chrizz luvly
steve aoki
no comando do jogo
De Belo Horizonte à elite do electro house
dream valley
O sonho vira realidade
Virou brincadeira a profissão
promoter?
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Noon · RIO+20 · Legends Underground · Tomorrowland
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Direção executiva Jorge Vieira Junior José Luiz Cavichioli Junior Consultor de Marketing e Diretor de Projetos Especiais Geraldo Nilson de Azevedo Editora-chefe Sarah Kern sarahkern@housemag.com.br
REDAÇÃO e CONTEÚDO ONLINE Carolina Schubert carolina@housemag.com.br
colaboradores permanentes Bruna Calegari
Make some noise
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João Anzolin joaoanzolin@housemag.com.br
direção de arte Ricardo Lin ricardo@housemag.com.br
assistente de Editoração Henivaldo Alves arte@housemag.com.br
Financeiro Jéssica Simone Galdino financeiro@housemag.com.br
Publicidade Graziella Ranno cel 48 7811.1699 id 55*92*5547 graziella@housemag.com.br
Comercial Florianópolis – João Freitas cel 48 7812.3231 id 55*92*13257 joao.freitas@housemag.com.br
Ele passou por muitas fases nas últimas décadas, mas desta vez parece que o electro veio mesmo para ficar. É fato que o house e o techno sempre foram os gêneros dominantes da música eletrônica brasileira. Assim como outros, o electro apenas flertava com esses estilos, sem ao menos chegar perto do fenômeno que se tornaria nesta segunda década do século em que vivemos. Mesmo depois de um pequeno revival no início dos anos 2000, com o electroclash de Miss Kittin, Vitalic e DJ Hell, o gênero ainda se mantinha essencialmente no circuito underground. Foi apenas em meados da década que ele encontrou de vez a vertente que o levaria a milhares de fãs no mainstream – de uma mistura entre a musicalidade do house e os sintetizadores edificantes do electro (o original, dos anos 80), nascia o electro house. Quem não lembra do remix de Tiefschwarz para “Kinda New” ou a mais dramática “Yeah Yeah”, remixada por D.Ramirez? Rumo a um caminho cada vez mais pesado, ao longo dos anos ele se misturou a outros estilos. Deadmau5 o incorporou ao progressivo, Skrillex tornou o dubstep original mais, diria, estrondoso e Steve Aoki, nossa capa desta edição, misturou-o com referências do punk rock, fruto de anos em que foi vocalista da banda This Machine Kills. De uma forma ou de outra, a ordem da casa para eles é fazer barulho – “Make Some Noise” de verdade. Os Beastie Boys que se cuidem.
São Paulo – Marcelo Larini cel 16 7812.9723 id 55*92*53308 tel 16 3331.6036 marcelo@housemag.com.br
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Colaboradores Angel Inoue Buga Moreira Carlo Dall Anese Felipe Kopanski Gabriel Macarofq Gabriela Loschi Gustavo Pamplona Ilan Kriger Isaac Varzim Jade Gola Marcelo Godoy Mateus B. Ricardo Flores Rodrigo Vieira Tatiana Stock Tonico Novaes
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sarah kern Editora-chefe
Gráfica Coan Todo o conteúdo (texto e fotos) apresentado pelos colunistas e colaboradores desta publicação em suas respectivas páginas é de inteira responsabilidade dos mesmos, assim como todo o material cedido pelas assessorias das casas noturnas e eventos (agendas e imagens). A House Mag (ISSN 2176-7009) é uma publicação bimestral da Editora Made in Brazil | Rua Laje de Pedra, 151 – Ed. Spazio Uno, salas 01 e 02 – Itacorubi, Florianópolis/SC | CEP 88034-605 Telefone: 48 3028.4484 www.housemag.com.br
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news · música · lifestyle · tecnologia 10 what’s up 16 instamomentos 18 jade gola 20 fazendo acontecer 22 memórias em vinil 24 miniguia 28 clubland 30 rio+20 32 volta no tempo
34 opinião 36 dream valley 39 tomorrowland 44 profissão promoter 46 tabloide 48 supernova 50 steve aoki 58 chrizz luvly 62 feel the groove
65 a liga 66 gabriel macarofq 68 profile 70 nossos heróis 72 carlo dall anese 77 joão anzolin 76 pergunta house mag 78 lançamentos 80 dicas da angel
82 lounge 84 automotor 86 consumo 88 moda 98 coberturas 120 tech news 122 ilan kriger 126 technoaudio 128 coluna dj
©2012 Playboy. PLAYBOY E O DESENHO DA CABEÇA DO COELHO SÃO MARCAS DA PLAYBOY E USADAS SOB LICENÇA DA PLAY BEVERAGES LLC.
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COLABORADORES
Marcelo Godoy é um jovem DJ que curte explorar o lado diferente e experimental das coisas. Passou por design, publicidade, relou na produção cinematográfica e hoje se dedica à música – seja discotecando, produzindo ou escrevendo sobre o assunto. Saiu de São Paulo para experimentar o mundo. Morou em Londres e hoje reside em Berlim. Tem 22 bem vividos e algumas boas histórias para contar. Ele assina nossa nova seção de tecnologia, a Tech News, na página 120.
Johnny McMillan é um fotógrafo irlandês baseado em Londres. Antes de começar o mestrado em fotografia de moda na London College of Fashion, fez bacharelado em Artes Plásticas e habilitação em Gravura. Nosso artista-fotógrafo clicou o editorial de moda desta edição nas ruas de Londres, em plenas Olimpíadas.
Apaixonado por música e arte, Gustavo Pamplona atualmente estuda música e faz pós em Moda – Gestão e Marketing. Agitador da música eletrônica em Florianópolis, fez parte de projetos como a festa Fullhouse. Sua paixão por discos de vinil e o conhecimento que adquiriu sobre o assunto o levaram à estreia da coluna “Memórias em Vinil”, em que convida DJs de todo o Brasil para falar sobre suas capas de disco favoritas.
Felipe Graseff sempre foi apaixonado pelas artes. Cresceu em meio a uma mãe arquiteta e designer de interiores e um pai economista e marketeiro. Acabou unindo as duas coisas: estudou Design Digital e Marketing e Publicidade em Vendas, e hoje além de trabalhar nessas áres, é também fotógrafo. Felipe acompanhou os eventos ligados a arte e música na Rio+20 e conta para nós o que viu por lá.
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what’s up
Imagens: Divulgação
Fechamento do Pirate Bay não reduz a pirataria Através de uma pesquisa encomendada pela BBC de Londres, foi confirmado o que muitos internautas já sabiam: a proibição do acesso ao site Pirate Bay, fonte de compartilhamento de arquivos e downloads gratuitos ilegais, não diminuiu a pirataria na web. Em abril, primeiro mês da proibição do acesso ao site, pesquisas indicaram uma redução de 11% na pirataria, porém a queda foi retomada após apenas uma semana. Aliás, de acordo com as últimas pesquisas e com a BBC, a polêmica criada pela mídia acabou inclusive aumentando a atividade de compartilhamentos ilegais durante todos os meses deste ano se comparados aos meses de janeiro, fevereiro e março, quando o Pirate Bay ainda não estava banido. “Nós sempre sustentamos que banir é um método ineficaz”, afirma Loz Kaye, do Pirate Bay. Apesar do resultado, as autoridades em países com Inglaterra e Holanda continuarão com o bloqueio.
Twice Nice grava novo promo-clip Porto Alegre foi a cidade escolhida para a gravação do novo clip promocional da faixa “Hard to Get”, novo trabalho da dupla Twice Nice. O público compareceu em peso, lotando o Wish Club. O duo carioca apresentou os hits que fizeram o Twice Nice tão especial na região. Esta e outras gravações estão disponíveis no canal do YouTube: www.youtube.com/ twicenicemovies. E já tem música nova saindo do forno – “Saturday Night” será lançada em breve e é mais uma parceria com o produtor Ronen Dahan.
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O fim da máfia sueca? O anúncio foi polêmico o bastante, mas as discussões e rumores que seguiram e persistem ao redor do tema são ainda maiores. O trio Swedish House Mafia, composto por Steve Angello, Sebastian Ingrosso e Axwell anunciou em seu site oficial que a turnê na qual se encontra atualmente será a última do grupo, que depois irá se separar. A principal suspeita é de que a declaração seja um truque de marketing para gerar ainda mais expectativa em torno das apresentações atuais, ou ainda que num futuro breve o trio se reúna novamente para turnês ainda mais caras. Os três DJs e produtores evitam falar sobre o tema em entrevistas e acabam de lançar uma linha de produtos oficial da SHM.
Khainz em compilação da Amnesia Diretamente da Suíça, o produtor Simon Schwendener acaba de ver sua já consagrada track “New Perspective”, lançada originalmente em 2011, incluída na compilação “La Troya Ibiza 2012”. Mixado por Les Schmitz, o álbum leva a marca de um dos eventos mais tradicionais da ilha espanhola, que acontece todas as quartas-feiras no club Amnesia. A qualidade dessa produção se relaciona facilmente com o trabalho do produtor, que mantém um ritmo intenso de releases em selos como Hotfingers, Formatik, Mistakes, Movement e IAMT, em remixes para Format:B e Dousk. Khainz estará no Brasil no fim de agosto, quando se apresenta no Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Fique de olho!
Marky em mixagem analógica no Cine Joia Entre tantos eventos que apenas apresentam mais do mesmo, no dia 10 de agosto o clube mais modernoso da capital paulista, o Cine Joia, promoveu o Red Bull Technostalgia com a proposta de fazer uma espécie de “mixagem analógica”. O DJ Marky apresentou clássicos da música eletrônica de forma completamente inovadora: ao invés de usar duas CDJs para tocar, foi o maestro de duas bandas que se revezaram nas músicas. A ideia foi trazer de volta a identidade analógica perdida nos últimos anos de digitalização musical. Compostas de seis a dez músicos, cada banda tocou hits dos anos 80, 90 e 2000 durante 90 minutos. Quem assinou a produção musical foi Eduardo Bodlovski, e a direção de arte, Sandro Akel. O evento teve curadoria do publicitário Luiz Gabriel Vieira.
Novos clubes O cenário de casas noturnas segue movimentado no segundo semestre de 2012. Além da já confirmada inauguração do clube espanhol Space em Balneário Camboriú, a cidade terá um novo day-club, a ser inaugurado também no fim do ano. A capital paranaense acaba de ganhar uma nova casa chamada Club, e São Paulo também viu a inauguração do Mono Club (foto). Ambos abriram no mês de julho e prometem cuidados na parte artística.
Tribaltech com os primeiros lotes esgotados Na edição 2012, a Tribaltech traz um conceito inovador no campo dos festivais: “Think Underground”. A proposta de trazer apenas artistas que fujam do conceito comercial na música eletrônica sempre foi difícil de ser colocada em prática, mas não impossível – como o evento acaba de provar. Dubfire, Magda, Avalon, Pillowtalk e Crazy P são apenas algumas das 80 atrações que serão divididas nos cinco palcos montados na Fazenda Heimari, em Piraquara, município da Grande Curitiba. Méritos ao evento pela iniativa de incluir no line-up novos artistas de núcleos da região. Além dos stages, a estrutura contará com dois camarotes, bungee jump, tirolesa, praça de alimentação e área de descanso. Restam apenas dois lotes para o evento, que será realizado em 29 de setembro.
Meme na Def Mix O DJ carioca acaba de ser convidado para integrar o restrito e quase impossível grupo de agenciados da Def Mix, uma das mais importantes agências de management de carreiras do mundo. Com 35 anos de carreira, 23 discos de ouro, 15 discos de platina e três de diamante, o artista – que não gosta de ser chamado de músico – recebeu o convite durante uma turnê internacional no último mês. Entre os agenciados pela Def Mix está Frankie Knuckles, considerado o pai da house music mundial. A agência tem 25 anos de existência e apenas cinco DJs no currículo. Esta é a primeira vez em 35 anos de pick-ups que Meme tem uma manager. “Para mim, é muito mais do que um mérito, é uma honra. Não há selo de qualidade melhor para um DJ”, orgulha-se. O plano dele agora é se dedicar mais à produção musical. www.djmeme.com.br
Warung: o templo comemora 10 anos de vida Em comemoração ao décimo aniversário, o Warung Beach Club realiza três noites que prometem ficar para a história, nos dias 2, 9 e 16 de novembro. A grande surpresa fica por conta do line-up: Sven Väth, Dubfire, Seth Troxler, Marco Carola, Solomun e Jamie Jones são apenas alguns dos nomes que farão parte da maior sequência de festas da história do club. Entre os brasileiros que comandam a pista principal e o Warung Garden estão Renato Ratier, Leozinho, Davis, Daniel Kuhnen, Aninha e Leo Janeiro. O templo promete!
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L_cio no Live at Robert Johnson
De Ibiza para o Piauí
O paulistano L_cio dá cada vez mais indícios de ser a grande promessa brasileira na produção musical. Ele acaba de ser escolhido pela lendária banda de nu jazz alemã Jazzanova como um dos cinco finalistas do concurso de remixes para a faixa “I Human”, da banda junto com Paul Randolph. Além de DJ e produtor, Laércio Schwantes também é músico. Recentemente foi convidado por Alan Abrahams – também conhecido por Bodycode – para tocar flauta transversal no lado B do EP “A Process”, produzido sob o nome Portable, projeto mais conhecido de Alan. O trabalho será lançado em setembro pelo renomado selo Live at Robert Johnson.
No mês de julho, a label party Ibiza World Club Tour estreou em Teresina, no Piauí, em uma festa no Yatch Club da cidade para mais de 3 mil pessoas. Os teresinenses experimentaram a sensação de fazer parte da festa espanhola, com direito a decoração especial, performances audiovisuais, distribuição de CDs e camisetas e uma apresentação de seu principal DJ residente, Chris Montana. A edição também contou com o set de Gui Reif, DJ paulistano residente do club Set, em São Paulo.
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Com passagens prévias por cidades como Rio de Janeiro, Búzios, Ribeirão Preto e Aracaju, a festa Ibiza World Club Tour também passará por outras cidades brasileiras ao longo de 2012, depois de realizar uma edição histórica na Alemanha para um público de mais de 15 mil pessoas. Mais infos: www.groovedjagency.art.br
Paris Hilton é zombada em música da DJ novaiorquina Jane Bang Depois de seu polêmico “debut” como discjóquei no Pop Festival em São Paulo – que também recebeu atrações como Jennifer Lopez e Michel Teló – Paris Hilton tem sido alvo de provocações e xingamentos no mundo todo, especialmente de DJs como Deadmau5 e Samantha Ronson (também polêmica namorada de Lindsay Lohan). A última das “tirações” das quais a herdeira, namorada do superstar DJ holandês Afrojack, foi vítima, é uma criação da DJ nova-iorquina Jane Bang. Intitulada “Put Your Hands Up For The DJs”, a música visa adular os verdadeiros DJs e retaliar o feito de Hilton, culpando-a por não saber mixar, chamando-a de “DJ de iTunes” e dizendo para que ela tirasse os cristais de strass dos headphones, além de outras maldades (ou verdades). Se a música, um electro bem sem sal, é truque para conseguir visibilidade ou raiva dos “fake DJs”, não se sabe. Mas com ela, Jane Bang, desconhecida até então, já alcançou a marca de 8 mil plays.
Fique de olho! Natural de Belo Horizonte, Michel Lara acaba de confirmar presença em dois grandes weekends brasileiros: em setembro estará no Celebration, que rola no Rio de Janeiro, e em outubro no Trancoso Weekend, na Bahia. Há quatro anos ele se dedica à música eletrônica,e tudo indica que Michel só tem a crescer nos próximos meses. soundcloud.com/djmichellara
Brothers Olímpicos Das cinco músicas oficiais das Olimpíadas de Londres 2012, uma foi assinada pelos irmãos do The Chemical Brothers. Com um total de 2012 músicas da Universal Music, o conceito da sonorização do evento foi dividido em cinco categorias: Energy (assinada pelos irmãos químicos), Primetime, Heritage, Extreme e World Stage. Cada uma delas embalou um tipo diferente de competição, representando o nível de energia que cada uma carrega. Além dos Brothers, Muse, Elton John, Delphic e Dizzee Rascal também assinaram faixas.
Nasce o selo da Radiola
Mais música avançada em 2013 Para quem torceu o nariz e achou que o evento não daria certo no Brasil, aqui está a novidade: o Sónar volta a São Paulo e se estabelece definitivamente no calendário de grandes eventos da capital paulista. Mais uma vez o Anhembi será sede do festival, previsto para os dias 24 e 25 de maio. Em 2012, amantes da música eletrônica de todas as partes do Brasil prestigiaram as 56 horas de música divididas em três palcos e dois dias. Até mesmo alguns precursores da eletrônica estavam por lá: o grupo alemão Kraftwerk fez uma apresentação memorável em 3D. Também passaram pelo Anhembi Justice, Flying Lotus, Chromeo, Modeselektor, James Blake, Little Dragon, Seth Troxler, Four Tet e uma infinidade de outros talentos.
Os álbuns que você vai ouvir no segundo semestre 2012 já teve lançamentos de álbuns de John Talabot, Nina Kraviz, Soul Clap, Eric Prydz, Amirali, Deniz Kurtel e Guy Gerber (foto), além de diversas compilações interessantes. E nesta segunda metade do ano, o que o público pode (ou deve) esperar para ouvir? O israelense Gerber afirmou recentemente que seu projeto em parceria com P Diddy, intitulado 11:11, deve lançar um álbum de estreia até o fim do ano. Sasha é outro que anunciou publicamente que “Involver 3” está saindo do forno. O Flying Lotus já marcou para setembro o lançamento de mais um álbum, desta vez “fortemente influenciado pelo dubstep”. Também em setembro, o grupo britânico The XX lança “Coexist”, e em outubro o alemão Michael Mayer deve lançar “Mantasy”.
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Remixe Glasgo! Esta é para os novos talentos: um concurso nascido da parceria entre a DJ Escola, o Clash Club e a Lokik Records premiará os dois melhores remixes da faixa “Medianeira”, do projeto Glasgo – formado por Carlo Dall Anese, Diego Logic e Gui Kukishi. Tanto o primeiro como o segundo colocado terão o remix lançado mundialmente pela Lokik, com a diferença de que o grande vencedor se apresenta no Clash Club, enquanto o segundo ganha um curso na DJ Escola. Para participar, basta se inscrever no site www.escoladedj.com.br e fazer o upload da faixa no Soundcloud até o dia 1º de outubro (no máximo!). O resultado será divulgado no dia 15 do mesmo mês.
O Radiola Underground começou como um fórum de discussões sobre música eletrônica. Hoje o grupo cresceu e tem sua própria label, o Radiola Records, que conta com cinco artistas âncora: Albuquerque, Haustuff, Gutto Serta, B.King e Hubenz. A sede fica em Curitiba, onde são comuns jam sessions entre os DJs e convidados, além de cinco estúdios voltados para a produção de música eletrônica e trilhas de áudio para comerciais. A ideia surgiu do encontro dos cinco produtores que queriam aliar o lançamento de suas tracks com festas e eventos da própria gravadora, além da criação de uma identidade própria que não dependesse de artistas de renome para obter sucesso. Tendo sua própria sede, hoje a Radiola Records recebe artistas parceiros em turnê de passagem pela capital paranaense, um ponto de encontro para a produção musical. Artistas interessados podem mandar suas tracks para demos@radiolarecords.com. Mais informações: radiolarecords.com.
Lovekick Com o notável crescimento da música eletrônica no Brasil, alguns grupos estão lutando para que padrões tanto musicais quanto relacionados a eventos, performances artísticas, DJs e lifestyle sejam redefinidos. A ideia dos gaúchos do Lovekick é construir um canal de troca de informações entre profissionais (DJs, promoters, fotógrafos) e frequentadores antenados. O que ambos têm em comum? Orgulho de dizer que amam música eletrônica. No fim das contas, o saldo é positivo: profissionais valorizados e público satisfeito. Quer saber mais? facebook.com/ lovekickmusic.
RMC EM sequência de road-shows pelo Brasil Durante o segundo semestre deste ano, o Rio Music Conference realizará road-shows por diversas cidades brasileiras. O destaque fica por conta da aparição de cidades interioranas no roteiro das conferências: Campos, no Rio de Janeiro, e Passo Fundo, Rio Grande do Sul, receberão edições locais do RMC, demonstrando a força que a música eletrônica alcançou nas cidades médias e pequenas do país. Além destes, foram confirmados eventos em Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo e Florianópolis, além do tradicional evento no Rio de Janeiro, no início de 2013.
Disco de cara nova Caribou se volta à dance music O inglês Dan Snaith não faz sucesso com seu nome de batismo, mas é conhecido mundialmente pelas produções assinadas por seu alter-ego Caribou. O último álbum da banda de um homem só, “Swim”, foi um sucesso de público e crítica e considerado um marco da música eletrônica experimental. Mais voltado à produção de tracks dançantes, Dan utiliza outro codinome para criar música paralelamente ao Caribou: Daphni. Desde 2009, ele tem apostado neste projeto fórmulas dançantes como a disco music e o electro. Agora finalmente é chegada a hora de anunciar seu primeiro disco, “Jiaolong”. O primeiro single, “Yes I Know”, introduz um sintetizador modular criado pelo próprio Dan Snaith, que será utilizado em diversas faixas do álbum. O último tem lançamento previsto para 8 de outubro.
O que era bom, ficou ainda melhor. Para a alegria dos paulistanos, o tradicional club Disco acaba de passar por três meses de reformas. Entre as novidades, está a nova cabine rotacionada do DJ, banheiros maiores e mais caixas, reduzindo as filas na hora de ir embora. Assinado pelos arquitetos Guto Requena e Maurício Arruda, o visual modernoso é, ao mesmo tempo, intimista e requintado. Destaque para os camarotes, carregados de poltronas vintage em couro preto e madeira. Mas os sócios Marcos Campos, Michel Saad, Marcos Maria, Marcos Mion, Roger Rodrigues e Miled Khoury não investiram só no plano visual. Foram importadas da Alemanha duas torres Dance Stack 4, da marca Funktion One, melhor sistema de som do mundo e raro em casas noturnas brasileiras. Tudo isso para receber um line-up surpreendente nos próximos meses, que já inclui nomes da grandeza de Sasha, Art Department, Sharam, Gui Boratto e Phonique. A nova fase da Disco promete! www.housemag.com.br
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INSTAMOMENTOS
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Os 7 mais Ricardo Albuquerque resolveu trilhar o próprio caminho e hoje virou exemplo para a garotada que está tentando um lugar ao sol. DJ e produtor curitibano, ele criou na web o grupo de debates Radiola Undrgrnd, que acabou se transformando num espaço físico: o estúdio, dormitório e DJ booth #radiolarecbase, hoje ponto de encontro entre artistas nacionais e internacionais. Aqui ele mostra os sete melhores momentos de seu álbum no Instagram, captados pelas lentes de um iPhone.
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1. Esta eu tirei junto com o Hubenz, DJ
da Radiola. Sempre que vemos alguma coisa legal no nosso estúdio, colocamos a hashtag #radiolarecbase. Não precisa ter algo relacionado a música ou a aparelhos eletrônicos, vale tudo (esta foi da nossa horta). Depois de um dia de chuva, encontrei a couve assim, e não tem lente de aumento nenhuma, só o filtro do Instagram mesmo. Achei massa!
2. Depois do after na #radiolarecbase, só
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sobrou eu! A foto não está incrível, mas foi a minha visão da cabine durante muito tempo. Depois que todo mundo foi embora, resolvi gravar um set e esse lugar sempre é muito inspirador! O portal foi desenhado por um street artist chamado Ceara. Ele também fez outras ativações merecedoras de mais fotos. Em cima da caixa de som tem alguns chapéus que às vezes uso pra tocar, e que também deixo espalhados pela casa. Adoro ver as pessoas dançado e tirando fotos com eles. Happy hats!
3. Esta também não tem lente nenhuma, só a do iPhone4. Estava a caminho de Balneário Camboriú para tocar no Warung Beach Club, e essa figura aí parou no meu para-brisa! Parece de outro planeta (ou um personagem da Pixart).
4. Garden lotado, mesmo com um frio de
matar! Uma noite de techno linda! Esse foi o único momento que fiz questão de tirar uma foto. Todo o resto foi só olhos e ouvidos para Nina Kraviz, a russa que hipnotizou o templo.
