Ano XVII • nº 287 Março de 2019
R$ 5,90
Milton traz a Brasília a turnê Clube da Esquina
EMPOUCASPALAVRAS
Alexandre Marino
“Coisas que a gente se esquece de dizer / Frases que o vento vem às vezes me lembrar / Coisas que ficaram muito tempo por dizer / Na canção do vento não se cansam de voar / Você pega o trem azul / O sol na cabeça / O sol pega o trem azul / Você na cabeça / O sol na cabeça.” Até hoje me lembro da emoção que senti ao ser apresentada à voz divinal de Milton Nascimento, por um amigo querido. Adolescentes que éramos, naquele ano de 1972, ouvimos encantados cada nota da música O trem azul, uma das 21 integrantes do disco duplo Clube da Esquina, resultado do encontro pra lá de inspirado de jovens compositores mineiros. Música de Lô Borges e letra de Ronaldo Bastos, a canção, assim como todas as outras daquele emblemático disco, teve interpretação impecável de Milton Nascimento, o cantor e compositor com carreira de mais de cinco décadas que vem a Brasília, dia 13 de abril, justamente para nos emocionar com homenagem aos discos Clube da Esquina e Clube da Esquina 2, lançado seis anos depois. Como diz nosso comentarista musical Heitor Menezes, curtir Milton ao vivo é experiência única e imperdível ( página 22). De Minas, vamos para Goiás, mais precisamente para a linda Chapada dos Veadeiros. É lá que foi rodado Alaska, o novo longa-metragem de Pedro Novaes, cineasta carioca radicado em Goiânia. Em cartaz nos cinemas desde quinta-feira, 21 de março, o filme conta a história do casal Ana e Fernando, que se reencontra durante uma viagem pela Chapada, dez anos depois de uma separação mal resolvida. A beleza e a mística do lugar são importante elemento dramático do filme e nos fazem pensar na relação que poderia haver entre o ermo sertão goiano e o longínquo e gelado Alaska, conforme observa nosso crítico de cinema Sérgio Moriconi (página 32). Da Chapada, voltamos finalmente a Brasília, cidade que não para de crescer, gastronomicamente falando. Só nesta edição, registramos cinco novos empreendimentos, sem contar as reformulações de cardápio dos restaurantes já estabelecidos: o Layback Park, novo point de prática de skate onde convivem em harmonia o Tap& Cheese Bar, o Sirène, o Preto e Roxo e a Adega e Drinks (página 4); o Yakiton Bar e Cozinha Oriental, recém-inaugurado na charmosa Vila Planalto (página 6); os descolados cafés Nube, na Asa Sul, e Treze, na Asa Norte (página 8), e o Sous Ribs & Beer, restaurante da Asa Norte cuja especialidade é a costela preparada com a técnica sous-vide (página 12). Vida longa, portanto, aos que chegam! Boa leitura e até abril. Maria Teresa Fernandes
30 diáriodeviagem Guaramiranga, cidadezinha maranhense de apenas 4 mil habitantes, transforma-se em capital do jazz e do blues durante o Carnaval, atraindo milhares de turistas.
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ÁGUANABOCA
Para comer e se distrair POR SÚSAN FARIA
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rasília acaba de ganhar um novo polo de gastronomia, esporte e lazer: o Layback Park, inaugurado há um mês no Projeto Orla 3, a cerca de 6 km da Esplanada dos Ministérios. O complexo não é tão grande, mas é inovador: tem 1.050 m2 de área total e 252 m2 de área construída, possui uma incrementada pista de skate, em formato de piscina, e em volta restaurantes, bares, adega e lojas de material esportivo. A vis-
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ta para o Lago Paranoá, um píer, as mangueiras, palmeiras e jabuticabeiras e o calçadão da orla são espetáculos à parte. Tap & Cheese Bar, Sirène, Preto e Roxo e Adega e Drinks são os empreendimentos gastronômicos já instaladas no completo, que logo terá também uma unidade do Sushi Kawa. Na entrada ficam a Hid Skate Store, especializada em roupas e materiais esportivos, e o The Barrin, que subloca espaço para o uso de internet e salas de trabalho. A entrada é franca para a pista de skate e demais espaços, livres ou cobertos, sendo esses erguidos com material de containers, o que aquece a temperatura, sobretudo no início da tarde. À frente do complexo estão o empresário André Barros e o filho Pedro Barros,
24 anos, catarinense de Florianópolis, seis vezes medalhista mundial de skate e grande promessa brasileira para as Olimpíadas de 2020, em Tóquio. O LayBack começou como uma marca de cerveja, depois se ampliou em novos espaços, primeiro em Florianópolis e agora Brasília (em breve chegará a Belo Horizonte). “É um lugar democrático, para quem tem bom gosto, onde se come bem e se escuta boas músicas, e que vence preconceitos sobre o skate, esporte entre os dez mais populares do mundo”, define Pedro. Carnes exóticas de jacaré, rã, avestruz e javali são servidas na Tap & Cheese, uma inovação de boteco. Esses pratos, carros-chefes da casa, são individuais e têm preço único de R$ 38. Outras especialidades são a carne de sol, os hambúrgueres e pratos à base de tilápia e camarão. O bacalhau desfiado, com creme de queijo e arroz, individual, custa R$ 32; e a porção de cinco unidades de bolinho de bacalhau, R$ 25. Eduardo Kauer, 44 anos, é um dos proprietários – o outro é André Barros – do Preto e Roxo, que serve um café especial, da marca LayBack, colhido no sítio
(sereia em francês): o fotógrafo Raphael Umbelino, 31 anos, o administrador de empresas Alexandre Nogueira Lopes, 30, e os advogados Lucas Lopes, 28, e Afonso Natal Neto, 34 anos. Tudo começou quando Afonso alugou espaço para a mãe abrir uma livraria jurídica na Rua Trajano Reis, em Curitiba. Afonso viajava pela Austrália e recebeu o recado da mãe desistindo do negócio, que seria instalado em uma área de grande movimento. O jovem não quis perder o ponto e, após conhecer o fish and chips na Austrália, não teve dúvida de que essa era uma boa opção. Aberta em 2016, a Sirène já tem sete unidades, entre próprias e franqueadas, quatro em Curitiba e as demais em Brasília, São Paulo e Florianópolis (as próximas serão em Belo Horizonte e Balneário Camboriú). O prato principal, claro, é o fish and chips, prato típico inglês muito popular também na Austrália, Nova Zelândia e África do Sul. Aqui preparado
com tilápia, servido em cones na companhia de batatas rústicas, custa R$ 20 (150 gramas) ou R$ 25 (250 gramas), com direito a molhos artesanais – picante, de maionese, mostarda ou tártaro. Outra opção é o Sandufish – pão francês em forma de baguete com gergelim, filé de peixe temperado frito, rúcula, cebola caramelizada e molho tártaro (R$ 23). A tilápia, comprada em Brasília, é criada em água corrente, com carne mais magra e sem gosto de barro. “Isso aqui foi uma oportunidade de negócios. Tudo surgiu com a parceria com a LayBack, em Florianópolis”, explica Alexandre, lembrando que no dia da inauguração – 9 de março – cerca de 1.600 pessoas provaram os pratos da casa. LayBack Park Setor de Hotéis de Turismo Norte, Trecho 1. De 3ª a 5ª feira, das 15 às 23h; 6ª e sábado, das 15 às 24h; domingo, das 14 às 22h.
Fotos: Divulgação
Cambraia, em Carmo de Minas (o pacote de 250 gramas é vendido por R$ 180). Serve também açaí vindo do município paraense de Óbidos (500 gramas custam entre R$ 20 e R$ 22, dependendo do complemento). “Sentimos a necessidade de oferecer um açaí original, verdadeiro. As pessoas querem muito esse produto”, afirma Kauer. A seu ver, o complexo é “um lugar família”, que valoriza o skate, prática que vai entrar nas Olimpíadas pela primeira vez. O projeto arquitetônico do Layback Park é de Fabrício Carvalho. O supervisor do complexo, Laérge Vieira, explica que o nome LayBack vem de uma manobra que se faz no skate e no surfe, esportes que hoje fazem muito sucesso em Florianópolis. As pistas de skate de Floripa e de Brasília são de difícil domínio, mais profundas do que as comuns, exigem certa vivência na atividade, mas seguem o modelo arquitetônico que os atletas vão encontrar nas Olimpíadas de 2020. Não há ambulância para socorrer atletas vítimas de eventuais tombos, mas, segundo o administrador, conta-se com o apoio dos bombeiros e da Polícia Militar. “A experiência de trabalhar no Laybak tem sido fantástica, sempre vivi e participei dessa cultura de surf e skate”, comenta Laérge. Segundo ele, sempre há novidades, como a pista de skate fechada às quartas-feiras para as meninas e às terças-feiras para os acima de 40 anos; ou as promoções nos pratos, às sextas-feiras. E música é o que não falta ali: blues, rock, MPB, break, eletrônica ou ao vivo, como nos domingos, com cover da banda Charlie Brown Júnior. Quatro jovens paranaenses amigos de infância, praticantes de skate, surfe e montanhismo, estão à frente da Sirène
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ÁGUANABOCA
Yakisoba
Tai Tai
Pequeno notável POR LÚCIA LEÃO
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Fotos: Luciano Marcos
em só de shushis e sashimis vive a culinária japonesa. Viva! Para além dos rolinhos de alga e das fatias de peixes crus que conquistaram tão definitivamente o mundo ocidental, a cozinha quente do arquipélago do sol nascente é condimentada e saborosa, com mistura de muitos ingredientes em caldos, molhos e frituras. E agora ela se apresenta em Brasília na sua melhor forma num pequenino e despojado restaurante da Vila Planalto, que aos poucos vai fidelizando uma clientela de paladar exigente e refinado que divide as poucas
mesas com moradores da vizinhança, boêmios apreciadores de bons drinks – outra especialidade da casa – e ex-clientes da Casa do Yakissoba, delivery que funcionou por quase um ano na cozinha da casa do chef Giovani Salatti e deu origem ao Yakiton. “É uma comida de excelência, que preserva e valoriza as principais características da culinária japonesa de equilíbrio de sabores e texturas, utilizando ingredientes complementares do ponto de vista nutricional. Você come com prazer e se sente muito bem depois da refeição”, define Nitay Moreno Pontes, filho do restaurateur angolano Victor Pontes. Nitay, que
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Tonkatsu
se gaba dos conhecimentos gastronômicos adquiridos nas andanças em família, é um dos clientes assíduos do Yakiton enquanto acompanha a finalização do novo Restaurante Tribo, que será inaugurado em breve ali perto, num deck dentro do Lago Paranoá. No pequeno “japonês”, entre cinco mesas e nenhuma pompa, ele já encontrou e trocou ideias com autoridades em gastronomia como Daniel Briand e Paulo Melo, chef do Dona Lenha. Giovani Salatti é um gaúcho de 39 anos que ingressou na área de bares e restaurantes aos 19 não pela, mas na porta da frente, como manobrista de uma grande casa paulista. Quando passou da porta foi garçon, maître e curioso de cozinhas até mudar, com um grupo de amigos, para a Praia de Pipa, no Rio Grande do Norte. Casado, à época, com a nissei Thais Yoshimoto, montou ali, em sociedade com ela, sua primeira cozinha japonesa, o Oba Yakisoba. Os ventos mudaram em 2014 e levaram Salatti a outras aventuras de empreendedorismo gastronômico: andou pelas terras potiguares sobre as rodas de um food truck por dois anos e aportou novamente em Pipa, no Mikroponto, o bar underground mais badalado da cidade. Novos ventos, e a nova família, o trouxeram para Brasília em 2017, mais precisamente para a Vila
Raphael Omar
Planalto e para o Yakiton. O ponto, aliás, tem história: abrigou a loja de camisetas e os saraus promovidos pelo poeta e agitador cultural Joãozinho da Vila, uma das figuras mais queridas e populares do bairro, morto em acidente em 2017. “Sem dinheiro para investir, Giovani construiu o balcão, pintou as paredes e reformou as cadeiras no quintal de casa. Abrimos em janeiro de 2018 e desde então o movimento só cresce”, conta a mulher e sócia de Salatti, Roberta Senda. A família – o casal e Cora, a filhinha de dois anos – vive no andar de cima da casa, que passará agora por uma pequena reforma para ampliar a capacidade do restaurante. O cardápio do Yakiton é bem enxuto, o que, segundo Roberta, é parte da essência da proposta: “A ideia foi montar um espaço para as pessoas usufruírem de dois clássicos da culinária japonesa quente, os yakissobas e os empanados na farinha panko com tonkatsu, molho agridoce à base de maçã. Vem daí o nome, Yaki (yakisoba) ton (tonkatsu). Acrescentamos o Tai Tai (frango com shitake ao molho de gengibre), uma opção mais condimen-
tada e apimentada, servida com arroz, e o Wok, uma versão leve do Yakisoba, sem o macarrão”, detalha Roberta. Além dos pratos principais, que são individuais e com preços que variam entre R$ 20 e R$ 28, o Yakiton também serve entradas e petiscos bem tradicionais, como o sunomomo (pepino agridoce com gergelim, R$ 12) e o shiitake & shimeji na manteiga (R$ 28). Perfeitos
para acompanhar um Blood Mary, um mojito ou uma caipirinha, alguns dos drinks que o chef Salatti também prepara com muita competência, como nos tempos do Mikroponto. Assim é o Yakiton, o pequeno restaurante de grandes e agradáveis surpresas. Yakiton Bar e Cozinha Oriental
Rua 8, Lote 8, Vila Planalto (99606.0050) De 3ª a domingo, das 18 às 23h30.
