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Sugestões de Referências Complementares

Filmes brasileiros

O cinema nacional tem algumas obras referenciais e já clássicas que abordam o primeiro século da colonização e exploração das terras brasileiras. Algumas foram realizadas durante a ditadura, a qual tendia a censurar menos obras artísticas de cunho histórico. Professor, é importante que você trabalhe com seus alunos os “modos de ver”, muito mais do que os conteúdos das narrativas: ou seja, tente facilitar e orientar uma visão crítica dos jovens espectadores sobre as produções elencadas a seguir. Assim como um romance histórico, podemos dizer que filmes históricos são factions – isto é, uma confluência do factual com o ficcional (fact + fiction). Também é importante salientar que a nudez em filmes que tratam de tribos que andavam despidas deve ser entendida com naturalidade pelo espectador/ estudioso.

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Brincando nos campos do Senhor (At play in the fields of the Lord, Héctor Babenco, 1991) Filme extremamente atual e pertinente nas questões que propõe: territorialidades, identidades, ideologias e genocídio indígena. No enredo, um casal de missionários evangélicos fundamentalistas americanos e seu filho entram na selva amazônica brasileira para converterem índios arredios à noção cristã de Deus. Ao mesmo tempo, um pequeno avião pilotado por contrabandistas pousa em Mãe de Deus, um vilarejo remoto, e, com os passaportes apreendidos e sem gasolina, terão de realizar uma “troca de favores” bombardeando uma tribo cujas terras são desejadas economicamente por um comandante.

Hans Staden (Luiz Alberto Pereira, 1999) O filme narra a história de Hans Staden, soldado e marinheiro alemão que, no início do século XVI, foi sequestrado por uma tribo tupinambá. É um dos únicos filmes falados praticamente em idioma tupi e foi baseado na obra Duas viagens ao Brasil, de Hans Staden. Para a filmagem, foi construída uma réplica de uma aldeia tupinambá. Indígenas de várias etnias participaram do elenco. Como era gostoso o meu francês (Nelson Pereira dos Santos, 1971) A iconografia do filme foi baseada nos trabalhos do gravurista belga Théodore de Bry, que, apesar de nunca ter cruzado o Atlântico, ilustrou figuras do Novo Mundo e ajudou a espalhar a visão do Brasil como terra de exotismos e mistérios.

Com diálogos em língua tupi, a história deste filme se passa em 1594 e foi baseada no famoso diário de Hans Staden, que, no filme, é representado por um personagem francês prisioneiro dos tupinambás. Este veio a ser confundido com um português, inimigo daquela etnia. Por isso, seria preciso devorar o inimigo para adquirir seus poderes, no caso, aprender a usar a pólvora e os canhões.

Para a produção, uma aldeia tupinambá foi construída nos arredores de Parati, Rio de Janeiro, local isolado e livre dos olhos da censura durante a ditadura. No filme, também há influência dos relatos do sapateiro e seminarista francês Jean de Léry, que esteve na França Antártica.

Anchieta, José do Brasil (Paulo Cesar Saraceni, 1977) Chegado ao Brasil em 1553, o padre José de Anchieta aprende a língua dos índios tupis e elabora uma gramática. Atento observador dos costumes e do mundo natural, negocia a paz durante a intervenção francesa.

Caramuru, a invenção do Brasil (Guel Arraes, 2001) Esta comédia, baseada em uma minissérie homônima, trata de Diogo Álvares, artista português que, após um naufrágio na costa brasileira, vive um triângulo amoroso com a índia Paraguaçu e a irmã desta, Moema. Os três viviam harmonicamente ante os olhares do cacique Itaparica.

Filmes estrangeiros

Vermelho Brasil (Rouge Brésil, Sylvain Archambault, 2014) Tanto em sua forma de minissérie quanto de filme de aventura, Vermelho Brasil foi baseado no romance homônimo de Jean-Christophe Rufin. O enredo trata da expedição francesa de Nicolas Durand de Villegagnon ao litoral fluminense durante a década de 1550.

Aguirre, a cólera dos deuses (Aguirre, der Zorn Gottes, Werner Herzog, 1972) Obra de arte do cinema alemão, este filme imperdível retrata uma expedição espanhola enviada por Pizarro que, em 1561, desce os Andes até o rio Orinoco em busca do lendário El Dorado. O grupo é chefiado por Don Pedro Urzúa e pelo segundo em comando, o cruel Lope de Aguirre. Em uma enorme balsa fluvial, europeus, indígenas e um escravo negro enfrentarão corredeiras, o ataque de tribos e perecerão ante a própria ambição humana. Fitzcarraldo (Werner Herzog, 1982) Outra das obras máximas do diretor alemão Herzog, este filme traz como personagem principal Fitzcarraldo – apelidado de “conquistador do inútil” –, um fã de Enrico Caruso que sonha em construir uma ópera em Iquitos – Alto Amazonas – após falhar na construção da ferrovia transandina e de uma fábrica de gelo. Com dinheiro emprestado pela amante, a dona de um bordel, ele compra um barco para transportar borracha. Embriagado pelos próprios delírios, fará dezenas de indígenas deslocarem a enorme embarcação por sobre um morro de mata fechada para alcançar um braço de rio.

A missão (The mission, Roland Joffé, 1986) Este filme retrata a época da expulsão dos jesuítas devido à crise nas relações entre a coroa portuguesa e a Companhia de Jesus. Nesse contexto, um mercador de escravos, movido pelo sentimento de autopunição por ter matado o próprio irmão, vai para uma missão jesuítica conviver com os indígenas, ou seja, com aqueles que até há pouco tempo ele caçava para escravizar.

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