House Mag 32

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A revista brasileira de música eletrônica

+ roman flügel

privilège tribaltech fim de século mitch lj

Anúncio Nova geração, com propriedade André Sobota, HNQO, Antonio Eudi, Fabø e L_cio marcam uma fase inédita na produção brasileira

matthew hawtin Dimensões dão forma ao techno nas artes visuais do irmão de Richie

o dilema das agências de djs

Artistas de mais, planos de carreira de menos


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Use um leitor QRCODE e assista como foi o sonho em 2012


Anúncio Glamour e diversão em alto estilo marcam os inesquecíveis dias que o Camarote Salvador proporciona aos seus foliões, durante a maior festa de rua do planeta. Neste espaço, que é o mais desejado do Carnaval de Salvador, artistas, celebridades, empresários e formadores de opinião, badalam ao som de tops dj´s nacionais e internacionais e de grandes atrações da música brasileira.


Direção executiva Jorge Vieira Junior José Luiz Cavichioli Junior Consultor de Marketing e Diretor de Projetos Especiais Geraldo Nilson de Azevedo Editora-chefe Sarah Kern sarahkern@housemag.com.br

REDAÇÃO e CONTEÚDO ONLINE Carolina Schubert carolina@housemag.com.br

colaboradores permanentes Bruna Calegari

Editorial Não foi nada fácil escolher os cinco artistas desta capa. Entre idas e vindas, segundas-feiras e fins de semana, discussões, bate-bocas (nada sério, acredite. Eles são essenciais) e uma boa dose de horas no Soundcloud, chegamos aos cinco nomes que fariam desta uma edição diferente. As carreiras de André Sobota, HNQO, Antonio Eudi, Fabø e L_cio ainda não estão completamente consolidadas, como geralmente acontece com artistas de capa, mas ao invés disso, são apostas promissoras. Escolheram o caminho da música autoral sem deixarem de ser grandes performers como DJs. Alguns deles, os mais novinhos, são de uma geração que já cresceu familiarizada com a música eletrônica – ela que, aos poucos, se torna uma cultura enraizada por aqui. Esta edicão da House Mag é só um reflexo desse amadurecimento. Durante a sessão de fotos, que rolou na praça Victor Civita, em São Paulo, o que deveria ser uma entrevista acabou se tornando uma longa conversa entre geeks: as palavras tendiam muitas vezes para o lado técnico, entre sintetizadores, plugins e, até mesmo, guitarras elétricas. Nossa equipe disfarçava, fazia que nada tinha acontecido e puxava os meninos de volta – nossa intenção, afinal, era fazer uma breve apresentação para você sobre a história de vida de cada um deles.

brunacalegari@hotmail.com

João Anzolin joaoanzolin@housemag.com.br

direção de arte Ricardo Lin ricardo@housemag.com.br

assistente de Editoração Henivaldo Alves arte@housemag.com.br

Financeiro Jéssica Simone Galdino financeiro@housemag.com.br

Publicidade Graziella Ranno cel 48 7811.1699 id 55*92*5547 graziella@housemag.com.br

Comercial Florianópolis – Sandro Tripoli cel 48 7812.3231 id 55*92*13257 cel 48 9633.1025 sandro.tripoli@housemag.com.br

São Paulo – Marcelo Larini cel 16 7812.9723 id 55*92*53308 tel 16 3331.6036 marcelo@housemag.com.br

Brasília – Carlo Alessandro Benjamin

Indo além das disparidades, todos são unânimes em um “detalhe”: nosso mercado ainda não dá espaço o bastante para os produtores nacionais. Como coloca o paulistano André Sobota, “Nosso mercado pegou um vício de esperar o artista pronto, você lança algo e ainda fica uma interrogação. ‘O que mais tenho a oferecer?’ Fora do Brasil, o produtor faz a parte dele e consegue juntar uma equipe para o resto, que acontece de forma orgânica.” Pode parecer muito bláblábá, mas não estamos sendo pessimistas. Na verdade, muito pelo contrário: nossa cena está prestes a viver sua Belle Époque, e nós estaremos aqui para ver. Você também, é claro. Boa leitura, sarah kern Editora-chefe

alessandro@housemag.com.br

Internet e Tecnologia Commix – www.commix.com.br Jurídico FSN Advogados Associados tel 48 3733.5516 advocacia@fsn.adv.br

Colaboradores Alan Watkins Alexandre Bezzi Angel Inoue Carlo Dall Anese Claudio Miranda da Rocha Filho Felipe Kopanski Graziella Ranno Gustavo Pamplona Ilan Kriger Isaac Varzin Jade Gola Marcelo Godoy Mariana Censi Roberto Ugarte Rodrigo Vieira Wesley Razzy

Impressão Gráfica Coan Todo o conteúdo (texto e fotos) apresentado pelos colunistas e colaboradores desta publicação em suas respectivas páginas é de inteira responsabilidade dos mesmos, assim como todo o material cedido pelas assessorias das casas noturnas e eventos (agendas e imagens). A House Mag (ISSN 2176-7009) é uma publicação bimestral da Editora Made in Brazil | Rua Laje de Pedra, 151 – Ed. Spazio Uno, salas 01 e 02 – Itacorubi, Florianópolis/SC | CEP 88034-605 Telefone: 48 3028.4484 www.housemag.com.br


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12 what’s up 18 jade gola 20 fazendo acontecer 22 memórias em vinil 26 comportamento 30 isaac varzin 30 opinião 34 volta no tempo 34 e se... 38 tribaltech 2012 44 management 48 bruna calegari 50 magic island 52 clubland 54 enquanto isso... 58 tabloide 58 dj interview: roman flügel 60 dj interview: mitch 62 capa 71 lançamentos 72 carlo dall anese 74 matthew hawtin 78 instamomentos 80 dicas da angel 82 lounge 84 automotor 86 consumo 88 street style 90 moda 99 coberturas 120 tech news 122 ilan kriger 124 technoaudio news · música · lifestyle · tecnologia 126 coluna dj _

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©2012 Playboy. PLAYBOY E O DESENHO DA CABEÇA DO COELHO SÃO MARCAS DA PLAYBOY E USADAS SOB LICENÇA DA PLAY BEVERAGES LLC.


COLABORADORES Alexandre Bezzi foi colunista musical dos sites Chic e Lilian Pacce, e editor de conteúdo do saudoso Fiberonline, um dos primeiros sites de e-music do Brasil. Em 2003, recebeu uma homenagem do grupo de electropop CSS, que gravou uma música com seu nome. Começou a se aventurar nos decks em 1999 na lendária Torre do Dr. Zero, em São Paulo, e desde então, nunca parou de tocar. “A música eletrônica é a trilha sonora dos momentos mais divertidos da minha vida”, conta. Ele assina a matéria “Metamorfose Criativa”, na página 26.

Nascida em Belo Horizonte, e com o sonho de virar diplomata, Juliana Jabour embarcou aos 15 anos para os Estados Unidos, onde terminou o ensino médio e cursou Política Internacional na Georgetown University. Mas foi somente depois de morar em Londres que ela descobriu o tino pela moda. Hoje, Juliana Jabour virou nome de marca, já desfilou 10 temporadas no Fashion Rio e desde janeiro de 2011 apresenta coleções no evento mais importante da moda brasileira, o SPFW. Na página 86, ela escolhe cinco looks que usa no dia a dia.

Wesley Razzy é brasileiro, mas mora em Londres. Faz parte do coletivo de música Rhythmatic e, como poucos, já tocou em eventos e clubs como Fabric, Cocoon Heroes, Jaded e Moon Harbour Showcase – isso tudo embalado a fortes influências de Detroit misturadas a atmosferas intimistas. Nosso mais novo colaborador falou com uma das mentes mais brilhantes da música eletrônica atual, o alemão Roman Flügel.

Acácio Acácio – assim mesmo, escrito duas vezes – é paranaense de nascimento e paulistano de coração. Em 2010, ganhou o concurso Todo Dia Criativo, que concedeu uma bolsa no renomado Instituto Europeo di Design. Mesmo com o pouco tempo de profissão, já foi estilista da marca Mulher Elástica, está participando de um projeto com Pedro Lourenço e já colaborou com revistas como Vogue, L’Officiel, Capricho e site do SPFW. Nesta edição, ele assina a produção do nosso editorial de moda.

Acadêmica de jornalismo, Mariana Censi trabalha na edição do portal de música eletrônica SeeOne, de Balneário Camboriú. Com quase 21 anos, aprendeu e descobriu em seis do que realmente gosta. Não é DJ, nem sabe tocar um instrumento, mas sabe bem apreciar a boa música. “Tenho facilidade em escrever, em repassar informação e sentimento quando falo do que me fascina”, diz. Na bagagem, poucos anos de experiência, porém, tudo vivido com muita intensidade. Nesta edição, ela assina a saga House Mag de clubs pelo mundo, a seção Clubland.

Foi passando por lugares exóticos e brincando de fotografar os amigos que Gabriel Henrique descobriu a paixão pela fotografia. Ex-modelo, começou como assistente na África do Sul e não parou mais. Gosta do que é novo e de viajar. “Música é o que me move e me traz inspirações. Já a fotografia me levou a lugares onde nunca imaginei chegar”, conta. Esta edição é dele: além de fotografar nossa capa, Gabriel assina o editorial de moda “Romantismo do Século XXI”.

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A PRIMEIRA FRANQUIA DAS AMÉRICAS DO MELHOR CLUB DO MUNDO.

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BALNEÁRIO CAMBORIÚ - SANTA CATARINA

VERÃO 2012/2013

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what’s up

Imagens: Divulgação

Santa Catarina recebe edição do TEDx Em 2012, o TED, organização mundial voltada à “disseminação de ideias” através de conferências, terá uma edição em Santa Catarina. O evento, que já passou por Florianópolis em 2010 e deve voltar à capital do Estado em abril de 2013 está agendado para o próximo dia 10 de novembro na cidade de Tubarão. Fundado em 1984 nos Estados Unidos, o grupo (que não tem fins lucrativos) se espalhou pelo mundo e nos últimos anos cresceu no Brasil através da paltaforma TEDx, que permite eventos locais e com organização independente. O mote do TEDx são palestras que não podem ultrapassar 18 minutos. Para mais informações: tedxtubarao.com

Nosso podcast já está no ar! Nós, da House Mag, respiramos música. E por isso, nada mais justo do que ser uma ponte entre ela, aqueles que a fazem e você. No mês de setembro, estreamos o Podcast House Mag, uma série com mixes de artistas nacionais e internacionais. Para a edição 001, convidamos o DJ e produtor Rodolfo Wehbba, brasileiro que vem lançando por alguns dos mais importantes selos do mundo. “Procurei deixar a mixagem bem dinâmica. Acho legais podcasts assim, que você pode ouvir na academia, trabalhando, tomando um drink com os amigos ou num after”, conta. Já o mix número 002 foi assinado pelo catarinense Daniel Kuhnen, que fez uma mistura de músicas novas e antigas. Vem mais coisa boa por aí!

Turismo clubber Esqueça o trabalho de ter que comprar passagens, ingressos e reservar hoteis só pra fazer aquela viagem para um festival de música. Com o crescimento da música eletrônica e, consequentemente, de seus fãs, hoje várias agências brasileiras já são especializadas apenas em pacotes para grandes eventos de música eletrônica. Festivais internacionais como o Tomorrowland e Creamfields Buenos Aires, muito populares entre o público brasileiro, são alguns dos destinos que possuem pacotes completos, além dos nacionais Creamfields Brasil e XXXperience. Agências como a Inside Music Land e Thelles E-Music são algumas das especializadas nesse tipo de serviço.

Conteúdo exclusivo do Twice Nice Mais de 10.000 fãs no Facebook, 500 mil acessos em vídeos no Youtube e milhares de plays no Soundcloud. Acesse os canais oficiais do Twice Nice e tenha acesso a conteúdos exclusivos, agenda, download de músicas, promoções, vídeos, fotos e muito mais. Facebook: /twicenicemusic

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Quem é o Elekfantz? Em meio a tantos nomes talentosos despontando nos charts e sets mundo afora, um deles tem chamado a atenção pela discrição e mistério. Trata-se do Elekfantz. Não se sabe se o projeto é um coletivo ou apenas um produtor, mas o sucesso da faixa “Wish”, lançada pelo selo alemão Kompakt apenas em vinil, e a indicação de artistas como Gui Boratto fizeram surgir diversas especulações de quem estaria por trás do trabalho. Muitos apostam que se trata de um alter-ego do próprio Boratto, que negou a autoria no canal YouTube.


Kraftwerk no hall of Fame do rock’n’roll A banda menos rock’n’roll da qual se tem notícia está prestes a integrar o Rock’n’Roll Hall of Fame, localizado em Cleveland, Estados Unidos. Trata-se do Kraftwerk, conjunto alemão que é ícone para 10 entre 10 admiradores da música eletrônica. A notícia tomou de assalto fãs do rock, no entanto ninguém ousou questionar se o Kraftwerk, criador de hits eletrônicos como “Autobahn” e “The Robots”, merece figurar em um museu – mas sim o quão rock é a essência da banda. Para aumentar ainda mais a indignação dos roqueiros de carteirinha, a banda de hip-hop Public Enemy também foi indicada para compor o time do Hall of Fame. Sabendo disto, agora pare e imagine o jornalista roqueiro que escreveu aquele polêmico texto “Música Eletrônica Não é Música”...

Warung lança selo

Rock In Rio eletrônico?

Comemorando 10 anos de vida, o Warung Beach Club lançou durante o ADE (Amsterdam Dance Event) seu próprio selo. Segundo o release oficial, o Warung Recordings será uma plataforma para reunir e incentivar o trabalho e o talento de músicos brasileiros e internacionais. O primeiro EP, intitulado #001, foi lançado digitalmente em lojas virtuais como iTunes, Juno e Beatport, trazendo duas faixas do belga Kolombo e um remix do curitibano Ricardo Albuquerque. Até o fim de 2012, deve ser lançado o segundo trabalho do novo selo.

O mega festival Rock In Rio pode ter uma versão eletrônica em 2015. Embalado pelo sucesso mundial da EDM e pelo crescimento espantoso do setor, o empresário a frente do RIR, Roberto Medina, anunciou recentemente que pretende criar um evento específico para abrigar as batidas eletrônicas. “Estou super animado. Seria como um filho do Rock in Rio. A ideia é começar no Rio de Janeiro em 2015 e depois exportar para Madri, Lisboa e Argentina”, disse, afirmando que o planejamento do evento está bastante adiantado.


Ultramelt no topo de vendas do Beatport Formado pelos DJs e produtores Jorge Junior e Chrizz Luvly, o projeto Ultramelt está fazendo a cabeça dos fãs de música eletrônica. Com menos de uma semana de lançamento, o EP “On Earth” entrou para os 100 mais vendidos do Beatport nas categorias Progressive House em 2º lugar, Electro House em 3º e Geral em 9º. A surpresa não foi só dos artistas – a gravadora brasileira de electro house “Dirty House Army”, que lançou o EP, também mal pode acreditar no feito. Criado em 2011, o projeto tem o intuito de levar a pegada agressiva do electro ao house progressivo que se tornou habitual nas pistas de hoje. Apesar de ser relativamente novo, o Ultramelt pretende investir pesado em produção musical nos próximos meses. Conheça mais sobre a dupla: soundcloud.com/ ultramelt

The X-Factor for DJs chega ao fim O crítico musical inglês Simon Cowell, conhecido por fazer comentários pouco amigáveis no programa American Idol, confiou no poder dos DJs para iniciar, em janeiro deste ano, o programa “The X-Factor for DJs”, um show de talentos para aspirantes a DJs. A apresentação mostrava cruamente a comercialização pela qual a música eletrônica estava (e está) passando, e foi criticado por inúmeros artistas como Steve Lawler, que fez uma paródia do programa exibindo bons DJs tocando – e sendo criticados por Cowell – contra os DJs ruins sendo elogiados por todos os jurados. A boa notícia – não tanto para Will Smith, co-produtor do programa – é que o The X-Factor for DJs foi cancelado e o lugar para os DJs foi novamente transferido para onde eles merecem estar: as pistas. O motivo, segundo portais ingleses, foi uma briga interna entre os produtores.

Top DJs do mundo virtual

DJs brasileiros no Lollapalooza O consagrado festival Lollapalooza chega ao Brasil para sua segunda edição em março de 2013, contando com três dias de festa. Dentre os nomes que figuram no line-up, chama a atenção a forte presença de projetos eletrônicos ou apresentações ao vivo de artistas brasileiros. Nomes como Gui Boratto, Copacabana Club, Boss In Drama, Wehbba, Bruno Barudi, Marky – com seu novo projeto Technostalgia, que trabalha clássicos da música eletrônica –, Database, Mixhell, Dirtyloud e Stop Play Moon também estrelam no festival, completando o que promete ser uma grande demonstração do talento nacional eletrônico.

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Brian Eno revela “Lux” Após sete anos de hiato, o produtor e compositor britânico Brian Eno lançará, no dia 15 de novembro, um álbum solo – mais um para integrar a vasta colação do autor que, após sair da banda Roxi Music nos anos 70, tem sido considerado “Deus” pelos músicos de diversas vertentes mundo afora. Sua contribuição musical foi fundamental na criação do estilo ambient, parte vital da música eletrônica que depois veio a criar diversos gêneros como o próprio minimal. O álbum terá 75 minutos divididos em 12 faixas e será baseado, em toda sua extensão, na exposição que acontece na Grande Galeria de Venaria, em Turin (Itália).

Mark Zuckerberg criou um monstro. Tão logo o algoritmo do Facebook começou a ser copiado, sites que medem a popularidade de pessoas e marcas em mídias sociais surgiram e já se transformaram em índices do que é considerado mais popular, ou melhor, também no mundo real. Um exemplo claro é o topdeejays.com, que analisa a popularidade de artistas do mundo todo em mídias sociais. Você pode escolher pesquisar por país, por estilo ou por mídia (Facebook, YouTube, Twitter), mas os resultados não deixam de ser questionáveis: Amon Tobin ser o DJ mais popular no Brasil ou Progressive House ser o estilo mais tocado no mundo são indícios de que alguma coisa no algoritmo está errada. Mais um bom exemplo de que listas de “melhores DJs do mundo” são cada vez menos confiáveis. De qualquer forma, não custa acessar e se divertir com os resultados, às vezes compreensíveis e outras simplesmente bizarros.


live2.com.br soundcloud.com/live2 facebook.com/livetwo twitter.com/livetwo youtube.com/live2official

PHONE: + 55 11 2367 2325 MOBILE: + 55 11 9.9484.9930 FAX:+ 55 11 2367 2314 SKYPE: HYPNO3012 HYPNO@HYPNO.COM.BR

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XXXperience faz a maior edição da história do evento E já que é tempo de festivais de alta qualidade no Brasil, a XXXperience caprichou na produção deste ano, com David Guetta e Armin Van Buuren como headliners do Love Stage nos dias 18 e 19 de novembro, respectivamente. Segundo a produção do evento, esta será a maior edição do festival até hoje. A nova fase se dá pela parceria que a empresa No Limits, tradicional realizadora da XXX, acaba de fechar com a GEO Eventos – responsável por trazer o Lollapalooza ao Brasil. Pela primeira vez, o festival será realizado em dois dias. Aproximadamente 60 projetos devem se apresentar, entre eles os internacionais Sharam, Hardwell, Jamie Jones, Solomun, Skazi e Infected Mushroom, e brasileiros como Ultramelt, Dirtyloud, Renato Ratier, Flow & Zeo e Rolldabeetz. A XXXperience foi criada em 1996 sob influências da cultura de Goa, na Índia. Os ideais de paz e amor continuam até hoje, materializados nos nomes dos três stages da edição 16 do evento: Love, Union e Peace.

Será o fim do club Cocoon? Depois de rumores sobre a possível falência de Sven Väth e sua Cocoon, o site da marca anunciou em setembro que o club de Frankfurt entrou em administração judicial. A nota ressalta que o selo, o label party e o club são empresas independentes, ou seja: a falência de um não afeta o andamento dos outros. Segundo o texto, Väth não tem responsabilidade pelo ocorrido, colocando que ele “é o visionário, provedor de ideias e o curador musical por trás do conceito do club, mas nunca esteve envolvido em nenhuma das operações diárias de negócios”. A equipe do Cocoon Club está fazendo o possível para salvar a casa e lamenta as possíveis perdas de empregos.

Crossfest em 3D

Erick Morillo vira nome de rua A cidade Union City, localizada no estado de Nova Jersey (EUA) acaba de ganhar uma rua intitulada Erick Morillo Way. Nascido em Columbia, o DJ superstar mudou-se para a nova cidade ainda pequeno e foi lá que deu os primeiros passos como DJ. A cerimônia de nomeação aconteceu no último dia 11 de outubro. Ele não é, porém, o único nome da house music a virar nome de rua: Frankie Knuckles também tem sua própria, em Chicago. Comentários em fóruns pela Internet sugerem as próximas nomeações: Sven-Väthstraße, na Alemanha, e Rue Laurent Garnier, na França. E no Brasil, será que a moda pega?

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O festival eletrônico mais importante da Bolívia será realizado dia 10 de novembro em Santa Cruz de La Sierra. Na edição 2012, as projeções serão em 3D, e o line up contará com a presença de 4strings, da Holanda, do norte-americano Harry “Choo Choo” Romero, do espanhol D-Formation, dos brasileiros Anderson Noise e Ricardo Lin, LSDA Live, da Argentina e dos bolivianos Lecter & Marco Cuba, Melean & Minimal Delux, Bmau & Souza, Franche & Audax e Bpierre & Peto. A expectativa é de que evento repita o sucesso do ano passado.

Season Bookings nos principais eventos do país Desde que foi fundada, há apenas dois anos, a agência mineira Season Bookings, que representa no Brasil e América Latina por volta de quarenta projetos de diversos países, tem sido destaque no line up de grandes eventos nacionais. Para os próximos meses, isso não será diferente. Em outubro e novembro, doze artistas da agência estão escalados para apresentações nos festivais Euphoria, no Rio de Janeiro, Alien Trip, no interior paulista e XXXperience, em Itu, também no estado de São Paulo. Entre os artistas, estão Darth & Vader, V. Falabella, Sheff, Captain Hook, Elay Lazutkin, Animalis, Day Din, Fabio Fusco, FTampa, Krama, Alok e Liquid Soul. É assim que a Season contribui cada vez mais para a propagação da boa música em todo o território nacional. O público agradece!