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5. O live stream da Radiola contou com seu primeiro convidado, Leo Janeiro, conhecido por nós como “Januka”. Ele fez um baita set ao vivo aqui na #radiolarecbase, transmitido ao vivo pelo canal do nosso parceiro VJ Toshiro.
6. Outra after no nosso DJ booth. Depois da
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Radiola Showcase na Liqüe Club, tive o prazer de fazer um b2b de algumas horas com o meu parceiro BKING. Foi irado! Além de muito talentoso, o Ber Buschle aka BKING se tornou um grande amigo, e me ajudou a tornar a Radiola num sonho possível.
7. Foto 100% espontânea no estúdio! “Põe esse fone aí no olho que você vai parecer o Black Kamen Rider, tá ligado?”
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JADE GOLA ALGUNS ÁLBUNS IMPERDÍVEIS DE 2012 ATÉ AGORa...
parem de matar os álbuns! Da música pop à eletrônica, artistas não param de lançar álbuns de sucesso. Discos autorais têm apelo e força mesmo na era da música em MP3 Você já deve ter lido por aí que “algo morreu”. Que a eletrônica morreu, que o rock morreu, ou que alguém morreu simbolicamente. Mas se tem uma coisa que é sempre dada como morta, mas na real está bem viva, são os álbuns. Os famosos discos, chamados assim por suas famosas plataformas físicas redondas, reúnem músicas, formam a identidade e criam cronologias das carreiras dos artistas. Com a Internet e a venda de músicas soltas por MP3, esperava-se que os álbuns uma hora fossem morrer de vez, mas não parece ser o caso. A forte indústria fonográfica britânica está comemorando uma sobrevida dos álbuns no mercado digital. Segundo a British Phonographic Industry (BPI), a venda de álbuns em MP3 subiu 26.6% em 2011, enquanto os CDs venderam 12.6% menos no mesmo período. Sucesso em parte por títulos de gente famosa como Adele, Jessie J e Coldplay, mas também é prova de como a reunião de várias músicas em um momento específico do artista, como uma história a ser contada, ainda é um produto interessante. Só o disco “21”, de Adele, vendeu quase 20 milhões de cópias. Do pop ao rock e também na música eletrônica, não param de pipocar álbuns dos mais interessantes. O techno-pop de Hot Chip e Scissor Sisters, o tech-trance de John Talabot e Blondes, além dos beats versáteis de novos nomes como Jam City, Auntie Flo e Totally Enormous Extinct Dinosaurs, entre outros, são discos recentes que não param de tocar no iPod deste que vos escreve. Mesmo sendo versátil com seus diversos tipos (EPs, 12”, remixes, vinis) o lançamento de um “novo álbum” é motivo especial para empolgação na dance music. É o fato que marca o êxito ou a tentativa, o fracasso ou o retorno de um músico, o teste de um novo nome ou a evolução de um simples produtor. Tome o Four Tet como exemplo.
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Já faz algum tempo que ele lança alguns 12” por seu selo Text, mas como trouxe satisfação ver ele anunciar que irá lançar um novo álbum, chamado “Pink”, para reunir essas músicas difusas lançadas em EPs geralmente direcionados mais para DJs do que o público em geral. Ou o Hot Chip, que lançou o excelente “In Our Heads”. É o quinto álbum de uma discografia que fica melhor a cada lançamento, criando pop eletrônico como ninguém. Em entrevista ao Pitchfork, o vocalista Alexis Taylor contou que o álbum reflete um ótimo momento da banda, e que a produtividade musical do Hot Chip é sempre baseada em ideias e possibilidades para um próximo disco. De volta ao fenômeno Adele, o disco “21” marcou outro fenômeno. O sucesso desse álbum é fruto do crescimento dos selos independentes, que já correspondem a 25% do mercado fonográfico, segundo a BPI. A música hoje não precisa mais do aval das 4 grandes gravadoras (Universal, Sony, Warner e EMI). Rough Trade, Domino e XL Recordings (que lançou Adele e tem em seu catálogo diversos nomes eletrônicos) correm por fora junto com outras centenas de selos pequenos para apresentar novos artistas e fazer valer a importância dos álbuns. Em 2009 o Radiohead veio ao Brasil pouco tempo depois de mudar o mundo com o álbum paguequanto-achar-que-vale “In Rainbows”. Numa entrevista ao Multishow, eles falaram de como essa ideia foi fruto do cansaço com o formato álbum. Mas logo em seguida um deles brincou que dali para frente era mais provável que eles lançariam logo um novo disco, pois é o mais prático de se fazer e as pessoas gostam. Dito e feito: em 2011 a banda não só lançou “Kings of Limbs”, como agrupou os remixes no álbum extra “TKOL RMX 1234567”.
adele 21
coyote clean up
four tet - pink
hot chip - in our heads
jam city - classical curves
john talabot - fin_verso
lone - galaxy garden
nikidove - instinct
radiohead - tkol rmx
smd - unpatterns
teed - trouble
tomas barfod - salton sea
Jade Gola é um jornalista musical em busca de novas formas, sons, ideias, artistas e tecnologias. Da internet para o impresso, do digital para o real. Música eletrônica como parâmetro cultural e visão de mundo. jadegola@gmail.com
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FAZENDO ACONTECER
Onde Rua Padre Leonel Franca, 240 Gávea, Rio de Janeiro - RJ
Quem já passou por lá DJ T., Tanner Ross, Miguel Campbell, Tale of Us, Subb-an, Daniel Bortz, Manik
Próximas atrações Luke Solomun, Laura Jones, Adana Twins e Maxxi Soundystem
good after... noon! Perto de completar o primeiro ano, a day party carioca assinada pelo casal Flow&Zeo transformou os sábados dos amantes da música por Felipe Kopanski Imagine um típico sábado no Rio de Janeiro, daqueles esplendorosos, na praia e com muito sol. Pensando em aproveitar essa energia e sob influência das day parties de música eletrônica do verão europeu, como é o caso das famosas Rebel Rave, Get Lost e Off Sónar, o casal de DJs Flow&Zeo, em parceria com Cláudio Rocha Miranda, Pedro Schmitt e Arnaldo de Merian decidiu trabalhar esse conceito na cada vez mais comentada cidade maravilhosa. Assim nasceu a Noon, after beach que tem transformado os finais de semana dos amantes da boa música e, é claro, da boa festa. “Pensamos em algo que combinasse com a cultura do carioca, em um horário que ainda não fosse explorado por festas de música eletrônica. Algo fora do convencional mesmo”, apontam Mariana Flow e Zeo Guinle. Após a primeira edição em setembro de 2011 com o americano Danny Daze, que despontava no momento com o EP “Your Everything”, a festa não parou mais. Brincando com o lema “sábado à tarde tudo pode mudar”, a Noon conquistou o público logo em suas primeiras edições e, após algumas tardes inesquecíveis, já aparece como uma das principais da cena eletrônica no Rio. Apesar do clima chill out, com direito a comidinhas, jardins e pufes, a festa sempre esquenta ao som de reconhecidos DJs da cena nacional e internacional, que não se incomodam em adequar a mão para fazer um som em plena
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tarde. “Buscamos artistas com experiência e sensibilidade, que consigam entender o clima da festa e transpor através da música”, completa o casal, que também faz questão de exaltar o trabalho do designer Junior Cerpa, com projetos específicos para cada estação, além da cenografia da Arteficial e das projeções do DCM Studio. Em relação ao som, o peso da assinatura Flow&Zeo já indica que a coisa é séria, o que o line-up acaba comprovando, tendo em vista que a festa já apresentou nomes como DJ T., Tanner Ross, Miguel Campbell, Tale of Us, Subban, Daniel Bortz e Manik, além dos nacionais Nepal, Leo Janeiro, Ricardo Estrella, Mary Zander, Matera, Dubshape, Marcio Careca, Nana Torres, Dri.k, João Paulo, entre outros. No fim, o mais complicado acaba sendo se despedir do público que, na carência de festas desse nível, não quer ir embora. “O horário no início era das 16h às 22h. Após algumas edições, estendemos naturalmente até meia-noite. Então, agora, das 16h às 22h a festa acontece na área externa do deck e depois é transferida para dentro, no club”, explica a dupla, que ainda adianta algumas das próximas atrações: “Podemos citar alguns artistas já confirmados, como Luke Solomun, Laura Jones, Adana Twins e Maxxi Soundystem, que tocará na edição especial de um ano, dia 15 de setembro”. Good, after... Noon! ■
Casal multitudo Ao celebrar 12 anos de carreira, o casal Flow&Zeo, que no último ano lançou o live act “Tea Lyrics” em parceria com Kriptus Gomes, parece se multiplicar para dar conta de tantos projetos. Além de rodar o Brasil para tocar, os cariocas também têm se dedicado ao estúdio, produzindo músicas em colaboração com Gabe, Marcello V.O.R., Bubba e Oliver Klein, e à produção de eventos com outros labels de festas, caso da Blend, Soma, Level, High e outras. Isso sem falar na administração da gravadora Tropical Beats e nos lançamentos que estão para sair em renomados selos, como Eletronique (U.K.), Nervous (N.Y.) e um EP em vinil pela Kote Records (U.K.). Em setembro, a dupla coroa essa celebração à carreira com sua sexta tour pela Europa, que já conta com seis datas confirmadas entre Alemanha, Dinamarca e Amsterdam, onde acompanharão o The Amsterdam Dance Event. Ufa!
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MEMÓRIAS EM VINIL
cinco capas, cinco histórias
Gustavo Pamplona convida colecionadores inveterados para falar sobre suas artes de capa favoritas por Gustavo Pamplona
Jamiroquai Space Cowboy
Um dos principais componentes de um álbum ou EP é a capa do disco. Desde os anos 50, quando a indústria fonográfica se consolidava, os músicos visualizavam que a capa era uma outra forma de comunicar a música. Nos anos 60 e 70, elas ganharam mais importância cultural, tornando-se até artigo de coleção.
[Work - 1994]
“Provavelmente minha banda favorita na adolescência, desde o primeiro álbum, “Emergency On Planet Earth”. “Space Cowboy” foi o principal single do segundo álbum e, na época, me arrependi de não ter comprado o single em CD numa viagem. Anos depois, consegui comprar o vinil, que traz o “Buffalo Man” estilizado na capa e que tem também um remix do David Morales, que foi hit na época.”
Fotógrafos, desenhistas e designers deixam suas marcas nos trabalhos dos músicos. As capas seduzem, entretêm, criam uma relação entre a imagem e as músicas do disco. Elas estendem os sentimentos absorvidos através do som a outros sentidos, e muitas vezes ficam para sempre em nossa memória, guardando momentos, histórias, pessoas, festas e viagens. Pesquisador musical sem fronteiras, o convidado desta edição é Ney Faustini, DJ e produtor paulistano.
Kraftwerk Computerwelt [EMI - 1981]
“Este foi o meu primeiro vinil do Kraftwerk e é o meu favorito deles, incluindo a capa. Comprei há 10 anos em um sebo em Torres, no Rio Grande do Sul, durante uma viagem de férias. Produzido no auge da banda, com certeza está na lista dos álbuns mais influentes da história da música eletrônica.”
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Various - Köln I
Lord Of The Isles
“Mais um vinil recente de tiragem limitada (pelo selo alemão ava.) com quatro excelentes músicas, de quatro artistas diferentes, e uma capa feita manualmente: uma foto coberta com uma rede e um plástico, colada com silver tape branca. Este é mais um selo que traz um conceito artístico que vai além da música.”
“Unthank é um subselo do escocês Firecracker, selo reconhecido pela refinada qualidade musical e por lançamentos com uma única e limitada prensagem em vinil, que são verdadeiras obras de arte. Neste recente 10”, os discos são transparentes e todas as capas são feitas manualmente em serigrafia. Faço questão de colecionar.”
[ava. - 2012]
[Unthank - 2012]
Matrix & Fierce Tightrope / Climate [Metro - 2001]
“Toquei drum & bass durante alguns anos, e esse disco representa bem uma das melhores fases do gênero, com dois dos meus artistas favoritos. Foi um dos discos que mais toquei, ambos os lados. Sempre gostei muito da foto da capa.”
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MINIGUIA
partying in europe Já que os brasileiros são figurinha cada vez mais carimbada nos festivais do verão europeu, montamos um guia prático para os marinheiros de primeira viagem por Tatiana Stock Espanha, Holanda, Croácia... O verão do hemisfério norte chegou e, junto com ele, os famosos festivais de música eletrônica. Não importa o estilo, o continente europeu ainda é o paraíso dos amantes da dança. Prepare suas malas e boa viagem!
Dicas para um festival de sucesso
Antes de embarcar Passagem aérea Compre com antecedência e garanta preços mais em conta.
Bagagem Preste a atenção com bagagem em excesso. Para voos internacionais em classe econômica são permitidos até 32kg, mas se você pretende viajar dentro da Europa, o peso diminui para 23kg em média.
Imigração Tenha sempre dinheiro suficiente em mãos. Não carregue tudo em espécie, leve também cartões de crédito internacionais, travelers cheques, Visa Travel Money etc. Na Europa, em geral, são solicitados 60 euros em espécie por dia de hospedagem.
Seguro de viagem Em alguns países é necessário que o turista comprove uma cobertura mínima. Recentemente,
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a França exigia que brasileiros comprovassem um seguro com cobertura médico-hospitalar de no mínimo 30 mil euros. Além de ser importante, o seguro impede que você tenha gastos não previstos com sua saúde no exterior. Pode acreditar: qualquer atendimento de urgência na Europa pode custar milhares de euros do seu bolso.
Escolha o destino que tem a ver com seu gosto musical Apesar de reunirem vertentes musicais cada vez mais variadas, a maioria das cidades e festivais ainda tem um estilo que predomina. Na Holanda, o trance é a bola da vez. Em Berlim, o techno e em Ibiza, o house.
Conheça mais sobre os países visitados Faça um itinerário em que você também tenha tempo para descansar. Festa é legal, mas não dá para deixar de conhecer a cultura do local.
O que não pode faltar na mochila: Protetor solar, óculos escuros, máquina fotográfica, repelente, roupas leves e confortáveis.
Esqueça o sapato e o salto Só não esqueça a roupa de banho e os chinelos. O verão do velho mundo pode ser bastante quente.
Não deixe todo seu dinheiro num só lugar Cuidado com seus pertences. Quando ficar em hotel, guarde dinheiro, cartões e passaporte dentro do cofre. Se for acampar num festival, tente avisar seus vizinhos de camping e fazer amizade, para que um sempre fique de olho na barraca do outro. E, claro, educação nunca é demais!
Não pense que você está indo para uma festa! Em festivais grandes, tudo fica afastado. Por isso, você vai andar muito, durante todo o dia (ou dias). Disposição é essencial! ■
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INDÚSTRIA
como a
água
Há dez anos, David Bowie já profetizava o atual momento da indústria musical. Ela passaria de um simples produto para um bem universalmente compartilhável por Isaac Varzin
é cobrada se você tomar banho na academia, se lavar as mãos num restaurante, se tomar água em um bebedouro ou se pedir para lavar o vidro do carro em um posto de gasolina. Apesar disso tudo, há um enorme e crescente mercado em todo o mundo de Águas Premium – água engarrafada que por algum motivo parece ser melhor do que aquela vinda da torneira. As pessoas estão dispostas a pagar mais por uma garrafinha de Pellegrino ou Evian do que por uma garrafa de Heineken ou, ainda, por um litro de gasolina. Paga-se para ter algo exclusivo: a embalagem, a origem, a pureza. É possível pensar em um modelo assim que funcionasse também para a música? Conceber um modelo de utilidade pública para ela, em que você tenha qualquer música disponível por uma taxa fixa ou por um valor “por litro”? Poderíamos pensar na música como um custo aceitável do nosso dia a dia que nos dispomos a pagar?
Em seu livro “The Future Of Music - Manifesto for the Digital Music Revolution”, David Kusek e Gerd Leonhard vislumbram um futuro muito parecido com o que Bowie imaginou. Um lugar onde a música é como a água: onipresente, móvel, compartilhável, tão difundida e diversificada como as culturas humanas que as criaram. Vamos voltar rapidamente para 1887, quando Emil Berliner inventou o gramophone. Naquele tempo, ele era o equipamento hype que possibilitava às pessoas ouvirem música sem ter que realmente ir a uma apresentação. Aquilo mudou para sempre a relação das pessoas com a música, transformou-a de uma experiência interativa de entretenimento para um produto. Ela se tornou sinônimo da mídia que a carregava, começando com os cilindros de cera, depois os vinis, fita cassete e, então, os CDs. Deixou, portanto, de ser um serviço e passou a ser um produto. O vocalista da banda entregava um CD ao fã e dizia: “Aqui está minha música!” Com a chegada dos CDs ao mercado, no começo dos anos 1980, a indústria da música passou
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por uma mudança do formato analógico para o digital – o primeiro passo que a transformaria novamente de um produto para um serviço. Essa transformação possibilitou a qualquer indivíduo fazer infinitas cópias perfeitas de toda e qualquer música já lançada em CD. Com isso, a indústria abriu as portas para as grandes mudanças que vemos hoje em dia. Depois de mais de um século de música sendo replicada e vendida como um produto estático, estamos retornando àqueles dias em que ela passa a ser tratada mais como experiência do que como produto. O momento da transformação A água tem um papel importantíssimo em nossas vidas. Nada acontece sem ela que, assim como o ar, é absolutamente essencial. Não pagamos pelo último, mas pagamos primeira – consequentemente, algumas empresas que a fornecem estão entre as companhias mais ricas do planeta. Pagamos pela água voluntariamente, mas nem ao menos percebemos esse fato, que já se tornou um acaso da vida. É um custo que faz parte do nosso dia a dia. Nenhuma taxa extra
Até agora, a indústria tem vendido música apenas em garrafas “Pellegrino”, mas os consumidores já descobriram a torneira infinita que parece estar jorrando gratuitamente da Internet. Claro que a qualidade não é a mesma, e não é realmente legal (por assim dizer), mas os benefícios para o usuário superam as desvantagens. Afinal, quanto você gastaria para encher sua banheira com água dos Alpes Italianos? Vale mais usar sua água direto da torneira. No universo previsto por Bowie, Kusak e Leonhard, a música será como a água. Você pode ter ela onde quiser: no celular, no tablet, no carro e no computador, pagando pequenas taxas que darão acesso ao produto limpo e de qualidade. Ainda assim, você sempre terá a opção de ir às lojas e comprar aquela edição exclusiva de um disco. Porém, mais importante do que qualquer coisa é a mudança do paradigma “produto x serviço”. Afinal, o que importa não é você ter a música, mas, sim, o acesso a ela. Vale a experiência. Bowie falou aquilo há dez anos (e ainda não chegamos lá), mas podemos estar mais perto do que nunca. O iCloud está aí para provar.
“A música se tornou sinônimo da mídia que a carregava, começando com os cilindros de cera, depois os vinis, fita cassete e, então, os CDs. Deixou de ser um serviço e passou a ser um produto. Hoje estamos retornando àqueles dias em que ela passa a ser tratada mais como experiência do que como produto”
CLUBLAND
Planeje-se! Fazer uma visita ao Ushuaia requer planejamento. Reservar quartos no hotel pode sair bem caro, e começo e fim de temporada são os períodos mais indicados para preços menos exorbitantes. O mesmo vale para os ingressos: deixar para comprar no dia do evento pode custar muitos euros a mais do que se você garantir antecipadamente. A temporada de verão 2012 em Ibiza vai até setembro, quando os clubes fecham e só abrem as portas novamente em maio e junho de 2013.
o hotel que mudou ibiza
Típico de Miami, o conceito de hotéis-resort chegou à ilha espanhola através do Ushuaia, hoje um dos clubs mais requisitados do mundo por João Anzolin Foi em Ibiza que, no fim da década de 1980, a música eletrônica conquistou definitivamente uma geração de jovens ingleses que, encantados com aquela novidade, disseminaram a cultura das pistas na Europa e, posteriormente, ao redor do mundo. Desde então a mítica ilha se tornou um dos principais redutos da música eletrônica mundial, com clubes, personagens e estilos capazes de se tornar tendências e difundir comportamentos no universo da música eletrônica.
de um mega-clube) começou em 2007 com um pequeno bar à beira da praia mais agitada de Ibiza, Praia D´En Bossa. Até 2011 o Ushuaia era uma espécie de “Chiringuito”, um dos típicos bares de praia nos quais muitas vezes os DJs se apresentam de graça em festas no fim da tarde. Figuras como Luciano, Sven Väth e Sasha eram presenças habituais nas cabines do bar e, mesmo pequeno e muito distante da atual imponência, o Ushuaia foi aos poucos se tornando um ponto conhecido de boas festas na ilha.
Como a ilha está sujeita à sazonalidade do verão europeu – que vai de maio a setembro –, a cada ano, nos períodos que antecedem a temporada, há uma grande expectativa em torno de quais novidades serão apresentadas e quais nomes, festas, DJs e clubes serão as grandes atrações e deixarão sua marca nos meses seguintes. Nos últimos dois anos não pairam muitas dúvidas quanto ao fato de que a novidade mais comentada de Ibiza atende pelo nome de Ushuaia.
Entre 2010 e 2011, entretanto, ocorreu a grande transformação que hoje faz a marca ostentar o nada modesto slogan de “O hotel que mudou Ibiza”. Uma grande obra fez com que um hotel fosse construído, com uma imensa pista de dança ao redor de uma piscina circundada pelos quartos. Apartamentos que se convertem em camarotes ou que proporcionam uma vista privilegiada das festas se tornaram objeto de desejo dos turistas e expressam o que, segundo Yann Pissenem (o francês que está à frente do Ushuaia desde que ele era apenas um bar de praia), é o grande diferencial do clube-resort: a exclusividade. O conceito típico de hotéis e
A história do que hoje é um mega-clube que funciona dentro de um hotel (talvez seja mais correto dizer que é um hotel que funciona dentro
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resorts de Miami era novidade em Ibiza, mais acostumada a locais intimistas, e a fórmula de unir em um mesmo lugar festas e hospedagem caiu como uma bomba em uma ilha que estava carente de novidades. Com uma ótima localização, um nome já conhecido e uma novidade para apresentar, as ações agressivas de marketing e a forte promoção focada nos DJs se encarregaram do resto: o Ushuaia foi o grande destaque do verão de 2011. A fama não foi passageira e se repete em 2012, e o fato do trio Swedish House Maffia trocar sua residência na Pacha por uma festa semanal de frente para a piscina do novo clube demonstra o poder do Ushuaia hoje em Ibiza. Em pouco tempo o misto de clube e hotel conquistou seu lugar e já figura no primeiro escalão de destinos da ilha. ■
Festas da temporada 2012 domingos: Avicii Segundas: F***me I’m Famous Terças: Luciano Sextas: Sasha Quartas: Swedish House Mafia
INTHEHOUSE
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O QUE ROLOU
arte pela
sustentabilidade Achou que a Rio+20 trataria apenas de questões políticas e ambientais? A House Mag esteve por lá para saber o que rolou de melhor nos eventos ligados à arte e à música por Felipe Graseff
Drive-in Rio Quando: 13 a 22 de junho Onde: Pier Mauá
Em junho deste ano, o Rio de Janeiro recebeu um dos maiores eventos sócioculturais já realizados nos últimos tempos, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, mais conhecida como Rio+20. A cidade recebeu, 20 anos atrás, a Cúpula da Terra, também conhecida como Eco-92. O evento deste ano é considerado o segundo turno dessas reuniões, e assim como o primeiro também recebeu ideias inovadoras que continham um toque de crescimento ético, social e tecnológico. Estiveram presentes líderes dos 193 países que fazem parte da ONU, e além de fazerem um balanço dos últimos 20 anos em relação ao meio ambiente, também discutiram a economia verde e o desenvolvimento sustentável do planeta. O evento foi dividido em três momentos: a terceira reunião do Comitê Preparatório foi realizada entre os dias 13 e 15 de junho; os Diálogos para o Desenvolvimento de 16 a 19; e de 20 a 22 aconteceu o Segmento de Alto Nível da Conferência, em que se reuniram os principais chefes de Estado e de Governo dos países convidados. Música e artes na conferência É claro que o Rio não poderia deixar de proporcionar shows, peças de teatro e tantos outros eventos à Rio+20. Na zona portuária carioca, projetos paralelos variados fizeram parte da programação que contemplou desde um maravilhoso musical inspirado nos cabarés alemães da década de 20 até exposições de obras experimentais de artistas nacionais e internacionais.
