BRASÍLIA É CENÁRIO DE DOIS FILMES QUE ESTREIAM EM AGOSTO
Ano XVI • nº 262 Abril de 2017
R$ 5,90
Foto de Rodrigo Rodrigues para o Brasília Photo Show
Brasília 57
Apesar das restrições orçamentárias, a cidade vai comemorar
EMPOUCASPALAVRAS
Como os tempos são de contenção de gastos, as comemorações de aniversário de nossa cidade seguirão essa cartilha e contarão com a presença de apenas três atrações nacionais – Elba Ramalho, Raça Negra e Renato Teixeira –, com cachês que somam R$ 290 mil. Quase três dezenas de artistas daqui vão também se apresentar na Torre de TV e na Praça dos Três Poderes, com cachês que totalizam não mais do que R$ 264,5 mil. O secretário de Cultura, Guilherme Reis, garante, entretanto, que a modéstia orçamentária não vai diminuir a alegria nem o valor artístico da festa dos 57 anos de Brasília (página 18). A programação musical deste mês nos demais palcos da cidade contempla todos os estilos, do rock engajado do Midnight Oil, passando pelo romantismo italiano de Peppino di Capri (aquele do champanhe para brindar um encontro), pelo rock gótico da banda norte-americana Evanescence até o revival de Sinatra forever e as sempre bem-vindas presenças de Nando Reis e da banda Blitz. Tudo devidamente agendado na seção Graves & agudos, a partir da página 20. Em matéria de cinema, o destaque é o festival Aventura Antonioni, que ocupará a tela do CCBB entre 3 e 29 de maio. Trata-se de uma retrospectiva completa da obra de Michelangelo Antonioni (1912-2007), um dos mais importantes diretores da história do cinema. Ótima oportunidade para ver, ou rever, os clássicos Blow-up – Depois daquele beijo, Profissão: repórter, A noite e muitos outros do diretor que soube tão bem traduzir a angústia existencial do pós-guerra italiano (página 32). Na seção Água na boca há boas razões para sair de casa, seja qual for seu gosto gastronômico. Os cortes especiais do recéminaugurado Brace, para quem é chegado ao prazer das carnes, e o menu vegano pra valer do Supren Verda, pra quem não pode nem pensar nisso. Há também, para os doidos por comida japonesa, o MaYuu, terceira casa da chef Lídia Nasser em Águas Claras (a partir da página 4). Boa leitura e até maio!
Akemi Nitahara
Os sinos tocam às 6, às 12 e às 18 horas. Esse é o título da foto que escolhemos para a capa desta edição de abril, mês do 57º aniversário da cidade. Ela retrata nossa bela Catedral e foi feita por Rodrigo Rodrigues para o Brasília Photo Show, festival de fotografia que apresenta sua terceira mostra até 2 de julho, em vários shoppings da cidade, conforme relata Alexandre Marino na matéria A fotografia como visão de mundo (página 24).
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diáriodeviagem
Em Londres e Liverpool, uma profusão de museus, galerias de arte, monumentos históricos, castelos, palácios, teatros e muitas lembranças dos Beatles.
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Maria Teresa Fernandes Editora
ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14, Conjunto 2, Casa 7, Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa Carlos Roberto Ferreira, sobre foto de Rodrigo Rodrigues | Colaboradores Alessandra Braz, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Ana Vilela, Beth Almeida, Cláudio Ferreira, Conceição Freitas, Eduardo Oliveira, Elaina Daher, Heitor Menezes, Júlia Viegas, Laís di Giorno, Luana Brasil, Lúcia Leão, Luís Turiba, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Pedro Brandt, Ronaldo Morado, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Teresa Mello, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle | Fotografia Fabrízio Morelo, Gadelha Neto, Rodrigo Ribeiro, Sérgio Amaral, Zé Nobre Para anunciar 99988.5360 | Impressão Editora Gráfica Ipiranga Tiragem: 20.000 exemplares. 3
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ÁGUANABOCA Divulgação
Gostosa trilogia POR TERESA MELLO
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Thiago Bueno
naugurado em 17 de março, o novo restaurante da chef Lídia Nasser em Águas Claras segue a cartilha do equilíbrio. No japonês MaYuu, interligado ao Empório Árabe e ao Dolce Far Niente, o tradicional e o contemporâneo convivem em harmonia, seja no extenso cardápio, seja na arquitetura interna a cargo da irmã, Tatiana Perides. Enquanto uma parede é forrada por bambus, a outra exala modernidade, por meio do toque seco do cimento. Às delicadas sombrinhas no lavabo e aos levíssimos balões brancos contrapõe-se um lustre ar-
rojado para destacar a ilha central, comandada pelo chef sushiman Leonardo Bezerra, 31 anos, nascido em Brasília. Fernando Souza cuida das sobremesas e dos pratos quentes, enquanto os clássicos receberam a consultoria do chef Massanori Nishimoto. As criações chegam às mesas de madeira clara em porcelanas compradas no bairro da Liberdade, na capital paulista. Como entrada, Leonardo indica o Flower Fried, um minitemaki com patê de salmão e pimenta-de-cheiro. São dez unidades a R$ 32,90. Há também o Gyouza (pastelzinho) de carne e de legumes. O sushi tradicional – base de arroz, com uma
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fita de salmão em volta e salmão por cima – transforma-se em “sushi Brasil”, com a adição de cream-cheese, queijo coalho maçaricado e calda de maracujá ou de morango. É o Nordestino. Assim como o Alquimia, em que o recheio é a batata-doce, e o Guamaré, no qual o salmão vem com camarão e cream-cheese. O nome faz homenagem à cidade pesqueira do Rio Grande do Norte onde vive a família do chef. O sashimi pode ter fatias de atum, anchova negra, haddock, polvo, e o Garlic Aholici apresenta uma flor de salmão com crispy de alho-poró. Que tal um niguiri (bolinha de arroz) de camarão com avocado? Ao camarão cozido juntam-se lascas de cebola e de avocado. “O niguiri é a personalidade do sushiman; cada peixe tem uma técnica de corte, e a fibra tem de ser quebrada na faca”, diz o chef. Evoluções do prato resultam no hossomaki (rolinho fino com um recheio), no uramaki (enrolado de arroz com até três ingredientes) e no futomaki (mais de três). Há os conhecidos temakis e os robatas (espetinhos). Quer provar tudo junto? É o Combinado, com 15, 30 ou 50 peças e oferta também para crianças e veganos. Entre os pratos especiais estão o Atum na Nuvem (lombo de atum selado com crosta de gergelim); o Filé ao Tigre (filé marinado com especiarias e caldo de
Thiago Bueno
Divulgação
Apresentação:
Divulgação
ostra e arroz com cogumelos selvagens crocantes); o Kurohigue de Sépia (espaguete com camarões salteados ao molho de maracujá e crispy de gengibre). Para acompanhar, uma dose de 50ml do saquê mais pedido, o Azumi Kirim Dourado, sai a R$ 5. Já o chá aromatizado Matchá custa R$ 12,90. Existem drinques incrementados por gelo seco (Diabo Verde, com Absinto) ou que chegam em chamas (B-52, shot feito de licor de café e Cointreau). As sobremesas de Fernando Souza são outro espetáculo à parte. É o caso de uma esfera de chocolate com panna cotta de wassabi e calda quente (shenlong) e do simpático rolinho crocante com recheio de goiabada e queijo. “O que me encanta na culinária japonesa é o detalhe mínimo, a distância entre um corte e outro, fazer dez peças todas idênticas, é a perfeição da estética do prato”, afirma Leonardo, que zela pela temperatura certa dos pescados, armazenados a
5ºC. Outro cuidado grande é em relação ao arroz, desde a lavagem até o cozimento: “Você tem de olhar para o sushi e contar cada grão de arroz, esse é o arroz perfeito. E, na hora de lavar, o jato d’água não pode cair diretamente no cereal, para não quebrar o grão. Você lava seis ou sete vezes”. A animação na cozinha encontra na empresária Lídia Nasser o incentivo maior: “Ela é empresária e chef, entende quando eu peço pra comprar cebolinha e cebolete, por exemplo, porque não é a mesma coisa. Ela é inovadora e abre as portas para a criação”. À frente de três restaurantes distintos e de 187 funcionários, a empresária destaca: “O respeito é primordial e, com isso, a gente acaba criando uma relação de confiança e de credibilidade, com liberdade para a criação”. Depois de um empreendimento de culinária árabe – Lídia é de família libanesa – e de outro com cozinha italiana, que ela adora, o MaYuu, que significa gostoso, veio compor a trilogia em Águas Claras. “Fizemos uma pesquisa que indicou a necessidade de se ter um ambiente japonês que não fosse um fast food”, diz Lídia. O espaço, que acomoda 55 pessoas, foi projetado pela irmã, a arquiteta Tatiana Perides: “Pesquisei restaurantes do mundo e não queria algo muito tradicional”, conta. “O desafio foi colocar a ilha no meio da casa.”
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MaYuu Sushi
Avenida das Castanheiras, 1060, Edificio Vila Mall (3382.0927). De 2ª a 6ª feira, das 18 às 24h; sábado e domingo, das 11h30 às 16h e das 18 às 24h.
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ÁGUANABOCA
Vegano pra valer POR SÚSAN FARIA
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m esperanto, Supren Verda significa “ascensão do verde”. E foi esse o nome escolhido para o restaurante da 203 Norte que reúne diariamente pessoas à procura de refeições veganas: sem carne, glúten, laticínios e produtos de origem animal, como ovos, leite ou mel. “Somos o primeiro restaurante vegano de Brasília”, garante o gerente Osvaldo Condé, mineiro de Ubá. Veganos lutam contra todas as for-
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mas de exploração e de crueldade contra animais. Não usam produtos de beleza e vestuário que firam seus princípios. As refeições no Supren Verda são preparadas com cuidado: o cozimento é realizado em panelas de aço e as verduras e legumes são orgânicos e lavados em água filtrada. O proprietário do restaurante, o advogado trabalhista Ulisses Riedel, de 83 anos, ex-presidente da Sociedade Teosófica de Brasília, nunca comeu carne, estilo de vida que herdou dos pais e avós vegetarianos numa época em que não comer
carne, por convicção, era algo estranho à sociedade. “Ouvi aos 10, aos 20, 30 e 40 anos de idade que não comer carne fazia mal à saúde. Havia desconhecimento total sobre uma alimentação correta e saudável”, explica o advogado. Segundo ele, depois dos anos 70 começou uma grande onda verde no mundo, e percebeu-se que não só a carne, mas também o açúcar branco não é bom, pois perdeu todos os nutrientes, ou que os agrotóxicos nos prejudicam tanto. Saudável e sempre muito bem disposto, Ulisses e a mulher, Vanda Beatriz, estão convictos de que fizeram a melhor opção: comer com qualidade. Ele lembra que, na Alemanha, existe uma rua inteira só de restaurantes vegetarianos, assim como na Califórnia, onde mais de 150 restaurantes desprezam a carne em seus cardápios. Quando soube que o vegano Café Corbucci iria fechar, Ulisses Riedel não teve dúvida: ficou com o espaço. Ele e o neto, Rogério Riedel. Durante seis meses, o Supren Verda funcionou experimentalmente, mais para amigos e convidados testarem o cardápio. Hoje, o restaurante está sempre cheio. “Temos 12 cardápios diferentes para que quem vir todo dia e experimentar refeições dife-
rentes”, explica o gerente Osvaldo Condé (na foto acima). No domingo, 9 de abril, o almoço foi farofa com cebola, arroz indonésio com ervilha, passas, cenoura e curry, brócolis refogado, banana assada com canela, nhoque de espinafre, lasanha de abobrinha, cuscuz paulista, hambúrger de beterraba, assado de alho poró e muita salada. Cardápio que agradou à bancária Susi Malastovi, 50 anos, residente no Lago Sul: “Gosto da comida, da cultura do restaurante e das pessoas que vêm aqui”. O preço do almoço é o mesmo do jantar: R$ 58 o quilo. No jantar, além dos pratos quentes e frios, são servidas pizzas e sopas de abóbora com gengibre, lentilha e legumes. A sopa custa R$ 18. Fazem sucesso na casa os sucos, o acarajé, as esfirras de palmito, o abacaxi com shimeji, o grão de bico ao curry e as sobremesas: torta trufada com chocolate belga, pêra pochê e manjar de coco. Os chefs Daiane Oliveira e Gelton Magalhães usam temperos indianos, árabes e os tradicionais brasileiros e substituem o leite de vaca por leite de coco ou de arroz. A ex-senadora Heloísa Helena, o ator Marcos Palmeira e outros globais costumam frequentar o Supren. “Temos clientes veganos, vegetarianos e aqueles que metem o pé na jaca e querem desintoxicar o organismo com alimentação saudável”, brinca Condé.
