Roteiro 251

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BRASÍLIA É CENÁRIO DE DOIS FILMES QUE ESTREIAM EM AGOSTO

Ano XV • nº 251 Maio de 2016

R$ 5,90




No século V antes de Cristo, o filósofo grego Empédocles tentou explicar a natureza da matéria e concluiu: tudo que existe no universo é formado por quatro elementos – terra, fogo, ar e água. Quase dois séculos depois, Aristóteles retomou a ideia, acrescentando que a terra estava no centro dos quatro elementos, seguida pela água, o ar e, por último, o fogo. Muitas outras teorias científicas se sucederam e mostraram que a matéria é formada, mesmo, por átomos, conforme aprendemos na escola. A teoria dos quatro elementos, contudo, inspira gregos e troianos até hoje, entre eles os organizadores do Festival Brasil Sabor, que chega à sua décima-primeira edição reunindo em Brasília 82 restaurantes e bares. Até 29 de maio, os quatro elementos que sustentam todas as cozinhas do mundo estarão presentes em cada receita dos menus elaborados com capricho e oferecidos aos preços de R$ 35, R$ 45 e R$ 55 (página 6). Ainda na área gastronômica, esta edição apresenta o novo restaurante – o primeiro fora de São Paulo – do grupo norte-americano Bloomin’ Brands, que tem nada menos de 1.400 casas espalhadas ao redor do mundo. Trata-se do Abraccio Cucina Italiana, que acaba de se instalar no Shopping Iguatemi e logo logo também estará no ParkShopping. Com cardápio em que predominam as massas tradicionais italianas, capricha também nas polpetas e parmegianas com molhos picantes e nos contemporâneos grelhados e molhos leves, à base de limão e vinhos. No cardápio executivo dos dias de semana, entrada e prato principal custam R$ 45,50, nada exagerado para tempos de crise. Mas em matéria de música, parece que não há tempo ruim em época de dinheiro curto. Prova disso são os inúmeros shows que a cidade apresenta nos meses de maio e junho, do rap ao rock, do pop à MPB, e por aí vai. Confira a programação lendo A música desafia a crise (página 24). Boa leitura e até junho! Maria Teresa Fernandes Editora

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EMPOUCASPALAVRAS

32 luzcâmeraação

Em cartaz nos cinemas de Brasília, A assassina, que marca o retorno do diretor Hou Hsiao-Hsien depois de oito anos, mergulha no esplendor da China medieval.

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ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14 – Conjunto 2 – Casa 7 – Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes | Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa André Sartorelli, com fotos de Agenor Maia | Colaboradores Alessandra Braz, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Ana Vilela, Beth Almeida, Cláudio Ferreira, Conceição Freitas, Eduardo Oliveira, Elaina Daher, Heitor Menezes, Júlia Viegas, Luana Brasil, Lúcia Leão, Luís Turiba, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Pedro Brandt, Ronaldo Morado, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle | Fotografia Fabrízio Morelo, Gadelha Neto, Rodrigo Ribeiro, Sérgio Amaral, Zé Nobre | Para anunciar 9988.5360 | Impressão Editora Gráfica Ipiranga | Tiragem: 20.000 exemplares.

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ÁGUANABOCA

Filé recheado com queijo do Cerrado ao molho funghi, do Carpe Diem.

Risoto peruano de camarões em molho cremoso, do El Paso.

O festival dos

quatro elementos

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em só de atos políticos vive a capital da República. Normais em sua maioria ou surpreendentes de quando em vez, em muitos momentos eles dão lugar à normalidade e a vida da cidade flui com prazer. E com muitos gostos e sabores também. São muitos os festivais gastronômicos de Brasília. Entre eles se destaca o Brasil Sabor, realização da Abrasel, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, que chega ao seu décimo-primeiro ano no formato que faz brilhar a competência dos pilotos de fornos e fogões e estimula, com seu sistema de vantagens, a participação efetiva do público. Terra. Água. Fogo. Ar. Quatro elementos e quatro pilares onde se susten-

tam todas as cozinhas do mundo. Onde se sustenta todo o processo de produção de alimentos, desde o agricultor até o restaurante. Quatro fontes que, variadas e quase infinitas em cada uma delas, só produzem o máximo de seus potenciais quando se reúnem, quando ficam juntas, competindo e ao mesmo tempo se sustentando. O só e o grupo correndo para o mesmo objetivo: a perfeição de uma receita, de um prato, da gastronomia como um todo. Origem e originalidade

Os quatro elementos são a origem. Agrupados em uma receita, formam a originalidade de cada prato, o alimento que irá saciar as vontades e os desejos.

Por isso, origem e originalidade fazem o binômio que, até o dia 29 de maio, será a marca dessa décima primeira edição do Brasil Sabor, da qual participam 82 restaurantes e bares da cidade que criaram menus especiais, compostos de prato principal e sobremesa, oferecidos aos preços fixos de R$ 35, R$ 45 e R$ 55. Algumas casas participam apenas no almoço ou no jantar; outras, nos dois momentos de repasto diário. Se no ano passado o festival foi marcado pelo uso de produtos do Cerrado, este ano, sem perder a variedade jamais, origem e originalidade querem, juntas, dar ao público uma dimensão especial do que a gastronomia e seus chefs são capazes de fazer para surpreender e agradar.

6 Medalhão suíno ao molho de pimenta verde, da Forneria Parole.

Tilápia em crosta de batata palha com nhoque de algas marinhas, do Fusion.


Camarão grelhado e flambado no conhaque, do Fred.

nossa capital com ingredientes do Cerrado e valorizar os produtores locais”. Laboratório de sabores

No Jambu, da Vila Planalto, fraldinha ao chimichurri do Pará com vinagrete de feijão fradinho e tomate assado com crosta piracuí sobre cebola caramelizada; no Empório da Mata, do Jardim Botânico, filé de pescada amarela grelhada ao molho de cagaita, acompanhado de batatas rústicas temperadas com açafrão da terra e brócolis ao azeite e alho; na Trattoria Peluso, de Águas Claras, escalope de filé sobre crosta de baru escoltado por fettuccine Alfredo com creme de leite, parmesão e manteiga. Essas são apenas três das dezenas de receitas criadas pelos restaurantes e bares brasilienses especialmente para o festival Brasil Sabor. Pinçadas aleatoriamente pela Roteiro, elas sinalizam o elevado nível de originalidade e criatividade dos chefs brasilienses, não mais confinados ao espaço geográfico do Plano Piloto, como acontecia nas primeiras edições do Brasil Sabor. Além dos já mencionados

Jardim Botânico, Vila Planalto e Águas Claras, os participantes do festival se espalham pela Asa Sul, Asa Norte, Lago Sul, Lago Norte, Vila Planalto, Sudoeste, Octogonal e Guará. Um conforto e tanto para os amantes da boa mesa, em tempos de lei seca e gasolina cara. O Brasil Sabor é sempre uma ótima oportunidade para os chefs darem vazão à sua criatividade. Um verdadeiro laboratório de sabores. Essa gostosa alquimia está presente em receitas como as do jovem chef Lui Veronese, do Cru Balcão Criativo, localizado no Clube de Golfe: de entrada, ceviche parrillero; prato principal, medalhão de filé ao molho de murici e parmesão com legumes salteados (R$ 55). A poucos metros, o Le Jardin Du Golf oferece, pelo mesmo preço, salada verde de entrada e medalhão de filé mignon ao pesto de baru e raviolli de pupunha. No Carpe Diem (104 Sul, Brasília Shopping e Terraço Shopping), a entrada é um bolinho de risoto com camarão e o prato principal um filé recheado com queijo do Cerrado ao molho de funghi e ragu de batatinhas, legumes, cogumelos Fotos: Agenor Maia

“Todos os cheiros e sabores têm origem nos elementos da natureza: água, ar, fogo e terra marcam nossa vida para sempre. Do universo inicial ao desconhecido”, filosofa o presidente da Abrasel-DF, Rodrigo Freire, acrescentando que os elementos da natureza “estão sempre ali, conosco, sempre os quatro. São a origem e o rumo de tudo”. Para ele, a décima-primeira edição do festival servirá para que a Abrasel “continue fiel à ideia de invadir as ruas e celebrar o Brasil”, mobilizando pessoas em torno de novos sabores. “Continuaremos também incentivando os produtos e produtores do Cerrado. Só assim poderemos manter essa trajetória ascendente de qualidade que estamos conseguindo nos últimos tempos”. Segundo Freire, o festival tem em sua essência a valorização dos produtores locais e dos ingredientes típicos do Brasil. “Brasília recebeu influência de todos os Estados e o Brasil Sabor, nesses 11 anos, tem contribuído para criar uma identidade gastronômica brasiliense. Queremos fortalecer cada vez mais a culinária da

Fraldinha black angus com manteiga de chimichurri, do Parrilla Madrid.

7 Penne ao molho cremoso de limão siciliano, do Dudu Bar Lago.

Escalope de filé sobre crosta de baru com fettuccine Alfredo, da Trattoria Peluso.


e alho poró (R$ 45). Não poderia ser mais original, também, a pizza árabe (com pomodoro pelati, mussarela, chancliche, tomate, salsinha e zathar) criada pela chef Lídia Nasser, do Dolce Far Niente, de Águas Claras. Uma bruscheta de Parma completa o menu da casa, que custa R$ 55 mas serve duas pessoas. Nas proximidades do estacionamento 9 do Parque da Cidade, o recém-inaugurado Ilê Praia Park aposta na combinação da costelinha de tambaqui empanada com camarões e medalhões de lombo de pirarucu salteados no azeite, alcaparras e cogumelos guarnecidos e batatas gratinadas no parmesão (R$ 45). E no nordestino Mangai (Setor de Clubes Sul) um escondidinho de carne de sol antecede o “camarão do sertão” – camarões refogados na manteiga da terra, com queijo coalho e cebola, flambados na cachaça, servidos sobre o arroz cremoso de queijo coalho (R$ 55). Mas não se resumem ao talento dos chefs os atrativos do Brasil Sabor. O Circuito Gourmet, por exemplo, oferece aos comensais que provarem seis menus diferentes, durante o festival, o direito de repetir o de sua preferência, sem pagar nada. Basta completar a cartela de selos do Guia de Restaurantes Abrasel-DF, que será distribuído gratuitamente nos restaurantes. Além disso, os apaixonados por gastronomia poderão aprender receitas tradicionais com renomados chefs da cidade, durante as aulas-show gratuitas na Tenda Gastronômica, uma parceria com o Senac, o Senai e o IESB. O Senac fornecerá a cozinha para a montagem da Tenda sobre uma carreta que vai se deslocar para diferentes pontos da cidade, como o estacionamento da administração do Guará, dia 21, e a Praça do Relógio de Taguatinga, dia 28. No campus do IESB da Ceilândia será realizada, no dia 25, uma oficina de negócios destinada a empresários interessados em ampliar seus conhecimentos sobre gestão produtiva de bares e restaurantes. Petiscos e cervejas especiais da marca Brahma Extra – lager, red lager e weiss – serão servidos aos participantes. A oficina é gratuita, mas com vagas limitadas. Inscrições em www.abraseldf.com.br ou Facebook.com/Abraseldf. Festival Brasil Sabor 8

Até 29/5 em 82 restaurantes e bares da cidade (relação completa dos participantes, descrição e fotos dos menus em www.brasilsabor.com.br).

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ÁGUANABOCA

Cantina

ítalo-americana

POR LÚCIA LEÃO

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ranchising de uma grande holding norte-americana com cara de cantina familiar. O Abbraccio Cucina Italiana é assim. E talvez por ser assim é que a casa vive lotada desde a inauguração, há pouco mais de um mês, e aos finais de semana tem clientes dispostos a enfrentar horas de fila à espera de uma mesa. Ou talvez seja pela recepção calorosa que dá aos visitantes, com uma taça de bom vinho, um petisco de calamares e um sorriso bem aberto de um(a) jovem e simpático(a) atendente. Ou quem sabe pelo perfume típico das alquimias das “mamas” que exala da cozinha aberta no meio do salão; ou pelo pão impecável que chega quentinho para ser mergulhado no azeite com ervas; ou o chique despojado das mesas sem toalhas; ou os preços que colocam o restaurante entre os de melhor custo-benefício da cidade; ou de tudo isso um pouco; ou...

