BRASÍLIA É CENÁRIO DE DOIS FILMES QUE ESTREIAM EM AGOSTO
Ano XV • nº 253 Julho de 2016
R$ 5,90
Caminhantes do Cerrado Eles fazem parte de um grupo de amigos que gostam de percorrer trilhas urbanas e rurais pra sentir a natureza e recarregar a pilha
EMPOUCASPALAVRAS
Pois é, há uma turma boa daqui de Brasília que levanta a mão para dizer que caminha pelo simples prazer de conhecer novos lugares, curtir os encantos do Cerrado, superar seus limites e atingir um bem-estar físico e mental que manda pra longe todo estresse da vida urbana. Seus integrantes se reúnem no Grupo de Caminhadas Brasília, GCB para os íntimos, em passeios que lhes permitem sentir Brasília e seus arredores de uma forma muito diferente da nossa, seres urbanos. Escalamos Súsan Faria para acompanhar esse grupo bem organizado e contar para os leitores como é essa nova atividade de lazer nas trilhas candangas. Seu relato começa na página 16. Nova também é a recém-inaugurada atração da orla do Lago Paranoá, batizada de Na praia, que chega este ano a sua segunda edição bem maior e com diversão de sobra pra todos os gostos: esportes, festas, shows, boa gastronomia, drinks e, evidentemente, sol e areia para os brasilienses se sentirem numa verdadeira praia (página 14). Pra não dizer que não falamos de gastronomia, apresentamos um restaurante marroquino que acaba de ser inaugurado na 208 Sul. No bufê do almoço do Mabruk, carne de cordeiro, de frango, macarrão marroquino, grão de bico com couve e kafta de almôndega. No jantar a la carte, novamente cordeiro, carne com ameixa e cuscuz marroquino com sêmola de trigo (página 6). Para finalizar, lembramos aqui uma profecia feita pelo chef Gil Guimarães na edição 154 da Roteiro, de 19 de novembro de 2008: “Não vou fazer a melhor pizza de Brasília. Vou fazer a melhor pizza do Brasil”. Pois essa profecia acaba de se realizar. A pizzaria Baco foi eleita a melhor do país por 165 especialistas e 17 mil votos populares apurados pela revista Prazeres da Mesa (página 4). Tanti auguri, Gil! Boa leitura e até agosto! Maria Teresa Fernandes Editora
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Quantas vezes já ouvimos dos médicos e profissionais de saúde que a caminhada é a atividade física que reúne maior número de vantagens, além de ser a mais segura do ponto de vista cardiovascular e ortopédico? Infinitas, não é mesmo? Muitos de nós estamos até convencidos disso, claro, mas levante a mão quem sai de casa para caminhar por gosto, sem ser pela necessidade premente de queimar as calorias ingeridas com a pizza e o vinho da véspera...
24 graves&agudos Toquinho, Carlos Lyra, Wanda Sá e Quarteto em Cy homenageiam o amigo Vinicius de Moraes em show comemorativo dos 54 anos de Garota de Ipanema.
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ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14 – Conjunto 2 – Casa 7 – Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes | Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa Carlos Roberto Ferreira | Colaboradores Alessandra Braz, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Ana Vilela, Beth Almeida, Cláudio Ferreira, Conceição Freitas, Eduardo Oliveira, Elaina Daher, Heitor Menezes, Júlia Viegas, Laís di Giorno, Luana Brasil, Lúcia Leão, Luís Turiba, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Pedro Brandt, Ronaldo Morado, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Teresa Mello, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle | Fotografia Fabrízio Morelo, Gadelha Neto, Rodrigo Ribeiro, Sérgio Amaral, Zé Nobre | Para anunciar 99988-5360 | Impressão Editora Gráfica Ipiranga Tiragem: 25.000 exemplares. 3
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ÁGUANABOCA
Crônica de uma vitória anunciada TEXTO E FOTOS LÚCIA LEÃO
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oventa segundos, nem um a mais! Esse é o tempo em que se opera o milagre, em que se dá a metamorfose de ingredientes isolados num corpo único, inconfundível e sublimemente desejável: a pizza napolitana. Uma mente cartesiana diria tratar-se de uma reação química natural, em que determinados elementos – farinha, água e fermento na massa e molho de tomate, muçarela de búfala e manjericão na cobertura, porque, no caso, nosso objeto de desejo é uma margherita – se fundem sob o calor de 485 graus. O ar quente se expande dentro da massa – um processo físico – e incha as bordas, desenhando um arco crocante ao redor da mistura vermelha, branca e verde. Mas aqui falamos de sentidos – visão, olfato, tato e paladar – que transcendem a razão. Então é mais próprio chamar de magia. Se a apoteose é ligeira, o caminho até lá é lento. Misturados os ingredientes – farinha, água, fermento e só – a massa deve descansar por 13 horas, às vezes mais, mas nem um pouco a menos – para completar o ciclo de fermentação. E daí ser
trabalhada pelas mãos hábeis de pizzaiolos treinados nas sutilezas técnicas da pizza napolitana. Como a de abrir os discos sem tocar na borda para que ela inche de maneira uniforme quando for ao forno. É, portanto, de quase um dia o tempo de preparo de uma pizza napolitana. Mas chegar à “vera pizza napolitana”, certificada pela AVPN – associação italiana com autoridade legal para designar pizzarias que seguem estritamente a receita de acordo com as normas da STF (Specialità Tradizionale Garantita) – e ir além, se aproximar da perfeição... ah, isso é trabalho para uma vida! A vida de Gil Guimarães, criador e dono da Baco Pizzaria, que chega à maioridade consagrada como “a melhor do país”, título concedido pela revista Prazeres de Mesa em eleição por um colegiado de 165 especialistas (chefs, críticos, jornalistas e estudiosos de gastronomia) e por mais de 17 mil votos populares. A conquista, na verdade, é como que a “crônica de uma vitória anunciada”. Não surpreendeu quem acompanha a trajetória do chef-empresário desde que ele se estabeleceu na Quituart, o point alternativo mais charmoso de Brasília naqueles idos de 1999. O jovem empreen-
dedor retornava de uma temporada de estudos na França convicto de que seu destino estava definitivamente atrelado aos conhecimentos sobre pães e vinhos adquiridos nas salas de aula, cozinhas e caves francesas, mesmo que sua realidade à época apontasse para uma bem sucedida carreira burocrática no serviço público como funcionário concursado do GDF. Nos primeiros tempos era o Baco Bar a Vin, preso ao purismo da gastronomia francesa, especialmente à boulangerie e aos vinhos, focos dos primeiros estudos de Gil em terras gaulesas. Gil preparava pessoalmente as massas dos pães para sanduíches como o primeiro que caiu no gosto dos clientes: ciabata com muçarela de búfala, tomate seco e berinjela, identificado no cardápio pelo número 402. As pizzas vieram depois, por demanda dos clientes, e não sem um certo constrangimento do chef. “Hoje eu admito que tive alguma dificuldade de assumir a Baco como pizzaria. Eu voltei para o Brasil com um pouco daquela prepotência, do nariz empinado dos franceses, que consideram a pizza uma iguaria menor, menos sofisticada, o que não tem nada de verdade”, revela Gil Guimarães.
Se era a voz do povo, haveria pizza. Mas com sotaque. A tradicional margherita ganharia muçarela de búfala e faria par com uma novidade que remetia diretamente ao paladar francês: gorgonzola com pera. Gil acertou na mosca: os dois sabores são, até hoje, os mais apreciados da Baco Pizzaria. Na sequência da Quituart – de onde Gil guarda as mais carinhosas lembranças – vieram a Baco da Asa Norte, no ano 2000, e a da Asa Sul, em 2002. E vieram também outros negócios ora similares, ora completamente distintos do irrequieto empreendedor, como a Baco em Pedaços, o Barcelona e a Azulejaria, que ficaram pelo caminho enquanto o empresário acumulava cada vez mais experiência, conhecimento e... prêmios. Ser eleita a melhor pizzaria do Brasil foi a maior de muitas honrarias já recebidas pela Baco, entre elas a inclusão, em 2015, na lista top da Il Gambero Rosso, uma das publicações especializadas mais conceituadas da Itália. “Eu frequento a Baco acho que desde sempre, desde que abriu! Simplesmente adoro essa pizza. É leve, saborosa, a massa com a crocância perfeita... tudo de bom!”, atestou a atriz Adriana Mariz, enquanto saboreava uma margherita – sua preferida – com uma boa taça de vinho junto com a mãe Mabel e o amigo Paulo Batista.
Adriana Mariz, com a mãe e o amigo Paulo na Baco da 408 Sul: pizza leve, saborosa, com a crocância perfeita.
Definitivamente assumido, Gil Guimarães tem hoje duas convicções: de que o seu negócio é a “vera pizza napolitana” e de que não haverá outras Baco além das atuais pizzarias das asas Norte e Sul. O que não significa que ele não reserve novas surpresas para os brasilienses. Como a de trazer para Brasília uma filial da Napoli Centrale, recém-inaugurada no Mercado de Pinheiros, em São Paulo, em sociedade com o chef Marco Live. “Lá servimos no balcão a pizza napolitana de forno, pizza frita e fritos napolita-
nos. É uma portinha, sem serviço de salão, o que permite ter um produto muito mais barato. Como é a pizza em Napoli, um alimento popular de rua”. Especialmente nesses tempos bicudos, é tudo o que querem – ou que queremos, nós – os amantes da vera pizza napolitana! Baco Pizzaria
408 Sul, Bloco C (3244.2292) 309 Norte, Bloco A (3274.8600) Diariamente das 18 à 1h.
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ÁGUANABOCA
Tal qual no Marrocos POR TERESA MELLO FOTOS RODRIGO RIBEIRO
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o início deste mês, em espaço arejado na 208 Sul, nascia um restaurante abençoado por Alá. “Mabruk”, desejaram os conterrâneos, em saudação árabe comum a momentos festivos. Vieram embaixadores do Marrocos, das Filipinas e da Sérvia, recebidos por Youssef Lamari, de 38 anos, natural de Casablanca, e pela esposa, a brasiliense Carolina Savioli, de 36. Para preparar o banquete, o chef Naoufel Sakhr
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se trancou na cozinha durante três dias. “A gente só sentia o cheiro das comidas”, contou Carolina. No dia seguinte à festança, o local, com capacidade para 100 pessoas, inaugurou o almoço self-service. Aberto às 11h30, de terça a domingo, há um festival de sabores por R$ 58 o quilo: carne de cordeiro, de frango, macarrão marroquino, grão de bico com couve, kafta de almôndega, esfiha com borda recheada, abobrinha, berinjela. “A cada dia farei algo novo para testar o paladar dos brasileiros”, anunciou Naoufel, de 37 anos,
no Brasil há três meses e já adepto do nosso café. “Comida é cultura”, acredita ele, que, depois de estudar gastronomia – a contragosto da família, que o queria no Exército –, foi trabalhar na Tunísia, na Turquia e na Grécia. As diferenças culturais afloram nas bandejas do Mabruk. As saladas apresentam menos folhas e o pão é muito presente na refeição. Os temperos, como a pimenta e a páprica, vêm do país de origem. Youssef explica que, no Marrocos, os pratos são feitos sem pressa. “Para encorpar molhos, usamos um tipo de man-
Mabruk Culinária Marroquina
208 Sul, Bloco C (3546-2108). De terça-feira a domingo, das 11h30 às 23h.
Gostosuras saudáveis POR SÚSAN FARIA
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essoas com intolerância a glúten e lactose têm agora uma interessante opção para comer com gosto e sem culpa: o Maria Cozinha, espaço aconchegante e artesanal, colado no Parque Olhos D’Água, na Asa Norte. A ideia partiu de Maria Luiza Carneiro e Cris Oliveira, publicitárias moradoras de Brasília e apaixonadas por gastronomia, que durante quase uma década amadureceram o sonho de montar um negócio próprio no ramo alimentício e no dia 11 de julho inauguraram o Maria Cozinha. A casa oferece 30 produtos diferentes, salgados e doces, sem o uso de leite, com ingredientes naturais, ricos em fibras e antioxidantes. Os preços variam de R$ 5 (brigadeiro de biomassa com chocolate belga) a R$ 30 (oito tipos de bolos). Cris Oliveira, paranaense de Ibiporã, 39 anos, três filhos, gosta especialmente da arte de confeitaria, como os bolos – siciliano, gelado com chocolate belga, de laranja, de cenoura e de batata doce. “Pesquisamos muito as farinhas, os ingredientes, e durante um ano testamos as receitas”, explica, lembrando que a Maria Cozinha oferece variedades de pizzas com queijo sem lactose, o pão de ervas, as tortas, biscoitos com chia ou quinoa, rocamboles, waffes, brownie, trufas, chutneys, geleias e sucos, entre outras opções. Na opinião de Cris, a crise econômica pela qual passa o país oferece oportunidades, como a de conseguir um espaço que sonhavam para instalar a nova casa brasi-
liense. Ela e a sócia, com o auxílio de uma cozinheira, literalmente “colocam a mão na massa” e fazem os quitutes deliciosos. O espaço não é grande, serve até 20 pessoas sentadas, mas aceita encomendas. O projeto arquitetônico é de Nayara Garcia, que desenhou e pintou arcos de uma luminária, em vermelho e branco; o armário, com decoração diversa; paredes e banquinhos forrados com tecido gorgorão. Em cada detalhe, muita delicadeza, assim como no nome da casa que, segundo as proprietárias, lembra Maria, uma mãe dedicada (ambas são católicas), ou as Marias cozinheiras, compenetradas no ofício. Maria Cozinha
