BRASÍLIA É CENÁRIO DE DOIS FILMES QUE ESTREIAM EM AGOSTO
Ano XV • nº 254 Agosto de 2016
R$ 5,90
O teatro invade a cidade A partir do dia 23, o Cena Contemporânea rompe as fronteiras do Plano Piloto e chega a Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Estrutural e Varjão
e d e t n o z i r o Por um h B R B o m o c e t n o c , s e õ ç a z i real . o r u t u f u e s para fazer o O BRB está em sintonia com as necessidades do seu tempo. É pensando em você que o banco oferece produtos e serviços que combinam com seus planos, tornando sua vida muito mais prática. Tudo para estar presente em cada uma de suas conquistas. Procure seu gerente BRB para que juntos possamos escolher as melhores soluções financeiras para você.
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EMPOUCASPALAVRAS Divulgação
Se os teatros e espaços culturais da cidade estão fechados à espera de urgentes reformas, o teatro como expressão artística não se deixa morrer: busca palcos improvisados em casas, bares, boates e praças. Esse é o espírito da 17ª edição do festival Cena Contemporânea, que entre 23 de agosto e 4 de setembro vai espalhar 29 espetáculos e performances não só por Brasília, como também por várias cidades-satélites. Na programação, que contempla produções locais, nacionais e internacionais, está a performance de rua escolhida para ilustrar a capa desta edição. Trata-se do instigante Cegos – Desvio coletivo, um grupo de dezenas de homens e mulheres cobertos de argila que vão circular pela Esplanada dos Ministérios para chamar a atenção para a triste degeneração ética de nossa sociedade (leia a partir da página 19). Se há carência de palcos na cidade, o mesmo não se pode dizer de galerias de arte, sempre cheias de brasilienses à procura de boas exposições de artes plásticas. Exemplo disso é o CCBB, que até 12 de outubro recebe a mostra Zeitgeist – Arte da nova Berlim (página 36). Outro ótimo exemplo é o Espaço Cultural Marcantônio Vilaça, que traz à cidade a imperdível mostra Rodin – O despertar modernista (página 37). Outro, ainda, é o Museu da República, um dos espaços a acolher as inúmeras exposições que comemoram o Mês da Fotografia (Dia & Noite, página 28). Também não faltam boas salas de projeção cinematográfica, com mostras de altíssima qualidade. No Espaço Itaú, do CasaPark, o cinema italiano atual vai ser a estrela, a partir do dia 25 (página 38). No cinema do CCBB, as produções de Brasília é que terão destaque na mostra Capital na tela (página 41). A gastronomia da cidade tem dados sinais robustos de sobrevivência mesmo em tempo de crise. Nossos destaques são a inauguração do Bamboa Cozinha de Bar, anexo à casa de shows do mesmo nome; de um restaurante contemporâneo com toques da culinária goiana, o Nebbiolo; do café La Rubia, que se autodenomina “coocktail bar esquizofrênico”; e ainda do Vó Maricota, com a sempre saborosa comida mineira (página 6). Finalmente, apresentamos a onda que começa a dar as caras por aqui, a chamada gastronomia compartilhada. De um lado, um chef amador ou profissional que adora receber amigos em casa. De outro, apaixonados por experiências gastronômicas diferentes das encontradas no cotidiano. Nos moldes do Airbnb, o site hospedeiro de turistas em casas de família, nasce o Menutrip, que usa uma rede social para reativar a mais antiga rede social do mundo: a mesa de jantar (página 4). Boa leitura e até setembro! Maria Teresa Fernandes Editora
38 luzcâmeraação Loucas de alegria, road movie à la Thelma e Louise, será o filme de abertura da mostra 8 ½ Festa do Cinema Italiano, dia 25, no Espaço Itaú de Cinema.
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ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14 – Conjunto 2 – Casa 7 – Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa Carlos Roberto Ferreira (montagem de fotos de Marcelo Denny e de divulgação) | Colaboradores Alessandra Braz, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Ana Vilela, Beth Almeida, Cláudio Ferreira, Conceição Freitas, Eduardo Oliveira, Elaina Daher, Heitor Menezes, Júlia Viegas, Laís di Giorno, Luana Brasil, Lúcia Leão, Luís Turiba, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Pedro Brandt, Ronaldo Morado, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Teresa Mello, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle | Fotografia Fabrízio Morelo, Gadelha Neto, Rodrigo Ribeiro, Sérgio Amaral, Zé Nobre | Para anunciar 99988-5360 | Impressão Editora Gráfica Ipiranga Tiragem: 25.000 exemplares. 3
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ÁGUANABOCA
Gastronomia compartilhada POR VILANY KEHRLE
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ma noite no jardim do Éden. Uma viagem à terra judaica. Chiquê brasileiro. Burger night. São alguns dos eventos que podemos encontrar no site www.menutrip.com.br, voltado para pessoas apaixonadas pela boa comida e que procuram experiências gastronômicas diferentes no seu cotidiano. Idealizado pelos irmãos Renato e Marcelo Pereira e o amigo Fábio Pinto, o Menutrip funciona tal qual o Airbnb, serviço online comunitário que anuncia acomodações em residências particulares: chefs anfitriões (profissionais ou gente comum que adora cozinhar e receber) se inscrevem no site, que se encarrega de conectálos aos comensais. Lançada em 25 de julho, em São Paulo, mas em fase de testes desde maio, a startup deseja tornar-se importante plataforma de eventos compartilhados no Brasil. Renato Pereira é engenheiro e trabalhou muitos anos em multinacionais. Embora sem nenhuma formação gastronômica, teve sensibilidade para perceber que existe grande número de pessoas que adoram cozinhar e que gostariam de ter a oportunidade de produzir saborosos pratos para pessoas fora do seu círculo familiar ou de amizade. Esse é um dos papéis do site Menutrip: fazer a ponte entre os
“chefs escondidos” e aqueles que adoram a boa mesa e sonham com experiências inovadoras fora dos tradicionais espaços de restaurantes, bares ou lanchonetes. O serviço funciona assim: os chefs criam seu menu e o cadastram no site, informando preço, data, horário e local e aguardando a aprovação da equipe do Menutrip, que, após a definição, encaminha os nomes dos comensais interessados no evento para que o chef possa aprová-los. Depois de autorizada a reserva e feito o pagamento, o chef recebe os convidados e, concluído o evento, faz uma avaliação para o site sobre cada um deles. Proporcionando aos convidados a facilidade de encontrar em um só lugar diversos acontecimentos gastronômicos, o
site exige que os usuários escolham um evento na cidade de seu interesse, façam a reserva e aguardem a confirmação pelo anfitrião. Para garantir seu lugar à mesa, os visitantes devem inserir os dados de um cartão de crédito. Caso não seja confirmada a reserva pelo chef, o valor é estornado no próprio cartão. Mesmo com pouco tempo de funcionamento, o site já conta com inúmeros eventos cadastrados em diversas cidades do país, como Belo Horizonte, Búzios, Curitiba, Florianópolis, Paraty, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória. Em Brasília, apenas um chef aderiu ao serviço, até o momento. Thiago Gonçalves, 27 anos, conta que desde criança é apaixonado pela magia da cozinha.
Os fundadores do Menutrip: os irmãos Renato e Marcelo Pereira e o amigo Fábio Pinto (ao centro).
Com o passar dos anos, foi se aperfeiçoando, cozinhando para os amigos em pequenos eventos, até decidir se profissionalizar. Formado pelo Instituto Gastronômico das Américas, de São Paulo, hoje é chef do Moca Café e Restaurante e também personal chef numa empresa de cozinheiros de aluguel que fundou com duas amigas. O “burger night”, seu evento anunciado no Menutrip, convida os apaixonados pela boa mesa a comer à vontade um hambúrguer feito na churrasqueira, em uma noite divertida e num local aconchegante. “O site é uma excelente iniciativa. Em uma sociedade a cada dia mais ocupada e se alimentando mal, esses eventos têm o papel de oferecer uma refeição de qualidade e a possibilidade de conhecer novas pessoas, sem contar que é uma oportunidade de renda extra”, afirma o chef, enfatizando que deseja proporcionar aos comensais experiências gastronômicas com preços justos e sem gourmetização. Marcela Lopes da Silva e Mônica Freitas começaram a cozinhar por prazer. Hoje, são sócias no Bistrô 54, localizado no bairro do Taquaral (na subida do Colorado), um lugar de áreas amplas repletas de natureza de onde se descortinam belas paisagens. Frequentado por gente de bom paladar, o pequeno restaurante funciona apenas aos sábados, das oito da noite até uma da manhã, e às sextas-feiras para grupos fechados. Boa parte dos ingredientes que elas utilizam nos jantares é extraída das plantações que culti-
vam em casa ou comprada na feirinha de orgânicos que fica nas redondezas. Em junho último, elas anunciaram dois eventos no Menutrip, no período em que o sistema estava em fase de testes. “Foi muito boa a experiência. Apareceu muita gente, inclusive pessoas que fazem parte da equipe do site. A proposta do nosso negócio hoje é bastante parecida com a deles”, conta Marcela. A equipe do Menutrip não se preocupa apenas com os menus que são oferecidos na página. Também fornece aos chefs dicas sobre como montar um evento de sucesso, seja ele um almoço, um jantar, um café da manhã ou um lanche da tarde. A maneira como o anfitrião se apresenta e a valorização do local onde os convidados poderão saborear a comida e travar longas conversas são alguns dos cuidados sugeridos pela equipe do site. Outra preocupação é com a segurança dos usuários. Além de os visitantes só conseguirem confirmar a reserva com cartões de crédito válidos e terem o perfil aprovado pelos anfitriões, o Menutrip exige que todos os envolvidos no negócio tenham perfil no Facebook com um histórico de vida, e não apenas com nome e foto. A equipe acredita que essas medidas já reduzem bastantes as chances de fraude e permitem verificar melhor quem está de cada lado da operação. Renato ressalta que a economia compartilhada na área de gastronomia está em um momento embrionário no Brasil, e que a tendência é surgirem players nacionais e estrangeiros tentando aprovei-
Fotos: Divulgação
À esquerda, o Bistrô 54, de Marcela e Mônica; ao centro, o descontraído ambiente onde o chef Thiago Gonçalves (abaixo) serve hambúrgueres suculentos como o da foto acima.
tar essas oportunidades. Outro dado que ele considera positivo é que, até o momento, esse segmento não está sofrendo resistência de outros empreendedores da área de alimentação, até por não ser grande o suficiente para incomodar. A receptividade tem sido, até agora, surpreendente. Anfitriões e convidados têm adorado as experiências proporcionadas pelo site, o que levou a equipe a adotar o “selo de garantia Menutrip”, que devolve 100% do valor pago aos convidados que não ficarem satisfeitos com a experiência. Renato diz que o objetivo de seu trabalho é, acima de tudo, reativar a rede social mais antiga do mundo: a mesa de jantar. “Queremos usar a modernidade da internet para aproximar as pessoas e resgatar a humanização do contato social, e nada melhor do que uma boa comida e uma boa conversa para fazer isso acontecer, não é?” www.menutrip.com.br
E-mail: contato@menutrip.com.br Telefone: (11) 95833.7970
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Um show de restaurante
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casa de shows Bamboa, no Setor Hípico, é um importante point de Brasília desde sua inauguração, há um ano. Responsável por baladas e festas com grandes nomes da música sertaneja, do pagode etc, a casa agora abre mais uma porta para receber (e agradar) o público brasiliense: o Bamboa Cozinha de Bar. Assim como a casa de shows, o restaurante aposta no tamanho e na diversidade, buscando construir ali um verdadeiro complexo de lazer. Ao lado do Bamboa – mas não ligado – o restaurante apresenta um cardápio variado, com entradas, petiscos, pratos à la carte, sushis e sobremesas, além de ampla carta de bebidas – cervejas, vinhos e drinques. Inaugurado no final de julho, o Bamboa Cozinha de Bar tem, de fato, um cardápio bastante amplo, que será remodelado de acordo com as preferências da clientela. No entanto, a casa não ficará limitada. Longe disso. A grande aposta do Bamboa é o oferecimento de várias opções gastronômicas, desenvolvidas por alguns dos melhores profissionais da cidade em cada especialidade. Um deles é o sushiman paulistano Adriano Oliveira, que aportou em Brasília para coordenar o sushi bar do Bamboa. Autodidata, ele tem extensa carreira em
todas as vertentes do sushi, do mais tradicional ao contemporâneo. Essa experiência, combinada com a independência criativa, gerou primores como o carpaccio de salmão ao molho de maçã verde (R$ 35). O sushiman adquiriu uma expertise no corte e na apresentação de seus pratos que é visível em todos os pedidos. Já o chef Valdemir Rodrigues trouxe seus 26 anos de profissão para a cozinha do Bamboa. Apostando suas fichas tanto no atendimento de grandes grupos quanto num jantar romântico, Valdemir imprime finesse na apresentação de pratos muitas vezes rústicos e robustos. Adepto do slow food, a elaboração demorada de um prato para uma maior apreciação, o chef também aposta na substituição do óbvio para surpreender o paladar. Um
Bamboa Cozinha de Bar
Setor Hípico, próximo ao ParkShopping (3334.4450). De 3ª a 5ª feira, das 17 à 1h; 6ª e sábado, das 11h30 às 15h e das 17 às 2h; domingos e feriados, das 11h30 à 1h.
Fotos: Rayan Ribeiro
POR VICTOR CRUZEIRO
exemplo é o bacalhau grelhado com purê de batata baroa e ovo poché (R$ 45). Sem azeitonas, cebolas ou pimentão, sempre presentes em receitas tradicionais. No comando do bar está o mixologista Isaías Silva, responsável pela elaboração das cartas de drinques de casas como o Dudu Bar e o Bottarga. Isaías levou para o Bamboa sua capacidade de dosar, em reelaborações de drinques tradicionais, sabores díspares. Sua sugestão pessoal é o Berry Punch (R$ 25,90), com vodca, suco de cranberry, xarope de framboesa, raspas de limão siciliano e taiti e soda, finalizado com morangos laminados e pimenta dedo de moça. Finalmente, as sobremesas da casa estão sob o comando de Eddie Almeida, o mais jovem dos integrantes. Formado no IESB, Eddie sempre teve grande paixão pela confeitaria. Passou por casas como La Boutique e agora dedica-se a explorar as possibilidades mais doces no Bamboa. Uma de suas criações é o bolinho de chocolate quente servido com chocolates Kinder, farofinha crocante de cookies e calda de Nutella, decorado com uma paleta de chocolate (R$ 23,60). O Bamboa Cozinha de Bar abre as portas para receber calorosamente, e com primor, clientes de todos os gostos. Com mais de 500 lugares, dois lounges, brinquedoteca com monitores e um cardápio invejável, promete ser um espetáculo tão grande quanto seu vizinho homônimo.
Contemporâneo goiano N
ão se faz bom pão com farinha ruim. Esse é o lema do Nebbiolo, aberto este mês na 409 Sul. De culinária contemporânea com pegada goiana, acolhe 60 pessoas em espaço no qual o cimento queimado cobre as paredes e o piso, e a treliça de madeira delimita a entrada e a saída para o jardim. Sem falar nas longas luminárias feitas de corda. O nome foi inspirado na uva natural do Piemonte, na Itália. “Ela é pequena e forte”, descreve a proprietária Cláudia Gonçalves de Castro, que se reconhece assim. O verde da parreira colore o uniforme informal dos garçons e do maître, Francisco. “Quem vem aqui de terno são os nossos clientes”, brinca ela, à frente de uma equipe de 30 funcionários. Há pouco mais de um ano em Brasília, a empresária de 52 anos seguiu a trilha dos dois filhos, que vieram par cá antes. Em Goiânia, foi aluna de gastronomia de Fabiano Carvalho e comandou uma loja de vinhos e um restaurante. Para abrir o Nebbiolo, convidou o professor e, juntos, criaram o cardápio. No almoço de terça a sexta-feira, das 12 às 15h, a proposta resume-se a entrada, prato principal e sobremesa. “Quem não quiser comer salada, não paga por ela”, avisa Cláudia, que enxerga o empreendimento com olhos de consumidora. As cadeiras têm braços para dar mais conforto e os drinques sem álcool também exibem requinte. O Mule do Cerrado,
por exemplo, chega em caneca de cobre, igual à versão com vodca. Suco de limão, concentrado de hortelã e espuma de pequi completam a bebida idealizada por Alex Miranda. Outros cuidados são o revestimento acústico no teto, para abafar o zunzum, o pãozinho embrulhado em papel de padaria, que evoca a memória afetiva das pessoas, e as louças assinadas por Eugênio Alvim, aquecidas a 45°C. Há ainda azeite português menos ácido, destinado às crianças, e conserva de pimenta feita pela empresária. Mas o maior carinho está nos ingredientes, vindos de pequenos produtores locais, como o queijo feito por um casal de italianos. “Usamos manteiga clarificada, e nossa massa é artesanal”, conta o chef paulista Fabiano, 15 anos de profissão. “Não usamos sal refinado nem óleo de soja”, completa Cláudia.