Supren Verda
203 Norte, Bloco D (3327.6384). De segunda a sábado, das 12 às 15h e das 18 às 22h; domingo, das 12 às 15h.
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Fotos: Divulgação
ÁGUANABOCA
Carnes muito especiais POR VICTOR CRUZEIRO
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aredes altas. Cimento. Tijolos bem cortados. Grandes placas de madeira e de vidro. Um ambiente que transpira precisão com a dose certa de requinte. É isso que o brasiliense vai encontrar ao entrar na Brace, uma nova casa de carnes e cortes especiais na 404 Sul. Brace vem de brasa, em italiano, mas também lembra o verbo inglês para preparar-se. Apesar do primeiro sentido ser o oficial, talvez esse duplo sentido, escondido sob a palavra, deva ser levado em conta pelos novos clientes: deve-se preparar para muita coisa ao entrar na casa. A Brace não é só um restaurante espe-
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cializado em carnes. É também um açougue que procura acompanhar todas as etapas de preparação – da criação ao abate, passando pela maturação – para oferecer uma novidade no mercado de carnes da cidade. Todos os seus cortes estão presentes no menu da casa, que estará aberta durante todos os dias da semana. De certa forma, carne não tem mistério para grande parte das pessoas. Os cortes mais conhecidos, como o filé mignon e o contrafilé, podem parecer comuns. E é precisamente aí que a Brace se esforça para surpreender. A casa possui mais de 30 tipos de cortes selecionados e embalados. Há, por exemplo, o T-Bone, uma combinação de filé mignon e contra-filé, com um osso aparente em forma de T (o osso é um excelente condutor de calor, fazendo com que a carne cozinhe de maneira mais uniforme). Com 650 gramas, custa R$ 89. Há também hambúrgueres de três tipos: angus, cordeiro e wagyu (uma variedade de gado de origem japonesa). Além de poderem ser levados para casa, os burgers estão no cardápio, acompanhados de bacon defumado, cheddar inglês, cebola caramelizada, molho e batatas rústicas da casa. Os sanduíches custam
entre R$ 32 e R$ 44. No entanto, o grande trunfo até o momento tem sido é o Dry Aged. Em poucas palavras: maduro e único. Uma carne maturada a zero grau durante 30 a 60 dias, tornando-se muito mais macia e saborosa, com uma textura única, dada a interação diferente da carne com seus fluidos. O processo é único na capital (400 gramas por R$ 89). Seja para um jantar mais sofisticado, seja para levar para casa, a Brace se abre ao público amante de carnes de Brasília como uma opção sólida. O menu é elaborado em torno de seus cortes únicos, acompanhados de guarnições tentadoras como a farofa de ovos (R$ 17) e o arroz parrillero (R$ 18). A casa conta também com saladas, sobremesas e, como sugestão de entrada, uma cesta de pão de alho produzido na casa, da massa ao recheio (seis unidades por R$ 17). Para acompanhar essas iguarias, a Brace oferece uma ampla carta de drinks, vinhos e cervejas especiais, cada um possibilitando uma combinação toda singular com as opções da casa. Brace
404 Sul, Bloco A (3223.7414). De 3ª feira a sábado, das 9 às 24h; domingo, das 9 às 17h; 2ª feira, das 9 às 18h.
O cartão que faz mais por Brasília está com novidades Produto voltado para o jovem, avanços tecnológicos e apoio ao esporte, cultura e educação
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restes a fazer aniversário de 20 anos no mercado, com clientes também no entorno do Distrito Federal, a BRBCARD (administradora de cartões de crédito do Banco de Brasília) só tem motivos para comemorar. Nestas duas décadas, o relacionamento com a cidade formou uma aliança cada vez mais conectada, consolidando ainda mais a identidade da empresa com o brasiliense. Os produtos da BRBCARD têm no layout os principais monumentos de Brasília. Para mostrar sintonia com o contexto do mercado, a empresa trocou de nome há alguns meses, passando de Cartão BRB para BRBCARD. Isso faz parte da aposta no público jovem, que ainda neste primeiro semestre de 2017 ganhará um produto voltado especialmente para eles, com benefícios e promoções exclusivas.
Esporte, cultura e educação A BRBCARD investe na cidade e devolve parte dos resultados aos brasilienses, principalmente em qualidade de vida, apoiando o esporte e projetos culturais e sociais. Exemplo disso é o patrocínio ao time de basquete de Brasília, um dos destaques do Novo Basquete Brasil (NBB). Além disso, a BRBCARD apoia consagrados eventos culturais na cidade, que congregam milhares de pessoas em diversificadas programações culturais, com shows, palestras, workshops e mercado alternativo, com o melhor da economia
criativa de Brasília. Educação financeira para as crianças também faz parte dos projetos da empresa, que realiza palestras em escolas para explicar e conscientizar os pequenos, desde cedo, sobre a importância de se fazer um planejamento financeiro ou um orçamento básico.
Apostas Para o diretor-presidente da BRBCARD, Ralil Nassif Salomão, a identidade de uma empresa precisa refletir sua essência. “De cara nova e em sintonia com Brasília, hoje temos total alinhamento com o mercado e seguimos inovadores, agregando diversificação e ampliando ainda mais a relação com os clientes”, pondera o presidente. O avanço na tecnologia é outro ponto que terá destaque especial dentro da companhia. Sempre atenta à segurança, a BRBCARD tem frentes de ação nesse setor, ligadas às transações dos cartões: uma com ferramentas e processos de controle e conscientização dos clientes e outra constituída de ações tomadas pela instituição para garantir a segurança dos clientes. “Precisamos que o usuário do cartão siga as recomendações de segurança para que possamos fechar o cerco. Na BRBCARD, a gente faz um trabalho de formação dos agentes de segurança. Reunimos pessoas chave de cada área e fazemos uma divulgação dessas questões de segurança, risco e perdas operacionais”, explica Ralil.
Ralil Nassif Salomão, diretor-presidente da BRBCARD
Em um momento de crise econômica, a empresa consegue ter um resultado superior a todos os anos. O presidente da BRBCARD acredita que isso se dá pelo ambiente agradável e favorável que os colaboradores têm hoje. Benefícios internos como sala de descanso, aulas de inglês, clube de corrida e ginástica laboral reforçam a valorização do funcionário dentro da companhia. A BRBCARD está em todo o mundo. Os cartões são aceitos em todos os lugares que aceitam bandeira Visa ou MasterCard. O cliente BRB tem atendimento 24 horas nas redes credenciadas e agências do BRB, além do atendimento pelo telefone 4003-4004 ou por meio do site www.brbcard.com.br.
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PICADINHO Comida di Buteco Divulgação
Mais de 20 bares do Plano Piloto, Águas Claras, Taguatinga, Villa Planalto, Guará , Vicente Pires e Núcleo Bandeirante participam, até 7 de maio, da terceira edição brasiliense do festival Comida Di Buteco. Este ano, os ingredientes dos petiscos são os cereais, que, no mundo todo, constituem o grupo alimentar mais consumido, à frente dos vegetais e do leite. No Brasil, arroz, aveia, cevada, linhaça, milho, quinoa e trigo são rica fonte de inspiração para os chefs de cozinha. Não sofrem com a sazonalidade e têm custo baixo, possibilitando receitas criativas e relativamente baratas. No Comida di Buteco, o preço máximo dos tira-gostos é de R$ 25,90. Em todo o Brasil são mais de 500 participantes, que disputam o título de melhor buteco do país em quatro categorias – petisco, atendimento, higiene e temperatura das bebidas. No processo de eleição os petiscos valem 70% e os demais quesitos 10% cada. O voto dos frequentadores dos bares tem peso de 50%, assim como o do corpo de jurados .
Rodízio emagrecedor Não apenas nos veganos, mas também nos clientes desejosos de evitar o consumo de carboidratos à noite pensou o restaurante duoO (103 Sul, Bloco C, tel. 3224.1515) ao lançar no final de março um rodízio de 11 pratos que serão servidos de segunda a quinta-feira, no jantar, até 18 de maio. Custa R$ 52,90 e oferece dadinho crocante de tofu defumado com geleia de pimenta, creme de cogumelos, cebola e alho assado em redução de balsâmico, pizza de berinjela com tahine, rosty de abóbora cabutiá, tempura de quiabo ao teriyaki, cogumelo recheado com quinoa e espinafre, sticks de abobrinha em farinha crocante com maionese de linhaça ao curry, salada de arroz negro (foto) e espaguete de abobrinha ao creme de abacate com pesto de manjericão e tomate cereja. O rodízio segue os princípios da chamada nutrição low carb, que consiste na redução do consumo diário de alimentos ricos em carboidratos dos habituais 45 a 50% para algo em torno de 20%.
Festival de churrasco
Rafael Lobo - Zoltar Design
Victor Rocha
Vegetarianos on line
Basta acessar o site balsamocongelados.com.br para escolher e receber em casa qualquer um dos 14 pratos vegetarianos do novo cardápio lançado pela Bálsamo Congelados, todos preparados com ingredientes naturais, livres de glúten, lactose, conservantes e ingredientes de origem animal. Quibe de quinoa, feijoada vegetariana (foto), bobó de mandioca, risoto de funghi, escondidinho de baroa, polenta com ragu de lentilha e lasanha de berinjela são algumas das receitas do chef especialista em comida natural Pedro Coe, criador da marca, no mercado há dois anos. “Nosso desejo é entregar algo a mais para as pessoas.
Executivo bentô Muito comum na cultura japonesa, a marmita para uma pessoa serviu de inspiração para a criação do almoço executivo bentô do Nikkei Sushi Ceviche e Bar (SCES, Trecho 2, tel. 2099.2460). Custa R$ 54,90 e é composto por combinadinho com 16 peças, box com quatro etapas (entrada, box, acompanhamento do sushi bar e acompanhamento da cozinha), filé com purê de batata baroa e shimeji, salmão com couve e camarão ou ainda o yakisoba de carne, frango ou misto.
Andreia Marliere
Após uma década de trabalho com a grife de carnes nobres Corrientes 348, os empresários Tiago Boita e Leandro Pompeo rescindiram o contrato com a franquia e criaram sua própria marca, rebatizando como Otro Parrilla o amplo restaurante localizado no Setor de Clubes Sul, Trecho 2, próximo à Ponte JK. Os cortes de carne preparados na brasa ao estilo argentino – chorizo, assado de tira, ojo de bife, tapa de cuadril e vacio – seguem firme no cardápio, que ganhou ainda o reforço de pratos como o arroz de polvo (R$ 68), o steak tartare (R$ 59), a burrata (R$ 49) e essa paleta de cordeiro da foto (R$ 190), além de novos rótulos de vinhos. Para quem prefere uma refeição mais leve, a casa passou a servir também polvo, badejo, bacalhau e salmão assados na brasa. A panqueca de doce de leite com sorvete (R$ 28) mantém a pole position entre as sobremesas mais consumidas pela clientela.
Nicolas Fujimoto
Os jardins do Brasília Palace Hotel, no Setor de Hotéis de Turismo Norte, serão palco, de 21 a 23 de abril, do 1º Congresso de Carnes e Churrasco do Brasil, o Capital MEATing. À frente, a chef Berlota Joaquina, vencedora do reality show B.B.Q. Brasil – Churrasco na brasa, exibido pelo SBT no ano passado. Nos dois primeiros dias, chefs e lideranças empresariais da gastronomia vão debater temas como raças, criação, genética, saúde, desossa, cortes, técnicas de churrasco e como escolher e preparar cortes especiais de carne. Para o público, o melhor está reservado para o último dia: um festival de churrasco, em 14 estações comandadas por alguns dos melhores churrasqueiros do país. O ingresso para os três dias custa R$ 1.260; apenas para o festival de churrasco, R$ 220. Estudantes de gastronomia, veterinária, zootecnia e agronomia pagam R$ 770 para participar apenas do congresso. Vendas pelo site semhora.com.br/evento/capital-meating.
Voo próprio
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Não apenas comida, mas também saúde”, afirma. Apenas vegetais vindos de sua própria horta são utilizados pela Bálsamo, que produz também caldos, sucos, leites vegetais e lanches veganos, encontrados em 40 pontos de venda do Distrito Federal – além do site, claro.
Divulgação
Andreia Marliere
Gringa, composto de penne à la vodka, cachorro-quente, mini-hambúrguer, chili, costelinha de porco ao molho de cerveja e outras receitas famosas no mundo inteiro. O preço é R$ 49,90 o quilo, com direito a sobremesa.
Três novidades Outro restaurante que acaba de reforçar o cardápio é o italiano Abbraccio (ParkShopping, tel. 3361.0674, e Iguatemi, tel. 3468.4854). As novidades são esse papardele com vitelo e presunto crocante (R$ 65), a crostata de banana e creme de avelãs (R$ 29,50) e o mix de frutas frescas com sorbet de maracujá e biscoito de pistache (R$ 20).
Menos de R$ 20
Paulo Anderson
Sabores do mundo
Isso mesmo. Na Piccolo Deli (409 Norte, Bloco C), todos os novos pratos criados pelo chef Ville Della Penna têm preços abaixo desse valor. Senão vejamos: ravióli de abóbora recheado com gorgonzola ao sugo (R$ 17,90); fettuccine ao sugo com polpetone (R$ 18,90); lasanha à bolonhesa (R$ 17,90); rondelli de queijo canastra ao sugo (R$ 16,90); salada com polpetone de berinjela (R$ 17,90); e a batata rústica com pastrami e creme azedo da foto abaixo (R$ 16,90).
