentos.” E pensar que tudo começou por um pensamento e filosofia bem mais objetivos e coerentes, para não dizer até singelos, de Brillat-Savarin em seu livro A fisiologia do gosto (1995), no qual detalhou o conceito a partir de uma concepção do que seria comer e beber apropriadamente. Poderia, e mesmo deveria, meu caro editor lembrar-me de que meu assunto é vinho e não comida. E ele estaria certo, mas, embora ame meus vinhos, eles fazem tão mais sentido acompanhados da boa comida que quase nunca consigo separar os assuntos. Quando meu querido amigo e vizinho de coluna (logo aí ao lado) Luiz Recena usufruiu de alguns “anos sabáticos”, se é que assim poderíamos chamá-los, deleitando-se nas areias sempre quentes de Salvador, a se refrescar com bons goles e ótimos acepipes, ainda nos bons tempos das “barradas de praia”, tive o prazer de lá encontrá-lo, por mais de uma vez, naquela que sempre achei a melhor: a barraca do Francês. Isso sim é que é

fusion: dar uma certa “baianidade“ às delícias francesas e vice-versa é algo que sempre me agradou. E qual forma melhor de fazê-lo do que degustar um bom prato baiano com bons vinhos franceses? Pois é, algo que de tempos em tempos muito me agrada é preparar para alguns amigos minha elogiada moqueca de camarão e acompanhá-la com boas garrafas gaulesas. Muitas vezes o fiz, e com sucesso, utilizando os tintos mais leves da Borgonha, mas desta feita optei por um champanhe rosé especial e um Borgonha branco de alto gabarito. Iniciamos pelo Laurent-Perrier Cuvée Rosé, um dos mais famosos champanhes rosés do mundo, um dos poucos que utilizam o processo de maceração em sua produção, o que traz maior profundidade aos seus aromas e sabores. De cor raso-salmão, traz ao nariz muito frescor e frutas vermelhas, com toques de morango, cereja negra e framboesas. O palato confirma todos os aromas nas mesmas frutas vermelhas, com acidez adequada e equilíbrio perfeito com seu perlage. Após a vivacidade acesa ao palato por esse excelente champanhe, finalizamos a harmonização com um grande chardonnay da Borgonha: o Bourgogne Hautes Côtes de Nuits-Cuvée Elephant Rouge do Chateau de Villars Fontaine 2008. Um domaine especializado nos maravilhosos brancos dessa casta. De cor amarela palha, com aromas deliciosos de damasco e lima da pérsia, trouxe ao palato uma mineralidade bem casada com untuosidade, mostrando um equilíbrio perfeito e uma sedosidade densa que casou fantasticamente com a nossa moqueca. Um almoço no qual só faltou a presença do Recena.

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interseções

Vai até 24 de agosto, na Galeria Athos Bulcão, a exposição de trabalhos de artistas da região Centro-Oeste realizados em Residência Artística do Núcleo de Arte do Centro-Oeste. Por duas semanas, em maio passado, o povoado de Olhos D’Água, em Goiás, acolheu e inspirou os artistas Dalton Paula (GO), Daniel Pellegrim Sanchez (MT), Íris Helena (DF), Ricardo Theodoro (DF), Santhiago Sellon (GO) e Thaís Galbiatti (MS), que criaram suas obras a partir de suas experiências, do diálogo com a curadora Renata Azambuja e da convivência com a população local. Segundo ela, os artistas não foram escolhidos com base em conceitos temáticos, conceituais, ou mesmo registros prévios. Levou-se em consideração o desejo de celebrar o Centro-Oeste, reunindo artistas radicados em seus Estados. “Nenhuma temática foi estabelecida, e os artistas desenvolveram trabalhos em linguagens variadas”, explica Renata. De terça a domingo, das 10 às 20h. A Galeria Athos Bulcão fica no anexo do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Entrada franca. Informações: 3325.6239 e 3321.9922.

Angélica Bessa

viagensimóveis Este é o nome da instalação que ocupa a marquise da Funarte até 20 de setembro. De autoria de Jacqueline Belotti, propõe uma interferência na paisagem urbana de Brasília por meio do uso de espelhos redondos, convexos e planos em variados diâmetros, afixados em estrutura metálica sobreposta à marquise. Contemplado pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014 – Atos Visuais Funarte Brasília, foi batizado de Viagens imóveis porque remete ao modelo de percurso visual requerido do observador para fruição das pinturas de paisagens chinesas. A ideia é conceber, com os espelhos, um grande aumento no campo visual em uma sucessão de pontos de vista ritmados por elementos da paisagem ou da arquitetura, que permitam marcar as pausas e construir trajetórias para o olhar. Jacqueline Belotti organiza os espelhos em três diferentes perspectivas: uma vista um pouco inclinada para a parte baixa, uma vista frontal ao centro e uma vista contrária, inclinada para a terceira parte alta.

atacama No final do ano passado, o artista plástico e professor Daniel Mira propôs a seus alunos que fizessem uma experiência: provocar a ref lexão sobre suas vivências e suas relações com o espaço “abstrato” do deserto. Angélica Bessa, Clara Molina, Elaine Rodrigues, Elizete Bomfim, Geraldo Helcius, Lucila Gomes e o próprio Daniel fizeram então uma imersão no Deserto do Atacama e dela nasceu a mostra Paisagens internas, em cartaz até 26 de agosto no Espaço Cultural do Superior Tribunal de Justiça (STJ). São 70 obras em vários formatos, “sete ensaios individuais que revelam intensidade, leveza, linhas, planos e profundidade autoral dignos de fotógrafos já consolidados”, revela o curador Daniel Mira. De segunda a sexta-feira, das 9 às 19h, com entrada franca.

Jacqueline Belotti

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Chama-se Arte em Pauta o novo espaço do Shopping Libert y Mall, inaugurado com a Coletiva de inverno, que reúne sete artistas da cidade: Antonia Célia, Donizetti Garcia, Nancy Safatle, Morenu, Rodrigo Nardoto, Sheila Tapajós e Sonnia Guerra. Administrada pela galerista Celina Leite R. Kaufman, tem como proposta oferecer aos artistas locais todo o suporte administrativo e mercadológico de que necessitam, além de adaptar a oferta ao interesse do cliente. Com 25 anos de experiência, Celina já fez projetos e exposições em vários shoppings da cidade, além de ser proprietária da Art&Art Galeria. De segunda a sábado, das 10 às 22h.


Débora Amorim

muitonatural Ela é fotógrafa e doula, profissional que auxilia as gestantes nos partos naturais. Da união dessas duas atividades surgiu a exposição Gesto natural, em cartaz de 23 de agosto a 19 de setembro na galeria Olho de Águia, de Taguatinga, na qual Débora Amorim retrata as dores e alegrias do parto. Estarão lá fotos de mulheres e suas famílias em um dos momentos mais sublimes de suas vidas. “São belas sequências de imagens desnudando preconceitos e normas para falar do direito a dar à luz nas próprias casas”, revela Valéria Véras, curadora da mostra. Acompanham as fotos os relatos emocionados dessas famílias. Apesar da escolha pelo parto natural trazer inúmeros benefícios para a mãe e para a criança, ainda é um desafio para muitas mulheres. “O parto natural é aquele que respeita a liberdade da mãe escolher como ter o filho, considerando a fisiologia do parto e do corpo da mulher”, afirma Débora. Sua experiência como doula conduz o olhar da câmera para revelar ao público os detalhes sensíveis e emocionantes do momento do parto. Vernissage: 22 de agosto, às 19h30. A Galeria Olho de Águia fica na CNF 1 (Edifício Praimar, Bloco D, loja 12 , Taguatinga Norte).Informações: www.gestonatural.com.br ou www.facebook.br/gestonatural.

dofogoàinternet Telégrafos, telefones antigos e um Ford Bigode usado em 1927 pelo Marechal Rondon na sua última missão – a demarcação de fronteiras no extremo-oeste do Brasil. Essas são algumas atrações da mostra Os sinais e as coisas – das fogueiras à internet, em cartaz até 25 de janeiro no Museu dos Correios (SCS), que conta a história das telecomunicações no Brasil. A retrospectiva começa antes mesmo da invenção da escrita, quando remetente e destinatário de uma mensagem tinham de estar próximos um do outro. A invenção da escrita permitiu romper as fronteiras do tempo. Com ela, o suporte da comunicação (a carta, o livro, a tela) passou a estar ao alcance de quem recebe a mensagem. Só que a velocidade de transmissão das mensagens dependia da velocidade dos transportes. Esses limites foram vencidos com a criação de sistemas mais rápidos de comunicação a distância, buscando o instantâneo. De terça a sexta-feira, das 10 às 19h, e sábados, domingos e feriados, das 12 às 18h, com entrada franca. Informações: 3213.5076.

O que a cafeína faz com nossa bexiga? Por que nos arrepiamos? O que nos faz soluçar? Essas e muitas outras curiosidades sobre o funcionamento do organismo poderão ser respondidas a quem for à exposição O fantástico corpo humano, no Shopping Iguatemi. Vista por milhões de pessoas de vários países, está em turnê pelo Brasil, ficando em Brasília até 4 de outubro. As galerias são divididas pelos sistemas do corpo e por cores (esquelético, muscular, nervoso, respiratório, digestivo, cardiovascular, circulatório e reprodutivo), além de mostrar a vida fetal e a medicina moderna. Os visitantes descobrem os detalhes do funcionamento dos órgãos, com auxílio de monitores da área de saúde que usam linguagem adequada a cada grau de escolaridade. De segunda a sábado, das 14 às 21h, e domingos e feriados, das 12 às 19h. Ingressos entre R$ 20 e R$ 60. Informações: 4141.9106​.