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Evento que realizou um mix de artes num só projeto. Carros de sucatas perfilados – e em frente a duas telas de projeção – ttrouxeram o típico visual do cinema drive-in nas gigantes paredes do Armazém Utopia. Nele foram reunidos 16 carros, iluminados por 20 projetores. O cenário foi feito de carros destruídos após diversos acidentes, e neles aconteciam performances mistas de artistas da Dinamarca e do Brasil. O público se prendeu facilmente ao mundo visual e musical criado pelos artistas, já que em cada carro foi contada uma história. Logo na entrada do galpão, ao lado de fora do cenário, o público era sempre recebido ao som de “Scary Monsters and Nice Sprites”, do Skrillex. Tocada por um violino em meio a toda aquela produção, a música conseguiu fazer com que as pessoas prestassem a atenção somente nas apresentações, o que tornou a experiência ainda mais rica. Barulhos de gritos, artistas batendo em metais e pessoas acendendo fagulhas de fogo tornaram o show um verdadeiro espetáculo. Algumas performances junto ao cenário rústico e futurista até pareciam cenas do filme “Blade Runner, O Caçador de Andróides”. O Drive in Rio contou com a presença de artistas como Bayard Tonelli, que recitou poesias durante o evento, e da artista brasileira Carol Castro. Projetos de artes sustentáveis e outras apresentações também fizeram parte dessa festa da cultura. Exposições por toda a cidade, como a dos peixes gigantes feitos de garrafas pet, montados na enseada de Botafogo, e projeções visuais com água na Lagoa foram algumas das grandes atrações.
Show da Nova Terra Quando: 23 de junho Onde: Fundição Progresso
Musical Havana Café Quando: 13 a 22 de junho Onde: Pier Mauá Onde quer que esteja, o musical Havana Café sempre carrega a tradição e os detalhes dos cabarés alemães de 1920. Foi o design daqueles lugares que serviu de inspiração para a criação do teatro de Bertolt Brecht, na Alemanha. No espetáculo, um barman a caráter faz drinks e coquetéis que são servidos ao público durante a peça, mas, é claro, servidos por lindas garçonetes vestidas com as roupas e acessórios da época. As músicas vão desde versões de grandes standards norte-americanos até rumbas, mambos, bolerinhos e outros mais. Já os atores se misturam e se revezam entre si, e três músicos tocam piano, sax e contrabaixo.
Há 20 anos, o cantor e compositor Milton Nascimento foi a principal atração do “Show da Terra”, evento que trazia a mensagem de um mundo melhor e atentava para a conscientização social na famosa Eco-92. Anos depois, o show reuniu grandes nomes do Brasil e do mundo, e conta novamente com a presença de Milton, desta vez junto a Maria Gadú. O evento foi refeito pela Txai Entretenimento Consciente, empresa de grandes produtores como os do “Leblon Jazz Festival” – que se consagrou como o mais charmoso e completo do Rio de Janeiro e se tornou grande referência entre os festivais de jazz mundiais. Não poderia ser melhor.
Good Planet Film Festival Quando: 16 a 21 de junho Onde: Odeon Petrobras Essa outra maravilhosa mostra de cinema feita pelo cineasta e fotógrafo francês Yann ArthusBertrand foi muito bem recebida pelos visitantes e apreciadores do cinema e da imagem. Uma mistura de documentários sobre a temática ambiental trouxe “Home”, do próprio Bertrand, e filmes como “Carbon for Water”, “La Soif du Monde”, “Même la Pluie”, “Jane’s Journey” e a pré estreia de Amazônia Eterna. Totalmente gratuito, o projeto foi apresentado na Praça Floriano Peixoto, no centro do Rio. Para quem perdeu, vale a pena conferir os documentários pela Internet.
Aqualume Quando: 15 a 24 de junho Onde: Lagoa Rodrigo de Freitas
Pitada eletrônica nos pampas Quando: 21 de junho Onde: Arena Socioambiental da Rio+20
Brasil Cerrado Quando: 12 a 24 de junho Onde: Museu de Arte Moderna O MAM recebeu uma obra muito criativa do artista goiano Siron Franco. Uma espécie de videoinstalação sensorial levou o visitante a viajar nos conhecimentos da fauna e flora do cerrado. A mostra ocupou 600 metros quadrados do museu e contou com dois grandes painéis. Era possível observar a projeção de uma cachoeira, com a sensação do cinema 4D. Sons e cheiros como de terra molhada e folhas fizeram parte dessa grande experiência sensorial.
Outros projetos de música também fizeram parte da comemoração pela sustentabilidade mundial. O cantor e compositor gaúcho Richard Serraria levou ao palco #SonoroBrasil um projeto muito interessante: uma intervenção musical que mostrou o mix da MPB com MPP, a Música Popular do Pampa. Esse repertório faz parte do mais novo disco de Serraria, “Pampa Esquema Novo”, que retrata o encontro de diversas etnias que construíram a América hispano-portuguesa, trazendo manifestações populares com heranças indígenas e africanas. Seu show aconteceu no dia 21 de junho no Museu da Arte Moderna e trouxe muita tecnologia. De iPods e teclados até beat box, foram usados em demasia loops, samples e delays – o que é cada vez mais comum nessa atual invasão da música eletrônica em todos os outros ritmos musicais.
Projeções coloridas em um enorme espelho de água com 600 metros quadrados, armado na lagoa Rodrigo de Freitas (Zona Sul do Rio). O evento foi aberto com diversas performances e maravilhas visuais. Partículas de água se misturaram a efeitos de luz, dando aos olhos do público visuais inimagináveis. Junto às apresentações, shows das cantoras Roberta Espinosa e Thaís Macedo, além de muitas atividades para crianças realizadas no Parque Cantagalo, na Lagoa.
Para fim de história Quando: 22 de junho Onde: Galpão da Cidadania Mart’nália encerrou com chave de ouro a programação cultural desses 20 anos de construção sócio ambiental. Ela apresentou o show de “Não Tente Compreender” – seu novo disco produzido por Djavan – no Galpão da Cidadania, onde se concentraram diversos eventos da Rio+20.
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VOLTA NO TEMPO
Legends Underground Como surgiu, o que representou o clubinho curitibano e por que o sonho acabou por Bruna Calegari “Prepare-se para um novo conceito de diversão”. Se pararmos para pensar, quantas vezes este chavão já foi usado na inauguração de clubes de música eletrônica? A exploração da ideia de “conceito” é um lugar comum para o qual recorrem os futuros donos de clubs, assim como é a vontade de construir no público a expectativa por algo novo, diferente. Hoje, utilizar esse teaser tornou-se sinônimo de jogada de marketing, geralmente um prenúncio de algo requentado, que pouco faz jus à curiosidade que gera. Isso se deve, em grande parte, porque novos conceitos surgem quando ainda estamos despreparados para eles. Não precisam ser anunciados: tomam de assalto, não pedem licença e conquistam pelo novo, pela atitude, pela ideologia – não pela promessa. Assim surgiu o Legends Underground, o mais saudoso clube de música eletrônica da Curitiba dos anos 90, cujo conceito verdadeiramente novo influenciou centenas de DJs e personalidades da cena atual. Para entender o que exatamente foi o Legends e o porquê de sua existência, influência e fechamento abrupto, uma figura é fundamental: o sócio-fundador, DJ e idealizador do projeto Igor Mattar, cuja trajetória nos anos 90 se confunde com a de seu amado clube. Hoje, Igor afirma com sensatez que “naquela época nada era planejado na noite, tudo ia acontecendo, as coisas eram feitas por instinto. Hoje vejo que não tínhamos um clube, tínhamos uma marca. Construída sem inteligência de marketing, sem
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planejamento – o que fizemos foi simplesmente seguir nossa intuição.” Igor conheceu o “conceito” da música eletrônica no início dos anos 90 em Londres, quando trabalhava como gerente de um pub em Covent Garden, no fervilhante West side da capital do acid house. Segundo ele, na época já havia em Curitiba amigos que frequentavam uma boate gay chamada Época, um lugar onde todas as tribos poderiam conviver numa pista de dança repleta de luzes e regada a disco music e garage em alto e bom som. O problema era que muitos ainda possuíam certa relutância em frequentar um clube que era considerado GLS no início dos anos 90. Voltando de Londres, o então engenheiro, agora com uma pós-graduação que pouco servia diante do estagnado mercado da construção civil, resolveu investir em tudo o que havia visto em clubes como Ministry of Sound e Cream, além do próprio pub do qual era gerente e DJ ocasional, e trazer o novíssimo conceito do club de música eletrônica para um lugar que fosse “um país livre, sem estereótipos”: o Legends Underground. Na cabine, três nomes da pré-historia curitibana das pick-ups eram os maestros da noite. Além de Igor, havia o ex-professor de educação física Dudu Schwab e Edson Nunes, que era então DJ de “noites dançantes” e foi um dos sócios da casa noturna Rave. A inauguração do club no dia 20 de maio de
1993 foi um fenômeno à parte – diferente do primeiro ano de funcionamento, repleto de altos e baixos comuns a um lugar que tenta construir um público do zero. Aconteceu uma semana após a primeira festa rave de Curitiba, “The Dance Party” , que trouxe as atrações Moby e Altern8, estrelas da era dos superstar DJs dos anos 90. O club, com sistema de som projetado conforme padrões internacionais e formatação inovadora, divergia das noites de rock e reggae, que eram, na época, a ideia de diversão comum na noite da maioria dos curitibanos. Palco de experimentações, o Legends apresentava um line-up com DJs residentes e convidados, além de eventos como um polêmico concurso de Drag-Queen, ou after-hours como o Positive Education, idealizado pelo DJ Raul Aguilera, já conhecido por sua participação na noite GLS da cidade. Em 1996 a cena eletrônica curitibana explodia. Além do Legends com seu mais novo residente Buga, o Queens Pub e o Circus embalavam a noite eletrônica da cidade, além da Konys e a recém-inaugurada Rave com seu inferninho comandado por Leozinho. Naquela época, a música eletrônica parecia fazer parte da diversão noturna de todo curitibano. Foi aí que a parceria entre os residentes Igor e Edson Nunes sofreu uma ruptura, quando Edson deixou o club para entrar na sociedade do club Rave. O fiel público do Legends permaneceu frequentando a casa, um tanto abalada pela falta do terceiro elemento nas pick-ups.
Raul Aguilera DJ
“Já era DJ havia muito tempo, mas comecei a tocar no Legends em 1998, no primeiro afterhour da cidade, chamado Positive Education. Foi uma época de ouro. Digo que na época não existia melhor lugar do que a pista do Legends para a diversidade da noite curitibana.”
O segredo para o Osucesso segredodo para seuo sucesso do seu negócio está por negócio está por trás dos códigos. trás dos códigos. Descubra! Descubra! 1 1
“Olhe em volta [no café onde foi realizada a entrevista, em Curitiba]. Eram essas as pessoas que você encontrava lá. Não tinha estereótipo, era de tudo um pouco.
Igor Mattar Sócio-fundador, DJ e idealizador do projeto
Soundman Pako Produtor e DJ do extinto club Circus Independente dos problemas internos, o Legends funcionava como sempre e a noite curitibana não poderia ser melhor. Segundo Soundman Pako, produtor, apresentador e DJ do extinto Circus, aquela foi a época mais rica que a cidade já teve em matéria de noite e música eletrônica. Um período que marcou o início da paixão de muitos pelas batidas repetitivas e inebriantes do house, do trance e do techno. Um reflexo disso foi a primeira rave indoor da cidade, em 1999, que contou com um público de incríveis dez mil clubbers, bem diferente das duas mil pessoas da The Dance Party que precedeu a criação do Legends no início da década. Música eletrônica, portanto, não era mais novidade. Já havia acontecido, explodido, tocado milhares de pessoas. Percebendo que o fluxo de atenção das pessoas estava começando a mudar gradualmente para noites mais “finas” que não comportavam mais o clima de liberdade e hedonismo que era pregado pelo Legends desde sua fundação, em 1º de abril de 2000, sem maiores avisos, os sócios do club realizaram sua última noite. Nada de especial foi planejado, poucos sabiam sobre os rumores do fechamento e muitos frequentadores assíduos ficaram desamparados. Era o fim de um “conceito” que fundamentou a noite curitibana. Segundo Igor, a casa fechou suas portas simplesmente porque a proposta estava gasta. “Nós fomos pioneiros no conceito de noite, não podíamos reciclá-lo, seria algo como
“O sistema de som era incrível! Enquanto o Circus era um local mais restrito aos clubbers da época, mais hardcore, o Legends era um aglutinador de público, de gente de todas as tribos que ia lá pra ver qual era o motivo da bagunça.”
a reinvenção da roda! Então resolvemos sair por cima, fechar enquanto havia pessoas interessadas no que proporcionávamos. Na minha cabeça, tudo havia passado e não havia mais espaço para mostrar o novo. O house tinha perdido espaço para um estilo de som que eu não gostava e não queria no clube, achei que era o fim. E pusemos um fim.” Doze anos depois, o tempo provou que o conceito da música eletrônica ainda existe, e melhor ainda: se reinventa. “Hoje eu vejo que ainda há espaço e pessoas carentes pelo que o Legends representou, pela liberdade, pessoas fiéis ao que criamos”, diz Igor. Lamentando-se por não ter muita ideia do que era marketing na época, também afirma: “Se na época eu tivesse mais noção do que o conceito de marca significa, quem sabe teria continuado por um bom tempo. Teria feito diferente.” Hoje, o idealizador do clubinho responsável por tantos feitos da música eletrônica trabalha com engenharia civil, vendeu boa parte de seus vinis e se afastou da música por completo, exceto por gigs ocasionais onde toca clássicos dos anos 90. “Minimal, foi ali que eu vi que não teria mais volta!” Compreensível. Mas apresentado a um recente set da dupla americana Soul Clap, Igor é surpreendido num café em Curitiba por um sorriso espontâneo e uma exclamação (num tom pouco mais alto do que o normal, por culpa dos fones de ouvido): “Você jura que é isso que estão tocando hoje em dia? Mas isso é incrível!” De fato. Continua sendo incrível, e poderia ter sido ainda mais.■
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OPINIÃO
por Tonico Novaes
Até quando vamos trabalhar para pagar os cachês dos headliners? Há tempos venho escutando que o Brasil é a bola da vez: Copa das Confederações em 2013, Copa do Mundo 2014, Olimpíadas 2016, economia aquecida, real valorizado, risco de investimentos lá embaixo, BRIC e muito mais... Para quem escuta isso lá de fora, seja nos EUA ou na Europa, parece que o Brasil é a “galinha dos ovos de ouro”. Os Estados Unidos tiveram uma imensa crise imobiliária que desencadeou em diversos outros problemas, mas já se reergueram e continuam fortes e absolutos como sempre. A nossa cultura brasileira sempre foi mais americanizada – ao contrário de outros países latino americanos que tendem para culturas europeias. Prova disso é o sonho de qualquer garoto ao completar 18 anos no Brasil: ganhar um carro para conseguir ostentar seu bem material. Enquanto que nos demais países vizinhos, o sonho do novo adulto é ganhar uma viagem para a Europa, pois em casa já tem dois ou três carros que pode dividir com os outros familiares. Mas isso é só para exemplificar o nosso modo de pensar. Grandes agências de fora, principalmente com o advento das comunidades sociais da Internet, já estão conseguindo contato direto com os principais produtores do Brasil, o que para o mercado é muito bom. Assim eliminam algumas “agências” daqui – que para mim nada mais são do que verdadeiros brokers – para a venda de artistas importantes ao mercado. A aliança com labels internacionais (Pacha, Creamfields, ID&T, Lollapalooza, RiR, Sónar, entre outros), ou a relevância de produtos nacionais (D-Edge, RMC, GV, Warung, entre outros) faz com que a negociação se torne direta, ao contrário de agências (lá fora conhecidas como 3rd person) comuns no mercado brasileiro. Porém, além destes, existem muitos outros participantes da “roda de poker” nas negociações pelos grandes artistas internacionais. O brasileiro sabe negociar apenas com valores
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financeiros e muito pouco com a entrega de um management plan ao artista, com um tour unificado, uma única assessoria de imprensa, única marca de patrocinador por todas as datas, experiências unificadas e toda uma entrega que possibilita aumentar a relevância do artista no Brasil. Nos últimos anos, participamos de algumas negociações e ficamos sabendo de alguns valores que realmente não contribuem em nada para o mercado.
“Grandes agências de fora já estão conseguindo contato direto com os principais produtores do Brasil, o que para o mercado é muito bom. Assim eliminam algumas “agências” daqui – que para mim nada mais são do que verdadeiros brokers” Estivemos na “mesa de poker” pelo Sweedish House Mafia, que no fim do ano passado estava até US$ 300 mil. Quando não aceitaram o valor e as condições, saímos da negociação e ficamos bem abismados ao saber que fecharam por US$ 450 mil para o sábado e US$ 350 mil para a sexta. Não é preciso conhecer muito sobre eventos para saber que com uma moeda cotada a R$ 2,00 na sexta, seriam necessárias cerca de 6 mil pessoas só para pagar o DJ, sem falar em rider de som e luz, promoção, produção geral, mídia, ECAD, impostos etc. Para um produtor sem o patrocínio, a conta não fecha. Para um club, creio que também deva ser difícil fechar, mas aí já entra uma estratégia de marketing: assumir o possível prejuízo para ter a
atração, ao invés de deixá-la com o concorrente. Compreensível e até louvável, dependendo da situação. Informações de bastidores (não oficiais) contam que o headliner da tenda de eletrônico do Lollapalooza, que teria vindo por US$ 30 mil alguns meses antes para uma tour no Brasil, recebeu cerca de US$ 100 mil no festival. E que o Guetta recebeu oferta de US$ 500 mil para o próximo SWU e mais US$ 300 mil para tocar no Green Valley, mas não teria aceito ainda pois os valores não o encantaram, isso pelo menos até o fim de junho de 2012. É uma loucura o que estão fazendo com o mercado, pois não há público que pague por isso. Compramos os DJs em dólar ou euro e recebemos patrocínio, bilheteria e consumo de bar em reais, ao contrário dos americanos que recebem em dólar, ou dos europeus que recebem em euro. Felizes são os ingleses, que recebem em pounds. Mas esse tipo de problema (altos valores de cachês) não se limitam ao Brasil. Principalmente por conta dos EUA e do nosso mercado, o mundo inteiro está sofrendo com isso e começam a surgir festivais que não precisam de um line-up com top DJs para ser realizado com qualidade, como fazem com excelência a ID&T com o Sensation (White and Black na Holanda e Skol no Brasil), ou como fizeram o Art of Entertainment (com o Pacha Festival, na Holanda). Os festivais precisam se fortalecer como marcas e não depender de shows isolados de top DJs, pois assim vamos acabar trabalhando só para pagar os headliners.
Tonico Novaes é sóciodiretor corporativo da Indústria de Entretenimento, sóciodiretor da Pacha na América Latina e representante do Creamfields no Brasil. toniconovaes@facebook.com
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FESTIVAL
dream valley, o festival dos sonhos! Ricardo Flores, sócio do Grupo Green Valley, conta como pretende transformar um dos maiores parques temáticos das Américas, o Beto Carrero, na locação perfeita para um festival sem precedentes no Brasil texto Bruna Calegari // entrevista Adan Cardoso fotos Adriel Douglas Festivais e diversão são conceitos tão semelhantes que a ideia de um festival realizado dentro de um parque de diversões já foi testada (e aprovada) em diversos lugares, no mundo todo. No Brasil, desde a festa Playground até o gigante Planeta Terra, muitos parques tornamse palco de massas em busca daquele momento único que se traduz em prazer e diversão. Mas é bom ficar de olho, pois o conceito desse tipo de festa está prestes a ser reinventado: sócio do Grupo GV, Ricardo Flores conta em entrevista exclusiva como pretende transformar o parque temático Beto Carrero na locação perfeita para um festival dos sonhos. Sonho, este, que iniciou dentro de sua própria cabeça e teve mais de 15 anos para se desenvolver – tempo que o empresário se dedica à música eletrônica em Santa Catarina. Sem maiores delongas, conheça o Dream Valley, festival cuja intenção é criar uma aura de magia sem precedentes para os participantes – e isso pode se dar através da música ou de uma cenografia que, de acordo com Flores, será projetada por carnavalescos de escola de samba! Com Dubfire e Calvin Harris no line-up, dois dos nomes mais aclamados da música eletrônica mundial, o Dream Valley já encanta por sua ambição: ser um dos maiores festivais do país.