Vinhos Fasano Um Chianti (R$ 184), um Pinot Grigio (R$ 169) e um Prosecco (R$ 195) da marca Fasano já estão disponíveis na carta de vinhos do restaurante Gero Brasília (Iguatemi Shopping, tel. 3577.5520) e na loja da World Wine na 410 Sul. Os três foram produzidos, respectivamente, pelas vinícolas italianas Poggiotondo (do renomado enólogo Alberto Antonini), Di Leonardo e De Faveri.
Uísques, vodcas, cervejas nacionais e importadas e mais de 1.000 rótulos de vinhos, entre tintos, brancos, rosés, champanhes, proseccos e outros espumantes produzidos no Brasil, França, Itália, Portugal, Alemanha, Austrália, Chile, Uruguai e Argentina, são oferecidos pela recém-inaugurada adega do atacadão Dia a Dia (SIA, Quadra 5C, Lote 55). A nova loja de bebidas funciona anexa à quarta unidade do supermercado Dia a Dia – as outras três ficam em Ceilândia, Sobradinho e Pistão Sul de Taguatinga.
Bar Decanter
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Segunda-feira, comida brasileira; terça, oriental; quarta, internacional; quinta, italiana; sexta, petiscos de buteco. Assim será, a partir do dia 17, o bufê de almoço do Primeiro Cozinha de Bar (Setor de Indústrias Gráficas, Quadra 8, tel. 3028.1331). O bufê que aparece na foto é o da quarta-feira, batizado de
Leo Feltran
Nova adega
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Na Choperia Pinguim (Espaço Gourmet do ParkShopping, tel. 3042.1070) os clientes têm agora duas interessantes opções de almoço executivo. Primeira: de segunda a sexta-feira, das 11 às 15h, cinco pratos estão disponíveis ao preço de R$ 31. Segunda: quatro menus diferentes, com direito ao bufê de saladas, prato principal e sobremesa, ao preço de R$ 48,90. Cada menu leva o nome de uma espécie de pinguim: Imperador, Real, Rei e Fada. O Pinguim Rei, por exemplo, oferece cinco opções de pratos principais, entre eles o virado à paulista, com tutu de feijão, couve, arroz branco, banana empanada e ovo frito.
Um pequeno e aconchegante bar de vinhos acaba de ser inaugurado na loja da Decanter (208 Sul, Bloco A, tel. 3349.1943). Tem 32 lugares e espaço vip para reuniões de confrarias e vai funcionar de quarta a sexta-feira, das 17 às 22h, e aos sábados, das 12 às 15h. O cardápio de petiscos vai variar de acordo com cada estação do ano. O do outono tem patê Realejo, carpaccio de filé, mix de queijos Canastra, Serro e Salitre, bruschetta de Parma, ciabata vegetariana, ceviche e hambúrguer de picanha. Entre os pratos principais, para quem quiser jantar, estão o bacalhau confit, o chorizo grelhado, massas e risotos.
Divulgação
Executivo Pinguim
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GARFADAS&GOLES
Rio de Janeiro, Opus 17
LUIZ RECENA
lrecena@hotmail.com
O Rio de Janeiro continua sendo. As águas de março fecham o verão e a cidade se apresenta no doce balanço a caminho do mar. Curtir o Rio é sempre um prazer. Um grande prazer. Mesmo quando se vai a trabalho, pois a cidade sabe casar e ajeitar agendas. Então se cumpre o trabalho e completa-se o dia com descobertas ou revisitas. O Rio é pródigo nesse binômio da novidade junto ao retorno. Recordar é... voltar, comer, beber e recordar! A agência espanhola de notícias fica perto de um café em Botafogo, bela descoberta. Os franceses estão no centro, próximos de lugares conhecidos. Os russos foram para a Barra, mas marcam encontro em Ipanema, onde há sempre um bar Belmonte. Fora da agenda, o velho repórter caminha, caminha e procura. Quem procura acha. E às vezes se esborracha, mas tudo faz parte do grande jogo de ver e viver a cidade maravilhosa.
This is Macau
Os velhos filmes sempre voltam. E a rua do Catete é um eterno “revival”. E aí, não mais que de repente, uma pequena porta anuncia o restaurante: o dono é de Macau, uma chef argentina, atendentes brasileiras e serve vinho, além do bufê variado. Tem mais de dez anos e quem conhece sabe dele. Fat Choi é o nome, com a propaganda: “cozinha portuguesa com um toque oriental”.
Ratos no Catete
Ratazanas e camundongos habitam o Catete há tempos. À época do ditador Vargas, eles poderiam ter apenas dois pés, hoje têm várias patas, mas não ameaçam: a vigilância é permanente e a vitória é nossa: na esquina da Correia Dutra um portuga tem um bolinho de bacalhau das divindades, com vinho na caneca. Nem as tristes lembranças do ditador cruel atrapalham o paladar. O país segue maior do que tudo.
Velha guarda
Ainda é possível caminhar nessa região carioca. O fantasma do medo anda junto, paciência! Hora certa e olhar vigilante são eternos companheiros. Assim chegamos ao Lamas ou à
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Majórica, dois templos. Ali não há solidão, ainda que você esteja indivíduo. Os dois servem taças de vinho. O Lamas tem cardápio variado e ordena-se sem medo de errar. A Majórica é churrascaria clássica, vê-se a carne e faz-se o pedido. A volta noturna é de táxi, claro.
Então ela chegou
No último dia, Roza chegou. Fecho de ouro: outro das antigas, o Alcaparra, na praia do Flamengo. Como nos velhos tempos, uma taça de espumante (Valduga) para abrir os trabalhos. Garçons com tempo de casa e memória capazes de olhar para você com cara de “te conheço”. E conheciam! A nós e aos amigos que ainda frequentam o local. Certa feita, quando o colunista habitava aquelas paragens, dois gaúchos saudosos do tempo fecharam o estabelecimento e saíram de braços dados... para ajudar no equilíbrio! Isso são memórias. No velho e querido Alcaparra tudo continua no seus devidos lugares. O couvert é quase um petit dejeneur. Os principais, perfeitos, acompanhados por um tinto do Novo Mundo (África do Sul), cuja metade foi para o hotel nos braços de um comportado comensal... a vida também tem dessas coisas, pregando peças na velhice a quem, na mocidade, sacou a descoberto. Viva o Rio! Salud!
PÃO&VINHO
Feijuca e vinho? Uma das comidas mais típicas e saborosas do Brasil é a nossa famosa feijoada. Preferência nacional, especialmente aos sábados, responsável por uma das maiores famas gastronômicas do país no exterior, é todavia um dogma quando se trata de harmonizá-la com vinho. A maioria dos enófilos dirá que é uma harmonzação impossível, ou ao menos improvável, que é melhor dar passagem à cerveja e à caipirinha. Eu discordo. Nada contra uma boa cerveja, e muito menos contra uma caipirinha bem feita, mas para mim, cuja preferência sempre está no vinho, é bastante possível essa harmonização, no mínimo por dois caminhos. Senão, vejamos: trata-se de um prato com muita untuosidade, alto teor de gordura, com muitas carnes. Temos aí algumas pistas para buscarmos a harmonização. Além disso, é mais do que sabido que uma das melhores formas de harmonizar pratos é pela sua origem. A feijoada em sí não tem origem em terras vínicas, mas há um prato similar na França, o cassoulet, oriundo do sudoeste do país, onde se produz muito e bom vinho. Assim, podemos buscar uma harmonização de origem com vinhos do Languedoc-Roussilon, terra da feijoada francesa (o cassoulet), que é feito de forma semelhante à nossa, só que utiliza feijão branco e carnes de pato, ganso, porco, cordeiro e perdiz, além de linguiças e salsichas, variando esses ingredientes conforme o cozinheiro. E nesse sudoeste francês há uma cidade em especial, Cahors, cuja produção de vinho se dá, por excelência, com a casta Cot, também chamada de Auxerrois ou Pressac, cujo casamento com o cassoulet é, ao menos em minha
ALEXANDRE FRANCO pao&vinho@agenciaalo.com.br
opinião, perfeito. Vale observar que essa casta de uva também é conhecida pelo nome de Malbec. De pronto, poderíamos imaginar, nesse caminho, a facilidade de utilizarmos os tão famosos e comuns, em nosso meio, Malbec argentinos, para harmonizarmos com nossa feijoada. De fato é possível, mas não ideal. Ocorre que os Malbec argentinos são um tanto “pesados”para essa harmonização. Os franceses são mais “leves” e, em especial, os vindos de Cahors trazem uma mineralidade que os torna ideais para acompanhar o cassoulet, e, creio, se prestam também a uma boa harmonização com a nossa feijoada. Aí está a primeira receita para se tomar vinho com feijoada com satisfação. Mas, para mim, não é ainda a melhor opção. Tomando por base as características gastronômicas da feijoada, já descritas anteriormente, me parece caber com perfeição um bom espumante, com boa acidez, adistringente, mas também com bom corpo e certo “peso” em boca. Esse, para mim, é o melhor caminho para a harmonização. Por isso mesmo que ainda hoje, ao escrever esta coluna, espero a chegada de um bom número de amigos em minha casa para festejarmos juntos uma fantástica feijoada feita pela minha sogra. E os espero com muitas garrafas de um champanhe rosé, do bom produtor Boizel. Ou seja, o tal espumante com corpo e adistringência descrito se encontra com exatidão em um champanhe rosé. Portanto, meus amigos, deixo-os com essa proposta para testarem em sua próxima feijoada e brindo a todos. Salut!!!
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arteemlegos Chama-se Yellow a escultura que escolhemos para ilustrar esta nota sobre a exposição The art of the brick. Ela é a mais famosa entre as 83 obras expostas no Shopping Iguatemi, todas nascidas da extrema criatividade de Nathan Sawaya, um norte-americano de 43 anos que brincou com as peças de Lego na infância e decidiu transportá-las para um patamar no qual nunca estiveram: as galerias de arte. De acordo com ele, a Yellow, composta por 11.014 peças, sempre foi extremamente popular, tanto entre adultos quanto entre crianças. Por quê? “Acho que os adultos valorizam sobretudo a catarse que abrir-se para o mundo pode desencadear. Quanto às crianças, talvez por causa das entranhas amarelas esparramadas sobre o chão; acham que isso é superlegal”, explica o artista, para depois acrescentar o significado da escultura amarela para ele: “Essa obra evoca a metamorfose que vivi ao longo de minha trajetória”. De fato, Nathan era advogado quando descobriu nos tijolinhos de brinquedo uma maneira de relaxar e, a partir de 2002, desenvolveu um trabalho divertido, mas extremamente meticuloso, que acabou ganhando as galerias de arte e lhe rendendo vários prêmios como reconhecimento de uma nova dimensão da pop-art e do surrealismo. De segunda a sábado, das 10 às 22h, e domingos e feriados, das 11 às 23h. Ingressos a R$ 40 e R$ 20, à venda nas bilheterias do Iguatemi, piso térreo do shopping, e em www.tudus.com.br, com taxa de conveniência de R$ 8 e R$ 5, respectivamente.
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De 19 de abril a 5 de maio, o Espaço Desembargadora Lila Pimenta Duarte (TJDFT) apresenta a exposição Yanomami – Olhares ocultos, do fotógrafo André Rodrigo. Resultado de uma expedição feita em 2015 na reserva Yanomami, o trabalho relata o convívio com os indígenas e o seu cotidiano. André Rodrigo é autodidata na arte da fotografia e tem como principal referência o fotógrafo francês Henri CartierBresson. Formado em Administração, com ênfase em Tecnologia da Informação, atua no segmento das artes visuais há mais de 20 anos. Atualmente trabalha na TV Brasil, sendo um dos responsáveis pela fotografia do programa Caminhos da reportagem. De segunda a sexta, das 12 às 19h. Mais informações: 3103.5894. Entrada franca.
arteacrítica Até 30 de abril o público brasiliense tem a chance de ver a exposição Miguel Simão e Dr. Simoncoast – Aquários, escafandros e outros dispositivos de imersão, em cartaz no Museu da República. Com curadoria de Rogério Carvalho, marca os 25 anos de trabalho do mineiro Miguel Simão, que produz obras em materiais diversos, como pedra, madeira, bronze, metal, fiberglass, e também comete apropriações na criação e na construção de sua obra poética. Dr. Simon Coast, explica o artista e professor da UnB, é o duplo de Miguel Simão. “Nasceu no Facebook, quando comecei a fazer crítica de arte, e depois descobri que arte não tem espaço para a crítica, a arte se tornou uma atividade globalmente acrítica”. De terça a domingo, das 9 às 18h30. Entrada franca.
