Ano XVII โ ข nยบ 278 Junho de 2018
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Democratização da orla do Lago.
A gente sabe o valor que tem.
6,5 km de trilhas
interligadas às margens do Lago.
Brasília melhorando e a nossa vida também. Com as obras de infraestrutura da orla do Lago Paranoá, a população tem mais uma opção de lazer para aproveitar e curtir com a família. Os novos decks que ligam os parques Asa Delta e Península Sul ao Pontão se juntam às trilhas às margens do Lago, oferecendo um espaço acessível, seguro, organizado e repleto de opções para a prática de esportes e lazer. Ao todo, foi desobstruído 1,7 milhão de m2 em toda a orla. É mais qualidade de vida para todos.
Marina Pimentel Advogada
EMPOUCASPALAVRAS Alexandre Marino
Não tem jeito. A cada quatro anos a cena se repete. O brasileiro pode até andar cabisbaixo e preocupado com a crise econômica prolongada, com a complicada crise política em ano eleitoral e otras cositas más que mexem com sua esperança de um país melhor. Mas quando a bola começa a rolar e chega a hora de torcer pelo Brasil na Copa do Mundo, tudo isso fica temporariamente de lado. Afinal, como dizia Carlos Drummond de Andrade (19021987), “o povo toma pileques de ilusão com futebol e carnaval. São estas as suas duas fontes de sonho”. Se a ordem é essa, sonhemos, então, com o hexacampeonato enquanto tratamos de organizar a torcida de familiares e amigos para assistirmos aos jogos da seleção brasileira em restaurantes e bares que estão prontinhos para servir de extensão dos estádios russos, mesmo estando eles mais de 11 mil km distantes de Brasília (página 16). Para os períodos entre jogos e para garantir a continuidade da animação, listamos 21 atrações musicais para todo tipo de torcedor: o que gosta de jazz, música erudita, rock, sertanejo, pop e MPB. São espetáculos de uma temporada fértil que apresenta desde jovens cantores, como Tulipa Ruiz, Curumim, Anelis Assumpção e o grupo Garotas Suecas, até veteranos da música como Lulu Santos, Oswaldo Montenegro, Jota Quest, Nando Reis e muitos outros (página 28). Ainda dentro da proposta de manter acesa a chama verdeamarela, esta edição apresenta dois novos lugares que certamente vão cair no gosto dos novidadeiros de plantão: o Visu Rooftop e o Five Sport Bar. O primeiro vem no embalo de uma tendência norte-americana de se ocupar um espaço no alto de um edifício de onde se ofereça uma vista panorâmica, que, no caso de Brasília, tem como protagonista o Lago Paranoá. São cinco ambientes decorados seguindo tendência minimalista-chic de seus congêneres mundo afora. Também com influência dos bares temáticos dos Estados Unidos, o segundo é a filial de um barzão baiano inaugurada em Águas Claras, onde 40 TVs podem transmitir até oito jogos simultaneamente (página 6). Finalmente, em Galeria de Arte, apresentamos ao leitor interessante relato sobre outro talento do nosso cineasta Vladimir Carvalho: o de artista plástico. Do alto de seus 83 anos, o diretor de O país de São Saruê (1966) herdou de seu pai, um marceneiro, a habilidade de esculpir santos de madeira, entre eles São Miguel Arcanjo, seu preferido, “por ser um santo justiceiro” (página 30).
30 galeriadearte Este autorretrato em serigrafia é uma das dezenas de obras de arte que revelam facetas até então pouco conhecidas do cineasta Vladimir Carvalho: as de desenhista, pintor, gravador, entalhador e escultor
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Boa leitura e até julho. Maria Teresa Fernandes Editora
ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14, Conjunto 2, Casa 7, Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa Carlos Roberto Ferreira, com foto de Rodrigo Ribeiro | Colaboradores Alessandra Braz, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre Franco, Ana Vilela, Cláudio Ferreira, Conceição Freitas, Elaina Daher, Heitor Menezes, Gustavo T. Falleiros, Laís di Giorno, Lúcia Leão, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Pedro Brandt, Ronaldo Morado, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Teresa Mello, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle | Fotografia Rodrigo Ribeir | Para anunciar 98275.0990 | Impressão Editora Gráfica Ipiranga Tiragem: 20.000 exemplares.
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ÁGUANABOCA
Um bar superlativo POR TERESA MELLO
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ão sete freezers só para o congelamento de mil canecas de chope de 360ml. Há 40 TVs, com transmissão de até oito jogos simultaneamente, que podem ser assistidos por até 250 pessoas. Mas engana-se quem pensa que o Five Sport Bar é uma barulheira. “A gente só abre o áudio em fim de campeonato e se a casa tiver 90% de foco no jogo”, conta o baiano Thiago Leão Velame, 35 anos, que divide a sociedade no DF com Ivan Leão. Foi assim na partida ao vivo entre Flamengo e Fluminense, no Estádio Mané Garrincha, em 7 de junho, e nas finais da NBA. Aberto oficialmente em 29 de maio, com investimento de R$ 2,1 milhões, o restaurante temático conquistou o público de maneira imediata: “Na final da Liga dos Campeões, no nosso primeiro sábado, tivemos fila de espera de 40 pessoas. Nos fins de semana, precisamos limitar as reservas a 80% da casa”, comemora Thiago, sócio-administrador da marca na re-
gião Centro-Oeste e que já procura local no Plano Piloto para a expansão. Os empresários Leopoldo Leão, Aldo Benevides, Carlos Augusto Peixoto e Ivan Leão Filho, que criaram a marca em 2011, em Salvador, planejam abrir 20 unidades no Brasil em cinco anos. São sócios majoritários em todas elas, como a de Brasília, a primeira fora da Bahia. No Shopping DF Plaza, em Águas Claras, às margens da EPTG, o projeto da arquiteta Juliana Patury deu amplidão ao ambiente, que tem pé direito de 4,30m, com o uso de espaços vazados e espelhos. Caixas de vidro exibem objetos adorados por amantes de esporte, como bolas de beisebol, espadas de esgrima e esquis. Existem nichos com manequins representando atletas de snowboard, de motovelocidade, de beisebol e de futebol americano. Há seis mesas, no estilo de lanchonetes americanas, disponíveis para videogames. “A demanda de PlayStation é muito grande”, observa Thiago, acrescentando que o perfil dessa clientela é bem diversificado: “São adultos, adoles-
centes e, outro dia, duas mulheres passaram horas aqui jogando”. A gastronomia impressiona. São pratos fartos para uma família. O Hexacampeão, por exemplo, é um mix de escondidinho de camarão, escalope de filé, isca de peixe empanada, steak de alcatra, ceviche e costela suína. Ah, e acompanha-
A chef baiana Bel Chaves com uma de suas criações.
(R$ 69,90 o quilo), disponível das 11h30 às 15h30. Na modalidade sucos, a curiosidade é o de pitaia com cupuaçu, criado pelo gerente-geral nacional, Ângelo Mota: “Eu comecei a pesquisar frutas exóticas e o cupuaçu foi um experimento”, conta. A happy hour, de segunda a sexta, das 17 às 20h, oferece chope, drinques e caipiroscas em dobro. “O nosso carro-chefe é o Drink ao Estilo Five Sport Bar, que, inclusive, foi patenteado”, informa o sócio. À base de vodca, leva licor Peachtree e frutas vermelhas. “O shopping fecha às 22h, mas o Five não”, avisa Thiago.
Five Sport Bar
Shopping DF Plaza, Rua Copaíba, Águas Claras (2017.0623). De domingo a 5ª feira, das 11h30 à 1h; 6ª e sábado, das 11h30 às 3h. Fotos: Telmo Ximenes
dos de batatas recheadas e salada Caesar. Pesa 1.300g e custa R$ 189,90. “Serve umas seis pessoas”, calcula o sócio. O extenso menu permite escolher batatas fritas, asinhas de frango, linguiça, finger food, espetinhos, sanduíches e também almoçar e jantar à la carte. Desde o ano passado, o cardápio da rede tem a supervisão da chef baiana Bel Chaves, 39 anos, formada em Biologia e com cursos no Senac. Como entrada, a mais pedida é a Onion Campeã (cebolas empanadas recheadas com hambúrguer e queijo cheddar, a R$ 26,90). Entre os pratos principais, alguns destaques vão para o TriBahia, com 600g de proteína na chapa (R$ 71,90), que leva carne de sol, calabresa, queijo coalho e mandioca; e para o escondidinho de camarão gratinado com queijo coalho (R$ 63,90) ou o de fumeiro. Há ainda massas e risotos, a Liga das Guarnições e Pratos Family, como Família Gracie (800g de picanha) e Família Minotauro (400g de filé mignon). O 3º Round apresenta as sobremesas, como o grand-gâteau de chocolate, servido com picolé da fábrica brasiliense Vai Bem (R$ 19,90). Crianças têm cardápio exclusivo e podem aproveitar a brinquedoteca da loja vizinha a preço camarada. Para quem prefere algo mais rápido é servido diariamente um bufê de almoço
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Lúcia Leão
ÁGUANABOCA
Bruno Gaioso (segundo à esquerda) levou os amigos para experimentarem o almoço de negócios.
O chef Giuseppe Modafferi com os sócios Tiago e Pedro
Italiano de raiz POR VICENTE SÁ
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s italianos sempre tiveram uma relação especial com Brasília, tanto que a cidade foi inaugurada no dia do aniversário de Roma, 21 de abril – por isso ganhamos aquela loba linda que fica em frente ao Palácio do Buriti e, mais tarde, as duas capitais se tornaram cidades irmãs. Mas, independentemente do que se costurava na diplomacia, a interligação já ocorria na vida cotidiana da cidade, tanto que o primeiro restaurante aberto na época da construção, em 1956, era do italiano Victor Pelechia, e o mais antigo ainda em funcionamento também era de um italiano e se chama Roma. Isto talvez explique ou ajude a entender o sucesso que vem alcançando o Don Vito, o bistrô ítalo-americano aberto há pouco mais de um mês na 209 Sul e já com uma freguesia que se consolida a cada semana. Parceria entre o publicitário Pedro Abelha, seu filho Tiago e o chef Giuseppe Modafferi, italiano da Calábria, o Don Vito parece que veio com a intenção de ficar. Apoiado em um conceito de preservar a cozinha italiana e inovar no restante, o bistrô se propõe a servir boa
comida a preço justo, como uma legítima “cantina da mamma”. Assim, oferece, de terça a sexta-feira, almoço de negócios com entrada, prato principal e sobremesa por apenas R$ 29,90. Entre os pratos principais figuram esse aí abaixo, o Don Vito (polpeta com molho de tomate e espaguete ao sugo), o Al Capone (filé à parmegiana, molho de tomate, muçarela, arroz e purê) e o Lucky (escalope à siciliana, ao molho de tomate, alho, alcaparras, azeitonas, orégano e espaguete ao sugo). “Eu já tinha vindo aqui e gostado do preço, do atendimento e principalmente da comida, e por isso estou trazendo os amigos para provarem o almoço de negócios. Pelo jeito estão gostando mais do que eu”, brinca o representante comercial Bruno Gaioso.
Mas o Don Vito não se resume a ofertas. Seu recheado cardápio é ideal para os que gostam da comida italiana tradicional, onde não se troca nem um ingrediente. “Aqui os pratos e os molhos tradicionais da Itália são preparados com os mesmos procedimentos e os mesmos ingredientes que lá na Itália, senão não é um matriciana, carbonara, bolonhesa ou putanesca. Quando acrescentamos algo novo, criamos um novo prato que não é o tradicional e deve até ter um outro nome”, afirma Giuseppi Modafferi, que comanda as caçarolas do Don Vito. Isto não significa que o restaurante tenha uma postura conservadora. Ao contrário, até inova em alguns itens, como a “libertação do hambúrguer”, proposta da casa que passa a servir o petisco fora do pão, em um prato com o acompanhamento a escolher entre saladas e massas. Dentro da linha libertária, a casa oferta, também, o hambúrguer-família, que serve até quatro pessoas e traz um prato com um quilo de carne mais acompanhamentos. “Nosso ideal é servir bem, e com bom preço, tanto os clientes do dia a dia quanto as famílias, nos finais de semana. E estamos preparando um festival de caldos e polentas que vai começar ainda em ju-
Maria Teresa Fernandes
Abelha.
