Ano XVI โ ข nยบ 265 Julho de 2017
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Inverno
na praia
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Divulgação Masp
EMPOUCASPALAVRAS
Mas se o cerrado que vira praia não é propriamente a sua, temos outras sugestões de bons programas de inverno, como, por exemplo, a excelente mostra Entre nós – A figura humana no acervo do Masp, com cerca de cem obras emblemáticas de Van Gogh, Picasso, Renoir, Tintoretto e de brasileiros do mesmo quilate, como Portinari, Burle Marx e Pancetti (página 31). Ou então conhecer as joias do modernismo instaladas na Galeria de Arte do Banco Central, entre elas obras de Aldemir Martins, Alfredo Volpi e Tarsila do Amaral (página 32). Já que, inevitavelmente, o inverno exige do nosso metabolismo mais calorias, há boas razões para conhecermos as novidades gastronômicas apresentadas em nossa seção Água na boca, a partir da página 6. Lá está contada a história do projeto de sucesso que surgiu há dez anos numa lojinha da 106 Sul e hoje dá frutos com a expansão da rede La Boulangerie, de Guillaume Petitgas. A Boulangerie Bistrot, no CasaPark, será a quinta casa nas cores bleu-blanc-rouge. É lá também que você pode conhecer a Casa de Madeira, um cantinho aconchegante localizado no Jardim Botânico, ideal para se tomar um vinho a dois e aproveitar a romântica paisagem ao som de jazz e choro executado por músicos bambas da cidade, como Pedro Vasconcelos, Jaime Ernest Dias e José Cabrera. Finalmente a novidade “masterchéfica” da cidade que já chegou chegando na Rua dos Restaurantes: o Cão Véio, do chef Henrique Fogaça em sociedade com quatro jovens empreendedores da cidade. O gastropub foi inaugurado com pompa e circunstância no dia 5, dias depois de termos sido golpeados pelo fechamento do icônico Mercado Municipal, sonho maior do saudoso Jorge Ferreira. Vai fazer muita falta.
E daí que o rigoroso inverno brasiliense fez sair dos armários casacos reforçados, cachecóis, gorros e botas? E daí que o frio resolveu este ano dar o ar da graça e tirar o ânimo de muita gente boa que adora circular pela cidade e curtir seus encantos? O certo é que nem os termômetros insistindo em manter temperaturas abaixo de 15 graus assustaram os milhares de animados brasilienses que já passaram pelo Na Praia, um mega complexo de 14 mil m2 com tudo montado para você se sentir à beira de uma praia de verdade: areia, onda, futebol, surf, comidas e bebidas apreciadas por quem veste biquíni e sunga. Até 27 de agosto, a terceira edição do Na Praia tem agenda pra lá de animada, com shows de Ivete Sangalo, O Rappa, Jorge & Mateus e muitos outros (página 26).
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galeriadearte
Pilatos apresenta Cristo à multidão, do italiano Jacopo Tintoretto, é uma das preciosidades do acervo do Masp que estarão expostas até 18 de setembro no CCBB.
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Boa leitura e até agosto. Maria Teresa Fernandes Editora ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14, Conjunto 2, Casa 7, Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa Carlos Roberto Ferreira, sobre foto de Gustavo Belém | Colaboradores Alessandra Braz, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre Franco, Ana Vilela, Cláudio Ferreira, Conceição Freitas, Elaina Daher, Heitor Menezes, Laís di Giorno, Lúcia Leão, Luiz Recena, Mariza de MacedoSoares, Pedro Brandt, Ronaldo Morado, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Teresa Mello, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle | Fotografia Rodrigo Ribeiro Para anunciar 99988.5360 | Impressão Editora Gráfica Ipiranga Tiragem: 20.000 exemplares.
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O GOVERNO DE BRASÍLIA
ENFRENTA O PROBLEMA DA CRIMINALIDADE
E OS RESULTADOS JÁ APARECEM. HOJE O DISTRITO FEDERAL É A SEXTA UNIDADE DA FEDERAÇÃO MAIS SEGURA DO PAÍS.*
1993
25,4
2012
2014
24,3
índice de homIcídIOs por 100 mil habitantes
61%
dos casos de homicídio são solucionados no df
2016
menor índice dos últimos 23 anos
19,7
33% é a média nacional (FOTOS AGÊNCIA BRASÍLIA)
*ATLAS DA VIOLÊNCIA – 2017 (IPEA)
A luta contra a criminalidade é um trabalho constante. Neste Governo, foram investidos mais de R$ 232 milhões em segurança. São mais equipamentos, capacitação, inteligência tática e ações operacionais. Também foram colocadas nas ruas 165 modernas viaturas e mais 477 serão
Secretaria de Segurança Pública e Paz Social
G O V E R N O
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entregues em breve. O Governo reconhece que ainda há muito a ser feito na Segurança, mas com trabalho e planejamento caminhamos rumo a uma Brasília mais segura para todos.
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ÁGUANABOCA Rafael Lobo - Zoltar Design
Beleza que põe mesa O
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trabalho do ceramista carioca Davi Ferraz, 49 anos, deu uma guinada voluntária depois de 15 anos de dedicação à linha botânica, para a qual confeccionava vasos, casas de passarinho e mandalas, em exposição e venda na antiga feira do CasaPark. Hoje, no organizado ateliê da 408 Norte, embalado por MPB e na companhia do gato Seth, o artista transita entre a prancheta, o forno e as prateleiras repletas com a linha gourmet design, à qual se dedica há dois anos e meio. Faz peças sob encomenda para restaurantes, cafeterias, chefs independentes e também atende o público. Mas não pense que você vai chegar lá e comprar, por exemplo, a caneca verde feita para a Varanda Pães Artesanais, da 215 Norte. Bastante ético, o profissional sabe preservar as coleções dos clientes. “Para o gastrobar Mercadito criei toda uma coleção exclusiva também”, diz Davi, com voz mansa. Os peruanos Cuzco, de Águas Claras, e Nikkei, do Setor de Clubes Sul, a cafeteria Belini, da
114 Sul, o espanhol Jamón Jamón, da 109 Norte, e o italiano Toretto, também de Águas Claras, exibem as criações do ceramista em suas mesas (as peças que ilustram esta matéria são do Rio Bistrô e Lounge, da 404 Sul). “Encomendamos
cerca de 150 peças, desde porta-shoyu a pratos de montar combinado”, diz o gerente-geral do Nikkei, Wanir Salermo Junior. “Nossas louças vinham de São Paulo, e o tempo de espera era muito grande”. Outro freguês satisfeito é Dilson Me-
Rafael Lobo - Zoltar Design
POR TERESA MELLO
Rafael Lobo - Zoltar Design
produto: “A peça é esmaltada no forno a 1.285 graus centígrados, durante oito horas. Fica quatro dias esfriando e vai se vitrificando”, explica. Para os restaurantes Cuzco e Toretto, fez uma linha em forma de peixe e em cores cítricas, pouco comuns, segundo ele. Hoje, a cor de sucesso na loja é o azul-marinho, e um dos destaques é a linha origami, que transmite a ilusão da dobradura de papel. A rotina de trabalho vai além da de um trabalhador comum: descansa somente aos domingos. “Faço cerâmica por amor”, confessa ele, que desenvolveu junto com o Sebrae a identidade da marca: um “d” minúsculo, esculpido em cada unidade que sai do ateliê e na placa oval ao lado da porta. As latas de esmalte empilhadas na oficina contêm produto atóxico, e as peças prontas podem ser levadas a fornos a gás, elétrico, de microondas e até mesmo a lenha. Após o uso, é possível lavar, inclusive na máquina. Só não pode ir diretamente ao fogo. Clientes fora do eixo gastronômico profissional têm muito a escolher. Além de pratos, canecas e recipientes diversos, há uma prateleira encantadora de miudezas, que exibem potes com tampa de cortiça, açucareiro, mantegueira francesa (com recipiente para água, que preserva o frescor do produto), espremedor de
frutas, pote com pilão. “A cerâmica utilitária tem de ser útil e apresentar um design. Você usa as louças, lava e depois coloca para decorar a sua casa, a sua cozinha”, ensina. Ateliê Davi Ferraz
408 Norte, Bloco E (3037.2056) Teresa Mello
nezes, dono da Varanda: “As cerâmicas são de excelente qualidade e agregam muito estilo a nossa padaria”, conta ele, para quem o profissional fez as canecas verdes com um toque geométrico. “O lado artesanal de produção do Davi tem tudo a ver com os nossos produtos artesanais.” Na cartela, um nicho fiel é o dos chefs independentes, que divulgam o trabalho a cada evento contratado: “Eles levam a louça para a casa do cliente e fazem o jantar”, conta o ceramista, que recentemente recebeu três pedidos especiais, de aparelhos de jantar como presentes de casamento: “São seis pratos principais, seis de sobremesa e seis cumbucas para os noivos. Os padrinhos escolhem cores, modelos e tamanhos”, explica. Davi Ferraz começou a moldar o barro há 22 anos, quando decidiu fazer os próprios vasos para a floricultura da família no Núcleo Bandeirante. Os estudos chegaram por meio de craques como Ceci Sato, no Lago Norte, e o português Eduardo Barrigana. “No gourmet design comecei do zero, tive de reaprender tudo”, conta. Para isso, fez curso de empratamento, que lhe permitiu confeccionar pratos em duas medidas: a padrão, com 27cm de diâmetro, e a de 33cm, para gourmets. Em seguida, estudou esmaltação, responsável pela tonalidade final do
Rafael Lobo - Zoltar Design
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Surfando na crise POR VICENTE SÁ FOTOS LÚCIA LEÃO
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ano é 2011 e a Roteiro traz, em sua edição de junho, matéria sobre um pequeno barzinho da 304 Norte que, transformado em restaurante, estava dando o que falar na cidade: a Confraria do Chico Mineiro. Voltado para refeições rápidas e pratos executivos, a Confraria logo fez sucesso junto a dois segmentos cobiçados em Brasília – servidores públicos de boa renda e famílias. Menos de 30 dias após a inauguração já havia fila de espera, mesmo nos dias de semana. Um feito. Agora o ano é 2017, o Brasil passa por crises, tanto política quanto econômica, o desemprego cresceu, o dinheiro encolheu, muitos restaurantes fecharam as portas. A Roteiro voltou à Confraria do Chico Mineiro e constatou que o restaurante não só tinha superado a crise
como havia crescido. Os nove funcionários do início agora são 38 e os 40 lugares se tornaram 220. Quase todos os dias há filas e reservas. Milagre, sorte ou gestão inteligente? Apesar do nome Confraria, que já foi sinônimo de associações religiosas, os proprietários Geraldo Araújo e Meg Suda preferem atribuir o sucesso ao controle de qualidade dos insumos e dos produtos oferecidos e ao bom ambiente de trabalho, que para eles é essencial no desempenho dos colaboradores. “Oferecemos não só ótima comida, mas um ambiente agradável, onde o cliente é sempre bem atendido. Isso cria uma ligação maior e fideliza”, explica Meg. Ela é responsável pela cozinha, desde a escolha dos produtos até a preparação final dos pratos. Uma tarefa nada fácil para quem serve em média 250 refeições no almoço. O cardápio da Confraria também cresceu. Antes eram três opções, precedi-
das de salada; hoje são seis, entre carnes, peixes e pratos vegetarianas. Todos custam R$ 35 – exceto a feijoada das sextas e sábados, que sai por R$ 44. “Por sermos uma casa de comida brasileira, temos também bons aperitivos nacionais, como as aguardentes Fininha e Capão do Mato, produzidas aqui mesmo no Distrito Federal. Mas, para quem quiser aproveitar o friozinho e saborear um bom vinho, nós estamos trabalhando com os uruguaios e os portugueses com garrafas em torno de R$ 60 e a taça a R$ 18”, afirma Geraldo Araújo. O advogado Ronaldo Feldmann, por ter que almoçar fora todos os dias, acabou se tornando cliente assíduo. Pelo menos quatro vezes por semana almoça na Confraria. “A qualidade e a variedade me atraíram e o atendimento me tornou freguês. Para pessoas como eu, que têm uma vida corrida, é necessário que o horário de almoço não seja estressante, e
aqui eu tenho isso”, analisa o advogado. Nesse processo de crescimento da Confraria, outras novidades apareceram. A casa, agora, além dos pratos infantis que já haviam caído no gosto das crianças, também comporta uma brinquedoteca nos fins de semana, uma ideia que tem agradado aos clientes com filhos pequenos e, é claro, aos jovens avós, figuras típicas da paisagem brasiliense. A confeitaria alemã Das Haus, vizinha da Confraria, que foi criada há mais de 30 anos e já faz parte da história culinária de Brasília, foi colocada à venda no final do ano passado. Adquirida pelo casal Meg e Geraldo, tornou-se a Confeitaria do Chico Mineiro, mas sem perder nada do estilo que conquistou a cidade. “Nós mantivemos os funcionários, inclusive o confeiteiro Antenor Moreira, e também o cardápio. Apenas introduzimos nossa maneira de gerir e nosso controle de qualidade, que é marca da Confraria”, esclarece Meg (ao lado de Geraldo e Antenor, na foto acima). Assim, se você foi cliente e tem saudade dos doces da Das Haus, não se preocupe: a Confeitaria Chico Mineiro ainda os prepara da mesma maneira. Ainda es-
tão lá a torta sacher, a torta alemã, a torta de maçã e a floresta negra. É claro que Meg introduziu outros pequenos petiscos, como rissoles e empadas de camarão e frango, mas os sabores de sua lembrança ainda lá permanecem. O intenso movimento diário da Confraria transforma-se à noite. A casa se torna um bom lugar para bate-papos e ofere-
ce petiscos e caldos diversos, além da opção de jantar. Tudo muito caprichado, mas sem qualquer ostentação, feito de um jeito simples que talvez seja o grande segredo de todo esse sucesso. Confraria do Chico Mineiro