As sugestões da dupla são muitas. Vale a pena provar, como entrada, o carpaccio de lombo de bacalhau (R$ 65) ou o rosbife de picanha com salmão marinado (R$ 45). Depois, risoto vegano (R$ 42), picadinho de filé ao molho de cerveja escura e vinho tinto (R$ 52), massas (uma delas leva couve, linguiça e caldo de feijão), carnes e peixes. No dia 29 de cada mês celebra-se o nhoque e, para acompanhar, a carta de vinhos oferece 170 rótulos. O goiano Willian Mateus se encarregou dos doces. Quer dividir a sobremesa? Então, a dica é o pot-pourri (R$ 36): bolinho de farinha de amêndoas, chantilly de canela, torrone de doce de leite, chocolate branco com laranja kinkan e tiramisù desconstruído. Nebbiolo
409 Sul, Bloco D (2099-6640) De 3ª a sábado, para almoço e jantar; e domingo, das 12h às 16h30. Fotos: Danilo Gouveia
POR TERESA MELLO
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Comidinha de vó POR SÚSAN FARIA
Fotos: Pedro Santos
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o final dos anos 1950, Maria de Jesus, a vó Maricota, montada a cavalo, veio com a família da mineira Coromandel para as terras goianas: Santo Antônio do Descoberto, então município de Luziânia. Hoje, Vó Maricota dá nome ao novo restaurante e café administrado por seu bisneto Rafael Lima na 201 Norte. A casa tem conquistado a preferência de muitos brasilienses por reunir exigências daqueles que querem qualidade, sabor, variedade, bom atendimento e preço compensador. Ou seja, mantém-se a tradição em um restaurante cujas raízes estão em Minas Gerais e que aqui foram fincadas antes mesmo da construção da nova capital do país. Rafael, 35 anos, formado em Ciências Aeronáuticas e pós-graduado em Administração de Empresas, licenciou-se temporariamente do cargo de piloto de avião para cuidar do Vó Maricota. Antes de se formar, aos 14 anos, já ajudava a mãe, Hilda, nos restaurantes da família. E é a essa mãe e a suas avós e bisavós que ele dá o crédito de uma cozinha saborosa e feita com dedicação. “Minha avó cozinhou muito para famílias tradicionais de Luziânia e minha mãe sempre gostou do ofício”, diz. Em Santo Antônio do Descoberto nasceu Hilda Andrade de Lima, 61 anos, quatro filhos, que aprendeu a pilotar o fogão com a mãe, as duas avós mineiras e a sogra. Hilda teve uma confecção e um quiosque que servia lanches no antigo Venâncio 3.000. “A clientela pedia almoço, mas quando os pratos executivos superaram o número de 200 por dia resolvi abrir o restaurante Sabor e Companhia”. Há 25 anos ela comanda esse restaurante no Shopping ID, com filial na 708 Norte. O filho Rafael administra dois Vó Maricota, ambos na Asa Norte: o da 715, que comemorou dois anos em julho, e o da 201 Norte, recém-inaugurado. Os quatro restaurantes empregam 80 pessoas. O Vó Maricota da 201 Norte serve pratos caseiros, sem adição de químicas.
“Só compramos frutas e legumes selecionados. O molho de tomate é de tomate, a massa de lasanha é caseira”, exemplifica Rafael, para quem o segredo do sucesso da casa se deve também à boa relação com os funcionários. No local funcionou o Balaio Café, de Juliana Lima, a Ju Pagu, irmã de Rafael, que junto com a mãe pretende montar uma casa de biscoitos no Plano Piloto. No Vó Maricota tem café matinal com doces e salgados coloniais, sucos naturais, bolos, pão de queijo, biscoito, chocolates, cremes e sucos, a preços variados. No almoço, massas, saladas, frango, peixes e carnes, como o pernil com rapadura. Além das variedades diárias, às terçasfeiras tem comida oriental, às quartas comida a árabe e às quintas comida mexicana. As sobremesas são de “comer rezando”, como a torta de três leites, criação de Thais Terra, que morou no Chile e na Argentina, onde aprimorou as receitas. De segunda a sexta, o quilo da refeição custa R$ 48,90; aos sábados R$ 52,90; aos domingos e feriados, R$ 55,90. O rodízio de caldos – das 18 às 20h – custa R$ 15,90. O prato vendido no delivery, com 700 gramas, custa entre R$ 15,90 e R$ 28,90. A casa tem capacidade para 230 pessoas sentadas, possui um mezanino que pode ser ocupado para chá de fraldas ou aniversários, e a decoração é do arquiteto Rogério Tavares. “Venho com frequência porque a comida é boa e o preço adequado. Gosto especialmente das saladas e das carnes”, atesta José Carlos Prestes, 38 anos, servidor público. Já o sócio do Vó Maricota, o empresário Nonato Rodrigues, do ramo de academias de ginástica, disse que entrou no negócio por ter a certeza de que ali haveria alimentação saudável e saborosa, uma ótima opção para quem não pode comer em casa. Vó Maricota
201 Norte, Bloco B (3327.0821). De 2ª a 6ª feira, das 8 às 20h; sábado e domingo, das 12 às 15h. 715 Norte, Bloco A (3033.1830). De 2ª a sábado, das 12 às 15h. Delivery: das 11 às 15h.
Fotos: Bruno de Lima
Divertida esquizofrenia POR LAÍS DI GIORNO
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etreiro em neon, iluminação com cores quentes e decoração estilo industrial com toques retrô. Um ambiente sensual e acolhedor, onde cada detalhe foi pensado para estimular os sentidos. Ao som de disco music, as pessoas são incentivadas a interagir, beber e se divertir. O recém-inaugurado La Rubia Café é um gastropub irreverente e inusitado, inspirado em cocktail bars underground de Buenos Aires. Localizado na 404 Norte, tem atraído público diversificado que busca curtição com liberdade, sem frescura. À frente do empreendimento, Marcelo Gulo conta que sempre teve o sonho de abrir um bar. Em fevereiro deste ano, o arquiteto, chef, professor, DJ e empresário uniu toda sua experiência na criação do projeto que – podemos dizer – reflete bem sua personalidade. “O La Rubia é um cocktail bar esquizofrênico. Ele transita entre estilos, não tem uma identidade fixa. É um bar insólito, onde quero apresentar coquetéis criativos, incentivar a coquetelaria brasileira, pensar em produtos locais”, explica. O resultado é um lugar sofisticado e ao mesmo tempo underground no melhor estilo steampunk – punk e retrô, com um ar vitoriano ao mesmo tempo.
Aliado à gastronomia multiétnica com inspiração de rua, o La Rubia tornase uma boa escolha para a noite brasiliense. Criativos e saborosos, os petiscos da casa não deixam a desejar. As comidinhas trazem referências das cozinhas grega, nigeriana, israelita, árabe, peruana, norte-americana e, é claro, brasileira. Marcelo conta que a escolha do cardápio foi muito estudada: “Pensamos em comida de rua, vi vários exemplos ao redor do mundo e fizemos muitos testes até chegar ao resultado final”. Dentre os petiscos da casa, destaque para o Suya Kafta – carne moída de angus com amendoim e especiarias, acompanhado de molho picante de manga (R$ 41,90); o Drumete de Frango – coxinhas da asa temperadas com especiarias, acompanhadas de geleia de bacon (R$ 27,90); e o mix de pastéis de queijo, carne e geleia de bacon (R$ 23,90). Vale provar também o sanduíche Schnitzel, de frango empanado com especiarias, homus, picles de pepino, tomate, cebola e pão sírio, servido com salada árabe e molhos Tzaktziki e Skhug (R$ 16,90). Assinados por Marcelo Gula, os drinques e coquetéis costumam fazer bastante sucesso entre os clientes, que raramente param no primeiro copo. Não deixe de experimentar o La Passion de La Ru-
bia – Dry Martini, chá de maracujá, canela e gengibre (R$ 16,90); o La Rubia Selvage – vodka, catuaba, xarope de canela, xarope de limão e água com gás (R$ 19,90); e o Negroni Caza – vermute Punt Et Mes, Martini Rosé, Campari e suco de laranja (R$ 19,90). A casa funciona de terça a sábado, a partir das 18h. Quem passar pelo pub nos finais de semana terá a chance de encontrar a divertida La Rubia, personagem de uma lenda urbana de Teresina que deu nome ao lugar. A história fala de uma travesti piauiense que foi morar na Itália e lá ficou famosa com o show La Bionda. “Este seria o nome do bar, não só em homenagem a ela mas também a uma banda de discoteca italiana da qual eu gostava muito. Mas La Bionda já estava registrado e mudamos para a versão espanhola, La Rubia”, explica Marcelo Gula. Democrática, a casa está aberta para receber todos os públicos. Recentemente foi palco do “La Rubia Drag Race”, concurso que elegeu, entre sete candidatas “a drag queen mais infame, fabulosa e inovadora de Brasília”. La Rubia Café
404 Norte, Bloco B (3202.1717). De 3ª a 5ª feira, das 18 à 1h; 6ª e sábado, das 18 às 2h.
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Gastronomia em
Divulgação
transformação
A chef Ana Luiza Trajano, do restaurante Brasil a Gosto, será uma das atrações do congresso da Abrasel.
POR SÚSAN FARIA
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mpresários e lideranças do setor gastronômico nacional vão participar em Brasília, nos dias 17 e 18 de agosto, do 28º Congresso Nacional da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), que terá como tema central “Potência em transformação”. É a nona vez que a capital sedia o congresso, que terá como palco o Campus Edson Machado, do IESB (613/614 Sul). Os organizadores estimam que aproximadamente três mil pessoas participarão das palestras, debates, aulas-shows e degustações. Considerado o maior encontro de conhecimento e inteligência do setor de alimentação fora do lar no Brasil, o Congresso da Abrasel será aberto oficialmente no dia 16, às 19h30, para 700 convidados, entre lideranças setoriais, parlamentares e autoridades, no Royal Tulip Hotel. “Queremos ganhar conhecimento e replicá-lo para que o setor saia revigorado da crise”, explicou o diretor comer-
cial da Abrasel, Pedro Melo. Paralelamente ao Congresso serão realizados o Mesa ao Vivo Brasília e a Vinum Brasilis. Pedro Melo destaca conferencistas como Ricardo Bomeny, da rede Bob’s, que já possui 1.200 lojas no Brasil, a primeira nascida em 1952, no Rio de Janeiro, empreendimento genuinamente brasileiro; Pedro Coutinho, da GetNet (máquinas de cartões de crédito), que irá mostrar como tirar proveito dessas tecnologias e o que acontecerá no mercado nos próximos dois anos; Arri Coser, dos grupos NB Steak e Maremonti, ex-proprietário da rede Fogo de Chão, que falará sobre a criação de marcas; Sérgio Molinari, da Food Consulting, “uma das mentes que mais entendem dos mercados dos EUA e Europa”, segundo Melo; Morena Leite, chef e proprietária do restaurante Capim Santo, baiana de Trancoso, destaque no relacionamento com os funcionários e que tem expandido sua rede no Brasil; Gil Guimarães, da pizzaria Baco, eleita recentemente a me-
lhor do país em concurso promovido pela revista Prazeres da Mesa; e Everardo Maciel, ex-Secretário da Receita Federal, “um dos papas em tributação”. A empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, e sua filha Ana Luiza Trajano, proprietária e chef do restaurante paulistano Brasil a Gosto, farão o primeiro painel do congresso, dia 17, às 10h15, sobre o tema “Ingredientes: empreender e acreditar. Prato: um Brasil que vai dar certo”. Renata Vanzetto, chef e proprietária do Maracuthay e do Ema; e Vitor Sobral, chef português e proprietário do Tasca da Esquina, são outros destaques da programação. Na opinião do presidente executivo da Abrasel, Paulo Solmucci Júnior, o Brasil vive hoje um momento de transformação e oportunidade, com chances para se consolidar como potência mundial. “Acreditamos que o caminho para isso seja facilitar o empreender. Vamos discutir e encontrar caminhos para fazer essa mudança”, afirma. Pelo quarto ano o Mesa ao Vivo Brasília faz parte da programação do Congresso Nacional da Abrasel. Trata-se de uma espécie de reality show da gastronomia, com sessões de degustação, aulas e cozinhas montadas para a performance de chefs renomados figurarem na próxima edição da Prazeres da Mesa. Entre os participantes, o chef Sebastian Parasole, coordenador do curso de Gastronomia do IESB, dará uma aula-show ensinando a fazer um tartelete de goiaba, no dia 17, às 15h30. “O prato é uma releitura da massa flora, bolo clássico italiano, com diferentes técnicas e ingredientes, como ricota, baunilha do cerrado, flor de lavanda e goiaba”, explica Parasole. Outra atração do congresso é o Vinum Brasilis, mostra de vinhos e espumantes nacionais que este ano terá a participação de aproximadamente 30 vinícolas da região de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha.
a A R T N O C NADANDO E T N E R COR
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Arroz branco, Filé de Tilápia (150g) a Dorê e Salada Juliana (ou batatas fritas)
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Suco Natural
www.peixenarede.com.br
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Café gourmet
Henrique Peron
Não vão faltar ótimas opções para quem quiser comemorar o Dia dos Pais fora de casa. A Roteiro selecionou para você algumas das melhores. Barbacoa – ParkShopping (3028.1530)
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Fortunello – 206 Sul (3297.3232) Fettuccini Alfredo (R$ 95) e filé à parmegiana com arroz à piamontese (R$ 125) para três pessoas. Zero61 – Pier 21 (3224.0061) Picanha fatiada e grelhada na chapa (400g) com muçarela e cebola (R$ 67,90) e tábua de frios com salame, queijo gouda, presunto de Parma, queijo grana padano e azeitonas temperadas (R$ 57,50). Ambos para quatro pessoas. Rubaiyat – SCES (3443.5000) Menu composto de couvert, brandada de bacalhau, bife de chorizo com quinoto de queijo de cabra e pudim de tapioca com sorbet de doce de leite (R$ 100). D’Lurdes – QE 30, Conj. K, Guará II (3382.6625) e Ed. Beverly Hills Plaza, Av. Castanheiras, Águas Claras (3204.3283)
Henrique Ferrera
Dia dos pais
Assado de tira acompanhado de batatas rústicas, mais bufê de saladas (R$ 71,20). Bem Arretado – SIG, Quadra 6 (3341.1004) Camarão no coco verde com arroz, salada e farofa de dendê (R$ 49,90); carne seca na moranga com arroz, salada, paçoca de carne e feijão fradinho (R$ 89,90); carne de sol com arroz ou baião de dois, paçoca de carne e feijão fradinho (R$ 89,90); tilápia com arroz, pirão, salada e batata frita (R$79,90). Pratos para até quatro pessoas. Primeira cerveja de cortesia.
Festival de borbulhas
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A rede curitibana Madero Steak House acaba de inaugurar sua segunda unidade em Brasília, no térreo do shopping ID (a primeira foi aberta há um ano no Pátio Brasil). São 595m2, bem na entrada do shopping, com capacidade para 182 pessoas, resultado de um investimento de cerca de R$ 4 milhões. Em pouco mais de uma década – a partir de 2005, quando o empresário Junior Durski inaugurou o primeiro restaurante no centro histórico de Curitiba – a rede que alardeia fazer “o melhor hambúrguer do mundo” chegou a nada menos que 73 unidades no Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Goiás, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, além de Brasília e Miami. Mais do que burgers, o cardápio oferece também delícias como o entrecôte ao molho de mostarda, as iscas de fraldinha e o carneiro uruguaio.