Toda a decoração do restaurante é composta de imagens da trilogia O poderoso chefão.
nho. Vamos oferecer uma grande variedade para aquecer as noites brasilienses”, anuncia Pedro Abelha. Os nomes do bistrô e dos pratos do cardápio foram obviamente inspirados em personagens de filmes sobre mafiosos italianos, em especial Don Vito Corleone, da trilogia O poderosos chefão, cujas
imagens compõem a decoração da casa. Uma curiosidade é que, embora ofereça o filé à parmegiana entre seus pratos principais, o chef esclarece que ele não é um prato italiano, mas brasileiro, criado em São Paulo. “Se você pedir um parmegiana na Itália vai receber um prato com berinjela, molho e queijo. Lá não se usa
carne no parmegiana, só no Brasil”. E não vamos nos esquecer da pizza. Como quase toda boa casa italiana, o Don Vito tem pizza todos os dias e rodízio a R$ 39 no domingo à noite. Don Vito Lounge Bistrô
209 Sul, Bloco B (3532.0304). De 3ª a domingo, das 12h até o último cliente.
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ÁGUANABOCA
Desfrute com vista pro lago POR VICTOR CRUZEIRO
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á um sentimento todo especial em se observar as coisas do alto. Do trágico mito de Ícaro, que voou alto demais, à famosa frase de assombro de Yuri Gagarin, ao constatar que a Terra é azul, há um movimento intenso dentro do humano não apenas para ir para cada vez mais alto, mas também para conseguir ver tudo de cima. À parte o lirismo exagerado dessa introdução – e o fato de que nenhum de nós é astronauta ou tem um par de asas para sair voando – uma coisa é certa: poucas coisas são mais sedutoras do que ter a chance de ver uma bela paisagem do alto. Talvez seja uma sensação de poder, de superioridade, resguardada aos pássaros. Independente do motivo, há uma sensação de plenitude sublime em ver um panorama privilegiado. Quando o panorama é o do Lago Paranoá, um dos cartões postais de Brasília,
que se espraia por uma grande extensão, a sensação é ainda mais fascinante. Esse é o ponto de partida do Visu Rooftop, inaugurado no final de abril na orla do lago. Em tempo: um rooftop (telhado, em inglês) nada mais é que um espaço no alto de um edifício que oferece uma vista panorâmica. Sempre bem localizado, como o Rooftop Augusta, no coração de São Paulo, ou o badaladíssimo Cindy’s, às margens do Rio Michigan, em Chicago. O diferencial de um rooftop é a união de um ambiente enérgico, como bar ou restaurante, com o privilégio solitário de uma visão única das alturas. O primeiro rooftop de Brasília abre as portas inaugurando o conceito, ainda que de forma modesta (no terceiro andar do Edifício Orla, ao lado da Concha Acústica). De lá, os visitantes terão uma vista inesquecível da superfície azul plana reluzente do lago, enquanto aproveitam drinks e pratos que, só por sua localização, já são exclusivos.
Além da vista de tirar o fôlego, o Visu conta com cinco ambientes privados, decorados seguindo a tendência minimalista-chic dos seus parceiros pelo mundo. Móveis rústicos, tons sombrios e pouca iluminação contrastam com os grandes painéis de vidro que fazem as vezes de janela e abrem o Visu para o mundo exterior. Os lounges poderão abrigar ambientes diferentes, a depender do dia e da ocasião. O objetivo da casa é receber festas e eventos, como o Brasília Yacht Day 2018, a Festa das Flores e a 4ª edição do projeto Uma Noite Thai, como já adianta o proprietário e produtor cultural Márcio Barreiro. Além disso, o Visu pode se encontrar com outros eventos, sendo um “esquenta oficial”, como aposta Márcio, para o Na Praia, que acontecerá bem ao lado. No cardápio, o Visu foca no simples e no funcional para não sobrepujar a vista magnífica. Nas comidas, a casa apre-
Fotos: Divulgação
senta ceviches, carpaccios, petiscos de camarão, hambúrgueres, pizzas artesanais, crepes variados (cujas opções doces e salgadas orbitam, em média, em torno dos R$ 30) e sashimis (R$ 35). Para acompanhar as comidas e o cenário, o Visu aposta numa carta puxada pelo gim e pelo Aperol, já conhecidos da noite brasiliense. Além disso, o local conta com combos a partir de R$ 300, com gim, vodca e uísque. Com capacidade para 300 pessoas, sem cobrar ingresso, o Visu promete um momento totalmente diferente para o brasiliense, em que ele poderá se aproximar e conhecer melhor os bens mais preciosos da sua cidade: o lago e o céu. Vale lembrar ainda que esse é um dos melhores lugares para se ver o pôr do sol (e a casa abre às 16h, então não há como perder!). Só restará ao visitante um assombro semelhante ao do cosmonauta soviético e, entre um drink e outro, lembrar-se como Brasília é, além de tudo, azul... Visu Rooftop
SHTN, Trecho 1, Edifício Orla, ao lado do Lake Side (99985.0034). De 6ª a domingo, das 16 à 1h. Instagram: @visurooftop Facebook: Facebook.com/visurooftop. Instagram: @visurooftop
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PICADINHO
TERESA MELLO
Com decoração temática de super-heróis, a Dólar Furado Burger, em Águas Claras, prepara-se para a inauguração em julho. “Será uma loja divertida, vai ter uma caverna também”, brinca a empresária e chef Lídia Nasser, 29 anos, na gestão de casas de gastronomia árabe, italiana, japonesa e, agora, uma hamburgueria, na qual a carne é um blend produzido lá mesmo, à base de Black Angus. Com arquitetura da irmã Tatiana Perides, a novidade fica ao lado da Dolce Far Niente, fechando o quadrilátero na Avenida Castanheiras, formado também pelo Empório Árabe e pelo MaYuu. Lídia esperou, pacientemente, o fechamento de uma barbearia na vizinhança para orquestrar a expansão da rede. “Hambúrguer à noite é a minha comida”, admite a chef, que deslocou Matheus Brito (com ela na foto) da confeitaria para o Dólar. Entre os destaques do cardápio estão o Manda-Chuva (brioche de fermentação natural, alface-americana, tomate confit, burger, bacon e maionese defumada) e a sensação Darth Vaider (brioche negro de fermentação natural, tingido com tinta de lula, burger com tempero black rub, dark cheddar e cebola caramelizada no shoyu). “Ele não é queimado no carvão”, diverte-se a chef, que, a cada novo empreendimento, provoca alvoroço na família: “Meu pai brincou que eu só iria ter a hamburgueria se ela se chamasse Dólar Furado, por causa do filme que ele adorava. Aí, nós batizamos a casa antes mesmo de termos a loja”.
Na orla da Ponte JK
Café especial do sul de Minas
Arquitetura premiada
Hélio Montferre
Rui Faquini
O Filé Saint Peter, tilápia ao lemon pepper com legumes salteados no wok, é uma das atrações do novo almoço executivo do Nikkei Sushi Ceviche Bar, na orla da Ponte JK (SCES, Trecho 2, tel. 2099.2461). Entre os sete pratos principais criados pelo chef venezuelano Miguel Ojeda há risoto de filé anticuchero com shimeji, peito de frango ao gengibre e mel com macarrão de arroz, lombo suíno agridoce com salada à moda asiática e filé mignon acompanhado de arroz e legumes. São três entradas: o Trio Nikkei (sunomono, ceviche e sashimi trufado), edamame (grãos de soja verde em forma de vagem) e guioza (pastel chinês cozido no vapor). As opções de almoço estão disponíveis de terça a sexta-feira, das 12 às 15h, por R$ 49,90 (1 entrada + 1 principal). Aproveite para admirar a paisagem ao redor.
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Entre as sugestões do Norton estão o bife de tira (picanha grelhada, arroz, com batata palha, crispy de bacon e ovos mexidos), o carré de cordeiro com risoto de hortelã (cordeiro temperado com flor de sal, grelhado, acompanhado de risoto com grana padano e pesto de hortelã) e o atum com risoto de quinoa (atum grelhado com crosta de gergelim, risoto de quinoa com um toque de páprica, finalizado com creme de leite fresco). Bom apetite!
O restaurante Norton, do Complexo Brasil 21 (tel. 3218.5550), ganhou mais um motivo para atrair os clientes. A casa recebeu o Prix Versailles 2018 especial na categoria restaurantes, destacando para o mundo o projeto da Bloco Arquitetos. A premiação, para a arquitetura comercial, é promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pela União Internacional dos Arquitetos (UIA). A atração maior continua sendo a gastronomia, a cargo do paulista Victor André, formado pela Unieuro e com curso de chef profissional pelo Senac, em Águas de São Pedro (SP). Ele comanda as cozinhas do Meliá Brasil 21: os restaurantes Norton, Lucca, Miró e Churchill.
Antes do fim do mês – mais precisamente no dia 26 – a Belini Café (111 Sul, Bloco B, tel. 3554.9004), do empresário e barista Luiz Gustavo Costa Manso, apresenta mais uma edição de grãos especiais. São microlotes da planta cultivada a 1.235 metros de altitude na Fazenda Mantissa, no sul de Minas: o pó 100% arábica Dias Quentes e o Noites Frias, comercializados em latas de 250g por R$ 39. “Eles representam o dia e a noite quentes e frias e, em seus processos extremos, são opostos, mas com um ponto de equilíbrio”, analisa o supervisor de qualidade da fazenda em Campestre, Leonardo Custódio. O lote Dias Quentes é produzido em processo natural, com secagem lenta em terreiro suspenso. Exala aroma doce, com notas de caramelo e chocolate, corpo licoroso e finalização de frutas amarelas, como damasco. De fermentação selvagem e secagem em estufa, o Noites Frias tem corpo cremoso, com notas vermelhas, como amora, e finalização de ameixas pretas. Os cafés da marca são certificados pela Brazilian Specialty Coffee Association (BSCA).
Divulgação
Thiago Bueno
O Dólar Furado vem aí
picadinho.roteiro@gmail.com
Fotos: Fabricio Rodrigues
Almoço executivo no bistrô Com fachada inspirada na Toscana e forte influência das culinárias italiana e mediterrânea, o Cantucci Bistrô (403 Norte, Bloco E, tel. 3328.5242) oferece o almoço executivo Mangia Bene. Sempre de segunda a sextafeira, das 12 às 15h. Salada e prato principal saem a R$ 33, e o menu completo, com entrada premium, principal e sobremesa, custa R$ 49. Como entrada há, por exemplo, bruschetta de magret de pato com figo e redução de aceto. Entre os novos principais estão o camarão ao molho de queijo brie com amêndoas e mel e o Filé di Parma, um filé empanado com presunto de Parma e espaguete gratinado ao molho branco com muçarela. O Filé a Wellington, ao molho de vinho, clássico da casa, continua no cardápio. Para a clientela vegetariana existem o medalhão de ervilhas ao molho de champignon e cebola caramelizada com arroz sete cereais e a kafta de lentilhas com molho de pepino, iogurte e hortelã, quinoa temperada e salada fria de feijão fradinho, cenoura e vinagrete de maçã. O chef Rodrigo Melo cria pratos novos a cada semana, disponíveis em www.cantucci.com.br.
Capitão Espinoza Ele é um craque. Em época de Copa do Mundo, quem bate um bolão na gastronomia é o peruano Marco Espinoza, chef do restaurante Taypá. Aos 38 anos, faz gols olímpicos, como as criações do novo cardápio, lançado este mês em comemoração aos oito anos da casa, na QI 17 do Lago Sul (Bloco G, tel. 3248.0403). Só um artilheiro é capaz de jogadas como a que mistura purê de feijão branco e molho de manjericão. Como ele sabe que vai dar certo? “Eu experimento”, responde, com a maior naturalidade. Esses ingredientes compõem o Pescado Envuelto, em que o peixe ganha uma crosta fina de batatas e a companhia de presunto cru crocante. O ceviche cremoso vem com salmão fresco, abacate, alcaparras, manga, cebola, pimenta e leite de tigre apimentado. O bife de chorizo na brasa chega à mesa com molho de shimeji e mil-folhas de batata-baroa. “Uso os produtos de que gosto, não me deixo influenciar por ninguém”, rebate. A novidade é a quinoa, presente no sanduíche com pão feito com o cereal e ostras e no lomito de cordeiro. “Quando eu era criança, tomava suco com quinoa no Peru”, conta. “É um ingrediente que vai estar no menu do brasiliense. Considero a quinoa um produto com potencial, porque é muito nutritivo.” Na cozinha, no 1º andar, o capitão Espinoza comanda com maestria o time, e o escrete corre pra lá e pra cá antes de colocar os pratos no elevador.
