Sino azul by RICO LINS + STUDIO

9 788560 195077

NAS CAPAS DA SINO AZUL: Registros da hist贸ria na revista da Cia. Telephonica Brasileira

ISBN 978-85-60195-07-7

NAS CAPAS DA SINO AZUL: Registros da hist贸ria na revista da Cia. Telephonica Brasileira

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Martins, Ana Luiza Nas capas da Sino Azul: registros da história na revista da Cia. Telephonica Brasileira / Ana Luiza Martins, Denise Mendes. -- São Paulo : Fundação Telefônica : Audoc.con, 2009. 128 p. Edição bilíngüe: português/espanhol. Bibliografia. ISBN: 978-85-60195-07-7

AS CAPAS DA SINO AZUL: registros da história na revista da Cia. Telephonica Brasileira

1. Telefonia (História) – Brasil 2. Sino Azul (História) 3. Companhia Telefônica Brasileira (História) 4. Telecomunicações (Desenvolvimento) – Brasil 5. História dos costumes I. Mendes, Denise II. Título. CDD 22. ed. – 384.60981

AS CAPAS DA SINO AZUL: registros da história na revista da Cia. Telephonica Brasileira

Conservar el fondo que compone la memoria de las telecomunicaciones del Brasil y difundir esta riqueza histórico-cultural en la sociedad, convirtiéndola en referente de ciudadanía para el desarrollo humano, es una labor de gran importancia para el Grupo Telefónica desde el inicio de sus operaciones en el país en 1998. Cuando llegó aquí, la Telefónica estableció como una de sus prioridades asumir un sólido compromiso con la sociedad brasileña, en el marco de una política eficaz de inversión social. La Fundación Telefónica se deriva de esta propuesta, que incluye dentro de sus proyectos dedicados principalmente a la educación y la protección de los niños, labores de conservación de la memoria nacional, en particular, de la historia de las telecomunicaciones en el Brasil, basada en la organización y restauración de valiosas piezas que cubren 125 años. En medio de esta rica fuente histórica, se encontraba la colección de revistas dirigidas al público interno de la Companhia Telefônica Brasileira (CTB), Sino Azul, que circuló entre 1928 y 1973, cuando la CTB fue sustituida por la empresa Telecomunicações de São Paulo (Telesp), empresa que hoy pertenece al Grupo Telefónica. Para la Telefónica, tan importante como ofrecer servicios de telecomunicaciones innovadores y de calidad, es contribuir para que las nuevas generaciones no solo conozcan la evolución de la telefonía en el Brasil, sino que puedan investigar los cambios de comportamiento que tuvieron lugar en el último siglo, por medio de productos culturales como esta publicación que tiene en sus manos. Tengo el placer de invitarlo a conocer, a través de las portadas y las ilustraciones publicadas en Sino Azul, la memoria de las telecomunicaciones y, a través de ella, zambullirse en los momentos que han marcado la historia y la cultura del país. Le deseo una agradable lectura.

Conservar o acervo que compõe a memória das telecomunicações no Brasil e difundir essa riqueza histórico-cultural para a sociedade, tornando-a referência de cidadania para o desenvolvimento humano, é trabalho de suma importância para o Grupo Telefônica desde o início de suas operações no país, em 1998. Quando aqui chegou, a Telefônica estabeleceu como uma de suas prioridades firmar um sólido compromisso com a sociedade brasileira, dentro de uma política de investimento social efetiva. A Fundação Telefônica surge a partir dessa proposta, o que inclui, dentro de seus projetos voltados principalmente para educação e proteção à infância, trabalhos destinados à preservação da memória nacional - em especial, a trajetória das telecomunicações no Brasil, a partir da organização e restauro de preciosas peças que abrangem 125 anos. Em meio a esse rico manancial histórico, encontrava-se a coleção de periódicos dirigida ao público interno da Companhia Telefônica Brasileira (CTB), a Sino Azul, que circulou entre 1928 e 1973, quando a CTB foi substituída pela Telecomunicações de São Paulo (Telesp), hoje empresa do Grupo Telefônica. Para a Telefônica, tão importante quanto oferecer serviços de telecomunicações inovadores e de qualidade, é contribuir para que as novas gerações conheçam não só a evolução da telefonia no Brasil, mas possam pesquisar as mudanças comportamentais ocorridas no último século por meio de produtos culturais como essa publicação que você tem em mãos. É com grande satisfação que convido você a conhecer, através das capas e ilustrações publicadas na Sino Azul, a memória das telecomunicações e, por meio dela, mergulhar em momentos que marcaram a história e a cultura do país. Boa leitura.

Antonio Carlos Valente Presidente del Grupo Telefónica en el Brasil

Antonio Carlos Valente Presidente do Grupo Telefônica no Brasil

Antonio Carlos Valente Presidente del Grupo Telefónica en el Brasil

Antonio Carlos Valente Presidente do Grupo Telefônica no Brasil

Hacer pública una colección tan exquisita y poco conocida como la recogida en este libro marca un hito en las celebraciones del décimo aniversario de la Fundación Telefónica en el Brasil. Desde 1999, trabajamos con dedicación para coordinar de forma efectiva y responsable la inversión social del Grupo Telefónica en este país. Además de contribuir a la mejora de la calidad de la educación y la consolidación de los derechos de los niños y adolescentes, para la Fundación Telefónica, promover el acceso a la cultura significa contribuir directamente al desarrollo social del Brasil. Por tal motivo, la Fundación Telefónica ha fundado el Núcleo Memoria Telefónica, a fin de llevar a cabo la labor de conservación y dar al público acceso a la colección de más de tres mil piezas, incluidos teléfonos y equipos técnicos, cien mil fotografías y un amplio fondo que incluye guías telefónicas desde 1911. Al hojear Nas Capas da Sino Azul, el lector tendrá acceso a una rica fuente de información, que incluye una selección de más de 150 ilustraciones de portadas e ilustraciones de la revista, que muestran desde la relación de los brasileños con los teléfonos a lo largo del tiempo hasta hechos históricos, tales como el trascurso de la Segunda Guerra Mundial. Fundada hace más de 80 años por la Companhia Telefônica Brasileira (CTB, la predecesora de la Telefónica en la prestación de servicios de telecomunicaciones en el Estado de Sao Paulo), a Sino Azul fue pionera en el segmento de revistas para empleados de empresas y se destacó, precisamente, porque publicaba reportajes que sobrepasaban ampliamente el ámbito de la telefonía. Secciones de consejos médicos, textos sobre moda, comportamiento y deportes ocuparon las páginas de la publicación y muestran los cambios de comportamiento que se produjeron a lo largo del siglo pasado. En el último decenio, nuestros esfuerzos de organización y difusión del fondo también tuvieron como un resultado el portal de Museu do Telefone (www.fundacaotelefonica.org.br/ museu), que está considerado como uno de los mayores fondos históricos virtuales del Brasil. Tenemos el honor de poner en sus manos una obra importante para la comprensión y la valorización de la historia y la cultura brasileñas. Disfruten del libro.

Tornar pública uma coleção tão rara e pouco conhecida como a que está disponível neste livro é um marco dentro das comemorações dos dez anos de atividades da Fundação Telefônica no Brasil. Desde 1999, temos nos empenhado em cumprir, de maneira efetiva e responsável, o objetivo de coordenar o investimento social do Grupo Telefônica no país. Além de contribuir para a melhoria da qualidade da educação e consolidação dos direitos das crianças e dos adolescentes, para a Fundação Telefônica, promover o acesso à cultura significa colaborar diretamente com o desenvolvimento social no Brasil. É neste contexto que o Núcleo Memória Telefônica foi criado pela Fundação Telefônica – para realizar o trabalho de preservação e dar ao público acesso ao acervo composto por mais de três mil peças, entre as quais telefones e equipamentos técnicos, cem mil fotografias e vasta coleção, que inclui listas telefônicas desde 1911. Ao folhear Nas Capas da Sino Azul, o leitor terá acesso a uma rica fonte de informações, o que inclui uma seleção de mais de 150 capas e ilustrações da revista que retratam desde a relação dos brasileiros com os telefones ao longo do tempo até fatos históricos, como o desenrolar da 2ª Guerra Mundial. Criada há mais de 80 anos pela Companhia Telefônica Brasileira (CTB, antecessora da Telefônica no serviço de telecomunicações no Estado de São Paulo), a Sino Azul foi pioneira no segmento de revistas para funcionários de empresas e se destacou, justamente, por produzir reportagens que foram além do ramo da telefonia. Seções de dicas médicas, textos sobre moda, comportamento e esportes marcaram as páginas da publicação e mostram as transformações comportamentais ocorridas no século passado. Nos últimos dez anos, nossos esforços de organização e difusão do acervo também resultaram no portal Museu do Telefone (www.fundacaotelefonica.org.br/museu), hoje considerado um dos maiores acervos históricos virtuais do Brasil. Para nós, é uma honra colocar em suas mãos uma importante obra para a compreensão e a valorização da história e da cultura brasileira. Desfrutem deste livro.

Sérgio Mindlin Director presidente de la Fundación Telefónica

Sérgio Mindlin Diretor-presidente da Fundação Telefônica

Sérgio Mindlin Director presidente de la Fundación Telefónica

Sérgio Mindlin Diretor-presidente da Fundação Telefônica

sumário 10

Introdução - TElefone em Revista

Desenvolvimento Tecnológico e Contexto Político

Mudanças Sociais e Contexto Cultural

Versão em espanhol

125

Bibliografia e Instituições pesquisadas

127

Créditos

sumário 10

Introdução - TElefone em Revista

Desenvolvimento Tecnológico e Contexto Político

Mudanças Sociais e Contexto Cultural

Versão em espanhol

125

Bibliografia e Instituições pesquisadas

127

Créditos

TELEFONE EM REVISTA

“Sino Azul é, portanto, uma revista feita por empregados e para empregados da Companhia Telefônica Brasileira. Tem uma direção, como é necessário, mas não dispensa a colaboração de todos.” EDITORIAL DE SINO AZUL, EM 1928

Coleções de revistas de época figuram hoje como raridades de mercado, disputadas por colecionadores e bibliófilos. Tradicionalmente descartadas por seus assinantes e proprietários, vistas muitas vezes como publicações anacrônicas, só nos últimos anos vêm sendo reconhecidas, valorizadas e muitas delas reimpressas em edições facsímiles, em razão de sua extrema importância cultural. O hábito de descartar revistas e coleções de revistas deriva da própria natureza dessa publicação – um impresso de caráter efêmero, de leitura amena, que uma vez lido é posto fora. Daí a preservação de poucos exemplares, circunstância também propiciada pela exiguidade contemporânea de espaço físico para sua guarda, o que as condena à destruição, pura e simples.