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O festival Dream Valley, que pretende ser um dos maiores do gênero eletrônico no Brasil, será realizado no parque de diversões Beto Carrero. Qual foi a ideia da escolha do local e quem está por trás deste grande projeto? Acredito que o Beto Carrero seja o lugar ideal para proporcionar o que projetamos, é o local mais incrível, mágico e também inédito para abrigar um evento desse porte. Temos três empresas por trás do projeto, que são o Grupo GV, a RBS Eventos e a agência 3plus Talent. A Green Valley está à frente do festival ou é um projeto independente? Na verdade, quando tive a ideia de fazer um festival, que é um sonho antigo, desde que conheci e visitei os festivais pelo Brasil e o mundo, sempre pensei que o nome e a marca deveriam ser independentes do nosso principal club (Green Valley), por motivos óbvios como patrocinadores, outros sócios, entre outros. O festival precisa ter sua vida própria, afinal, temos como objetivo torná-lo um dos maiores do Brasil em poucos anos. Então dentre os quatro sócios você é o maior envolvido no projeto, certo? Sou, porque na verdade eu sou o cabeça do lado eletrônico do Grupo GV, visto que o Grupo
tem diversas vertentes e clubs. Enquanto meus sócios têm raízes em outros tipos de som. Eu venho há 15 anos investindo na cena eletrônica catarinense. Então esse lado relacionado à música eletrônica em geral que envolve pesquisar, conhecer, criar, fazer a curadoria artística, e até o lado do marketing, visto que fiz Publicidade e Propaganda, ficam comigo. Mas somos um time, cada sócio faz muito bem sua arte, cada um respeita o espaço do outro. As atrações foram escolhidas de que forma? O público ajudou nessa listagem? Sim, ajudou bastante. Criei um teaser no carnaval deste ano, que foi o primeiro contato do novo projeto com o público. Dalí em diante já começamos a receber sugestões. Além disso, meses depois criei uma pesquisa nas nossas redes sociais direcionando para o site do GV, onde os interessados deveriam se cadastrar e preencher lacunas com os 5 artistas que sugeriam para o festival. Foi um sucesso: mais de 30 mil pessoas se cadastraram, deram suas opiniões e nos ajudaram muito. Acredito que muitos dessa pesquisa estarão presentes no festival, até porque esses 30 mil tiveram o privilégio de poder comprar seus ingressos antes da venda ser aberta oficialmente para o público em geral, a partir do dia 1º de Agosto. www.housemag.com.br
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“Fui atrás de carnavalescos de escolas de samba do RJ e o projeto está ficando mágico. Sonho em construir algo diferente, inédito” Qual o maior diferencial deste festival? Você buscou referências em festivais do mundo inteiro? Conte-nos sobre o processo de criação do projeto. Sim, estou aqui respondendo essa entrevista no aeroporto de Madrid e ao meu lado está meu parceiro e residente do GV, Rodrigo Vieira. Estamos indo para a Bélgica, onde acontece o Tomorrowland, o festival mais em alta na atualidade, o mais mágico, e mais autêntico e também meu predileto. Depois vamos pra Ibiza, onde o GV tem residência no club Amnesia todas as terças-feiras e faz um grande evento dia 5 de agosto no maior Beach Club do Mundo: o Ushuaia. Nossos residentes Rodrigo Vieira e Ferris se apresentam em ambos. Sobre o Dream Valley, tenho um sonho de fazer algo diferente dos outros no Brasil. É claro, penso que isso é essencial hoje em dia para o sucesso de qualquer produto. Pesquisei muito, desde artistas, cenografia, marketing, temas, locais, estilos, público, enfim, tudo que engloba um festival de grande porte. Conheci vários festivais e atualmente muitos estão em alta, vários gigantes deles, inclusive, estão vindo pro Brasil. Mas penso que temos know-how pra fazer algo tão bom quanto os melhores do mundo, acredito que temos o melhor lugar pra realiza-lo e isso conta muito. Além disso, o público brasileiro é sem dúvida o mais especial do planeta. Quanto ao resto dos detalhes, estamos cuidando de tudo faz tempo, com certeza entregaremos algo à altura das empresas envolvidas. Cada parte do projeto comporta uma pessoa ou um grupo especialmente voltado para uma finalidade específica? Quem está responsável pelo que dentro do projeto? Algumas coisas separamos sim, por exemplo, a 3plus está cuidando da parte artística junto comigo. Meu sócio Eduardo está a frente dos patrocinadores e liberacões. O grupo RBS está cuidando da produção, etc. Mas na verdade
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decidimos quase tudo juntos, trocamos muitos e-mails por dia e temos reuniões todas as quartas-feiras. A cenografia será feita por quem? Haverá novidades para o público no que tange os efeitos de luz e som? Estamos investindo bastante na cenografia, sim, e confesso que é algo muito complicado, pois o resultado que estamos buscando é quase inédito no Brasil. Posso adiantar que fui atrás de carnavalescos de escolas de samba do RJ e o projeto está ficando mágico. Sonho em construir algo diferente, inédito e estou à procura disso. Sobre som e luz, estamos estudando entre três empresas, pois o projeto é imenso, mas garanto que vai impressionar. Para encerrar, este projeto é um sonho a ser realizado? Tem a sua cara? Vai superar as expectativas? Com certeza é um sonho realizado para mim, depois de participar do início da cena local 15 anos atrás, onde não existia praticamente nada, penso que criei e participei de alguns projetos que deram forma e ajudaram Santa Catarina a se tornar essa potência que é hoje. [Confira no box ao lado a lista de ventos]. É muita história. Se o projeto tem a minha cara? Pode ser, tento cuidar dos mínimos detalhes, trabalho nele com muito prazer, sentimento que sempre trouxe ao longo da minha história. É a cara de quem sempre criou, buscou algo novo, cara de quem não cansou de correr atrás, não largou em momentos difíceis (leis de SC), não disse não para nenhum estilo musical dentro da música eletrônica, de quem não desiste mesmo quando não está à vontade, não está feliz, mesmo quando se sente prejudicado... A cara de quem continua sonhando e trabalhando pela cena da música eletrônica catarinense pelo amor, pelo prazer, por gostar de verdade, porque essa é a minha vida, diferente da maioria dos empresários atuais. ■
Sem Flores, a música eletrônica de Santa Catarina não seria o que é hoje. Ele esteve à frente de inúmeros eventos nos últimos 15 anos, além de se envolver em programas de rádio, revistas e lojas. Conheça cada projeto, na ordem em que foram realizados: Vinyl Neverdie Gastronic Hypno 4 anos Santa Catarina Music Festival Terça-feira Summer, no Warung Natal Eletrônico, Warung + Gastronic Maori Sonoro Costão do Santinho Full Moon Magic Lagoon Atlântida 25 anos Projeto Ibiza Green Valley Enjoy Club Lounge Green Valley Winter Music Festival Some Festival e House Beach This is BC Festival Green Valley no UMF, em Miami GV Gramado Life is a Loop Festival Green Valley Terrace Space Ibiza Green Valley no club Amnesia 2012 Green Valley no Ushuaia Ibiza Club Ibiza BC 2me Dream Valley
FESTIVAL
tomorrowland 2012 O Grupo GV esteve na Bélgica para curtir o maior festival do mundo, o Tomorrowland – e voltou ainda mais inspirado para fazer o Dream Valley acontecer
por Rodrigo Vieira e Ricardo Flores Depois de alguns anos de expectativa crescente sobre o festival Tomorrowland, que vinha crescendo assustadoramente em nossas mentes e na mídia, o destino nos colocou frente a frente com os idealizadores do festival, a empresa Holandesa ID&T. Depois de uma visita de Jeroen Jansen, diretor criativo, e Maurício Soares, head da empresa no Brasil ao Green Valley, ficou aquele sentimento de retribuição e assim fomos convidados oficialmente a ir ao Tomorrowland 2012. Antes da viagem, já vínhamos discutindo
o ineditismo de conhecer um país diferente, que certamente talvez nunca viéssemos a conhecer se não fosse pelo festival. A surpresa foi bastante agradável, a Bélgica se mostrou um lugar bonito, de gente bonita, limpo, super organizado (exceto pelos ladrões de bolsa, ou pickpockets, febre na Europa) e conhecido mundialmente pelos chocolates, pelas batatas fritas (maravilhosas) e as cervejas. Ah, as cervejas... Uma mistura balanceada da França com a Holanda!
Rodrig
o Vieira
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o Flore
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DIA 1
Nosso animado grupo de 10 pessoas partiu para o festival numa combinação de trem, metrô e ônibus – um pouco cansativo, pois estávamos baseados em Bruxelas. Para o ano que vem, já aprendemos que o lugar para ficar é a Antuérpia, pois de lá existem trens direto até a cidade de Boom, onde se realiza o Tomorrowland. Chegando mais perto do festival, a emoção começou a crescer com as batidas 4/4 “tumtum-tum” cada vez mais fortes. Já na entrada, um DJ animava a galera tocando num caminhão de uma marca famosa de energético. Naquele dia ficamos nas mesas VIP, um lugar super exclusivo para apenas uns 50 felizardos apontado para o palco principal. Quando entramos, uma fada, (isso mesmo, uma fada!) nos recebeu e nos levou simpaticamente até essas mesas, e já pelo caminho começamos a ter os primeiros contatos com coisas não convencionais como decoração diferenciada, cores psicodélicas, texturas, pessoas fantasiadas, palcos estranhos, duendes, cenografias que remetiam a algo tipo “Laranja Mecânica Meets Alice in Wonderland”. Quando chegamos em nossa mesa, decidimos que ficaríamos por lá durante a maioria do evento naquele dia para usufruir do conforto, afinal estávamos cara a cara com o gol.
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Friends, que estava bombando. O Black Machine começava o set logo depois do Umek e do Marco Carola, que segundo uns belgas que conhecemos tinham “explodido a pista”. Technera da melhor qualidade! Passamos pela tenda Café D’Anvers, que apresentou Jamie Jones, Maceo Plex e Guy Gerber, entre outros. Guy estava fazendo seu live, low BPM e super envolvente. Depois vimos o Avicii fechar a pista principal e não precisamos nem dizer que foi histeria coletiva, afinal essa parceria dele com o festival catapultou ambos para o estrelato. No final, ainda visitamos a DreamVille, uma cidade ao lado do festival criada especialmente para pessoas que acampam ou alugam os mini-chalés que estão disponíveis em quantidade super exclusiva. Mais de 35 mil pessoas acamparam por lá.
DIA 2
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No segundo dia, fomos um pouco mais exploradores e começamos e visitar outras pistas. O mais impressionante é que elas eram completamente diferentes umas das outras. Tenda de circo, túneis, estruturas infláveis de vários tamanhos, cada uma com um tema e representando alguma tendência musical. Chegamos um pouco tarde, mas pudemos checar as grandes atrações da pista principal, que foram Dimitri Vegas & Like Mike (que sabiam exatamente o que estavam fazendo por ser de casa, arrancando gritos do público), Skrillex (que literalmente botou a casa abaixo fazendo um set não só de dubstep, mas uma mistura incrível de sons que agradou a todos) e Swedish House Mafia no final, que estavam tão amigos e carinhosos um com o outro que nos colocou dúvidas sobre essa separação.
DIA 3
No caminho de volta ao palco principal, passamos por uma área que era muito louca: Um antigo túnel com pé direito bem baixo. E lá dentro, as pessoas se esmagavam no escurinho para ver o DJ que ninguém sabia quem era (nem nós), embalados pelo sistema de som Funktion One. Imagine isso dentro de um túnel apertado!
No final, fica aquela sensação imensa de quero mais, mas fica bastante claro que o Tomorrowland tem que ser entendido e pesquisado. Uma primeira experiência como a nossa foi só um flerte – a segunda certamente será muito melhor. Um festival que está anos luz a frente de qualquer coisa já montada no nosso planeta. Já estamos de passagem comprada para 2013! ■
As sete maravilhas do Tomorrowland 2012
400 DJs 15 palcos 180 mil ingressos vendidos É a oitava edição do festival A festa rola sob a luz do sol: vai do meio dia até 1h da manhã A decoração do palco principal teve 150 metros de altura e pesou 150 toneladas É o festival mais internacional do mundo, com um público de 72 nacionalidades
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Quando chegamos no palco principal, nossos queixos obviamente caíram. Uma estrutura incrível, gigante, móvel, jatos de água, de fogo, lasers, telas monstruosas, um grande livro aberto que conta a estória dos mistérios do Tomorrowland e olhava para nós com imensos olhos móveis. Assim que entramos, escutamos a voz gutural e sinistra que apresentava o próximo DJ: Era o Alesso, que fez um set bem acertado. A pista já devia ter mais ou menos umas 30 mil pessoas. Logo depois veio o Fatboy Slim, que apesar de ter tocado bem, deixou a pista esfriar bastante. O house mais comportado não funciona bem, o pessoal gosta de barulho. Nessa hora, demos um pulinho na tenda Carl Cox &
No terceiro e último dia, já chegamos no festival completamente ambientados e sabendo exatamente aonde queríamos ir. Além disso, o billing estava recheado de coisas legais para ver. Iniciamos na pista 2 (que usou materiais decorativos provenientes da pista 1 do ano passado, como o sol gigante), apresentada por Dave Clarke, que fechou o festival. Antes dele, tocaram Chris Liebing, Green Velvet (set alucinante como nos velhos tempos) e Miss Kittin, que mandou ver no tech house agradando bastante a pista que estava cheíssima. Um pulo rápido na tenda da Ovum, onde tocava Steve Bug. Por ali já havia passado Shlomi Aber (que foi bem legal, de acordo com uns brasileiros que encontramos) e fechando a noite o host Josh Wink. More techno.
Quando Steve Aoki entrou para fechar a noite, ficamos surpresos com a intensidade do set. Tocar depois do Guetta e segurar a pista não era uma tarefa muito fácil, mas foram pouquíssimas as pessoas que foram embora. Logo em seguida, saímos correndo pra ver o Richie Hawtin fechando a tenda que ele apresentava, a Enter, e chegando lá tivemos a prova de que o techno continua com tudo na Europa. A tenda de circo estava explodindo, e Mr. Hawtin, em sintonia total com o público, levou todos (incluindo nós) ao delírio total. Na tela redonda em cima dele, imagens orgânicas tiradas do fundo do mar como águas-marinhas, plânctons e peixes abissais, a cara do Plastikman. Quando a música parou, à meia noite em ponto, o sentimento de perda, de saudade e de cansaço tomaram conta de todos nós. Ali começava a mesma aventura dos dias anteriores, que era encontrar uma maneira da sair da pacata cidade de Boom rumo a Bruxelas. Os táxis são raros e fazem preços exorbitantes fora do taxímetro. Os trens também não funcionam e as filas de ônibus são infindáveis.
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Antes daquilo, já sabíamos que haviam sido vendidos 180.000 ingressos, 80.000 deles prévendidos exclusivamente a belgas. Quando os outros 100.000 foram colocados a venda, terminaram em menos de duas horas. A fila de espera já tinha mais de 2 milhões de pessoas! E a maioria dos ingressos era para os três dias, o que dá uma ideia de que havia pelo menos umas 150.000 pessoas por dia. Além disso, foram detectadas através de pesquisa corpo a corpo mais de 72 nacionalidades presentes. Os brasucas estavam lá em peso, inúmeras bandeiras eram vistas tremulando no meio do público.
não entendemos muito por que ele estava lá numa hora tão boa e tocando uma baba atrás da outra. Depois veio Afrojack, outro que se sentia totalmente confortável, pois já havia explodido a pista principal do Tomorrowland em anos anteriores. E, finalmente, o mais esperado da noite: David Guetta. Segundo os organizadores, esse é o único momento em que as outras tendas ficam mais vazias e fica insuportável circular na área do main stage. Tentamos “chutar” o número de pessoas que havia lá. Quando chegamos à conclusão de que eram mais de 60 mil, paramos de tentar calcular.
De volta a pista principal, pudemos acompanhar parte do set de Nicky Romero (que foi excelente) e logo depois Yves V, que por ser belga se deu bem e tocou numa hora boa. Mesmo assim,
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PROFISSÃO
promoter por vocação
Nunca foi tão comum encontrar, a cada esquina, alguém que se autointitula promoter de uma grande festa. Porém, a maioria confunde a verdadeira função desse profissional – que vai muito além de vender ingressos, fazer listas e disparar mailings. É preciso conhecer a música e, através dela, o seu público por Carolina Schubert A cada ano que passa, o mercado da música eletrônica cresce no Brasil, movimentando bilhões de reais. São novos clubs, novos talentos e uma grande concorrência nas cabines. Seguindo essa tendência, uma das profissões associadas à cena chama ainda mais a atenção. A visibilidade da carreira de promoter tomou grandes proporções nos últimos tempos. Mas qual a real função desse ofício? Promoters precisam conhecer a casa, o cliente e o line-up, já que é preciso manter um relacionamento com o público, com o club e com os artistas, ou seja: Zelar pelo funcionamento da noite do início ao fim. Carol Sampaio, China, Daiane Calabria, Guil Salles e Pollyana Simões são exemplos a serem seguidos. Promoters de festas consagradas, eles têm um envolvimento com a carreira que traduz o significado da profissão que ocupam. À frente da Mothership, noite de sábado do club D-Edge, China resume uma dos principais saberes de um promoter: a música. “É imprescindível. É fundamental que o promoter tenha conhecimento musical, saiba identificar os melhores formatos de promoção e o público alvo. Assim os elementos que levam ao sucesso como local, evento, público e artistas, estarão em total sintonia”, comenta. Ponto que os demais também enfatizam. Guil Salles, que trabalha em festas no Lions Night Club e Yacht, coincidentemente usa o mesmo adjetivo para compor o pensamento: “É imprescindível para o promoter, afinal é ele quem escolhe os DJs ou pesquisa as atrações que condizem com seu público”. Carol e Dai confirmam a premissa dizendo ser importantíssimo esse conhecimento, afinal o profissional precisa estar envolvido com o line-up até para, em muitos casos, conseguir explicar aos clientes qual a linha seguida pelo DJ que está na cabine. “A música se comunica com o público. Se você não sabe do que o seu público gosta e não tem
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Ser DJ virou brincadeira para muita gente. Mas e a profissão promoter, também caiu na banalização?
conhecimento para trocar informações musicais, por melhor que seja a festa, existem grandes possibilidades de simplesmente não rolar legal. A música é a coisa mais importante num evento. É ela que dá o conceito, que desenha a noite, que envolve as pessoas. Promoter e produtores precisam entender do assunto”, finaliza Polly. A carreira de promoter também leva alguns mais adiante. Carol Sampaio e Pollyana atuam como empresárias da noite carioca, criando os próprios eventos e também sendo contratadas para produção de diversas festas. Enquanto Carol está à frente de eventos como o Rio Club Med Weekend, Polly recentemente foi contratada como cabeça de criação do Londra, pelo Hotel Fasano. Já quando o assunto é escola para promoters, os autodidatas entrevistados apoiam a iniciativa desde que o curso tenha seriedade, afinal, quem nunca teve contato com a profissão precisa no mínimo de algumas instruções básicas. Mas a verdade é que o dia a dia e a noite a noite que realmente dão forma a profissão. A soma do contato, da prática, do feeling e da experiência diária é que resulta no know-how necessário para o sucesso. Vocação, talvez essa seja a palavra atrelada a todas as atividades de um bom promoter.
Guil Sales
São Paulo 6 anos de carreira Forward (Lions Night Club) e Damn Fridays (Club Yacht) “É importante saber a diferença entre um promoter e um divulgador, que simplesmente dissemina a informação e o conteúdo da noite que foi pensada e organizada pelo promoter. Acredito que mais que uma banalização, hoje, existe uma falta de distinção entre o trabalho destes dois profissionais”.
Carol Sampaio
Rio de Janeiro 12 anos de carreira Bar do Copa, Baile da Favorita, Rio Club Med Weekend e Réveillon Carioca “Acho que hoje em dia todo mundo quer ser promoter e acha que é fácil fazer um mailing, mas não é. É um trabalho muito sério e delicado. Por isso procuramos crescer, e hoje em dia criamos eventos, fazemos a produção de muitos e de festas particulares, como parte do trabalho de promoter. Procuramos ser os mais completos sempre.”
Daiane Calabria Rio Grande do Sul 2 anos de carreira Colours (Itinerante/Serra Gaúcha)
“Acredito que existe, sim. De uns tempos para cá, vejo muita gente se tornando promoter sem saber o que é música eletrônica, sem ter um envolvimento com a mesma. Porém, isso não acontece só com promoters. Acho que a profissão ‘produtor de festas’ também está banalizada. Mas acho que a cena está crescendo, então o melhor é respeitar uns aos outros, tem espaço para todos”.
China
Pollyana Simões
“Em termos, acredito que sim. Mas ela é decorrente de um processo que já dura uma década. Há uma multiplicidade de fatores que catalisaram esse efeito e eles se enraízam na pulverização de oportunidades que se formou nesse período, por um lado, e a ausência de uma devida estruturação da profissão, por outro. Assim, para suprir uma demanda real por agentes que tinham como sua única atividade a promoção de eventos, outros vieram a cobrir essa carência: DJs, organizadores, músicos, frequentadores. Não digo que alguns desses profissionais não devam de maneira alguma se envolver na divulgação dos eventos nos quais se apresentam ou produzem, mas eles jamais estarão aptos a dar a dedicação exclusiva que um trabalho sério de promoção exige.”
“Acredito que muitas profissões estão banalizadas. Tem muita gente que faz festa por dinheiro, pra se promover, ou porque imagina que é fácil. Para que você seja respeitado, é preciso seriedade, conhecimento e profissionalismo. E ao contrário do que pensam, quem trabalha na noite, trabalha muito durante o dia, para que a noite aconteça perfeita. Nos últimos anos, ao mesmo tempo que vemos eventos crescendo e cada vez mais profissionalizados, vemos um monte de festas feitas por pessoas que nunca ouvimos falar, com péssima qualidade, sem qualquer conceito ou identidade”.
São Paulo 12 anos de carreira Mothership (D-Edge)
promoter x divulgador
Rio de Janeiro 12 anos de carreira D-Date (00) e Londra (Hotel Fasano)
Tornou-se comum divulgadores de festa acharem que são promoters. Ter muitos amigos nas redes sociais, conhecer todos da balada e chamar bastante gente para a festa não é o suficiente para se intitular um promoter. Este profissional está por trás da realização do evento, e o faz através de noções de administração, de marketing e até mesmo de contabilidade.
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Tabloide
Caiu na rede por Ricardo Lin
“Esses apertadores de botão que ganham U$ 500.000,00.” Deadmau5 inconformado porque aperta mais botões e ganha menos do que a concorrência.
Seth Troxler em imagem autoexplicativa. Tradução desnecessária. 46
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Balada no mar?
“Já toquei de tudo quanto é jeito, criei selo e uma estrutura ao redor dele. Agora só quero curtir minha quase aposentadoria” Richie Hawtin
Hipst... oh wait!
“Tocar usando sync é muito mainstream. Prefiro ter meu personal DJ. Acho vintage.” Paris Hilton em aparição pelo Brasil
B2B
Marco Carola vs Loco Dice
“Já cozinhei muita pista do mundo” Marco Carola, das pick-ups para o fogão
supernova
especial VJS
July Finkler Juli Finkler está entre os VJs de maior destaque no país. Com experiência em edição, produção de vídeos e videomapping em objetos, prédios e ambientes indoor e outdoor, ela foi a única mulher indicada no TOP 10 VJ Brasil, ranking realizado pela House Mag em 2010. A VJane também já arrematou o prêmio de melhor VJ do Rio Grande do Sul pelo PoaBeat, além de alcançar o quinto lugar no TOP 10 Best Brasil na DJMag. Em 2010, Juli também foi responsável pelas projeções do Planeta Atlântida RS. Atualmente ela arrisca um novo projeto de vídeos sensoriais em pessoas e o Vitrine 3D, que tem películas de vidro – ambos originaram verdadeiras obras de arte. vjulifinkler.tumblr.com
Rafa Cezar Atuando há cerca de três anos como VJ, Rafa Cezar tem um estilo limpo e detalhado na construção das apresentações. Ele se preocupa com o design, o equilíbrio entre as cores e a coerência de suas composições, e se destaca por apresentar ao público um show de belos elementos visuais de produção própria, cenas e motion graphics. O gaúcho já atuou em diversos clubs e festas do Rio Grande do Sul como Café de La Musique, Save Club, Reunion, Fenix Party, Colours, Sense Club, Factory Beer, entre outras. Além disso, Rafa também assina vídeos voltados à cena eletrônica. youtube.com/VJRafa
Paulinho Pessoa Designer e animador gráfico, o VJ Paulinho Pessoa se formou na AIMEC de Porto Alegre. Há sete anos estreou como diretor de projeções e animador gráfico, com tours em países como Portugal e Panamá. Cenógrafo premiado em Festivais Brasileiros de Teatro por construir cenários tecnológicos, ele também já foi indicado nos Festivais Internacionais de Cinema do Rio de Janeiro, Fortaleza e Vitória para prêmio de melhor Diretor de Arte pela Cabeção Filmes. Atualmente pesquisa novas tecnologias de video mapping e cenários virtuais para as áreas cênicas e de interferência urbana. Paulinho começou a dar os primeiros passos na cena eletrônica apenas recentemente, em Goiás. youtube.com/paulinhopessoa
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Patrícia Costa A carioca VJ3P aka VJ Patrícia Costa é formada em design pela PUC, cursou cinema e trabalhou com edição e finalização de vídeos. Sempre desenhou, pintou e se interessou por artes, mas a manipulação de vídeos em tempo real é o que realmente a interessa. Ela busca a integração e a sintonia entre o som, o ambiente e o público, e utiliza várias camadas de vídeo em harmonia – alguns gravados, outros apropriados, além de loops autorais produzidos através de técnicas plásticas mistas, digitalizadas e animadas. A VJane já se apresentou em eventos e casas noturnas do Rio de Janeiro e outras cidades do Brasil e do exterior. Além das projeções para bandas e DJs, ela também faz experimentações de video mapping. vj3p.tumblr.com
Marcelo Tavares Conhecido na cena eletrônica desde 1990, Marcelo Tavares atualmente está entre os VJs mais consagrados do Brasil. Formado em Direito, Rádio e TV, além de cursos de cenografia e de softwares específicos para a produção de conteúdo digital, o VJ Tchelo também já produziu vídeo clipes, documentários, programas de TV e making ofs. Empreendedor, ele ainda está à frente do grupo Homegrowth, empresa que implementa live visuals em shows e festivais como Skol Beats, Ceará Music, SPFW, TRIBE, Coca VibeMix, Planeta Atlântida, MOB, Creamfields, Pink Elephant Tour. Residente dos clubs Josephine, Anexo e Sea, completa a bagagem com um novo projeto audiovisual chamado Classics, que conta com a parceria dos DJs Gui Pimentel, Buga e Silvio Conchon. vjtchelo.tumblr.com
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CAPA
No comando do jogo por Gabriela Loschi, de Nova York
Durante a adolescência, Steve Aoki escrevia cartas para as bandas que admirava. Hoje, aos 35 anos, interage diariamente com os fãs pelas redes sociais, acha normal jogar campanhe no público e vive o melhor ano de sua vida. Em turnê do terceiro álbum de estúdio, “Wonderland”, lançado em janeiro, ele aparece na 72ª posição do ranking da revista Pollstar – Aoki é o artista de música eletrônica que mais arrecadou com bilheterias na primeira parte do ano nos Estados Unidos. A House Mag conversou com ele para saber como isso tudo aconteceu Terminar a noite numa mesa de poker em Las Vegas, após sua gig no club Surrender, é caso clichê para Steve Aoki. Quando ele resolve levar a coisa ainda mais a sério, convida amigos – e não os subestime: são jogadores profissionais da laia de Antonio Esfandiari e íntimos como Afrojack – para festas particulares em sua mansão de Los Angeles. Apesar de ter perdido para um fã na última edição do seu grandioso e bem cotado cruzeiro no Caribe, Holy Ship, e ter arcado com as despesas do mesmo durante a festa, há quem evite jogar cartas com esse astro da música eletrônica. É que ele ganha fácil alguns milhares de dólares em apenas uma partida. Poker, no entanto, não é o que Steve joga melhor. E não estamos falando dos bolos que ele atira do palco direto na cara das pessoas eufóricas – ato que, apesar de o divertir, levanta fúria em muita gente. O herdeiro da fortuna Benihana (sim, seu pai é o dono da rede de restaurantes japoneses!) está na linha de frente do mais novo favorito jogo milionário do show business, a Electronic Dance Music e sua legião de fãs adolescentes.
