BRASÍLIA É CENÁRIO DE DOIS FILMES QUE ESTREIAM EM AGOSTO
Ano XV • nº 248 Março de 2016
R$ 5,90
w w w. t e r r a c a p . d f. g o v. b r Baixe o aplicativo da Terracap, disponível para IOS e Android, e conheça os imóveis em licitação.
A maior companhia imobiliária do Brasil tem nome: Terracap. Uma empresa pública que transforma os recursos, obtidos com a venda de lotes, em melhorias na qualidade de vida de todo o Distrito Federal. São ações implementadas que vão desde a expansão urbana, industrial e agrícola até a gestão de bens e imóveis destinados aos serviços públicos, projetos culturais e esportivos, além do incremento tecnológico, o estímulo à inovação e à sustentabilidade. O terreno Terracap cerca-se do crescimento habitacional planejado e legal, do desenvolvimento econômico e do bem-estar social de toda a população.
EMPOUCASPALAVRAS
Outro destaque da sessão Água na boca apresenta três propostas de comida árabe para ninguém botar defeito: Zahia Café & Kebab, Lagash Mediterranée e Dona Jana, casas muito artesanais, com produtos de qualidade, apresentação “de comer com os olhos” e preços competitivos (página 8). Nos palcos brasilienses, os destaques são para o “fogaréu metálico” do Iron Maden, que incendeia o ginásio Nilson Nelson no próximo dia 22, e os shows de Paula Toller e Frejat no Net Live Brasília, dia 25. Ela apresenta seu quarto disco solo, o Transbordada, lançado em 2014. Ele vem com a turnê O amor é quente, nome do disco virtual lançado em 2013 (leia a partir da página 22). Para os apaixonados por cinema, uma boa é assistir aos filmes da mostra Novo cinema dominicano, em cartaz no Cine Brasília entre 31 de março e 3 de abril. Na programação, produções lançadas a partir de 2014, como Dólares de areia, protagonizado por Geraldine Chaplin, triplamente premiada por sua atuação no filme rodado na República Dominicana (página 33). Por último, prestamos uma singela homenagem a uma pioneira de Brasília que nos deixou bem no Dia Internacional da Mulher. Seu nome é Neusa França, mais conhecida por ser autora da música do Hino de Brasília (letra de Geir Campos), mas que foi a grande mestra de piano de várias gerações de músicos brasilienses. Chegou à cidade antes da inauguração e por ela se apaixonou. Seus alunos e ex-alunos, transformados em amigos, disseram adeus à mestra carinhosa e generosa que deixou como legado não só lições de música, de piano, mas sobretudo de amor e amizade (página 20). Boa leitura e até abril! Maria Teresa Fernandes
Divulgação
Em tempos de crise econômica severa, como a que vivemos, só sobrevive no mercado quem se renova, quem se moderniza, certo? Não necessariamente. Exemplos não faltam de projetos gastronômicos bem sucedidos que praticamente não mudam ao longo de décadas. É o caso do Roma, do Beirute, do Fritz e da pizzaria Dom Bosco, casas tradicionalíssimas da cidade que mantêm o mesmo cardápio e a mesma decoração desde o dia da inauguração. Se fazem mudanças, elas são tão sutis que praticamente ficam imperceptíveis. A repórter Lucia Leão foi a campo ver como estão esses quarentões e cinquentões robustos e qual o segredo dessa longevidade invejável (página 4).
22 graves&agudos O vocalista Bruce Dickinson e o Iron Maiden estão de volta a Brasília para apresentar no Ginásio Nilson Nelson, dia 22, o show da turnê The Book of souls.
4 10 12 13 14 16 20 21 26 28 32 34
águanaboca picadinho garfadas&goles pão&vinho happyhour dia&noite nossahomenagem galeriadearte brasiliensedecoração diáriodeviagem luzcâmeraação crônicadaconceição
Editora ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14 – Conjunto 2 – Casa 7 – Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes | Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa Carlos Roberto Ferreira | Colaboradores Alessandra Braz, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Ana Vilela, Beth Almeida, Cláudio Ferreira, Conceição Freitas, Eduardo Oliveira, Elaina Daher, Heitor Menezes, Júlia Viegas, Luana Brasil, Lúcia Leão, Luís Turiba, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Pedro Brandt, Ronaldo Morado, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle | Fotografia Fabrízio Morelo, Gadelha Neto, Rodrigo Ribeiro, Sérgio Amaral, Zé Nobre | Para anunciar 9988.5360 | Impressão Editora Gráfica Ipiranga | Tiragem: 20.000 exemplares. 3
issuu.com/revistaroteirobrasilia
facebook.com/roteirobrasilia
@roteirobrasilia
ÁGUANABOCA
O filé à parmegiana, carro-chefe do Roma, anima a confraternização do grupo de amigos. À direita, Simon Pitel e o chef Otávio Nunes, há 51 anos seu fiel escudeiro.
Ainda somos os mesmos TEXTO E FOTOS LÚCIA LEÃO
N
4
ão é fácil ser conservador nos dias de hoje. A velocidade dos tempos modernos predispõe a mudanças, exige capacidade de renovação e adaptação ao novo, sob pena de se sucumbir à roda-viva. Será? Nem sempre! Num mercado que a crise econômica deixa cada dia mais volátil – mais de uma centena de bares e restaurantes brasilienses, inclusive alguns já bem antigos e tradicionais, fecharam as portas em 2015 – três “cinquentões” e um quase “quarentão” resistem bravamente. Casas cheias e benquistas pela clientela que, esta sim, não deixa de se renovar. Além disso, o que o Roma, o Beirute, o Fritz e a Pizzaria Dom Bosco têm em comum? Mantêm o mesmo cardápio, a mesma decoração, o mesmo mobiliário, muitos dos funcionários originais e, principalmente, o mesmo comando: quatro empresários assumidamente conservadores que há décadas se negam às tendências de oca-
sião – como os bufês de autosserviço – e modismos – como os pratos montados e apresentações sofisticadas – e orgulhamse da teimosa persistência. “Pode ser até que a clientela demande mudanças na casa, no cardápio ou no serviço. Eu é que não me sinto capaz de mudar. Me obrigaria a atitudes que não quero tomar”, minimiza, com humildade, Simon Pitel, dono do Roma, o mais antigo dos “conservadores” brasilienses. Que atitudes? Troca de funcionários, por exemplo. Ele odeia demitir. Só para citar cargos-chave: o gerente Israel Faria Neto tem 38 anos de casa, e o chef Otávio Nunes está lá há 51. Hoje ele apenas supervisiona o trabalho da cozinha e cuida para que os pratos sejam servidos tal e qual na década de 1960: fartos e em combinações de ingredientes que foram ícones da chamada “cozinha internacional” dos anos dourados. Como o filé à cubana, com banana e abacaxi fritos, o filé à francesa – com aquela batatinha frita refogada com tiras de presunto e er-
vilhas, que quase não se vê mais – ou o frango “à Maryland” – empanado e servido com molho branco. Tudo deliciosamente retrô! “É a primeira vez que venho num restaurante assim, com serviço à francesa. Só comia em lanchonetes ou em bufês. Adorei, e sempre que puder eu volto”, anuncia Amanda Calisto, encantada com o filé à parmegiana – carro-chefe do Roma – que animou a confraternização de seu grupo de trabalho. A sugestão foi de um cliente bem antigo, o colega Robson Rodrigues. “Venho aqui há 30 anos. Sabia que não ia ter errada”. Mas, pensando bem, houve algumas mudanças, sim. Com a abertura das importações, na década de 1990, o cardápio foi acrescido do salmão chileno e da picanha australiana. E, mais recentemente, também ganhou uma opção bem própria para tempos de crise: a tradicionalíssima língua ao molho madeira, prato mais barato da casa, tem tido ótima aceitação da clientela.
Sempre que vem a Brasília, o alemão Wilfried Muller, hoje residente em São Paulo, faz questão de voltar com a irmã e amigos ao restaurante do austríaco Fritz Klinger.
Clientes internacionais
Tão sutis e pontuais são também as mudanças que Fritz Klinger lembra de ter promovido em seu restaurante, que há 36 anos ocupa a esquina de baixo da 404 Sul. A maior delas, aliás, ocorreu à sua revelia: “Esse nosso vizinho nos tirou a vista do lago”, reclama, apontando, contrariado, o prédio do Mc Donald’s”. Visivelmente fragilizado pelos 84 anos de vida intensa, seu Fritz se dedica atualmente a organizar suas anotações (ele é um guardador de papéis compulsivo) e estuda a possibilidade de consolidar suas receitas, muitas herdadas do pai e do avô austríacos, em um livro. “Muita gente está insistindo nisso”. Nesse processo, ao contrário de inovar, ele está mais é resgatando modos de preparo e ingredientes tradicionais, que foram sendo desvirtuados no dia a dia da cozinha, como aconteceu com o purê de espinafre. “Primeiro, o espinafre era cozido e bem espremido antes de amassar. Só depois de amassado voltávamos com a água do cozimento para dar o ponto do purê. Quando adotamos o processador mais moderno, tecnológico, colocamos a água junto na hora de triturar. Isso deu uma diferença no sabor, que só agora percebi e estamos corrigindo”, exemplifica, demonstrando o preciosismo aguçado pela idade. Assim são também os molhos, que ocasionalmente tomaram consistência mais gelatinosa do que a ideal, o tempo de salmoura de algumas carnes e outros detalhes que, ainda que ditos, passam
mesmo despercebidos. “A maçã perdeu muito em qualidade. Tivemos que acrescentar limão e mais açúcar à receita original do strudel para recuperar artificialmente o sabor da fruta”. Ele teve também que se adaptar à perda de alguns fornecedores, como o das trutas. Um dos pratos mais tradicionais e atraentes da casa – assadas e levadas inteiras à mesa, onde os filés são cuidadosamente retirados pelos garçons e banhados de manteiga –, as trutas vinham, até o ano passado, de um criatório na Serra da Bocaina, no Rio de Janeiro. A onda de calor, no ano passado, acabou com os peixes, e seu Fritz teve que recorrer aos criatórios chilenos das
corredeiras andinas. “O Fritz não está o mesmo. Está melhor!”, sentencia Wilfried Muller, que já perdeu a conta dos anos em que tem no Fritz a grande referência de restaurante em Brasília (ele vive em São Paulo). O restaurante também é parte da memória afetiva de Ana Luiza Jacquart, que aos cinco anos já se sentava naquelas cadeiras, ao lado do pai, José Manuel. Hoje vivendo na Suiça, foi o primeiro lugar que fez questão de apresentar ao marido Lüc, em recente visita a Brasília. “Estou matando as saudades dela, do Fritz e até do Luiz (um dos garçons que está na casa há 30 anos), que era um garoto quando comecei a vir aqui!”, festeja o pai de Ana.
Os pratos que saem da cozinha do Fritz são cuidadosamente montados pelos garçons na frente dos clientes.
5
ÁGUANABOCA
Há 55 anos Enildo Veríssimo Gomes atende pessoalmente clientes fiéis como Suzanne e o filho Luiz Gustavo.
Fenômeno de popularidade
6
A extrema simplicidade da Pizzaria Dom Bosco faz contraponto à sofisticação e requinte do Fritz. Mas, igualmente conservador, tem com ele muito em comum. Do apego ao mobiliário (o Fritz usa as mesmas 145 cadeiras todos esses anos e a Dom Bosco recentemente trocou o balcão por outro idêntico) à fidelidade aos fornecedores (a mussarela Terra Branca e o extrato de tomate Elefante na pizzaria e o pão importado de Belo Horizonte e as salsichas da Berna no restaurante austríaco), os dois comungam, acima de tudo a dedicação e a paixão pelos seus negócios. “É a minha vida”, resume Enildo Veríssimo Gomes, que passou 55 dos seus 70 anos atrás do balcão da pequena loja da 107 Sul. A pizzaria Dom Bosco talvez seja o mais fenomenal entre os estabelecimentos “conservadores”. Por um lado, pelo modelo quase simplório do negócio. Por outro, pelo radicalismo com que se recusou a qualquer mudança. A pizza, de massa grossa e coberta de extrato de tomate tirado da lata e apenas polvilhado de orégano, seria reprovada em qualquer fórum gourmet. Mas, partida em fatias e servida em guardanapo assim que sai do forno, é amada pelos clientes que lotam, em pé, o pequeno balcão. “Aqui não tem pizza fria. Tem quente ou muito quente”, ensina Suzanne, que, ainda criança, já se lambuzava de pizza quando visitava a avó, num apartamento ali vizinho, e hoje lancha na Dom Bosco com o filho Luiz Gustavo, um ho-
mem de quase 30 anos. “Tudo aqui é milimetrado e cronometrado: a quantidade de cada ingrediente, o tempo de forno, a temperatura da água para fazer o mate... tudo tem que ser certinho, do mesmo jeito sempre, não muda nada!”, explica Enildo, que só mantém segredo de quantas pizzas serve a cada dia. É também parte do marketing! 50 anos em abril
Mas o mais famoso – e, diga-se, menos conservador – dos “conservadores“ de Brasília é mesmo o Beirute. Jornalistas, artistas e personalidades do mundo político e acadêmico já fizeram dos seus
bancos cadeiras cativas, o que deu fama e glamour ao restaurante árabe comandado por cearenses, que no dia 16 de abril completa 50 anos. Vai ter festa, com certeza, mas haverá também bochechos, como o do artista plástico Paulo Andrade. Autor da pintura do Padre Cícero, que ocupa lugar de destaque na parede mais famosa da 109 Sul, ele é um dos clientes outrora habituais e hoje eventuais do bar que, em sua opinião, já não ostenta o charme dos anos áureos das décadas de 1970 e 1980. As noites efervescentes são cada vez mais raras e o que restou da “alma original” do bar mudou-se para o Beirute da Asa Norte. Paulo se ressente especialmente da falta de Cícero Rodrigues Santos, garçom tão querido que sua aposentadoria, em abril do ano passado, depois de 38 anos servindo os clientes do Beirute, virou evento e ganhou manchetes de jornais. Mas Francisco Marinho – o octogenário Chiquinho, dono da casa – faz o que pode para suprir a perda de Cícero e de outros auxiliares que tanto contribuíram para fazer do bar “o Beirute”. Percorre as mesas, atende pessoalmente a um ou outro pedido e cuida para que os pratos sejam servidos com a mesma qualidade e presteza de há 50 anos. Se já não tem a efervescência noturna dos anos finais do século passado, o salão do Beirute continua lotado especialmente na hora do almoço. Os carros-chefes do cardápio seguem sendo o filé à parmegiana (com muito molho e fartamente co-
No Beirute, Chiquinho cuida para que o filé à parmegiana e outros pratos mantenham a qualidade de 50 anos atrás.