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JADE GOLA

Thom Yorke in the mix

Em NY, um DJ set sob tornado e obras de arte ajuda a entender a obsessão de um rockstar por uma droga musical: o ritmo eletrônico Foi sob chuva torrencial e nuvens negras que surgiram da rabeira de um tornado que este colunista presenciou um momento bem peculiar da música atual: um rockstar brilhando como um DJ talentoso e descompromissado. Foi num sábado úmido de setembro em Nova York, mais precisamente na festa Warm-Up, que rolou na filial do Queens do museu de arte contemporânea da cidade, o MoMa. A estrela a que me refiro foi o indefectível Thom Yorke, que ao lado do produtor Nigel Godrich encerrou a molhada festa com um DJ set de duas horas, iniciado com a apresentação de um par de músicas que Thom cantou acompanhado dos beats de um MacBook. Era material fresquinho do Atoms for Peace, banda de turnê solo do Thom que agora volta à ativa com vida e beats próprios. Não que o Radiohead seja a banda mais propriamente roqueira do cenário musical, mas os rumos tomados por Thom Yorke em direção à música eletrônica complexa são um exemplo certeiro do fascínio que beats e synths exercem sobre os mais conceituados músicos. A gente pode traçar um paralelo lá no fim dos anos 70, quando o já rockstar e ícone comportamental David Bowie se encantou com os poderes nutridos pela música dançante e mecânica. Thom e Nigel encararam mixagens no MacBook (não consegui sacar qual o software) num fim de tarde que teve ainda o eclético DJ nova-iorquino Justin Strauss, a estoniana Maria Minerva berrando versos freestyles sobre noise music perturbada, e ainda o dubstep pop e cristalino do inglês Rustie. Se a festa serviu para a dupla apresentar algumas das canções novas do Atoms for Peace, entre elas o recém-lançado single

“Default”, ambos estavam ali para tocar e fazer dançar, e tal papel foi cumprido com Nigel focado no hip-hop classudo, tão comum ao público de Nova York, enquanto Thom Yorke destilou um shuffle de suas preferências eletrônicas, pop, rítmicas e conceituais. Como produtor dos maiores clássicos do Radiohead e grande biblioteca musical ambulante, era esperado que Nigel Godrich portasse mixagens efetivas e suaves, atenuadas ainda pela gritaria do público empolgadas por hits de gente como Beastie Boys e Grandmaster Flash. Já Thom Yorke, mesmo descompromissado na seleção e seguro na sua função de expressar RITMO, parecia tenso ou inseguro em uma mixagem ou outra. Flagramos alguns daqueles momentos em que o DJ calcula por muito tempo as viradas, cues e sincronias, geralmente se mostrando desatinado quando suas tentativas se frustram (foi o caso quando Thom soltou uma bem pesada do Modeselektor, o corte não deu certo e ele teve que começar do zero). Mas a cautela, que lembrava até mesmo de um jovem músico apresentando no início de carreira, foi um ingrediente perspicaz na festa. Combinou com o caos instalado de gente se empurrando para ficar perto dos DJs e das caixas de som, as filas intermináveis para cerveja, tempo úmido que fazia crescer musgo na barra da calça e obras artísticas e experimentais que combinavam com a proposta sonora esquisitona. Thom e Nigel trouxeram a tudo isso um clima de festa caseira, quando o melhor iPod entre os convidados está ligado. Só que imagine Thom Yorke na sua festa… Momentos de ragga, Major Lazer, minimal e deep techno. Dubstep diluído e com bass tão

pesado que desafiava o córtex cerebral, jazz swingado e improvisado, que fazia Thom dançar na frente das caixas de som como se ali estivesse o sentido de toda a música do mundo, uma sensação tão intensa e comum aos amantes de Radiohead e afins. Se Thom Yorke parece uma pessoa perturbada, que tem na música a fuga para emoções intensas e difíceis de expressar, ao ver ele como DJ surge outra impressão. A de um cara sensível, que encontra na dance music e no ecletismo eletrônico, improvisado e mecânico, novas opções e experiências sonoras que fazem o corpo mexer de um jeito novo. É como uma droga, que bate mais do que qualquer emoção que ser rockstar pode proporcionar. O novo single do Atoms for Peace, “Default”, já está nos iTunes e YouTubes da vida. É uma canção simples, quase minimalista, que representa o extrato que Thom (e Nigel) tiram de pesquisa de ritmo e layers musicais sobrepostos. Uma canção em que a hipnose é induzida pelos vocais de Thom, que surgem após longa contemplação de ritmos intricados e synths espaciais. Isso tudo descrito parece pedante até, mas é simplesmente música dançante e bonita. Se você já notou um certo ar de enfadonho no seu rockstar ou banda predileta, torça para que eles virem DJs. E assim como o Thom Yorke, eles podem encerrar um set cheio de referências e sabores sonoros com “Baby Love”, aquela doçura pop universal e gigantes das Supremes, o clima de apoteose perfeito para a música dançante e universal. ■ * O site Pitchfork reuniu as músicas do Atoms for Peace e as fotos da festa no MoMA no link: senta.la/hedm

jade gola Jornalista musical em busca de novas formas, sons, ideias, artistas e tecnologias. Da internet para o impresso, do digital para o real. Música eletrônica como parâmetro cultural e visão de mundo. jadegola@gmail.com

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FAZENDO ACONTECER No Paço das Artes O espaço, que em 2013 deve apresentar a festa Laço a cada três meses em sua programação, aparece como uma alternativa cultural na capital paulista. Em outubro, serão duas exposições: “Eu sou o que tu és, e tu serás o que fui”, que conta com curadoria de Josué Mattos e é composta por obras de artistas como Albano Afonso, Bill Viola, José Rufino e Marina Abramovic “The Fourth Wall” (A quarta parede), que apresenta uma grande instalação com projeções e fotografias assinadas pelo artista alemão Clemens von Wedemeyer.

no paço da laço! Arte, música e experimentalismo se encontram num prédio situado na Cidade Universitária da USP. A festa Laço, dos amigos Márcio Vermelho e Bruno Nogueira, encontrou o local perfeito para perpetuar esses elementos por Felipe Kopanski Sinônimo de amizade, união e vínculo, um laço pode simbolizar muitas coisas, do cadarço de um tênis a uma fita no cabelo. No caso da festa Laço, essa amarra representa uma harmoniosa combinação entre música e artes visuais. Idealizada em 2010 pelo DJ e produtor Márcio Vermelho – mais focado na escolha dos DJs e em detalhes técnicos do som – e pelo designer Bruno Nogueira, que cuida da seleção dos artistas e da cenografia, esse tipo de laço se diferencia ao propor um ambiente de troca de experiências e interação entre público, artistas, obras e, é claro, música. “Há alguns anos eu vinha planejando começar uma nova festa onde pudesse explorar facetas musicais e visuais mais experimentais, apresentando o som que eu e muitos DJs não tocamos nas pistas, mas adoramos. Queria reunir pessoas interessantes em torno disso, criar uma espécie de plataforma para novos artistas, todos com liberdade de experimentação e reunidos em um ambiente de festa, ou seja, conectados por diversas áreas da produção cultural”, detalha Márcio Vermelho, que também é residente na festa Freak Chic, no clube D-Edge. Apesar de não possuir uma periodicidade definida e de não estar restrita a um único local ou cidade, a festa Laço, que já passou pela Casa das Caldeiras (em parceria com as festas Voodoohop e Gente que Transa) e, inclusive, realizou uma edição no Rio de Janeiro (no Espaço Comuna), acabou encontrando um lugar adequado para acomodar sua proposta:

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o Paço das Artes, um prédio da Secretaria de Estado da Cultura que abriga um museu e fica situado dentro da Cidade Universitária da USP. Mas por que esse laço no Paço soou tão bem? “A Laço se propõe a ser uma festa e também uma exposição. Trata-se de um evento que ocorre durante o dia e com entrada livre. Um lugar de visitação com obras e instalações, mas sem a atmosfera sisuda de um museu clássico. É para passar à tarde e experimentar novas sensações”, explica. Em sua quinta e mais recente edição, a segunda no “amplo e lindo” subsolo do Paço, a Laço já se sentiu e contou com a casa. Realizada no último dia 29 de setembro, a festa, além das atrações musicais e da exposição, ainda abrigou uma mostra de curta-metragem e o Paço Criança, uma atividade lúdica voltada para os pequenos. Distante do padrão pista de dança, a busca pelo fora do comum, é claro, também se estende ao som. “A música é um dos elementos que compõem o ambiente de imersão sensorial proposto pela Laço. Então, logo após um live de música experimental, pode começar um inusitado DJ set e, em seguida, uma performance audiovisual composta apenas de ruídos”, completa Vermelho, ao adiantar que anda estudando sound art e tem planos de incorporar luz e música em projetos futuros. ■ Saiba mais: facebook.com/festalaco

Na última foi assim A programação musical do evento contou com Hubert, Maurício Fleury, Thomash Haferlach e a banda The Drone Lovers. O DJ Márcio Vermelho fez uma apresentação ao vivo acompanhado pelo multi-instrumentista Tchelo Nunes, enquanto as obras de artistas como Astronauta Mecanico, Bel Falleiros, Leo Stroka, Pedro Sasso (Saci) e Tiago Luz compuseram a atmosfera do ambiente.


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MEMÓRIAS EM VINIL

cinco capas, cinco histórias por Gustavo Pamplona

Para falar nesta edição, escolhi o DJ, pesquisador e comprador de vários estilos musicais Ruben Roca. Natural da Espanha, ele começou sua coleção em 1994 comprando downtempo e acid jazz, e em 1995 foi morar em Londres e Amsterdã, onde ampliou sua pesquisa musical. Hoje coleciona discos de soul, funk, house, disco e breaks, e quando toca, mistura todos esses estilos como ninguém. Morou em Florianópolis de 2002 até 2006, mas atualmente reside em Barcelona. Para conhecer o som dele: soundcloud.com/in2you

George Clinton & The P-funk All Stars Pis The Funk

The Detroit Experiment The Detroit Experiment

Beautiful Swimmers Funkineven Open Shadow Chips/Sweets

[P-Vine Records 1993]

[Planet E 2003]

“Uma coisa que eu gosto muito “Um dos melhores discos que

[Future Times 2011]

[Apron Records 2012]

Ajukaja & Maria Minerva Nii Hea [Porridge Bullet 2012]

são os “pequenos grandes” comprei este ano! Também se “E para completar a família, dois “Obra prima cheia de sutileza, discos de 7 polegadas. Acho que destaca pelo seu design. O vinil não podemos esquecer do vinil amores da minha coleção de muito bom trabalho do princípio poderia ser uma boa alternativa tem fundo branco com pigmentos de 10 polegadas, do qual só música de funk, soul, jazz, e ao fim do disco. É uma viagem às para continuar comprando discos de várias cores. Não vem com foram lançadas 200 cópias. das edições japonesas que se terras do nu jazz. Acredito que de vinil. Atualmente, podemos capa, mas sim em um envelope Comprei este disco em minha “Começo

falando

sobre

juntam neste disco excepcional. faltam palavras para falar deste encontrar muitos Bandcamp de papel para presente e um última expedição musical em Troquei ele com um amigo por selo, que na minha opinião é um que os vendem diretamente a selo dourado. Foram editadas Manchester. Uma música muito preços semelhantes ao digital. somente 250 cópias dessa eclética, com uma capa e uma um LP original de uma banda de dos melhores que existem” funk da Nigéria que tinha pago uma boa grana, em uma loja de Amsterdã. Esse disco abre no meio e tem umas fotos muito surpreendentes.”

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Recomendo

que ouçam mais maravilha. Sem falar da música contracapa muito divertidas. É referências do selo Future Time, é incrível e, o produtor, um dos um dos favoritos de minha filha.” que é muito interessante.” mais promissores da atualidade.”


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C

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COMPORTAMENTo

metamorfose

criativa criativa criativa criativa

Ao decidir experimentar novos gêneros, muitos artistas enfrentam a reprovação do público, são acusados de seguirem a onda do momento e de não terem uma identidade. Mas para alguns, mudar de estilo significa a sobrevivência da própria criatividade. Seria mesmo ruim assumir uma nova persona musical?

por Alexandre Bezzi

Virar a casaca, trair o movimento e reinventar-se são termos que, às vezes, causam terror em artistas que não gostam de sair da zona de conforto. Alguns preferem bater na mesma tecla por anos; já outros, preferem dar a cara para bater e encarar críticas severas de seus fãs de outrora. Em alguns casos, infelizmente comuns nos dias de hoje, o artista se vê obrigado a seguir as tendências do mercado para garantir a sua sobrevivência. Usar um alter ego para começar do zero é uma tática pertinente. Se o artista ficou conhecido dentro de um determinado estilo, mas quer mostrar seus novos rumos a um público diferente, essa é uma boa saída, até para manter a dignidade de seus trabalhos anteriores. É errado afirmar que alguns DJs nasceram naturalmente sortudos. Muitos erraram, fracassaram, mas nunca deixaram de tentar coisas diferentes. Imagine que tédio ficar décadas tocando a mesma coisa? Isso é a morte para uma alma criativa. A seguir, conheça a trajetória desses heróis da música eletrônica que viraram o jogo a seu favor, de nomes que gozam do estrelato a outros respeitados até hoje no underground.

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Fatboy Slim É impossível falar sobre o assunto “mudança de estilo” sem lembrar de Norman Cook (aka Fatboy Slim). Ele iniciou seus passos no mundo da música tocando baixo na banda de indie pop The Housematrins, responsável por alguns sucessos não muito lembrados hoje, como “Build” e “Caravan of Love”. Mas foi apenas quando assumiu os toca-discos e mudou seu nome artístico que o sucesso realmente bateu à sua porta. Além de ser um dos principais nomes ligados ao big beat nos anos 90, Fatboy é presença obrigatória em grandes eventos e, é claro, nas festas de fim de ano com vista para o mar.

1983-1988 Foi baixista da banda indie The Housemartins.

1989-1992 Entra na banda Beats International e faz sucesso com o single “Just Be Good to Me”, faixa com toques de reggae que continha um sample da banda punk The Clash. Isso gera o primeiro processo por uso indevido de um trecho de música na história.

1993-1996 Cria os projetos de música eletrônica Pizzaman e Freakpower , começa a ganhar credibilidade na cena techno inglesa.

1996-2012 Sai em carreira solo com o nome de Fatboy Slim. Desde então, está muito bem tocando house, obrigado.


Skrillex

Cut Chemist

The Prodigy

Outro que trocou o rock por laptop, controladoras e sintetizadores foi o festejado Sonny John Moore, mais conhecido como Skrillex. O jovem produtor foi vocalista do grupo de hardcore From First to Last e gravou dois álbuns entre 2004 e 2006, antes de dedicar-se ao dubstep que começava a fervilhar no cenário alternativo eletrônico. Ele conseguiu o feito de virar uma referência no estilo que abraçou. Há pouco tempo teve uma passagem bombástica pela versão brasileira do festival Lollapalooza.

Cut Chemist, nickname de Lucas MacFadden, esteve em grupos de funk como Ozomati e também no cultuado projeto de hip-hop Jurassic Five. Após esses dois períodos distintos, ele deixou sua marca como uma das lendas do turntablism. Mesmo trocando de área sonora, nunca desagradou seus antigos seguidores e atualmente teve a necessidade de incluir dubstep em seus DJ sets recheados de scratches.

The Prodigy é um nome que vale ser citado no hall da fama das mudanças radicais. Os quatro rapazes de Essex, no Reino Unido, chamaram a atenção da mídia no início das raves, e apostavam na acid house com todos seus elementos básicos (que iam dos vocais atonais ao indefectível pianinho contido em quase todas as faixas da época). Em 1996, Liam Howlett, mentor do grupo, resolveu usar bases mais agressivas e incluir baixo, bateria e guitarra, dobrando o peso das apresentações ao vivo. O resultado foi o consagrado “The Fat of The Land”, até hoje o maior sucesso comercial deles. O disco trazia uma urgência antes vista só em trabalhos ligados ao punk rock. Graças a àquele novo direcionamento, o techno chegou de vez à xiita massa roqueira.

1993 – 1997 2004 – 2007 Passa pela banda de hardcore From First to Last assumindo os vocais.

2007 – 2009 Troca o rock pela eletrônica e produz o single “Mora” assinando como Sonny.

2010 – 2012 Assume a identidade de Skrillex e transformase numa referência no dubstep. É indicado ao Grammy e ao International Dance Awards, ganha prêmios e bate de frente com nomes comerciais como Tiësto e David Guetta.

Começa o grupo de rap Unitty Committee e ficam conhecidos na cena alternativa de Los Angeles.

1998-2001 Faz parte do grupo Ozomati que mistura funk com música latina.

2002 – 2007 Seu nome fica ainda mais respeitado durante os anos no cultuado grupo de hip-hop Jurassic 5.

2007 – 2012 Sai numa criativa carreira solo absorvendo diversas influências que vão da bossa nova ao dubstep.

1990 – 1994 The Prodigy começa fazendo apresentações em clubes e raves, e em 1992 lançam “Experience”, um marco na história da dance music. Em 1994, sai “Songs for The Jilted Generations”, uma prévia do que seria o grupo nos próximos anos.

1995 – 2000 Lançam “The Fat of The Land”, viram sucesso mundial e saem numa extensa tour mundial apresentando seu mix de techno e rock.

2000 -2004 O grupo passa por mudanças em sua formação e após um hiato de quase oito anos, lançam o álbum “Always Outnumbered, Never Outgunned“. Sua sonoridade voltada ao electro desagradou críticos e fãs.

2005 – 2012 Deixam sua antiga gravadora XL Records, fazem uma turnê baseada em seu Greatest Hits e em 2009 lançam o bem sucedido “Invaders Must Die”, que une a sonoridade raver dos anos 90 com o electro maximal. Até hoje lotam estádios e são nome respeitado por diversos públicos.

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Larry Tee

Bob Sinclar

Diplo

O ex-promoter e club kid Larry Tee começou a tocar em 1989, dedicando seu tempo à cena house que tomava de assalto os EUA. A palavra de ordem era subverter e organizar festas fora de controle, em casas e galpões abandonados. Larry se tornou notório mundialmente no início dos 2000 ao cunhar o termo “electroclash” na mídia especializada. O nome era usado para identificar um som que utilizava o electro dos 1980 como base, aliado a uma nova roupagem e forte apelo fashion. Quando a fonte começou a secar, o DJ associou sua figura ao movimento do electro maximal, que vinha da França através do selo Ed Banger. Ele já esteve diversas vezes no Brasil.

Responsável pelo hit chiclete “Love Generation”, de 2006, o DJ francês nem sempre foi tão pop como as produções que o consagraram. Em seus primórdios esteve envolvido com hip-hop e funk, e se apresentava com um nome interessante: Chris The French Kiss. Neste caso, pode-se dizer que o personagem deu espaço ao criador. Bob Sinclar continua frequentando as paradas de sucesso e é um grande nome em seu país de origem.

Se existe alguém eclético nos decks, ele atende pelo nome de Diplo. O figurão atua como produtor, compositor e rapper, mantém seu próprio selo, o Mad Decent, e está à frente do Major Lazer, projeto influenciado por música jamaicana. Seus DJ sets passeiam pelo funk carioca, electro house, kuduro e pelo onipresente dubstep. Diplo tem em seu currículo parcerias com artistas como M.I.A., Snoop Dogg, No Doubt e nosso Bonde do Rolê.

1989-1992 Envolve-se na cena house de Nova York, cria a festa Love Machine e em 1990 compõe “Supermodel” para o drag cantor Ru Paul.

2000-2005 Vira mentor da marca Electroclash, que vira festival. Sai pelo mundo discotecando faixas de artistas como Peaches, Fischerspooner e Scissor Sisters.

2009 – 2012 Flerta com o pop e o electro maximal. Lança o álbum “Club Badd” e passa a ser um remixer requisitado de artistas que vão de La Roux a Lady Gaga.

1986 – 1997 Apresenta sets de funk e hip-hop nos clubes franceses, sob a alcunha de Chris The French Kiss. No final da década de 90, lança o single de house “Gym Tonic”, produzido por Thomas Bangalter do Daft Punk.

1998 – 2003 Vira um dos nomes fortes da invasão da french house. Mesmo assim, seu som continua a ter mais apelo comercial do que o de seus colegas de som. A faixa “The Beat Goes On” consagra seu nome.

2002 – 2004 O jovem produtor lança “Sound & Fury” e “Florida”, dois trabalhos voltados ao hip-hop. Pouco tempo depois, se interessa pelo funk carioca e visita o Brasil para ver esse fenômeno de perto.

2004 – 2010 Produz o álbum de estreia, “Arular”, da cantora M.I.A. Começa a apresentar sets que misturam indie rock, pop, ragga, rap e funk carioca.

2010-2012

2003 – 2012 Lança o disco “Western Dreams”, que contém o mega hit “Love Generation”. Desde então, está na lista dos DJs mais conhecidos do mundo. Deu uma guinada no som, e muitos ouvintes antigos torceram o nariz e o acusaram de ter se vendido.

Cria o Major Lazer, sai em turnê mundial e inclui doses generosas de dubstep em suas apresentações como DJ.

Depois de citar alguns artistas respeitados, temos a dura tarefa de lembrar também daqueles que não vieram de estilo musical nenhum e hoje estão na eletrônica. Exparticipantes de reality show, peguetes de famosos e subcelebridades esquecidas que usam a profissão DJ como seguro desemprego ou oportunidade para voltar o mais breve possível aos holofotes. Muitos oportunistas sem nenhuma intimidade com CDJs e pick-ups pagaram seus micos pessoais, fizeram a alegria de blogs voltados a desmascarar falsos DJs e colocaram uma pergunta na cabeça dos leigos: “É tão fácil assim ser DJ?”. Não, esse caminho é difícil e os vários nomes citados acima estão na ativa para, felizmente, comprovar isso. Mudar de estilo não pode ser encarado como algo negativo e prejudicial à carreira. É uma nova oportunidade para dar vazão à sua criatividade. Evoluir tornou-se imprescindível nos dias de hoje. Se até os grandes fazem isso, por que você também não se arrisca? ■

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SUA MÚSICA

Não existe almoço

grátis!

Já ouviu falar em dinheiro social? Em tempos de compartilhamento e livre circulação de informações, cobrar por sua música em moeda pode não ser a melhor ideia por Isaac Varzin There ain’t no such thing as a free lunch. A frase do título se refere a uma prática comum no século XIX, quando bares americanos ofereciam almoço grátis aos clientes que pedissem pelo menos uma bebida na mesa. Obviamente, a promoção atraía centenas de clientes interessados numa boquinha, geralmente baseada em alimentos bastante salgados como presunto, queijo e crackers, e que acabavam deixando seus dólares empilhados em garrafas de cerveja que acompanhavam a refeição.