Arraial vegano na agenda Prepare o paladar para comer os quitutes do Arraial Vegano de Brasília. Nas laterais do Cine Brasília, na EQS 106/107, serão montadas 20 barracas de alimentos típicos e duas tendas com dez expositores cada uma, com produtos como cosméticos, roupas e acessórios. “O público vegano é carente em termos de alimentos em eventos tradicionais”, explica Raíssa Magno, 25 anos, organizadora da festa ao lado de Leandro Chaves. O casal é responsável pelo portal Mapa Veg, que publica, entre outros serviços, o Guia Nacional Vegano. O cardápio do arraial será farto em delícias como canjica feita com leite de coco, pamonha sem queijo, arroz carreteiro vegano, hambúrgueres de acarajé, de quibe e de biomassa de banana verde, a famosa coxinha de jaca verde e a coxinha de pizza com calabresa vegana. Os churros são apresentados com doce de leite de castanha-de-caju e os bolos com ou sem glúten. Anarriê!
Em plena temporada de Copa do Mundo, o brasiliense ganha orientação de especialista para abastecer a adega e aproveitar os jogos sediados na Rússia. Quem faz a escalação das bebidas é o paulista Rafael Sá, da Pires de Sá Vinhos (707/907 Sul), representante em Brasília da Famiglia Valduga. A seleção do sommelier inclui: • Vila Francioni: “De Santa Catarina, tem muito corpo e expressão. Extraído de várias uvas: cabernet franc, carbernet sauvignon, merlot, malbec, sangiovese, syrah, petit verdot e pinot noir”. • Tempos Lorena: “Uma uva que foi desenvolvida pela Embrapa especialmente para o terroir brasileiro. É produzido no interior de São Paulo, pela Vinícola Goes. Surpreende pelo preço e pelo aroma”. • Espumante 130: “Já ganhou várias vezes o melhor do Brasil e também está entre os melhores do mundo. Além de a garrafa ser muito bonita, é um produto com qualidade excepcional”. • Miolo Terroir: “Vinho de garagem, premiado, corte merlot 100%. Uva típica do nosso terroir. Longo envelhecimento em barrica”. • Leopoldina: “Feito 100% com uva merlot. Bem fresco, lembra muito os vinhos da Provence, berço dos rosés. Excelente pedida para quem gosta de frutos do mar, principalmente camarão, salmão e sushi”.
Divulgação
Telmo Ximenes
Seleção de vinhos para a Copa
• Chardonnay Grand: “Premiado recentemente com medalha de ouro na França”. • Salton Desejo Merlot: “Barricado, bem intenso. Já foi considerado um dos melhores do Brasil e é bem premiado internacionalmente”. • Cave Geisse, Brut in Natura: “Impecável, produto excelente”. • Luis Argenta, Gewurztraminer: “Além de a garrafa ser única, a uva, da Alsácia, que se dá bem em solos brasileiros, é muito aromática. • Raízes Casa Valduga: “Edição limitada, com cabernet sauvignon, cabernet franc e tannat”. • Aurora Pinto Bandeira: “Feito em Pinto Bandeira, no Rio Grande do Sul. É um Chardonnay que ganha complexidade e estrutura, com um toque único”.
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GARFADAS&GOLES
LUIZ RECENA
lrecena@hotmail.com
A bola, os copos e os pratos DE QUATRO EM QUATRO anos ela reaparece. Na lembrança
e o Fenômeno com franjinha de guri coreano. Claro que no
de Cora Coralina, ela é esperança renovada como a manhã
meio disso vieram fracassos e dissabores, mas nunca faltou
de um novo dia. Pelo menos para este colunista tem sido
o que comer ou beber. A cada quatro anos, portanto, as
assim nos últimos sessenta anos, desde um inverno distante
esperanças se renovam e as garfadas e os goles também. Este
na fronteira oeste gaúcha. Pelas ondas mais que irregulares
ano não será diferente. E com a experiência dos quatro anos
de um rádio que levava mais tapas que orelha de guri,
passados nas estepes, há até um pequeno cardápio para os
ouvíamos tudo em silêncio, com espaços só para gritos
dias de jogos, ainda que os horários, ingratos e matutinos,
de gol ou impropérios contra os adversários, ou muitas
deixem pouco espaço para maiores opções. De todo modo,
vezes também para os nossos, quando jogavam errado.
espumantes, mais leves, ou cervejas, mais fortes, cairão sempre bem. Para beliscar,2 pães e embutidos. Patezinhos,
SOU DE UMA GERAÇÃO beijada pela sorte futebolística: o
uma panqueca, até um caldinho de feijão. Ou tem alguém
tal inverno foi o de 1958, quando ganhamos pela primeira
por aí pensando em café com leite?
vez a Copa do Mundo, na Suécia. Sabíamos que eles comiam batatas e bebiam aguardentes muito fortes. Só. No mais,
AS PRIMEIRAS HOMENAGENS à Rússia já foram prestadas.
era Mané, Pelé, Didi, Vavá, Zito, Zagallo. Apenas os Santos
No último dia 11, uma exposição especial sobre arte e
tinham dois nomes, Djalma e Nilton. Quis o destino que
cultura russa foi aberta no espaço cultural do renovado
muitas Copas depois, em Estocolmo, eu conhecesse o estádio
Venâncio Shopping. Uma promoção conjunta do
de rima rica, o Rassunda. Era de manhã e o senhor do táxi
estabelecimento, da Embaixada da Rússia e da Igreja
tentou convencer-me de que não havia jogo e o templo
Russa de Brasília. Com apoio da EBC, Empresa Brasil de
estaria fechado. Entre mímicas e muitos idiomas convenci-o
Comunicação. Em raro momento de alegria e encantamento,
de que, sim, havia jogo. Na minha memória. Narrei com a
um pequeno coral de meninas e meninos da escola da
voz trêmula da época os cinco gols que fizemos e os dois
Embaixada cantou músicas infantis e folclóricas. A mostra
que sofremos. Uma portinhola estava aberta. Entrei, pisei no
fica até o dia 30 deste junho, com pinturas, paramentos
campo, beijei a grama e voltei ao hotel. Depois comi batatas
religiosos, bonecas, porcelanas, samovares e muito mais.
e bebi secretamente um Aquavit. É forte a água da vida dos
Um coquetel brasileiro fez as deliciosas honras para as
suecos. Tenho a certeza de que o homem do táxi acha até
primeiras comidinhas e bebidinhas desta Copa. Se tudo
hoje que sou louco. Não lhe tiro a ideia.
der certo, comemoraremos mais. Se não der, choraremos à espera de outros quatro anos.
DEPOIS VIERAM Chile com vinhos e empanadas; México com tequilas, mariachis e enchiladas; hot dogs, biscoitos da sorte
NASDARÓVIA! Ou saúde, em russo.
AS DELÍCIAS DE MINAS PERTINHO DE VOCÊ 14
Queijos, doces, biscoitos, castanhas, pão de queijo, pimentas, farinhas, polvilho caipira, massa para tapioca, mel, manteiga, cachaças, linguiça, frango e ovos caipira.
Av. Castanheiras, Ed. Ônix Bl. A - Loja 2 - Águas Claras
PÃO&VINHO
ALEXANDRE FRANCO pao&vinho@agenciaalo.com.br
Maravilhas da Toscana III Para concluir nossos comentários sobre os vinhos degustados em nossa passagem pela Buy Wine 2018, na Toscana, escolhi alguns espetaculares que ainda não têm previsão para serem importados pelo Brasil. Iniciamos pelo excelente Insieme 2014, um supertoscano produzido nas proximidades de Siena por um brasileiro, o simpático Nick, que utiliza a Sangiovese, a Merlot e a Cabernet Franc para nos brindar com um ótimo vinho que, em degustação às cegas por lá, ficou à frente de nomes como Tignanelo e Sassicaia. Com coloração escura, profunda, traz ao nariz frutas vermelhas e negras maduras, com tons de pimenta do reino, e ao palato frutas negras com toque terroso. Grande vinho. Depois, visitando uma clássica produtora de Chianti, a Vignamaggio, fui surpreendido com seu vinho top, um Cabernet Franc 2011 varietal. Não apenas o considerei, com folga, o melhor Cabernet Franc italiano, mas também um dos melhores do mundo que já degustei. De linda e profunda cor granada, traz aromas de ameixa e cerejas negras, com fundo tostado, que se repetem no palato com fundo doce e textura sedosa, finalizando com toques levemente apimentados. Um vinho extraordinário que não abandona nossa memória. Da já comentada Villa S. Anna di Montepulciano não poderia deixar de lembrar do seu Vin Santo. Após degustarmos esse verdadeiro néctar, descobrimos que nunca antes havíamos experimentado um verdadeiro Vin Santo. Nas palavras da proprietária, Simona, ninguém mais produz Vin Santo como se deve por conta dos altos custos
envolvidos. O vinho que provei, da safra de 2008, é absolutamente inesquecível, de cor muito escura e esverdeada, chega a parecer um xarope pela sua consistência e densidade. Uma doçura infinita e muito bem equilibrada pela acidez marcante e na boca nos faz meditar. No nariz e no palato percebemos claramente nozes, frutas secas e mel, e secundariamente infinitos desdobramentos. Vinho delicioso. Da minha passagem por San Gimignano, terra do sorvete, provei uma infinidade de vinhos da principal casta dali, a Vernaccia di San Gimignano, que produz um dos melhores brancos da Toscana. O melhor que degustei, entre dezenas deles, foi o Il Lebbio Tropíe 2016. De típico amarelo-palha, traz aromas de sálvia e pêssegos, além de uma lembrança de nectarina. Na boca, a marcante e bem equilibrada acidez faz a mágica final para esse ótimo branco. Mas, falando de brancos toscanos, a grande surpresa ficou por conta de um produtor relativamente novo, mas altamente competente, de Maremma, o Tenuta Fertuna. O seu toscano bianco, chamado de Droppello, é para mim, além de uma grande novidade, uma raridade que passa a representar na minha memória o melhor vinho branco da Toscana e entre os melhores de toda a Itália. Feito com 100% de Sangiovese vinificada em branco, esse delicioso vinho de cor amarelo-palha, com reflexos róseos, traz um perfume floral delicado, frutas brancas e notas herbáceas. Na boca é mineral e fresco, com ótima acidez astronômica. Excelente.
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Rodrigo Ribeiro
COPA2018
Rua dos Restaurantes
Só falta o grito de gol É
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inevitável: quando o árbitro soar o primeiro apito, o Brasil vai calçar as chuteiras. E nada melhor para curar a ressaca de um fracasso (esquece aquilo, não quero nem lembrar!!!) do que um novo pontapé inicial, um brinde com chope gelado e uma batucada de bambas. E isso é o que não vai faltar. Por todos os cantos da cidade, bares e restaurantes, de todos os portes e preços, estão prontos para receber a torcida com programações e promoções especiais, em bem servidas porções de animação para preparar o esperado e uníssono grito de “gol do Brasil”. A Rua dos Restaurantes (404/405 Sul), um dos mais tradicionais polos gastronômicos da cidade, por exemplo, se vestiu para a festa e espera os torcedores com muitas opções de diversão para além dos quatro cantos do gramado. Especialmente para a garotada, que poderá participar de torneios de botão e concursos de
embaixadinhas. Painéis temáticos serão cenários fotográficos, para quem quiser guardar uma lembrança ao lado das principais seleções de todos os tempos ou dentro de uma “matrioska”, a boneca folclórica símbolo da Copa da Rússia. Nesse clima, a sorveteria Stonia Ice Creamland preparou uma promoção que é um incentivo a mais para os brasilienses torcerem por goleadas da nossa Seleção: se ganhar a partida, cada gol do Brasil vale 10% de desconto em um de seus produtos no dia do jogo. Assim, se devolvermos, por exemplo, o 7x1, o desconto será de 70%. Não contam os gols de disputas de pênalti. As sobremesas de sorvete que entrarão na promoção são a Pôr do Sol (com doce de leite, castanhas e kit-kat), no jogo contra a Suíça; Nevaska de Ninho (com leite em pó, nutella e morangos), no segundo jogo, contra a Costa Rica; e a Auroreo Boreal (com brigadeiro, biscoito, morangos e nutella), valendo para a última partida das oitavas de final, contra a Sérvia. A promoção va-
le na sorveteria da 405 Sul e em todas as outras da rede. Elas ficarão fechadas durante os horários dos jogos e abrirão as portas assim que o juiz apitar o final de cada partida. Se a ideia é emendar a festa com uma boa refeição, não faltarão opções entre os mais de 20 restaurantes da rua. O El Paso Latino, por exemplo, preparou um cardápio especial, que o chef David Lechtig batizou de Latinoamerica em el Mundial, inspirado na gastronomia dos países que Divulgação
POR LÚCIA LEÃO
Ceviche peruano, do El Paso Latino.