“Pode ser por conta da novidade. Uma casa nova sempre atrai a curiosidade e, com ela, muitos clientes. Daqui a algum tempo é que vamos ver mesmo o resultado do empreendimento”, minimiza o empresário Jefferson Nunes de Albuquerque, ou Jef, como é tratado pelos amigos e pela equipe de colaboradores. Modéstia à parte, ele sabe que não é bem assim. Desde a escolha do nome que ganharia no Brasil – “Abbraccio (abraço) remete à personalidade calorosa dos brasileiros, representa o acolhimento que queremos dar aos clientes”, traduz Jef –, passando pela elaboração do cardápio, a decoração, a posição da cozinha e a postura dos funcionários, o empreendimento foi milimetricamente planejado para dar certo. Assim como os demais 1.400 restaurantes da multinacional Bloomin’ Brands espalhados ao redor do mundo com marcas como Outback e Bonefish. O restaurante italiano da maior rede mundial de alimentação entrou no Bra-


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assar minutos antes de ser servido junto com um pratinho de azeite extra-virgem temperado com uma mistura de sete ervas. É oferecido à guisa de boas-vindas, junto com o cardápio e uma garrafa de água, assim que os clientes se acomodam à mesa. No cardápio, é claro, predominam as massas nas receitas mais tradicionais, como lasanhas, fettuccines, gnocchis e raviolis. Em se tratando das carnes, a tradição das polpetas e dos parmegianas com molhos picantes se mescla com os contemporâneos grelhados e molhos leves, à base de limão e vinhos. Para os almoços de semana, o Abraccio oferece, além do cardápio normal, combinados executivos, com entrada de sopa ou salada e praLúcia Leão

sil em março, por São Paulo (lá já são três unidades) e chegou a Brasília pelo Shopping Iguatemi. Em breve haverá mais um, no ParkShopping. “Eu vim aqui com o meu marido no sábado, mas havia 34 mesas em espera na nossa frente. Tive que voltar hoje (na terça-feira) para matar o desejo do Octávio”, diz Laís Dutra, apontando para a barriguinha saliente de grávida. “Convidei minha irmã e minha prima e estamos adorando!”. Analista de investimentos, ela rapidamente enumera o que lhe agradou como cliente e dá seu veredito: “A comida é excelente, o atendimento eficiente e simpático e o preço acessível. É uma opção intermediária de alimentação no shopping entre os fast foods da praça de alimentação e restaurantes de primeira linha como o Gero. Com certeza há um grande mercado para isso. Acertaram em cheio”. Muito parecida foi a impressão de outra analista, esta de sistemas, que conheceu o restaurante num almoço com colegas de trabalho. Mas, para além da comida farta e saborosa, da atenção prestimosa da garçonete e do preço “muito honesto”, Gilda Pestana se encantou com o pãozinho servido de entrada: “É maravilhoso! Quentinho, crocante e com aquele azeite aromatizado... é perfeito”. O pão com azeite, de grande tradição nas mesas italianas, é uma das principais marcas do Abbraccio e orgulho de Jef. Produzido por um panificador exclusivo, ele chega à casa semipronto para acabar de

to principal de massas (R$ 45,50) ou carnes (47,50). Desde que abriu as portas, no mês passado, a casa funciona em ritmo frenético todos os dias da semana, servindo almoço, drinques de happy hour (com promoções nos preços das bebidas e dos petiscos) e jantar. Todo o tempo sob a batuta atenta e agitada de Jef, que trabalha ombro a ombro com seus 130 funcionários. Se puder escolher, prefere estar no salão, conversando com os clientes e zelando pelo bom atendimento. “Esse é meu posto de trabalho principal”. Mas pode ser visto “jogando nas onze”. Farmacêutico de formação, ele traz no sangue o gosto pela cozinha herdado do pai, “seu” Amauri, que se aposentou como chef da famosa cantina paulista Famiglia Mancini. Além da experiência como empreendedor do ramo, adquirida principalmente durante quatro anos como proprietário de um café em Lisboa, Jef também foi treinado pelo grupo Abbraccio para dar certo. “Foram oito meses de preparação intensiva, durante os quais aprendi a atuar em todas as áreas, a executar todas as tarefas dentro do restaurante. Sei como cada funcionário é importante para tudo funcionar bem. Essa é a essência do bom trabalho em equipe e do resultado que queremos: oferecer comida de qualidade e abraçar os clientes”. Abbraccio Cucina Italiana

Laís Dutra (à direita) com a irmã e a prima: para matar o desejo do filho que vai chegar.

Shopping Iguatemi – CA 4, Lago Norte (3468.4854). De 2ª a 5ª feira, das 12 às 15h e das 17 às 23h; 6ª e sábado, das 12 às 24h; domingos e feriados, das 12 às 22h30.

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João Paulo Lacerda

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Guto Jabour, Paulo Victor Jabour e Tarso Frota: mais de 100 rótulos do Brasil e do exterior.

Festa cervejeira N

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ão é de hoje que a cerveja deixou de ser classificada popularmente apenas como loira, ruiva ou preta. O mercado cervejeiro cresce a passos largos, para alegria dos amantes dessa paixão nacional. Micro cervejarias e importadoras estão ocupando um importante espaço no mercado brasileiro. As chamadas cervejas especiais, que reúnem as artesanais, as importadas e as industriais de categoria premium, ocupam hoje 5% do mercado e têm previsão de dobrar o número de vendas nos próximos cinco anos. Mas ainda há muito o que conhecer e experimentar no universo cervejeiro. Em especial as cervejas artesanais brasileiras, que têm conquistado paladares de homens e mulheres de todas as idades. O Casa Bier, um dos maiores eventos de cervejas artesanais do Centro-Oeste, será uma oportunidade para os brasilienses mergulharem nesse novo mundo que desponta promissor, assim como ocorreu com o mercado de vinhos há poucas

décadas. “Queremos que as pessoas entendam e sintam-se parte desse universo que cresce vertiginosamente em números e opções de tipos e marcas. Criamos uma verdadeira experiência cervejeira para o público”, explica Tarso Frota, um dos organizadores do evento, junto com Guto e Paulo Victor Jabour. De 9 a 11 de junho, o Iate Clube de Brasília abre suas portas para a festa de sabores, aromas e colorações dos mais de 100 rótulos de cervejarias, cervejarias ciganas e microcervejarias do Brasil e do exterior. Serão mais de 100 torneiras de chope, 20 estandes de cerveja, cinco de comida e atrações musicais imperdíveis em mais de 4.000 m². Marcas nacionais e importadas, como a Colombina (Goiânia), a microcervejaria cigana X (Brasília), a Providência (Paraná) e a cervejaria libanesa 961 Beer estarão entre as opções do evento, que contará com tótens interativos espalhados ao longo do espaço com uma série de informações sobre as cervejas e seus estilos.

A programação do Casa Bier começa na quinta-feira, 9 de junho, a partir das 17h, com show da Banda Surf Sessions e dos Djs DannyBoy, Lucas Billy e Maraskin. Na sexta-feira, dia 10, também a partir das 17h, Renato Vasconcellos agitará o final de tarde e a noite com o melhor do jazz, e o DJ Spot com o rock’n roll. Sábado, dia 11, a festa começa mais cedo, às 12h, e vai até as duas da madrugada do Dia dos Namorados, embalada pelo samba do Adora-Roda. Será o All Day Beer, totalmente dedicado aos sabores, técnicas e conhecimentos sobre a cerveja. Nesse dia, o Casa Bier realiza a brassagem coletiva, processo de produção de cervejas que compreende uma série de etapas de cozimento, fermentação, filtragem e descanso, antes do consumo da bebida. Casa Bier 2016

De 9 a 11/6 no Iate Clube de Brasília (SCES, Trecho 2). Ingressos: R$ 30 (acesso para um dia) e R$ 70 (passaporte para os três dias), à venda em www.casabier.com.br. Classificação etária: 18 anos. Mais informações: 3797.0003.


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Quatro dias de cozido POR VICENTE SÁ

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cozido é uma herança que nos chegou de Portugal quando o país já estava na adolescência e até hoje suscita mais dúvidas do que certezas, mesmo na “terrinha”, onde é um dos pratos mais tradicionais e pilar da culinária nacional. Primeiro sobre sua origem: há quem diga que veio da tradição judaica que no sabbath impede os judeus de acender o fogo e, por isso, segundo alguns, eles cozinhavam legumes e carnes na véspera para consumir no sábado à noite, quando liberados do jejum. A outra versão, mais aceita, é a de que tenha vindo da vizinha Espanha, onde o cocido é um dos pratos fundamentais da cultura gastronômica. Qualquer que seja sua origem, o cozi-

do é um prato popular, feito para ser consumido em família, em ocasiões festivas, que mantém seu modo de preparo em todos os países, mas cujos ingredientes mudam de região para região. Em alguns lugares é preparado com grão de bico; noutros, com aves. No Brasil leva chouriço de sangue, alhures pedaços de carne de porco. Mas em todos os cantos é adorado. Também aqui em Brasília temos o prato preparado de diversas maneiras e com ingredientes que variam de restaurante para restaurante, sendo oferecido à clientela também em dias distintos da semana. Os mais apaixonados, caso queiram, podem chegar a consumir o nosso cozido, ou cozidão, em quatro dias da semana – domingo, terça, quarta e sexta-feira. Isso só no Plano Piloto. A seguir listamos, dia a dia, seis dos mais respeitados cozidos da capital da República.

Domingo Mais uma das criações do saudoso Jorge Ferreira, o Bar Brasília serve seu cozido aos domingos exatamente porque acredita que ele deve ser consumido sem pressa, acompanhado de um chope bem tirado e em quantidade que dê preguiça. A costela, o peito e o músculo bovinos são servidos separados, assim como a calabresa, o paio e a linguiça frita. Destaque para a rabada, que também acompanha o cozidão no Bar Brasília. Os legumes servidos são batata-baroa, batatadoce, cará, maxixe, jiló, quiabo, chuchu e abóbora japonesa. Outros acompanhamentos são o pirão e o arroz branco. Custa R$ 48,90 por pessoa. O Cristal, desde 2013 sob o comando de um antigo cliente, o consultor e professor de informática Aderson Menezes, tem no cozidão o seu carro-chefe. De 12 a 14


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Terça-feira Tradicional ponto de encontro de jornalistas e publicitários, o Ki-Filé prepara seu cozido numa só panela, colocando as carnes e os legumes na medida do cozimento de cada um. A receita foi trazida, por incrível que pareça, do La Romanina, um restaurante italiano onde os irmãos Cavalcante, proprietários do Ki-Filé, trabalharam na década de 1980. Os legumes são os tradicionais, menos quiabo, e no último ano foi acrescido o inhame, a pedido dos clientes. As carnes são músculo, peito, costelinha de porco e paio. O prato é servido em uma terrina grande, acompanhado de pirão, arroz e farofa. Custa R$ 30 por pessoa. Quarta-feira O Aspargus, da 309 Norte, é um dos self-services mais respeitados na cidade. Tem uma clientela fiel, principalmente nas quartas-feiras, quando é servido o cozido, que leva os legumes tradicionais mais jiló, maxixe e quiabo. Como diferencial, o cozido do Aspargus leva joelho de porco, patinho, calabresa grossa e fina e linguiça de frango. As carnes e os legumes são servidos separadamente, assim como o arroz e o pirão. Tudo no sistema selfservice, por R$ 65 o quilo. Criado há exatos 25 anos, em maio de 1991, o Carpe Diem desde cedo ganhou notoriedade por sua feijoada e seu cozido. O chef Marcos Antônio Souza, que comanda a cozinha da casa há 21 anos, garante que sua versão é leve, porque os legumes são cozidos no vapor e as carnes cortadas em cubos pequenos. Servido ao modo self-service, numa terrina são encontrados peito, músculo, costela defumada, paio, calabresa e lombo defumado. Em outra, ao lado, o cliente tem couve, milho, banana da terra, batatadoce, batata-inglesa, cenoura e couve-

Lúcia Leão

vegetais, dependendo da temporada, são servidos em uma cumbuca grande, molhados no caldo das carnes: batata-inglesa, batata-doce, macaxeira, chuchu, abóbora, jiló, maxixe, inhame, cebola, milho, banana, couve, repolho e vagem, tudo coberto com folhas de couve, para manter a temperatura. Noutro recipiente vêm as carnes: linguiça calabresa, costela, peito e músculo bovino, também cobertos com folhas de couve. O pirão e o arroz branco vêm à parte. A porção para duas pessoas custa R$ 72,50.