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A frase é largamente utilizada nos universos da Administração e da Economia, mas também encontra lugar de destaque na questão da música grátis. Afinal, existe realmente almoço gratuito? Na verdade, em alguma ponta do processo você estaria pagando: se não na comida, na bebida. E quanto à música? É um bom negócio oferecer a nossa música totalmente de graça ou vale mais garantir que os clientes paguem pelo menos pela cerveja?

Nos últimos anos, tornou-se comum pensar que oferecer música gratuitamente é a melhor estratégia para um artista se lançar no mercado e alcançar a fama, basicamente por três motivos:

música free 1 Maximiza a possibilidade de o artista ser descoberto;

2 É uma divulgação gratuita; 3 Pode se tornar viral em compartilhamentos nas redes sociais.


Ideias para vender sua música usando “dinheiro social”: Pague com um e-mail Este é básico do básico. Crie em seu site um banco de dados para coletar os e-mails das pessoas que baixam suas músicas. Desta forma, o fã dá plena autorização para que você bata à porta dele enviando e-mails com informações sobre novos lançamentos, datas de shows e tours.

Pague com um Tweet

Mas na verdade, a menos que você já possua uma grande base de fãs que faça o compartilhamento valer a pena, o momento em que alguém baixou a sua música provavelmente será o último em que você ouviu falar desse “novo fã”. Essa situação passa a ser interessante somente para aqueles artistas que já converteram fãs em seguidores, aqueles que não apenas baixam suas músicas, mas mostram para os amigos, ajudando você a conquistar um novo público. Naturalmente nos vem à mente o caso do Radiohead, que ao disponibilizar seu disco “In Rainbows” pelo “preço que o fã acreditava que deveria pagar”, viralizou a informação e ampliou sua base de fãs ainda mais – além, é claro, de faturar muito mais dinheiro nos seus shows. Porém, se você ainda não está nesse nível, a sua estratégia deveria ser outra. O que um artista novo precisa é transformar essa relação de via única (público baixando as músicas) em uma relação de benefício para ambos os lados. Ou seja, você ainda deve continuar cobrando por sua música, mas não necessariamente com um valor financeiro – hoje em dia, o dinheiro social vale muito mais que o dinheiro em cifras. Pense em formas de usar sua música para encher sua reputação, e não exatamente a sua poupança. No momento em que isso acontecer, você terá transformado fãs em seguidores, o que abrirá muitas outras portas de entrada de dinheiro que não apenas a venda das suas músicas no iTunes. Em dias de compartilhamento e de informação livre, o artista deve saber como oferecer seu almoço grátis. Qual é a sua estratégia para fazer com que o cliente não apenas tome uma cerveja junto com o almoço, mas volte no dia seguinte com mais amigos entusiasmados? O pagamento com dinheiro social pode ser uma boa ideia. Além de muita fome, é claro! ■

Há quem diga que o Twitter está em queda, mas indubitavelmente ainda é uma das grandes frentes socias no mundo todo. A ideia de pagar com um tweet é simples: “Quer baixar minha música? O.K., tudo o que você deve fazer é enviar um tweet para sua rede de contatos dizendo que acabou de fazer isso!” Claro que esse é um sistema que faz sentido somente se você tem interesse em ser uma presença forte no Twitter. Se não, pode ser tempo disperdiçado.

Pague com um “curtir” O Facebook é onde todos estão neste momento, ou seja, você também tem que estar lá. A ideia de disponibilizar o download para quem curtir a sua fanpage é muito boa, e além de ter o aspecto viral – já que os amigos do fã conseguem ver que ele fez isso –, deixa o usuário dentro da sua rede de contatos.

Bandcamp bandcamp.com

“Se usados corretamente, os bens sociais podem alavancar a carreira de uma banda. O capital social pode ser revertido em, por exemplo, melhor valor de cachê. Você pode chegar para o promoter e dizer: ‘Olha, minha fanpage tem trocentos mil likes, meu vídeo no Youtube tem tantos milhares de views’. Isso serve como um seguro pro promoter”

Pedro D’Eyrot DJ e produtor dA banda Bonde do Rolê

O site oferece um sistema que libera o download de uma música, EP ou álbum em troca do cadastro de um e-mail. É um sistema eficaz e gratuito.

Static HTML Este é um aplicativo de uso bem simples, que você pode usar em sua fanpage. Entre outras coisas, ele dá a opção de conteúdo exclusivo para quem curtir a página, diferenciando assim os fãs dos usuários que apenas o visitam.

Tweet For a Track www.tweetforatrack.com Um sitema gratuito que além de permitir customizar o Tweet e rastrear os enviados, pede um e-mail de cadastro para quem usar o sistema. Vitória dupla!

Pay With a Tweet paywithatweet.com Sistema mais conhecido. Embora não peça e-mail de cadastro, oferece um widget para você inserir o sistema de download em qualquer outro site.

“Notoriedade de web não traz dinheiro se você não tiver uma outra parte que se esforce à moda antiga, buscando gigs e dinheiro para pagar as contas. O dinheiro social da web, que vem em forma de reconhecimento, é válida se o artista tiver como fazer com que ele se transforme em shows. Se não, o artista digital que só é reconhecido terá que trabalhar em alguma outra coisa pra ter o que comer”

Chernobyl Produtor, DJ e guitarrista da Comunidade Nin-Jitsu www.housemag.com.br

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OPINIÃO

Além da caixa por Claudio da Rocha Miranda Filho Jamais no Brasil tivemos tamanha quantidade de festivais, festas, clubes, DJs, produtores, agências e negócios em geral ligados ao mercado de música eletrônica. O dinheiro está circulando, os contratos estão sendo fechados e a cadeia produtiva prolifera cada vez mais robusta. Em novembro próximo teremos, talvez, o mês mais agitado de todos os tempos! Sul e Sudeste estão pegando fogo, com uma programação de arrepiar. Já comprou seu ingresso? As discussões ou dissertações das quais participo ou tomo conhecimento, tangem, em sua imensa maioria, a temas como: as vertentes da “nova eletrônica”, a profissionalização do mercado, o famoso “todo mundo é (quer ser) DJ”, os novos softwares e suas multifunções, a inflação dos top DJs e onde isso vai parar, clube comercial versus clube conceito, e por aí vai… Mas aqui neste artigo, caros leitores da House Mag, faço o convite para uma reflexão um pouco além desta superfície, um tanto quanto funcional, digamos, sem diminuir a relevância de cada um desses temas da indústria. Em tempos de Olimpíadas e Copa do Mundo, escuto governantes e organizadores desses mega-eventos falarem muito uma palavra: legado, algo que se deixa de valor – ou não – para o futuro. E quando o universo é o de música eletrônica no nosso país e tudo que circula de informação aqui, já parou para pensar se esse emaranhado de conteúdo e posturas deixará algum “legado” para a sociedade? Documentários como o “How Clubbing Changed

the World” pipocam aos montes e mostram a influência e a força desse tipo de cultura no mundo, atuando sobre diversas áreas da sociedade. Aqui no Brasil, será que a cultura de música eletrônica já é de massa e influencia – ou influenciará – o nosso dia a dia? Não vou me arriscar a dar uma opinião. Não neste momento. Meu objetivo aqui é levantar algumas questões, fazer pensar. Entusiastas e profissionais do ramo, como isso tudo que vivemos intensamente tem contribuído para o nosso cotidiano, seja na balada ou fora dela? Ao sair de casa para “aquela festa” do fim de semana, como e em que grau cada atitude que tomamos influencia o meio em que vivemos? Educamos – ou deseducamos – de alguma forma, e como? Será que, na balada, convivemos bem uns com os outros, respeitamos a fila, o espaço do outro na pista, pedimos licença? Respeitamos os funcionários da limpeza, do bar, os seguranças? Preservamos a estrutura e a cenografia do espaço? Por vezes bebemos um pouco acima da conta, mas e a nossa conduta, a nossa postura, estão adequadas? E a sustentabilidade? Festivais são construídos sob esse complexo tema, mas será que está funcionando? Você joga seu lixo no cesto certo? Usa bicicleta elétrica ou pensa em alguma forma de economizar energia? O clube ou festival que você frequenta separa o lixo? Em alguns casos seria melhor perguntar se recolhem o lixo… E os valores? Será que o camarote no alto, segregado dos mortais, banhados à champagne

com foguinho na rolha, e a ostentação de bens materiais é o melhor que temos de nós para mostrar ao outro? É esse o approach que funciona? Para quem? E a questão das drogas? Depois de tanta desinformação e descriminação da era das raves, será que a música eletrônica ajudou de alguma forma a encontrar caminhos para se conviver e respeitar a droga, ou quem faz uso dela? E o cigarro, não é proibido em ambientes fechados? Então por que ainda se fuma tanto nestes espaços, desrespeitando a todos? Visitando outros países, outras culturas, dá para ver que temos muito a melhorar, a desenvolver, a educar por aqui. E também que o “clubbing”, ou o nightlife como cultura pode ser um meio de informação e de transformação, dentre outros, para uma geração mais tolerante, igualitária, humana, sociável, com respeito ao próximo e ao ambiente em que se vive, algo um tanto além da caixa…. E que será percebido no futuro próximo! Existe um alto grau de responsabilidade em cada um de nós ao sairmos de casa para nos divertir, dançar ou encontrar amigos; em cada atitude, estaremos expressando as nossas verdades, os nossos valores, um sentido maior que todos nós temos, poderoso e que pode “transformar o mundo”. Nada de clichês, voltemos à caixa de som. Basta realizarmos que é com esse mesmo espírito que, juntos, fazemos valer aquela energia inconfundível da uma pista de dança com amigos, onde tudo faz sentido e não há nada melhor! Pequenos gestos, grandes mudanças.■

Claudio da Rocha Miranda Filho Diretor executivo da Directa Produções, sócio-fundador do Rio Music Conference e das casas 00 Rio e São Paulo.

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VOLTA NO TEMPO

Fim de Século

No fim dos anos 80, um club que tinha a liberdade como combustível abria em Porto Alegre, e um público hedonista encontrava seu espaço em terras gaúchas por Bruna Calegari O espaço de estrutura pouco chamativa, localizado na Avenida Plínio Brasil Milano, era onde a festa começava tarde da noite e se arrastava até o amanhecer. No comando do som, o aclamado disc-jóquei Gaudêncio Orso usava fitas K7 e discos de vinil recheados do que havia de melhor, do rock de Smiths ao soul-pop de Tim Maia, para criar o clima no dancefloor. A mescla do crowd fazia do local a pedida certa para uma noite divertida e sem preconceitos. Era 1987 e nascia em Porto Alegre um espaço que aglutinava atores de teatro, produtores, jornalistas, músicos, gays, famosos, loucos e – principalmente – jovens. Um lugar batizado com um nome pouco comum, rapidamente tornando-se um refúgio para seus frequentadores e uma lenda para as futuras gerações boêmias da capital gaúcha. Um clube que se chamava Fim de Século. Seja nas roupas ou na música – ambas dissonantes, coloridas, futuristas –, o fim dos anos 80 clamava por hedonismo. Como era de se esperar, com o tempo a aura moderninha do local começou a atrair um novo estilo de som que nascia no mundo. Com batidas mais marcadas, o estilo em que vocais de diva uniamse a sintetizadores começou a dominar o Fim de Século. Era o acid house que havia acabado de encontrar um lar em terras gaúchas. Foi no clube que ele se hospedou, se criou e fez a cabeça das pessoas para o estilo da década que estava por vir, os anos da infâmia, do PLUR, da diversão sem hora para acabar – os anos 90.

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O público gostou, e muito. Foi gostando cada vez mais. E pouco se importava com luxo e ostentação: era a aura de liberdade que imperava lá dentro. Juan Rodrigues, dono da Beehive Club de Passo Fundo, ilustra a experiência do “inferninho”: “Frequentei algumas vezes o clube. Lembro que era bem precário, o bar vendia cerveja em garrafa de 600ml e os DJs muitas vezes faziam eles mesmos a iluminação da pista. O público era bem distinto, e na época que fui, tinha até uma pista gótica. Era divertido, a galera ia lá, fazia vibe, se divertia. Sem falar nas gurias lindas, alternativas. Se colocasse uma delas numa festa nos dias de hoje, seria a gata da noite, tenho certeza!”

onde a liberdade era o maior combustível são nomes conhecidos no Rio Grande do Sul, assim como fora do estado e até do país. Foi lá, por exemplo, que Mozart Riggi, nome que posteriormente iria contribuir com diversas produções de progressive house e techno para a cena nacional, iniciou sua carreira. De acordo com Mozart, o lugar tinha um charme todo especial, e as pessoas estavam em seus lugares: “Não era como hoje em dia que todo mundo quer ser DJ. Tocar com vinil era uma arte, era difícil, charmoso. O público na pista não era DJ, e se animava muito com as tracks que você escolhia. Era uma experiência única toda vez que eu tocava lá, e olha que toquei durante todas as sextas-feiras de 1995 a 1999!”, conta.

Fiel e diversificada, a “galera” do Fim de Século passou por fases. Segundo a exhostess Taty Suarez, “cada estilo teve a sua época e cada época seu público. No início era uma tribo, que com o passar do tempo foi aumentando e se ramificando”. E junto com o público, os próprios estilos da música eletrônica nasceram e criaram ramificações. O Fim de Século passou por todas as etapas: foi do acid house ao trance, do progressive house ao techno pesado. A música evoluía, e quem diz que a cena underground não segue modas se engana redondamente ao analisar o histórico de um clube como aquele e tantos outros no Brasil e no mundo.

Outro nome que iniciou recortando e colando fitas K7 e timidamente aventurando-se por detrás da cabine de som foi Fabrício Peçanha, respeitado DJ e produtor e atual integrante do grupo Life Is A Loop, um dos shows mais conhecidos e amados no Brasil. Fabrício chegou a tocar no clube no início da era eletrônica, em 1991. Mas foi em 2001 que o techno que apresentava com maestria catapultou o DJ para o posto de ícone de uma geração eletrônica, estendendo sua fama e talento para além dos pampas gaúchos e tornando-o referência em música eletrônica dentro e fora do estado. Como coloca o designer Juliano Ferrari: “Através da música do Fabrício, muitas pessoas conheceram a agitação da música eletrônica que começava a borbulhar no Rio Grande do Sul. Principalmente o techno que,

É claro que junto com cada estilo, destacavamse os maestros. Os comandantes daquela nave


naquela época, em 2001, 2002, era bem mais pesado e reto. O pessoal costumava chamar de lenha!”

de música eletrônica. Mas a alegria dos talentos locais e do público ainda estava por vir. Segundo todos os entrevistados, o boom da cena porto-alegrense aconteceu logo após o fechamento do Fim de Século em 2003/2004, com o clube Spin e diversas festas que aconteceram pela região – mas esta, no entanto, é outra história.

O Fim de Século chegou a ser uma referência tão forte no início dos anos 2000 que inaugurou até mesmo um espaço chill out/cult em Porto Alegre. Segundo a jornalista Nádia Rocha, do portal Poabeat, “o Fim de Século Coffee O Fim de Século fechou suas portas em 2001 Shop tinha lojas e um bar com discotecagem, para tornar-se o clube Neo, que apesar de com uma decoração glam. Muitas vezes, as muito festejado, não conseguiu ater-se à pessoas saíam da faculdade, trabalho ou sua identidade original criada nos anos 90. escola e iam tomar café ao som de um DJ. E, Após ter iniciado um ciclo completamente de quebra, assistiam a um desfile”, lembra. novo e tornado centenas de pessoas fiéis E aquela mistura de música, cultura e moda ao movimento sócioera comum no clube, que cultural que é a música por vezes recebia em sua eletrônica, é impossível pistinha pop, chamada “Não era como hoje em dia não reconhecer o Deep Bar, a Mix Bazaar, que todo mundo quer ser estimado valor que um ainda segundo Nádia, a DJ. Tocar com vinil era uma clube como o Fim de maior feira de variedades Século teve para Porto do estado – fundada e arte, era difícil, charmoso. Alegre e toda a região. organizada pelo então O público na pista não era Se ainda hoje buscamos DJ residente Eduardo DJ, e se animava muito com uma prova de que a Herrera. Outro talento as tracks que você escolhia”, diversidade e a liberdade que foi desvendado pelo são fundamentais para Fim de Século foi o DJ lembra Mozart Riggi que qualquer pessoa, Double S., referência em independente de sua música na capital por classe social ou opção sexual, possa se muitos anos e que continua tocando até hoje. divertir, o inferninho gaúcho definitivamente é uma delas. ■ Ao aproximar-se do início do milênio, parecia que tudo estava perfeito para os fãs gaúchos

As mais tocadas no Fim de Século Your Loving Arms, Billie Ray Martin Missing, Everything But the Girl In the Guetto, David Morales www.housemag.com.br

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E SE...

Fotografia: Divulgação

Como seria o mundo da música eletrônica se...

O português fosse a língua mais falada do planeta por João Anzolin Não há dúvidas de que o inglês é uma língua universal. Os chineses e o seu mandarim podem estar à frente em números, mas a presença da anglofonia ao redor do planeta é incomparável: nenhuma outra língua está tão espalhada e tem tanto poder como a inglesa. Assim, é normal que expressões em inglês se proliferem nos mais diversos ramos profissionais, inclusive na música. Quando o assunto é música eletrônica, então, o fato de ela ter nascido e se disseminado majoritariamente

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na Inglaterra e nos Estados Unidos faz com que a presença de palavras e expressões em inglês seja dominante nesse cenário. Mas, e se não fosse assim e a língua dominante no planeta fosse o nosso português? Com 250 milhões de falantes espalhados pelo mundo, a língua de Camões está longe de ser tão poderosa como a inglesa, mas está presente em quatro continentes. Pensando que talvez a história fosse diferente, e o reino de Portugal

tivesse estendido as suas conquistas e poder de um modo muito mais abrangente, você já parou pra pensar em como seriam os nomes que estamos acostumados a usar? Será que os DJs gostariam de dizer que tocam “música casa”, a house music? Ou uma página na internet se chamaria “Portal da Batida”? Confira algumas das anomalias linguísticas do nosso mundo imaginário.


No âmbito dos clubs

E os artistas?

Fábrica

Homem Plástico

Fabric, clube de Londres

Plastikman

Portão da Água

Ratomorto

Watergate, clube de Berlim

Deadmau5

Campos de Creme

Jaime Jonas, dono do selo Criações Quentes

Creamfields, festival inglês

Jamie Jones, do Hot Creations

Cozinha de Deus

Departamento de Arte

Godskitchen, festival inglês

Art Department

O-Limite

A vida é uma volta

D-Edge, clube de São Paulo

Life is a Loop

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Lavanderia Chinesa

Acima & Além

Chinese Laundry, clube em Sydney

Above & Beyond

Vale Verde

Cãez e Gatoz

Green Valley, clube em Camboriú

Catz and Dogz

Vale do Sonho

João Cava-erva, dono do selo Cama de Pedra

Dream Valley, festival de Santa Catarina

John Digweed, do Bedrock

Túnel do Tempo

Cogumelo Infectado

Time Warp, festival alemão

Infected Mushroom

Colméia

Passafogo

Beehive, clube de Passo Fundo

Dubfire

Terra do Amanhã

Demétrio de Paris

Tomorrowland, festival belga

Dimitri From Paris

Céu

Lucas Descontraído

Sky, clube de praia de Balneario Camboriú

Laidback Luke

Espaço

Punk Maluco

Space, clube de Ibiza

Daft Punk

Privilégio

Pedro Linga, apresentador Mistura Essencial

Privilège, clube em Juiz de Fora e Búzios

O segredo para o O segredo para o sucesso do seu sucesso do seu negócio está por negócio está por trás dos códigos. trás dos códigos. Descubra! Descubra!

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do

programa

Pete Tong, do Essential Mix

Ministério do Som Ministry Of Sound, clube de Londres

Damião Lázaro, dono do selo Rebeldes da Cidade Cruz e promotor da Festa Rebelde

O Armazém

Damian Lazarus, do Crosstown Rebels e Rebel Rave

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Warehouse, clube em Leeds

Julio Batemais Penetra

Julio Bashmore

Gatecrasher, clube em Birminghan

Lobo + Cordeiro

Nomes de música “O Prazer que vem do baixo”, de Tiga “Embaixo dos lençóis”, Maceo Plex

Wolf + Lamb

Estevão Inseto Steve Bug

“Fique louco, bebê”, Maceo Plex

Kaskata

“Festa o tempo todo”, Sharam

Kaskade

“Por aí”, Noir & Haze

Marcos Cavaleiro, dono do selo Sala de Ferramentas Mark Knight, Toolroom

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Tribaltech

2012

A última? Talvez, mas com certeza a melhor por Graziella Ranno e Ricardo Lin Sob um luar que apareceu tímido entre as nuvens e gelados ventos que sopravam em direção a Fazenda Heimari, o público ia se aglomerando em frente aos portões de acesso ao local da festa. Foi assim aquele sábado de setembro em Curitiba, antes do início da última e polêmica Tribaltech. Polêmica, pois a apenas uma semana do evento, a organização decidiu eliminar a segregação que haveria entre backstage e pista, já que foram pouco mais de 400 ingressos vendidos para esta última área. Foi uma buzinada infernal pelas redes sociais que, no fim das contas, não alterou em nada a qualidade da Tribaltech. Os portões foram abertos aproximadamente às 22h30, para delírio das mais de 5 mil pessoas que já aguardavam ansiosamente – o público, no total, foi de 20 mil pessoas. As primeiras batidas vindas do curitibano Ilan Kriger, que abriu os trabalhos no palco principal, intitulado Black Tarj Stage, já embalavam quem se encontrava na fila. Estava iniciada a jornada épica. Para quem entrava na festa e caminhava em direção àquele palco, a sensação era de espanto com o tamanho e a qualidade da estrutura erguida. Do meio da pista, o público pode se sentir praticamente como em uma arena, com elevados camarotes nas laterais. Na questão da estrutura, a edição de 2012 não ficou devendo em nada para nenhum outro grande festival. Pelo contrário: atingiu um padrão que será difícil de superar.

cerca de ¼ da área da fazenda, a edição 2012 estava tão imensa que só foi possível ter uma ideia do tamanho após o nascer do sol. Os palcos e bares estavam bem distribuídos, mas em determinado lugar era necessária uma pequena caminhada para ir ao banheiro, algo bem tolerável. O preço dos bares, que foi alvo de muitas reclamações no ano passado, neste não foi diferente: estava acima da média praticada pelos clubs em geral. Mas tudo isso se tornou apenas detalhe quando se lembra do conceito da festa, o mais bem elaborado até hoje. O underground foi o grito de guerra oficial, guiando desde a decoração até o line up. O palco do Centro Europeu AIMEC e o Track Top Stage reuniram muitos artistas da cena local, dando espaço inédito ao pessoal que está chamando atenção. Parecendo uma festa à parte devido ao tamanho – foi o segundo maior palco –, o Psy Stage fez a alegria dos ravers que têm ouvidos mais atentos, trazendo artistas brasileiros e gringos que representam lado menos comercial do gênero. Uma das partes mais elogiadas do festival foi o Vibe Stage – assinado pelo club curitibano –, que foi carregado com o sistema de som Funktion One. E foi assim, em meio à boa música, que a festa terminou, às 5 da tarde. A Tribaltech 2012 não foi um festival qualquer. Raríssimas foram as críticas pós-evento, e a sensação que ficou para todos é de que aquela não deveria ser a última.