413 Norte, Bloco E (99964.6457). De 2ª a 6ª feira, das 10h às 18h.
Fotos: Diogo Ramos
teiga que fica marinando de seis meses até três anos no escuro.” Na hora da refeição, a família senta-se à mesa diante de um único prato redondo com até 60 cm de diâmetro e todos se servem com a mão direita. Morador da Asa Sul, o argelino Hassen Guellati, de 70 anos, elogiou a iniciativa do jovem empresário de investir nessa gastronomia, “uma das melhores do mundo”. “A minha vontade, ao abrir o restaurante, foi trazer a nossa cultura para Brasília”, contou Youssef, no Brasil há cinco anos, e presidente da uma associação de marroquinos em Brasília. “Aqui nós temos a feijoada no sábado e lá existe o cuscuz na sexta-feira, depois das orações na mesquita”, completou Carolina. Para a happy hour, a partir das 18h30, a sugestão do bartender brasiliense Leandro Rodrigues, de 31 anos, é o uarad, drinque à base de arak, tamarindo e água de rosas da terrinha. Há bufê de petiscos incluindo quibes, pastéis, kaftas e pães. O jantar, à la carte, oferece cordeiro, carne com ameixa e cuscuz marroquino, feito de sêmola de trigo, todos por R$ 84 para duas pessoas. O frango cítrico, temperado com limão-siciliano, sai a R$ 72. Outro destaque é o hábito de fumar narguilé, que borrifa o ar com essências cítricas, de flores e de frutas, vindas de países árabes. Depois dos doces folhados, é hora do tradicional chá temperado com hortelã e servido em cascata quente sobre o copo. À sombra, Hasnaá, de 11 meses, filha de Youssef e Carolina, dorme serenamente.
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PICADINHO ção local. “Para isso, priorizamos a compra de insumos de fornecedores do Centro-Oeste, de forma a promover um crescimento econômico em cadeia, desde o produtor até o restaurante”, afirma Andrei Prates. Os menus dos restaurantes estão na fanpage Facebook:\Panelas-da-Casa.
Dose dupla No Armazém do Ferreira (202 Norte, Bloco A, tel. 3327.0167) o antídoto à crise é a dose dupla de chope Brahma em todos os dias da semana. De segunda a sexta-feira, das 17 às 20 horas; nos sábados, das 18 horas até o último cliente. Para combater o friozinho do inverno, uma ótima opção é o bufê de caldos do bar – caldo verde, de feijão, de frango e de milho.
Sinal dos tempos 1 Pagar R$ 128 (mais 10% de serviço) por um rodízio de carnes é para quem tem muito apetite e muita bala na agulha. Em tempos de vacas magras, então... Pensando nisso, a churrascaria Fogo de Chão (Setor Hoteleiro Sul, tel. 3322.4666) decidiu criar um novo formato de refeição, rompendo com uma tradição de quase quatro décadas. Desde 20 de junho, os clientes podem optar por um único corte de carne (fraldinha, shoulder steak, filé mignon ou miolo de alcatra) pelo preço de R$ 85, com direito à mesa de saladas. O preço cai ainda mais para quem preferir peixe (R$ 80) ou frango (R$ 68) e para quem quiser apenas a mesa de saladas (R$ 49,90), na qual são servidos também queijos importados, pães, temperos e acompanhamentos especiais.
Boutique de cerveja Divulgação
Os apaixonados por cervejas têm mais um ponto de referência na cidade. O Empório Soares & Souza inaugurou uma nova loja no Boulevard Shopping, no Setor Terminal Norte. Aproximadamente 100 rótulos de todos os estilos da bebida estão disponíveis tanto nas prateleiras quanto nas geladeiras, para consumo imediato. Um sommelier estará diariamente na loja para esclarecer dúvidas e indicar rótulos que atendam aos diferentes paladares da clientela.
Delícias juninas 1
Os participantes da terceira edição do festival gastronômico Panelas da Casa (foto) acharam por bem reduzir para R$ 42,90 o preço dos menus – entrada, prato principal e sobremesa – que serão servidos, de 25 de julho a 14 de agosto, nos restaurantes Belini Pães & Gastronomia, Belini Café, Bhumi, Cantucci Bistrô, Cartolaria, Dona Lenha, El Paso, Empório Árabe, Genghis Khan, Jambu, Nossa Cozinha Bistrô, Oinc e Veloce. Na edição anterior, em fevereiro último, os menus custavam R$ 55. A intenção dos idealizadores do festival – os empresários Andrei Prates e Mateus Takano e o chef Alexandre Albanese – é estimular a criatividade dos restaurantes e valorizar a produ-
Rayan Ribeiro
O clima de festa junina serviu de inspiração ao chef Lui Veronese para formatar o novo “passeio criativo” do restaurante Cru (Clube de Golfe, anexo ao Oliver). São seis novos pratos, com o mesmo preço por pessoa: R$ 139. “Com o tempo frio que está fazendo em Brasília, optei por um cardápio com mais pratos quentes. Apenas um prato será cru, mantendo as raízes do restaurante”, afirma Veronese. Uma das novidades é o espetinho de peixe branco com aspargos e molho chimichurri, em que a apresentação se transforma em uma “mini fogueira” na mesa do convidado. Outra novidade é o Cremat, um “quentão catalão” feito à base de rum, café e canela, oferecido aos clientes como cortesia de terça a sexta-feira, a partir das 21 horas.
Novidades no Bhumi
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Sinal dos tempos 2
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Bem Arretado (Setor de Indústrias Gráficas, Quadra 6, tel. 3341.1004). No cardápio, assinado pela chef Rafaela Jardim, pontificam o tradicional baião de dois (R$ 21,90, individual, ou R$ 36,90, para duas pessoas) e a carne de sol completa (R$ 24,90 ou R$ 43,90). Entre as sobremesas, a cocada ou o doce de banana com sorvete de tapioca (R$ 15) e o brigadeiro de colher (R$ 5).
Delícias juninas 2 Quem também aderiu de corpo e alma ao clima de festa junina, com pratos e sobremesas típicos desta época do ano, foi o nordestino
O ceviche de banana da terra com tiras de cebola roxa, pimenta dedo de moça, suco de limão e cheiro verde (R$ 11,90) é uma das novas entradas do cardápio do Bhumi (113 Sul, Bloco D, tel. 3345.0046). Entre os pratos principais, sobrecoxa de frango recheada com legumes, envolta em crocante de castanhas, servida com creme de mandioquinha, cebolas caramelizadas, tomate cereja, ervas frescas e duo de sementes de girassol e de abóbora (R$ 28,90), filé de salmão com topping funcional de quinoa, gergelim negro e gersal tostado, salteados no azeite sobre leito de carpaccio de abobrinha, servidos com ravióli de abóbora cabotiá na manteiga de ervas frescas com semente de girassol (R$ 44,90) e estrogonofe
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de carne orgânica (foto), composto de carne vermelha orgânica em tirinhas, molho fresco de tomates, iogurte natural, servidos com arroz integral orgânico e batata salteada (R$ 31,90).
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pastas, geleias, tortas e doces, além de bebidas quentes e frias, ao preço de R$ 45,90 por pessoa. Entre os salgados, brioches caseiros, amanteigados, quibes fritos e assados, esfihas abertas (carne, frango e ricota), folhado de frango, ricota fresca fatiada, manteiga, chancliche (queijo árabe), além das pastas de homus (grão-de-bico), azeitona e baba ghanouj (pasta de berinjela com tahine). Queridinha dos árabes, a geleia também estará presente, nos sabores damasco, rosas, casca de laranja e frutas vermelhas.
pratos, acompanhadas de batata doce rústica e maionese, ao preço de R$ 30.
Sabores venezianos O chef Agenor Maia foi buscar no Vêneto, terra de seus avós, inspiração para criar o novo cardápio do seu Olivae Restaurante (405 Sul, Bloco B, tel. 3443.8775). São inúmeras as opções de entradas, como a copa de porco curada com alho negro e fior di latte, os croquetes de porco defumado na casa com geleia do dia e os dadinhos de tapioca com coalho. Entre os pratos principais, copalombo de porco cozido sob vácuo após marinar em cerveja, bochechas de porco caipira (foto) e lombo alto de robalo ao caldo de camarões com mariscos e vegetais. Na sobremesa, obviamente, não poderia faltar o tiramisú.
Vinhos em promoção Até o final do mês os vinhos argentinos Portillo Malbec e Callia Alta Malbec serão servidos a preços especiais em todos os restaurantes da rede Outback. O preço da garrafa de 750ml do Portillo caiu de R$ 70 para R$ 59, e a taça de 175ml de R$ 22 para R$ 19. No caso do Callia Alta Malbec, o preço da garrafa cai de R$ 64 para R$ 55 e o da taça de R$ 21 para R$ 18,50.
Chá da tarde árabe No Líbano – e não apenas na Inglaterra – as reuniões para conversar, tomar um chá e saborear um lanche no final da tarde são um hábito arraigado, que o Empório Árabe (215 Sul, Bloco A, tel. 3363.3101) achou por bem reproduzir em Brasília. Às terças e quartasfeiras, a partir das 4 da tarde, o restaurante serve rodadas de salgados típicos, pães sírios,
Os sanduíches e hambúrgueres artesanais, feitos na parrilla e servidos com molhos próprios e exclusivos pelo El Negro Food Truck, podem ser encontrados também, agora, nas duas unidades do restaurante (413 Norte, Bloco C, tel. 3041.8775, e QI 17 do Lago Sul, Edifício Fashion Park, tel. 3365.1198). Com uma apresentação diferente do que é servido nas ruas, as receitas, entre elas a hamburguesa de fraldinha da foto), são levadas à mesa em
a A R T N O C O D N A D NA E T N E R R O C
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Rener Oliveira
Da rua para o restaurante
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Arroz branco, Filé de Tilápia (150g) a Dorê e Salada Juliana (ou batatas fritas)
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Suco Natural
www.peixenarede.com.br
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GARFADAS&GOLES
LUIZ RECENA
lrecena@hotmail.com
A redenção lusitana é nossa E Portugal ganhou. Viva! Viva o bacalhau! Devagar como deve ser, Portugal foi dessalgando o bacalhau. Aos poucos: um empate aqui, outro lá; uma vitória na prorrogação, a classificação e o prêmio máximo. Um vinho verde mais leve, um vinho do Douro, outro do Minho, até que a força dos alentejanos varreu os gauleses. Está bem, está bain, está muito bem: em nova prorrogação, o gol de um ex-colonizado da Guiné Bissau. Talvez não saiba, o goleador Eder, que existiu um partido revolucionário para a libertação da Guiné e de Cabo Verde. Nem que a ditadura de um Salazar expulsou português para o resto da Europa, França principalmente. Por isso, quando Cristiano Ronaldo exaltou portugueses no país e também os imigrantes, unia no mesmo grito, no mesmo abraço, uma longa, larga história de sofrimentos, tristezas, lágrimas. Tudo lavado com a alegria da vitória. Valeu, Portugal! Vamos ao bacalhau, em Brasília servido de muitas maneiras, com receitas trazidas da Terrinha e outras aqui incrementadas com os sabores descobertos pelos filhos de Cabral...
Almoço premonitório
Os velhos amigos sempre reaparecem. E os ventos da política trouxeram-me um deles, para conversar sobre o futuro desta pátria que tanto deve à Lusitânia desde seu primeiro grito terral. O palco escolhido foi o Dom Francisco do Pátio Brasil, um shopping que mantém o esforço de servir boa comida. No excelente bufê, o bacalhau chamava atenção. E foi o escolhido. Era antevéspera da final e o vinho, tinto, deu o tom: um alentejano de nome “Ilógico”. Isso mesmo! Diante do inusitado, uma certeza: Portugal será o campeão. E foi. Justo e merecido. Gostoso como o bacalhau que comemos e o Ilógico vinho que bebemos. E os outros tantos que virão ao longo do ano. Para celebrar vitórias, ouvir fados e curtir saudades.
E por falar...
Em bacalhau e Dom Francisco, mestre
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Ansillero comemora com festa os 28 anos do primeiro restaurante, o Francisco da 204 Sul. O tempo passa, o tempo voa e o bacalhau e os vinhos do mestre continuam em alta, em todas as suas casas. Os festejos irão até o dia 18 de agosto. O bacalhau, desfiado ou em postas, delícias. Os vinhos, centenas de rótulos diferentes, mas com uma quedinha pelas uvas portuguesas. Quem não tiver essa quedinha que atire a primeira pedra.