variedade de comidinhas leves e petiscos próprios para acompanhar um chope gelado em momentos de forte emoção. São espetinhos com acompanhamentos variados (entre R$ 20 e R$ 24) e porções de tira-gostos (entre R$ 15 e R$ 20). Há ainda a opção do combo de dois chopes e um tira-gosto por R$ 35. O combo com tira-gosto e chope também é o carro-chefe dos restaurantes do Pontão do Lago Sul, que farão da Copa o tema da oitava edição do seu Festival de Inverno. Cada uma das seis casas do polo gastronômico participa do evento com um tira-gosto exclusivo: o Bier Fass Lago terá sanduíche de costela angus no pão francês; o Fausto & Manoel criou o Brasileirinho, que leva linguiça, banana e provolone empanados na farinha de panko; no Manzuá, a pedida é o trio de isca de peixe, mini acarajé e bolinho de moqueca; o Mormaii Surf Bar elegeu a lula furae, preparada com panko e coco fresco ralado; o Sallva Bar e Ristorante aposta no salsichão alemão acebolado com mostarda escura; e, finalmente, o
Soho servirá o tempurá misto de salmão, camarão e legumes (foto acima). Em todas as casas esses tira-gostos serão servidos com dois chopes ao preço único de
Fotos: Divulgação
representam a região na competição. Os clientes poderão degustar o ceviche peruano ou a empanada argentina; a Ropa Vieja panamenha, o mexicano Mole Poblano de Guajolote (peito de peru em molho de chocolate, pimenta e especiarias, acompanhado de arroz mexicano e guacamole) ou o Arroz con Camarones, típico da Colombia; e ainda optar por uma sobremesa uruguaia – o Manjar de Los Dioses – ou costarriquenha – maçãs assadas com açúcar e canela. Para fechar, a brasileiríssima dupla “cafezinho e brigadeiro”. O menu completo – entrada, prato principal e sobremesa – custa R$ 55 por pessoa. O El Paso vai entrar no clima da Copa sem aderir ao fuso horário russo. Quer dizer, abrirá a casa, como sempre, ao meio dia. Mas outros restaurantes, que normalmente só abrem para o almoço, estarão a postos, excepcionalmente, quando o árbitro autorizar o pontapé inicial dos jogos do Brasil. É o caso do Carpe Diem, da 104 Sul. Ele vai receber a torcida com três televisões e uma boa
Primeiro Cozinha de Bar: 16 telões.
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Rener Oliveira
Divulgação
COPA2018
Dhi Ribeiro e Fina Estampa vão animar os jogos da Seleção Brasileira no Outro Calaf.
Divulgação
R$ 54. Com mais R$ 1 – que será doado para uma instituição filantrópica – o cliente leva para casa uma caneca de chope de vidro personalizada. Os seis restaurantes estarão sempre abertos na hora dos jogos do Brasil. Se a Copa, no Pontão, pega carona no Festival de Inverno, no Primeiro Cozinha de Bar ela, sozinha, puxou um investimento pesado. A casa, ali na fronteira do Sudoeste com o Setor Gráfico, terá nada menos do que 16 televisores de 65 polegadas transmitindo os jogos e promete diversão para muito além do tempo regulamentar para os cerca de 500 torcedores esperados nas principais partidas da competição. Eles pagarão ingressos de R$ 30 para passar praticamente todo o dia no bar, quando houver jogos
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do Brasil. Já no primeiro, contra a Suíça, neste domingo, a casa abre cedo para o esquenta e segue, depois da partida, com muita festa animada por Renata Jambeiro e Alexandre Peçanha. No segundo jogo, contra a Costa Rica, dia 22, tem a sambista Dhi Ribeiro, o grupo Ki Pekado e Nalta. Dia 27, a animação pós-disputa com a Sérvia será regada a reggae da banda Surf Sessions, a samba de raiz de Alexande Equi e à música baiana de Thiago Nascimento. No cardápio, uma grande variedade de drinks e comidinhas, entre elas novidades como o Eita TorresBão (R$ 39,90), torresmo de barriga de porco, e o Picolé de Coxinha de Baroa (R$ 29,90), tradicional coxinha servida em palito de picolé com recheio de frango e massa de batata baroa.
E tem mais: para quem acordou tarde e não teve tempo de se paramentar de torcedor, haverá no Primeiro Bar uma lojinha de “apetrechos” como perucas, corneta, apito, tinta para pintura de rosto e muito mais. A criançada também não foi esquecida: pode ficar longe da confusão, na Primeiroteca, um espaço com brinquedos para todas as idades, monitores treinadores e banheiro exclusivo para as crianças. O valor da entrada no espaço kids é de R$ 10 e as crianças têm tempo livre de diversão. Reduto já tradicional dos sambistas da cidade, o Outro Calaf também preparou uma programação especial para os dias de jogos. Nos intervalos e a partir do final das partidas, que serão transmitidas em um telão de quatro metros, a bola vai quicar no salão do Setor Bancário Sul com Dhi Ribeiro e os grupos Coisa Nossa e Fina Estampa. Nos dias em que as partidas forem pela manhã, a cozinha da casa oferecerá feijoada completa. Os ingressos, nos dias 17 e 27, custam R$ 20. No dia 22, quando o jogo contra a Costa Rica acontece às 9 da manhã, a entrada é franca. É com roda de samba, também, que o Serpentina Zero Grau vai segurar o astral da galera que optar por assistir aos jogos em uma das dez TVs espalhadas pela casa, que tem capacidade para 200 pessoas. Não haverá cobrança de ingresso e o chope será servido em dose dupla nos dias de jogos do Brasil. O Rabisco Tattoo Lounge Bar, mix de bar e estúdio de tatua-
de pizzas, cada uma homenageando um país diferente. Tem pizza de feijoada (Brasil), chucrute, (Alemanha), draniki (Russia), paella (Espanha), cordeiro (Inglaterra), ratatuille (França), bacalhoada (Portugal), guacamole (México), alfajor (Argentina), rogel (Uruguai) e bicher muesli (Suiça), todas com oito pedaços e ao preço de R$ 59,90. Para além das grandes casas, a festa estará em cada esquina da nossa cidade plena de esquinas imaginárias, onde os pequenos comerciantes vão se desdobrar para oferecer o que todo brasileiro (ou quase todo), neste período, quer: uma televisão, uma cerveja gelada e boa companhia para compartilhar a emoção da torcida e do grito de gol, que une a todos. Assim será no Rota 020, pequeno bar e restaurante no posto da Petrobras da BR 020, que atende à clientela cativa formada especialmente por moradores do bairro do Taquari. Ele caprichou no verde e amarelo e se armou de um telão que vai garantir visão perfeita para os cerca de cem clientes que espera receber em cada jogo do Brasil. E o equipamento estará ligado também nos outros dias, transmitindo os principais jogos do torneio. Assim como em tantos outros bares espalhados pela cidade, nem o orçamento curto nem a falta do apoio dos fornecedores – que em outras copas bancavam equipamentos e decoração e até forneciam bebidas com desconto – vão acabar com a alegria no Bar do Chicão, da 312 Norte, que decorou a casa como pôde e terá três televisões para ninguém perder nenhum lance. E quando a mágica se fizer, voltaremos todos os brasileiros, de todas as classes e de todos os cantos, a falar a mesma língua: GOOOOOOLLLLLLLL!
Stonia Ice Creamland
405 Sul, Bloco B (3244.8772); Av. das Araucárias, 1525, Shopping Metrópole, Águas Claras (3568.2834); 109 Norte, Bloco B (3201.2834) e 100 Sudoeste, Bloco A (3026.0044).
El Paso
404 Sul, Bloco C (3323.4618); 110 Norte, Bloco B (3349.6820) e Terraço Shopping, térreo (3233.5197).
Carpe Diem
104 Sul, Bloco D (3325.5301)
Pontão do Lago Sul
SHIS, QL 10 (3364.0580)
Primeiro Cozinha de Bar SIG, Quadra 8 (3028.1331)
Outro Calaf
SBS, Quadra 5/6 (3325.7408)
Serpentina Zero Grau
301 Sudoeste, Lojas 46/50 (3343.2591)
Rabisco Tattoo Lounge Bar 210 Sul, Bloco C (98431.1860)
Beirute
107 Norte, Bloco D (3272.0123) e 109 Sul, Bloco A (3244.1717)
D’Lurdes – Delícias de Minas
Avenida das Castanheiras, Edifício Beverly Hills Plaza, Águas Claras (3204.3283)
Rota 020
Rodovia 3, Posto da Petrobras, Taquari (4101.7850)
Bar do Chicão
312 Norte, Bloco A (3447.1214)
Fotos Divulgação
gem, adaptou suas instalações para se apresentar também, nesse período, com status de arena. Mudou a decoração, arrastou móveis de lugar e instalou telões para receber os torcedores com música ao vivo, Djs, “narguilé zone” e promoções-surpresa durante todos os jogos, além de um cardápio de petiscos e drinks criados exclusivamente para a Copa. E também avisa que seus tatuadores estarão a postos, para quem quiser aproveitar a ocasião. Até o tradicional Beirute, que em outros tempos preferia fechar as portas para evitar o excesso de animação dos dias de jogos, este ano entra na festa. E vem com força! A transmissão dos jogos, em TVs espalhadas pelas casas das asas Sul e Norte, será acompanhada de várias promoções para atrair os torcedores. A cada gol do Brasil o Beirute vai oferecer uma rodada de chope ou mini kibe para os adultos e de sorvete para as crianças. Os clientes também podem participar de um bolão pela conta do Instagram @beirutebar, valendo um Beira Chope e um Kibeirute para quem acertar o palpite. E há novidades também no cardápio. Além dos pratos tradicionais, o restaurante preparou o menu Beira na Copa: o prato batizado de Vai Brasil! – filé a cavalo em cama de purê de espinafre e batatas fritas –, que custará R$ 78 (para duas pessoas), e os petiscos Que frango! – coxinha da asa empanada em creme de catupiry (R$ 32,50) – e Bola da rede – bolinhos de grão de bico com geleia de pimenta (R$ 34,50). No dia 22, o Beirute abre às 8 da manhã. E se o torcedor é daqueles que acha que tudo acaba em pizza, o D’Lurdes Delícias de Minas, de Águas Claras, deu asas à imaginação e criou onze sabores
Duas das onze pizzas criadas pela D'Lurdes, de Águas Claras, para homenegear os países que participam da Copa: a ratatuille francesa e a paella espanhola.
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stagium Já se vão quase 47 anos de existência da companhia de dança contemporânea fundada por Marika Gidali e Décio Otero, em São Paulo, em plena ditadura militar. Mais uma vez o Ballet Stagium vem a Brasília, desta vez para apresentar o espetáculo Figuras e vozes, na Caixa Cultural, dias 28, 29 e 30 de junho e 1º de julho. A nova montagem da companhia de dança mais longeva do país investiga agora o surgimento do dadaísmo e sua proposta de descontruir sistemas de códigos. O movimento, surgido durante a Primeira Guerra Mundial, teve o propósito de destruir todos os sistemas e códigos estabelecidos no mundo. Como ideologia, agregava forte conteúdo anárquico, opondo-se a qualquer tipo de equilíbrio e racionalidade. Confessadamente dadaísta, o espetáculo se propõe a conduzir uma nova perspectiva do olhar, com o intuito de recriar valores e rever o universo simbólico, instigando assim a busca das muitas respostas para perguntas recorrentes. O aleatório e o acaso brotam como contraponto ao mundo institucionalizado e movido pela rapidez das informações, colocando em questão a finalidade das nossas ações. De quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10, à venda a partir do dia 23. Informações: 3206.6456.
fiesta Nick Elmoor
brasíliadança De 20 de julho a 5 de agosto Brasília vai respirar dança contemporânea. Está no ar a segunda edição do DF improvisa dança, um saudável intercâmbio entre artistas latino-americanos e o público. A proposta é proporcionar residência artística que vai culminar com duas apresentações de um espetáculo de improvisação criado a partir de uma pesquisa e investigação colaborativa com professoress convidados: Catalina Chouhy (Uruguai), Nico Cottet (Chile); Ricardo Neves (Brasil), Renzo Zavaleta (Peru), Sofia Barriga Monteverde (Equador), Paula Zacharias (Argentina) e o coletivo Tectônica (DF), composto por Camilo Acallebre, Carol Barreiro, Patricia Braz, André Kainan, Rosa Schramm, Viviane Rocha. Após as apresentações nos dia 28 e 29 de julho, na Funarte, às 20h, haverá conversas com os artistas. Constam da programação oficinas gratuitas abertas à comunidade. “O projeto possibilita o compartilhamento dos processos criativos que a dança contemporânea latinoamericana desenvolve nas áreas de pesquisa e criação em performance”, afirmam Carol Barreiro e Viviana Rocha, produtoras do Coletivo Tectônica realizador do DF improvisa dança. As oficinas, realizadas no Centro de Dança do DF, têm entrada franca. Ingressos a R$ 10 e R$ 5. As jam sessions são gratuitas e acontecerão no Museu da República.
noitenomuseu No dia 22 de junho, a área externa do CCBB vai se transformar na Nova York dos anos 70 e 80, local e época onde viveu o artista plástico norte-americano Basquiat, cuja obra está exposta na galeria do CCBB até 1º de julho. É lá que acontece o projeto Noite no museu, com programação musical que inclui Hodari, DJ Sapo e DJ Donna. A DF Zulu Breakers realizará uma apresentação de 30 minutos e, ao longo da noite, rodas de dança. Pedro Sangeon, criador do personagem Gurulino, também participará da festa, fazendo grafite ao vivo. Além disso, haverá praça com food trucks. Sexta-feira, das 20h até uma da matina. Classificação indicativa: 14 anos. Ingressos a R$ 20 e R$ 10.