Mauricio Borges
Carros, casas e sofás ganham aspectos distorcidos e expandidos nas esculturas, instalações, performances e intervenções de Erwin Wurm, cuja obra ocupará as galerias do CCBB a partir de 21 de abril. O humor permeia o universo do artista austríaco, também repleto de crítica ostensiva à sociedade de consumo e à cultura contemporânea. Segundo ele, “o humor leva as pessoas a olhar para as coisas com mais cuidado”. De acordo com o curador Marcello Dantas, a mostra O corpo é a casa apresenta 40 obras que exploram tanto noções arquitetônicas, para as quais o artista olha a partir do ponto de vista escultórico, quanto a natureza transformativa da escultura em suas muitas encarnações. Integram o conjunto as famosas séries de esculturas corpulentas como Fat house (foto), com dimensões gigantescas e quase duas toneladas de peso, a inflada Ferrari brilhante vermelha Fat convertible (2004) e peças da série The artist who swallowed the world (2006). Até 26 de junho, de quarta a segunda, das 9 às 21h. Entrada franca.
diadeíndio André Rodrigo
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DIA&NOITE
Carol Caminha Gshow
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O cantor brasiliense Guga Camafeu (foto) e a cantora britânica Jesuton foram escalados para animar a quinta edição do Wine’n Music 2017, promovido pelo Clube de Vinhos Gourmet Butler, dia 5 de maio, às 20h30, no Centro Internacional de Convenções do Brasil. Para quem não se lembra, Guga Camafeu foi um dos finalistas do quadro Iluminados, apresentado no ano passado dentro do Programa do Faustão. Apaixonado por música e futebol, começou a cantar nas festas da escola, aos nove anos, e jogou bola profissionalmente entre os 14 e os 17. No repertório de seu show estão músicas que passeiam pela axé music e pelo reggae, além das faixas do novo disco, o Joia rara. Já Jesuton, nome artístico de Rachel Jesuton Olaolu Amosu, começou a fazer sucesso cantando nas ruas do Rio de Janeiro e com vídeos de suas apresentações postados no YouTube. O menu do Wine’n Music é assinado pelo bufê Sweet Cake e terá mais de 90 rótulos de vinhos. Ingressos a R$ 350 e R$ 280, para sócios do Clube GB, à venda em www.clubegb.com.br, em www.bilheteriadigital.com e na Sweet Cake (412 Sul e Lago Sul).
paraoschiques O conceito é simples: ser chique sem gastar muito. Vem aí a 28ª edição do Extra Chique Outlet, um grande bazar com potencial para atrair 30 mil pessoas no final de semana entre 5 e 7 de maio e movimentar pelo menos R$ 2 milhões no Pontão do Lago Sul. Rejane Castilho e Karla Rosa realizam esse bazar de moda, gastronomia, beleza e arte há 13 anos. A primeira edição teve apenas 20 stands reunidos no Gilberto Salomão, cresceu e hoje reúne cerca de 60 expositores. Com o slogan “70% off, 100% fashion”, a proposta é reunir empresários de vários segmentos com produtos de altíssima qualidade e que queiram acabar com o estoque praticando preços que chegam a 70% de desconto do valor original. “Qualidade e preço bom é uma receita que sempre dá certo”, garantem as organizadoras do Extra Chique Outlet, que tem duas edições anuais. Sexta, sábado e domingo, das 11 às 21h, com entrada franca.
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Em 21 de abril, na área verde próxima ao estacionamento 4 do Parque da Cidade, o PicniK comemora, junto com o aniversário de Brasília, seus cinco anos de existência. Ao longo desse tempo, o projeto itinerante consagrou-se como um dos mais movimentados da capital federal, atraindo média de 10 mil pessoas por edição com programação – gratuita e para toda a família – formada por shows, feira de produtos da economia criativa local (como moda, design e gastronomia) e atividades de bem-estar. Confira a programação da edição de 21 de abril em picnik.art.br.
curtíssimos de volta De 20 a 23 de abril, o Lobo Fest – 9º Festival Internacional de Filmes Curtíssimos ocupa o Cine Brasília (Entrequadra 106/107 Sul) com 185 produções nacionais e internacionais distribuídas em duas mostras competitivas e nove paralelas com curtíssimos, curtas e longas-metragens. Entre as novidades deste ano estão as novas sessões de animação e mostras com curtas portugueses, franceses e latino-americanos. Além da exibição de dois longas-metragens colombianos, dois longas brasileiros estreiam no festival: Joaquim, dirigido por Marcelo Gomes, e o documentário brasiliense Flor do moinho, de Erika Bauer. Em 20 de abril será exibido o curta Mindenki, ganhador do Oscar 2017. Todas as sessões têm entrada franca. Programação completa em lobofest.com.br.
matinêmakossa A festa Makossa de 30 de abril, véspera de feriado, vai começar mais cedo, a partir das 18h. A ideia é que o público possa tanto vivenciar um clima de matinê quanto curtir mais horas de pista de dança nesse consagrado evento dedicado à black music. Pelos ambientes montados no Espaço Floresta (Galeria dos Estados, centro de Brasília) a discotecagem ficará sob o comando do convidado Markynhos, da Smurphies Disco Club, e de DJs tradicionais da festa, como Jamaika, Chicco Aquino e Chokolaty. Os ingressos do primeiro lote custam R$40 e podem ser adquiridos em www.mobprodutora.com.br. Classificação indicativa: 18 anos.
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Cinco escritores de Brasília – Jéferson Assumção, Nicolas Behr, José Rezende Jr., Paulliny Gualberto Tort e Maurício de Almeida estão se organizando para reunir pessoas que queiram conversar sobre literatura em bares e cafés da cidade. A ideia é misturar escritores e leitores de maneira informal. Além de dar destaque a 26 escritores que vivem em Brasília, a Movida literária contará com a participação de Sheyla Smanioto, autora do romance Desesterro, e de Marcelino Freire, autor de Boêmio da vez. Ambos vêm de São Paulo especialmente para o encontro. Como não têm patrocínio ou incentivo governamental, os organizadores decidiram lançar um projeto de financiamento coletivo para arrecadar R$ 10.345 até a estreia do projeto, programada para a segunda quinzena de maio. Quem quiser contribuir – com quantias que variam entre R$ 25 e R$ 850 – deve acessar www.catarse.me/movida_ literaria
brasíliadascores A historiadora Renata Almendra e a fotógrafa, arquiteta e urbanista Juliana Torres lançam o livro Entre cores e utopias: o grafite em Brasília e seus arredores. Trata-se de um relato visual do diálogo da arte urbana com o dia a dia da capital federal, o resultado de meses de observação, com muitas imagens dos grafites no contexto urbano no qual estão inseridos. A autora e a fotógrafa registraram as ilustrações das ruas do Plano Piloto e de diferentes cidades do Distrito Federal. Escrito em português e inglês, o livro custa R$ 50 e será lançado no dia 23, na Galeria Urban Arts (115 Sul), das 15 às 19h.
brasíliaemfoto O primeiro apresenta uma cidade que vai além de seu porte monumental. O segundo usa o telefone celular como ferramenta para voltar ao passado analógico e criar fotografias nas quais o contraste, as formas, as linhas e as sombras são o destaque. O terceiro coloca foco na Brasília cotidiana, eternizando-a em fotos digitais. Danilo Piermatei, Fabio Pozzebom e Weberth Carvalho apresentam uma homenagem à capital que completa este mês 57 anos em exposição coletiva que fica em cartaz até 3 de maio na Câmara dos Deputados. Sem desmerecer a ousadia da arquitetura ou mesmo a beleza do descampado da Esplanada dos Ministérios, Danilo quer mostrar que o cotidiano na cidade modernista não se resume à avenida repleta de cartõespostais. Já Fabio Pozzebom opta por uma fuga poética da realidade, mas sempre amparado na beleza de Brasília. Nos últimos dez anos, Weberth Carvalho fez mais de 30 mil imagens da Esplanada dos Ministérios, sempre captando ângulos inéditos do Congresso e as nuances do céu de Brasília. De segunda a sexta, das 9 às 17h, na Galeria de Arte do 10 º andar (Anexo IV). Entrada franca.
arquiteturaefotografia A Alfinete Galeria apresenta, até o dia 29, duas exposições com diferentes olhares sobre a arquitetura urbana. De um lado, o encontro da artista Júlia Milward com estruturas clássicas que surgem no ambiente das cidades como resquícios de tempos passados, na exposição As cinco maneiras de construir: um gruia prático, na Sala Um. De outro, as imagens em P&B assinadas pelo arquiteto e fotógrafo José Roberto Bassul, que oferecem ângulos surpreendentes de construções da capital brasileira, e as fotografias cheias de cor da fotógrafa Zuleika de Souza (foto), que investigam a ação humana sobre a paisagem. Os dois dividem a exposição Entre quadras, na Sala Dois, com curadoria de Graça Ramos. Quintas e sextas, das 14h30 às 18h, e sábados, das 15 às 20h. Entrada franca.
Weberth Carvalho
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Mike Deodato, um cartunista que saiu da Paraíba e hoje é um dos principais quadrinistas da Marvel, é uma das atrações do Vídeo Game Show 2017, que acontece entre 20 e 23 de abril no Taguatinga Shopping. No grande encontro anual de youtubers e cosplayers, o desenhista brasileiro vai revelar sua trajetória no universo das HQs, as histórias em quadrinhos. Cartunista da Marvel há mais de dez anos, Mike Deodato carrega no sangue a arte de desenhar. Seu pai, Deodato Borges, foi o primeiro cartunista do Nordeste brasileiro. Ele fez a primeira publicação ainda na década de 1970. “Passei a vida vendo meu pai desenhar e colecionar quadrinhos, pois era amante de desenho. Quando decidi seguir a mesma carreira, ele me deu todo apoio”, relembra Mike. Aos 17 anos, o quadrinista da editora norte-americana lançou seus primeiros HQs, entre eles, a revista A história da Paraíba em quadrinhos. “Nessa época eu e meu pai trabalhávamos em dupla. Ele escrevia e eu desenhava. Ficamos conhecidos, chegamos a publicar na Editora Abril, até vir o contato da Artcomics, para trabalhar fora do país”, conta. Quando chegou aos Estados Unidos, Mike trilhou uma longa jornada até conseguir uma vaga na Marvel. De quinta a domingo, das 13 às 21h, com ingressos diários a R$ 56, para quatro dias a R$168 e VIP diário a R$ 240, à venda no shopping, terceiro piso.
Clarissa Lambert
quandosecalamosanjos Foi da indignação com a indiferença da sociedade diante da violência que nasceu o espetáculo da Curitiba Cia. de Dança, em cartaz na Caixa Cultural de 21 a 23 de abril. A obra, inédita na cidade, tem como diretora artística e também bailarina do espetáculo Nicole Vanoni, com coreografia de Airton Rodrigues, ex-coreógrafo do Balé Teatro Guaíra. A trama leva ao palco a dramaturgia cênica e corporal por meio da dança contemporânea, na qual transporta o público para uma experiência única e inquietante, por meio da interpretação de 14 bailarinos. Em uma composição de luz, sons e movimentos marcantes, a peça retrata a dinâmica das relações humanas, a indiferença, a superficialidade e a sensualidade de uma sociedade. “Nesse sentido o espetáculo traduz essa angústia, essa incapacidade de lidar e resolver questões nada sutis da vida moderna”, explica Nicole Vanoni. “A minha assinatura nesse balé são as relações humanas. Como elas se destroem, se reconstroem, se desmancham, se desaguam. Plasticamente, isso é muito claro na peça”, ressalta Airton Rodrigues. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Informações: 3206.6456.
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Brasiliense e apaixonada pela cidade, a arquiteta Hanna, de 39 anos, criou a personagem Ella, uma sereia que trocou sua voz para ter pés, ir atrás de um homem e ser plenamente feliz. Daí nasceu seu monólogo De salto alto, céu e concreto, lançado de propósito no aniversário de Brasília. “A mulher tem o peso de viver e ser uma projeção de padrões. No entanto, está sempre tentando se encontrar. Brasília nasceu de um projeto, mas há muito já se perdeu”, diz a autora, que inclui no texto um diálogo entre Brasília e Ella, aliás elas, a capital federal e as mulheres. A perfeição idealizada (de Brasília e das mulheres), o debate e a fuga do pré-estabelecido conceito de felicidade ganharam vida e cores no espetáculo em cartaz no CCBB, de 21 a 23 de abril, às 20h, e de 28 de abril a 7 de maio no Espaço Pé Direito – Vila Telebrasília (L4 Sul). Ingressos a R$ 20 e R$ 10.
Edu Barroso
universotrans O Brasil é o país onde ocorre o maior número de assassinatos de travestis e transexuais no mundo. Só nos meses de janeiro e fevereiro deste ano foram registrados 70 casos. Os dados da ONG Internacional Transgender Europe constatam uma realidade que é tema da peça Br-trans. Escrita e protagonizada pelo ator Silvero Pereira (atualmente no ar com a novela A força do querer, da TV Globo) e assistida por mais de 40 mil pessoas, a montagem ocupará o teatro do CCBB entre 28 de abril e 21 de maio, de sextas a domingos. Com direção de Jezebel de Carli, baseia-se em pesquisa de quatro anos feita por Silvero junto a travestis, transformistas e transexuais de Porto Alegre. Em cena, o ator autor narra histórias de vida, interpreta canções e dá voz a um sem número de pessoas que a sociedade teima em manter invisíveis, sem abrir mão do humor e da poesia. Ingressos a R$ 20 e R$ 10.