Honroso vice
O hino é o mais bonito de todos e cada um de nós sabe pelo menos um pedacinho, mas não foi desta feita que os filhos da pátria avançaram rumo ao ouro do primeiro lugar. O vinho, a cultura, a comida, marcaram a formação de gerações pelo mundo. Ficaram famosos também pela capacidade de bem organizar competições internacionais. Certames que
eles acabam por vencer, mas isso pode ser apenas uma coincidência. Tentaram ocupar o Rio de Janeiro, invadiram Lisboa. Os franceses têm continhas a pagar. Essa foi uma delas. Por ter sido em França, foi mais saborosa para os portugueses. E nós, que já perdemos lá uma Copa em circunstâncias até hoje não bem esclarecidas, vamos “na boleia” dessa festa portuguesa. Com certeza!
Nota triste
Nemm era mais do que um artista que fazia belas obras para decorar bares e restaurantes da cidade. Era um amigo, um grande amigo de quantos batalham na vida dos estabelecimentos da cidade. Esse é o pensamento do presidente da Abrasel-DF, Rodrigo Freire, que continuará promovendo homenagens ao falecido e virtuoso artista. A cidade ficou mais triste.
PÃO&VINHO
ALEXANDRE FRANCO pao&vinho@agenciaalo.com.br
Vive la France! Reunamos, hoje, duas das minhas preferências: vinhos franceses, que, como já disse, ao menos em relação aos seus tops, são meus preferidos, e o vinho velho, de guarda, bem evoluído. Quando juntamos os dois em uma das principais garrafas gaulesas, um Château Mouton Rothschild 1975, temos o sonho. Neste caso, para mim, simplesmente o melhor vinho que degustei em toda minha jornada enológica. E, para completar, falarei também de alguns outros bons franceses recém-degustados, ainda que bem mais novinhos: um Gevrey-Chambertin 1er Cru, Les Cazetiers 2007, da Maison Champy, e um Savigny-les-Beaune 1er Cru La Dominode 2010, do Domaine Pavelot. Há poucas edições atrás escrevi sobre minha degustação do Latour 1969, o vinho mais velho que já provei, com 47 anos. Desta feita foi o Mouton 1975, com menos tempo, um velhinho de 41 anos. Não foi, pois, o mais velho, mas foi, sim, o melhor que já experimentei. Um dos big five: são apenas cinco os rótulos de Bordeaux classificados como 1er Grand Cru Classé em 1855, e este é um deles. Um interessante exemplo de envelhecimento benéfico, pois já pude ler algumas críticas a essa safra, no passado, avaliando o vinho muito abaixo do que eu pude observar na minha degustação. Ou os avaliadores tiveram em mãos, à época, uma garrafa ruim, ou o vinho evoluiu muito nos últimos anos, o que, aliás, não é raro. Às vezes um vinho “desabrocha” repentinamente e cresce de um ano para o seguinte o que não havia crescido em muitos anos antes. De qualquer forma, o que importa é que esse exemplar estava excelente: de cor já menos intensa, com tons acastanhados sobre seu rubi original, como seria de se esperar, trouxe um nariz muito bom e complexo, com
tabaco, caixa de charutos, cedro, húmus, cassis e um toque apimentado nas frutas de bosque que ainda persistem. Na boca maravilhoso, muito elegante, com exata medida de taninos bem evoluídos e aveludados, álcool bem equilibrado e acidez perfeita, gastronômica. O retrogosto e a permanência dos aromas e sabores foram impressionantes e até inesperados para um vinho tão envelhecido. Enfim, poderia discorrer páginas sobre essa garrafa e sempre chegaria ao mesmo final: perfeito! Saindo de Bordeaux e indo para a Borgonha, onde os vinhos, embora menos estruturados, também envelhecem com majestade – embora, neste caso, se tornem quase incomparáveis em razão dos preços estratosféricos – falaremos dos dois “jovens” citados acima. O Gevrey de Champy, com nove aninhos, embora certamente pudesse ainda envelhecer por mais tempo, já se apresentou muitíssimo bom. Aliás, talvez esta seja uma das principais diferenças entre os grandes vinhos da Borgonha e de Bordeaux. Tanto uns quanto outros envelhecem muito bem, mas só os primeiros são bons ao paladar ainda relativamente novos. Um vinho de um leve rubi brilhante, com bons e típicos aromas de cereja, além de toques de mirtilo, húmus e cogumelos. Corpo médio, com boca sedosa e elegante. Um bom vinho. Por fim, o Savigny de Pavelot, com apenas seis anos, mas novamente já agradável de beber. Outro leve rubi brilhante, mas que surpreendeu pelos aromas não tão característicos dos borgonhas, mas nem por isso menos agradável: trazia ao nariz frutas vermelhas levemente picantes, com uma mineralidade muito interessante. Na boca estava leve, mas com boa intensidade. Definitivamente um vinho elegante e muito bom.
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HAPPY HOUR
Cerveja no inverno
RONALDO MORADO www.ronaldomorado.com.br ronaldomorado.blogspot.com.br @ronaldomorado
“O vinho é um bom cobertor; mas a cerveja é alimento, bebida e cobertor”. Provérbio inglês.
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Nossa tradição tropical associa a cerveja a nosso clima quente, a verão e a bebidas geladas. Mas e no inverno? Como são as cervejas bem populares nos países mais frios? Entre alguns de nós, brasileiros, há uma crença, equivocada, de que nos países europeus bebe-se cerveja quente. Isso não é correto. O que ocorre por lá, dependendo da região, da tradição e, principalmente, do estilo e do teor alcoólico, é degustar a cerveja à temperatura ambiente, que poucas vezes atinge nossos patamares tropicais. Para esclarecer o estimado leitor, a temperatura de serviço adequada para cerveja varia de 4o C a 13oC, conforme cada um dos 82 estilos existentes. Há razões técnicas para essa graduação: cervejas mais alcoólicas e densas possuem aromas menos voláteis, o que exige temperaturas um pouco maiores para que evaporem e sejam apreciadas. Sobre o clima, sabemos que temperaturas mais frias combinam com bebidas mais encorpadas, com maior teor alcoólico e que não são servidas muito frias pelo motivo explicado acima. Nestes dias do inverno brasileiro, é aconchegante degustar uma cerveja menos fria que a tradicional Pilsen e similares. Para nossa sorte, existem muitas opções no mercado que não se resumem apenas às de alto teor alcoólico. A variedade é grande. Desde cervejas bastante maltadas até aquelas com leves temperos de chocolate, avelã, nozes, café, caramelo, cacau etc. No Hemisfério Norte, as chamadas cervejas sazonais de inverno são muito populares, especialmente as winter seasonal, christmas, winter warmer, nöel, winter ale etc. Além dessas, especialmente produzidas para o inverno, existem os tradicionais estilos Bock, Porter, Stout, Dubbel, Trippel, Belgian Strong Ale, Strong Scotch Ale, Barleywine, Imperial Stout e as Specialty Beer, que podem chegar a mais de 14% de álcool por volume (ABV, sigla em inglês de Alcohol by volume). Essa enorme quantidade de variações nos permite
desfrutar de maravilhosos aromas e sabores muitas vezes surpreendentes até para o mais experiente connaisseur. Algumas sugestões para explorar: Primator Doppel Bock – 7,5% ABV, cor de cobre, aroma e sabor de malte caramelo e mel; temperatura de serviço de 8 a 12oC. Invicta 108 – 10,8% ABV, cor bem escura, aroma e sabor de malte, baunilha e café; temperatura de serviço de 8 a 12oC. Wäls Quadruppel – 11,0 % ABV, cor marrom rubi, aroma e sabor de malte, chocolate toffee e mel; temperatura de serviço de 8 a 12oC. Colorado Ithaca – 10,5% ABV – negra, aroma de malte, madeira, chocolate, baunilha e caramelo com clara percepção alcoólica; temperatura de serviço de 8 a 12oC. Trappist Rochefort 10 – 11,3% ABV, cor de cobre escuro, e intensidade licorosa e caramelizada, ligeiramente picante e com notas frutadas de ameixa e cacau; temperatura de serviço de 10 a 13oC. Chimay Blue – 9% ABV, cor marrom, aroma e sabor de ameixas, uvas passas, frutas cristalizadas, cravo, caramelo e malte tostado; temperatura de serviço de 8 a 12oC. Tupiniquim Monjolo – 10,5% ABV, marrom escuro, aroma de malte de tostado, chocolate, baunilha e ameixa preta; o sabor é levemente adocicado; temperatura de serviço de 9 a 13oC. La Trappe Isid’or– 7,5% ABV, marrom, aroma de tâmara, canela, banana passa, caramelo e ameixa; no sabor são perceptíveis cravo e açúcar mascavo; temperatura de serviço de 8 a 12oC. Delirium Nocturnum – 9% ABV, marrom escuro, aroma de malte tostado, tabaco e ameixa; no sabor percebe-se também especiarias e leve picância. Temperatura de serviço de 8 a 12oC. Anderson Valley Winter Solstice – 6,9% ABV - cor avermelhada; aroma e sabor bem caramelados e um pouco tostado, amadeirado; temperatura de serviço de 7 a 10oC.
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CAIANAGANDAIA
Férias de sol e areia POR VICTOR CRUZEIRO
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loha! Chegaram as férias e, com elas, a tão sonhada hora de ir à praia, mas sem precisar voar ou dirigir por horas até o litoral. A criatividade do brasiliense nos presenteou, desde o ano passado, com a nossa própria praia, às margens do Lago Paranoá. O grande sucesso das férias de 2015, o complexo Na Praia, está de volta, e até 28 de agosto oferece mais de 4.000m2 de diversão para todos os públicos e gostos – esportes, festas, shows, drinks e, é claro, sol e areia. Um dos principais diferenciais da edição de 2016 é o tamanho: a capacidade de público foi aumentada em 30%. Além disso, o complexo foi dividido em três grandes áreas, para concentrar os diferentes interesses e proporcionar mais diversão para todos. Este ano, há uma área para a prática de esportes, uma para festas e shows e outra só para crianças. E não foi só no tamanho que a praia aumentou. Agora, o complexo funciona durante toda a semana, com diferentes atividades. Às terças e quartas-feiras tem o Na Praia Social, para jovens carentes
de instituições parceiras. Além disso, nessas três primeiras semanas haverá uma colônia de férias das 14 às 18 horas, de segunda a quinta, e das 8 às 12 horas na sexta. Com preços de R$ 395 (uma semana), R$ 670 (duas semanas) e R$ 980 (três semanas), a colônia é uma opção para deixar os filhos em férias enquanto o fim de semana não chega. Não poderia faltar o grande trunfo do
Na Praia: muita música e diversão. Como mais um diferencial deste ano, as happy hours são estendidas, em alguns dias, até asa 4 da madrugada, para a diversão – quase – não ter fim. As noites de quinta-feira são de música e comida. Das 18h30 às 23h, um estilo musical será revisitado por um artista da cidade, ao lado de um artista de proporção nacional. Além disso, há oficinas de gastronomia com bada-
Fotos: Divulgação
lados chefs brasilienses, ao preço de R$ 20 (meia entrada). Às sextas, DJs animam a noite e o bar fica aberto até as 4 da madrugada. Mas é bom maneirar para não perder a hora nos sábados, cujas manhãs são dedicadas aos esportes praianos, como o futevôlei, além dos sempre presentes treinamento funcional e crossfit. As tardes e noites dos sábados são reservadas às festas temáticas, sempre remetendo a referências litorâneas. No dia 30 de julho, por exemplo, o Na Praia vai virar Ipanema por uma noite, com animação da funkeira Anitta e de Thiago Martins. Já na semana seguinte, no dia 6 de agosto, a orla do Paranoá será transferida para Miami, com a fusão do Na Praia com a conceitual balada MiAME, unindo hip hop e funk melody, com Nego do Borel e Karol Conká. Mas nem só de noite vive o homem e, como era de se esperar, os domingos são dedicados ao sol, à água e à... praia! Além da possibilidade de botar o pé na areia, pegar um bronze e praticar esportes, os domingos são animados pelo projeto Som Na Praia, no qual as bandas Camafeu e Surf Sessions recebem um convidado a cada semana, criando um caldeirão de estilos para fechar o dia em altíssimo astral. Quanto aos quitutes, o complexo está mais do que bem servido. De sexta a domingo, dez conhecidas marcas da gastronomia brasiliense compõem a Vila Gastronômica, do toque espanhol do Parrilla Madrid ao sabor oriental do Nazô, sem deixar de lado os sanduíches de mortadela e bolinhos de bacalhau do Mercado 153, as pizzas premiadas da Baco e grande variedade de iguarias oferecidas pela Tapiocaria Raízes do Sertão, Açaí Artesanal, Acarajé da Sônia, DNA Natural, Kafta da Mama, Mr. Brownie e Vai Bem. Este ano, o Na Praia tem ainda um restaurante próprio, comandado pelo chef Marcelo Petrarca, do badalado Bloco C, responsável também pelo Bar da Corona. No cardápio de ambos, releituras da cozinha mediterrânea e petiscos preparados com frutos do mar, como ceviches, moquecas e ostras frescas. E se isso não for suficiente para saciar os comensais, ambulantes estarão na areia oferecendo churrasquinho, milho verde, água de coco, chá-mate e o velho e bom biscoito Globo, claro! Então, é só preparar a roupa de banho e as toalhas, encher as boias das crianças e não se esquecer do filtro solar. Na praia
Até 29/8 na orla do Lago Paranoá, próximo à Concha Acústica. Ingressos (valores de meia entrada): sextas-feiras, R$ 70 (revertidos em consumação); sábados, R$ 100 (feminino) e R$ 120 (masculino); domingos, R$ 50 (revertidos em consumação). Mais informações: www.tevejonapraia.com.br.