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ÁGUANABOCA
As irmâs Joana, Sofia e Júlia comandam o Nube, onde, além de todas essas guloseimas, estão à venda porcelanas pintadas à mão pela mãe das três, Rosália.
Útil e agradável POR TERESA MELLO
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ois cafés em coworkings da cidade oferecem modernidade e profissionalismo no cardápio, além de macarons, grãos especiais, bolos e quitutes. Na Asa Sul, o Nube (nuvem, em espanhol) espalha leveza nos macarons, nos bolos, nas trufas, nas porcelanas. Na gestão estão três adoráveis irmãs: Júlia, Sofia e Joana Peixoto, todas em torno dos 30 anos. Na Asa Norte, o Treze – Tipo um Café é comandado pelos amigos Leo Ornelas, 26 anos, e Filipe Bicalho, 27, formados em Economia pela UnB. O Nube abriu em julho do ano passado, na loja em
Asa Norte
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cima do coworking inaugurado em 2017. Mesma situação na Asa Norte, onde o Manifesto Coworking, que funciona desde 2017, ganhou agora, em janeiro, o Treze. Ambos os estabelecimentos têm poucos funcionários e favorecem a economia colaborativa, unindo-se a parceiros locais. O pão de queijo e a quiche do Nube são da marca brasiliense Lá em Casa, e o croissant da Laika. No Treze, o pão de queijo vem da Qezzo e da Delícias de Minas, e a coxinha sem massa do Fritz. Detalhe: no balcão do Treze você verá os macarons crocantes do Nube. E, nos dois, o grão do espresso é da torra Kings Café, da cafeteria Seu Patrício.
O ano de 2017 foi especial para as filhas da família pernambucana Peixoto. Em junho, foi ao ar o episódio do Que seja doce, programa do canal GNT no qual a confeiteira Joana apresentou um macaron recheado com sorvete de cream cheese e frutas vermelhas. A experiência consolidou o talento da brasiliense de 27 anos, que já fazia os doces franceses por encomenda e depois formou-se em Gastronomia e estudou seis meses na The French Pastry School, em Chicago (EUA). Em novembro desse mesmo ano, ela e as irmãs, as arquitetas Júlia, 32 anos, e Sofia, 30, investiram no Nube Hub, coworking com 120m2 no subsolo
Somente grãos de microlotes são utilizados no Treze – Tipo um Café. Nas fotos abaixo, algumas das muitas delícias criadas pela jovem chef Luci Oliveira.
cookies, trufas. “Nós não produzimos salgados”, informa Joana, que, como dito anteriormente, trabalha com croissants da Laika e quiches da Lá em Casa. Um dos cinco sócios do Manifesto Coworking – espaço com 400m2 que vai fazer dois anos em 13 de abril –, o economista Leo Ornelas inaugurou o Treze – Tipo um Café no fim de janeiro último. “Pensei em ter um café bem-tirado, grãos de microlotes, mas sem a pretensão de ser especial”, esclarece Leo, que não tem um barista e vive atarefado atrás do balcão. O café pode ser coado “tipo de vó”, pingado e espresso, além do método da prensa francesa. No cardápio, a chef Luci Oliveira, 29 anos, preparou sanduíches, como o de salmão no pão de leite e o de carne de panela no pão francês, além de caldo de abóbora com gengibre e cuscuz marroquino. O destaque doce é o s’mores: “É tradicional nos Estados Unidos, onde es-
petinhos de marshmallow são levados ao fogo. Fiz um creme meio amargo de Nutella com marshmallow caramelizado no forno e servido com biscoito Maizena”, conta Luci. Há bolo de cenoura com cobertura de brigadeiro (R$ 7), brownies e iogurte vegano à base de inhame e leite de coco. Tudo servido em cerâmicas do artista Davi Ferraz. “O projeto do coworking já incluía um café, o que é muito bom, porque gera fluxo”, diz Leo, que antes hospedava o Seu Patrício na 206 Norte, até que a cafeteria se mudou para a Octogonal. Nascido em 13 de agosto e com 13 tatuado no braço direito, Leo nem teve dúvidas ao escolher o nome do atual café: “É o meu número da sorte”, garante. Nube Café
710/910 Sul, Centro Clínico Via Brasil (99885.8481). De 2ª a 6ª feira, das 10 às 19h.
Treze − Tipo um Café
206 Norte, Bloco A (3247.5284). De 2ª a 6ª feira, das 9 às 21h; sábado, das 9 às 18h.
Fotos: Divulgação
do Centro Clínico Via Brasil. Quando a loja de cima ficou vaga, as três iniciaram o projeto do café, aberto em julho de 2018. Júlia cuida do marketing e da identidade visual e Sofia da administração. As porcelanas pintadas pela mãe, Rosália Peixe, formam um nicho na parede. Com teto na cor preta, balcão azul-petróleo e bancos de design próprio, o local exibe cartela com 13 tipos de macarons: brigadeiro, churros, tiramisù, limão-siciliano, cheesecake de morango, baunilha, pistache, choco caramel, Nutella, caramelo salgado, Oreo e crème brûlée, além do sabor do mês, no caso, o de goiabada, em fevereiro. Cada unidade é vendida a R$ 4. Outro orgulho das jovens empresárias é a torta Red Velvet, servida na forma de minibolo por R$ 15. É possível encomendar tanto macarons quanto bolos de chocolate, caramelo, Red Velvet, baunilha, limão e Oreo. Há ainda mousses,
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Rayan Ribeiro
ÁGUANABOCA
No bar do 'A Mano são servidos drinks exclusivos, entre eles o Moscow Mule e o Negroni, além de petiscos saborosos, como a cestinha de massa phyllo da foto abaixo.
POR VICTOR CRUZEIRO
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odos os dias de trabalho se parecem entre si, com reuniões, prazos, almoços curtos e expedientes longos. Mas as happy hours, ah, as happy hours são sempre diferentes, cada uma à sua maneira. Afinal, o que define uma happy hour não é o simples fato de ser o momento de relaxamento após o trabalho, mas por ser, muitas vezes, a transição entre o ambiente corporativo e a vida comum, como o encontro entre chefes e funcionários, colegas de distintos departamentos, agora em condições de igualdade, no último momento antes de tirarem as gravatas e os saltos, abandonando seus títulos e sobrenomes, e voltando aos seus prenomes e famílias. Mais ainda, muitas vezes a happy hour se estende como um momento de trabalho, ainda que mais informal, regado a boa comida e bebida, num ambiente confortável e, portanto, mais propício à conclusão de negociações ou à elaboração de planos. Assim, é comum encontrar algumas casas preocupadas em ofere-
cer esse ambiente mais reservado, com preços e combinações especiais ou, quando muito, uma boa promoção que começa mais cedo! Quase sempre, as happy hours começam às 17 ou 18h, e vão até as 20h, como em figurinhas carimbadas como o Fausto e Manoel (Pontão do Lago Sul) ou o Primeiro Cozinha de Bar (Sudoeste, Quadra 6). Já outros vão madrugada adentro, como a especial happy open do La Rubia Café (404 Norte), que às terças e quartas se inicia às 18h e vai até à 1h da manhã. No caso das happy hours para executivos, no entanto, é comum que o período se inicie mais cedo, geralmente às 16h, ou que seja durante todo o dia. Além disso, nesse formato há todo um trabalho de personalização, com foco no conforto e na criação e um ambiente exclusivo e íntimo, indo além das promoções comuns a toda happy hour – que, convenhamos, trata-se de uma instituição brasileira! Assim, essas horas felizes oferecem uma atmosfera propícia aos negócios, dando um tom mais flexível ao trabalho, fora das quatro paredes e dos
Rayan Ribeiro
Happy hour para executivos
protocolos estanques do escritório (uma tradição que advém das culturas orientais, que, merece menção, têm muito a ensinar sobre fazer negócios). Um dos bons exemplos é o restaurante ‘A Mano (411 Sul). A casa conta com um ambiente especialmente dedicado a esse tipo de encontro, casual-profissional, no bar à direita da entrada (um pouco mais reservado que o salão principal), com bancos de couro, luz reduzida, e sempre disponível. A atmosfera especial é complementada por uma série de petiscos, pratos e drinks exclusivos, com especial menção para a cestinha de massa
Ana Morena
phyllo com creme de queijo de cabra, julienne de presunto e figo caramelizado (R$ 32), bruschetta italiana com creme de ricota fresca, trufas negras e lardo de colonnata (R$ 30) e ceviche de pescada amarela em crosta de pão com ervas frescas e creme de burrata (R$ 35). Para beber, o foco é nos clássicos, sem perder de vista o requinte: Negroni (R$ 27,90), Moscow Mule (R$ 34), Aperol (R$ 30) e Manhattan (R$ 29) são alguns dos nomes que ornam o cardápio, ao lado de whiskies, vodcas e licores finos e importados. Já o Rubaiyat (SCES, Trecho 1) surpreende com dois ambientes distintos. Na área interna, antes do salão, um bar exclusivo e – uma novidade! – um bar na varanda, que une a exclusividade da happy hour com a vista única do Lago Paranoá. Em ambos, no entanto, os clientes têm acesso a um menu atualizado constantemente, tendo recebido cinco novas opções somente em outubro passado. Como menção honrosa estão os dadinhos de tapioca com geleia de pimenta (R$ 28) e o notório crocante de wanton recheado com brandade de bacalhau (R$ 27). Entre os drinks, destaque para Moscow Mule (R$ 28), Aperol (R$ 28), além de jarras de Clericot (R$ 115) e de sangria (R$ 115). Para os amantes dos vinhos, fica registrado que a casa conta com mais de 350 rótulos, sob os auspícios do
sommelier Maico Douglas. Há ainda casas que vão além do horário da happy hour, prezando por oferecer, a qualquer momento, um ambiente reservado e único, onde não importa tanto o quê, mas como aquela experiência pode ser única e melhor – para os clientes e para os negócios! No Lago (SHIS QI 5), nova casa com a chancela de Marcelo Petrarca, há três espaços totalmente à parte do salão principal, sendo um num pequeno cômodo reservado no térreo (com ares de adega) e outros dois no subsolo, de frente para a cozinha. Enquanto o primeiro pode ser utilizado para almoços ou jantares em grupo, totalmente oculto atrás de uma grossa porta de madeira maciça, o segundo e o terceiro somam a essa opção de um repasto salvo dos olhos dos demais um menu-degustação preparado pelo próprio chef, que é sempre uma surpresa, explicada ao longo da elaboração, e tendo em mente as preferências e costumes de cada cliente. Por uma média de R$ 250 por pessoa – os preços variam pelo uso de insumos da época e da escolha de harmonização – é possível ter uma experiência mais que única, mas totalmente imersiva, em que o momento da refeição se mistura com a própria elaboração dos pratos, criando uma atmosfera singular de descontração e prestígio.
Rayan Ribeiro
Na varanda do Rubaiyat, com vista para o Lago Paranoá, clientes brindam com um dos 350 rótulos disponíveis na adega do restaurante. Abaixo, o clássico Blood Mary.
