Revista Subversa Volume 6, nº2 - fevereiro 2017

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[CONTEÚDO EXTRA] “A literatura deve sempre incutir alguma desconfiança” | Entrevista com Rui Zink Entrevistamos o escritor e professor universitário Rui Zink, após o lançamento de O livro sagrado da Factologia (Teodolito, 2017) dentro da programação do evento Correntes d’Escritas, realizado na cidade de Póvoa do Varzim entre os dias 21 e 25 de fevereiro de 2017. Zink deunos pista sobre o que é a Factologia, falou sobre o período de “febre coletiva pelo qual o mundo está a passar” e ainda, sobre o papel do escritor e da literatura. Por Tânia Ardito

SUB | A Factologia não é uma revolução, uma religião ou um movimento. Apenas diz que precisamos aceitar os fa(c)tos. Mas quais? Os verdadeiros ou os inventados? RUI ZINK |Ah, não posso revelar... É como um polícia a dizer “o criminoso é o mordomo” (rs). Mas por trás dos meus livros, há muitas vezes antepassados. Antepassados que eu sei que conheço quando começo o livro, antepassados que descubro que o eram ao chegar ao fim do livro ah e... O Jorge Luis Borges disse isso, que nós vamos descobrindo família. E antepassado do meu livro é, por exemplo, o livro Meia de Gato, do Kurt Vonnegut, em que há uma personagem que inventa uma religião que é o Bokononismo, que é uma religião um bocadinho burra. Portanto, o meu livro tem esse lado, que é uma sátira às seitas que estão muito na moda. As seitas que dizem que sabem... E neste caso, O Livro

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