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Kleber Rocha
ESPORTE&LAZER
Caminhando
e se encantando
Eles apreciam a natureza, as matas, o sol, o vento, a lua, as estrelas, as águas, os banhos de cachoeira, em pequenas e longas caminhadas durante as quais fazem novos amigos. POR SÚSAN FARIA
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endel Ferreira, 37 anos, instrutor de informática, sempre gostou de apreciar a natureza, adentrar matas e trilhas, respirar ar puro. Contudo, prefere não se aventurar sozinho nesses caminhos. Há quatro anos, descobriu o Grupo de Caminhadas Brasília – GCB – e não o largou mais, porque se sente seguro, tranquilo e em boas companhias. Como Wendel, morador de Ceilândia Sul, dezenas de brasilienses seguem o GCB pelas redes sociais, por caminhadas e trilhas em vários cantos do Distrito Federal e redondezas. Dos vários percursos, Wendel destaca a ida à Cidade de Pedra, em Cocalzi-
nho, que lembra ruínas maias, onde há formações rochosas em quartzo, cânions, labirintos e rochas com desenhos lembrando animais e rostos. Gosta do trecho Fazenda Indaiá – Itiquira, em Formosa, mas a caminhada de 20 quilômetros pela Flona (Floresta Nacional) é a sua preferida. “Adoro ver os eucaliptos, os pinheiros, as nascentes, os riachos”, justifica. A seu ver, o GCB possibilita conhecer novos lugares com custo quase zero, porque estão próximos ou dentro da capital, como a Flona, a 25 quilômetros do Plano Piloto, onde se pode deparar com animais, belas paisagens e boas trilhas para bicicletas também. “No GCB encontro pessoas acolhedoras, alegres e energia boa”.
O grupo faz trilhas curtas, médias e longas, se organiza em subgrupos, se comunica pelo WhatsApp e divulga os eventos em sua página no Facebook, onde conta com quase 1.400 membros. Realiza caminhadas nos finais de semana, uma, duas ou mais, simultaneamente, inclusive algumas solidárias, para arrecadar donativos e distribuir aos necessitados. Dia 24 de junho, munidos de mochilas e barracas, foram a Pirenópolis e, mesmo com o frio, alguns acamparam nos Montes Pirineus, subiram e andaram por serras, em antigas trilhas que ligavam fazendas da região, perto do Rio das Almas e da BR070. Outros preferiram Águas Claras e alguns o Jardim Botânico de Brasília. “Ao fazer uma trilha, rapidamente
Cidade. Na tarde de 9 de julho o grupo voltou a se encontrar numa festa junina no Parque da Cidade, com comidas e bebidas típicas, forró, quadrilha, feira de troca, bingo, muita animação. Sempre na última terça-feira do mês, à noite, os “trilheiros” se reúnem para conversar e planejar eventos, como caminhadas para crianças – já houve algumas na Flona, no
Jardim Botânico, no Catetinho e em outros parques – e treinamentos sobre bússola, GPS e primeiros socorros. Além das caminhadas simultâneas nos finais de semana, que podem contar com meia dúzia ou dezenas de participantes, o grupo está programando para 5 de agosto uma caminhada urbana noturna de aproximadamente 25 quilômetros. Fotos: Kleber Rocha
conseguimos nos desligar da vida cotidiana. Ouvimos os sons dos pássaros e das águas. Cansamos o corpo e renovamos a alma”, explica Kléber Rocha de Figueiredo, 42 anos, bancário, morador de Águas Claras. Ele subiu os Pirineus com outros seis integrantes do CGB: “Acampamos próximo a uma casa abandonada, no meio do nada, mas com água potável e uma bela vista. Buscamos conhecer e desbravar lugares. São muitas histórias”. Rogéria Moura, corretora de imóveis, 40 anos, moradora do Guará II, enfrentou a subida e o frio, mas se sentiu gratificada: “Chegamos à tal casa e nos deparamos com a bica de água. Alguns encheram as garrafas, outros acenderam o fogo para cozinhar e dois montaram as barracas. A vista é linda, mágica. Tudo muito intenso, sol, vento, lua, vinho... Alegria maior não há”. No dia 18 de junho, o GCB organizou nove caminhadas – Parque Nacional, Ermida, Catingueiro, Flona, Parque Olhos D’Água, Parque das Garças do Lago Norte, Parque da Cidade, Jardim Botânico e Águas Claras. Todas começando às 8 da manhã, com encontro final às 15 horas em piquenique no Parque da
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Fotos: Kleber Rocha
ESPORTE &LAZER Será mais uma oportunidade de conhecer pessoas dos mais diversos perfis – atletas e sedentários, crianças e idosos, gente que chega de carro importado e gente que chega de ônibus – unidas pelo objetivo de caminhar em trilhas, regiões conhecidas ou pouco exploradas e parques. O Distrito Federal tem 73 parques públicos ecológicos e urbanos, dos quais mais de 20 estão abertos e sem cobrança de ingresso. As trilhas podem estar dentro desses parques ou em áreas privadas. Há ainda outras 22 unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável no DF. O GCB foi criado no final dos anos 90 por um grupo de amigos que se reunia nos fins de semana para explorar cachoeiras, trilhas, rios e locais isolados. Desde a origem o grupo conserva caráter aberto, inclusivo e descentralizado. Não existe hierarquia. Quem propõe a trilha coordena as atividades naquele momento. Nas redes sociais, há administradores e moderadores. “As definições coletivas são tomadas, na medida do possível, em conjunto, e qualquer um pode propor e convidar amigos”, explica João Carlos Machado, 50 anos, servidor público, morador da Asa Norte. As “caminhadas de boas vindas” visam agregar os novatos, trocar conhecimentos para uma trilha bem sucedida e segura. “Visitamos lugares e matas bonitas, desfrutamos de paisagens, buscando integração”, comenta João Carlos, lembrando a necessidade de prudência com alimentação e hidratação. Os integrantes do CGB buscam, sobretudo, qualidade de vida, bem-estar físico e mental. Cada membro é responsável por avaliar suas capacidades e limitações físicas para enfrentar ambiente, clima, tipo de terreno e necessidade de esforço físico. Como participar
www.caminhadabrasilia.com/ index.php/quem-somos
Depoimento da repórter
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A convite de uma amiga, conheci o GCB em um piquenique no Parque da Cidade, em ambiente informal e acolhedor. Depois, fui a uma caminhada no Parque de Águas Claras. Confesso que não tinha noção do que era e de sua grande extensão. Vi mangueiras floridas, bambuzais, um riacho, patos e pássaros. Observei crianças brincando, casais felizes, um deles comemorando dez anos de união, e pessoas fazendo cooper ou simplesmente caminhando ou sentadas. Sai da minha rotina, senti a natureza, ouvi histórias, inclusive de uma moça que, além de trabalhar, ajuda a cuidar da mãe doente e acompanha obras, cuja válvula de escape têm sido as caminhadas. Foi uma manhã agradável, com uma dezena de pessoas dispostas a compartilhar amizade, caminhar, conversar e sentir que para viver bem é importante ultrapassar nossos limites e aproveitar boas oportunidades que a vida nos oferece, como desfrutar dos parques do Distrito Federal junto com um grupo animado e bem organizado.
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alceuvalença Está lá, no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, que ele cresceu ouvindo músicas de Dalva de Oliveira, Orlando Silva e Sílvio Caldas. Nascido a 1º de julho de 1946, há exatos 70 anos, portanto, esse filho de São Bento do Una, Pernambuco, começou cantando aos quatro anos, num concurso de interpretação infantil. Teve que subir numa cadeira, de tão pequeno que era, para cantar uma música de Capiba. Sua família mudou-se para Recife, onde o jovem rebelde expulso de vários colégios formou-se em Direito em 1970. Pois é esse ex-advogado que chega a Brasília dia 23 de julho para apresentar um roteiro musical e sentimental a partir de sua trajetória nessas sete décadas em canções que escreveu e cantou pelas ruas por onde tem andado ao longo da carreira. O Táxi lunar, o Sabiá, a Belle de jour e a Morena tropicana vêm com ele no show que terá lugar no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, às 20h. Ingressos entre R$ 60 e R$ 170, à venda no Brasília Shopping.
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novacançãochilena Há quase 50 anos, jovens estudantes chilenos criaram um grupo musical nos porões da Universidade Técnica do Estado, agora chamada de Universidade de Santiago. O Inti Illimani surgiu no seio do movimento batizado de “Nova Canção Chilena,” que se desenvolveu entre 1965 e 1973, ano do golpe que depôs o presidente Salvador Allende e da fuga dos rapazes para a Europa. Esses agora grisalhos senhores integrantes de um dos mais tradicionais grupos de música folclórica da América Latina faz apresentação única em Brasília, dia 27 de julho, às 19h, no Teatro Pedro Calmon. No repertório, músicas de seu 36º álbum, Teorias das cordas, uma seleção especial de ritmos latino-americanos composta pelo conjunto em homenagem a grandes compositores daquele movimento musical, como Violeta Parra e Victor Jara. Entrada franca, mediante retirada de ingressos distribuídos de 25 a 27 de julho no Instituto Cervantes de Brasília e na Embaixada do Chile no Brasil, entre 10 e 18h. Mais informações: 3242.0603
Ela tremeu o chão da Praça das Fontes, do Parque da Cidade, no ano passado. Agora a banda de reggae lança seu novo DVD, Natiruts Reggae Brasil, no mesmo lugar, dia 6 de agosto, a partir das 15h. Nesse trabalho, o Natiruts decidiu contar a história do reggae nacional como os singles elaborados em parceria com cantores nacionais, como Vamos fugir (Gilberto Gil), Desenho de Deus (Armandinho), Nayambing blues (Sine Calmon), Me namora (Edu Ribeiro), Perdido de amor (Edson Gomes), Com certeza (Planta & Raiz) e outros. A abertura será com as bandas Tribo da Periferia, Maneva, Terra Prometida e Som de Bob. Ingressos a R$ 50, nas lojas Free Corner, Koni Store e Restaurante Mormaii.
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Bárbara Lopes
Ela nasceu no Rio, há 24 anos, mas cresceu em Brasília, onde, ainda adolescente, aprendeu a tocar bateria e montou uma banda de rock alternativo. Voltou para o Rio, estudou psicologia e ficou distante da música por algum tempo. É Ana Sucha que volta agora a Brasília para mostrar o que acredita ser sua verdadeira vocação: fazer música. Ela estará no Espaço Cena (205 Norte) dias 23 e 24 julho, às 21 e 20h, respectivamente, para lançar seu primeiro CD, intitulado Inês, uma homenagem a Inês de Castro, a jovem que vivia um amor proibido com D. Pedro I de Portugal, foi assassinada a mando do pai do seu amado e coroada rainha depois de morta. Ana Sucha se apresenta no formato “banda Anas”, no qual grava os instrumentos ao vivo e, na frente do público, se vale de pedais de looping para formar uma “big band de uma pessoa só”. Ingressos a R$ 40 e R$ 20, em http://www.sympla.com.br/eventos ou, uma hora antes do show, na bilheteria do espaço.
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Esse é o título do documentário que abrirá o 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Premiado com o Olho de Ouro no Festival de Cannes, o filme de Eryk Rocha, filho de Glauber Rocha, será exibido no dia 20 de setembro, às 20h30, no Cine Brasília. As palavras do cineasta Humberto Mauro guiaram o diretor a compor o longa Cinema novo, um ensaio poético sobre o movimento que lançou alguns dos maiores nomes do cinema brasileiro em todos os tempos, como o próprio Glauber, Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues, Ruy Guerra, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman. Cinema novo mescla imagens de arquivo e de acervos dos próprios cineastas, depoimentos recentes e outros nem tanto, para propor um grande passeio pelo movimento nascido nos anos 1960 e que forjou as bases do cinema brasileiro. Para o curador Eduardo Valente, “Cinema novo é o filme ideal para a abertura do Festival de Brasília, pois, ao mesmo tempo que coloca o passado e o presente em conexão direta, apontando sempre para o futuro, o filme relembra e exercita um cinema onde estética e política não se separam. Essas dinâmicas todas são a cara do Festival de Brasília, então começar a edição deste ano sob a égide desse filme será marcante”.
Bailarinos e estudantes de balé que quiserem fazer parte da programação do Movimento D/ Movimento Internacional de Dança, a ser realizado em outubro, já podem se inscrever no site www.movimentoddanca.wix.com/movimentod . Serão selecionadas coreografias de grupos profissionais locais, assim como coreografias de até dez minutos. Além disso, a organização do festival escolherá 15 profissionais ou amadores interessados em fazer residência artística com o coreógrafo francês Herman Diephuis (foto) no período de 10 a 19 de outubro. Serão aceitas inscrições até 19 de agosto.