Diferente dos anos anteriores, que utilizavam www.housemag.com.br

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Digno de um grande festival europeu, o line-up foi a melhor parte da festa O Black Tarj Stage recebeu Dubfire, Magda, Format B, Boris Brejcha, D-Nox, Dave Clarke, Gustavo Bravetti, Rolldabeetz, Ilan e Aninha. Psy Stage: Avalon, Krome Angels, Easy Riders, Killerwatts, Symphonix, Shadow Fx, Ace Ventura, Tetrameth, Protonica, Scotty (VooV Festival), Element e Sarshas. Club Vibe Stage: Pillowtalk, Crazy P, Danny Daze, NTFO, Wildkats, Neighbour, Funky Fat, Renato Ratier, Gromma, HNQO e Fabo. O Centro Europeu AIMEC Stage e o Track Top Stage reuniram muitos artistas da cena local, dando um espaço inédito ao pessoal que está chamando a atenção.

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ALAN WATKINS

Se o seu release se parece com isso...

You’re doin’ it

wrong!

O DJ Blábláblá sempre amou música. Desde criança, conviveu com sonoridades como blábláblá e deep blábláblá. Seu pai tinha uma coleção de discos como The Blábláblá e Bláblábacas. Foi em 2000 e blábláblá que o DJ decidiu se dedicar a arte de mixar tracks e nunca mais parou. Após sua primeira gig no ano blábláblá, foi considerado um fenômeno da música eletrônica. Não demorou muito até que o DJ Blábláblá obtivesse reconhecimento de público e mídia. Seu som passeia por várias vertentes da e-music, desde psy-blábláblá até deep blábláblá, passando por acid e drunk. É um dos pouquíssimos DJs que consegue juntar no mesmo set sonoridades como caribbean blábláblá e digaragaticara blábláblá. Atualmente é considerado referência nacional e promessa internacional. Em 2000 e blábláblá conquistou a posição 000blábláblá no sub-ranking do site internacional the.blablablamusic.com. Naquele mesmo ano, durante sua primeira visita a Ibiza – arquipélago que é a meca da música eletrônica mundial – foi chamado para tocar na famosa balada The Kingdom of Blábláblá. Desde então, já fez turnês internacionais em países como Blábláblá, Blábláblá e República do Blábláblá. Ainda em 2000 e blábláblá, fez uma participação bombástica no programa Blábláblá Live. Hoje, o DJ utiliza as mais diversas tecnologias para montar seus sets e cada noite é uma experiência única. Atualmente é um dos DJs que mais crescem na preferência do público. Recentemente remixou uma track do DJ Dr. Monster King Blábláblá, que tornou-se uma das mais tocadas nas rádios de cidades como Blábláblá, Blábláblá e Nova Blábláblá. Já dividiu as cabines com DJs como Blá Blábláblá, Dr. Blábláblá, M. Blábláblá, T. Blábláblá, Miss Blábláblá, Sugar Blábláblá, Blábláblá Live Duo, Blábláblá Mandala, Blábláblá Dark Live Percussion, Blábláblá Live Lata, Blábláblá DeuzoLive e o top mundial internacional Blablablaster! Além disso, teve uma passagem marcante por clubs como Blábláblá, Blábláblá, Blábláblá, Blábláblá, Blábláblá, Blábláblá (infinitamente). Apaixonado pela sua arte, o DJ Blábláblá é sinônimo de pista cheia e muita diversão! ■

Alan Watkins Publicitário, músico e apaixonado por criatividade. alanwbc@gmail.com

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MANAGEMENT

O dilema das agências de

DJs

Com um número de artistas que, muitas vezes, vai além da própria capacidade, muitas agências brasileiras já não conseguem elaborar um plano de carreira para cada um dos DJs – e passam a ser meras vendedoras de datas. Mas essa realidade parece tomar novos rumos por Carolina Schubert Em teoria, fazer parte de um grande time agrega valores e conceitos àqueles que conseguem um lugar entre os escalados. Pode parecer que falamos de futebol, mas não é somente dentro das quatro linhas que vale tal “regra”. Em qualquer área, os profissionais buscam por empresas renomadas, pois essas dão destaque ao currículo e à carreira. Como não poderia ser diferente, esse formato chegou ao mundo da discotecagem refletido no que chamamos de “agências de DJs”. No Brasil, elas conquistaram o mercado na mesma velocidade em que novos disc-jóqueis foram surgindo, e hoje, algumas empresas são destaque no mercado nacional por apresentarem castings bastante extensos, formados por nomes brasileiros e gringos. Em contrapartida, no exterior a realidade desse “comércio” segue por outra tangente. Na Europa e nos EUA, o trabalho costuma ser feito entre pequenos grupos com afinidades musicais, sendo mais intimista e focado. Muitos selos como Rebels Agency, Cocoon e Def Mix também contam com bookers, responsáveis por cuidar da carreira de determinados DJs. Inclusive, a Def Mix está entre as mais respeitadas do mundo, por conta do simples fato de Judy Weistein – a primeira manager de DJs do mundo – ter sido responsável pela criação desse nicho, há 25

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anos. No casting deles está ninguém menos que Frankie Knuckles, o pai da house music, e o brasileiro Memê, que esclarece: “Os artistas são escolhidos a dedo pelo conjunto da obra, pelas possibilidades que trazem e, acredite, pelo entrosamento pessoal entre todos os agenciados e a própria Judy.” Além de fazer parte da norte-americana Def Mix, Memê também optou por trabalhar com uma booker exclusiva no Brasil. A relação com Mariana Verzaro começou quando ele fez parte de uma grande agência onde ela atuava como booker, mas em determinado momento, com a saída de Mariana da empresa, os resultados começaram a cair. “Liguei para ela, e disse: ‘Vamos?’ Ela topou na hora”, conta. A partir daí, além da independência e volta do bom rendimento, Memê ainda ganhou a parceria de outra agência, não exclusiva, que atua no mesmo compasso de competência e segurança de Judy, que muitas vezes deixa de ganhar 20% em cima das gigs do DJ brasileiro. “O interesse dela é empurrar a minha carreira, e se precisar, fica sem ganhar nada. Isso, sim, é parceria”, coloca. Para ele, as vantagens de trabalhar nesse formato são claras e objetivas: “O Brasil por si só já é uma espécie de continente eletrônico, onde há um número gigante de gigs que nenhum outro país oferece, e isso obviamente acontece também pela sua grandeza geográfica. Portanto, quem cuida exclusivamente disso já tem trabalho demais. Já no exterior, há diferentes línguas, territórios e cenários, normalmente ainda não conquistados por nenhum booker brasileiro. Vamos chegar lá, tenho certeza, mas os gringos ainda estão muito à frente no que diz respeito a conhecer esses territórios e tê-los em sua carteira de clientes. Claro, eles estão fazendo isso há mais de 20 anos. Não dá pra competir ainda. Cada macaco no seu galho.”

DO LADO DE LÁ Ao que tudo indica, como em diversos segmentos, as tendências gringas, quando o assunto é agenciamento de DJs, estão fazendo a cabeça dos brasileiros. Recentemente, alguns pequenos times começaram a chamar atenção. É o caso da Modular Management, que soma 15 artistas e surgiu com o objetivo de atender os clientes (artistas/promoters) com o maior cuidado e atenção. “A agência só irá crescer em quantidade se conseguirmos trabalhar com a mesma qualidade no tamanho que estamos hoje”, conta Monique Dardenne, manager da Modular. Ela acredita que, dessa forma, o artista ganha um atendimento mais pessoal e, consequentemente, com mais qualidade. “O tratamento, a atenção, o cuidado, são coisas que andam pesando muito, além da quantidade de gigs. O artista quer resultados, quer ver o seu crescimento, quer tomar conta da sua imagem, quer conversar, e numa agência pequena com poucos artistas, você consegue dar mais atenção a isso.” Em contrapartida, o mercado ganha movimentação e se destaca quem tem um serviço diferenciado e focado. “A concorrência é saudável, é assim que se profissionaliza o negócio, que no Brasil ainda tem muito que caminhar”, completa Monique, fazendo mais uma observação: “Pode ser que algumas agências venham se destacando e fazendo trabalhos que tenham gerado um certo tipo de visibilidade que só as agências tradicionais tinham. Mas não vejo isso como tendência, até porque continuamos acompanhando fusões entre grandes agências, e até clubs abrindo as suas próprias.” Do lado dos “compradores”, um dos nomes mais em alta do momento – com o sucesso da Tribaltech – acredita que esse movimento de novas e diferenciadas agências no mercado

brasileiro é positivo, sim. “Quanto mais pessoas trabalhando e fomentando esse segmento, melhor. Muitas vezes, uma festa pequena lá no interior consegue conquistar um novo adepto seguidor de musica eletrônica que, futuramente, vai frequentar minhas festas. O mesmo acontece com as agências. Quanto mais DJs tiverem algum tipo de suporte e auxílio, por mais tempo eles ficarão na cena, e consequentemente serão propagadores que colaboram com o aumento da cena como um todo, e isso é bom pra todo mundo”, opina Jeje, empresário da T2 eventos. Diante desse cenário que se renova com rapidez, parece que o marcador chegou à democratização da “venda”. Batalhar para pertencer a um grande time deixou de ser o caminho mais promissor a seguir. O leque se abriu, e, provavelmente, esse vai ser mais um forte denominador nas mudanças de mercado que estão por vir.

Monique Dardenne, manager da Modular Management: “O tratamento, a atenção, o cuidado, são coisas que andam pesando muito, além da quantidade de gigs. O artista quer resultados, quer ver o seu crescimento”

“Quanto mais pessoas trabalhando e fomentando esse segmento, melhor”, coloca Jeje, empresário da T2 eventos

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Nós, DJs, vivemos obrigatoriamente de momentos altos e baixos. Mesmo sendo natural, essa oscilação não faz de você um DJ pior. Muitas vezes, no momento de ‘baixa’, para surpresa de todos, você começa perdendo a atenção dentro da própria agência. E você se pergunta: ‘O que houve? Isso não deveria ser assim

polêmico memê Ao conversar com a House Mag sobre bookings e todo contexto envolvendo o nicho, Meme colocou na mesa uma opinião um tanto polêmica: “Managers não são para todos.” Nós, DJs/artistas, vivemos obrigatoriamente de momentos altos e baixos. Ninguém é número 1 para sempre, e isso acontece também no exterior. Elegemos Fatboy Slim o melhor do mundo, depois fizemos o novo Fatboy ser Bob Sinclar, e agora o novo Bob é... David Guetta. Isso sem falar no Tiësto, que ninguém mais corre para ver, como acontecia antes. Mesmo sendo natural, essa oscilação não faz de você um DJ pior, mas tende a mudar o foco sobre você. Muitas vezes, no momento de “baixa”, para surpresa de todos, você começa perdendo a atenção dentro da própria agência, quando nesse momento eles partem para olhar para outros DJs, pois, normalmente, agências registram no mínimo mais de 30 DJs em seu casting. E numa hora dessas, você se pergunta: “O que houve? Isso não deveria ser assim”. Mas pelo menos 90% das agências são desse jeito, e ponto final. Muita gente se desilude, pois a grande confusão é achar que agência é gerenciadora de carreiras, mas na verdade, são apenas vendedores de datas, tal e qual uma agência de domésticas. E, obviamente, escolhem trabalhar com os que estão “em alta”, pois o trabalho é mais fácil e rápido. O que vale dentro de um escritório desses é quanto cada um pesa. Agora vem a diferença. Quando você entrega seu booking para uma pessoa específica que foca somente em você (ou no máximo em três/quatro pessoas), todos os problemas citados

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acima desaparecem instantaneamente, pois ambos passam a depender um do outro. É como um casamento, onde o manager/ booker confia tanto no seu trabalho, que bota 100% dos esforços em empurrar você, e indiretamente ganha também, formando um círculo lucrativo. Porém, essa oportunidade é muito rara, pois como ainda estamos engatinhando na construção de profissionais dedicados e competentes, a grande maioria que prefere começar com apenas dois DJs, não resiste e acaba com 45. A comparação geral pode ser mais ou menos assim: em agências, somos como nobres p****, onde você entrega seu tempo e trabalho, e mesmo rebolando ao máximo, fica esperando clientes e dependendo sempre do seu intermediário – que tem várias outras p**** pra cuidar. Já um manager ou booker pessoal são família. O círculo é pequeno, e por isso, de inteira confiança e intimidade, onde ninguém deixa de ser lembrado 24hs por dia. Não estou dizendo que agências são dispensáveis, muito pelo contrário, são absolutamente necessárias a todos nós. Mas a realidade é uma só: você pode passar a vida se “prostituindo”, mas se achar uma pessoa ideal, casa. A meu ver, esta será uma tendência sim, mas quase VIP, pois tal e qual comparei, casamento não é para todos, e managers também não. ■


Todas as quartas 22:00

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BRUNA CALEGARi

E você, gosta de EDM? Electronic Dance Music. Senhoras e senhores, este é oficialmente o novo nome que damos à música eletrônica. Bonitinho, mas já nasceu polêmico: enquanto críticos e especialistas afirmam em conferências que é assim que vamos chamar a música eletrônica daqui pra frente, a mídia norte-americana escracha com a sigla EDM, tornando-a sinônimo do novo som americano, uma mistura de dubstep, electro e euro trance. O problema é que para quem conhece e gosta da música eletrônica há tantos anos, é exatamente essa misturinha radioativa que queremos bem longe da definição do que gostamos e conhecemos. E agora, José? É engraçado/triste ver como o público norteamericano está aprendendo a lidar com esse tema em grande escala. Enquanto os jovens alucinam em festas para milhares de pessoas com glowsticks, colares neon, roupas de bichinho etc., achando que tudo isso é uma grande novidade, DJs e produtores locais tentam justificar que estão nessa há muito tempo e convencer a mídia de que de novidade não tem nada. Mas, claro, se não aconteceu nos EUA antes, não pode ter acontecido no mundo! Não é esse o princípio do pensamento norte-americano? Kaskade, que é uma das sensações nacionais e apresenta um tipo de som muito menos pior do que o que está surgindo por aquelas bandas, publicou recentemente uma nota em seu blog dizendo basicamente: olha só pessoal, não é novidade tudo isso que está nos tomando de assalto; esse movimento existe já fazem quatro décadas, veja,

temos Kraftwerk e Brian Eno, não foi a Lady Gaga que inventou a batida 4x4. O próprio Skrillex, dono de um estilo de som que deixa pessoas mais velhas (acima de 18?) de cabelo em pé, agradeceu a seus predecessores quando recebeu o Grammy neste ano, inclusive o pessoal ali do sul de Londres que criou o estilo que ele fez a maior questão em detonar, o dubstep – chamado agora de brostep, por ser um som mais masculinizado, de brother.

o pior tipo de som que existe, o eurotrance, voltou com tudo. E tudo isto é explicado pela misteriosa “lei dos revivals” que começou na década passada: agora é 90’s time for America, baby! Some a isso uma tendência mundial no universo jovem que é o lúdico e a necessidade dos jovens de fazer parte de um grupo da moda. Pronto: você tem uma juventude burra, que só pensa em festa, só enxerga o próprio umbigo e, como 99% dos adolescentes, ouve música barulhenta.

O fato é que a proporção em que as coisas estão acontecendo por lá é assustadoramente grande. Jornais como o The Atlantic e até o New York Times publicaram matérias sobre a explosão do estilo no país e a Forbes publicou um estudo sobre os DJs mais ricos do mundo. A Rolling Stone, referência mundial em rock´n´roll, ousou colocar Deadmau5 na capa de sua edição de julho deste ano, anunciando uma matéria com o próprio, além de um especial sobre EDM – com direito a menções a drogas, Nicolas Jaar, Soul Clap e Berghain, diga-se de passagem. Um show de horror que coloca tudo no mesmo saco, como o próprio Kaskade diz que deve ser.

E como a música eletrônica como nós conhecemos e gostamos vai ficar depois disso?

“Isso é realidade?” você deve estar se perguntando. É sim, mas como sempre que atinge o patamar da massa, uma realidade bem distorcida. Em termos simples, o que acontece é um revival dos anos 90 em grandessíssima escala. Os clubbers agora são chamados de Kandi Kids, por parecerem pirulitos gigantes, e o ecstasy voltou com força total, junto com a Ketamina. Até

Resta esperar que, como a galerinha dos infinitos debates comercial x underground, aconteçam as divisões naturais. Tem gosto pra tudo, não é? Apesar deste “boom” acontecer de uma maneira que fãs de verdade nunca desejariam, ainda parto do pressuposto do que escrevi na minha primeira coluna para a House Mag, em novembro de 2009: as pessoas chegam até a música eletrônica pelo comercial e, ao se interessarem, evoluem. Isso aconteceu comigo e com muitas pessoas que conheço. Eu ouvia Vengaboys e Lasgo, sabiam? Começou assim! E pode começar assim pra muita gente, que vai partir daí para conhecer músicas, pessoas e festas legais. De qualquer forma que ela possa repercutir no Brasil e começar a se criar por aqui, de um argumento não abro mão: o mercado da música eletrônica está por explodir e é só uma questão de tempo. ■

Bruna Calegari Publicitária, co-fundadora da Hot Content Mídia e Conteúdo e responsável, entre outros projetos, pela Revista Warung. brunacalegari@hotmail.com

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uma noite de magia

por Graziella Ranno

O aniversário de cinco anos da House Mag teve uma surpresa especial. Para comemorar, realizamos a primeira edição da festa à fantasia Magic Island, que movimentou Florianópolis no último dia 22 de setembro.

Realizada em parceria com a já consagrada Festa do Tite, de Curitiba, e com o Stage Music Park, de Jurerê Internacional, a festa contou com um lineup de tirar o fôlego. Passaram pelo palco o francoalemão Sebastian Krieg, os brasileiros Ricardo Lin, Ultramelt, a dupla do Hand’s Up, Moretts, Tite Clausi, Chrizz Luvly, as meninas Isabelle e Maryelle Assad, além do alemão Kurd Maverick. A grande surpresa da noite foi a decoração: uma máscara articulada com nove metros de altura chamou a atenção de todos por conta de seus efeitos especiais. Para completar, dançarinas e acrobacias em tecido embelezaram todo o cenário da festa. A dedicação com as fantasias e a energia do público superaram todas as nossas expectativas. Tornaram a noite de sábado, literalmente, mágica!

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CLUBLAND

Por todas as vertentes

A Privilège Juíz de Fora é um verdadeiro reduto da música eletrônica. Sem preconceitos com estilos, há 13 anos o club embala o interior de Minas Gerais

por Mariana Censi Juíz de Fora. Cidade localizada no interior de Minas Gerais e, com cerca de 500 mil habitantes, há 13 anos esbanja glamour com a matriz da Privilège que no Brasil ainda tem mais outras duas filiais: uma em Búzios, há nove anos, e a outra em Angra, há quase um. A inauguração da casa aconteceu dia 7 de outubro de 1999, e no line-up estiveram o residente Marquinhos, que mantém a função até hoje, Marley e o DJ Vovô, que assumia o segundo piso da casa para a geração acima dos 30 e 40 anos. Em 13 anos, a Privilège acompanhou a cena brasileira entre os pontos altos e baixos das vertentes da música eletrônica. “Do techno ao deep, nossas pistas passaram pelo drum and bass, pela dance music, pelo balearic house, que trouxemos de Ibiza em 2001, até chegarmos ao house comercial, inspirado por Fatboy Slim. Entre 2003 e 2006, a força era do psy trance. Depois, eletrohouse, house, house, house, e, por fim, o minimal, que ficou até dois anos atrás, moldando-se até chegar ao deep house de hoje”, conta Iuri Girardi, diretor comercial e de marketing da casa. Ele ainda completa

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dizendo que no início, em 1999, na “Era Techno”, Anderson Noise e Mau Mau encabeçavam a lista de figurinhas carimbadas da Privilège. De lá pra cá, nomes como Carl Cox, Sven Väth, Layo & Buschwaka!, John Digweed, Steve Angello, Ferry Corsten, Phonique e Solomun são algumas das principais atrações que já desembarcaram

na cidade para apresentações no clube que tem capacidade para 1.300 baladeiros. Para 2013, a Privilège garante fortes atrações e noites sem igual, “passeando por muitas vertentes da música eletrônica”. Palavras do diretor de desenvolvimento do club, Octavio Fagundes. Vamos aguardar! ■


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por Sarah Kern

O Green Day quer matar os DJs!

ENQUANTO ISSO...

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Como toda cultura que dá sinais de dominar o mainstream, a música eletrônica agora também sofre críticas – e violentas, neste caso. “Kill the DJ” (“Mate o DJ”, em português) é o título de uma das faixas que integram “¡Uno!”, o novo álbum da banda norte-americana de punk rock Green Day, lançado em agosto deste ano. Na letra, ouve-se frases do tipo “Alguém mate o DJ, atire no fucking DJ” e “O sangue escorrendo pela pista de dança; correndo, correndo vermelho”. A polêmica se estende até o vídeo-clipe, em que Billie Joe Armstrong, Mike Dirnt e Tré Cool, os três integrantes da banda, caminham com expressão séria – e de desdém – por uma pista de dança cheia de clubbers com roupas coloridas. Ao final, duas garotas começam uma briga com direito a sangue e cara feia. Apesar de recente, a música já ganhou uma página inteira na Wikipedia, com dados sobre a história, o tema, a composição e críticas póslançamento. Em uma entrevista à revista Rolling Stone, Armstrong diz que o DJ a quem se refere na música não é uma pessoa específica, mas sim uma conotação à fase “estática e barulhenta” em que vivemos, o que se estende à política atual dos EUA. “O governo se recusa a fazer as coisas acontecerem. Direita, esquerda, não importa”, diz. Já Todd Martens, do Los Angeles Times, coloca que se a intenção era promover uma metáfora, ela foi muito mal feita. Parece que a música eletrônica representa mesmo a geração desta década nos Estados Unidos, e é entendível que os roqueiros se sintam lesados. O Green Day já foi, afinal, o queridinho da molecada ianque – que agora só quer saber das pistas de dança. ■

A banda invadindo uma pista de dança no vídeo clipe de “Kill the DJ”


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Tabloide

Caiu na rede Os melhores momentos do Facebook

Jamie Jones 29 de setembro “Seth Troxler e eu fazendo uns grelhados noite passada, no Mambo Ibiza, para arrecadar dinheiro para a Cruz Roja Ibiza & Fomentera” John Digweed 24 de setembro “Alguém lembra disso? Pois eu não!”