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Com ilimitado poder de ler pistas e se comunicar com os jovens, Aoki aproveita o momento mais explosivo e prolífero da carreira fazendo e lançando o que gosta: música. “Eu amo produzir com Afrojack. Sempre conversamos sobre sons futurísticos, novas batidas, máquinas, guitarras, diferentes gêneros musicais, o que podemos fazer para manter a coisa toda cool, interessante. Estamos lançando um single do Booka Shade e um álbum do Proxy, que é uma grande influência para a cena electro nos últimos três anos. Vai vir uma parceria com Knife Party, hoje um dos melhores. E é isso, a vida é curta, basta aproveitar o tempo e não desperdiçar a única chance que temos para fazer algo”, reflete. Diretor musical dos próprios clipes, dono de marcas, clubes, carismático e criativo, o chefe do selo Dim Mak é extremamente concentrado no trabalho e atrai opiniões divergentes ao seu respeito. Nada com que ele se preocupe muito. Tido como “super cool”, sua profissão é sólida e o círculo de amizades, poderoso. É querido em várias esferas do meio musical, entre celebridades e estilistas, para quem
“Quando o electro veio ao mundo, era como o punk do dance floor. Éramos contra a house music emotiva, nos separamos da dance music como uma fatia de bolo e criamos um novo mundo, nossa própria sociedade”
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2000
Formou-se na University of Santa Barbara em Sociologia e Estudos das Mulheres.
1977
Steve Aoki nasceu em Miami, mas logo se mudou para a Califórnia, onde mora até hoje.
2005
DJs de electro explodem pelo mundo. Steve mixa indie e electro pela primeira vez.
1996
Fundou o selo Dim Mak.
2006
1997 - 2000 Foi vocalista da extinta banda de punk e hardcore “This Machine Kills”.
2003 2002
Festas indie rock eram o foco da Dim Mak. Steve usa picapes pela primeira vez.
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O Dim Mak assina com a banda inglesa Bloc Party e contrata mais pessoas. A venda de records torna-se uma grande parte do label e o negócio cresce.
Justice e outros artistas de electro tocam em festas da Dim Mak.
2011
Começa residência no XS, em Las Vegas, e abre a Dim Mak Studios, clube em Hollywood.
2009
“Forever”, seu remix featuring Kanye West, Drake, Eminem e Lil Wayne, entra no chart da Hype Machine em dezembro. Entra no mundo da produção com o Logic.
2007
MSTRKRFT e Bloody Beetroots (com Aoki na foto) entram para a família Dim Mak e a dance music agora é uma realidade. Steve começa um negócio com fones de ouvido.
2008
Lança “Pillowface and His Airplane Chronicles” em janeiro. Toca no Brasil pela primeira vez. Vai ao ar seu Essential Mix na BBC Radio 1.
2012
“Wonderland” vem ao mundo. O Dim Mak lança mais de 300 releases até o meio do ano. Steve toca para o maior público de sua carreira, no Tomorrowland, e em julho, torna-se o artista de dance music que mais rendeu bilheteria de acordo com a Poollstar Top 100 North American Tours. Ele já foi headliner de praticamente todos os maiores festivais do mundo.
2010
Começa residência no luxuoso Surrender at Encore, em Vegas, que passa a ser sua segunda casa. A track “I’m in the House”, em parceria com Will.I.am, chega na 29ª posição na Inglaterra na mesma semana em que foi lançada.
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já tocou antes da fama, e mais acessível ao seu público do que muitos outros top DJs. Ensinou Lindsay Lohan a mixar anos atrás. “Somos apenas bons amigos”, desconversa os boatos de que existiria algo, digamos, mais próximo entre os dois. O fato é que DJs celebridades, especialmente quando “só apertam o play”, tiram o sono de muita gente. O que ele pensa a respeito? “Não é necessariamente minha cara apoiar esse tipo de coisa, mas também não fico chateado. Isso vai continuar, não dá pra falar para alguém: ‘você não pode fazer’. Tem lugar para tudo. Não faz sentido uma celebridade tocar em festival, mas já em um clube acontece o tempo todo. Eu não iria ao México ver Brad Pitt tocar, mas tem gente que vai, e não posso parar isso. Eu amo música e admiro pessoas pelo que elas criam, cada um deve estudar e seguir a carreira que quiser!”
De lá para cá Quando, em 1996, Steve criou o selo independente e até então voltado ao rock Dim Mak, ninguém imaginou que 16 anos mais tarde seu criador estaria à frente de um dos maiores labels do cenário electro-pop. Conhecido no mercado alternativo por trazer bandas de punk e indie rock a Los Angeles, até 2005 era impensável dizer que Aoki seria uma das peças-chave do que chama de “Revolução do Electro”, no apogeu do gênero. “Eu bookava nas minhas festas em L.A. bandas como Interpol, The Killers, Bloc Party, e esse era meu mundo. Até 2006 trazia integralmente artistas do universo rock”. Em 2007, no entanto, a Dim Mak assinou com MSTRKRFT e Bloody Beetroots, o que foi definitivo para criar a identidade electro do selo. No ano seguinte, lançou o primeiro álbum, a coletânea “Pillowface and His Airplane Chronicles”. “Foi a primeira vez que documentei minha perspectiva sobre o mundo, foi quando me defini como um artista de electro. Era uma época diferente da música”.
“Sou obcecado pelo futuro e por tudo o que a tecnologia nos permite criar. Gosto da ideia de que o mundo e a nossa própria vida dependem de nós mesmos e do que fazemos com nossa criatividade”
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Não foi há tanto tempo, mas a transformação da cena caminha a passos de elefante e hoje a Dim Mak, notoriamente acompanhando e lançando tendências, expandiu e agrega outros estilos, de dubstep ao psytrance reformulado do Infected Mushroom. “Quando o electro veio ao mundo, era como o punk do dance floor. Éramos contra a house music emotiva, nos separamos da dance music como uma fatia de bolo e criamos um novo mundo, nossa própria sociedade. Os gêneros eram bem mais definidos, um artista raramente entrava no mundo do outro. Ou você era comercial e estava do lado de Guetta, Tiësto, ou estava do lado de Justice. As duas cenas não se juntavam. E isso até 2007 mais ou menos. Minha colaboração com Tiësto jamais aconteceria naquela época. Hoje todos deram as mãos e estão juntos criando novos gêneros. Gosto dessa harmonia, o relacionamento com todos os artistas atravessou as fronteiras entre o underground e o mainstream”, conta, trazendo à tona outra discussão que ronda a música desde sempre, mas que está mais forte do que nunca em função da comercialização adjunta à cena.
“São dois mundos se colidindo, dois círculos se encontrando, e há uma área no centro onde você pode atravessar. Mas o mais importante é lembrar que a essência da música eletrônica não é baseada em vocais, então nunca será exatamente comercial. A alma da dance music não pode ser corrompida pelo rádio, pelo mundo pop. Mas o pop pode pegar ideias e trabalhar com artistas de música eletrônica, criar uma dance music pop. Claro que hoje há mais colaborações e artistas atravessando a fronteira, colocando vocais em suas músicas”. Ele, inclusive. Mas a despeito de ter usado vocais de hip-hop, r&b, indie e pop em 100% das faixas, e já ter hits nas rádios, não considera “Wonderland” pop: “Queria trabalhar com artistas de diferentes estilos e fazer um álbum com rock, dance, hiphop, bandas, punk, house, electro, essa ideia da mistura. Mas se você ouvir minhas faixas, percebe que não as produzi para o show business de rádio, ou para me tornar um pop star”. É um mash-up de suas influências ao longo dos mais de 15 anos na indústria fonográfica. De Lil Jon a LMFAO, Kid Cud e a brasileira Lovefoxxx, do Cansei de Ser Sexy, as parcerias mostram também suas amizades. “Já aconteceu de eu me tornar amigo de um artista mas não querer fazer música com ele. É uma saia justa, mas ao mesmo tempo em que não gosto de me limitar, só trabalho com quem é amigo e bate o conceito. Conheço a Lovefoxxx há muito tempo, eu amo ela e todos do CSS, escrevi essa música [“Heartbreaker”] pensando num vocal feminino. Foi um desafio, mas perfeita para a voz maravilhosa que ela tem, além do seu estilo, que forma todo o conjunto que eu gosto no indie-poprock”, conta.
What’s next “Sou obcecado pelo futuro e por tudo o que a technologia nos permite criar. Gosto da ideia de que o mundo e a nossa própria vida dependem de nós mesmos e do que fazemos com nossa criatividade. Eu amo tecnologia, estou sempre procurando novos aparelhos e eles alimentam minha criatividade. Mas o que vem depois? Difícil saber. Tudo está mudando tão rápido que nem eu sei. Esses novos produtores nerds estão realmente mudando o jogo, os adolescentes que movimentam o mercado. Depois que Skrillex modificou completamente o curso dos sons, não dá para saber o que vem depois. Não consigo pensar em um só artista que tenha mudado tanto o jogo recentemente. Claro que também tem caras como o Jamie Jones, produzindo músicas mais populares esse ano. Não importa de que lado ou de que cena você seja, desde que estude, produza, se reinvente, pesquise o processo de produzir novas batidas, novos estilos. Quando você cria algo novo, o mundo te segue. Você pode manter o jogo. Ou pode mudá-lo”. Fique de olho no site oficial de Aoki (steveaoki.com) para acompanhar as próximas datas no Brasil, ainda não estão confirmadas, mas que ele promete serem em breve. ■
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CAPA
De Belo Horizonte à elite do electro house por Tatiana Stock // fotos Estúdio Makbix Não é de hoje que os Estados Unidos ditam o estilo de música que deve embalar toda uma geração. Assim como aconteceu com a disco music na década de 1970 e com o hip-hop no início dos anos 2000, hoje o electro, em meio a batidas fortes e melodias marcantes mistura-se com o house e outros estilos para criar algo novo, condizente com a ideia contemporânea de gêneros cada vez menos definidos. E é exatamente neste momento que o artista mineiro vê a melhor fase de sua carreira.
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possibilidades que um DJ set pode trazer têm cativado produtor. Paralelamente, ele integra os projetos BRUK e Ultramelt, ambos parte do time da gravadora Dirty House Army, da qual Chrizz é proprietário. Puxamos ele para uma conversa logo na chegada de sua terceira turnê nos EUA – apenas neste ano.
Ele se apaixonou pelo estilo há mais ou menos dez anos, quando as raves ainda ditavam as regras da música eletrônica no Brasil. Na época, sua ideia era produzir uma variação mais alegre e dançante do electro house, que era menos pesado do que é hoje. E foi naquele embalo que a faixa “Jade”, um de seus primeiros lançamentos, figurou durante três meses como número 1 no extinto site de downloads da DJ Mag inglesa. Nos meses seguintes, teve mais de 10 faixas entre as 10 mais vendidas da loja virtual Beatport. Foi o começo de uma longa história.
O que está acontecendo com o electro hoje no Brasil e no mundo? O gênero está consolidado no mundo inteiro. Nos Estados Unidos, tem dominado quase todos os headlines há alguns anos. Isso vem sendo uma ótima vitrine, afinal o restante do mundo se mantém antenado ao que acontece por lá. No Brasil não vejo a cena muito diferente. Levando em consideração que alguns dos melhores produtores de electro house do mundo são brasileiros, a nossa força ainda é subjugada dentro do próprio país. No entanto, esse reconhecimento é nítido no exterior e a ascendência dos produtores brasileiros nos próximos tempos é certa, o que sem dúvida vai colocar o electro house do Brasil mais em evidência por aqui.
Durante anos, Chrizz só se apresentou com músicas próprias no formato live, mas as
O que mudou no electro nessa última década? Ele está em constante transformação. Agregou os
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Músicas que marcaram sua vida: “Promised Land”, do Shanti, e o mix do Axwell para a track “In My Mind”
Músicas que marcaram sua carreira: Chrizz Luvly - “Jade” Chrizz Luvly - “Amen”
facebook.com/chrizzluvly soundcloud.com/chrizz-luvly melhores ingredientes de outros estilos e acabou chegando ao melhor estilo musical para se curtir numa balada e dançar muito. Hoje temos um electro que é consumido com mais naturalidade, menos preconceito e muito mais diversão. Como assim? No Brasil a galera estava acostumada a curtir um som mais voltado para o progressive e tech house. Atualmente os artistas estão mesclando vários estilos, e os gêneros estão ficando mais próximos entre si. O som ficou mais fácil de ser absorvido. E como você se envolveu com a música? Ainda criança eu já “produzia”. Meu padrasto tinha um estúdio na minha casa, onde escrevia e compunha música clássica em um Commodore Amiga, primeiro modelo de computador multimídia do mundo. Ele permitia trabalhar imagens, vídeos e música ao mesmo tempo. Aquilo era novidade na década de 80. Eu ficava no computador o tempo todo. Já que você viveu essa fase, qual era a diferença entre fazer música naquela época e hoje? Muitos dos sintetizadores usados hoje já existiam
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na época. A maior diferença é que os computadores não tinham tanta potência. Não havia a possibilidade de se usar 100 canais em um único projeto, por exemplo, opção que os programas de produção oferecem hoje. Eram no máximo quatro, o que já era bem revolucionário naquele momento. Também não havia CDs, era tudo feito com disquetes. Programas como o Logic, Cubase e Ableton surgiram depois do Amiga, mas foi com ele que tudo começou. Quando você começou na música eletrônica, já produzia outros estilos? Sim, produzia rap e já tinha flertado com um som mais pop. Minha avó me trazia muitos CDs dos Estados Unidos, e eu tinha alguns amigos fazendo intercâmbio. Na época, o rap não era muito conhecido no Brasil, mas lá estava estourando. Foi quando resolvi produzir. Eu era tipo um nerd do rap americano. Quando você começou na música eletrônica, curtia festivais de psy trance. Como foi essa mudança para o electro? Essa é uma história engraçada. Um pouco depois de 2000, me vi envolvido com festivais de psy trance. Mas em 2003 foi quando realmente passei a fazer parte desse mundo, admirado com DJs e produtores que faziam sucesso na época como GMS, Soundholix, Bamboo Forest, Shanti. Nas edições 2003 dos festivais Trancendance e Universo Paralello, vivi momentos epifânicos. No primeiro foi quando realmente me apaixonei por
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tudo que o que envolvia esse mundo da música eletrônica, e no segundo assisti D-Nox tocando pela primeira vez no Brasil um som que o pessoal das raves aqui ainda não entendia muito bem, o electro. Foi paixão à primeira vista. Depois disso, eu só conseguia ouvir e produzir electro house. Fui dominado pelo estilo em todos os sentidos. E por que escolheu o nome Chrizz Luvly? Parte pelo meu nome é parte culpa do rap. A palavra luv era comum no rap, falar love com “u”. Associei isso à palavra lovely e daí saiu o Luvly. Quando você começou a produzir com esse nome? Em 2006, quando me mudei para Balneário Camboriú. Foi quando conheci a escola de produção AIMEC e o meu grande amigo Ilan Kriger. A partir dessa parceria comecei a me aprofundar no trabalho profissional como Chrizz Luvly. O primeiro lançamento no Beatport foi em dezembro de 2006, produzindo electro. Seis meses depois eu já tinha gravadora própria, a Selectro Records, e com ela fiz alguns lançamentos de sucesso, entrando em charts com uma certa frequência. Qual seu maior sonho como músico? Fazer música sem me preocupar com barreiras entre os estilos, para que ela seja assimilada e admirada pelo maior número de pessoas possível. ■
“Levando em consideração que alguns dos melhores produtores de electro house do mundo são brasileiros, a nossa força ainda é subjugada dentro do próprio país. A ascendência deles nos próximos tempos é certa, o que vai colocar o electro house do Brasil mais em evidência por aqui”
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Fotografia: Divulgação
michael calfan
Remixer favorito de David Guetta, apadrinhado por Bob Sinclar e conhecido no mundo todo pela faixa “Resurrection”, lançada pelo selo de Axwell – o francês Michel Calfan parece mesmo ser o nome mais quente do momento por Gabriel Macarofq Calfan já emplacou outras faixas em grandes labels, como “Mozaik”, seu novo single lançado pelo Stealth Records, selo de Roger Sanchez. Porém, “Resurrection” ainda é o trabalho que mais gerou repercussão. Tocada por Axwell no famoso programa de Pete Tong na BBC Radio 1, acabou atingindo o 1º lugar no ranking geral de vendas do site Beatport, e se manteve naquela posição por várias semanas consecutivas. Contando com o suporte de nomes como Tiësto, Avicii, Swedish House Mafia e David Guetta, “Resurrection” foi um dos hinos do Miami Winter Music Conference deste ano. Em tour pelo Brasil pela primeira vez, realizada no mês de julho, Calfan concedeu esta entrevista para a GROOVE DJ Agency antes de se apresentar no club Confraria das Artes, em Florianópolis. Se você tivesse que se descrever em três palavras, quais escolheria? Apaixonado, ambicioso e impetuoso. Como é seu relacionamento com o Bob Sinclar e como vocês se conheceram? Um amigo em comum nos apresentou, e comecei a enviar minhas produções para ele. Passei a sempre receber críticas construtivas e muitos incentivos. Seis meses depois, ele me convidou para almoçar e quis ver como eu produzia. Davo admitir que só acreditei
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que Bob Sinclar iria na minha casa quando ele realmente estava lá. Foi algo surreal para mim ter um grande DJ no meu quarto de adolescente [risos]. Logo depois, ele assinou a primeira faixa comigo, “Twisted Bitch”, no seu label Yellow Productions, e montou um pequeno estúdio para mim próximo ao seu. Faz dois anos que trabalhamos juntos e, sem dúvida, tem sido algo incrível para mim, pois tenho aprendido demais, todos os dias. Você teve uma estreia fantástica com “Resurrection”, que contou com a ajuda do Axwell. Como é o seu relacionamento com ele e o que podemos esperar de vocês dois juntos no futuro? Não podia esperar mais de “Resurrection”. Fiz ela no final do verão europeu e em setembro, pedi para o Bob enviá-la para o Axwell, pois sempre tive a impressão de que ela cairia perfeita para um selo como o Axtone. Tenho muitas novidades para serem lançadas em breve. Qual a sua fonte de inspiração e influências quando está produzindo? É um misto de house clássico, progressivo e electro, e sempre sigo o princípio básico de ter dois elementos que considero bem importantes para qualquer música: uma melodia marcante
e uma batida forte. Minhas influências vêm de faixas como o Fuzzy Hair Remix da faixa “Dancin’”, de Erick Morillo, Harry Choo Choo e Jose Nunez, o 2020 Vision Mix da música “Diamonds For Her” do Superman Lovers, e obviamente todo o trabalho do Daft Punk, além de faixas mais pop, como “If I Ever Feel Better”, do Phoenix. Você fez um remix oficial da famosa faixa “Turn Me On” de David Guetta e Nicky Minaj. Podemos esperar mais novidades no que diz respeito a esta parceria com o Guetta? Sim, em breve lançarei mais um remix de outra faixa dele, seu mais novo single com vocais da Sai, então aguardem boas novidades! E o que você geralmente gosta de fazer quando tem um dia livre? Sinceramente? Eu nunca preciso de um dia livre porque para mim produzir música, viajar e tocar as músicas que eu gosto é exatamente o que eu faria nas minhas horas de folga! ■ MICHAEL CALFAN É ARTISTA NO BRASIL DA GROOVE DJ AGENCY soundcloud.com/michaelcalfan www.groovedjagency.art.br
LUCIANO
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PUBLIEDITORIAL
Para baixar DARTH & VADER – RETURN OF THE JEDI BRASLIVE RECORDS FREEFIRE – DATALOSS (DARTH & VADER REMIX) NOIZE, SELECTED, HOUSERECORDINGS DJ MAXSIE & ALEX SPEAKER – HEY YO (DARTH & VADER REMIX) BIG ALLIANCE, STRAIGHT UP DARTH & VADER VS FTAMPA – LUKESKYTAMPA BAZOOKA RECORDS FELGUK – ALL NIGHT LONG (DARTH & VADER MIX) BUG EYED RECORDS R3HAB – THE BOTTLE SONG (DARTH & VADER REMIX) WALL RECORDINGS AFROJACK & R3HAB – PRUTATAAA (DARTH & VADER REMIX) WALL RECORDINGS VENGEANCE – THREE DAYS (DARTH & VADER REMIX) VAMP MUSIC
rumo às
estrelas
O projeto brasileiro de electro house Darth & Vader tem alcançado feitos incríveis desde a sua criação e mostrado que, realmente, o céu é o limite quando se trata de produções de qualidade por Mariana Faria Enquanto a marca Star Wars é um fenômeno indiscutível do cinema, Darth & Vader, nome do projeto que leva o nome em homenagem à série, pode também ser considerado um marco para a música eletrônica mundial. O projeto de electro house brasileiro vem, a cada dia, adquirindo respeito e admiração de fãs, músicos e profissionais da área com o seu trabalho. Com apenas três anos em ação, já alcançou feitos estratosféricos. Teve algumas de suas produções incluídas nos radio shows de nomes como Tiësto, Armin van Buuren, Sander van Doorn, Chuckie e Lazy Ritch, além de tocadas em inúmeras apresentações de Porter Robinson, Moby e Skrillex, só para citar alguns. A lista dos artistas com quem já trabalhou em colaboração ou para quem fez remixes também é extensa e poderosa. Felguk, Lazy Ritch, Quantize, Neelix, Fractal System, Tim Healey, FTampa e Alex Mind estão entre os muitos nomes que englobam os
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principais projetos mundiais, dentro das mais variadas vertentes da e-music. Em 2011, seu original mix “Return of the Jedi” foi nomeado por Moby a melhor track do ano no Beatport. Em maio deste ano, o remix para “The Bottle Song”, faixa de R3hab, foi lançado em uma compilação pela label Wall Recordings, de Afrojack, recebendo também o apoio do próprio e tendo sido sucesso de críticas, conquistando elogios de artistas e em publicações de sites internacionais. Tudo isso além de suas inúmeras inclusões nos Top 10 do Beatport e presença constante entre as “Top 10 must hear electro house – club hits tracks” do mesmo site. Hugo Castellan, nome por trás do projeto, sabe bem como fazer e mostrar sua música. São quinze anos de experiência musical e oito de produções em e-music, tendo adquirido, ao longo desse tempo, bagagem
musical suficiente para transitar seguramente entre os mais diferentes gêneros. Seus basslines, marcantes e complexos, recebem influências de brazilian electro, dirty electro, dubstep, rock e progressive, sendo esse o seu ponto forte. Com enorme reconhecimento de norte a sul do Brasil e sucesso mundial, o artista já se apresentou com o Darth & Vader nos maiores clubs e festivais nacionais e internacionais. Acabou de chegar de uma turnê norte-americana, a segunda este ano, passando pelos Estados Unidos e Canadá, inclusive no VELD Music Festival, onde dividiu o palco com Avicii, Deadmau5, Bassnectar, Nick Romero, entre outros. Já foi sucesso também no México, estando previstas para este ano novas tours na Rússia, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia, países onde se apresentará pela primeira vez. Hugo é um profissional extremamente focado em aprimorar o seu trabalho, visando a evolução e perfeição de sua música, fato que pode ser percebido no seu ritmo frenético de produções de qualidade. Previstos para setembro, seus próximos lançamentos com o Darth & Vader são o remix de Pocket Porn para Dani Deahl e Sue Cho e o original mix Power Trip, com a colaboração de Laura Brehm, além de outras colaborações com reconhecidos nomes da música eletrônica internacional que ainda são mantidos em segredo e prometem ser boas surpresas para os fãs. Vontade para ele não falta, e talento também não. Aproveitando o nome estelar, agora só nos resta continuar de olho para aplaudir e conferir onde mais Darth & Vader é capaz de chegar. ■
DJ INTERVIEW
a liga da justiça Integrantes do projeto A Liga se transformam a cada apresentação por Carolina Schubert Formado por Eduardo Cintra, Victor Guerreiro, Leopoldo Meira e Peterson Ungaretti, o que parecia um projeto despretensioso acabou caindo no gosto popular. Não era para menos: eles decidiram divertir a si mesmos e ao público usando máscaras durante as apresentações. “Tive a ideia de convidar alguns residentes do Confraria Club para todos tocarmos juntos, e acabou dando certo. As máscaras fizeram com que o público interagisse mais, pedindo para darmos continuidade ao projeto”, conta Peterson, que também é sócio do Confra, em Florianópolis, onde tudo começou. Como sugere, o nome foi inspirado no desenho “A Liga da Justiça”, que fez parte e marcou bastante a infância dos DJs. Mas no lugar de super heróis, as máscaras trazem personagens inusitados e um tanto quanto satirizados. Entre eles, o
destaque vai para os presidentes dos EUA: Nixon, Kennedy, Clinton e Reagan. As bandas Slipknot e Kiss também fazem parte do figurino. Em termos musicais, o que o público pode esperar do A Liga? No nosso set predomina o progressive house. Ultimamente, bastante electro também, nunca esquecendo de boas pitadas de rock’n’roll. Estamos sempre buscando o novo e tocamos o que nos faz bem. Essa energia, com certeza, conseguimos transmitir nas gigs. Que artistas inspiram A Liga? Muitos nos inspiram. Estamos sempre buscando nos aperfeiçoar e nos atualizar. Podemos citar alguns nomes como Alesso, Avicii, Axwell, Hardwell, Afrojack e Nick Romero.