“O palhaço sempre vai dizer nas entrelinhas um pouco daquilo que pensa e sente. Nem sempre ele estará certo, mas seguramente será verdadeiro”. Quem diz isso é Ankomárcio, criador, com seu irmão Ruiberdan Saúde, do Circo Teatro Artetude, que completa 15 anos e comemora com grande festa na Torre de TV. A bordo de um ônibus colorido, eles levam teatro, cinema e shows para lugarejos e povoados remotos, onde os palhaços são uma espécie de miragem naquele deserto de impossibilidades culturais. Afinados com a tradição mambembe, a trupe homenageia, dia 17, às 17h, a cultura brasileira representada ali pela música e brincadeiras no picadeiro. Durante a festa será gravado um DVD comemorativo dos 15 anos de atividades dos dois irmãos que começaram o Circo Teatro Artetude com uma perna de pau e um fusca e hoje têm um ônibus equipado com som, luz, uma pequena tela de cinema e um palco, que ora é camarim, ora é picadeiro. Entre os convidados estarão o músico e produtor Cacai Nunes e o seu Forró de Vitrola, e o grupo Pé de Cerrado, com o qual o Artetude desenvolve trabalhos há mais de 10 anos. A festa rola até as 23h e tem entrada franca. André Rabelo
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Vencedor do prêmio Myriam Muniz 2013, está de volta o espetáculo Rivotrio e a saga da vida sem bula, encenado pela Cia. Colapso no Teatro Dulcina. Trata-se de um show de variedades nascido da necessidade de colocar em cena um repertório literário, poético e musical do autor e compositor brasiliense Alessandro Lustosa. “Não se trata de uma história contada. Neste trabalho utilizamos o repertório poético musical do autor e o aliamos às tecnologias da comicidade e do improviso”, explica uma das criadoras e atriz da peça, Ana Flávia Garcia. A Cia. Colapso é integrada por atores, palhaços e mediadores em teatro-educação, licenciados em Artes Cênicas pela UnB. Até 31 de julho, aos sábados e domingos, sempre às 20h. Ingressos a R$ 30 e R$ 15. Classificação indicativa: 16 anos.
Marc Domage
movimentodança
palhaçadanatorre
Nana Morais
doidasesantas
palcogiratório Vai até 31 de julho a 19ª edição do Palco Giratório, festival que reúne 20 companhias de teatro nacionais, contabilizando 728 apresentações e mais de 1,3 mil horas de oficinas teatrais. A homenageada deste ano é a atriz Maria Alice Vergueiro, de 81 anos, considerada uma das grandes referências do teatro brasileiro. Os espetáculos vão passar por 145 cidades brasileiras. Leonardo Braga, assistente de cultura do Sesc-DF, informa que o Palco Giratório está ainda mais plural, com a descentralização das apresentações. “Nessa edição conseguimos democratizar o acesso ao evento, levando os espetáculos para além do Teatro Garagem. Os Sesc do Gama, Ceilândia e Taguatinga Norte estão recebendo três espetáculos cada, sempre com casa cheia”, destaca. Entre eles está a peça Pequenas violências silenciosas e cotidianas, a ser apresentada dia 30, às 20h, no Sesc Garagem (913 Sul), uma montagem da Cia. de Teatro Stravaganza, do Rio Grande do Sul (foto). Programação em http://www.sescdf.com.br/palco/.
cicatrizes
Ernandes Silva
humoreimproviso O motoboy da periferia Jackson Faive, o taxista malandro Silas Simplesmente, o geniozinho da informática Ed Nerd, a empregada doméstica terceirizada Mary Help e o rastafári vegetariano Mustafary (foto) estarão no espetáculo 1,2,3 Testando!, que Marco Luque apresenta, dias 29 e 30 de julho, no Teatro da UNIP (913 Sul). Esses personagens carismáticos criados pelo ex-integrante do CQC, que agora se apresenta no programa Altas horas, da Rede Globo, são parte da apresentação que mistura stand-up com improviso e personagens já vistos na TV e em seus vídeos no YouTube. Traz ainda Fernandinho Beat Box, conhecido por suas batidas e pelo trabalho junto ao rapper Marcelo D2. Sexta e sábado, às 21h. Ingressos a R$ 100 e R$ 50, à venda em www.naoperco.com, nas Lojas Cia. Toy e na Belini Pães e Gastronomia (113 Sul). Mais informações: 4101.1121.
profetaglauber Debora Amorim
Sônia, advogada, e Fred, militar, são casados há dez anos e têm uma rotina de desentendimentos. O relacionamento se deteriora a cada dia e acaba se resumindo a fragmentos. Assim é a peça Cicatrizes, com apresentação única no dia 23 de julho, no Espaço Semente (Setor Central do Gama). Escrito e dirigido por Ernandes Silva, o drama procura responder à seguinte pergunta: “O que fazer quando a guerra e o amor se misturam no mesmo ambiente?”. O diretor conta que trabalhou num hortifrúti e ouvia de suas clientes histórias sobre violência doméstica: “Passei a refletir sobre o assunto e busquei entender o motivo de duas pessoas insistirem em um relacionamento que não está dando certo”. A primeira montagem estreou em 2011, no Festival de Teatro na cidade de Laranjeiras (SE). Às 21h, com ingressos a R$ 30 e R$ 15.
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Vilmar-Carvalho
Em seus mais de 30 anos de carreira, a atriz Cissa Guimarães sempre desejou montar um espetáculo que expressasse as inquietações da mulher moderna, às voltas com a difícil arte de harmonizar sua rotina com marido, filhos e trabalho, sem, contudo, deixar de lado a beleza e o bom humor. Foi nos textos de Martha Medeiros que ela encontrou munição para tocar seu projeto, intitulado Doidas e santas. Depois de conversar com a escritora, convidou seu amigo Ernesto Piccolo, diretor de Divã, sucesso teatral de Lilia Cabral com texto de Martha, para dirigi-la. Vista por mais de 220 mil pessoas no Rio, a peça, em cartas de 22 a 24 de julho no Teatro da UNIP (913 Sul), conta a história da psicanalista Beatriz (interpretado por Cissa), que vive uma crise na vida pessoal em meio ao auge de sua carreira profissional. Sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Ingressos a R$ 100 e R$ 50 à venda em www.eventim.com.br ou na bilheteria do teatro.
Ao longo de dez anos Adeilton Lima acalentou o desejo de montar um espetáculo teatral que mergulhasse no universo do baiano Glauber Rocha (1939/1981). “Esse projeto permaneceu em repouso nas minhas gavetas afetivas da poesia ao lado de tantos outros”, explica o ator, dramaturgo e poeta que em 2007 defendeu uma tese de mestrado na UnB justamente sobre o símbolo máximo do chamado Cinema Novo. Agora, o desejo de Adeilton se transformou no monólogo Glauber Rocha, o profeta do delírio, em cartaz até o dia 24 no Espaço Pé Direito (Vila Telebrasília). Dirigida por Abaetê Queiroz, a montagem ajuda a pensar conceitos como identidade e valores culturais. “A obra de Glauber Rocha ainda é atual e impactante para a realidade e cultura brasileiras,” justifica o autor. Razão pela qual, defende, “os jovens precisam conhecer a obra imensa e inesgotável do dramaturgo baiano”. Sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 20h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Classificação indicativa: 14 anos.
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Esculturas de Auguste Rodin (1840-1917), o pai da escultura moderna, e fotografias sobre o artista e sua obra estarão em Brasília pela primeira vez, entre 17 de agosto e 5 de novembro. A mostra Auguste Rodin – o despertar modernista tem curadoria de Marcus Lontra e ocupará o Espaço Cultural Marcantonio Vilaça (TCU). Dividida em duas partes, apresentará, na primeira, 14 esculturas pertencentes aos acervos da empresa mineira Vallourec (dez peças) e da Pinacoteca do Estado de São Paulo (quatro); na segunda, fotografias vindas especialmente do Museu Rodin, na França, e outras que integram o acervo da Pinacoteca de São Paulo, num total de 36 imagens sobre a vida e a obra do primeiro escultor da era moderna. Segundo o curador, a escolha de Brasília para acolher a exposição não acontece ao acaso: “Se as esculturas de Rodin fundam a modernidade e acentuam o início de um movimento que embasa todo o Século XX, Brasília representa a apoteose e o ocaso do pensamento e da produção estética modernista. Distantes no tempo, as esculturas de Rodin e a arquitetura de Brasília dialogam com a tradição barroca e a clareza do método construtivo”. De terça-feira a sábado, das 9 às 19h, com entrada franca.
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novaberlim Marcada por duas guerras mundiais e dividida por um muro durante quase três décadas, a capital da Alemanha se reergueu das cinzas. Da vida improvisada dos anos 1990, as contradições que caracterizaram a cidade acabaram por formar, pouco a pouco, o Zeitgeist, espírito de uma época, a partir do qual a arte, a cultura e as relações humanas evoluem, e que hoje projeta sua influência muito além da Europa Central e atrai artistas do mundo todo. Pintura, fotografia, videoarte, performance, instalações e a cultura dos famosos clubs berlinenses, na visão de 29 artistas contemporâneos, compõem o mosaico da exposição Zeitgeist, em cartaz no CCBB entre 27 de julho e 12 de outubro. Uma palestra com Sven Marquardt, o mais popular host do famoso Berghain, clube underground de música techno de Berlim, e com o curador da mostra, Alfons Hug, agendada para o dia 1º de agosto, será uma das atrações da mostra. De quarta a segunda, das 9 às 21h, com entrada franca.
catarse Terra de cupinzeiro misturada com papier-mâché e vernizes pouco usados nas artes plásticas são elementos presentes no trabalho de Loreni Schenkel, em exibição no Espaço Cultural do Superior Tribunal de Justiça (STJ) até 4 de agosto. A mostra Afeto apresenta 29 pinturas da artista plástica divididas em cinco séries e três esculturas. De acordo com o curador, Rogério Carvalho, “a infinidade de elementos plásticos utilizados por ela denota uma entrega pessoal ao seu processo, pouco observada nas artes plásticas cotidianamente”. A família, a gravidez e o parto são inspirações iniciais, mas a religiosidade é pano de fundo para a materialização de todo esse arcabouço sentimental citado pelo curador. É desse universo que surge o nome da mostra. De segunda a sexta, das 9 às 19h, com entrada franca. Mais informações: 3319.8460. Loreni Schenkel
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sobretecidos Um resgate à sensibilidade criativa dos antigos processos manuais de estamparia de tecidos. Essa é, em resumo, a proposta das artistas Carla de Assis, Liselena Dalla Corte e Mozileide Neri, que apresentam seus trabalhos na mostra Sobre tecidos, em cartaz até 24 de agosto na galeria do 10 º andar da Câmara dos Deputados. Estão lá 14 obras trabalhadas com estampas sobre tecido, algumas delas realizadas a quatro mãos por Carla e Liselena. Seus trabalhos se entrelaçam, construindo uma nova linguagem, com a sobreposição, rebatimento e fragmentação de cores, formas e texturas. Já a artista e poeta Mozileide Neri traz sete monotipias sobre tecido: depois de criar matrizes de madeira, borracha e acetato e cobri-las com tinta, ela “carimba” e tinge o pano. De segunda a sexta, das 9 às 17h, com entrada franca.