Hardwell 23 de setembro “Tocando b2b com o TED!”

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Soul Clap 8 de setembro “Rio, lá vamos nós!”

Tiësto 8 de setembro “Assinando a perna de Steve Aoki. De nada! [risos]”


Steve Angello 2 de outubro “É assim que tomamos café da manhã na minha casa”

Afrojack 12 de outubro “Aoki... Você disse que jamais me deixaria!”

Sven Väth 1 de setembro “Me divertindo!”

Steve Aoki 4 de outubro “De volta ao passado com DJ AM, Justice, Busy P, So-Me e The Cobra Snake”

Dyed Soundorom 24 de setembro “De uma festa incrível para outra – jatinho direto de Torino, rota para Circo Loco, no DC10! Toco b2b com Clive Henry”

Dennis Ferrer 23 de agosto “‘Você está bêbado?’, perguntaram depois do meu set no Suncebeat (estou nos ombros do Andy Ward). ‘Saia um pouco da cabine!’. E o que fiz em seguida você já sabe... [risos]”

Guy Gerber 11 de setembro “Encontrei o sol dourado e a lua prateada em Shibuya” www.housemag.com.br

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DJ INTERVIEW

Quando o acid house chegou Ă Alemanha, lembro que fiquei totalmente chocado. Deixei minha banda e mergulhei no mundo do techno 58

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Fotografia: Divulgação

german machine

Um dos maiores nomes da música eletrônica alemã – com remixes para Daft Punk, The Human League e Kylie Minogue –, e produtor de Sven Väth, Roman Flügel conversou com a House Mag sobre o Brasil, sua paixão pelo Blur e o fim do mundo por Wesley Razzy e Chandler Shortlidge Com o lançamento de mais um aclamado EP, desta vez pelo selo Live at Robert Johnson – e também um remix para a faixa “Fat Controller”, de Martin Dawson e Glimpse –, Roman Flügel mostra por que ainda é um dos maiores nomes da música eletrônica na Alemanha, mesmo após de décadas de carreira. Depois de tocar na festa Enter, comandada por Richie Hawtin no club Space, em Ibiza, Roman embarcou em setembro para uma turnê de sete dias nos Estados Unidos e Canadá. Qual foi o seu maior destaque deste ano até agora? Acabei de voltar de Londres, onde toquei na incrível label party Live at Robert Johnson junto com Ivan Smagghe, Gerd Janson, The Citizens Band e Oliver Hafenbauer. No geral, este ano tem sido bom até agora. Estou viajando e tocando bastante, e grande parte do tempo que sobra dedico ao estúdio produzindo músicas. Você já produz há quase 20 anos. Vamos voltar no tempo, logo no começo, e falar sobre o que levou você a fazer música eletrônica? Música sempre representou grande parte da minha vida, desde criança. Comecei a tocar piano clássico com 6 ou 7 anos de idade. Alguns anos depois, aprendi a tocar bateria e durante os anos 80, fiz parte de várias bandas. Meu tio teve um papel muito importante na minha carreira, por ser um músico talentoso. A casa dele era cheia de instrumentos de todos os tipos, um lugar onde eu tinha liberdade para

brincar com eles. Em torno de 1984, descobri a música electrônica escutando bandas de neue deutsche welle [gênero musical] como DAF ou Der Plan. As coisas mudaram drasticamente três anos depois, quando o acid house chegou à Alemanha. Lembro que fiquei totalmente chocado, deixei minha banda, comprei um sintetizador, um sampler, uma drum machine e mergulhei no mundo do techno. Você tem alguma formação musical acadêmica? Tirando minhas classes de piano clássico e bateria, fui para a universidade estudar musicologia. Infelizmente não foi possível terminar os estudos porque eu simplesmente não tinha tempo. Tinha começado a trabalhar em produções próprias e gastei dias em lojas de vinil e saindo à noite. Você tem produzido sob diversos pseudônimos e estilos diferentes. De todas produções durante esses anos, tem algum instrumento que foi essencial nas suas músicas? Sempre fui um grande fã de instrumentos analógicos e nunca vendi nenhum dos meus equipamentos. Meu brinquedo favorito é meu Ensoniq ASR-10 Sampler. O que você mais ama e mais odeia na vida de DJ? Amo ver novas culturas, conhecer pessoas interessantes e ter a oportunidade de apresentar meu trabalho enquanto me divirto ao mesmo tempo. Mas detesto ficar fora de casa por muito tempo, sinto falta de uma

‘vida normal’ às vezes. Todos os meu amigos se encontram durante os fins de semanas e quase nunca posso estar com eles. Mas eu não deveria reclamar. Qual artista ou álbum você tem escutado no momento, fora do mundo de house/techno? Sempre fui um grande fã de Blur. O guitarrista Graham Coxon é um gênio. Ele acabou de lancar um novo álbum chamado “A+E”, em que toca mais ou menos todos os instrumentos sozinho. É um album excelente e cheio de energia. Você já esteve no Brasil uma vez. Como foi? E como você compararia o público América do Sul com a da Europa? Isso foi há alguns anos. Toquei em São Paulo junto com a Red Bull Music Academy. Fora isso, também tive uma outra gig como Alter Ego em um grande festival. Foi bem divertido, mas não foi experiência o suficiente para comparar o público da América do Sul com o da Europa. O que eu sei é que conheci pessoas alegres, amigáveis e de bom coração, e que o Brasil tem um das heranças musicais mais ricas do mundo. Visitei algumas lojas de música e trouxe para a Alemanha vários discos de vinil antigos. Se os maias estiverem certos e o mundo se acabar em 21 de dezembro, qual a última música que você escutaria? “It’s All Over Now”, do The Rolling Stones.■

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DJ INTERVIEW

Francês à brasileira

Habitué das pistas de dança brasileiras, o francês Mitch LJ lança em breve seu primeiro álbum, produzido em parceria com Stephan Luke. Com direito a remixes de Kaskade e do cantor de hip-hop Sean Paul, o novo trabalho é reflexo da dedicação dos últimos anos, que viram lançamentos pelos labels Strictly Rhythm e Ultra Records. Ele falou com a House Mag direto de Nova York, onde reside atualmente.

por Roberto Ugarte Você conquistou um público fiel no Brasil, e vem para cá com frequência. Como começou sua relação com o país? Foi antes mesmo de eu ter pisado a primeira vez no Brasil. Cresci tocando bateria em bandas de jazz e Batucada. Sempre tive uma inclinação por ritmos brasileiros, e foi apenas depois de me envolver com a música eletrônica que tive a chance de conhecer o país. Conectei de uma maneira mágica com o país desde o primeiro momento. Quais são suas cidades favoritas por aqui? Devo dizer que Florianópolis conquistou um lugar especial no meu coração. O público é muito receptivo, e a energia é inacreditável. Durante o verão e o Carnaval, a cidade se torna destino para baladeiros de todo o Brasil. Tive sorte de ter essa experiência durante os últimos 6 anos. Qual o momento mais bizarro que já passou aqui? Ano passado, me vi pegando 7 voos de conexão para chegar de Monteviéu, no Uruguai, a Campinas. É óbvio que minhas malas se perderam no caminho. Quando você começou a discotecar? Comecei a tocar como DJ quando tinha 15 anos, no sul da França, em Saint Tropez. Lá, toquei durante muitos anos em clubs como Nikki Beach, VIP Room e Papagayo. E quais são os planos para os próximos meses? Estou em processo de finalização do meu álbum, e pretendo fazer muitas turnês para promovê-lo. Então prepare-se para ver muito mais de Mitch LJ em alguma cidade brasileira perto de você. ■

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capa

nova geração,

COM PROPRIEDADE Eles marcam uma fase inédita da música eletrônica produzida no Brasil. Nossa cena vive um boom de artistas que decidiram trilhar um caminho similar ao daqueles que tanto adimiram lá fora: o da música autoral por sarah kern

L_cio, André Sobota, Fabø, HNQO e Antonio Eudi na praça Victor Civita, em São Paulo

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Fotografia: Gabriel Henrique

Foi numa tarde ensolarada de inverno que os cinco integrantes desta capa se encontraram. A locação, a praça Victor Civita, em São Paulo, era o ambiente perfeito para a história que seria contada em seguida. Cinco produtores brasileiros, todos simples no jeito de ser, mas grandiosos nas ideias e, principalmente, no talento musical. Os primeiros a chegar ao local estavam curiosos. “Quem são os outros?”, era o que se ouvia. Apesar de diferir no estilo musical, eles carregam uma característica em comum: são autênticos naquilo que fazem. À primeira vista, pode parecer que esses nomes surgiram na cena apenas recentemente, mas todos já produzem há pelo menos alguns anos. Durante esse tempo, reuniram talento o suficiente para hoje lançar por selos e gravadoras mundialmente respeitados, e assinar projetos que estão dando certo. Assim, eles seguem um caminho já trilhado por outros produtores brasileiros, que precisaram ver o próprio sucesso lá fora para então ganhar reconhecimento por aqui. A cena eletrônica brasileira se constituiu de forma bastante peculiar. Enquanto os artistas internacionais fecham datas por aqui – e em qualquer outro canto do mundo – e são aclamados por conta da qualidade das músicas já lançadas sob seu nome (quem não baixa as músicas de seu artistas favorito?), a maioria dos brasileiros faz carreira apenas tocando como DJ. Isso não seria um problema, se os produtores daqui não fossem muitas vezes esquecidos pelos promoters, organizadores de eventos e, até mesmo, pelos últimos que deveriam deixá-los de lado: suas próprias agências. Essa explosão de bons artistas que vive hoje o Brasil pode servir como o primeiro passo para a valorização dos talentos daqui. É provável o caminho seja longo, já que mudanças culturais não acontecem por acaso. Mas talentos como esses ao lado estão mudando essa história.

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andré sobota Não é exagero apontar André Sobota como o principal nome brasileiro envolvido com o house progressivo. Pode parecer que tudo aconteceu apenas recentemente, mas ele é (mais) um exemplo de artista que há anos – dez, neste caso – aprimora conhecimentos em estúdio. Assinando sob a alcunha Bungle, seu projeto de drum’n’bass, o paulistano fez cinco turnês pela Europa, três pela Ásia e uma na Austrália, e foi nelas que se apresentou em clubs que são o sonho de qualquer iniciante: Womb, em Tóquio, e Fabric e The End, ambos em Londres. Foi um começo promissor para o que viria mais tarde. “Eu estava feliz com meu trabalho, mas depois de um tempo, descobri no house progressivo e no techno a oportunidade de fazer coisas que eu não estava conseguindo fazer com o drum’n’bass”, diz. No início de 2012, já assinando como André Sobota, ele foi convidado para lançar um remix oficial de “Princess of China”, hit da banda inglesa Coldplay com a musa pop Rihanna, e que posteriormente foi lançado pela gravadora EMI. “Foi uma experiência incrível, pois fiz um lance meu, não para rádio ou club. Inclusive, o pedido foi fazer algo original. ‘Just do your thing’, eles disseram.” A versão foi aprovada pessoalmente por Chris Martin e Rihanna, e logo depois apresentada ao público por Pete Tong e o sueco Eric Prydz na rádio BBC Radio 1.

Tento transmitir o jeito brasileiro sem necessariamente usar uma linguagem regional. Ao longo do tempo, é possível que a gente crie um novo conceito ou sonoridade, que pode nem ter relação com algo que já exista O repertório de André é incrivelmente extenso. Já remixou Gui Boratto; John Digweed tocou sua faixa “Time” no famoso programa Transitions; há vídeos pela web de Sasha tocando músicas do brasileiro; e recentemente assinou um EP no label Pryda Friends. Perguntado se acha que sua carreira é mais valorizada fora do Brasil, ele explica que é a maneira como a cena evoluiu por aqui.”Nosso mercado pegou um vício de esperar o artista pronto. Espera o quanto você é popular ou o quanto já fez. Aqui há muitos fatores externos de uma festa e um evento que nada têm a ver com a música, então você lança algo e ainda fica uma interrogação. ‘O que mais tenho a oferecer?’ Fora do Brasil, o produtor faz a parte dele e consegue juntar uma equipe para as outras partes, e as coisas acontecem de forma orgânica. Esse é o contraste”, ressalta. A personalidade forte de Sobota se faz presente em cada palavra que manifesta ao longo da conversa. Ele fala sobre a importância de construir um estilo brasileiro de fazer música eletrônica – mas, no entanto, passando longe dos clichês. “Tento transmitir o jeito brasileiro sem necessariamente usar uma linguagem regional. Ao longo do tempo, é possível que a gente crie um novo conceito ou sonoridade, que pode nem ter relação com algo que já exista”, diz. Tudo começou por volta dos 7 anos, quando aprendeu a tocar flauta doce e guitarra. Aliás, ele se considera mais guitarrista do que qualquer outra coisa – seu sonho de consumo é uma guitarra semiacústica Pat Metheny. Já para os próximos meses, a lista de novidades é longa, com direito a parceria com Paolo Mojo e um remix para Fedde Le Grand.

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Fabo “Dizem que sintetizadores têm sonhos. Eles sonham sintonizar diferentes combinações, sonham ser controlados por alguém com paixão e criatividade. O misterioso Fabø testemunhou em seu próprio sonho que isso tudo é verdade”. É assim que começa a biografia do curitibano Fabo Oliveira, nas belas palavras de Prab Kumar. E é exatamente dessa forma que ele transpareceu sua personalidade durante a conversa: diz poucas palavras, mas mostra imenso entusiasmo pela música. Fabø é dono do selo Playperview junto com Soundman Pako e HNQO – outro dos nossos cinco artistas de capa – e integrante do projeto Rolldabeetz, formado em 2006 também com Pako. Todos curitibanos, eles são nomes que estão ajudando a capital paranaense a reaparecer com força no mapa da música eletrônica brasileira.

Querendo ou não, a música eletrônica veio de lá de fora. Se eles gostam da sua música, é um bom sinal e você acaba virando o jogo aqui também Na praça Victor Civita, a conversa rumou diversas vezes para as comparações entre o mercado brasileiro e o do exterior. Fabø vê esse processo de artistas serem valorizados primeiro lá como bastante natural. “Querendo ou não, música eletrônica veio de lá de fora. Se eles gostam da sua música, é um bom sinal e você acaba virando o jogo aqui também”, reflete. “Na entrada do club Watergate, em Berlim, a segurança da porta perguntou se eu sabia qual DJ estava tocando. Se eu não soubesse, não entrava. Aqui é diferente pois é um país novo.” Residente do tradicional club Vibe, em Curitiba, Fabø já lançou com o projeto Rolldabeetz por selos como Nurvous, Neurotraxx, Deluxe e Cream Couture. Os ares que carregava de carreira iniciante aos poucos amadurecem, junto com a evolução do selo Playperview e a agenda cada vez mais movimentada, tanto aqui como fora. Em novembro, ele passa pelos Estados Unidos, Canadá, Colômbia, Peru e México, e lança dois EPs, além de remixes para os mineiros do Funky Fat e do amigo HNQO. Fabø já dava os primeiros passos na produção em 2005, antes mesmo de ter contato com a eletrônica. “Ouvia as músicas eletrônicas na rádio e pensava ‘Ué, mas como é que acontece? Isso não sai dos instrumentos! Como os caras fazem isso?“, lembra ele, aos risos. Depois daquilo, fez meio curso de prdução musical na Academia Internacional de Música Eletrônica (AIMEC), e logo que “pegou a manha”, decidiu andar com as próprias pernas – o que vem fazendo nos últimos sete anos. Mas este é só o começo do que ainda vem por aí.

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HNQO Quase que de repente, no início deste ano o nome HNQO – como assina o curitibano Henrique Oliveira – estava em charts do mundo todo com faixas do EP “Point of View”, lançado pelo selo das figuras do momento Jamie Jones e Lee Foss, o Hot Creations. “Venho fazendo esse trabalho já faz um tempo, mas essas coisas realmente aconteceram rápido”, conta. Nos próximos meses, ele passa pelo Winter Music Conference, nos EUA, e também pelo Canadá, Austrália, Colômbia e Peru. Tudo por conta de um pen drive que ele e Fabø – um dos outros quatro artistas desta capa – entregaram a Russ Yallop em uma das passagens do inglês por Curitiba, que sugeriu o lançamento da faixa pelo sub label do Hot Creations, o Hot Waves. “Point of View” passou de mão em mão, de cabine em cabine, até chegar a Jamie Jones, que decidiu lançá-la junto com “Pain’n Love” pelo selo principal. O curioso é que o processo de criação daquelas e outras músicas mais recentes aconteceu de forma despretensiosa, na base do improviso. Utilizando apenas softwares, ele trabalhava em um hostel, o que proporcionava horas ociosas que podiam ser dedicadas à música. “Era o tempo que eu tinha para criar e produzir, então sempre levava meu computador e fone de ouvido”, lembra.

O fato de o país ser completamente fechado na questão da acessibilidade, no meu caso, por exemplo, é você ter que encontrar outros caminhos, improvisar. Essa dificuldade acaba aflorando a criatividade, que o brasileiro tem de sobra O tino pela música começou nas ruas da capital paranaense, onde, embalado pelas vozes dos pioneiros do hip-hop Kool Herc e Grandmaster Flash, ele dava passos complicados como breakdancer. Foi guiado pelos elementos do hip hop e jazz que HNQO chegou ao deep house que agora está levando seu nome ao reconhecimento pelo mundo. “Sou muito fã das baterias, gosto muito de grooves. Gosto de synths também, mas o que me pega na alma são os drums”, revela. Hoje HNQO é dono do selo Playperview, ao lado de Fabø e Soundman Pako. Questionado se os altos impostos e a escassez de equipamentos no Brasil dificultam o trabalho, ele responde sem rodeios: “O fato de o país ser completamente fechado na questão da acessibilidade, no meu caso, por exemplo, é você ter que encontrar outros caminhos, improvisar. Essa dificuldade acaba aflorando a criatividade, que o brasileiro tem de sobra. Você tem 100% nas mãos a chance de fazer um trabalho bom, ou não”, coloca.

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Antonio Eudi Eudi é, sem dúvidas, um cara de sorte. Pianista magistral, até 2012 produzia música eletrônica apenas para cinema comercial e “outros produtores”, que levavam os créditos pelas músicas do mineiro hoje baseado em São Paulo. Somente depois de ouvir um conselho de seu atual manager, foi que ele decidiu sair do backstage, subir ao palco como Antonio Eudi e mostrar seu talento para o público. “Foi quando tirei de dentro de mim a vontade que tinha de mostrar meu trabalho, que estava escondida talvez por comodismo, ou receio”, conta. “Mas quando entrei nessa, tinha em mente que o faria uma só vez e levaria a sério.” Depois da decisão, os últimos dois anos viram uma turbulência de lançamentos e propostas. Ainda em 2012, ele lançou a faixa “The Real Thing”, em parceria com Wehbba, pelo selo de Mark Knight, o Toolroom Records. Nos últimos meses, Eudi teve quatro composições entre as mais vendidas do Beatport e da Traxsource, entre elas “Take Your Time”, que teve o vídeo clipe exibido na MTV Europa. Daí em diante, tudo fluiu e suas músicas entraram para compilações de marcas mundialmente famosas como Ministry of Sound, Privilège Ibiza e Amnesia. E foi nesse ritmo que recentemente ele produziu um álbum em parceria com a cantora Deborah Blando. O sucesso foi inesperado, até mesmo para ele: o single “In Your Eyes” será lançado

pela Som Livre e estará na trilha internacional da novela das sete da Rede Globo, “Guerra dos Sexos”. Juntos, os dois artistas foram convidados para assinar a música tema do Planeta Atlântida 2013, feito que em outros anos, apenas nomes do circuito pop e bandas brasileiras famosas tiveram a chance de realizar. Eudi é mais um que transparece autenticidade durante a conversa, com sensatez nas palavras e falas pausadas. Seu estilo hoje é house music com influências soulful – que herdou dos tempos em que tocava em bandas de jazz, soul e funk –, transitando do underground ao comercial com muita naturalidade. “Algo que sempre tive comigo é que um trabalho precisa ser verdadeiro, independente do gênero. Tenho zero preconceito com qualquer estilo de música, desde que tenha qualidade”, coloca. Com a mente aberta, ele propõe que num futuro próximo, é possível que se crie no Brasil um jeito próprio de fazer música. “Toda arte é um reflexo sóciocultural e sócio-histórico. Se o artista Michel Duchamp colocasse um mictório ao contrário hoje, iríamos nos perguntar ‘O que o cara está fazendo?’ Mas naquela época, num tempo sobrecarregado de arte mais conceitual, ele veio com uma contraproposta de arte. Já linkando com a música, quem sabe algo que venha tomar espaço por aqui é uma contra proposta musical.” Vamos esperar para ver.