Caique Cunha
elizabethtudopode Está de volta a peça que mistura fatos reais à ficção e transforma História em historinha. Livros que falam, personagens que escapam de suas fábulas e uma cenografia interativa, toda confeccionada em papelão, formam a biblioteca de Alexandria – em referência à maior biblioteca da antiguidade. Nesta aventura literária, atores, bonecos e um cenário cheio de surpresas contam a vida e os feitos de uma princesa tão real que virou rainha: Elizabeth I. Com texto da protagonista Juliana Zancanaro e da diretora Luciana Martuchelli, que também criou o cenário feito pelo artesão Virgílio Mota, a peça tem no elenco o ator e cantor Filipe Lima, que dá vida a outros 37 personagens. O veterano ator Gê Martú assume a direção artística da turnê. Dias 6 e 7 de maio, às 16h, no Teatro Paulo Autran de Taguatinga. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Informações: 3451.9150.
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MarceloLyra SantoLima
BRASÍLIA57
Comemoração
de baixo orçamento
Elba Ramalho, Raça Negra e Renato Teixeira serão as únicas atrações nacionais dos festejos de aniversário da cidade.
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inferno astral financeiro que há mais de dois anos assola o Distrito Federal não deixou ao governo local outra alternativa a não ser
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restringir ao máximo os gastos com a comemoração do 57º aniversário da cidade. Apenas três atrações nacionais – a paraibana Elba Ramalho, o grupo de pagode Raça Negra e o músico caipira Renato Teixeira – foram contratados, ao preço total de R$ 290 mil, para se apresentarem na Torre de TV e na Praça dos Três Poderes, nos dias 21, 22 e 23, ao lado de três dezenas de artistas locais, que custarão aos cofres do GDF apenas R$ 264,5 mil. Mas a modéstia orçamentária não vai diminuir nem a alegria nem o valor artístico da festa, acredita o Secretário da Cultura, Guilherme Reis: “Os shows programados represen-
tam grande variedade de estilos e origens do Brasil e das culturas que formam a identidade de Brasília, igualmente diversa. Nesses 57 anos, e aos 30 anos do tombamento da cidade como Patrimônio Cultural da Humanidade, queremos voltar o olhar para o nosso maior patrimônio, que é a riqueza de nossa cultura”. Caberá a Elba Ramalho encerrar a maratona de apresentações do dia 21 no palco da Torre de TV, com seu show Carnaval do Brasil, em que passeia pelos ritmos predominantes nas maiores festas populares do país. Não poderiam faltar também, no repertório do show, os grandes sucessos que marcaram a trajetória da “Tina Turner do Sertão”, como De volta pro aconchego, O meu amor, Banho de cheiro e Cajuína, entre tantos outros. No dia seguinte sobe ao mesmo pal-
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co o Raça Negra, fechando a programação com muito samba e pagode. Formado em 1983, na periferia da zona leste de São Paulo, somente oito anos depois o grupo conseguiu gravar seu primeiro disco. A partir daí, acumulou sucessos como Cigana, Doce paixão e Cheia de manias, dando início à era do pagode, o “samba paulista”, que invadiria as rádios populares no início dos anos 90. De lá para cá, lançou nada menos do que 18 discos. A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro encerrará as atividades no palco da Torre de TV no dia 23, a partir das 17 horas, com um concerto especial produzido em parceria com projetos sociais da Universidade de Brasília, Guará II, Ceilândia e Santa Maria. No mesmo dia, a festa continua, às 19h, no Centro Cultural Três Poderes, com show do cantor e compositor paulista Renato Teixeira, principal atração da edição especial do projeto Poderes da arte. Um dos nomes mais importantes da música caipira, Renato Teixeira vai brindar o público brasiliense com verdadeiras joias de sua autoria – Tocando em frente (composta em parceria com Almir Sater), Romaria (grande sucesso na voz de Elis Regina), Carga pesada (tema de abertura do seriado homônimo da TV Globo) e Amanheceu, entre outras. A propósito: no dia 5 de maio, ele volta a Brasília para se apresentar junto com os parceiros de sempre Almir Sater e Sérgio Reis
no Centro de Convenções Ulysses Guimarães (leia mais na página 21). Mas não se restringe aos shows musicais a programação cultural do aniversário de Brasília. Nos dias 15 e 16, a Casa do Contador da Ceilândia será palco do Encontro da Rede de Pontos e Pontões de Cultura do DF. “Fazedores” de cultura de todos os cantos do Distrito Federal vão participar de debates, apresentações artísticas e exibição de filmes, coroados com a entrega dos prêmios do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Outras intervenções e apresentações artísticas acontecerão, até o final do mês, na Torre de TV, em equipamentos
culturais e nas estações do Metrô. Estão previstas ainda ações de educação patrimonial, sobre Brasília e sua história, para alunos do ensino fundamental da rede pública, no Centro Cultural Três Poderes, no Museu Vivo da Memória Candanga e o no Catetinho. “Serão mais de 30 ações, durante 16 dias, em várias regiões administrativas do DF, ampliando o acesso da população a toda a programação, que é muito diversa e vai desde contações de história, teatro infantil e exposições até shows artísticos”, complementa a subsecretária de Políticas de Desenvolvimento e Promoção Cultural, Mariana Soares.
Programe-se 17 a 23 de abril Mostra de artefatos culturais indígenas, no Memorial dos Povos Indígenas. Abertura às 14h30, no dia 17. Visitação das 9 às 17h30. 19 de abril Exibição de Martírio, às 19h, no Cine Brasília. O filme, ganhador do Júri Popular no 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, será debatido após a sessão com os realizadores, em homenagem ao Dia do Índio. 19 de abril a 4 de junho Abertura de exposição comemorativa dos dez anos do Museu Nacional, com curadoria de Wagner Barja. 20 de abril Exposição Um olhar sobre Brasília, de Luiz Clementino, no Museu Vivo da Memória Candanga. Visitação das 9 às 17h, de segunda a sábado. Intervenções artísticas nas estações do Metrô. 20 a 23 de abril Lobo Fest: 9ª edição do Festival de Filmes Curtíssimos, no Cine Brasília (leia mais na seção Dia & Noite, a partir da página 14)
21 e 22 de abril Shows e apresentações artísticas, na Torre de TV, com Elba Ramalho e Raça Negra 23 de abril Concerto da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, na Torre de TV, às 17h. Poderes da arte – Edição especial comemorativa do aniversário de Brasília, no Centro Cultural Três Poderes, com Renato Teixeira. 25 de abril Atividades de educação patrimonial no Museu do Catetinho. 26 de abril Atividades de educação patrimonial no Museu Vivo da Memória Candanga 27 de abril Atividades de educação patrimonial no Panteão da Pátria (Centro Cultural Três Poderes) 28 de abril Festival de Dança Marco Zero e Cineclube Sesc, a partir das 17h, no Centro Cultural Três Poderes 19
GRAVES&AGUDOS do Midnight Oil com a formação clássica: Garrett, nos vocais e harmônica; Rob Hirst, bateria; Jim Moginie, guitarra e teclados; Martin Rotsey, guitarra; e Bones Hillman, baixo. Fato lamentável relacionado à banda e ao Brasil: em 1993, sua passagem pelo Rio de Janeiro foi marcada pela morte de dois jovens que caíram no fosso inundado pela chuva, no Maracanãzinho. Mais de 20 anos após e as famílias ainda batalhavam por indenização junto ao governo do Rio de Janeiro. Fatalidades. Mas muito legal o grupo passar por aqui, pois o Midnight Oil, uma das bandas mais engajadas do rock, não deve deixar de mandar um recado diante do estado de coisas que se passa nesse lado do globo. Aliás, com o início da era Trump, bom que o grupo voltou, pois o rock mantém intacto o velho poder de soltar os cachorros pra cima dos poderosos. No quesito engajamento, os Oils nos fazem lembrar que qualquer semelhança entre dramas socioambientais vividos na Austrália e no Brasil não deve ser tomada como coincidência. Tanto lá como aqui, as pessoas se danam entre a agonia das cidades, a destruição dos recursos naturais, o massacre das populações nativas e a lascívia corrupta dos donos do poder. Nossas camas continuam queimando. Como é possível dormir tranquilo?
Rock engajado
A
expressão em inglês “burn the midnight oil” não significa exatamente queimar o óleo da meianoite, a não ser que você considere o óleo no sentido figurado, como o combustível que o mantém acordado por conta de estudo/trabalho. Não é bem o caso da curtição. Fato é que a lendária banda australiana Midnight Oil tem esse nome porque seus membros assim escolheram junto a outros que estavam misturados dentro de um chapéu. E mais: tem a ver com Burning of the midnight lamp, mágica canção de Jimi Hendrix. E o mais legal de tudo: Midnight Oil está de volta, com o
giro mundial The great circle world tour 2017 iniciando pelo Brasil. A banda toca em Brasília, dia 2 de maio, no NET Live. O grupo fez um sucesso incrível, principalmente nas décadas de 1980 e 1990, em mais uma afirmação surpreendente da qualidade do rock australiano. Quem viveu a época lembra do poder de canções como The dead heart, Beds are burning, Blue sky mine, Forgotten years, King of the mountain e Truganini. Após o sucesso em escala planetária, o grupo cessou atividades por volta de 2002, quando o grandalhão cantor e ativista Peter Garrett decidiu seguir a carreira política em seu país. Afora algumas apresentações beneficentes nos últimos 15 anos, essa é a primeira turnê mundial
Outras ótimas atrações A temporada de shows vai bem, obrigado. O período coincide com o término das chuvas, início de dias e noites mais firmes, o que significa um estímulo a mais para sair de casa e curtir as interessantes apresentações musicais anunciadas.
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Evanescence – NET Live Brasília, 20 de abril, às 22h. Destaque óbvio da temporada, a banda norte-americana Evanescence aparece pela primeira vez na capital e deve arrastar legião de fãs. Liderada pela cantora e algumas vezes pianista Amy Lee, o grupo é um dos expoentes do
nu metal ou rock gótico, classificação suspeita, pois o som mistura elementos de heavy metal e música eletrônica, com alto grau de dramatização nas composições. Evanescence chama muito a atenção por causa da carismática, talentosa e bonita cantora Amy Lee. Os vídeos da banda reforçam esse aspecto. A atmosfera quase sempre soturna confere o clima dark e Amy Lee, com seus belos cabelos negros (daí o lance gótico), aparece como a heroína que todos querem salvar. Os homens, claro, caem duros, apaixonados. Canções como Bring me to life, My immor-
Midnight Oil
2/5, às 21h30, no NET Live Brasília (SHTN, Trecho 2). Ingressos (meia): R$ 230 (camarote), R$ 180 (pista premium) e R$ 100 (pista). Classificação indicativa: 18 anos. Informações: 3306.2030 e www.netlivebrasilia.com.br.
Fotos: Divulgação
POR HEITOR MENEZES
tal, Going under e Call me when you’re sober devem provocar aquele frenesi na plateia. Não é porque dizem que o grupo faz (ou fazia) rock cristão que vamos deixar de rezar para que a acústica do NET Live Brasília não estrague o som do Evanescence.
Rick Michel & Orquestra – Sinatra Forever – Centro de Convenções Ulysses Guimarães, 12 de maio, às 21h30. Anos atrás tivemos a visita do falecido Frank Sinatra Jr., microfone em punho, honrando o legado do pai, o Velho Olhos Azuis, simplesmente a Voz do Século. Desta vez, o clássico repertório sinatriano será defendido pelo norte-americano Rick Michel (o som mais próximo de Frank Sinatra que já ouvimos, segundo a revista Variety), um crooner à moda antiga, acostumado ao ofício em noites e noites nos cassinos de Las Vegas. O efeito é algo parecido como quando alguém re-
Almir Sater, Renato Teixeira & Sérgio Reis – Tocando em frente – Auditório Master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, 5 de maio, às 21h. Três grandes expoentes da assim chamada MCB (música caipira brasileira) juntam forças em espetáculo que é uma celebração das raízes do interior do Brasil. Romaria (Renato Teixeira) é apenas um dos clássicos sertanejos que estão no repertório, além, claro, de Tocando em frente (Almir Sater/Renato Teixeira), canção que, desde que foi lançada por Maria Bethânia, em 1990, tornou-se hino informal desse Brasilzão tão amado e tão espoliado. Preparem-se, porque serão muitas as emoções.
solver entoar Elvis: ao ouvir aquelas músicas, tem-se a impressão de que o Rei do Rock vai surgir do nada. Neste caso, quando rolar New York, New York, é o velho Frank, dono absoluto da situação, quem vai surgir em cena. Peppino di Capri – Centro de Convenções Uysses Guimarães, 13 de maio, às 21h. O Ulysses Guimarães (o centro de convenções) mal se refaz de uma emoção e entra outra de igual peso. Desta vez, o lendário Peppino di Capri, um sobrevivente da più bela canzone d’Italia, desembarca na capital com uma bagagem invejável, não de queijos e vinhos, mas de belas músicas românticas diretamente da Bota. Roberta, Champagne, Ancora com te, Io che non vivo senza te, A casa D’Irene, caramba, um dia a canção italiana dominou as paradas. É mais um legado da civilização que Roma deu ao mundo, junto com o Direito, a pavimentação, o legítimo parmigiano reggiano, a pizza e o vinho, que lá é considerado alimento, não bebida alcoólica. Fotos: Divulgação
Blitz – Iate Clube, 21 de abril, às 21h. É claro que a noite vai ser boa, pois com uma combinação dessas está armado o clima de balada que não tem como dar errado. Caso tenha perdido o fôlego, é o seguinte: o Iate Clube nasceu junto com a capital. No ano em que comemora 57 anos, o histórico clube da beira do Paranoá chama seus associados e convidados a curtir o som de uma das mais queridas bandas do chamado BRock, o rock brasileiro dos 1980. A Blitz, de sucessos eternos, como Você não soube me amar, A dois passos do paraíso, Betty frígida, Mais uma de amor (Geme, geme), entre outros, comanda a festa, tendo à frente o figuraça Evandro Mesquita. Haja hits, bom humor, piadas e todo o manual de irreverência que deram fama ao grupo, surgido no Rio de Janeiro numa época em que fazer uma gracinha, um trocadilho, um charme, qualquer coisa assim, tinha lá suas consequências diante da censura comandada pelo regime militar, ainda senhor dos destinos deste país. Com a Blitz, o rock deixou de ser aquele som maldito e passou a fazer parte dos lares brasileiros. A banda Infinity toca na abertura do evento e DJs comandam os intervalos da farra, que deve ir noite adentro.