O enorme prazer do colecionismo já seria um bom motivo para reuni-las, em função das temáticas abordadas, da antiguidade dos exemplares e, em especial, por conta dos registros de arte gráfica estampados em suas páginas. Nas últimas décadas, as coleções de revistas de época ganharam dimensão múltipla como documento plural, entre outros fins, para a recuperação de imagens do passado, vale dizer, para a reconstrução da História. O registro do cotidiano, por exemplo, pode ser apreendido num simples folhear de páginas. Uma coleção de revistas é conjunto lúdico irresistível, que numa só publicação reúne texto, imagem, técnica, visões de mundo e imaginários coletivos que deliciam qualquer leitor. Seus componentes aparentemente corriqueiros – formato, papel, letra, ilustração, tiragem – propiciam uma infinidade de informação pelo registro abrangente: do textual ao iconográfico, do extratextual – reclame ou propaganda – à segmentação, do perfil de seus proprietários àquele de seus consumidores. Nesse sentido, a coleção da revista Sino Azul, editada há mais de 80 anos pela Companhia Telefônica Brasileira (CTB), é documento importante, merecedor de análise e divulgação. Essa singular coleção faz parte do acervo histórico do Grupo Telefônica no Brasil, gerido pela Fundação Telefônica, que, através de seu núcleo Memória Telefônica, atua na preservação e divulgação desse acervo. Como revista de longa duração, sua permanência obedeceu a mudanças inevitáveis – uma das razões de sua longevidade – exigidas por conjunturas específicas

Junho 1932, nº 54, ano V Atestando sua vanguarda estética, também Sino Azul se utilizou do trato arlequinal da imagem, recorrente nas ilustrações inovadoras da época, particularmente em São Paulo. A requintada revista paulista Arlequim, marcada pela proposta da estética modernista, reproduziu sistematicamente em suas capas os losangos característicos da roupa deste personagem. É o que se vê nesta Sino Azul do mesmo período, que traz o fundo em losangos coloridos, onde se inserem fileiras ordenadas de telefones. Em primeiro plano, a figura sorridente e ágil do moleque de recados apresenta o telefone em uma bandeja e estampa sua alegria com a transmissão mais rápida e eficiente da mensagem. Observar que a figura do mensageiro, exemplarmente trajado, remete o uso do telefone aos hotéis de qualidade que então se implantavam em São Paulo, beneficiados com a propagação do aparelho. O ritmo dos losangos ao fundo, o título Sino Azul em letras frisadas de branco, simulando movimento, assim como a cartela de cor diversificada da ilustração, conferem a esta capa rara mobilidade e leveza, opostas aos dias vividos nas capitais do sudeste, onde transcorria a chamada Revolução de 32.

TELEFONE EM REVISTA

Março 1928, nº3, ano I O terceiro número da revista trazia uma capa metalinguística: a própria revista aparece na ilustração. Garoto divulga a revista Sino Azul para a população, que o observa contente. Pendurado em um poste telefônico, ele convida os leitores a conhecerem esse novo veículo de comunicação interna da companhia. A distribuição da revista não era feita em bancas de jornal, mas sim gratuitamente entre os funcionários da CTB, dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal.

e novas demandas da empresa e da sociedade. Entre janeiro de 1928 e agosto de 1973, Sino Azul foi uma revista da CTB, circulando no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. A partir de agosto de 1973, com a constituição da Telesp, a CTB deixa de atuar no estado de São Paulo. Sino Azul dá lugar então à revista da nova companhia telefônica do estado, Entrelinhas, criada em abril desse ano, com distribuição restrita aos funcionários da estatal. Entre 1973 e 1975, a CTB mantém a revista Sino Azul nos outros estados em que atuava, com o subtítulo Telecomunicações em revista. A partir de 1976, a Sino Azul passa a ser uma revista tanto dos funcionários da Telerj, estatal do Rio de Janeiro – que continuou a publicá-la até o final da década de 1980 –, quanto dos funcionários da CTB, da CTMG (Minas Gerais) e da CTES (Espírito Santo). Cabe lembrar que, na década de 1920, quando do lançamento de Sino Azul, a popularidade do gênero revista vivia seu esplendor. Conhecendo ampliação de tiragens e circulação por conta da revolução técnica da imprensa, era a mídia preferencial para notícias de todo teor, suporte ideal para estampar e divulgar propagandas, impresso que permitia, com melhor resolução, os múltiplos experimentos gráficos que enriqueciam a mensagem. Esse gênero assumiu a impressão a cores, os métodos fotoquímicos de reprodução e inovou na introdução das novas estéticas do desenho gráfico e da diagramação. Entre o jornal, de trato gráfico menos atraente, e o livro, ao alcance de poucos, cabia à revista, sobretudo a ilustrada, arrebatar a população leitora de um Brasil que se alfabetizava, recém-ingresso na República e que procurava veicular seu progresso nas páginas sedutoras dos magazines e/ou revistas de variedades. E foram inúmeras... Sino Azul fazia bonito entre seus pares de época. A despeito de ser uma revista interna de empresa, voltada para os quadros de funcionários e aparentemente dispensando a competitividade de uma revista de mercado, pautou-se por rigoroso profissionalismo, cumprindo adequado projeto editorial. Ao contrário de suas contemporâneas, muitas delas acometidas do famoso “mal dos sete números” – ou seja, a circulação de apenas sete números após o lançamento –, Sino Azul foi longeva, recriando-se entre os tantos modelos editoriais ditados pelas décadas subsequentes, no quadro das transformações da empresa e mesmo do país.

SINO AZUL, PARA ALÉM DE UMA REVISTA

Sino Azul nasceu com o ano de 1928, com periodicidade mensal, lançando seu primeiro número no mês de janeiro, repleto de mensagens estimulantes em torno da data auspiciosa. Por que o título Sino Azul e qual sua simbologia? Para além da imediata associação ao último nome de Alexander Graham Bell, divulgador do telefone, que traduzido significa “sino”, tem-se no editorial de julho de 1944 a explicação completa: O Sino tornou-se um símbolo sagrado da grande Nação (norte-americana). É natural, por isso, que ele fosse lembrado no advento de um meio de comunicação de extraordinário alcance, que surgiu no ano em que se comemorava o 1o Centenário da Independência Americana, em 1876. (...) Há cerca de sessenta anos as companhias telefônicas norte-americanas, que formaram depois o Sistema Bell, adotaram o sino como símbolo da empresa, quer reverenciando o próprio nome de “Bell”, que significa Sino, quer em homenagem ao histórico “Sino da Liberdade” norte-americano. E o Sistema Bell usou desde então o emblema do Sino em cor azul sobre fund o branco, evoluindo o formato de fundo do retangular para o circular.

Logo, era inevitável que o sino azul, repositório de tantas significações, se transformasse em título de uma revista da CTB. O novo periódico, de circulação interna da empresa, voltava-se nessa época para seu diversificado corpo de funcionários, que se distribuía entre os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, além do Distrito Federal, na época, no Rio de Janeiro. Sino Azul era uma publicação diferenciada das revistas de mercado. Não exatamente pelo formato, diagramação, técnica de impressão, recursos gráficos inovadores, mas, sobretudo pelo projeto editorial. Direcionava-se para um público alvo bastante particular, senão específico, constituído pelos vários escalões do quadro de funcionários da CTB. Nesse sentido, deveria atender do mais simples contínuo ao diretor da companhia, circulando pelo vasto corpo de engenheiros, funcionários administrativos, técnicos diversificados e as tantas mulheres, que passavam a figurar como agentes sociais decisivos na empresa moderna.

Sua abrangência contemplava a complexidade dos níveis sociais e estágios culturais de seus consumidores, conformados por homens e mulheres de procedência vária, e sua orientação era dirigida por alguns propósitos: o congraçamento dos quadros da empresa, sua respectiva qualificação sociocultural, a conformação de um corpo de trabalhadores estimulados para o crescimento profissional e pessoal. Esses propósitos foram agregados em uma única iniciativa: a divulgação e venda de uma imagem qualificada da empresa, de extrema modernidade, exaltando um Brasil que ingressava em ritmo veloz nas demandas do capitalismo internacional, aparelhandose com os recursos de ponta da comunicação. O novo órgão deveria, portanto, transmitir a contemporaneidade e a eficiência da empresa e estar embalado em cuidada apresentação gráfica, além de ser dotado de conteúdo noticioso qualificado e acessível a todos. Todas estas mensagens centralizavam-se numa só representação gráfica: aquela do telefone, engenho de baquelite negro, imprescindível para o avanço da comunicação e da modernidade técnica, aparelho que sinalizava progresso e refletia a eficiência e a racionalidade pretendidas pelo país. Símbolo do encurtamento das distâncias, da aproximação de continentes e movido por linhas invisíveis, o telefone exercia fascínio e embevecimento pelo mágico poder de comunicação, então ao alcance de poucos. Como fetiche foi apresentado em prosa, verso, caricatura, figurino, estilizações e estéticas inovadoras, símbolo de inúmeras mensagens. A despeito dessa recorrência, a revista resultou diversificada, plural, um retrato do Brasil que se modernizava por meio dos cabos

SINO AZUL, PARA ALÉM DE UMA REVISTA

telefônicos propagados pelo país em crescimento. Sino Azul alegorizou o telefone, representando-o e estilizando-o por meio de ícones do progresso, veiculando mensagens positivas. Atingir esta abrangência em projeto editorial não foi tarefa fácil. Pelas páginas da Sino Azul sabe-se, até mesmo, da existência de projetos editoriais anteriores, que não vingaram. Um deles foi O Telefone, saído em 1927, das Seções de Avaliação e Contabilidade de São Paulo, que se limitou a seis números. Em dezembro de 1927, o superintendente geral da CTB, Sr. Laurence Hill, chamou um editor do mercado, E. M. Brandão, para criar uma revista interna da empresa. Assim, em janeiro de 1928 saía o primeiro número da Sino Azul, revista de periodicidade mensal que chegou para ficar nas décadas seguintes, tendo Brandão como editor responsável até sua aposentadoria, em 30 de setembro de 1955. Por meio do editorial do presidente, convocava os funcionários para a conformação da grande família que compunha a empresa, estimulando sua participação em todos os seus segmentos. No expediente completo da revista, constavam as seguintes informações:

SINO AZUL REVISTA MENSAL PUBLICADA GRATUITAMENTE PARA OS EMPREGADOS DA CTB E. M. BRANDÃO EDITOR TODA CORRESPONDÊNCIA DEVE SER ENVIADA A : Janeiro 1928, nº1, ano I A primeira capa da Sino Azul, de 1928, trazia a fotografia do monarca D. Pedro II, introdutor do telefone no Brasil. Lançada no curso de preparação das eleições presidenciais, curiosamente sinalizou as duas forças em jogo naquele pleito. O inovador recurso gráfico reproduzia a fotografia de D. Pedro II, imagem que remetia ao Brasil monárquico e rural do passado, inserida no desenho azul de uma estrada que avançava para o infinito, onde os trilhos de ferro, os postes e os fi os do telefone apontavam para a ambicionada modernidade, da qual a CTB era uma das melhores representações.

E. M. BRANDÃO CTB – CAIXA POSTAL 571 – RIO DE JANEIRO TODA COLABORAÇÃO PARA DETERMINADO NÚMERO DEVE ESTAR EM PODER DO EDITOR ATÉ O DIA 15 DO MÊS PRECEDENTE À PUBLICAÇÃO

Em sua primeira capa, Sino Azul trazia uma fotografia de D. Pedro II, monarca reconhecido como introdutor do telefone no Brasil. O editorial anunciava o Ano Novo, bem ao espírito das revistas de variedades, amenas, vistas então como o “sorriso da sociedade”. No caso da Sino Azul, um texto singelo anunciava seu ingresso: no recesso do lares, onde a virtude embalsama o ar e os eflúvios do puro amor purificam as almas.