Algo que sempre tive comigo é que um trabalho precisa ser verdadeiro, independente do gênero. Tenho zero preconceito com qualquer estilo de música, desde que tenha qualidade

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L cio Laércio Schwantes convive com uma confusão de nomes que já virou brincadeira: costuma ser chamado de Lúcio, equívoco que se deve ao underline que compõe o nome de seu projeto: L_ cio. Foi também a partir desse detalhe que surgiu a festa que, segundo ele, ajudou a amadurecer sua carreira aqui no Brasil. A Underline aconteceu durante meses em clubs como Tapas e Lab, em São Paulo, reunindo nomes importantes da cena nacional e dando espaço para ele que ele mesmo pudesse experimentar melhor sua música. “Nunca fui DJ, sempre fiz live. Era um som muito característico, e quando me apresentava, não tinha como tocar o que as pessoas pediam”, lembra. Depois de anos sem tocar flauta transversal, ele decidiu que era o momento de resgatar o instrumento. E foi com aquela decisão que foi convidado a participar o EP “A Process”, lançamento de Portable pelo renomado selo alemão Live at Robert Johnson. Ao se increver num concurso da lendária banda de jazz Jazzanova, seu remix da faixa “I Human” ficou entre os cinco finalistas. A carreira de L_cio ainda dá os primeiros passos, mas a música ponderada e sua inclinação sobremaneira artística já o colocam como referência. Ele articula as palavras com desprendimento, transparecendo fidelidade com as próprias ideias. ”Acho que educar musicalmente não é só ter um cara curtindo seu

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som na pista. É possível que ele tenha usado alguma coisa e nem lembre do seu nome no dia seguinte. Acho que educar é criar essa cultura de a pessoa pesquisar em casa, saber quem vai tocar numa noite e depois acompanhar a carreira dele”, reflete. Envolvido em outras áreas além da música, o paulistano já compôs e produziu músicas para instalações de arte, desfiles e vídeos, e teve o trabalho exposto na renomada galeria Cartel 001, em São Paulo Paulo e na Casa de Criadores. Sua inclinação por trilhas o levou a assinar músicas para as marcas Le Lis Blanc, Cia. Marítima, Triumph, Shoulder e para a inglesa WGSN, líder mundial em pesquisa em análises de tendências de estilo. Já nas músicas que assina como L_cio, já fez parcerias com Daniel Costa, Rafael Moraes, Bmind, e agora está montando um live com o paulistano Davis. O senso musical começou ainda na infância, que passou escutando a música erudita tocada pela mãe, bacharel em órgão. Mas o contato com a música eletrônica só aconteceu na época em que morava na cidade de Rio Claro (no interior de São Paulo), era professor de educação física, trabalhava com horta e “só escutava reggae”. “Me levaram em uma rave e fiquei 12 horas inconformado, tentando entender como aquela música funcionava”, lembra, entre risos. Parece que ele entendeu muito bem.

Acho que educar musicalmente não é só ter um cara curtindo seu som na pista. É possível que ele nem lembre seu nome no dia seguinte. Educar é criar essa cultura de a pessoa pesquisar em casa, saber quem vai tocar numa noite e depois acompanhar a carreira dele.


Eles também estão fazendo a diferença

Groove Delight Ela tem apenas 20 anos, mas o três que dedicou à produção são o suficiente para colocá-la como um dos novos talentos por vir. “Minha vida é música. Trabalho a semana toda com produção, e nos fins de semana, viajo para me apresentar. Estaria mentindo se dissesse que não é preciso se dedicar completamente”, diz. A personalidade forte de Ké Fernandes – nome por trás do projeto –, unida às produções de qualidade fazem dela uma artista completa. No som, house, deep, disco, techno e tech house, sempre buscando inspiração no house de Chicago. Recentemente, assinou com o selo brasileiro Lo Kik Records, e em breve fará uma compilação pelo label. “Possibility”, seu single de estreia, repercutiu pelo mundo e arrecadou datas por aqui. “Acontecia muito no Brasil o fato de ser produtor não interferir muito nas contratações, mas hoje o cenário está mudando.”

Glen Faedo Glen é tido como uma das principais apostas brasileiras. “Nunca estive em Berlim. Apesar disso, minha carreira despontou quando a Anja Schneider comentou no site Fiberoline que curtia o meu som. A partir daí, muitos artistas de lá entraram em contato e minha carreira ganhou mais destaque. Muitos amigos que moram por lá começaram a me chamar de queridinho de Berlim, por ouvirem meus releases tocando bastante”, conta. Paulista de Americana, ele já foi convidado por DJ Hell e Anthony Rother para remixar a faixa “Electronic Germany”, e ganhou o concurso de remixes de Abe Duque. Por aqui, também tocou nos maiores festivais e clubes do Brasil, sempre muito elogiado por manter seu set atualizado, mesmo tocando vinil. Gren transita por diversos gêneros sem perder a autenticidade e experimentalismo. Ele ainda faz parte do time da gravadora Kassette. “A última vez que Christoph Kassette, dono do selo, veio tocar por aqui, pediu que eu autografasse uma Havaianas pra uma fã de lá”. Por Carol Schubert

Wega O projeto Wega, formado pelos irmãos gêmeos Marcos e Lucas Schmidt, aparece com frequência nos line ups de eventos como Kaballah, Universo Paralello e Tribe. Em 2010, lançaram seu primeiro EP, pela Wired Music, atingindo o top 10 de vendas no Beatport em menos de uma semana. “Buscamos unir vários estilos musicais que gostamos, e não somente o psytrance, para criarmos um som característico do Wega. Escutamos muito trance europeu, progressive house, electro house e até deep house.” Mistura que também rendeu o EP “Las Wegas”, desta vez, por uma das maiores gravadoras de psytrance, a Spun Records. “Foi incrível, a Spun estava promovendo um remix contest de um dos artistas e o melhor seria lançado no Beatport. Nós ganhamos e, alguns dias depois, recebemos uma ligação do Seth Hoffman, convidando para fazer parte do time. A partir daí, conhecemos todos os integrantes da gravadora, fizemos parceria com muitos deles, fomos mais reconhecidos mundialmente e surgiram outras oportunidades para o projeto”, contam. Por Carol Schubert

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PUBLIEDITORIAL SEASON BOOKINGS Para baixar DAY.DIN & KRONFELD – MY MUM’S TV SPIN TWIST RECORDS INTERACTIVE NOISE – SYNTHETIK PLEASURE (DAY.DIN & KRONFELD REMIX) SPIN TWIST RECORDS AUDIOMATIC – DEEP & PUMPING SOUND (DAY.DIN REMIX) SPIN TWIST RECORDS DAY.DIN – SYNC YOURSELF SPIN TWIST RECORDS DAY.DIN & KLOPFGEISTER – SHADOW OF A SMILE SPIN TWIST RECORDS DAY.DIN & KLOPFGEISTER – UPGRADE SPIN TWIST RECORDS DAY.DIN – CHICKEN OR BEEF SPIN TWIST RECORDS

DAY.DIN – DOUBLE TROUBLE YELLOW SUNSHINE EXPLOSION DUALISM – I BEG YOU (DAY.DIN & DJ FABIO REMIX) AUDIOLOAD MUSIC

dos seus momentos também fora dos palcos, o artista passou a coletar imagens do seu dia a dia durante um ano em muitas viagens na Europa e, claro, no Brasil. A obra encontra-se atualmente em fase de edição, para que o resultado final seja lançado ainda em 2012 com uma super produção cinematográfica.

inspirações

O projeto acabou tomando proporções ainda maiores e viu-se a necessidade de criar, com o amigo Bjoern Marckstadt, a “The Picture Brothers” www.youtube.com/thepicturebrothers. A produtora de vídeo está sendo o ponto de partida também para a divulgação de novos trabalhos musicais por meio de imagens, como a surpreendente e bem humorada performance “Feeling Good” para o lançamento do EP “My Mum’s TV”.

por Mariana Faria

“Era pra ser só uma plataforma para experimentações desse novo mundo pra mim, o vídeo, mas acabou se tornando muito mais do que isso. Pretendemos explorá-la ao máximo e ver até onde podemos chegar”, explica o artista, enfatizando que o projeto Day.Din ainda é a sua prioridade.

Mais que outros artistas ou estilos musicais, Day.Din usa suas próprias vivências em turnês como influência para novos trabalhos, fazendo disso o diferencial criativo de sua já conceituada carreira Na ativa há mais de dez anos e reconhecido como um dos principais nomes na cena do trance progressivo internacional, graças ao sucesso e às inúmeras turnês o alemão Deniz Aydin já não sabe mais o que é estar em casa. Para ele, o que poderia ser motivo de cansaço acaba sendo de muita inspiração, com as vivências nos mais diferentes países sendo encaradas de forma a engrandecer o seu projeto, elevar o seu nível de criatividade e oferecer constantes e significativas novidades aos fãs. Estar na estrada nunca foi impedimento para as produções do artista. Com a mente sempre ativa, ele passou a desenvolver grande parte de suas tracks durante as viagens, sem depender de grandes estruturas e deixando apenas a finalização para fazer em estúdio. Assim, cada lugar gera as mais diversas influências em suas produções, além da vantagem de se poder testar músicas inéditas diretamente nas pistas, e desenvolvê-las de acordo com as reações do público. Somente no Brasil, as turnês de Deniz chegam

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Fotografia: Akisutra Project / Anke Münzberg / Germany

uma vida de

DAY.DIN – ZURICH SPIN TWIST RECORDS

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a quatro por ano, número mais que suficiente para permiti-lo se arriscar no português e compreender bem a nossa cultura, que considera surpreendente. “Sou fascinado por cada parte do Brasil e pelas pessoas daqui. Vejo nisso tudo, sempre, inúmeras possibilidades para o meu trabalho”, declara o artista que, graças a essa paixão, tem o sonho de instalar no Rio de Janeiro a sua segunda casa. As faixas de Day.Din ao longo de sua carreira já se mostraram poderosas o suficiente para elevar o nível do trance mundial e criar um novo conceito nas pistas, mas não são só elas as influenciadas pela vida desse produtor viajante. Suas turnês constantes acabaram servindo de referência também para um novo projeto, que já está sendo posto em prática e que pode ser considerado um marco em sua carreira. Desta vez não se tratam de produções musicais, e sim imagéticas. Inicialmente, com o propósito de registrar a própria vida em um documentário, Day.Din – A Life Documentary, como presente para que os fãs pudessem acompanhar um pouco

Se as músicas já faziam de Deniz um artista surpreendente, ele agora terá também sua vida e carisma muito mais evidentes aos olhos do público. Uma forma inovadora e divertida de explorar a carreira, de forma que os fãs possam conhecer ainda mais as origens e inspirações para o seu trabalho, já tão apreciado mundo afora. ■

PARA ASSISTIR

Day.Din – A Life Documentary vimeo.com/31063383


Lançamentos

Imagens: Divulgação

Ilan Kriger

Vários artistas

Selo Pantano Beat Records

Selo Plus Art

Nobody Else

O novo release “Nobody Else”, que será lançado pelo selo Pantano Beat Records, traz o expert em música eletrônica Ilan Kriger, conhecido por seu blog www.ilankriger.net. A faixa é recheada de melodias gordas e batidas modernas de deep e tech house. Na faixa, o artista utilizou o advento de sua própria voz, mascarada com processadores de efeitos. O EP também traz remixes dos artistas Bruno Gregol, Rodrigo Faraz, Ricci Barros e T_Pazos. Mateus B.

Brasil Club Series 1

O “Brasil Club Series 1” é uma breve compilação lançada pela Plus Art (antiga 3Plus), que enaltece produtores big-room brasileiros como Naccarati, Mario Fischetti, Diego Moura e Marcelo CIC. Contando com quatro músicas, uma de cada artista, electro house e trance são os ingredientes principais das tracks que, visto o momento em que o estilo se encontra, tornam-nas universais e muito competitivas. Destaque para “The End Game”, música do Killer On The Dancefloor remixada por Mario Fischetti, que encabeça o álbum com personalidade. Bruna Calegari

Vários artistas

One & Raff

Selo Sony

Selo Skint Records

Tudo Está Parado (Remixes) O grupo Jota Quest nunca escondeu sua paixão pela música eletrônica. Seu vocalista, Rogério Flausino, já participou até de uma apresentação do trio Life Is A Loop. A última faixa de trabalho da banda mineira, “Tudo Está Parado”, ganhou um lançamento exclusivo com nove remixes. As versões seguem quase todas a mesma linha de electro house pra bombar na pista, com destaque para a participação do projeto Database. A única que foge do padrão é uma roupagem lounge, do Electro Lounge. É válida a iniciativa do Jota Quest, mas talvez menos versões – e que privilegiassem mais diversidade – seriam mais bem recebidas pelos DJs brasileiros. João Anzolin

EP1

Integrantes do emergente cenário de produtores brasileiros que desponta nos últimos anos, os paulistanos Ângelo Fracalanza e One & Raff – projeto composto por Thomaz Assis e Raffaele Conti – lançam o conjunto “EP1” pelo Skint Records (selo pertencente a Fatboy Slim) e composto por cinco faixas: o original de “All Night Long” e remixes de Mendo, Paolo Mojo e Maher Daniel, além de “Polychords”, solo de Paolo. “All Night Long” se mostra envolvente e com percussão e vocais muito bem dosados, capazes de compor em conjunto uma bela faixa. Os três remixes seguem o padrão de qualidade da original, cada um com as características versáteis de cada um dos produtores envolvidos. João anzolin


CARLO DALL ANESE

Sempre temos escolhas, mas às vezes pode ser tarde demais... Pode parecer papo de filósofo, mas a verdade é que o sucesso de uma carreira está intimamente ligado, além das atitudes que temos, às escolhas que fazemos. E lembre-se: cada um de nós sempre tem uma escolha. Ela é sempre nossa e de mais ninguém. Lembro-me bem de uma conversa que tive com meu grande amigo Felipe Venancio, pessoa a quem credito uma das maiores chances que tive na vida: a residência no club Sirena. Sou eternamente grato a ele, afinal, mesmo que tenha sido quase que por acaso, foi ele quem me colocou lá. Na conversa, ele falou uma das coisas que mais marcaram minha carreira. “Carlo, você lembra do filme ‘Matrix’? Pois é, agora você deve escolher entre tomar a pílula X e viver eternamente na ilha da fantasia, sendo sugado pelo sistema e sendo um DJ mediano, mas feliz com a mediocridade e limitado nos resultados, ou tomar a pílula da realidade, com um caminho árduo, mas tudo o que você conquistar será verdadeiro e o mérito será seu, tendo sucesso ou não.” Não tive dúvidas. Naquele exato momento, tomei a pílula da realidade e encarei o caminho difícil da verdade. Tenho absoluta certeza de que tomei o rumo certo.

O que isso tem a ver com a profissão? Nesses mais de 20 anos na cena, não só como DJ, mas também como manager à frente de algumas carreiras de sucesso, tenho visto pessoas tomarem caminhos errados e fazerem escolhas equivocadas. Dessa forma, muitas carreiras lindas simplesmente desaparecem. A crueldade é que nesse nosso mercado, nem sempre é permitido uma manobra de u turn, e nem sempre há tempo para uma retomada correta na trajetória. Escolhas erradas de parceiros, posturas duvidosas, excesso de preocupação com o lucro, vaidade (o grande vilão, disparado, das “cagadas” que os DJs fazem), inveja e mudanças de agência (você tem a ilusão de que alguém, além de você próprio, pode fazer algo por você?) são alguns dos muitos erros clássicos. Por todos esses motivos, lembre-se: você é o único responsável por suas escolhas. Tenha calma, parcimônia e respeito com você mesmo e com as pessoas ao seu redor. A falta de caráter cobra um preço altíssimo, com juros e correção monetária, então seja firme a seus princípios, ideais e amigos. Quando estiver na dúvida, tenha certeza de que não é o momento para tomar decisões.

Fazendo mais uma metáfora com filmes de sucesso, lembro-me de uma frase emblemática do querido Mestre Yoda, de “Guerra nas Estrelas”: “O medo de perder a segurança e o que nós temos faz com que nos deixemos levar pelo lado negro da força”.

Escolhas erradas de parceiros, excesso de preocupação com o lucro, vaidade (o grande vilão), inveja, mudanças de agência (você tem a ilusão de que alguém, além de você próprio, pode fazer algo por você?) são alguns dos muitos erros clássicos Lute com sua espada Jedi, mas lembre-se de que o diabo só atenta para quem está do lado de Deus. ■

Carlo Dall’Anese É DJ há 23 anos. Eleito duas vezes o melhor DJ do Brasil, é também músico, produtor e ministra tutoriais sobre tecnologia. carlo@bsidedjs.com.br

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ARTE

Há realmente uma ligação entre sua arte e o techno? Minha arte mostra como o techno se desenvolveu ao longo dos anos, com suas inúmeras vertentes. A base dela é a repetição, o sampling, a simetria. Definitivamente vejo similaridades. Meu irmão sempre tentou, conscientemente, levar a inovação musical até os limites, uma estética que combina com o que eu faço. Tento sempre tirar o desnecessário, me interesso pela pureza nos elementos. A exposição “Dimensions” foi realizada neste ano em Londres, na Red Gallery, por onde já passaram nomes como Bansky, Garvin Turk e Noriko Okaku. Como foi compilar os melhores trabalhos da sua vida? Foi uma maneira de olhar para a minha história. Estou com 40 anos e, às vezes, você não acredita que realmente tem uma história para contar. Mas uma vez que olha para trás, começa a conectar os pontos e ver as similaridades em seu trabalho, vê um caminho inconsciente. Desde “Different Planes of Atmosphere”, o trabalho mais antigo da exposição, até o mais recente, consigo ver as mesmas formas. Isso mostra como refinei minha estética ao mesmo tempo em que mantive similaridades.

matthew hawtin em

dimensões

Simetria, repetitividade e futurismo dão forma ao techno nas artes visuais do irmão mais novo de Richie Hawtin

por Sarah Kern Realizada em fevereiro deste ano no reduto artístico Red Gallery, no leste londrino, a exposição “Dimensions” reuniu as cores, formas e dimensões das melhores obras do artista plástico Matthew Hawtin. Ele diz haver nelas uma conexão inconsciente com a estética do techno, estilo que começou a ouvir no fim dos anos 80 quando ele e o irmão, Richie Hawtin, cruzavam a fronteira saídos de Windsor, cidade canadense onde nasceram e que até hoje é base de Matthew, para chegar a Detroit. Há duas décadas ele assina a arte de lançamentos dos selos Plus 8 e Minus Records, ambos fundados pelo irmão. Conversamos com Matthew por Skype logo após sua chegada de Ibiza, onde tocou como DJ na Enter, festa promovida pelo irmão em todas as quintas-feiras da alta temporada, no club Space. Nas próximas páginas, ele comenta especialmente para a House Mag algumas obras da exposição.

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Como você gostaria que as pessoas vissem sua obra? Minha arte é definitivamente formal, mas pode ser vista de duas formas. A primeira, como pintura abstrata. Já a segunda é algo emocional, como se fosse um lugar onde as pessoas podem parar, pensar e sentir a profundidade delas mesmas. Quando começou sua ligação com o techno? Por volta de 1988, eu e meu irmão cruzávamos com frequência a fronteira para ir a clubs em Detroit, que fica a 20 minutos de onde morávamos, em Windsor [Canadá]. Apenas um rio separa as duas cidades. Na época, os clubs tocavam essencialmente house e techno. Depois de alguns anos, meu irmão começou a promover festas em Detroit, onde tocávamos como DJs, ele na pista techno e eu na ambient. Nós sempre tivemos essa relação meio que yin e yang. Eu gostava de mostrar facetas da música que não eram muito comuns e, enquanto isso, fazia minha arte e cursava Artes Visuais na York University. “Different Planes of Atmosphere” é daquela época, e foi a obra que definiu minha estética até hoje. Diferentes nuances, repetitividade, simetria... Estou sempre buscando refiná-la. E isso também aconteceu com o techno, ele passou por diferentes estágios, é muito diferente do techno original de Detroit. E como é seu relacionamento com Richie? Vocês mantêm contato com frequência? Somos muito próximos. Ele é amigo, irmão, pé no saco, tudo em um. Infelizmente, não moramos mais perto, pois continuo em Windsor e ele hoje mora em Berlim. Mas viajo constantemente para a Europa. Ele está sempre com uns dez projetos em andamento e, quando pede minha opinião, sou sempre muito honesto. Acho que é também para essas coisas que serve a família.


Dimension Intrusion (1993) F.U.S.E. - “Dimension Intrusion” Pintura usada como arte de capa para lançamento no Plus 8 Records e Warp Records, em LP e CD. “Pintei ‘Dimension Intrusion’ em meu terceiro ano de estudos na York University, em Toronto. Criei esta peça olhando para a arte de Peter Halley e Al Held, e escutando techno e house music. Estava interessado na ideia de computadores e espaço, além da combinação de sons que escutamos em alto-falantes nos clubs.”

Different Planes of Atmosphere (1993) F.U.S.E. - “‘Train Tracs” Arte de capa do lançamento no Warp Records “Este quadro mostra com clareza minha pesquisa sobre 3D em superfícies 2D, e a utilização de diferentes formas com cores limpas para definir o espaço. Não tive contato com meu irmão enquanto pintei este quadro. Porém, quando o terminei, nós dois concordamos que eram os visuais perfeitos para a música de um dos projetos dele, o F.U.S.E., e decidimos colocá-lo como capa de um EP.”

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Spatial Study (2006) V/A - Compilação “min2MAX” Impressão do quadro “Spatial Study” incluso na primeira cópia do lançamento em vinil pela Minus.

Blue Neuron (1994) Serigrafia lançada no catálogo da Plus 8 Records. Edição limitada de 100 impressões. “Nesta impressão sobre seda, tentei passar a ideia de que nosso cérebro e seus percursos neurais internos são similares às cidades e autoestradas que a nossa sociedade constrói. Mais uma vez, havia um desejo de explorar os nossos próprios mundos internos combinados com os dos computadores.”

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Sem título Layo & BusHwacka! - “Storm & Stress” Estudos em papel usados como capa do lançamento pela Plus 8, 12” e digital. “Eu estava no Canadá quando fiz um apanhado desses desenhos para começar uma nova série de quadros. Eles estavam expostos nas paredes do meu estúdio quando Rich me visitou e sugeriu usá-las no selo dele, o Plus 8 Records. Esses desenhos nunca viraram quadros, mas se tornaram, mais uma vez, linguagem visual para a música eletrônica.”

Sem título (2006) V/A - Compilação “min2MAX” Exposição de lançamento pela Minus, com um quadro e três esculturas exibidos na galeria Circleculture, em Berlim. Layout e design adicional de Jason Patterson. “Esta compilação foi lançada em um momento interessante tanto para a Minus como para mim. Na época, o selo estava ganhando reconhecimento e lançando músicas que levavam o techno a novas proporções. Já eu vivia um momento em que minha arte ganhava contornos em três dimensões, com esculturas e instalações. A música e a arte se redefiniam em um processo de experimentação e refinamento.”

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INSTAMOMENTOS

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Os 7 mais De Bangladesh à Antártida, Daniel Mafra já passou pelos quatro cantos do mundo. O Relações Públicas do AMC têxtil – grupo detentor das marcas Colcci, Forum, Triton, Tufi Duek, Sommer e Coca Cola Clothing – é amante do teatro, de viagens sabáticas e, é claro, do Instagram.

2

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1. “Essas são as caixas que transportam

nosso desfile. Nesse dia, recém tínhamos chegado na prova de roupa do SPFW, nada estava aberto. Postei essa foto para provocar tanto meus amigos quanto a imprensa, que fica louca para saber o que tem dentro dela!”