Nando Reis – Centro de Convenções Ulysses Guimarães, 6 de maio, às 21h. Lá se vão 15 anos desde que Nando Reis saiu dos Titãs. É bastante tempo e, nesse período, o Ruivão se firmou como artista solo, autor das mais consagradas canções brasileiras ouvidas nas primeiras décadas deste século. Puxando pela memória: Diariamente (Marisa Monte), O segundo sol (Cássia Eller) e Resposta (Skank) são apenas alguns exemplos da alta qualidade das composições do ex-Titã. Um show de Nando Reis é programa para sair feliz, cantando todas as músicas.
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Hugo Santarem
Éden Barbosa
GRAVES&AGUDOS
Cacai Nunes
Dea Trancoso
Pluralidade musical Música clássica e tradições populares do Brasil, Noruega, Estados Unidos e Peru estão no cardápio do Solo Música POR PEDRO BRANDT
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oncebido pelo produtor curitibano Álvaro Collaço, o projeto Solo Música estrou em 2009 na Caixa Cultural da capital paranaense. A partir de então, outras cidades passaram a receber o projeto, cuja proposta é mostrar ao público possibilidades musicais plurais e, por vezes, inusitadas, executadas por cantores, cantoras e instrumentistas – brasileiros e estrangeiros – em performances individuais, sem acompanhamento de outros músicos em cima do palco. Na Caixa Cultural de Brasília, o Solo Música iniciou sua quinta temporada no último dia 5, com show do cantor e compositor gaúcho Nei Lisboa. A programação, que segue até janeiro de 2018, terá em maio as apresentações da cantora mineira Dea Trancoso e do violeiro brasiliense Cacai Nunes. Em comum aos artistas, explica Collaço, está a inspiração na cultura de raiz. “Dea Trancoso tem como principal característica de sua música a valoração da poesia e da palavra. Nascida no Vale do Jequitinhonha, traz em sua música a força dos cantadores e do folclore da região. Ela é principalmente cantora e compositora, que nos palcos faz uso da
voz, da rabeca e de instrumentos do mundo: o shruti indiano e o cuatro venezuelano”, detalha o curador e produtor do Solo Música. Na ocasião, 3 de maio, Dea vai se apresentar pela primeira vez em Brasília e mostrará seu trabalho mais recente, Líricas breves para a construção de uma alma. Nascido em Pernambuco e criado em Brasília, Cacai Nunes formou-se musicalmente na capital brasileira, com violeiros como Marcos Mesquita e Roberto Corrêa. “Mas Cacai também tem o choro como influência, tendo sido aluno de Alencar 7 Cordas”, ressalta Collaço. “Ele busca em sua viola elementos da cultura brasileira, além das modas e ponteios que o instrumento por sua natureza traz, como a música dos terreiros de candomblé, do forró e do choro. Por conta disso, Cacai diz não tocar viola caipira, mas brasileira”, explica o produtor do projeto. No repertório de Cacai estarão presentes, além de composições próprias, interpretações para músicas de Ernesto Nazareth, Carreirinho, Elomar, Luiz Gonzaga e Roberto Corrêa. Ao longo do projeto, o público também poderá conferir sonoridades tradicionais de países como Noruega, Estados Unidos e Peru, além de três recitais de música clássica (leia quadro ao lado).
Solo Música
Dias 3/5 (Dea Trancoso) e 21/5 (Cacai Nunes), às 20h, na Caixa Cultural (SBS, Quadra 4). Ingressos: R$ 20 e R$ 10. Bilheteria: 3206.6456. Classificação indicativa: 12 anos.
7 de junho: Benedicte Maurseth A norueguesa é especialista em hardanger fiddle, espécie de rabeca típica da Noruega. 3 de julho: Kismara Pessatti A contralto curitibana, radicada na Suíça, fará um recital solo, criado para o projeto. 15 de agosto: Antonio Meneses O violoncelista pernambucano Antonio Meneses, também radicado na Suíça, apresentará um repertório escolhido especialmente para o projeto. 13 de setembro: Benjamin Existe O músico baiano fará um show com músicas próprias e de Woody Guthrie, Bob Dylan, Pete Seeger, Tim Buckley e Paul Simon. 4 de outubro: Olga Kiun Naturalizada brasileira, a pianista nascida no Cazaquistão fará recital com obras de Shostakovich, Prokofieff, Rachmaninoff e Khachatchurian, entre outros compositores. 1º de novembro: Federico Tarazona O músico peruano mostrará como pode ser bela a sonoridade do charango. 17 de janeiro de 2018: Nailor Proveta Diretor da Bandas Mantiqueira, o clarinetista e saxofonista fará seu recital solo com obras clássicas do choro.
VERSO&PROSA
Conexão Minas-Brasília
em contos
Histórias atormentadas é uma estreia promissora da mineira Ana Vilela Rodrigo Ribeiro
POR VIVIANE MARQUES
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ada é linear, tampouco aleatório, na vida e na escrita de Ana Vilela. Histórias atormentadas, sua estreia no prelo (porque escrever ela já faz há muito tempo), traz uma carga intensa de referências que vão da infância na roça, na pequena Prata, em Minas Gerais, a escritores que só veio a conhecer depois de adolescente e adulta, quando trocou a terra natal pela vizinha Uberlândia, onde cursou Jornalismo, e enfim Brasília, onde viveu nos últimos 20 anos. O lançamento do livro de contos, dia 27, no Martinica Café, faz parte do processo de fechamento do ciclo que a levará de volta a Minas. Há um ano ela protela esse momento e resiste a desencaixotar os exemplares impressos com apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), processo que em si foi cercado de problemas devido a mudanças no edital e impasses burocráticos. Juntem-se os imbróglios governamentais à timidez de menina da roça e acrescente-se uma pitada de resistência a fechar um ciclo e está feita a receita de como demorar um ano para lançar um livro pronto desde março de 2016. “Esses elementos me causaram um bloqueio, mas neste momento de ir embora senti a necessidade de fechar portas entreabertas”, comenta Ana. Histórias atormentadas traz muito da essência e da vivência de sua autora. Logo no primeiro conto, Tempo, vê-se o Guimarães Rosa de Grande sertão: veredas avivando memórias de uma infância vivida descalça na roça entre vacas, cavalos e frutas colhidas no pé. Em O telhado, o desalento de Dona Rosa, ao mesmo tempo que expõe a dureza da gente humilde da capital, pode ser tomada como uma me-
táfora para a solidão e a resignação presentes em vários momentos da vida de Ana em Brasília. Nos 13 contos apresentados, as referências são muitas, mas nunca aleatórias ou ostensivas. Franz Kafka, Fiodor Dostoievski, Albert Camus e Machado de Assis, entre outros não menos cotados, vagueiam pelas páginas, servindo de sincera inspiração. “Ao escrever, é como se meus escritores favoritos ‘baixassem’ ali”, descreve a risonha Ana, que é mestre em Literatura pela UnB. Capa e ilustrações internas são outro luxo: de autoria do artista plástico Zé Nobre, trazem intensidade a uma leitura que por si só não é leve, complementando o que se lê. O artista, por sinal, foi um dos maiores incentivadores para que Ana inscrevesse o projeto do livro no FAC. “Devo muito a ele, que me fez ter
coragem para seguir em frente e transformar meus escritos em obra”, diz. O lançamento do livro também será uma despedida de Ana, que está voltando a Uberlândia após 20 anos em Brasília. A ideia é tornar a celebração uma homenagem à capital, onde, apesar da distância da família, a autora fez dezenas de amigos fiéis. Há promessa de canjas dos cantores Edu Rangel, Vane Mendes, Kaise Helena Ribeiro, do violoncelista Ocelo Mendonça e, para ler trechos do livro, o convite foi feito aos poetas Carla Andrade, Luciana Barreto e Francisco Alves. Zé Nobre estará lá com as gravuras que estampam as páginas do livro. Não por acaso, todos artistas brasilienses e amigos da autora mineira. Um ciclo que se fecha, novos-velhos horizontes que se abrem. Na literatura e na vida, nada em Ana Vilela é aleatório.
Histórias atormentadas
Ana Vilela Editora Ateliê da Palavra – R$ 30. À venda no lançamento, dia 27, a partir das 19h, no Martinica Café (303 Norte, Bloco A).
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GALERIADEARTE Mmmonteiro Celso Lobo
A fotografia como visão de mundo POR ALEXANDRE MARINO
O Alex Drumond
que é feito de tantas imagens obtidas por celulares e câmeras fotográficas logo após o click? A tecnologia tornou absolutamente possível a criação de uma imagem em tempo real,
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mas certamente grande parte das fotos produzidas a cada momento acabam desaparecendo virtualmente, da mesma forma que surgiram. Um estudo publicado na revista Amateur Photographer, editada no Reino Unido, revela que, em 2015, quatro bilhões de pessoas geraram 1,2 trilhão de fotos. A pesquisa foi realizada nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França e Austrália. O que permanece de todos esses clicks, no entanto, é o olhar e a sensibilidade, que hoje são dons comuns a todos aqueles que possuem um smartphone e com maior facilidade se aventuram na fotografia. Foi a partir dessa percepção que surgiu o Festival Internacional de Fotografia Brasília Photo Show, que apresenta sua terceira mostra até 2 de julho, em vários shoppings do DF, e no mesmo período recebe inscrições para a edição do ano que vem. “O público não é mais leigo em fotografia”, arrisca Edu Vergara, criador e curador do evento. “Hoje todos tentam tirar boas fotos, e dessa forma tendem a fazê-lo com propriedade. O público cresceu para fotografar e para avaliar, e por isso
podemos confiar no olhar das pessoas.” Sim, porque o papel do público no Brasília Photo Show não é apenas fotografar – é avaliar e participar da seleção das fotos inscritas. Vergara prevê que o festival receba este ano algo em torno de 15 mil inscrições. Após uma primeira triagem, que eliminará aquelas que não cumprirem o regulamento, serão postadas no facebook para a avaliação do público, e aí serão consideradas não apenas as curtidas, mas também visualizações, comentários e compartilhamentos. A equipe do festival selecionará 392 fotos que serão publicadas no livro Brasília Photo Show 2017 e poderão ser vistas nas exposições do próximo ano. Os primeiros colocados ganharão câmeras fotográficas, smartphones e cartas de crédito para viagens. Este ano, a primeira mostra foi aberta no JK Shopping, em Ceilândia, em 14 de março, comemorando o aniversário da cidade. Em seguida, o Brasília Shopping recebeu a exposição em 28 de março. No Terraço Shopping está em cartaz até o dia 23, seguindo depois para o Taguatinga Shopping, num total de oito exposições.
Antonio Felippe
Flavenn Freitas
Este ano, a novidade apresentada pelo festival será o leilão a ser realizado após a última exposição no Brasília Shopping. As 100 fotos melhor classificadas na edição do ano passado serão transformadas em quadros que farão parte do Leilão Foto Social, que arrecadará fundos para instituições carentes do Distrito Federal. Parte da renda será destinada aos autores das fotos. Vergara lembra que, embora os primeiros lances sejam baixos, as cifras podem subir bastante. “O Brasília Photo
Show, pela sua natureza, é um concurso, mas a nossa intenção é que o público se emocione e se divirta”, adverte. Para isso, o tema é livre e o mundo está aí para ser registrado. Basta pegar o equipamento e aguçar o olhar. Imagens incríveis poderão resultar desse exercício. Festival Internacional de Fotografia Brasília Photo Show
Até 2 de julho nos shoppings JK, Brasília, Taguatinga e Terraço. Mais informações: www.brasiliaphotoshow.com.br.