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Jair Xavier

corpohumano

voltagem “O dedo indicador antes da hora é traça ruidosa que só se demora. Uma palavra antes da hora é fruta caída que o tempo devora. Um perdão antes da hora é palavra solta que não se melhora. Um nunca mais a qualquer hora é voltagem de trovão que não vai embora. Um adeus a essa hora é o desejo mordido pela maçã. Reconstituição do hímen da virgem sem rima.” Essa poesia de Carla Andrade faz parte do livro Voltagem (Editora 7 Letras), a ser lançado dia 18 de agosto no Café Martinica (303 Norte), a partir das 19h. Carla Andrade Bonifácio Gomes é mineira de Belo Horizonte e mora em Brasília desde 2000. Jornalista e poeta, já escreveu dois livros: Artesanato de perguntas (Editora 7 Letras), no final de 2013, e Conjugação de pingos de chuva (Editora LGE), em 2007. Carla já participou também das antologias Fincapé e Poesia crônica. Voltagem tem 24 páginas e vai custar R$ 12.

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dia&noite paralelosmusicais Encontros virtuais é uma série de shows que ocuparão o teatro do CCBB nos fins de semana entre 11 e 20 de setembro. Neles ficarão evidentes afinidades estéticas entre compositores de épocas e lugares tão distintos quanto improváveis. No primeiro fim de semana, por exemplo, o violoncelista Jacques Morelenbaum (foto) e o Duo Gisbranco interpretarão músicas de Villa-Lobos e Egberto Gismonti (dia 11); Cristina Braga (harpa) e Sacha Amback (teclados), com participação de Mário Sève (sopros), irão de Debussy e Tom Jobim (dia 12); enquanto os pianistas Cristovão Bastos e Maira Freitas mostrarão paralelos entre Chopin e Ernesto Nazareth (dia 13). Maria Teresa Madeira e Dirceu Leite executarão obras de Mozart e Altamiro Carrilho, dia 18. Tomás Improta e Kiko Horta (Bartók e Hermeto Pascoal), dia 19, e Marcelo Fagerlande e Mário Sève (Bach e Pixinguinha), dia 20, completam a programação. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia).

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A escritora e ilustradora Marilda Castanha, a espanhola Patricia de Árias e o músico Guga Murray participam da segunda edição do festival itinerante de leitura Uni duni ler. Coordenado pela escritora Alessandra Roscoe, tem como meta despertar bebês para o hábito da leitura, e idosos e pacientes de Alzheimer a estimular e preservar a memória. Brazlândia, Sobradinho, Brasília, Lago Sul, São Sebastião, Samambaia, Taguatinga, Ceilândia, Recanto das Emas, Vila Telebrasília, Varjão e Planaltina receberão o projeto itinerante, com atividades gratuitas. A primeira etapa será nos dias 28, 29 e 30 de agosto no Plano Piloto, Brazlândia e Sobradinho. No primeiro dia, Alessandra e os convidados falarão de suas leituras afetivas e dividirão com os participantes diversas formas de ler e fazer da leitura uma janela para outras potencialidades. Marilda Castanha vai falar sobre o livro de imagem e as leituras imagéticas, Patricia de Arias sobre poesia e Alessandra sobre como ler com prazer em todas as idades. No dia 29, os convidados se reúnem para um momento de leitura pública com bebês e seus familiares na Biblioteca Pública de Brazlândia, onde serão demonstradas técnicas de leitura. No domingo, dia 30, será a vez da leitura com idosos, baseada nas técnicas da oficina Caixinha de guardar o tempo, em que histórias e leituras de contos infantis puxam o fio de muitas memórias, no Lar Bezerra de Menezes, em Sobradinho. Inscrições pelo email: alessandraroscoe@uol.com.br.

tim-tim O Jogo de Cena nasceu em 1985 por iniciativa de artistas interessados em divulgar a cultura produzida na cidade. Em pouco tempo tornou-se uma tradição e entrou para o calendário cultural de Brasília. Dia 26 de agosto, a comemoração desse sucesso ocupará o palco do Teatro da Caixa, a partir das 20h. Na programação da festa dos 30 anos estarão grupos que de alguma forma foram importantes na história do projeto, assim como atrações que representam a força atual da arte feita na cidade. Estão confirmadas as apresentações da Cia. de Comédia G7, do Quarteto Tokata de Bateria, da Tribo Cia. de Dança, do comediante Cláudio Falcão e de Adriana Nunes, com apresentação antológica de uma cena de As namoradeiras. Welder Rodrigues e Ricardo Pipo comandam a festa que tem como marca o bom-humor, o improviso e a interação com a plateia. Ingressos a R$ 20 e R$ 10.

eruditoepopular A cantora Josira Salles e o pianista André Tribuzi se apresentam dia 19 de agosto, às 20 horas, no CTJ Hall (706/906 Sul), com entrada franca. No recital estão arranjos que transitam entre gêneros e estilos musicais eruditos e populares. O repertório inclui obras de György Ligeti, Claude Debussy, Hermeto Pascoal, Pixinguinha, Tom Jobim, Egberto Gismonti e Cláudio Santoro. Josira Salles possui formação em canto lírico, especialização em ópera e vasta experiência em performance. Sua paixão pelo jazz e pela MPB a conduziu à improvisação e ao desejo de criar releituras de peças eruditas e populares. André Tribuzy graduou-se em piano pela UFRJ, obteve o diploma de Master in Performance na Holanda e atualmente faz mestrado em Musicologia na Suíça.

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Koran Agan, Eduardo Belo e Pedro Martins se apresentam dia 26, às 20h, no CTJ Hall (706/906 Sul). Norte-americano, Koran Agan atua como bandleader fortemente inf luenciado por Django Reinhardt. Já se apresentou no Montreal International Jazz Festival e no Atlanta Jazz Festival, entre outros. Contrabaixista e compositor brasiliense, Eduardo Belo estudou na Escola de Música de Brasília e graduou-se em Música na UnB. Nos EUA, onde reside e cumpre intensa agenda de apresentações, concluiu mestrado no Queen’s College of New York. Guitarrista e compositor brasiliense, Pedro Martins venceu o Socar Guitar Competition na última edição do Montreux Jazz Festival sob a reação entusiasmada da lenda viva da guitarra John McLaughlin. Autodidata, compositor e múltiplo instrumentista, encantou John Kurt Rosenwinskel, referência no jazz europeu, com sua composição e performance. Entrada franca.

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Assim foi batizado o concerto que o duo Diel-Maito fará dia 28 de agosto, às 20h, no CTJ Hall (706/906 Sul), um passeio musical pelas paisagens, lendas e mitologias brasileiras e argentinas. Mezzosoprano gaúcha, Angela Diel atua como solista em óperas, junto a orquestras sinfônicas em grandes produções. Na música de câmara destacam-se suas interpretações do lied e das canções brasileiras. Lançou Canto Brasileiro em um grande espetáculo no Teatro Renascença, Porto Alegre. Apresenta-se regularmente na Europa e na América Latina. Pianista argentina, Laura Maito estudou no Conservatório Nacional de Música Carlos López Buchardo e aperfeiçoou seus estudos na Europa. Apresenta-se em recitais solo em diferentes formações e repertório na Europa e América Latina. Entrada franca.

As meninas que se amarram nos contos de fada vão poder dar asas à imaginação no espetáculo A magia das fadas e das princesas, que acontece no Net Live Brasília dias 29 e 30 de agosto. Com direção do Italiano Billy Bond, transporta a plateia numa viagem ao mundo das fadas, repleto de efeitos especiais visuais, olfativos e sentimentais. A história é protagonizada pela jovem Anna, que, juntamente com seu companheiro alpinista, procura colher o f luído do amor verdadeiro de quatro princesas para salvar a vida de sua irmã. Essa busca os leva a percorrer e compartilhar com a plateia as páginas dos contos de A bela adormecida, A bela e a fera, Branca de Neve e Cinderela. Pela primeira vez no Brasil, o musical interativo é cantado ao vivo, em ambiente de cinco cenários, 40 atores de cena, 180 figurinos e efeitos especiais. Ingressos a R$ 500 (mesa prata, com quatro lugares) e R$ 700 (mesa ouro, também com quatro lugares), à venda na Central de Ingressos do Brasília Shopping.

Com direção artística de Rinaldi Faria, o espetáculo A vida é bela chega a Brasília nos dias 22 e 23 de agosto, apresentando sucessos do novo DVD da dupla. “Fico feliz em saber que mais famílias terão a oportunidade de ver um show lúdico, animado, repleto de encanto e magia, características dos palhaços mais amados do Brasil, Patati Patatá”, comemora Rinaldi. Ronco do vovô, Vem bambolear, O mestre mandou e A vida é bela são as novas músicas da dupla, que apresenta também as consagradas Piuí abacaxi, O bom menino e Ursinho Pimpão. Teatro UNIP (913 Sul), sábado e domingo, às 15h. Ingressos a R$ 100 e R$ 50, à venda nas Cia Toy.