Finalizava, exaltando: “o espírito dos que honram a humanidade pelo exemplo do trabalho que nobilita a individualidade e fortalece a virtude.”1 Estavam postas já nesse primeiro número as premissas editoriais da publicação, voltada para um público específico, os funcionários da Companhia, sempre buscando valorizar suas qualidades de agentes laboriosos e devotados ao dever. A despeito de circular no ano de 1928, o texto trazia traços parnasianos, tendência de muitas revistas institucionais, mas no geral sua comunicação era direta e objetiva. Como revista de empresa, Sino Azul privilegiava a comunicação imediata para divulgação de informações técnicas da empresa, artigos da história das comunicações e variedades de interesse geral. Coube às capas, porém, estampar o que de melhor havia na conjugação tema, técnica e desenho. A revista nascia em momento de boas perspectivas econômicas para o Brasil. Apesar da queda do preço internacional do café, o país estava entre os maiores fornecedores mundiais do produto e esta commodity fazia de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais – exatamente onde se ampliavam os postes telefônicos – os estados promissores do país. A indústria também conhecia progressos nesses estados e sinalizava futuro promissor. A crença na Pátria e o espírito patriótico eram tônicas dos discursos da época. Desde o primeiro número infere-se o caráter educativo e modelador do projeto editorial, instrumento de treinamento de funcionários, de seu congraçamento, integração e qualificação. Para as telefonistas, ensinava-se como utilizar a voz e a necessária polidez na comunicação; para os técnicos, eram veiculadas informações sobre funcionamento de equipamentos. Quando da instalação do sistema automático de telefones, por exemplo, o artigo “Funcionamento do Serviço Telephonico Automático” se desdobrou do nº15 até o nº37, vale dizer, de 1929 a 1931. Como tema recorrente, sobretudo nos primeiros anos, narrava-se a história do telefone e da ciência, destilada em capítulos, quase como um folhetim, que de mês em mês seduzia e conquistava o leitor. A exaltação de vultos célebres da história da ciência foi uma constante, que mais tarde encontrou correspondência na celebração das datas cívicas nacionais.

1. Sino Azul. 1928, nº 1, ano I.

Janeiro 1971, nº1, ano XLIV No auge do governo ditatorial dos militares, o presidente Emílio Garrastazu Médici posa para fotografia. A revista, nessa época, está cada vez mais técnica, sem grandes artigos com enfoques culturais e sociais, provavelmente reflexo da política de controle e censura às manifestações da sociedade e ao destaque dado pelo governo para as questões de formação de mão-de-obra especializada.

E. M. BRANDÃO CTB – CAIXA POSTAL 571 – RIO DE JANEIRO TODA COLABORAÇÃO PARA DETERMINADO NÚMERO DEVE ESTAR EM PODER DO EDITOR ATÉ O DIA 15 DO MÊS PRECEDENTE À PUBLICAÇÃO

1. Sino Azul. 1928, nº 1, ano I.

Junho 1929, nº 18, ano II Projeto gráfico e serviços telefônicos assemelham-se na sua modernidade. A revista Sino Azul apresenta nesta capa a síntese de seus serviços: uma rede de comunicação. São os primórdios da atual web (rede, em inglês). Em fundo vermelho, a mesa de ligações é envolta na teia de uma aranha, simbolizando a criação de um sistema de comunicação abrangente e envolvente. À frente dessa teia de fios (telefônicos) está a telefonista, com seus braços ágeis na conexão dos números. De costas para o leitor, ela chama a atenção para o seu foco – a mesa de ligações – e, assim como ela, o que vemos é a complexidade desse equipamento telefônico, responsável pela comunicação entre as pessoas.

Nos moldes das revistas da época, que diversificavam suas seções e temáticas para atingir ampla gama de leitores, Sino Azul também resultou em uma “revista de variedades”, ordenando-se em seções regulares que condicionavam o leitor à permanente consulta, gerando a criação de um vínculo com o periódico. Trazia o repertório tradicional das congêneres e, além do indefectível editorial, em geral assinado pelo Presidente da Companhia, sucediam-se as seções sobre história do telefone e da ciência, crônicas açucaradas e de esporte, além da inevitável seção de humor, com caricaturas isoladas ou quadrinhos, que tinha por título “Repicando”. Mas havia ilustrações eventuais, que estampavam caricaturas dos funcionários, sob o título “Galeria Telefônica” e, algumas vezes, “Caras e Caretas”. Constantes, também, eram a “Página Feminina” e a de “Notas Sociais”. Naquela, reproduziam-se figurinos da moda e informações de interesse da mulher. Nesta, veiculavam-se as datas de nascimento de filhos de funcionários, aniversários e confraternizações ocorridas na empresa, assim como a morte de empregados. A partir de 1929, quando gerações de funcionários se aposentaram pela CTB, a categoria de veteranos foi homenageada, merecendo destaque em seções especiais da Sino Azul. “Como se fazem veteranos” foi uma delas, na qual a atuação dos antigos funcionários era reconhecida e festejada.2 O segmento “Notas Esportivas”, obrigatório nas publicações da época, iniciou-se modesto, mas foi ganhando espaço, sobretudo quando se formaram times da Casa, mantendo-se ao longo da publicação. Houve ainda a seção regular de divulgação dos concursos internos, fossem para conceber as tantas capas da revista, fossem para selecionar o desenho para a bandeira da CTB e, mais tarde, para a eleição da Miss Telefônica. A “Seção Médica” foi constante, com orientação sobre higiene e saúde. Dentre tantas, as seções que efetivamente permaneceram no curso da Sino Azul, com ligeiras alterações de título, mas alusivas ao mesmo conteúdo, foram “Repicando”, “Página Feminina”, “Notas Sociais”, “Veteranos” e “Notas Esportivas”.

2. A homenagem aos veteranos se inicia na Sino Azul. 1929, nº 16, ano II.

1970, nº1, ano XLIII A modernidade aparece aqui tanto no projeto gráfico como no tema da capa. Ousada na ampliação de um detalhe da fiação telefônica, a Sino Azul, durante a década de 1970, passou a privilegiar a tecnologia como tema de suas matérias internas. O projeto gráfico também passou por transformações, valendo-se principalmente de fotografias coloridas, o que deu uma nova cara para a publicação. Ao longo desses anos, a revista deixou de ser distribuída nos tradicionais estados servidos pela CTB e deu lugar, em São Paulo, à revista Entrelinhas, da Telesp – estatal que substituiu a antiga companhia.

2. A homenagem aos veteranos se inicia na Sino Azul. 1929, nº 16, ano II.

Assim, naquelas páginas periódicas, o funcionário da CTB, tematizado mensalmente, ganhava outra dimensão de si próprio, identificando-se com colegas, reconhecendo-se como elemento importante daquela engrenagem que trazia a modernidade, percebendo o alcance da empresa da qual fazia parte e que o incorporava afetivamente, como membro de uma grande família. Nos primeiros anos de circulação, a propaganda e publicidade encontraram espaço em Sino Azul, uma vez que seu consumidor dispunha de renda segura para aquisição de bens do mercado. Geralmente esses anúncios apareciam nas terceiras e quartas capas e os produtos anunciados assinalavam a aquisição do novo, a renovação das práticas de consumo, conforto e lazer. Entre 1928 e 1929 foram divulgados: Açúcar União, Água de Caxinguy, Stromberg Carlson, aparelhos de reprodução de som, Lar Brasileiro, administrado pela Sul América, para carteira de poupança, venda de lotes, magnésia S. Pellegrino, drogarias, manteiga vegetal de côco Brasil, Cinzano como fortificante, arquivos de aço, máquinas de escrever Underwood, Confeitaria Vienense na Barão de Itapetininga 63, em frente ao Grande Hotel da Paz, Grande Torrefação e Moagem do Café Internacional, no Brás, Casa Alemã, Saponáceo Cito, Casa Odeon, Chocolates Falchi, Cerveja Pilsen de Petrópolis, aparelhos Siemens, Elevadores Otis, entre tantos. Todos esses, produtos inovadores do mercado, que espelhavam as conquistas técnicas da modernidade, acessíveis aos funcionários da CTB. Registrou-se até mesmo um anúncio do automóvel Hupmobile, de 6 cilindros, ano 1928, direcionado certamente para o alto escalão da empresa. Concomitantemente, como propaganda subliminar daqueles dias de renovação de toda ordem, noticiava-se, em 1929, a inauguração da Estrada Rio-São Paulo, com Washington Luís, Presidente da República, apresentando a planta da estrada rodoviária em paralelo à ferrovia. Técnicas modernas de venda foram ali exercitadas, valendo-se das tantas estratégias para colocação de produtos, a exemplo das abaixo mencionadas, no ano de 1929:

Comprem nas casas que anunciam em Sino Azul. Digam-lhes que viram seus anúncios nesta revista.3

Em sua grande maioria os anunciantes eram de São Paulo, o então poderoso empório comercial da América Latina. Não obstante, esses anúncios que faziam da Sino Azul um veículo de propaganda e publicidade rarearam ao longo da década de 1930, até desaparecerem por completo, limitando suas páginas à divulgação de informes da empresa. Inevitável, porém, que ao longo de quase cinco décadas em que circulou como Sino Azul, revista da CTB, o periódico variasse em diagramação, número de páginas e formato. Atento às incríveis e céleres transformações de técnica, costumes e hábitos do século XX e presidido por conjunturas que interferiam em sua fatura – da crise do papel em tempos de guerra aos subsequentes perfis da empresa –, o periódico acabou por mimetizar, em papel e tinta, as marcas do século. Essas mensagens podem ser apreendidas no interior da revista, por conta de seus editoriais, seções e ilustrações. Contudo, mais que o interior, são as capas da Sino Azul que espelham as transformações de toda ordem, reunindo numa só página de grande efeito comunicador momentos especiais da história da Companhia Telefônica Brasileira, hoje Telefônica e, para além disso, ilustrando uma história de Brasil.

Quem leva o cupom da Sino Azul ganha 5% de desconto sobre o preço de compra na Mobiliadora, de Isidoro Chansky & C. à rua Rangel Pestana 194, São Paulo.

3. Sino Azul, durante os exemplares de 1929.

Comprem nas casas que anunciam em Sino Azul. Digam-lhes que viram seus anúncios nesta revista.3

Quem leva o cupom da Sino Azul ganha 5% de desconto sobre o preço de compra na Mobiliadora, de Isidoro Chansky & C. à rua Rangel Pestana 194, São Paulo.

3. Sino Azul, durante os exemplares de 1929.

O DESFILE DAS CAPAS

A capa, sem dúvida, cumpre um papel no processo de envolvimento físico com o livro (ou com a revista), pois, embora não se possa olhá-la enquanto se lê, ela o define como objeto a ser apanhado, deixado de lado e talvez conservado ao longo do tempo. ALAN POWERS

A capa é um “rosto” que se oferece ao mundo e que deve conquistar o consumidor de imediato, pelo simples olhar. Seja de livro ou de revista, ela tem uma função protetora e definidora do objeto de leitura. Talvez na revista o poder de atração da capa seja até mais intenso, imediato, dada sua efemeridade temporal, ou melhor, a velocidade com que a mensagem tenha que ser transmitida, válida para uma semana ou um mês, conforme a periodicidade da publicação. Nessa função de protagonista destacada dos vários gêneros de impresso, a capa desempenha funções múltiplas, pois sintetiza fatos complexos, destila mensagens certeiras, educa, surpreende, conquista, reinventa estéticas, desenvolve experimentos técnicos, documenta a História. Por si só, a reunião de capas vale uma publicação. Na Sino Azul, a representação das capas figura de forma exemplar. Eixo condutor dos cerca de 500 números que circularam entre 1928 e 1973, suas mensagens valem por verdadeiros editoriais. Mais elucidativo será situálas por períodos, em seus contextos de circulação, em exercício constante de renovação.