Os jornalistas Beth Fernandes e Gadelha Neto com o filho Daniel: fregueses assíduos do Comida e Arte.

flor. Do caldo da carne é feito o pirão, que, junto com o arroz branco, completa o prato. Custa R$ 59,90 o quilo. Sexta-feira Inaugurado no início do ano, o Comida e Arte, como o nome já diz, investe em duas alegrias do brasileiro. Localizado numa esquina da 410 Norte, o restaurante é espaçoso e ventilado, ideal para quem quiser consumir uma comida forte como o cozidão, que lá é servido às sextas-feiras. Os jornalistas Gadelha Neto e Beth Fernandes são fregueses habituais e afirmam que não perdem uma sexta: “É um ótimo prato, bem servido, com preço justo e ainda por cima tem uma boa música”, garante Beth. O som é responsabilidade de três talentosos músicos da nova geração, Victor Angeléas, Júnior Viegas e Dudu 7 Cordas. Eles capricham no chorinho, que, quem diria, combina muito bem com cozidão português. O proprietário, De Lima, garante que seu cozido (R$ 43,90) é leve e dá tranquilamente para duas pessoas ou até mesmo três. Ele afirma que o segredo é a qualida-

de dos produtos, o tempo de cozimento de cada peça e, é claro, o tempero secreto que aprendeu com a mãe dele. As carnes, servidas numa terrina, são peito, costela, carne seca, lombo de porco, paio e calabresa. Os legumes são as batatas doce e inglesa, couve, repolho, abóbora, milho, cará, chuchu, mandioca e maxixe. A ideia do carioca De Lima é que o cliente monte seu próprio cozido no prato. “Sempre sirvo dois pedaços de cada legume, assim os clientes podem montar seus pratos com aquilo de que mais gostam”, explica. O certo é que, com choro ou sem choro, o cozidão já é um prato que ocupa mais da metade da semana do brasiliense, o que não é pouca coisa não. Bar Brasília

506 Sul, Bloco A (3443.4323)

Bar e Restaurante Cristal

415 Sul, Bloco A (3346.1322)

Ki-Filé

405 Norte, Bloco A (3274.6363)

Aspargus

309 Norte, Bloco B (3274.6201)

Carpe Diem

104 Sul, Bloco D (3325.5301)

Comida e Arte

410 Norte, Bloco E (3222.2221)

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Um conto da Occitania POR VICTOR CRUZEIRO

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ra uma vez uma garotinha nascida numa família com longa tradição gastronômica. Sua avó, dona de uma padaria, ensinou-lhe todo o carinho e a dedicação que a comida – qualquer uma! – deve receber. E seus pais organizavam grandes banquetes familiares, mostrando-lhe o poder congregador da cozinha. A garotinha cresceu tendo sempre em mente que essa capacidade mágica do cozinhar corria em seu sangue. “Um dia eu vou ter um restaurante!”, ela dizia para todos, mas ninguém a levava a sério. Por diversas vicissitudes do destino, a menina teve de adiar seu sonho e seguir outro caminho. Mas ela sabia, bem no fundo, que sua sina não a abandonaria tão facilmente. Depois de começar uma faculdade de química, a jovem cozinheira mágica viu-se frente a frente com um mundo novo, maior, cheio de sabores e cores que ela nem fazia ideia que eram possíveis. Essa é Camila Figueiredo, a simpática chef do Occitano, um dos restaurantes mais enigmáticos e promissores que já conheci. Localizado na 215 Sul, sob as ruínas do antigo Babel, o Occitano traz para Brasília peças da trajetória da tão jovem, e igualmente sábia, Camila.

A fortuna levou Camila para a prestigiada escola de gastronomia Le Cordon Bleu, de Paris, onde deixou seu lado de cozinheira diletante – que a acompanhava desde os sete anos – para tornar-se uma chef profissional. “Era o que eu queria, e minha família se esforçou para me levar ao melhor lugar”, relembra, orgulhosa. E foi no Velho Continente que Camila deixou- se transportar para um outro universo. Apaixonada desde sempre pela Europa medieval, ela conheceu cidadelas em Portugal, visitou antigos burgos na Espanha e, acima de tudo, embrenhou-se pelo interior da França. A fortaleza de Carcassone, no sul do país, e a histórica comuna de Avignon foram algumas de suas inspirações por essa região que vai muito além do Mediterrâneo. “Muita gente acha que a culinária mediterrânea acaba nas sa-

ladas e nos peixes. Mas ela é bem mais do que isso!”, alerta Camila. De suas principais referências, ela mostra o cassoulet, que leva feijões, carne e gordura de pato e cordeiro. “É um prato bem mais substancial, bastante importante no inverno”, diz a chef. No Occitano, o cassoulet pode ser saboreado por R$ 47. O cardápio do restaurante é reduzi-


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do, mas essencial. Cada prato traduz ou traz algo dessas longas peregrinações da jovem chef. “Meu preferido é o risoto tartufo (R$ 37), porque foi o primeiro prato que eu fiz pensando em cozinhar profissionalmente”, conta. Assim como o cardápio, também o espaço é reduzido. “Quis fazer um restaurante do jeito que eu gosto”, admite. São poucas as mesas que preenchem o espaço, possibilitando a Camila caminhar entre elas, receber e conversar com seus clientes, repetindo a lição familiar de hospitalidade inerente ao ato de cozinhar. Ironicamente, o Occitano – cujo nome vem da histórica região Occitania, que abarca o sul da França e o noroeste da Itália – herdou a estrutura do Babel, finado restaurante que levava o nome da mítica torre de todas as linguagens. Ao que parece, há um fado mordaz que não abandona a jovem Camila. Mas, com toda certeza, essa ventura parece de todo feliz, pois não há como negar que, ao abrir as portas do Occitano, Camila abriu as portas de um novo mundo para nós. Occitano

215 Sul, Bloco A (3345.6042). De 4ª a sábado, das 19 às 23h; domingo, das 12 às 15h.

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Faro Comunica

PICADINHO Dudu vai servir sucos, cafés, achocolatados, chás, salada de frutas, iogurte, tapiocas, crepiocas, sanduíches quentes e frios, bolos e ovos no café da manhã, quatro opções de pratos no almoço (de R$ 22,90 a R$ 39,90 por pessoa), drinques e petiscos na happy hour e,no jantar, uma opção de peixe, outra de carne, dois hambúrgueres e duas sobremesas.

Foi no Gordeixo (306 Norte, Bloco B, tel. 3273.8525) que começou, em 1988, um dos maiores grupos de bares e restaurantes da cidade, com mais de uma dezena de unidades na Asa Norte, Asa Sul e Águas Claras. A vedete das comemorações será a parmegiana, presente em pratos à base de filé mignon, frango, costela, salmão, porco e beringela. Os pratos individuais custam entre R$ 25,90 e R$ 41,50; para duas pessoas, entre R$ 48,80 e R$ 82,50.

Abaixo de R$ 30 Maravilhas peruanas Gustavo Gracindo

O chef Marco Espinoza foi buscar em sua terra natal a inspiração para os 23 pratos que acaba de acrescentar ao cardápio do Taypá (QI 17 do Lago Sul, Bloco G, tel. 3248.0403). Uma das novas entradas é a Causa de Caranguejo da foto acima, releitura de uma receita típica do Peru em que a batata amarela é recheada com abacate, salmão defumado e patinhas de caranguejo crocantes. Outras novidades são o Ceviche Tay (de camarão e manga com leite de tigre tay) e o Tiradito Exótico (de atum, camarão e caviar com leite de tigre de pimentas do Brasil). Entre os pratos principais, Magret Fusion (magret de pato grelhado ao molho de mostarda, acompanhado de creme brulée de batata-baroa e picles de pepino), a Panceta Crocante (barriga de porco com creme de batata-doce e caramelo servido com ravióli de cogumelos apimentados) e o Cordero Novoandino (carré de cordeiro grelhado ao molho de cordeiro e ervas, servido de couscous de quinoa e verduras).

Sonho interrompido Durou quatro anos a aventura gastronômica do chef Emerson Mantovani com o seu Trio Gastronomia, onde colocou em prática o conceito de cozinha autoral, ousada e criativa. Alegando motivos pessoais e perspectivas de novos projetos, mas certamente atingido por essa crise econômica sem precedentes, Mantovani comunicou no início do mês o encerramento das atividades do restaurante, que até 12 de junho seguirá funcionando, apenas à noite, com o Wine Bar e os jantares harmonizados. Nesse tempo que resta, de terça a quinta-feira os clientes terão um desconto de 20% na conta.

Para a happy-hour

Fabiano Bergamo

AlanSantos

Deck do Dudu

Essa suculenta sobrecoxa à cacciatore, acompanhada de arroz pilaf e legumes ao vapor (R$ 25), é uma das cinco opções de pratos executivos servidos pelo Piccolo Emporium, agora em novo endereço (209 Sul, Bloco B, tel. 3323.5321). As outras são o polpetone de carne ovina recheado com queijo, acompanhado de nhoque com molho ao sugo; o filé à parmegiana com arroz branco e purê de batatas; o paillard de filé mignon com talharim ao molho Alfredo (os três por R$ 29); e a tilápia ao molho citronetti com legumes e purê de batatas (R$ 27). Misto de empório e restaurante, o Piccolo oferece também pratos à la carte: massas artesanais feitas na casa, risotos, saladas e sanduíches.

Festival de parmegiana

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Chega aos 28 anos o primeiro empreendimento gastronômico do saudoso Jorge Ferreira.

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Estão de parabéns as arquitetas Cristiane Hoff e Aline Cruz: ficou realmente muito bonito o Deck do Dudu, o mais novo empreendimento do chef Dudu Camargo, na QI 11 do Lago Sul. São três ambientes, com capacidade para 82 pessoas sentadas: um aconchegante gazebo onde fica o bar, com mesas, pufes e sofás; o lounge externo, descontraído e colorido; e uma área ajardinada, com umbrelones, mesas e cadeiras. Tudo de muito bom gosto. Dudu é responsável pelo comando operacional e gastronômico do restaurante, cuja proprietária é a empresária Manuela Yahya. O Deck do

O Drinque Picolé é uma das novidades da carta de bebidas do Mercado 153 (Brasília Shopping, tel. 3047.8680). São, ao todo, 22 misturas à base de vodka, tequila, cachaça, rum, espumante e frutas, muitas frutas. Algumas – mais leves, por vezes efervescentes, compostas por destilados sutis, sucos e licores de frutas – têm tudo para conquistar o público feminino, como os tracionais Kir Royal, Margarita, Cosmopolitan, Tequila Sunrise e Gim Fizz. Para o público masculino, Cuba Libre, Mojito, Daiquiri e outra novidade, o Black Russian, mistura de vodka com licor de café.


Que tal tomar um Brunello de Montalcino in loco? Esse é apenas um dos prazeres reservados a quem participar da próxima viagem enogastronômica organizada por Antonello Monardo. Com início em Milão, no dia 11 de outubro, o Tour dos Lagos Italianos vai percorrer o norte da Itália, passando pelo belos lagos Maggiore, de Como, di Garda e Trasimeno, com paradas estratégicas para degustações de bons vinhos e pratos daquelas regiões italianas que já foram cenários deslumbrantes de filmes. Serão 11 noites e 12 dias, com término em Roma. O roteiro custa 2.590 euros por pessoa (apartamento duplo) ou 2.990 euros (apartamento individual), não incluídas as passagens aéreas. Informações: antonello@monardo.com.br | e 3425.3566.

Sommelier de cerveja A história da cerveja, as matérias-primas e processos, a análise sensorial e a introdução à harmonização são os temas principais da

Maratona vínica Primeiro, só portugueses

Sabores inusitados Chuchu marinado com tucupi, alho-do-mato, flores e caldo de chuchu tostado; tainha curada, lâminas de kiwi, nabo e água de limão com azeite de ervas; contra-filé com purê de cebola, molho de feijão preto e azeite de páprica; formiga maniuara, flor de jambu, doce de

abóbora com coalhada seca aromatizada com laranja e cerveja de ipê roxo; pera assada com pó de pão de especiarias, espuma de leite de cabra, purê de pera e picles de pera e nozes. São algumas das receitas inusitadas servidas no menu-degustação do Jambu (Acampamento Rabelo, Rua 4, Vila Planalto, tel. 3081.0900). Experimentar as ousadas criações do chef Leandro Nunes custa R$ 195 por pessoa.

Para comer em casa Andreia Marliere

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Viagem de sonhos

primeira fase do curso que o Instituto Science of Beer vai realizar nos dias 28 e 29 de maio, das 9 às 19h, no Empório Soares & Souza (403 Sul, Bloco D, tel. 3532.6702). Um chef vai cozinhar ao vivo para os alunos, enquanto o professor monta as melhores harmonizações. O sommelier de cerveja formado pelo Science of Beer chega ao mercado preparado para conhecer e avaliar os diferentes estilos de cerveja disponíveis no mercado, bem como identificar os atributos sensoriais, podendo atuar em diferentes segmentos, como importadoras e distribuidoras, ou mesmo atendendo o cliente final em bares, restaurantes e lojas especializadas. O curso também é destinado a apreciadores que gostariam de aprimorar o conhecimento em cervejas especiais. As outras etapas serão nos dias 25 e 26 de junho, 2 e 3 de julho e 6 e 7 de agosto. O curso custa R$ 3.200, em até 12 vezes. Informações: info@scienceofbeer.com.br.

A terceira unidade do Arabetto – Mistura Árabe será inaugurada até o final do mês em Águas Claras, no Real Splendor Mall (Avenida das Castanheiras, 1.310). Nas duas primeiras (408 Sul, Bloco B, tel. 3244.2079, e 102 Sudoeste, Bloco B, tel. 3038.1500) as vendas pelo delivery respondem por 60% do faturamento. Ambas, assim como a franquia de Águas Claras, foram projetadas para ter poucas mesas e atender no máximo 40 pessoas.

Os enófilos brasilienses estão rindo à toa. E não é para menos. Três grandes degustações de vinhos e espumantes acontecerão na cidade em apenas 20 dias.

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Depois, vinho e música Harmonizar dois dos maiores prazeres universais é a proposta do Wine’n Music, que terá sua quarta edição na quinta-feira, 19, a partir das 20h, no Centro Internacional de Convenções do Brasil, na orla do Lago Paranoá, próximo à Ponte JK. Ao preço de R$ 350, um jantar preparado pelo bufê Swett Cake e mais de 40 opções de vinhos tintos, brancos, rosés e espumantes nacionais e importados poderão ser degustados pelos convivas ao som dos cantores Rogério Midlej e Gabriela Pepino, das banda Zoom Boxx e Surf Session e do DJ Cacá de Brito. Ingressos à venda nas duas lojas do Sweet Cake (QI 21 do Lago Sul e 412 Sul) e no site www.wineandmusic.com.br.