É no recém-inaugurado Veja Luxury Design Offices (SCN, tel. 3425.3566) que o barista Antonello Monardo abre sua primeira franquia, concedida aos irmãos Gustavo e Daniel Borges. O Monardo Café Gourmet tem cardápio assinado pela chef Josy Costacurta, em que se destacam o filé ao molho parmegiana da foto abaixo, servido com arroz, purê de batatas ou salada (R$ 42), os risotos de calabresa bêbada ou funghi (R$ 31), a lasanha de berinjela à parmegiana (R$ 35,50) e uma massa diferente a cada dia (R$ 29,90). Na carta de cafés, os blends da Região da Mata de Minas em forma de espressos, mokas, coados, cappuccinos e cafés gelados. No subsolo, Monardo instalou sua escola de barismo, onde forma novos profissionais e organiza viagens temáticas para seu país, a Itália. A próxima, para os lagos italianos, será no próximo 11 de outubro. Mais informações em www.monardo.com.br.
Mais de 20 vinícolas nacionais e estrangeiras confirmaram presença no festival de espumantes Sparkling Wine Fair, dias 16 e 17 de setembro, no Pontão do Lago Sul. Entre as brasileiras, Perini, Lídio Carraro, Villa Francione, Zanella, Guatambú, Famíglia Zanlorenzi, Salton e Miolo. Do exterior virão Martini, Ballabio, Contessa Borghel, Cecilia Beretta e Lo Sparviere. A Chandon comparecerá com seu rótulo nacional e com as icônicas francesas Veuve Clicquot e Moët Chandon, em busca de aumentar sua participação num mercado consumidor que, mesmo em meio à persistente crise econômica, cresceu mais de 16% em relação ao ano anterior. Haverá espaço também para a gastronomia, representada por Renata Mandelli Art & Food, Harmonize Carnes Nobres, Crepe de Paris, Empório Selecto, Café Antonello Monardo, Cantinho do Azeite, Empório Selecto e Empório Leninha Camargo, entre outros. Ingressos: R$ 100 (antecipados) ou R$150 (no local). Informações: www.sparklingwinefair.com.
Costelinha ao barbecue com arroz, feijão, batata rústica e salada (R$ 69,90 para duas pessoas) e picanha à moda mineira, com arroz de alho, feijão tropeiro, mandioca na manteiga e vinagrete (R$ 79,90 para duas pessoas). Santé 13 – 413 Norte (3037.2132).
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Gerson Lima
Madero em dobro
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PICADINHO
Picanha grelhada com arroz de brócolis, farofa, batata Asterix e mini cebolas (R$ 145, para duas pessoas) e escalope de filé com rizo cremoso de parmesão (R$ 59). Bamboa – Setor Hípico (3334.4450) Picanha grelhada com mandioca salteada na manteiga de garrafa, baião de dois com feijão verde e queijo coalho grelhado (R$ 90, para duas pessoas, ou R$ 170, para quatro) e camarão com arroz cremoso, ervilha, presunto, molho branco gratinado com muçarela e batata
cardápio (queijo coalho, anéis crocantes de cebola, mini hambúrgueres com molho de queijo, mini batatas gratinadas com bacon, bolinhos de peixe, camarões empanados com gergelim e mini pastéis de carne, frango e queijo com catupiri). O preço da cerveja Original de 600ml cai de R$ 11 para R$ 9, e o da Stella Artois long neck de R$ 8,50 para R$ 5,50. Na compra de dez garrafas de Stella Artois, o cliente ganha uma caneca da marca. panqueca de doce de leite “cabaña las lilas”.
Presente no Brasil, Argentina, Chile, México e Espanha (em Brasília no SCES, Trecho 1, tel. 3443.5000), a rede Rubaiyat elaborou para o período da Olimpíada – até 21 de agosto – um cardápio especial com pratos típicos desses cinco países. O menu completo, com couvert, entrada, prato principal e sobremesa, custa R$ 89. Entre as entradas e principais, o brasileiríssimo pão de queijo, a salada de quinoa com atum da foto abaixo (Chile), o carpaccio de cogumelos (Espanha), o taco de camarão em tempura (México) e o bife de chorizo com sal de malbec (Argentina). Para fechar com chave de ouro, quindim com creme de cachaça e a argentina
19 Panelinhas
Para comemorar seu oitavo aniversário, a rede de comida japonesa passou a oferecer em suas lojas da 213 Norte, Deck Norte e Riacho Fundo três opções de pratos executivos: frango xadrez (R$ 15,90), frango ao molho teriaki (R$ 17,90) e carne acebolada (R$ 18,90), todos com dois acompanhamentos, entre oito disponíveis (arroz colorido, legumes cozidos, sunomono, salada oriental, rolinho primavera, macarrão oriental, hot philadelphia ou gyoza).
O Universal Diner (210 Sul, tel. 3443.2089.) acaba de renovar o cardápio do seu brunch, servido aos sábados, das 9 às 12 horas. A chef Mara Alcamim batizou de Brunch New York City um dos novos menus, composto por café espresso ou cappuccino, suco de laranja, dois
Happy hour no parque Essa é imperdível. De terça a sábado, das 17 às 21h, o Ilê Parque Praia (estacionamento 9 do Parque da Cidade) oferece, ao preço único de R$ 15, qualquer porção de petiscos do seu
Telmo Ximenes
palha (R$ 64,90 ou R$ 112,90). Os pratos dão direito a uma ou duas canecas de chope. Dom Francisco Asbac – SCES (3224.8429) Bacalhau ao forno em postas finas (foto) com arroz de brócolis e farofa de ovos (R$ 124, para duas pessoas, preço válido até o dia 18). Pinguim – ParkShopping (3042.1070).
Tejo – 404 Sul (3264.7005) Menu especial composto de surpresinha de bacalhau, lagostins ou arroz de codorna e sericaia, doce português feito à base de ovos e leite condensado (R$ 89). Le Vin – ParkShopping (3028.6336) Menu composto de carpaccio de carne, pato na panela com cogumelos e purê de batata (R$ 99). Ancho Bistrô de Fogo – 306 Sul (3244.7125) Linguiça de pernil com farofa Panko, costela de ribs com batatas assadas, e duas cervejas Estrella Galicia de 600ml (R$ 89,90, para duas pessoas). Empório Árabe – Av. Castanheiras, Águas Claras (3436.0063) e 215 Sul (3363.3101). Pernil de cordeiro ao molho de romã, tâmara e damasco (R$ 225, para quatro pessoas). PiauÍndia Restaurante Indiano – Rua 9, Casa 2, Vila Planalto (3574.4234). Menu-degustação dos seis principais pratos da casa, entre eles o filé de badejo ao molho de creme de leite fresco, camarões rosa ao molho de leite de coco verde e coxa e sobrecoxa de frango marinadas no iogurte e especiarias (R$ 78). Rapport – 201 Sul (3322.0259). Filé mignon de javali confitado com shimeji fresco e aligot (R$ 59,90), costela bovina co-
Presente hoje em seis Estados, a rede brasiliense Panelinhas do Brasil acaba de inaugurar sua 33ª unidade – a 19ª em Brasília – no renovado Venâncio Shopping, no Setor Comercial Sul. Galinhada com pequi, bobó de camarão, baião de dois, picadinho e uma infinidade de outros pratos típicos regionais, servidos em charmosas panelinhas de cerâmica, que ajudam a manter a temperatura ideal da comida, são a marca registrada do grupo, que pretende chegar a 50 franquias até o final do próximo ano.
zida com molho tinto, mousseline de macaxeira e agrião fresco (R$ 49,90), filé mignon recheado com sálvia fresca e presunto de Parma ao molho tinto com risoto de laranja e farofa de castanha do Pará (R$ 55,90). Universal – 210 Sul (3443.2089).
Daniel Zukko
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Sushiloko executivo
Brunch novaiorquino
Bacalhau ao forno com arroz branco e brócolis ao alho e óleo (R$ 149,90, para três pessoas).
pancakes, dois ovos caipiras, queijo frescal caseiro, bacon, bolo do dia, brioche com manteiga e geleia da casa (R$ 44). Já o Brunch Universal, além do espresso – ou cappuccino – e do suco, oferece também omelete de cogumelos frescos, brioche com salmão fresco e queijo de cabra Boursin e dill.
Divulgação
Cardápio olímpico
Cauda de lagosta com risoto de beterraba e queijo azul (R$ 120), filé-mignon ao molho de vinho tinto e mel, fondue de gruyère e risoto de castanhas (R$ 120), kobe bistec com vinagrete quente e polentas mole e crocante (R$ 139) e lombo de bacalhau com presunto de Parma e purê de batata baroa trufado (R$ 110).
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GARFADAS&GOLES
LUIZ RECENA
lrecena@hotmail.com
Além do estrangeiro,
há vinho brasileiro
– Tchê, Valter, tu que entendes, que tal o tinto esse, Largo do Boticário? – Olha, Pedro, não é ruim, mas depois de cinco ou seis garrafas pode dar dor de cabeça... O diálogo esse, sobre uma nova tentativa de vinho sulista, tem mais de meio século, e o cenário é a fronteira oeste gaúcha, palco de tantas e boas histórias, na época em que importante, mesmo, era o vinho “tinto e bastante”. Certa feita, um candidato a intelectual de Uruguaiana, a mais saliente urbe da região, arriscou, em Paris, a tradução “Chateau Beaucoup, rouge”. Perdoado pela coragem, bebeu o suficiente para contar depois. Atualizado, o tema é outro e também o mesmo: o vinho nacional, suas conquistas, melhoras, reconhecimentos e elogios. Também suas dificuldades, incompreensões, ignorâncias explícitas de burocratas tão arrogantes quanto desinformados; tão exibicionistas quanto os bons salários que recebem do contribuinte. O enorme ganho de qualidade do vinho nacional, desde o plantio da uva,
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da seleção de castas, até o resguardo e engarrafamento, é inegável. Espumantes e vinhos só ganharam nessas últimas décadas. Um reconhecimento nacional e internacional. Só a cegueira, a má vontade, a má fé e a voracidade arrecadadora dos fiscos federal e estaduais é que não mudaram, ou mudaram pouco. O Estado é, por natureza, um afanador do bolso do empresário e do cidadão. Os governos são agentes dessas tarefas e os funcionários, por último nesse grupo mas não menos importantes, são os encarregados de formular e executar, de pôr em prática o sacolão de maldades. O espumante nacional é de longe o melhor do Novo Mundo. Os tintos melhoram a cada safra. Também os brancos. O consumidor reclama que ainda são caros e comparam com os preços de chilenos e argentinos, que chegam ao mercado favorecidos por isenções nossas, e incentivados por leis deles. É desigual. Vinho é alimento. Vários países do Velho Mundo e do Novo Mundo também acreditam nisso e pensam taxas
nesse universo. O nosso burocrata pensa o vinho igual a um automóvel. E taxa igual. Pior: quando a demagogia manda, ele isenta o carro, esquece o vinho e vai a uma reunião em Buenos Aires ou Santiago, em Roma ou Lisboa, e volta com suas garrafinhas debaixo do braço. É desigual. Igualdade só na conduta: é um funcionário de qualquer ministério da área econômica. Mas nem tudo está perdido. Esta revista Roteiro, por exemplo, faz mais de uma década, promoveu a primeira campanha pelo vinho nacional em Brasília. E a luta continua: campanhas se multiplicam e agora, mais uma vez, a Abrasel nacional e sua representação no Distrito Federal farão novo esforço durante a reunião da entidade marcada para meados deste mês na capital da República. Questões empresariais variadas estão na pauta, como o incentivo ao empreendedorismo. Mas haverá, sem dúvida, um destacado espaço para a promoção de espumantes e vinhos nacionais, como a Vinum Brasilis, a maior mostra fora do Rio Grande do Sul.
Novidade
Moda pega
Abriu as portas em Brasília o restaurante Nebbiolo (409 Sul) com a proposta de unir conforto, boa comida e surpresas no cardápio, entre elas os pratos que utilizam produtos do cerrado e especialidades goianas com longa estrada cultural, como o pequí e outras. Voltaremos ao tema.
A ideia de usar produtos do cerrado se alastra nos restaurantes da cidade. Duas belas surpresas: o macarrão de pupunha do Cru e o nhoque de mangarito do Francisco. Este é de mudar o rumo de qualquer prosa quando chega à mesa. Foi servido em uma das comemorações do aniversário da casa do mestre.
PÃO&VINHO
ALEXANDRE FRANCO pao&vinho@agenciaalo.com.br
Novidade
surpreendente
Eu me dei conta de que já há bastante tempo tenho escrito esta coluna, em sua grande maioria, sobre vinhos franceses e italianos. Um português ali, outro espanhol aqui, mas com certeza praticamente apenas vinhos do Velho Mundo. Não posso negar que se trata de uma questão de preferência pessoal, mas é certo que esta coluna pode e deve variar mais a origem dos vinhos sobre os quais traz informações. Assim, vamos lá. Com tantos bons produtores de vinhos do chamado Novo Mundo, escolhi, logo de cara, uma novidade digna de nota surgida cá mesmo em terras brasileiras. O que chama mais ainda a atenção é o fato desse vinho, que pode ser um dos melhores nacionais que já degustei, não vir de nenhum terroir tradicional do sul do país, mas sim do meu Estado de São Paulo, o que, convenhamos, é no mínimo uma surpresa, e das boas. “Uma família de origem ligada ao campo, com espírito inovador e empreendedor, chega em 2001 a uma região tradicionalmente cafeeira e identifica condições muito favoráveis à viticultura. Era o começo do sonho que se transformaria na Vinícola Guaspari.” Assim o site da vinícola dá início ao conto que nos trouxe este impressionante Syrah nacional, o Vista do Chá. Tendo iniciado o plantio de mudas de diversas castas francesas em 2006, a Guaspari passou a produzir em 2008 duas versões de Syrah, um Sauvignon Blanc e um rosé, num total de 50 hectares de vinhedos bem cuidados e uma adega construída nos melhores e modernos padrões de qualidade. Dentre os vinhos produzidos, o que teve maior e indiscutível destaque até o momento foi o Syrah Vista do Chá, que em sua safra de 2012 recebeu 95 pontos e a medalha de ouro no Decanter World Wine Awards 2016. Certamente um dos concursos mundiais de vinho mais respeitados é um “aval” suficientemente bom para levar este incrédulo enófilo a querer degustar a novidade.
Assim, procurei onde comprar uma garrafa e a achei na loja da Varanda, na Cidade Jardim, aqui em São Paulo. Ao ver o preço, de R$ 150, me veio, como sempre acontece quando me decido a adquirir garrafas nacionais, a dúvida quanto à vantagem na aquisição, visto que por esse preço há um grande número de excelentes vinhos importados à disposição do comprador. Mas, enfim, haveria de experimentá-lo e, assim, comprei uma daquelas garrafas de formato típico dos vinhos da Borgonha, de rótulo bonito e discreto, que traz, pois, uma boa apresentação. Ao abrir a garrafa e servir-me de uma taça, já tive uma boa primeira surpresa: de cor rubi intenso e profundo, quase púrpura, o vinho já prometia algo de novo na produção nacional. Embora os aromas ainda não estivessem totalmente abertos, frutas vermelhas e negras em compota, com densidade surpreendente, além de um toque de café, já proferido pelo produtor, demarcaram um vinho diferenciado. No palato, taninos marcantes e elegantes, transformando-o em um vinho carnudo e bem concentrado. A mim lembrou muito o estilo dos syrahs australianos, o que é, sem dúvida, um elogio. Trata-se, realmente, de um dos melhores vinhos produzidos no Brasil. Deixem-me ser claro: ainda acho que há bons vinhos importados nessa faixa de preço que podem superá-lo, mas sem dúvida é uma boa surpresa, a não ser pelo preço. Continuo afirmando que os bons vinhos nacionais são muito caros pelo que apresentam e deveriam buscar uma melhor adequação de preço. Na França, por exemplo, vinhos da mesma qualidade se compram por valores ao redor dos 15 euros, algo como R$ 65. Parabéns, pois, à viticultura nacional, e especialmente à Guaspari, mas volto ao recado de sempre: se o produtor nacional quiser concorrer seriamente com as importações, não basta buscar a qualidade, sempre essencial, mas terá também de adequar seus preços.