104 Norte, Bloco (3963.1956) 3ª a 6ª feira, das 10 às 24h; sábado, domingo e 2ª, das 10 às 17h.
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A evolução da Boulangerie POR TERESA MELLO
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m julho de 2007, a Roteiro publicava a primeira matéria sobre La Boulangerie. Era uma lojinha na 106 Sul, onde o padeiro francês Guillaume Petitgas começava a trabalhar no subsolo à 1h30 e, no fim da tarde, ficava à porta dizendo “obrigado” para os novos clientes. Dez anos depois, a simpatia continua a mesma, mas a loja... Hoje, é uma rede com cinco unidades, cerca de 80 funcionários e produção robusta: mil croissants por dia, na melhor versão contemporânea da multiplicação dos pães. Para comemorar os 10 anos, a padaria ganhou logomarca nova, criada pelo designer gráfico Francisco Bronze, e projeto assinado pela Bloco Arquitetos, no qual a cor preta foi escolhida para destacar os pães. O empresário abriu uma Petite Boulangerie no Sudoeste, em local com amplo estacionamento, na Quadra 300B, e, em sociedade com a chef Renata Carvalho, investiu no primeiro bistrô, que será inaugurado em breve no CasaPark. “Eu continuo padeiro”, alegra-se Guillaume, que chega ao trabalho às 3 da madrugada e junta-se a 16 colegas, incluindo confeiteiros, em sua maioria nascidos na Bahia. “Eu sou baiano”, acredita o francês de 35 anos, acostumado a
ouvir muita música na madrugada: “Samba é ótimo para fazer pão”. Às 9 da manhã vai para o escritório, onde divide a administração do negócio com a mulher, Thaís Mello. Depois do almoço dorme um pouco e, em seguida, fica com os filhos, Adriano, 9 anos, e Luic, 3. “Ele tem a delicadeza da percepção, sabe se o funcionário está em um dia bom, mas também sabe cobrar”, diz a gerente-administrativa da rede, Raquel Ferreira, 32 anos, formada em Letras. O lançamento que sai dos fornos é um pão redondo preparado com farinha de espelta (tipo de trigo) da França, com fermentação natural e baixo índice de glúten. A novidade faz companhia à linha de produtos tradicionais da casa, uma das pioneiras em pães especiais em Brasília, ao lado do antigo Pão do Alemão, na 213 Norte: “Os carros-chefes são o pão de azeitona, o de cereais, o de nozes, o de chocolate, a baguette de parmesão, o croissant, o pão francês”, conta o padeiro, que identifica diferenças no paladar dos brasilienses: “Na loja da Asa Norte, a preferência é pelo integral; no Sudoeste, pelos de farinha branca; na Asa Sul, por tudo; e no Lago Sul, pelos que levam queijo”. No bistrô do CasaPark, na entrada lateral do shopping, serão servidos café da
manhã, almoço, lanche e jantar, além de brunch nos fins de semana. Ótima opção para o setor residencial Park Sul e para quem vai ao cinema ou à livraria. “Criei um cardápio francês clássico contemporâneo”, define a sócia Renata Carvalho, de 34 anos. “Teremos ossobuco bourguignon, filé alto ao molho bernaise com espuma de beterraba e pato confitado, por exemplo.” Vizinha de quadra da Boulangerie na 306 Sul, a chef dos restaurantes Loca Como Tu Madre e Ancho Bistrô de Fogo incluiu também no cardápio sopas, massas, risotos e saladas. Espumante, champanhe, drinques e vinhos poderão acompanhar os pedidos dos clientes. “Será uma cozinha bem francesa, sem frescura, bem-feita, com produtos da estação”, despacha Guillaume, que já havia sido convidado há oito anos pelo dono do shopping: “Ele criou uma loja dentro da Todeschini para atender a gente”. Cliente antigo da padaria, o arquiteto Daniel Mangabeira fez o projeto com destaque para a cor preta: “É uma forma de enfatizar o dourado do pão, de promover um contraste”, explica. “A ideia é mostrar esse novo momento da Boulangerie, que já é tradicional na cidade.” Para isso, usou pastilha sextavada no piso, em degradê de preto e branco, esquadria de fer-
ro, forro de madeira, espelho. As 15 mesas desenhadas pela Bloco Arquitetos ficarão na área comum do shopping, perto da escada rolante de acesso ao cinema. Enquanto os pães ficam acomodados nas prateleiras, o balcão que domina a loja será preenchido por croissants e petitfours, tudo com a supervisão da gerente Paula Marcondes, exAquavit e advogada de formação. A éclair de café, que experimentamos quando da apresentação da nova casa à imprensa especializada, é um deleite, seguida por madeleine (bolinho em formato de concha), cannelé (da região de Bordeaux), macaron (biscoito recheado replicado em oito sabores), financier (produzido por freiras no Século 19) e ainda tuiles (biscoito crocante fino), cookies e brownies. O melhor de tudo será poder passar na Boulangerie antes do cinema para comprar docinhos – xô, pipoca – e levar croissant pra casa depois do filme. Perfeito. CasaPark Shopping (3443.8803). De 3ª a domingo, das 7 às 21h. As outras casas da rede (306 Sul, 212 Norte e 300B do Sudoeste) funcionam de 2ª a sábado, das 7 às 20h, exceto a do Lago Sul (QI 21), que fecha às 19h.
Fotos: Francisco Bronze
La Boulangerie Bistrot
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Uma casa no jardim POR VILANY KEHRLE
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m maio do ano passado surgiu o empório. Nos primeiros meses, o movimento de vendas não correspondeu ao esperado pelos proprietários. Enquanto isso, os clientes começavam a perguntar: “Por que vocês não abrem um restaurante neste lugar tão bonito, onde beber um vinho vai cair tão bem?”. Cinco meses depois, nascia o Casa de Madeira. Localizado numa linda área do Condomínio Quintas do Sol, no Jardim Botâ-
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nico, o restaurante foi construído com muita paciência, organização e zelo. É só olhar atentamente o ambiente para perceber que tudo foi pensado nos mínimos detalhes. A construção rústica, com mesas na parte interna e na varanda, a beleza e o colorido dos objetos que compõem a cena, sem contar a linda paisagem vista da varanda, que dá para um vale, são suficientes para seduzir o mais exigente dos consumidores – que, além de todos esses atrativos, vai se deparar com uma comida deliciosa e bom atendimento.
O empreendimento foi idealizado pelo casal Nelson Seade e Carolina Schuster, gaúchos de São Jerônimo, cidade localizada a poucos quilômetros de Porto Alegre. Ele mora em Brasília há 16 anos e ela desde o final de 2009. Ao se mudar para cá, por não conseguir transferência, ela teve de abandonar o curso de Medicina, mas, confessa, seu grande sonho sempre foi montar um negócio. Um dia, passando em frente à casa onde agora funciona o restaurante, viu a placa “aluga-se”. E disse, então, para si mesma: “É agora”. Nelson, que trabalhava na área de tecnologia da informação, largou o emprego de muitos anos para acompanhar Carolina na nova empreitada. Mesmo sem nenhum conhecimento na área de gastronomia, optaram por montar um empório/restaurante. E estão muito satisfeitos com o resultado. Afinal, eles são de uma região do país onde a culinária local é bastante valorizada. O cardápio assinado pelo jovem chef Rafael Urdaneta (na foto acima), formado em gastronomia pela Unieuro e pela University of West London, é caracterizado pela chamada comida contemporânea. Os amantes de Baco também contam com uma boa carta de vinhos, prove-
nientes de lugares como Argentina, Chile, Espanha, Itália e Portugal. Há também uma boa variedade de cervejas e cachaças, além de outras bebidas destiladas. Com capacidade para 50 a 60 pessoas, o restaurante oferece muitas delícias gastronômicas. O risoto de camarões com aspargos grelhados (R$ 76), o filé de
Fotos: André Zimmerer
Saint Peter ao molho de manteiga com ervas (R$ 64), o carré de cordeiro assado ao perfume de alecrim (R$ 74) e o filé mignon ao molho de gorgonzola (R$64) são algumas delas. O conchiglionni recheado com ratatouille de berinjela (conchas recheadas com mussarela de búfala, nozes, damasco e berinjela, assados com azeite aromático) é uma das boas opções para os vegetarianos, ao preço de R$ 59. O smorrebrod serrano (pão italiano no forno com azeite, servido com presunto serrano, creme de gorgonzola, figos e nozes picadas) e o picadinho de filé mignon na panhoca ao molho de gorgonzola (tiras de filé mignon salteadas, misturadas ao creme de gorgonzola e ao perfume de alecrim) são algumas das iguarias que o Casa de Madeira oferece como entrada. O petit-gâteau (R$ 25), as peras ao vinho (R$ 24) e o coulis de frutas vermelhas com iogurte (R$ 23) podem ser degustados com uma taça de vinho próprio para acompanhar sobremesas, aos atraentes preços de R$ 8 e R$ 9,50. Uma das boas novidades da casa é o Empório Musical, implantado em junho. Voltado para o jazz e o choro, o projeto funciona às sextas e sábados e
tem levado para a casa músicos consagrados da cidade, como o cavaquinista Pedro Vasconcelos, o violonista Jaime Ernest Dias e o pianista José Cabrera. Casa de Madeira Restaurante & Empório
Condomínio Quintas do Sol – Avenida do Sol, Quadra 2, Lote 50, Jardim Botânico (3547.6001). De 4ª a 6ª, das 17 às 24h; sábado, das 11 às 24h; domingo, das 11 às 17h.
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Fotos: Nina Quintana
ÁGUANABOCA
Rock e cães como inspiração POR MARIA TERESA FERNANDES
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Fotos: Nina Quintana
uem se arrisca a experimentar um suculento dogue alemão preparado com muito capricho por um chef badalado? A princípio, ninguém, claro. Mas se dissermos que dogue alemão é apenas o nome de um hambúrguer de carne bovina e costela suína desfiada, com queijo gruyère, cebola roxa caramelizada, tomate e broto de agrião, servido no pão brioche e acompanhado de mandioca frita, a coisa muda de figura.
Pois esse é um dos pratos de nomes caninamente curiosos constantes no cardápio do Cão Véio (com acento mesmo, à revelia do novo acordo ortográfico), gastropub inaugurado dia 5 de julho na Rua dos Restaurantes e primeira filial do bar de mesmo nome localizado no bairro de Pinheiros, na capital paulista. Nasce com pedigree, para manter a brincadeira, ou seja, com a assinatura do badalado chef paulista Henrique Fogaça, o rigoroso jurado do programa Masterchef, da Rede Bandeirantes.
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A proposta de Fogaça e seus sócios no bar paulista aberto há mais de três anos fica valendo para a filial brasiliense: manter a pegada roqueira hardcore. Afinal, os três têm ligações com o rock pesado paulista, a saber: Fogaça integra a banda Oitão, Fernando é vocalista da banda CPM 22 e Marcos Kichimoto trabalhou na produção de shows dos grupos Sepultura e Ratos de Porão. Aqui em Brasília o Cão Véio tem como franqueados Guilherme Lavoratti, Leonardo Marinho, Pedro Vinicius Freire e Rodolfo Carvalho, que vão colocar a mão na massa e se dividir entre as funções administrativas e operacionais. Na noite da inauguração, ao som de um rock pesado, claro, o chef Fogaça circulou entre o salão, onde recebia os convidados, e a cozinha. De lá saíam os dogues alemães (R$ 39 a porção com três mini-hambúrgueres), os espíritos de porco (costela suína marinada na cachaça e no mel, assada em baixa temperatura e finalizada com flor de sal, a R$ 43 a porção) e os mastins (sanduíches de cupim assados lentamente e finalizados na manteiga de garrafa com vinagrete de agrião, cebola roxa e tomate, servido no pão caseiro, com mandioca frita, a R$ 37). Tudo regado a muito chope Cão Véio (R$ 13, com 250ml, ou R$ 19, com 570ml). Perguntamos ao chef Fogaça qual a
Marketing/divulgação Taj
diferença entre um bar convencional e um gastropub como o Cão Véio. “Como todo bar, nossa comida é farta, dá pra compartilhar, é bem temperada, mas o diferencial está no processo de execução, do princípio ao fim: a escolha dos ingredientes, a matéria-prima, todo trabalho, a técnica de cozinha, enfim, todo esse cuidado 100 por cento”, assegurou. Por enquanto, o gastropub só abre à noite, mas brevemente estenderá seu horário de funcionamento e atenderá também no almoço. O cardápio será semelhante ao da matriz paulistana, mas com um toque regional. Exemplo disso é o risoto de carne seca e queijo coalho, de influência nordestina, que Fogaça já avisou que vai ser uma das estrelas do almoço. O pequi também está sendo cogitado por ele para entrar num prato que vai pegar pelo estômago a comunidade goiana de Brasília. O entra e sai do chef na cozinha, na noite de inauguração, motivou inevitáveis indagações dos convidados presentes sobre seu papel na nova casa. O rigor que é sua marca registrada no programa de televisão será mantido na cozinha do Cão Véio brasiliense? A resposta unânime de seus sócios brasilienses foi: sim! Dono de três restaurantes em São Paulo (Sal Gastronomia, Jamile e Admiral’s Place), Henrique Fogaça promete acompanhar de perto a nova casa brasiliense e garantir seu padrão de qualidade. Bom pra cachorro!