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igrejadodiabo Uma livre adaptação de um dos mais famosos contos de Machado de Assis será o próximo filme sabatinado pelo público no projeto Teste de Audiência. No dia 25 de agosto, às 20h, os brasilienses assistem em primeira mão ao longa-metragem A comédia divina, de Toni Venturi, na Caixa Cultural. Com Murilo Rosa e Monica Iozzi no elenco, o tema principal é a dúvida sobre se o homem está mais perto de Deus ou do Diabo. Desacreditado no imaginário das pessoas, o Coisa Ruim resolve vir à Terra fundar sua própria igreja, na qual tudo o que antes era proibido passa a ser permitido. O ser humano é, então, estimulado a liberar seus instintos básicos e realizar suas fantasias reprimidas. Usando a televisão para propagar a chegada da nova religião, Satanás instala a desordem em um mundo caótico de delícias e confusões. Ao final da sessão, o diretor participa de debate com a plateia. Informações: 3206.9448. Entrada franca.

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Um festival sem fronteiras Por Alexandre Marino

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mais importante festival de teatro do Centro-Oeste celebra 20 anos de criação com o propósito de olhar à frente. A décima-sexta edição do Cena Contemporânea será realizada de 18 a 30 de agosto com importantes mudanças. O evento agora tem nova direção geral, que Alaôr Rosa e Michele Milani ocupam em substituição ao criador do festival, Guilherme Reis, que assumiu a Secretaria de Cultura do Distrito Federal. Alaôr Rosa, um dos veteranos da equipe, não quer mais pensar no que deixou de ser feito ao longo desses anos, e sim encontrar novos caminhos e romper fronteiras. Fronteiras, na verdade, é o que o Cena Contemporânea tem rompido a cada edição. O festival é uma vitrine do melhor teatro que se faz em várias partes do

mundo, e seria difícil para o espectador de Brasília – ou do Brasil – tomar conhecimento, de outra forma, do que acontece nessa área em países como França, Portugal, Polônia, Espanha, Argentina, Geórgia e Alemanha, de onde virão os espetáculos internacionais deste ano, em sua grande maioria inéditos por aqui e premiados em seus lugares de origem. Mas o já tradicional Festival Internacional de Teatro de Brasília quer muito mais. “Queremos propor novas formas de circulação, queremos saber para onde vai o teatro do Brasil, da América Latina, do mundo, discutir a taxação de produtos artísticos, propor a criação de corredores culturais com outros países”, explica Alaôr. Ele lembra que já houve casos de cancelamentos de espetáculos em virtude de problemas burocráticos, alfandegários, de greve de servidores públicos. “O país tem uma cultura riquíssima, por

que não levá-la a outros países com os mecanismos oficiais?”, pergunta. Essas questões, e muitas outras, serão colocadas na mesa, e para debatê-las foram convidados o jornalista e crítico espanhol Carlos Gil Zamora; o curador do Festival de Teatro de Rosário, Argentina, Marcelo Castillo; Chico Pelúcio, do Grupo Galpão de Minas Gerais; Márcia Dias, do Núcleo de Festivais de Pernambuco; e uma comissão do Serviço Social do Comércio (Sesc), formada por representantes de vários Estados, além de outros convidados, incluindo representantes do governo federal. Um dos temas em debate é a criação de uma zona franca internacional para a livre circulação do teatro. Os debates serão realizados no evento Encontros do Cena, programado para os dias 28, 29 e 30 de agosto, no Anexo do Museu da República. Enquanto isso, os espetáculos aconte-


Segredo Uma das propostas que mais despertarão a curiosidade do público é de Brasília. O grupo Teatro do Instante apresentará, em local mantido em segredo, a peça En Contra, em parceria com o Teatro O Bando de Portugal. Trata-se de um experimento, uma obra em processo, que na verdade não está pronta. São sete cenas, tendo como referência a obra do dramaturgo catalão Esteve Soler. Não haverá cobrança de ingressos e serão distribuídas 35 senhas, no Museu da República. Um ônibus levará os espectadores até o local onde a peça será encenada. O objetivo é que o público, que acompanhará o processo de criação do espetáculo, contribua com críticas, ideias, sugestões. A direção é de Diego Borges, e as apresentações serão nos dias 22, 23, 29 e 30. “É uma ideia inédita, e atrairá um público mais ligado ao teatro, amantes das artes, estudantes de dramaturgia”, reflete Alaôr Rosa. Outra proposta interessante vem do Rio de Janeiro. O grupo Amok Teatro, formado apenas por atores negros, apresentará Salina (A última vértebra), obra do escritor francês Laurent Gaudé, composta com elementos da tragédia grega e epopeia africana. O espetáculo apoia-se no universo cultural africano e afro-brasileiro, a partir de longo processo de pesquisa. Com direção de Ana Teixeira e Ste-

dois. A história é inspirada no conto As três irmãs, de Anton Tchekhov. Será também no Teatro Funarte, nos dias 18 e 19. Europa Da Europa virá a companhia Matarile, uma das mais conceituadas da Espanha, com dois espetáculos. Staying alive mistura teatro e dança com ingredientes do circo e do teatro do absurdo para fazer crítica política e social. O outro é Teatro do invisível, Rubén Vilanova

phane Brodt, será apresentado nos dias 20 e 21 no Teatro Funarte Plínio Marcos. Também do Rio de Janeiro vem a Companhia Vértice, com o espetáculo E se elas fossem pra Moscou?. A diretora Christiane Jatahy, autora e diretora de teatro e cinema, mistura as duas linguagens e o resultado é ao mesmo tempo uma peça e um filme. O espectador fará a opção de ver ambos, que serão apresentados em ambientes separados, ou apenas um dos

Staying alive, da companhia espanhola Matarile, mistura ingredientes de teatro, dança e circo. Andreia Teixeira

cem, e esta é, para o público em geral, a melhor parte. Pois o Cena Contemporânea leva o melhor do teatro a amantes dessa arte, a frequentadores eventuais, a estudantes e professores, ou simplesmente curiosos. Em todos permanece a memória que desperta a expectativa pela edição seguinte do festival. Este ano, além dos grupos internacionais, foram convidados representantes de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Norte, Bahia e Tocantins, além do Distrito Federal, sempre com atrações instigantes. São, ao todo, dez espetáculos internacionais, nove nacionais e dez de Bra- sília, distribuídos em vários horários em oito espaços do Distrito Federal: Teatro Funarte Plínio Marcos, Caixa Cultural, Teatro Goldoni e Teatro Sesc Garagem, no Plano Piloto; Teatro Sesc Paulo Gracindo, no Gama; Teatro Sesc Newton Rossi, na Ceilândia; Teatro Sesc Paulo Autran, em Taguatinga, e Espaço Pé Direito, na Vila Telebrasília.

Thiago Catarino e Ariane Hime em Salina (A última vértebra), do grupo carioca Amok Teatro.

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Diego Bresani

queespetáculo

Iara, o encanto das águas, da companhia brasiliense Luminato.

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criação e interpretação de Ana Vallés, que reflete sobre a produção artística na Espanha e o fato de ser mulher, galega e artista no mundo atual. O grupo, criado em 1986, tem forte influên­cia do teatro do oprimido, criação do brasileiro Augusto

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Gibi, espetáculo infantil do grupo Lamira, de Tocantins.

Boal. Os espetáculos serão apresentados nos dias 22, 23, 25 e 26, no Tea- tro Sesc Garagem. A coreógrafa, dramaturga, dançarina e mímica brasileira Lina do Carmo trará da Alemanha, onde vive, o espetáculo Capivara, inspirado nas imagens que marcaram sua infância no Piauí. Ela utiliza a memória mítica das pinturas rupestres do Parque Nacional da Serra da Capivara, os sinais mais antigos da civilização no continente americano. O espetáculo chega em momento importante, já que o parque enfrenta forte crise devido aos cortes de verbas promovidos pelo governo federal, e corre o risco de ser fechado. Será no Teatro Garagem, dias 28 e 29. O artista multimídia brasiliense Rodrigo Fischer uniu-se ao grupo Akhmeteli Theatre, da Geórgia, para montar o espetáculo 2+2=2, que questiona a sociedade contemporânea e seus valores. O grupo foi fundado em 1981 e a direção artística foi assumida por Irakli Gogia, que conheceu o brasileiro na Estônia, onde decidiram trabalhar juntos. Fischer faz pós-doutorado na UnB. O grupo se apresenta nos dias 19, 20 e 21, res-

pectivamente no Gama, Ceilândia e Taguatinga. Haverá ainda apresentações de Fabrice Lambré, da França; Kropka Theatre, da Austrália, com a atriz polonesa Jolanta Juszkiewikcz; Federico Fontán e Ramiro Cortez, da Argentina; Agrupacion Señor Serrano, da Espanha; Teatro NU, da Bahia; Grupo Teatro Carmin, do Rio Grande do Norte; Companhia Brasileira de Teatro, do Paraná; Gustavo Gasparani, do Rio de Janeiro; e Antikatártika Teatral, de São Paulo. Brasília apresentará ainda Adeilton Lima, com o monólogo Para acabar com o julgamento de Deus, de Antonin Artaud, e o grupo Esquadrão da Vida, com Quando o coração transborda, de Maira Oliveira, sucesso recente na cidade. “Todos os espetáculos são altamente recomendáveis”, destaca Alaôr Rosa. O público, diante da enorme oferta, só terá o trabalho de escolher e, de preferência, comprar os ingressos com antecedência. Bom espetáculo! Cena contemporânea 2015