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HAPPY HOUR
Harmonização com cervejas
RONALDO MORADO www.ronaldomorado.com.br ronaldomorado.blogspot.com.br @ronaldomorado
“Eu só preciso de pé de porco e cerveja” Janis Joplin, cantora norte-americana Para se degustar qualquer alimento (bebida, comida etc) é preciso estar atento. É sempre uma experiência única e individual. Os aromas, os sabores, o visual, a temperatura, a companhia, a motivação e o momento da experiência são ingredientes fundamentais da degustação. Considerada mais versátil do que o vinho, a cerveja pode ser mais interessante do que ele nas experiências de harmonização com gastronomia. Isso porque, de todas as bebidas, a cerveja é a que é capaz do maior número de interações de paladar, aroma e sabor. Isso é natural pelo fato de existir tanta variedade de estilos e sub-estilos de cerveja, o que se conta às centenas. Ela apresenta uma variedade incrível de sabores e aromas, como os de cereais, biscoito, caramelo, café, chocolate, pão, banana, azeitonas, cítricos, defumados, castanhas, frutas, ervas e muito mais. Além disso, as diversas intensidades de amargor, carbonatação, refrescância, cor, temperatura de serviço e teor alcoólico aumentam as possibilidades de combinações ou harmonizações. Existem estilos de cerveja que combinam com frutas, outros com queijos, outros com saladas, outros com doces e assim por diante. A cerveja é considerada a bebida perfeita para harmonizar com: Queijos – neutraliza a gordura e a dissolve na boca. Saladas – acrescenta refrescância e leveza. Apimentados – ameniza o calor da pimenta. Carnes – neutraliza a gordura e ameniza o sal. Sobremesas – combina com o doce sem intensifica-lo.
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Alguns conceitos básicos: Equilibre as intensidades – Pratos delicados funcionam melhor com cervejas delicadas, assim como alimentos com sabor forte exigem cervejas intensas. Intensidade de sabor pode envolver muitos aspectos: teor alcoólico, caráter de malte, amargor do lúpulo, doçura, torrado e assim por diante. Encontre harmonias – Combinações muitas vezes funcionam melhor quando compartilham algum sabor ou aroma comum. Por exemplo, o sabor de nozes de uma Brown Ale inglesa com um queijo cheddar; o sabor torrado de uma Imperial Stout e chocolate trufado; sabores caramelo de uma Oktoberfest e carne de porco são alguns exemplos. Contraste e complemento – Todas as combinações de cerveja e comida devem envolver esses dois princípios. Em alguns casos serão mais dependentes dos contrastes, outros em sabores complementares, mas todos devem apresentar algum tipo de equilíbrio. Considere doçura, amargor, carbonatação, calor (picância) e riqueza. Isto pode parecer um pouco complicado, mas é realmente bastante simples. Características específicas de comida e cerveja interagem umas com as outras de modo previsível. Aproveitando essas interações, garanto que a comida e a cerveja vão equilibrar uma à outra, enriquecendo-se mutuamente. Para mim, queijos são as companhias perfeitas para as cervejas. Mas alerto: a harmonização de bebida e comida é uma experiência única, individual. Por mais que se ouça ou leia, não existem regras; no máximo, sugestões.
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“Todo “Todohomem homemque queinveste investe em em um umimóvel imóvelbem bemselecionado, selecionado, em emuma umacomunidade comunidade próspera, próspera,adota adotaoométodo método mais maisseguro segurode dese setornar tornar independente. independente. Imóvel Imóvelééaabase baseda dariqueza.” riqueza.” T Theodore heodoreRoosevelt Roosevelt
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Alta temporada
teatral
Sandro Silveira
Durante duas semanas, a partir do dia 23, o Cena Contemporânea vai invadir os mais inusitados espaços da cidade com 29 espetáculos e performances de companhias de teatro da Argentina, Espanha, Chile, Portugal, Uruguai, França, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Ceará, Goiás e Paraná, além do Distrito Federal.
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Jose Caldeira
O teatro ocupa
os espaços
A noite, de André Braga
A
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cidade volta a ser tomada neste mês de agosto pelos espetáculos intensos do Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília, que esquenta o clima cultural local. A 17ª edição do festival acontece de 23 de agosto a 4 de setembro e, como todos os anos, promete promover o debate não apenas sobre essa linguagem artística, mas sobre grandes temas do momento. Durante 13 dias, espetáculos nacionais e internacionais, acompanhados por oficinas e debates, movimentarão a empobrecida cena cultural da capital, injetando uma esperada e necessária energia e promovendo o congraçamento de artistas e público. Se a capital do país perdeu alguns de seus espaços culturais mais importantes – como se sabe, o Teatro Nacional, o Museu de Arte, o Espaço Cultural da 508 Sul e vários outros estão fechados há vários anos – o espírito artístico encarna outros locais para não se deixar morrer. “Este ano, com a falta de espaços para as apresentações, os espetáculos foram dis-
tribuídos por palcos alternativos, boates, esquinas e praças, para levar o teatro ao público”, afirma Alaôr Rosa, diretor de produção e curador do festival. A ocupação de espaços é um dos focos do Cena Contemporânea deste ano, assim como a questão de gênero e a violência contra a mulher. Os espetáculos seguirão muito além do Plano Piloto, chegando a Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Estrutural e Varjão. Alguns
desses palcos nunca tinham recebido espetáculos do evento. Haverá apresentações na boate Star Night, clube noturno de strip masculino; numa casa do Lago Norte, no Lago Paranoá, no interior de um barco; e no novo Centro Cultural de Samambaia, ainda em implantação. A abertura do Cena Contemporânea será no dia 23, terça-feira, às 21h, na Caixa Cultural, com o espetáculo argentino La Wagner, de Pablo Rotemberg. No palMarcelo Lipiani
POR ALEXANDRE MARINO
A floresta que anda, de Christiane Jatahy
caracteriza pela experimentação e mistura de teatro físico, dança e novo circo. Versos do poeta português Al Berto são a fonte de inspiração do espetáculo Noite, em que três bailarinos e um DJ experimentam os limites da força, da energia, da velocidade, da exaustão. Apresentações em 3 e 4 de setembro, no Teatro Funarte Plínio Marcos. O grupo paulistano Teatro da Vertigem traz a peça O filho, inspirada no célebre texto de Franz Kafka Carta ao pai, que o escritor tcheco pretendia enviar ao pai, mas nunca o fez. O espetáculo poderá ser visto nos dias 30 de agosto e 2 de setembro, no Galpão Marc System, em Taguatinga. A companhia abre espaço para um trabalho de colaboração com artistas e público locais, e o cenógrafo e iluminador brasiliense Chico Sassi acompanha a montagem da imensa cenografia do espetáculo. Uma oficina com integrantes da companhia será aberta a 25 atores do DF, e cinco deles serão escolhidos para integrar o elenco da peça. Além disso, de 25 a 28 de agosto será possível assistir ao registro em filme de espetáculos anteriores da companhia. Os filmes serão exibidos no Museu da República.
Do Distrito Federal foram selecionados trabalhos que também chamam a atenção. Os irmãos Adriano e Fernando Guimarães, com intensa atuação no teatro local e nacional, apresentam uma parceria com a atriz carioca Gisele Fróes para trazer ao público o processo de criação de um monólogo, que estreará em 2017. O imortal – Um ensaio discute o tempo, a identidade e a imortalidade, numa homenagem ao escritor argentino Jorge Luis Borges. Também do DF, muito interessante é a A gruta da garganta, de Carlos Laredo, definido como espetáculo teatral lírico para a primeira infância. Baseado em pesquisa sobre a gênese da linguagem do ser humano, o espetáculo é dedicado a crianças de zero a seis anos, promovendo uma investigação sobre a relação íntima do ser humano com a sonoridade vocal. Além da improvisação de alguns espaços, está prevista também uma performance de rua, o instigante Cegos – Desvio coletivo, de São Paulo, que fará circular pelos centros de poder da cidade – a Esplanada dos Ministérios e o Palácio do Buriti – um grupo de dezenas de homens e mulheres trajados a rigor, portando Flavio Morbach Portella
co, quatro mulheres tentam desfazer estereótipos relacionados à feminilidade, à sexualidade, ao erotismo e à pornografia, colocando em contato o sublime e a banalidade, o irreverente e o sagrado. “É de uma beleza e de uma violência incríveis”, define Alaôr Rosa. A definição dessa peça para a abertura do festival é, de acordo com seu curador, emblemática. “A crescente violência contra a mulher, apesar da emancipação, e a absurda criminalização da homossexualidade são inadmissíveis, e o teatro precisa interferir”, afirma ele. “Num momento em que evangélicos tomam o poder e tentam controlar o comportamento de todo um povo, temos que nos manifestar. Por isso, estes são os focos do Cena Contemporânea este ano.” Uma das mais esperadas atrações do festival é o chileno Jaime Lorca, que reúne atores e bonecos no universo de Shakespeare em Otelo, em cartaz nos dias 27 e 28 no Teatro da Caixa. Lorca é conhecido do espectador brasileiro por Gemelos, que conquistou a plateia brasileira e divulgou seu nome internacionalmente. Há boas expectativas também quanto ao grupo português Circolando, que se
O filho, de Eliana Monteiro
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Divulgação Paola Evelina
Otelo, de Jaime Lorca, Teresita Iacobelli e Christian Ortega
La Wagner, de Pablo Rotemberg Divulgação
maletas, bolsas, celulares, cobertos de argila e de olhos vendados, desnudando a degeneração ética e a redução da atividade humana à função produtiva e ao consumo. A performance poderá ser vista nos dias 25 e 26. O Cena Contemporânea tem esse objetivo de deixar marcas. Para isso, interage com as três faculdades locais de arte – UnB, Dulcina e IESB – e promove oficinas e debates durante o período do evento. Também promove coproduções, e os frutos de duas delas serão vistos no festival. O espetáculo Naufragé(s), desenvolvido na França pela companhia brasiliense Teatro de Açúcar, em parceria com o Centro Dramático Nacional Francês La Comédie de Saint-Étienne, fará sua estreia no Teatro Funarte Plínio Marcos, nos dias 30 e 31. Outra coprodução do Cena é A floresta que anda, que reúne o Le Centquatre, de Paris, Tempo_Festival, do Rio de Janeiro, e o Sesc. O espetáculo, da diretora carioca Christiane Jatahy, explora os limites entre teatro e cinema, ficção e realidade, mergulhando no clássico Macbeth, de Shakespeare. Será apresentado no mezanino do Museu Nacional de Brasília, em três sessões no dia 25. Como acontece todos os anos, o Cena Contemporânea traz uma vasta programação, com sete espetáculos internacionais, 14 nacionais e oito de Brasília. Constam da programação grupos da Argentina, Espanha, Chile, Portugal, Uruguai e França, além de Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Ceará, Goiás e Paraná. Com espetáculos sempre acessíveis ao grande público – alguns são gratuitos, outros têm ingressos a R$ 20 – o festival também contribui para a cena teatral da cidade com oficinas, workshops e mesas de debate, que pretendem promover e estimular uma reflexão sobre a arte e o momento político que o país vive, além de intercâmbio criativo e troca de experiências. Algumas dessas atividades exigem inscrição prévia, que deve ser feita por e-mail. Todas as informações sobre espetáculos e outros eventos podem ser obtidas na página do festival na internet. Cena Contemporânea 2016 – Festival Internacional de Teatro de Brasília 22
De 23/8 a 4/9 em vários espaços da cidade. Programação e sinopses dos espetáculos em www.cenacontemporanea.com.br.
Distancia siete minutos, de Diego Lorca e Pako Merino
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Teatro em
tempo integral POR VICENTE SÁ
A
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quele garoto franzino, recém-chegado do Ceará, o André, é igual, mas é diferente, pensavam seus colegas da 103 Norte. Afinal, André brincava com eles de trincheira, escondidos nas grandes touceiras de grama cortada pelo Departamento de Parque e Jardins, ou de submarino, nas valas cavadas na quadra, mas também fazia pintura na escola de arte do professor Aloísio de Azevedo e até pagava a um colega para lhe dar aulas de violão, às terças e quintas. E isso tudo aos dez anos de idade, numa Brasília que mal começava sua segunda década de existência. Este meu menino é muito observador, pensava dona Maria Lúcia, mãe de André, vendo-o atento ao trabalho dos atores de novelas da Globo. Não lhe interessava tanto a trama manjada, mas as expressões e a técnica de alguns nomes conhecidos que desfilavam seu talento pelas telinhas, iluminando as noites, ainda militarizadas, dos brasileiros. E depois que assistiu à montagem de Cicatrizes o rapaz sentiu que alguma coisa nele tinha sido mexida. A peça, montada por um grupo de Minas Gerais, discutia o conceito de liberdade e falava, exatamente, do tempo que o Brasil estava vivendo. Mas tudo isso talvez teria sido em vão se ele não tivesse entrado para a Faculdade Dulcina de Moraes e não estivesse na sala de aula quando a diva entrou perguntando: “O que vocês estão fazendo aqui? Após um silêncio constrangido, algumas pessoas responderam que desejavam um teatro político, outras queriam viver muitos personagens, muitas outras vidas. A mudez travada de André, por algum motivo, cativou Dulcina, que o adotou como aluno predileto e passou a inclui-lo em seu rol de conversas no quinto
Moraes, realizou as primeiras oficinas de atores para formação de um grupo e, ao longo de uma década, realizou 13 espetáculos em seu pequeno teatro. Hoje, com mais de 50 peças no currículo, que vão da comédia ao drama, passando pelos musicais, André Amaro é um artista completo e vivido, que acredita que Brasília tem um campo muito aberto para experimentação, com excelentes profissionais de teatro, atores, diretores, cenógrafos e músicos, e é hoje um dos principais centros de produção tea-
tral do país, com as dificuldades inerentes ao ofício – que, como em todo lugar do mundo, não é fácil de ser exercido. Para descansar das lutas do teatro, André passou a dirigir filmes e fazer fotografia. Atualmente, finaliza o média-metragem A casa do príncipe perfeito. Mas é bom saber que André Amaro nunca esquece sua grande paixão. Agora mesmo está dirigindo a peça Trinta gatos e um cão envenenado, em cartaz no no Teatro Goldoni (leia quadro abaixo). E, como sempre, anda cheio de planos para o futuro.