O primeiro quartel de circulação da Sino Azul, de 1928 a 1943, foi marcado por capas que conferiram à revista um perfil editorial e uma qualificada comunicação visual. Contudo, para além da correção do traço gráfico e das mensagens veiculadas, ainda não havia um padrão sistemático que lhes conferisse homogeneidade. Tudo era variável e imprevisível naquela composição, desde a seleção de capistas por meio de concursos internos da empresa até a variada localização do título, ora na parte superior, ora na inferior, assim como na diversificação dos tipos de fontes utilizados no nome da revista. Na sua maioria, porém, as capas traziam a ideia de pluralidade, tornando cada edição uma surpresa, quase como se fossem edições customizadas, trazendo a última voga da comunicação gráfica. Alguns procedimentos permaneceram inalterados nos primeiros anos, resultado da proposta de congraçamento de funcionários da empresa, que reiteradamente insistia no espírito de cooperação e confraternização de seus quadros. Nesse sentido, foram constantes as capas temáticas que celebravam o Ano Novo, o Natal e o Carnaval. Outras datas foram contempladas com números comemorativos, porém sem a mesma constância, a exemplo do mês de março, alusivo ao telefone – tanto pela data de nascimento de Graham Bell, no dia 3, quanto pela data da primeira transmissão telefônica, em 10 de março de 1876. Da mesma maneira foram celebradas algumas datas cívicas nacionais, com mais constância o Sete de Setembro, da Proclamação da Independência, e o Quinze de Novembro, da República, bem como as datas cívicas norte-americanas. Estas, porém, festejadas mais no interior da revista. Quanto a seu formato, conheceu várias mudanças. Às vésperas da Segunda Guerra, Sino Azul era impressa em papel inferior. Vivendo-se o Estado Novo, sob controle de toda ordem, a liberdade de impressão também conheceu limites, que se acentuaram em 1940, por conta do episódio bélico. A partir desse ano o formato diminuiu, de 32 x 23 cm para 23 x 16 cm, e o número de páginas aumentou. Assemelhou-se, de certa forma, à internacional e famosa Seleções Readers Digest. O uso da fotografia foi intensificado, em detrimento do desenho, mas seu conteúdo permaneceu quase inalterado na ordenação das seções e respectivos conteúdos.

Curiosamente, em seu número 145, de 1940, a revista informava que a mudança não se dava por conta da guerra, mas sim pela praticidade de um volume menor: (...) Tire de sua cabeça essas idéias sobre guerra, dificuldade e aumento do custo do papel e outras que nada tem a ver com a atual transformação de nossa Revista. Desde junho do ano passado que a mudança de formato havia sido decidida e só não foi feita para não prejudicar os colecionadores, obrigando-os à encadernação de dois volumes, um de cada tamanho. O novo formato, você concordará, é mais cômodo, mais portátil, não lhe dá trabalho em levá-lo para casa, debaixo do braço ou mesmo no bolso... O novo tamanho não prejudicou a essência da Revista. Note que as gravuras nada perderam em nitidez, pois seus tamanhos são quase os mesmos do formato antigo. Sino Azul tem hoje metade do tamanho anterior e o dobro do número regular de páginas do formato antigo.

Observa-se nesse momento a busca de uma unidade projetual, quando se procurou imprimir uma marca na revista, a exemplo do que ocorria nas publicações do mercado. Nessas, a unidade do projeto visava a conquistar a fidelidade do público leitor, levando-o à compra do periódico. Em Sino Azul, pretendia-se integrar seus consumidores em normas e projetos comuns, conferindo à revista o condão de irmanálos em torno dos ideais da empresa. O cuidado em fazer de seus números uma coleção sinalizava o caráter identitário pretendido pelo leitor da Sino Azul, vale dizer, pelos funcionários da CTB. Mais flagrante a partir de 1940 é a introdução de novo modelo sistemático de capa, com moldura lateral semiaberta, confinando em seus limites a ilustração da mensagem, muitas vezes uma fotografia, tratamento que perdurou até 1952. Acentuava-se a busca de uma identidade editorial, expressa então na diagramação das capas, sempre com o mesmo padrão. Essa proposta, de tratamento geométrico e fisicamente reducionista da ilustração, limitava a expansão do capista, confinando-o a um espaço bem menor, mas que foi igualmente utilizado de forma criativa. Para compensar a redução de campo – e mesmo a substituição do desenho pela fotografia, em alguns números – o espaço da moldura foi incorporado à ilustração, tendo sido ali introduzidos desenhos estilizados alusivos ao telefone.

Novembro/Dezembro 1938, nº 132, ano XI Com o relógio quase marcando meia-noite, Papai Noel se anuncia pelo telefone para a criança à espera do presente.

O DESFILE DAS CAPAS

Novembro/Dezembro 1938, nº 132, ano XI Com o relógio quase marcando meia-noite, Papai Noel se anuncia pelo telefone para a criança à espera do presente.

Janeiro 1933, nº 61, ano VI A partir da década de 1930, tornou-se mais fácil a comunicação entre o campo e a cidade. O país de tradição agrária precisava se conectar com os centros urbanizados, as capitais de arranha-céus, as cidades das indústrias, cabendo ao telefone aproximar esses universos distantes e opostos. Nesse propósito, a comunicação era humanizada, conforme se observa na capa que traz em primeiro plano o casal ao telefone em cenários típicos, do centro verticalizado e dinâmico ao campo pitoresco e bucólico. O objetivo era surpreender e informar por meio do telefone, conforme estampado nos personagens já idosos, que se utilizam com facilidade do aparelho moderno, ela, no campo, com um modelo mais antigo, e ele, na metrópole, com o último modelo, de mesa. O desenho assinado por Paulo Vieira e secionado pelo título Sino Azul tem influência de Norman Rockwell, que retratou a sociedade norte-americana nos anos de 1920.

Pode-se balizar então a conjunção de fotografia e desenho, intensificada a partir de janeiro de 1950, sendo que entre os anos de 1952 e 1954 registramse instabilidade na diagramação das capas e queda de qualidade, período que pode ter correspondência com acertos do pós-guerra, quando Sino Azul deixa de ser mensal, para tornar-se bimestral. A rigor, a quebra na regularidade da publicação já vinha se configurando nos anos anteriores, quando números esporádicos contemplaram um bimestre sem que isso, contudo, significasse uma nova periodicidade. A permanência de novo modelo de capa é percebido entre os anos de 1954 e 1967, cujo recurso iconográfico é a fotografia. Não poderia ser diferente, pois a fotorreportagem então dominava a imprensa periódica, mobilizando milhares de leitores com tomadas de impacto. Não foi esse o caso da Sino Azul nesse momento, que se valeu da fotografia para reprodução de imagens pouco instigantes, até pela obviedade com que retratava paisagens, edifícios e, especialmente, as funcionárias da casa, às voltas com o modismo dos anos de 1950, em particular o concurso de misses, uma febre nacional. Quebrando a monotonia do branco e preto das imagens, uma faixa colorida encimava a foto, onde se estampava o título Sino Azul, que passou a obedecer a um padrão de letra. A despeito do tratamento plástico menos qualificado, seu conteúdo nesses anos é revelador das transformações por que passava o país. Do desenvolvimentismo dos anos de 1950 ao golpe de 1964, se vivera de tudo um pouco: o plano quinquenal de Juscelino Kubitschek, a construção de Brasília, a abertura do mercado para empresas estrangeiras, a industrialização de base, automobilística e de bens duráveis, a urbanização, os grandes fluxos migratórios internos, o êxodo rural, entre outros. Nos anos subsequentes, mais exatamente de 1968 a 1975, percebem-se na Sino Azul novas pontuações, que espelhavam o momento contraditório do país: de um lado, o arrocho ditatorial, que cerceava corações e mentes, repressor das liberdades civis, presidido por censura severa; de outro, o investimento maciço na modernização das comunicações, com projetos altamente ambiciosos, que lançaram o Brasil na era do satélite. A então CTB se agigantava como uma das maiores beneficiárias dos modernos serviços introduzidos por tecnologia de ponta.

De certa forma, as duas posturas se traduziram nas capas da Sino Azul. Entre 1968 e 1969 a sequência de ilustrações valeu-se fortemente da fotografia, marcada por imagens de aparelhos e equipamentos técnicos. Fruto ou não da censura, importa registrar que é nesse período que se encontram as capas mais empobrecidas da coleção. A despeito do mesmo contexto, a partir de 1970, e quase repentinamente, inovam-se as capas, introduzindo-se quatro cores, conjugando o design das modernas máquinas da comunicação com grafismos de tratamento elegante. Explicitando o controle ditatorial do período, a capa do primeiro número da Sino Azul de 1971 documenta de forma inequívoca o momento político vivido, trazendo o Presidente Garrastazu Médici presidindo sessão solene. Diga-se que, desde janeiro desse ano, a revista recebera um subtítulo, Telecomunicações em revista, acrescido, ao final de 1973, de mais uma informação de capa: Órgão de divulgação da CTB. Nessa altura, o resultado plástico das imagens se qualificara. A profissionalização do órgão, então especializado na segmentação das telecomunicações, demandava outro tratamento, similar ao vigente no parque gráfico dos periódicos do país. Os grupos Abril e Bloch, atuantes desde os anos de 1960, haviam imprimido padrões de excelência nas publicações, enquanto os escritórios de propaganda singularizavam-se pelo poder criativo. Sino Azul seria beneficiária dessa conjunção, lançando números de capas atraentes, divulgando sua modernidade técnica. Mas ela não era mais uma revista voltada para a “família da CTB”. Dirigia-se para os milhares de funcionários, priorizando aspectos técnicos da comunicação e inovações de ponta no setor: a implantação do novo Orelhão, o DDD (Discagem Direta à Distância), a automação como futuro do homem, planejamento econômico e produção de mão-de-obra para o desenvolvimento, novas estratégias e novos padrões da comunicação, além da expansão da empresa em marcha. Do Brasil da década de 1920 àquele dos anos 1970, as tantas mudanças da técnica, dos hábitos e dos costumes estamparam-se nas capas da Sino Azul, reproduzindo momentos decisivos das transformações do país. Os recursos imagéticos dessa narrativa foram amplamente utilizados pela revista, de forma a

tornar vibrante a mensagem. Coube à arte gráfica de suas capas potencializar aquelas informações, produzindo, indiretamente, um registro panorâmico das mudanças na Sino Azul e no país. Nas capas da Sino Azul aqui reproduzidas ludicamente e com seus efeitos espetaculares, o registro desta transformação é narrado ora em preto e branco, ora a cores, apreendido num simples e prazeroso folhear de páginas. Fica aqui o convite para tal deleite.

DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E CONTEXTO POLÍTICO Durante o período em que a revista Sino Azul circulou, o Brasil viveu transformações políticas e culturais que abalaram antigos paradigmas e renovaram a crença no poder infinito da tecnologia, sentimento típico da época da criação do telefone. Remonta ao final do século XIX, especificamente ao ano de 1876, o primeiro contato de um brasileiro com o telefone, recém-divulgado por Alexandre Graham Bell. Foi na Exposição da Filadélfia, nos Estados Unidos, que o então Imperador do Brasil D. Pedro II falou e ouviu som ao encostar o aparelho telefônico no ouvido. Não por acaso, o primeiro exemplar da Sino Azul trazia na capa a imagem do monarca associada aos postes de fios telefônicos. Sentindo-se parte dessa história, a Companhia Telefônica Brasileira (CTB) comprometeu-se, por meio de sua revista interna, a divulgar aos seus funcionários aspectos históricos e técnicos sobre a telefonia, no Brasil e no mundo. Ao folhear suas páginas, percebe-se a preocupação da empresa em – sempre que possível – contar a história da telefonia brasileira desde o princípio, como o fez entre fevereiro e maio de

1929, em artigo intitulado “A introducção do Telephone no Brasil – Notas chronológicas concatenadas”, por J. Carvalho de Abreu. Se foi ainda no final do Segundo Império que o telefone chegou ao Brasil, com a primeira concessão dada em 1879 a Charles Paul Mackie, para a fundação de uma companhia telefônica no Rio de Janeiro – a Telephone Company of Brazil –, foi durante a Primeira República (1889-1930) que os serviços telefônicos conquistaram grande parte das cidades brasileiras e transformaram a vida de suas populações. Em oposição ao que consideravam o atraso imperial do Brasil agrícola, com o advento da República, em novembro de 1889, o discurso modernizador ganhou dimensão com a chegada ao país de empresas de capital estrangeiro, interessadas em investir na concessão de serviços públicos urbanos. Foi o caso da The São Paulo, Tramway, Light and Power Co., de origem canadense, voltada aos serviços de geração e distribuição de energia elétrica. Primeira empresa do Grupo Light a se instalar no Brasil, ela deu início à era dos grandes investimentos em infra-estrutura urbana na cidade de São Paulo, que recebeu a instalação de quilômetros de trilhos de bondes eletrificados, tubulação de gás e rede de energia elétrica e telefônica. No Rio de Janeiro, o Grupo Light também fez melhorias no setor da telefonia e cortou a cidade com seus fios aéreos e cabos subterrâneos. A Light, como era conhecida, incorporou antigas empresas concessionárias de serviços de telefonia em São Paulo e no Rio de Janeiro, dentre elas a Companhia Rede Telephonica Bragantina (criada em 1896) e a Brasilianische Electricitats Gesellschaft (criada em 1899), respectivamente.