O melhor de
dois mundos
POR VICTOR CRUZEIRO
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Cão Véio
404 Sul, Bloco C (3257.8455) Diariamente, das 18 às 24h
rasília é um celeiro de boas ideias e novidades no mundo da gastronomia. Isso não é segredo pra ninguém. A capital federal está entre os cinco melhores polos gastronômicos do país, e isso pode ser comprovado com a variedade de restaurantes, cafés, padarias e bares que lotam as quadras todas as noites – e as páginas dessa revista todo mês. No entanto, é importante exaltar que nossa cidade, após tanto incentivar e ser reconhecida pelos talentos locais, também atrai grifes gastronômicas de fora, interessadas no refinamento de opções e de público daqui. Um belo exemplo é o Taj Bar, que abrirá as portas dia 19, quarta-feira, no Setor de Clubes Sul, Trecho 2. Oriundo das frias paisagens de Curitiba, o Taj aterrissa na orla do Paranoá para trazer uma experiência única que combina a
culinária indo-asiática com uma decoração cinematográfica e um conceito inovador de mixologia. Inovador e belo, ele nasceu de uma inspiração primorosa: o Buddha Bar, de Paris. Criado pelo visionário empresário romeno-parisiense Raymond Visan, o Buddha é uma combinação ambígua de lounge contemporâneo e templo asiático. Enquanto a estátua de um Buda de dois andares assiste o salão, um bar em forma de dragão no segundo piso serve drinks de todo tipo. Esse formato inspirou empresários por todo o mundo, de Jacarta a Beirute, de Dubai a Brasília. E agora, essa ambiência única, que mescla o melhor de dois mundos, alcança nossa cidade. O Taj Bar tem uma decoração surpreendente, com adereços de cores vibrantes – oriundos diretamente da Indonésia – equilibrados com os tons escuros da madeira, em dois ambientes aclarados por um conjunto de iluminações quentes
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PICADINHO Feijoada vegana
Divulgação
Fotos: Marketing/divulgação Taj
Esta é a principal novidade do cardápio do Lótus Azul (100 Sudoeste, Bloco A, tel. 3026.0550), elaborado pela nutricionista Simone Egyto exclusivamente com ingredientes naturais. Trata-se de uma feijoada de azuki com tofu. O azuki é um tipo de feijão muito apreciado na culinária oriental, rico em fibras dietéticas que ajudam a regular os níveis de açúcar e colesterol. O tofu e vários legumes substituem as carnes, compondo uma saborosa versão de feijoada sem gordura. Outras novidades são a fritada de batata e tofu, a lasanha de cogumelos e o yakissoba com shimeji. Entre os antigos, um dos carros-chefes da casa é esse aí abaixo: almôndegas de soja com espaguete integral. O bufê do restaurante, que este mês passou a abrir também aos domingos, das 12 às 15h, custa R$ 59,90 o quilo (ou R$ 49,90 se o cliente abrir mão de frango e frutos do mar).
29 anos de sucesso
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sentar e degustar as fusões etílicas. Inspirado na atmosfera das farmácias e boticários de antigamente, o Pharmacy traz a coqueteleria clássica em prescriptions: porções individuais servidas em frascos inusitados, como copinhos em formato de caveira, garrafinhas de xarope, tubos de ensaio, béqueres e provetas. Com capacidade para até 320 pessoas, o Taj Bar abre as portas trazendo novas energias e convocando todos para uma experiência nova, imperdível e inadiável, rumo à expansão do paladar e de todas as outras sensações. Taj Bar
Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 2 (próximo ao Pier 21).
Igor Estrela
e aconchegantes e, é claro, por budas gigantes. Seguindo o diferencial do seu guru parisiense, o Taj promete um ambiente animado diariamente pelo melhor do louge music, numa pegada eletrônica contemporânea difícil de achar na cidade. O cardápio do Taj busca consubstanciar esse forte resgate de países como Indonésia, Japão, Índia, Laos, Tailândia e Camboja. Com um cardápio de sushi muito variado e pratos quentes fieis à refinada gastronomia indo-tailandesa, a casa não promete nada além de um sabor inovador para o exigente paladar do brasiliense. Para acompanhar, o Taj não deixa por menos e reinventa o quesito bar. O Taj Pharmacy é uma nova forma de apre-
Ainda faltam alguns dias para o 29º aniversário do restaurante Dom Francisco, inaugurado em 22 de julho de 1988, mas a comemoração já rola desde o início do mês e vai até 9 de agosto. Desta vez, o chef Francisco Ansiliero resolveu brindar sua fiel clientela com uma seleção de cinco pratos servidos a partir das 18h na unidade da Asbac (SCES, Trecho 2, tel. 3226.2005). Três receitas são à base de bacalhau: desfiado (foto), gratinado e à Gomes de Sá, todos acompanhados de arroz de brócolis. Custam R$ 110 e servem duas pessoas. Os outros pratos são o prime steak (R$ 59, individual) e o prime rib (R$ 98, para duas pessoas), ambos com farofa de ovos.
Burger 100% angus
Dose dupla
Uma pechincha
Dois drinks pelo preço de um parece ser um atrativo irresistível para os “beberrões” brasilienses. Tanto que a promoção da dose dupla na happy hour se espalha cada vez mais pelos botecos da cidade – e mesmo por restaurantes bem conceituados, como o Santé 13 e o Coco Bambu. No Santé 13 (413 Norte, Bloco A, tel. 3037.2132), todos os sábados, das 16 às 19h, são três os drinks que dão direito a outro gratuito: a caipifruta de frutas vermelhas (foto), limão, tangerina e pimenta, maracujá, abacaxi com manjericão ou cravo e canela (R$ 19), o caipisaquê (R$ 23,50) e o mojito, clássico cubano preparado com rum gold, club soda, limão e hortelã (R$ 20,90). No Coco Bambu do shopping DF Plaza, de Águas Claras, também aos sábados, das 17h30 às 20h30, dose dupla de caipirinha e chope e 25% de desconto em vários outros drinks.
Vale a pena subir a Epia Norte até o Colorado para conhecer uma das mais novas pizzarias da cidade, a Pinna (tel. 3591.7444). Mas o melhor é ir na quarta-feira, dia do rodízio de pizzas. São mais de 30 sabores ao preço de R$ 22, com direito ainda ao bufê de caldos verde, de feijão e de frango. A pizzaria é bem espaçosa, com capacidade para receber até 300 pessoas.
Dobradinha perfeita
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Neste inverno excepcionalmente frio, nada como uma comidinha quente – um risoto, por exemplo – na companhia de um bom vinho. Na Hostaria Dei Sapore (212 Sul, Bloco A, tel. 3346.3234), a dobradinha – risoto de funghi (foto acima), de gorgonzola com pera e nozes ou de abóbora + taça de vinho da casa – custa R$ 59,90 até o final do mês, no jantar. No Villa Tevere (115 Sul, Bloco A, tel. 3345.5513), o tradicional festival de risotos chega à sua oitava edição. Ao preço de R$ 71, o cliente escolhe uma das nove versões de risotos criadas pelo chef Flávio Leste, entre elas essa aí da foto abaixo, que leva tomates italianos, azeitonas pretas, alcaparras e linguiça de pernil suína. A entrada é cortesia da casa: uma pot-pie di funghi, quentinha, feita com creme de champignon e queijo gruyère e servida em ramequim coberta com massa folhada crocante. Para acompanhar qualquer uma das versões de risoto a casa sugere o vinho tinto chileno Cosecha Tarapacá (R$ 68). O festival vai somente até o dia 26 de julho, no almoço de 3ª a sábado e no jantar de 2ª a 5ª feira.
Comidinha caseira
Brilhante combinação
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André Violatti
Creme de abóbora com gorgonzola e gengibre (R$ 15,90), caldinho de feijão (R$ 12,90), filé de peito de frango com purê de batata, bacon e legume da estação (R$19,90) e ravioli de rabada (R$ 39,90) são algumas das muitas receitas caseiras apreciadas pela clientela do restaurante Bla’s (406 Norte, Bloco D, tel. 3879.3430). Mas nenhuma delas supera em popularidade essa mousse de chocolate meio amargo (R$ 15,90) preparada pela avó do chef Gabriel Blas. “Ela sempre foi sensação lá em casa. Quando pensei em montar o restaurante, quis trazê-la para o cardápio, peguei a receita, segui o passo a passo, mas não teve jeito: a da vovó sempre ficava melhor. Então, sugeri que ela fizesse para vender no restaurante e ela aceitou”, rende-se o neto. Divulgação
Finas iguarias, como o dyo de vieira trufada, o atum com foie gras e os niguiris de salmão trufado, estão presentes na versão mais sofisticada dos combinados servidos desde o final de junho pelo Nikkei Sushi Ceviche Bar (SCES, Trecho 2, tel. 2099.2460). Com 15, 20, 22 ou 30 peças, os combinados custam entre R$ 69,90 e R$ 199,90. O mais barato tem 15 unidades, entre elas sahimis de anchova negra, salmão e atum maçaricados; uramakis hot philadelfia com crispy de couve; empanadinhos de salmão e niguiris de salmão. O mais caro (foto), além das iguarias já citadas, é composto por salmão e atum maçaricados, acelga maki de salmão empanado e de maki spice tuna, num total de 30 peças.
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De origem escocesa, a angus é uma carne marmorizada, ou seja, com a gordura entremeada na musculatura do animal. Por isso mesmo, saborosa e macia como poucas. Pois é com essa carne que são preparados, agora, todos os sanduíches do Johnnie Special Burger (Sudoeste, Noroeste, 312 Sul, Guará, Águas Claras e Taguatinga). E sem qualquer aumento de preço.
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GARFADAS&GOLES
Olha que o futebol engorda
LUIZ RECENA
lrecena@hotmail.com
O Botafogo engorda. Vinha com quilos na barriga e pulgas atrás da orelha pensando sobre o fato. E cheguei a essa conclusão nas últimas semanas, tantos foram os jogos e as alegrias que meu alvinegro propiciou, com belas performances, resultados positivos. Mesmo na adversidade jogamos bem. A análise técnica do nosso desempenho é para os especialistas. Mantenho-me, modesto, nas panelas, pratos, garrafas e copos. Não sei se as agremiações co-irmãs causam o mesmo, mas do meu lado repito: o torcer pelo Botafoguinho engorda. Ou, voilà, pode engordar. Ao fazer a “remissão dos pecados” lembro detalhes, não sórdidos, mas capazes de fazer corar a careca de um abade da Idade Média, após uma ceia em que a transgressão mais leve era um pernil de cordeiro, com ervas e vinho, tinto e bastante. Há clubes com apelidos que remetem à mesa, tipo galo, peixe, bacalhau e outros, mas deles que falem seus adeptos, por certo mais sabedores do que o colunista.
Até a pé é dieta?
Familiares gremistas informam que os arredores do velho Estádio Olímpico, em Porto Alegre, em dias bonitos de qualquer estação ou campeonato se transformavam em braseiros imensos. Muita carne, cerveja idem. Agora, na nova arena, o espaço é maior e o resultado também. Imagens aéreas outro dia confundiram técnicos da meteorologia: seria um incêndio florestal? Nada, era só a gauchada tricolor fazendo uma boquinha antes de entrar para assistir a um jogo do seu time. Os quilos a mais não aparecem. Dizem os entendidos que a resposta está no hino, que ordena aos tricolores ir “até a pé” para o jogo, preparados para o que “der e vier”. Carne e cerveja.
Brimos e bar, letras do brazer
Na 304 Norte, o BSB Grill é comandado por dois primos, Issa e Lucio. Botafoguenses, claro. A letra B, de prazeres, excede. A carne é de primeira, os pontos correspondem ao pedido, entradas da culinária árabe fazem com que você pense que Alá foi sábio ao não mandar bom futebol para lá. O que foi de petróleo está ótimo. Chope gelado, cervejas também, vinho do bom. Tudo isso engorda? Não. As emoções sim. Cada emoção é mais gramas: lances, chutes, amigos que passam (até mengos, bascos ou curíntias, quando o jogo é de Libertas) para dar força. Há raposas mineiras fiéis (elas existem!) para acelerar o provimento
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de pratos e copos. E o sofrimento? Esse também incentiva as arrobas a mais. Provoca sede mais do que fome. Esta, saciada antes, nada às braçadas nos líquidos que desaguam nesse Mare Nostrum.