Fotos: Emília Silberstein
andar da Faculdade, a ponto de planejarem encenar a peça À margem da vida, de Tennessee Williams. A montagem esbarrou em problemas de produção e não saiu das primeiras leituras. Mas André viveu a melhor fase da faculdade Dulcina, a fase idealista. Estudou com profissionais que vinham do Rio de Janeiro para dar aulas em Brasília e, é claro, com a própria Dulcina. Mas se na Faculdade tudo ia bem, as experiências nos teatros por Brasília afora às vezes não davam muito certo. Foi por esta época que André participou de outra montagem que nunca estreou, O menino do dedo verde. A poucos dias da estreia foi proibida, porque o grupo não tinha autorização do autor e a peça já estava sendo apresentada no Rio de Janeiro por outra companhia que pretendia vir a Brasília. Assim, com a Sala Martins Penna às escuras por ordem judicial, só restou ao grupo apresentar a peça no gramado em frente ao Teatro Nacional. E o que seria uma encenação para amigos, um desagravo, acabou virando notícia em rádios e tevês. Ao sair do Dulcina, o André adulto descobriu-se mais complexo ainda do que o menino e o adolescente. Agora com aquela paixão sem freios pelo teatro, entregou-se de corpo e alma a sua melhor preparação como profissional de teatro. Para começar, trabalhou com todos os grandes diretores, autores e atores da cidade – de Hugo Rodas aos Irmãos Guimarães – e encenou peças de todos os tipos e em todos os lugares possíveis. Fez-se conhecido e conheceu a cidade e sua gente. Depois, sempre movido por essa sede de crescer, foi buscar fora do Brasil subsídios para seu aperfeiçoamento. Participou do Theatre Du Soleil, companhia internacional radicada em Paris, sob a direção de Ariane Mnouchkine, e, ainda na Europa, teve contato com os postulados de Eugênio Borba, fundador da escola internacional de antropologia teatral. De volta ao Brasil, realizou o sonho da maioria dos artistas: ter seu próprio teatro. Criou, no Setor Sudoeste, o Caleidoscópio, um teatro de bolso onde ele era tudo: bilheteiro, porteiro, lanterninha, cenógrafo, iluminador, ator, diretor e proprietário. A experiência durou alguns anos e, com apoio da Coordenação de Extensão da Faculdade Dulcina de
Dor e rancor em sufocante ambiente familiar Uma família, um crime, a omissão, o ódio e o prenúncio de uma tragédia. A história se passa nos tempos atuais, em um lar despedaçado pela ausência de afeto e endurecido pela existência de um grande segredo. Ou será que não há segredo, mas, isto sim, a negação como mecanismo de defesa? É o que o espectador irá descobrir na peça Trinta gatos e um cão envenenado, em cartaz até o dia 21 no Teatro Goldoni. O enredo é protagonizado por Zeza, uma jovem que vive aprisionada pela dor e pelo rancor alimentados diariamente pelas lembranças da traumática infância. Religiosa, a mãe sabe de tudo, mas nega até o fim. O pai tenta, a todo custo, evitar o assunto, e passa boa parte do tempo bêbado. Já o irmão mais velho só pensa em abandonar esse ambiente sufocante e construir um novo lar. Assim, cada membro da família, que deveria ser fonte de confiança e proteção, busca escapes, enquanto Zeza mergulha sozinha na própria angústia e arquiteta um plano de vingança contra seu agressor. O autor Geraldo Lima mescla o teatro grego com o teatro do absurdo e um pouco de realismo mágico, e até personifica alguns sentimentos ou percepções como a consciência, por exemplo, numa mistura que produz bons resultados. A peça é um exercício de literatura dramática, onde a mão do diretor imprime o tempero próprio, com música e emoção. Sob a batuta do diretor André Amaro, unido ao talento do Grupo Caleidoscópio, um coro ganha ares contemporâneos, com sons extraídos do próprio corpo dos atores. O elenco é composto por Pecê Sanváz (pai), Vanessa di Farias (Zeza), Lilian França (mãe), Thiago de Moraes (filho) e Flávia Neiva (integrante do coro). Trinta gatos e um cão envenenado
Até 21/8 no Teatro Goldoni (Entrequadra Sul 208/209). Sextas e sábados, às 21h; domingos, às 20h. Ingressos: R$ 20 e R$ 10. Classificação indicativa: 16 anos.
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Ele é o campeão de bilheteria da Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo, a trupe brasiliense que está no caminho do riso há 22 anos. Foi visto mais de dois milhões de vezes no Youtube, bateu recordes de bilheteria em palcos de São Paulo, Rio, Curitiba, Fortaleza e Brasília – claro – e agora se prepara para temporada em Nova York e Boston. Motivos mais do que suficientes para ver ou rever Hermanoteu nas terras de Godah, a comédia que estará no Centro de Convenções Ulysses Guimarães nos dias 20 e 21 de agosto. No palco, entre as perdidas páginas do Antigo Testamento, encontra-se Hermanoteu, típico hebreu do ano zero – bom pastor e obediente. A ele é dada uma missão divina: guiar seu povo à Terra de Godah. O cenário remete a um imenso deserto onde o protagonista encontra personagens históricos e caricatos, sem qualquer compromisso com cronologia ou religiosidade, apenas com o riso. Ingressos a R$ 70 e R$ 35, à venda no Brasííia Shopping (somente dinheiro), em www.ingresso.com e em bilheteriarapida.com.br (cartões de débito e crédito). Informações: 3326.0251.
Nathalia Azoubel
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Um experimento híbrido que mistura teatro, brincadeira, festa, manifestação e leilões de arte. É essa a descrição do segundo trabalho de criação do Grupo Tripé, intitulado O novo espetáculo (tudo está à venda), em cartaz no Centro de Arte e Entretenimento Usina (SOFN, Quadra 1, Conjunto B, Lote 12), às 20h. Ambientada em um Planeta Terra pós 3ª Guerra Mundial vencida por um monarca absolutista e temeroso, a peça apresenta um governo planetário e totalitário, no qual o novo comandante proíbe a liberdade de expressão e persegue quem ousa não seguir as novas regras. Com direção de Similião Aurélio e dramaturgia e encenação coletivas, a peça é calcada no espírito do jogo e da veracidade do universo infantil. A chamada “quarta parede” foi abaixo, ou seja, não há diferenciação entre atores e público, o que dá ao espectador a possibilidade ativa de decidir sobre tudo. Dias 18 e 28 de agosto, 28 e 29 de setembro, 19 e 20 de outubro, 10 de novembro e 1º de dezembro. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Informações: www.grupotripe.com.
“Conte uma história sem dizer uma só palavra. Ao final, sinta quantas almas escutaram a sua prece”. Com esse lema, o bailarino e coreógrafo Wesley Messias leva para o palco As santas quebradas, montagem inédita da Tribo Companhia de Dança, dias 5, 6 e 7 de setembro, na Sala Yara Amaral (SESI de Taguatinga). Baseado no livro homônimo de Fernanda Ribeiro, o espetáculo apresenta 19 dançarinos interpretando danças urbanas que destrincham a luta contra a violência. Mais do que uma bandeira pelas mulheres, o trabalho é uma luta pelo ser humano. A história das sufragistas, por exemplo, é contada por dançarinas negras imbuídas da força do hip hop. Em outro momento, casais expressam pela identidade visual do steampunk o sistema robotizado do dia a dia. Depois de um breve intervalo, a companhia de dança encena algo como uma faixa bônus, muito comum nos antigos CDs. Trata-se de Stam, um espetáculo mais curto e inspirado em musicais da Broadway e nos trabalhos de Michael Jackson e Beyoncé. Conta a história de uma pessoa que precisa tomar uma importante decisão depois de deixar se envolver na ilusão das drogas. Segunda, às 20h; terça e quarta, às 18 e 20h. Ingressos: R$ 10.
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quasarvemaí O amor e suas singularidades entram mais uma vez em cena com a Quasar Cia. de Dança, que estará no palco da Caixa Cultural de 16 a 18 de setembro. As vozes da nova e feminina música popular brasileira entoam canções sobre o amor desajeitado e maluco, o amor doce e romântico, o amor passional e avassalador. Com direção de Henrique Rodovalho, o espetáculo Sobre isto, meu corpo não cansa apresenta bailarinos que entrelaçam histórias sobre diversos aspectos da paixão conduzidos na voz de Clarice Falcão, Mallu Magalhães e Tulipa Ruiz, além de oito artistas que também soltam a voz em cena. A Quasar Cia. de Dança nasceu em Goiânia há 28 anos. Sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Ingressos a R$ 20 e R$1 0, à venda somente a partir de 10 de setembro, na bilheteria do teatro. Informações: 3206.9448.
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Dois filmes de Minas Gerais, dois do Rio de Janeiro, um do Amazonas, um de Pernambuco, um do Ceará, um do Rio Grande do Sul e um de Brasília. Dos 132 longas-metragens inscritos no 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, a comissão julgadora selecionou os filmes da mostra competitiva que acontece entre 20 e 27 de setembro. São eles: os mineiros A cidade onde envelheço, de Marilia Rocha, e Elon não acredita na morte, de Ricardo Alves Jr.; os cariocas Deserto, de Guilherme Weber, e Vinte anos, de Alice de Andrade; o amazonense Antes o tempo não acabava, de Sérgio Andrade e Fábio Baldo; o pernambucano Martírio, de Vincent Carelli, em colaboração com Ernesto de Carvalho e Tita; o cearense O último trago, de Luiz Pretti, Pedro Diogenes e Ricardo Pretti; o gaúcho Rifle, de Davi Pretto, e o brasiliense Malícia, de Jimi Figueiredo. Os longas vão concorrer a prêmios no valor de R$ 250 mil.
A terra de Cora Coralina, Cidade de Goiás, antiga Goiás Velho, recebe a décima-oitava edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental – Fica 2016. Entre 16 e 21 de agosto, 22 filmes com temática ambiental vão participar da mostra competitiva, que premiará os vencedores com um total de R$ 280 mil. São 12 filmes estrangeiros e dez brasileiros, sendo quatro goianos e os demais de Maranhão, Paraná, Pernambuco, Ceará e São Paulo. De acordo com Lisandro Nogueira, coordenador do festival, a atual edição é marcada por duas grandes vertentes: o cinema de animação, com mostras, debates e fóruns focados nesse gênero, e um grande debate sobre games e cultura digital. Entre os convidados estão os atores Osmar Prado e Fabio Assunção, o diretor José Eduardo Belmonte e o fotógrafo de cinema Lauro Escorel. Lauro vai presidir o júri Fórum Ambiental, que traz o tema "O caminho para um futuro sustentável". Goiás Velho fica a 317 km de Brasília. Informações em http://fica.art.br/
Jovens com idades entre 18 e 35 anos constituem o público que movimenta o comércio atual de disco vinil. É para eles que foi criada recentemente a rede social Luvnyl, que já tem 1.500 usuários cadastrados e mais de 10 mil discos. De acordo com Rômulo Troian, idealizador da rede e colecionador de discos há mais de dez anos, “o vinil é considerado um objeto de desejo pelos colecionadores, que têm dificuldade em encontrá-lo”. Com a plataforma digital, o acesso fica mais fácil, já que colecionadores, comerciantes e sebos estarão interligados, explica Troian. Os usuários se registram gratuitamente com seus dados pessoais, preferências musicais e “listas de desejo”, marcando os discos que têm interesse em trocar ou comprar e podem adicionar os amigos. O acesso à nova plataforma é em www.luvnyl.com.
Fabiano Esnarriaga
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João Baldasserine e Vivianne Pasmanter estão na produção brasiliense Malícia, de Jimi Figueiredo
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“O que sempre me moveu foi a paixão pelo cinema e pelo teatro, além de muita força de vontade e determinação.” Quem disse isso foi Ruth de Souza, a atriz de 95 anos que está sendo homenageada na mostra Pérola negra, em cartaz até 29 de agosto no CCBB. Primeira atriz negra a encenar um espetáculo no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (O imperador Jones, de 1945), a protagonizar uma novela (A cabana do Pai Tomás, de 1969) e a ser indicada para um prêmio internacional de cinema (o Leão de Ouro, por sua atuação em Sinhá moça, de 1953), Ruth de Souza abriu caminhos, lutou contra a discriminação e inseriu seu nome na galeria dos grandes atores de todos os tempos no país. Com curadoria de Breno Lira Gomes, a mostra exibe 25 produções de cinema e televisão que percorrem toda a carreira da atriz. Desde o primeiro filme, a comédia Falta alguém no manicômio, primeiro trabalho ao lado do amigo Grande Othelo, passando pelo drama Também somos irmãos, até recente participação como entrevistada do programa Espelho, apresentado por Lázaro Ramos, em 2011. Ingressos a R$ 10 e R$ 5. Programação: facebook.com/ccbb.brasilia e twitter.com/CCBB_DF
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celebraçãoàvida Esse é o mote do Mês da Fotografia 2016, que ocupa galerias do Museu da República, dos SESC 504 Sul, 913 Sul, Ceilândia e Gama, além das estações de metrô Rodoviária, Galeria dos Estados, Praça do Relógio e Ceilândia Centro. Até 30 de agosto, a sexta edição do Mês da Fotografia celebra a vida com exposições, bate-papos e uma grande coletiva reunindo 102 fotografias de profissionais e amantes da sétima arte. Os trabalhos foram selecionados entre 570 imagens de 218 autores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. Em 19 de agosto, Dia Mundial da Fotografia, haverá o “fotografaço”. Fotógrafos e simpatizantes poderão trocar conhecimentos e compartilhar sua paixão comum. Diferentemente das outras edições, os organizadores irão realizar exposição individual itinerante. Cada um trará uma foto autoral impressa para percorrer um tour de pontos no Plano Piloto, expondo sua obra nas mãos para os transeuntes que passam. A participação é livre, devendo ser confirmada pelo e-mail expomes@gmail.com. Começa a partir das 15h, na plataforma superior da Rodoviária.
Gilberto Evangelista
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Levantamento de peso, atletismo, natação, esgrima, voleibol sentado, tênis em cadeira de rodas e paraciclismo estão no foco de Imagens do Esporte, exposição do fotógrafo Geovaine de Oliveira, em cartaz no Centro Cultural Câmara dos Deputados até 21 de setembro. Estão lá cerca de 70 fotos registradas em Olimpíadas e Paralimpíadas, recortes artísticos que destacam as ações do atleta e a beleza dos seus movimentos, inclusive de desportistas com deficiências físicas e sensoriais. Os registros foram feitos nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2008, em Pequim, as Olimpíadas e Paralimpíadas de Inverno de Sochi, na Rússia, em 2014, e nos Jogos Panamericanos e Parapanamericanos de Guadalaraja, em 2011, além de Toronto, em 2015. Goiano de Anápolis, Geovaine é bacharel em Esporte e está atualmente no Rio de Janeiro para clicar as Olimpíadas e Paralimpíadas. De segunda a sexta-feira, das 9 às 17h, com entrada franca.
Vai ter de tudo um pouco na comemoração de 12 anos do grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, dias 19 e 20 de agosto, às 20h. De volta ao Plano Piloto, o grupo de cultura popular brasiliense apresenta pela última vez o espetáculo A quarta roda ou Amor é rio sem margem e lança o documentário Ao coração da cidade sonhosa, um registro de todas as apresentações do grupo no Plano Piloto e nas satélites. Estão lá depoimentos de moradores e pensadores que mostram diferentes olhares sobre o amor à cidade, entre eles o poeta Nicolas Behr, o cantador Donzílio Luiz, o mímico Miquéias Paz e a ativista indígena Daiara Tucano. No sábado, dia 20, o Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro recebe Martinha do Coco, o grupo Pé de Cerrado e a cantora Renata Rosa, que se juntam ao grupo para festejar o amor e a cultura popular. Também no sábado, Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro volta a se apresentar com sua Muderna Sambada. No Centro Tradicional de Invenção Cultural (Vila Cultural da 813 Sul), com entrada franca.
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clubedochoro Rafael Alabarce na gaita, Eduardo Bento na percussão, Laércio Pimentel no violão, e Felipe Nunes no bandolim. O Quarteto Capivara se apresenta no projeto Prata da Casa, dia 20 de agosto. Juntos há seis anos, os jovens realizam um trabalho de pesquisa para interpretar músicas instrumentais, incluindo clássicos da MPB e compositores de gerações passadas. No repertório do show, músicas de Baden Powell, Jacob do Bandolim, Dominguinhos, Pixinguinha e Paulinho da Viola, o homenageado do ano pelo Clube do Choro. O Quarteto Capivara é composto por músicos que passaram pela Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello. A apresentação terá as participações especiais do saxofonista Felipe Vieira e do cantor e compositor Alberto Salgado. Ingressos a R$ 30 e R$ 15. Informações: 3224.0599.
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virtuosismonoviolão Composições de Guinga, Paulo Porto Alegre, Egberto Gismonti e Paulo Bellinati estão no repertório do violonista Daniel Murray, durante recital que fará sexta-feira, 19 de agosto, às 20h, no CTJ Halll (706/906 Sul). Nascido no Rio e criado em São Paulo, Daniel começou a estudar violão clássico aos seis anos de idade e aos 15 conquistou a segunda colocação em um concurso internacional na França. Com seus violões de seis e 11 cordas, ele lança o CD Autoral, inspirado nos ritmos brasileiros e nas diferentes possibilidades sonoras do violão. Considerado um dos mais talentosos violonistas de sua geração, Daniel tem seu virtuosismo reconhecido por crítica e público em suas turnês internacionais. Entrada franca.