Pedro Sangeon
Divulgação
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O tablado do Teatro dos Bancários (514/515 Sul) vai ser posto à prova, dias 30 de junho e 1º de julho, com os taconeios do Oficina Flamenca. É lá que vai acontecer o espetáculo Fiesta – 20 anos, uma comemoração de aniversário do grupo de dança flamenca dirigido por Patrícia El-moor e Renata El-moor. A partir das 20h30, alunos e professores vão homenagear todos que acompanham de perto a trajetória da academia e convidar quem não a conhece a mergulhar no ritmo do sul da Espanha já declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. Os ingressos custam R$ 60 e R$ 30 e estão sendo vendidos na secretaria da escola (CLN 110, Bloco A, subsolo), bem como na bilheteria do teatro. Informações em www.oficinaflamenca.com.br.
Arnaldo J. G. Torres
DIA&NOITE
José Alberto Figueroa
fotografiaconceitual Por suas lentes já passaram mais de cinco décadas da história de seu país, desde os primórdios da Revolução Cubana, plenos de mudanças sociais significativas e controversas, até os dias atuais. Estamos falando do fotógrafo José Alberto Figueroa, 71 anos, que faz uma retrospectiva de sua carreira na mostra Um autorretrato cubano, até 19 de agosto, na Caixa Cultural. Com curadoria de sua filha, a crítica de arte Cristina Figueroa, a exposição apresenta pela primeira vez no Brasil 69 registros que ilustram questões sociais e políticas de Cuba. Considerado um dos precursores da fotografia conceitual, o fotógrafo nasceu em 1946 e se formou em fotografia na década de 60, quando já trabalhava como assistente no estúdio de Alberto Korda (1928/2001), conhecido mundialmente por ter feito a imagem mais famosa de Che Guevara. No início da carreira, Figueiroa se especializou em fotos de publicidade e moda, mas depois passou a desenvolver uma carreira versátil, atuando, inclusive, como correspondente de guerra em Angola. Discípulo e amigo de Korda, ele passou a fotografar elementos que representavam as reivindicações de sua geração. O ensaio Exílio, realizado a partir de 1967, é bastante representativo desse período. De terça a domingo, das 9 às 21h, com entrada franca.
Sentimentos como o medo, a dor e a melancolia – negligenciados em uma sociedade ávida por instituir padrões inalcançáveis de felicidade – estão expressos na arte crítica do fotógrafo Arnaldo Saldanha, um convite à reflexão. Vinte e duas fotografias do artista estão na mostra Sem o peso de nenhuma lembrança, em cartaz na Galeria XXX Arte Contemporânea (Rua Sucupira, 23, Condomínio Verde, Jardim Botânico). De acordo com ele, “por trás do apelo imagético bombardeado pelas redes sociais, e seu consequente culto à perfeição, há fragilidades que poucos ousam assumir publicamente”. Para Saldanha, é importante mostrar que o lado sombrio que habita em todos os seres não deve ser ignorado. Ao contrário, conclui, “analisar e compreender essas inseguranças pode levar a um processo único de libertação”. A mostra tem curadoria de Rogério Carvalho.
humorgráfico Preconceito não tem graça. Esse é o tema do Salão de humor da cidadania, que tem inscrições abertas até 10 de julho. Poderão participar os cartunistas profissionais ou amadores que irão concorrer a prêmios de até R$ 2.500. As obras selecionadas ficarão expostas no Conjunto Nacional entre os dias 23 e 27 de agosto e publicadas no catálogo do salão. Os participantes poderão inscrever até nove trabalhos inéditos, sendo três por categoria: atitudes preconceituosas, convivência e respeito às diferenças e defesa dos direitos humanos, nas categorias charge, cartum, caricaturas e tiras de humor. O projeto inclui na programação minicurso de cartazista, oficinas de desenho de humor gráfico, o seminário O humor gráfico e o mercado editorial e um debate sobre bullying e direitos humanos. Informações em www.humordebrasilia.com.br
arteemazuis Mágicos, filósofos e castelos, assim como animais e vegetais em risco de extinção, estão presentes no trabalho de Luiz Henrique Stotz, mais conhecido como Kiko Stotz, o artista plástico catarinense que está expondo no Espaço Cultural do STJ até 18 de julho. Em sua paleta de cores, “uma gama de azuis colorindo histórias que se sucedem a céu aberto, evidenciando um amor à liberdade evocada pelos horizontes sempre presentes em suas telas”. A presença dos azuis é atenuada pelos tons terrosos que emprestam leveza e equilíbrio aos trabalhos. A intenção do artista é transmitir uma mensagem subliminar ou direta que influencie o comportamento humano, no sentido de promover a sustentabilidade do planeta. Autodidata desde 1970, com influências dos mestres do surrealismo, Kiko desenvolveu sua própria técnica para a pintura em acrílica e a óleo. De segunda a sexta-feira, das 9 às 19h, com entrada franca.
Kiko Stotz
Arnaldo Saldanha,
processodelibertação
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trêsemum Livro, exposição e peça. Vem aí a tríplice homenagem a Juscelino Kubitschek, o fundador de Brasília. No dia 28 de junho Jean Obray, presidente da Fundação Brasil Meu Amor, lança seu livro O silêncio que grita, durante a abertura da exposição homônima que acontece no Museu da República até 29 de julho. Para fechar a tríade, a história de JK será revivida no espetáculo JK – Um reencontro com o Brasil, às 20h, no mesmo local. O livro, que tinha como ponto de partida contar a história de um homem, se multiplicou. O autor, que foi ao enterro de JK, se debruçou por mais de 15 anos em pesquisas e percebeu que a alma de Juscelino se mescla e fica totalmente incorporada à vida de seu país. Já o espetáculo retrata, por meio de projeções e canções da MPB interpretadas pela cantora Gláucia Nasser, a trajetória e a obra de JK. Na exposição, que estará aberta de terça a domingo, das 9 às 18h30, as imagens e frases contarão a história do mundo desde o Iluminismo até a fundação de Brasília, incluindo retratos do universo indígena, dos candangos que construíram a capital federal e de Juscelino Kubitschek contracenando com todos. Entrada franca. Informações em contato@brasilmeuamor.org.br e pelo telefone 99185.2389.
fotopremiada Fernanda Nogueira - Mariana Mascarenhas
meusmedos Esse é o nome da exposição em cartaz na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB até 21 de junho. Realizada por estudantes do curso de Museologia como parte do currículo acadêmico, tem coordenação da professora Monique Magaldi e programação que inclui oficinas, palestras, além de intervenções musicais e performances. Será possível também conhecer de perto artistas, obras e formas de produção dos trabalhos poéticos apresentados. A exposição foi antecedida pelo simpósio Saúde Mental, com participação de Tatiana Lionço, psicóloga e ativista que mostrou que, embora a universidade seja apresentada como um local de grandes realizações pessoais, é também vivida por muitos como um enorme sofrimento. Tatiana apontou o racismo, o machismo, a LGBTfobia, a misoginia e os abusos morais como alguns dos fatores que prejudicam o bem-estar daqueles que frequentam o ambiente universitário. De segunda a sexta-feira, das 9 às 19h, com entrada franca.
Quando o pequeno Francisco resolveu praticar salto em altura na sala de sua casa não imaginou que a travessura registrada por Fernanda Nogueira e Mariana Mascarenhas seria premiada num concurso internacional de fotografias, o Outstanding Awards. O instantâneo ocorreu enquanto sua mãe, Giovana Nunes, participava de um ensaio fotográfico de sua segunda gravidez, realizado pelas fotógrafas brasilienses do Flor de Lis Estúdio Fotográfico. Especializadas em registros familiares, as duas não imaginavam que na primeira participação já levariam o prêmio, principalmente por se tratar da temporada que contou com o maior número de inscritos, de 42 países.No júri estava um seleto grupo de fotógrafos de diferentes nacionalidades, entre eles Davi Nascimento, do Brasil, Daniel Ribeiro, de Portugal, Stephanie Robin, do Canadá, e Anja, da Austrália. “Fotografar família é registrar sentimento, foi por isso que escolhemos esse segmento. Gostamos de captar o que é invisível aos olhos, é isso que nos move”, afirma Mariana Mascarenhas. Mais informações em www.flordelisfotografia.com.br
“Espero que meu trabalho e minha arte possam contribuir e inspirar a criação e implementação de ações que visem à proteção da natureza, do meio em que vivemos”. Quem disse isso foi Ricardo Stuckert, o fotógrafo que tem registrado o cotidiano de tribos indígenas desde 1996. Na exposição Indigenous tribes of modern Brazil, montada na galeria do CTJHall ( 706/906 Sul) até 28 de julho, estão 67 imagens raras capturadas pelo fotógrafo nos últimos 22 anos. Apresentada pela Embaixada dos Estados Unidos e pela Casa Thomas Jefferson, a mostra marca o Mês do Meio Ambiente, iniciado a 5 de junho. Fotógrafo profissional há mais de 25 anos, Ricardo Stuckert tem imagens espalhadas por todo o mundo, destacadas pela National Geographic. De segunda a sexta, das 9 às 21h, e sábado, das 8 às 12h. Entrada franca.
Ricardo Stuckert
mêsdomeioambiente
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DIA&NOITE
Barbara Dutra
tremazul “Coisas que a gente se esquece de dizer / frases que o vento vem às vezes me lembrar / coisas que ficaram muito tempo por dizer / na canção do vento não se cansam de voar / você pega o trem azul, o sol na cabeça / o sol pega o trem azul, você na cabeça / um sol na cabeça...”. Esse clássico gravado por tanta gente boa, incluindo aí Elis Regina, Tom Jobim e Milton Nascimento, foi composto por Lô Borges em parceria com Beto Guedes e Ronaldo Bastos, turma que criou o Clube da Esquina, formado por compositores mineiros nos anos 70. Esse e outros clássicos inesquecíveis serão lembrados nos shows intimistas que o cantor e compositor mineiro fará na Caixa Cultural de 5 a 8 de julho, para comemorar 40 anos de carreira. Acompanhado pelo guitarrista Henrique Matheus, ele vai lembrar seus eternos sucessos, como Clube da esquina nº 2, Paisagem na janela, Feira moderna, Tudo que você podia ser, Para Lennon e McCartney, entre outros. No sábado, 7 de julho, ele reservou um momento para conversar com o público no início do show. De quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10.
decabeloempé Divulgação
músicasacra Ouvir os primeiros acordes do órgão executado por Luciana Mittelstedt na música Salutaris hóstia (Hóstia que salva) e, logo a seguir, a impecável voz da soprano brasiliense Cláudia Costa, é como ser transportado para um templo sagrado onde uma missa cantada nos remete a um encontro com o divino. Isso é possível para quem ouvir o recémlançado CD Lirica Brasiliensis Volume 2, no qual a cantora interpreta obras sacras de grandes compositores internacionais e locais, como Marco AB Coutinho e Pedro Jacobina. Doutora em História, mestra em Educação e graduada em Licenciatura em Música pela Universidade de Brasília, Cláudia é professora de canto coral e tem realizado concertos como solista em Brasília, São Paulo, Minas Gerais, Goiânia e Rio de Janeiro. Lançado no dia 13 de junho no CTJ Hall, da Casa Thomas Jefferson, o disco de 21 faixas tem a participação da organista e pianista Luciana Mittelstedt, que estudou na Escola de Música de Brasília e graduou-se em Música pela UnB. O CD custa R$ 40 e pode ser comprado com a própria cantora, pelo telefone 98291.0530 ou www.liricabrasiliensis.com.br
ExperCiência. Esse é o nome da mostra de ciências montada na praça central do shopping Iguatemi até 30 de junho. Lá estão 30 experimentos interativos que ajudam o público a conhecer grandes teorias científicas de feras como Isaac Newton, Van de Graaff e Gauss. A atração mais divertida é o Gerador de Van de Graaff, uma cúpula que arrepia os cabelos de quem a toca. O fenômeno ocorre porque o equipamento eletriza as cargas de mesma polaridade. Também faz sucesso o poço gravitacional, que possibilita aos espectadores o lançamento de esferas que se movimentam em trajetória semelhante à dos planetas, luas e satélites. No Espelho Frente a Frente, duas pessoas se posicionam nos lados opostos do espelho e procuram encaixar as imagens refletidas, fazendo uma fusão de seus rostos. As atrações estão devidamente explicadas em textos e contam com o auxílio de monitores que fazem as vezes de professores de ciências capazes de sanar as eventuais dúvidas de crianças, jovens e adultos que não tenham sido lá bons alunos de ciências. De segunda a sábado, das 10 às 22h, e domingos e feriados, das 11 às 20h. Entrada franca.