Assim, seja ao final do expediente, seja num momento exclusivo fora do escritório, é certo que a cidade conta cada vez mais com opções que trazem um novo significado, e uma nova força, para a união entre o prazer de comer e beber com o dever de trabalhar. ‘A Mano
411 Sul, Bloco D (3245.8235) De 2ª a 5ª feira, das 12 às 15h e das 19 às 24h; 6ª e sábado, das 12h à 0h30; domingo, das 12 às 17h.
Rubaiyat
Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 1 (3443.5000) De 2ª a sábado, das 12 às 23h30; domingo, das 12 às 18h.
Lago Restaurante
SHIS QI 5, Conjunto 9, Bloco D (3553.9078) De 3ª a 5ª feira, das 12 às 15:30 e das 19 à 1h; domingo, das 12 às 17h.
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Fotos: Divulgação
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Perfeita combinação Cervejas especiais e costela preparada com a técnica sous-vide fazem sucesso na Asa Norte POR VILANY KEHRLE
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uma noite de novembro do ano passado, em evento na casa de um amigo, o jovem empresário Luciano Martins provou uma carne maravilhosa. Por conta dessa experiência, no final de janeiro, Brasília ganhou mais uma novidade gastronômica: o Sous Ribs & Beer. Localizada na 309 Norte, tem como carro-chefe uma costela preparada com a técnica sous-vide (em francês, “a vácuo”), que é um processo de cocção a baixas temperaturas e de longo prazo, em que o corte bovino é temperado previamente, selado a vácuo e cozido sob imersão em água por muitas horas. No Sous Ribs, além do sal grosso, a carne é temperada com um blend de ervas escolhido por Luciano, que adora “cheiros fortes”, e depois de selada é imergida em água numa temperatura constante de 72,5 ºC. O cozimento pode variar entre 24 e 72 horas. Depois de enfrentar todo esse lento processo, a carne
é finalizada com um maçarico e um toque de fumaça líquida que lhe dá um sabor defumado. Para ficar ainda mais saborosa, recebe um molho de chimichurri. Além de querer servir aos clientes a melhor costela da cidade, o empresário afirma que esse sistema deixa a carne mais macia, ajuda a manter suas propriedades e faz com que a gordura a torne mais suculenta e úmida. A peça, que tem um corte exclusivo, é oferecida em porções variadas que podem servir a uma (R$ 38,90) ou duas pessoas (R$ 76,90), sempre acompanhadas de arroz, farofa, vinagrete e mandioca frita. Tudo servido num ambiente bem simples, aberto, arejado, junto à área de convivência da quadra, o Eco 309, onde plantas, redes e crianças brincando fazem parte da paisagem, dividindo espaço com a tapiocaria Raízes do Sertão, de propriedade da família de Luciano. Apesar de ser voltado para os amantes da boa carne, o restaurante também oferece algumas opções para quem aprecia
uma cozinha mais saudável, entre elas a feijoada vegana (R$ 34,90), o escondidinho de carne de jaca e de frango de jaca (R$ 26,90), e o espaguete de pupunha ao pomodoro (R$ 31,90). Além de vinhos e cervejas especiais, serve também o chope artesanal Imigração, produzido pela fábrica Roleta Russa, do Rio Grande do Sul, em canecas geladas de 300ml. Na primeira semana de funcionamento o Sous Ribs & Beer serviu, em média, 40 costelas por dia, passando nas semanas seguintes para 80 e, mais recentemente, para 160. No último dia 20 foi palco de uma grande comemoração, ao atingir a marca de uma tonelada de costelas em apenas dois meses, meta prevista para quando a casa completasse cinco meses de atividade. De agora em diante, é só celebração! Sous Ribs & Beer
309 Norte, Bloco E, Lj 8 (reservas pelo 9.8103-1308). De 2ª a sábado, das 12h às 23h; domingo, das 12h às 16h.
Ceia da Belini PĂŁes & Gastronomia
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PICADINHO
TERESA MELLO
picadinho.roteiro@gmail.com
Fabricio Rodrigues
Novo cardápio em maio A empresária Ivone Carvalho iniciou as comemorações de nove anos do peruano Taypá (QI 17 do Lago Sul) e contou novidades à coluna: “Vamos apresentar o novo cardápio em maio e continuar com ações para celebrar a data, que é em junho”. A primeira delas, um festival com nove pratos, ocorreu de 14 a 17 de março: “Um deles está cotado para voltar ao menu fixo, que é o Salmão Novoandino, a clientela pede muito”, explica. Criado por Marco Espinoza (com Ivone na foto), leva recheio de risoto de quinoa, champignon, bacon e camarões ao molho teriyaki. “Eu tomava suco de quinoa no Peru, quando era criança, é muito nutritivo”, diz o chef, que costuma renovar mais da metade dos pratos a cada ano: “E os antigos são repaginados”, completa. Sócia do Taypá e do Bierfass (Pontão) ao lado do irmão, Antônio Machado, a empresária de 40 anos, nascida em Viana do Castelo, em Portugal, define a ótima convivência com Espinoza desde que o conheceu em um festival peruano no Bierfass. “É uma parceria de sintonia e de respeito”.
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Segredos doces de Portugal O restaurante Tejo (404 Sul) guarda relíquias históricas no cardápio de sobremesas. São cerca de 20 opções fixas e eventuais e a maioria leva ovos, em especial gemas, seguindo a tradição portuguesa. Isso porque, nos séculos XVIII e XIX, o país exportava as claras e as gemas eram jogadas no lixo ou aos animais. Com a chegada do açúcar das colônias, as freiras começaram a misturá-lo aos ovos, dando início à produção dos doces conventuais. No cardápio fixo do Tejo, estão: toucinho do céu, sericaia, rocambole de chocolate, musse de limão, encharcada de ovos, musse de chocolate com amêndoas, estrogonofe de nozes e pastel de nata. Outras delícias são apresentadas eventualmente: travesseiro de periquita, ovos moles com amêndoas, torta de chocolate, rocambole de laranja, musse de goiaba, arroz doce, torta de nozes, ovos nevados, quindim, farófias diet, queijinho do céu e salada de laranja. Cada sobremesa sai a R$ 23.
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A Geléia Hamburgueria, rede com sete lojas e quatro trucks, comemora a boa aceitação do burger do mês, o Porco ao Quadrado. “Leva filé suíno desfiado e torresmo”, explica Márcio Gerlain, de 42 anos, gerente em Águas Claras. Elaborado pelo chef Marcos Lee, o sanduíche ainda contém 180g de blend de fraldinha e de costela, e o filé suíno vem misturado a requeijão. Tudo servido em brioche de batata e por R$ 25. “Está fazendo mais sucesso do que o de pequi, o pessoal come e pede mais um”, comenta o gerente, que calcula vender 40 unidades no fim de semana. O objetivo do lançamento, segundo o empresário Alexandre “Geléia” Santos, é apresentar hambúrgueres autorais e diferentes. Iniciativa não lhe falta. O apelido conquistado como taxista virou referência em empreendedorismo, desde que ele abriu o Dog do Geléia, no Gama, em 2004. De lá pra cá, a rede aproveita a expansão com bom humor. No ano passado, foi inaugurada a hamburgueria O Concorrente, na 409 Norte, para disputar a preferência dos fãs.
Banquete japonês Uma dose gratuita de saquê é oferecida aos clientes que fizerem reserva no mezanino do Haná (408 Sul), espaço dividido em sete tatames com capacidade total de 20 pessoas. O aperitivo abre o paladar para o banquete japonês, que pode ser degustado de duas maneiras: no rodízio (R$ 85,90) ou no bufê (R$ 65,90). O primeiro é escolhido por meio de uma ficha entregue nas mesas e inclui dez tipos de entradas, duas de pratos quentes, 14 de sashimis e cortes, sushis especiais do dia, cinco de temakis, cinco grelhados e 12 robatas. E dá direito ao bufê no salão − pista quente e fria com cerca de 40 variedades de sushis (55 nos fins de semana), além de 16 opções de pratos quentes, como tempurá de tilápia, yakissoba de legumes, bolinho de bacalhau, costelinha de tambaqui frita, camarão tailandês, camarão ao alho e óleo e lula com shimeji. Pra encerrar, que tal um sushi doce? De goiabada ou de banana com chocolate, por exemplo. O Haná abre diariamente no almoço e no jantar, inclusive aos domingos.
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Filé suíno e torresmo
Igor Almeida
Risoto de lagosta O chef Divino Barbosa elegeu o risoto como destaque de março no Santé 13 (413 Norte). O prato típico italiano ganha duas releituras no restaurante: com lagosta e com ragu de rabada. O primeiro leva açafrão da terra, tartar de atum com aliche e abóbora cabotiá assada (R$ 104) e o segundo chega à mesa com agrião, crocantes de alho e crispy de couve e sai a R$ 58. “Tentei trazer um festival de cores e sabores bem diferentes. Para isso, apostei na lagosta, um fruto do mar especial, com a carne macia e saborosa, e utilizei um pescado típico, que é o atum. Mas não podia deixar de fora a carne bovina. Então, criei também um risoto com a carne de rabada sem fazer uso dos ossos”, explica o chef. Até o fim do mês, os dois pratos estão disponíveis diariamente, no almoço e no jantar. Domingo, funciona das 12 às 17 horas.
Escondidinho
Grife de carnes nobres nascida em Vicente Pires, a Primus comemorou três anos em 19 de março com a inauguração da unidade na 409 Sul. Criado pelo chef Bené Reis, o cardápio da nova casa tem preços convidativos e alguns dos destaques são: bife ancho portenho, carne-de-sol angus, picanha e escalope de filé ao queijo brie. Há também filé suíno com risoto de alho-poró (R$ 23,90), galeto desossado com cuscuz marroquino (R$ 34,90) e salmão grelhado com legumes (R$ 34,90). Os primos Adriano Correa, de 42 anos, Leandro Correa, 36, e Robert Garcia, 42, aliaram o conhecimento empresarial em engenharia civil aos segredos da carne aprendidos com o tio João Correa, fundador do Boi de Ouro, em Taguatinga, e decidiram empreender no ramo de alimentação. “Nós acompanhamos todo o funcionamento das casas, das 7 à meia-noite”, diz Robert, às voltas com a inauguração da terceira loja, em Águas Claras. A Primus Asa Sul abre diariamente, a partir das 7 horas (no domingo, às 8).
Fernando Veler
Nereu Jr
A jornalista especializada em gastronomia Luciana Barbo assume a curadoria do Hidden 2019, projeto que ocupa locais diferentes em Brasília com música e culinária: em 2017, foi realizado na passagem subterrânea entre o Shopping Pier 21 e a Avenida das Nações e, no ano seguinte, deu vida ao antigo bicicletário do Parque da Cidade. A nova edição do evento, criado pela empresária Mari Braga, abriu inscrições a interessados e os pré-selecionados participam de uma seletiva prática diante de uma banca de avaliadores. O resultado sairá em 15 de abril. “Vamos avaliar a criatividade, a apresentação e o sabor dos pratos e a capacidade de atender o público com excelência. Queremos oferecer diversidade, incluindo opções para vegetarianos”, anuncia Luciana. O Hidden vai funcionar nas noites de quinta a sábado, de maio a setembro, em endereço a ser divulgado.
Vítor Rocha
Primus em expansão
Festival itinerante Pela primeira vez, Brasília recebe o Festival Fartura − Comidas do Brasil, neste fim de semana (23 e 24), no Pontão do Lago Sul. Cancelado pela greve dos caminhoneiros no ano passado, o evento chega com chefs conceituados, aulas ao vivo e espaços destinados a produtores, restaurantes, lanches e doces. Entre os chefs convidados, nomes como Megume Suda (Chico Mineiro, Brasília), Thiago Paraíso (Ouriço), Ivan Prado (Senac, Fortaleza), Paulo Anijar e Ilca Castro (Santa Chicória, Belém) e Alysson Muller (Rosso, Florianópolis). Os portões abrem ao meio-dia com ingressos a R$ 25 (inteira). Inspirado no Festival Cultura e Gastronomia de Tiradentes, foi criado pelo empresário Rodrigo Ferraz em Belo Horizonte em 2014. Itinerante, a rota do Fartura em 2019 começou em janeiro em Belém e, depois de Brasília, passa em Porto Alegre (maio), São Paulo (agosto), Tiradentes (agosto), Belo Horizonte (setembro), Fortaleza (outubro) e Lisboa, pela terceira vez, em 17 de novembro.