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Ludmila Vinecka no primeiro violino; o maestro Cláudio Cohen no segundo; Glêsse Collet na viola e Guerra Vicente no violoncelo. Assim está formado o Quarteto de Brasília, que comemora seus 30 anos de existência dia 26 de agosto, às 20h, também no CTJ Hall. No programa estão peças de Beethoven, Ary Barroso, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, Chiquinha Gonzaga, Sivuca e Glorinha Gadelha. Do currículo desse quarteto de cordas constam inúmeros prêmios internacionais de música e participações nos principais festivais do Brasil e exterior. Em 2010, participou do projeto Sonora Brasil, do SESC, quando realizou turnê de concertos em oitenta e seis cidades brasileiras. Sua discografia inclui nove CDs, com obras de Villa-Lobos, Carlos Gomes, Guerra-Peixe, Henrique Oswald, Guerra Vicente, Osvaldo Lacerda, Ravel, Dvorak, Luís de Freitas Branco e clássicos da MPB. Entrada franca.
É o pianista e concertista goiano Luiz Blumenschein, atualmente morando na Alemanha, que vai ocupar o mesmo palco do CTJ Hall na quarta-feira, 24 de agosto, às 20h. Ele apresenta o concerto De lá pra cá, com obras que, por meio da expressão do nacionalismo inspirado em melodias folclóricas e dançantes, aproximam quatro compositores, ícones de períodos distintos da música erudita: Robert Schumman, romantismo alemão; Johannes Brahms, romântica e clássica, e os brasileiros César Guerra-Peixe e Cláudio Santoro, que conheceram o dodecafonismo, movimento musical audacioso que precedeu a música concreta e eletrônica, por intermédio do professor Hans-Joachim Koellreutter. Entrada franca.
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músicadejuscelino Se perguntarem a qualquer brasiliense que música tem a cara do fundador da cidade, certamente ele responderá de pronto: Peixe vivo! Pois a preferida de Juscelino Kubitscheck está no repertório da homenagem que Glaucia Nasser, cantora mineira radicada em São Paulo, fará dia 18 de agosto no Teatro dos Bancários. Concebido para marcar os 40 anos da morte do presidente, o show, segundo a cantora, tem a proposta de “reacordar uma parte essencial da história, que nos inspira a colocar o melhor de nós mesmos a serviço do Brasil, como fez JK”. Está dividido em 16 estações que representam as etapas da vida do presidente, da infância até sua morte, passando por alguns de seus feitos, como o plano de metas e a construção da Capital da Esperança. No repertório estão também as músicas Se todos fossem iguais a você, Fazenda, Daqui pra frente e Vozes da seca, de Luiz Gonzaga. Às 21h, com ingressos a R$ 80 e R$ 40, na bilheteria do teatro (só dinheiro) ou em www.bilheteriadigital.com.
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percursopelagravura "Tenho gravuras de Cristina Carvalheira na minha frente e vejo rostos, rostos que não se encontram na natureza e agora simplesmente existem. Há dentre eles também formas de peixes compondo o conjunto das gravuras como arte. As gravuras de Cristina se apoiam fortemente nessa estética, a estética da gravura de arte. Nós as admiramos como obras de arte em si e certamente recompensarão em prazer estético a quem lhes dedicar o tempo e a atenção necessários." Quem disse isso foi o artista plástico Milan Dusek, falecido há pouco mais de um mês aqui em Brasília. Ele se referia à gravurista pernambucana que expõe seu trabalho até 27 de agosto na galeria do CTJ Hall (706/906 Sul). Cristina Carvalheira estudou com Reynaldo Fonseca, Vicente do Rego Monteiro e Murilo Lagreca e saiu do Recife depois do golpe militar de 1964, indo morar em São Paulo e depois na França, de onde seguiu para Moçambique. Nessa época, optou pela gravura em metais. Com a anistia, em 1979, voltou ao Brasil. Na mostra Cristina Carvalheira: um percurso pela gravura – 1990-2016, ela celebra um período da sua trajetória artística que abraçou as variadas e difíceis técnicas da produção da gravura para expressar em seus trabalhos delicadeza, sofisticação e forte inspiração. De segunda a sexta, das 9 às 21h, e sábados, das 9 às 12h. Entrada franca.
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Foi na figura histórica de Dona Beja que a artista plástica brasiliense Célia Brindel buscou inspiração para realizar seus trabalhos agora expostos na mostra Dona Beja – A força da mulher, em cartaz no Espaço Cultural STJ. Ela representa em imagens o mito construído em torno da figura de Anna Jacinta de São José, a Dona Beja, personagem marcante do Século XIX que morou em Araxá e representa a metáfora e os arquétipos femininos da madona, a musa e a sedutora, que se manifestam em suas diferentes formas e momentos. As influências artísticas de Célia são múltiplas; no entanto, sente uma grande atração pela pintura figurativa, de artistas notadamente dos séculos XVII ao XIX. Do período da renascença, busca a delicadeza das cores; do período clássico, se inspira na qualidade e na precisão do traço, do desenho. Atualmente, usa a integração entre os estilos clássico e contemporâneo em suas obras. Trabalha tanto com pintura (aquarela, acrílica, colagem e pintura a óleo), como faz esculturas. De segunda a sexta-feira, das 9 às 19h, com entrada franca. Informações: 3319.8594.
ecologiaemarte Do trabalho de uma ecóloga e duas artistas plásticas nasceu o e-book Interações: sobre formigas e plantas amazônicas, a ser lançado dia 18, às 19h, na Galeria deCurators (412 Norte). O livro, no formato eletrônico, surgiu do interesse em popularizar a pesquisa realizada pela doutora em Ecologia Georgia Sinimbu, durante seu doutorado na Universidade de Utah (EUA), e teve a colaboração das artistas plásticas Isabela Ribeiro Couto e Semíramis de Medeiros Fernandes, que criaram 30 ilustrações. Georgia buscou entender os processos de interações entre espécies de formigas e plantas e como contribuem para a formação de uma floresta. Seu foco foi nos ingás, árvores encontradas principalmente na Amazônia. Ela descobriu que os ingás se associam às formigas para se defender contra insetos e animais que comem suas folhas. As interações, chamadas de mutualismo, giram em torno de uma “moeda” chamada néctar (similar ao das flores), presente nas folhas dos ingás.
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Chama-se Constelação travessia a vídeoinstalação de Márcio H Mota, artista plástico brasiliense que expõe até 3 de setembro na galeria Alfinete (103 Norte), juntamente com a baiana Eneida Sanches, autora de desenhos sobre papel e fricções sobre metal. A obra de Márcio é composta por milhares de bolinhas que flutuam no caos iluminadas por uma vídeoprojeção que remete ao tempo das transformações e circula em torno da ideia de uma constelação intermitente. Já os trabalhos de Eneida são resultado de sessões matinais de desenho: mergulhos e saltos, inscrições sobre o papel, fricções sobre o metal. A artista visual e produtora é responsável pela criação e realização das mostras Circuito das Artes e Circuito Triangulações, da Bahia, e seu trabalho ocupa a Sala Um da Galeria Alfinete, enquanto a instalação de Márcio pode ser vista na Sala Dois. De quarta a sábado, das 15 às 19h30. Entrada franca.
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GRAVES&AGUDOS
Para beatlemaníacos Q
uem diria que uma banda que durou apenas dez anos poderia fazer tanto sucesso até hoje? E quem diria que depois de quase cinco décadas ainda estaríamos ávidos por novidades e material inédito dos Beatles? Pois este é um dos motes da Beatlemania Experience – The Beatles Biography, mega exposição que ocupará o estacionamento do Shopping Eldorado, em São Paulo, a partir de 24 de agosto. A mostra é um novo jeito de ver os Fab Four, com experiências sensoriais e com objetos do grupo nunca vistos antes, como explica o curador Ricardo Alexandre: “Nesta exposição eu tentei contar a história dos Beatles a partir de lugares importantes de sua trajetória musical. Usei três pilares para contar essa história. O primeiro é a experiência sensorial. É uma exposição que quer levar o visitante para esses lugares. Para que eles sintam o cheiro, a cor, o feeling de estar em lugares onde obviamente a maior parte dos fãs não esteve”. O curador fez uso também do rico acervo que a Getty Images colocou à sua disposição, além de material cedido por colecionadores. “Eu me considero uma pessoa com um conhecimento de Beatles um pouco acima da média, mas ainda assim fiquei surpreso com as coisas que estou podendo manusear e dividir com o público. Então, tenho certeza de que o grande público vai curtir muito a exposição”, afirma.
Da parte sensorial chama atenção a recriação de lugares importantes para a carreira de John, Paul, George e Ringo, como o Cavern Club, onde eles fizeram shows antes da fama, e a recriação da Igreja St. Peter e do caminhão da banda The Quarrymen, da qual participavam Lennon e McCartney, e que foi o embrião dos Beatles. O visitante terá a possibilidade de “entrar” no maior show da carreira da banda, em 1965, no Shea Stadium de Nova York, quando tocaram pela primeira vez nos Estados Unidos para um público de 50 mil pessoas, ou no Yellow submarine, filme de animação psicodélica de 1968 baseado nas canções dos Fab Four, ou ainda na lendária apresentação no topo do prédio da gravadora Apple (The rooftop concert), último show da banda, em 1969.
Além disso haverá fotos, textos e até minidocumentários produzidos especialmente para a mostra. E quem tiver sorte ainda poderá assistir a uma apresentação da All You Need Is Love, banda consagrada no país por fazer um dos melhores, se não o melhor, cover de Beatles. A ideia de realizar essa exposição, que ocupará 2.000 m² e terá dez alas principais, nasceu em 2013, na empresa Let It Be, um dos braços da Tom Brasil, casa de shows e produtora musical de São Paulo. Beatlemania Experience – The Beatles Biography
De 24/8 a 30/9, das 12 às 21h, no estacionamento do Shopping Eldorado (Avenida Rebouças, 3.970). Ingressos (meia): de R$ 25 a R$ 50 (à venda nas bilheterias da Tom Brasil, www.ingressorapido.com.br e (11) 4003.2051.
Fotos: Divulgação
POR ALESSANDRA BRAZ
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Silmara Ciuffa
GRAVES&AGUDOS
Música pré-primavera Q
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uando entrar setembro e a Bossa Nova tocar nos campos... A letra não é assim, a gente sabe, perdão Beto Guedes, mas a referência é a música de alta qualidade que promete se propagar no ar de Brasília no período duro de seca, que compreende a segunda quinzena de agosto e a primeira de setembro. Pois mesmo com a baixaria da umidade e os sapatos sempre vermelhos de poeira vale a pena comparecer a eventos musicais que, cá pra nós, têm a capacidade de entreter e encantar, provando de maneira cabal que a música é fina arte, para além da compreensão de nossa vã filosofia. Alguém tem que acreditar na liberdade da música, ora pois. Por falar em Beto Guedes, o bardo tinha show marcado em Brasília, dia 16 de setembro, em dupla com Vander Lee. Como sabemos, Lee (Vanderli Catarina) mor reu em 5 de agosto, em Belo Horizonte. Mesmo assim, segue um breve guia da felicidade musical pré-primavera.
Festival Experia – De 18 a 21 de agosto, na Caixa Cultural Brasília. A música dita
independente brasileira vai bem, obrigado. E quem for ao teatro da Caixa acompanhar o festival Experia não só vai ficar atualizado com representantes dessa nova música popular brasileira como também bem informado sobre as misturas e estilos que renovam nosso jeito de fazer e cantar a canção. Anote na agenda: dia 18 (quinta-feira), tem Anelis Assumpção e os amigos imaginários. Anelis, a filha do ilustre papa da vanguarda paulistana Itamar Assumpção (1949-2003), prova que a MPB desce muito bem quando acompanhada de dub, afrobeat, rap e balangandãs. Lirinha (ex-Cordel do Fogo Encantado) é um dos amigos imaginários, vejam só. No dia 19 (sexta-feira), a cantora Raquel Coutinho recebe Marcelo Janeci, no show Mineral. Raquel faz o que chamam de MUB (Música Universal Brasileira), portanto, não estranhem a voz como uma percussão e timbres eletrônicos levando a canção a universos nunca antes visitados. Sim, Marcelo “de
Graça” Janeci está nessa como convidado. No dia 20 (sábado), Ava Rocha recebe Ana Cañas: no palco, dois jeitos femininos de abordar o canto, o grave e o agudo, antípodas na escala. Detalhe: Ava é filha de Glauber Rocha, deus e o diabo Caroline Bittencourt
POR HEITOR MENEZES
Ana Cañas
Divulgação
na terra do cinema brasileiro. Finalmente, no dia 21 (domingo), a maratona independente acaba com o show Gravador e amor, reunindo o carioca Mihay e a pouco convencional e talentosa Karina Buhr. Viram? Tudo vale a pena se os ouvidos e alma não forem pequenos. Então éramos três (And then there were three) é um disco do Genesis, grande nome do rock progressivo mundial, quando se viu como um trio (Phil Collins, Mike Rutherford e Tony Banks), no final dos anos 1970, devido às saídas do grande Peter Gabriel e do guitarrista Steve Hackett. Pois o epíteto cai como tal sobre os Titãs, icônica banda do rock nacional, que agora se vê reduzida à força criativa do trio formado por Branco Mello, Tony Belotto e Sérgio Britto. Paulo Miklos, uma das muitas caras dos Titãs, decidiu pedir as contas e tentar outros universos. É oportunidade única de ver os novos integrantes Beto Lee (guitarra) e Mario Fabre (bateria) incorporando nova sonoridade ao som titânico, ora rock, ora pop, ora pop pesado, ora, ora. Beto, pessoal, é filho da Rita Lee, ou seja, tudo a ver no contexto do rock muito bem feito e cantado com todas as letras em bom português. Ah, sim, é no contexto do Luau do Iate, entrem no clima, por favor. Titãs – 19 de agosto, no Iate Clube.
Festa Zeitgeist – Espírito do tempo – 19 de agosto, no Centro Cultural Banco do Brasil. Sabe a exposição Zeitgeist – Arte da
nova Berlim, ora em cartaz no CCBB Brasília? Um de seus derivados é a festa Zeitgeist – Espírito do tempo, que promete trazer para o cerrado o clima da cultura club de Berlim. Isso tudo porque a capital da Alemanha é notável por baladas que são verdadeiras celebrações coletivas, onde não faltam elementos de arte avançada, música eletrônica, videoprojeções e outras incríveis performances artísticas. No dia 19, o CCBB fecha até um pouco mais cedo, e à noite, a partir das 9, o balacobaco fica por conta do Espírito do Tempo. No elenco de atrações teremos decibéis de música eletrônica com Marcelo Vidal, Beep Dee, Renato Cohen, Komka e as performances Standard Time, do artista Mark Formanek e Temporary Tattoo, de Marc Brandenburg. Em setembro rolam outras festas do gênero, no mesmo local.
Samuel Rosa e Lô Borges
Prêmio da Música Brasileira – Simone Mazzer e Filipe Catto – 20 e 21 de agosto, também no CCBB. A 27ª edição do
Prêmio da Música Brasileira, que consagrou este ano artistas como Zélia Duncan e Fafá de Belém, dentro tantos em diversas categorias, continua rendendo. Teve aquela turnê que reuniu Ivete Sangalo, Lenine, Zeca Baleiro e Maria Gadu. Agora, a vez de Simone Mazzer (prêmio na categoria revelação pelo disco Férias em Videotape) e Filipe Catto, cantor e compositor, mostrarem que a MPB parece fonte inesgotável de talentos capazes de criar e recriar o cancioneiro, embora nós brasileiros passemos batido por tal legado cultural em nossos domínios. Mazzer e Catto têm arte própria. Juntos, devem nos dar a interpretação em duo de Sangrando, do mestre Gonzaguinha. Samuel Rosa & Lô Borges – 2 de setembro, no NET Live Brasília. O Skank, ban-
da mineira das mais queridas, não tomou parte do Clube da Esquina por uma mera questão de anos. Não vamos dizer que é por causa do pão de queijo e pelo fato de ser mineiro que o Skank tem que obrigatoriamente rezar o estatuto do Clube, mas fato é que a identificação do grupo de Samuel Rosa com as melodias da turma de Milton Nascimento e companhia fazem da conexão algo transcendental, coisa que agradecemos com louvor, uma dose da branquinha e um queijo ao lado, uai, sô. Portanto, preparem-se para o encontro de Samuel
“é uma partida de futebol” Rosa com ninguém menos que Lô Borges, um dos pilares do Clube e da maravilhosa música que vem das Gerais. Os rapazes rodam o país com as músicas lançadas no CD/DVD Ao vivo no Cine Theatro Brasil, lançado em 2015. Além de clássicos do Skank e de Lô Borges, a empreitada passa pelas parcerias assinadas pela dupla, como a bela balada Dois rios, lançada pelo Skank no álbum Cosmotron (2003). Ah, e tudo tem aquele toque Beatle, I wanna hold your hand. Yo!Music – 3 de setembro, no estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha. Gosta de rap? Hip-hop? Mano,
presta atenção: vai rolar no Mané Garrincha o maior evento de hip-hop do país. É o que prometem os organizadores do Yo!Music, que esperam reunir multidões em 12 horas de som e entretenimento em diversos ambientes, com atrações de grosso calibre, em nome da música e manifestações da arte e cultura urbanas. Em quatro palcos, a curtição terá a presença de nomes como Racionais MC’s, MV Bill, Negra Li, Tribo da Periferia, RZO, Cone Crew, Black Alien, Flora Matos, All Star e outros não menos importantes. Se não bastasse, o lance abre espaço para coisas legais como o grafite, skate, bikes, duelos de MC’s, DJs, BBoys, B-Girls e paradas afins. Bob Burnquist e Sandro Dias, o Mineirinho, têm a presença prometida, para o delírio da galera do skate.