Maio 1932, nº 53, ano V A capa é art nouveau, com caracteres sinuosos no título Sino Azul e fundo de palmas ornamentais que decoram o papel de parede do ambiente onde a cena se passa. O telefone modelo castiçal, em uso nas primeiras décadas do século XX, aguarda para ser usado pelo assinante, que consulta a lista telefônica. O livro, repleto de dados, indica a presença cada vez maior do telefone na vida da população. A data da revista aparece incorporada à cena, no calendário sobre a mesa. O leitor fica sabendo também que anunciar seu negócio na lista telefônica pode ser uma boa ideia, como já fizeram vários comerciantes, presentes na parte inferior das páginas da publicação.

Agosto 1942, nº176, ano XV A capa rende homenagem a Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, Patrono do Exército Brasileiro. Seguindo a linha de exaltação da história nacional, a capa escolheu um dos militares de maior destaque em ações pacificadora de conflitos internos e externos do Brasil. No dia 25 de agosto é comemorado o Dia do Soldado, e em época de guerra os soldados são lembrados pelo seu patrono. O busto de Duque de Caxias tem ao fundo imagens da II Guerra Mundial, com tanques, aviões, paraquedistas e soldados no front, usando o telefone para se comunicarem com as forças amigas.

Maio 1940, nº 149, ano XIII Em 1940 Sino Azul divulgava em capa a inauguração do Estádio do Pacaembu, em São Paulo. O espetáculo mobilizou multidões, com a presença de Getúlio Vargas, Presidente da República, Prestes Maia, prefeito da cidade, e demais autoridade. Na foto observa-se o elegante estádio em tratamento art déco, com as primeiras casas do bairro do Pacaembu aos fundos, empreendimento da Companhia City. Em pleno Estado Novo, espetáculos para as multidões eram freqüentes e tinham inspiração na ideologia nazi-fascista, em vigor na Europa. Durante esses anos a Sino Azul abriu espaço para a divulgação de obras e realizações do governo Vargas.

Nessa época, o número de telefones instalados em São Paulo e no Rio de Janeiro era pequeno; na capital paulista havia 1.040 aparelhos instalados em 1901; e na capital federal esse número chegava a 1.500 em 1906. A Brazilian Traction Light & Power Co., organizada em 1912 no Canadá para controlar as empresas do Grupo no Brasil, adquiriu ações de várias empresas brasileiras e, em 1916, criou a Rio de Janeiro and São Paulo Telephone Company, com capital inicial de 12.500.000 dólares. Em 1923, o Grupo Light alterou o nome da empresa para Brazilian Telephone Company, que passou a chamar-se Companhia Telefônica Brasileira alguns meses depois. Nascia a CTB, com atuação nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal, na época na cidade do Rio de Janeiro. Durante o ano de 1929, a história da chegada do telefone ao Brasil e a trajetória de criação da Companhia foram contadas nas páginas da Sino Azul. A revista informava seus leitores mensalmente sobre os avanços nos serviços telefônicos. Foi com orgulho que a CTB informou, por exemplo, a instalação do aparelho que completaria a primeira centena de milhar de telefones em funcionamento, no gabinete do vice-presidente da Companhia, em 25 de março de 1929. Nesse mesmo ano, contabilizava aos leitores os telefones em funcionamento na sua rede. Telefones da CTB em funcionamento em 1929

Setembro 1942, nº 177, ano XV Por ocasião da Semana da Pátria, a Sino Azul publicou, por vários anos, capas dedicadas a tal efeméride. Porém, nenhuma foi tão ufanista quanto a de 1942. A fotografia do desfile militar é enquadrada pelas margens listradas de verde e amarelo, salpicada com estrelas, como as cores da bandeira nacional, em destaque ao centro. O desfile lembra as grandes manifestações que ocorriam na Europa nessa época, sob o domínio das ideologias nazi-fascistas. O então presidente da República, Getúlio Vargas, também governava o Brasil nos moldes do autoritarismo. Era o período do Estado Novo. Uma das ideias centrais difundidas pelo governo foi o nacionalismo, estampado nessa capa, de acordo com as diretrizes da época.

60.000

Setembro 1937, nº 117, ano X

50.000

A elite de São Paulo, herdeira da oligarquia agrária das primeiras décadas do século XX, se orgulhava do seu passado de conquistas territoriais. Foi na figura do bandeirante, personagem tipicamente paulista, que ela se inspirou para construir sua imagem de empreendedora. A CTB usou na capa da sua revista, ilustrada por Silio Del Debbio, a imagem do bandeirante mítico, aquele que se transformou em um herói por ter expandido o território brasileiro. Tal uso pode ser entendido como uma alusão ao papel desempenhado pela empresa na interligação das cidades do interior do estado por meio da telefonia. O desbravador, nesse caso, era o telefone, com seus postes e fios.

40.000 30.000 20.000 10.000 0 D ISTRITO FEDERAL

SÃO PAULO

MINAS G ERAIS

60.000

Setembro 1937, nº 117, ano X

50.000

40.000 30.000 20.000 10.000 0 D ISTRITO FEDERAL

SÃO PAULO

MINAS G ERAIS

Novembro 1944, nº200, ano XVII

Outubro/Novembro 1942, nº178, ano XV As capas, uma com estrelas e outra verde e amarela, foram intencionais. O ilustrador Mendes, autor de dezenas de capas da Sino Azul, representou o sentimento de respeito à bandeira nacional, tendo como cenários o mapa do Brasil e a Baía de Guanabara. O Rio de Janeiro era a capital do Brasil na época e concentrava em seu território as tropas militares brasileiras. Os números 178 e 283 da revista fizeram uma homenagem ao Dia da Bandeira, comemorado no dia 19 de novembro. Após a Proclamação da República por um militar, o Marechal Deodoro da Fonseca, o Brasil trocou sua bandeira por uma representativa dos novos tempos que se iniciavam. A atual bandeira – que tem as estrelas do Cruzeiro do Sul posicionadas no céu da madrugada de 15 de novembro de 1889, data da proclamação – ficou pronta 4 dias após a queda da monarquia. O dia 19 foi por isso escolhido para sua comemoração.

Novembro/Dezembro 1936, nº 107, ano IX O último exemplar do ano de 1936 trouxe uma “linha do tempo” da evolução dos aparelhos telefônicos. Ao centro, o modelo automático de telefone de mesa, em baquelite, material derivado do petróleo, com o ano da publicação no disco. Circundando o mais moderno dos aparelhos, uma sequência cronológica com modelos antigos, cada um com o seu ano de criação. Em 1875, o primeiro telefone criado por Graham Bell, seguido pelo modelo patenteado por ele em 1876. O modelo de 1877 é o ”telefone carimbo”, ou telefone reversível (fala e escuta pela mesma peça), desenhado por Bell e confeccionado por Thomas Watson, nos Estados Unidos. Em 1878, modelo de parede com campainha e sistema magneto, um gerador de dois pólos que produz sinais de toque de corrente alternada. Os próximos são de 1886, 1895 e 1900, todos telefones de mesa, modelo conhecido como “castiçal”. Setembro 1935, nº 93, ano VIII A evolução dos telefones de mesa são o tema desta capa. Os modelos representados já são uma evolução dos antigos aparelhos. Embaixo, o monofone de magneto (manivela lateral). Ao centro, modelo de parede e, em cima, modelo de mesa automático, com o disco numérico para as ligações. A capa foi elegantemente projetada em estilo art nouveau, bastante em voga nas primeiras décadas do século XX, com o título da revista grafado em caracteres desenhados. As margens são delimitadas por linhas que lembram traços da arquitetura e também os fios das redes telefônicas.

Novembro 1944, nº200, ano XVII

Janeiro 1941, nº157, ano XIV O raiar do ano novo é anunciado pelo telefone automático, modelo de mesa, feito em baquelite. Humanizado, com corpinho e rosto de criança, o aparelho conhecido como “tanque” – em alusão aos anos de guerra e aparência pesada – foi muito usado nas décadas de 1930, 40 e 50. Já ao fundo, com asas e a foice da morte nos ombros, caminha para o desaparecimento o telefone modelo castiçal, muito usado nas primeiras décadas do século XX. A evolução técnica foi rápida e inovou ao longo das décadas, permitindo a industrialização dos aparelhos, a redução dos seus custos e o crescimento das vendas no mercado mundial, além de facilitar o uso e de oferecer uma qualidade superior aos primeiros aparelhos. Cada vez mais se ouvia e se falava melhor! Maio 1948, nº 232, ano XXI A cor rosa realça ainda mais o papel das mulheres – na figura da telefonista – no desenvolvimento das comunicações no Brasil. O ilustrador construiu uma linha evolutiva do aparelho usado pelas telefonistas para o atendimento aos usuários dos serviços telefônicos. Começando pelo alto, um dos primeiros aparelhos usados por elas, no modelo reversível, seguido do modelo de gancho e modelo fixo ao corpo. A evolução do desenho dos aparelhos reflete a necessidade de deixar livres as mãos das profissionais, para que elas pudessem ser mais ágeis nas ligações. Os fones de ouvido e microfones mais pesados e desconfortáveis foram substituídos por modelos pequenos, leves e mais eficientes. Março/Abril 1949, nº 239, ano XXII A capa é repleta de informações e procura dar ao leitor uma idéia da evolução dos serviços telefônicos. A vinheta lateral reproduz os traços da capa do nº 232, com a telefonista e os diferentes aparelhos telefônicos que ela usou no atendimento às ligações. Já na área central da capa, duas épocas conversam pelo telefone. Uma linda mulher usa um aparelho de gancho moderno e sorri para os leitores. Do outro lado da linha, uma cena histórica: o Imperador do Brasil, D. Pedro II, fala ao telefone pela primeira vez, em 25 de junho de 1876, durante sua visita à Exposição de Filadélfia, nos Estados Unidos. Ao ouvir uma voz, ele exclama diante do telefone de Graham Bell: “Meu Deus, isto fala!”.