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das quatro mesas do “cassino” serão realizadas quatro rodadas. Os participantes receberão as fichas gratuitamente e concorrerão a prêmios em cada rodada. Ingressos à venda em www.ingresse.com.br/ingressos-degustacaovinhos-brasilia-2016 ou no aplicativo INGRESSE para celular, ao preço de R$ 92. Os profissionais interessados devem se cadastrar em http://goo.gl/BL37uN.

A maratona começa na quarta-feira, dia 18, no Windsor Plaza Brasília Hotel (Setor Hoteleiro Sul), quando chega a Brasília o road show promovido pela ViniPortugal para divulgar no Brasil os vinhos lusitanos. Nada menos de 114 rótulos de 15 vinícolas, produzidos a partir de 250 uvas autóctones, serão servidos das 16 às 21h. O número de ingressos está limitado a 150 profissionais do setor e 100 consumidores pagantes, que poderão participar também de jogos com temáticas ligadas ao vinho. Em cada uma

Por último, só borbulhas Este sofisticado espaço de eventos do restaurante Coco Bambu, também na orla do Paranoá (Ícone Parque, no Setor de Clubes Sul), será palco, nos dias 7 e 8 de junho, da sexta edição do Brinda Brasil, um dos maiores salões exclusivos de espumantes brasileiros. Mais de uma centena de rótulos estarão disponíveis para degustação, ao preço de R$ 70 (primeiro lote). Ingressos à venda na Academia Premiere Fitness (503 Sul e Venâncio Shopping), Estação dos Vinhos (407 Norte), shoppings Alameda, Liberty Mall, Brasília e Pátio Brasil e www.bilheteriadigital.com. 17


GARFADAS&GOLES

E no meio do Cerrado

LUIZ RECENA

lrecena@hotmail.com

estava a Itália

De repente, um branco de Malvasia. Coisas dos Pires de Sá, pai e filho, Gilvan e Rafael. O branco Malvasia de Salento acompanhou a salada Caesar. Memórias seculares remeteram o colunista aos primórdios gustativos do Rio Grande: um Malvasia de Candia, coisa da Granja União na tentativa para abrandar o duro paladar da gauchada, nos tempos do “vinho de uva”, ou do “tinto e bastante”, o Château Beaucoup, traduzido em Paris para espanto de enófilos ou de diplomatas metidos a besta.

O Chardonnay e a princesa

Um risoto cítrico com camarões trouxe o segundo branco, um Chardonnay de Puglia Marfi. A última palavra vem de Marzia Filomena, a primogênita da família Varvaglione. Completa e versátil, diz a ficha técnica da bebida. A definição também cabe na herdeira. Mais: pode ser uma síntese da própria história regional, a filha e neta que descobre o mundo e, sem perder jamais a ternura do fazer vinho antigo, moderniza com carvalho americano e conquista novos mercados e corações mundo afora.

Mil encantos da uva

Marzia falou inglês, italiano, português e o principal dos idiomas: o do bom vinho. Dois tintos Primitivos: Moi de Puglia e Salento 12 e Mezzo. E o gran finale, Primitivo de Manduria Papale Oro. O nome diz tudo: terra do Papa com direito a selo, sinete e medalha. Daí a subir aos céus são três goles e dois passos.

Os brasileiros

Os Varvaglione, os vinhos e a princesa foram apresentados pela Super Adega e pela Domno, do grupo Valduga, com Nelsir Kuffel fazendo as honras da casa com o Nero Rosé de Noir Conceptual Edition. A Valduga é um dos bons exemplos

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dessa convergência de gerações que tanto melhora o negócio da uva no Brasil. No Vale dos Vinhedos, na serra gaúcha, já passou a ser comum encontrar terceiras ou quartas gerações, depois de terem frequentado o ensino superior, participando ativamente dos trabalhos e das decisões nas vinícolas familiares. Todos saem ganhando, principalmente o consumidor fiel.

Menu completo

Mais dois pratos completaram o almoço: capellini com estrogonofe à italiana e um filé com mostarda Dijon. O primeiro com tomates, creme de leite, manjericão e cogumelos Paris; o segundo, um clássico que dispensa comentários, a não ser o de que harmonizou à perfeição com o néctar que homenageia o titular do Vaticano. Tudo com a supervisão do criativo Lui Veronese.

O fim das tensões

Belo momento de vinhos no Oliver. O espaço da casa mantém a qualidade e a tradição. Até o clima, que antecipou a secura, estava bastante agradável, o que muito amenizou a tarde tensa na capital política, onde cassações e impeachments, por não serem uvas, o máximo que lembram são os vinagres da realidade.

Já vai tarde, a outra

E por falar nesse assunto... tchau, querida!


PÃO&VINHO

Joaquins e Manuéis Antes um frequentador assíduo de todas e quaisquer feiras de vinho que me aparecessem pela frente, hoje acabo sendo mais seletivo, se não por outras razões, pela simples falta de tempo. Mas sempre que acabo por ir a uma delas fico feliz com a experiência. Recentemente a Adega Alentejana saiu em campo com seu road show “Passeio Enogastronômico Adega Alentejana 2016”, rodando por diversas capitais do Brasil e chegando cá em São Paulo no dia 27 de abril, no Royal Jardins Hotel. Em local relativamente modesto, com pequeno mas selecionado público, apresentou quase 30 produtores e próximo de 150 rótulos em uma tarde bastante agradável. Não sendo possível falar de todos, como sempre, vamos escolher aqui alguns dos que considerei os maiores destaques da feira. Em primeiro lugar, não poderia deixar de mencionar a espanhola Artevino, da excepcional Villacreces, pois além de apresentar alguns bons rótulos, foi a exceção trazida por essa tradicional importadora de vinhos portugueses. Exemplificaram aquelas que são para mim as duas melhores áreas produtivas da Espanha, com o ótimo Pruno TN 2014, tempranillo de Ribeira del Duero, de cor rubi profunda, nariz a frutas vermelhas maduras e leve tostado, tudo confirmado em boca agradável e de boa acidez; e com o Izadi Crianza TN 2013 de Rioja, também de cor rubi intensa, com frutas vermelhas, cedro e fumo ao nariz e boca bem redonda, com taninos macios. Dois ótimos vinhos, mas para mim o estilo tradicional de Ribeira é o preferido. A moderna Wine & Soul, que se iniciou no abrir do milênio já comercializando um sucesso de público e crítica, o Pintas, nos trouxe seu ícone branco Guru 2014, estruturado, definitivamente gastronômico, com aromas levemente defumados e cítricos e boca muito bem equilibrada, com ótima acidez e bom corpo. Excelente branco. Dentre os

ALEXANDRE FRANCO pao&vinho@agenciaalo.com.br

tintos, meu preferido foi o Manoella TN 2013, de cor vermelha viva, nariz com frutas, flores e toque de chá e boca muito agradável, taninos elegantes e macios, boa acidez e acima de tudo muito saboroso. Ótimos vinhos. A Cortes de Cima também esteve presente com toda a sua miríade de varietais típicos do Alentejo. Todos muito bons, com destaque para o Syrah – só faltou seu ícone máximo, o Incógnito, que não esteve presente. Um dos carros-chefes da importadora, a Fundação Eugênio de Almeida, é claro, esteve presente. Também não trouxe seu grande Pera Manca tinto, mas ao menos nos brindou com o branco, além do Cartuxa Colheita, que continua muito bom, mas agora, depois de muita fama, mais caro do que devia. A Monte do Pintor nos brindou com seu top, o Monte do Pintor Reserva 2011. Granada, com aromas complexos de compota de frutas negras e especiarias, além de toque de chocolate. Vinho poderoso, de grande estrutura e pronto para muitos anos de guarda. Finalmente destaco os vinhos do meu amigo Paulo Laureano, para mim e para muitos o melhor enólogo do Alentejo e certamente o mago da Alicante Bouschet. Além de seu já tradicional Paulo Laureano Reserva, como sempre muito bom, trouxe dois vinhos diferentes, de que muito gostei, um deles o Paulo Laureano Premium Vinhas Velhas 2013, de cor granada intensa, com compotas de ameixas e amoras, tostados e leve defumado, com boca muito agradável, harmônica e gastronômica. Mas a maior surpresa foi o excelente e inesperado Rosé Teresa Laureano 2014. Um rosé asalmonado intenso que se aproxima dos tintos claros com muito frescor e frutas silvestres como framboesa e groselha. Na boca é ao mesmo tempo fresco e estruturado, delicioso de sabor. Maravilhosa opção para a piscina e para a mesa de verão.

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gavetadecera

novoolhar

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Uma releitura da arquitetura moderna e futurística de Brasília feita em fotos com a técnica 360 graus. É esse, resumidamente, o trabalho da jornalista e fotógrafa Ana Volpe, que pode ser visto até 3 de junho na Galeria do Senado Federal. A mostra Um novo olhar sobre Brasília traz fotografias que homenageiam Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Fotógrafa profissional, graduada em jornalismo e pós-graduada em artes-visuais, Ana conta que desde pequena tem o olhar apurado para a arte visual. Filha de jornalistas, a fotógrafa sempre acompanhou o pai nas redações. Foi daí que veio a paixão pelo Jornalismo. A profissão de fotógrafa surgiu quando ela trabalhava no Jornal do Senado e sentiu a necessidade de tirar fotos para suas matérias. Já participou de diversas exposições de fotografia, inclusive nas galerias de arte da Câmara dos Deputados e do Senado. Todos os dias, das 9 às 17h. Às terças, quartas, quintas, fins de semana e feriados somente mediante agendamento pelo telefone 3303.2994. Mais informações: 3303.2994.

Dalton Camargos

alfinete Miguel Ferreira, Ananda Giuliani e Ludmilla Alves são os três artistas cujas obras estão expostas até 28 de maio na galeria da 113 Norte. Na Sala Um está o trabalho de Miguel (foto) intitulado Desconstrução em ré maior, na qual investiga as diversas utilidades e linguagens artísticas de objetos conjugados de forma inusitada, fazendo uso de novas tecnologias. Já as jovens artistas Ananda Giuliani e Ludmilla Alves aceitaram o desafio de dividir uma mesma exposição e apresentam, na Sala Dois, Cerro, mostra na qual exploram a ação do tempo e das forças da natureza sobre objetos, paisagens, vazios. De quarta a sábado, das 15 às 19h30, com entrada franca.

velhochico Tem esse título a obra da artista plástica brasiliense Anoushe Duarte Silveira selecionada para a 13ª edição da Bienal Naïfs do Brasil, marcada para se realizar entre 19 de agosto e 27 de novembro no Sesc de Piracicaba, cidade distante cerca de 300 quilômetros de São Paulo. Criada em 1992, a bienal tem como foco divulgar o trabalho de artistas cujas obras são fortemente marcadas por elementos que caracterizam a cultura popular brasileira e criadas, em sua maioria, de forma autodidata. Para essa edição foram selecionados 127 trabalhos, entre 948 inscritos. Foi a primeira vez que a artista e também jornalista Anoushe Duarte se inscreveu na bienal. “Eu estou verdadeiramente emocionada. Já participei de exposições, mas foi a primeira vez que inscrevi um quadro em um concurso”, afirma Anoushe, que se identificou com o estilo naïf, pela ingenuidade, espontaneidade, colorido e simplicidade. A técnica é intuitiva, não há escola, mas ela teve o incentivo do artista naïf Rocha Maia. Ele bateu o olho em uma de suas obras e disse: “Você é naïf!”. Divulgação

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No final dos anos 1970, Anna Bella Geiger se dedicou a pensar obsessivamente em geografia, cartografia e mapas, mergulhando nas questões sociais, políticas, ideológicas e tudo que pode significar o mapa-múndi. Inspirada nas lembranças de seu pai, que fazia objetos e formas de biscoito com latas de aveia, e de seu marido, o geógrafo Pedro Geiger, Anna Bella teve a ideia de apresentar suas obras numa gaveta de arquivo velho que comprou numa loja de antiguidades. Após diversas tentativas, ela chegou à cera de abelha derretida, que não só segura os objetos na gaveta, como permite a criação de texturas, cores, marcas, carimbos e adornos. Essa ideia ficou armazenada durante décadas até se concretizar na criação das obras em cartaz na Caixa Cultural até 26 de junho. Composta de um vídeo documental com todas as etapas de produção de uma obra de Geiger, de 12 gavetas produzidas pela artista ao longo dos últimos 25 anos e de seis gravuras com mapas que dialogam com essas gavetas e seus conceitos artísticos, a mostra Gavetas de memórias pode ser vista de terça a domingo, das 9 às 21h, com entrada franca. Informações: 3206.9448.

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aerosmith Não. A banda norte-americana virá ao Brasil em outubro, sim, mas não fará escala em Brasília dessa vez. Quem quiser assistir a algum show da turnê Rock n’ Roll Rumble – Aerosmith Style 2016 precisará se deslocar para Porto Alegre, no dia 11 de outubro, para São Paulo, no dia 15, ou para Recife, no dia 21. Esta será a sexta vez que o Brasil receberá os Bad Boys de Boston, como ficaram conhecidos no início da carreira. A primeira foi em 1994, com apresentações em São Paulo e Rio de Janeiro no extinto festival Hollywood Rock. A segunda em 2007, quando a banda se apresentou para mais de 70 mil pessoas no Estádio do Morumbi, em São Paulo. Em 2010, a turnê Cocked, Locked, Ready to Rock passou por Porto Alegre e São Paulo. No ano seguinte Aerosmith fez uma única apresentação, também em São Paulo. Em outubro de 2013 voltou ao país para apresentações em Curitiba, Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. Os ingressos para assistir aos shows da banda quase cinquentona custam entre R$ 130 e R$ 680 e já estão à venda em www.ingressorapido.com.br.