2. “Essa foto foi para uma festa dos anos

90. Todo mundo tinha que ir fantasiado com alguma roupa ou personagem da década, e resolvi ir de Edward mãos de tesoura. Na foto estou com Ivan Wiese, que foi de Homer Simpson.”

3. “Essa é do backstage da campanha da

3

6

Coca Cola Clothing, uma das marcas na qual trabalho. Na foto, a top Alicia Kuczmann estava dentro de uma garrafa da Coca de neon em tamanho real.”

4. “Com esta, as meninas suspiram! Somos

eu e o Ashton nos bastidores da campanha da Colcci, que fizemos numa estação de trem em Campinas. Foi para o inverno passado.”

5. “Aqui foi uma surpresa que tive no hotel

Unique, em SP. Não sei se era proporcional ou se foi brincadeira de alguém. Uma flor em uma privada não é algo que encontramos todos os dias, por isso resolvi registrar.”

4

6. “Este é um dos lugares onde gosto

de sentar e ver a vida passar. Esta foto fiz quando estava em NY, no começo do ano, para fotografar com a Angel da VS Candice. No caminho do estúdio, sentei e admirei mais uma vez a beleza da Times Square.”

7. “Esse barco foi nosso cenário para a

última campanha de verão da Colcci, em Los Angeles. Antes de o shooting começar, deitei admirei o barco e o céu azul anil típico de LA.”

7 78

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DICAS DA ANGEL

por Angel Inoue

O macaron foi criado na época renascentista e era muito apreciado pela aristocracia da época (Maria Antonieta era uma delas). Quem quiser experimentar um autêntico Ladurée deve desembolsar R$ 9 por um docinho. A loja do Shopping JK sempre tem filas grandes. Os donos planejam uma loja nos Jardins e ainda expandir o negócio para Rio de Janeiro e Brasília.

O Brasil figura na lista das 50 cidades com as hospedagens mais caras do mundo. Um ranking classificou as diárias mais exorbitantes do país e a vencedora foi a suíte presidencial do Hotel Tívoli Mofarrej, em São Paulo. Ela é a maior suíte da América Latina: tem 750 metros quadrados, possui três quartos, jacuzzi, sauna, lounge, cozinha e academia, além de uma vista de 360 graus da cidade. A diária? 14.684 dólares.

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Casa Brasileira é um dos melhores (se não o melhor) programa de TV brasileiro. Com imagens belíssimas e dirigido por Alberto Renault, o programa investiga, a cada edição, as obras de um arquiteto brasileiro e conversa com os moradores falando sobre a sensação de habitar em uma casa feita por ele. O DVD acaba de ser lançado pela Som Livre, contendo a primeira e segunda temporadas.

O segundo disco de Thiago Pethit está delicioso. Estrela Decadente tem participações de Mallu Magalhães e Cida Moreira, o álbum tem produção de Kassin. O clipe da faixa “Pax de Deux” é estrelado por Laura Neiva e Alice Braga. Dá pra fazer o download grátis no site thiagopethit.com.

Charmosa, cheia de plantas e com ótimos cafés à céu aberto, a Rua Avanhandava, em São Paulo, é perfeita para comer e até tomar um vinho branco em um fim de tarde. Se passar por lá, não deixe de conferir a loja Calligraphia, cheia de objetos para casa, papelaria, chapéus, enfim, só coisas deliciosas com a ótima curadoria de Sr. Walter Mancini, o idealizador da rua. Sempre tem novidades.


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lounge

*

por Luis Maida

Fotografia: Divulgação

Grupo lounge* comemora 10 anos O Grupo lounge* completa em 2012 uma década. Atualmente, quatro títulos são publicados pelo grupo: revista lounge*, lounge* travel, lounge* gourmet e lounge* racing. As comemorações contemplam uma série de inovações, entre elas, um novo layout para a próxima edição da revista lounge* - 54, especial de 10 anos – sorteios nas redes sociais, e muito mais!

2ª edição da revista lounge* travel A segunda edição da revista lounge* travel prepara o leitor para a estação mais quente do ano, e traz como destino principal um dos balneários mais cobiçados do Brasil, comparado aos maiores points praianos da Europa, como Saint Tropez e Ibiza. Jurerê Internacional é apresentado nos mínimos detalhes, desde a concepção do lugar, até as melhores opções para conhecer e apreciar ao máximo. Gastronomia, hotelaria, entretenimento, lifestyle e bem viver envolvem o leitor em opções para diferentes gostos e estilos em Jurerê Internacional. O editorial Luxury Family apresenta looks incríveis em um dia perfeito nesse paraíso. Para quem foge do calor, o destino de Vail é a opção certa para a prática de esportes de inverno. Além disso, hotéis surpreendentes, o Ano de Portugal no Brasil, um Diário de Viagem especial em Londres e muito mais completam essa edição surpreendente, com 126 páginas. O lançamento está sendo comemorado triplamente: uma festa na Provocateur de São Paulo, um almoço no Simple on the Beach de Jurerê Internacional no dia 12 de Outubro, e uma festa no Rio de Janeiro.

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Cyclounge* A revista lounge* convida todos os amigos a conhecerem a Cyclounge*, uma formulação inédita de boa música, drinks e muita gente bonita à procura de entretenimento e qualidade de vida. Todos os domingos e feriados, das 10h às 16h, na ciclovia da Vila Olímpia.


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Automotor

por equipe Dinho Leme

FÓRMULA 1 Luta pelo tri A disputa aperta na reta final do campeonato mundial de Fórmula 1 e dois pilotos despontam como favoritos ao título. Donos de dois títulos mundiais cada, o espanhol Fernando Alonso (2005 e 2006) e o alemão Sebatian Vettel (2010 e 2011) lutam para ver quem será o mais novo tricampeão mundial da categoria, equiparando-se a nomes como Ayrton Senna e Jackie Stewart. Eles estão separados por apenas quatro pontos na tabela, e Vettel, único piloto a conseguir duas vitórias seguidas, provou que a Red Bull é o carro do momento na categoria. A decisão será no Grande Prêmio do Brasil, dia 25 de novembro. Mas na última semana o centro das atenções foi a transferência do inglês Lewis Hamilton para a equipe Mercedes, no lugar de Michael Schumacher, que se aposentará pela segunda vez ao final da atual temporada. Para o lugar de Lewis, a McLaren contratou o mexicano Sérgio Perez, que chegou a ser cotado para o posto de Felipe Massa na Ferrari. A contratação de Perez não chega a ser uma surpresa, mas com a abertura deixada pela saída da Vodafone, o mexicano pôde se tornar companheiro de Button e carregar seu principal patrocinador, a Telmex. A Sauber ainda não anunciou que será o substituto do mexicano e disse que o japonês Kamui Kobayashi não está garantido na equipe. Com isso, algumas vagas ainda estão em aberto e isso é bom para o baiano Luiz Razia. O vice-campeão da GP2 busca um lugar na Fórmula 1 e a Sauber pode ser um caminho, já que Peter Sauber sempre está de olho em novos talentos.

Stock Car A Indy é aqui? Faltando apenas três provas para o final da temporada 2012, a Stock Car recebe novos reforços. Dois pilotos farão sua estréia nesse ano, Rubens Barrichello e Tony Kanaan. Companheiros de equipe na Fórmula Indy, os brasileiros foram convidados para a última e mais importante etapa do ano, a Corrida do Milhão, que será disputada em São Paulo. Barrichello, que nunca andou em um carro da categoria, correrá pela equipe Medley/Full Time já em Curitiba e Brasília, como preparação para Interlagos. Tony Kanaan correrá pela Bassani Racing já em Brasília, também visando conhecer melhor o carro para a Corrida do Milhão. Os dois pilotos decidiram doar seus cachês para o Instituto Barrichello Kanaan. Alheios a isso, Cacá Bueno e Ricardo Maurício, líder e vice-líder da atual temporada com 131 e 129 pontos, se focam para conseguir mais um título. Daniel Serra, terceiro colocado com 117 parece animado a estragar a festa dos dois. Outro piloto que cresceu na reta final do campeonato foi Thiago Camilo. O paulista venceu a corrida de Tarumã, somou 113 pontos e entrou para a briga pelo título. Átila Abreu é o quinto colocado com 112 pontos, apenas um a menos que Camilo. Correndo por fora aparecem Valdeno Brito e Max Wilson, com 109 e 108 pontos respectivamente.

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GT3 Ferrari e Mercedes ditaram o ritmo em Guaporé A quinta etapa do Campeonato Brasileiro de Gran Turismo foi realizada na charmosa cidade de Guaporé, no Rio Grande do Sul. Durante todo o final de semana o que se viu foi uma intensa briga entre a Ferrari 458 da equipe CRT e as duas Mercedes SLS da equipe BVA. Na corrida de sábado a Ferrari parecia dominante, mas nas voltas finais o desgaste de pneus fez com que a distância de mais de 10 segundos caísse e a SLS de Duda Rosa e Cléber Faria chegasse colada na Ferrari. No domingo parecia que a Ferrari venceria com facilidade, mas uma quebra tirou Rafael Derani e Claudio Ricci da prova, deixando o caminho livre para uma dobradinha das SLS da BVA, contemplando a primeira vitória da dupla Renan Guerra e Vanuê Faria na categoria. A GT irá fazer uma exibição no próximo dia 14 na Argentina, no autódromo Juan y Oscar Galvéz em Buenos Aires. A ação faz parte de uma promoção para divulgar o campeonato em outros países da América do Sul, com o objetivo de atrair o interesse de novos pilotos.

GP2 Vice com orgulho O brasileiro Luiz Razia liderou boa parte da temporada 2012 da GP2, mas acabou terminando a temporada 2012 com a segunda colocação. O piloto da Arden viu o italiano Davide Valsecchi, que correu pela DAMS, vencer o título com 25 pontos de vantagem. Razia teve acidentes nas últimas provas e não completou quatro das seis últimas corridas disputadas. Felipe Nasr encerrou o campeonato deste ano com a 10ª colocação, um bom resultado para o ano de estréia. O brasileiro arrancou elogios da imprensa especializada e espera lutar pelo título da GP2 em 2013. Vitor Guerin ingressou na categoria apenas na quarta etapa e com uma equipe fraca, os resultados não apareceram e o brasileiro tenta vaga em uma equipe mais competitiva para o próximo ano.


Juliana Jabour

STREET STYLE

Na coleção verão 2013 apresentada em junho no São Paulo Fashion Week, a estilista Juliana Jabour misturou a sofisticação do Studio 54, lendária casa noturna nova-iorquina dos anos 70, com referências da personagem de Michelle Pfeiffer no filme “Scarface”. O resultado foi um misto de sportswear e elegância, estilo que também a representa no dia a dia. Casaqueto Joulik, camiseta vintage, calça Mother, tênis Sandro, óculos Louis Vuitton e colar Raphael Falci. “Jaquetinha rebordada de paetê valoriza qualquer look, até os mais básicos!”

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Camisetão Juliana Jabour e sapatilha Velle by Sigerson Morrison. “Camisetão listrado é um curinga para aqueles dias em que estamos com preguiça de montar looks!”


Túnica Topshop, shorts Amapô e sandália Juliana Jabour.

Blazer Alexander Wang, calça Mother, camiseta vintage e sapatilha Belle by Sigerson Morrison.

“Uma túnica romântica com shorts jeans sempre funciona!”

“Blazer desestruturado preto é sempre um curinga! Fica ótimo para usar com camisetas!”

Blazer Juliana Jabour, camiseta vintage, calça April 77, sapatilha Belle by Sigerson Morrison e colar Raphael Falci. “Um blazer colorido para dar uma levantada num look mais casual!”

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consumo

por Angel Inoue

Cadeira Campana Para os apaixonados por design, uma peça dos irmãos Fernando e Humberto Campana é desejo máximo. A cadeira Jenette, feita em madeira e com encosto de PVC, dá estilo a todos os ambientes. Na Firma Casa, com preço sob consulta. firmacasa.com.br

Como Tillmans vê a vida O fotógrafo alemão Wolfgang Tillmans (primeiro não-inglês a ganhar o badalado prêmio Turner Prize de fotografia) lança seu novo livro, “Neue Welt”, pela Taschen. São 216 páginas de puro deleite estético e imagens com o olhar dele sobre o mundo e a nossa época. U$ 24.

Cheiro essencial O refinamento máximo do estilo italiano está, em sua essência, na colônia Essenza, da Acqua di Parma. Uma verdadeira explosão cítrica, composta pelo limão e pela mandarina sicilianos, laranja, grapefruit e bergamota, complementados por acordes de óleo essencial de petit-grain e neroli. O frasco é um show à parte. R$ 269 na sephora.com.br

Viajando com luxo Os guias de viagem da Louis Vuitton são cheios de dicas insiders, daquelas que só quem conhece muito a cidade saber nos dar. A maison de luxo acaba de lançar o guia de São Francisco, para saborear com todas as letras a cidade americana. R$ 69

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Fotografia: Divulgação

Pisando em pássaros A Vans acompanha a tendência da estação e lança a Birds Collection. Os tênis ultra confortáveis e descolados da marca ganham nova roupagem com estampas de pássaros. Nas cores azul e verde, a partir de R$ 199. vansdobrasil.com

Spikes Os spikes continuam com tudo nos acessórios e algumas roupas. A clutch de Giuseppe Zanotti são uma das mais desejadas das fashionistas. O preço é de jóia.... Mais de R$ 4.000. giuseppezanottidesign.com

Louça Impressionista A exposição “Impressionismo: Paris e a Modernidade” fez tanto sucesso com as telas de Monet, Manet, Renoir e turma, que dá vontade de ter em casa um pouco desse movimento artístico iniciado na França. Canecas, bandejas, moringas e xícaras com estampas das pinturas de Monet fazem parte da coleção da Full Fit. fullfit.com.br

Loucas por Yayoi A segunda coleção assinada pela artista Yayoi Kusama para a Louis Vuitton (na primeira, Marc Jacobs ainda usava óculos) levou os fashionistas a uma verdadeira explosão de cores e estampas, característica comum no trabalho da artista japonesa. As bolsas e carteiras já são o último grito!

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romantismo do século XXI Fotos Gabriel Henrique Produção de moda Acacio Acacio


Frederico usa costume Acรกcio Acรกcio, Stefani usa blusa plissada Casa Juici e clutch de metal Vintage Explosion. Bruno usa camisa Yves Saint Laurent Rive Gauche e shorts OP na Casa Juisi.


Costume Acacio Acacio.


Camiseta de Organza Casa Juisi.


Stefani usa jaqueta bomber Chanel Bruno usa camisa e palet贸 Acacio Acacio



Moletom Boy London na Scrimn, shorts de nylon Vintage Explosion e tĂŞnis New Balance.


Colar, 贸culos e clutch Metal, regata Billabong e legging metalizada Mulher El谩stica.


Palet贸 Alexandre Herchcovitch, camiseta UK London no Vintage Explosion, shorts OP na Casa Juisi e t锚nis Vintage Explosion.

Styling Acacio Acacio Make & Hair Eduardo Hyde Modelos Stefanie Brietzig, Bruno Novodvasky e Frederico Jobim (ford)


El Divino

em Florianópolis

O El Divino segue levando renomadas atrações para Floripa. Durante os últimos meses, nomes como Prok & Fitch, Diego Miranda, Edu K, Ely Yabu e Juliana Barbosa foram destaque. Fotografia: David Collaço

Ana Carolina Beretti

Adriele Guimarães

Bárbara Amin, Cyntia Bolzan e Maria Alice Petrelli

Laura Aguiar

Evelyn Vasconcelos

Fernanda Motta

Karoline Santos e Karine Santos

Lívia Cunha

Melina Matos

Tatiani Borga

Bárbara Damo

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jivago 5 anos

O Jivago (agora sem o “Lounge” no nome) reabriu após duas semanas de reforma, em Florianópolis. Uma intensa maratona de festas, nos dias 11, 12 e 13 de outubro, marcou o início de uma nova fase da casa, e também serviu para comemorar o aniversário de cinco anos do clubinho. Na sexta ainda rolou a estreia da Discotech, festa que promete trazer renomados DJs da cena House nacional; a curitibana Bibba Pacheco foi a escalada para a primeira edição. Vida longa ao Jivago! Fotografia: Adriano Debortoli

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Lipous

no Wynn Club

No último dia 15 de setembro, o Wynn Club ferveu ao som do DJ Lipous. Com o apoio da marca Legend, a noite em Criciúma, Santa Catarina, ainda contou com apresentações de Cristian Koffi e do Female Angel Duo. Fotografia: Willian Pessi

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ocupa sounds em florian贸polis

O parque da luz, no centro de Florian贸polis, foi invadido pelo n煤cleo Sounds in da City. Durante uma bela tarde de primavera do dia 22 de setembro, os DJs Carlos Costa, Jean Villegas, Fernando Lima e Allen Rosa fizeram som livre ao ar livre. Fotografia: Coletivo Sem Fronteiras, Flavio Santanella e Ricardo Lin

Carlos Costa

Allen Rosa

B谩rbara Nessler e Gustavo Pamplona

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Jean Villegas e Carlos Costa


Mucuripe Club em Fortaleza

Dia 17 de agosto rolou a festa Electro Day, sob o comado do duo Rockeed. Os residentes Morr e Jaya, Rogério Amaral e Alex Dias – novo integrante do projeto – também agitaram o Mucuripe Club. A balada na Capital do Sol começou às 22hs e rolou noite adentro. Fotografia: Divulgação/MucuripeClub

Felipe Mota e Naime Martins

Rogerio Cavalcante, Pamela Martins, Patrícia Perez e Letícia Conrado

Lucas Brito e Carol Studart

Elis Regina, Flavia Pimentel e Vlaubenia Bento

Bruna Pimenta

Saul Martins e Lais Sales

Tiana Vasconcelos e Ana Karine

Renata Viana, Bianca Ponce e Mariana Perrela

Nicole Porto

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Preview GV Gramado no Save Club

Os cariocas Felipe e Gustavo, do duo Felguk, desembarcaram na balada de Portão, Rio Grande do Sul, para o Preview Green Valley Gramado, logo após uma participação no festival belga Tomorrowland, onde foram os únicos brasileiros entre 400 atrações. No line-up da Storm Arena ainda estavam Marcelo Nuñez e Pic Schmitz. Já o Terraço amanheceu ao som de Rapha Costa e Audioholics. Fotografia: Rafael Torres Atz

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Twice Nice

no Sunset Festival

Um local paradisíaco, grandes atrações e muita gente bonita fazem do Sunset Festival um dos eventos mais requisitados do estado de Minas Gerais. O Twice Nice esteve por lá com uma apresentação contagiante, colocando todo mundo para dançar com o melhor do electro house. Fotografia: Rodrigo Fávera / Sunset Festival

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House Mag Beach no P12

O parador mais famoso de Jurerê Internacional recebeu uma super edição da House Mag Beach, no dia 8 de setembro. A day party teve o comando de Tiko’s Groove, DJ e produtor conhecido pelos hits “I Don’t Know What To Do” e “I Can’t Get Nothing”. Além dele, nomes como Isabelle & Maryelle Assad, Flávio Grams, Ultramelt e Henrique Fernandes completaram o line-up. Fotografia: David Collaço

Camila Balcone

Agata Ribas

Agnes Sakai e Filipe Kleinubing

Ayla e Mariah Assunção

Camylla Vitório

Gutierrez

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Juliana Ramos

Caio e Camila Willemann

Laiane Leveorvihc

Icaro Ronchi


Camila Cunha

Tikos Groove

Monica Hess

Jorge Junior

Nicolas Hibib

Ricardo Macchi

Renato S谩

Victor Guerreiro e Flavia Cavasotti

Vict贸ria Bortolozo

Henrique Fernandes

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Feriado no Warung

Mais uma noite do Templo deu o que falar. No último 7 de setembro, feriado da Independência, Gui Boratto, Kolombo e Renatoe Ratier comandaram as pick-ups da pista principal. Já o Garden recebeu, pela segunda vez, o quarteto do momento: Soul Clap e Wolf & Lamb. Fotografia: Adriel Douglas

Anna Caroline Reis

Fernanda Pinheiro

Katia Cardoso

Carol Pontes

Taty Lupeis

Samantha Oliveira

Luana Machado

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Juliana Westphal

Thayse Tesch


Soul Clap no Club Vibe

Um dos duos mais aclamados do momento comandou a noite do Club Vibe no dia 6 de setembro. Os ianques do Soul Clap dividiram as pick-ups do conceituado clubinho de Curitiba com a argentina Antonela Giampietro e os brasileiros Guilherme SD e Daniel Sun. Fotografia: Evandro Povh

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Green Valley em Gramado

O Green Valley passou por Gramado, dia 18 de agosto, e realizou um evento épico na Serra Gaúcha. O club catarinense apresentou em sua mega estrutura Gui Boratto, Life is a Loop, André Sarate, o português Diego Miranda e outras atrações. Com uma produção cinematográfica erguida no Serra Park, o público de milhares de pessoas de diversas partes do Brasil dançou até o amanhecer. Fotografia: Adriel Douglas

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Alessandra Wrihorowitsch

Elise e Wallace Rodrigues

Fabiola e Igor Alexi

Rafael Horn

Life is a Loop

Karen Shauffert e Patricia Tolazzi

Wesley Ruschel

Thiago Mansur e Paulinho Veloso

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Evandro Santos e Gisele Martins

Karen Shauffert


Kika Orlandi e PC D’Avila

Ney Gusso e Ju Agostini

Alessandro Torres e Alessandra Cristina

Diego Miranda e Ricardo Flores

Leozinho e Eduardo Philipps

AndrĂŠ Saratte

Nara Alves

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2me

Concept

Versatilidade é a palavra de ordem do 2me Music Essence. O club de Balneário Camboriú recebe mensalmente a 2me Concept, noite guiada pelas batidas da música eletrônica conceitual. Os primeiros a passar pela casa foram os alemães do duo Adana Twins, já a noite da segunda edição recebeu a lenda do minimal Thomas Melchior, em noite de casa lotada e vibe intensa. Rodrigo Kost completou os line-ups. Fotografia: Adriel Douglas e Lucas Moço

Francine Hilgert

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Fabiana Machado

Carlinha Campos e Nina Dagnoni

Aline Hodecker

O duo Adana Twins

Ricardo Flores

Flávia Fagundes e Patrícia Souza

Thomas Melchior

Stefanie Magalhães

Ritiele Garaes

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Wolf + Lamb no D-Edge

No dia 6 de setembro, véspera de feriado, o duo nova-iorquino Wolf+Lamb agitou mais uma vez a pista do D-Edge. A noite Moving, conhecida por rolar sempre nas quintas do club paulistano, contou ainda com apresentações de Renato Ratier, Davis, China, Rodrigo Ferrari, Leo Janeiro e Aninha. Fotografia: Divulgação