Ainda na década de 1920, começou a modernização dos serviços telefônicos nas áreas servidas pela CTB, como a remodelação da rede telefônica carioca, inauguração do serviço interurbano entre algumas cidades, como Rio-São Paulo, Rio-Niterói e Rio-Petrópolis, e a inauguração de estações automáticas em cidades dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, substituindo as antigas estações manuais. Tudo era motivo para comemorações e eventos públicos, visando propagandear as realizações da empresa, bem como aproximar-se dos poderes federal, estaduais e municipais. Um exemplo foi a cerimônia de entrega da Estação Automática “3” do Rio de Janeiro, quando os três níveis de poder fizeram-se representar e participaram da inauguração. O então presidente Washington Luís, que enviou representante, foi citado em discurso proferido pelo vice-presidente da CTB, sr. C. A. Sylvester, o qual se desculpou: Por motivos notórios, e completamente independentes de nossa vontade, não foi possível, durante os últimos anos, dotar esta Capital de serviço que ela merecia e que a Companhia sinceramente desejava proporcionar-lhe. Demonstrar preocupação constante com a melhoria dos serviços telefônicos era uma maneira de aproximar-se tanto da população, que consumia seus serviços, como dos governantes, que legislavam sobre a concessão dos serviços públicos e a atuação das empresas estrangeiras no território brasileiro. O NOVO CENÁRIO POLÍTICO NACIONAL

Os anos 1930 transcorreram sob a herança de grandes turbulências econômicas, causadas pela crise de 1929, e políticas, decorrentes da Revolução de 30 e da Revolução Constitucionalista de 1932. Tais acontecimentos praticamente não foram mencionados nas páginas da Sino Azul. Aparentemente, os editores estavam mais preocupados em noticiar as conquistas técnicas da CTB do que as mudanças ocorridas no poder federal. Se antes de 1930 os convidados para as cerimônias eram os políticos da oligarquia agrária brasileira, especialmente do eixo São Paulo e Minas Gerais, agora, com a tomada do poder da República em outubro de 1930 por outros setores da sociedade, eram os representantes do futuro Estado Novo que frequentavam os eventos proporcionados pela CTB.

Em 1932, Getúlio Vargas compareceu à cerimônia realizada no Palácio do Itamaraty por ocasião da inauguração dos grupos de circuito radiotelefônicos RioBuenos Aires, Rio-Nova York e Rio-Madrid. Tal realização colocou os assinantes da CTB em comunicação com a América e a Europa, inaugurando os serviços de ligações internacionais. Também houve solenidade na entrega do telefone de número 200 mil, um aparelho dourado presenteado ao Presidente da República em 25 de julho de 1939, o qual Vargas utilizou para falar direto do Palácio do Catete com o embaixador em Washingtonº Conquistas técnicas e inovações tecnológicas andavam de mãos dadas com o governo e de ouvidos atentos às novas tendências da política nacional. O perfil editorial da revista aproximou-se muito da política nacionalista do período varguista. Tanto as capas quanto o teor dos artigos tenderam a valorizar temas patrióticos, de apelo ufanista, bem aos moldes das diretrizes traçadas oficialmente para a cultura do país. Entre 1937 e 1945, no período chamado Estado Novo, Getúlio Vargas governou de maneira autoritária, controlando todos os setores da vida política, desmobilizando movimentos sociais, ditando regras e leis, investindo na propaganda oficial e quase se deixando seduzir pelo discurso totalitário em voga na Europa nazi-fascista. São desse período as capas com temas da história do Brasil e com comemorações cívicas. Grandes personagens da história mereceram repetidas capas, muitas nas cores da bandeira nacional. No número publicado em setembro de 1941, o editorial “A Pátria Cultuada” louvava os feitos militares de Duque de Caxias, com texto pomposo e repleto de adjetivos: Não poderiam deixar de merecer registro especial nas páginas de Sino Azul as brilhantes solenidades cívicas que se iniciaram, no Distrito Federal, com a ‘Semana de Caxias’ e terminaram de maneira imponentíssima com a ‘Semana da Pátria’. As comemorações da ‘Semana de Caxias’ encontraram a sua expressão máxima a 25 de agosto último, ‘Dia do Soldado’, durante o qual as nossas Forças Armadas prestaram excepcionais homenagens à memória do grande militar e não menor cidadão Marechal Luis Alves de Lima e Silva, o alto valor de cuja personalidade de elite não se patenteou apenas nos campos de batalha, em defesa da integridade nacional.

Julho 1935, nº 91, ano VIII

Setembro 1936, nº 105, ano IX

Maio 1939, nº 137, ano X

As capas desses exemplares são ilustradas por fotografias e seguem a mesma linha de projeto gráfico. A cor azul das capas dialoga com o próprio nome da revista, Sino Azul. As fotografias são complementadas por desenhos de telefones e do sino, símbolo dos serviços de telefonia. Elas mostram orgulhosamente os novos equipamentos telefônicos, como a inauguração de estações automáticas, no Distrito Federal e em Belo Horizonte, detalhe do mecanismo automático dos buscadores de linhas, vista interna de central telefônica e mesa onde as telefonistas realizam as ligações. As chamadas locais foram automatizadas a partir da década de 1930, mas as ligações interurbanas ainda contavam com o auxílio das telefonistas.

Julho 1935, nº 91, ano VIII

Setembro 1936, nº 105, ano IX

Maio 1939, nº 137, ano X

Fevereiro 1932, nº 50, ano V O ano de 1932 foi marcante para a telefonia por suas conquistas tecnológicas. Foram inaugurados os grupos de circuito radiotelefônicos Rio de Janeiro–Buenos Aires, Rio de Janeiro–Nova York, Rio de Janeiro–Madrid, fato que colocou a América e a Europa ao alcance dos assinantes da CTB. Tal melhoramento ampliou o serviço internacional, marcando a história do telefone no Brasil. Como nesta capa, as telefonistas ganharam um status de ainda maior respeito, pois se tornaram profissionais de alto padrão, poliglotas e habilitadas a desempenhar funções de grande precisão e complexidade. Tais conquistas são ilustradas por Carlos Reis Filho nessa capa pela telefonista conectando os cabos às diferentes cidades da América do Sul e do Norte.

Intercalando elogios aos vultos da História, vinham editoriais dedicados à colaboração dos funcionários nas conquistas da CTB. O tom de reconhecimento da participação dos técnicos na história da empresa era o mesmo usado para contar episódios da história nacional. Tudo e todos colaboravam para o progresso do país e o crescimento da Companhia. Em abril de 1942, o editorial “Uma visão da História” rendia elogios aos funcionários do setor da telefonia. Afirmava: Assim, no desenvolvimento e na expansão da cultura humana, como na circulação das riquezas, fatores básicos na gênese do progresso e da civilização, influi, poderosamente, é fato notório, a facilidade dos meios e das vias de transporte e comunicação. (...) Nessas condições, pensando, como é natural, nos que trabalham em telefonia e, particularmente, nos que trabalham na CTB, queremos salientar que, para nós, não representam eles indivíduos que servem apenas os interesses de determinadas coletividades, mas as próprias razões superiores do progresso e, por conseguinte, a própria civilização. Progresso com civismo – inspirado no lema republicano da bandeira – era também a meta da CTB para o comportamento no âmbito empresarial. Ainda em 1942, a Sino Azul aproveitava para divulgar novos números sobre seus serviços: entre 1932 e 1941, foram realizadas pela CTB 61.463.003 chamadas interurbanas. Esses dados podiam impressionar a população, no entanto, se fossem considerados os dados comparativos com outras cidades do mundo, ficaria claro que o número de ligações e de telefones instalados no Brasil ainda era baixo para a época. Por exemplo, enquanto, em 1939, no Brasil todo havia cerca de 300 mil aparelhos funcionando, só em Nova York esse número chegava a mais de 1,6 milhão e, em Paris, a mais de 400 mil. No entanto, o crescimento da CTB era louvável. Com a II Guerra Mundial desorganizando a Europa desde 1939, a telefonia foi particularmente afetada nos anos 1940. AS DIFICULDADES DA GUERRA

Em 1942, Getúlio Vargas decidiu entrar na guerra ao lado das Forças Aliadas, que lutavam pela restauração da democracia e pelo fim da expansão nazi-fascista. A decisão do presidente foi amplamente apoiada nas páginas da Sino Azul, quando em agosto desse ano o editorial “Pelo Brasil” chamava os leitores a colaborarem com a nação. Em outubro, o editorial “Em torno da situação atual” fazia um primeiro

Novembro/Dezembro 1951, nº 256, ano XXIV

Abril 1929, nº 16, ano II

O tema natalino serve de recurso para a revista presentear os leitores com as informações sobre a expansão do serviço telefônico ao longo dos últimos anos. Papai Noel mostra os resultados dos esforços da CTB em atender cada vez mais assinantes da capital federal. Para isso, a empresa conta com a colaboração de seus profissionais, ilustrados à esquerda da capa: telefonista, instalador de cabos e técnico. Ao fundo, skyline do centro comercial do Distrito Federal. Os dados comparativos mostram que, enquanto o crescimento populacional foi de 44%, entre 1939 e 1951, o crescimento na oferta de novas instalações telefônicas foi de 106%. E Papai Noel traz em seu saco de presentes mais telefones para a população.

Logo nos primeiros anos de publicação, a Sino Azul já se dedicava a homenagear seus técnicos e relacioná-los aos planos da CTB de expandir seus serviços no Brasil. Essa capa ressalta, conforme o editorial, o trabalho dos engenheiros na reformulação da rede telefônica da capital do país. A Companhia Brasileira de Telefone, pertencente ao Grupo Light, de capital estrangeiro, recebeu tal nome em 1923 e cobria boa parte dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além do Distrito Federal. No mapa ilustrado na capa da revista, outras regiões e estados do Brasil aparecem nos planos da empresa. Ao fundo, postes e cabos telefônicos interferem na paisagem, cada vez mais urbana. No título, o sino azul central – símbolo da CTB – reforça o nome da publicação.

Novembro/Dezembro 1951, nº 256, ano XXIV

Abril 1929, nº 16, ano II

Setembro/Outubro 1948, nº 235, ano XXI Novamente a alegoria da telefonista como a responsável pela ligação do Brasil ao restante do mundo aparece na capa da Sino Azul. Das suas mãos partem os fios telefônicos que montam a rede de comunicação mundial. Ela, sorridente e prestativa, está pronta a cumprir sua tarefa. Ao fundo, raios de sol iluminam indústrias, postes telefônicos e bobina de cabos. São os serviços da CTB garantindo o progresso. A capa traz vinhetas laterais que confirmam o tema central: o telefone ao lado do globo terrestre indica o alcance mundial dos serviços telefônicos.