Esse é o nome do de uma das três coreografias que compõem o espetáculo Cantos do planeta, da Companhia de Dança Cisne Negro, de São Paulo, em cartaz dias 20 e 22 de maio na Caixa Cultural. Trata-se da história de um grupo de funcionários que, mesmo presos no porão da casa de uma patroa abusiva, lutam contra a tirania. Com coreografia de Barak Marshall e direção artística de Hulda Bittencourt e Dany Bittencourt, os bailarinos em cena retratam em movimentos a opressão do poder e a luta pela sobrevivência. As outras coreografias do espetáculo têm como títulos O boi no telhado e Sabiá. Com 39 anos de existência, a Cisne Negro é considerada uma das melhores companhias de dança contemporânea do país. Sua diretora artística, Hulda Bittencourt, juntou as alunas do Estúdio de Ballet Cisne Negro com alguns atletas da Faculdade de Educação Física da Universidade de São Paulo (USP). A aproximação desses dois universos deu ao grupo sua principal característica: uma dança espontânea, energética, viril e de grande qualidade técnica e artística. Sexta-feira e sábado, às 20h, e domingo, às 19h, com ingressos a R$ 20 e R$ 10. Bilheteria: 3206.6456.

músicaemquestão “Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos”. A frase da poeta goiana Cora Coralina (1889-1985) está aqui só para lembrar que músicos e profissionais de outras áreas irão se reunir a partir deste mês para falar de temas que são matérias-primas das canções. Serão dez encontros no teatro do CCBB, nos quais temas do cotidiano serão abordados e roteirizados, explorando as infinitas possibilidades de diálogo musical. O bate-papo em torno dos assuntos escolhidos terá sempre a curadoria e intermediação do cantor e compositor Zé Renato, que comemora este ano 60 anos de carreira. Em cada edição do projeto um músico formará dupla com escritores especializados, cronista esportivos, chefs de cozinha, diretores de teatro, humoristas e assim por diante. A partir dos dias 25 e 26 de maio, às 20h, com ingressos a R$ 20 e R$ 10. Classificação indicativa: livre. Duração: 90 minutos.

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arraiádodotô Nego Rainer, Oslayn Miranda e Bruno Rios, integrantes da banda Só pra Xamegar, foram escalados para animar o arrasta-pé anual da Associação Médica de Brasília (AMBr), que já marcou para o dia 11 de junho, às 21h, o começo da festa junina que acontece em sua sede, no Setor de Clubes Sul. Comidas típicas, brincadeiras e muita animação estão na programação deste ano, que terá também como reforço o som da dupla Roniel e Ricardo. Os convites, à venda na secretaria da AMBr, no Setor de Clubes Sul, custam R$ 150 para associados e R$ 220 para não associados. Informações: 2195.9797.

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antimonotonia A sexualidade está no centro da peça Personas – Veneno antimonotonia, que o grupo Teatro dos Ventos apresenta no teatro do CCBB até 5 de junho. Mas nos diálogos dos seis personagens brotam também questionamentos entre moral e identidade. Com direção de Fernando Martins e texto de Luciana Loureiro, o espetáculo, vencedor do Prêmio Funarte de Dramaturgia 2014, conta a história de Álvaro, interessado em Bia. Ele lida com suas expectativas e inseguranças em sessões com a terapeuta Stella, que o encoraja a viver essa paixão. Bia, entretanto, é uma jovem atriz que mora com Karen, uma mulher em conflito com sua identidade sexual. Esse conflito é responsável por abalar a relação de três anos com Edu. No bar do Ciro, os dramas encontram espaço para expressão e todos os personagens se cruzam numa teia de conflitos e desejos, onde aceitação, realização sexual e expressão de identidades determinam a curva dramática da peça. “Nosso propósito é instigar reflexões sobre as personas que assumimos na vida privada, para dar vazão ao nosso desejo”, explica Luciana Loureiro. De quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Classificação indicativa: 14 anos.

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Ainda dá tempo de assistir a alguns dos filmes da mostra que o CCBB apresenta, uma retrospectiva da obra do cineasta iraniano radicado na França Abbas Kiarostami. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1997 com o filme Gosto de cereja e do Leão de Ouro no Festival de Veneza em 1999 com O vento nos levará (foto), Kiarostami é um dos mais importantes cineastas da atualidade. Apesar de alguns de seus filmes já terem sido exibidos em mostras no Brasil, esta é a primeira retrospectiva integralmente dedicada ao trabalho do diretor, reunindo 17 longas-metragens, dois médias-metragens e cinco curtas-metragens. No cinema do CCBB, até 23 de maio. De quarta a segunda, com ingressos a R$ 10 e R$ 5. Programação em www.bb.com.br/cultura.

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Se é mesmo verdade, como sugerem os especialistas, que os trabalhos manuais ajudam a melhorar a concentração, a autoestima e o foco, está aí uma boa hora para se aprender alguma forma de artesanato na sexta edição da Scrap & Patch Brasil, entre 19 e 22 de maio, no Unique Palace (SCES). Para quem não sabe, scrapbook é uma técnica para personalizar álbuns de fotografias ou agendas com recortes de fotos, convites, papel de balas e qualquer outro material que possa ser colado e guardado no interior de um livro. Já o patchwork se refere aos trabalhos com retalhos de tecido. “Brasília tem um público muito fiel e interessado em artes manuais, principalmente scrapbooking e patchwork. A feira é, portanto, uma excelente oportunidade para os admiradores dessas técnicas conhecerem as novidades do setor e encontrarem tudo o que precisam em um único lugar”, declara Rita Mazzotti, diretora da WR São Paulo, organizadora da Scrap&Patch Brasil. De quinta a sábado, das 14 às 20h, e domingo, das 14 às 19h. Ingressos a R$ 14 e R$ 7. Proibida a entrada de menores de 12 anos.

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flip2016 “Angústia é fala entupida”, definiu um dia a expoente da chamada poesia marginal dos anos 1970, a carioca Ana Cristina Cesar (1952-1983). É ela a grande homenageada da 14ª Flip, festa literária que terá lugar em Paraty entre 29 de junho e 3 de julho. Estão confirmadas as presenças do autor norueguês Karl Ove Knausgård, do escocês Irvine Welsh e de Heloisa Buarque de Hollanda. O poeta Armando Freitas Filho, amigo de Ana Cristina Cesar e curador de sua obra literária, abre a Flip 2016 numa sessão ao lado do documentarista Walter Carvalho, que acaba de dedicar um filme a ele. Apesar de ter como ponto de partida a autora, a 14ª edição da festa literária foi pensada para que todo tipo de leitor possa se reconhecer nos diversos temas que compõem a programação. Divididos em 23 mesas literárias, 39 autores da literatura contemporânea debaterão poesia, ensaio, humor e sexo, jornalismo, ciência, arquitetura, psicanálise, a obra de Ana Cristina Cesar e sua influência na literatura contemporânea.


PAKY Produções

mágicodeoz

balãovermelho

chapeuzinho

Para comemorar 25 anos de existência do grupo, o Teatro Celeiro das Antas apresenta o peça infantil A história do Balão Vermelho, em sua quinta montagem desde 1991. Conta a história de um inseguro e inquieto balão que desconhece que pode voar. Com toda sua pureza e ingenuidade, parte em busca da realização de um sonho e faz com que sua própria história aconteça. Com argumento de Zé Regino e Hueber Francisco e direção de José Regino, a peça tem no elenco Michele Santini, o diretor e bonecos. Com duração de 50 minutos, está em cartaz até 22 de maio na Sala Conchita do Teatro Dulcina de Moraes. Sábados e domingos, às 16h, com ingressos a R$ 30 e R$ 15. Informações: 8334.7617.

Pela estrada afora ela vai bem sozinha levar doces para a sua vovozinha. O clássico que agrada gerações e gerações está de volta na montagem da Companhia Teatral Três Amiguinhos até 29 de maio no Teatro da Árvore (Colégio La Salle de Águas Claras). O conto de fadas europeu do Século XIV, publicado pela primeira vez pelo francês Charles Perrault e depois pelos Irmãos Grimm, conta a história da garotinha de gorro vermelho muito obediente que sempre segue o que sua mãe lhe pede. Um dia, entretanto, ela não segue o caminho sugerido pela mãe, resolve pegar um atalho e encontra o temido lobo-mau. A peça teatral diverte adultos e crianças com as aventuras da garotinha e do lobo trapalhão. Com apresentações em shoppings, feiras, bibliotecas e escolas, a Companhia Três Amiguinhos tem como proposta abordar temas socioeducativos, como amizade, comportamento, aceitação e cooperação. Sábados e domingos, às 17h, com ingressos a R$ 30 e R$ 15. Informações: 8334.7617.

Rui Rodrigues

Dorothy estava cansada de sua vida monótona no Kansas. Tudo parecia cinza e sem vida, menos Totó, seu cachorrinho, o único ser que ainda lhe fazia sorrir. Aquele dia tinha tudo para ser idêntico a todos os outros, não fosse pelo aviso de furacão dado por sua tia Ann. Dorothy correu o mais que pôde para alcançar o abrigo, mas ela não conseguiu chegar a tempo. Ela e sua casa foram levadas pelo furacão para uma terra muito distante... Um dos maiores clássicos da dramaturgia mundial, o espetáculo O Mágico de Oz ganha nova versão, produzida pela Néia e Nando Cia. Teatral. Na nova montagem, o espetáculo recebeu uma roupagem com performances musicais. “Temos um carinho especial por O Mágico de Oz porque foi a primeira montagem feita pela Cia. Néia e Nando, que comemora agora, em maio, 17 anos de fundação”, diz Néia Paz, atriz e diretora do espetáculo. Até 29 de maio, somente aos sábados e domingos, às 16h, no Teatro Brasília Shopping, com ingressos a R$ 50 e R$ 25, somente em dinheiro. Informações: 3242.5278.

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nãoaopreconceito Albert Einstein disse certa vez: “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”. Inspirada por esse pensamento do cientista, vem aí a comédia juvenil #broncadequê?, com o propósito de mostrar um outro olhar sobre os jovens com Síndrome de Down. De Rogério Blat e com direção de Ernesto Piccolo, o espetáculo conta a história de Clara, uma estudante de psicologia de uma família rica que é muita amiga de Nick. Filha de pais hippies, Nick é uma jovem responsável que toma conta de si própria e dos pais. Ambas são amigas de Lupi, um cara meio desligado que é um gênio incompreendido da informática, e de Jorge, que largou a faculdade de Belas Artes para se formar em publicidade. Os quatro amigos inseparáveis conhecem Guilherme em uma passeata pela “Liberdade Down”, mas no dia e hora marcados só eles comparecem. Dias 4 e 5 de junho, no Teatro Unip (913 Sul), com ingressos a R$ 40 e R$ 20. Sábado, às 20h, e domingo, às 19h.

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animamundi Sofrendo com a falta do pai, um menino deixa sua aldeia e descobre um mundo fantástico dominado por máquinas-bichos e estranhos seres. Assim é O menino e o mundo, de Alê Abreu, uma inusitada animação indicada ao Oscar que retrata as questões do mundo moderno pelo olhar de uma criança. O maior festival brasileiro dedicado à animação, já tradicional no Rio de Janeiro e São Paulo, chega agora a Brasília para mostrar a cultura da animação. Com a exibição de curtas e longas-metragens, o Anima Mundi cresce a cada ano, também em função da crescente demanda pelo gênero no Brasil. Na Caixa Cultural, entre 26 e 29 de maio, com entrada franca. Abertura na quinta-feira, às 19h30. De sexta-feira a domingo, às 15h (sessão infantil), 17h e 19h30 (sessões adultas). Programação em www.animamundi.com.br

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BRASILIENSEDECORAÇÃO

Incansável ativista POR VICENTE SÁ FOTO LÚCIA LEÃO

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izem os mais chegados que duas historinhas ajudam a entender a trajetória de Lydia Garcia. Uma é mística e conta que, em 1938, Yansan queria que os negros brincassem o carnaval ignorando o olhar dos brancos, que o desfile das escolas de samba, que começara há pouco mais de uma década, fosse apenas alegria, festa, e não quesitos a preencher. Para tanto, no dia do desfile mandou uma chuva tão forte que o júri, composto de personalidades e autoridades, não conseguiu chegar à Praça Onze. As escolas desfilaram assim mesmo, debaixo d’água, na maior alegria, e naquele ano não houve campeã. Mas os sambistas não gostaram do acontecido. Já estavam acostumados à disputa. Yansan, então, passou para uma criança que acabara de nascer o desejo de ser negra e fazer festa por puro prazer. Lydia nasceu em 1938.