De 18 a 30/8 em oito espaços culturais do DF. Programação e sinopse dos espetáculos em www.cenacontemporanea.com.br.


educação&lazer

Recreio com

rock e quadrinhos

Projeto itinerante leva música e arte para escolas públicas do DF Por Pedro Brandt Fotos Patrick Grosner

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ock e histórias em quadrinhos são expressões artísticas que têm caminhado juntas na trajetória recente da banda brasiliense Quebraqueixo. Em 2010, o quarteto lançou seu segundo disco, A banda desenhada, projeto que incluiu, além de CD, HQ de acabamento luxuoso, com capa dura, e histórias adaptadas das letras da banda feitas por 14 talentosos quadrinistas de Brasília. Realizado com patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura, o projeto teve como contrapartida uma série de shows e oficinas de histórias em quadrinhos em escolas da rede pública do Distrito Federal em 2011. Alunos, professores e a banda gostaram da experiência e, em 2014, o Quebraqueixo emplacou o Festival Itinerante Rock e Quadrinhos. Também viabilizado pelo FAC, o projeto rendeu 12 edições no ano passado e, pelos próximos meses, continuará passando por escolas do Distrito Federal. Duas atividades são produzidas nos centros de ensino que recebem o festival. Primeiramente, no horário do recreio, os alunos assistem a um show do Que-

braqueixo. O grupo, formado por Evandro “Esfolando” Vieira nos vocais, Paulo Mattos na guitarrista, Herman Antunes no baixo e André Bermak na bateria, pratica o chamado hardcore crossover (gênero com raízes no punk rock e influências de thrash metal) e reflete em suas letras questionamentos e críticas sociais e comportamentais. “Algumas vezes, os alunos se empolgam um pouco mais, sobem no palco e pulam lá de cima”, conta Evandro. “A gente fica pedindo calma, coisa que não faríamos em nossos shows fora do projeto”, brinca o vocalista. Depois da apresentação é realizada em sala de aula uma oficina de quadrinhos de uma hora de duração. “Como o projeto é direcionado a iniciantes, criei um método de ensino próprio, bem dinâmico. Primeiro, conto um pouco da história dos quadrinhos e sobre mercado de trabalho na área. Depois, utilizo o quadro negro para mostrar as ferramentas básicas para que os alunos possam desenvolver uma HQ de uma página ou uma tirinha na metade final da aula. Daí, faço um acompanhamento individualizado, dando dicas e sugestões”, explica Evandro. O vocalista do Quebraqueixo é autor de um livro de memórias, Esfolando ouvidos, no qual apresenta causos e histórias

vividas no cenário roqueiro de Brasília, e de uma coletânea de contos, Grosseria refinada – um deles acabou virando o filme Um assalto de fé, de Cibele Amaral. Além de A banda desenhada, Evandro também produziu a HQ Rock vs. Comics, na qual apresenta, em formato de quadrinhos, resenhas de shows assistidos em Brasília e no Brasil (e, mais recentemente, também no exterior, como pode ser conferido no blog esfolando.wordpress.com). As histórias em quadrinhos vivem um bom momento no Brasil, com mais gente produzindo e um reconhecimento mais entusiasmado de seu potencial lúdico e educativo. O Festival Itinerante Rock e Quadrinhos tem percebido isso no contato com os alunos e, principalmente, com os professores. “Eles são os primeiros a valorizar nossa iniciativa. Alguns professores participam das oficinas porque querem utilizar os quadrinhos como ferramenta em suas aulas”, conta Evandro. O “rolê” do Quebraqueixo pelas escolas vai render um videoclipe, dirigido pelo fotógrafo e cineasta Patrick Grosner, diretor do documentário Geração Baré-Cola, que aborda o rock em Brasília nos anos 1990. Para o próximo ano, a banda estuda um novo formato para dar continuidade ao festival.

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galeriadearte

Diálogo entre comida e arte Por Victor Cruzeiro

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Instalação do colombiano Gabriel Sierra: fusão entre cabide e fruteira.

A mesa de refeição incompleta do guatemalteco Gabriel Rodriguez Pellecer.

Fotos: Divulgação

indelével e primeva relação entre a comida e a arte é o tema da mostra CRU: comida, transformação e arte, em cartaz no CCBB até 12 de outubro. Concebida pelo curador Marcello Dantas como um evento multidisciplinar, a mostra reúne mais de 20 artistas nacionais e internacionais, ações performáticas e diversas intervenções gastronômicas pela cidade, em restaurantes e food trucks. Conhecido por realizar trabalhos com forte apelo conceitual e visual, Marcello Dantas sintetiza o ethos da mostra: “Essa é uma questão que diz respeito a todos. A grande motivação da criação é alimentar o outro, seja por meio da energia para criar como artista, seja para existir como pessoa”. O título da mostra, inclusive, faz menção direta a essa energia criadora que tanto a arte quanto a gastronomia partilham: cru é tanto o alimento quanto a matériaprima. Essa relação tão íntima entre comida e arte desvelou um amplo e complexo panorama, que vai desde uma discussão sobre a relação frugal do consumo a profundas reflexões sobre a transitoriedade e os rituais inerentes a toda manifestação humana. Também é amplo o leque de obras – fotos, vídeos, esculturas, pinturas, instalações e performances – que compõem um farto cardápio para todos os gostos. Assim como qualquer boa refeição combina sabores, a mostra CRU mescla abordagens, dando ao participante-espectador a oportunidade de degustar o formalismo, o lirismo, a sedução, a ironia e a crítica nos vários artistas/ingredientes que compõem o acervo, tendo sempre em vista o relação do homem com a comida. Entre as obras expostas, recomenda-se a série de 12 retratos de autoria do brasileiro Ayrson Heráclito, que tratam da forte relação entre religião e comida, associando cada um dos 12 orixás mais cultuados no Brasil aos seus alimentos de predileção. As snare-pictures (foto-laços) do romeno Daniel Spoerri também são uma boa pedida, trazendo, através da fixação em um quadro dos restos de uma refeição, uma observação sobre a perenização do efêmero e vice-versa. Na mesma linha da discussão sobre transitoriedade, o jovem guatemalteco Gabriel Rodriguez Pellecer recria uma mesa de refeição na qual garfos, facas e pratos estão incompletos, e as cadeiras, ausentes. Além de discutir a transitoriedade a partir de um dos momentos mais fugazes e, ao mesmo tempo, mais presentes da vida – o comer – o artista latinoamericano propõe uma potente metáfora sobre os confrontos culturais de uma sociedade colonizada. São muitas as discussões abordadas e postas à mesa em CRU, confeccionadas das mais diversas formas através das mais diferentes visões. É um grande momento para a arte contemporânea na cidade, tanto pela riqueza da mostra quanto pelo essencial, mas eclipsado, diálogo entre a comida, a arte e nós. Recomenda-se o consumo imediato, sem moderação. CRU: comida, transformação e arte

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Até 12/10, de 4ª a 2ª feira, das 9 às 21h, no CCBB (SCES, Trecho 2), com entrada franca. Classificação indicativa: livre. Mais informações: 3108.7600.

Toalhas, de Rochelle Costi, recria imagens de alimentos de forma caleidoscópica.


O pincel como batuta A musicalidade das festas religiosas na arte de Helena Vasconcelos Por Maria Teresa Fernandes

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que seria das procissões, congadas, cavalhadas e catiras goianas sem a música que promove a aproximação de nossas almas com o divino? E o que seria dessa música sem seus músicos a tirar de sanfonas, violas, rabecas caipiras, reco-recos, pandeiros, zabumbas, tambores e tantos outros instrumentos o som que marca o compasso dessa fé religiosa? Pois são exatamente esses músicos os homenageados pela artista plástica Helena Vasconcelos na mostra O som do sagrado, em cartaz na galeria de arte do CTJHall até 28 de agosto. Estão lá 28 trabalhos, sendo 17 acrílicas sobre tela, potes de cerâmica em três tamanhos, quatro ânforas também em cerâmica e quatro oratórios em madeira, todos tendo como tema a musicalidade existente nas festas religiosas, principalmente de Goiás, onde a mineira de Uberaba mora. Helena Vasconcelos disse à Roteiro que seu interesse por essas manifestações e sua inspiração como artista plástica vêm das lembranças de infância, quando seus pais a levavam para assistir e participar das festas nas fazendas. As folias de reis e

do divino, catiras, quadrilhas e congadas foram manifestações que a encantaram desde sempre. Instigada, então, pelo professor da UnB Augusto Luitgards, curador da mostra, ela decidiu fazer esse trabalho em homenagem à música, “parte integrante de qualquer forma de arte”. De acordo com o curador, é impossível estimarmos quando nossos ancestrais começaram a produzir sons buscando acessar a harmonia “e a usar música voltada para agradecer, invocar, fazer súplicas às entidades espirituais e enlevar os participantes durante as atividades de culto a elas”. Da mesma forma, são remotas as primeiras expressões pictóricas do homem, como demonstram as inscrições rupestres realizadas há milhares de anos em cavernas localizadas em vários continentes. “A homenagem que a pintora Helena Vasconcelos presta aos músicos que engrandecem as manifestações populares religiosas goianas aproxima essas duas tradições e faz delas uma releitura extremamente pessoal e sensível”, explica. A sintonia entre a música e a arte, nesse caso, fica mais evidente quando o curador destaca que as inscrições nas cavernas são as precursoras remotas do estilo naïf, justamente a arte praticada por