Aninha

Ale Reis e Bia Brenneihsen

Carol Rodrigues

Kika Ortiz

Davis

Juba Jacomino e amiga

Anna Biazin, Vivi Rivaben e Fabiano Tamburus

Rodrigo Ferrari

Marcela Galves e Isabella Sanches

Wolf+Lamb

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Overbooking na Liqüe

No último dia 22 de setembro, a Liqüe apresentou a festa Overbooking. Com decoração inovadora, os DJs Vinicius Daher, Gromma e Naza Brothers comandaram as carrapetas da casa noturna com o melhor da música eletrônica. Fotografia: Luizo Cavet

Yasmin Lukavei

Beatriz Perdoncini e Thami Fouquet

Marjorie Motim e Carol da Costa

Rafaella Panizzi

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Camila Borella

Gabrielli Vieira

Naza Brothers

Guilherme Sanchez

Piratinha


Pacha

em Floripa

O argentino Sebastian Arévalo e o australiano Christian Luke comandaram as pick-ups da Pacha Floripa durante a noite de 8 de setembro. A festa ainda contou com a dupla brasileira do Vácuo Live. Entre o público, que dançou até a manhã de domingo, estavam nomes como Aline Prado, atual Globeleza, Nicolas Habib e a ex-BBB Ana Carolina. Fotografia: David Collaço

Aline Prado

Carol Lobato, Suele Quarezi e Tati

Danielle Zanetti

Diego Romaris e Gi Rafik

Leo Ribeiro e Taty Betun

Rodolfo Guimarães e Livia Peter Pires

Gabriela Lenze

Ana Carolina Dassi

Gabriela Padilha

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Female Angels no Confraria

Durante o dia 14 de setembro, o Confraria foi palco da gravação do DVD da tour “Viva Las Vegas”, protagonizada pelo grupo Female Angels. A balada em Floripa ainda contou com apresentações de Dot Larissa, Fade In e Mac Ferry. Fotografia: Angelo Santos

Daniele Oliveira

Renan Locks

Rodrigo Audino e Clara Sommacal

Andreia Marcon

Angélica Taques

Queuen Hapuque, Dani Maistriviscz, Cla Pessoa e Gabriel Rossato

Clara Sommacal

Queuen Hapuque

Suellen Guarezzi

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Adore

em Joinville

Durante a noite de 15 de setembro, o Joinville Square Garden apresentou mais uma edição da Adore. A festa levou dois grandes nomes: Gui Boratto e o uruguaio Gustavo Bravetti. O warm-up ficou por conta do Dubshape, duo formado por Ale Reis e João Lee. Completaram o line Victor Ruiz, Any Mello, Ruan Suiço, Daniel Quintero, Johan Guse e Pierre Costa. Fotografia: Willian Vilela

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phonique

no amazon club

Na quinta-feira, dia 11 de outubro, o club queridinho do oeste de Santa Catarina recebeu Phonique, Felipe Bervegnu, Diogo Accioly e Thiago Zacchi, comprovando porque o Amazon estรก entre os grandes clubs do Brasil. Fotografia: Junior Alm

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Julie McKnight na duc

Dia 5 de outubro o DUC Club de Curitiba recebeu a cantora norte-americana Julie McKnight, dona da voz do grande sucesso “How Soon Is Now� de David Guetta, Sebastian Ingrosso e Dirty South. O line up contou ainda com Diego Palladino e Alex Soul. Fotografia: Fernando Smak

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tecnologia

tech news por Marcelo Godoy

XDJ-AERO

O mais recente lançamento da linha Pioneer DJ é uma ferramenta all-in-one: pode ser mapeada como controladora MIDI para softwares de mixagem ou usada como mixer de dois canais para CDJs e turntables. Tem dois decks digitais com jog e pitch (além do polêmico botão Sync), possibilidade de até quatro loops marcados, efeitos, e filtro. Tem entrada para pen drive (para ler as músicas e gravação de sets), assim não é necessário um notebook plugado para discotecar. Apesar dos muitos features, a principal novidade é a conexão Wi-Fi particular gerada pelo gadget. Todas as músicas podem ser carregadas na plataforma via aplicativo Rekordbox, sem a necessidade de fios ou cabos. Talvez em um futuro muito próximo, o DJ só precise levar um smartphone para as gigs. US$1.399 (Disponível apenas nos EUA, sem previsão de chegada no Brasil).

WCS-1

O sintetizador analógico Wave Compostition Synthesizer é fabricado pela Electronic Music Works. Tem módulo MIDI based e um oscilador digital, para sínteses com waveforms simples ou complexas, porém, conta com circuitos analógicos. Segundo o fabricante, o intuito foi criar sons incomuns e gordos. É para ser utilizado com MIDI controllers ou sequenciadores, e tem uma saída jack mono padrão 1/4”. Um bom custo benefício para quem está em busca de seus primeiros materiais analógicos. US$269 Encomendas somente pelo site: www.electronicmusicworks.com

Digital Performance 8

A Motu trouxe a mais recente versão de seu DAW, para Windows e Mac. Como principais novidades, podemos destacar: suporte para utilização em 64-bit, suporte para Windows 7 e posterior, 17 novos plug-ins de efeito, 15 skins (ou temas) e “Punch Guard” (função que captura um tempo extra antes e depois das gravações para a proteção caso perca o pedaço do head ou do tail na hora de gravar. O DAW também é 100% compatível com a plataforma ultra-moderna Cocoa UI para Mac OS X. Conta com vídeo playback, customização in-line do painel de controle e administração melhorada dos plug-ins. Pode ser usado em ReWire a aceita plug-ins VST. US$495 / Update: US$195. www.motu.com/products/software/dp

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Fotografia: Divulgação

iRig Pre

Interface pré Mic universal para iPhone/iPad/iPod Touch. Em janeiro a IK Multimedia anunciou o desenvolvimento de uma interface universal para que qualquer microfone XLR pudesse ser utilizado diretamente em seu Apple mobile. A empresa iniciou as vendas no fim de setembro. Tem controle de ganho, +48V phantom power, saída para headphone, power switch e bateria 9V com duração de até 30 horas (se utilizado com microfones dinâmicos) ou até 10 horas (se utilizado com microfones condensadores phantom power). Ideal para ser utilizado com os apps gratuitos iRig Recorder e VocaLive. US$39,99 www.ikmultimedia.com/shop

NI Maschine MKII

A alemã Native Instruments iniciou, a partir de outubro, as vendas do novo modelo da consagrada beatmaking workstation Maschine. Nesta nova versão, todos os 16 touchpads podem ter uma cor associada, facilitando a identificação de sons, grupos, padrões e cenas. As funções timestretch e pitch-shift podem ser feitas diretamente no hardware. Master push enconder com grid e todos os 47 botões são clicáveis, para um workflow mais ágil. Novo display com contraste melhorado.

Permite Host Transport Control, para que possa ser utilizado como VST, Audio Unit ou plug-in RTAS. Conta também com novos efeitos como Transient Master, Tape e Tube saturators. Vem com o Massive (digital synth) completo. 599 € www.native-instruments.com

Minimoog Voyager Select

Conhecida pelo padrão de qualidade notável de seus sintetizadores, a Moog anunciou que vai descontinuar a produção da linha Minimoog Voyager Select. A série Select, descrita como “o sintetizador backlit analógico mais vendido de todos os tempos”, deve parte de seu sucesso à possibilidade de customização de madeiras, luzes e acabamentos utilizados na montagem. O fim da linha está previsto para 1º de janeiro de 2013. Até lá, o preço das últimas unidades cai de U$3,659 para U$2,999. A empresa justifica a retirada: “Os equipamentos são montados à mão e algumas duras decisões precisam, às vezes, ser tomadas”. Vale lembrar que essa retirada é somente para a série Select, ou seja, ainda há outros modelos de Minimoog Voyager. Esse é um daqueles momentos em que o novo clássico se consolida e vira item de colecionador, assim como sintetizadores de outrora também passaram por isso. Como consolo, aguardamos alguma novidade eminente por parte da Moog, já que haverá espaço e capacidade para uma nova linha. moogmusic.com/products/minimoog-voyagers/minimoog-voyager-select-series

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ilan kriger

Fotografia: Divulgação

Manual prático para um DJ de sucesso em 2012 A profissão de DJ está em mudança e evolução constante. Se você já está no mercado ou quer começar a investir na carreira, este artigo vai ajudá-lo com ideias, dicas e conceitos que podem alavancar seu sucesso. 1. Inglês Todos os manuais, nomes de técnicas e de ferramentas são em inglês. Se você não souber falar essa língua, será um analfabeto no universo dos DJs e da produção musical.

3. O DJ não é melhor do que suas músicas

Falar inglês vai permitir que você tenha acesso a uma infinidade de livros, revistas, artigos, tutoriais e cursos que não existem em português. Será difícil estabelecer contato com artistas, selos e festas de outros países. Imagine se você fizer um hit no Beatport e, da noite para o dia, começarem a surgir tours internacionais? Como vai conseguir pedir o seu almoço?

Como o brasileiro adora algo importado, sucesso internacional também vai alavancar a sua carreira por aqui. Nós já nascemos DJs (quem nunca, em algum momento da vida, colecionou música?), mas não nascemos produtores musicais. Para criar suas músicas, você vai precisar aprender sobre música, percepção rítmica, síntese, composição, arranjo, mixagem, masterização e um pouco de marketing. O mercado está cada vez mais exigente em relação ao resultado final de uma produção. Por isso, você não pode ser apenas um generalista nessas cadeiras, mas, sim, um especialista e mestre em tudo.

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Vejo algumas pessoas que não frequentam festas, que não convivem com pessoas do meio e muito menos navegam em comunidades virtuais. Antes de ser protagonista em qualquer situação, você precisa participar de festas, pagando ingressos e simplesmente se divertindo. Pesquise os estilos de música eletrônica, entenda as ferramentas e o trabalho do DJ, leia livros, revistas, pesquise tutoriais e artigos na Internet, vá em festas e entre em discussões para entender e vivenciar o que é o mercado da música eletrônica.

2. Produção musical

Hoje, maneira mais eficaz e duradoura para você conseguir um lugar no mercado é através da produção musical. Se você fizer uma música e ela estourar em sites como o Beatport da noite para o dia, sua agenda pode ficar lotada, agências e selos europeus e americanos vão querer que você faça turnês e apresentações para divulgar esses e outros lançamentos.

5. Mergulhe no mundo

Nem o DJ com a melhor técnica do mundo consegue sucesso sem músicas boas. O DJ é como um chef de cozinha: ambos precisam de bons ingredientes para fazer o seu trabalho, só que o primeiro coleta músicas e, o segundo, ingredientes para os seus pratos. Sem a matériaprima correta, nenhum dos dois consegue fazer seu trabalho. Como atualmente é difícil um DJ ter músicas exclusivas, a melhor saída é produzir suas próprias. Assim, além de ter ingredientes secretos, você pode colocar sua “receita” na mão de outros DJs.

4. Conecte-se com as pessoas O mercado de música eletrônica não é formado por clubes, sites especializados, revistas e livros, mas sim por pessoas que fazem essas empresas acontecer. Saia nas festas e conecte-se com esses profissionais, seja trazendo novas ideias ou ouvindo e comentando os assuntos que eles têm a dizer.

6. Mostre sua performance Não adianta você ter a melhor técnica do mundo e usar as ferramentas mais modernas já lançadas se o público não ver o que você está fazendo. Invente uma forma de deixar os seus equipamentos e performances visíveis para as pessoas – com certeza elas vão se conectar muito mais com sua apresentação e, consequentemente, com você.

7. Tenha a cabeça aberta Estilos musicais, ferramentas e tudo o mais que cerca a cultura dos DJs está muito conectado com a tecnologia (novos hardwares e softwares permitem a criação de diferentes sons e técnicas). Se você pensa que o seu modo de fazer música de dez anos atrás ainda é atual, você pode vir a ser chamado de dinossauro.


9. Tenha uma identidade Só coloque uma máscara de bicho ou uma melancia no pescoço se você não for só uma embalagem descartável, mas sim tiver conteúdo para oferecer. O mercado com certeza vai aceitar e venerar essa novidade.

8. A mídia não importa mais

Atualmente você pode tocar com vinil, CD, pendrive, computador ou qualquer outra mídia alternativa – isso não causa nem muito impacto positivo, nem negativo.

Não é à toa que em poucos anos Deadmau5 conseguiu se tornar um dos produtores/DJs mais famosos do mundo. Ele tem um nome estranho (“rato morto”, em tradução livre), usa uma cabeça de rato que pisca junto com a batida e músicas explosivas e de qualidade. Imagine o mesmo artista com essa cara e um nome mais comum como Joel Zimmerman:

Será que ele teria o mesmo sucesso?

Antigamente, havia uma parte do público que chegava até mesmo a sair da pista ao ver que o DJ estava tocando com CDJ; hoje, quase todo mundo toca com Traktor ou pen drive. Já o público, no geral, só está preocupado com a qualidade do repertório do DJ e não com o que ele tem nas mãos.

Você não precisa usar fantasia nem nada parecido. Sua identidade pode ser apenas um jeito diferente de tocar, de se expressar no palco ou em suas produções – só fuja a todo custo de ser mais um artista genérico que se esconde atrás dos equipamentos em suas apresenntações.

Por um lado isso é bom, pois permite que você toque com as ferramentas que tem à sua disposição. Mas também pode ser ruim, pois o público perdeu um pouco da conexão com o DJ e com as suas técnicas e performances. Acredito no médio e longo prazo, os DJs devem começar a construir músicas ao vivo, utilizando diferentes ferramentas e formas de manipular o som. Isso vai cativar novamente o público para perceber o que o DJ realmente está fazendo lá em cima.

10. Promova festas Criar a sua própria festa é a maneira mais fácil, rápida e eficiente de conseguir um lugar para tocar. Comece fazendo pequenos eventos em bares e casas noturnas, mas inicie com planejamento e já trabalhe com um nome/ logo/identidade visual e mídias sociais. Crie um mailing list, decore o local e faça tudo para que os seus clientes (quem vai à sua festa é seu cliente, sim!) saiam satisfeitos e tragam amigos na próxima edição. Se você fizer bem feito, vai ser fácil chamar a atenção de donos de clubes e levar o seu projeto para esses espaços maiores. Ter o seu próprio evento também é importante para fazer o intercâmbio com outros projetos e seus respectivos DJs. Traga um DJ para tocar, mas já peça para ele também contratar você para uma festa.


technoaudio

Imagens: Divulgação

ugerido Preço s

US$2.399 pioneer

CDJ 2000 Nexus

Principais novidades Display LCD de 6.1”: Nova interface para visualizar o gráfico da música com zoom.

por Mateus B.

Slip Mode e Quantize: Para tudo se encaixar no tempo (Hot Cues, Loops e Play quando o Sync estiver acionado).

O novo CDJ 2000 Nexus da Pioneer está dando o que falar. Foram adicionados recursos similares aos utilizados nos softwares de discotecagem como Traktor e Serato. O principal deles é o sistema de Beat Sync.

DJ Software MIDI/HID Control: Pode ser ligado diretamente para controlar o Traktor. A novidade é o espectro da música, que agora aparece no CDJ. Traffic Light: Mostra o tom da música que está tocando, para facilitar a harmonia nas mixagens.

mais tempo na performance e em (realmente) transformar as músicas ao vivo. Esse recurso já era utilizado no CDJ 2000, porém, apenas para loops perfeitos.

Com ele, a partir do momento em que você ajusta uma grade que segue a música no seu BPM original, é possível utilizar o sistema de sync, que crava a sincronia entre as músicas. Isso possibilita ao DJ trabalhar facilmente com 4 CDJs, estimulando a criatividade e concentrando

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Este é o primeiro CDJ com sistema Wi-Fi para utilização de músicas que estejam no celular, tablet ou computador. Com certeza, muitos DJs que hoje não largam os controladores devem repensar no fato de levar tantos equipamentos para a cabine, pois chegar no clube apenas com o celular no bolso e ter muitos recursos disponíveis facilita, e muito.

Compatível com iPhone, iPod Touch, iPad, Android smartphones e tablets, USB pendrive e HD, SD Memory Card, Windows e Mac.

Novas funções do RekordBox Ratings ao vivo: Sistema de classificação com estrelas agora direto no CDJ. Ajuste da grade no próprio CDJ: Beatgrid direto no equipamento, para o sistema de sincronia funcionar. Mais informações: www.pioneerdj.com


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coluna dj

Fotografia: Divulgação

por Buga spots coloridos (com lâmpadas melhores, obviamente) e também as bolas de espelhos instaladas da maneira mais profissional. Se já era difícil importar equipamentos de som, os de iluminação sempre ficavam em segundo plano e geralmente eram fabricados ou adaptados aqui mesmo. Mas o interessante é que nós mesmos, os DJs, éramos as pessoas que também operavam a iluminação. Entre uma virada e outra, uma pequena visita ao “painel de controle” (geralmente com interruptores comuns, iguais aos que você tem no banheiro da sua casa, sem exagero!) para dar uma brincada na luz. E também havia um protagonista: o estroboscópio. Os grandes eram exclusivos das casas noturnas, e aqueles DJs mais nervosos – ou que realmente mexiam nas luzes (pois alguns nem tocavam nos controles, as luzes ficavam na mesma sequência durante toda a noite) – os deixavam ligados por insuportáveis minutos.

Algarve, em Portugal, chamada Trigonometria, em 1986. A casa era um verdadeiro showroom de tudo o que havia disponível em iluminação, lasers, neons, coisas enormes que giravam com luzes dentro, bolas, etc. Era estranho dividir a cabine com alguém, principalmente quando elas eram pequenas. Mas ao mesmo tempo, era interessante ter um “cúmplice”, alguém para dividir as coisas, entender o que fazíamos a nível musical, acompanhar os ritmos, breaks, subidas e descidas com as luzes. Aos poucos, eles foram entendendo mais sobre as músicas, e de uma maneira mais abrangente. Naquela altura, a batida eletrônica do house já começava a despontar e a necessidade dos efeitos visuais era cada vez maior. Ali nasceram os “LJs” (light-jockeys), que só vieram a ser chamados de VJs depois do início da MTV nos Estados Unidos, inventora desse termo. Por falar em MTV, o vídeo passou também a fazer parte das noites de todo o mundo. Telões de projeção passaram a ser usados, e a coisa saiu da categoria “luz” para a categoria “luz + vídeo”. Daí para a frente, esse profissional ganhou um upgrade, começou a ganhar sua própria cabine, seu próprio espaço.

“Uma vez, tocando ‘Love to Love You Baby’, da Donna Summer, desliguei o disjuntor errado. Era o da energia geral do club... Imagine a cena!”

VJing:

A evolução por Rodrigo Vieira

Estou aqui para falar um pouco dos profissionais que completam nosso trabalho de DJ de maneira fundamental: os VJs, ou video jockeys. Do alto dos meus 30 anos de carreira como DJ profissional, olho para trás e relembro os primórdios dessa profissão, que só veio realmente a fazer parte da nossa “noite-a-noite” nos anos 80. Ainda lembro que quando comecei a tocar em festinhas de playground no fim dos anos 70, sempre levávamos a indefectível bola de espelhos, spots coloridos com lâmpadas normais e a luz negra. Tudo feito de maneira bem artesanal, madeiras pregadas pintadas de preto, fios com fita isolante e interruptores comprados em casas de ferragens. Quando olhávamos para os clubs, o conceito não era tão diferente. Eles tinham os mesmos

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Até hoje lembro de cenas engraçadas, como no club Hippopotamus, considerado um divisor de águas na noite brasileira, onde eu era residente. Apesar de todo esse status, os recursos de iluminação da casa eram pífios. Nós, os residentes, sempre tentávamos criar maneiras alternativas para gerar novos efeitos utilizando os poucos recursos existentes. Chegávamos a abandonar a cabine para ir até o quadro geral de interruptores e assim conseguir dar um breu em determinadas partes das músicas, apagando também as luzes normais da casa. Uma vez, tocando “Love to Love You Baby”, da Donna Summer, fui correndo para o quadro geral e na hora da primeira parada, antes de ela começar a gemer, desliguei o disjuntor errado. Era o da energia geral do club... Imagine a cena! Foi com a introdução do conceito dos big clubs no meio da década de 80 que começamos a ver as tendências europeias de iluminação, marcas que começavam a se estabelecer no mercado, sistemas computadorizados de controle e influências de Ibiza. Também percebemos que um bom trabalho visual combinado com a música do DJ poderia ser um fortíssimo aliado para o sucesso de uma noite, ou até para atrair clientes. Com a evolução tecnológica e o aumento de opções a nível de aparatos de iluminação e efeitos, apareceu também a necessidade de se ter um profissional dedicado a essa função: o iluminador. Aí começaram a aparecer os primeiros, na sua maioria vindos de outras áreas, como o teatro. Minha primeira experiência com um verdadeiro iluminador foi quando inaugurei uma casa no

Lembro quando fui a um marco da música eletrônica/dance, o super club Hippodrome, em Londres. Foi quando vi pela primeira vez um VJ como atração principal da casa. Ele ficava no meio da cabine e o DJ na ponta. Também lembro da emoção que senti ao entrar no antológico club Palladium, em Nova York, e dar de cara com mais de 40 das tão faladas e novíssimas Vari-Lites trabalhando sincronizadas com um computador 486. Enfim, os anos se passaram e hoje, na era dos plug-ins e LEDs, o VJ virou peça fundamental, um artista artesanal, criativo, pesquisador, detalhista, que sem sombra de dúvida pode ajudar um DJ a salvar a noite (ou destruí-la). O curioso é que mesmo assim, eles ainda têm que suar a camisa para ter seus trabalhos reconhecidos e valorizados como profissionais. Curiosamente, fui até o Wikipedia para ver a descrição de VJ e a achei super completa e atual: “VJing é uma designação ampla para o desempenho visual em tempo real. Características de VJing são a criação ou manipulação de imagens em tempo real através da mediação tecnológica e para uma audiência, em sincronização com a música”. E é assim que grandes profissionais brasileiros seguem suas trajetórias de sucesso. Aproveito para mandar um grande abraço a alguns desses nomes com quem já tive o prazer de dividir gigs: Daniel Paz, Leo, Toshiro, Vagalume, Jodele Larcher, Surreal, Tchelo, Batata, Spetto e muitos outros. ■


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*Em ordem alfabética.

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