berto com o mesmo queijo prato Paracatu gratinado, como há décadas), o kibeirute (quibe frito achatado recheado de queijo) e o misto árabe (arroz de lentilha, quibe assado e charuto de folhas de uva). E também alguns pratos praticamente exclusivos, como o palmito na manteiga, que conquistaram a fidelidade de um grupo expressivo de consumidores. “Eu sou 98% conservador. O que eu mudei no cardápio, por exemplo, foi a pedido dos clientes. Foi como fizemos o Filé à Samuca, sugestão de um fotógrafo que almoçava sempre aqui e gostava de batatas, ou o kibeirute ovo, que um dia alguém pediu”, lembra Chiquinho. A última novidade – também em resposta à exigência dos clientes – é o banheiro no andar térreo, acessível a quem tem necessidades especiais. E assim, com muita história e tradição – tanta que até virou livro –, uma novidade aqui e outra ali, o Beirute segue como referência gastronômica e cultural de Brasília. Assim como Chiquinho segue repetindo diariamente o mesmo ritual instituído lá na década de 1960:
Outra marca registrada do Beirute: enquanto os garçons servem os clientes, Chiquinho circula de mesa em mesa.
levanta cedo, toma café na padaria da 107 Sul, leva dois dedos de prosa com Enildo Veríssimo na porta da Dom Bosco e leva o pão para os funcionários que preparam mais uma jornada de função no Beirute. Inspeciona os freezers e garante que a maior das tradições da casa se mantenha inalterada: a cerveja, que chega sempre à mesa em roupagem de luxo, lindamente nevada.
Roma 511 Sul, Bloco B (3346.4030). De 2ª a 6ª feira, das 11h30 às 15h e das 18h30 às 24h; sábados, domingos e feriados, das 11h30 às 17h.
Fritz
404 Sul, Bloco D (3223.4622). De 2ª a sábado, das 12 às 24h; domingos, das 12 às 17h.
Dom Bosco
107 Sul, Bloco E (3347.0904) Diariamente, das 17 às 22h.
Beirute
109 Sul, Bloco A (3244.1717). De 2ª a 6ª feira, das 11 às 2h; sábado e domingo, das 11 às 24h.
TEMOS ATÉ MUSCULAÇÃO. Circo, natação, balé, lutas, aeróbica, programação para crianças, além de instrutores formados e capacitados para cuidar de você. Afinal, temos tudo para a sua família, até o que as outras academias têm. www.companhiaathletica.com.br/unidade/brasilia
SCES, Trecho 2, Conj. 32/33, Lj. P01, Pier 21 Lago Sul, Brasília/DF +55.61.3322-4000 7
Cynthia Pastor
André Zimmerer
ÁGUANABOCA
Kafta, arroz com lentilha e tabule compõem o "executivo árabe", um dos muitos pratos do novo cardápio criado pela chef Dulcinea Cassis, do Zahia Café & Kebab.
Delícias árabes POR SÚSAN FARIA
O
8
s brasilienses apreciadores da comida árabe não têm do que se queixar. Há muitas e muitas opções em Brasília, a maioria de dar água na boca. Vamos falar aqui de três: o Zahia Café & Kebab, do Sudoeste, o Lagash Mediterranée e o Dona Jana, ambos da Asa Norte. As três casas são de cozinha libanesa e síria, cada uma com suas histórias, remetendo a sabores e culturas ancestrais e a séculos de tradição. Todas muito artesanais, primorosas, servindo produtos de muito boa qualidade – para se “comer” primeiro com os olhos – e ofertadas a preços competitivos. “Uso temperos fortes, muita hortelã, alho e cebola. Aprendi com minha mãe, que aprendeu com minha avó Zahirinha, síria casada com libanês de Ebel, no sul do Líbano”, conta Dulcinea Cassis, proprietária do Zahia. Em 1889, seus avós fugiram da perseguição do império otomano e, como outros imigrantes libaneses, se estabeleceram na Rua 25 de Março, em São Paulo. Zahirinha fazia aniversário no dia 27 de março. Este ano, um dia antes, em 26 de março, a partir das 19 horas, vai ter festa no Zahia, agora em novo endereço, para comemorar cinco anos de existência com muitos quitutes, bolos, sobremesas e cafés. A festa vai ser para quem quiser participar. Com dois ambientes e ocupando ain-
da parte da praça da alimentação no subsolo da CLSW 301, o Zahia funciona em tempo integral, servindo café da manhã, almoço, lanche da tarde, happy hour e jantar. No almoço executivo (R$ 22) o cliente pode encontrar, às segundas-feiras, por exemplo, um delicioso carneiro; às sextas-feiras, feijoada com arroz branco, farofa, couve e laranja ou peixe ao molho de tahine, arroz com aletria e berinjela. Entre as sobremesas, o malabie (manjar de leite aromatizado com miski, água de flor de laranjeira e geleia de damasco, a R$ 9,50), e o ataif (panqueca na forma de pastel recheada com nozes e calda de flor de laranjeira, a R$ 10,50). “Aqui é a cozinha da nossa casa, com o aconchego da casa da nossa avó” , ressalta Ednea Fagundes Cassis, filha e sócia de Dulcinea. Lagash Mediterranée Durante 27 anos, o restaurante Lagash fez sucesso em Brasília, na Asa Norte, pelas habilidosas mãos de Maria de Fátima Hamu, descendente de sírioslibaneses, e de sua mãe, Lenita Saad Hamu, falecida em 1994. Com a morte do patriarca Alberto Hamu, que a ajudou até os 93 anos, Fátima fechou o restaurante. Entretanto, há um ano e oito meses abriu o Lagash Mediterranée, misto de empório e restaurante, com 90% das variedades do antigo e mantendo decoração de bom gosto, com vitral e gravu-
ras de Beirute antiga. “Aqui não temos serviço de garçom. Os clientes escolhem, pesam, comem e pagam”, explica Fátima, que se associou à irmã, a jornalista Mariângela Hamu, e continua com as duas cozinheiras que a acompanham há mais de duas décadas. “Estou agradavelmente surpresa com a qualidade dessa comida”, diz Estela Paraguassu, publicitária dos Correios e Telégrafos, que entrou por acaso pela primeira vez no Lagash Mediterranée. Clientes novos, como Estela, que passam pela movimentada entrequadra 112 Norte, ou antigos, do velho Lagash, não resistem aos deliciosos quibes, esfirras de massa folhada, coalhada e pernil de cordeiro ao molho de romã, além das novas opções inspiradas na culinária de países banhados pelo Mar Mediterrâneo. O forte da casa são o cordeiro desfiado, a salada de bacalhau e os doces folhados. A maioria dos pratos pode ser servida a R$ 52 o quilo. Irresistível é o ouzee (massa folhada com arroz de carneiro, nozes e passas, a R$ 18), que vale por uma boa refeição. “Temos muitas opções para vegetarianos, como a esfirra de acelga, o quibe de batata, o falafel (bolinho de grão de bico) e o tabule”, explica André Hamu, filho de Fátima. O movimento maior é das 18 às 20 horas, quando muita gente sai do trabalho com a intenção de fazer um lanche ou levar comida boa para casa.
Rodrigo Ribeiro
Rodrigo Ribeiro
No Lagash Mediterranée, de Maria de Fátima Hamu, as tradicionais esfirras dividem a preferência da clientela com iguarias inspiradas na culinária mediterrânea.
Contudo, a vida no Brasil não tem sido fácil, por causa da dificuldade com a língua, do alto custo de vida e da falta de empregos. “Já houve momentos em que pensamos em voltar para a Síria, mesmo com a guerra, que dura cinco anos”, confessa Jana. Mas aos poucos as barreiras vão sendo vencidas: as três filhas estão matriculadas na escola pública, já falam bem português e a renda com os quitutes empata com as despesas. “Nossa prioridade é pagar em dia o aluguel”, diz Jana. Quando Jana ainda não tinha fregueses, a professora de uma de suas filhas se comoveu com a situação e passou mensagem no whatsapp anunciando os quitutes da família. Logo chegaram muitas encomendas de quibes (unidades entre R$ 1,50 e R$ 4), tabule (R$ 55 o quilo), maklube (arroz com berinjela para oito pessoas, a R$ 80), pastas (homus, coalhada ou quibe cru, por R$ 50 o quilo), cha-
ruto de repolho (R$ 60 o quilo) e doces árabes, entre R$ 2 e R$ 5 a unidade. O que mais impressiona na comida de Jana, além do sabor, é a delicadeza dos pratos, com desenhos parecidos com obras de arte. Segredo que ela aprendeu com a mãe, a avó, a sogra, as vizinhas. Hoje, os clientes são em sua maioria do Plano Piloto e Águas Claras. Ela aceita encomendas, inclusive para festas e casamentos, por telefone, com três dias de antecedência. O marido, Abd Alkarim Jabbour, procura emprego na construção civil. Zahia Café & Kebab
301 Sudoeste, Bloco B, Loja 1 (3551.5002). De 2ª a 6ª feira, das 8h às 22h30; sábados e domingos, das 9h às 22h30.
Lagash Mediterranée
112 Norte, Bloco C, Loja 6 (3273.0098/3273.9208). De 2ª a 6ª feira, das 10 às 20h; sábados, das 10 às 15h.
Dona Jana
Encomendas pelos telefones 3034.2477, 9824.7330 e 8252.5888. Divulgação
Divulgação
Dona Jana O trauma continua na cabeça da família: bombas explodiram suas casas, há dois anos. Um engenheiro civil, uma professora e três crianças sírias perderam todos os seus bens na guerra e rumaram para o Brasil, numa viagem de dois dias e meio, saindo da Síria para o Líbano, seguindo pelo Qatar e chegando a São Paulo e, finalmente, a Brasília. Para trás ficaram os pais, irmãos, amigos, parentes, a capital Damasco, a cidade litorânea de Latakia e o sonho de viver com dignidade em sua terra. “Saímos de Damasco pensando que a situação estaria mais calma em Latakia, pequena cidade natal de meu marido, onde tínhamos outra casa. Explodiram as duas residências”, conta Jana Jabbour, 34 anos. Com algum dinheiro no bolso, alugaram um apartamento na Asa Norte e, sem emprego, optaram por cozinhar e vender seus quitutes, alguns deles vistos nas fotos abaixo.
9
PICADINHO Borbulhas Mais de 50 rótulos de proseccos, champanhes, caves e espumantes produzidos na Itália, França, Espanha, Portugal, Alemanha, Argentina e Brasil serão servidos e vendidos com generosos descontos durante o festival Borbulhas pelo Mundo, que a Decanter promoverá dia 2 de abril, das 20 às 23 horas, no Hotel Quality (em frente ao ParkShopping, ao lado da Leroy Merlin). As garrafas custarão a partir de R$ 29. Um dos destaques é a Lírica Crua (foto), uma novidade no mercado nacional (de R$ 88,70 por 53,22). Apenas 100 convites serão vendidos pela Decanter (208 Sul, tel. 3349.1934) ao preço de R$ 145, com direito a bufê, valet park e uma taça de cristal. Com um consumo anual de 2,2 litros por habitante (10% maior do que a média nacional), o Distrito Federal é o segundo maior mercado consumidor de espumantes do Brasil, atrás apenas de São Paulo.
Rafaela Cambuy
Cervejas libanesas
O famoso sanduíche de linguiça argentino, servido desde o ano passado na calçada do Parrilla Madrid, na 409 Sul, acaba de chegar ao Madero Steak House (Shopping Pátio Brasil, tel. 3041.7005). É preparado com linguiça artesanal defumada, grelhada em fogo forte, molho chimichurri, vinagrete e maionese. Outra novidade é o sorvete artesanal de vanilla, receita da avó materna do chef Júnior Durski, proprietário da rede Madero, em duas versões: com calda de chocolate e amêndoas laminadas ou de frutas vermelhas e morangos frescos.
Robalo Buriti
Divulgação
Depois dos pratos prontos, que inauguraram no ano passado o almoço do Armazém do Ferreira (202 Norte, Bloco A, tel. 3327.0167), chegou a vez do bufê de saladas e grelhados. O cliente escolhe um dos grelhados e monta sua própria salada de folhas, verduras, frios e molhos. Os preços variam de R$ 29,50 (para quem optar pelo filé de frango) a R$ 36,50 (filé mignon ou picanha).