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GARFADAS&GOLES
LUIZ RECENA
lrecena@hotmail.com
Tempos felizes, tempos de felicidade Ser feliz era comer um pão com uma ou duas salsichas dentro. Com caudaloso molho de tomate e cebola, ou nem tanto, só uma mostardazinha bem chorada, para provocar mais pranto depois de atuar sobre as glândulas lacrimais. O tempo da felicidade aumentava nos feriadões e nas férias regulamentares, pois aqueles e estas permitiam viagens a Porto Alegre. A capital não era uma grande cidade nem tinha o sentido de Meca. Éramos peregrinos em busca das novidades da capital. E ela as tinha às centenas, associadas, algumas, a momentos de desobediências, as familiares e as legais. Inúmeros bares do centro serviam chopes, pequenos (guris ou garotos) aos que comprovassem 15 ou 16 anos, bem arrumadinhos e com caras de “um poquito más”. Mesas ao fundo eram a moldura da contravenção, com sanduíches abertos e picadinhos que mudavam o sentido da vida, que curtíamos genuflexos, mas sem rezar a deus outro que não fora Bacco... E FOI EM OCASIÃO COMO ESSAS que confirmei a existência de outras divindades. Juntas ao Rei Pelé, elas compunham o ataque mais famoso do Brasil, da América, do mundo, das galáxias e que houvesse: Dorval, Mengálvio, Coutinho e Pepe. Não é injustiça não citar o que havia para trás, de Zito a Gilmar. Só que o ataque era o próximo ao divino e ao diabólico, no pensar dos cronistas da época. E este cronista botafoguense levou um susto: de repente estavam todos em Porto Alegre para um jogo contra o Grêmio. O “Greminho”, no dizer de uma amiga que já se foi, não morava no meu coração, mas havia brios pampeanos a defender com garra e heroísmo. Vamos lotar o estádio e comer o peixe. Pois é. Para sonhar não precisa dormir, e o baiano Caymmi sempre teve razão. E BAIXOU O SOBRENATURAL DE ALMEIDA: Volmir, o
“Maçaroca”, que até hoje não se sabe se era gaúcho ou marciano, desembestou em desabalada carreira pela ponta esquerda, sua Faixa de Gaza particular, e soltou um petardo, com efeito, “de rosca”, e a redonda, branquinha, cruzou a noite gaúcha feito estrela e buscou ninho entre os véus de filó da meta santista. Quem viu, viu: quem não viu conta que sim e até hoje os grupos comemoram detalhes comprovados ou não. ENTÃO, VEIO O CASTIGO: no intervalo, gozando ainda o feito histórico, foi momento de curtir a maior sensação em termos de cachorro-quente da época. E o pregão anunciava: “duas salsichas, quarenta e dois temperos e um azeite estrangeiro; e está quentinho o animalzinho”. Fila para o prazer. Era tudo felicidade. Aí recebeu a bola no meio do campo, levantou para Coutinho, que devolveu de cabeça, que recebeu de novo e de novo de cabeça devolveu e assim foram, gol adentro. “E se mais campo houvera, lá chegara”, só Camões explica. Pior: impossível não aplaudir. Mais dois vieram e os da Vila comprovaram a supremacia. A MEMÓRIA DOS TEMPOS REAPARECEU com força faz alguns dias, com a viagem de Coutinho, o primeiro do quinteto que abalou o Olímpico e outras centenas de estádios pelo Brasil e o mundo afora. Aos 75 anos, de infarto fulminante, partiu Wilson Vieira Honório, chamado muitas vezes de “a sombra luminosa de Pelé”, tal a qualidade do brilho que também tinha. Enfim, em época de redução de riquezas e patrimônios, é mais um caso de empobrecimento do país. O CACHORRO-QUENTE entra na crônica para registro e também para homenagem e lembranças do tempo feliz. Aos tempos da felicidade do futebol puro e das festas ao redor dos estádios.
AS DELÍCIAS DE MINAS PERTINHO DE VOCÊ 16
Queijos, doces, biscoitos, castanhas, pão de queijo, pimentas, farinhas, polvilho caipira, massa para tapioca, mel, manteiga, cachaças, linguiça, frango e ovos caipira.
Av. Castanheiras, Ed. Ônix Bl. A - Loja 2 - Águas Claras
PÃO&VINHO
ALEXANDRE FRANCO pao&vinho@agenciaalo.com.br
A Cabernet Franc e a Argentina A Cabernet Franc é uma variedade de uva tinta ainda não
provoca sabores e aromas excessivamente herbáceos e
tão conhecida do grande público, ao menos se comparada
vegetais. Mas produzida nas condições ideais faz vinhos
a sua prima famosa, a Cabernet Sauvignon, mas que tem
maravilhosos que vêm sendo cada vez mais valorizados.
grande importância e utilização na vitivinicultura mundial. Provavelmente oriunda da região de Bordeaux, na França,
Além da França, podemos achá-la em regiões com clima tropical, como Tanzânia e Indonésia, e outros países com
algumas pesquisas apontam que teria sido levada para as
produções menores, tipo Paquistão e Turquia. Também é
proximidades do Loire, no Século XVII, pelo famoso Cardeal
encontrada no Canadá, EUA, Chile e Argentina. Foi muito
Richelieu, que a plantou na abadia de St. Nicolas de Bourgueil.
usada no Brasil até a década de 70, passando depois disso
Tradicionalmente é muito utilizada no assemblage,
a ser substituída por outras variedades. Essa casta perdeu
principalmente com a Cabernet Sauvignon e a Merlot, dando
espaço para outras, principalmente por ser de baixa produção,
origem ao famoso “corte bordalês” tão típico e procurado por
apesar de ser bastante resistente e ter um sabor característico.
aquelas bandas. Mas certamente há grandes vinhos varietais também dessa
Mas é na Argentina que a Cabernet Franc está dando origem a uma nova história vitivinícola. Los hermanos se
excelente casta, a começar por dois ícones de Bordeaux, o
notabilizaram pela produção de vinhos da casta Malbec, pela
Cheval Blanc e o Château Ausone, ambos da sub-região de
qual ficaram conhecidos em todo o mundo e especialmente
Libournais, na margem direita do Rio Dordogne, nos quais
no Brasil. Todavia, em minha opinião, os vinhos argentinos já
sua participação, quando não totalitária, é ao menos sempre
vinham sendo melhor concebidos com a Cabernet Sauvignon
muito dominante. É ainda a responsável por muitos varietais
há alguns anos e nos últimos tempos parece ficar cada vez
fora de Bordeaux, como é o caso da região do Vale do Loire,
mais patente que a Cabernet Franc será, se já não é, a grande
onde é a uva tinta principal.
casta de uva na Argentina, e produzirá cada vez mais seus
Às vezes conhecida por outros nomes, como Bouchet em St. Emillion, ou Breton no Vale do Loire, ou ainda como
maiores ícones. Haja visto que, recentemente, pela primeira vez na história
Mencia em Bierzo, Galícia, Espanha, quase sempre produz
dos vinhos argentinos, houve uma pontuação de Parker
vinhos de corpo médio, com muita elegância, frescor e textura
de 100 pontos para um rótulo de Adriana Zapata, o Gran
macia, além de ser muito aromática, trazendo comumente
Enemigo Cabernet Franc de Gualtalary, já impossível de se
frutas negras como framboesas e groselhas, além de violetas,
encontrar, tamanho o sucesso que fez. Realmente, aliás,
com toques de pimenta e às vezes vegetal, além de toque
excelente.
eventualmente mineral conforme sua região de origem. Apresenta cachos pequenos de cor violeta profunda,
E foi baseado exatamente em tudo isso, e em uma paixão pessoal que sempre tive pelos vinhos dessa casta, que
e seus bagos também são pequenos, redondos e delicados.
selecionei, em Mendoza, um grande exemplar de Cabernet
Durante sua maturação, se houver excesso de frio, produz
Franc para receber o Private Label Pisces, em sua versão Rojo,
vinhos pálidos e de sabores pobres. Com calor em demasia,
que chegará ao site da Winemania até maio próximo.
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DIA&NOITE
Muro de escola em Samambaia
artenometrô
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Uma “injeção de brasilidade” que oferece um resgate da história de nosso país. Assim foi definida pelos organizadores a mostra O silêncio que grita, que visita quatro estações do metrô brasiliense até 4 de maio. Inspirada em Juscelino Kubitschek, foi realizada pela Fundação Brasil Meu Amor a partir do livro homônimo de Jean Obry, presidente da FBMA. Composta de imagens, vídeos e sons, a exposição mescla, por exemplo, a saga da fundação de Brasília, com a arte rupestre da Serra da Capivara e com JK, que contracena com diversos personagens históricos. Ainda de acordo com os organizadores, trata-se de “um grito de alerta: o Brasil livre, sonhado por JK e tantos outros, precisa de todos nós, novos candangos, para cumprir o destino de ser o melhor país do mundo”. De 23 de março até 6 de abril na estação Shopping, de 6 a 20 de abril na estação Central e de 20 de abril a 4 de maio na estação Ceilândia Centro, sempre das 6 às 23h.
artedoatleta Ele nasceu sem as mãos, foi atleta paraolímpico, mas é como artista plástico que Breiner Silvestre se apresenta na galeria de arte do Templo da Boa Vontade, até 30 de março. As 18 obras, pintadas com os braços, chamam a atenção pelo alto nível técnico e por mostrarem que a limitação física não impede a expressão de sua criatividade. Apaixonado por desenhos desde a infância, Breiner pinta desde 2011. “Eu retrato a natureza de uma maneira muito especial, à luz do artista, com algumas peculiaridades, trazendo algumas abstrações que a natureza traz também. É até diferente do estilo que eu costumo pintar, mas foi o que gostaria de retratar nessa exposição especificamente”, explica. As visitas podem ser feitas diariamente, das 8 às 20h, com entrada franca.
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O cenário é a Chapada dos Veadeiros. As imagens são as da destruição causada pelo fogo. Essa foi a inspiração da artista plástica Théa Sisson para realizar as obras da mostra Cerrado esperança, em cartaz na galeria de arte do CTJ Hall (706/906 Sul). O realismo de suas telas nos faz sentir o calor das chamas em seu caminho de destruição. Mostram cenas dramáticas da tentativa de fuga dos animais, a chegada do socorro heroico, a esperança da fauna e flora ressurgirem das cinzas, qual fênix. Nascida no Pará, Thea Sisson mora em Brasília desde 1960 e é integrante da Associação Candanga de Artistas Visuais (ACAV). Desde a infância desenvolve sua arte de maneira autodidata e com técnicas variadas. Gosta de temas que a remetam à natureza, às figuras humanas e também a suas experiências pessoais. Até 17 de abril, de segunda a sexta, das 9 às 21h, e sábados, das 9 às 12h, com entrada franca.
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artequevemdofogo
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Juliana Torres
grafitesbrasilienses “Faltando pouco para completar 60 anos de vida, Brasília tem se mostrado cada vez mais diversa, dinâmica e colorida. A cidade cresceu e seus habitantes têm proposto novas formas de apropriação e pertencimento aos seus espaços”, afirma Renata Almendra, autora do livro Entre cores e utopias. “Os grafites, assim como outros movimentos urbanos culturais existentes em Brasília, mostram uma cidade que está sendo desmitificada e ocupada de forma livre e criativa por seus moradores”, completa a historiadora e fotógrafa Juliana Torres. De 6 de abril a 25 de maio, ambas apresentam a exposição homônima, no Museu Vivo da Memória Candanga. São mais de 30 imagens que traçam um passeio por grafites feitos em Brasília e seus arredores. Segundo Renata e Juliana, é um convite para o brasiliense olhar a capital e as cidades à sua volta de uma outra forma, em uma rota que percorre espaços urbanos e arquitetônicos sob uma ótica diferente da atribuída à cidade tombada como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. De segunda a sábado, das 9 às 12h e das 14 às 17h, com entrada franca.