A outra história é mais prática e de mais fácil confirmação: Dona Isabel, mãe de Lydia, era costureira, e trabalhou alguns anos na Maison Canadá, loja de roupas finas cujos proprietários compravam as peças em Paris e as desconstruíam para saber como eram feitas. Depois, as remontavam, sendo que, às vezes, com algumas mudanças, para adequá-las ao nosso clima tórrido. Depois de alguns anos, Dona Isabel se tornou costureira independente, com vasta e rica clientela, sempre mantendo o olhar desconstrutor sobre a moda que se apresentava. Esse olhar Lydia carregou a vida inteira em sua análise sobre as coisas do mundo. Seu pai era funcionário da prefeitura e a família se resumia a mais um irmão. Assim, diferente da maioria das famílias negras da época, ela pôde estudar em escolas particulares e ter aulas de piano desde os nove anos no Conservatório Brasileiro de Música. Fez especialização em iniciação musical e aos 18 anos for-

mou-se professora de música. “Eu estudei e me formei no conservatório, mas não me tornei conservadora. Sempre fui uma professora avançada”, brinca Lydia. Ainda no Rio de Janeiro dos anos 50, conviveu com um grupo de jovens no Renascença Clube, que era frequentado por muitos negros de influência, como o primeiro embaixador negro brasileiro, Raimundo Souza Dantas. “Não foi lá que nasceu o movimento negro, mas já foi um começo”, lembra. Em 1960, aos 22 anos, veio para Brasília com o marido, Willy Mello, desenhista de arquitetura e pintor, que havia passado em concurso para trabalhar na Novacap com a equipe de Oscar Niemeyer. Lydia, por uma série de fatores, somente em 1964 conseguiu ir para uma sala de aula e começar sua trajetória mágica de mestra, fazendo uma iniciação musical não formal e mais ligada à brasilidade, aos ritmos e ao folclore brasileiro. Por essa época o casal começou a interagir com negros oriundos de países afri-


canos que vinham estudar na UnB e não tinham muitos contatos na cidade, já que nem todas as representações diplomáticas estavam instaladas na capital da República. A casa vivia sempre cheia e os vários sotaques se misturavam. “Dizem até que minha casa foi a primeira embaixada africana em Brasília”, lembra Lydia. Nos anos 70, com o movimento black power explodindo nos Estados Unidos e influenciando o resto do mundo, Lydia, com outros intelectuais e ativistas negros, criou em Brasília o Centro de Estudos Afro-Brasileiros, grupo de estudos que promovia debates e cursos sobre temas ligados à cultura negra, com a participação de Carlos Moura, João Rufino, Kabengelê Munanga e Lourdes Teodoro, entre outros. A partir dessa época, sua vida passou a ser ainda mais corrida. Continuou dando aulas, participando de festivais de música como jurada, discutindo programas de educação junto com a professora Maria Duarte e atuando como uma das coordenadoras do Festival Latino Americano de Cultura, que trouxe artistas de vários países para mostrar aqui seu trabalho e discutir uma melhor interação entre os

povos. Além disso, era sempre convidada para discutir programas educacionais, dar palestras e, já no o final da década de 80, organizou o primeiro Encontro Nacional de Mulheres Negras. Sempre agitadora, tem entre suas conquistas importantes mudanças nos livros didáticos, que antes só retratavam as negras de avental e os negros em trabalhos subalternos. Orgulha-se também de ter participado da criação do sistema de cotas nas universidades. Nos anos 90 ela se aposentou como professora, mas só como professora, pois sua casa na 709 Sul continua sendo um ponto de cultura afro onde jovens negros se encontram para pesquisar, pedir um conselho, uma palavra ou ouvir música e poesia. “Aqui, vira e mexe pessoas vêm pedir informações, pegar livros emprestados e adereços, perguntar sobre assuntos ligados à cultura negra, e a gente ajuda. Nós, negros, temos que estar sempre em movimento, para que nossa invisibilidade não mais aconteça. Precisamos botar nossa cara negra nos lugares. No dia em que o Nelson Mandela veio à UnB, eu ia ficar em casa? Não! Eu levei um bloco afro que criamos para tocar lá, fomos aplaudi-lo.

Temos que agitar. É por isso que se chama movimento negro”, brinca. Por essa época ela inventou com a filha, Mali, uma grife: a BazAfro. E passou a criar roupas com temática afro e a promover encontros e desfiles. O empreendimento também funciona na multifuncional casa que tanto já fez acontecer em Brasília. Agora, perto de completar 80 anos, com filhos e netos todos com nomes africanos, Lydia continua atuante. Ainda no ano passado ajudou na Marcha das Mulheres Negras que tomou a Esplanada dos Ministérios e todas as segundas-feiras participa de um grupo de bordadeiras que se reúne na Rua da Igrejinha. “Agora, tomamos a decisão de também nos tornamos observadoras de pássaros. Começamos na semana que vem no parque Olhos D’Água”, anuncia, animada. Na casa onde mais de uma centena de quadros e objetos de arte povoam as paredes e os móveis, é difícil não se sentir um pouco mais brasileiro ou afro-brasileiro, e de alguma forma sentir que se está diante de uma força cultural impressionante – e que parte dessa força emana dessa senhora negra.

TEMOS ATÉ MUSCULAÇÃO. Circo, natação, balé, lutas, aeróbica, programação para crianças, além de instrutores formados e capacitados para cuidar de você. Afinal, temos tudo para a sua família, até o que as outras academias têm. www.companhiaathletica.com.br/unidade/brasilia

SCES, Trecho 2, Conj. 32/33, Lj. P01, Pier 21 Lago Sul, Brasília/DF +55.61.3322-4000 25


Giul Pera

GRAVES&AGUDOS

Roupa Nova

A música desafia a crise POR HEITOR MENEZES

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banda referência em termos de reggae roots tupiniquim, os reis do rap brasileiro comandam o baile, como atração principal. No set list, antológicas como Diário de um detento, Fórmula mágica da paz, Capítulo 4, versículo 3 e as mais recentes do disco Cores e valores, lançado em 2014. A festa conta ainda com a banda Viela 17 e diversos DJs. A Ponto de Equilíbrio também aproveita a ocasião para mostrar as músicas do mais recente trabalho, Essa é a nossa música.

Racionais MC’s e Ponto de Equilíbrio Estádio Mané Garrincha, 20 de maio, 22h. Lá se vão 28 anos desde que os Racionais MC’s apareceram no cenário musical com Pânico na Zona Sul, um som invocado que transformava em rap e hip-hop a crua realidade da periferia de São Paulo, marcada por pobreza, violência e racismo. Não que a crua realidade tenha mudado. Da mesma forma que lá se vão 19 anos desde que os Racionais MC’s cravaram na história o disco Sobrevivendo no inferno, obra digna da melhor antologia da música popular brasileira. Os Racionais de Mano Brown, Ice Blue, KL Jay e Edi Rock baixam mais uma vez na capital, desta vez como atração da festa Black Rutz, no esplendor do Mané Garrincha. Ao lado do Ponto de Equilíbrio,

Roupa Nova

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ifícil avaliar o quanto a crise que se instalou no Brasil atingiu o cenário cultural. Teatros fechados e pouca diversidade são apenas parte do problema. Quem vive disso, ou arca com as despesas do próprio bolso ou espera sentado o cada vez mais difícil apoio governamental. Mas, como diz a letra de Chico e Caetano, a gente vai levando. E, contrariando a Lei de Murphy, de maneira surpreendente os meses de maio e junho revelam agenda cheia de shows musicais. Do rap ao rock, do pop à MPB, a arte desafia o marasmo e a dureza da grana que ergue e destrói coisas belas. A gente não tem cura.

Ginásio Nilson Nelson, 20 de maio, 21h. Quantas vezes o Roupa Nova vier a Brasília, tantas vezes haverá um público fiel e romântico que não deixa de curtir as músicas de um dos mais bem-sucedidos grupos do pop-rock nacional. O Roupa Nova volta à capital com o show Todo amor do mundo, título do mais recente disco. É desse a nova música de trabalho, É tempo de amar. Desta vez, trata-se de projeto autobiográfico, em que as músicas, ao contar a história de um menino desde a década de 1960, acabam por também contar a história dos integrantes da banda. O Roupa Nova contabiliza 35 anos de estrada, 37 álbuns lançados e toneladas de sucessos. Dizem que mês de maio sem Roupa Nova é o mesmo que passar batido pelo Dia das Mães. Antigamente era o Roberto Carlos que reinava nessa época.

Nazareth Net Live Brasília, 25 de maio, 22h. Coisas incríveis acontecem em Brasília, como acontecem nesta vida, e uma delas é, sem dúvida, a visita da lendária banda escocesa Nazareth, dona da matadora balada Love hurts. Qualquer um que esteja ligado nos clássicos da música pop mundial certamente entende o alcance dessa canção, um marco dos anos 1970. O mais curioso é que Love hurts, digamos, o cavalo de batalha do grupo, nem é composição autoral. De autoria da dupla de compositores norte-americanos Felice


mesma cidade. Pois é o que nos aguarda quando Abigail Izquierdo Ferreira, a monumental Bibi Ferreira, 93 anos, subir ao palco e desfilar repertório de Frank Sinatra, para muitos o Cidadão Kane da música, ou seja: entre os crooners, unanimidade, o melhor entre os melhores. Poucos, sinceramente, poucos (Cauby é um deles) têm autoridade neste país para pegar o repertório do Ol’ Blue Eyes, e fazer disso, sem parecer caricatura, pura arte do entretenimento. Bibi, uma das forças da natureza, é a pessoa. Depois de passar por Piaf, Amália Rodrigues, e com toda a bagagem que Deus lhe deu em 75 anos de carreira, a filha do gigante Procópio Ferreira manda ver Night and day (Cole Porter), a imortal Autumn leaves (Kosma/Mercer/Prévert), Fly me to the moon (Bart Howard), e outras magníficas da canção norteamericana. Imperdível, simples assim.

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e Boudleaux Bryant, a balada apareceu primeiro em disco dos Everly Brothers, em 1960. Roy Orbinson gravou versão, assim como Emmylou Harris, Gram Parsons e Jim Capaldi (ex-Traffic), que a levou ao topo das paradas britânicas, em 1975. A versão do Nazareth, de 1974, é considerada a mais conhecida, por ter feito sucesso estrondoso em vários países, incluindo o Brasil. A banda também colocou no olimpo do rock Hair of the dog, um dos rocks mais bacanas de todos os tempos. O Nazareth foi formado em 1968. Da formação original permanece só o baixista Pete Agnew. O cantor Dan McCafferty, cuja voz era o símbolo da banda, pediu as contas em 2013, devido à saúde debilitada. O grupo afirma que, com a chegada do cantor Carl Sentance, em 2014, zerou o conta-giros e tem início uma nova fase. Sabem como é, pedra que rola não cria limo.

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Destruction

tem tudo a ver, dada a maneira fidedigna com que executam a grande obra floydiana. O esmero não é apenas musical, na visita a clássicos do tipo Echoes, Time, Wish you were here, Dogs e Another brick in the wall. A arte visual, uma característica marcante nos shows do PF, também se faz presente. Ummagumma é o nome do quarto disco do Pink Floyd, bastante experimental, lançado no distante ano de 1969. Como o Pink nunca veio ao Brasil, vale pela celebração e pela bela música, que não dá o menor sinal de ter envelhecido.

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Eros Ramazzotti

Ummagumma Centro de Convenções Ulysses Guimarães, 27 de maio, 22h. Quem não tem Pink Floyd, nem Uma Thurman, se vira com Ummagumma. Piada infame à parte, fato é que os britânicos do Pink Floyd criaram uma música tão poderosa que, mesmo quando não são os membros originais tocando, é impossível ficar alheio a tamanha experiência aural e sensorial. Pois são essas duas coisas, em verdade, as melhores coisas que a música pode nos proporcionar, o mote por trás da Ummagumma, considerada uma das melhores bandas cover do velho Pink no Brasil. O epíteto The Brazilian Pink Floyd atribuído à banda, dizem,

Zé Ramalho

Centro Internacional de Convenções do Brasil, no Setor de Clubes Sul, 27 de maio, 22h. O romano Eros Ramazzotti honra a camisa da Squadra Azurra, como grande representante contemporâneo da música popular feita na Itália. Sim, bons tempos em que as paradas de sucesso no Brasil não eram majoritariamente anglo-saxônicas e nomes como Gianni Morandi, Sergio Endrigo, Gigliola Cinquetti, Nico Fidenco, Rita Pavone, Domenico Modugno, entre outros tutti buona gente, ocupavam nosso imaginário com boa música cantada em italiano. A gente até se interessava em saber quem havia vencido o festival de San Remo. Faz muito tempo. Ressalte-se que Eros não é nenhum neófito em emplacar sucessos. Cose della vita, primeiro grande hit de Ramazzotti por aqui, foi tema de amor (ui!) de Guido e Débora, personagens de Tony Ramos e Natália do Vale na novela Olho no olho, exibida pela TV Globo entre 1993 e 1994. De volta ao Brasil e pela primeira vez em Brasília, Eros Ramazzotti traz na bagagem, além de muitos sucessos na linha soft rock made in Italy, as músicas do mais recente trabalho. Perfetto.