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Com quase 40 anos de experiência no Rio de Janeiro, o Rancho Santa Mônica tem agora filial no Planalto Central, mais precisamente na cidade de Alexânia, situada a 82 km de Brasília. É o Rancho Victory, planejado para receber crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos por períodos de férias entre cinco e oito dias, e que chega com a tentadora proposta de manter essa turma bem longe dos smartphones, computadores e congêneres. Em meio à natureza, muito espaço verde, lago e cachoeira natural, o lugar oferece colônia de férias com gincanas, brincadeiras, jantares temáticos, luau com fogueira e violão, show de talentos e oficinas de arte. O “detox eletrônico” proposto pelo Rancho Victory é uma oportunidade de a criança ou o adolescente brincar e interagir de verdade, sem a distração de celulares ou computadores, uma vez que lá não é permitida a entrada desses equipamentos. Assim, a interação com a natureza e a sociabilidade entre os participantes ficam garantidas. Inscrições em www.coloniadeferiasvictory.com.br. Mais informações: 3366.2109.
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magiadisney Branca de Neve e os sete anões ensinam que podemos fazer qualquer coisa quando temos nossos amigos por perto, enquanto o peixe Dory, de pouca memória, vasculha as profundezas do oceano à procura dos seus pais, com a ajuda de Marlin e Nemo. Além deles, personagens inesquecíveis de todas as gerações, como Jasmine, Aladdin, o Gênio e as princesas vão trazer encantamento a quem for ver o espetáculo O maravilhoso mundo de Disney on ice, de 22 a 24 de junho, no Ginásio Nilson Nelson. A viagem, que despertará muitas boas memórias, resgata oito clássicos, vividos por mais de 50 personagens. “O que mais gosto no Disney on Ice é que temos o privilégio de trazer histórias clássicas e modernas, tanto da Disney quanto da Pixar, para cidades ao redor do mundo, ao vivo e sobre o gelo”, diz a produtora Nicole Feld. E acrescenta: “Nesta produção, nosso incrível time de criação escolheu histórias cheias de ação que emocionam as crianças e os pais. Desde uma aventura no fundo do mar, em Procurando Dory, até o dueto cômico de Timão e Pumba em O rei leão. Sexta-feira, às 19h30, sábado, às 11 e às 19h, e domingo, às 10 e às 14h. Ingressos entre R$ 40 e R$ 360, à venda em www.uhuu.com.
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Ela gosta de dizer: “Sou uma soul woman”. Fortemente influenciada pelas grandes cantoras de soul, blues e jazz como Aretha Franklin, Etta James e Ella Fitzgerald, Georgia W. Alô vai mostrar sua voz marcante, dia 4 de julho, no Clube do Choro. No show, apresentará o disco Let it out, com músicas de sua autoria compostas em inglês. Produzido por André Vasconcellos, que também assina os arranjos com Eduardo Farias, tem participação do próprio produtor, André Vasconcellos (baixo), e dos músicos Eduardo Farias (piano Rhodes e synths), Dedê Silva (bateria), Marco Vasconcellos (guitarra), Henrique Band (flauta e sax barítono), Marcos Suzano (percussão) e Alma Thomas (vocais). Georgia iniciou sua carreira ainda criança, cantando em coros infantis na Alemanha. Quando voltou para o Brasil, a cantora brasiliense participou do disco do compositor e arranjador Leandro Braga, que foi indicado ao Grammy Latino. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Mais informações: 3224.0599.
Mais de 800 cidades em 120 países participam do festival Make music, idealizado a partir da Fête de la musique, na França. A proposta é levar música de graça para ruas, lojas, parques e todos os lugares onde as pessoas desejem tocar ou ouvir música. Aqui em Brasília serão 14 apresentações no dia 23 de junho na praça de alimentação entre a Feira dos Importados e a Super Adega. Passarão por lá, a partir das 9 h da manhã, o Coral Madrigal UNB (foto) , a Entidade Flauta Doce, o grupo de percussão Batalá, a orquestra Cajon e muitos outros. Todas as atividades – shows e aulas – são lideradas por músicos profissionais e amadores voluntários. As inscrições para quem quiser participar – ensinando ou aprendendo – estão abertas no site www.makemusicbrasil.com.br.
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Thiago Lunar vai animar a tradicional festa junina na orla do Cota Mil, dia 30 de junho, a partir das 19h. Ao som de muito forró, xote e baião, com pitadas de samba, axé e frevo, o cantor promete colocar todo mundo no clima animado da noite, com a ajuda dos DJs que vão manter o embalo nos intervalos de seu show. O Na roça do Cota deste ano terá barracas com comidas típicas, cerveja gelada, quentão, fogueira, quadrilhas, pau de sebo, brinquedos para as crianças e até um espaço soneca. Ingressos a R$ 30 (não sócios) e R$ 15 (sócios) à venda na secretaria do clube (SCES, Trecho 2). Crianças até 12 anos não pagam. Após as 20h, menores de 16 anos só podem ficar no arraial com documento de identificação e acompanhados pelos pais. Mais informações: 3225.4489.
becoelétrico Todos os sábados de junho têm sido dias de festa na Casa de Cultura da América Latina, no Setor Comercial Sul. O projeto Beco elétrico propõe a ocupação do beco da CAL, sendo que parte do dinheiro arrecadado vai para a reforma do prédio da Casa de Cultura e colabora para o constante processo de revitalização da área central de Brasília. Por lá já passaram os grupos Limbo e Confronto Soundsystem e o coletivo SNM. No dia 23, o DJ Sujo assume as picapes do beco e no dia 30 será a vez da Sintra FM cuidar da animação de quem for à festa. Entrada franca.
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O astro Jackie Chan em Police story
O melhor do cinema de Hong Kong POR PEDRO BRANDT
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olônia britânica por mais de 150 anos, devolvida à China em 1997, Hong Kong desenvolveuse de maneira distinta do restante do território chinês, o que pode ser percebido em diversos aspectos da vida de seus habitantes. A indústria cinematográfica da ilha, por exemplo, bebeu tanto de tradições chinesas quanto do ocidente, resultando em um cinema de personalidade bastante própria. Muitos dos filmes produzidos por lá, a partir de meados da década de 1970 e, especialmente, 1980, passaram a ser consumidos para além das bilheterias domésticas, gerando um interesse cinéfilo ao redor do globo. Sobre esse assunto, é inevitável lembrar do astro de artes marciais Bruce Lee ou do cultuado diretor Wong Kar-Wai. Mas a programação da mostra Cidade em chamas: O cinema de Hong Kong, em cartaz no CCBB até 8 de julho, pretende levar o espectador muito além dessas duas referências – que, aliás, nem estão presentes nos 23 longas-metragens selecionados para exibição. Idealizador da mostra, o crítico de cinema Filipe Furtado (ex-editor das revistas Paisà e Cinética) é fã de filmes de
Hong Kong há mais de 20 anos. Seu recorte curatorial se encerra no simbólico ano de 1997 e ele optou, para dar diversidade à seleção, por dois filmes de cada diretor representado na programação, que passa por drama, comédia, musical, policial, horror, fantasia e, claro, artes marciais – são títulos emblemáticos e pouco conhecidos no Brasil, como O amor eterno (1963), de Han Hsiang Li, Irmãos de sangue (1973), de Chang Cheh, Confissões íntimas de uma cortesã chinesa (1972), de Chor Yeun, Os refugiados do barco (1982), de Ann Hui, Sonho da ópera de Pequim (1986), de Tsui Hark, e Companheiros, quase uma história de amor (1996), de Peter Chan. Entre os dramas, o curador indica O arco, de Cecile Tang. “Foi o primeiro filme chinês dirigido por uma mulher”, ele detalha. “É um filme de arte bem moderno, em contato com o que estava em voga no período em que foi feito, sobre estratificação social e as poucas opções que restavam para a mulher”. Outra sugestão de Filipe é Rouge, de 1988, uma trama de romance proibido na qual o fantasma da protagonista, que comete suicídio e não encontra o amado no além, reaparece 50 anos depois, na Hong Kong contemporânea, em busca dele.
O filme de ação mais conhecido da mostra é, sem dúvida, Police story (1985), sucesso escrito, produzido e estrelado por Jackie Chan, muitas vezes exibido na TV brasileira. “Dos filmes de ação, eu também destaco Ho, o sujo, de Lau Kar Leung, que tem uma espetacular coreografia de artes marciais, quase um musical na forma como o diretor explora seus atores. Outro destaque é Fervura máxima, do John Woo, que tem alguns dos tiroteios mais sensacionais já filmados, um filme de ação quase ininterrupta, com um clímax de cerca de 40 minutos. Para quem curte ação inventiva, é incrível”, comenta Filipe. O curador ministra, de 20 a 22 de junho, a partir das 14h, no CCBB, um curso sobre o cinema de Hong Kong. Os interessados devem se inscrever pelo e-mail hongkongccbb@gmail.com. No dia 21, após a exibição de Os refugiados do barco, a partir das 19h, acontece debate (com tradução em Libras) com a participação de Filipe Furtado e dos críticos Júlio Bezerra e Felipe Moraes. Cidade em chamas: O cinema de Hong Kong
Até 8/7, de 3ª a domingo, no cinema do CCBB (SCES, Trecho 2, tel. 3108.7600). Ingressos: R$ 10 e R$ 5. Programação em www.culturabancodobrasil.com.br.
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Gritos e sussurros
A atualidade de Bergman Seis anos depois da mais completa retrospectiva de sua obra já realizada no Brasil, o cineasta sueco volta ao Cine Brasília com cinco de seus principais filmes restaurados em matriz digital. POR SÉRGIO MORICONI
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rganizada pela Embaixada da Suécia, a mostra Centenário Ingmar Bergman homenageia neste fim de semana, no Cine Brasília, a memória daquele que é um dos maiores cineastas da história da “sétima arte”. O epíteto aqui faz justiça a um artista único. Bergman foi muito mais do que um realizador de filmes, foi um filósofo, um autor, artífice de uma singular poética da arte cinematográfica. Também dramaturgo, filho de um pastor protestante de Upsala, Bergman dividiu sua vida entre o teatro e o cinema. A permanência de sua obra não deixa de causar espanto. Mas nem sempre foi assim. No início da carreira ele foi violentamente rejeitado mesmo em sua Suécia natal. Um crítico chegou a dizer a respeito de um dos seus primeiros filmes: “Quando teremos que engolir a próxima excrescência do sr. Bergman?”. Por que tanta ira? Indignação em relação a temas que lidavam essencialmente com os mais duros dilemas existenciais?