Helena Vasconcelos. Denominação surgida no século 19 em referência ao trabalho do artista francês Henri Rousseau, a arte naïf, também conhecida como “ingênua”, é caracterizada pelo uso espontâneo das cores, a ausência dos cânones da pintura convencional e pela presença de elementos oníricos. De fato, é a própria artista quem confirma: “Minha arte nasce de visões e sentimentos que pertencem mais à alma e ao coração, coisas difíceis de explicar racionalmente”. É o curador quem resume a essência do trabalho da artista plástica: “Helena Vasconcelos nos proporciona, com sua obra, a oportunidade de percebermos que a representação pictórica é parte indissociável da condição humana, pois ela nos capacita a compreender e a descobrir sentidos no mundo que nos circunda”. E não dá para discordar dele quando afirma, finalmente, que a artista “tomou o pincel como batuta e a paleta como partitura para reger, magistralmente, a trilha sonora de procissões, congadas, cavalhadas e catiras”. Bravo! O som do sagrado

Até 28/8, no CTJ Hall, da Casa Thomas Jefferson (706/906 Sul). De segunda a sexta, das 9 às 21h, e sábados, das 9 às 12h. Entrada franca.

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brasiliensedecoração

Produtivas loucuras Por Vicente Sá

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e André Luiz Oliveira pode-se dizer que é um cara muito louco. Pois é louco por cinema, louco por poesia, por música, por filosofia, autoconhecimento, astrologia e, é claro, por Brasília. Esse baiano de sotaque arretado, que já rodou o mundo, teve sempre Brasília em suas encruzilhadas. E já há alguns anos nos tomou por vizinhos e Brasília por sua casa. Suas loucuras são boas, pelo menos para nós, porque são sempre produtivas. André sempre foi um tímido irrequieto e, lá pelos idos de 1966/67, em Salvador, com 18 anos, apaixonou-se pela sétima arte, começou a frequentar um curso de cinema e a aprender na prática com o fotógrafo Vito Diniz. Como auxiliar e carregador de equipamento de Vito, viajou pelos sertões da Bahia e viu sua pobreza e sua força nas feiras e romarias, que o impressionaram a ponto de inseri-las em seu primeiro filme, Doce amargo, feito em parceria com o colega de faculdade José Humberto. O filme ganhou o prêmio de melhor documentário no Festival JB Mesbla, no Rio de Janeiro, e isso ajudou a diminuir um

pouco sua timidez na frente de outros artistas e intelectuais que frequentavam junto com ele tanto a casa de Caetano Veloso como a de sua namorada Kadi, filha do escultor Mário Cravo. O final dos anos 60 foi realmente uma loucura. Um daqueles momentos únicos no tempo em que se tem a mistura do movimento hippie, as manifestações dos jovens em todo o mundo, a repressão política e o tropicalismo, as drogas, um caldeirão mágico de onde podia sair tudo ou não sair nada, nem mesmo quem entrou. É nessa efervescência que André se busca e escreve o roteiro de Meteorango Kid, o herói intergaláctico. Márcio Curi, antigo colega de colégio militar, é uma das poucas pessoas que não estranham o roteiro e o ajuda a produzir seu primeiro longa-metragem, que lhe apresentaria Brasília e afetaria para sempre sua vida. Pra começo de conversa, o filme ficou retido pela Censura Federal, que não sabia bem se o queimava, proibia ou liberava para participar do Festival de Brasília. A decisão final foi a mais exdrúxula possível: o filme foi liberado, mas durante a projeção os censores abafaram o som de algumas falas. A censura ao vi-

vo provocou vaias e despertou a simpatia do público pelo filme, que levou o prêmio do júri popular. Assim, de uma hora para outra, aos 21 anos André tornou-se uma estrela do cinema brasileiro. Mas vida de cineasta é cheia de viradas no roteiro e Meteorango Kid acabou retido pela Censura. Sem saber o que fazer da vida, André mergulhou na loucura dos anos 70, todo aquele caldeirão de que falamos antes. Em 1973 foi preso no Rio, oficialmente por porte de drogas, mas na verdade por causa de seu filme, e transferido para a enfermaria judiciária da Penitenciária Lemos de Brito, onde ficou por três meses e meio, uma experiência inesquecível e que seria retratada em outro filme. Enquanto ele estava preso, a Embrafilme realizou um concurso para financiar filmes que fossem adaptações de obras literárias. Então, assim que saiu da prisão André foi chamado para assinar um contrato de realização do filme A lenda de Ubirajara. Ainda não totalmente recuperado da internação, cheio de remédios, assinou o contrato e, no ano seguinte, partiu para a região do Araguaia, em Goiás, onde fez o seu filme de resis-


segredo – com atores de Brasília. Como já dissemos, André não é só louco por cinema. Está certo que ainda fez mais de uma dezena de curtas, como A fonte, sobre uma obra de Mário Cravo, e As ladeiras de Salvador, mas também gravou três CDs com músicas de sua autoria sobre poemas do livro Mensagem de Fernando Pessoa, escreveu alguns livros e uma peça de teatro, O testamento de São João, e de vez em quando se apresenta tocando música indiana. No ano passado ganhou, com o filme Zirig Dum Brasília – A arte e o som de Renato Matos, os prêmios de melhor direção, melhor longa-metragem e melhor trilha

sonora da Câmara Distrital. O filme participou, também, de um festival em Roterdã, e estreia no circuito comercial no dia 27 de agosto, no Cine Brasília. Depois será levado para Salvador. Este baiano/brasiliense que parece nunca estar fazendo nada, e ao mesmo tempo nunca para de produzir, desenvolve hoje trabalhos com crianças autistas do DF enquanto estuda música (toca muito bem a cítara indiana) e joga tarô para ele mesmo em sua pequena chácara no Taquari. Sobre projetos futuros, ele sorri e diz que ainda tem muitas ideias para realizar e que os letreiros finais, no que depender dele, vão demorar a subir.

Fotos: divulgação

tência. Novamente no Festival de Brasília, A lenda de Ubirajara ganhou o prêmio de melhor roteiro. Depois dessa experiência, André deixou o cinema de lado e foi em busca de si mesmo. Viajou para a Índia, transitou pela Europa e só dois anos depois voltou ao Brasil, ainda sem querer saber de cinema. Mas Brasília não queria ficar longe de sua vida e ele acabou vindo filmar aqui um comercial de TV. Depois outro, e mais outro, até se encontrar com Tânia Quaresma, também cineasta, que lhe mostrou um outro lado de Brasília, pouco conhecido por quem não mora aqui: o lado humano e belo do Distrito Federal. Assim, somente 20 anos depois, novamente com produção de Márcio Curi, é que ele voltou a filmar, numa Brasília que agora conhecia. O elenco contava com atores do Rio de Janeiro e alguns dos melhores de Brasília, como Gê Martu, Guilherme Reis, Bidô Galvão, Dimer Monteiro, Jota Pingo e Miquéias Paz, e tinha a participação de alguns músicos da cidade, entre eles Paulo Tovar e Renato Matos. Louco por cinema foi ovacionado e ganhou seis prêmios no Festival de Brasília de 1994, entre eles os de melhor filme e melhor diretor, mas não conseguiu estourar no mercado comercial. Era a primeira vez que um longa brasiliense ganhava o Festival de Brasília, ou, como diziam na época, “desta vez o candago ficou em Brasília”. Ele ainda viria a realizar um quarto longa metragem – Sagrado

O cineasta no set de filmagem de Sagrado segredo.