Fevereiro 1937, nº110, ano X O projeto gráfico da capa é arrojado. Discos de telefones automáticos sobrepõem-se criando um grafismo composto por números e sinos azuis, símbolo da CTB. As letras do título mostram a modernidade da revista, bem em sintonia com as transformações de seu tempo. Embaixo, fileira de telefones modelo castiçal automático criam um gráfico para apresentar o crescimento das instalações telefônicas automáticas de 1929 – com 4.697 aparelhos instalados – até 1937, quando é alcançada a marca dos 100 mil telefones automáticos. O número da conquista vem estampado ao centro, em destaque, demonstrando o orgulho da companhia em mais uma de suas realizações.

balanço da situação do país: São consideráveis as repercussões do estado de guerra sobre toda a vida nacional. Circunstâncias excepcionais de suma gravidade alteram profundamente a vida do país, cujos recursos de um modo geral devem ser mobilizados em prol da defesa da Pátria ameaçada. O apoio a Vargas parecia irrestrito, tanto que foram realizados vários eventos para inauguração de retratos do presidente em diferentes seções da Companhia. O culto ao “líder” não combinava com a luta democrática. Vargas mantinhase no poder desde 1937, cargo que assegurou por meio de um golpe de Estado. Mas, parece que a ameaça à soberania nacional despertou o sentimento patriótico, deixando de lado possíveis críticas ao autoritarismo do governo. Outra demonstração de cooperação com o ideário varguista era a participação de funcionários da CTB nas manifestações públicas de 1o de Maio, Dia do Trabalho. Essa data fazia parte do calendário oficial do governo, que aproveitava a ocasião para reunir milhares de trabalhadores em estádios ou praças e promover desfiles em homenagem às medidas sociais adotadas e criar uma imagem simpática do governante. As telefonistas participaram dessas comemorações, com bandeiras estampando o sino azul – símbolo da CTB. Outra demonstração de apoio ao governo manifestou-se na tradicional seção “Páginas Femininas”. Durante a década de 1940, essa seção passou a publicar, além dos conselhos de beleza e moda, pequenas biografias de “Brasileiras célebres”. Em setembro de 1942 a homenageada foi a Primeira Dama, D. Darcy Vargas. No final de 1942, funcionários da CTB foram convocados para a guerra. A Sino Azul tratou o assunto com muita seriedade e comoção, além de prestar reverências, por meio da seção “Servindo a Pátria”, iniciada em dezembro de 1942, com página dupla dedicada à publicação das fotografias daqueles que foram chamados. Às funcionárias, a Sino Azul dedicou uma seção para o curso de socorristas, de capacitação para primeiros socorros em caso de guerra. Todos os esforços estavam focados na turbulenta situação mundial. A partir de 1943, até o final do conflito, a revista cobriu mensalmente assuntos relacionados ao setor telefônico e à situação de seus funcionários. Capas dedicadas à guerra inspiravam esperança na resolução dos embates e conclamavam os

Abril 1932, nº 52, ano V

Maio 1937, nº 113, ano X

A década de 1930 foi significativa para a expansão da telefonia brasileira. A CTB teve papel fundamental no desenvolvimento dos serviços na área de sua concessão. Cidades da região sudeste passaram a compor a rede telefônica de maior destaque no Brasil. As capas da revista, em diferentes anos, representam a chegada da telefonia a vários centros urbanos. Em 1932, fotografia do Distrito Federal, Belo Horizonte, São Paulo e Niterói aparecem como em um disco de telefone. O nome da CTB vem escrito atrás das imagens, sem comprometer a sua leitura. Já em 1937, um espectro de desenhos representa as cidades de Santos, Teresópolis, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Petrópolis, Caxambu, Niterói e, mais uma vez, Rio de Janeiro. Em destaque, o telefone de gancho. O título é sobreposto por fotografia, algo afinado com o projeto gráfico da época. Em ambas as capas, o sino azul aparece ao centro, indicando tanto o nome da revista como os serviços prestados pela CTB.

Setembro/Outubro 1972, nº 11, ano XLIV Na década de 1970, a moda estampada e psicodélica chega aos equipamentos telefônicos, desta vez não mais pretos e sóbrios, mas coloridos, como o vermelho dessa capa. No entanto, esses anos na história política brasileira não foram “flores”, mas marcados pelo endurecimento do poder militar, pela censura e a limitação das liberdades individuais. Desde novembro de 1971, a Sino Azul passa a ter o subtítulo “Telecomunicações em revista”. Nesse período, a publicação tem como objetivo tornar-se uma revista técnica, voltada à capacitação dos seus profissionais e à informação sobre o desenvolvimento das telecomunicações no país, área considerada estratégica para o Governo Federal.

Abril 1932, nº 52, ano V

Maio 1937, nº 113, ano X

Julho 1939, nº 139, ano XII A CTB fazia questão de indicar como protagonistas de seus serviços os profissionais da empresa, em especial a telefonista. Nesta capa, ela aparece em óculo central, sentada à mesa de comutação, fazendo as conexões para as ligações solicitadas. Ao seu redor, ilustrações diversas remetem aos agitados anos de 1930, quando a industrialização e urbanização no Brasil consolidaram sua curva crescente. Aviões, arranha-céus, transatlânticos, trilhos e trens de alta velocidade, carros de corrida e indústrias dividem a página com os postes e cabos telefônicos. É a telefonista que coordena todas as interligações dos tempos modernos.

Maio 1943, nº 184, ano XVI Durante o Estado Novo, os desfiles do Dia do Trabalhador eram festas públicas de forte apelo patriótico, bem de acordo com a política varguista de cooptação da classe trabalhadora e controle das demandas trabalhistas. As telefonistas participaram dessas comemorações em alguns anos, como em 1942. Nos anos seguintes, como o de 1943, a revista dedicou sua capa do mês de maio ao corpo técnico da Companhia.

1961, nº 5, ano XXXIV Dentre os funcionários que atuavam nas ruas das cidades servidas pela CTB, destacava-se o guarda-fios, profissional responsável por percorrer diariamente toda a rede de fiação telefônica para verificar e solucionar problemas variados, bem como zelar pela sua manutenção. O guarda-fios José Luiz dos Santos, do Departamento da Rede do estado da Guanabara, foi fotografado durante suas atividades na praia da Bica, logradouro da Ilha do Governador. Ao fundo, vemos a Igreja Nossa Senhora da Conceição, construída no século XVIII e tombada pela Divisão de Patrimônio Histórico e Artístico da Guanabara em fevereiro de 1966. A tradição cultural e a modernidade dos fios telefônicos convivem nas cidades brasileiras.

sentimentos patrióticos dos leitores. Mais uma vez, assuntos históricos foram resgatados, no sentido de criar uma história de vitórias do país e de identidade nacional. Tal série de artigos iniciou-se em abril de 1943, com a matéria assinada “No tempo das Caravelas (Fragmento da História no 1)”, de Fausto Cardona, engenheiro geral do Distrito Federal. A capa desse número trazia caravelas portuguesas guiadas por Pedro Álvares Cabral. No número seguinte, o Fragmento da História no 2 foi dedicado ao Quilombo dos Palmares e à trajetória de Zumbi, numa alusão ao mês de maio, mês da abolição da escravidão. Eram tempos de saudar as liberdades! A participação das telefonistas na Guerra foi lembrada com entusiasmo por editorial desse mesmo ano, caracterizando sua atuação como “Vozes da Vitória”, porque as vozes de todas as telefonistas dos países que lutam contra o Eixo traduzem a vitória de seus esforços, a vitória das forças do bem, a vitória dos Aliados. Se nas capas as ilustrações pediam a vitória dos Aliados, nas quartas capas a CTB pedia o uso adequado dos telefones, pois a prestação dos serviços telefônicos, devido à falta de matéria-prima e de equipamentos para a manutenção da rede telefônica, fora afetada pela guerra. Antigas publicidades de empresas do setor da telefonia foram substituídas a partir de 1944 por alertas da CTB sobre a saturação dos seus serviços, como “Estou sobrecarregado!”, “Seja breve”, “A guerra acabou, mas seus efeitos perduram...” O setor passava por dificuldades em atender à crescente demanda por novas linhas telefônicas. O final do conflito foi comemorado pelo mundo e a volta à democracia no país foi saudada por setores da sociedade brasileira, com a deposição de Vargas do comando da nação e a convocação de eleições presidenciais. Era o fim do Estado Novo. O Presidente da CTB, Henry Borden, escreveu na Sino Azul uma carta aos funcionários desejando boas festas, por ocasião do final de ano, e sua mensagem indicava a expectativa da empresa em crescer e superar os problemas dos anos anteriores, com a ajuda de todos os seus técnicos e colaboradores. Borden terminava seu depoimento assim: Afirmamos, pois, o apreço da Administração por essa conjuração de esforços e boa vontade, certos de que se repetirá no próximo ano esse ritmo de trabalho construtivo e progressista, tão necessário à execução de um serviço perfeito, à prosperidade de todos que aqui trabalham e ao bom conceito em que é tida esta Empresa.

NOVAS TECNOLOGIAS NA TELEFONIA

Os anos foram marcados por ensaios de democracia e desenvolvimento econômico. A CTB, em editorial de julho/agosto de 1951, comparava a expansão dos seus serviços de telefonia com o bandeirismo, pois ambos adentraram o interior e interligaram cidades. O simbolismo, muito forte na época, valorizava a ação dos bandeirantes e assemelhava as conquistas da Companhia com a ocupação de novos territórios no passado. Em “A marcha bandeirante do telefone”, a Sino Azul afirmava: São as ‘bandeiras’ das comunicações telegráficas e telefônicas, que eliminaram distâncias, aproximaram nações, entrelaçaram povos. E terminava o editorial reiterando o papel da CTB: Foi a nossa Companhia que acentuou em nossa terra o destino bandeirante do telefone, que vai se infiltrando pelos territórios mais importantes, atraindo para os centros mais civilizados os núcleos de população esparsos em regiões que se mantinham quase isoladas, pondo-os em contato uns com os outros através da rede interurbana, que agora vai se estendendo também rumo ao norte, através do Estado do Espírito Santo. Bandeirante da comunicação, o telefone vai levando pelos fios a fraternidade, a riqueza e o sentimento de brasilidade que brota dos corações de nossos patrícios, orgulhosos da imensidade de nosso país, mas que o telefone torna tão acessível!. Apesar da expansão dos seus serviços, a CTB continuava enfrentando problemas no atendimento às novas linhas. A empresa insistia em comunicar seus esforços e avanços, no entanto, a situação começava a se agravar. Dados estatísticos serviam para demonstrar o empenho e o crescimento da oferta de telefones à população. Por exemplo, a CTB em 10 anos alcançou um crescimento de 87% no número de aparelhos instalados no Distrito Federal, considerado o seu sistema telefônico mais importante. Se em 1940 havia 113.248 telefones, em 1950 já eram 212.307 instalações. Somavam 4 milhões as chamadas locais diárias na capital do país. Em agosto de 1951 foi fundada a Companhia Telefônica do Espírito Santo (CTES) e em junho de 1953 a Companhia Telefônica de Minas Gerais (CTMG), das quais a CTB era a acionista majoritária. As redes telefônicas nesses dois estados cresceram e passaram a interligar os sistemas interurbanos.

Setembro 1941, nº165, ano XIV Durante os primeiros anos da II Guerra Mundial, a Sino Azul não dedicou quase espaço para tratar sobre o assunto. No entanto, a partir de 1941 as capas – de autoria do ilustrador Mendes – passaram a abordar diferentes aspectos do conflito com muita frequência. As datas cívicas, como os desfiles militares da Semana da Pátria, em setembro, eram uma oportunidade para lembrar os leitores sobre o papel do telefone na linha do front. Nesta ilustração, em primeiro plano, soldado busca informar-se por telefone, demonstrando a grande utilidade desse meio de comunicação em situações de vida ou morte. Ao fundo, militares brasileiros desfilam orgulhosos, e a bandeira brasileira é mais uma vez exaltada nas capas da revista. Janeiro 1943, nº180, ano XVI Os meses de janeiro eram dedicados ao início do ano e geralmente as capas traziam alegorias do nascimento do Ano Novo. A partir de 1943, até 1945, a maioria das capas tratou do conflito que abalava praticamente todo o mundo. O V de vitória era o grande desejo dos leitores da Sino Azul. Aqui, o globo terrestre recebe os votos de esperança na vitória dos aliados na II Guerra Mundial. O fim da guerra na Europa demoraria ainda dois anos. O sol, ao fundo, tem a data de 1918, lembrando ao leitor o ano em que se aproximava o término do conflito anterior, a I Guerra Mundial.

Agosto 1943, nº187, ano XVI Os aviões ao fundo indicam que a guerra se alastra. Todos os esforços são necessários para garantir a vitória. O tempo – representado pela ampulheta – transcorre, e os milhões de dólares necessários para a reposição de equipamentos e armamentos são conseguidos com a venda dos bônus de guerra à população. A sociedade participa também com seus profissionais especializados, como a telefonista – ao centro –, responsável por manter a comunicação em situações de extrema gravidade.