A mostra está sendo exibida em mais de uma dezena de cidades brasileiras, não só nas capitais de todos os principais Estados do país, mas também em cidades como Niterói e Ribeirão Preto. Entre os filmes estão obras-primas inquestionáveis do período médio do cineasta, como Morangos silvestres (1957), O sétimo selo (1956) e Persona (1966), além de produções mais tardias igualmente de grande qualidade, tais como Gritos e sussurros (1972) – este de transição para o último período – e Sonata de outono (1978), do último período. Não deixa de ser curioso o fato de Bergman ter falecido simplesmente no mesmo dia que seu colega, o italiano Michelangelo Antonioni, ambos conhecidos por serem, resguardadas as devidas diferenças, dois dos principais intérpretes das angústias humanas. A partir dos anos 1960, o cinema de Bergman foi rotulado de hermético. Diziam que ele não era para qualquer um, seus filmes eram destinados a uma minoria de frequentadores de cineclubes. Pura mentira ou, pelo menos, uma mentira
parcial. Por pelo menos umas três décadas, a “massa” comia dos finos biscoitos da pastelaria Bergman, para aludir aqui à célebre expressão do escritor brasileiro Oswald de Andrade. Vamos contextualizar: “massa” não eram os milhares de frequentadores dos blockbusters norte-americanos e sim o “pequeno grande público” dos filmes destinados a uma plateia minimamente escolarizada. A melancolia de Bergman enchia cinemas, sim senhor! Para Hamlet, o personagem shakespeariano, “a melancolia é uma resposta ao mundo doente do qual ela mesma se origina”, portanto ela diz respeito a todos os indivíduos. Não deixa de ser pertinente perguntar de onde vinha a melancolia de Bergman. Em Morangos silvestres há a tristeza nostálgica de um ancião que percebe a inexorabilidade da morte, da perda da juventude. Essa nostalgia está expressa nos sonhos do velho professor, especialmente na sequência da viagem que faz para receber um prêmio pela sua contribuição em vida, quando então se encontra com vários
O sétimo selo
cio e a presença da morte, a instabilidade psíquica nas relações são, nesta ordem, as causas das angústias dos indivíduos em Gritos e sussurros, Persona e Sonata de outono. É comum dizer que Ingmar Bergman fotografa as inadequações e inconformidades da alma dos indivíduos. Algumas vezes com graça e humor, como em Sorrisos de uma noite de amor (1955) e Monica e o desejo (1952), ainda que a brisa morna da melancolia roce de mansinho peles e mentes de seus frívolos e do-
ces personagens. Desde quando experimentamos a melancolia como nosso companheiro de viagem? Ah, desde tempos ancestrais! Desde sempre, mas muito mais aceleradamente depois que as rápidas transformações sociais viessem no rastro das navegações, cujos navios traziam em seus porões os ratos portadores das pulgas transmissoras da peste. Mostra Centenário Ingmar Bergman
16 e 17/6 no Cine Brasília. Entrada franca.
Sonata de outono
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jovens pelo caminho. Muitos dizem que esta percepção está na origem da melancolia atávica dos indivíduos, a introjeção neles da perda de um paraíso. Entretanto, há origens mais difusas. A Bíblia já cita a melancolia como parte de circunstâncias históricas específicas. A perseguição aos hebreus, por exemplo. Mas há circunstâncias não conjunturais para a melancolia e para os melancólicos. Aristóteles se perguntava a razão por que todos os homens de exceção, filósofos, poetas, artistas em geral, seriam manifestamente melancólicos. Os indivíduos normais poderiam ser melancólicos, mas havia uma melancolia natural que tornaria o seu portador genial, “normalmente anormal”, e este era um atributo dos artistas. “O gênio surgiria pela ação da bile negra que, como o vinho, teria poderosa ação sobre a mente”. Os gregos acreditavam que aos quatro líquidos do corpo humano (sangue, linfa, bile amarela, bile negra) corresponderiam respectivamente os temperamentos sanguíneo, fleumático, colérico e melancólico. O temperamento melancólico seria um temperamento metafórico, propenso à criação na filosofia, na poesia e nas artes. Para além dos artistas, existiria uma melancolia endógena, resultante de dilemas e questionamentos internos que podiam ou não ser causados por fatores externos. Este seria o caso de muitas das temáticas e das questões colocadas nos filmes de Bergman. Em O sétimo selo, a personagem de Max Von Sydow, um cavaleiro que lutara nas cruzadas, vê seu país destruído pela peste negra. Bergman faz do filme uma alegoria sobre a fé em Deus e o significado da vida. O prenún-
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Oswaldo Montenegro
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Call The Police
21 atrações até a final da Copa POR HEITOR MENEZES
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ão é de hoje que Brasília vê e ouve artistas frescos da música feita no país. Frescos no sentido de novos, de frescor. Muito bem. A capital há muito convive com o hábito de receber esses novos talentos da música, desde que, em 1959, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, arrebentando de Bossa Nova, tomaram umas biritas e a água do Catetinho e deu no que deu na carreira de ambos. Tocar em Brasília. Estar em Brasília. Prazer de todo músico. Pois preste atenção: a presente temporada de shows representa oportunidade única de presenciar a galera que renova esse grande céu chamado música popular brasileira. Isso sim é cena contemporânea. E em plena Copa do Mundo. Chegaremos a eles. Por enquanto, a ordem cronológica dos acontecimentos. Sábado, 16 de junho, 4 da tarde. Tá lá na folhinha: Brandford Marsalis, ao vivo no CCBB. Brandford é o extraordinário saxofonista, membro do clã Marsalis, que presta um imenso tributo à cultura musical norte-americana e planetária, através do jazz e da música erudita. Pois este talento do sax soprano, que já tocou na banda do Sting, se reúne com a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, sob a regência do
maestro Cláudio Cohen. O evento, chamado CCBB in concert, começa com a música do Instituto Reciclando Sons. Entrada: um quilo de alimento não perecível. A alma sai bem alimentada de um evento assim, pode apostar. Alguma coisa acontece quando o assunto é um artista imitando o outro. Temos as covers, algumas melhores que as canções originais. Outros que martelam os sucessos, até você ouvir só o martelo. E ainda tem os covers dos mitos. Beatles, Elvis, Michael, Amy Winehouse, Legião, todos lembrando que os falecidos são tão grandes, mas tão grandes, que não podem desaparecer assim tão simples. Aí uma das justificativas para o tributo ao Queen, dia 17, no Salão Master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. God Save The Queen é o nome do espetáculo no qual músicos argentinos, sob a liderança do cantor Pablo Padín, revivem fidedignamente uma apresentação ao vivo do Queen. Freddie Mercury, Brian May, John Deacon e Roger Taylor são emulados nos mínimos detalhes, inclusive musicalmente. E o cover com um original no meio? Para embolar o meio de campo, temos o estranho e raro caso da banda Call The Police, dia 21, no NET Live Brasília, ali pelas beiras do Lago Paranoá. Cover do Police, com o membro nato da banda, o
guitarrista inglês Andy Summers, nosso velho conhecido. Em suas muitas andanças pelo Brasil (em Brasília, tocou com Victor Biglione, na praça de alimentação do Conjunto Nacional), Summers satisfez seu gosto pela Bossa Nova, tocou e gravou com diferentes músicos brasileiros, incluindo Rodrigo Santos, ex-baixista do Barão Vermelho, e o baterista João Barone, do Paralamas do Sucesso. Andy Summers é Andy Summers; Rodrigo Santos, o Sting; e Barone, o batera Stewart Copeland. Pronto, taí o “Chamem a Polícia”, o elogiado tributo ao Police com um terço de originalidade na formação. Tempo das festas juninas e a música não é só “pula a fogueira, iaiá; pula a fogueira, ioiô”. A música caipira vai muito além e descreve um estado de coisas de um universo particular. Isso, o Brasil profundo e os outros Brasis. Pois é essa homenagem à música sertaneja de raiz o mote da dupla Toninho Ferragutti (acordeom) e Neymar Dias (viola caipira), dias 22, 23 e 24, no teatro da Caixa Cultural. O show Festa na roça só não tem fogueira e quentão, mas gemem os foles e riscam as cordas. Eis São João no teatro da Caixa. Sabe os eventos Picnik? Dias 23 e 24, tarde/noite, tem o Picnik Festival, grátis, na Torre de TV. Misto de circo, festa conceitual, feira de arte, moda, bazar e
Nando Reis
gastronomia, tem uma programação musical na qual brilham artistas de uma certa nova safra da música popular brasileira. Sabe-se que a cantora Tulipa Ruiz, o cantor Curumin, a cantora Anelis Assumpção e o grupo Garotas Suecas, todos de São Paulo, lideram o line-up repleto de novos artistas de Brasília. Eis a chance número um de conferir o frescor da música popular brasileira, conforme dito lá atrás. Toca Lulu, canta Lulu. Lulu Santos volta à cidade com a turnê Canta Lulu!, dia 23, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Dono de uma coleção invejável de hits, o assim chamado rei do pop nacional volta a mergulhar nos sucessos da carreira, desta vez mandando sobrecarga de energia em um repertório contagiante e infalível. Além do Lulu de todas as fases, não ficam de fora os sucessos de Rita Lee, conforme ouvido em Baby baby, tributo à cantora, lançado em 2017. Outro que bate ponto anualmente em Brasília é o bardo carioca de coração brasiliense Oswaldo Montenegro. Dia 29, também no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, a turnê Serenata desfila os sucessos de quarenta e tantos anos de carreira, em igual medida de sinceridade e emoção. Montenegro é um cara multimídia, portanto pode esperar música repleta de sons, poesia, referências a Brasília e imagens a serviço da arte. Muita atenção agora para as novas vozes, novos artistas brasileiros, parte 2. 30 de junho e 1° de julho, outra grande oportunidade de entrar em sintonia com o som made in Brasil de agora. Trata-se do
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Lana Pinho
Lulu Santos
festival Sai da rede – O som que vem da web, ao anoitecer, grátis, na área externa do CCBB. No dia 30 tem o baiano Baco Exu do Blues, que deve mandar o hit Te amo disgraça. Na sequência, se segura: a união do pagode baiano com a eletrônica do pessoal do Àttøøxxá. Fechando a night, o incrível brazilian rap de Rincon Sapiência. “Rodrigo Santoro, eu enfrento”, é um dos grandes versos já escritos na MPB. Dia 1°, o Sai da rede prossegue com mais música para balançar a bundinha. Data vênia o maior respeito, é o que diz e o que faz o pessoal da Muntchako, prata de casa que leva o conceito de música instrumental para dar uma volta ao redor do globo e daí emerge uma sonzeira sensacional. Em seguida, Salvador novamente na cabeça, com a cantora baiana de voz e presença suaves (só na apa-
Almério
rência) Luedji Luna; fechando a tampa, o pernambucano Almério, injetando entusiasmo e renovando o amor que temos pela MPB. Encerrando o período, temos mais uma bem-vinda visita de Nando Reis, dia 14 de julho, desta vez em espaço no Pontão do Lago Sul. O Ruivão, merecidamente, ainda colhe os frutos de Jardimpomar, melhor álbum de rock em língua portuguesa no Grammy Latino 2017. E no dia 15, amigos, uma coisa de dar frio na barriga. Sabe a final da Copa do Mundo? É nesse dia 15 de julho e escalaram o Jota Quest como atração da festa Torcida Brasil, lá pelas duas da tarde, na área externa do CCBB. Considerando a antecedência dessas palavras, é claro que vai ser legal e vai dar Brasil. Amém.