Fogo no frio
O BSB Grill norte é nossa Plaza Mayor, mas temos opções. A mais segura é a nau do almirante Agsas, nos limites do Lago Sul, onde nos refugiamos às vezes, entreverados com netos sinônimos de simpatia e até um ilustre flamenguista, que não seca. Vejam vocês!.. Pois nessa nau de insensatos o almirante dá as ordens: garanto o provimento do vinho, cuidem do churrasco! Içamos âncoras e nos lançamos ao mar... Há momentos, raros, em que o Tratado de Tordesilhas precisa ser invocado e as inglesas imaginárias (leis e ladies) nos indicam que o Brasil e o Plano Piloto ficam para lá de Gibraltar. Ide em paz! E assim fazemos, com alguns quilos a mais.
O velho e o novo
Só Drink’s, esse o nome do bar da 403 Norte onde começou a alegria de ver o Botafoguinho fora de casa. Continua lá, cerveja gelada, clima de geral, Botafogo, Botafogo! Tem coisa nova: Praia de Botafogo, final da W3-Norte, 713/14. Está escondido, como convém a um santuário botafoguense. Volto ao tema depois.
PÃO&VINHO
Saldão de inverno Como sabem, todo início de ano faço cá na coluna um saldão de vinhos cujos comentários ficaram para trás ao longo do ano anterior. Bem, são tantos os vinhos degustados que entendo necessário novo saldão, agora no meio do ano, de inverno, mas para compensar escolhi apenas “vinhos de sonho”. Então, sem mais delongas, vamos ao trabalho mais que agradável e compensador: falemos de vinhos maravilhosos. Iniciamos, claro, com um espumante, na verdade um champanhe, diga-se de passagem, dos melhores, uma garrafa de La Grande Anné 1999, da Bollinger. O champanhe de 007. James Bond não escolhia bem apenas mulheres, mas seus vinhos também. No início bebia Dom Pérignon, mas rapidamente adotou essa maravilha que é a Bollinger. Foi a primeira vez que degustei esse champanhe, e ele não decepcionou: de um dourado brilhante, com notas cítricas, tostadas, com misto de castanhas, frutas secas, especiarias doces e baunilha, além, é claro, de um belo toque de panificação, tudo, aliás, confirmado em boca. Até hoje o melhor champanhe que já degustei. Extraordinário! Agora os tintos: primeiro um Don Melchor 2009, que continua sendo um dos melhores Cabernets do Chile, portanto, um dos melhores vinhos do Chile. De rubi vivo, com aromas de chocolate, cereja negra, café e cassis, além de toques de tabaco e húmus. Traz em boca boa estrutura de taninos elegantes e potentes, com acidez ideal. Grande vinho, como sempre! Depois, o tão afamado Opus One, também 2009. O vinho é escuro como a noite, fechado em cor e ainda por amadurecer por muitos anos. Nem por isso deixou de ser bom, ainda que mais bomb wine do que o ideal para meu paladar. Ao nariz traz tabaco, cedro, ervas tostadas, chocolate, café e um toque de azeitonas pretas. Na boca é opulento, absolutamente mastigável. Para quem gosta dos bomb wines é, certamente, um dos seus melhores exemplos.
ALEXANDRE FRANCO pao&vinho@agenciaalo.com.br
De Portugal, uma descoberta minha. Ainda não há importador no Brasil, mas haverão de trazê-lo em breve, pois é mais que merecedor o Cistus Grande Reserva 2009, um exemplar de grande vinho do Douro. Com Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, esse vinho vem em cor rubi intensa, quase púrpura. Um vinho masculino, musculoso, mas ainda assim macio. Com muita fruta madura em compota e alguma madeira tostada. Na boca é carnudo e untuoso, lembrando uma barra de chocolate. Grande vinho! Da Espanha, um de seus ícones, o Casa Cisca, das Bodegas Castano de Yecla. Um varietal de Monastrel de altíssima qualidade. Escuro, mastigável, definitivamente opulento, mas ao mesmo tempo redondo, elegante, um vinhaço. Vermelho escuro, profundo, com aromas de frutas maduras em geleia e toques tostados, com cacau e especiarias doces. Na boca envolvente, pleno, carnudo, com acidez gastronômica perfeita. Para mim, o maior espanhol de casta diversa da onipresente Tempranillo. Dos tintos que relato, meu maior, o Château Bel Air Marquis d’Aligre 1978. Um exemplar de Margaux que talvez tenha sido o melhor tinto que já degustei. Um vinho já na sua maturação perfeita, de cor ainda rubi, com frutas vermelhas e claro mentolado. Na boca muito aveludado. Simplesmente delicioso! Para sobremesa, o melhor do gênero vindo da Alemanha: o Manz Silvaner Eiswein 2012. Dourado claro, com notas de mel e nozes e acidez maravilhosa. Um vinhaço de sobremesa. Finalmente, para após o café, um Bas Armagnac Laubade 1986. Aguardente vínica sublime. Com aromas amanteigados e notas de nozes, palato cremoso, sedoso, macio, eterno. Fantástico! Depois de tudo isso, só posso observar que a vida não é apenas boa, é cada vez melhor.
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Coadjuvantes
HAPPY HOUR
“Nossos livros estão empoeirados; canecas de cerveja nos fazem mais sábios. A cerveja nos dá prazer, os livros só frustração!”
RONALDO MORADO @ronaldomorado
Johann Wolfgang Von Goethe, escritor e pensador alemão
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A apreciação da cerveja, embora requeira informalidade, se dá em companhia de alguns atores que, mesmo sendo secundários em importância, fazem parte do ambiente cervejeiro, cada um com seu script específico. Copos, tampinhas, rótulos, garrafas, latas, bolachas, toalhas, abridores etc. compõem o cenário do apreciador de cerveja tanto quanto bandeiras e camisetas permeiam o ambiente dos amantes do futebol. O copo é o coadjuvante mais importante no momento da degustação. É um personagem com um papel vivo na apreciação da bebida. A considerarmos a cultura belga, cada cerveja deveria ter seu próprio e distinto copo. Mas é importante entender que esse personagem não tem uma importância apenas decorativa nem é fetiche dos apreciadores de bebidas. Todos os modelos cumprem seus papéis de acordo com sua forma e função. Até aproximadamente 200 anos atrás, era comum beber cerveja em canecas de cerâmica, que não permitiam apreciar a cor e a transparência da bebida nem observar a formação da espuma. Hoje, as grandes cervejarias se esforçam para determinar um tipo de copo para cada rótulo de cerveja produzido. Não se trata apenas de uma questão de marketing, mas, sobretudo, da escolha do recipiente que melhor expõe e valoriza as características e as qualidades da bebida. O copo deve valorizar o colarinho, elemento fundamental de qualquer cerveja. A missão da espuma de exalar os aromas, mas, também, de proteger o líquido da oxidação é favorecida ou dificultada pelo formato do copo em questão. O seu design pode valorizar ou depreciar a bebida, facilitar ou prejudicar a estimulação visual da transparência, cor e brilho da cerveja. Assim, cervejas mais delicadas, por exemplo, pedem copos leves e elegantes, que combinem com esse tipo de bebida e permitam explorar e acentuar o seu caráter – ou seja, o copo deve ser a sua vitrine. O material, o peso, a espessura da borda, o formato e a limpeza do copo são fundamentais para garantir o prazer na apreciação visual e valorizar os aspectos sensoriais da bebida. Para que se possa conferir o aspecto, a cor, o nível da espuma e sua degradação, a transparência do copo é fundamental. Por isso, devem ser evitados copos opacos, principalmente os de plástico, totalmente inadequados à apreciação de cerveja. Exceção seja feita a copos especiais de plástico rígido, transparentes, usados em competições de cerveja ou para degustação, assim como às tradicionais canecas opacas de
cerâmica apenas por seu indiscutível valor histórico. As cervejas Ale, por exemplo, possuem um aroma frutado, às vezes floral, com textura marcante. Por essa razão, devem ser servidas em copos que possam capturar e reter o buquê ou os odores voláteis, a fim de prolongar a boa sensação. Copos com a base mais estreita que a boca, como o Pint ou Caldereta, são adequados a quase todos os tipos de cerveja, por permitirem o espalhamento da espuma, devido à redução da área da superfície do líquido à medida que seu conteúdo vai sendo sorvido. Já as bebidas de trigo serão melhor apreciadas se reservarem um espaço para a espuma generosa que produzem e permitirem que sua opacidade, eventuais resíduos e o aroma específico de seu estilo possam ser percebidos. Para se apreciar a espuma, a clareza e a transparência das Lager claras, como a Pilsen, os copos mais indicados são os mais longos e esguios. Para cervejas das quais não se espera formação de espuma abundante, podem ser usados copos maiores e retos. É importante lembrar que a natureza simples e alegre da cerveja pede simplicidade, tanto em relação ao ambiente quanto em relação ao tratamento dispensado ao ato de servir e apreciar. Que não nos tornemos “beer-chatos” fazendo poses com o copo contra a luz para checar as qualidades da bebida. O copo, assim como a garrafa, sua. Isso acontece porque o líquido está mais frio do que o meio ambiente. Vários artifícios são usados para reter a umidade, que, apesar de não representar nenhum inconveniente para a degustação, incomoda o usuário. A famosas “bolacha”, elemento sempre associado à cerveja, é um dos assessórios utilizados para evitar que o líquido escorra na mesa. As primeiras bolachas conhecidas eram de louça e não tinham a função absorvente que têm hoje. Foram inventadas para cobrir os copos, protegendo a cerveja dos insetos. Hoje são um item quase obrigatório nas mesas da maioria dos bares e pubs em todo o mundo. No Reino Unido existem também as toalhas que, além de terem a mesma função absorvente das bolachas, demarcam o espaço do freguês no balcão ou na mesa e medem, tipicamente, 23x48 cm. Outra maneira de resolver o problema da umidade dos copos é a famosa “saia” de papel, utilizada na base dos copos que têm haste. Muito comum na Alemanha, onde é chamada tropfenfänger ou höschen, é um acessório que enfeita e dá elegância, e se tornou objeto de colecionadores.
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Cristiano Costa/SESC-DF
DIA&NOITE
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Leonore se vestiu de Fidélio para entrar numa prisão de Sevilha e tentar libertar seu marido Florestan, um nobre espanhol que luta pela liberdade. Preso por seu inimigo político Pizarro, diretor da prisão, Florestan foi condenado a morrer lentamente de fome. Assim é, em resumo, a ópera Fidélio, de ninguém menos que Ludwig van Beethoven (1770-1827). Uma montagem completa e inédita da única peça do gênero composta pelo gênio da música clássica alemã estará em cartaz de 26 a 30 de julho, às 19 horas, no teatro da Escola de Música de Brasília. A regência ficará a cargo do maestro Artur Soares, que vai comandar a Orquestra e Coro da Capital Philharmonia. Fidélio contará com a participação de nomes importantes do canto lírico nacional, como Lício Bruno, do Rio de Janeiro, Carlos Eduardo Marcos e Alan Farias, de São Paulo, e Marília Oliveira, de Santa Catarina. Entre os profissionais de Brasília com papel de destaque estão Janette Dornellas e Érika Kallina, que vão se revezar no papel principal de Leonore. A ópera será apresentada em alemão, com legendas em português. Fidélio estreou 1805, mas não obteve o sucesso esperado, principalmente pelo momento histórico conturbado da época, com o exército napoleônico invadindo a cidade de Viena, onde vivia o compositor alemão. No ano seguinte ele encenou nova versão da ópera, mas de novo não obteve sucesso. Apenas oito anos depois, em 1814, a versão definitiva da ópera estreou, tornando-se uma das obras mais importantes do repertório lírico até hoje. Ingressos a R$ 20 e R$ 10, à venda em www.toibrasilia.com.br/bilheteria.
jogodecenaférias Divulgação
Divulgação
Música, cinema, teatro, dança, artes plásticas, performance, literatura... todas as linguagens artísticas e todos os estilos, sem discriminação, na defesa da diversidade cultural! Assim é conceituado o Jogo de cena, uma vitrine que apresenta as novidades do cenário artístico de Brasília. Nele, os artistas têm a oportunidade de mostrar seus trabalhos inéditos ou um trecho de seus espetáculos que estejam em cartaz. Os apresentadores do Jogo de Cena distribuem prêmios durante brincadeiras com a plateia e apresentam uma agenda cultural dos eventos. A apresentação é dos comediantes Rodolfo Cordón e Ricardo Pipo. Dia 19 de julho, quarta-feira, às 20h. Não será permitida a entrada após o início do espetáculo. Ingressos a R$ 20 e 10. Bilheteria: 3206.6456.