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asjanelasdemalu “Sempre me interessei pela arquitetura colonial brasileira e suas influências encontradas pelo nosso Brasil. Criada em subúrbio do Rio de Janeiro, trago lembranças das varandas, portais com as placas esmaltadas com números e nomes de ruas, das casas de vilas, das cadeiras na calçada e, principalmente, das conversas entre vizinhos, debruçados em suas respectivas janelas.” É Malu Perlingeiro quem explica a origem de sua paixão por janelas, tema da sua exposição em cartaz no Apetitá Bistrô (410 Sul) até 10 de abril. A partir das pinturas inspiradas em fotos e em suas lembranças pessoais, a artista plástica passou por várias fases, do academicismo ao contemporâneo com as “janelas objeto”, nas quais inseria elementos reais à pintura e convidava o observador a tocá-las, a interagir com esses elementos e vibrações, sem a cerimônia da distância. Pensou por um tempo que não queria mais pintar janelas, mas descobriu que, emocionalmente, não foi ela que escolheu o tema, “mas o tema é que havia se apossado de mim e se recusava a me abandonar”. Entrada franca.
foconopalcobrasiliense
Mila Petrillo
Arquiteto, fotógrafo, designer de móveis, paisagista. Esses são apenas alguns aspectos da vida e da obra de José Zanine Caldas (1919-2001), cujo centenário de nascimento está sendo lembrado em instalação na vitrine da loja Hill House, do CasaPark, até 25 de maio. Criado por seu filho, Zanini de Zanine (foto), o espaço faz menção a uma das muitas heranças deixadas pelo arquiteto, entre elas as flores secas do Cerrado coloridas. A técnica criada por ele quando vivia em Brasília, e que até hoje pode ser encontrada nas feiras da Torre e da Catedral de Brasília, se junta à cadeira Zeca, um ícone do design nacional reeditado recentemente. A história de José Zanine Caldas, ou simplesmente Zanine, se confunde com a história da arquitetura modernista brasileira e com a de Brasília. Nascido em Belmonte, na Bahia, ficou conhecido como o “mestre da madeira” em função de seus trabalhos primorosos com essa matéria-prima. Em 1948 fundou a Móveis Artísticos Z e suas peças marcaram páginas importantes da história do design brasileiro. Fazem parte da homenagem a Zanine as mostras fotográficas Ver, transver, de José Roberto Bassul, e O Silêncio dos meus olhos, de Márcio Borsoi. De segunda a sábado, das 10 às 22h, exceto feriados.
Um retrato da produção cênica de Brasília entre 1985 e o ano 2000, época repleta de espetáculos que refletiram momentos político-sociais intensos no Brasil. Assim será a exposição Ato – Teatro e dança, com fotos de Mila Petrillo, a partir de 17 de abril, no Museu da República. De acordo com a curadora, Carmem Moretzsohn, as fotos foram cuidadosamente selecionadas para levar ao público um pouco da emoção expressa pelo artista no palco. “O grande barato da fotógrafa é ter um cuidado com a composição da luz e com o desenho da foto. Ela consegue captar o movimento muito bem. Eu quis pegar fotos que valorizassem esse talento de captar a emoção da cena. É uma emoção carne viva, sem filtro. Ela procura a expressão pura do ator/bailarino em cena para registrar e isso é um grande diferencial”, afirma. Além da exposição, o projeto lança o livro Por outras lentes, com textos de Severino Francisco, dia 25 de abril. A exposição fica em cartaz até 17 de maio.
Zuleika de Souza
obemcontraomal
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zaninecemanos
Em um planeta chamado Luthera, tempo e espaço se confundem. Habitado por civilizações arcaicas, esse planeta está subdividido em sete nações. Assim é Gellian, livro que os autores Eddy Samadhi e Hikes, pai e filho, lançam dia 9 de abril, às 19h, no Carpe Diem (104 Sul). Entre uma centena de personagens, os dois protagonistas do romance são o forjador Gellian e o feiticeiro Amókito, cuja luta é utilizar-se do poder da pedra celestial para consumir toda a vida do planeta. Inspirado em videogames e jogos eletrônicos, Gellian é o primeiro livro de uma tetralogia denominada Crônicas de Luthera, que avança no campo do realismo fantástico. Compõe, assim, uma saga de extrema imaginação, cheia de enredos, lutas, magias e que se apropria da dualidade da eterna luta do bem contra o mal. Eddy e Hikes são paranaenses, mas moram em Brasília desde 2000. O livro de 333 páginas foi publicado pela Tagore Editora, com recursos do Fundo de Apoio à Cultura, FAC, da Secretaria de Cultura do DF.
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violãodacéu
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DIA&NOITE
Não, leitor, o título não está errado. Estamos nos referindo ao som da violonista carioca Maria do Céu. É ela que estará no palco do CTJ Hall (706/906 Sul) no dia 29 de março, às 20h, para o show Bossas do Rio, em comemoração aos seus 30 anos de formatura pela UniRio, onde estudou com ninguém menos que o mestre Turíbio Santos. Iniciou sua carreira profissional com a Orquestra de Violões do Rio de Janeiro, o Quinteto Clássico de Violões e o grupo de choro feminino Água do Vintém. Posteriormente, partiu em carreira solo, apresentando-se no Brasil, na América do Sul e na Europa. Ela pesquisa e divulga a obra musical do compositor e violonista cearense Francisco Soares de Souza, tendo gravado os CDs Choros do Ceará e Ceará de choro e valsa. Atualmente, Maria do Céu colabora com o ator Jaime Leibovitch e o violonista de 7 cordas Diogo Sili de Castro no espetáculo de música e poesia Um só Vinicius. Entrada franca.
asopranoeopianista
vocêmesente?
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re(vi)vendoêxodos Até 20 de abril, o Espaço Cena (205 Norte) apresenta mais uma edição do projeto que envolve alunos de escolas públicas em experiências artísticas e debates sobre temas como identidade, patrimônio e meio ambiente. Com curadoria de Rayssa Coe, a mostra Re(vi)vendo êxodos traz 192 fotografias dos estudantes sob coordenação de Luis Guilherme Moreira Baptista e Marília Panitz. Resultado de uma iniciativa criada originalmente no Centro de Ensino Médio Setor Leste, em 2001, e levado adiante também para o Centro Educacional do Lago Sul, o projeto contou com ações pedagógicas e de trabalhos em campo durante todo o ano letivo. Tem o propósito de trazer para os alunos da rede pública uma formação intelectual e emocional que provoque reflexão a partir do exercício da criatividade, despertando também o senso de cidadania. De segunda a sexta, das 10 às 13h e das 14 às 18h, e sábados, das 10 às 13h. Entrada franca. Divulgação
Thiago Farias
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Canções ciganas. Esse é o nome do concerto que a mezzo-soprano gaúcha Ângela Diel e o pianista também gaúcho Ney Fialkow apresentam dia 27 de março, às 20h, no CTJ Hall (706/906 Sul). Conhecida por sua bela voz de timbre aveludado, Ângela destacou-se nacionalmente ao obter o primeiro lugar no concurso Jovens Solistas de Curitiba e o prêmio de melhor voz feminina no Concurso Nacional Carlos Gomes, em 1993. Atualmente ela cumpre intensa agenda de atuações em óperas, sinfonias e cantatas aqui e no exterior. Também premiado em diversos concursos, destacando-se o título de melhor pianista do VII Prêmio Eldorado de Música, em São Paulo, Ney tem conciliado movimentada carreira de solista e camerista com a atividade de professor do Instituto de Artes da UFRGS, em Porto Alegre. Doutor em Música pelo Peabody Conservatory, EUA, Ney recebeu o prêmio Francis Turner por destaque em performance. O mestrado em música ele realizou no New England Conservatory, EUA. Entrada franca.
Max é um rapaz de classe média que vive no meio artístico de Berlim, num contexto permeado por álcool, drogas e sexo. Após uma noite como tantas outras, ele se vê perseguido por agentes da Gestapo. A partir desse momento se inicia a fuga com Rudy, seu parceiro, até serem presos e levados a um trem com destino ao campo de concentração. Lá, Max conhece Horst, uma nova relação que o coloca numa posição em que assumir quem verdadeiramente é pode ser o fim de tudo. Assim é a peça Você me sente, em cartaz no Teatro Goldoni (208/209 Sul) de 29 de março a 21 de abril. Baseado no texto Bent, de Martin Sherman, o espetáculo leva ao público uma nova perspectiva de um dos maiores massacres da história contemporânea. Quatro Homens dividem com a plateia um dos primeiros registros históricos do holocausto “rosa”, a perseguição nazista aos homossexuais. “É um relato histórico que abre margem para questionarmos o comportamento da sociedade em relação às diferenças, seja de orientação sexual, religião ou qualquer comportamento que não se submete a um conceito padronizado da sociedade em que está inserido,” afirma Rafael Salmona, que adaptou o texto original e também dirige a peça. No elenco estão Fernando Oliveira, Lucas Montandon, Rodrigo Issa e Rômulo Mendes. Sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 20h, com ingressos a R$ 50 e R$ 25.
Georgia Ark
sobreoamor Para conceber o espetáculo Barca nômade, os atores André Amaro e Fernanda Cabral passearam pelas cenas amorosas que emergem de um dos livros mais conhecidos do poeta e filósofo indiano Rabindranaz Tagore (1861-1841), O jardineiro. Com direção de Irina Kourberskaya, o espetáculo estreou em Madri, em dezembro passado, e agora pode ser visto em vários palcos brasilienses. Protagonizam Barca nômade um homem e uma mulher que, atraídos por mútua devoção, se defrontam com a santidade do amor, esse sentimento universal. Ao escolherem a obra de Tagore, Prêmio Nobel de Literatura em 1913, os dois atores já tinham em comum experiências artísticas com a diretora russa Irina Kouberskaya, radicada em Madri. Seu projeto cênico une a literatura, ao teatro, ao vídeo e à pesquisa musical, somando enigmáticas e plásticas paisagens visuais ao verbo transcendente do poeta bengali que foi também um grande músico, um grande pintor e um educador excepcional, criador da primeira escola nova do Oriente, em 1901. No Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul) estará em cartaz dias 29 e 30 de março, às 20h, e 31 de março, às 17h, e dias 5 e 6 de abril, às 20h, e 7 de abril às 19h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Segue depois para o teatro do Instituto Cervantes (707/907 Sul), dias 12 e 14 de abril, às 20 e às 19h, respectivamente, com entrada franca. Falado em espanhol.
Nada parece dar certo para Rosta, um cineasta que está filmando Paradiso em uma praia nudista. Desde o primeiro dia ele se encontra em situações de conflito com sua equipe, seu elenco e sua mulher. Assim é a comédia Banidos do paraíso (2001), metalinguagem de Vera Chytilová, diretora cuja obra está sendo revista na mostra Vera Chytilová: a grande dama do cinema tcheco. De 26 de março a 14 de abril, o cinema do CCBB exibirá 26 produções, sendo 20 longas e seis curtas-metragens, com curadoria da montadora de cinema e TV Rosa Monteiro. Vera Chytilová iniciou sua carreira em uma Tchecoslováquia dominada pela União Soviética, encontrando na atmosfera política uma de suas mais fortes influências em todos os aspectos da sua obra. Ficou conhecida mundialmente por seu filme Pequenas margaridas (1966), com personagens simpáticos e ausência de uma narrativa contínua. O filme fazia críticas severas ao regime comunista, trazendo marcas que Vera utilizaria em grande parte da carreira a partir dali. Ao longo de toda a mostra, as mulheres pagam meia-entrada, ou seja, apenas R$ 5. Programação em bb.com.br/cultura.
diálogoscontemporâneos Fernando Moraes, Mary Del Priori, Eduardo Bueno, Paulo Lins e Grace Passô são os convidados da quarta edição do projeto Diálogos contemporâneos, que acontece no Teatro dos Bancários (314/315 Sul) de 26 de março a 16 de maio. Em foco, temas como informação e desinformação na era digital, a voz das periferias, a herança africana e o humor na sociedade brasileira. Sob a direção geral de Nilson Rodrigues, o projeto se propõe a promover conversas para entender, por meio da produção literária brasileira, em seus diversos gêneros e narrativas, os caminhos e descaminhos do país. E, claro, construir saídas. Ao longo de dois meses, será possível conhecer o pensamento de grandes nomes a respeito de temas tão diversos quanto política, amor, fake news, a herança africana, humor, história do Brasil e a literatura que vem sendo produzida nas periferias do país. A cada semana, um convidado refletirá sobre um aspecto do pensamento contemporâneo. A entrada é franca. As palestras começarão sempre às 19h e as senhas serão distribuídas meia hora antes. O ingresso no teatro estará sujeito à lotação de 470 lugares.