Patricia Patriota
O público total estimado para as exposições é de dois milhões de espectadores, de acordo com os promotores do evento. A primeira edição do Brasília Photo Show, que recebeu 5,4 mil fotos, teve um total de 5,2 milhões de visualizações no facebook, número auditado pela rede social. Esse número dobrou na segunda edição, que teve 7 mil inscrições e atingiu 10 milhões de visualizações auditadas. As duas edições do livro Brasília Photo Show têm 306 fotos cada uma, escolhidas por uma equipe de curadores ligados a galerias de arte. As 306 fotos premiadas na edição de 2016 serão exibidas para o público no ciclo de exposições que permanece aberto até 2 de julho. As duas edições do festival receberam trabalhos tanto de amadores que jamais pegaram em equipamentos profissionais como de profissionais de renome, de vários países. Para Edu Vergara, isso se explica por duas razões: o fotógrafo amador, que usa o celular e a sensibilidade para captar um momento único, inscreve sua foto por não haver restrições à sua vontade e por sentir a perspectiva de uma coisa nova, a possibilidade de levar sua visão a um espectador como ele. E o profissional inscreve pela forte visibilidade que o festival garante, levando sua imagem a um grande público.
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GALERIADEARTE
Yoko paz e amor POR ALESSANDRA BRAZ
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oko Ono. Todo mundo conhece esse nome, principalmente quem é fã dos Beatles, mas Yoko não é apenas a viúva de John Lennon e mãe do Sean, ela também é artista plástica e lança em São Paulo a exposição O céu ainda é azul, você sabe..., em cartaz até 28 de maio no Instituto Tomie Othake, no bairro paulistano de Pinheiros. Além de contar um pouco da vida e carreira da Yoko, a mostra faz uma viagem pela noção da própria arte, com forte engajamento político e social – a cara e a linha que conduz toda a obra da artista. Com esses ideais de liberdade, foi criado na década de 1960 o grupo Fluxus, pelo lituano George Maciunas, amigo de Yoko, que prega a mescla entre as várias artes, principalmente arte visual, poesia e audiovisual. Yoko entrou para o grupo quando retornou mais uma vez aos Estados Unidos, em 1963 (ela já tinha ido algumas vezes ao país, mas só naquele ano se estabeleceu finalmente por lá). Isso a ajudou a criar ainda mais. É importante entender essa parte
da história porque foi dentro desse movimento que Yoko fez importantes obras, como 16 vídeos experimentais que geraram muita polêmica. Um deles, Nº 4, apresenta 365 closes de nádegas, um para cada dia do ano. Essas e outras 64 peças fazem parte da exposição, de suas obras que são chamadas de “instruções”, já que convidam o espectador a pensar e refletir sobre coisas que vão além do que está ali exposto. Co-
mo Lighting piece (Peça de acender), de 1955), em que a artista pede que você “acenda um fósforo e assista até que se apague”, ou Pintura para apertar as mãos (Pintura para covardes), de 1961, em que ela diz: “Fure uma tela, coloque sua mão através do buraco, aperte as mãos e converse usando as mãos”. Há peças também reflexivas em que Yoko conclama os espectadores a refletir sobre alguma coisa. Uma das que mais se destacam é
Fotos: Divulgação
Árvore dos pedidos para o mundo, de 2016: “Faça um pedido e peça à arvore que envie seus pedidos a todas as árvores do mundo”. A exposição mal estreou em São Paulo e uma história inusitada já povoa o mundo da arte e as redes sociais. Uma das instalações de sua mostra traz um telefone fixo em que está escrito: “Quando o telefone tocar, saiba que sou eu”. Acontece que só a artista tem o número, e enquanto a exposição estava sendo montada, no dia 30 de março, o telefone tocou. O staff se entreolhou e era nada mais nada menos do que um vendedor da NET tentando oferecer um pacote da empresa. Coisas de que só brasileiro é capaz. A notícia foi dada pela coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo. E John Lennon, não faz parte? Sim, ele está em algumas fotos, ilustrações e duas produções da artista. Em Estupro (1969), um dos filmes que estão na exposição, Lennon foi codiretor, e em Liberdade (1970), de apenas um minuto, assina a trilha sonora. A performance de Yoko no Carnegie Hall, de Nova York, em 1964, na qual o público pôde cortar uma peça de roupa e levar consigo, também aparece na mostra em vídeo. Esta é uma oportunidade única para quem gosta de arte interativa e para os fãs da artista. Quem sabe você não dá sorte e bate um papinho com o vendedor da NET? O céu ainda é azul, você sabe...
Até 28/5, de 3ª a domingo, das 11 às 20h, no Instituto Tomie Ohtake (Av. Faria Lima, 201, Complexo Aché Cultural, Pinheiros, São Paulo. Ingressos: R$12 e R$ 6, à venda em www.ingresse.com (entrada gratuita às terças). Mais informações: (11) 2245.1900.
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DIÁRIODEVIAGEM
Na terra dos Beatles Em Liverpool e Londres, uma profusão de museus, galerias de arte, teatros, monumentos históricos e muitas lembranças dos Fab Four. TEXTO E FOTOS AKEMI NITAHARA
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realização do sonho beatlemaníaco de vivenciar as experiências de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr passa, necessariamente, por Liverpool, no noroeste da Inglaterra. Para ir do Brasil direto para lá, o melhor é pegar um voo para Manchester, que fica a cerca de uma hora de trem da cidade portuária. A região de Albert Dock é uma das melhores para se hospedar – é onde ficam o Museu de Liverpool, as galerias de arte Tate Liverpool e Open Eye e os Museus Marítimo e da Escravidão, onde o Brasil é lembrado pelo black Spartacus Zumbi dos Palmares e como o último país do mundo a ter abolido legalmente a prática. É em Albert Dock que está o The Beatles Story, museu temático que conta toda a trajetória do quarteto, com memorabilia, fotos históricas e reproduções de cenários importantes. Também de lá sai o passeio temático Magical mystery tour, em um ônibus pintado como o do disco/filme. O trajeto passa por pontos
como a Penny Lane, rua por onde John e Paul passavam todos os dias de ônibus a caminho da escola, Strawberry Fields e o orfanato do Exército da Salvação, fechado em 2005, onde a tia Mimi ia fazer trabalho voluntário e levava John quando criança. O passeio, claro, termina no Cavern Club, palco de 292 shows dos Beatles entre fevereiro 1961 e agosto de 1963. Até as 20 horas é permitida a entrada de menores de 18 anos. Quase em frente, a estátua de John Lennon convida para o Cavern Pub, onde ocorrem shows pagos. A noite ferve na área do Cavern, a Mathew Street. Diversos pubs com nomes como Rubber Soul, Sgt. Peppers e The Lennon’s Pub, além de uma faixa, lembram que você está realmente onde os Beatles nasceram. Outras atrações na cidade são o Museu do Mundo, o Chinatown e a Catedral de Liverpool, a maior da Europa e segunda maior do mundo. Com um pouco de disposição, é possível circular a pé por todos esses locais, a partir de Albert Dock.
O trem é uma ótima opção para se locomover pela Inglaterra. Embora mais caro do que o ônibus, tem mais opções de horário e é possível comprar todos os tíquetes com antecedência pela internet, além de crianças até 16 anos pagarem meia passagem. Em apenas 40 minutos estamos em Chester. Um dia é o suficiente para conhecer a cidade, então dá para fazer um “bate-volta” a partir de Liverpool ou depois seguir para Londres. Se estiver com bagagem, o hostel The Lloyds of Chester, perto da estação de trem, oferece o serviço de guardar as malas. Fundada como uma fortificação romana no ano de 79, Chester tem a muralha mais preservada da Inglaterra, prédios medievais e vitorianos. São três quilômetros de muros, sobre os quais é possível andar em praticamente todo o percurso e de onde se observa o campo de falcoaria, a catedral, o castelo de Chester, o Rio Dee, o jardim e o anfiteatro romanos. A cidade abriga também o Grosvenor Museum, aberto em 1886, que tem no acervo peças arqueológicas da época romana e uma galeria de arte.
No coração de Londres Na capital inglesa (duas horas de trem a partir de Chester) o ideal é se hospedar nas zonas 1 e 2, onde estão as principais atrações da cidade. É possível comprar o Oyster – o bilhete para usar ônibus e metrô por uma semana – em máquinas de autoatendimento, pagando com cartão de crédito. O Oyster válido para as zonas 1 e 2 custa 38 libras (aproximadamente R$ 150), mas é possível também recarregar diariamente e pegar o reembolso de 5 libras ao final do período. Com mais de três meses de antecedência dá para fazer o cadastro pela internet para menores de 16 anos terem transporte ilimitado por 15 libras. Andar em um icônico ônibus vermelho de dois andares faz parte do roteiro, mas na maioria dos deslocamentos o metrô é o mais indicado. Mesmo se não tiver acesso à internet na rua, aproveite o wi-fi do hotel para marcar o caminho a percorrer no mapa do smartphone, pois o trajeto fica salvo e você pode acompanhar pela indicação do GPS se está indo na direção certa. Comer na Inglaterra é relativamente barato, sem levar em conta a conversão da libra. É fácil conseguir um bom jantar para dois em restaurante por menos de 30 libras. Opções mais em conta são as lanchonetes árabes, que oferecem kebabs por 8 libras, ou mesmo nos supermercados e mercadinhos, onde pratos de salada, macarrão e sanduíches “to take away” custam menos de 4 libras. Também são comuns restaurantes/lojas que oferecem
bandejinhas montadas to eat in ou to take away, com diversas opções de refeições frias e quentes, por menos de 10 libras. Verifique as atrações de cada área para fazer render cada dia. A Abadia de Westminster, o Parlamento e o Big Ben ficam na mesma área. Do outro lado do Rio Tâmisa estão a London Eye, o Sea Life e o London Dungeon. Para essas atrações turísticas privadas – e um pouco caras – vale a pena comprar os ingressos pelo site do museu de cera de Madame Tussauds, que oferece pacotes mais em conta. Museus gratuitos Uma caminhada de 15 minutos a partir da London Eye leva à Tate Modern, dedicada à arte moderna e contemporânea internacional. Estão ali obras de Edgard Degas, Salvador Dali, Pablo Picasso, Joan Miró, Anish Kapoor e tam-
Área central de Chester
bém da brasileira Lygia Clark. Como todos os museus da Inglaterra, a entrada é gratuita para ver o acervo permanente, mas as exposições temporárias são pagas. Mais uma caminhada de dez minutos, passando pelo teatro Shakespeare’s Globe, e chega-se ao Borough Market, o mercado mais antigo da cidade, com mais de mil anos. O prédio atual, de 1851, é aberto ao público de quarta a sábado. Além de hortaliças e frutos do mar in natura, o turista pode apreciar doces tradicionais, cafés, bebidas, produtos naturais e veganos. Vale reservar um dia para o British Museum, aberto ao público em 1759 como o primeiro museu gratuito do mundo. Dependendo da disposição, é fácil passar mais de seis horas lá dentro, entre relíquias, obras de arte e elementos culturais levados de todas as partes do mun-
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DIÁRIODEVIAGEM do. Entre as preciosidades estão a Pedra da Roseta, que foi fundamental para decifrar os hieróglifos egípcios, e os frisos do Pathernon, de Atenas. Na região de Kensington estão outros dois museus que dá para ver no mesmo dia. O Museu da Ciência, bastante visitado por grupos escolares e com atrações interativas, tem relíquias como uma amostra da lua, a lâmpada de Thomas Edson e módulos espaciais. Já o Museu de História Natural conta a história da formação do planeta, da evolução da vida humana. Entre as atrações estão muitos fósseis incrivelmente bem preservados e a Lucy, o esqueleto da Australopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos, uma das mais antigas e completas humanóides encontradas. Bem perto, em Knightsbridge, está o Victoria and Albert Museum. Dedicado à arte e ao design, lá podem ser vistos tapetes persas, vitrais bizantinos e esculturas chinesas, além de mobiliário medieval europeu. Na mesma região, vale uma caminhada pela Brompton Road, rua que abriga hotéis cinco estrelas, restaurantes de alta gastronomia e a famosa loja de departamento Harrods.