numsubterrâneo
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longevidade Divulgação
Escondido. Em inglês, Hidden. Esse é o nome do espaço que acaba de ser inaugurado, mais precisamente uma passagem subterrânea da Avenida das Nações, com entrada pelo Píer 21. A frieza de concreto dará lugar ao colorido das salas de estar, com sofás e poltronas e uma iluminação intimista. Com a proposta de oferecer bons vinhos e música de qualidade, os proprietários do Projeto Hidden 15°49’02.0”S 47°52’32.0”W prometem criar experiência aconchegante de uma interação entre amigos sendo recebidos na sala da sua casa. Projeto similar já foi instalado em locais inimagináveis dos Estados Unidos. Um deles, uma casa destruída pelo furacão Katrina na cidade de Nova Orleans. Outro, uma caixa d’água em forma de torre abandonada em Nova York e outro, ainda, em casa desocupada, ao lado da linha de trem em Miami. De quinta a domingo, das 17h a 1h. www.facebook.com/hiddenbrasilia
Até 2050 o Brasil terá 64 milhões de idosos, 30% da população, em comparação aos atuais 12%. Os dados são da Organização das Nações Unidas, que informa também que em 2025 o Brasil deverá ocupar o sexto lugar em número de idosos no mundo. Cada vez mais, portanto, os programas destinados a esse público obtêm destaque, como é o caso da Feira da Longevidade, marcada para os dias 28,29 e 30 de julho na área externa do Brasília Shopping. Apresentações culturais, oficinas, desfile de senhoras e palestras estão na programação, entre elas uma com a especialista em fisioterapia geriátrica e gerontológica Sara Brandão, que falará sobre como a postura pode potencializar a autoestima. Outra palestra será com o filósofo Theófilo Silva, autor dos livros A paixão segundo Shakespeare e Shakespeare indignado, sobre a vida do dramaturgo inglês e as curiosidades de sua obra aplicadas aos dias atuais. Os visitantes da feira também terão acesso a profissionais aptos a medir a pressão arterial, a realizar exames de glicose e ocular básico. Programação completa em portallongevidade.com.br/feira-2017/
Leonore Mau
olharsensível Ela viveu entre 1916 e 2013 e retratou vários aspectos do cotidiano do Brasil no período da ditadura militar. Com o escritor e “etnopoeta” Hubert Fichte (19351986), constituiu uma parceria amorosa e criativa fora dos padrões e baseada no fascínio pelas culturas de matriz africana. É o trabalho da fotógrafa alemã Leonore Mau que está no foco da exposição A casa de Leonore Mau, em cartaz no CCBB até 20 de agosto. Nas 140 fotografias clicadas nas décadas de 1960 a 1980, o visitante encontrará registros de trabalho infantil, do desajuste social das favelas, detalhes da arquitetura, do carnaval, passando ainda pelas praias e cerimônias religiosas afrobrasileiras. Todos foram realizados durante viagens a Salvador, Rio de Janeiro, Recife, São Luís, Aracaju, Porto Alegre e Brasília. Com curadoria do professor de história da arte Alexandre Santos, foi produzida pelo Goethe-Zentrum Brasília e Goethe-Institut Porto Alegre, em parceria com Embaixada da Alemanha. Segundo o curador, a noção de etnopoesia em voga na época é incorporada às poéticas das fotos, pois propõe um distanciamento da presunção intelectual europeia. “De amplitude pós-colonialista, a fotografia de Leonore Mau bebe nessa mesma fonte, pois não cataloga o exotismo do outro gratuitamente ou por interesses estéticos. Para além disso, ela produz um olhar sensível e interessado na sobreposição de camadas entre o exótico e o familiar, a casa e o desterro, os ajustados e os desajustados sociais”, afirma. De terça a domingo, das 9 às 21h. Entrada franca.
Acabou a desculpa de quem diz não ter tempo para visitar os museus. O Museu da Câmara dos Deputados lança três exposições virtuais: uma sobre o acervo artístico e a arquitetura da Câmara, outra sobre o Palácio Tiradentes (antiga sede do Poder Legislativo, no Rio de Janeiro), uma terceira para mostrar os presentes recebidos por autoridades e doadas ao museu. Das obras que foram digitalizadas para o Google Arts & Culture, 50 foram capturadas em ultra resolução pela Art Camera, possibilitando uma visão muito mais detalhada das peças. Um tour em realidade virtual leva os “visitantes” aos diferentes andares da Câmara, enquanto os guia pelas obras do plenário. Há ainda seis itinerários virtuais pelo Street View nos edifícios que compõem a Câmara, passando pelos diversos ambientes e permitindo até mesmo uma vista da Esplanada dos Ministérios a partir do terraço do Congresso. Do acervo, que inclui livros raros, obras de arte e mobiliário que datam desde 1823, destacam-se várias preciosidades, entre elas Candangos, de Di Cavalcanti, sua maior criação em importância e tamanho, com mais de dois metros de altura e quase nove de comprimento, e Tiradentes ante o carrasco, de Rafael Falco. O Google Arts & Culture já colocou na rede acervo de mais de mil museus em todos os cantos do mundo. Visite as três exposições virtuais em https://www.google.com/ culturalinstitute/beta/partner/camara-dos-deputados-brasil
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esculturasbrasileiras Até 9 de agosto, os artistas plásticos Humberto Ayres, Katia e Morgana Moraes expõem seus trabalhos no Centro Cultural Câmara dos Deputados. Na exposição Concreta, o escultor e artista gráfico mineiro Humberto Ayres apresenta três gravuras digitais e três portais tridimensionais em concreto folheados a ouro. Inspirado nas paisagens urbanas, o trabalho foi realizado com material utilizado na construção civil. Já as irmãs brasilienses Katia e Morgana Moraes fazem uma releitura do Muro Escultórico de Athos Bulcão, obra que se encontra no Salão Verde da Câmara dos Deputados. A coleção Mesa Athos é composta de três cubos vazados trabalhados em MDF e vidro, laqueados nas cores verde-oliva, branca com azul-cobalto e em lâmina de pau-ferro. A exposição coletiva de esculturas brasileiras pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9 às 17h, no Espaço do Servidor (Anexo II). Entrada franca.
aventuranomar Um programa de fim de férias para agradar a molecada é o espetáculo Uma aventura no mar, inspirado na animação da Disney e com montagem da companhia Néia e Nando. Em cartaz no Teatro da Caesb (Av. Sibipiruna, lotes 13/21, Águas Claras) até 23 de julho, conta a história de Moana, filha do chefe de Motunui, que cresceu aprendendo que seu lugar era em terra firme e cuidando de seu povo. Contudo, apaixonada pelo mar, a menina descobriu que ele a escolheu para restaurar a vida em nosso mundo. Embarca, então, em uma aventura atrás do responsável por todos os problemas: Maui, um semideus da água e do ar. Ingressos a R$ 60 e R$ 30, à venda na bilheteria do teatro, nas lojas físicas da Bilheteria Digital e em Óticas Carol (Águas Claras Shopping). Sábados e domingos, sempre às 15h. Divulgação
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exposiçõesvirtuais
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DIA&NOITE
palcogiratório Dança, circo, teatro e oficinas para adultos e crianças fazem parte da programação do festival Palco Giratório, em sua 20ª edição, em cartaz até 30 de julho. Realizado pelo Sesc, apresenta 20 espetáculos e performances com grupos locais e de outros Estados brasileiros. São cinco espetáculos locais, vencedores do Prêmio Sesc de Teatro Candango 2016 – Fio a fio, Eros, O toco, Kahlo e Entrequartos –, além de um espetáculo do Grupo de Pesquisa Cênica do Sesc-DF, O milagre das mãos. A novidade desta edição é o incentivo aos grupos e espetáculos de rua. Segundo o assistente de Cultura do Sesc-DF Leonardo Braga, o Palco Giratório está ainda mais plural, com a descentralização das apresentações para as atividades de rua, espalhadas pela cidade. “Nesta edição, vamos conseguir democratizar o acesso ao evento, levando os espetáculos para além do Teatro Garagem. O Sesc Gama, o Sesc Ceilândia e o Sesc Taguatinga Norte também receberão espetáculos do projeto, além, é claro, do reconhecimento ao teatro de rua ”, destaca Leonardo. A programação completa pode ser acessada em http://www.sesc.com.br/portal/site/PalcoGiratorio/2017/Espetaculos/
cinemadebrasília
Estudantes de universidades e escolas técnicas de artes cênicas de todo o país estarão reunidos em Brasília entre 22 e 28 de setembro, quando acontece o CéU, primeiro festival nacional de teatro universitário do Distrito Federal. Na programação do Cena Universitária Nacional de Brasília estão espetáculos, oficinas e debates que estimulem a cena teatral local e nacional. As inscrições para as companhias que desejem participar do festival podem ser feitas em www.cenauniversitaria.com. Serão selecionados sete espetáculos, sendo dois do Distrito Federal. O resultado será divulgado dia 11 de agosto e os espetáculos selecionados deverão confirmar suas presenças até 16 de agosto.
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avante,patriotas! Há exatos 200 anos eclodia a Revolução Pernambucana. O movimento de emancipação do Estado nordestino teve como causas a crise econômica que afetava o comércio, a forte seca que assolava a região e as despesas exageradas da Corte recém-chegada ao Rio de Janeiro, que obrigava o Governo de Pernambuco a pagar pesados impostos para custeá-la. Influenciado pelas ideias iluministas, o movimento estabeleceu um governo provisório que terminou após 75 dias, depois de sofrer dura repressão. Esse pedaço da História do Brasil está contado na mostra Avante, patriotas! 200 anos da Revolução Pernambucana, em cartaz até 2 de agosto no corredor de acesso ao plenário da Câmara dos Deputados. Lá estão reproduções de obras raras, como o quadro Benção das bandeiras republicanas, de Antônio Parreiras, e o retrato de D. João VI feito pelo pintor e desenhista francês Debret. De segunda a sexta-feira, das 9 às 17h. Entrada franca.
Quarenta e oito documentários, filmes de ficção e híbridos que refletem a identidade da jovem Brasília. É assim concebido o projeto Brasília em plano aberto, que até junho de 2018 ocupa o cinema do CCBB na primeira quarta-feira de cada mês. De acordo com os curadores Maurício Witczak e Wol Nunnes, o projeto parte do princípio de que o cinema é um importante meio de se registrar a cultura e os costumes de um povo e um potente veículo de comunicação para disseminação de ideias. Propõe também o reconhecimento e o encontro com cineastas e a cidade, elevando a autoestima e estimulando o orgulho do que é pensado e produzido por aqui. Após cada sessão, há um bate-papo entre cineastas e espectadores. Essa interação continua na área externa da sala de cinema ao som de DJs que tocam trilhas sonoras marcantes da história do cinema. As bike-foods cuidam da parte gastronômica e etílica do projeto. Entrada franca.
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Curtas-metragens de até 20 minutos, finalizados a partir de 1º de janeiro de 2015 e que não tenham sido selecionados anteriormente, podem ser inscritos até 23 de julho na 12ª edição do Festival Taguatinga de Cinema. Documentário, ficção, animação, quaisquer gêneros e formatos de captação e de finalização são aceitos, desde que abordem o tema Nossa porção mulher. Criado em 1998 para estimular a produção de filmes independentes e roteirizados em contextos de emancipação sociocultural, o festival vai selecionar 24 produções que concorrerão aos prêmios de melhor filme pelo júri oficial (R$ 5.000) e pelo júri popular (R$ 2.000) e de filme mais votado online (R$1.000). Este ano o festival acontece de 1º a 4 de novembro, no Complexo Cultural Teatro da Praça, em Taguatinga. As inscrições gratuitas podem ser feitas no site www.festivaltaguatinga.com.br.
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inscriçõesabertas
oeternoromântico
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“Se quiser romance, beleza. Se quiser pegada, te pego. Se quiser ficar, tô pronto. Se deixar rolar, tô dentro”. Esse é o mais novo lema de Fábio Junior em O que importa é a gente ser feliz, uma das músicas de seu novo CD e parte integrante do set-list de seu show acústico, que acontece dia 22 no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O repertório foi escolhido pelo público em enquete feita em suas redes sociais. Além dos mais recentes sucessos, como Tô investindo nessa história e Eu acredito de novo, não faltarão no show os clássicos de sua carreira Só você, O que que há, Alma gêmea e Caça e caçador. A banda que o acompanha nessa tournê é formada por Amador Longhini no teclado e direção musical, Álvaro Gonçalves na guitarra e violão, Bruno Coppini no baixo, Gustavo Barros na guitarra, Pepa D'Elia na bateria e Aldo Gouveia e Ellis Negress nos vocais. Ingressos individuais entre R$ 80 e R$ 200 e ala vip longe a R$ 1.500 (sofá para quatro pessoas na frente do palco). À venda em www.bilheteriadigital.
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obsoletoteatro
nomangue Elisa Mendes
Obsolescência é um termo que se aplica a tecnologias que caíram em desuso e foram substituídas por outras mais modernas. Essa é a explicação para o nome da Mostra do obsoleto do teatro, uma maneira bem humorada de brincar com a ideia de que, em plena era digital, o teatro, lugar de arte como convívio, pode parecer coisa do passado. Até 6 de agosto o Espaço Pé Direito, na Vila Telebrasília, apresenta seis espetáculos, quatro deles estreantes, um reestreando e um em segunda temporada. Grande parte dos envolvidos são atrizes e atores que desenvolvem trabalhos autorais, como pesquisadores da linguagem teatral. “O mais relevante para mim nessa iniciativa é a possibilidade de se juntar para fazer uma produção mais forte. A opção de uma mostra alternativa, que diversifique as curadorias dos festivais estabelecidos na cidade” diz Fernando Carvalho, que estreia o espetáculo Ovelha Dolly, dirigido por ele. “É urgente se resgatar o valor, relevância e reconhecimento do nosso teatro” complementa Rafael Toscano, à frente do espetáculo Maniva, também estreante. Sextas-feiras, às 20h30, sábados e domingos, às 18 e às 20h30. Programação em www.facebook.com/ events/236953520156001. Ingressos a R$ 40 e R$20, nos dias de espetáculo, e R$15 a entrada antecipada à venda em www.sympla.com.br/mostradoobsoletoteatro.