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astronomia

Ver estrelas “O

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ra (direis) ouvir estrelas”, poetava o parnasiano Olavo Bilac. Antes que ele continue com uma explicação interessante, interrompe o bom brasiliense: “Olha, Seu Olavo, aqui a gente vê estrelas”. E como vê, neste quadrante do Hemisfério Sul, oeste de Greenwich, entre os graus 15 e 20, ainda mais agora que desanuviou e é possível apreciar a inigualável beleza noturna do céu que nos protege. Amigos, o céu é o mar de Brasília, coisa e tal, mas entendam: nem todo lugar deste país tem céu formoso, risonho e límpido, no qual a imagem do Cruzeiro resplandece, como aqui, no Sítio Castanho. No período seco, que se estende até outubro, o show é imperdível. Um planisfério ajuda, mas, entendendo um pouco a dança das estrelas e o giro das constelações, é possível ficar maravilhado, noite após noite, com ou sem binóculo ou telescópio. Mesmo a olho nu dá para perceber coisas que vão além da lua e dos astros de sempre. Como a Estação Espacial Internacional, por exemplo, que tem hora marcada para passar sobre nossas cabeças. A época propícia à observação pode ser medida com os telescópios armados

na Praça dos Três Poderes e a movimentação de entusiastas e curiosos querendo dar uma olhadinha no que está lá em cima. É mais uma iniciativa do Clube de Astronomia de Brasília (CAsB), que, na falta de um observatório de respeito na cidade, costuma suprir nossa necessidade de céu demarcado e visto em detalhes. Fundado por ocasião da passagem do cometa Halley, em 1986, o clube teve início na Câmara dos Deputados, quando um grupo de servidores resolveu agregar entusiastas e trocar ideias e experiências a respeito da observação astronômica. Hoje são cerca de 200 sócios e milhares

de curiosos que aproveitam as sessões de observação abertas ao público, na Praça dos Três Poderes. “A praça é nossa vitrine, a gente faz observação aberta ao público, de maneira gratuita, na qual é possível ver os objetos que estão no céu”, informa Maciel Bassani, presidente do CAsB. Por que não na Praça do Cruzeiro, o ponto mais alto de Brasília? Explica Bassani: porque lá é muito iluminado. A má iluminação da Praça dos Três Poderes, vejam só, favorece a observação. Isso é óbvio, a luz na cara ofusca os olhos. A esse respeito, o presidente do Heitor Menezes

por Heitor Menezes


Heitor Menezes

CAsB toca num ponto muito pouco discutido, a poluição luminosa. “Para observar o céu, conseguir ver cometas, nebulosas, galáxias e coisas de brilho fraco, é preciso sair da cidade. O que temos aqui é a pior poluição luminosa, pois as luminárias não foram projetadas para iluminar somente o chão. Boa parte da luz é desperdiçada e vai em direção ao céu. Essa luz acaba refletindo na poeira, na umidade, nas moléculas dispersas no ar, voltam para nós e confundem a observação”. As consequências são mais graves do que a gente pensa, inclusive para a saúde, mas, por ora, aproveitemos a presença de membros do clube que trazem seus telescópios de todos os tamanhos, sofisticados ou artesanais, e, com o céu aberto, ajudam-nos a ver as constelações e, quem sabe, a parte mais brilhante da Via Láctea. Nas noites em que o CAsB promove sessões abertas ao público é possível avistar não só a lua, mas em toda a sua glória Vênus e Júpiter, mais tarde Saturno; constelações como Orion (a das Três Marias); e estrelas mais brilhantes, como Sirius (no Cão Maior), Procion (no Cão Menor), Canopus (na Carena do Navio), Alfa e Beta Centauri (no Centauro), além do inconfundível Cruzeiro do Sul.

Luiz Cruls Sob este mesmo céu, que as luzes dos postes teimam em poluir, o belga-brasileiro Luiz Cruls (1848-1908) ganhou fama além da chefia da Comissão Exploradora do Planalto Central. Num livrinho de leitura rápida, o saudoso astrônomo Rogério de Freitas Mourão lembra que, além de demarcar o quadrilátero que resultou no Distrito Federal e registrar acidentes geográficos como o Salto do Itiquira, as águas termais de Caldas Novas e o encontro de nascentes denominado Águas Emendadas, Cruls foi diretor do Imperial Observatório (atual Observatório Nacional), no Rio de Janeiro, e pesquisador do espaço sideral. Divulgador científico, professor catedrático de Astronomia e Geodésia, na Escola Militar, é autor de descobertas astronômicas, como o cometa que leva seu nome. Coordenou várias expedições, como a que foi a Punta Arenas, no Chile, observar a passagem de Vênus pelo disco solar. Em setembro de 1882, um cometa foi avistado em praticamente todo o Brasil. Com a ajuda da Repartição dos Telégrafos, Cruls montou um esquema de comunicação que lhe permitiu saber os momentos de ascensão do astro errante por este Brasil afora. A cauda desse cometa, o Cometa Cruls, era tão brilhante que refletia esplendorosa na Baía da Guanabara. Tal imagem deixou o imperador D. Pedro II maravilhado. O relato de Cruls à Academia de Ciência de Paris é considerado contribuição importante ao estudo astronômico e à ciência. Três dicas Para ver estrelas, basta olhar para o céu. Observações organizadas e detalhes do Clube de Astronomia de Brasília: www.casb.org.br. Para saber quando a Estação Espacial Internacional vai passar por Brasília, baixe um aplicativo como o disponibilizado pela Nasa: spotthestation.nasa.gov. Para ler o poema Ouvir estrelas, de Olavo Bilac, acesse www.academia.org.br (site da Academia Brasileira de Letras). 27


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Charme em extinção Premiado longa-metragem do cineasta brasiliense Iberê Carvalho estreia no dia 20 autódromo, onde está desde 1973 –, o Drive-in sobrevive. E sua tela de 312 metros quadrados, ao ar livre, inspira não ntre as peculiaridades urbanas de apenas o público, mas também quem faz Brasília está o Cine Drive-in, últicinema na cidade. mo cinema do tipo no Brasil. LonNos últimos anos foram rodados no ge do sucesso de outrora, mas dono de local o curta-metragem Falta de ar, de Érium charme autêntico – enfrentando desco Monnerat; o videoclipe The lost drivede plateias minguadas até problemas buin, da banda mezzo-brasiliense mezzorocráticos que volta e meia ameaçam sua paulistana Firefriend; e o documentário permanência no endereço, próximo ao Cine drive-in – Cinema sob o céu, de Claudio Moraes. Recentemente, juntou-se à lista o filme O último cine drive-in, estreia na condução de longas-metragens do cineasta brasiliense Iberê Carvalho. O drama, que estreia no dia 20 de agosto, conta a história de uma família desmembrada que se reúne quando a mãe, vivida por Rita Assemany, fica doente. Trazida a Brasília pelo filho, MarBreno Nina e Othon Bastos são os protagonistas do filme de Iberê Carvalho. lombrando (Breno NiPor Pedro Brandt

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na), eles reencontram o pai do jovem, Almeida, dono do cinema que dá nome ao filme, interpretado pelo veterano Othon Bastos. “Sem o cinema seria possível contar essa história, mas teríamos um filme completamente diferente”, comenta Iberê Carvalho. O diretor, 39 anos, aponta Pequena Miss Sunshine e Invasões bárbaras como inspirações. “Desde o início, a intenção foi fazer um drama leve, com fortes tons de comédia”, explica. Antes da chegada às salas do circuito comercial, O último cine drive-in encontrou boa acolhida em festivais no Brasil e no exterior, que reconheceram na produção brasiliense um filme terno e divertido, de atuações convincentes. Na página ao lado, o cineasta fala um pouco de sua própria trajetória e do filme. O último cine drive-in

Brasil/2015, 100min. Direção: Iberê Carvalho. Roteiro: Iberê Carvalho e Zepedro Gollo. Com Othon Bastos, Rita Assemany, Breno Nina, Chico Sant’anna, Fernanda Rocha, André Deca, Rosanna Viegas, Vinícius Ferreira. Participações especiais: Mounir Maasri e Zécarlos Machado. Estreia: 20 de agosto.


Qual sua história com o Cine Drive-in de Brasília? Como a maioria dos brasilienses que nasceram na década de 1970, o Cine Drive-in também faz parte da minha infância. Mas as lembranças que ficaram não são dos filmes, e sim da empolgação de estar vendo um filme de dentro do carro, a curiosidade de perceber como o som vinha, na época, de uma pequena caixa presa à janela, e de correr entre os carros durante a sessão. A magia de um cinema drive-in está justamente na forma individual com que cada um lida com o espaço. Quais filmes lhe fizeram ter vontade de se tornar cineasta? É uma pergunta um tanto complexa, pois meu gosto é realmente muito eclético. Costumo dizer que gosto de filme bom. Não importa o gênero ou estilo, o filme tem que me tocar pelo conteúdo ou pela forma. O ideal, claro, é que seja pelos dois. São tantos diretores que admiro que, se eu for tentar citar, vai ficar complicado; então, me restringindo aos que ainda estão vivos, gosto muito dos Irmãos Coen, Michael Haneke, Aki Kaurismäki, Takeshi Kitano, Win Wenders, Ken Loach, Atom Egoyan, Darren Aronofsky, Wes Anderson, Abbas Kiarostami e muitos mais. Como começou a parceria com Othon Bastos? Othon recebeu nosso roteiro, leu e adorou. Me ligou e ficamos aproximadamente 40 minutos no telefone. As análises que fez do roteiro eram de uma profundidade incrível. Naquele momento eu percebi que seria uma experiência transformadora trabalhar com ele. Dito e feito. O filme tem uma trajetória de festivais e prêmios. Qual o mais importante para você até agora? Tanto o prêmio de melhor filme em Punta del Este como o de melhor filme pelo júri popular no Cine Las Américas, nos EUA, foram muito importantes por serem prêmios de melhor filme em festivais internacionais. Mas o que tenho o maior carinho até aqui é o prêmio de melhor atriz coadjuvante para Fernanda Rocha no Festival do Rio. Eu tenho um carinho especial pela personagem Paula, criada pela Fernanda. Acho que ela mereceu muito ter recebido aquele prêmio.

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ENTREVISTA: Iberê Carvalho

Pequena floresta: verão e outono, do japonês Jun'ichi Mori.