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Passeios imperdíveis A troca da guarda no Palácio de Buckingham é uma atração bastante disputada. Então, é preciso chegar cedo. Seguindo a realeza, a Torre de Londres, na região de City of London, é carregada de história medieval. Fundada em 1066, a construção fortificada normanda foi morada de reis e base militar. Alguns cômodos estão preservados, como o quarto real e a sala de tortura. Outros locais foram transformados em espaço de exposição para uma incrível coleção de armaduras e também para as joias da Coroa. E tem uma vista ótima para a Tower Bridge. Na região de Picaddily Circus ficam diversos teatros e é possível comprar ingressos com desconto em bancas na rua. A Chinatown de Londres também é nessa região, bem como a Regent Street, um grande centro de compras onde as próprias lojas são atrações, como a Lego, a M&M, a Apple e a loja de brinquedos Hamleys. Uma dica para os beatlemaníacos: paralela à Regent está a Savile Row, onde os Fab Four fizeram o último show, no telhado do escritório da Apple Records. Em Covent Garden fica o Royal Opera House. Se a agenda não possibilitar as-
Camden Stables Market
A Pedra da Roseta, no British Museum
sistir a uma ópera ou balé, que também são um pouco caros, vale a pena fazer o backstage tour, que leva às áreas de ensaio, aos camarins e ao camarote real. Caminhando um pouco chega-se à National Gallery, na Trafalgar Square, com mais de 2.300 pinturas desde o Século XV. Entre as preciosidades estão obras inacabadas de Michelangelo e algumas impressionistas que a gente vê nos livros, como O lago de nenúfares, de Claude Monet, e Seara com cipreste, de Vincent Van Gogh. A faixa de pedestres mais famosa do mundo, na Abbey Road, onde os Beatles posaram para a capa do disco de mesmo nome, não existe mais. Mas a faixa próxima ao estúdio onde eles gravaram todos os discos, na mesma rua, com o mesmo nome, atrai turistas de todo o mundo para repetir a cena. Para chegar lá, busque pelo estúdio, pois você pode acabar em outro lugar da rua. Próximo da Abbey Road fica o distrito de Camden Town, local dos “alternativos” e bairro boêmio, onde o agito é certo em pubs como o Hawley Arms, um
dos preferidos de Amy Winehouse, e o BrewDog, com sua variedade de cervejas de fabricação própria. Entre as feiras de Camden está a Stables Market, um antigo estábulo no subsolo que é uma mistura de Galeria do Rock, Feira da Torre e Feira dos Importados. Também conhecido como bairro punk de Londres, Camden chama a atenção pela arte de rua e pelas fachadas de lojas super decoradas. A cidade universitária de Cambridge fica a cerca de uma hora de trem de Londres. Com prédios medievais muito bem preservados, o primeiro college foi fundado em 1209, seguido de vários outros. O mais famoso é o King’s College, mas o maior é o Trinity College, por onde passaram 32 prêmios Nobel e nomes como Isaac Newton, Lord Byron e Bertrand Russell. Um passeio de barco pelo Rio Cam mostra os principais prédios universitários. A cidade também tem diversos museus – o mais importante é o Fitzwlliam Museum, com uma boa coleção egípcia e de pinturas, incluindo artistas franceses e italianos.
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LUZCÂMERAAÇÃO
Blow-up – Depois daquele beijo (1966)
Um mestre do estilismo visual CCBB exibe, em maio, retrospectiva completa da obra de Michelangelo Antonioni, um dos mais importantes diretores da história do cinema. POR SÉRGIO MORICONI
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unanimidade não existe mesmo e, muitas vezes, prescinde de circunstâncias históricas e geracionais específicas: um amigo italiano, quando soube de minha admiração pela obra de Michelangelo Antonioni, disse que eu estava maluco, que o verdadeiro cinema italiano que valia a pena era o de Aquele que sabe viver, de Dino Risi, e Os eternos desconhecidos, de Mario Monicelli, duas incontestáveis obras-primas da commedia all’italiana. Ambos os filmes são, de fato, tão bons que transcendem os estreitos limites do cinema de gênero. O que isso tem a ver com o cinema Antonioni? Muito ou quase nada, dependendo do ponto de vista. No caso do amigo mencionado, era óbvio que a ele não agradava a visão melancólica (embora transcendente) do único realizador europeu a vencer os três principais festivais do continente – a Palma de Ouro em Cannes, por Blow-up – Depois daquele beijo (1966), o Leão de Ou-
ro em Veneza, por Deserto vermelho – O dilema de uma vida (1964), e o Urso de Ouro em Berlim, por A noite (1961). Em 1995, o diretor recebeu um Oscar pelo conjunto de sua obra, como “sinal de reconhecimento a um dos mestres do estilismo visual”. Pós-neorrealista, Antonioni expressa – especialmente na chamada trilogia da incomunicabilidade (A aventura/1960, A noite e O eclipse/1962) e também em O grito (1957) – a angústia existencial do pós-guerra italiano, sentimento que seria sucedido pela comicidade sarcástica e gris de Risi e Monicelli nas comédias referidas acima e de muitas outras no mesmo estilo. São todos filmes que exprimem o mal-estar experimentado na Itália dos anos 50 do século passado. Com a curadoria de Paulo Ricardo Gonçalves de Almeida e masterclass ministrada pelo renomado crítico italiano Adriano Aprà, Aventura Antonioni, a mostra do CCBB, contempla todas as fases da carreira do grande diretor, seus longas, des-
de sua estreia em ficção, com Crimes da alma (1950), curtas documentais, além das colaborações finais com cineastas como Wim Wenders (Além das nuvens), Steven Soderbergh e Wong Kar-Wai (Eros). Antonioni não tinha nenhuma propensão para a comédia. Era um trágico metafísico. Foi um prenunciador das mazelas da cultura pop, com Blow-up, da contracultura, com Zabriskie point (1970), e da crise das identidades, com Profissão: repórter (1975), filme precursor de obras que colocam em evidência o desordenamento psíquico contemporâneo. Paris, Texas, de Wim Wenders, e Felizes juntos, de Wong Kar-Wai, são dois desses exemplos. Baseado no conto As babas do diabo, do argentino Julio Cortázar, Blow-up é antes de tudo uma reflexão filosófica sobre os conceitos do real e da verdade num mundo em mutação. O filme está longe de ser uma daquelas elucubrações metafísicas chatíssimas. Ao contrário. Antonioni incorpora, através dos seus figurinos, locações e cenários, toda a lingua-
A aventura (1960)
Essas ambiguidades, as ilusões do real, suas aparências (a moda, por exemplo), estão presentes em todo o filme, especialmente no alegórico final em que uma trupe de mímicos simula um jogo de tênis sem bola. Profissão: repórter, assim como Blow-up, é um policial às avessas. A trama é apenas um pretexto para uma discussão em torno da ideia de “estar no mundo” hoje. Locke (Jack Nicholson) muda de identidade (através de uma troca de passaportes) e tenta experimentar uma realidade que não é a sua. Seriam essas vidas mais excitantes do que a sua? Antonioni joga com elementos expressivos que enfatizam esse estupor do indivíduo face ao tédio cotidiano, a uma vida conjugal que não funcioFotos: Divulgação
gem, signos e agilidade do pop. Filmado em Londres, a autoproclamada capital da pop art – Beatles, Stones, Twiggy e Carnaby Street são alguns dos ícones mencionados pelo crítico Stephen Bowles –, Blowup se inicia com uma trama policial banal: um fotógrafo de modas entediado com a frivolidade de seu trabalho busca nas ruas evidências de vida verdadeira, vital. Nas suas andanças, surpreende com sua lente um casal de amantes num parque. A garota (Vanessa Redgrave) o vê e o segue, pedindo que lhe entregue os negativos do filme. Provocado pela insistência dela, o fotógrafo (David Hemmings, no papel que lhe deu notoriedade internacional) amplia as fotos (por isso o título Blow-up, que significa, no caso, ampliação fotográfica) e descobre que ela havia sido cúmplice do assassinato do homem com quem estava. Muito bem, tudo isso serve apenas de pretexto para que Antonioni reflita sobre a mudança de comportamento e de valores de duas gerações, a que experimentou a “malaise” do pós-guerra na Europa (que não está no filme) e a que subitamente mergulha no bojo da sociedade de consumo e de massa. Há uma cena-chave no filme, aquela passada num clube londrino onde se apresenta o Yardbirds, grupo de rock em que figuravam futuros astros como Jimmy Page e Jeff Beck (presentes na cena) e onde tocou Eric Clapton, que define, como nenhuma outra, os novos fetiches (as guitarras elétricas, por exemplo) e os novos mitos dos jovens (as estrelas do rock). Na cena, Hemmings cruza com a multidão de fãs que se digladiam pelo pedaço da guitarra destruída no palco do clube. Por capricho, o “troféu” vai parar nas mãos do fotógrafo, que o joga fora.
na mais. Antonioni desdramatiza o drama, antecipando o cinema de Wenders e Jarmush. Locke é vencido pelas ambiguidades do real e passa a questionar quem ele é, quem ele pensa que é, quem os outros pensam que ele é. Profissão: repórter é também uma alegoria do cinema. Os filmes seriam janelas que se abrem para o mundo, para a percepção de outras vidas, mas ao mesmo tempo é (o cinema) um simulacro ambíguo do real. Profissão: repórter problematiza as identidades, essas percepções que temos do real, as verdades estabelecidas. Em O mistério de Oberwald (1980), Antonioni problematiza até mesmo o cinema. Problematiza os homens, em Identificação de uma mulher (1982), onde Niccolò (Tomas Milian) nunca consegue se desembaraçar de suas fantasias sobre a mulher idealizada. Procura respostas no cosmos, num idealizado filme de ficçãocientífica. Antonioni já tinha manifestado essa mesma angústia em outras ocasiões. Os homens de Crônicas de um amor (1950) e de Deserto vermelho (1964) nunca crescem. O amor, para Antonioni, é uma abstração. Os homens jamais conseguem afirmar uma identidade como maridos, como pais, o que for. E as temíveis mulheres jamais se materializam como alguém de carne o osso. Aventura Antonioni
A noite (1962)
De 3 a 29/5 no cinema do CCBB (SCES, Trecho 2). Ingressos: R$ 10 e R$ 5.
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CRÔNICADACONCEIÇÃO
Crônica da
Conceição
O livro que serviu de chão
A
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s páginas daquele livro que eu poderia chamar de o livro da minha vida eram quase do meu tamanho. Creio que o folheava sentada no chão, ele deitado enquanto eu soprava as páginas procurando um lugar. E me deixava conduzir pelas fotografias de lugares estrangeiros que sabia pertencerem a um Brasil que eu havia acabado de aprender que era uma invenção de Pedro Álvares Cabral, Santa Maria, Pinta e Nina. Depois de muitas vidas vividas, ele está comigo novamente. Nos reencontramos num sebo virtual. Seis dias esperei por ele. Que tamanho teria diante do meu corpo adulto? Eu já o tinha visto no site do IBGE. Folhei suas páginas digitalizadas, mas era o mesmo que visitar um país no Google Earth. Não chega a ser uma experiência. É um vazio feito de imagens reais, o que o torna mais vazio ainda. Seis dias depois, ele chegou. Pesa mais do que a minha gata. Portanto, deve ter mais de quatro quilos. Quase 40 centímetros de comprimento por quase 30 de largura e 440 páginas de altura, um Aurélio bem mais alto e mais magro. Completa 60 anos neste 2017. Em tempos cibernéticos, é uma relíquia, arqueologia do primeiro dos anos dourados do governo Juscelino. Nos conduz às profundezas de um país que começava a se afirmar como Nação e não apenas como um ajuntamento político e geográfico
costurado em língua portuguesa. Chama-se Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. São 36 volumes, o primeiro deles lançado no primeiro aniversário do governo Juscelino, em 1957. Tem capa dura e tinha letras douradas. No volume que comprei, a R$ 15 (!!!), o dourado virou um cinza metálico. Edição do IBGE, atravessou Jânio, Jango e conseguiu ser concluído em 1964, ano do golpe militar.
Por coincidência, e a cada dia duvido mais que elas existam, o volume que comprei é o número 1 e sobre a região Norte, de onde venho. A Amazônia perdida está lá, gravada em preto-e-branco, em papel de gramatura que se aproxima do papelão. Há um Brasil buscando a si mesmo, tentando fazer do território, da língua, da política, da história e das muitas culturas, uma Nação. Projeto que até hoje não conseguiu se sustentar de pé por muito tempo.
Eu também, desde que folheava as páginas do livrão de meu pai, tentava me sustentar de pé num território que me parecia misterioso, caudaloso e improvável, como as águas do Rio Guamá que desciam a menos de 200 metros de distância de onde o livro me dizia: olha só quantos mundos, quantas cidades, quantas pessoas existem na imensidão abaixo de Belém. Se a natureza é tamanha, se o gênio humano foi capaz de tanto, haverá um modo de existir em chão menos movediço. As cidades são a terra batida que nos iludiu com a promessa de segurança – não mais a natureza bravia, não mais a luta contínua com o desconhecido, não mais o nomadismo perigoso. Mas não tem pra onde fugir – é arriscado em qualquer lugar. E as cidades ainda são a praça da humanidade, a feira livre do viver, o encontro dos múltiplos viveres. Brasília é a síntese do modo como até a década de 50 os homens inventaram as cidades. E é a síntese do Brasil que a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros pretendeu unir. Seus 36 volumes são uma espécie de Missão Cruls para o Brasil que chegava aos tempos modernos. Imenso, diverso, contraditório, riquíssimo, miserável, desigual e poderosamente belo. Reencontrar aquele Brasil esperançoso, ainda ingênuo, perdido em tanta grandeza, é um modo de ganhar forças para seguir atravessando a pedreira de agora.
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