Elas levam em seus nomes o número do prefixo de DDI do Líbano: 961. Refrescante, leve, dourada, a Lager, eleita a melhor de sua categoria no Hong Kong International Beer Awards 2012, aromada com lúpulos herbale floral, combina com cordeiro, falafel, homus e lentilha. A Witbier leva sementes de coentro e cascas de laranja e vai bem com fattoush, tabule, homus e frutos do mar. A Lebanese Pale Ale traz aromas de ervas e especiarias – zathar, anis, hortelã e camomila - e harmonizase com fattoush, kebab, falafel, cordeiro e carneiro. A Porter, escura de tradição inglesa, tem cheiro de chocolate meio amargo e café com leite. A Red Ale, avermelhada, traz aromas maltados e frutados. Essas duas últimas combinam com kebabs picantes, carnes grelhadas e sobremesas à base de chocolate e frutas. São deliciosas as cervejas artesanais libanesas da 961 Beer que acabam de entrar nas cartas de bebidas do Empório Árabe (Avenida Castanheiras, Edifício Vila Mall, Águas Claras, tel. 3436-0063, e 215 Sul, Bloco A, tel. 3363-3101) e do Arabetto
Assim foi batizado o novo Prato da Boa Lembrança do Oliver (Clube de Golfe, tel. 3323.5961). O pescado é preparado com crosta de farofa de buriti e acompanhado de risoto porcini e molho pesto de manjericão (R$ 89). Segundo o proprietário da Oliver, Rodrigo Freire, também diretor regional da Associação da Boa Lembrança no Distrito Federal e Goiás, o buriti, um ingrediente local pouco explorado na gastronomia brasiliense, é desidratado e aplicado em uma crosta de farinha panko que, em seguida, é posicionada sobre o robalo, resultando numa harmonização perfeita com o risoto porcini. A Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança reúne 97 estabelecimento de 19 Estados e do Distrito Federal. Divulgação
Bufê do Ferreira
10
Choripán no Madero Divulgação
Brasília terá 14 representantes entre os 1.600 chefs que participarão da segunda edição do super jantar Goût de France, de celebração à gastronomia francesa, que será realizado simultaneamente, dia 21 de março, em 150 países de cinco continentes. Trata-se de um projeto do multiestrelado chef francês Alain Ducasse inspirado nos “Jantares de Epicuro”, promovidos a partir de 1912 pelo lendário Auguste Escoffier (1846-1935) – “o cozinheiro dos reis e o rei dos cozinheiros”, como se dizia na época – em homenagem ao filósofo grego cuja doutrina pregava que a essência do bem reside no prazer, mas o prazer na justa medida, sem excessos. Os cardápios criados pelos chefs serão servidos em restaurantes e embaixadas francesas localizados nos países participantes. De Brasília participarão Daniel Briand, Cru Balcão Criativo, Grand Cru, Inácia Poulet Rôti, Le Vin Bistrô, Le Plateau, Nossa Cozinha Bistrô, Paul’s Restaurante, DOC, Restaurante Escola Senac Downtown, Toujours Bistrô, Trio Gastronomia e Olivae, além da Aliança Francesa. Todos vão preparar e servir menus “à francesa”, com aperitivo, entrada fria, entrada quente, um peixe ou crustáceo, uma carne ou ave, um queijo francês (ou uma seleção de queijos), uma sobremesa de chocolate, vinhos e digestivo.
Mistura Árabe (408 Sul, Bloco B, tel. 3244. 2079, e 102 Sudoeste, Bloco B, tel. 3038.1500). Criada no Líbano, em julho de 2006, por Mazen Hajjar e amigos, na cozinha de sua casa, em meio ao clima de guerra e bombardeio, a marca 961 hoje produz mais de dois milhões de litros de cerveja por ano e exporta para 24 países dos cinco continentes Divulgação
Bon appétit!
GARFADAS&GOLES
Rua Oito de Março, esquina do hospício
LUIZ RECENA
lrecena@hotmail.com
Tenho um colega e amigo que foi a Moscou e até hoje lembra o endereço: Ulytsa Vacimovaya Marta. Quase esquina com o hospício do bairro Dínamo. O enorme prédio do hospital era chamado também, em russo, de Casa dos Loucos. Um bairro antigo da cidade, abriga o estádio e a equipe do Dínamo, que teve entre seus principais astros o goleiro Lev Iashin, o Aranha Negra, um dos maiores goleiros da história do futebol mundial. Tem superquadras como as que conhecemos em Brasília, com mais prédios e bem mais altos. Meio Águas Claras, sem condomínios. Pois ali era o endereço do colunista. Um momento: a rua não, a Casa dos Loucos. Embora por vezes tenha dito que as mulheres um dia poderiam me enlouquecer, não foi nessa ocasião, entre 1988 e 1992.
Comidinhas
Tudo isso para registrar a passagem do Dia da Mulher, um feriado nacional, espécie de Dia das Mães na extinta União Soviética (1917-1991), com todo o componente simplório embutido na data, incluindo flores e jantares para a “rainha do lar” em restaurantes repletos e com filas quilométricas. Nosso grupo inovava. Casa de solteiro, equipada, era palco perfeito. Jovens casais russos tinham espaço para invenções e bravatas. A primeira que fizemos foi uma galinhada, batizada de tropical: gordas galinhas húngaras refogadas em bastante cebola, alho e outros temperos, depois afogadas em líquidos e tudo mais que combinasse vindo das conservas disponíveis. As galinhas apareciam por encanto nas esquinas e por encanto sumiam. As conservas, armários históricos de avós, mães, colegas e amigos. Também dos mercados, quando apareciam. Compras, trocas, escambos. Uma vez troquei sacolas Vuitton por limões sicilianos. O dente de ouro da vendedora caucasiana até hoje frequenta minha memória. E o líquido que cozinhava as ervilhas, cenouras, batatas, milhos, folhas, raízes etc? Água, cerveja, vinho, vodka, limão, laranja. Tirando a primeira, os outros perdiam com o passar do tempo e o molhar interior a ordem e a disciplina de ingresso no caldeirão. Três horas de fogo baixo na panela e mais alto nos convidados, o manjar estava pronto. Arroz e farofa (um luxo!) completavam.
12
Enquanto isso
Nada nas comemorações russas era de estômago vazio. Variedade, delicadeza e fartura marcavam a espera do prato principal: caviar preto, vermelho, peixinhos defumados, outros com cremes frescos ou azedos, empadas, pães pretos, embutidos, saladas, cogumelos, pepinos e outros legumes em salmoura. Festim! A vodka mandava, mas sempre houve espaço para uísque, vinho, cerveja. Água, sucos ou a monopolista Pepsi ajudavam a hidratar. Música e alegria. Brindava-se a tudo. À vida, principalmente.
Na vidraça
Lá fora a neve ainda branqueava a nostalgia de um inverno infindável. O bafo dos tempos de crise permitia rabiscos nas vidraças. Corações com flechas, caras risonhas, um palavrão. Vivas à Mãe Pátria e foras ao comunismo. Novas gerações têm outros vínculos, desprezam o passado. Tudo vinha nas conversas. Casa estrangeira, campo neutro, discussão livre. Raras e previsíveis situações de conflito, logo contemporizadas. Aprendizado para eles. Lições de história e atualidade para mim. O sonho comunista se deteriorava após décadas de erros bolcheviques. Pensavam a economia como algo a ser resolvido com decretos partidários. A crise não chegava ao partido. Na calefação da festa a ideia comunista era sufocada pelas homenagens às mulheres. Afogada em vodka. Saúde! Nazdarovia! Viva o Dia Internacional da Mulher! Hurra!
PÃO&VINHO
Olé !!! Quem teve a oportunidade de ler meu livro Cem vinhos sem frescuras sabe que sempre fui admirador dos vinhos da Península Ibérica e, por uma longa fase, tive preferência pelos vinhos portugueses. Mais tarde, com a experiência crescendo, cheguei a duas conclusões sobre essa região vínica, nas quais creio até hoje: vinhos portugueses e espanhóis são ótimos especialmente pela média de qualidade, pois os mais simples são no mínimo razoáveis, além de existirem alguns excelentes. A Espanha, por mais que me seja duro admitir, é ainda superior a Portugal nesses dois quesitos. Já tendo experimentado várias vezes e em várias safras, e gostado muito, diga-se de passagem, de todos os ícones portugueses, incluindo-se aí seus dois maiores nomes (Pera Manca e Barca Velha), bem como importantíssimos rótulos de Espanha, como Aalto, Viña Real, Rioja Alta, Contador, Numanthia e muitos mais, faltava-me degustar o maior de todos os ícones espanhóis: o Vega Sicilia Único. A Espanha é o país com a maior área de vinhedos do mundo e o terceiro maior produtor, bem como um dos mais antigos, pois há registros que indicam já haver produçãoo vínica por lá desde 4.000 a.C. Em uma verdadeira miríade de regiões produtoras, as duas mais famosas, e para mim ainda as melhores, são Ribeira del Duero e Rioja, nas quais é absoluta, entre as castas tintas, aquela que é a principal uva espanhola, a Tempranillo. Todavia, cada uma dessas regiões vinifica essa mesma casta em estilos completamente diferentes, mas dão origem, em ambas, a muitos néctares espetaculares. Quando por lá estiva, há alguns anos, não perdi a oportunidade de adquirir duas garrafas do tal Vega Sicilia Único, safra 2000, mas aguardava uma oportunidade especial para degustá-las.
ALEXANDRE FRANCO pao&vinho@agenciaalo.com.br
Ao abrir de 2016, um dos meus melhores amigos, Fernando Fernandes, completou 70 primaveras e, sabendo se tratar de grande apreciador de bons vinhos, propus: “Meu presente para você será um almoço acompanhado de um de três grandes vinhos que tenho guardados, à sua escolha. Um Brunello Bioni Santi 2004, um Opus One 2009 ou um Vega Sicilia 2000”. Ele nem titubeou: escolheu o Vega de pronto. Uma garrafa seria pouco e resolvi então escolher uma segunda garrafa de um bom Rioja, o Marqués de Murrieta Gran Reserva 2007. Para escoltá-los, preparei um magret com molho de romãs, acompanhado de purê de batatas doces. Estava ótimo. Iniciamos pelo Rioja: de cor rubi intensa, trouxe ao nariz frutas negras em compota, alguma especiaria e nuances de chocolate, e à boca um corpo pleno, de taninos poderosos, mas muito elegantes e bem domados, com bom equilíbrio de álcool e acidez. Um vinho redondo muito bom. E, para coroar a ocasião, o inesquecível Vega Sicília Único 2000. Um ícone que merece sua condição. Vale cada tostão dos muitos euros que custa, bem como toda a sua fama. Com data de maturidade prevista para 2026 e com nada menos que 97 pontos de Parker, neste início de 2016 já estava perfeito. De cor vermelha, mas com leves tons atijolados, traz uma complexidade olfativa infinita, dentro da qual podemos destacar cereja negra madura e muitas especiarias. Na boca, parece um sonho, com acidez e mineralidade no ponto certo de um grande vinho. Mais que tudo, extremamente saboroso. Não dá vontade de engolir, tamanho o prazer gustativo. Sedoso mas ao mesmo tempo muito vivo, com frutas vermelhas e novamente especiarias, além de nuances florais. Inesquecível, simplesmente sensacional.
13
HAPPY HOUR
São Patrício “Todos querem ser irlandeses no Dia de São Patricio” Nas culturas em que o álcool é permitido, as maiores festas populares, tais como o Carnaval e a Oktoberfest, são acompanhadas de muita cerveja. Na Irlanda, especialmente, acontece o famoso Saint Patrick's Day, que celebra a data nacional em 17 de março. Esse é o dia da morte do padroeiro do país, São Patrício, um monge que viveu entre 387 e 461. Ele foi o primeiro religioso cristão a pregar fora das fronteiras do império romano e o primeiro a se opor aos abusos contra as mulheres. Logo após sua morte, a data passou a ser reservada à celebração de sua memória e como ocasião de reflexão religiosa até o Século XVII, quando integrou o calendário católico. Como ocorre em plena quaresma, inicialmente era restrita a rituais litúrgicos. Aos poucos foi se tornando uma oportunidade conveniente para escapar aos rigores de abstinência. Embora não seja tão explorada comercialmente quanto a Oktoberfest alemã, essa é também uma festa tradicional, de origem folclórica. Como evento de rua e atração popular, ocorreu pela primeira vez em meados do Século XVIII nos Estados Unidos, organizada por imigrantes irlandeses. Não se pode dizer que é uma festa cuja motivação seja a cerveja, mas o apelo da bebida tornou-se um ponto de referência. Somente nesse dia, a cervejaria mais icônica da Irlanda, a Guinness, vende mais de quatro milhões de litros. Mas essa festa não se restringe ao país do Reino Unido. A celebração acontece em várias partes do mundo, especialmente na Inglaterra, nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália, na Argentina e, recentemente, também no Brasil. Tudo deve lembrar as coisas e as cores da Irlanda. As pessoas se vestem e se pintam de verde, degustam
14
RONALDO MORADO www.ronaldomorado.com.br ronaldomorado.blogspot.com.br @ronaldomorado
a típica culinária irlandesa e bebem cerveja, muita cerveja – preferencialmente as irlandesas. Apesar de alguns preferirem brindar com uísque, o drinque típico da ocasião é a green beer (cerveja verde), que é feita adicionando-se corante verde à cerveja de sua preferência. Do ritual de celebração também fazem parte as tradições milenares, a confraternização em um pub irlandês – ponto obrigatório de encontro – animada por muita música popular, folk e rock alternativo (U2, Cranberries, Sinead O’Connor, The Corrs, Enya etc). O Festival de São Patrício, em Dublin, dura cinco dias e o seu ponto alto é um desfile que reúne centenas de milhares de pessoas no dia 17 de março. Até o Rio Liffey, que corta a cidade, é tingido de verde para compor o cenário. Existe uma relação simbólica interessante entre essa festa e a planta shamrock, uma espécie de trevo de pétalas verdes que teria sido usado por São Patrício para divulgar a Santíssima Trindade, e é hoje o símbolo da Irlanda. Como a celebração acontece alguns dias antes do primeiro dia da primavera no hemisfério norte, diz-se também que ela representa o verde da estação. Cervejas irlandesas para conhecer: Guinness Draught (de cor bem escura, bastante cremosa, aroma tostado de café e chocolate, sabor equilibrado entre o amargo e o adocicado; final seco); Smithwick’s Irish Ale (de cor cobre clara, aroma de pão e sabor levemente amargo, caramelizado e cítrico; final seco); Murphy’s Irish Red (de cor cobre e avermelhada, aroma leve e malte e boa espuma; final discretamente amargo); Murphy’s Irish Stout (bastante escura e cremosa, com aromas de malte torrado e achocolatado; final leve e cafeinado); Kilkenny Irish Ale (de cor âmbar, espuma branca e persistente, sabor leve de caramelo; final refrescante); Harp Lager (de cor dourada e boa espuma, aroma neutro e sabor equilibrado entre amargo e maltado; final seco).