Centro de Convenções Ulysses Guimarães, 11 de junho, 22h. Com o inverno do Centro-Oeste dando o tom e as festas juninas pegando fogo para todo lado, a alta temporada de shows nos brinda com mais uma bem-vinda visita de Zé Ramalho, uma das figuras mais marcantes do nosso cancioneiro. Quem se atreveu a pegar um violão certamente ficou feliz quando aprendeu a tocar as icônicas Chão de giz, Admirável gado novo e Avôhai, todas do Zé. Que a pessoa ao lado ficou contente, é outra história. Mas quando o original solta a voz grave e as palavras são enunciadas com a eloquência profética que remete ao realismo fantástico, a Zé Limeira, o poeta do absurdo, pronto. Não precisa dizer mais nada: estamos no mundo de Zé Ramalho. Divulgação

Clube do Congresso, 26 de maio, 21h. Kreator, Sodom, Tankard e Destruction. Parecem heróis da Marvel, mas na verdade são as quatro bandas que formam o Big Four do thrash metal da Alemanha. Sim, amigos, estamos falando de rock sujo, pesado, rápido e ríspido, como, aliás, todo bom rock deve ser. Dos quatro grandes teutônicos, só o Kreator já esteve em Brasília. Se os demais um dia passaram por este quadrado, mil perdões. Mas que agora é a primeira vez do Destruction, isso é. O trio formado pelos maus elementos Schmier (baixo/vocal gutural), Mike Sifringer (guitarra) e Vaaver (bateria) desce a lenha sem piedade, tal qual comprova a extensa discografia, iniciada em 1985, com Infernal Overkill. Os delicados ouvidos do brasiliense recebem em primeira mão as músicas do novo disco, Under attack. Aviso número um: não confundir thrash metal com trash metal. Olha as aulas de inglês. O primeiro é pancada; o segundo, lixo. Aviso número dois: se não gosta, o departamento das frutinhas fica lá na frente.

Bibi Ferreira Centro de Convenções Ulysses Guimarães, 28 de maio, 21h30. Mais coisas incríveis em Brasília: Bibi Ferreira e Frank Sinatra na mesma frase, aliás, na

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Joana França e Ricardo Theodoro

GRAVES&AGUDOS

Villa-Lobos na Jamaica

Disco da banda brasiliense Esperando Rei Zula apresenta repertório do compositor em versões dub, ska e reggae. POR PEDRO BRANDT

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aestro, músico e compositor, Heitor Villa-Lobos (1887-1959) deixou um legado importantíssimo para a cultura brasileira, tendo sido um dos principais responsáveis por dar alma nacional à música produzida no país. A partir de seu conhecimento da obra de grandes nomes da música erudita internacional, Villa-Lobos levou para suas composições elementos das tradições e do folclore do Brasil, de matriz indígena e do campo, além de assimilar novas manifestações urbanas da época, como o choro. O resultado, revolucionário, ajudou a quebrar paradigmas e a modernizar a música brasileira. Desde então, as peças de Villa-Lobos têm sido assimiladas, interpretadas e reinventadas de diversas maneiras. O grupo brasiliense Esperando Rei Zula, por exemplo, levou o compositor para um passeio na Jamaica. No recém-lançado álbum Jamaichianas brasileiras estão reunidas algumas das Bachianas em versões ska, dub e early reggae. Tocar Villa-Lobos nesses estilos musicais surgidos no país caribenho é uma ideia antiga, conta o guitarrista Rafael Farret: “Na época do Bois de Gerião, a

gente já tocava Trenzinho do caipira”. A banda, uma das mais queridas no cenário roqueiro de Brasília entre os anos 1990 e 2000, chegou a ensaiar as Bachianas e planejava gravar um disco com esse repertório. Entretanto, o projeto foi engavetado com a aposentadoria dos Bois, em 2009. Formada por integrantes ou ex-integrantes das bandas Prot(o), Bois de Gerião e Móveis Coloniais de Acaju, o Esperando Rei Zula surgiu como uma continuação natural do The F. Ska Allstars, formação periódicas de amigos fãs de música jamaicana. No repertório dos shows de ambas estavam clássicos do ska e versões nesse estilo para sucessos do rock e da música brasileira. “Nos conhecemos há muito tempo e o Rei Zula é uma maneira de nos mantermos em contato e de quem não tem mais uma banda continuar tocando”, comenta o saxofonista Esdras Nogueira. Traduzir as Bachianas para o universo musical do grupo não foi fácil. A missão coube a Gustavo Dreher, produtor e tecladista da banda. “Tive que desvendar as harmonias e as melodias, que estão muito intrínsecas em vários instrumentos, e simplificar tudo”, explica. “Saímos de uma coisa muito complexa e levamos para o ska, uma música que precisar ser simples para ser boa”, acrescenta Esdras.

Além dos três, integram o grupo o baixista Pedro Ivo, os bateristas Gabriel Coaracy e Rodrigo Txotxa e os trombonistas Jeferson Moura e Alexandre Bursztyn (que atualmente mora nos Estados Unidos). A audição de Jamaichianas brasileiras reforça a fluidez de possibilidades estilísticas para a obras de Villa-Lobos, ressaltando a beleza de composições como Cantilena e Trenzinho do caipira. Também fica clara a desenvoltura dos músicos envolvidos, engajados num trabalho reverente, mas com altas doses de liberdade criativa. “O interessante do Villa, e isso fica claro ouvindo nosso disco, é que ele, até por ter sido muito influenciado por Bach, é muito pop. Sua música não era hermética ou difícil de gostar”, aponta Rafael Farret. O álbum – que poder ser ouvido em www.esperandoreizula.com – foi gravado com auxílio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), o que possibilitou bancar a gravação e a liberação de direitos autorais das composições. O próximo plano da banda, conta o guitarrista, será um disco de remixes em parceria com vários produtores, aprofundando ainda mais o lado dub (versão psicodélica do reggae, trabalhada dentro do estúdio a partir das gravações) das Jamaichianas brasileiras.


GALERIADEARTE

Todas as faces (e fases)

© RMN-Grand Palais (Musée national Picasso)

Musée national Picasso-Paris_Dation Pablo Picasso

de Picasso

POR ALESSANDRA BRAZ

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icasso era um grande artista, isso todo mundo já sabe, a ponto inclusive de ter um museu com seu nome e dedicado às suas obras, o Musée National Picasso-Paris. E foi desse museu que o Instituto Tomie Othake recebeu as obras que poderão ser vistas na exposição Picasso: mão erudita, olho selvagem, em cartaz de 22 de maio a 14 de agosto na capital paulista. Em março de 2015 São Paulo também recebeu uma exposição que tratava da obra do artista, Picasso e a modernidade espanhola. O que haveria então de diferente na nova mostra? Desta vez, serão 153 peças, todas do acervo do museu francês, que remontam a trajetória do pintor desde sua formação, nos idos de 1900, passando pela fase cubista, surrealista, as obras engajadas socialmente, a exemplo da famosa Guernica (1937), e trabalhos mais eróticos. Além disso, mostram outros lados de Picasso, que também trabalhou com esculturas, gravuras, desenhos e fotogramas (imagens impressas quimicamente em filme cine-

matográfico), em parceria com o amigo e fotógrafo francês André Villers. Completam a mostra 12 fotografias de autoria de Dora Maar, uma das inúmeras amantes do espanhol, outras três do cineasta Pierre Manciet e filmes sobre os trabalhos e seus processos de realização. “Escolhemos aproveitar o caráter específico da coleção para esboçar um retrato do artista que questiona sua relação com a criação, entre fabricação e concepção, implantação e pensamento, mão e olho”, explica Emilia Philippot, curadora da exposição. Sendo assim, a fundamentação da exposição é relação do artista com suas obras. Uma de suas características mais latentes foi a de sempre explorar em seus trabalhos os sentimentos de sua alma. Famosas, por exemplo, ficaram a fase azul, que ocorreu logo após o suicídio do amigo Carlos Casagemas, em 1901, onde dor, sofrimento e tristeza se acumulavam, e a fase rosa, que veio em seguida e durou apenas dois anos. Começou quando Picasso se mudou para a província francesa de Bateau-Lavoir, onde se apaixonou pela artista francesa Fernande Oliver e pas-

sou a pintar quadros com cores quentes, ao contrário do que fazia anteriormente. Essa fase foi seguida pela entrada do mestre espanhol no cubismo, que lhe trouxe reconhecimento internacional. Da fase cubista, dois filmes que estarão na exposição retratam bem sua vitalidade e sua paixão pela arte: Guernica (1949), de Alain Resnais e Robert Hessens, que revisita a obra através dos desastres da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), e Le mystère Picasso, de Henri-Goerges Clouzot, que foca em seu processo criativo. No Brasil só houve outra grande exposição de Picasso em 2004, na Oca, pavilhão de exposições do Parque Ibirapuera. Portanto, o conjunto numeroso de obras, quase 90% das quais nunca antes apresentadas no país, faz de Picasso: mão erudita, olho selvagem uma rara e grande oportunidade de o público brasileiro ter um panorama abrangente de sua obra. Picasso: mão erudita, olho selvagem

De 22/5 a 14/8, de terça a domingo, das 11 às 20h, no Instituto Tomie Ohtake (Av. Faria Lima, 201, Pinheiros). Ingressos: R$ 12 e R$ 6 (à venda na bilheteria do instituto ou em www.institutotomieohtake.org.br). Entrada franca às terças e para menores de 10 anos.

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Thais Stoklos

QUEESPETÁCULO

Uma artista essencial POR VICTOR CRUZEIRO

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hamei Denise Stoklos para conversar e ela, para minha surpresa, topou. A breve hora que passamos no telefone foi o suficiente para que eu recebesse todo um novo universo que, ainda que me parecesse infinito, assentou-me no espírito com a sutileza de um poema e a crueza de um aforismo. O foco da conversa era a iminente vinda da atriz paranaense a Brasília, em junho, quando seus quase 50 anos de carreira serão conflagrados no espetáculo Tríade, que ocupará o Teatro da Caixa Cultural nos dias 10, 11, 12, 17, 18 e 19. Tríade reúne três textos de momentos distintos da carreira da atriz. Do início, Mary Stuart, elaborado a partir de vá-

rios textos sobre a rainha católica inglesa, traída e aprisionada. Vozes Dissonantes aparece como uma peça intermediária, elaborada à época do quinto centenário do descobrimento do Brasil. E, finalmente, Carta ao pai, de 2013, se baseia na correspondência escrita e jamais enviada pelo escritor tcheco Franz Kafka a seu pai, Hermann. O que liga essas três peças, além da óbvia presença de Denise? O que as conecta, além dos quase 50 anos passados entre elas? E o que, afinal, torna esse espetáculo tão único e essa artista tão sublime? Lexicamente, Denise Stoklos talvez possa ser definida como uma teatróloga, pois elabora todo o discurso de uma peça de teatro. Os textos são seus, assim como as coreografias, a cenografia, o som e, cla-

ro, a direção. Tudo emerge de um processo ímpar da própria atriz, que sempre buscou “um destino próprio para seu fazer teatral”, conforme ela mesma conta. Seu roteiro no teatro começa ainda na década de 1960, em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, trabalhando com diretores consagrados como Ademar Guerra e Antunes Filho. Em seguida, uma temporada em Londres trouxelhe estudos em mímica. Mas foi em 1987, em Nova York, que esses diferentes aprendizados e momentos encontraram-se na encenação do seu Mary Stuart. Essa nova imersão trazia “uma mistura entre mímica e teatro, juntando o movimento, que tanto me interessa, e usando a fala”, define. Eclodia o Teatro Essencial, o grande


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tour de force de Denise, seu big bang teatral, que a levaria pelo mundo com uma proposta única de autenticidade e simplicidade. É um teatro no qual o que impera é o humano. Em um palco nu, quase sem cenário, o que existe é o ator e o que vem dele: seu corpo, seus gestos, seus movimentos, palavras e mesmo a voz e as escolhas para operá-la. “É um espetáculo que tem a característica de não se demorar”, alerta Denise, chamando a atenção para outro aspecto preciso do seu teatro. O essencial faz parte do presente e, como tal, acaba na medida em que se estabelece. Portanto, não são espetáculos longos. “Apresenta-se e aproveita-se uma vida que se dispõe ao máximo, sem perda de tempo, sem pirotecnia, com aquilo que nos custa a vida: o fogo que queima e nos dá sentido”, proclama. O teatro é, para Denise, essencialmente político, na medida em que lida com a possibilidade de transformar seu lugar, seu momento, seu estado... e por que não, seu país? Todas as suas peças lidam, de alguma forma, com um sujeito que se vê sozinho em um ambiente no qual não consegue se soltar. Expressa-se como pode e com o que tem: seu corpo, suas palavras, as palavras dos outros. “Não faço teatro de voyeur. É uma forma de colaboramos com os outros, conscientes de que estamos todos no mesmo cenário. É para isso que fazemos teatro!”. Tríade não é só um espetáculo, é um presente. Mais do que assistir a uma diva do teatro brasileiro, e mundial, ver Denise no palco é uma forma de entrar em contato com o que há de mais essencial em nós, em tudo, desde muito e para sempre.