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POLÍTICA CULTURAL
Informações mapeadas TEXTO E FOTO LÚCIA LEÃO
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Distrito Federal é um mosaico cultural, um território com influências de todo o Brasil. Essa diversidade é acolhida por um elemento em comum: o céu, e o movimento de suas nuvens, marca de nossa cidade, sob o qual convivem tradição e inovação. É com espírito de pluralidade que nasce o Mapa nas Nuvens, espaço colaborativo de mapeamento de pessoas, lugares, territórios e ações culturais. Navegue nesse espaço e descubra a cultura do DF! ] É assim que a Secretaria de Cultura dá as boas-vindas aos navegantes de uma inovadora ferramenta de cartografia cultural disponibilizada na web. A cartografia, segundo estudiosos, surgiu de uma
necessidade essencial da espécie humana de registrar sua passagem pelos lugares e delimitar seus territórios. E assim vimos fazendo, os homo sapiens, desde os tempos das cavernas, como demonstram registros deixados, por exemplo, na Vila do Pó, na Itália, onde há um mapa representando detalhes de atividades agropastoris desenvolvidas pelos camponeses locais por volta de 2.400 anos antes de Cristo. Das pinturas rupestres à impalpável nuvem cibernética, parece que a essência humana pouco mudou. Pelo menos no que diz respeito a delimitar espaços e se apossar de territórios. Lançado silenciosamente no início de junho, em 8 agosto já estavam literalmente no mapa da cultura do DF, devidamente georeferenciados, 118 agentes
(artistas, produtores e gestores) e 112 espaços (salas, centros culturais, galerias, ateliês, bibliotecas e onde quer que emane arte ou cultura). As ações, terceira funcionalidade do mapa que contempla qualquer tipo de evento cultural promovido nos espaços ou pelos agentes cadastrados, eram 22 (elas vão sendo eliminadas do mapa à medida que acontecem). São números expressivos, especialmente considerando-se a pouca divulgação dada até agora à plataforma. E um passeio pela nuvem já revela boas surpresas. Você sabia, por exemplo, que em Santa Maria existe um foto clube que oferece cursos e palestras à comunidade e realiza exposições, como a Brasília equalizada, que acontece até 31 de agosto na rodoviária interestadual? “Nós funcionamos há
dois anos e sempre tivemos muita dificuldade de divulgar nossas atividades. Desde que entramos no mapa essa comunicação está ficando mais fácil. Essa ferramenta é top de linha. Parabéns a quem a criou”, elogia o fotógrafo Salvaci dos Santos. Foi por conta de um evento, também, que a Taba entrou no mapa. O espaço, destinado a práticas circenses, educação ambiental e cultura indígena, fica numa área de difícil acesso no Córrego do Urubu. O georeferenciamento do Mapa nas Nuvens ajudou os participantes de uma oficina de circo promovida ali a localizá-lo. “A nossa primeira motivação foi facilitar as pessoas a chegarem até aqui se guiando pelo mapa. Mas ele tem outras funcionalidades importantes, como dar visibilidade para quem, como nós, atua na área de cultura à margem da estrutura oficial”, constata o coordenador da Taba, Elmar Humberto Techmeier. Já nem um pouco marginal, a Fundação Athos Bulcão também está no mapa em busca de divulgação e fomento de suas atividades. Quando soube da novidade, Vitor Borysow, assessor de comunicação, cadastrou a entidade como espaço e já divulga na plataforma o seu
evento atual, a exposição Acervo: Recortes III, marcada como ação cultural. “Apresentamos parte do grande acervo de Athos Bulcão criado a partir da década de 1970”, conta Borysow. “Agora, como entidade cultural, queremos mapear todas as obras do Athos Bulcão espalhadas por Brasília”, planeja. Se os artistas e produtores estão no Mapa para serem vistos, para os gestores públicos a cartografia cultural serve para ver. “Sabemos que há centenas de processos culturais em desenvolvimento em todas as regiões do DF. Que há projetos interessantes, artistas e pessoas empreendedoras utilizando os mais diferentes espaços para produzir e apresentar cultura. Mas nós, gestores, não conseguíamos ter uma visão ampla de como e onde essas coisas estão acontecendo. À medida que a sociedade civil começa a se colocar, a dizer olha, eu estou aqui fazendo isso, o Mapa se torna um importante instrumento de gestão”, afirma o secretário de Cultura, Guilherme Reis. “Com o tempo nós poderemos aferir desta cartografia um sem número de informações que vão permitir um planejamento estratégico eficiente e efetivo para o setor. Vamos
saber que tipo de atividades estão acontecendo, onde elas estão, quantas pessoas e quantos recursos elas envolvem... E vamos enxergar também as regiões onde não acontece nada, onde os recursos não chegam... vamos ter o mapa da potência e o mapa da carência cultural no DF”. O próximo passo da Secretaria de Cultura, segundo Reis, será plotar no Mapa os projetos realizados com recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). “Isso dará ainda mais transparência ao FAC e nos permitirá ver se a distribuição dos recursos está sendo feita de forma justa e equalizada”, explica. O Mapa nas Nuvens resultou de uma parceria do governo do DF com o Observatório de Economia Criativa da Universidade de Brasília e o Instituto Tim, que desenvolveu o software aberto Mapas Culturais em colaboração com o Ministério da Cultura. A ferramenta já foi adotada também pelas secretarias de Cultura do Ceará, de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do município de São Paulo. Vá lá e passeie pela cultura de Brasília! Ou, melhor ainda, coloque-se no mapa: http://mapa.cultura.df.gov.br.
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GALERIADEARTE
O espírito
Fotos: Divulgação
de um tempo
POR MELISSA LUZ
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elizmente longe de guerras, o Brasil pouco sente no seu dia a dia os reflexos que conflitos bélicos de proporções mundiais podem ter na vida das pessoas e no funcionamento das cidades. Por aqui, os conflitos são outros... A capital da Alemanha, porém, viveu isso na pele duas vezes e depois passou
quase 30 anos dividida por um muro. Em Zeitgeist – Arte da nova Berlim, exposição em cartaz atualmente no Centro Cultural Banco do Brasil, 29 artistas mostram como a cidade se reinventou. Quem passeia pelas galerias logo percebe nas obras conceitos como gentrificação (processo demodificação de área urbana), nostalgia, liberdade, desenvolvimento urbano x história, pluralidade.
São pinturas, fotografias, videoartes, performances e instalações que expressam o conceito zeitgeist, ou seja, o espírito de um tempo. “Minha proposta nessa exposição é descobrir qual o segredo da ruína de Berlim, essa situação constante entre construção e destruição”, afirmou o curador Alfons Hug quando a exposição estreou em Belo Horizonte, no ano passado. Da capital mineira a mostra foi para o Rio de Janeiro, antes de chegar a Brasília. Hug não se limitou a artistas alemães na sua seleção. A condição era que eles residissem em Berlim, conhecendo a fundo a cidade e suas questões. Assim, há quatro estrangeiros na seleção: um americano, um francês, um dinamarquês, e o mineiro Marcellus L. Hug sugere o que ele chama de seis caminhos conceituais que podem ser percorridos na exposição: tempo que corre e tempo estagnado; a ruína como categoria estética; eterna construção e demolição; o vazio provisório; novos mapas e os outros modernos; e hedonismo cruel. Nesse último reside uma das curiosidades da mostra, a cena club berlinense. “O new wave e o punk eram um zeitgeist que existia nos dois lados, oriental e ocidental, com a diferença de que no nosso lado oriental era menor e com menos liberdade”, confidenciou o fotógrafo Sven Marquardt durante bate papo com o público em Brasília, no dia 1º de agosto. Leão de chácara até hoje do club Berghain, Marquardt tinha na câmera, na época da Guerra Fria, uma bengala para desejos não realizados. “Eu comecei a fotografar por acaso. Eu não tinha vontade de me exilar no outro lado, só queria ter a liberdade de poder conhecer. As fotos serviam para mostrar que a vida na parte oriental não era assim tão diferente, com tanques de guerra nas ruas, como falavam”, afirmou o fotógrafo, que assina na mostra uma instalação sonora com imagens suas projetadas ao som de trilha criada por Marcel Dettmann. A cultura dos clubs berlinenses vai extrapolar as paredes das galerias e invadir o CCBB em três festas, com presença de DJs, VJs e performers: 19 de agosto, 16 de setembro, e 12 de outubro, no encerramento da mostra. Zeitgeist – Arte da nova Berlim
Coletiva que reúne obras de 29 artistas da recente cena berlinense. Até 12/10 no CCBB (SCES, Trecho 2). De 4ª a 2ª feira, das 9 às 21h, com entrada franca. Classificação indicativa: livre. informações: 3108.7600
Rodin
logo ali
Originais, reproduções e fotografias do escultor francês serão expostas pela primeira vez em Brasília
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m maio, a escultura em mármore A eterna primavera, de Rodin, foi arrematada num leilão em Nova York por US$ 20,41 milhões, maior valor pago por uma obra do artista francês até então. A cifra astronômica é apenas um indicativo da importância de Auguste Rodin (1840-1917) para a história da arte. Pioneiro da escultura moderna, seu legado reverbera até os dias de hoje. Uma visita a Paris não está completa sem um passeio pelos jardins do Musée Rodin, que reúne a maior coleção de originais do escultor (e onde, no passado, funcionou sua oficina). Mas o brasiliense não precisará ir tão longe para vivenciar um pouquinho da experiência Rodin. Entre 17 de agosto e 5 de novembro, o Espaço Cultural Marcantonio Vilaça (localizado no Tribunal de Contas da União) receberá a exposição Rodin – o despertar modernista. Nela, o visitante poderá apreciar 14 esculturas, sendo quatro originais, vindas da Pinacoteca do Estado de São Paulo, e dez reproduções em resina (autorizadas pelo Museu Rodin) pertencentes ao acervo da empresa siderúrgica Vallourec, de Minas Gerais. O processo de duplicação, aliás, era frequente na oficina de Rodin. A partir de moldes em gesso eram produzidas, por vezes em tamanhos diferentes, centenas de exemplares de uma mesma obra. Uma seleção de 36 fotografias também
poderá ser conferida na exposição, parte vinda diretamente do museu dedicado ao artista em Paris e outras da Pinacoteca de São Paulo. Pelas fotografias será possível aproximar-se da rotina de trabalho do artista: Rodin foi pioneiro também em registrar com fotos o processo de criação de suas esculturas. Para Marcus de Lontra Costa, curador da exposição, “as esculturas de Rodin e a arquitetura de Brasília dialogam, ambas, com a tradição barroca e a clareza do método construtivo”. Quando Auguste Rodin começou a esculpir, o universo da escultura na França estava profundamente ligado a temas como religião, história e mitologia – todos apresentados sob um ponto de vista bastante figurativo, como se o artista tentasse reproduzir com precisão as histórias contadas pelas obras. Dentro desse contexto, as esculturas de Rodin foram inicialmente rejeitadas por instituições e curadorias de exposições, pois eram tidas como inacabadas. Inspirado tanto pelos renascentistas italianos quanto por impressionismo e simbolismo, Rodin trazia para suas criações uma carga emocional distinta de seus predecessores. Para isso, utilizava diferente superfície nas esculturas, pois acreditava que esse detalhe ajudava a transmitir sentimentos. Ele também aceitava os acidentes de percurso (um pedaço que se quebrava, por exemplo) e as imperfeições ocorridas durante a produção das obras.
Por volta de 1890, Rodin estava no auge e recebia várias encomendas e ofertas para expor em museus e galerias. Entre suas criações mais conhecidas estão O pensador (1880), O beijo (1886) e São João Batista pregando (1878). Rodin – O despertar modernista
De 17/8 a 5/11, de 3ª a sábado, das 9 às 19h, no Espaço Cultural Marcantonio Vilaça, do Tribunal de Contas da União (SAFS, Quadra 4, Lote 1). Entrada franca. Classificação indicativa livre. Agendamento programa educativo: 3316.5221.
Fotos: Daniel Pinho
POR PEDRO BRANDT
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Divulgação
LUZCÂMERAAÇÃO
Cinema italiano hoje
Loucas de alegria, de Paolo Virzì.
Mostra que começou há nove anos em Portugal chega finalmente a Brasília e a mais seis capitais brasileiras POR SÉRGIO MORICONI
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rganizada no Brasil pela Associação Il Sorpasso, a mostra 8 ½ Festa do Cinema Italiano vai acontecer aqui na capital – e simultaneamente em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre – entre 25 e 31 de agosto. Os filmes escolhidos são muito representativos da produção contemporânea do cinema italiano e fazem, por assim dizer, uma ponte entre os anos de glória dos grandes mestres Fellini, Antonioni, Pasolini, Visconti, entre tantos outros, e a nova geração. A presença do “veterano” Giuseppe Tornatore – diretor que recebeu o bastão (metaforicamente, claro) dos realizadores acima citados – com o recentíssimo Amor eterno (2016), é uma
prova de que a mostra quer dar um sentido de continuidade histórica a esta tão relevante cinematografia. A referência, já no seu título, ao grande clássico de Fellini, 8 ½, e também o nome da Associação Il Sorpasso, tomado emprestado da paradigmática comédia all’Italiana de Dino Risi (no Brasil, Aquele que sabe viver), não deixa dúvidas quanto à intenção dos organizadores: o esplendor do cinema italiano nas décadas de 40, 50, 60 e 70 do século passado não pode ser negligenciado quando se pensa na produção das décadas seguintes. Esse elo é evidente quando pensamos no Tornatore de Cinema Paradiso, realizado em 1988, e nas obras do muito mais jovem Paolo Sorrentino, cujos filmes – especialmente A grande beleza e Juventude, nos remetem imediatamente a Fellini. Para
essa mostra, os curadores escolheram As consequências do amor, longa anterior de Sorrentino, rodado em 2004 e inédito por aqui. 8 ½ Festa do Cinema Italiano vai apresentar sete filmes inéditos de diretores que não costumam frequentar o circuito comercial brasileiro. O filme de abertura, Loucas de alegria, de Paolo Virzì, será exibido em première excepcionalmente, dia 25, às 21h30. Apresentado na Quinzena dos Realizadores de Cannes deste ano, esta última produção de Virzì reafirma um talento que já se antevia em La prima cosa bella, de 2010, e Il capitale umano, de 2013. Obra tragicômica, Loucas de alegria lembra Thelma e Louise, de Ridley Scott, e tem Valeria Bruni Tedeschi e Micaela Ramazzotti no elenco. A semelhança com o filme de Scott não é mera
Amor eterno, de Giusepe Tornatore. Fotos: Divulgação
coincidência. Igualmente um road movie, o filme de Virzì lança um olhar amoroso sobre duas mulheres que fogem de um centro de recuperação psiquiátrica e lutam para acertar contas com desajustes do passado. Outros filmes selecionados incluem As confissões, de Roberto Andò, com Toni Servillo, imortalizado (não é exagerado dizer) como o grande protagonista de A grande beleza, de Sorrentino, Jeeg robot, de Gabriele Mainetti, aventura de um super-herói à italiana, Não seja mau, de Claudio Caligari, longa indicado como representante da Itália ao Oscar 2016, Paro quando quero, de Sydney Sibilia, além de As consequências do amor, de Sorrentino, e de Amor eterno, de Tornatore, já mencionados. A boa notícia é que quase todos os filmes da mostra já têm distribuição no Brasil, preenchendo assim uma lacuna incompreensível de nosso mercado exibidor nas duas últimas décadas. Como vai ser fácil constatar, todos eles têm potencial para agradar a um público amplo, como Loucas de alegria, obra que resgata muito do espírito da commedia all’ italiana, de humor generoso, selvagem e incisivo, ritmo endiabrado, revisitando a ironia habitual do gênero em relação às regras e convenções sociais. Paro quando quero segue a mesma vertente da comédia, embora busque influências em outras tradições cinematográficas. Sibilia cita o Steven Soderbergh de Onde homens e um segredo (2001), pela verborragia dos diálogos, pelo ritmo alucinante dos filmes de ação de suspense, sem deixar de lado uma crítica ácida ao atual sistema de ensino universitário italiano. O filme foi vencedor dos prêmios Globo de Oro na Itália e se transformou num frenesi viral na internet também por ser um mashup (no caso, uma colagem alusiva) das séries televisivas americanas Breaking bad e The Big Bang teory. 8 ½ Festa do Cinema Italiano vai nos dar a oportunidade de ver também Não seja mau, última obra de Claudio Caligari, apresentada como um evento especial na Mostra de Veneza, em 2015. Falecido poucos meses antes, Caligari recupera a narrativa de uma amizade entre indivíduos socialmente menos favorecidos. Não pense que você “já viu esse filme antes”. O cinema italiano não é muito pródigo em se voltar para a explosão da criminalidade relacionada à questão das
As consequências do amor, de Paolo Sorrentino.