PARTINDO DE BRASÍLIA
PARIS
3 VOOS
DIRETOS SEMANAIS 15
AIRFRANCE.COM.BR
DIA&NOITE
identidadecultural
Divulgação
novostalentos Quase duas mil obras de 860 artistas foram inscritas para participar da Mostra Bienal Caixa de Novos Artistas. As 24 selecionadas por Fernando Oliva e Rosemeire Odahara Graça podem ser vistas até 1º de maio na Caixa Cultural. São trabalhos em fotografia, escultura, pintura, gravura, desenho, objeto, instalação, videoinstalação, intervenção e novas tecnologias. O único selecionado de Brasília foi Ricardo Theodoro, com a obra Topografia íntima (foto). Especialista em fotografia e mestre em poéticas contemporâneas, o artista já participou de coletivas e explica sua obra tridimensional como a materialização de topografias ficcionais. “Na imaginação, o sólido se torna fluido, a superfície descola como uma pele, numa leve tensão superficial de uma massa informe. Paira como topografia cambiante que toma forma da energia do ar se dissipando”, resume. A exposição já passou por Curitiba e São Paulo e vai depois para Fortaleza, Recife e Salvador até chegar ao Rio de Janeiro, onde encerra a temporada em dezembro. Entrada franca.
arteemágua Ela é o que se pode chamar de artista multimídia. Já trabalhou com pintura, fotografia, vídeo, gravura e instalações. Mas o que a chilena Patrícia Claro está trazendo ao Museu da República, a partir de 22 de março, é um pouco disso tudo, na exposição voltada para sua inspiração maior: a água. A artista de Santiago do Chile viu no reflexo dos objetos produzido na água uma fonte infinita de imagens e utilizou meios digitais para um processo pictórico em óleo sobre tela, onde os detalhes essenciais recebem aporte digital para atingir o efeito de reflexo. Ela também utiliza vídeos e outras linguagens para mostrar as possibilidades artísticas da água. Algumas das obras ganham força com a música experimental do músico chileno Max Zegers, com vasta experiência como compositor de trilhas sonoras. A montagem da exposição Formas d’água, que fica por aqui até 24 de abril, é um dos atrativos, por utilizar recursos tecnológicos de ponta que permitirão aos visitantes uma maior integração com as ideias da artista. Os dados sobre as obras – tais como descrição, técnica, local onde foi concebida e realizada, materiais, motivações da artista – poderão ser acessados por meio de QR-Code (código de barras bidimensional), utilizando smart-phones. De terça a domingo, das 9h às 18h30. Entrada franca.
Os textos antigos já falavam da importância da meditação como caminho para se atingir os estágios mais refinados do pensamento e se voltar para si mesmo. A forma de se alcançar esse objetivo está sendo explicada semanalmente na Sala Egípcia do Templo da Boa Vontade (915 Sul), gratuitamente. Meditar não só para remover o estresse e aumentar a felicidade, mas também para se obter o desenvolvimento pleno como seres humanos que somos, adquirindo-se estabilidade emocional, autoconfiança, mais energia, criatividade, inteligência, memória e concentração. Trata-se do portal Interdimensões, ambientado no Egito antigo e em ação todas as quintas-feiras, às 19h. Informações: 3114.1070.
Divulgação
forçasvitais
Divulgação
16
Divulgação
”Sinto em mim a brasilidade para viver com confiança neste mundo global, conectando-me com a profundidade das minhas raízes. Meu desejo é ver essa cultura cada vez mais exposta, convidando, com minhas imagens, à aventura do conhecimento desses temas”. A afirmação é da artista plástica e designer paulistana Lu Paternostro, que apresenta somente até o dia 23 suas ilustrações digitais na galeria de arte do CTJ Hall (706/906 Sul). Seu trabalho mostra as manifestações da cultura brasileira e os tipos tradicionais brasileiros, um contraste da cultura de raiz com a vida urbana. Ao longo de sua vida, a artista descobriu sons, cores, cheiros, movimentos, imergiu em lendas, conheceu histórias, pessoas e lugares que povoaram sua alma de percepções sobre a identidade cultural nacional. De segunda a sexta-feira, das 9 às 21h, e sábados, das 9 às 12h. Entrada franca.
nabasedoimproviso
deumerda
Divulgação
Ela produz os vídeos de internet mais vistos do Brasil, com uma média superior a quatro milhões de acessos por mês, ou 200 mil acessos por dia. Isso quer dizer que a cada segundo duas pessoas começam a assistir a algum vídeo da Cia. Barbixas de Humor, que dias 25, 26 e 27 de março traz a Brasília Improvável, um espetáculo provavelmente bom. Trata-se de um projeto de humor baseado em improvisações, no qual a plateia tem fundamental importância para a criação das cenas. Um mestre de cerimônias aquece a todos com uma pequena introdução, antes do espetáculo, interagindo com o público e explicando como ele pode influenciar nas cenas. Criado em 2008, com apresentações mensais, Improvável acontece toda a semana em São Paulo e viaja pelo Brasil nos finais de semana. Integrada por Anderson Bizzocchi, Daniel Nascimento e Elidio Sanna, a Cia. Barbixas de Humor foi formada em 2004 e começou fazendo espetáculos beneficentes num teatro da zona norte de São Paulo. No Teatro Unip (913 Sul), com ingressos a R$ 60 e R$ 30.
devoltaosestonianos Divulgação
Esse é o debochado título do mais novo espetáculo teatral da Companhia da Ilusão, em cartaz até 3 de abril no Teatro de Bolso (510 Sul). Conta a história de um diretor que busca patrocínio para uma adaptação para teatro do conto Jezabel, de Oscar Wilde. Ele resolve fazer um ensaio aberto da montagem para possíveis patrocinadores e os atores, sem terem decorado o texto, vão aos poucos desnudando suas dificuldades diante do público. Na metalinguagem utilizada pela Companhia da Ilusão, a peça dentro da peça conta a história de Acabe, o oitavo rei de Israel, que se casou com uma mulher pagã com grande poder de convencimento, a ponto de ter feito o marido implantar a adoração a deuses estranhos em Israel, afrontando e irritando o verdadeiro Deus. Além disso, Jezabel sustentou com dinheiro público 450 profetas de Baal e 400 profetas de Asera. Por conta dessa rainha, o nome Jezabel encontra-se associado na cultura popular a uma mulher sedutora, sem escrúpulos. No elenco de Deu merda estão Alberto Bruno, BriceFiliatre, Érica do Vale, Jorge Marinho, Letícia Reis e Mari Lotti. De sexta-feira a domingo, às 20h, com ingressos a R$ 50 e R$ 25, à venda na sede da companhia e no Brasília Shopping. Informações: 3242.3544.
O jornalista Pedro, casado com a psiquiatra Marília, é amigo do economista Fred, que se corresponde pela internet com uma estoniana. Fred se encanta com a Estônia e acredita que nesse país as pessoas são mais felizes. Esse é o mote de Os estonianos, comédia dramática que estreou no ano passado no CCBB e volta em cartaz, agora no Teatro Brasília Shopping. Com direção de Fernanda Rocha e Larissa Mauro, e texto de Julia Spadaccini, o espetáculo retrata a solidão contemporânea dos jovens na faixa dos trinta anos. Com pequenas doses de humor, apresentadas por meio da identificação dos conflitos contemporâneos, Os estonianos relata o drama diário de cinco personagens que têm suas vidas entrelaçadas ao acaso e que lutam contra a solidão, cada um à sua maneira. No elenco estão Daniela Vasconcelos, Guilherme Angelim, Juliano Coacci, Luciana Lobato e Nathalie Amaral. De 2 de abril a 1º de maio, sempre aos sábados, às 20h, e domingos, às 19h. Ingressos a R$ 20, à venda na bilheteria do teatro duas horas antes da peça. Informações: 2109.2122.
galileuvemaí
Divulgação
Divulgação
O físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano Galileu Galilei (1564/1642) ousou enfrentar a Igreja em plena Inquisição ao afirmar que, ao contrário do que se pensava até então, a Terra não era o centro do universo, mas sim o Sol. E mais: que ela se movia e girava em torno dele. A história do cientista foi escrita pelo dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898/1956) e será encenada em Brasília, entre 29 de abril e 1º de maio, no Teatro Unip (913 Sul). A atriz Denise Fraga, que por dois anos e meio esteve no palco com A alma boa de Setsuan, outro texto de Brecht, é quem dará vida a Galileu Galilei. Sob direção de Cibele Forjaz, a peça narra a vida do cientista perseguido, processado duas vezes e ameaçado de tortura, sendo obrigado a negar suas ideias publicamente. Somente em 1992, mais de três séculos após sua morte, a Igreja reconheceu que o Sol é o centro do Universo. Em Galileu Galilei, Brecht coloca em xeque o herói, seu significado social, a discutível necessidade de sua existência numa sociedade que compromete sua liberdade em seus inevitáveis jogos de poder. Sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Ingressos a R$ 70 e R$ 35.
17
elasnadireção
Divulgação
O filme Que horas ela volta? (foto), de Anna Muylaert, é um dos integrantes da mostra Edital Carmen Santos – Cinema de Mulheres e Filmes Convidados, que será apresentada no CCBB entre 23 de março e 4 de abril. Realizada pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura e Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, a mostra pretende dar visibilidade e oportunidade para mulheres cineastas. De acordo com relatório da Agência Nacional do Cinema (Ancine), apenas 14,8% dos filmes lançados em 2015 foram dirigidos por mulheres (19 títulos). Na programação estão curtas, médias e longas-metragens, entre eles Olmo e a gaivota e Elena, de Petra Costa, Amor, plástico e barulho, de Renata Pinheiro, Califórnia, de Marina Person, e De gravata e unha vermelha, de Miriam Chnaiderman. Sessões às 17, 19 e 21h (segundas, quartas, quintas e sextas) e às 16, 18 e 20h (sábados e domingos). Programação completa em http://culturabancodobrasil.com.br/portal/distrito-federal/
sótrêsminutos
18
Esse é o tempo máximo de duração dos filmes de curtíssima metragem que podem ser inscritos até 25 de abril na nona edição do Festival Internacional de Filmes Curtíssimos. O prêmio máximo é um incentivo de R$ 7.500 em locação de equipamentos e finalização em sistema digital. Com exibição entre 3 e 12 de junho, no Cine Brasília, o festival seleciona filmes nas categorias Animação, Originalidade, Brasília e Mostra Competitiva Nacional. As produções podem ter sido finalizados em qualquer formato e em qualquer ano, desde que não tenham participado de nenhuma edição anterior do festival. Em 2015, o filme Seios meus (foto), de David Murad, foi scolhido o melhor curta de Brasília, melhor curta brasileiro e melhor curta pelo júri popular. Nascido na França em 1998 como canal de exibição, divulgação e formação de público para filmes curtíssimos, o festival atualmente é exibido em mais de 100 cidades pelo mundo. Inscrições em http://filmescurtissimos.com.br/inscricoes.
poesianaveia “Tem muito carro e muito pouco chão, tem muita gente e muito pouco pão, tem muito papo e muito pouca ação, muito parente e muito pouco irmão, e então?” Os versos abrem o poema Muito muito pouco, de Arnaldo Antunes, um dos autores escolhidos para a série de 20 leituras poéticas, com interpretação corporal por meio da dança, para participar do projeto Movimento da palavra, que acontece entre 29 de março e 8 de abril em dez bibliotecas públicas do Distrito Federal, com textos, também, de Nicolas Behr e Clarice Lispector. Concebido pela performer brasiliense Thaís Kuri com a colaboração de Juliana Vitória, o Movimento da palavra se propõe a criar uma tradução de poemas para a linguagem corporal. De acordo com Thaís, “na poesia, emoções e sensações são evocadas pelo autor e ganham livres interpretações dos leitores. } Neste sentido, em nossos encontros iremos explorar essas ideias através de movimentos do corpo, de forma a estimular a curiosidade de quem assiste e fazê-lo passear através das nuances, sonoridades e ritmos de um texto literário”. As leituras são abertas à comunidade e têm entrada franca. Informações: 9272.9411.
Divulgação
Divulgação
filmelivrevemaí Considerado o maior festival de produções independentes do Brasil, com 175 títulos, a Mostra do Filme Livre ocupará o cinema do CCBB entre 13 de abril e 2 de maio. Brasília estará representada pelo longa-metragem de terror trash A capital dos mortos II, de Tiago Belotti. Os 1.342 filmes inscritos foram produzidos em todos os cantos do país e muitos deles terão a MFL como sua única exibidora. Em sua 15ª edição, a mostra ainda é realizada em mais três capitais – Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte – e também no circuito de Cineclubes Livres, que em 2015 chegou a 60 cidades. Os destaques são as obras dos cineastas Cristiano Burlan, Pedro Dantas e Louise Botkay. Os filmes da MFL são distribuídos em sessões diversas: Longas Livres (os mais significativos na opinião da curadoria), Panoramas Livres (os curtas e médias que mais instigaram a curadoria, de onde sai a maioria dos premiados de cada edição), Mundo Livre (com filmes feitos por brasileiros no exterior), Pílulas (com filmes de até três minutos) e Outro Olhar (filmes em que a curadoria identificou uma qualidade de invenção e esforço no sentido de experimentar a linguagem audiovisual). Entrada franca. Programação completa em http://mostradofilmelivre.com/16.
Divulgação
DIA&NOITE
Divulgação
lucyinthesky É da dupla craque em musicais Charles Möeller e Claudio Botelho o espetáculo Beatles num céu de diamantes, que volta a Brasília nos dias 2 e 3 de abril com os clássicos e os “lado b” da banda inglesa ecoando no Teatro da Unip (913 Sul). Fenômeno teatral que estreou com poucos recursos numa sala pequena, logo se transformou em sucesso, visto por mais de 700 mil espectadores em temporadas no Rio, São Paulo e em turnê pelo Brasil, além de bem sucedida semana em Lyon, na França. O lado revolucionário da banda é destacado por Möeller. “Do iê- iê- iê ao lisérgico, passando por acordes indianos e tantas rupturas estéticas, nada cheira a naftalina”, afirma. Continua dizendo que os Beatles jamais criaram nada específico para o teatro, mas há algo em seu universo que sempre interessou à dupla de diretores: “Morra jovem e seja eterno”. E finaliza: “Por mais que a gente ouça suas músicas, percebe-se que eles continuam ali, mais vivos e mais pulsantes do que nunca; uma juventude que não passa”. Sábado, às 21h30, e domingo, às 20h, com ingressos a R$ 40 e R$ 25, à venda na Central de Ingressos do Brasília Shopping.