Rodrigo Oliveira
transbordabrasília Até 21 de agosto, a Caixa Cultural apresenta a exposição de trabalhos selecionados na segunda edição do Transborda Brasília – Prêmio de arte contemporânea. Obras de 20 artistas foram selecionadas, entre as mais de 400 inscritas, por um júri composto por curadores e críticos de arte. O catálogo da coletiva será lançado em cerimônia na qual serão divulgados os nomes dos três artistas ganhadores do prêmio de aquisição de suas obras. O primeiro recebe também uma bolsa de estudos. Selecionados por Agnaldo Farias, Divino Sobral, Fernanda Lopes, Marilia Panitz e Moacir dos Anjos, os trabalhos foram criados por artistas que produzem e moram no DF e no Entorno. Participam da mostra Adriana Vignoli, André Vechi, Bárbara Mangueira, Cecilia Bona, Coletivo Desculpinha, Coletivo Dueto, David Almeida, Diego Bresani, Humberto Araújo, Julio Lapagesse, Lucas Las-Casas, Luciana Paiva, Luiz Olivieri, Matias Mesquita, Obá, Paul Setubal, Sinclair Ferreira Maia, Taigo Meireles, Thales Noor e Virgílio Neto. De terça a domingo, das 9 às 21h, com entrada franca.
aimaginaçãoéolimite Christus Nobrega
Como um programa de computador pode interagir e contribuir com músicos reais, desencadeando processos criativos inusitados? Isso é o que saberão os participantes do ciclo de oficinas e performances musicais com programação de software que acontece até 12 de novembro no Museu da República. Sob a coordenação do artista multimídia Alexandre Rangel, o projeto tem a participação de músicos convidados, como o maestro Luiz Oliviéri, o guitarrista Sergio Cepa, o DJ Barata, o baixista Vavá Afiouni, bem como do poeta Gérson Deveras. De acordo com Alexandre, a imaginação é o limite para introduzir a poética e o caos do ser humano nos códigos da computação. Dias 23 e 24 julho, 20 e 21 agosto, 10 e 11 setembro, 22 e 23 outubro e 12 e 13 novembro, das 15 às 20h, com entrada franca. Inscrições em www.quasecinema.org/sonicpi.html.
brinquedosdepapel Cinco mil aviões feitos em dobradura sobrevoam o espaço do Elefante Centro Cultural (706 Norte) até 6 de agosto, quando termina a mostra do artista plástico Christus Nóbrega. Intitulada Brinquedos de papel, faz um convite ao voo e à interação, unindo brinquedo e política. De acordo com o artista e professor da UnB, o avião é um símbolo de fuga, liberdade e busca por um lugar diferente, tendo como referência a mitologia grega de Ícaro, que tentou deixar Creta voando. Em seu trabalho, o avião é também como instrumento de ataque e de guerrilha. Para construir a obra, Nóbrega usou revistas e jornais coletados nos últimos meses, elementos que considera estruturantes da discussão política atual, e livros. A exposição pode ser vista de terça a sexta-feira, das 14 às 19h, e sábado, das 15 às 18h. Entrada franca.
férias1 Divulgação
Esopo (620-560 a.C.) foi um escritor grego que ficou conhecido por criar mais de cem fábulas, inaugurando, assim, esse estilo literário. Uma delas é A tartaruga e a lebre, que a Cia . Teatral Três Amiguinhos volta a encenar no Teatro da Árvore (Colégio La Salle de Águas Claras) até 31 de julho. A história se passa em uma floresta, onde vive uma lebre muito esperta que se acha o animal mais rápido e, em função disso, trata mal a colega tartaruga. Esta, cansada do bullying que sofre, resolve apostar uma corrida com a lebre e a história, a partir daí, sofre uma grande reviravolta. Dona Joaninha, amiga de todos na floresta, tenta demonstrar que todos podem conviver melhor quando se tem respeito às diferenças. Sábados e domingos, às 17h, com ingressos a R$ 30 e R$ 15. Informações: 98334.7617.
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férias2 Contação de histórias, teatrinho, cinema com pipoca de graça e culinária para os pequenos. Todos os sábados e domingos de julho estão dedicados à molecada que descansa da rotina escolar nos espaços Pátio Gourmet ou Pátio Eventos, ambos no piso 3 do Pátio Brasil. A classificação é livre, com exceção das oficinas Mini Chefs, recomendadas para crianças de 3 a 12 anos. Na programação de teatro, destaque para A borboleta corajosa (foto), uma peça sobre a angústia de uma borboletinha que não podia voar, pois foi atingida por um inseticida aplicado indevidamente no jardim. Será apresentada no dia 24, às 16h. No domingo seguinte, no mesmo horário, será a vez do Soldadinho de chumbo que tinha uma perna só e se apaixonou pela bailarina. Informações: 2107.7400.
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GRAVES&AGUDOS
Toquinho
Wanda Sá
Amigos do peito POR HEITOR MENEZES
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Fots: Divulgação
rasília tem muitas dívidas. Uma delas, prestação paga a perder de vista, é o dever de gratidão para com um certo Vinícius de Moraes (19131980). Vinícius, o poeta, o Poetinha, o mais punk entre os emepebistas. Nem tanto pela malfadada Sinfonia da Alvorada, que, composta e paga pela Novacap aos autores Vinícius de Moraes e Antonio Carlos Jobim, não foi executada na inauguração da capital, tal qual prometido. Motivo: cancelaram o contrato com a em-
presa francesa responsável pelo show de música e imagens. A inauguração teria perdido um certo charme sem os sons e luzes e a sinfonia foi para o rol de obras pagas e não executadas. A arte e a burocracia jamais viverão felizes para sempre, pragueja o jornalista. Vinícius de Moraes compôs junto com Tom, aqui em Brasília, Água de beber, eis a dívida da capital. O poeta e o maestro andavam pelas matas do Catetinho, 1959, quando viram a fonte borbulhante de águas claras, digo, dali das redondezas do Núcleo Bandeirante. Vinícius pergunta
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Quarteto em Cy
ao capataz que os acompanhava: “Essa água é boa de beber?”. O capataz: “É água de beber, camará”. Imaginem a cara do Poetinha recebendo um verso pronto. Uma epifânia, diriam os americanos. Esse nariz de cera foi importante, porque nos remete a Para sempre Vinícius de Moraes, show-homenagem que fazem os amigos de longa data Toquinho, Carlos Lyra, Wanda Sá e a as meninas do Quarteto em Cy, dia 30 de julho, no auditório máster do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O mote do encontro, afirmam os realizadores, é o aniversário de 54 anos da Garota de Ipanema. Homenagens são um tanto quanto bajulatórias, mas no caso dessa, uma reunião de lendários amigos do poeta, artistas de responsa, de grandes serviços prestados e experts em Vinícius de Moraes, valem a pena os doídos reais que evaporam da carteira. Com todo o respeito, olha o pedigree das atrações. Toquinho foi o derradeiro parceiro, dentre tantos, que Vinícius cultivou ao longo de décadas produtivas. Desse batebola saíram golaços como Tarde em Itapoã (“Um velho calção de banho...”) e a trilha sonora da novela O bem amado, um enorme sucesso em 1973. Você pode não lembrar o nome da canção Meu Pai Oxalá, mas deve recordar os versos: “Atotô, Obaluaiê/ Atotô Babá... O velho Omulu/ Atotô, Obaluaiê”. Quem deve saber de outros tantos causos com Vinícius é o “parceiro cem por cento” Carlos Lyra, firme e forte em
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todos esses anos, defendendo as cores e o preto e branco da Bossa Nova. Com o Poetinha compôs as imortais Marcha da quarta-feira de cinzas (“É preciso cantar e alegrar a cidade”) e Minha namorada” (“Se você quer ser minha namorada/ Ah, que linda namorada/ Você poderia ser”). Lyra também tem como parceiro o não menos lendário Geraldo Vandré, na magnífica Quem quiser encontrar o amor. Daí chegamos à ala feminina da homenagem. Especialista em Bossa Nova, Wanda “Vivo Sonhando” Sá, a mais carioca das paulistas, encantou o mundo no início dos anos 1960 com discos que forneciam doses generosas de música e elegância proporcionadas pelo novo gênero, meio samba, meio jazz. Desde os anos 1980, quando retomou a carreira artística, Wanda Sá percorre as sendas de nossa grande canção, sem vergonha de entoar a Bossa Nova. Aqui não há repetição, mas o aprimoramento contínuo de um mantra. Por fim, mas não menos importante, temos a oportunidade de conferir o “novo” Quarteto em Cy. Recordando, Cybele Carneiro de Sá Leite, a Cybele, membro original, nos deixou em 2014. No início deste ano, Sonya Ferreira, a Soninha, membro desde 1967, deixou amigavelmente o grupo. O Quarteto em Cy agora é formado pelas originais Cynara e Cyva, além das “novatas” Corina e Keyla. Prestem atenção nos afrossambas (Vinícius/Baden Powell) cantados pelo Quarteto em Cy. Saravá!
Metal pesado POR HEITOR MENEZES
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Para sempre Vinícius de Moraes
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Show com Toquinho, Wanda Sá, Carlos Lyra e Quarteto em Cy. 30/7, às 21h30, no auditório máster do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Classificação indicativa: 12 anos. Ingressos (valores de meia entrada): Poltrona Gold, R$ 100; Poltrona A, R$ 80; Poltrona B, R$ 70; Poltrona Superior, R$ 50 (à venda na Central de Ingressos do Brasília Shopping, www.eventim.com.br e 4003.6860.
Carlinhos Lyra
uando tudo está muito chato, exatamente assim, do jeito que as coisas estão, e a patrulha do bom mocismo pensa que triunfou, é bom saber que o heavy metal vem nos salvar mais uma vez. E em grande estilo, pois a rapaziada do Megadeth, ícone mundial do thrash metal, cheio de novidades, passa novamente pela capital. Dia 12 de agosto, no Net Live Brasília, a banda do guitarrista norte-americano David Mustaine mostra o show que promove seu mais recente petardo pesado, Dystopia, 15° álbum de estúdio, lançado no início do ano. Claro, amigos, é rock barulhento e elétrico, como de praxe. De quebra, o Megadeth traz o novo guitarrista, o brasileiro Kiko Loureiro (Angra). O fiel escudeiro Dave Ellefson (baixo) e o baterista Dirk Verbeuren, adicionado recentemente, completam o time. Em abril de 2010, o Megadeth passou por Brasília, abarrotando o Ginásio Nilson Nelson. Àquela ocasião, eram os shows da turnê The endgame e, além de Mustaine e Ellefson, vieram o guitarrista Chris Broderick e o batera Shawn Drover. Chris Adler, considerado o atual baterista e que participou das gravações de Dystopia, não virá devido a compromissos firmados anteriormente com a outra banda da qual faz parte, a Lamb of God. Para você ficar sabendo, o Megadeth é um dos Quatro Grandes do Thrash Metal
(Big Four); os outros, o Metallica, o Slayer e o Anthrax. Lembrando que o Anthrax aqui esteve, em março, abrindo para o Iron Maiden, podemos dizer que este ano teremos a incrível sorte de testemunhar dois gigantes do gênero sacudindo a calmaria poeirenta do cerrado. Só um adendo: o Maiden é o Maiden, mas o show do Anthrax foi igualmente antológico e também levou a galera ao delírio coletivo. Quem viu, testemunhou algo raro: várias rodas pacíficas de pogo na audiência. Teve até trenzinho. O que é pogo? Algo que teria sido inventado por Sid Vicious, do Sex Pistols? Quem sabe? Alô, Google! E pogo é o que não deve faltar na celebração metálica do Megadeth. Aqui, os caras serão apresentados na embalagem Festival Super Rock. Angra, a banda de Kiko Loureiro, agora liderada por Rafael Bittencourt, é a convidada para fazer a abertura. Os organizadores falam em uma terceira ou quarta atração a ser anunciada de última hora. Assim sendo, em plena seca, vai chover metal no Net Live Brasília. Queira São Ronnie James Dio que o som daquela casa esteja à altura das atrações. Nem tanto em volume, mas em qualidade, óbvio. Megadeth – Dystopia
12/8, às 20h, no Net Live Brasília (SHTN, Trecho 2). Classificação indicativa: 16 anos. Ingressos (valores de meia entrada): pista premium, R$ 260; pista, R$ 160 (à venda na bilheteria digital do Pátio Brasil, Liberty Mall e Alameda Shopping ou pelo site www.bilheteriadigital.com). Informações: 3264.4669.
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GALERIADEARTE
Arte brincante Fotos: Divulgação
POR ALESSANDRA BRAZ
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esde 1932, quando a família Kirk Kristiansen fundou o grupo Lego, na Dinamarca, as casas de milhares de pessoas, em quase todo o mundo, foram invadidas pelas pequenas peças e pinos que se encaixam, formando uma infinidade de figuras. Até hoje fazem sucesso entre as crianças e provocam nostalgia nos adultos. Para o norte-americano Nathan Sawaya, trabalhar com as peças começou como uma terapia. Formado em advocacia e exercendo a profissão em Manhattan, o estresse passou a lhe bater à porta. O jeito era achar um hobby. A partir de 2002, passou a criar esculturas com peças de Lego para relaxar, e ainda naquele ano descobriu que poderia fazer arte com aquilo. O trabalho foi se espalhando e virou a exposição The art of the brick, que chega ao Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, no Parque Ibirapuera, popularmente conhecido como Oca, no dia 11 de agosto, permanecendo em cartaz até 30 de outubro. São 83 obras que fazem um apanhado da carreira de artista, que iniciou a exposição em
Reconstrução da Vênus de Milo
2007 na cidade de Lancaster, na Pensilvânia, e vem correndo o mundo, tendo passado por países como Bélgica, Irlanda, China, Israel, Singapura, França, África do Sul, Austrália e Espanha, onde recebeu mais de dez milhões de visitantes. É a primeira vez que a mostra vem ao Brasil, o que lhe dá um caráter ainda mais especial. Quem não conseguir visitá-la em São Paulo pode tentar a sorte, mais tarde, no Rio de Janeiro, onde as obras serão expostas no Museu Histórico Nacional, entre 11 de novembro e 15 de janeiro. As incríveis esculturas chamam muita atenção, principalmente quando se pensa como foi possível que das mãos de Nathan Sawaya tenha brotado, por exemplo, um Tiranossauro Rex de seis metros de comprimento, que lhe custou 80.020 peças de Lego. Criações mais recentes, como a nadadora azul e o homem amarelo com peito aberto, estarão presentes na exposição. Nathan também trará reconstruções de obras de arte universalmente conhecidas, como a Vênus de Milo, O pensador, de Auguste Rodin, O grito, de Edvard Munch, e O beijo, de Gustav Klimt. “Eu uso esses brinquedos como meio,
Um museu
reinventado
Foto: EBC
Obra futurista de Oscar Niemeyer, símbolo de Niterói, completa 20 anos em setembro
Reconstrução de O Beijo
porque gosto de ver a reação das pessoas à arte criada a partir de algo com o qual estão familiarizadas. Todo mundo pode relacionar-se com isso, uma vez que é um brinquedo que muitas crianças têm em casa e com o qual os adultos têm uma ligação sentimental. Também me seduz o aspecto clean desse material, os ângulos retos, as linhas distintas. Como tantas outras coisas na vida, é uma questão de perspectiva. De perto, a forma do bloco é distinta. Mas, de longe, esses ângulos retos e linhas fixas podem mudar para curvas”, explica Sawaya, que durante sua curta carreira recebeu inúmeros prêmios em reconhecimento ao seu trabalho como uma nova dimensão da Pop Art e do Surrealismo.