Cinema transformador Por Júlia Viegas

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e um lado, um mundo de matérias em escala molecular, inteligência artificial e produção em quantidades monumentais, com distribuição internacional. De outro, uma gente que quer colocar a mão na terra, produzir e consumir seus próprios alimentos, cuidar da qualidade da água, preservar a mata nativa, reduzir a produção de lixo, enfim, tornar o já tão lastimado planeta Terra um lugar melhor para se viver. Será que é possível essas duas pontas coexistirem e, mais, se alimentarem? As respostas nós poderemos encontrar no Slow Filme – Festival Internacional de Cinema, Alimentação e Cultura Local, de 10 a 13 de setembro, em Pirenópolis. Os filmes serão exibidos no Cine Pireneus, construído em 1919, como teatro, e transformado em cinema em 1936. Recuperado pelo Iphan, é um dos cinemas mais charmosos do interior do Brasil, localizado na parte mais bonita da pequena cidade histórica de Goiás. O festival é uma prova do quanto a arte pode ser transformadora. Quem as-

sistiu ao filme O sabor do desperdício, do alemão Valentin Thurn, sobre as toneladas de alimentos jogadas fora diariamente no mundo, sabe o que estamos dizendo. A partir desse filme, passamos a prestar atenção em tudo o que compramos, comemos e desperdiçamos. O festival quer nos fazer ver que toda escolha que fazemos, por menor que seja, impacta a vida do planeta. Este ano, o Slow Filme vai falar de inventividade, sem perder o foco na tradição, que é uma de suas marcas. Os organizadores querem resgatar alguns costumes, como comer sem pressa, reunir a família em volta da mesa, cozinhar no estilo tranquilo das grandes casas do interior – é claro, estamos falando da filosofia slow, contraponto à celeridade da vida contemporânea – mas sem deixar de apresentar alternativas saudáveis (algumas bem práticas e simples) para o homem dos dias de hoje. Com curadoria do professor e cineasta Sérgio Moriconi, crítico de cinema da Roteiro, vão passar pela tela do Cine Pireneus oito longas, quatro médias e oito curtas-metragens produzidos na Itália,

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Suíça, Japão, Estados Unidos, França, Espanha, Canadá e, claro, no Brasil. A grande maioria é inédita no país. E se engana quem pensa que não há ficção nessa seara da defesa do meio ambiente. O filme Pequena floresta: verão e outono, de Jun’ichi Mori, do Japão, é uma prova contundente: fala dos ingredientes típicos de duas estações do ano no país, ao contar a história de uma chef de cozinha que volta a sua cidade de origem para cozinhar usando apenas os produtos que encontra em seu entorno. A fotografia é de tirar o fôlego! Alguns documentários apresentam hábitos que passam de geração em geração. É o caso de O produtor de chocolate, de Rohan Fernando, do Canadá. O filme acompanha um ano na vida de uma família do sul de Belize que produz o cacau com métodos usados pelos antigos maias. E também Imazighen da terra, do italiano Danilo Cernicchiaro, sobre a vida de integrantes da tribo berbere Imazighen, do Marrocos. Mas não se fala só de tradição. Cultivando as cidades – hortas e canteiros, de Dan Susman, mostra o hábito crescente nos Estados Unidos de moradores de grandes cidades construírem

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luzcâmeraação hortas em meio ao concreto, para poderem se alimentar melhor. A criatividade dessa turma impressiona. Para quem gosta de alta gastronomia, o Slow Filme vai exibir Na trilha de Gastón, de Patrícia Perez, que conta um pouco da história daquele que é considerado hoje o mais conceituado chef de cozinha da América Latina, o peruano Gaston Acurio. Não é exagero dizer que ele resgatou a autoestima do povo peruano, recuperando os sabores da culinária no país, espalhando escolas de gastronomia e oferecendo cursos para pessoas de pouca renda. Também na linha dos sabores cult, o curta-metragem Nerua Guggenheim, uma viagem à essência sobre o famoso restaurante do chef Josean Alija, situado no Museu Guggenheim de Bilbao, Espanha. Como em todas as edições, o Slow Filme terá palestras e degustações ligadas aos temas dos filmes exibidos. Na sextafeira, 10 de setembro, depois de Z’Alp, dirigido por Thomas Rickenmann, sobre a vida de famílias que vivem nos Alpes suíços, a Embaixada da Suíça vai oferecer degustação de vinho orgânico e queijo alpino. Na noite do sábado, após Pasta mania, de Stefano Tealdi, sobre a

Na trilha de Gastón, da peruana Patricia Perez.

variedade de formas de preparo e consumo do macarrão no mundo, o chef da Barilla, Paulo Turziani, vai servir uma salada fria de massa. Este ano, o festival decidiu fazer uma homenagem à Itália, país onde nasceu o movimento Slow Food, e vai exibir também curtas-metragens que são verdadeiras obras-primas, recentemente recuperados pela Cinemateca de Bolonha, além de um longa de Agnès Varda e de um média-metragem assinado pelo brasileiro Aurélio Micheles, O encontro dos sabores do Rio Negro (sobre a viagem gastronômica da equipe do famoso chef catalão Ferrán Adrià à Amazônia). Slow Filme

De 10 a 13/9 no Cine Pireneus (Rua Direita, s/n, Pirenópolis), com entrada franca. Programação em http://objetosim.com.br.

Lava Jato no cinema David Benincá

Comédia com Dira Paes e grande elenco, quase todo feminino, satiriza cultura de corrupção e transforma a Esplanada dos Ministérios num circo de horrores

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Por Sérgio Moriconi

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m seu segundo longa-metragem, Mulheres no poder, Gustavo Acioli coloca de cabeça para baixo método e personagens de Incuráveis, seu filme de estreia. Produzido em 2005, Incuráveis é um drama em huis clos (toda a ação encerrada num ambiente fechado) em que um suicida (Fernando Eiras), antes de se matar, contrata uma prostituta (Dira Paes) para que ela escute sua história. O fato de ter sido baseado numa peça A dama da Lapa, de Marcelo Pedreira, fez muita gente dizer – erradamente – que se tratava de “teatro filmado”. Na verdade, Incuráveis é um belo exercício de decupagem (construção da cena em planos) cinema-


Fotos: David Benincá

tográfica e seu método tinha muito a ver com o fato de ter sido produzido com recursos mínimos. Com Mulheres no poder, em cartaz a partir de 27 de agosto no circuito comercial, Acioli abre inteiramente o registro, deixa o confinamento do hotel de Incuráveis, filma em mais de uma dezena de locações, com destaque – sem ironia aqui – para a Esplanada dos Ministérios. Mulheres no poder começou a ser produzido com o nome provisório de Saias. Como se trata de uma zombaria escrachada à pervertida prática política brasileira da corrupção, e por utilizar protagonistas apenas mulheres, pode ser que o primeiro título fosse mais adequado ao estilo cômico utilizado por Acioli. Normalmente considerada um hábito masculino, a ação venal do desvio de conduta na administração pública causa um delicioso estranhamento quando visto sob a perspectiva feminina. Não fosse o tratamento fanfarrão, Mulheres no poder poderia ser considerado de um antifeminismo atroz – afinal de contas, nenhuma das mulheres (no filme), do ponto de vista ético, vale um tostão. O diretor Acioli se defende dizendo que as questões de gênero são irrelevantes para ele, a partir do momento em que “atrás desses grandes políticos corruptos sempre tem uma secretária executiva que faz todo tipo de falcatrua, com a maior dignidade, não é?”. O argumento convenceu Dira Paes a participar do projeto como uma de suas produtoras, já que, segundo ela, a questão ética é uma agenda crucial hoje no Brasil. Embora oportuno – mas também, em certa medida, oportunista, simplista e de desfecho insatisfatório – Mulheres no poder se sustenta em grande parte pela solidez do elenco, assim como pela dinâmica da ação. Tudo se passa no período de um dia, o que não deixa de ser absolutamente inverossímil. Mas vamos dar um desconto, trata-se de uma comédia e, convenhamos, de enredo conhecido: a senadora Maria Pilar (Dira Paes) força um encontro com a ministra Ivone Feitosa (Stella Miranda) porque vê a possibilidade de tirar alguma vantagem com a licitação de um projeto chamado Brasil brasileiro. A ministra quer tirar da concorrência uma pequena ONG que estava prestes a ganhar o edital. Na visão do filme, Executivo e Legislativo são um ninho de cobras, uns querendo passar a

perna e comer uns aos outros. O favorecimento de empresas que lhes sejam mais convenientes é a regra. Mais caricata das personagens, Stella Miranda vive a “cascavel” Ivone Feitosa inspirada, ao que parece, e infelizmente, nos trejeitos e na prosódia de Leonel Brizola. A inversão de gêneros tem longa tradição em todas as linguagens da arte. Pode ser que as screwball comedies (comédias malucas norte-americanas que floresceram nos anos 30 e 40 do século passado) tenham servido de inspiração para Acioli. Nelas, as mulheres são sempre personagens fortes e os homens frágeis e idiotas. Lembram-se de Cary Grant em O inventor da mocidade, de Howard Hawks? Normalmente a inversão de gêneros funciona como uma crítica às sociedades sexistas e nos faz ver os homens passando por tudo aquilo que as mulheres passam

todos os dias. No caso do filme de Acioli é o contrário. O diretor brinca com as formas de pensamento masculino e feminino, contribuindo para nos fazer refletir sobre o essencial: a prática da corrupção. Não é nada fácil mudar a cultura da corrupção. Num determinado período, os EUA resolveram isentar os diplomatas estrangeiros do pagamento de multas por estacionamento proibido. No período de um ano, suecos e finlandeses não cometeram nenhuma infração. Brasileiros tiveram mais de 50 multas, em média, por diplomata. Mulheres no poder

Brasil/2015, comédia. Roteiro e direção: Gustavo Acioli. Com Dira Paes, Elisa Lucinda, Totia Meirelles, Stella Miranda, Chica Xavier, Maria Helena Pader, Gabrielle Lopez, Graciela Pozzobon, Milena Contrucci Jamel, Paulo Tiefenthaler, João Velho, Roberto Maya e Camilo Bevilacqua. Estreia: 27 de agosto.