Divulgação
francofonia
essênciaflamenca
Divulgação
Dois jovens prodígios do jazz encerram, dia 23 de março, a Semana da Francofonia 2016: os belgas Nicolas Kummert, saxofonista (foto), e Igor Géhénot, pianista. O primeiro estudou no Conservatório de Bruxelas com os professores Jeroen Van Herzeele e John Ruocco. Também foi aluno de Fabrizio Cassol. Kummert já ganhou vários prêmios internacionais, como o Django de Ouro de melhor jovem talento em 2003. Já Igor Géhénot é a estrela em ascensão do jazz belga. O jovem pianista foi formado no Conservatório de Bruxelas com Eric Legnini. Aos 17 anos, ele fundou o Metropolitan Quarteto com o baterista Pierre Antoine e desde então vem se apresentando dentro e fora do país. Foi eleito o “Artista de Jazz” de 2014 na Bélgica. O show será no CCBB, às 21h, com entrada franca. Em sua 19ª edição, a Semana da Francofonia tem como tema solidariedade e jogos olímpicos e paraolímpicos, tendo em vista que o francês, falado por mais de 570 mil brasileiros, é uma das línguas oficiais do Comitê Olímpico Internacional (COI) e estará presente em todas as comunicações oficiais do Rio 2016, ao lado do português, do inglês e do espanhol.
Divulgação
oficinadosmenestréis Em 1981, o cantor e compositor Oswaldo Montenegro criou alguns exercícios baseados no método do reflexo e atenção para o treinamento de seus elencos. A proposta era atingir maior agilidade e maior noção de conjunto e atenção redobrada dos atores por ele dirigidos. Desde 1993, Deto Montenegro (foto), irmão e ator de suas peças, dirige, em parceria com o ator Marco André Brandão de Magalhães (Candé), a Oficina dos Menestréis, empresa de teatro musical com repertório de mais de 20 peças. Para comemorar seus 21 anos aqui em Brasília, Claudia Charmillot, que produziu a oficina durante seis anos, uniu-se aos ex-alunos Abaetê Queiroz, Juliana Drummond, Rafael Barroso, Renata Jambeiro e Vânia Cabral para realizar esse encontro com Deto Montenegro e comemorar aniversário com um Aulão da Saudade e uma aula aberta a interessados em conhecer o método. Dia 16 de abril, no Teatro Dulcina, das 15h às 17h30. Limite mínimo de idade: 14 anos. Inscrições a R$ 50 em oficinabsb21@gmail.com
Ángel Rojas, o consagrado bailarino e coreógrafo espanhol, comanda oficina para demonstrar a essência da dança espanhola pela primeira vez no Brasil. As castanholas, palmas ritmadas e guitarras, assim como o sapateado, compõem o flamenco, dança que impressiona e seduz, pela força e paixão demonstradas por seus dançarinos. Essa arte vai além de uma sucessão de passos que o bailarino mostrará pela primeira vez no Brasil. “No encontro, farei uso da dança como forma de expressar a personalidade de cada um. Será uma vivência na qual apresentarei uma mescla da paixão e da dança, tão presentes no flamenco”, disse Rojas. Intitulada A arte nasce do amor, a oficina é voltada não só para os praticantes da dança, como também para quem se interessa pelo flamenco ou pela cultura espanhola. Para Rojas, o importante é extrair de cada indivíduo essa manifestação autêntica e individual que nasce do amor unido à arte. O encontro será no Instituto Cervantes (707/907 Sul), dia 21 de março, das 18h30 às 21h30. As inscrições custam R$ 60 e devem ser feitas na secretaria do Instituto Cervantes. As vagas são limitadas. Informações: 3242.0603.
19
NOSSAHOMENAGEM
Para sempre em nossos corações Brasília perde a autora de seu hino, mas, acima de tudo, a mestre carinhosa de várias gerações
POR MARIA TERESA FERNANDES FOTO RODRIGO OLIVEIRA
O 20
dia é 20 de abril de 2007. O palco é o aconchegante teatro da Casa Thomas Jefferson, na 706 Sul. O auditório lotado vê entrar, num longo azul e com sua elegância habitual, a pianista e professora Neusa França, no alto de seus bem vividos 86 anos. Sentase ao piano e, sorrindo, começa a interpretar os primeiros acordes de Au soir, de Schumann. Assim começou o recital inesquecível
em que a mestra de piano e canto de tantas gerações emocionou sua plateia. Sem nenhuma partitura, ela interpretou de cor peças dificílimas como La vida breve, do espanhol De Falla, o Estudo revolucionário, de Chopin, a delicada Clair de lune, de Debussy, a canção de ninar comovente Berceuse, de Custódio Góes, além das alegres Fon-fon, de Ernesto Nazareth, e A maré encheu, de Villa-Lobos. Não faltou, na programação, composição própria, como uma de suas belas valsas, intitulada Esperança. Aquele não era um recital comum.
Afinal, desde que chegou a Brasília, antes de sua inauguração, Neusa França deixou para trás a carreira de concertista, tão apoiada por sua inesquecível mestra Magda Tagliaferro, para se dedicar exclusivamente ao ensino de sua paixão: a música e, principalmente, o piano. Para vêla tocar sozinha ou a quatro mãos com algum aluno, era preciso que estivéssemos em algum de seus inúmeros recitais Vamos ouvir música?, que organizava com carinho e muita dedicação uma ou duas vezes ao ano para apresentar, com orgulho, seus alunos de piano. A carioca de Campos, nascida a 7 de dezembro de 1920, chegou a Brasília com o marido, o procurador Oswaldo França de Almeida. Morava no Rio de Janeiro e já tinha sido aprovada em concurso que trouxe para cá um grupo de 60 professores procedentes de vários Estados para lecionar canto no Caseb, primeiro colégio da cidade. Na bagagem da pioneira já estava a partitura do Hino de Brasília, interpretado pela primeira vez na inauguração da escola, em 16 de maio de 1960, na presença do então presidente Juscelino Kubitscheck. Somente no governo posterior, de Jânio Quadros, é que o hino foi oficializado. Apaixonada por Brasília, Neusa França era também apaixonada por seus alunos. Seu apartamento da 305 Sul vivia sempre cheio deles, que se revezavam ao piano sob o olhar orgulhoso da mestra. Foi lá também que aconteceram alguns encontros do Clube do Choro, antes que ele se materializasse na sede atual. Como não poderia deixar de ser, o adeus à mestra, que partiu no dia 8 de março, aos 95 anos, foi em torno do piano, executado pela pianista Soledad Arnaud na capela do Campo da Esperança. E lá se foi a professora querida, espírita praticante, se encontrar com seu amor Oswaldo, com a mestra Tagliaferro, com Jacob do Bandolim, com Nazareth, com Chopin... Estão todos, agora, participando do seu Vamos ouvir música?
GALERIADEARTE
Cômico, trágico e selvagem
J
á são 19 horas e tem gente ansiosa na fila para ver O mundo de Tim Burton, em cartaz até 15 de maio no Museu da Imagem e Som (MIS), em São Paulo. Enquanto uns esperam na fila para entrar na exposição, outros estão na porta, onde se encontra uma espécie de palhaço aterrorizante com dentes à mostra e cabelos espichados. É uma das poucas lembranças fotográficas que podem levar para casa e postar nas redes sociais, já que lá dentro não são permitidas fotos. Cerca de 42 mil pessoas visitaram a exposição até o final de fevereiro, e a expectativa do diretor do museu, André Sturm, é chegar aos 120 mil. Em tons de vermelho, preto e branco, a mostra é um passeio pela cabeça de Tim Burton, e é comum ouvir algumas pessoas dizendo: “Esse cara é louco!” A verdade é que Burton faz mesmo uma mistura de cômico, trágico e selvagem. Suas ilustrações, de várias épocas de sua vida, a partir da década de 1980, trazem olhos saindo da órbita, pessoas sendo esmagadas, meninos com olhos de agulha e um escabroso desenho de “duas felizes uma com a outra”, em que uma come o braço e a outra a perna, muitos deles feitos com lápis, caneta esferográfica, pena e tinta.
Outra série de desenhos que chama a atenção é uma feita em guardanapos. Dessa série, algumas lembram bastante Ralph Steadman, que fez as ilustrações do livro Medo e delírio em Las Vegas, de Hunther Thompson, protagonizado por Johnny Depp, um dos artistas preferidos de Tim Burton. Mas não pense que há também revelações sobre os filmes, ou imagens de Depp. Há sim, os estudos que Tim Burton fez para montar seus personagens: desenhos, ideias, escritos e muitos bonecos. Numa sala, é possível encontrar vários trabalhos não lançados pelo artista (um deles, o jardineiro que trocou as mãos por ferramentas, foi o primeiro passo para criar o personagem Edward Mãos de Tesoura, interpretado por Depp). Antes de chegar ao Brasil, O mundo de Tim Burton passou pelo Museu de Arte de Nova York (MoMa), onde estreou em 2009, além de Melbourne, Toronto, Los Angeles, Paris e Seul. “No início de 2014 recebi um e-mail da curadora da exposição, Jenny He, informando que ela e o Tim Burton gostariam que a exposição acontecesse no MIS. Fiquei muito feliz e logo depois fechamos a negociação. Durante o processo de montagem, Tim Burton se envolveu em todos os detalhes. Posso dizer que trabalhamos juntos por
seis meses nesse projeto. Chegando aqui, sua presença não poderia ser mais agradável. Ele foi muito amável com toda a equipe e com os fãs. Tim amou a exposição, disse que foi a mais criativa e que traduziu melhor o que é estar dentro de sua cabeça. Gostou tanto que a última peça é um desenho feito por ele, no dia 10 de fevereiro, quando viu pela primeira vez a exposição montada”, relata André Sturm. Desde que Sturm assumiu o cargo, em 2011, o museu mudou um pouco sua linha curatorial, trazendo exposições em que o sucesso de público é garantido, como as de François Truffaut, Castelo Rá-Tim-Bum e David Bowie. Assim foi possível vencer o primeiro desafio: levar as pessoas para o museu. Mas sem deixar de lado artistas menos conhecidos, como é o caso da exposição em cartaz junto com a de Tim Burton, Prazeres proibidos, de Fernanda Pessoa, em que ela trata da censura sofrida pela pornochanchada durante a ditadura militar no Brasil. Até agora está dando certo. Muito certo. O mundo de Tim Burton
Até 15/5 no Museu da Imagem e do Som (Avenida Europa, 158, São Paulo. De 3ª a 6ª feira, das 10 às 20h; sábados, das 9 às 21h: domingos e feriados, das 11 às 19h. Ingressos: R$ 12 e R$ 6 (grátis nas terças-feiras). Classificação etária: livre. Mais informações: (11) 2117-4777 e www.mis-sp.org.br.
Fotos: Letícia Godoy-MIS
POR ALESSANDRA BRAZ
21
Divulgação
GRAVES&AGUDOS
Fogaréu metálico POR HEITOR MENEZES
E
22
m 2009 passaram por Brasília os Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Era o Black Sabbath disfarçado de Heaven & Hell. O falecido Ronnie James Dio (grande substituto de Ozzy Osborne), Tony Iommi, Geezer Butler e o batera Vinny Appice tacaram o cacete com um heavy metal demolidor. A Defesa Civil não foi verificar os abalos no Ginásio Nilson Nelson porque não quis. Mas vejam. A cidade-sede da política brasileira, com tanta malvadeza, iniquidade e personagens lombrosianos, nem se abalou. Chamou o Iron Maiden. Pela primeira vez na cidade, em 20 de março de 2009, a Donzela de Ferro baixou no terreiro, digo, no antigo Estádio Mané Garrincha, trazendo a Somewhere back in time world tour. Em que pese 19.666 pessoas esgoelarem The number of the beast, em um claro recado a vocês sabem quem, tu-
do foi considerado diversão de malucos. Deixa estar que em 30 de março de 2011 o Iron voltou à cidade trazendo a The final frontier world tour, no estacionamento do Nilson Nelson. Novamente, milhares de vozes vociferaram cobras, lagartos e praticamente todo o Livro das Revelações, ao som do glorioso heavy, e novamente os políticos e espertos só queriam saber do vil metal. Corta para 2016. A bordo do Ed Force One, um Boing 757 customizado, pilotado pelo vocalista Bruce Dickinson, a Donzela de Ferro passa mais uma vez por Brasília, no combalido Nilson Nelson, na terça-feira, 22 de março. É a The book of souls world tour, criada para promover o álbum duplo The book of souls, lançado ano passado, mais uma coleção de pauladas cascudas, heavy metal porrada, pra ninguém botar defeito. Claro que um disco novo do Iron é só pretexto para movimentar o grande circo
metálico que hoje une gerações de entusiastas. Se você for roqueiro velho, vale a pena levar filhos, netos e bisnetos, pois o espetáculo é formidável. Além da música eletrizante, que equivale a enfiar o dedo na tomada, o visual é acachapante, os músicos estão ali realmente curtindo, suando a camisa, fazendo valer a pena cada real gasto na esbórnia. Quando entra a mascote Eddie, o querido monstro gigante, pode soltar as feras, quer dizer, urrar à vontade, dedos em chifre, porque isso é rock’n’roll, isso é Iron Maiden, meu amigo. Que essas vibrações cheguem à Esplanada dos Ministérios, à Praça dos Três Poderes, e sacudam as entranhas do poder. E se não bastasse, quem abre os shows do Maiden são os americanos do Anthrax, lenda do thrash metal. A rodada tripla se completa com a banda The Raven Age, do guitarra George Harris, filho do baixista e grande mentor do Iron, Steve Harris.