lobeiras Assim foi batizado o projeto de mutirão de arte, cultura e formação que ocupa praças e a Casa da Cultura do Guará, com programação de artes cênicas, música, literatura, dança e performance. Com apoio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC), As Caixeiras Cia. de Bonecas comandam a programação que tem como meta valorizar criações artísticas feitas por mulheres. São três eventos, além de oficinas de formação gratuitas seguidas de apresentação de trabalhos das participantes. Paralelamente, acontece uma feira de artesanato com exposição e venda de produtos originários de várias regiões administrativas do DF. Para Amara Hurtado, integrante fundadora da Cia. As Caixeiras, “faz-se urgente e necessária a valorização e o reconhecimento da arte feminina e feminista do DF, por sua população”. Entre os espetáculos da programação estão a peça As desempregadas, dirigida por Ana Flávia Garcia, e o teatro de lambe-lambe Caixa de mitos, Ataque de nervos, A Mensagem, entre outros.Informações em https://goo.gl/forms/LlmmqRSKj0kgXVcI3 ou oficinas.caixeiras@gmail.com. Bento Viana
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cinematcheco
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João Couto
GRAVES&AGUDOS
Revivendo o
Clube da Esquina
POR HEITOR MENEZES
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ilton Nascimento ao vivo é experiência única, imperdível. É quando se comprova que a genialidade e o talento registrados em gravações antológicas se materializa em música arrebatadora diante de sensíveis corações e mentes, testemunhas de um grande acontecimento cultural. Esse parágrafo é para quem aprecia uma boa hipérbole e entende que ela é necessária quando se trata de Milton Nascimento, cantor, compositor, um dos maiores entre os maiorais, que vai estar (mais uma vez) entre nós, em 13 de abril, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Desta vez, o Bituca nos oferece turnê exclusiva sobre o Clube da Esquina, marco indiscutível da qualidade atemporal da assim chamada música popular brasileira. Lançado em 1972, o disco Clube da Esquina virou movimento musical, mas
antes viria a ser o primeiro álbum duplo de um artista da MPB. Mesmo creditado a Milton Nascimento e ao então novato Lô Borges, a obra reúne um dream team da fina flor das Gerais e além. O recém-falecido Tavito, Wagner Tiso, Beto Guedes, Toninho Horta, Robertinho Silva, Luiz Alves, Nelson Angelo, Rubinho, Paulo Moura, Luiz Gonzaga Jr., Eumir Deodato e Alaíde Costa emprestam talento sem igual ao desfile de lindas canções assinadas por Milton e Lô, em parceria com os letristas Fernando Brant, Ronaldo Bastos e Márcio Borges. Essa aventura de música poética naquele distante 1972 apresentou ao mundo um repertório perfeito. Amigos, esse disco parece uma coletânea de maiores sucessos. Reúne parcerias em estado de graça de Milton e Ronaldo Bastos (Cais, Cravo e canela, Um gosto de sol, Nada será como antes); Milton e Fernando Brant (Saídas e bandeiras Nº 1 e Nº 2, San Vicente, Pelo amor de Deus, Ao que vai nascer);
Milton e Márcio Borges (Os povos); Milton, Lô Borges e Márcio Borges (a inigualável Clube da Esquina N°2, no disco um tema instrumental com lindo solfejo de Bituca); além de dois covers: Dos Cruces (do espanhol Carmelo Larrea) e – me segura que eu vou ter um troço! – a matadora Me deixa em paz (Monsueto Menezes/Ayrton Amorim), dueto arrasador de Milton com Alaíde Costa. Se não bastasse, os temas de Lô Borges (Tudo o que você podia ser, O trem azul, Nuvem cigana, Um girassol da cor do seu cabelo, Estrelas, Paisagem da janela, Trem doido) ajudam a conferir à obra aquele clima solar, de frescor e amor à vida, que perdura quarenta e tantos anos depois de seu lançamento. Ouçam agora e tirem a dúvida! E se não bastasse mesmo, o Clube da Esquina ganhou continuação em 1978, quando Milton, então alçado à fama mundial como grande representante da MPB fino trato, resolveu chamar velhos
Milton Nascimento – Turnê Clube da Esquina
13/4, às 21h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Ingressos (meia): poltrona superior, R$ 90; poltrona especial, R$ 120; poltrona vip, R$ 150; poltrona gold, R$ 190; poltrona premium, R$ 250; longe, R$ 1.500 (sofá de quatro lugares com mesa de centro, acesso vip, banheiro privativo, whisky 12 anos, água de coco e água mineral). À venda na Central de Ingressos do Brasília Shopping, no Conjunto Nacional (1º piso), no Pátio Brasil (3º piso), no aplicativo Bilheteria Digital e no site www.bilheteriadigital.com.
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e novos amigos para dar vazão ao borbulhante talento. O Clube da Esquina 2 arregimentou novos clássicos (entre os quais Maria, Maria, de Milton e Fernando Brant, O que foi feito devera, de Milton, Brant e Márcio Borges, e Nascente, de Flavio Venturini e Murilo Antunes), e trouxe valiosas contribuições de Chico Buarque, Paulo Jobim, João Donato, Danilo Caymmi, César Camargo Mariano e Elis Regina (!). Assim, chegamos à atual turnê de celebração desses clássicos. Dizem que é a primeira vez que Milton parte em turnê com uma seleção desses dois grandes momentos da MPB. Até o momento, não há confirmação de que alguma das estrelas presentes nas gravações originais subirá ao palco com o cantor. Aliás, fato lamentado na mídia, como em uma análise do jornal O Estado de S. Paulo, na qual o crítico Julio Maria afirmou que “seria um acontecimento ainda maior” se Milton tivesse escalado para os shows nomes que participaram do Clube da Esquina, de 1972. Não tem problema. A banda de Milton, formada por Wilson Lopes (guitarra, violão e direção musical), Beto Lopes (guitarra, violão), Alexandre Ito (baixo), Kiko Continentino (piano), Widor Santiago (metais), Lincoln Cheib (bateria), Zé Ibarra (vocal) e Ronaldo Silva (percussão), garante o alto nível da performance. Afinal, estamos falando de Milton Nascimento. Qual é? Em tempo: para quem quiser ver o Clube da Esquina, vale digitar o nome no buscador-mor da internet. A esquina das ruas Paraisópolis e Divinópolis, no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, onde a turma se reunia e que inspirou o nome, não tem nada demais, a não ser por umas placas indicativas e um sofá velho que até outro dia ainda podia ser visto aproximando a imagem digitalizada.
Kip Winger
Outros sons POR HEITOR MENEZES
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xcetuando o fato de pagar uma fortuna por um ingresso (o que é sempre uma desgraça), sair de casa e curtir uma boa música é ato de desprendimento corajoso, no sentido de abnegação, de prestígio à arte musical e seus operadores, músicos e promotores que tornam possível essa potente fruição estética, repleta de recompensas. A menos que a música sirva para outra coisa, ela é alimento para a alma, diriam os poetas. Pois bem. Passado o Carnaval, a temporada musical começa a se agitar, com grandes e novos nomes voltando ao cardápio de atrações na capital. Nomes internacionais dominam o período. O diletante desinteressado encontra aqui uma seleção de dicas valiosas nessa agenda musical. Começando por Kip Winger, cantor, compositor e instrumentista norte-americano, atração em 29 de março no Toinha Brasil Show, o pub rock’n’roll do SOF Sul. Winger é o líder da banda homônima e é legítimo representante do
hard rock (com pitadas de rock progressivo e glam metal). Seu parceiro nessa empreitada é Reb Beach, que também comanda as guitarras no Whitesnake. Beach fez um lendário solo repleto de caretas, quando da reabertura do Estádio Mané Garrincha, em 2013. Kip Winger é também conhecido por fazer parte da banda do cantor Alice Cooper. Em Brasília, terá a companhia do percussionista Robbie Rothchild e deve enfileirar clássicos de sua banda, uma das favoritas dos amantes do rock pesado encharcado de blues. Enquanto isso, no outro lado da cidade tem o Ritmo de favela, projeto dos DJs cariocas Leandro Baré e Raoni MouChoque que ocupará o fervilhante Canteiro Central (Setor Comercial Sul), nesse mesmo 29 de março. Funk acelerado, raggae, afrobeat, hip hop e trap são os ingredientes que fervem no caldeirão musical da dupla. Os DJs Itin do Brasil, Algah, Ketlen e Cambraia também são responsáveis por manter a música em alto estado de ebulição.
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Fotos: Divulgação
GRAVES&AGUDOS
Mart’nália
João Suplicy
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João Suplicy (filho do Eduardo e da Marta, irmão do Supla, parceiro no projeto Brothers of Brazil), cantor, compositor e violonista leva ao Clube do Choro, dia 30, a versão intimista e acústica de seu show. O repertório de A voz e o violão tem como base as músicas de João, disco de 2017, mas não deixa de fora favoritas, como Retalhos de cetim (Benito de Paula), Eu sei que vou te amar (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) e Suspicious minds (Elvis Presley). A gente sai do Carnaval, mas o Carnaval não sai da gente. A ressaca da ressaca da ressaca do Carnaval acontece no dia 30, quando maracatus retardados, estandartes pro ar, voltam à folia, na festa Te Amo Junto – Ressaca de Carnaval, em pleno Setor Comercial Sul. A grande Mart’nália comanda a parada, que terá ainda o luxuoso auxílio de Jamelão Netto (honrando o vozeirão do avô) e o grupo Samba Urgente. Onde é que está meu rock’n’roll? – pergunta Arnaldo “Mutantes” Baptista. A resposta: no Toinha Brasil Show. O pub do SOF Sul segue como bastão da rockaria na capital e orgulhosamente apresenta, direto da Califórnia, em 2 de abril, a banda do cabeludo guitarrista Zakk Wylde, mais conhecido pela longa parceria com ninguém menos que Ozzy “Black Sabbath” Osborne. Amigos, é som pesado, guitarras furiosas, rockão dos bãos, não precisa dizer mais nada. Dica do Tio Heitor: diversão garantida, mas não esqueçam os protetores auriculares. Ali pelo SOF Sul outro lugar bacana, com música ao vivo não menos bacana, é a Cervejaria Criolina, onde a galera que curte breja e burguer faz a festa. No menu musical, a Criolina tem como atrações nessa época a cantora Tati Asú, que
apresenta, dia 4 de abril, o show de lançamento do EP Mãe de mim. Ana Fernandez canta na abertura. Dia 6, programa interessante na Criolina é o Tocaê – Retocando Caetano Veloso. Como o nome indica, as músicas do mano Caetano Veloso vão ganhar releituras nas mãos das bandas Ska Niemeyer, Saci Wèrè, João Pedreira e Chinelo DC. E o latin hip-hop, já ouviu falar? Oportunidade de aprender algo mais sobre o gênero está no show que a banda cubana Orishas apresenta pela primeira vez em Brasília, dia 11 de abril, no Shed Western Bar, ali pelo Setor de Clubes Sul. Yotuel, Roldán e Ruzzo apresentam Atrevido (da trilha da franquia Velozes e furiosos) e outros mojitos e charutos lenha na fogueira. Desde já, programa imperdível. Essa é para reparar danos. Dire Straits Legacy, grande banda-tributo a um dos ícones do rock britânico, volta a Brasília, em 14 de abril, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, com a
Dire Straits Legacy
promessa de apagar a má impressão deixada no ano passado, quando se perdeu em meio à pobreza acústica do Ginásio Nilson Nelson. Isso mesmo. Em 21 de janeiro de 2018, o grupo repleto de feras que em algum momento tocaram com o incrível guitarrista Mark Knopfler mandou ver em um lotado Nilson Nelson. Gente que faria qualquer coisa para ver o original Dire Straits em ação abarrotou o ginásio. Porém, o som não esteve à altura da multidão. Resultado: a fraca potência das caixas de som sequer chegou aos lugares mais distantes. O show parecia legal, os músicos curtindo pra caramba, mas lá atrás e lá em cima era qualquer coisa sem sentido, uma frustração. Agora, no aconchego do CCUG, Alan Clark (tecladista original), o guitarrista Phil Palmer, o lendário saxofonista Mel Collins e o baixista Trevor Horn revisitam o repertório campeão, do qual Sultans of swing é apenas a apoteose em forma de rock’n’roll.