Quais os planos do projeto a para o próximo semestre? Já temos muitas datas marcadas, em lugares que não esperávamos tocar tão cedo. Com certeza será o melhor semestre da Liga. Temos um show novo da Liga Slipknot que vai estrear na Green Valley, dia 6 de setembro, na Masquerade Party. Estamos ansiosos para que esse dia chegue logo. Vocês pensam produzir também? Sim, já estamos produzindo, em breve vem novidade por aí. Será que pode rolar alguma coisa audiovisual? Temos dois projetos de dois grandes vídeos para o próximo semestre. Os lugares que vamos tocar e nosso novo show vão ajudar muito. Com certeza todos vão curtir muito essa surpresa. ■
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GABRIEL MACAROFQ
dj ou showman? Com a “invasão” dos lasers, fogos, CO2 e LEDs nos grandes festivais de música eletrônica, fica cada vez mais difícil definir o real papel de um DJ Depois de ter acompanhado o festival Tomorrowland, realizado recentemente na Bélgica, e também as principais festas em Ibiza e em Miami neste ano, gostaria de convidar os leitores a pensar a respeito sobre o que realmente viria a ser o papel de um DJ nos dias de hoje. Lembro perfeitamente que me surpreendi quando estava no club LIV em Miami, na festa de David Guetta, a F*ck Me I’m Famous, ao ver que o mesmo mal se utilizava das CDJs e do mixer, passando a maior parte do tempo cantando a letra das músicas com seus braços levantados para cima, animando a pista. Para quem acompanha a cena internacional da música eletrônica de perto, deve saber que o termo “apertador de botão” tem sido bastante utilizado para definir estes DJs showmen. E a partir daí a polêmica começa a surgir... Sabemos que temos uma classe de DJs mais “puristas” que condenam os colegas de profissão que utilizam laptops e softwares de mixagem em suas apresentações, mas, na verdade, estou me referindo aqui àqueles que reservam o ponto alto de seu show para as explosões de fogos, subir na mesa ou até mesmo a fazer um “mosh” na multidão. Deadmau5, em seu tumblr, recentemente publicou um post denominado “We All Hit Play”, no qual explica em detalhes como um grande show de música eletrônica funciona, incluindo o seu pré-planejamento, e ataca dizendo que o termo “live” neste caso realmente não passa de uma prepotência. Além disso, menciona que a capacidade de se sincronizar duas músicas, fazendo o acerto das batidas, não pode nem ser considerado uma habilidade, pois ele “já conseguia fazer isso com três anos de idade” e atualmente não hesita em deixar esta tarefa para o Ableton fazer enquanto se apresenta. Para o DJ “cabeça de rato”, qualquer DJ com conhecimentos básicos de música e tecnologia poderia ocupar o seu lugar durante os shows e o que realmente importa é a capacidade do profissional como produtor. Curiosamente, este post surgiu quase que em paralelo com a desastrosa estréia de Paris Hilton como DJ em terras brasileiras, onde pudemos ver, sem sombra de dúvida, que no caso dela, a habilidade de mixar músicas não era algo que ela já dominava quando criança, e, de certo,
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não é nada óbvio para muitas pessoas leigas no assunto. Sabemos que diversos top DJs hoje tem ao menos uma parte de sua apresentação feita com músicas pré-mixadas, de forma a poder se sincronizar o uso de fogos de artificio, pirofagia e CO2, algo que seria bem mais difícil de se executar se realizado ao vivo. Na verdade, vamos olhar tudo isto por outro ângulo. Com a explosão mundial da música eletrônica, temos festivais com audiências cada vez maiores e, portanto, torna-se necessário oferecer um verdadeiro show para as multidões. Mais do que isto, temos verificado uma mudança de paradigma: no passado o público procurava vivenciar uma “jornada musical” através dos DJs (divertir-se ouvindo músicas capazes de trazer alegria e excitação), mas hoje quer ouvir as mesmas faixas, como parte de um espetáculo muito maior de efeitos visuais e sonoros. Desta forma, os organizadores gastam quantias enormes para equipar seus palcos com os melhores painéis de LED e os lasers mais potentes, sempre na tentativa de criar uma experiência única que surpreenda e choque a massa. Portanto, sendo a técnica de mixagem algo que possa ser dominado ou não por uma criança de 3 anos, há ainda realmente espaço para ela?
“Armin Van Buuren já mencionou em seu Twitter tempos atrás: ‘Eu sou um DJ. Não um jukebox’” Minha opinião pessoal é de que ser DJ envolve partes iguais de técnica de mixagem e seleção musical. Um bom set pode ser comparado a um bom discurso: a mensagem é tão importante quanto à forma pela qual é comunicada. Tornase difícil dizer que o melhor set que se possa apresentar para o seu público é aquele prégravado, sem levar em conta nenhuma reação da pista entre a seleção de uma faixa e outra, sem improvisos e sem criatividade alguma, ainda
que só se toque hits. Apresentações envolvendo fogos, LEDs e lasers podem ser comparadas a um bom filme de ação de Hollywood. Este tipo de “produto” tem um enorme público cativo, mas por outro lado, fãs que realmente procuram por uma “jornada musical” nunca deixarão de existir. Não ousarei em dizer o que é o “certo” e o “errado” aqui, mas certamente uma apurada técnica de mixagem nunca deixará de definir a essência de um bom DJ, juntamente com o seu talento para produzir música. Talvez o que realmente deveria ser condenado não era o fato de muitos DJs simplesmente apertarem o “play” em suas apresentações, mas sim o fato de apertarem o “play” para as mesmas faixas, na mesma ordem, noite após noite. Isso pode ser verificado se pesquisarmos os playlists dos DJs nos principais festivais de música eletrônica, que são incrivelmente similares! E para os DJs que seguem o mesmo princípio ao se apresentar em clubs menores (que não contam com palcos espetaculares), isso é pior ainda, pois tal “preguiça” acaba valorizando ainda mais o mise en scène dos festivais! Ser DJ, na sua essência, é ter a capacidade de decifrar cada pista e surpreendê-la positivamente com a melhor seleção de faixas possível. Sem dúvida, faz todo o sentido utilizar-se de equipamentos de última geração nos festivais de forma a oferecer uma experiência única durante os shows, mas se isto representar o fim de toda e qualquer improvisação, seremos nada mais do que animadores de palco. E para você, leitor e amante da música eletrônica, permita-se ser surpreendido! Não espere ouvir somente as mais tocadas da rádio, pois como Armin Van Buuren já mencionou em seu Twitter tempos atrás: “Eu sou um DJ. Não um jukebox.”■
Gabriel Macarofq é cofundador da Groove DJ Agency e sócio do Museum Club em São Paulo. gabriel@groovedjagency.art.br
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PROFILE
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missão:
qualidade A Privilège está à frente de projetos audaciosos no Brasil. Além de ter o club – eleito por muitos – mais belo do país, em Angra dos Reis, a marca também está presente em Juiz de Fora e Búzios. Conversamos com um dos sócios, Iuri Girardi, para saber sobre os planos do grupo que está à frente da Privilège por aqui por João Anzolin foto Wanderson Monteiro Uma história pouco conhecida da grande maioria dos fãs das pistas se desenrola há mais de uma década no interior de Minas Gerais. Trata-se da trajetória do grupo Privilège: baseado em Juiz de Fora (a 300km de Belo Horizonte e com cerca de 500 mil habitantes), hoje a marca tem três clubes – um na cidade mineira e outros dois em Búzios e Angra dos Reis, litoral carioca – e é um dos principais nomes do entretenimento noturno brasileiro “fora do eixo” SP-SC. Os três clubes Privilège mantêm uma programação que intercala artistas pop como bandas e cantores, e já receberam nomes como Carl Cox, Luciano, Sven Väth, Gui Boratto e Life Is A Loop. Iuri Girardi, um dos sócios do grupo, concedeu a entrevista a seguir contando detalhes da trajetória da marca no Brasil. Conte um pouco sobre o começo da Privilège, o desafio de abrir um clube fora de uma capital e com a proposta de trabalhar grandes artistas. Começamos em 1999 despretensiosamente. Tínhamos voltado de uma viagem a Ibiza e a cabeça estava a mil por hora. Por acaso, o Octavio Fagundes, hoje nosso comercial e marketing, encontrou o Marcelo Machado [sócio investidor] namorando o Chalé dos Ingleses, casarão centenário onde funciona o Privilège em Juiz de Fora. O Marcelo acabara de comprar a casa em um leilão e o Octavio estava a procura de um espaço para montar um clube. Um tinha um imóvel e não sabia o que fazer, o outro queria fazer, mas não tinha o ponto. Enfim, fecharam negócio. O Marcelo, que não é do ramo, convidou eu e o Luís Otávio Soares para integrar a sociedade. Já o Octavio trouxe consigo o Alberto Lavinas, seu fiel escudeiro e sócio na empresa de eventos Front Produções. Estava formada a quadrilha. Octavio à frente da operação e produção, Iuri no comercial e marketing, Luís Otávio na administração, Alberto no suporte e conselho e Marcelo no estratégico. A região de Juiz de Fora é mesmo mais ligada ao Rio de Janeiro que a Belo Horizonte? Como isso se reflete no trabalho de vocês? De fato temos muito mais ligação com o Rio do que com BH. Além de ser mais próximo, é uma cidade mais atraente. Acabamos em função disso
recebendo muitos cariocas no clube, e em pouco tempo tínhamos uma marca fortíssima no Rio, recebendo até 400 cariocas por fim de semana. Isto nos possibilitou abrir o Privilège Búzios em 2003, assim como a realização de festas no Rio, que fazemos todos os anos desde 2006. Enfim, certamente a cidade é hoje nosso maior mercado.
grandes. Surpreendentes! Steve Angello pela energia da pista, Felix da Housecat pelo teor alcoólico e vibração que contagiaram o público, Sven Väth pelas oito horas de música, Goldfish pelos arranjos e pela música instrumental presente no set e Solomun pelo som aveludado, gostoso, grooveado, incrível!
Quais foram os momentos mais marcantes nas casas Privilège nos últimos anos? Com certeza, as inaugurações. Por mais que a gente planeje é sempre uma loucura. É normal ter um andaime na pista, alguém pintando, afinando luz cinco minutos antes do início da festa. Além das inaugurações de Juiz de Fora, Búzios e Angra, coloco alguns eventos marcantes, como primeiro o Réveillon no Fishbone em Búzios, em 2008, o último com o LIAL foi uma energia incrível, a noite do Carl Cox em Búzios, em 2007, com um set de seis horas, o show do Jota Quest em Angra, em janeiro.
Quais os planos para o futuro? Expandir os clubes existentes, abrir outras filiais? Estamos atentos ao mercado e abertos a propostas. Queremos expandir e hoje estamos capacitados para isso, mas entendemos que para crescer é importante ter bons parceiros para cada operação. Talvez esse seja o maior desafio.
“Brincamos que o clube ideal teria a magia, a grandeza e a performance do Privilège Ibiza, a vibe e a estrutura do Space, a pista do Amnesia e a área vip da Pacha Ibiza”, comenta
A música eletrônica passa por um movimento de crescimento no Brasil e no mundo, o que significa também mais oportunistas no meio. Vocês sentem algum compromisso em manter um padrão de qualidade nas atrações? Sempre tivemos este compromisso. Trouxemos o Luciano para o Privilège Búzios, em 2004, e ninguém entendeu nada. Fizemos várias noites em que o DJ convidado tocava para um público atônito, que não entendia o que se passava. Acredito que hoje exista já uma cultura eletrônica em que os bookers dos clubes entendem melhor que tipo de música o seu público quer ouvir, e quando vale colocar algo novo pra se ouvir. Enfim, é um eterno equilíbrio entre o comercial e o conceito, o novo. ■
Quais casas de shows e clubes pelo Brasil e até mesmo fora do país são referências para vocês? Desde que abrimos, temos a noite de Ibiza como referência. Brincamos de que o clube ideal teria a magia, a grandeza e a performance do Privilège Ibiza, a vibe e a estrutura da Space, a pista da Amnesia e a área vip da Pacha Ibiza. Qual artista ou evento vocês ainda sonham trazer para o Privilège? E quais foram os mais surpreendentes (no bom sentido)? Acho que já trouxemos praticamente todos os
A belíssima filial de Angra dos Reis
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Fotografia: Studio Makbix
votação
nossos novos heróis
Isabelle & Maryelle Assad
No concurso promovido pela House Mag em parceria com o Green Valley e a Triade Brazil, mais de 300 DJs de todo o Brasil competiram pelo grande prêmio final: fazer o warm-up para artistas como Tocadisco, Markus Schulz e Tim Healey no Winter Music Festival, que rolou dia 21 de julho no Green Valley. Entre tantos sets de qualidade, nossa equipe suou a camisa para chegar aos cinco finalistas, que foram sujeitos a votação do público pela Internet.
Parece mesmo ser a vez delas no mundo eletrônico. Isabelle e Maryelle Assad passaram na frente dos 300 outros concorrentes e receberam 4.852 votos dos internautas. Naturais de Cuiabá, as irmãs de 19 e 21 anos se apaixonaram por música eletrônica depois de uma viagem a Santa Catarina, onde visitaram clubs como Green Valley e Warung e se inscreveram na escola DJLand, em Florianópolis. No palco do Winter Music, elas fizeram um set digno de grandes nomes, recheado de deep house e sensibilidade para os primeiros momentos da noite. Conheça mais sobre as nossas heroínas: soundcloud.com/assadmusic
Todos os anos a House Mag dá a um novo talento a chance de tocar no Winter Music Festival. Conheça os sortudos de 2012
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Flávio Grams
Ricardo Farhat
Danni Martin
Techno e house ditam os sets do catarinense de Florianópolis que recebeu 4519 votos. Flávio é também produtor: já lançou três faixas pelo selo Plugin Records de Portugal. Em 2011, apresentou sua música na famosa rádio Dance Paradise, resultado de outro concurso em que também foi finalista. soundcloud.com/flaviograms
DJ há seis anos, Ricardo gosta de energia na pista. Do tech house ao full on, do pelo trance ao house progressivo, ele toca até 145 BPMs sem perder o gingado. O pouco tempo de carreira não o impediu de acumular residências nas festas Out Open Air, Atchuca, Wood Castle e do Skyclub. soundcloud.com/djricardofarhat
O mais experiente dos nossos cinco escolhidos, Danni já tocou no Planeta Atlântida, Gatecrasher, Pacha Tour Brasil, Sireta Tour e até mesmo em uma House Mag Party. Único brasileiro a ser patrocinado pela bebida alemã Jägermeister, ele chega a tocar até quatro músicas ao mesmo tempo em suas apresentações. Danni hoje é residente do Café de la Musique Porto Alegre. soundcloud.com/dannimartin
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Hiorrana Amancio Além de linda, Hiorrana Amancio tem muito bom gosto. Amante do house e suas variações tech e deep, ela já passou por clubs no Chile, Bolívia e Espanha. Mas sua maior vontade é produzir. Depois de se formar na 4Beat DJs Academy, onde aprendeu a discotecar, estudou também na AIMEC, onde aprendeu as bases para começar suas próprias músicas. soundcloud. com/hiorrana-amancio
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CARLO DALL ANESE
as 15 regras do
warm-up por Carlo Dall Anese
Parece assunto resolvido, de tanta gente que discute e tantas outras que reclamam. Mas é impressionante como certos DJs (para não dizer a maioria) desafiam a compreensão humana com o completo desconhecimento de como fazer um warm-up. Esse fato me chamou a atenção para um detalhe: não é que eles não queiram, mas muitos simplesmente não sabem como fazer um bom warm-up, e ninguém explica. Enquanto isso, o quebra pau continua e ninguém se entende. Por esse motivo, formulei alguns conceitos básicos. Não existem regras fixas – e lembre-se de que DJing é uma arte –, mas se você não sabe fazer (ou não sabe, mas pensa que sabe), o guia abaixo é uma boa referência.
1
Saiba se você é o DJ que vai abrir, se será o headliner ou se encerrará a noite. Se você abrir para a atração principal, sim, você é o DJ do warmup! Não fique chateado se, em uma determinada festa, você não for o mega-top-uber-star – existem dias para todos os DJs. Não é desprestigioso abrir a noite. Eu adoro, e pessoalmente sinto falta de fazer uns warm-ups por aí.
5
2
Não exagere no warp ou no pitch. Não adianta você pegar uma track de 130 BPM e baixar para 124. Vai ficar ridículo. Se essa puxada for somente no pitch, vai parecer que a música é cantada por um bêbado ou maconheiro. Se estiver usando o master tempo ou softwares com warp e beat sync (Ableton Live, Traktor ou Serato), o tom da música será corrigido, mas os beats e a construção dela não foram originalmente feitos para rolar em beats per minute muito mais altos. A regra é ir dois ou três “pontos” para cima ou para baixo, ou seja, uma track de 128 BPM pode ser tocada a 126, 125... Portanto, escolha músicas de BPM original compatível.
4
3
o m ciúmes. Se Não fique co a um bendo em cara está rece ria be ce você re noite o que a, olhe, aprend , es es m em mo co e br m lu vis enturme-se e ar lá. você pode cheg
BPMs baixos, am igo! O ideal é algo entre 123 e 125 BPM. 127 é o máximo. 130 é um sacrilégio. Não existem músic as de warmup que soam bem aos 130.
6
Evite vocais. Um bom warmup é feito com grooves. Não que você não possa tocar tracks com vocais, mas não toque diversas na sequência. Intercale.
Estude e faça uma pesquisa específica para esta parte da noite.
7
Evite mash-ups e bootlegs. Não apele e lembre-se: warmup não é para ter mãos para o alto. É para ter a pista cheia, swingada e “quente” para quando o DJ headliner chegar, explodir!
Carlo Dall’Anese é DJ há 23 anos. Eleito duas vezes o melhor do Brasil, é também músico, produtor e ministra tutoriais sobre tecnologia. carlo@bsidedjs.com.br
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8
Seja condizente com o seu público e não exagere na rosqueação de lâmpada. Se você está tocando em uma festa no Oiapo que, literalmente onde o Judas pe rdeu as botas e que eventualmente as pessoas não têm tanta cultura musical, faça concessões a essas regras, mas não exagere. Intercale!
10
Não seja pentelho. Lembra daquela noite que você amou escutando Solomun tocar no Warung? Pois é… Aquilo pode ou não funcionar para você. Lembre-se de que cada clube e público tem sua identidade, o que funciona para um pode não funcionar para o outro. Se tudo que você quer é fazer um warm-up a 120 BPM e tocar só as últimas mais esquisitas, imaginando que está fazendo um bom warm-up, você pode estar sendo é um belo de um pentelho. No warm-up a pista tem que esta cheia e “balançando” – e não vazia. Pior do que tocar todas as babas a 130 BPM é entregar a pista como um queijo suíço para o DJ seguinte.
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Mantenha o gr oove, dê uma babeadinha aq ui e ali, ma s com bom senso. Se necessário tocar uma baba para dar uma levantada, O.K., vá em frente. Mas prefira tocar aquelas versões diferentes, mais dub (com menos vocais) e mais gr ooves.
14
Assim que o headliner entrar, seja cordial e ofereça trazer uma bebida para o cara. Lembre-se de que na maioria das vezes ele não conhece o clube e não tem cartão de consumo. Não ofereça drogas e nem mulherada. Isso pode ser indelicado (e o cara pode ser evangélico).
9
Não toque as babas e os tunes. Nada de Avicii, Sweedish House Mafia, Guetta, Rihanna, Calvin Harris ou coisa parecida.
11 Não toque electro. Difícil entender?
13
o. Não tenha medo do DJ convidad a ajud uma peça , cara o Converse com bem são s liner head Os -up. warm no boa solícitos quando percebem a a tenh não set seu vontade, mesmo que se para veite Apro . ores sido dos melh ficar enturmar. A melhor maneira de ial amigo de um big name é sendo cord ele. para -up warm e fazendo um bom
15
Por fim, se você entrar depois do headliner, um a dica: não queira aparecer nas primeiras duas músicas ap enas. Toque duas tracks não tão explosivas logo após. Questão de educação.