Marcius Fabiani
Fôlego inesgotável A esta altura do campeonato, precisamos de um disco novo do Iron Maiden, ainda mais duplo? Como, depois de clássicos como The number of the beast, Run to the hills, Can I play with Madness, 2 minutes to midnight, Aces high, The trooper e tantos outros petardos, os caras ainda têm fôlego para adicionar mais combustível ao fogaréu metálico? A resposta é sim para tudo. O Iron Maiden, em 2016, aos 40 anos de estrada, não dá o menor sinal de desgaste ou acomodação. The book of souls, com seus 92 minutos de duração, equivale a um jogaço de futebol no qual não se desgruda os olhos e ouvidos. O jogo só termina quando acaba, não é assim que dizem? Pouco importa que as músicas durem uma eternidade. Speed of light e Death or glory, as mais curtas, são candidatas a clássicos do Maiden e estão na turnê. The red and the black, idem, é uma longa suíte e com seu “woo-woo-woowoo” cai na medida para a galera se divertir nos shows. Provável setlist 1. If eternity should fail 2. Speed of Light 3 Children of the damned 4 Tears of a clown 5 The red and the black 6 The trooper 7 Powerslave 8 Death or glory 9 The book of souls 10 Hallowed be thy name 11 Fear of the dark 12 Iron Maiden 13 The number of the beast 14 Blood brothers 15 Wasted years
Iron Maiden – The book of souls world tour
22/3, a partir das 19h, no Ginásio Nilson Nelson. Classificação etária: 16 anos. Ingressos (meia): R$ 230 (pista premium), R$ 160 (pista) e R$ 100 (arquibancada).
Uma obra de conjunto POR PEDRO BRANDT
A
carreira do cantor brasiliense Kelton começou meio por acaso. “Para mim foi muito estranho isso de me ver como frontman, acabou acontecendo por pura necessidade, num momento em que estava sem banda e sem parceiros vocalistas que pudessem gravar minhas canções”, lembra o músico. Guitarrista talentoso e dono de uma voz macia – que lembra os momentos mais tranquilos de um Jeff Buckley ou de um Thom Yorke – Kelton Gomes, 32, foi construindo sua discografia aos poucos, mas com regular constância. A estreia, o EP Manhã, veio em 2013. Dele saiu a música Sem concerto, que acabou virando o primeiro videoclipe do cantor, premiado no festival Curta Brasília em 2014, mesmo ano do lançamento do EP Todo amor do mundo. No final de 2015 foi a vez do álbum Distraído concentrado. “É o primeiro disco que eu consigo enxergar como uma obra de conjunto, feita para ser ouvida do começo ao fim, como se fazia tempos atrás”, comenta o “cantautor”. Gravado basicamente em casa e produzido por Kelton em parceria com o guitarrista Janary Gentil, Distraído concentrado apresenta nove novas canções. É um disco de indie rock tranquilo, de baladas, que remete a nomes como Coldplay e Belle and Sebastian. Kelton indica outras referências. “Se eu tivesse de resumir cinco artistas/bandas fundamentais para minha formação, acho que seriam Legião Urbana, Pink Floyd, Chico Buarque, Radiohead e Sérgio Sampaio”, aponta o músico. “Todos eles me servem de norte quando penso no meu processo de composição, a poesia urbana nas letras,
como construir narrativas interessantes nas canções e até o uso de timbres e equipamentos como forma de trazer uma certa sofisticação para algo que pode parecer, à primeira vista, muito simples”. As inspirações para as letras vêm das vivências, do dia a dia. “Acho que me interesso mais por aquilo que não entendo no amor e na tristeza, não me vejo como um cara que simplesmente idealiza esses sentimentos e os enaltece em canções”, reflete o cantor. “Acho que o meu foco é mais naquilo que escapa da regra, as situações que nos tiram do centro, desafiam os nossos preconceitos, seja sobre o amor, sobre a raiva, sobre os nossos projetos de vida etc”. São possíveis vários caminhos para abraçar o disco: Nessa vida conta com a voz de Salma Jô, vocalista da banda goiana Carne Doce, numa entonação fadista; a balada reflexiva Adiós n. 23 redobra a delicadeza para falar do fim de um relacionamento; enquanto na faixa-título convivem, num clima de tranquilidade, vários convidados (contrabaixo, clarone, clarinete e acordeom). Lágrimas fecha o disco em clima quase floydiano. Ao longo de quase 40 minutos de música, Distraído concentrado é um disco que se revela a cada audição. Kelton sabe disso: “Não é um disco imediato, você tem de dar uma chance para ele clicar na sua cabeça, às vezes demora um tempinho para ficar claro o elo que existe entre as canções”. Independente dessas conexões, o disco guarda belezas fáceis de encontrar. Distraído concentrado
Primeiro álbum do cantor brasiliense Kelton. Nove faixas. Lançamento independente.Para ouvir, baixar e comprar: keltongomes.com.
23
Divulgação
Divulgação
Marcos Hermes
GRAVES&AGUDOS
Ao maestro soberano POR HEITOR MENEZES
D
24
Duas grandes pistas sobre o gênio de Antonio Carlos Jobim (1927-1994), além de tudo o que a gente já sabe, foram dadas no documentário A luz do Tom (2012), dirigido por Nelson Pereira dos Santos. Com grande eloquência, a irmã Helena Jobim lembra que, ao ver o irmão obstinadamente estudando harmonia musical, pensou: “Acho que o que ele queria era harmonizar o mundo”. A outra pista segue adiante. Cada vez que Tom Jobim é lembrado e ouvido, acalmam as feras e reacendem os ensinamentos deixados pelo maestro, compositor e – por que não? – grande poeta da música brasileira. Peguem apenas uma canção como exemplo: Se todos fossem iguais a você, parceria com o gigante Vinicius de Moraes. A melodia é matadora e a letra vale por um evangelho: “Vai tua vida/ Teu caminho é de paz e amor/ A tua vida é uma linda canção de amor/ Abre teus braços e canta/ A última esperança/ A esperança divina/ De amar em paz...”. Quer mais Tom Jobim? Então compareça ao Auditório Máster do Centro de Convenções Ulysses Guimarães neste sábado, 19 de março. Ninguém menos que João Bosco, Toquinho e Joyce estarão reunidos em dois shows – um às 18h30, outro às 21h – para prestar reve-
rência ao inesquecível maestro que nos deixou para fumar um charuto no céu, em 8 de dezembro de 1994. Os caminhos desses três notáveis da música popular brasileira passam pela obra do Grande Tom. João Bosco, antes do primeiro disco homônimo, de 1973, apareceu em um raro disquinho compacto lançado pelo jornal O Pasquim. De um lado, Agnus sei, parceria com Aldir Blanc. No outro, ninguém menos que Tom Jobim, apresentando sua Águas de março. Aparentemente, Bosco só viria a gravar Tom Jobim no disco Dá licença, meu senhor (1995), quando lançou – em homenagem ao maestro falecido no ano anterior – sua versão de Desafinado (Tom/ Newton Mendonça). No DVD JB – 40 anos depois (2012) aparecem suas personalíssimas versões de Fotografia e Lígia (Tom/Chico Buarque). A bem da verdade, passar horas e horas ouvindo João Bosco é tudo de bom. Maravilhoso no trato do violão, Antonio Pecci Filho, o Toquinho, é suspeito quando se trata de Tom Jobim. Além da identificação natural com a obra do mestre maestro, Toquinho teve uma longa associação com Vinícius de Moraes, sendo outra conexão imediata o LP Tom. Vinicius. Toquinho. Miúcha, registro da lendária temporada de shows do quarteto no extinto Canecão, no Rio de Janeiro. Disco obrigatório de Toquinho associado a
Tom é o LP O poeta e o violão, gravado na Itália, em 1975, que traz belas versões de Garota de Ipanema, Chega de saudade e Insensatez, parcerias de Tom e Vinicius. A carioca Joyce, atualmente Joyce Moreno, desnecessário dizer, tem nome cativo na constelação de estrelas da MPB. Só que ela vai além. Seu nome também é sinônimo de bela música made in Brazil, brazilian jazz ou smooth jazz. Seu disco Gafieira moderna (2002) é um verdadeiro biscoito fino que ingleses e japoneses idolatram. Do mestre Tom guardou para sempre a frase: “Joyce é grande compositora e toca todo aquele violão! Eta mulherzinha danada!”. De se estranhar apenas a ausência de um piano nessa homenagem. Quanto à outra pista de Helena Jobim, no final do documentário de Nelson Pereira dos Santos ela lembra de uma prima que visitava a família e via o jovem Tom sentado na escada, mirando ao longe: “Eu só queria ver as coisas lindas que o Tom vê”. Uma homenagem a Tom Jobim
Shows com João Bosco, Joyce e Toquinho. 19/3, às 18h30 e às 21h, no Auditório Máster do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Ingressos (meia): R$ 50 (poltrona gold), R$ 40 (poltrona especial), R$ 35 (superior) e R$ 25 (superior popular). À venda na Central de Ingressos do Brasília Shopping, FNAC do Parkshopping, tel. 4003.1212 e www.ingressorapido.com.br (sujeito a taxa de conveniência). Classificação indicativa: 12 anos. Mais informações: 3364.0000
Década eterna
Paula Toller e Frejat fazem shows em Brasília com hits e músicas de seus discos mais recentes POR PEDRO BRANDT
O
Fotos: Divulgação
março brasiliense está sendo um mês “oitentista”, com a presença na cidade de vários artistas surgidos nos anos 1980. Recentemente, passaram por Brasília, dividindo o palco, Titãs e Paralamas do Sucesso – em noite que, coincidentemente, recebeu também show do ex-titã Nando Reis. Figuras da linha de frente de suas bandas, igualmente nascidas e laureadas naquela “década eterna” para o pop/ rock tupiniquim, Paula Toller e Frejat têm apresentações marcadas na capital federal no dia 25, sexta-feira, no Net Live. A loira, musa do grupo Kid Abelha, chega com o show Transbordada, título de seu quarto álbum solo, lançado em 2014 e pilotado por Liminha, produtor ícone daquela geração, com quem a cantora divide a autoria de várias das composições do disco. Guitarrista, cantor e compositor do Barão Vermelho, Robereto Frejat traz para a cidade o show da turnê O amor é quente, nome do single virtual lançado por ele em 2013. No repertório, Paula vai mostrar desde sucessos do Kid Abelha até os destaques de sua carreira solo – marcada por discos de arranjos elegantes e climas discretos, reflexivos, nos quais interpreta músicas de autores como Erasmo Carlos, Arnaldo Antunes, Nenung (da banda gaúcha Os The Darma Lóvers) e o argentino Kevin Johansen. Baladas sempre fizeram parte do repertório do Barão, ainda que o rock vigoroso, à Rolling Stones, tenha ajudado a formatar a identidade do grupo que revelou também o vocalista Cazuza (19581990). Mas foi em carreira solo que Frejat mostrou seu lado mais tranquilo e romântico, de veia singer-songwriter, que emplacou as canções Amor pra recomeçar e Segredos. Entre rocks para dançar e ba-
ladas, o músico carioca vai mostrar também versões para Jorge Ben, Tim Maia, Caetano Veloso, entre outros.
Nova reunião de roqueiros Em junho, a quinta edição do projeto Nivea Viva chega a Brasília e traz mais uma vez à cidade Nando Reis, Paralamas do Sucesso e Paula Toller em espetáculo que contará também com a participação da roqueira Pitty. No set list do show, os artistas vão fazer uma revisão do rock brasileiro, com canções próprias e sucessos dos anos 1960 até os dias de hoje.
Paula Toller & Frejat
25/3, às 21h30, no NET Live Brasília (SHTN, Trecho 2). Ingressos (meia, primeiro lote): R$ 100 (pista premium) e R$ 80 (pista). À venda na Central de Ingressos do Brasília Shopping), ingressorapido.com.br ou 4003-1212. Classificação indicativa: 16 anos.