Embates da fé

Espetáculo encena passagens da vida de Santa Teresa d’Ávila, revolucionária reformadora da Igreja Católica. POR PEDRO BRANDT

Thais Stoklos

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Tríade – Denise Stoklos

De 10 a 19/6 no Teatro da Caixa (SBS, Quadra 4). Mary Stuart: 10/6, às 19h, e 11/6, às 20h; Vozes dissonantes: 12/6, às 19h, e 17/6, às 20h; Carta ao pai: 18/6, às 19h, e 19/6, às 20h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Classificação indicativa: 16 anos. Informações: 3206.9450.

epois de uma temporada no CCBB de São Paulo, a peça A língua em pedaços chega ao de Brasília, onde será encenada entre 18 de maio e 12 de junho. O espetáculo foi concebido pela atriz Ana Cecília Costa, tem direção de Elias Andreato e texto do espanhol Juan Mayorga. No elenco, Ana divide a cena com Joca Andreazza para contar parte da trajetória de Teresa d’Ávila, santa espanhola do Século 16. Autora de vasta produção literária, a religiosa escreveu poemas, obras de carácter didático e místico, além de uma autobiografia. Também foi fundadora de vários conventos de Carmelitas Descalças pela Espanha. Uma mulher à frente de seu tempo, ela foi perseguida pelos setores conservadores da Igreja Católica de sua época. O cenário da peça é o Mosteiro São José, primeiro convento de Carmelitas Descalças fundado por Teresa. A plateia acompanhará os embates entre dois personagens em lados apostos da mesma causa. Por conta de suas experiências místicas, como visões e arrebatamentos, a protagonista é acusada de profanação por um inquisidor, representante do poder eclesial e caçador de hereges. O anta-

gonista não é apresentado como intolerante, nem a monja como dona de razão inquestionável, fazendo com que o espectador se sinta desafiado. Intérprete da santa, Ana Cecília Costa quis levar sua história para os palcos depois de ler O livro da vida, biografia de Teresa d’Ávila, clássico da literatura mais lido pelos espanhóis depois de Dom Quixote, de Cervantes. A obra ajuda a entender o homem moderno, em busca de si mesmo e pronto para experiências místicas. “Me atraía o mistério de sua intimidade com Deus, sua figura extremamente humana e atravessada pelo Sagrado. Quis que a sua palavra cheia de coragem e poesia fosse ouvida no teatro, um lugar também sacralizado e político”, conta a atriz. Para o premiado dramaturgo Juan Mayorga, a personagem de Teresa é necessária aos dias de hoje, independente de crenças, por sua inspiração questionadora e visionária. “Mesmo um ateu, que não acredita em sua mística, pode se sentir fascinado pelo ser humano Teresa”, arrisca o autor. A língua em pedaços

De 18/5 a 12/6 no CCBB Brasília. De quarta a sábado, às 20h; domingo, às 18h. Sessões extras: 11/6, às 18h, e 12/6, às 20h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Não recomendado para menores de 12 anos. Mais informações: 3108.7600.

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Divulgação

LUZCÂMERAAÇÃO

Resplendor da

China medieval

Em cartaz nos cinemas de Brasília, A assassina, que marca o retorno do grande diretor chinês Hou Hsiao-Hsien depois de oito anos, mergulha no fausto universo da dinastia Tang. POR SÉRGIO MORICONI

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ascido na China, mas instalado em Taiwan desde um ano de idade, Hou Hsiao-Hsien se consagraria a partir dos anos 1980 como um dos mais importantes realizadores asiáticos. São inúmeros os seus filmes que receberiam os favores da crítica internacional. Um tempo para morrer, um tempo para viver (1985), Poeira no vento (1986), Mestre das marionetes (1993), mais recentemente Flores de Xangai (1998), Milenium mambo (2001), Café Lumière (2003), Três tempos (2005) e A viagem do balão vermelho (2007) – este com a atriz Juliette Binoche e filmado em Paris –, além de um dos episódios de Cada um com seu cinema (2007), são alguns deles. Os seis últimos aqui citados tiveram boa receptividade em festi-

vais e mostras no Brasil. Menciono todos esses títulos para dar uma ideia da solidez e da qualidade do seu cinema. A inclinação para um cinema visualmente exuberante já se podia intuir com Flores de Xangai, também um filme de época (Século XIX), única obra do diretor que teve de fato uma carreira comercial regular em nosso país. Mas A assassina exigia muito mais tanto do ponto de vista do orçamento como da pesquisa. Passado na China da dinastia Tang, entre os anos 581 e 907, o filme fez Hou Hsiao-Hsien se debruçar sobre um período que só conhecia através das histórias de “wuxia”, uma paixão da infância. Foi o irmão mais velho quem primeiro lhe fez conhecer a coleção de livros fantasiosos com seus heroicos espadachins da China ancestral liderada por

Sui Li Yuan, o oficial a quem imputam a unificação do país depois de vários séculos de desagregação, inclusive territorial. Literatura barata, pulp fiction importada de Hong Kong, a wuxia (ou wu xia, herói militar honrado e armado) sempre foi considerada popularesca e vulgar, pais e avós do kung-fu. No entanto, foi ela que conduziu, segundo as próprias palavras do diretor, à leitura de literatura de maior qualidade, “vinda de horizontes diferente, como Robinson Crusoé, entre tantas outras”. Ele adimite que os livrinhos vindos de Hong Kong o fizeram se interessar perdidamente pela época Tang e foi através deles que chegou até a personagem de Nie Yinniang, a heroina de A assassina. Uma coisa é certa: ninguém pode dizer que não sabe absolutamente nada do filme, já que o título


nos conduz ao desígnio essencial da intriga e da ação. De fato, a história passada no Século IX trata de uma jovem assassina do império enviada a uma província distante para matar o jovem governador que havia sido seu companheiro de infância e seu amor secreto. Não há grandes revelações aqui. Tudo está exposto no início de um filme cuja ação se move minimalisticamente e de forma elegante entre corredores e aposentos exuberantemente decorados. Os figurinos das personagens também não ficam nada a dever. Um colírio para os olhos. A assassina se inicia em preto e braco, com a tela em formato quadrado, muito provavelmente – como observa o crítico Vincent Malausa, do Cahiers du Cinéma – aludindo a certas pinturas e caligrafias ancestrais chinesas. A suntuosa cenografia exigiu de Hou Hsiao-Hsien generosos recursos financeiros além de pesquisas históricas extremamente minuciosas, pesquisas essas facilitadas pela grande quantidade de documentos sobre a dinastia Tang recolhidos pelo diretor durante toda a vida. De todo modo – uma minúcia nem um pouco frívola –,

permanecia como grande desafio encontrar a seda adequada para os véus, filós, cortinas (todos eles em seda), assim como outros tecidos compatíveis historicamente com aqueles utilizados no período Tang. Um tal perfeccionismo exigiu seis anos de pré-produção e produção. Fazendo referência outra vez ao tema dos tecidos, a equipe de figurinistas e consultores históricos exigia seda artesanal, não industrial, e isso não seria uma tarefa nada fácil. Uma parte seria encontrada, com muito esforço, na Coreia, e o restante obrigaria a equipe a fazer uma peregrinação pela Índia. Com tudo na mão, Hou Hsiao-Hsien iniciaria as filmagens em novembro de 2012 e a terminaria em janeiro de 2014. Mais um ano seria necessário para os trabalhos de finalização. Muitos jornalistas indagaram ao diretor se ele havia usado muitos efeitos digitais durante o processo de pós-produção. Referiam-se principalmente à cena em que uma espessa bruma envolve rapidamente um vale e com a mesma velocidade se desfaz, bem como à belíssima sequência da infância em que uma nuvem de mariposas notur-

nas invade o quadro, proporcionando um efeito mágico muito bonito. Nos dois casos, foram a sorte e o acaso que vieram em socorro do realizador: como a névoa acontecia todos os dias num mesmo local, foi preciso apenas que a equipe se posicionasse com rapidez na ponto adequado. A opção por um efeito numérico elevaria substancialmente o custo da produção; no caso das mariposas, elas surgiram do nada e os atores interagiram com elas sem que houvesse necessidade de nenhum pedido de Hou. O mais fascinante nessa cena é que ela é quase uma alegoria dos movimentos de mariposa (ou seria de borboleta?) de Nie Yinniang. No filme, a assassina tem uma hipersensibilidade auditiva, perscrutando os passos de suas vítimas com os ouvidos, e se move como um dissimulado felino por entre a hesitante luz da velas e das imagens filtradas pelas sedas dos cenários. A assassina

Taiwan, China, Hong kong, França/2016. Drama/ação, 105min. Direção: Hou Hsiao-Hsien. Roteiro: Hou Hsiao-Hsien e Chu T’ien-wen. Com Shu Qi, Chang Chen, Yun Zhou, Nikki Hsin-Ying Hsieh, Ethan Juan e Michael Chang.

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CRÔNICADACONCEIÇÃO

Crônica da

Conceição

Onde está o meu país? Q

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uando ouvi pela primeira vez o nome de Pedro Álvares Cabral, fiz dele um herói. Eu e gerações e gerações de brasileiros. Quantos de nós não o temos até hoje como um inventor do Brasil? Só muito depois ficamos sabendo que não foi bem assim. E que o país não foi descoberto, Cabral e os demais o invadiram e, ao fim de um longo ciclo de perseguição, escravidão e evangelização, exterminaram etnias inteiras, algo acima de três milhões de índios. Ninguém nos ensinou isso na escola. Quando me levaram – de sainha plissada e blusa de manga comprida num sol e umidade amazônicos – para tremular bandeirinha do Brasil à passagem do presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici, me senti pela primeira vez uma cidadãzinha. Cheguei a ver os olhos azuis do homem mais poderoso que eu já tinha visto e achei ele um vovô bonzinho. Se o meu país era comandado por aquele branco forte e rosado, eu podia seguir tranquila. Estava protegida. Tolinha. Era estranho, porém, o meu país. O planeta onde eu morava era dividido em dois: do lado de cá, no meu bairro, palafitas, pobreza e violência. Do lado de lá, onde estudava, casario colonial, mangueiras fazendo túneis nas avenidas e uma santa com coroa de ouro. Entre a casa e a escola, um mercado de tudo quanto há: peixe, frutas, cheiros, cerâmicas, urubus e uma imensidão de água. Já sabia então que o meu país era rico e miserável, diverso e descomunal. No colégio de freiras se aprendia francês e se exercitava o preconceito racial

brasileiro. Éramos apenas duas as negras: eu, com meu disfarce de pele cor-de-burro-quando-foge, e minha amiga Gláucia, de pele negra e cabelos lisos. Certamente foi a cor da pele que nos fez amigas. Também éramos, pelo que me lembro, as duas únicas pobres – ela havia conseguido uma bolsa de estudos e eu tinha um pai sábio, que fazia mil-e-uma para assegurar a mensalidade do colégio. Quando atravessei, menina, a BelémBrasília, pude conferir mais um Brasil: o moderno. Rico, miserável, diverso, descomunal, preconceituoso e... arrojado. Se Belém do Pará havia sido a Paris da América, por conta do ciclo da borracha (um desvario civilizatório ao norte), Brasília era um gesto afirmativo de Nação, era uma nova cidade para um novo Brasil. Não mais sociedades isoladas ao sul, sudeste, norte e nordeste, mas um encontro de Brasis no epicentro do território. Um país, enfim. Nas viagens com meu pai, cruzamos territórios convulsionados. Só muito mais tarde, quando cheguei à faculdade, fiquei sabendo que, ao atravessar a Belém-Brasília no começo dos anos 1970, estava pisando em campo minado – a guerrilha do Araguaia estava sendo exterminada pelas Forças Armadas. Aos 18 anos, descobri que, desde os seis, vivia numa ditadura e do que era capaz aquele velhinho de olhos azuis – sob o governo dele, o regime de exceção teve seus piores e mais brutais momentos. Foi uma juventude de luta, um renascer da utopia. Àquele tempo, a direita estava envergonhada. Esse foi um dos

grandes erros dos que acreditam num mundo menos desigual e mais libertador: acreditar que as forças do atraso estavam isoladas. Anistia, Diretas, Já, Constituinte, eleições em todos os níveis. Ah, como meu país estava, lenta e gradativamente, renascendo. Grande, vigoroso, fértil, criativo, afirmativo, menos desigual, mais inclusivo. Ninguém percebeu, mas o Brasil continuava um gigante adormecido, não aquele ufanista, mas um outro, um Brasil ainda escravocrata, plutocrata, preconceituoso, autoritário, dissimulado, traiçoeiro, corrupto e corruptor. Meio século se passou desde que eu ía, de jardineira, das palafitas ao casario colonial. Meu estupor de menina está redivivo: onde está o meu país? Haverá mesmo um país? Que Nação é esta que ainda não conquistou instituições equilibradas, democráticas, corajosas, justas? E que povo nós somos, afinal, que não conseguimos perceber o quanto somos manietados por quem quer nos usar para seguir agindo contra nós? Encaro o espelho e não me reconheço. Nós, os brasilienses, temos pelo menos um alento: descansamos nossos pés em território construído pelo que de melhor o Brasil produziu, nesse suceder de desastres: uma capital feita com a inventividade, a engenhosidade, a determinação e a coragem de sonhar de um povo e de um presidente. Se Brasília foi possível, se outros possíveis foram possíveis, outros possíveis virão. Talvez demore, mas virão.


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Faz tudo por vocĂŞ


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