POR AKEMI NITAHARA
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The art of the brick
Fotos: Divulgação
De 11/8 a 30/10 no pavilhão de exposições Oca (Parque Ibirapuera, São Paulo). De 3ª feira a domingo, das 11 às 20h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10, à venda em www.ingresse.com. Classificação etária: livre.
O artista com uma de suas releituras de O grito
pós passar um ano e quatro meses fechado para obras de revitalização, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) foi reaberto no dia 16 de junho com muitas novidades. Na parte de estrutura, as inovações deixaram o museu mais sustentável, com sistema de ar-condicionado mais eficiente, impermeabilização da cobertura, nova iluminação em LED para o espelho d’água, o prédio e o entorno da praça (com projeto do Peter Gasper), nova sinalização interna trilíngue e substituição das grades da entrada por vidro. Também foi feita a troca do carpete dos salões expositivos, conforme indicado pelo IPHAN, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Os banheiros foram reformados e o museu ganhou nova recepção e uma loja. As obras receberam investimento de R$ 7 milhões, sendo R$ 6 milhões da Prefeitura de Niterói e R$ 1 milhão do Governo Federal.
Mas a primeira grande reforma do MAC, que completa 20 anos no dia 2 de setembro, foi além da parte estrutural. O diretor e curador do museu, Luiz Guilherme Vergara, explica que o conceito do museu está sendo reavaliado e vai passar por uma modernização para o programa MAC+20. “A gente quer amadurecer o entendimento da vocação do MAC para a arte e ação ambiental. Isso é muito importante, é uma perspectiva dos próximos 20 anos”. De acordo com ele, a ideia é pensar o museu como “laboratório de práticas artísticas, de interfaces sociais e de interfaces ambientais”, bem como da relação com a própria cidade, para além das paredes. “É um museu que busca uma irradiação e colaborações com a cidade, com outros museus da Boa Viagem, com os programas ambientais da Baía de Guanabara e também com as relações de educação”, diz o curador. Boa Viagem é o bairro onde fica o MAC. Em texto publicado no site do mu-
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GALERIADEARTE
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ciais e gerações, diante de uma produção artística com a qual a sociedade tem poucas oportunidades de contato”. O acervo do MAC foi composto pela coleção João Sattamini, com quase 1.200 obras, iniciada em 1966, quando ele morava em Milão. A partir da década de 1980, o colecionador se interessou mais pelas obras brasileiras e investiu no concreto e neoconcreto. Entre os destaques estão Lygia Clark, Aluísio Carvão, Dionísio Del Santo, Ione Saldanha, Iberê Camargo, Antonio Dias e Carlos Vergara. Guilherme ressalta que a arte contemporânea tem ganhado espaço e conquistaFotos: EBC
seu, datado de 2006, o arquiteto Oscar Niemeyer definiu como “fácil” o conceito de criação do MAC: “Como é fácil explicar este projeto! Lembro quando fui ver o local. O mar, as montanhas do Rio, uma paisagem magnífica que eu devia preservar. E subi com o edifício, adotando a forma circular que, a meu ver, o espaço requeria. O estudo estava pronto, e uma rampa levando os visitantes ao museu completou o meu projeto”. Integrante da lista de 29 monumentos que Niemeyer indicou ao IPHAN para serem tombados em comemoração ao seu centenário, em 2007, o MAC teve o processo concluído no último dia 6 de maio. Seu marco arquitetônico futurista lembra um disco voador que pousa sobre a Guanabara, com um espelho d’água para ampliar a integração. Ele pode ser visto do lado carioca da baía. De perto, um detalhe pode passar despercebido: o ângulo das paredes coincidem com o do Pão de Açúcar, que completa a paisagem ao fundo. Guilherme lembra que na inauguração o local foi visitado por 40 mil pessoas e até hoje continua atraindo turistas do mundo todo. Mas, para ele, o conteúdo expositivo e conceitual vai além. “Ao longo desses 20 anos, entendemos que existe um compromisso com a educação, porque o próprio conteúdo do acervo e das práticas artísticas contemporâneas desafia as relações e o sentido público de museu, que devem ser atualizadas constantemente. A sociedade precisa ser cuidada, o museu deve dar atenção especial para os diversos públicos, classes so-
do novos públicos no Brasil, com centros importantes de difusão como Inhotim, na grande Belo Horizonte, o Centro Cultural Banco do Brasil e o Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR). “Colocar a arte contemporânea exposta para outros públicos, que não os formados por academias de história da arte, é um desafio que precisamos enfrentar”. Para a reabertura do MAC foram montadas três exposições. Ephemera: Diálogos entre-vistas, com curadoria de Luiz Guilherme Vergara, reúne obras do acervo, que contam 60 anos de mudanças nas práticas artísticas contemporâneas. A arte de contar histórias tem curadoria da norueguesa Selene Wend e reúne artistas brasileiros e estrangeiros inspirados por grandes obras literárias (essa exposição ocupa também o Museu Janete Costa, que fica a poucos metros do MAC). Por fim, no pátio principal do museu, foi instalada a mostra Da escuta da matéria aos escombros do ser, do artista sonoro Marcelo Armani, que explora o conceito de silêncio proposto na obra do compositor norte americano John Cage. Museu de Arte Contemporânea (MAC)
Mirante da Boa Viagem, s/n – Niterói (21-2620-2400/2620-2481). De 3ª a domingo, das 10 às 18h. Ingresso: R$ 10 e R$ 5. Entrada gratuita às quartas-feiras. Nos demais dias da semana, entrada gratuita apenas para alunos da rede pública (ensino médio), crianças de até sete anos, portadores de necessidades especiais, moradores ou nascidos em Niterói (com apresentação do comprovante de residência) e visitantes de bicicleta.
QUEESPETÁCULO
Mais louco é quem me diz... Dan Stulbach é o maluco beleza do clássico Morte acidental de um anarquista
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ão se admire se, ao chegar ao Teatro da UNIP, for recebido por Dan Stulbach e todo o elenco de Morte acidental de um anarquista, comédia escrita há 46 anos pelo nonagenário italiano Dario Fo, Prêmio Nobel de Literatura de 1997. Eles estarão caminhando e cantando por entre os corredores da plateia para recepcionar o público que se acomoda em suas poltronas e invariavelmente entra no clima, batendo palmas. Nos dias 6 e 7 de agosto, Dan, Henrique Stroeter, Riba Carlovich, Marcelo Castro, Maíra Chasseraux e Rodrigo Geribello vão contar a história de um louco que tem mania de interpretar tipos variados e é preso por se passar por um falso juiz. A recepção inicial tem como intuito aproximar o espectador do ator e do autor do texto. “Queríamos acabar com essa bobagem de celebridade e a forma escolhida foi cantar e também conversar com o público logo no início do espetáculo, explicando por que escolhemos a peça, quem é o autor, em que contexto ele a escreveu”, explica Dan Stulbach. Eles contam ao público que o texto foi baseado num fato real ocorrido em 1969 na Itália, quando Giuseppe Minelli, ligado a um círcu-
lo anarquista milanês, caiu do quarto andar de um prédio e a morte, tida como suicídio pelas autoridades, foi questionada pelo público e pela imprensa como sendo assassinato. Tanto Dan quanto Henrique Stroeter assistiram à primeira montagem da peça de Fo no Brasil, em 1982, protagonizada por Antonio Fagundes. Na época, a história foi muito relacionada à morte de Wladimir Herzog, em 1975, nos porões da ditadura.
Dada inicialmente como suicídio, comprovou-se depois que o jornalista foi morto nas dependências do 2º Exército, em São Paulo. Na montagem atual, contudo, o ator Henrique Stoeter diz que, ao se aprofundar no texto de Fo, pensou mais é no poder dos juízes. “Nunca imaginei, naquela época, que saberia os nomes dos juízes do Supremo”, confessou. Em determinada parte da peça, quando o louco personagem interpretado por Dan Stulbach se passa por juiz, ele diz: “O juiz dita, legisla e sentencia como se dissesse bom dia!”. E completa: “Neste país, o juiz pode tudo!” Mais adiante, Dan Stulbach revela que a atualidade do texto de Dario Fo, escrito há 46 anos, está em trechos como este: “O povo não quer uma sensação de justiça menos injusta; o povo quer uma justiça sem limites”. O ator lembra ainda que Dario Fo foi o único escritor que ganhou o Prêmio Nobel escrevendo comédia. Para o italiano, hoje com 90 anos, quem discute o poder é a comédia. “Tenho certeza de que o público vai se divertir muito com o texto dele e vai sair do teatro com muitas coisas boas para refletir”, conclui Dan. Morte acidental de um anarquista
6/8, às 21, e 7/8, às 20h, no Teatro da UNIP (913 Sul). Ingressos: R$ 100 e R$ 50 (à venda nas Lojas Cia. Toy e na Belini Pães e Gastronomia (113 Sul). Mais informações: 4101.1121.
João Caldas
POR MARIA TERESA FERNANDES
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Lúcia Leão
BRASILIENSEDECORAÇÃO
Um faz-tudo
da sétima arte
POR VICENTE SÁ
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uem conheceu, relembre; quem não conheceu, procure imaginar uma cidade ainda em construção, mas já funcionando. Escolas, parquinhos, empresas, tudo sendo montado em um espaço imenso, mas sem grande peso na vida cotidiana. Era a Brasília do final dos anos 70 e começo dos 80. E nesse ambiente livre e sem medo, o garoto Marcus Ligocki Júnior, um paraense espichado, filho de sulistas, se dividia em dois: um empreendedor que montava equipes para lavar carros, criava galinhas para vender ovos, passava filmes na garagem da casa de amigos e vendia as pipocas e os refrescos, e o outro, um artista que desenhava histórias em quadrinhos e retratos das meninas mais bonitas da escola.
Esses dois lados o acompanharam por toda a adolescência e início da idade adulta. Pode-se dizer que o cinema sempre andou tentando se imiscuir em sua vida, desde as matinês do Cine Drive-in até conquistá-lo de vez com E.T. – O Extraterrestre, de Steven Spielberg, no Cine Márcia do Conjunto Nacional. Os filmes brasileiros e o chamado cinema alternativo ele só conheceria ao entrar na UnB, em 1991, para cursar publicidade. A vontade de fazer cinema tomou conta de Marcus Ligocki em um período complicado. O curso de cinema da UnB estava fechado, o cinema nacional sentia a extinção da Embrafilme e ele acabou caindo em produtoras de comerciais, mas não gostou do modo como se trabalhava nelas. “Pouco espaço para a criação e muito para a pressa”, lembra.
Por conta de seus desenhos, ele já havia trabalhado na Cadline e depois na Mister Grafics, empresas de animação e computação gráfica da cidade, e chegou a produzir três filmes de animação para Maurício de Souza, da série Mônica quadro a quadro, que eram vendidos nas bancas de revistas. Por esta época, a metade empreendedora de Ligocki começou a investir em sua carreira no cinema e ele foi fazer cursos no Festival de Cinema do Rio de Janeiro. Ao final de uma palestra ministrada por Iona Macedo, vice-presidente da Columbia Pictures, apresentou-se a ela e entregou seu cartão de roteirista. Um roteirista que ainda não tinha emplacado um só roteiro na curta carreira. A partir dessa troca de cartões rolou um convite para trabalhar num projeto que estava
mentários dirigidos pelo sócio, dois deles para a HBO, que acabaram sendo distribuídos por toda a América Latina. Estava tudo dominado, sua vida já pertencia ao mundo do cinema. Como sua vontade de dirigir um longa de ficção vinha crescendo, resolveu abrir sua própria produtora. Mas antes de realizar seu sonho ainda teria outra missão: criar o curso de cinema do IESB. O trabalho durou dois anos e ele, cansado, voltou a se dedicar exclusivamente à produtora. Foi dele a produção de Rock Brasília – Era de ouro, de Vladimir Carvalho (leia depoimento no boxe ao lado) e de O último cine drive-in, de Iberê Carvalho. Aos 43 anos, mais seguro e maduro, tendo o empreendedor e o artista caminhando lado a lado, Ligocki finalmente chegou ao seu primeiro filme autoral, roteirizando (com Angélica Lopes e Kirsten Carthew), produzindo e dirigindo Uma loucura de mulher, estrelado por Mariana Ximenes, Bruno Garcia, Miá Mello e Sérgio Guizé. O filme custou R$ 7,5 milhões e foi exibido em 280 salas. Uma estreia em grande estilo, num país com pouco mais de três mil salas de cinema. Foi a produção nacional de maior bilheteria em junho, com mais de 100 mil espectadores. Ligocki já tem mais dois filmes para dirigir, mas antes voltará a produzir para Renato Barbieri o filme Pureza, uma ficção sobre o trabalho escravo no norte do país, baseada em fatos reais. O negócio, como dizem na bilheteria, é pagar para ver.