Paki
pluft,ofantasminha Está de volta, no Teatro Goldoni (EQS 208/209), o clássico infantil que explora o nascimento de uma amizade entre o fantasminha Pluft, que tem medo de gente, e a menina Maribel, que tem medo de fantasmas. Escrita pela dramaturga Maria Clara Machado (1921-2001) e encenada pela primeira vez pelo grupo Tablado, do Rio de Janeiro, em setembro de 1955, a peça volta aos palcos brasilienses pela companhia Mundo Fantástico. Com direção de Leonardo Gomes, fica em cartaz até 29 de julho, com sessões às 17h aos sábados e domingos. A peça se destaca pela interatividade com as crianças e descontração do texto. Ingressos a R$ 40 e R$ 20, à venda na bilheteria do teatro.
A música eletrônica se junta aos tambores de maracatu, o “manguebeat” de Chico Science (1966-1997). Está ambientado assim o espetáculo que conta a história de Cosme, um ex-catador de caranguejos do mangue carioca convocado para integrar as forças brasileiras na Guerra do Paraguai, no Século 19. Enlouquecido no campo de batalha, ele volta para o Rio de Janeiro e encontra uma cidade em transformação. Intitulada Caranguejo overdrive, a montagem da companhia carioca Aquela Cia estará no teatro da Caixa Cultural até 23 de julho. Com direção de Pedro Kosovski, tem trilha sonora com canções originais que criam um diálogo com a performance dos atores Carolina Virguez, Eduardo Speron, Matheus Macena, Fellipe Marques e Alex Nader. Ingressos a R$ 20 e R$ 10.
projetoliteraturas A escritora, poeta e artista plástica Laura Erber é a convidada do último encontro do projeto Literaturas, que acontece dia 24 de julho no CCBB. Ela participa de uma oficina de poesia, das 17 às 19h, e, em seguida, de um bate-papo com Paulo Paniago. Laura Erber é professora adjunta do departamento de Teoria do Teatro da UniRio, onde leciona Teoria e História da Arte. Ela é autora de Os corpos e os dias (Editora de Cultura), finalista do Prêmio Jabuti 2009 na categoria poesia, e do romance Esquilos de Pavlov (Alfaguara), finalista do Prêmio São Paulo de Literatura e do Prêmio Jabuti. As duas atividades são gratuitas. Para a oficina é necessário se inscrever com antecedência no e-mail textointermidia@textointermidia.com.br. Para o debate, basta retirar as senhas na bilheteria do CCBB, a partir das 19h. Informações: 3108.7600.
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ESPORTE&LAZER
O cerrado virou praia POR LÚCIA LEÃO
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mais uma vez cumpre-se a profecia: o sertão virou mar. Ou melhor, o Lago Paranoá virou mar e um pedacinho da sua orla ganhou areia fina com toda estrutura e conforto das
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melhores praias mediterrâneas. Pelo menos é nisso que apostaram a R2 Produções e três outras grandes produtoras da cidade – Medley, Verri e Verri e Agência Nout – nesta edição do Na Praia, um megaevento que movimenta a temporada de seca na cidade pelo terceiro ano con-
secutivo. Desde 30 de junho e até 27 de agosto, o complexo montado em 14 mil m2 de área atrás da Concha Acústica será palco de grandes shows, praça de esportes e centro de badalação em torno de pistas de dança e de algumas das grifes gastronômicas mais tops de Brasília. Na programação tem música para todos os gostos. No palco principal, onde a capacidade de público é de sete mil pessoas, vão se apresentar, a partir deste sábado, dia 15, Gusttavo Lima, os grupos Aviões e O Rappa, Ivete Sangalo, Jorge & Mateus, Rael e Dennis e Vintage Culture (veja datas na página 28). Além dos grandes shows, que acontecem nas noites de sextas e sábados, também estão programadas baladas de gêneros variados para todos os finais de tarde de domingo. Nas quintas-feiras de agosto o espaço está reservado para programas mais intimistas, com grupos de jazz e MPB. Se festas e megashows já são eventos
corriqueiros em Brasília, o cenário é mesmo o que surpreende no Na Praia, dando a esse pedacinho de Brasília ares praianos e envolvendo o público no clima de Ilha da Fantasia. Nem o vento cortante e as baixas temperaturas intimidaram o público de duas mil pessoas que foram para lá nos dois primeiros finais de semana de julho. Sem dispensar os biquínis, calções e cangas próprias para se esticar na areia e até praticar surf na água gelada do simulador de ondas. “Daqui a pouco o sol esquenta! Ou então os exercícios” divertia-se a funcionária pública Cleide Martins, caminhando meio encolhida, em trajes de banho, em direção às catracas da praia. “Ou então um bom drink de vodka”, completou o namorado, Pedro Neves, de calção, camiseta e sandália de dedo. Além da “praia” propriamente dita, o evento oferece uma série de atividades esportivas, como aulas de crossfit, canoa ha-
vaiana, futvolei, stand up paddle e funcional, ministradas por diversas academias da cidade. Mas a vedete desta edição é o surf, simulado em uma estrutura com ondas que atingem a velocidade de 36 km por hora. Quem quiser pode levar a brincadeira a sério, participar do campeonato e ser avaliado pelo atleta Felipe Miyamoto, que vai considerar critérios de execução, fluidez e composição para escolher os melhores surfistas do Lago Paranoá. Dentro do complexo também existe uma vila gastronômica, com pontos de venda de lanches e pratos rápidos de algumas das maiores marcas de Brasília, como Baco, Beef Passion, Bsb Grill, Nazo Sushi Bar, Belini, duoO e Loca Como Tu Madre. O Bloco C também montou uma sucursal do restaurante capitaneado pelo chef Marcelo Petrarca sobre um deck flutuante transformado em um dos pontos mais sofisticados da “praia”. Toda essa oferta de diversão e entre-
Fotos: Bruno Soares
Todo fim de semana, até 27 de agosto, um mar de atrações musicais, gastronômicas e esportivas na orla do Lago Paranoá
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ESPORTE&LAZER
Bruno Soares
Bruno Soares
Bruno Soares
tenimento deve atrair para aquele canto do Lago Paranoá, até o final de agosto, um público de 14 mil pessoas por final de semana, o que significa uma alentadora movimentação econômica de um setor tão vulnerável à crise. Entre funcionários das empresas participantes e contratados temporários, são 1.700 trabalhadores no complexo, parte deles recrutados na própria Vila Planalto, a região administrativa do Na Praia. E toda essa movimentação com um desafio auto-imposto pelos produtores: sem produzir nenhum lixo. Ou quase nenhum. A meta é levar apenas os resíduos que forem produzidos ali para aterros sanitários, reaproveitando ou reciclando o restante. Então, se a praia de Brasília não é de graça – uma das características mais consagradas das praias de verdade – deve ser ao menos sustentável!
Na Praia
Até 27/8 no Setor de Hotéis de Turismo Norte, atrás da Concha Acústica. Classificação indicativa: sextas, 18 anos; sábados, 16 anos; domingos, livre. Passaporte para as festas: R$ 1.700 (homens) e R$ 1.500 (mulheres). Sextas-feiras (happy hour); R$ 50 (revertidos em consumação). Domingos (dias de praia); R$ 70 (sendo R$ 50 revertidos em consumação).
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15/7 – Gusttavo Lima R$ 240 (homens) e R$ 220 (mulheres). 22/7 – Aviões Xperience R$ 240 (homens) e R$ 220 (mulheres). 29/7 – O Rappa R$ 190 (homens) e R$ 170 (mulheres). 5/8 – Ivete Sangalo R$ 290 (homens) e R$ 260 (mulheres). 12/8 – Vintage Culture R$ 190 (homens) e R$ 170 (mulheres). 19/8 – Jorge & Mateus R$ 390 (homens) e R$ 320 (mulheres). 26/8 – Rael e Dennis R$ 190 (homens) e R$ 170 (mulheres).
Rubens Cerqueira
Rafa Mattei
Agenda de atrações e preços (valores de meia entrada)
Fotos: Divulgação
QUEESPETÁCULO
E vai ter circo sim, senhor! Companhia chinesa vem mais uma vez ao Brasil – e a Brasília – apresentar um espetáculo pensado especialmente para o país POR ANA VILELA
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esde aquele circo que levava, e ainda leva, a sua trupe pelas cidades do interior, deslumbrando crianças e adultos, até os dias de hoje, o circo jamais perdeu seu fascínio. Claro que muita distância há entre o picadeiro coberto por lona suja, as arquibancadas toscas de madeira e o aparente luxo do Circo Imperial da China, que vem a Brasília com o espetáculo As aventuras dos guardiões dos unicórnios, a ser apresentado no Ginásio Nilson Nelson, nos dias 12 e 13 de agosto, com sessões às 16h e às 19h. Mas o princípio circense, em qualquer dos casos, é o mesmo: o fantástico em cena, a estranheza, o espanto, o maravilhar-se diante da superação dos limites humanos. E agora, quando mais uma vez essa turma de esbugalhar olhos e parar respirações chega ao Brasil, a temática por si só já será algo além do real, em um show pensado especialmente para o país. Segundo o presidente e produtor cultural e executivo do Circo Imperial da China, John Regna, o promoter brasileiro Luciano Alves teve a visão de que os brasileiros, especialmente as crianças e o públi-
co mais jovem, curtiriam uma performance que misturasse a arte do circo chinês ao tema dos unicórnios. Assim, algumas das fantasias chinesas mais conhecidas foram modificadas e receberam, em adereços da cabeça, chifres do animal mitológico. “Especificamente, esse é o caso de dois atos: The group contortionist e The high pole. O chifre simboliza o unicórnio misturado com as habilidades humanas”, explica Regna. Também a performance dos mestres das artes marciais terá a presença de máscaras com referência ao tema. Luciano Alves, com vasta experiência em marketing de shows para todas as idades, contatou Regna e lhe perguntou se seria possível criar um show nunca visto antes, que incorporasse esses seres fantásticos. E os dois, com a ajuda de suas equipes, foram em busca de produzir um espetáculo que satisfizesse públicos diferentes, e que fosse único. “As habilidades artísticas do elenco representam força e dão bons exemplos de como pessoas jovens podem fazer quase todos os tipos de performances se dedicarem boa parte do seu tempo e energia para aprender as artes circenses”, comenta Regna. Lá se vão 20 anos desde a primeira
aparição do Circo Imperial da China no Brasil e já há a expectativa para 2018 ou 2019. Nas idas e vindas, Regna conta que aprendeu sobre os gosto dos brasileiros. “Beleza e graça, fantasias coloridas e brilhosas e música boa fazem o espetáculo ser um dos shows mais amados no país.” Para ele, apesar das mudanças tecnológicas e do público, o magnetismo provocado pelo mundo circense permanece: “O show tem algo para todo mundo. Também dizemos que pessoas de 5 anos até 105 anos de idade se divertem”. As aventuras dos guardiões de unicórnios será apresentado em dez cidades brasileiras. A companhia, que comemora 25 anos de renome mundial, é resultado de dois mil anos de história e arte do circo na China. Seus artistas dedicam as vidas ao desempenho, à superação de limites. Todos os shows são uma combinação de habilidades autênticas, o melhor de todas as modalidades acrobáticas. Corpos, adereços e fantasias coloridas se interagem, compondo a arte de enlevar o público. Circo Imperial da China
12 e 13/8, às 16 e às 19h, no Ginásio Nilson Nelson. Ingressos (meia): R$ 50 (área superior) a R$ 150 (cadeira pista VIP central), à venda nas lojas Setemares, Bilheteria e www.bilheteriadigital.com.br.