25
BRASILIENSEDECORAÇÃO
Artista de
múltiplos talentos
POR VICENTE SÁ FOTOS LÚCIA LEÃO
C
26
erta vez, nos idos de 1960, Gustavo Pena de Andrade teve um sonho. Nele, seu filho Luís, de pouco mais de dez anos, aparecia já adulto e pintava um quadro. Retratava um fotógrafo que, curiosamente, também era seu filho a clicar uma filmagem dirigida por ele. Essa sensação de um quadro dentro de outro quadro, que, por sua vez, também está dentro de outro quadro, não é tão incomum nos sonhos. No caso do menino Luís, contudo, era mais do que isso: era uma premonição. Para entendermos melhor essa história, devemos conhecer a trajetória de um artista múltiplo que se tornou tão importante para Brasília. Nascido em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1950, Luís Jung-
mann foi uma criança normal e brincalhona como as outras, apenas mais alta do que a média. O pai era um advogado que pintava como hobby e gostava de literatura, o que ajudou na formação dos filhos. Em 1960, a família mudou-se para Brasília e aqui, ainda adolescente, Luís começou a desenhar carros de corrida, esporte não tão popular naquele tempo. Influenciado por uma vizinha da 105 Sul que pintava porcelanas e quadros de natureza morta, Luís comprou uns guaches e pintou seu primeiro quadro, que, para sua surpresa, vendeu de imediato. Depois, passou a pintar janelas barrocas e a vendê-las na feira da Torre de TV, que começava a se tornar um ponto de venda de artesanato e arte. Ao final da adolescência, foi a uma exposição do pintor Paulo Iolovitch e se encantou com o trabalho dele e do gaúcho Carlos Scliar, a quem
tentou imitar – sem sucesso, admite. Por essa época, Luís se tornara um rapaz muito alto e, ao fazer aulas de capoeira no Elefante Branco, foi batizado como Girafa, nome que iria carregar para o resto da vida e que também seria sua assinatura artística. Já na UnB, em 1970, passou a ter conhecimento real de como era e a quantas andava a pintura brasileira, seus movimentos e sua história. Conheceu o trabalho de vários artistas, como Antônio Henrique do Amaral, Artur Barrio e Cildo Meireles. “Na UnB também tive a possibilidade de cursar matérias do Departamento de Arte e me aprofundar em muita coisa. Afinal, são vários passos para se tornar um artista. Não vem pronto nem é fácil”. Paralelo a seus estudos e a sua pintura, Girafa sempre se manteve ativo como desenhista, chargista e diagramador, pro-
fissões que não combinam muito bem com a censura que sempre acompanha as ditaduras. E foi dos trabalhos desenvolvidos em jornais e revistas alternativos, como Cidade Livre e Risco, que nasceu sua primeira exposição de cartuns e charges, quando ainda estudante de arquitetura da UnB. Formado, Girafa trabalhou em alguns escritórios de arquitetura e chegou a montar o seu próprio, mas sua carreira era mais voltada para arquitetura cênica e ele acabou por trabalhar com direção de arte e cenografia. Mas quem conheceu o Café Belas Artes, de Ivan da Presença, nos anos 1980, no Conic, ou a residência de Girafa, onde funciona hoje a galeria Matéria Plástica, encanta-se também com seu trabalho como arquiteto. De temperamento solto e aventureiro, Girafa nunca se prendeu a uma só atividade em toda a vida. Sempre se pautou pela liberdade de poder viajar nos diversos rumos e formas de arte. Assim, fez ilustrações para livros, exposições de objetos transformados em obras de arte, dirigiu curtas metragens, criou cenários para balés e filmes, coordenou cursos de marcenaria, fez manuais para o Ministério da Saúde e, dizem, pintou o sete por aí. Desde sua primeira exposição de desenho na Aliança Francesa, em 1978, passando por várias outras de pintura
em galerias como Itaú, em Brasília, e Félix, em Goiânia, sua poesia visual sempre impregnou, senão compôs seus trabalhos, e de lá para cá mais de uma dezena de outras exposições, sem contar as coletivas, vêm firmando seu nome no cenário artístico da capital da República e em boa parte do Brasil. Entre seus trabalhos destacam-se, na fotografia, a exposição e o livro Anônimos do Rossio, que percorreu várias capitais brasileiras, tendo calorosa acolhida pela crítica e pelo público. No cinema, são reconhecidos seu trabalho de cenografia com André Luís Oliveira, em Louco por cinema, e alguns curtas que dirigiu. No momento está finalizando uma fotonovela com atores brasiliense, com um roteiro inspirado em Luis Buñuel. Dela participam João Paulo Oliveira, Eliana Carneiro, João Antônio, Carmem Moretzsohn, Rachel Mendes e Renato Matos, entre outros. “O Girafa é um artista eclético no melhor sentido. Faz de tudo muito bem e agora se tornou também um aglutinador e realizador. Tem instigado outros artistas a trabalharem com ele e a produzirem mesmo com todas as dificuldade do mercado, e ele mesmo tem produzido outros artistas em exposições e publicações”, diz Zé Nobre, reconhecido artista plástico da cidade.
Atualmente, Girafa trabalha registrando em fotografia o efeito do tempo em algumas de suas obras, que deixou propositadamente expostas ao sol e à chuva, no quintal de casa. O que vai nascer desse experimento ninguém sabe, nem ele. Mas, pelo histórico desse criador de tantas faces, haveremos de ter coisas novas e impactantes. É só uma questão de tempo.
27
DIÁRIODEVIAGEM
Cores e sabores de Belém TEXTO E FOTOS SÚSAN FARIA
B
28
elém do Pará acaba de fazer 400 anos. Tive minhas primeiras impressões sobre a cidade ao assistir Iracema – Uma transa amazônica, filme de Jorge Bodanzky e Orlando Senna produzido há 40 anos, no auge do regime militar, e censurado até 1981. O filme incrivelmente atual mostra as mazelas (prostituição, queimadas e desmatamento), as belezas, a culinária e as tradições da região, como a festa do Círio de Nazaré, que em outubro atrai milhões de peregrinos – fala-se hoje em quatro milhões de fiéis seguindo a grande procissão, uma das maiores do mundo, que sai da Catedral da Sé, em Belém. Sempre quis conhecer essa cidade. Neste “inverno” da capital paraense – com temperatura média de 30 graus – pude sentir as cores e os sabores da cidade das mangueiras e seus arredores. Voltei a Brasília com a sensação de querer ir outras vezes a Belém e ficar horas no famoso mercado Ver-o-Peso, na Estação das Docas, no Portal da Amazônia e no Parque dos Igarapés; e seguir para lugares que
não conheci, próximos: Soure ou Salvaterra, na Ilha do Marajó; Combu, ilha à margem do rio Guamá, a 15 minutos da capital; Algodoal, ilha no Atlântico; e Santarém, três dias de barco, onde fica Alter do Chão, à margem do Rio Tapajós. Fiquei hospedada no Complexo Eco-
Casa das Ervas Medicinais da Amazônia
lógico Parque dos Igarapés, temperatura amena, ar muito puro na quase floresta, e água, muita água, muitos igarapés, olhos d’água e um piscinão de água corrente e cristalina, com 1.700 m2. Lugar de reggae, aos sábados à noite, com os casais dançando lascivamente o ritmo ja-
maicano; e de festas eventuais, como a Kaballah, que reuniu, dia 22 de janeiro, cinco mil pessoas para dançar ao som de Don Diablo, Racionais MC’S, Cone Crew Diretoria e Vintage Culture. Com 13 chalés rústicos, quatro alojamentos, restaurantes, quiosques, centro empresarial e duas grandes piscinas, o complexo, às margens do Rio Ariri, a 20 quilômetros de Belém, na Cidade Satélite, funciona há 30 anos, em área privada de 160.000 m2 onde se pratica arborismo, rappel, tirolesa e trilhas na mata. Fui com amigos a Mosqueiro, a 86 quilômetros de Belém. “Égua”, exclamei, recorrendo à expressão com a qual os paraenses iniciam qualquer frase quando se vêem diante de alguma adversidade. É que não havia nenhuma placa indicando a direção da cidadezinha de praias mansas e limpas à beira do Rio Pará, que de tão grande parece o mar. Em compensação, tive aula sobre o Theatro da Paz, um edifício pomposo, como muitas construções da Belle Époque de Belém, quando a borracha fazia a fortuna de coronéis. Na visita ao prédio – com paredes de veludo e piso de carpete, teto pintado à mão, lustres de cristais, anjos, espelhos franceses – nova surpresa desagradável: ar condicionado desligado. “Égua, que calor!”. A intenção foi edificar nos trópicos um teatro à altura dos teatros europeus, como o Scalla de Milão. Inaugurado em 1878, o Theatro da Paz continua recebendo espetáculos. Difícil é saber a agenda. Não consegui no teatro nem em seu site, que está desatualizado. Visitei também o Complexo Feliz Luzitânia, na região mais antiga de Belém, onde estão o Forte do Presépio, a Praça Dom Frei Caetano Brandão, a Casa das 11 Janelas, a Igreja de Santo Alexandre, o Museu de Arte Sacra e a Catedral Metropolitana. Área bem
Catedral da Sé e Teatro da Paz
Vista do Rio Guarajá a partir do interior da Casa das 11 Janelas (na foto à direita)
29
DIÁRIODEVIAGEM arborizada, fresca e com vista para a Baía do Guajará. Um pouco à frente, o Mangal das Garças, revitalizado, reproduz diferentes macro-regiões da flora paraense, em 40.000 m2. No Bosque Rodrigues Alves Jardim Zoobotânico da Amazônia, inspirado no Bois de Bologne, de Paris, e inaugurado em 1883, no centro de Belém, 10 mil árvores de mais de 300 espécies e 435 animais de quase 60 espécies. Muito bom passear pela Estação das Docas, criada a partir da restauração do antigo porto de Belém, com seus barzinhos, jardins, moda, lazer, gastronomia e vista para a Baía do Guajará. Gostoso sentir o vento e andar pelas calçadas do Portal da Amazônia, sentar em um de seus bancos e saborear um picolé de tucumã ou de tapioca e cupuaçu, e apreciar o Rio Guamá. Belém possui bons restaurantes, como o Roxy, famoso pelo prato Filhote Suzana Vieira (peixe grelhado com arroz biro-biro e farofa de ovo), e o Xícara da Silva, com pizzas tradicionais e especiais e o Escondidinho das Irmãs (carne seca com cebola e purê de macaxeira no forno a lenha). Conheci o ainda o Cozinha de Bistrô, aberto apenas para o almoço, de terça a sábado, e que serve risoto de shitake e filé à Vinícius. Pato no tucupí, maniçoba, tacacá, pirarucu, sorvetes e sobremesas de açaí, cupuaçú, bacurí, pupunha, manga, taperebá, muruci, uxi, castanha do Pará, abacaxi e abacate são tradicionais na capital paraense. A cidade é famosa também por suas ervas, remédios fitoterápicos e chás de descarrego. Muitas variedades estão fresquinhas no Ver-o-Peso ou na Casa das Ervas Medicinais da Amazônia. Com população de quase um milhão e meio de habitantes e Índice de Desenvolvimento Humano em alta (pulou de 0,562 em 1991 para 0,746 em 2010), Belém ainda mantém o velho hábito de fechar o comércio das 12 às 14 horas, para a sesta. “Égua...”. Estação das Docas
Avenida Boulevard Castilho, s/n, Campina (91-3212.5660)
Theatro da Paz
Rua da Paz, s/n, Centro (91-4009.8750) Complexo Ecológico Parque dos Igarapés Travessa WE 12, nº 1.000 (91-3248.7007)
Restaurante Xícara da Silva
Avenida Visconde de Souza Franco, 978, Reduto (91-3230.4323)
Cozinha de Bistrô
Rua Ferreira Catão, 278, Campina (913242.6628).
30
Roxy Bar
Avenida Senador Lemos, 231 (91-3224.4514)
Festa para
os sentidos
TEXTO E FOTOS ANA VILELA
B
elém havia muito me fascinava. As imagens de suas frutas, cores, os sabores experimentados já aqui em Brasília – uma das raras cidades brasileiras fora do Pará em que encontramos tacacá, pato no tucupi, vatapá e até maniçoba, além das frutas como o açaí, cupuaçu, graviola, bacuri, taperebá – me instigavam a, um dia, fazer as malas e rumar para o norte do país. E foi assim que me deparei com o calor, a umidade, o barulho, a vida da cidade de Belém e, principalmente, com o mercado Ver-o-Peso, um local de enlouquecer qualquer olfato, tato, paladar, visão... Cheguei ao mercado pela manhã e fiquei meio aturdida com tanta gente, cheiros e sabores diferentes, ruídos e uma verdadeira aquarela em desfile
constante. Primeiro, pedi uma tapioca, a melhor que comi até hoje, sem dúvida alguma. Depois, namorei um pouco a Baía do Guarajá, a água barrenta, os barcos, e parti para desvendar aquele mundo todo novo para mim. O lugar é mesmo uma babel sinestésica. Tem barracas com refeições, onde mais tarde também comi camarão e tomei uma Tijuca bem gelada, tem artesanato e, sim, muitos, mas muitos produtos in natura. Dá vontade de fotografar tudo, de experimentar, de ir fazendo uma mala enorme para levar de volta para casa. Para quem gosta de cozinhar, como é o meu caso, chega a ser desesperador. Que tristeza deixar tudo aquilo para trás. São farinhas, peixes, camarões secos, frutas e mais frutas, pimentas, tucupi, jambu, folha de maniva sendo preparada para a maniçoba, castanha-do-pará
descascada na hora, licores vários, cachaças, essências coloridas... Mas tem muito mais. Localizado na Cidade Velha, às margens da Baía do Guarajá, o Ver-o-Peso é considerado a maior feira ao ar livre da América Latina. Inaugurado em 1901, faz parte de um complexo arquitetônico e paisagístico que compreende uma área de 35.000 m2 e uma série de construções históricas, entre elas o Mercado de Ferro, o Mercado da Carne, a Praça do Relógio, a Doca, a Feira do Açaí, a Ladeira do Castelo, o Solar da Beira e a Praça do Pescador. Toda a região, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1977, merece ser visitada.
Claro que Belém tem, sim, seus problemas. Infelizmente, o que mais ouvi durante todo o tempo em que caminhei por aquela região foi: “Tome cuidado, ponha a bolsa para frente, aqui é muito perigoso”; “Não ande por aí”; “Guarde essa máquina!”. Creio realmente que haja perigo, mas, por sorte ou por cuidado, nada ocorreu comigo. A cidade também não é limpa, uma pena. Mas tem um encanto, uma vida pulsante. Todo aquele calor, as cores, os aromas, sem contar as pessoas, sempre muito gentis, e a história, a beleza arquitetônica nascida na belle époque, fecham um conjunto sedutor. Comigo veio um pouco da cidade e certa vontade de voltar, mas com uma enorme mala vazia a caminho do Ver-o-Peso.
Um pouco mais de história No Século XVII, onde hoje funciona o Ver-o-Peso, em uma área formada pelo igarapé do Piri os portugueses instalaram um posto de fiscalização e tributos dos gêneros trazidos para a sede das capitanias, Belém do Pará. Esse posto foi denominado Casa de Haver o Peso, que também tinha como atividade o controle do peso dos produtos comercializados. No início do Século XIX, o igarapé Piri foi aterrado e, na sua foz, foi construída a doca do Ver-o-Peso. A Casa de Haver o Peso funcionou até meados de 1839. Em outubro desse mesmo ano, a repartição foi extinta e a casa arrendada e destinada à venda de peixe fresco. Em 1847, com o término do contrato de arrendamento, o local foi demolido e iniciou-se a construção dos mercados de peixe e de carne, este último também conhecido como Mercado Municipal ou Mercado Bolonha. No Ciclo da Borracha, entre o final do Século XIX e o começo do Século XX, a cidade de Belém teve grande importância comercial. Nesse período, importantes edificações foram erguidas, entre as quais o Palácio Lauro Sodré, o Theatro da Paz, o Palácio Antônio Lemos e o Ver-o-Peso, inicialmente conhecido como Mercado de Ferro.