Parceiro melhor não há POR VLADIMIR CARVALHO
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sendo criado em parceria com a TV Bandeirantes, para adaptar uma série americana para a TV brasileira. Enquanto esperava para fechar contrato com a Band, Ligocki fez cursos de roteiro, direção e produção, tentando compensar sua pouca experiência. O projeto acabou saindo, mas só durou um mês para ele, por conta de um desentendimento com a roteirista sênior. Um final triste para um começo tão surpreendente. De volta a Brasília, passou a usar tudo que aprendera nos cursos, roteirizando e dirigindo documentários, filmes institucionais, comerciais, enfim, tudo o que aparecia ou que ele conseguia levar para as produtoras com as quais trabalhava. Em 2003, o empreendedor voltou a atacar e Marcus vendeu tudo o que tinha para fazer o curso de Formação Executiva em Cinema e Televisão na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, o primeiro no país a abranger desde a captação de recursos até a distribuição dos filmes. No curso, ele acabou eleito representante de turma, o que lhe permitiu conhecer as grandes empresas de cinema do Rio. Como projeto final, seu grupo desenvolveu uma projeção de financiamento do filme Cidade de Deus, que anos depois estouraria nas telas do Brasil e do mundo. Mesmo com convites para trabalhar no Rio, Ligocki retornou a Brasília para trabalhar com Márcio Curi na produção do primeiro longa de Renato Barbieri, As vidas de Maria. Depois do filme, associou-se a Barbieri e produziu vários docu-
Mariana Ximenes em cena de Uma loucura de mulher.
A primeira vez que eu o vi, ele entrava pela porta da nossa Fundação Cinememória ciceroneado por Renato Barbieri. Com um jeito ainda de adolescente, era um tímido aspirante ao ofício de cineasta e ficou olhando curioso a tralheira de equipamentos obsoletos, as velhas câmeras, moviolas, refletores, já àquela altura descartada do uso. Realizávamos uma dessas nossas reuniões cheias de discussões em acesos debates. A tudo assistiu do seu canto, limitando-se a ouvir, reservado, mas atento, como bom aprendiz. Se a memória não me falha, isso foi por volta do início dos anos 2000. Logo associado a Barbieri, tornou-se assíduo, queimou etapas, revelando de cara um espírito empreendedor, abraçando tarefas da produção cinematográfica de grande responsabilidade. Fez de tudo, desde escrever e produzir a dirigir, uma revelação. Em 2010, foi providencial o nosso entendimento quando o procurei para produzir, como produziu, o meu filme Rock Brasília – Era de ouro. Foi uma mão na roda e eu jamais tive, em todos esses anos de lida, um parceiro mais competente, dedicado, estimulante e, de quebra, mais afetuoso do que Marcus Ligocki. Nada me faltou do princípio ao fim de nossa parceria, uma química na dose certa. Por tudo isso, exulto diante da realização de seu filme Uma loucura de mulher, ora em exibição por todo o Brasil. Um feito extraordinário que coloca Brasília na primeira linha da grande produção nacional com um filme de extrema qualidade, revelando um inspirado realizador, de mão segura, a se igualar aos melhores autores de comédias dramáticas do país. Ele fez por onde e, portanto, merece.
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LUZCÂMERAAÇÃO
A grande ilusão (1937), de Jean Renoir.
O batedor de carteiras (1959), de Robert Bresson.
Preciosidades francesas A Embaixada da França e o Cine Brasília apresentam, em nova matriz digital, nove obras-primas de diferentes épocas POR SÉRGIO MORICONI
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pesar de contar com pouco menos de uma dezena de filmes, Clássicos franceses restaurados faz, por assim dizer, um mini resumo histórico da época de ouro de uma das mais importantes cinematografias do mundo. Estão contempladas na mostra obras do período (quase) mudo, como Zero de comportamento, de Jean Vigo (1933), da primeira década do falado, como A grande ilusão (1937), de Jean Renoir, além de realizações fundamentais dos anos 50 e 60, da chamada Nouvelle Vague, onde figuram os icônicos O desprezo (1963) e O demônio das onze horas (1965), ambos de Jean-Luc Godard, O batedor de carteiras (1959), de Robert Bresson, e o tardio O último metrô (1980), de um dos fundadores do movimento mencionado acima, François Truffaut. Tudo bem, hoje em dia ninguém considera mais o filme de Truffaut um representante da Nouvelle Vague, mas é como se fosse ainda uma extensão mais amadurecida dela. A mostra culmina com Van Gogh, de
Maurice Pialat, uma produção de 1991. Entre este e Zero de comportamento será exibido O carrossel da esperança (1949), de Jacques Tati, um dos mais excêntricos e singulares gênios da arte cinematográfica. A seleção de clássicos pode suscitar a indagação se haveria aqui a compreensão de uma linha evolutiva para o entendimento do cinema francês de seu princípio até o início de nossa contempora-
A musa Brigitte Bardot em cena do filme O desprezo (1963), de Jean-Luc Godard.
neidade. Um elo possível pode ser Jean Renoir, cineasta que deu seus primeiros passos no período mudo, marcou o início do falado com La chienne (1931) e que depuraria a linguagem moderna do cinema de seu país (e mundial) com A grande ilusão (1937) e depois com A regra do jogo (1939). French can can (1954), presente na mostra, tem como peculiaridade e experiência do diretor com as cores, emulando as pinturas dos impressionistas, de Toulouse Lautrec e do vaudeville do Moulin Rouge parisiense. Vigo e Renoir foram referências para a geração da Nouvelle Vague, movimento fundador do cinema moderno francês e (não é exagero dizer) mundial. Assentada a poeira de seu impacto inicial, hoje inúmeras publicações voltam a polemizar se a Nouvelle Vague existiu de fato. A expressão cunhava o grupo de novos realizadores que surgiu na França no final dos anos 50, quase todos originários da redação da influente revista Cahiers du Cinéma. Nos seus artigos, Eric Rohmer, François Truffaut, Jacques Rivette, JeanLuc Godard e Claude Chabrol lutavam
O carrossel da esperança (1949), de Jacques Tati.
dos em torno da Cahiers du Cinéma é preciso compreender alguns dos conceitos que com tanta veemência eram difundidos nas páginas da revista. Muitas vezes, mas nem sempre, as diferenças eram muito mais visíveis em teoria do que na prática. Quando se vê filmes como O carrossel da esperança, de Jacques Tati, ou ainda obras de Alain Resnais e Robert Bresson, realizados na década seguinte, a expressão Nouvelle Vague, aparentemente, perde quase todo o sentido. Com seus filmes excêntricos de vanguarda, Godard seria um caso à parte. Em relação aos outros, o empenho em se “emancipar” da indústria de cinema pouco a pouco desaparece. Truffaut, principal-
mente, vai se transformar num símbolo do cinema francês de qualidade, juntando-se, indiferenciadamente, aos fantasmas do passado. Alguns dos fantasmas tinham um peso enorme. Jean Renoir, por exemplo. Ele foi um dos poucos poupados pelos impiedosos jovens críticos. Bresson foi outro poupado da “guilhotina”. Com a distância, os filmes de Clássicos franceses restaurados não deixam de ser mais uma oportunidade para declarar, como dissera ambiguamente um sambista: “A razão dá-se a quem tem”. Clássicos franceses restaurados
De 21 a 27/7 no Cine Brasília. Sessões às 19h nos dias úteis e às 17 e 19h no sábado e no domingo. Ingressos a R$ 12 e R$ 6. Fotos: Divulgação
contra o que chamavam de “cinema de papai”, uma provocação dirigida contra a velha guarda do cinema francês, principalmente a George Duvivier, Marcel Carné, Henri-George Clouzot e Claude Autant-Lara. Com o distanciamento histórico, fica cada vez mais claro que os jovens diretores que à época estavam surgindo tinham pouca coisa em comum. Alguns, apesar da amizade, esteticamente falando não tinham nada em comum. Truffaut costumava brincar dizendo que a única coisa que seus companheiros da Nouvelle Vague costumavam compartilhar eram os jogos de fliperama. Ele próprio, alguns anos depois, seria acusado de fazer um cinema igual àquele que combatia. O último metrô, de 1981, mostra que não era bem assim. Mesmo passados mais de 20 anos da deflagração da Nouvelle Vague, o filme resguarda um frescor difícil de encontrar mesmo nos dias de hoje. Mas as antigas vítimas dos Cahiers se aproveitaram para contra-atacar argumentando que seus opositores “buzinaram” em seus ouvidos ridículas idiossincrasias, e as “diferenças” haviam se diluído a ponto de perderem inteiramente o sentido. Pressionados, os líderes do novo cinema, Godard e Truffaut, retrucaram dizendo que os “inimigos” estavam trocando gato por lebre. Para entender o tipo de ruptura propugnado pelos novos realizadores reuni-
O demônio das onze horas (1965), de Jean-Luc Godard.
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CRÔNICADACONCEIÇÃO
Crônica da
Conceição
Sem a dependência química
E
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stranho ir ao mundo sem uma caneta, um caderninho e a tarefa de contar o que viu. Tem sido assim nos últimos tempos. Vou a uma manifestação e de repente me sinto recém-chegada à vida. Peregrino pela Esplanada, manifestante anônima, e me pego outra: não preciso mais observar as pessoas em busca de gestos e palavras que possam compor uma narrativa do que ali está acontecendo. Há uma inimaginável liberdade: não preciso mais criar uma versão dos acontecimentos. Ao fim e ao cabo, todo relato, jornalístico ou não, é uma versão do acontecido. Mas, em sendo jornalista, a versão terá de ser, por dever de ofício, a mais próxima da verdade acontecida. Então, descubro que eu não existia, jornal existia. Embora tivesse esperneado a vida inteira contra o terrível vício da profissão de fazer juízo de valor de tudo, como um magistrado obsessivo-compulsivo, eu também vivia sob a dependência química do julgamento. Não exercer o ofício de jornalista é uma liberdade. Cheguei ao mundo faz pouco. Não que todo jornalista inexista. Eu não existia, porque me escondia dentro da armadura profissional. Era mais fácil, estava mais protegida.
Não precisava viver, bastava ser repórter. Deve acontecer em todas as profissões. Veste-se a carapuça e, só lá adiante, na aposentadoria, se tem a chance de deixar a pele em contato direto com o frio e o calor da vida, de atravessar a cidade com a inteireza da identidade mais profunda de cada um, sem a carcaça da profissão. A profissão que se escolhe é uma religião que se abraça. Ela nos conduz pela travessia ora terrível ora nem tão terrível ora mansa que é a vida adulta. Não me nego jornalista, muito menos cronista (mas cronista é outra coisa). Fui o que poderia ter sido, mas é muito bom não ser. Ou poder ser outra de mim mesma. Sem o peso da corporação (a corporação cobra um preço altíssimo em troca da proteção trabalhista e institucional que te oferece). Se não sou mais jornalista (sim, posso ser ex-jornalista!), posso ser muitas coisas que nem sabia que eu era ou podia ser. Ou poderia ter sido. É claro que o ofício do jornalismo não impede, em tese, nenhum outro. Mas é mais cômodo ser uma coisa e pronto. Sem essa coisa, fica-se livre – incomodamente livre – para ser outra e outras. Até o modo de pensar, principalmente o modo de pensar,
muda. Do lado de fora de uma redação, a perspectiva é completamente outra. A mim, ela tem se apresentado mais complexa, mais rica, menos condicionada pelo dever de apresentar uma versão minimamente crível ao leitor. Há versões inacreditáveis. Há acontecimentos tão intrincados que cabem numa única versão dos fatos. Há fatos tão obscuros que não conseguem ser decifrados ou mesmo relatados em sua inteireza sem que se declare essa névoa. Mas o jornalismo exige que os dados estejam sobre a mesa, designados e decifrados um a um. É uma das terríveis armadilhas da profissão. Em especial, nas áreas de política e economia. Na atual condição de leitora dos acontecimentos, me sinto mais bem informada – menos pelo que está publicado, mais pelo que consigo inferir de tudo o que leio e de tudo o que não leio nesta ou naquela publicação. Estou do lado de fora, olho de um outro jeito. A liberdade é um saltar no abismo. Nenhuma certeza, apenas a sensação de que posso flanar sem ter de aterrissar obrigatoriamente nesta ou naquela versão dos acontecimentos. Sou mais dona de mim mesma, frilando na vida, como nunca, como a primeira vez.
Ministério da Cultura apresenta
Brasília / 2016
bb.com.br/cultura
Banco do Brasil apresenta e patrocina
ZEITGEIST ARTE DA NOVA BERLIM 27/7 a 12/10 Produção
Centro Cultural Banco do Brasil SCES, Trecho 2, Brasília/DF (61) 3108 7600 Licença de funcionamento nº 00340/2011. Governo do Distrito Federal/ Brasília/ Distrito Federal. Validade: prazo indeterminado.
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