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diáriodeviagem

Balneário feminino no Rio Limmat, em Zurique.

Verão na Suíça Segurança, modernidade e limpeza, mas muitas regras Texto e fotos Súsan Faria

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ocê será minha primeira hóspede”. Foi assim, a partir do convite de uma grande amiga, reiterado mais de uma vez, que fui parar em Sissach, na parte alemã da Suíça. Cinco dias com sol numa região encantadora, a uma hora da capital, Berna, e também de Zurique, onde aterrissei, depois de passar um bom aperto em Lisboa. Tinha uma hora para fazer a conexão Lisboa-Zurique e o voo saiu de Brasília com meia hora de atraso. A amiga Dilmara Nolasco Baumann e o marido suíço Christoph Baumann me esperavam em Zurique. Nenhuma fila paralela para passageiros com voos imediatos, em Lisboa. Não tive dúvida: só, diante daquela multidão esperando o carimbo de passaporte para entrar na Europa, com apenas dois funcionários atendendo, fui pedindo licença e passando à frente.

Passaporte carimbado, embarquei no avião e zás... estava a caminho do país que, dizem, é o mais caro do mundo. Se perdesse o voo para Zurique, me colocariam em outro, talvez com escala não sei onde, e a que horas. Eu não falo alemão, ainda mais misturado com dialeto suíço, e teria de me virar sozinha para chegar a Sissach. Passado o susto, no início de uma bela tarde de sexta-feira, encontrei o casal. Demos uma volta em Zurique, tomamos cerveja suíça na praça principal da maior cidade do país, de 400 mil habitantes, um verdadeiro paraíso das compras, especialmente de grifes internacionais, relógios e joias. Na praça e junto ao Lago Zurique e o Rio Limmat, observei o balneário mais antigo de Zurique, o “Frauenbad”, construído com madeira, onde só é permitida a entrada de mulheres. Muitas praticavam topless. Cercada por montanhas, Zurique é moderna, atraente, possui dezenas de museus e galerias de arte.

De Zurique fomos para Sissach, com 6 mil habitantes, originalmente uma aldeia edificada ao longo do Rio Ergolz, e, no dia seguinte, para Berna, no planalto suíço, a 20 km dos Alpes Berneses. Estacionar na capital suíça não é fácil. Mesmo no final de semana, com ruas livres, é preciso colocar uma placa no carro dizendo a hora que chegou e permanecer no máximo uma hora. Estacionar em vagas de prédios particulares, só se for visita. A Suíça não faz parte da Comunidade Econômica Europeia. Comer em Berna, como em todo o país, é caro. Em média, 70 francos por pessoa (R$ 260 em junho, quando a cotação da moeda suíça era de R$ 3,70, maior do que a do euro), para prato principal, vinho, sobremesa, café e gorjeta ao garçom, em restaurante mediano. Uma opção é comer no supermercado, pesando por gramas. Uma boa salada e uma fatia de quiche de espinafre custaram 15 francos (R$ 55). Mesmo pa-


ra comer em casa não é barato. No supermercado suíço, um bife de filé, com 306 gramas, custa 11 francos (R$ 40,70); e um mamão médio, com 1,8 quilo, sai por 14,25 francos (R$ 52,72). Muitas frutas são importadas do Brasil ou da América Latina. Em Berna, com 134 mil habitantes, apreciamos o patrimônio medieval, muitos monumentos, as pracinhas, as fontes de água pura, a segurança. As estradas da Suíça são como tapetes. Não se paga pedágios, coisa rara, pois tudo por lá se paga: para ir ao banheiro, para recolher o lixo, para existir. Sim, todo cidadão na Suíça é obrigado a ter plano de saúde particular. “Pago 300 francos por mês e só posso usar o plano se o gasto for além de 2.000 francos”, explica minha amiga Dilmara, goiana de Campos Belos. Lixo não há nas ruas, tanto em cidades pequenas quanto nas maiores. Ele é sempre acondicionado em saco próprio, com etiqueta que o identifica, inclusive o peso. Caso alguém queira se desfazer de móveis usados, não há para quem doar. É preciso pagar para a prefeitura buscá-los, assim como para podar qualquer árvore em frente a sua casa. Independente do número de canais, paga-se mensalmente para ver TV. Os pais de crianças e adolescentes até 18 anos ganham, em média, ajuda de 200 francos mensais por filho, mas quando eles entram na faculdade pública pagam 750 francos por semestre. Vizinhos, mesmo nas pequenas cidades, se cumprimentam sempre, mas mantêm distância uns dos outros. São muitas regras e confiança na honestidade de todos. Nos supermercados, por exemplo, cada um escolhe seus produtos e passa o cartão, sem a necessidade de caixa. Os suíços adoram enfeitar suas casas. “Não podem ver um toco, um pedaço de galho, que o transformam em arranjos lindos”, comenta Dilmara, com quem conversei por longas horas para conhecer um pouco da vida que se tem nesse país tão desenvolvido. Para ela, as maiores dificuldades, por escala, são: o frio intenso, a dificuldade em aprender o alemão-suíço e a dependência do marido. “Eu peno muito com o frio, parece que até os cílios congelam. A cabeça e a testa doem. No Brasil eu era muito independente, aqui estou aprendendo a dirigir e tendo aulas de alemão, mas ainda não trabalho, por causa da língua”, explica. Dilmara destaca em contrapartida a

Barzinhos à beira do rio em Solothurn.

Arranjos sobre uma caixa de correio em Sissach.

qualidade de vida na Suíça, o fato de poder dormir com a porta aberta, o carro sem alarme; a organização e a educação no país; as montanhas, a paisagem, a tranquilidade para se viver; a facilidade de conhecer outras regiões da Europa. São muitas cidades e vilas encantadoras próximas a Sissach, como Colmar, na França, na região da Alsácia; ou Solothurn, na Suíça, onde vimos banda de música, a Catedral de Saint Urs, fontes de águas límpidas, bares e jardins ao lado do Rio Aar e uma comunidade muito animada, naquela que é considerada a cidade barroca e renascentista mais fina do país, com he-

rança italiana, francesa e alemã. De Solothurn fomos a Strasbourg, na França, a 250 km de Sissach. Maior, mais cosmopolita, Strasbourg é conhecida como uma das capitais da Europa, por abrigar o Conselho da Europa, o Parlamento Europeu e a Corte Europeia de Direitos Humanos, sediados em prédios idealizados por grandes arquitetos. Na cidade onde residiu o humanista Erasmo, o inventor da impressão a caracteres Johann Gutenberg, o reformista João Calvino, o escritor Johann Wolfgang von Goethe e o músico Amadeus Mozart, entre tantos ilustres, tomamos

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diáriodeviagem um barco e percorremos o Rio III com pontes medievais, cercadas de flores e de paisagens e arquiteturas únicas. Valeram os 250 km percorridos, até Strasbourg, na bela região da Alsácia, num domingo de sol. Por último, conheci Basileia, a poucos quilômetros de Sissach, terceira maior cidade da Suíça, fundada pelos romanos e considerada a capital cultural do país, referência mundial na indústria farmacêutica. Basileia, Basel ou simplesmente Basa é charmosa e fácil de percorrer a pé ou nos bondes e ônibus. Entretanto, um passe de trem para ida e volta de Sissach até lá custa 23 francos (R$ 85) para uma distância equivalente à da Asa Sul atá a Feira do Guará, em Brasília (R$ 6, ida e volta de metrô). Gostei muito da Suíça, mas me limitei a comprar chocolates e alguns artigos de maquiagem que, por incrível que pareça, são de baixo custo e alta qualidade. É um país muito organizado, onde tudo parece funcionar como os melhores relógios que criaram. Ruas limpas, nenhum mendigo ou pedinte, muitos parques, muita gente usando bicicletas como meio de transporte – engraçado é ver as mulheres sempre andando de byke com vestido, sejam executivas ou aquelas que apenas pedalam.

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Feira do produtor na capital da Suíça, Berna.

“A Suíça tem muito mais do que Genebra, cidade da qual se fala mais no Brasil, e que não é a Suiça alemã. Há muito o que se ver e sentir no meu país”, comentou Christoph Baumann, 43 anos, analista de informática. Com ele,

+ laranja e amêndoas

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aprendi a fazer o Rõsti, prato tradicional suíço à base de batatas, o Kãs rõsti (com queijo) e o Rõsti mit spãch wirfeli (com bacon). Aprendi algumas palavras: Tchauss! (tchau!), bis bald! (até mais!) e danke dehr! (muito obrigada!).


Nos termos da Portaria 3.083 de 25.09.2013 do Ministério da Justiça, informamos que a Licença de Funcionamento deste CCBB tem número 00340/2011 com prazo de validade indeterminado.

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