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Vera Bandeira
QUEESPETÁCULO
Dança por toda parte POR SÚSAN FARIA
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rasília não possui uma escola de dança pública, mas pelo menos uma vez por ano oferece oportunidade aos que gostam dessa arte e não têm condições financeiras de praticá-la ou apreciá-la. Trata-se do Seminário Internacional de Dança, que chega à sua 27ª edição oferecendo bolsas de estudo, aulas com renomados bailarinos e shows gratuitos ao público. A abertura foi na sexta-feira, 14, na Casa Thomas Jefferson da Asa Sul, e o encerramento será dia 23, no SESC da Ceilândia. “Nossas metas principais são o aperfeiçoamento e a abertura de caminhos para os bailarinos brasileiros”, explica a bailarina Gisèle Santoro, 78 anos, organizadora do Seminário. Davi Rodrigues, um garoto de Samambaia, é apenas um dos exemplos de quem participou do Seminário Internacional de Dança, ganhou bolsa para estudar no exterior e hoje é diretor da Lamondance, no Canadá. Ele participa do evento como professor e coreógrafo. Segundo Gisèle Santoro, muitos profissionais internacionais de balé vêm para o Seminário como “olheiros”, com a intenção de levar brasileiros para suas companhias. “Os bailarinos brasileiros são re-
quisitados porque têm alegria, paixão e improviso na dança, características do nosso país”, explica. São alunos que se tornam profissionais reconhecidos nas principais escolas de dança do mundo, como a Ópera de Viena, a Ópera de Zurique, o Ballet de Stuttgart, o Ballet du Capitole, de Toulouse, e o Jeune Ballet de France, de Paris, entre outros. Desde o início do Seminário foram concedidos R$ 1.338.716,50 e 572 prêmios para jovens bailarinos brasileiros de talento. “Os resultados são incríveis”, afirma Gisèle. Isabela Bianor, 20 anos, estudante de Artes Cênicas residente no Núcleo Bandeirante, participa pela terceira vez do Seminário: “É uma oportunidade para crescer na dança e crescer como ser humano. Uma formação preciosa que nos abre os olhos para o mundo”, diz. Este ano serão concedidas até dez bolsas em instituições parceiras no exterior, além de 100 bolsas para participar do Seminário, destinadas a crianças e adolescentes de regiões carentes ou em situação de risco selecionadas no programa Dançar para Viver, Viver para Dançar. A seleção é feita por um grupo de professores de dança e produtores culturais. Portadores de necessidades espe-
ciais terão aulas ministradas por professores da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação e mestres especializados na área. Desde o início do projeto, foram concedidas cerca de 1.800 bolsas de participação e quase 600 de premiação. A primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Cecília Kerche, e mestres da Alemanha, França e Espanha dão aulas no Seminário. Em paralelo acontecem competições em diversas categorias e níveis técnicos. Os vencedores serão premiados com medalhas e em dinheiro, e os de maior empenho podem participar da companhia de dança temporária do Seminário, a Dance 2000 Cia. de Dança. A 27ª edição do Seminário Internacional de Dança homenageia Eugenia Feodorova, bailarina ucraniana, mestra coreógrafa da Companhia Ballet do Rio de Janeiro, falecida há dez anos, responsável por montar no Brasil a obra completa de O quebra-nozes e o primeiro Lago dos cisnes completo da América do Sul. Seminário Internacional de Dança
Até 23/7, com apresentações na Casa Thomas Jefferson (906/706 Sul), Conjunto Nacional, SESC de Ceilândia, estações do metrô e diversas regiões administrativas do DF. Programação completa em www.dancebrasil.art.br.
Fotos: Divulgação
GALERIADEARTE
A arlesiana, de Vincent Van Gogh (1890).
A amazona - Retrato de Marie Lefébure, de Edouard Manet (1870-1875).
Preciosidades do Masp POR ALEXANDRE MARINO
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averá quem estranhe o rosto quase sorridente da Arlesiana, uma raridade entre os personagens quase sempre carrancudos retratados por Vincent Van Gogh. O pintor holandês fez várias versões desse quadro, e este do qual falamos pertence ao acervo do Museu de Arte de São Paulo (Masp). De lá vêm cerca de 100 obras para a exposição Entre nós – A figura humana no acervo do Masp, que poderá ser vista a
Arabesque, de Edgar Degas (1919-1932)
partir de 18 de julho no Centro Cultural Banco do Brasil. A pintura de Van Gogh estará ao lado de obras de Gauguin, Goya, Velásquez, Manet, Picasso, Renoir, alguns dos grandes nomes da arte universal, sem falar de brasileiros que podem ser incluídos no mesmo rol, como Portinari, Burle Marx, Pancetti. É uma longa lista de obras-primas – não apenas pinturas, mas esculturas, desenhos, fotografias – que estarão expostas até 18 de setembro, após terem passado pelo CCBB do Rio e de São Paulo. Há obras emblemáticas nas várias partes da exposição (Presenças, Retratos, Corpos, Ações, Simultaneidades). Comparecem os brasileiros Oswaldo Goeldi e Anita Malfatti, o mexicano Diego Rivera, o lituano Lasar Segall, os franceses Paul Cézanne, Paul Gauguin e Edgar Degas, o belga Anthony van Dyck, alguns exemplos da riqueza da mostra. Às obras vistas nas exposições anteriores se juntam duas recentes aquisições realizadas via Lei Rouanet: as pinturas Candombe, de Pedro Figari, e O artista, de Heitor dos Prazeres. O Masp tem a maior coleção de arte da América Latina. Esta mostra, nas palavras de Luciano
Migliaccio, curador adjunto de arte europeia do museu, é um exemplo da pluralidade do acervo do Masp. “É a primeira vez que se faz uma mostra tão completa e significativa do acervo do museu”, observa ele. As peças mais antigas da exposição, originárias da América pré-colombiana, datam dos anos 900-1200 d.C., iniciando um arco histórico que vem até os dias de hoje. O acervo faz um trajeto histórico entre várias formas de interpretação e contextos culturais, passando pela África pré-colombiana, Europa medieval e pré-renascentista, renascimento, até chegar à imagem fotográfica e ao uso da tecnologia na representação da figura humana. Nesse percurso, é interessante observar os desenhos de Albino Braz, ex-paciente do Hospital Psiquiátrico do Juquery, produzidos na Escola Livre de Artes Plásticas, doadas ao Masp em 1974 pelo psiquiatra Osório César. Essas obras, anteriormente catalogadas como “arte de alienados”, ganharam status de arte brasileira, participaram de exposição e hoje servem como amostra das relações entre arte e loucura. Da mesma forma, ao longo do tempo objetos com finalidades religiosas se
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GALERIADEARTE
Retrato de Leopold Zborowski, de Amadeo Modigliani (1916-1919), e Sem título, de João Musa.
transformaram em arte, como a boneca de terracota produzida na costa norte do Peru entre os séculos 11 e 15 para culto funerário. Os ibejis, entidades da cultura iorubá, da Nigéria, também ocupam parte da exposição. A fotografia comparece como linguagem artística, e merecem destaque os trabalhos de João Musa. Um deles mostra um homem recostado numa televisão, como a protegê-la do fotógrafo. É interessante observar os deta-
lhes: um velho armário, sobre o qual descansa uma mala, uma estatueta do Buda, uma penteadeira, alguém debruçado à janela refletida no espelho. A mostra cobre períodos históricos fundamentais das artes plásticas, viajando do pré-renascimento, renascimento, iluminismo, impressionismo, pós-impressionismo, modernismo até a arte contemporânea, sempre tomando como tema a representação da figura humana,
São Francisco, de Cândido Portinari (1941)
em suas várias vertentes – a adoração aos deuses e santos, o poder do clero e da aristocracia, a denúncia social e política, a abordagem de conflitos. Tudo isso com a marca de um museu reconhecido internacionalmente pela importância de seu acervo. Entre nós – A figura humana no acervo do Masp
De 18/7 a 18/9 no CCBB (SCES, Trecho 2). De 3ª a domingo, das 9 às 21h.
Joias do modernismo TEXTO E FOTOS HEITOR MENEZES
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rasília, obra de arte a céu aberto. Este é certamente um dos melhores clichês sobre a capital, porque é verdade. Do traçado urbanístico aos prédios e monumentos, quis a história que a capital brasileira, erguida no ermo do Planalto Central, tivesse sempre uma obra de arte pelo caminho. E no caminho tem sempre um Athos Bulcão, um Burle Marx, um Bruno Giorgi, um Alfredo Ceschiatti, um Di Cavalcanti, uma Djanira. Tem sempre uma bela obra de arte a nos fazer parar, observar e sonhar. É pouco? Pois saiba que, dos 5.570 municípios brasileiros, a ínfima parte tem uma galeria de arte, um museu, uma biblioteca. Tá bom, Rio e São Paulo têm os melhores museus e as melhores exposições, mas Brasília não fica atrás. Os inventores dessa cidade foram mesmo ge-
niais: nem só de pão vive o homem, ou, como mataram a charada os Titãs: a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte.
Pois se você tem fome de alimento para o espírito, experimente passar pelo Banco Central, ali no Setor Bancário Sul. A instituição responsável pela taxa
básica de juros da nossa economia vai além da frieza desse papel e nos oferece a oportunidade ímpar de contemplar a arte moderna brasileira e aprender sobre a evolução dos meios de pagamentos. Isso porque a sede do BC abriga o Museu de Valores (inaugurado em 1972, no Rio de Janeiro, e transferido em 1981 para Brasília) e a Galeria de Arte, verdadeiros refúgios para quem não quer só dinheiro, mas dinheiro e felicidade. Por ora, fiquemos com a Galeria de Arte. Inaugurada em 1989 e depois revitalizada em 2006, fica localizada no oitavo andar do edifício-sede, e é lá que repousam joias do modernismo brasileiro. Em maio, a galeria voltou a exibir a exposição A persistência da memória, com a dupla função de exibir o acervo de obras de arte mantido pelo BC e contar um tanto da evolução das artes plásticas no Brasil, considerando o modernismo em diante. Como explica Karla Santos de Sá Valente, chefe do Museu de Valores do Banco Central (na foto à direita), não é possível exibir de uma vez todas as obras do acervo artístico. Por isso, optou-se por dividir os itens em seis módulos: Brasil, brasileiro; Entre a figuração e a abstração; O poder da Arte; Anos rebeldes; Da multiplicidade de formas e conceitos; e o último, que leva o título da exposição, A persistência da memória. O primeiro módulo serve como aula inicial dos caminhos que nossos artistas viriam a trilhar nas artes plásticas. A célebre Semana de Arte Moderna de 1922 espalha sua influência em obras de A a Z: de Aldemir Martins e Alfredo Volpi, a Tarsila do Amaral e Vicente do Rêgo Monteiro, passando por Cândido Portinari e Emiliano Di Cavalcanti, para ficar
nos mais conhecidos. Nessa aula de arte ficamos sabendo que a figuração é mais forte do que a abstração, e a explicação desse fato segue o argumento de que, na busca por uma arte essencialmente brasileira, era preciso retratar o povo e as paisagens, não exatamente de modo naturalista, mas com os elementos que permitiam a identificação desses traços. No mesmo período, só para comparar, a Europa mergulhava no abstracionismo como rebelião a uma arte natural, quase fotográfica, que imperou durante anos nas mais diversas escolas do Velho Mundo. Atendendo aos apelos, o Banco Central decidiu alongar o período de cada módulo, fazendo com que cada um dure quase cinco meses (o primeiro termina em setembro). O segundo módulo, Entre a figuração e a abstração, apresenta trabalhos não figurativos, com as muitas cores e formas de Bonadei, Volpi, Babinski
e Vasco Prado. Se não bastasse o banho de cultura oferecido pela Galeria de Arte, o Banco Central nos reserva ainda o incrível acervo numismático, com peças que circularam pelo Brasil colônia, Brasilimpério e Brasil república. Mas não só. A viagem passa pelas curiosidades monetárias, as cédulas utilizadas nos mais diversos países, sem falar na Sala Ouro, que conta a história desse rico minério e nos apresenta a maior pepita já encontrada, em Serra Pelada, aquele que um dia foi o maior garimpo a céu aberto do mundo. Galeria de Arte do Banco Central
Edifício-sede (SBS, Quadra 3), 8º andar. De 3ª a 6ª feira, das 10h às 17h30; sábado e domingo, das 14 às 18h. Agendamento de visitas: 3414.1540
Museu de Valores
Edifício-sede, subsolo. De 3ª a 6ª feira, das 10 às 18h (no primeiro sábado de cada mês, das 14 às 18h).
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Breno Galtier
GRAVES&AGUDOS
Para recarregar
as energias
Primeiro álbum da banda brasiliense Stoyca é uma espécie de trilha sonora para o cidadão do mundo contemporâneo POR PEDRO BRANDT
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erlindo era um nome provisório, sempre foi”, justifica o cantor e compositor Jorge Verlindo sobre a troca do nome de sua banda. Até meados de 2015, seu sobrenome batizava também seu projeto musical. Quando tudo começou, até que fazia sentido. “Eu tinha 11 músicas e elas viraram um álbum”, ele explica, em referência ao disco Ousa, lançado em 2014. Mas quando Jorge, o tecladista Walter Cruz, o baixista Arthur Lôbo e o guitarrista Rafa Dornelles começaram a gravar o reper-
tório que resultaria no disco Ninguém estava aqui – lançado em fevereiro – perceberam um maior diálogo musical e sentiram a necessidade de algo que os identificasse, que abrisse uma janela para outra perspectiva estética e de discurso. “Daí foi natural mudar o nome”, resume o vocalista. Sonoramente, Ousa e Ninguém estava aqui guardam características em comum, como a inspiração na MPB – tanto a tradicional quanto, especialmente, a contemporânea – junto ao rock e à música eletrônica. “Ouvimos muito Criolo, Paulinho da Viola, Yusef Lateef, SBTRKT,
Jards Macalé e muito dub. Já nas músicas dá pra sentir que gostamos de Massive Attack e Radiohead”, elenca Jorge. As dez faixas de Ninguém estava aqui são, no geral, em tempo médio; as batidas da bateria (executadas no disco por Thigo Cunha e ao vivo por Caio Fonseca) soam como beats programados; baixo, guitarras e teclados criam climas e ambiências que convidam à reflexão e, por vezes, à introspecção. O que transparece entre o primeiro e segundo álbum é a evolução de Jorge Verlindo como compositor e letrista, um autor de personalidade cada vez mais
Eduardo Galeno
própria, dono de voz suave (mas sem afetação), bem utilizada. Suas novas letras permitem entendimentos mais amplos, diversos, menos diretos. Para ele, as músicas do disco são uma trilha sonora para o cidadão do mundo de hoje. “Não tem muito idílio no álbum, não é pra ter. A vida no Brasil hoje não tem. Algumas vezes eu tentei atenuar essa apresentação, mas quando eu jogo a real, as pessoas se interessam mais. Então eu já vou direto ao ponto. É um álbum forte, de crítica, de superação, com um som vigoroso, pra viajar e recarregar as energias”. Em junho, Verlindo esteve em Cannes, participando da feira Midem, um dos principais eventos de negócios voltado para a music business em todo o mundo. “Foi bem produtivo. O pessoal é bem objetivo, quer falar de negócios, números, não há tempo pra vaidades. Consegui vários contatos, muita gente que está no mercado e quer fazer as coisas acontecerem”, relata o músico. Para o segundo semestre de 2017, a banda – que agora conta com Kelton Gomes no lugar de Rafa Dornelles – planeja lançar vídeos e testar ao vivo algumas novas canções. O principal desafio para conquistar o público de Brasília, na visão de Jorge Verlindo, é romper a barreira do que está estabelecido: “É entrar na rotina das pessoas sem ter que necessariamente entrar no molde do que elas ouvem. As maiores surpresas que eu tive, por exemplo, foi descobrir sonoridades que estavam fora da minha zona de conforto”. Stoyca pode ser uma grata surpresa. Quer tentar?