O guardião da floresta POR PEDRO BRANDT
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eza o folclore que o Mapinguari é uma criatura fedorenta com mais de dois metros de altura, pele grossa e coberta de pelos, apenas um olho e uma boca enorme, na vertical, no meio da barriga. Esse ser horripilante, entretanto, é um defensor da floresta, inimigo de quem a ataca. Mapinguari é também o nome da recém-publicada graphic novel assinada pelo roteirista André Miranda e pelo desenhista Gabriel Góes. Nela, o leitor é apresentado a José, filho temporão de seringueiros que, depois de anos morando na capital, retorna ao lar, na selva amazônica acreana, local que, outrora, só pensava em abandonar. Em casa, ele se depara com uma série de dilemas: a implicância do irmão, que critica seu estilo de vida; a saúde abalada do velho pai, que se recusa a deixar de trabalhar; e ainda um segredo que o jovem tenta esconder dos familiares, pois bate de frente com a situação vivida pela comunidade de onde saiu. Ao desenrolar dos acontecimentos, somos apresentados ao passado daquele povoado (incluindo a aguerrida Rita Louca, avó do protagonista), fruto de muita luta
e sofrimento, em contínuo desafio com as seduções da vida moderna e as ameaças da expansão latifundiária. A obra de Miranda e Góes surgiu a convite da WWF – Brasil, o Fundo Mundial para a Natureza, que busca caminhos para uma existência harmoniosa do homem com o meio ambiente. Esta, que é a primeira investida da instituição em uma história em quadrinhos, portanto, deveria abordar determinados temas. Mas, com liberdade para criar, a dupla brasiliense construiu uma HQ que foge das armadilhas fáceis de um projeto institucional. Com enredo baseado em fatos históricos – a saga dos “soldados da borracha”, como ficaram conhecidas as milhares de pessoas alistadas em um projeto extrativista durante a Segunda Guerra Mundial e posteriormente abandonadas pelo governo à própria sorte – e muita pesquisa, que traz credibilidade ao cenário e aos contextos da trama, a graphic novel seduz pela arte, entre a bande dessinée clássica e o indie comic contemporâneo, e pela maneira como são apresentadas as relações entre os personagens e suas ambiguidades. Assuntos como ecologia, a manutenção de direitos conquistados e dramas familiares nunca aparecem apressada ou
forçadamente, mas com fluidez, propósito narrativo e bons diálogos amarrando a condução da história. A sinergia entre roteirista e ilustrador, uma visão de cinema e outra de quadrinhos, é outro trunfo de Mapinguari. “Foi uma relação tranquila”, conta Gabriel Góes, veterano quadrinista de Brasília. “O André tirou a história do nada e fomos construindo as texturas entre os personagens”. O roteirista comenta que, por ser cineasta, sua visão das coisas está presa à câmera. “Mas o desenho permite uma abstração maior do que isso – o que levou o trabalho para um outro nível”. Dentro da cena de quadrinhos brasilienses, Mapinguari chega como uma realização de grande envergadura, um verdadeiro marco para a produção local. Se, por enquanto, a publicação está restrita à própria WWF – Brasil, Góes tranquiliza os interessados e avisa que, em breve, a obra ganhará outra edição, disponível para quem quiser conhecê-la. Mapinguari
De Gabriel Góes e André Miranda. 146 páginas. WWF – Brasil. Conheça mais em wwf.org.br/wwf_brasil, flickr.com/photos/7childrensbar e vimeo.com/andrefcmiranda
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Fotos: Diego Bresani
QUEESPETÁCULO
O legado da literatura POR ALEXANDRE MARINO
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uma casa sombria, onde à noite as pessoas circulam portando velas ou lamparinas, fecham-se meia dúzia de personagens para traçar um inventário de sentimentos. A casa é cercada de um jardim decadente, onde rosas e dálias aguardam a morte e duas mulheres convivem com a natureza que as cerca e tentam compreender a sua própria – e a de outros seres igualmente complexos, profundamente humanos. O escritor húngaro Sándor Márai reuniu esses personagens durante 24 horas, eles ou seus fantasmas, ou suas imagens, projetadas na mente de quem conta, participa ou toma conhecimento da história. Em O legado de Eszter, um curto romance de pouco mais de 100 páginas, Márai constrói uma narrativa densa, conduzida por personagens de enorme riqueza interior – o que não significa que sejam admiráveis. É a densidade dessa história e desses
personagens que a escritora Claudine Duarte decidiu levar para o palco, em peça que estreia em 27 de março e permanece em cartaz até 14 de abril no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi. “Sou movida pela paixão pela literatura, e por isso decidi adaptar esse romance”, conta Claudine, lembrando que não tem formação em artes cênicas. É a sua segunda investida nessa aventura – em 2016, também adaptou para o teatro a novela Uma criatura dócil, de Dostoiewski. Ela está bem acompanhada no projeto – os atores Chico Sant´Anna, que completa 40 anos de teatro em Brasília, Nara Farias e Ana Flávia Garcia encarnam os personagens. Sant´Anna é Lajos, um homem tão mau-caráter quanto sedutor, que reacende antigos conflitos ao reaparecer depois de 20 anos; Nara é Eszter, o centro das ações, que enfrenta as adversidades com resignação, e Ana Flávia representa Nunu, uma tia que vive com Eszter e é um ponto de apoio para ela.
Claudine decidiu concentrar as ações nesses três personagens, embora no livro eles convivam com outras pessoas, durante essas 24 horas que mudam a vida de todos – bem, de quase todos. A Eszter da peça tece um longo bordado, como se tramasse a teia do tempo que envolve a todos e cria o ambiente propício para a desarmonia que se instala nesse cenário onírico, criado por Chico Sassi. Guilherme Cobelo e Lucas Muniz criaram a trilha sonora original. Claudine conta que foi um processo que levou três anos, desde a adaptação do texto, a tradução e a negociação dos direitos até a preparação final da peça. Enquanto isso, lançou ela própria seu primeiro livro, Desencontos, e continuou tocando normalmente seu projeto Calangos leitores, que desde 2016 leva a magia da literatura a escolas públicas do DF. O legado de Eszter
De 23/3 a 14/4, de quinta a domingo, no Teatro Eva Herz, do Shopping Iguatemi. Ingressos à venda pelo site Ingresso Rápido.
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GALERIADEARTE Fotos: Divulgação
Arte a qualquer hora POR VICENTE SÁ FOTOS LÚCIA LEÃO
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e o leitor é um dos 150 mil moradores de Águas Claras e gosta de arte tem o que comemorar. A primeira galeria de arte 24 horas do país foi inaugurada justamente na sua cidade. É a Ultravioleta Art Gallery, localizada no Edifício Easy, na Rua Pitangueiras, que já começa mostrando a que veio com uma exposição que reúne obras de quatro artistas de talento reconhecido dentro e fora do Brasil: Antonio Peticov, Márcio Rapello, Ribamar Fonseca e Ezequiel Souza. Buscando democratizar o acesso à arte e alcançar um público que não tem tempo durante o dia, a galeria foi instalada na entrada do prédio como parte de um projeto que contempla showroom, escritórios virtuais, salas de conferência e palestras, café, cabelereiro, brinquedoteca, pet shop, barbearia e bar, que também funcionará 24 horas. Assim, os notívagos e insones do bairro poderão usufruir desses serviços ou ter seu momento cultural a qualquer hora da noite. Embora nem todas as lojas já estejam disponíveis 24 horas, a galeria já está a todo vapor e a exposição de abertura fica em cartaz até maio. Uma das proprietárias, a arquiteta Stephanie Souza, é também responsável pela curadoria e expo-
grafia, e garante que todas as obras estão afinadas com a linha conceitual da galeria. “Nossa ideia é trabalhar com artistas de renome e novos talentos. Esses primeiros artistas têm em comum o foco nas obras em tinta fluo e luz negra. Mas nosso leque de opções abrange 60 artistas nacionais e internacionais”, afirma. Estão expostas obras do outro proprietário, e também artista plástico, Márcio Rapello (na foto acima, fazendo uma performance). Carioca radicado em Brasília, ele trabalha com action painting, ou gestualismo, e suas obras podem ser vistas sob luz negra, o que destaca outra faceta do mesmo quadro. Márcio tem obras expostas em vários países da Europa. O maranhense/candango Ribamar Fonseca participa com uma série intitulada Jazz, que nasceu de seu amor pela música e retrata os ícones desse estilo musical sob o impacto da luz dos palcos, com uma reduzida paleta de cores (preto, branco e amarelo), que intensifica a atmosfera.O fotógrafo, ilustrador e artista visual Ezequiel Souza mostra parte de sua obra em lápis e papel voltada para a figura humana e o retrato. Da obra de Antonio Peticov, a exposição apresenta várias serigrafias, compostas em 1977, de tiragem reduzida, quando de sua fase geométrica. Peticov é reconhecido internacionalmente, morou em vários países, mas, nos últimos anos, tem preferido viver no Brasil.
A Galeria Ultravioleta nasceu no NBD (Núcleo Brasília de Decoração) e funcionou, até 2018, no Edifício Park Brasília, no Setor de Indústrias Gráficas). Hoje, tem parceria com galerias de Roma, Miami, Gênova, São Paulo, Curitiba, Lisboa e Bologna, sempre buscando enriquecer o mundo com novas experiências e maior acessibilidade ao público. Como a ideia é facilitar o acesso à arte, os proprietários avisam que a galeria também é pet friendly. “Nossa intenção é facilitar a vida do morador de Águas Claras. Se ele estiver aqui próximo, passeando com seu pet, e resolver vir à galeria, não precisa voltar para casa e trancar o bichinho. Pode vir, que os animais também gostam de pintura”, brinca Rapello. Outra boa novidade é para os notívagos: como todos os quadros da exposição estão à venda, o visitante noturno que gostar de algum pode fotografá-lo e enviar uma mensagem, mesmo de madrugada, à galeria, indicando a intenção de comprá-lo, e a reserva será feita. As tratativas finais para a aquisição do quadro ficam para o dia seguinte. E para quem acha que uma visita a uma exposição combina bem com um café especial, a cafeteria Los Baristas também já está lá em pleno funcionamento. Então, bom café e boa exposição. Galeria Ultravioleta
Edifício Easy, Rua Pitangueiras, Águas Claras
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DIÁRIODEVIAGEM
O pássaro que virou jazz no Carnaval TEXTO E FOTOS ALEXANDRE MARINO
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uirapuru-laranja é um pequeno pássaro de 11 centímetros, que vive nas matas da margem sul do Rio Amazonas, uma extensa área que se estende até o Maranhão, e em popula-
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ções isoladas no Ceará e Alagoas. Chama a atenção pela beleza: o macho tem a cabeça e metade do peito de cor laranja bem forte, o dorso preto, os olhos pretos circundados de amarelo. A fêmea é verde oliva, mais escura no dorso, mais clara no peito.
