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Propostas de Atividades II

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

Atividade 1: O perspectivismo ameríndio

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Professor, esta atividade é sugerida como atividade de leitura ou de pós-leitura.

O vídeo que pode ser assistido a partir do link a seguir serve como elemento motivador e desencadeador para esta atividade: “Tolerância e intolerância”, por Lilia Moritz Schwarcz – Café Filosófico CPFL – https:// www.youtube.com/watch?v=N67j5Ah9nc&t=332s O objetivo desta proposta é permitir aos alunos identificarem, contextualizarem e compreenderem as oposições dicotômicas historicamente criadas em torno de índio/ não índio; “selvagem”,“bárbaro”/“civilizado”; “natureza”/“cultura”. Estes opostos marcam notadamente a construção histórica do Brasil. As expressões anteriores estão entre aspas justamente para reforçarem o aspecto altamente imaginativo e tantas vezes preconceituoso em torno de cada conceito. A expressão-chave para o desenvolvimento deste estudo é o chamado “perspectivismo ameríndio”, de acordo com estudos do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, explicitado sobretudo no texto “O mármore e a murta: sobre a inconstância da alma selvagem” (vide Bibliografia Comentada). Professor, para que você tenha um breve apanhado sobre as ideias do pesquisador, leia o texto “O perspectivismo ameríndio – uma introdução ao conceito”, na página 25 da seção “Aprofundamento”. Se quiser, também empregue este texto em sala de aula com seus alunos. Partindo do livro O grumete e o tupinambá, os estudantes deverão salientar quais aspectos da história colocam as duas culturas – a francesa e a indígena – na dualidade

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1

Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente com relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.

HABILIDADE (EM13CHS105) Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre outras) e oposições dicotômicas (cidade/ campo, cultura/ natureza, civilizados/ bárbaros, razão/ emoção, material/ virtual etc.), explicitando suas ambiguidades.

apontada por Viveiros de Castro. Também permita que eles avancem na discussão, comentando porque os tupinambás serviram de modelo para o desenvolvimento dos pensamentos do antropólogo. Aproximando o debate da época em que vivemos, peça para a turma estabelecer as principais dualidades que podem ser detectadas na cultura brasileira. Por exemplo: ainda se entende a natureza como apartada do mundo humano (natureza x cultura)? Quais implicações isso traz para nossa visão de mundo e para o nosso estar no mundo? Se os brasileiros adotassem uma visão próxima ao perspectivismo ameríndio, como seriam, por exemplo, os hábitos de consumo de bens materiais e imateriais e nossa relação com o meio ambiente? A atividade finaliza com um relatório comum, que os alunos organizarão à medida que as conversas forem fluindo.

Atividade 2: Filmes para se pensar a violência contra os indígenas

Professor, esta atividade é sugerida como atividade de leitura ou de pós-leitura. Você também pode adaptá-la para atividade de pré-leitura.

O livro de Adriano Messias propõe uma reflexão sobre o choque cultural entre alteridades (no caso, os europeus e os indígenas). Esses encontros, que podem ser considerados muito mais “desencontros” no sentido do impacto que causaram aos povos americanos, se fazem sentir até hoje. Visões do outro como sendo menos importante, inferior, desvalido, etc., ainda se mostram presentes nas estruturas sociais do Brasil. O objetivo desta atividade é, portanto, permitir que os alunos analisem as dinâmicas que engendraram o Brasil de nossos dias, sobretudo no que tange ao extermínio de povos indígenas (seja por desapropriação de terras, doenças, destruição de culturas ou mesmo genocídios). Para isso, eles deverão assistir a algum dos filmes mencionados a seguir e que constam na seção “Sugestões de referências complementares”, página 26: Brincando nos campos do Senhor, Aguirre, a cólera dos deuses, Fitzcarraldo e A missão. Professor, você pode tanto organizar sessões para que eles assistam ao(s) filme(s) quanto apenas exibir alguns trechos em sala de aula. Considerando que os alunos muitas vezes não mantêm muito contato com a linguagem cinematográfica antes da era digital do cinema, pode ser muito válido assistirem os filmes em sua integridade. Em todas as obras sugeridas, é possível se analisar a presença do invasor e sua relação destruidora para com povos indígenas em vários âmbitos: como vetor de doenças, como

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 2

Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compreensão dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais geradores de conflito e negociação, desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de situações que envolvam o exercício arbitrário do poder.

HABILIDADE

(EM13CHS201) Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do capital nos diversos continentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de eventos naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionarse criticamente em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles.

doutrinador impositivo da religião cristã e de seus modos de vida, como violentador, como assassino, como usurpador, como saqueador, como destruidor do meio ambiente. Como complementação, fica sugerida a leitura de algumas partes do livro As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, um clássico dos estudos americanos e cuja referência se encontra na “Bibliografia Comentada”. Na primeira parte desta obra, o autor rememora o percurso histórico dos invasores do continente americano a partir de ciclos de exploração econômica – a prata, o ouro, o açúcar, o cacau, a borracha, o algodão, o café, etc. –, explicitando o alto preço que os nativos e os escravos africanos pagaram para que as nações europeias se enriquecessem. Um paralelo com as tramas dos filmes se torna muito pertinente: Aguirre, a cólera dos deuses trata da busca do El Dorado, Fitzcarraldo retrata a época dos seringais, Brincando nos campos do Senhor aborda a imposição da fé evangélica a povos amazônicos e seu consequente genocídio, enquanto A missão mostra a escravização dos guaranis pelos espanhóis e portugueses. Você também pode pedir à sua turma que se divida em grupos. Então, cada qual se incumbirá de assistir um filme e abordá-lo, fundamentando-se em algum texto da obra de Eduardo Galeano. Os estudantes devem demonstrar capacidade analítica e conclusiva ao aproximarem o texto teórico da obra cinematográfica e vice-versa. Uma das formas de se finalizar a atividade pode ser uma aula na forma de seminário, em que cada grupo apresentará seus comentários a partir do filme escolhido. Professor, nas atividades voltadas para a Língua Portuguesa foram propostas muitas formas de análise das diferentes imagens que são historicamente construídas sobre os povos indígenas em textos literários, informativos e em obras de arte. As duas atividades propostas para que você desenvolva com a turma são complementares a este trabalho. Neste sentido, talvez seja interessante que você se reúna com os professores de Língua Portuguesa e pensem de que forma poderia ser estruturada uma mostra cultural com a temática indígena na escola.

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