Ninguém estava aqui
Állbum de estreia da banda Stoyca, ex-Verlindo, disponível em ninguemestavaaqui.com.br.
Nasi
Thais Mallon
O Grogue
Celebração do rock POR HEITOR MENEZES
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emos todos os motivos para continuar crendo que o Ira! passa ao largo do velho oportunismo mercantil e, no atual estado de coisas, leva em frente, com dignidade, o legado de uma das melhores e mais honestas bandas do BRock, o rock brasileiro. Isso é o que veremos, dia 29 de julho, no CCBB, com os paulistas como a principal atração do projeto Todos os Sons – Especial Dia do Rock. Na oportunidade, uma pá de bandas da cidade, mais o Ira!, juntam forças para comemorar o Dia do Rock, que por sua vez ocorreu em 13 de julho. Porque o dia 13 está sendo comemorado no dia 29, isso tem a ver com as forças obscuras do Jânio Quadros. Mas é tudo rock’n’roll e nós gostamos. Antes de o Ira! pisar no palco, a comemoração roqueira ganha diferentes sons, nas guitarras, baixos, baterias e vozes das bandas Grogue, Rocan, Trampa, Eixo e Galopardo. O negócio é o seguinte: o rock anda combalido (pra variar), os dias de glória foram dias de glória, hoje já não é o som que faz a cabeça da maioria da juventude. Nesse caldo de cultura, salve-se quem puder. Afinal, fazer alguém feliz com aquele som sujo das guitarras, isso sim, é arte cavalheiresca, capaz de mexer
com a pélvis e os instintos básicos. Cinco novas bandas para conhecer, antes do Ira! O Grogue chama a atenção pela homenagem que presta ao recém-falecido jovem músico Pedro Souto, baixista e membro de cinco bandas (!) do new rock brasiliense: Rios Voadores, Judas, Joe Silhueta, Almirante Shiva e Cassino Supernova. Mas o lance é o Ira! Hoje, apenas Nasi e Edgar Scandurra levam o negócio adiante, auxiliados por Evaristo Pádua, na bateria; o multi-instrumentista Johnny Boy, nos teclados e violão; e Daniel Rocha, no baixo. Este último é filho de Edgard Scandurra e assumiu o instrumento na ausência do original Gaspa. André Jung, baterista, também não está nessa. Quem conhece a história sabe que o Ira!, em certo momento, teve a trajetória interrompida devido às desavenças entre seus integrantes. Ver Nasi e Edgar tocando juntos novamente é algo que muitos julgavam improvável. Deixando de fora esse lado B das coisas, e mesmo que o som esteja mais acústico, ainda é o Ira! de canções inesquecíveis, como Dias de luta, Núcleo base e Envelheço na cidade. São 35 anos de clássicos do rock, véi. Todos os Sons – Especial Dia do Rock 29/7, às 16h, no CCBB (SCES, Trecho 2). Ingressos: R$ 10 e R$ 20.
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LUZCÂMERAAÇÃO
O conto dos contos, de Yuri Norstein.
O velho e o mar, de Alexander Petrov.
Mestres da animação Cine Brasília exibe este mês os principais filmes do gênero produzidos na Rússia e na ex-União Soviética POR SÉRGIO MORICONI
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m fato interessante em relação à cinematografia da ex-União Soviética e da Rússia é que a grande maioria do público, e mesmo uma boa parcela dos críticos, só se refere a ela através dos grandes nomes da vanguarda dos anos 20. Nomes como os de Eisenstein, Vertov, Pudovkin, Kulechov são, sem dúvida, referências inevitáveis da arte cinematográfica mundial. Mas o cinema soviético foi muito mais do que isso, inclusive no período revolucionário. Comédias musicais, como Primavera, ou singelos dramas de entretenimento, como Circus, ambos de Alekssandrov, e ainda O retorno de Vassily Bortnikov, de ninguém menos que o revolucionário Pudovkin,
atestam a diversidade do que se fazia por lá. Muitos outros filmes poderiam ser citados aqui. Por outro lado, uma parcela muito pequena, mas muito pequena mesmo, de pessoas conhece a arte do cinema de animação soviético e russo. A Mostra de Animação Russa, em cartaz no Cine Brasília de 27 a 30 de julho, é, portanto, uma oportunidade única para os brasilienses conhecerem alguns dos grandes mestres dessa linguagem tão singular do cinema. No caso da União Soviética e da Rússia, o singular se aplica como uma luva. Ao contrário de outras grandes tradições da animação mundial (especialmente a norte-americana), o gênero surgiu como parte de um contexto revolucionário, cuja intenção, além de ideológica, era de
ser profundamente cultural. Os pais da animação soviética eram pintores consagrados, entre eles Oleg Tchoukine, uma das principais figuras do Estúdio Soyouzmultfilm, laureado em diversos eventos do gênero. Essa característica poderá ser observada com a exibição dos 37 desenhos animados, de 20 diferentes diretores, programados para a mostra. Entre os nomes mais consagrados estão Fiodor Khitruk, Yuri Norstein e Alexander Petrov. Este último é considerado um dos mais importantes animadores da Rússia. Seu O velho e o mar recebeu o Oscar da categoria em 2000. Outra estrela que estará presente com seus principais filmes (O conto dos contos, A raposa e a lebre e Pequeno ouriço no nevoeiro), Yuri Norstein ostenta o pres-
Fotos: Divulgação
tígio de ser o principal nome tanto da animação infantil quanto da adulta. O mencionado O conto dos contos foi considerado o melhor filme de animação já realizado em todos os tempos. Ao lado de
seus filmes serão apresentadas obras de Svetlana Filippova, expoente da animação contemporânea russa, e de Roman Katchanov, criador de Tcheburashka, personagem que ilustrou a capa do livro História da animação mundial – Antes e depois de Disney, publicado na Bélgica em 1980. A animação do desenho de Katchanov que veremos na mostra foi realizada por Nortsein. Os curadores da mostra, Luiz Gustavo Carvalho e Maria Vragova, têm uma vasta experiência com eventos internacionais. Carvalho é pianista e já se apresentou em salas internacionais de grande prestígio, como a Sala do Conservatório de Moscou, o Palau de Barcelona e o Teatro do Chatelet em Paris. Vragova organizou, através da Fundaão Russian Avantgarde, a exposição do arquiteto português Álvaro Siza e a primeira retrospectiva de Oscar Niemeyer no Museu de Arquitetura de Moscou. A intenção de ambos com a mostra é informar o público brasileiro sobre a linguagem e técnica de uma das escolas pioneiras na animação mundial. Através de palestras a serem realizadas com os diretores e especialistas em animação, convidados especialmente para a mostra, os curadores têm a intenção de traçar paralelos e perceber as diferenças entre a escola de animação
russa e a brasileira e as suas respectivas estéticas. Querem também proporcionar a jovens animadores e estudantes de cinema a possibilidade de participar de um workshop com os directores Yuri Norstein e Svetlana Filippova, e assim possibilitar a aprendizagem de novas técnicas e estéticas. Vale lembrar que os filmes serão apresentados com dublagem em português, no caso dos infantis, e com legendas em português, para os adultos. Em ambas as vertentes, a Rússia foi uma das maiores produtoras do cinema de animação, uma tradição pioneira e que ainda se mantém produtiva nos dias de hoje. Para o público brasileiro, vai ser encantador perceber como diretores como Yuri Norstein e Serguey Kozlov se utilizam de histórias retiradas do riquíssimo folclore russo, assim como de contos de Pushkin e Tchukovsky, este último um poeta russo que escrevia para as crianças, assim como o nosso Monteiro Lobato. Outro grande interesse desses filmes está na música. Várias das trilhas das animações foram compostas por Shostakovich, Prokofiev e Sofia Gubaidulina. Da mesma maneira, as vozes dos personagens são de alguns dos melhores atores do país. Mostra de Animação Russa De 27 a 30/7, no Cine Brasília.
Delicioso
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CRÔNICADACONCEIÇÃO
Crônica da
Conceição
Encontros absolutos H
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á algo profundamente comum entre o metrô de São Paulo e o Rio Amazonas. O Rio Amazonas e o metrô de São Paulo são existências muito próximas. Há nos dois um milagre evidente: existem e se movimentam em dimensões exacerbadas. Um é a representação fantasmagórica do sobrenatural, embora natureza. O outro é fantasma do mesmo modo e igualmente miraculoso: transporta multidões apressadas e indiferentes, unidades incompatíveis que, por algum tempo, se tornam cúmplices de um mesmo lugar – os subterrâneos da Terra. É o subterrâneo do Amazonas que me atrai, perigosamente me atrai. Não é a floresta, não são as populações ribeirinhas, nem os barquinhos nem as canoas nem mesmo as palafitas penduradas em pernas finas. O que me chama é o leito do rio. É raso, o Amazonas. Não mais de 100 metros de profundidade. É exorbitante, o Amazonas. Tem fome. Desce arrastando a floresta para o mar – daí as águas cor de terra líquida. O Amazonas me tira de mim mesma – liberdade! Já não sou uma identidade, uma unidade. Nada sou. Ele me toma de mim e vira Tudo. O Amazonas é a minha fé. Meu Everest, meu oceano Atlântico, meu Grand Canyon, meu deserto de Atacama, meu caminho de Santiago,
meu Círio de Nazaré. Tudo começa e termina no Amazonas. Todo o sentido é o Amazonas. Eu não preciso existir, basta que ele exista e se atire ao Atlântico com tal força, com tamanha vontade, que suas águas doces afugentam o sal por mais de cem quilômetros. Dizem que até na costa venezuelana ainda se sente o gosto doce das águas do mais volumoso rio do planeta. O metrô de São Paulo também assopra o sal da ferida. Ele move multidões, outros de mim que têm pressa de chegar, de ir, de voltar. É assim no metrô de São Paulo e, por suposto, em todos os metrôs que funcionam (não vale para Brasília, aqui é um metrô-carroça, um arremedo constrangedor de um transporte subterrâneo de massa. O tíquete em São Paulo custa R$ 3,50; e o de Brasília, R$ 5). Dizem que o de São Petersburgo é o metrô dos metrôs. O de Brasília, por certo, está na lista dos mais feios, menores e mais ineficazes. Há rios de multidões correndo mundo adentro. O metrô de São Paulo é um Amazonas urbano. Arrasta uma floresta de humanos e os lança no oceano das cidades. E o faz com uma precisão, e funciona com uma presteza, que independe de governos. Algumas poucas coisas funcionam bem neste caótico país, uma delas é o metrô de São Paulo.
Pudesse, viveria ou no Amazonas ou no metrô, subindo e descendo, indo e vindo, me fazendo nada e multidão. Livrando-me, à eternidade, da condição de indivíduo. Existir em estado de suspensão – no absoluto rio, na soberana multidão. O Rio Amazonas e o metrô de São Paulo são produtos internos brutos do Brasil. Um é produto da natureza; o outro, da tecnologia. É certo que o rio nasce nos Andes, ao sul do Peru, mas é em território brasileiro que ele convoca águas próximas e longínquas e penetra, tortuoso, a floresta não menos absoluta, para eclodir em pororoca no encontro com o Atlântico. É certo também que o metrô de São Paulo não anda exatamente nos trilhos, com o perdão do trocadilho. Superlotação (já foi considerado o mais lotado do mundo) e denúncias de propinas pagas ao governo de São Paulo (o propinoduto) nos projetos de expansão da rede não diminuem o impacto positivo do metrô para os paulistanos. O metrô de São Paulo transporta uma Brasília e meia por dia. A vazão do Rio Amazonas é de 215 milhões de litros de água por segundo. O Amazonas mata a sede do mundo, se for preciso. Mata a minha sede de solidão. O metrô mata a minha sede de multidão.
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POLIANA PACIFICO Psicóloga