A norte-americana Terrie Odabi
É conhecido por vários nomes, dependendo da região, e um deles, Guaramiranga, é também o da simpática cidadezinha do interior do Ceará, a 110 quilômetros de Fortaleza, onde ele eventualmente é visto nas áreas de mata fechada. Guaramiranga (pássaro vermelho, em língua tupi) é cidade musical, e nem é por causa do assovio prolongado que caracteriza a vocalização de seu passarinho. É vocação mesmo. Menor município do estado do Ceará, com apenas 4 mil habitantes, dois teatros, uma escola de música – da Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga (AGUA) – e, acima de tudo, palco de um evento tão inusitado quanto sua temperatura média anual de pouco mais de 20 graus: o Festival de Jazz e Blues, que acontece há 20 anos durante o período do Carnaval. O passarinho, como não poderia deixar de ser, é símbolo da cidade, que fica no alto de uma serra, parte do Maciço do Baturité, cercada de Mata Atlântica. A floresta, que se estende a perder de vista
Guitarristas cearenses fizeram show em homenagem a George Harrison
até a fronteira com a caatinga, visível do cume do Pico Alto, é uma joia rara, como a própria ave. Música e atrações ecológicas levaram a Guaramiranga 12 mil turistas no período do Carnaval, de acordo com a prefeitura. Se muita gente que brinca no agitado Carnaval do litoral cearense nem imagina o que acontece ali no interior, outra multidão acorre a Guaramiranga para curtir a música de artistas de primeira grandeza, inclusive atrações internacionais, que aportam por lá no período de Momo. Este ano compareceram o violonista Guinga, um dos mais prestigiados instrumentistas brasileiros, acompanhado pelo clarinetista Nailor Proveta e o saxofonista Teco Cardoso; a cantora norteamericana Terrie Odabi, diva em ascensão do blues de São Francisco, premiadíssima, considerada sucessora de Etta James; e o Trio Jobim, formado pelo filho e o neto de Tom Jobim, Paulo e Daniel, acompanhados do baterista Paulo Braga. O blues cearense apresentou-se com um fantástico time de guitarristas, para um show em homenagem ao beatle George Harrison que incendiou o público. O violonista Marcos Maia, de Fortaleza, levou ao palco os também violonistas Nono Garcia, espanhol, e Budi Garcia, goiano, para uma bela mistura de jazz, flamenco, MPB e música erudita. Foi muito emocionante ouvir esses e muitos outros artistas levados pelo esforço de um grupo cheio de garra, liderado pela diretora Maria Amélia Bernardes Mamede. Não bastou a Cidade Jazz &
Nailor Proveta, Teco Cardoso e Guinga
Blues, como foi batizado o palco principal, enorme galpão montado no campo de futebol da cidade, a que se chegava depois de 10 minutos de caminhada a partir do centrinho. Ao longo do dia, havia jazz e blues à vontade na cidade. Todos os dias, às 11 horas, o restaurante Basílico espalhava pela praça do Teatro as suas mesas, lotadas pelo público para ouvir música e bate-papo com os artistas que se apresentariam à noite. No final da tarde os ensaios eram sempre abertos, e depois vinha o Show ao Pôr do Sol. Tudo de graça, com exceção apenas de três shows noturnos ao longo dos cinco dias do Festival. Segundo os organizadores, a média de público variou entre 1 mil pessoas nos shows diurnos e 1.200 nos no-
turnos. E isso apenas em Guaramiranga, porque o festival também alcançou as cidades de Aquiraz e Fortaleza. Uma das mais surpreendentes apresentações do festival, no entanto, foi de um grupo, digamos, menos famoso – a banda O Som da Montanha, liderada pelo contrabaixista Wagner Ferreira, acompanhado por seis jovens de Guaramiranga, formados pela escola de música da cidade. Seguindo a tradição das big bands jazzistas, o grupo mostrou que Guaramiranga é pequena, mas é enorme. Festival Jazz & Blues
http://www.jazzeblues.com.br https://www.instagram.com/ festivaljazzeblues/ www.facebook.com/festivaljazzeblues/
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LUZCÂMERAAÇÃO
Cinema goiano
pede passagem
Rodado na Chapada dos Veadeiros, novo longa-metragem de Pedro Novaes comprova a força da nova cinematografia de Goiás, impulsionada pelas leis de incentivo estaduais.
POR SÉRGIO MORICONI
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s coisas não acontecem como num passe de mágica, como se uma fada-madrinha viesse do nada para atender os desejos e interesses de seus protegidos, no caso o cinema que se faz (ou que se deseja fazer) longe, muito longe, dos grandes centros de produção. A fada-madrinha aqui tem um nome: leis de incentivo. Pedro Novaes é mais um dos realizadores goianos que se afirmam no cenário brasileiro a partir dos novos instrumentos de apoio à produção cinematográfica criados nacionalmente e nas várias regiões do país nos últimos anos. A Lei Goyazes de Incentivo à Cultura e o Fundo Estadual de Cultura foram a varinha de condão que possibilitou filmes como As duas Irenes, de Fábio Moura, O colar de Coralina, de Reginaldo Gontijo, assim como as obras de Jarleo Barbosa, autor do delicado curta Julie, agosto, setembro e do longa-metragem Hotel Mundial. Também não se deve esquecer outro instrumento, o Fundo Setorial de Audiovisual, gerido pela Ancine, que injetou 30% do montante de seus recursos nas regiões Norte Nordeste e Centro-Oeste do país. Jarleo e Novaes são parceiros em vários projetos. Ambos trabalharam juntos na preparação e no roteiro de Alaska, filme de espírito contemporâneo sobre um casal, Ana (Bella Carrijo) e Fernando (Rafael Sieg), que se reencontra durante uma viagem pela Chapada dos Veadeiros, dez anos depois do que imaginamos ter sido uma separação mal resolvida. Logicamente a beleza e a mística do lugar não deixam de ser um importante elemento dramático do filme e nos fazem pensar na relação que poderia haver entre o ermo
Fotos: Divulgação
sertão goiano e o longínquo e gelado estado norte-americano. Há uma tênue explicação no início de uma narrativa cujo conflito se dá de forma rarefeita e etérea. O interesse principal de Novaes é seguir os passos de Fernando. Em seguida à perda do pai, acompanhado de Ana, ele retorna à fazenda da família e se defronta com o dilema de vender ou não a propriedade. Saltar fora ou não da vida e valores do falecido pai. Alaska lida com a questão da identidade de um indivíduo de origem rural lançado no abismo de um genérico “cosmopolitismo” mundano. Pelo menos é isso que supomos a partir das tênues indicações oferecidas pelo diretor, como, por exemplo, o itinerário de – digamos – “fuga” proposto por Fernando a Ana: Brasil, Colômbia, toda a América Central, Estados Unidos, Canadá, finalmente Alasca. A desordem ou hesitação identitária da personagem está presente igualmente na música que sublinha quase toda a ação (algumas vezes inação) do filme. Peças instrumentais de guitarra aludem ao mesmo tempo à toada Luar do sertão, atribuída a Catulo da Paixão Cearense, e à abstrata trilha de Paris-Texas, de Wim Wenders, composta por Ry Cooder. Quando Pedro Novaes opta por sublinhar os créditos finais do seu filme com uma música cantada em inglês da banda goiana Shotgun Wives, não parece haver muita dúvida quanto à intenção do diretor de dar um adeus simbólico ao sertão de Bernardo Élis, escritor que retratava a vida rural da região com a intensa utiliza-
ção de linguagem regional. Pedro Novaes nos lembra do passado remoto e o presente “hodierno” de Goiás na imagem do índio estampada nas costas da camiseta de Fernando. Com Cartas do Kuluene, filme anterior a Alaska, Pedro Novaes, filho do jornalista Washington Novaes, tentou reviver as experiências de seu pai quando realizou para a televisão as séries Xingu A terra mágica e Xingu - A terra ameaçada. Aqui, a principal personagem é um indivíduo que se aventura em terras desconhecidas em busca de respostas metafísicas sobre a vida. Sem dúvida trata-se da ilusão mítica e romântica do “bom selvagem”, de Jean-Jacques Rousseau. Neste interessante filme, o diretor nos apresenta três diferentes experiências de pessoas que viveram em diferentes épocas no Xingu. A obra é um híbrido de documentário e ficção inspirada nas cartas de três pessoas reais: Buell Quain, um antropólogo americano, que estudou tribos indígenas Krahô no Maranhão, em 1939, e que acabou se suicidando; o francês Paul Berthelot, que veio ao Brasil com o objetivo de fundar uma comunidade anarquista ao lado de indígenas que viviam nos vales do Rio Araguaia; e, por fim, o próprio Pedro Novaes, que passou um tempo no Xingu pelos motivos mencionados mais acima. Um dos aspectos mais interessantes em Cartas do Kuluene são as referências ao escritor Joseph Conrad, especificamente ao livro no Coração das trevas, em que relata uma experiência sua vivida no
Congo no Século XIX. Curioso o percurso do cinema goiano e sua relação com o que podemos chamar de sua observação entre “o arcaico e o moderno”. Antes da criação de uma infraestrutura mínima para o estabelecimento de uma produção cinematográfica na região, o Planalto Central era visto como um ermo apartado de qualquer vestígio de civilização. “Terra dos índios”, “caminho das onças”, mencionando aqui expressão usada pelo ex-presidente Jânio Quadros para se referir a Brasília. A interiorização do Brasil foi primeiro tentada por Getúlio Vargas ao incentivar que empresas estrangeiras se estabelecessem em lotes agrícolas no Mato Grosso. Mas a ausência de estradas e a distância do litoral desencorajaram grupos internacionais, apesar das enormes vantagens fiscais oferecidas. Quem se aventurou nesse “confim remoto” foi o cinema. O cientista natural Jesco Von Puttkamer, brasileiro de origem alemã, integrando a expedição Marcha Para o Oeste do governo Vargas, chegaria até o Xingu e registraria em película diversos grupos indígenas de Goiás. Puttkamer pode ser considerado o pai do cinema goiano. Suas horas e horas de documentação dos índios são o fio da meada que nos levam até a figura estampada na camiseta de Fernando. Alaska
Brasil/2019, drama, 72min. Direção: Pedro Novaes. Roteiro: Novaes e Jarleo Barbosa. Com Bela Carrijo, Rafael Sieg e Antonio Zayek. Em cartaz no Cinemark Pier 4.
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CRÔNICADACONCEIÇÃO
Crônica da
Conceição
CONCEIÇÃO FREITAS
conceicaofreitas50@gmail.com
A cidade que o Brasil inventou
O
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que têm em comum Brasília e Maradona, Brasília e Ayrton Senna, Brasília e Julianne Moore, Brasília e Sean Penn, Brasília e Antonio Banderas, Brasília e Renato Russo? Todos nasceram no mesmo ano, 1960. Têm força, talento, beleza, elegância, resistência, ousadia. Mas o tempo, para as cidades, tem outra dimensão. Seria como se cada uma dessas personagens da história contemporânea tivesse 600 anos de nascidos, tantos os acontecimentos que se passaram desde 1960 na única cidade moderna que é patrimônio da humanidade. Quando foi inaugurada, a nova capital tinha 140 mil habitantes, dos quais apenas 6 mil (4%) eram nascidos em Brasília ou nos antigos municípios cujas terras foram cedidas à capital. Seis décadas depois, um em cada dois moradores do DF nasceu no quadradinho. Aos 60, Brasília já é metade brasiliense, metade de todo o país, e ainda é fortemente nordestina, goiana e mineira. Em 21 de abril de 1960, Brasília era a Esplanada, a Asa Sul em construção e a Asa Norte ainda com edificações esparsas. Havia o Cruzeiro, Taguatinga, Núcleo Bandeirante e Vila Operária, mais tarde Candangolândia. Já existia um povoado hoje deno-
minado Fercal, uma região administrativa que nasceu nos arredores dos sítios de extração de calcário para a construção da cidade. O Paranoá também já era ocupado pelos candangos que construíram a barragem. E já existiam também Planaltina, cidade do século 18, e Brazlândia, dos anos 1930. Já em 1960, o Plano Piloto era uma ilha da fantasia cercada de Brasil real por todos os lados. Dos 140 mil habitantes da nova capital, 88 mil eram urbanos e 51 mil, rurais. Ou seja, 37% dos moradores da cidade mais moderna do mundo eram roceiros nativos ou vindos de Goiás e Minas – e não do Nordeste, como também se imagina equivocadamente. Roceiros nativos eram, não custa ressaltar, os povos originais dos municípios goianos que cederam suas terras para o Distrito Federal: Formosa, Planaltina e Luziânia. Passados quase 60 anos, o Plano Piloto é tão-somente o sofá da sala, a peça mais vistosa da casa. Em números, dos 3 milhões de habitantes do Distrito Federal, apenas 214 mil moram na cidade-monumento, menos de 10%. A proporção fica ainda mais reduzida quando se leva em conta os moradores do Entorno, a multidão de brasileiros que rodeia a capital para tentar ter acesso a uma réstia da rique-
za que gira na cidade de maior renda per capita do país e de maior desigualdade e segregação social. A riqueza de Brasília está, por mais perverso que seja, nessa assombrosa junção de riqueza e pobreza. Se os brasileiros não migrassem todos para o sítio moderno, a capital do Brasil seria uma réplica moderna da Cidade Proibida da China imperial. Há quem tenha sonhado com uma Brasília exclusiva para a casta política, legislativa e judiciária e para o funcionalismo público. Deram com os burros n’água, porque os brasileiros começaram a chegar desde que Juscelino anunciou que iria construir e mudar a capital no seu governo. Brasília chega aos 60 como a terceira mais populosa cidade do país, só perde para São Paulo e Rio de Janeiro. É essa a sua grande vitória, a grande conquista brasileira. Uma cidade feita de glórias e tragédias, utopias e fracassos; inspirada em princípios democráticos, humanistas e igualitários; que surpreendeu o mundo quando foi construída e que foi ocupada pelos brasileiros, contra a vontade dos que imaginavam erguer uma cidade dos sonhos para poucos sonhantes. Os brasileiros ocuparam Brasília. Ela pertence a eles, a todos nós, de um jeito ou de outro.
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