31
Divulgação
LUZCÂMERAAÇÃO
Cinema e/ou filosofia, eis a questão! Consagrado tardiamente como um dos mais relevantes cineastas do mundo, o húngaro Béla Tarr tem pela primeira vez um filme seu lançado comercialmente em Brasília, dia 31. POR SÉRGIO MORICONI
O
32
cavalo de Turim, de 2009, é justamente a última obra de Béla Tarr e, de alguma maneira, sintetiza a essência cinematográfica e metafísica de sua arte. Filosofia, de fato, não pode ser deixada de lado quando se fala do seu cinema e mesmo de sua trajetória de vida. Ele não pensava em ser cineasta. Quem viu o documentário Um filme de cinema, de Walter Carvalho, pode ter uma ideia do pensamento desse filho de uma família de trabalhadores que na juventude recebe uma bolsa do governo húngaro para estudar filosofia, mas acaba se consagrando atrás das câmaras. A descoberta do cinema surgiu depois de algumas incipientes experiências em super-8 (tipo de película e filmadora amadora, muito comum nos anos 70 e 80 do século passado). Aos 59 anos, embora tenha uma filmografia pequena (apenas dez longas), em comparação com vários outros cineastas da mesma geração, Tarr erigiu uma abra de rara, raríssima, densidade, sob qualquer ponto de vista. A escritora e ativista Susan Sontag apadrinha Tarr como “um dos salvadores do cinema moderno” e chega a dizer ser capaz de rever todos os anos O tango
de Satanás, filme com mais de sete horas de duração, baseado numa novela do compatriota húngaro László Krasznahorkai. Sete horas! Não é nada fácil ver Tarr sem a necessária disponibilidade de espírito. O diretor se utiliza sempre de um fio de história tênue, acessório, se considerarmos obras de dramaturgia convencional. O que conta mesmo é o fluxo contínuo das imagens, imagens parcimoniosas que – nos seus termos – permitem experimentar o curso de um tempo “fora do tempo”. Um tempo metafísico, abstrato, deslocado em planos-sequência longuíssimos que só não são chatos porque são sublimes. Tarr busca o intangível. Não à toa, O cavalo de Turim se inicia com uma citação de A gaia ciência, de Friedrich Nietzsche: “Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes, e não haverá nela nada de novo, cada cor e cada prazer e cada pensamento e cada suspiro e tudo, o que de indivisivelmente pequeno e grande em tua vida há de se retornar, e tudo na mesma ordem e seqüência...”. Para Tarr, as coisas não evoluem, elas retornam, reafirmando arquétipos fundamentais dos seres humanos. O cavalo de Turim é um filme que um crítico descre-
veu como “um esgotamento (da natureza, incluindo a humana), um encolhimento (do espaço), um apagamento (da luz)”. Apesar dessa observação um tanto quanto esotérica, o público não deve desanimar, já que poucas vezes se viu (ou vai se ver) tão esfuziante beleza numa tela de cinema. O documentário de Walter Carvalho reproduz o impressionante plano-sequência do homem que conduz em alta velocidade uma carroça puxada por dois cavalos. A câmara circunvolteia a carroça, o homem, os sôfregos esgares da face do indivíduo e dos animais, o vento, o frenesi da corrida, todo o conjunto dos detalhes nos induz, plasticamente, a compreender algo que só pode ser entendido pelos sentidos. Tempo e espaço estão diluídos na isolada província húngara onde a ação do filme se passa. A época é indeterminada, muito embora possamos deduzir algo como o final do Século XIX, impressão reforçada por uma narração que alude à história do silêncio de Nietzsche e ao choque que teve ao testemunhar os maus tratos infligidos a um cavalo numa rua de Turim. Existe algo de fantástico no cinema de Béla Tarr. As ações estendidas e suspendidas no tempo, por exemplo, causando-nos todo tipo de inquietude. A re-
O cavalo de Turim
Hungria, 2011, drama, 2h26m. Direção: Béla Tarr. Roteiro: Béla Tarr, László Krasznahorkai. Com Erika Bók, János Derzsi, Mihály Kormos, Mihály Ráday e Volker Spengler. Estreia dia 31/3 no Cine Brasília.
Divulgação
corrência das cenas é um recurso fundamental em O cavalo de Turim. Elas vão e voltam, aludindo à rotina de uma época específica e, ao mesmo tempo, de todas as épocas. É mais ou menos como nas tragédias gregas em que os deuses não vivem num tempo específico. No cinema de Tarr as personagens estão (vivem) também num remoto aqui e acolá. A recorrente música de Mihaly contribui para essa impressão de uma imprecisa rotina além do tempo, exemplificada nas insistentes cenas de refeições sempre com as mesmas batatas cozidas com sal. Também as frequentes idas da jovem ao poço situado poucos metros à frente de sua casa. Foi o próprio Béla Tarr quem anunciou O cavalo de Turim como seu último filme. O filme pode ser considerado o ponto final (será?) de uma estética que ele passou a desenvolver em Danação (1988) e no já citado O tango de Satanás (1994). Do ponto de vista do conceito, a obra de Tarr parece nos conduzir para um tipo laico de “estoicismo bíblico”. O mundo descrito por Tarr é penoso e miserável como nas páginas do Julgamento Final e do Apocalipse narradas pelo apóstolo Pedro (ou Simeão). Vejam: “No final dos 1.000 anos, Satanás será solto, derrotado, e então lançado no lago de fogo. Então, depois de um julgamento final por Deus, o fim do mundo ocorre”. Há várias passagens na Bíblia sobre esse evento. Todas elas aludem a um fim cataclísmico, quando as estrelas, planetas e galáxias serão consumidos “por algum tipo de explosão tremenda, possivelmente uma reação nuclear ou atômica que vai consumir e destruir toda a matéria como a conhecemos. Todos os elementos que compõem o universo serão derretidos no calor ardente. Então Deus irá criar um novo céu e uma nova terra”. O cinema niilista (e pessimista) de Tarr se detém sobre esse momento pré-apocalíptico. O gênero humano caminha em direção ao nada. Mas os seus filmes nos conduzem a uma quietude transcendente muito próxima à música do estoniano Arvo Pärt. E se o fim nos fará ver essas imagens e sons, devemos, resignadamente, nos consolar e agradecer.
Dólares de areia
Cinema emergente POR JOSÉ MAURÍCIO FILHO
S
erão apenas quatro dias. Sete sessões no Cine Brasília e quatro no Instituto Cervantes. Um filme em cada sessão e sem direito a repetição. É desta forma que Brasília vai conhecer o que de mais recente se produziu em termos de cinema na República Dominicana. E nós estamos falando de recente mesmo: de 2014 para cá. A mostra Novo cinema dominicano é uma raridade e marca a estreia, em solo brasileiro, dos novos títulos de uma indústria que tem se provado vigorosa. A mostra acontece de 31 de março a 3 de abril, no Cine Brasília, e no dia 2 de abril também no Instituto Cervantes. Com um detalhe: entrada franca. O leitor pode ficar meio surpreso: “Cinema dominicano?” Pois saiba que a produção cinematográfica dessa ilha caribenha, que integra o Arquipélago das Antilhas, é responsável por 35% das receitas da indústria local. Mais números: com apenas quatro anos de existência, a lei de fomento à produção de cinema dominicano resultou em 20 longas-metragens lançados em 2014. E olha que nós estamos falando de um país com pouco mais de 48.000 k2 (pouco maior do que o nosso Espírito Santo) e 10 milhões de habitantes. Uma façanha! Tudo bem que a história do país com o cinema é bem antiga: foi na República Dominicana que os Irmãos Lumière fizeram a primeira exibição do seu cinematógrafo na América Latina, nos idos de 1900. Mas de lá pra cá muita coisa rolou – até 31 anos de ditadura.
Realizada pela Embaixada da República Dominicana em parceria com a Direção Geral do Cinema Dominicano, a mostra vai exibir 11 títulos, entre curtas e longas. Alguns integram listas de críticos internacionais dos melhores filmes de todos os tempos no país. A começar pelo que abre o evento, Dólares de areia, protagonizado por Geraldine Chaplin, que mostra que a ilha quer ser mais do que uma paisagem paradisíaca. O cinema dominicano é marcado por ser independente, diverso, mas manter um olhar aguçado para as questões sociais. Mesmo que seja através do humor. É o caso da comédia La gunguna (2015), que encerrará a mostra, dia 3 de abril. Sucesso de público e crítica, o filme recebeu 23 indicações ao Prêmio La Silla, da Associação Dominicana de Profissionais da Indústria do Cinema, ao promover um passeio pelo submundo caribenho. Mas tem muito mais: o documentário Você e eu, também premiado mundo afora, mostra a relação entre uma patroa e a empregada; De pez em cuando, que aposta na estrutura de comédia de erros para arrancar gargalhadas apresentando as desventuras de um profissional liberal; e o juvenil Algum lugar, que, através de uma viagem de três amigos adolescentes, apresenta um painel da sociedade dominicana contemporânea. O conselho é acompanhar a programação. A diversão é garantida. Novo cinema dominicano
De 31/3 a 3/4 no Cine Brasília e no Instituto Cervantes, com entrada franca. Programação completa e sinopse dos filmes no site www.objetosim.com.br.
33
CRÔNICADACONCEIÇÃO
Crônica da
Conceição
Um astronauta na SQS
P
34
erguntado sobre qual a primeira coisa que gostaria de fazer depois de passar 340 dias em órbita, o astronauta Scott Kelly disse que queria dar um mergulho na piscina de sua casa. Em ambiente de microgravidade, as gotas d’água flutuam no ar e colam no corpo. Disseram que ele queria tomar um banho. Pois eu aposto que não era só isso. Fosse eu astronauta, queria afundar em direção ao centro da Terra. Voltar a ter um corpo, um peso, um lugar. Ser novamente um objeto concreto eternamente atraído para o rés-do-chão. Os leitores desse meu novo lugar de escrita haverão de me perdoar pela insistência no tema, mas ainda sou um astronauta em órbita – uma flutuação intermitente. Foram mais de 30 anos em redação de jornal, todo o dia, todo dia, o dia todo. Abduzida para fora da órbita da Terra, ainda me sinto flutuando na imensidão do vazio. A crônica me permite tatear, com as palavras, essas desbravadoras, meu novo lugar. Houve uma noite, nesses últimos quatro meses, em que meu corpo ater-
rissou num ponto geográfico que me pareceu a piscina do astronauta. Era fim de tarde, de um troca-troca de livros que não deu muito certo, mas que reuniu amigos e visitantes. Escurecia, e a banquinha parecia uma tenda montada na floresta do urbanismo moderno. Conversávamos na calçada. O que nos iluminava era um único ponto de luz do lado de dentro da banca. Como se estivéssemos acampados na superquadra, eventuais moradores de rua. Foi então que percebi o já sabido: a redação, moradia de quase toda a minha vida, tinha se transferido para um canto de superquadra. Não como uma excentricidade – e aqui peço permissão para abrir parênteses. Nas primeiras semanas de banca, um amigo desconcertado me sugeriu que eu escrevesse pendurada no flamboyant que se dobra sobre a banca. De pronto, acusei o golpe. Eu não estava ali para ser atração de circo. Então, me lembrei da reação de Juscelino à pergunta de um jornalista norte-americano: Por que o senhor decidiu construir Brasília? Ao que ele res-
pondeu: pelo mesmo motivo que vocês decidiram ir à Lua. Por que é genial ir à Lua, e é excêntrico construir Brasília? Fecham-se os parênteses. Tenho profunda admiração pelos andarilhos. Há neles uma ancestralidade libertadora que não os afasta da condição humana. Pelo contrário, os reencaminha para a origem. Não sei para onde vou, sei que não vou por aí, como no poema. A cidade, as cidades, Belém, Goiânia, Brasília, me salvaram. Como um andarilho que nunca está no mesmo lugar, é o lugar que está sempre nele. Está sempre na Lua, embora andarilhando na Terra. Nada lhe pertence, tudo está a seu dispor. O andarilho não sofre a síndrome da ausência de lugar, como é de se supor que sofra o astronauta. Ele afunda na água, toca o fundo da piscina e emerge. Salva-se a cada mergulho. Mas tem de correr perigo para se salvar. A Lua coube aos americanos. Brasília, aos brasileiros. Aos andarilhos, o que estiver ao alcance das próprias pernas.
Suas prioridades podem mudar ao longo do ano. A nossa é sempre você.
Faça a sua Antecipação da Restituição de Imposto de Renda com o BRB. Com o crédito da sua restituição do IR, dá para fazer muita coisa. Aproveite para viajar, comprar um presente para quem você gosta e, se a coisa apertar, pague contas como o IPTU e o IPVA.
Seja qual for a sua prioridade, conte com o BRB. Afinal de contas, a gente faz tudo por você.
Vantagens
Contratação rápida pelos canais: BRB Banknet BRB Telebanco Terminais de Autoatendimento Na sua agência BRB
· Taxa competitiva. · Baixa automática na sua conta no dia do recebimento da restituição.
www.brb.com.br
BRB Telebanco 61 3322 1515 SAC BRB 0800 648 6161
Ouvidoria 0800 642 1105 SAC/Ouvidoria PcD 0800 648 6162
Faz tudo por você
O BRB antecipa a restituição do IR de acordo com o limite pré-aprovado do cliente. O comprovante de entrega do Imposto de Renda poderá ser solicitado na efetivação da proposta. O cliente que não receber a restituição até 15/12/16 deverá liquidar a antecipação ou redirecioná-la para outra linha de crédito.
Desde 2009 o fumo deixou de fazer mal para a minha saúde. E para a de muita gente aqui no DF. Nesse ano, ele foi proibido, definitivamente, em todos os locais de uso coletivo. Eu, que era fumante passiva, comemorei bastante. Hoje, tenho a mesma idade da Câmara. E fico feliz em saber que, durante todos esses anos, ela tem criado leis que me beneficiaram de alguma forma. 25 ANOS APROVANDO O MELHOR PARA VOCÊ.
Glícia de Paula Garçonete, 25 anos
Lei Antifumo nº 4.307/2009
0800 941 8787 www.cl.df.gov.br