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As múltiplas imagens de
Vladimir Carvalho
TEXTO E FOTOS ALEXANDRE MARINO
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filho de Luiz Martins nasceu em 1935, ano da Intentona Comunista, e recebeu o nome russo de Vladimir. O garoto se impressionava com a arte do pai, artesão de móveis que criava peças de grande beleza a partir da madeira bruta. As ideias libertárias do pai influenciaram Vladimir, que militou no Partido Comunista e foi perseguido pela ditadura militar. Mas do pai ele herdou também a habilidade manual e a atração pelos santos, personagens de esculturas e desenhos. Esta é só uma pequena porção de Vladimir Carvalho, 83 anos, documentarista, um dos grandes nomes do cinema brasiliense e, sem favor, brasileiro. Ex-professor da Universidade de Brasília, ele vive como se estivesse dentro de um filme, e o cenário é o próprio cinema – a arte do cinema, para ser preciso. Vladimir transformou sua casa na 703 Sul em sede da Fundação Cinememória,
que há seis anos ele transferiu para a UnB, assim como o imenso acervo composto de filmes, livros, câmeras, fotografias, jornais e obras de arte. A casa conserva a história do cinema de Brasília,
em fotos e objetos históricos. Filho de mãe católica e pai militante comunista, que fabricava móveis, escrevia em jornais, desenhava e projetava casas, Vladimir se encantava com a luz colo-
rida que atravessava os vitrais da igreja matriz de sua terra, Itabaiana, na Paraíba, e formava desenhos no piso. O pai construiu o altar da igreja, e Vladimir ainda sente o cheiro de cedro que sua pele exalava ao abraçá-lo. Vladimir guardou lá no fundo essa intimidade com a madeira, e um dia, perto de completar 30 anos, descobriu que também tinha o dom. Era março de 1964, Vladimir atuava como primeiro assistente do cineasta Eduardo Coutinho nas filmagens de Cabra marcado para morrer, que conta a história do líder camponês João Pedro Teixeira, assassinado em 1962. Quando eclodiu o golpe militar, a filmagem foi interrompida, a equipe foi presa e Vladimir se retirou para uma fazenda no interior da Paraíba, pertencente a parentes, com a missão de proteger a viúva do personagem do filme, Elizabete Teixeira, também ameaçada de prisão. Lá passou cinco meses. Entediado, sem ter com quem falar, Vladimir recolheu cascas de cajá, árvore comum nos arredores da fazenda, e passou a esculpi-las com canivete. “Foi lá que eu descobri que tinha herdado a habilidade de meu pai”, lembra Vladimir. Algumas dessas peças fazem parte do acervo de sua casa-museu na Asa Sul. Imagens de santos, cangaceiros, personagens da mitologia e da literatura, cenas tipicamente nordestinas povoam os cômodos da casa. São esculturas, desenhos, pinturas, além de xilografias, a arte que mais atrai Vladimir quando ele não está fazendo cinema. Você ainda é comunista, Vladimir? “As coisas mudaram muito, o comunismo está superado”, ele responde. Mas,
“por sentimento”, continua ligado ao PPS, partido nascido de uma dissidência do antigo Partido Comunista. Mas de onde esse ex-comunista traz essa ligação com os santos? “O que me atrai nos santos é a paixão, a fé. Todo santo é um apaixonado”, explica Vladimir. No início, na época da ditadura, havia também um sentido estratégico. “Se me prendessem, eu tinha os santos para provar que não era comunista”, brinca ele. Os santos permaneceram, liderados por São Miguel Arcanjo, que, segundo a crença católica, seleciona as almas a entrar no Paraíso. É o preferido de Vladimir: “É um santo justiceiro.” O primeiro filme de Vladimir Carvalho tem uma história atribulada. O país de São Saruê foi filmado em 1966, no interior da Paraíba. Ganhou uma primeira versão, em 16mm, exibida em 1968. Foi completado em 1971, com a ajuda da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, incorporando novas cenas. Ampliado para 35mm, foi proibido pela Censura Federal, por “afrontar a imagem do Brasil”. Havia sido selecionado para o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, mas não foi exibido. Só foi liberado em 1979, quando ganhou o Prêmio Especial do Júri do Festival de Brasília. O filme é um documentário sobre a ocupação de terras no Nordeste, expondo a desigualdade e a situa-
ção de miséria do camponês da região. Sem muitos recursos para a produção, Vladimir teve a ideia de fazer o cartaz do filme, à moda nordestina – impresso a partir de uma matriz em xilogravura. Vladimir fez os entalhes numa tábua de cedro, mas cometeu um erro: escreveu o título como se escreve normalmente, da esquerda para a direita, fazendo com que ficasse invertido na impressão. Teve que entalhar de novo no verso da placa de madeira. Essa matriz de duas faces está guardada em seu acervo (fotos acima). “Eu gosto da xilografia pela própria peça, mais do que da impressão”, diz Vladimir. O acervo tem grande número dessas peças, entalhadas em madeiras como cedro, imburana e canela. Mas tem também desenhos a grafite, nanquim, lápis cera, guache, crayon. Imagens de cidades, cenas do campo. Esculturas em madeira, cimento, bronze. Um Cristo de 1m30, em cumaru, revela sua habilidade na escultura. O que ele fez, reunido a peças ganhadas ou compradas, além de recolhidas na natureza, como galhos, frutos e sementes, compõe o acervo. Para Vladimir, essa arte serve “como distração”. Pensa em expor? “Nunca fiz com esse objetivo, mas a gente sempre tem vontade de mostrar o que faz”, divaga ele. O criador de imagens vai além do cineasta premiado, autor de mais de 20 filmes, feitos com o olhar sensível do jornalista que é, antes de tudo, artista. Seja por trás da câmera, seja por trás do cinzel.
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Narrativas fantásticas POR VILANY KEHRLE
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epois de alguns anos ausente dos espaços expositivos da cidade, ele volta à cena. Trazido pelas mãos da curadora Renata Azambuja, o artista plástico Antônio Carlos Elias ocupa uma das galerias do Museu dos Correios, a partir de 21 de junho, com a exposição Urômelos, coelhinhos e quimeras. Autodidata, o introspectivo Antônio Elias nunca deixou de produzir, mas se afastou por uns tempos do burburinho das artes brasilienses. O desejo de voltar a expor surgiu, no ano passado, quando abriu as portas do seu estúdio para alguns artistas, curadores e amigos. Renata Azambuja, que o conhece desde o final dos anos 1990, conta que ficou encantada com o que viu. “Algo fora do registro, diferente do que tenho visto e do que ele estava produzindo antes, mesmo que eu tenha conseguido perceber algumas semelhanças com a produção anterior. Entretanto, não é como se ele fizesse algo
totalmente fora do que já havia realizado, porque alguns interesses ainda permanecem, como seu desejo de apontar para o quanto a realidade é ilusória, e como a vida é uma espécie de laboratório”. Desde o final dos anos 1970 Antônio Elias se divide entre duas grandes paixões: as artes visuais e a odontologia. Nascido em Anápolis, foi educado sem grande intimidade com o universo das artes, mas sempre sonhou em ganhar o mundo, e logo que terminou o curso superior, em 1976, foi fazer especialização e mestrado nos Estados Unidos. Lá, começou a visitar museus e galerias, a adquirir livros e periódicos de arte e de fotografia e, a partir daquele momento, se descobriu artista. “Acho que é uma coisa dentro de mim...”, tenta explicar. Em 1980, ao voltar para o Brasil, se estabeleceu em Brasília, foi ensinar odontologia na UnB, mas não largou os lápis e pincéis, e começou a expor. Na década de 1980 participou de muitos salões, ganhou prêmios, menções
honrosas e, até metade do ano 2000, participou de muitas coletivas e individuais. Até então se expressava pela pintura e desenho. Ao chegar a Londres, em 1987, para um doutorado em odontologia, acompanhou todos os movimentos culturais da época, se aprofundou na arte contemporânea e, a partir daí, passou a produzir escultura e a criar instalações. Elias lembra que a individual Expectros, na Caixa Cultural, em 1987, fechou o ciclo da sua arte bidimensional, e as décadas de 1990 e 2000 foram marcadas por inúmeras instalações: Altares-mores, na galeria Athos Bulcão; Radices relictae, no Museu de Arte de Brasília; In vivo...in vitro, no mezzanino do Teatro Nacional; Corpus sanctus, na Caixa Cultural; Ad infinitum no Espaço Cultural 508 Sul; Oráculo, que fez parte do último Salão de Artes Plásticas da Funarte, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; e Epulis fissuratum, na Funarte. Até sua tese de doutorado se transformou em instalação premiada em primeiro lugar no Salão de Ar-
Fotos: Divulgação
te de Brasília, em 2002. “O meu trabalho artístico é focado em minha vida e na minha percepção do mundo”, enfatiza. Urômelos, coelhinhos e quimeras: trabalhos recentes de Antônio Carlos Elias é realizada com obras produzidas a partir de 2015. O conjunto de dez instalações apresenta esculturas brancas em gesso, pinturas e objetos que, segundo a curadora, “parecem ter sido elaborados co-
mo séries de narrativas fantásticas à moda de um H. G. Wells, em A ilha do dr. Moreau, onde ocorre uma hibridização entre seres humanos e animais, causando no espectador uma sensação de estranhamento”. A expografia da mostra leva a assinatura de Gladstone Menezes. Renata salienta que houve um salto gigante na produção de Elias, “como se ele tivesse
mudado de estrada, buscado outra via para o desconhecido”. O próprio Antônio Elias completa: “Hoje estou menos vinculado á ciência. Está havendo uma diluição...” Urômelos, coelhinhos e quimeras: trabalhos recentes de Antônio Carlos Elias
De 22/6 a 16/9, no Museu Nacional dos Correios (SCS, Quadra 4, Bloco A). De 3ª a 6ª feira, das 1h às 19h; sábados, domingos e feriados, das 14 às 18h. Entrada franca
TEMOS ATÉ MUSCULAÇÃO. Circo, natação, balé, lutas, aeróbica, programação para crianças, além de instrutores formados e capacitados para cuidar de você. Afinal, temos tudo para a sua família, até o que as outras academias têm. www.companhiaathletica.com.br/unidade/brasilia
SCES, Trecho 2, Conj. 32/33, Lj. P01, Pier 21 Lago Sul, Brasília/DF +55.61.3322-4000
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CRÔNICADACONCEIÇÃO
Crônica da
Conceição
CONCEIÇÃO FREITAS
conceicaofreitas50@gmail.com
Me pegou de jeito
U
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ma vez, um psicanalista me falou de um linguista que via em cada palavra a projeção dela mesma, como se ideogramas fossem. Ando assim, cada palavra parece ter vida própria, como se fosse expressão da divindade. Não apenas o sentido que cada uma delas pode ter, mas a forma dela em si mesma. É o alfabeto fonético que chega aos meus olhos como ideograma de uma língua que invento para representar o que me provoca, o que me consubstancia. E o que será mesmo “consubstancia”? Deve ser algo como a substância da Conceição. Sempre lidei bem com as palavras. Não tenho nenhum pudor com elas, não tenho nem vergonha de escrever errado. Me divirto quando um ato falho me pega de jeito e me faz escrever o que eu na verdade queria sem saber que queria. Ou quando tenho dúvidas na grafia. Nenhum outro lugar me deixa tão à vontade como aquele onde moram as palavras. Onde será? Por exemplo: quando estou dirigindo e não quero pensar em determinada coisa. Começo a dar nome a tudo o que vejo: carro, semáforo, árvore, homem, bike, grama, nuvem, avião, asfalto, cin-
za, calor, saudade, vontade. Quando dou por mim, já fui muito longe e me livrei do pensamento/aborrecimento. As cidades são construções de palavras, muito mais do que de edifícios e ruas e praças e blocos e eixos. Tudo o que se constrói passa pela palavra – sem elas, nem o mundo existiria. Não para nós, humanos verborrágicos e falastrões. As palavras são tudo o que tenho. Podem não ser as mais belas, podem não ter uma construção estilística primorosa, podem ser meio barrocas, meio simplórias, mas elas estão sempre ao meu inteiro dispor. Não me abandonam nunca. Faço com elas o que quero, mas nem por isso elas são submissas – me passam a perna não poucas vezes, me revelando a mim mesma, me mostrando que nem sempre sei o que penso que sei. Outras vezes, fico sabendo que sei porque as palavras vão me dizendo e eu as sigo, com obediência, reverência e absoluto encantamento. De onde elas vêm? Como aparecem em mim elaborando pensamentos, formando frases, desvelando mistérios em movimentos autônomos – um santo que baixa e me faz escrever o que ele quer. Queria ter lido mais pra ter mais recursos, mas fui meio vadia na arte de es-
crever, como um sambista de morro que pede uma cerveja e escreve um samba com guardanapo e caixa de fósforo. Embora muitos deles escrevam muito melhor do que eu, deles tenho o gosto de viver do meu jeito e tamanho. Sem deixar o guardanapo e a caixa de fósforo. As palavras andam me pedindo pra ficar, pra encher o rio de mais e mais palavras, pra levá-las mais a sério. Afinal, foram elas que me trouxeram até aqui. Não fossem elas, teria morrido à míngua. Eu e os meus, de quem cuidei com o salário que as palavras me pagavam todo mês. Até hoje as palavras que escrevi nos últimos 40 anos me sustentam. Fui jornalista menos por uma vocação para investigar verdades ou de relatar acontecidos. Muito mais como pretexto para escrever e ganhar algum com isso. Estou em dívida com as palavras, sinto muita saudade delas, queria tê-las em mim como se eu fosse uma delas. Queria ir aonde elas vão. Queria que elas me dissessem o muito que ainda não sei. Queria morrer por elas, viver pra elas. Daí que inventei um pretexto, o escrever sobre cidades e pessoas. Meu disfarçado modo de continuar namorando as palavras, como sempre fiz.
Você pode ser ciclista, motociclista ou motorista. Mas você sempre vai ser um pedestre.
No trânsito, somos todos responsáveis.
O Distrito Federal tem cento e cinquenta mil ciclistas, trezentos mil motociclistas e um milhão e setecentos mil motoristas. Cada um deles também é pedestre. Aqui no DF já somos quase três milhões de pedestres. Todos vulneráveis. Todos potenciais vítimas dos perigos do trânsito. Porque, para o pedestre, a vida também passa pelo trânsito.