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JOÃO ANZOLIN
Fotografia: Divulgação
deepbrasil
Nos clubes ou nas rádios, através de velhos ou novos produtores, muito sério ou até na inusitada variação “universitária”: o Brasil mergulha de vez no deep house – e a eletrônica perde o trauma do pop Era junho de 2010 quando publiquei uma extensa matéria no site Resident Advisor, intitulada “Clubbing In São Paulo”. A peça trazia um apanhado geral sobre a história da música eletrônica na cidade, mostrando ainda o que acontecia na noite local à época, depois que percorri os principais clubes paulistanos durante uma curta maratona. Além de relatar as noites em si, tive a oportunidade de conversar com DJs e produtores (nacionais e gringos), e vários outros personagens daquele cenário agitado e, sobretudo, promissor. Encerrava meu relato de quase trinta parágrafos num diálogo com Gui Boratto, no qual nós dois afirmávamos em tom de esperança que provavelmente estávamos bem próximos de vermos o Brasil (e São Paulo, é claro) passar do seu tradicional papel de mero consumidor musical para o de criador. Pouco mais de dois anos depois da publicação da matéria, uma nada modesta lista de produtores brasileiros – alguns deles completamente desconhecidos em 2010 – figura nos charts de boa parte dos DJs mais concorridos do mundo, bem como estão entre as mais vendidas em sites como Beatport. Exemplo de talentos espalhados por todo o país, como é o caso dos paulistanos Dubshape, Boghosian e Torquato e Dashdot, de grupos mineiros como Digitaria e Funky Fat ou de novatos curitibanos como HNQO e Fabo. O fato, isolado, não significa que a esperançosa previsão de dois anos atrás se concretizou, mas é não apenas uma das (inúmeras) evidências de que ela está mais perto de se tornar real do que nunca, como marca um fenômeno inédito nas pistas brasileiras e que atende pelo nome de deep house. Sim, o gênero com raízes na Chicago dos anos 80, quem diria, encontraria uma nova e massiva releitura quase três décadas depois. Mais surpreendente ainda, no entanto, é ver o vigor com o qual Brasil mergulha – e se destaca – nesta onda, inclusive com uma ótima safra de produtores. Entrevistando recentemente alguns dos nomes estrangeiros como Jamie Jones ou Lee Foss –
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tidos como alguns dos principais responsáveis pelo retorno do estilo, principalmente graças aos seus selos Hot Creations e “derivados” – observei que parece haver um consenso de que o sucesso do deep de hoje é uma espécie de resposta das pistas (motivada pela insatisfação) à seriedade e às limitações do minimal e suas variantes na década passada. Até aí tudo bem, mas considerando que no Brasil o minimalismo nunca foi muito forte, a explicação mais razoável para o sucesso estrondoso do deep house por aqui parece ser a mais óbvia: é um gênero fácil de ouvir, de dançar, muito acessível a diferentes públicos e que é capaz de derrubar alguns preconceitos que a eletrônica sempre teve junto ao grande público brasileiro. Ao contrário de estilos como drum’n’bass, techno ou psytrance (em outros tempos muito populares no país), o deep house pode ser ouvido no carro sem aquele parente chato reclamar. Do mesmo jeito, nenhum convidado vai se incomodar em ouvir um refrão aveludado como o de “Something Special” (Miguel Campbell) no esquenta – bem diferente do que se fosse com um techno sisudo. O melhor de tudo isso, no entanto, é que as faixas do deep conseguem ser tão boas que agradam não só os ouvidos menos exigentes: bem elaboradas, elas podem tocar tanto em uma rádio brasileira como em pistas de clubes conceituais em qualquer lugar do mundo. Desde que o brasileiro começou a se embalar nas pistas de dança no fim dos anos 90, nunca um estilo foi tão popular no país. E isso se reflete diretamente na rotina dos nossos clubes. Se antes havia um lapso de tempo considerável para uma novidade ou tendência chegar lá de fora para nosso território, hoje os mais recentes expoentes mundiais fazem longas turnês por aqui no auge ou até mesmo antes de explodirem mundialmente, em grande parte graças ao esforço de alguns clubes nacionais. Isso não gera somente benefícios ao público, como vem alimentando um virtuoso canal de comunicação entre os nossos produtores
e os estrangeiros – que possibilita cada vez mais brasileiros aparecerem para o mundo. Aqui mesmo na House Mag, privilegiamos as produções nacionais nas últimas edições, e cada vez mais sobram trabalhos de primeira linha feitos no Brasil. Claro que nem tudo é perfeito. Cachês mais caros e uma certa repetição de artistas e músicas nas paradas são alguns dos efeitos indesejados que vemos por aqui. Mas é indiscutível o fato de que a democratização de um estilo mundialmente reconhecido, com um passado rico e um presente farto em referências e produções de qualidade em sua maioria inquestionável está proporcionando um cenário inédito e muito proveitoso para a música eletrônica brasileira. É possível que o custo de tamanho sucesso se reflita na velha e manjada atitude de desdém de alguns – que já se revela no cunho de expressões como “Deep House Universitário”, numa comparação pejorativa com o Sertanejo Universitário – que, incapazes de aceitar e conviver com as consequências do que se torna popular, torcem naturalmente o nariz pra qualquer coisa que caia no gosto da massa. Pior pra eles e melhor pra quem – da velha ou da nova safra – sabe encarar com tranquilidade e sem traumas o fato de que ser pop não é errado. Pelo contrário: a popularidade é apenas uma das fascinantes novas características da atual configuração da música eletrônica, que hoje é chamada de EDM pela indústria da música e como tal é tratada como nunca foi – fora do gueto e respeitada por todos. Acostumar-se a isso, e principalmente, fazer parte, é um privilégio para a eletrônica brasileira. ■
João Anzolin coordena a Revista Warung e é sócio da agência de conteúdo Hot Content. joaoanzolin@gmail.com
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LEITORES
Você acha certo um festival ter área VIP? Ou ele perde sua essência com essa separação? Nós questionamos, e você respondeu. A cada edição faremos uma pergunta em nossa página do Facebook, e as respostas dos leitores serão publicadas aqui. Joseph Park “Acredito que área VIP pode, sim, existir em uma boate ou festival, pois ela nada mais é do que um lugar com alguns requintes e mais ‘espaço’ (está em aspas devido à grande procura pelo espaço VIP em festivais na minha cidade, e por isso acaba se tornando um espaço comum). O espaço VIP é mais lounge do que a pista, outro fato que leva as pessoas a optarem por ele. O que não pode faltar em um festival é a interação do público com os artistas e nem eles com o público, pois essa união é o que faz os eventos de qualquer lugar do mundo serem um sucesso.”
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Camilla Mathias
Pedro Vieira
“Eu sou contra um festival ter areá VIP. Acho que devemos ficar todos juntos para manter a essência, que atualmente só se encontra em festivais.”
“Festivais de música psicodélica, ainda mais sendo Open Air, perdem bastante sua essência com essa separação do público. A proposta de festivais assim é resgatar a cultura de que todos somos um, como diz o slogan do Boom Festival (We Are One).”
Marcelo Peralta “VIP é quem está na pista! Ponto final!”
Isah Pinheiro “Se a festa é top, não precisa ter área VIP. Perde sim a essência. O negócio é fazer com que tuuudo seja área VIP. Conforto para todos!”
Kadro Correa “Área VIP é para playba poder mostrar que tem mais grana do que os outros. É uma exclusão por classes sociais, até parece a Índia com sua exclusão por castas. Vivemos num país muito americanizado, banal e superficial, e por isso que eu acho que tem área VIP. A pista é um lugar democrático onde todos são ou deveriam ser iguais, independente do seu nível econômico.”
Tape Agenciamento Artístico “Todo evento merece sua área VIP, mas o frontstage ser VIP é uma falta de respeito com o fã. No máximo, tinha que ser 70% - 30% , em que 30% é a área VIP. Quem realmente dá a vibe do festival é a galera da pista, que chega cedo, sai tarde, se descabela e grita.”
Lucas Pauli Lucena “Partindo do princípio de que cada um escolhe a área que quer pagar/entrar, é válido a área VIP!”
Jonatan Machines “Acho a ideia de área VIP uma boa, muitas pessoas gostam muito de música eletrônica e festivais grandes... Porém, algumas preferem ficar em ambientes mais tranquilos e particulares nesses ambientes, principalmente casais!”
Wellington Coelho Branco “Não sou contra. E estou de acordo com a Tape Agenciamento Artístico. VIP, sim, agora na frente do galerão, nada, nem ninguém. Se necessário for, colocar os engenheiros do som a 2km do palco para não impedir que a galera chegue bem pertinho do seu ídolo.”
Geruza Sell “Acho que a área VIP é necessária devido à desorganização no sentido de segurança, espaço para todos se locomorem e terem acesso a banheiros, bares etc. Se existir tudo isso, não precisa área VIP!”
Bruno César Romão Pacheco “Entendo que os organizadores se deparam com um dilema, pois deixar de ofertar área VIP é abrir mão de uma parte da demanda. Ao meu ver, quem seleciona um festival baseado no fato de haver ou não área VIP é dispensável para o evento. Go for the music!”
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Lançamentos
Imagens: Divulgação
HNQO
Format:B
Selo Hot Creations
Selo Formatik Records
Point Of View Hot Creations, o selo comandado pelos DJs e produtores Jamie Jones e Lee Foss, está em pleno affair com os produtores brasileiros, e como ambos têm o dom de “hypar” tudo que tocam, não poderia ser melhor para nomes como o curitibano Henrique Oliveira. Assinando como HNQO, o jovem produtor acaba de lançar “Point Of View” pelo label. A faixa que dá nome ao EP é uma construção muito bem elaborada: os elementos discretamente compõem uma típica – e deliciosa – faixa do deep house atual. O vocal é sutil e curto, e a percussão cadencia o groove perfeitamente. A outra faixa do EP, intitulada “Pain’n Love”, mescla os mesmos elementos com um vocal ainda mais marcante e, principalmente, sexy. João Anzolin
Antonio Eudi Samba
Selo Definition Records
Restless (Remixes) Fernando Tessis acaba de participar da versão remixada do álbum “Restless”, do duo alemão Format:B. “Warped” ganhou um remix de tech house cheio de groove e pegada forte para a pista de dança. Em 2012, ele foi considerado internacionalmente como um dos melhores produtores brasileiros, requisitado não apenas pelo Format:B, mas também por grandes artistas como Sébastien Léger, Roy Rosenfeld, Max Bett e Uto Karem. A agenda cheia Brasil afora nos últimos meses só confirma o sucesso do brasuca. Mateus B.
VIKTOR MORA & NACCARATI Discount
Selo Tiger Records
Claramente inspirado no hit de Junior Jack “E-Samba”, o músico Antonio Eudi recriou a nostálgica track com uma cara mais atual e igualmente enérgica para compor uma das faixas de seu EP “Samba”. A segunda faixa, “Lady”, tem raízes no house clássico, que remonta a uma fase de transição do disco para a música eletrônica. Isso, somado a um toque de french house, dá à track a pegada necessária para cair muito bem em qualquer pista de dança. Vale investir: é um EP muito bem trabalhado, atual e com personalidade. Bruna Calegari
André Sobota
Rodrigo Junqueira
Selo Pryda Friends
Selo BGM Records
Found/Voyager
O sueco Eric Prydz quase foi o quarto integrante do “Swedish House Maffia” – provavelmente seu famoso medo de entrar em aviões o impediu de compor o projeto. Esse fato, entretanto, não impediu Prydz de ainda assim ser uma das mais marcantes figuras da música eletrônica atual, responsável por selos como Mouseville e Pryda Friends. E foi neste último selo que o brasileiro André Sobota lançou as faixas “Voyager” e “Found”. Os dois trabalhos são no melhor estilo de Eric: músicas repletas de elementos viajantes do trance, com breaks hipnóticos que terminam com uma base de electro house mais “refinada” (mais leve e menos barulhenta). Pontos para Sobota, que ganhou fama ao remixar Coldplay e Rihanna no início do ano. João Anzolin
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O goiano Rodrigo Junqueira é residente do Club Royal e acaba de lançar a compilação “Free Away” pelo selo BGM Records. Já disponível no Beatport, Juno e Itunes Store, o lançamento conta com duas tracks de autoria do brasileiro, com uma pegada progressiva bem dançante: “Good Idea” e “Second Fly”, ambas original mix em parceria com Mateus B. e Jonh Z.O V.A. Também contém faixas exclusivas de Under Construction feat. Juliana Barbosa, Lucas Stiw, Velvet, Ber Scwanka, Dante e mais. Rodrigo está entre as promessas da nova safra de DJs e produtores, com presença nos maiores eventos e clubs da região de Goiânia. Mateus B.
DIGITARIA & FUNKY FAT
Selo LO KIK RECORDS
Selo HOT CREATIONS
Com apenas 19 anos, a paulista Ké Fernandes a.k.a. Groove Delight é sem dúvida um fenômeno nacional que vem evoluindo a cada nova produção. O EP “Possibility”, lançado pela Lo Kik, vem regado a baixos fortes muito bem executados, um som gordo que bate muito perfeitamente em um sound system de qualidade, como a faixa que leva o nome do EP. “I Get Mess” é um tech house um pouco mais acelerado e quadrado em relação as outras faixas. Já “Believe” é mais sintética, também com uma linha de baixo gorda. Vai muito bem na pista, principalmente depois do break. Ricardo Lin
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Free Away
GROOVE DELIGHT POSSIBILITY
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Desde a primeira produção dos DJs e produtores Viktor Nora & Naccarati para uma campanha publicitária da bebida amarula, em 2003, a dupla ganhou espaço e reconhecimento na cena eletrônica. O EP “Discount” sai pelo selo alemão Tiger Records, gravadora que lança artistas como Afrojack, Sander Van Doorn e Plastik Funk. Ambas as faixas que compõem o lançamento, “Discount” e “Amazon”, são house, sendo que a última empresta elementos do progressive. ricardo lin
MASOCHIST
Os mineiros do Digitaria e do Funky Fat lançaram “Masochist” pelo selo Hot Creations e acabaram emplacando nas mais vendidas do Beatport. Sem perder suas referências musicais, os brasileiros produziram um EP incrível. A faixa “Masochist” abre a tracklist com o vocal inconfundível que virou marca registrada do Digitaria. “Paradise” é um pouco mais quebrada, mas mantém os vocais. E, finalmente, “You Bring Me Down”, que até o fechamento desta edição figurava entre as 10 faxias de deep house mais vendidas do Beatport. Para encerrar, “Crazy Life” também conta com um vocal marcante e batidas fortes. ricardo lin
DICAS DA ANGEL
por Angel Inoue
Segundo pesquisas, o mercado de arte cresceu 44% nos últimos dois anos no Brasil. E a cada dia crescem os números de novos bons artistas por aqui. É o caso da Ana Elisa Egreja, que pinta quadros em óleo em tinta, que mais parecem fotos. Ela se formou na Faap e está se preparando para a primeira exposição fora do país, na Bélgica. flickr.com/photos/anaelisaegreja
A Zara chegou ao Brasil em 1999 e fez sucesso instantâneo com sua moda fast fashion. Mas ainda faltava algo: o braço décor da gigante espanhola, a Zara Home, que acaba de abrir a primeira loja por aqui, localizada no Shopping JK. Artigos de cama, mesa e banho, além de peças de mobiliário e acessórios para a casa estão lá.
Barbara Borges é fotógrafa e usuária frequente do Instagram. Ela decidiu unir duas paixões e passou a criar montagens feitas com rostos de personalidades como Jackie O, Prince e Jimi Hendrix, com fotos de pessoas de verdade. Funciona assim: ela pega recortes de revistas rasgados ao meio e une ao rosto do fotografado, publicando tudo no Instagram. A foto de Seu Jorge deve ir para a capa do novo disco dele. Twitter da artista: @bborges Quem gosta de passear pela rua Oscar Freire pode dar um pulo na Galeria Urban Arts, pertinho da rua Peixoto Gomide. De propriedade de André Diniz, esta é a loja física do portal de mesmo nome, inaugurado em 2009. Vende arte digital e acessível (uma imagem digital varia entre R$ 40 e R$ 60), além de divertida. O legal é que dá para escolher a arte, comprar a moldura e já levar o quadro pronto para casa. Para mais infos, acesse: urbanarts.com.br
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Itália... Sempre um lugar para sonhar! De Milão, passando por Florença e indo até locais mais desconhecidos, como a pequena e charmosa Lucca, localizada no norte do país. Com sua história e seu amor pelo design e moda, a Itália é um convite a um memorável dolce far niente.
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por Luis Maida
Fotografia: Tadeu Brunelli
uma década de
lounge*
A lounge* – que há dez anos vem traduzindo conceito em revista – comemora seu aniversário com uma edição especial. O evento de lançamento está marcado para o dia 13 de novembro com uma apresentação exclusiva do cantor italiano Mario Biondi.
Em clima de Verão Às vésperas da estação mais quente do ano, a revista lounge* travel traz um destino imperdível para quem está em busca de muito agito, diversão e gente bonita, em um lugar paradisíaco. Será a segunda edição da publicação, com lançamento marcado para 7 de setembro.s.
Revista lounge* Gourmet A décima edição da publicação traz na capa o chef Hugo Grassi, uma revelação na gastronomia paulista. Com 96 páginas de informação para entusiastas da boa mesa, a edição conta com uma variedade de temas que abrange desde sopas, até o tradicional feijão com arroz. Já disponível nas bancas.
Para os amantes de velocidade O mais novo projeto da lounge* já está nas bancas! A lounge* Racing traz informações especiais para os aficionados em velocidade. Em suas 96 páginas, o leitor desvenda e interage com o lifestyle de pilotos e personagens, que protagonizam esse fantástico universo de grandes emoções.
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Automotor
por equipe Dinho Leme
GP2 Vamos bem, obrigado! FÓRMULA 1 Especulações agitam bastidores da principal categoria do automobilismo mundial A Fórmula 1 passará em agosto pelo seu período anual de férias. As equipes são obrigadas a dar 15 dias livres para seus funcionários, para que possam aproveitar o verão europeu, após meses de trabalho intenso. Os bastidores da principal categoria do automobilismo mundial continuam efervecentes, envolvendo dirigentes, empresários e pilotos. Um dos nomes mais envolvidos em especulações é o do brasileiro Felipe Massa. O piloto da Ferrari viu a opçõa de renovação do seu contrato, por parte da equipe, expirar na quinta-feira antes do GP da Hungria. Mark Webber, da Red Bull e Jenson Button, da McLaren, já foram sondados, mas possuem acordos firmados até o final de 2013 com suas equipes. No momento, Kimi Raikkonen, da Lotus, e campeão mundial em 2007 pela Ferrari e Sérgio Perez, da Sauber, são os nomes mais cotados para substituir o piloto brasileiro, que pode continuar no time italiano caso consiga fazer um bom fim de temporada. O mexicano ainda precisa amadurecer, mas é um forte nome para assumir um lugar na escuderia italiana, uma vez que seu principal patrocinador assumiu o posto de maior financiador da academia de pilotos da Ferrari. Na McLaren segue a saga da renovação do contrato de Lewis Hamilton. O inglês busca garantia de um carro com o qual possa lutar por títulos, um salário melhor, além da possibilidade de ficar com os troféus que conquista, já que por contrato a McLaren fica com os originais recompensando o piloto com réplicas. No final, o ano de mudanças deve mesmo ser 2013, onde as equipes de ponta terão que fazer suas opções e buscar alternativas para possíveis aposentadorias, como a de Mark Webber, da Red Bull, e Michael Schumacher, pela Mercedes.
O brasileiro Luiz Razia lidera a temporada 2012 da GP2,a principal categoria de acesso à Fórmula 1. Faltando apenas seis corridas para o fim do campeonato, o piloto da Arden já subiu ao pódio nove vezes e está sete pontos à frente do italiano Davide Valsecchi, que corre pela DAMS. O piloto que mais está atraindo a atenção é Felipe Nasr. O brasileiro vem colhendo bons resultados durante a temporada e muitos elogios de pessoas envolvidas com o esporte. Atualmente na nona colocação, Felipe tem como plano brigar pelo título da categoria em 2013, dois anos após conquistar o campeonato da F-3 Inglesa, a mais tradicional porta de entrada para os aspirantes a campeões mundiais de Fórmula 1 onde, neste ano, o curitibano Pietro Fantin, na equipe Carlin, vem brigando para evoluir na carreira. Vitor Guerin, que corre na Ocean, é o terceiro brasileiro na disputa da GP2. O piloto ingressou na categoria apenas na quarta etapa, mas a equipe não é de ponta e os resultados ainda não apareceram. Vitor já mostrou que com as armas certas, pode lutar pelo seu espaço.
STOCK CAR Domínio do touro A Stock Car já disputou seis etapas nessa temporada e uma coisa não muda. Cacá Bueno está sempre entre os primeiros. Líder do campeonato, o carioca venceu metade das corridas disputadas e ainda viu seu companheiro de time, Daniel Serra, ganhar duas. A outra vitória do ano, ficou com Valdeno Brito, da Shell Racing. Não é por acaso que formam a dobradinha da Red Bull na tabela. Ricardo Maurício é o terceiro, e bem maispara trás aparecem Valdeno Brito e Thiago Camilo empatados na quarta posição. Mas nem só de notícia boa vive o esporte. Alceu Feldmann e Marcos Gomes tiveramseus nomes envolvidos em problemas com anti-doping. Alceu se negou a realizar o exame, foi julgado e punido por dois anos pelo Superior Tribunal de JustiçaDesportiva. Atualmente, o paranaense corre sob efeito suspensivo. Marcos Gomes fez o exame e foi detectado um problema, foi suspenso por 30 dias de forma preventiva pela Confederação Brasileira de Automobilismo e aguarda o julgamento final do mérito. A próxima etapa da categoria será em Salvador, na Bahia, no dia 26 de agosto.
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CAMPEONATO BRASILEIRO DE GRAN TURISMO Superesportivos brigam nas pistas brasileiras! O Campeonato Brasileiro de Gran Turismo está pegando fogo. Após quatro etapas disputadas a briga entre os carros superesportivos dos sonhos continua acirrada. A Mercedes-Benz SLS AMG é o carro com o maior número de vitórias, quatro, duas da dupla Sérgio Jimenez e Paulo Bonifácio e duas dos líderes da temporada, Duda Rosa e Cleber Faria. A Lamborghini LP 600+ de Allam Khodair e Marcelo Hahn também venceu duas corridas e ocupa a segunda colocação na tabela de pontos. Os outros dois carros com vitória na atual temporada são a BMW Z4 GT3 de Cacá Bueno e Cláudio Dahruj, que ocupam a terceira colocação no campeonato e a Ferrari 458 de Cláudio Ricci e Rafael Derani, atualmente em oitavo. Outra estrela da categoria voltou na etapa do Rio de Janeiro. O Ford GT, campeão de 2010 e 2011 reestreou pilotado por Popó Bueno e Marcelo Franco, figurando sempre entre os primeiros. Faltam cinco etapas para o final da temporada e o prognóstico é que teremos mais corridas disputadas e o títulodecidido apenas na última prova do ano em Interlagos, São Paulo, no dia 16 de dezembro.
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consumo
por Angel Inoue
Fotografia: Divulgação
Sem rímel A Sephora abriu sua primeira loja no Brasil, para alegria das mulheres de todas as idades. Com ela, marcas conhecidas (e as nem tanto assim) passam a ficar mais próximas das brasileiras. Uma das melhores novidades é a Benefit, com suas embalagens lindas e produtos irresistíveis! O removedor é tem-que-ter e custa R$ 96. sephora.com.br
iDog A coleção inverno 2012 da Givenchy veio cheia de estampas de rottweiler. Porta Blackberry, camisetas, moletons e clutchs estão na linha, além do porta iPad hiper desejo. givenchy.com
Alce Antigamente cabeças de alce causavam medo, mas essas de mentirinha atuais conferem personalidade e diversão a qualquer ambiente. A Desmobilia lançou uma linha com cabeças de alce de MDF, em tons neutros, de poás e outras estampas. Este custa R$ 190. desmobilia.com.br
Ícone francês Criada em 1993 e com mais de 13 milhões de unidades vendidas pelo mundo, a bolsa Pliage é o maior ícone da francesa Longchamp. Ela acaba de ganhar uma versão em couro, e está disponível em várias cores. R$ 1.445. SAC: (11) 3552-1555
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Filhinha de papai Homenageando os homens de nossas vidas, a Trousseau criou uma linha de almofadas especial para o Dia dos Pais. A capa “Dad Rules” tem 35x70cm e custa R$ 198. www. trousseau.com.br
Luz negra Inspiradas nas poderosas joias do designer Tom Binns, os acessórios neon estão cada vez mais maxi e mais neon. Um maxicolar ou um maxibrinco salva qualquer look. Aposta certa!
Cítrico Na opinião de muitas mulheres, o Bleu de Chanel é o melhor perfume masculino da atualidade. A fragância amadeirada tem toques cítricos de vetiver, frutas silvestres rosas, toranja, cedros secos, labdanum, incenso, gengibre e madeira de sândalo. R$ 319 na média.
Leopardo A Nixon acaba de lançar a Leopard Collection de relógios. Cada um dos modelos de acetato passa por um processo exclusivo de pintura, garantindo que nenhum relógio seja semelhante ao outro. Os modelos estarão em breve nos pontos de venda da marca!