drogas nas periferias das cidades do país durante os anos 1990. Existe algo de um espírito sociológico e documental no olhar de Caligari. Não deixa de ser curioso comparar a mirada realista dele com a de Andò. Em As confissões, o real parece sempre deslizar para o surreal. É uma marca registrada e muito singular desse diretor oriundo de Palermo. Tornatore, seu conterrâneo siciliano, mas da cidade de Bagheria, prefere um registro diametralmente oposto. Tornatore é um dileto herdeiro do melodrama realista italiano. Amor eterno, seu último filme, narra a misteriosa relação entre amor e morte. Há, como sempre, em tudo o que o diretor faz, uma boa dose de nostalgia, mas desta vez sob a influência da literatura e de outros
campos da arte. A questão metafísica que se coloca é a de que o amor reivindica a eternidade. Tornatore indaga se o amor pode sublimar a morte. A resposta parece estar nas lembranças, numa lírica e difusa nostalgia pela ausência física do ente amado. O escapismo romântico de Tornatore não encontra eco em As consequências do amor. O olhar desencantado de Paolo Sorrentino se debruça sobre um homem cuja solidão se revela inteiramente e de forma implacável. Uma aventura claustrofóbica em que a destreza no uso da linguagem aguça uma similar ventura estética. 8 ½ Festa do Cinema Italiano
De 25 a 31/8, às 19h e 21h30, no Espaço Itaú de Cinema do CasaPark. Ingressos: R$ 20 e R$ 10.
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Chef André Magalhães na Taberna da Rua das Flores.
Divulgação
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LUZCÂMERAAÇÃO
Apart horta, filme de abertura.
De volta para o futuro POR JÚLIA VIEGAS
mundo, todos com temática voltada para a gastronomia, a sustentabilidade, o resalvez nem o filósofo canadense peito às tradições. Este ano, uma das caMarshall McLuhan imaginasse racterísticas da programação é apostar que a resposta seria tão rápida: coem filmes que voltam às raízes para premo contraponto à globalização e seus parar o mundo do futuro. efeitos nocivos de extermínio das identiPela tela do festival vão passar, de 15 dades, têm surgido no mundo várias inia 18 de setembro, filmes e episódios de ciativas de resgate das diferenças, afirmaprojetos que apostam na tradição, no coção de raízes e valorização de regionalidanhecimento de comunidades, no que des, visando ao que o geógrafo brasileiro distingue os povos e os torna únicos, coMilton Santos chamou de “globalização mo aprendizado para melhorar o planeta solidária”. A sétima edição do Slow Filneste Século XXI. Serão exibidos, ao tome – Festival Internacional de Cinema, do, 24 títulos de 20 países, entre curtas e Alimentação e Cultura Local – tende a longas-metragens, sempre com entrada ser uma comprovação disso. franca (os ingressos são distribuídos na Uma vez por ano o festival ocupa o bilheteria para não esgotar o limite de cahistórico conjunto do Cine-Teatro Pirepacidade do cinema). neus, em Pirenópolis, com uma prograAlém de excelentes produções cinemação composta de filmes inéditos no matográficas, os títulos do festival dão país. São títulos garimpados pelo curaverdadeiras aulas. Este ano, por exemdor, Sérgio Moriconi, e pelas produtoras plo, vai ser possível aprender mais sobre Gioconda Caputo e Carmem Moretzsoo Jerez, o cultuado vinho espanhol (no hn, nos principais festivais de cinema do filme Jerez – O palo cortado), conhecer a lendária produção de mel da Turquia (com O mel de Kars), saber o grau de responsabilidade da ação humana no desaparecimento de mais de 70% das abelhas do mundo (em Mais que mel), descobrir segredos do cultivo de jardins (Retrato de um jardim) e de hortas urbanas (Apart horta), aproximar-se do pensamento do chef dinamarquês René Redzepi, o número 1 do mundo O chef dinamarquês René Redzepi em Noma – Minha tempestade perfeita. (Noma – Minha tempestade
Pierre Deschamps
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perfeita), e até vasculhar os hábitos alimentares dos brasileiros com o filme Comer o quê?, dirigido por Leonardo Brant. O festival ainda vai fazer o lançamento, no Brasil, de três projetos. The perennial plate (O prato perene) é uma iniciativa de um casal norte-americano que viaja o mundo contando a história de alimentos sustentáveis. O Slow Filme vai exibir vários episódios que os dois produziram. E também Esporão & a comida portuguesa a gostar dela própria e A música portuguesa a gostar dela própria, dois programas portugueses que serão apresentados pelo próprio criador, Tiago Pereira. Tiago vai estar acompanhado do chef português André Magalhães, consultor gastronômico da série, eleito “personalidade do ano na gastronomia”, em Portugal. Depois da conversa com o público, serão servidos vinhos e azeites Esporão e haverá também degustação dos queijos da grife Cabra Chic, do jornalista Armando Rollemberg. No domingo, André vai preparar o almoço no restaurante Montserrat. De quebra, a presença da proprietária da vinícola portuguesa Quinta da Lapa, Sílvia Canas, e da brasileira Regina Tchelly, criadora da Favela Orgânica, projeto carioca que visa ao aproveitamento total do alimento. No foyer do Cine Pireneus, a exposição Natureza móvel vai mostrar 22 capas de discos de vinil selecionadas por Sérgio Moriconi. Slow Filme – Festival Internacional de Cinema, Alimentação e Cultura Local. De 15 a 18/9 no Cine-Teatro Pireneus, em Pirenópolis, com entrada franca. Programação em www.objetosim.com.br.
Brasília
na tela grande
Mostra no CCBB reúne filmes rodados na cidade e shows com bandas de rock POR PEDRO BRANDT
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Somos tão jovens, de Antônio Carlos da Fontoura. Fotos: divulgação
proposta do projeto Capital na tela, que será realizado nos dias 1, 2, 7 e 8 de setembro no CCBB, é mostrar como a sétima arte retratou Brasília em uma série de filmes recentes. Além de longas, serão exibidos curtas e médias-metragens e um videoclipe produzidos por alunos dos cursos de audiovisual da UnB e do IESB. Os filmes serão projetados em telão montado na área externa do centro cultural. As pessoas estão convidadas a levar suas toalhas para fazer piqueniques no gramado e curtir o evento ao ar livre. A programação também contará com shows de bandas de rock, food trucks e bicicletas. Em 1º de setembro (quinta-feira), às 18h, a Mostra Universitária: Curta-Capital, de filmes de alunos da UnB, exibirá A menor distância entre dois pontos (2010), seguido de Babilônia Norte (2013), Braxília (2010) e Brasília em retratos (2015). O longa-metragem da noite, às 19h15, será Somos tão jovens (2013, drama, 104 min,14 anos), que retrata a juventude do cantor Renato Russo em Brasília no anos 1970. As bandas Saurios e Trampa encerram a programação da noite. No dia seguinte, às 18h30, é a vez do longa As vidas de Maria (2005), de Renato Barbieri, seguido, às 20h, do documentário Rock Brasília – Era de ouro (2011), de Vladimir Carvalho. Os shows da noite, a partir de 21h45, ficam por conta das bandas Mdnght Mdnght e Expresso 061. Em 7 de setembro (quarta-feira), das 14 às 18h, o público poderá interagir na exposição Um set de cinema, que terá grua, tripés, câmeras, refletores e claquete. Profissionais do audiovisual farão demonstrações do funcionamento desses equipamentos. Às 18h começa a Mostra Universitária Curta-Capital, agora de filmes de
Faroeste caboclo, de Renê Sampaio.
alunos do Iesb, com Um outro dia (2015), Mohamed (2015), Hasta la vista (2011), Alisar pra quê? e o videoclipe de Thabata Lorena (2014). Às 19h, média-metragem documental Sonho 100 dimensão (2005). O longa da noite, às 19h45, será O último cine drive-in (2014), de Iberê Carvalho. Às 21h25, shows com o cantor Joe Silhueta e com a banda Vintage Vantage. No último dia de programação, 8 de setembro, às 18h15, será exibido o docu-
mentário Geração Baré-Cola – Usuários de rock (2014), de Patrick Grosner, sobre a rock de Brasília nos anos 1990, seguido, às 19h45, de Faroeste caboclo (2013), de René Sampaio. A partir das 21h30, dobradinhas de rock psicodélico com as bandas Almirante Shiva e Rios Voadores. Capital na tela
Dias 1, 2, 7 e 8/9 no CCBB (SCES, Trecho 2). Ingressos: R$ 10 e R$ 5. Mais Informações: 3108.7600.
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CRÔNICADACONCEIÇÃO
Crônica da
Conceição
Superquadra, metáfora do Brasil
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xistem, no meu modo de ver, duas superquadras: a do doutor Lucio e a real. E essas duas não se cruzam, seguem em paralelo. Talvez, um dia, quem sabe, possam escapar da condenação a que foram submetidas e finalmente se encontrar em sinal da cruz – utopia e experiência vivida. O filósofo Vladimir Safatle já escreveu que Brasília é uma cidade onde o futuro não se realizou. Passados 55 anos, ele ainda é uma miragem, mesmo que feita de concreto, mesmo que as árvores já estejam adultas e parte considerável de sua arquitetura já esteja maltratada pelo tempo. É um passado de um futuro que não se fez presente. A superquadra é a parte mais importante desse futuro inalcançável. Ela é quase que uma metáfora do Brasil: pujante, rica em minérios arquitetônicos, ludicamente ousada, fruto da miscigenação de arquiteturas e urbanismos, inventivamente singular, única no mundo, mesmo que no planeta existam outras experiências mais ou menos parecidas. Mas ainda inalcançável. A ideia de superquadra é um modo de viver em cidade como se vivêssemos na natureza, na metrópole como se estivéssemos numa cidade do interior, em prédios de pavimentos como se morássemos em casas ao rés-do-chão. Seria perfeito, se perfeito fosse. Morei em superquadra durante três anos, mais ou menos. Nas 400 da Asa Norte. Na 416, tive uma experiência epifânica de existência numa cidade. Numa tarde em que brincava com meu filho debaixo do bloco, na verdade fora do bloco, ao sol, incorporou-se em mim o sentido grandioso do projeto de doutor Lucio. O mundo, naquela tarde, me pareceu pleno e absoluto. E eu me prometi
nunca sair de uma superquadra. Tive de sair. E voltei nove meses atrás. O mesmo sentido de completude urbana baixou em mim e baixa de vez em quando na banquinha da 308. Especialmente quando abro a porta lateral que dá para o bloco A, para a fachada de cobogó, o comércio local ao longe, as árvores adultas e os passarinhos-bebês. Mas tem algo muito estranho ferindo esse meu encontro com o esplendor da urbanidade. As superquadras são como as estrelas: existem, mas não temos a experiência na escala humana. Elas faíscam, nos inspiram, nos consolam, mas são uma miragem no céu. Muitas das estrelas são apenas a memória do tempo. Já não existem mais. Só a luz de quando elas existiram chega até nós. Quando cheguei à 308 Sul, quis fazer um diário da superquadra para postar no blog da banca. Na minha fantasia, seria algo como se eu tivesse comprado uma banca de revista na praia de Copacabana ou no Posto 8 ou no Arpoador. Toda a gente passaria por mim e eu teria milhões de histórias pra contar. Os moradores da superquadras são hóspedes de um hotel que se estende por duas asas e descem do oeste para o leste, serpenteado por vias internas e guarnecidos por árvores frondosas. Muitos deles têm Athos nos pilotis. Na 308, ainda há restos do paisagismo de Burle Marx. Na 108, por exemplo, estão as marcas de Oscar. Mas onde está a gente desse paraíso? Poderia dizer que, no caso da 308 e de boa parte da Asa Sul, elas estão penduradas nos apartamentos, percorrendo miudamente a velhice. Mas essa é uma explicação inconvin-
cente. Não se vê gente nos pilotis, nem nas calçadas. É como se Deus tivesse inventado a Terra, e não tivesse inventado nem Adão nem Eva, nem adãozinhos nem evinhas, e nem mesmo vovôs Adãos e vovós Evas. A mesma perplexidade diante deste país que parece que vai mas não vai, que avança depois retrocede, é a que emana das superquadras. Crianças brincando nos pilotis ou entre os renques de árvores? Raramente. Casais de namorados? Mais raros ainda. Violão na pracinha? Quando tem, a polícia aparece. Nestes tempos difíceis, o jornalista Jânio de Freitas, articulista da Folha de S. Paulo – ele que cobriu o suicídio de Getúlio – escreveu que os brasileiros não sabem conviver com a democracia. Nós, os brasilienses, não sabemos usufruir de todas as qualidades urbanas que as superquadras nos oferecem. Ainda estão por ser inventados os namorados, as crianças, os vovôs e as vovós à altura das superquadras. Eu me arrisco a dizer que as superquadras facilitaram o surgimento de uma tribo isolada. Só que, ao contrário dos índios que se escondem na profundeza da Amazônia, os brasilienses se protegem do sentido de coletividade, insulados em absoluto bem-estar nas projeções acima do solo. Projeções, e não realidade. Talvez nós, os brasileiros e os brasilienses, ainda tenhamos muito a aprender sobre coletividade, urbanidade, tolerância, democracia. Ainda não damos conta de nossa grandeza e nem sabemos lidar com nossas misérias. * Crônica lida no lançamento dos livros Superquadra de Brasília: preservando um lugar de viver e GT Brasília: memórias da preservação do patrimônio cultural do DF, dia 29 de julho, no auditório do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Ministério da Cultura apresenta
Brasília / 2016
bb.com.br/cultura
Banco do Brasil apresenta e patrocina
ZEITGEIST ARTE DA NOVA BERLIM Até 12/10 Produção
Centro Cultural Banco do Brasil SCES, Trecho 2, Brasília/DF (61) 3108 7600 Licença de funcionamento nº 00340/2011. Governo do Distrito Federal/ Brasília/ Distrito Federal. Validade: prazo indeterminado.
Apoio
MINISTÉRIO DA CULTURA
Preservação das áreas de proteção ambiental A Terracap coloca esse patrimônio em suas mãos
Você já se deu conta de que o assoreamento dos córregos, a diminuição das matas ciliares e a destruição das nascentes são problemas decorrentes da ocupação irregular do solo? O trabalho da Terracap é promover o desenvolvimento planejado, preservando as áreas de proteção ambiental, garantindo a sustentabilidade e respeitando a vida. E, dessa maneira, colocar esse imenso patrimônio natural em nossas mãos.
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