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Sportswear, curvas em evidência e acessórios neon fazem parte do espírito olímpico que domina o momento. Fomos até Londres conferir Fotos Johnny McMillan Direção criativa Jardel Edebran
Vestido Forever 21, pulseira H&M e colar Primark
Top H&M, saia Urban Outfitters, sandรกlias Topshop e pulseiras Primark
Viseira American Apparel, jaqueta H&M e shorts Urban Outfitters
Blusa H&M, saia Urban Outfitters, sneakers Isabel Marant, colar American Apparel e pulseiras Primark
Body Urban Outfitters, pulseiras H&M e brincos Primark
Brincos e pulseiras Primark, vestido American Apparel e sandรกlias H&M
Styling Jardel Edebran Make-up Sephora Modelo Nathalia Grisard (DN Models)
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Winter Music Festival @ Green Valley
Camboriú ficou mais quente durante a noite de 21 de julho. A 5ª edição do Winter Music Festival levou o público do Green Valley ao êxtase entre DJ’s, lasers especiais e a paisagem já característica do “2º Melhor Club do Mundo”. No comando da noite, os brazucas Rodrigo Kost, Thiago Mansur, Lipous & Rodrigo Lima, André Serate, Webba, Anderson Noise, e as DJanes revelação Maryelle e Isabelle Assad. A lista de atrações internacionais ainda contou com Michael Canitrot (FRA), Tim Healey (UNK), Tocadisco (ALE), Markus Schulz (USA) e Troy Pierce (USA). Uma festa com energia de sobra para ficar na memória do GV. Fotografia: Adriel Douglas
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Inverno no El Divino
As festas do El Divino continuam bombando em Floripa. Durante os meses de junho e julho, o sofisticado club à beira mar recebeu nomes como Goodwill, Henrique Fernandes, Davi Guimarães, Kiko Franco, Ronaldo Cunha e Rafael Diefentaler. Fotografia: David Collaço e Angelo Santos
Marta Ayres
Aricia Silva e Priscila Santos e Luisa Soares e Mariana d´Avila
Bruna Bueno
Carlos Alberto
Luiza Schmitt e Maria Augusta Collaço
Victória Bortolozzo
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Thaís Etzel
Du Pereira e Gabriela Althoff
Daniel Rocha
Bianca Werle
Barbara Zanella
Juliana Barato e Felipe Barato
Evelyn Vasconcellos
Eduardo Scheer e Aline Agostinelli
Leo Coelho
Mariah Assunção e Tábata Durieux
Larissa Pastos
Monica Hess
Thiago Tavares
Nicoli Ketlyn
Jamil e Karla
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Preview Winter Festival no Sense Club
Pelo segundo ano consecutivo, o Sense Club recebeu o warm-up da festa mais charmosa do inverno brasileiro. O preview do Winter Festival rolou dia 21 de julho, sob o comando dos DJs Rapha Costa, Jo達o Lee e Paulinho Boghosian. A noite foi um sucesso, com casa lotada e muita gente bonita. Fotografia: Rafael Atz
Tamara Bonaccorsi
Camila Sander e Diego Ayala
Fabiana Kirsch e Yuri Trelha
Silvana Lyra
Marjorie Bickel
Rapha Costa
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Joao Lee e Paulo Boghosian
Camila Lodi
Twice Nice no Wish Club
O club mais concorrido de Porto Alegre recebeu o Twice Nice para o laçamento do segundo CD da dupla carioca. Uma festa mágica com muita música boa marcou a noite de 9 de junho. Fotografia: Maurício Gonçalves
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Preview Winter Music na Privilège
A House Mag assinou o Preview Winter Music Festival 2012, que chegou à Privilège Juiz de Fora dia 30 de junho. Nas pick-ups, Jorge Júnior e Rodrigo Vieira embalaram a pista. O próximo semestre do clubinho mineiro promete. Fotografia: Wanderson Monteiro / Gutá
Rachel Rocha
Ana Paula Teixeira e Auro Braga
Bernardo Mesquita
David Luiz e Graziela Sarto
Rosana Palha
Gusttavo Lima, Amanda Chang e Octávio Fagundes
Iuri Girardi e Jorge Júnior
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Elisa Rodrigues Guedes
Wesley e Priscila Simoncelo
James What na 2me
O inglês James What foi o headliner da noite de sexta-feira, 13 de julho, no 2me Music Essence. A segunda noite do mais novo clubinho de Balneário Camboriú estava lotada. Já o warm-up ficou por conta de Thiago Schlemper. Nem o frio da beira-mar foi capaz de diminuir a temperatura que a parceria com o núcleo 128bpm levou ao 2me. Fotografia: Lucas Moço
Matheus Macedo, Joao Carlos Melatti e Rafael Horn
Carlinha Campos
Caroline Zimmer
Adriele Mafra
Alyne Roldao
Janaina Thome
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Legend Party no Confraria
O francês Michel Calfan foi o destaque da Legend Party, no Confraria Club, em Floripa. A festa aconteceu dia 6 de julho e ainda contou com a presença dos DJs Fade In, Allan Von Muhlen e Jorge Junior. Já o La Suite – famoso after do Confra – ficou sob o comando de Dado Prisco e Daniel Spin. O habitual público sofisticado marcou presença. Fotografia: Angelo Santos
Ava Baldissera
Cris Nunes
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Aline Nau
Gysmery Henning
Clara Sommacal
Rebeca Amin
Michael Calfan e Gabriel Macarofq
Isabela Nogueira
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Gui Boratto na Pacha
O produtor número 1 do Brasil aqueceu a pista da Pacha Floripa na noite de 23 de junho. Depois de algum tempo sem visitar a capital catarinense, Gui Boratto levou novidades, equipamentos de mixagem e, como sempre, uma legião de fãs para vê-lo tocar. Oriunda da matriz em Ibiza, a Pacha Floripa também apresentou o sucesso Terraza Pacha, pistinha assinada pela D-Edge Agency Showcase. Os DJs Paula Chalup, Pedro Piu, Spavieri e Gustavo Pamplona comandaram o espaço. Fotografia: David Collaço
Malu Ferreira
Isabela Regina da Silva, Nicole Ruediger e Camila Oleiniski
Francisco Longo
Cibele Makino
Gui Boratto
Bruna Guzatti
Flavia Martins
Bruna Schmidt
Nicole Ruediger
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Inauguração Nuun
O Nuun Club abriu as portas no dia 15 de junho, em Cuiabá. A inauguração contou com os DJs residentes Fabio Serra e Rodrigo Novaes, além do convidado Diego Moura. Agora o público da capital matogrossense tem uma nova opção quando o assunto é boa música. Fotografia: Thiago César
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Milena Volcov
Rodrigo Novaes
Silana Badoti e Larissa Dias
Diego Moura
Fabio Serra
Carine Luckmann
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Hana Giustti
Tiko’s Groove no Duc Club
A programação do Duc Club segue agitando Curitiba. Nomes como Tiko´s Groove e Mike Hawtins foram destaques entre as atrações de julho, e a agenda para o segundo semestre promete. Uma galera bonita e sofisticada sempre comparece. Fotografia: Fernando Smak
Duda Brandalise
Tiko`s Groove
Mike Hawkins
Jéssica Cocco, Camila Finger e Larissa Cocco
Flávia Nogueira
Jé ssica Larissa da Costa
Franciele Lourenaío
Melissa Tasso
Pe Lanza e Igos Belmondo
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Preview Winter Music na Oz
No dia 22 de junho, a cidade de Criciúma recebeu o Preview do Winter Music Festival. A festa que rolou no Oz Music and Fantasy foi comandada pelo projeto Ultramelt, formado por Jorge Junior e Chrizz Luvly, e o warm-up ficou por conta de Luccas Zacca. A noite estava lotada e o público ficou ansioso pelo evento oficial, que rolou dia 21 de junho no Green Valley. Fotografia: Maykol Cardoso
Pollianna Hahn e Paula Góes
Pedro Cechinel, Jorge Cechinel e Daniel Freitas
Angela Willers
João Freitas e família
Marina Cechinel
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Maykol Cardoso, Tamires Garcia, Mariana Berg e Beatriz Tiscoski
Isabela Nunes
Zucker Ano 5 em Ribeirão Preto
Um seleto público compareceu na festa Zucker Ano 5, em Ribeirão Preto. Realizada em uma fazenda centenária com estrutura e cenografia inéditas, a balada open bar contou com bar super premium, além de deliciosos finger foods. No comando das pick-ups estavam o inglês Jimpster, o alemão Patric la Funk e os residentes da Zucker Silvio Conchon, Diego Falleiros e Christian Stilck. Fotografia: Rafael Cautella
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Winter Play
no Stage Music Park
Acrobatas, LEDs e muita música fizeram do Winter Play 2012 um weekend movimentado e cheio de boas energias. As expectativas do evento, mais uma vez, foram superadas. Durante os dias 15, 16 e 17 de junho, nomes como Michel Saad, Pete tha Zouk e Switch agitaram um público de mais de três mil pessoas, no Stage Music Park. Fotografia: Cassiano de Souza e Fernando Willadino
Mariana Di Moraes
Aroldo e Cris Cruz Lima
John Martin
Tito e Gui Thome
Helen Ganzarolli
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Pete Tha Zouk e Bruno de Luca
Taiana Sperotto
Erick Morillo e Andre Sada
Tammy di Calafiori
Giovanna Lancellotti
Camila Hess e Micaela Silva
Giulia Librizzi
Tiago Diniz
Romario
Leticia Boecher
Jessica Montinhagra e Jeane Amboni
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SOLOMUN no WARUNG
No último dia 14 de julho, o Warung ferveu. A noite contou com dois dos maiores nomes da atualidade: Solomun e Phonique. Além dos gringos, o templo recebeu Junior C., Gutto Serta, Albuquerque e Diogo Accioly. A programação para o segundo semestre já foi anunciada e o público segue ansioso para ouvir Laura Jones, James Teej, Lee Foss e Superhero. Fotografia: Adriel Douglas / IMAGECARE
Josie Panato
Carla Borcate
Adriana Hommers
Jamile Heine
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Rebeca Lobo
Thais Rodrigues
Gabriela Couto
Adriana Machado
Julia Truppel
Mothership no D-Edge
Mais uma edição da festa Mothership agitou o D-Edge: durante a noite de 30 de junho, o clubinho paulistano recebeu Antal e Tom Trago. Além dos convidados, Marcio Techjun, Max Underson, Ohnishi e Mau Mau completaram o line-up. Fotografia: Felipe Gabriel
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House Mag Club na Liqüe
Os DJs Mauricio Bertoline, Leo Andreazza e Giovani Lufrani foram escalados para comandar as pick-ups da Liqüe, em Curitiba, que foi cenário da festa House Mag Club. A pista esteve lotada de gente bonita e animada durante a noite 28 de julho. Fotografia: Luizo Cavet
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Tassiana Barros
Juliana Torres, Desire Marie e Luiza Torres
Matheus B
Mayara Roetha e Jayne Partika
Brunno Toniollo, Kamila Carli, e Neto Meireles
Carolina Bueno
Ciro Alberto e Thaina Cadori
Giulia Braga e Thauana Fiori
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Roberto Bona Jr
Camila Bizarro
Pierre Sarkozy no Kingdom 2800
No dia 6 de junho, véspera de feriado, o club Kingdom 2800 recebeu um convidado mais do que especial para comemorar os seus três anos de existência: Mosey, ou Pierre Sarkozy, como é mais conhecido. Em sua primeira apresentação em Londrina, Pierre foi recebido por uma casa lotada, e como sempre, muita gente bonita vibrou a cada música tocada pelo francês. Fotografia: Kingdom 2800
Pierre Sarkozy
Renata Inocente, Rayana Lara e Raquel Inocente
Amanda Landucci, Taciani Bernini e Gabriela Paiao
Hana Montanha
Arthur Negra¦âo e Maria Eugenia Gnann
Daniel Balan
Jessica Morgana, Ana Paula Macri e Dani Nagayama
Fabiana e Douglas Lopes Soares
Elaine Souza, Fernanda Neme Caram e Gustavo Murad
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Jivago Lounge
O Jivago Lounge, em Florianópolis, está prestes a completar cinco anos de funcionamento, no mês de outubro. O empresário e sócio da casa Eduardo Albani anunciou uma nova reforma no clubinho em setembro, quando a casa deve fechar por duas semanas, para reabrir com várias novidades - entre elas, um novo bar e uma pista maior. Outra boa nova é que após a reforma o Jivago estreia a Discoteche, festa que será sempre às sextas-feiras e terá como foco a house music, recebendo semanalmente DJs nacionais. Fotografia: Adriano Debortoli
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adana twins na vibe
Durante a noite de 17 de agosto, o Vibe Club recebeu o duo alemão Adana Twins. Os residentes Paulo Pires, Gabi Lima e Betho completaram o line-up. Mais uma vez, o clubinho de Curitiba confirmou porque está entre os nomes mais conceituados do país. Vale ficar de olho na agenda do segundo semestre. Fotografia: Divulgação
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tecnologia
tech news por Marcelo Godoy
Motu Track-16 4TrackTrigger Digital DJing
Feita a mão pela alemã Faderfox, e com o apelido de “Traktor-Weapon”. Para os não conservadores que se arriscam no creative digital djing e utilizam plataforma Traktor, a nova ferramenta é equipada com nada menos do que 150 botões. Traz controles precisos para seus loops, hotcues e efeitos em até 4 decks. Conta com 17 encoders, 17 pots, 6 displays, 188 LEDs, 2 inputs para pedais e estrutura de alumínio. 1500 € (+ impostos e entrega. Somente pré-venda, entregas iniciam na segunda metade de agosto).
Audio Interface
Esta interface de áudio vem sendo classificada como a mais poderosa dentre as compactas. Visualmente interessante, conta com 16 inputs e 14 outputs, 2 mics individuais (com pré-amp), 2 Hi-Z guitar inputs, e 2 line inputs, 4 main outs (balanceadas), 2 headphones jacks com volume independente, MIDI in e out (grande vantagem sobre a concorrente Duet2 da Apogee), bus power com FireWire800 (roda em USB 2.0, porém com cabo de energia). Compatível com Mac OS X, Windows 7, WDM, ASIO, Core Audio e Lion. Vem com algumas ferramentas de análise, oscilloscopes, tuner, EQ, reverb, compressor e suporte para controle wireless para iPad. US$ 600 (Pode ser comprada em lojas virtuais. Mais informações em www.motu.com)
Akai SynthStation 49
Dr. Drumset
A Akai acaba de lançar o seu MIDI dock para iPad. O teclado de 49 notas é portátil e tem pitch e modulation wheels. Funciona com todas as gerações de iPad e tem pads com cara de MPC. Um feature bacana é o ajuste de angulação do tablet, que permite um uso mais confortável. Tem saída para headphones e conexão padrão para mixers, speakers e recorders. US$ 300 (Disponível apenas nos EUA e Reino Unido. Sem previsão de chegada no Brasil).
A Mr. AcidMachine é uma boutique fabricante de “gadgets feitos a mão, customizados, e de designs únicos para se fazer música eletrônica”. Sem maiores detalhes sobre o funcionamento e fabricação, esta drum machine tem sido vista com bons olhos devido à alta qualidade do fabricante. É uma boa opção para quem quer adicionar um sabor analógico à sua bateria. US$ 800 (Solicitações de encomendas pelo e-mail: mracidmachine@gmail.
Midi Controller para iPad
Drum Machine
com)
Clap Box
Handclap Synth
A ideia é simples, e o seu funcionamento, idem: modular e produzir claps (com fleuma 80’s). Conta com emulação autêntica do banco Simmons Clap Trap (real samples) e audio trigger via built-in mic (para gravar o som de suas palmas). A função “Humanize” cria parâmetros aleatórios. Pure data embeddable e disponível para iOS 4.3 ou superior. U$ 1.99 na App Store da Apple.
Crowdchoir
Software Instrument
A ideia por trás desse projeto é muito interessante – e benevolente: basicamente um instrumento para confecção de coros feito por crowd-sourcing e com os lucros doados à Cruz Vermelha. Em três meses, os desenvolvedores coletaram 4.000 notas gravadas por pessoas do mundo inteiro. A Sonic Couture (fabricante) também ajudou com doações para as vítimas do tsunami no Japão. Get samples and help other poeple! £20 no site www.soniccouture.com.
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ilan kriger
Você usaria o Twitter.DJ? Muitos DJs têm medo de divulgar as músicas que tocam, receosos de que outros artistas os copiem. Acredito que por esse motivo o Twitter.DJ ainda vai demorar para ser adotado em larga escala. Porém, quem sabe no futuro o uso dessa ferramenta não será obrigatório? Conversei com alguns DJs sobre essa novidade:
twitter.dj
Revolução na cobrança de direitos autorais? O DJ e produtor Richie Hawtin não é apenas conhecido por seu lado musical. Ele é também um dos artistas que sempre procura e desenvolve novas tecnologias para mostrar sua arte. A mais nova empreitada é o Twitter.DJ, uma ferramenta que promete mudar para sempre a cara da música eletrônica e revolucionar a cobrança de direitos autoriais na reprodução musical. A música eletrônica, em geral, é um gênero que não tem rostos. O público reconhece os DJs que tocam as músicas, mas raramente quem está numa pista de dança sabe o nome da música que está escutando ou quem produziu aquele material. Lançada em 2009, a primeira versão do Twitter.DJ permitiu a qualquer artista que se apresentasse com o software Traktor transmitir em tempo real as informações da música que estava sendo tocada (nome da track, artista e selo) diretamente para a sua conta do Twitter. O aplicativo foi desenvolvido pelo engenheiro Bryan McDade, que trabalha em tempo integral no selo Minus, de Hawtin. O Twitter.DJ acaba de ganhar uma grande atualização: além de rodar no Traktor, agora ele também funciona com o Serato e o Ableton Live. A parte mais interessante da nova versão é que o aplicativo ganhou também portal, onde é possível acompanhar a transmissão de DJs do mundo inteiro – a loja Beatport é parceira do empreendimento, e com isso é possível ouvir uma pedaço de quase todas as músicas.
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Como o Twitter.DJ ou ferramentas similares podem mudar a música? Se todos os DJs adotarem o Twitter.DJ, teremos o seguinte cenário: O público poderá descobrir o nome da música e do produtor com facilidade; Músicas e artistas ganharão identidade (normalmente o DJ acaba levando a fama indevidamente); O produtor musical poderá identificar com mais facilidade quais DJs estão tocando suas músicas e onde; Direto da sua casa, você poderá descobrir quais músicas estão fazendo sucesso na pista de dança; Ninguém mais vai ter aquela track secreta (a não ser que a tag da música seja alterada deliberadamente); Os DJs não serão mais incomodados no meio do set com perguntas do tipo: “Qual é o nome desta música?” As vendas de música devem aumentar, pois ficará mais fácil encontrá-las; Esse sistema pode revolucionar o sistema de cobrança de direitos autorais.
Roger Lyra “Eu acho bem válido. Usaria sim, principalmente em um rádio show, mas não sempre. Infelizmente nem todo clube tem Wi-Fi.”
Sobre a revolução na cobrança de direitos autorias: Para a música eletrônica, o ECAD nunca funcionou. Muitos clubes e festas pagam fortunas, mas o dinheiro nunca chega nas mãos dos produtores. Com a conexão entre Traktor, Serato, Ableton Live e Twitter, tudo pode ficar mais fácil. Assim, será possível pagar os direitos autoriais de reprodução para quem merece. Isso pode fazer o ECAD se transformar em uma ferramenta eficiente que permitirá que os artistas sobrevivam apenas fazendo música.
Thermobee
DJ Ban
“Essa parece uma ideia legal do Richie Hawtin. Vejo alguns benefícios, especialmente para fazer artistas receberem seus royalties corretos. Mas eu realmente não quero dizer ao mundo exatamente o que estou tocando. Prefiro manter alguns segredos, gasto um monte de tempo à procura de música, e não quero todos aqueles DJs preguiçosos no meu Twitter querendo saber quais são aquelas músicas lindas.”
“Hoje, usaria. Já foi o tempo em que mudávamos os rótulos dos discos para ninguém saber o nome da música, e assim tocar um tempo sozinho aquele disco. Hoje, até para nós que vivemos isso todos os dias, acabamos por não lembrar de todas as músicas que temos no modo digital. Então acho válido para mim e para outros verem o que toco. Outro fator é que se isso ajudar na arrecadação de direitos autorais, o dinheiro vai para as mãos certas.”
André Motta
Leozinho
“Eu acho interessante, afinal hoje o que cada DJ toca não é mais informação exclusiva de ninguém. As facilidades de internet e softwares de identificação desvendam o repertório. É lógico que um sistema assim tem um efeito colateral que eu considero positivo em relação aos direitos autorais. É uma ferramenta que ajudaria a saber que artista está sendo executado para receber seus direitos, e além disso divulga mais novos artistas. De certa forma, é mais uma ferramenta que pode ajudar a diminuir a pirataria!”
“Acho o aplicativo interessante, mas definitivamente não gosto do Traktor e prefiro o pen drive. Acho que quanto mais tecnologia, mais chato fica tocar. Consequentemente, pior fica o set.”
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technoaudio
Imagens: Divulgação
US$ 39
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Mashup, da Mixed in Key
por Mateus B.
Crie mashups em menos de cinco minutos Estamos vivendo a era da reciclagem e personalização. Já não é só o lixo que pode ser reciclado e transformado. Para os DJs, nunca foi tão fácil ter músicas exclusivas, então, mãos à obra. Antigamente o DJ ficava limitado aos discos, e quando conseguia músicas exclusivas, eram precisas horas, dias ou até meses de busca em lojas de discos de todo o mundo. Hoje é muito simples personalizar suas músicas com exclusividade, montar super introduções e criar, assim, seu diferencial. O que é um mashup? Fazer combinações com mais de uma música, misturando trechos e trabalhando com recortes como, por exemplo, o break de uma encaixado no lugar da outra. A ideia do software Mashup é criar músicas exclusivas de forma simples. Ele trabalha com um sistema de sincronia quase que automática, além de automações de volume e equalizadores para criar as combinações. É importante escolher músicas compatíveis harmonicamente. Para isso, utilize o software Mixed in Key.
Dicas · Utilize para criar uma boa introdução; · Combinações simples mas com potencial; É utilizado para descobrir o tom da música, tornando possível realizar mixagens harmônicas. Mas e aí? É realmente necessário saber notas e escalas para realizar mixagens harmônicas? Não. Se você seguir a regra do programa, elas irão se encaixar musicalmente como em um passe de mágica! Exemplo: uma música 8A é compatível com 8A, 7A, 9A e 8B. Leia o tutorial que está incluso no software: www.mixedinkey.com. Utilizando seu conceito, é fácil criar sets e mashups harmônicos musicalmente falando. Dentro do Mashup, além do BPM e tom, ele também faz um teste de compatibilidade entre as músicas:
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· Aproveite as deixas das músicas; · Utilize acapellas e músicas que não são eletrônicas; · Cuidado para não clipar.
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coluna dj
por Buga
Como tenho gostado de tocar em festas menores! Não que tenha perdido o tesão de tocar em big rooms de super clubs ou em festas para 2, 3, 5 mil pessoas. Não é isso. Mas cada vez mais me identifico e sinto prazer em fazer parte dos line-ups desses novos labels que surgiram nos últimos dois anos. Labels formados principalmente por uma nova geração de DJs que realmente está sabendo como ganhar seu espaço. E o que é mais legal: de uma forma autêntica e (por que não?) romântica! Além de serem excelentes DJs, esses novos nomes têm conseguido atrair um público que não vejo mais nos clubs em geral. Um público variado, que sai de casa pra se divertir, que gosta de música, de conhecer pessoas diferentes e de se “misturar”. Público que respeita quem está nos decks e acaba sendo, também, muito mais respeitado. É uma troca muito interessante, que faz com que a energia nessas festas seja realmente contagiante. Nunca, em nenhuma dessas delas, fui “briefado” do tipo de som que deveria tocar. Essa é a coisa mais normal de acontecer quando um DJ é contratado, mas que de uns tempos pra cá, passou a ser a exceção.
“Apesar de concordar que estamos passando por um momento “meio chato”, também vejo com muito otimismo esses movimentos que surgem sem alarde, sem hype, sem holofote. E que por isso mesmo acabam criando pilares de forma sólida, com propriedade!”
Tenho reparado que algumas casas investem pouco em conteúdo. Seguem a fórmula da mesmice: investem pouco em DJs profissionais, montam line-ups com amadores e não se preocupam com a qualidade musical na sua programação. E nem estou falando de estilo de música, ou de gosto
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musical. Existem ótimos DJs para todos os estilos: rock, pop, house, techno, drum’n’bass, “poperô” – profissionais que estudam, pesquisam, investem em suas carreiras, mas que estão perdendo espaço para a mesmice. A mesmice do oba-oba, do oportunismo sem vergonha, da baboseira explícita. Por outro lado, vejo e escuto muita gente reclamando disso, gente que está procurando lugares com proposta e com alma. Por isso, apesar de concordar com muitos que estamos passando por um momento “meio chato”, também vejo com muito otimismo esses movimentos que surgem sem alarde, sem hype, sem holofote. E que por isso mesmo acabam criando pilares mais fortes, crescem e aparecem aos poucos, e de forma sólida, com propriedade!
Eu costumo dizer entre amigos que, nós que trabalhamos nesse ramo, que escolhemos a música como meio de vida, que apreciamos ver um bom DJ tocando, que nos divertimos acima de tudo, somos nos dias de hoje uma minoria. Mas como a gente, tem muita gente por aí também. Gente buscando exatamente o que nos propusemos a entregar. Portanto, não adianta ficar reclamando, não adianta ficar em casa, pois existem ótimas opções pra você fugir da mesmice. Seja qual for o seu estilo favorito de som, seja qual for a sua “tribo” – aliás, quanto menos rótulos você tiver e quanto menos rotular, melhor! Levante do sofá e shake tha ass! Não, não é preciso ter foguinho para a festa ser boa. ■
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