NOVAS TECNOLOGIAS NA TELEFONIA

Junho 1943, nº 185, ano XVI

Julho 1944, nº 197, ano XVII

O telefone frequentemente foi associado à modernidade e apareceu estampado ao lado dos ícones do progresso industrial, como aviões, carros, indústrias e navios. Se em anos anteriores tal analogia expressava o desejo da CTB de criar uma imagem de vanguarda junto ao seu público leitor (como em junho de 1937), nos tempos da Guerra Mundial a companhia buscava mostrar aos funcionários e familiares a importância dos serviços telefônicos na difícil realidade dos anos 1940. Os ícones da modernidade foram substituídos por símbolos da guerra, como aviões de bombardeio, tanques, navios porta-aviões e indústria de armamentos. Ao centro, destacado pelo traço na cor preta – do baquelite – o telefone é representado também como uma “arma de guerra” dos aliados contra os nazi-fascistas. No interior da revista, o artigo intitulado “A guerra e o serviço telefônico” informa o papel fundamental da telefonia no combate aos inimigos.

A cor rosa da capa deste exemplar contrasta com o tema da sua imagem, bem como com grande parte do conteúdo interno da revista. A ilustração apresenta em primeiro plano um soldado ao lado de armamento de guerra. Olhar fixo, ele parece antever os problemas que enfrentaria nos fronts do continente europeu. Foi em julho de 1944 que partiu o primeiro escalão da Força Expedicionária Brasileira (FEB) em direção à Itália, para lutar ao lado de soldados de outros países que apoiaram as forças aliadas, sob o comando dos Estados Unidos. Ao fundo da ilustração, uma composição de imagens de deuses da guerra e alegorias da vitória indicam a adesão do Brasil ao combate à expansão nazi-fascista. Nas páginas internas, o tema foi tratado no artigo “Exército brasileiro na guerra”. A Sino Azul passou a acompanhar mensalmente o envolvimento dos brasileiros na II Guerra Mundial, em especial a participação dos funcionários da CTB no conflito.

Janeiro/Fevereiro 1945, nº 202, ano XVIII O ano de 1945 nasceu com o grande desejo da vitória dos Aliados e o término da guerra. A capa do número 202, referente aos dois primeiros meses desse ano, usou uma alegoria comum ao Ano Novo: a imagem de uma criança. Só que nesse número, a criança era na verdade um querubim, ou melhor, o anjo que varreria da Europa os escombros, armamentos, sofrimentos e mortos da II Guerra Mundial. O nascer de um novo tempo significava o nascimento da esperança de que, naquele ano, o conflito terminasse e o continente europeu voltasse à paz. Profética, a capa prenunciava o maior acontecimento daquele ano: o fim da guerra.

Junho 1937, nº 114, ano XVI

Setembro/Outubro 1944, nº199, ano XVII Em situações de guerra, as emoções e os sentimentos patrióticos são estimulados e encorajam os cidadãos a lutarem – nos campos de batalha ou em discussões inflamadas – pela vitória. Por ocasião de comemorações cívicas, a história do país é exaltada e homenagens aos seus heróis são feitas. É o que mostra a capa da Sino Azul de setembro e outubro de 1944. Tradicionalmente, os exemplares de setembro costumavam lembrar a Independência do Brasil, comemorada no dia 7. Neste exemplar, o tema nacional não foi esquecido; ele é pano de fundo para a ilustração e usou como referência a tela de Pedro Américo – Independência ou Morte, de 1888. O ilustrador Mendes destacou no primeiro plano um acontecimento de importância mundial – o desembarque das tropas aliadas na Normandia (França), quando mais de 150 mil soldados ocuparam essa costa francesa. O 6 de junho de 1944, conhecido como o Dia D, marcou o início da vitória das forças aliadas e a libertação do território europeu do nazismo. Como na capa, os ventos sopraram a favor daqueles que almejavam a volta da liberdade na Europa, o que aconteceu no Brasil em 1822, com a Independência.

Junho 1943, nº 185, ano XVI

Julho 1944, nº 197, ano XVII

Junho 1937, nº 114, ano XVI

Agosto/Setembro 1945, nº 208, ano XVIII

Junho 1944, nº196, ano XVII A partir da década de 1940, as capas da Sino Azul assumiram um novo projeto gráfico. O título sempre na parte superior, com imagem emoldurada – uma ilustração ou uma fotografia – ocupando a mesma área da página, seguida da data, ano de publicação e número do exemplar embaixo. Esse padrão de capa empobreceu as alternativas gráficas que até então eram exploradas na revista. A aparência mais austera coincidiu com os anos da II Guerra. As dificuldades impostas pelo conflito mundial ficaram expressas em capas como essa. A cor cinza e o traço preto do desenho, além das ilustrações de soldados no front deram o tom sombrio daqueles anos. Os fios de telefone aparecem ora em primeiro plano, ora discretamente na paisagem, lembrando aos leitores que a Sino Azul era uma revista dos funcionários da CTB.

Em agosto de 1945, após os Estados Unidos terem bombardeado Nagazaki e Hiroshima com a bomba atômica, os japoneses se renderam, marcando o fim da II Guerra Mundial. A tragédia de um povo foi contrabalançada pela alegria de outros. Japão, Itália e Alemanha saíram derrotados pelas forças aliadas. Com o término do conflito, começou o retorno dos sobreviventes à sua terra natal. Se as capas anteriores foram marcadas pela impressão em duas cores, esta destaca-se pelo uso da quadricromia. As cores da impressão revelam a alegria da vitória, é a comemoração da vida daqueles que lutaram e sobreviveram. Nesta capa, o soldado reencontra sua esposa e filha. A bela família – representada no padrão da família americana – acolhe seu herói. Ao fundo, os escombros da guerra já são passado e amontoamse, ao lado esquerdo da ilustração; no lado direito, a pena e o pergaminho referem-se ao tratado de paz que sucedeu o fim da guerra. Na parte superior, a pomba da paz voa sobre a bandeira brasileira. Tinha fim um dos episódios mais dramáticos da história da humanidade.

Na metade dos anos 1950, São Paulo completava 25 anos de serviços telefônicos automáticos, com mais de 160 mil telefones instalados. No entanto, a fila de espera por uma nova linha já apresentava mais de 80 mil pedidos. Durante a Exposição das Comemorações do IV Centenário de São Paulo, realizada no Parque do Ibirapuera, a CTB montou estande sobre o fabuloso mundo das telecomunicações, mostrando aos visitantes os benefícios da adoção dos 600 quilômetros de cabos subterrâneos na “cidade que mais cresce”. Sem eles, a paisagem urbana seria uma verdadeira teia, dada a quantidade de fios existentes para conectar todas as linhas instaladas na capital paulista. Foi uma tentativa de acalmar os que aguardavam insatisfeitos pelo seu telefone. Em 1955, uma nova tecnologia foi adotada: o uso do cabo coaxial. Inaugurado pela primeira vez no Brasil, ligando a cidade do Rio de Janeiro a Petrópolis, ele garantia uma melhor qualidade nos serviços. A Sino Azul de março/abril desse ano explicava aos leitores o que era um cabo coaxial, para que todos entendessem a dimensão dessa conquista. O que é cabo coaxial? – perguntava o artigo de caráter técnico. E explicava: Este de que tratamos é um cabo composto por 4 tubos com um condutor central de cobre maciço, mantido rigorosamente no eixo do tubo por meio de discos isolantes de polietileno espaçados, regularmente, em intervalos de 33 milímetros. Há ainda no mesmo invólucro 18 pares de fios destinados a serviços auxiliares. O diâmetro externo do cabo, que é coberto de chumbo, é apenas de 32 milímetros. A transmissão da voz se processa por meio de alta freqüência através do tubo e do fio central, este último conduzindo uma corrente de 1000 volts para a alimentação das estações amplificadoras intermediárias. A revista também prometia ampliar ainda mais o sistema de comunicações telefônicas entre as cidades servidas pela CTB. Ainda em 1955, já se encontrava em fase experimental o sistema de microondas, que opera em ondas de curtas frequências e seria amplamente utilizado na década seguinte pela CTB nas comunicações de longas distâncias. Ainda ressentindo-se do pós-guerra, os materiais necessários às instalações das redes de telefonia no Brasil sofriam aumentos de preço consideráveis, o que prejudicava a ação da CTB. Na Sino Azul, foram noticiados os aumentos ocorridos no custo do equipamento telefônico durante 12 anos:

Junho 1946, nº 215, ano XIX

Aumento no custo do equipamento telefônico (em porcentagem) 100 80 60 40 20 0 A PARELHOS

POSTES

C ABOS

CHUMBO

COBRE

EQUIP. DE ESTAÇÃO

A tudo isso somavam-se os aumentos salariais concedidos para fazer face ao aumento do custo de vida. O custo de operação fora afetado e a CTB solicitava ao governo urgência na revisão das tarifas e um reajuste que favorecesse seu investimento na telefonia. A NACIONALIZAÇÃO DA CTB

Grupos nacionalistas pressionavam o governo a rever os contratos de concessão a empresas estrangeiras que atuavam em prestação de serviços públicos. O Grupo Light, da qual a CTB fazia parte como companhia associada, atuava no setor elétrico e telefônico, e foi alvo de duras críticas. Após anos de luta, os nacionalistas conseguiram uma vitória contra as empresas estrangeiras, as quais foram nacionalizadas, por decreto assinado pelo presidente Juscelino Kubitschek; suas sedes passaram a ser no Brasil e seus nomes foram aportuguesados. A CTB tornou-se então uma empresa nacional, fato que não a impediu de continuar pleiteando o aumento tarifário, dada a dificuldade de cobrir os custos operacionais. A Sino Azul deu a notícia da nacionalização da empresa em seu número 1 de 1957. Mesmo com dificuldades, a Companhia mantinha a expansão de sua rede e implantava novas tecnologias no serviço telefônico. Em 1958, a primeira página da revista número 3 comemorava a inauguração do serviço de discagem direta à distância, conhecido como DDD. Pela primeira vez na América do Sul, o DDD entre Santos e São Paulo foi conseguido pela instalação do cabo coaxial entre as cidades, vencendo os obstáculos geográficos da região por

Algumas capas da Sino Azul dedicaram-se a homenagear o momento histórico em que o Imperador do Brasil, D. Pedro II, conheceu o aparelho, na Exposição da Filadélfia (EUA). Esta capa comemora os 70 anos do telefone. Graham Bell obtém a patente nº 174.465, de invenção do telefone, concedida no dia 7 de março de 1876. Os personagens têm ao fundo o futuro da telefonia: um grande disco para as ligações automáticas, muito prestigiadas na década de 1940. No centro do disco, o globo terrestre, indicando o alcance mundial dos serviços telefônicos. Para reforçar a história do telefone, vinheta lateral reproduz cronologicamente alguns modelos antigos de aparelhos, terminando com o moderno telefone automático de gancho. Março 1943, nº 182, ano XVI Março era comemorado como o mês do telefone (atualmente o Dia do Telefone ainda é lembrado no dia 10 de março, por conta da data da primeira transmissão telefônica de Graham Bell). Ao longo dos anos, vários exemplares, nesse mês, dedicaram suas capas à história do telefone. Nesta, passado e presente dialogam, como em uma previsão mística. Ao fundo, Bell trabalha no invento de novos aparelhos telefônicos. À frente, em uma bola de cristal, a vidente lê com as mãos o futuro da telefonia: o modelo de baquelite, tão usado na década de 1940. Mendes ilustrou com humor a visão de futuro que Bell teve no século XIX ao apostar na comunicação telefônica. O mundo não seria mais o mesmo após sua criação e divulgação. O cotidiano da população mundial alterou-se, criando novos padrões de tempo e distância. Junho 1936, nº 102, ano IX A primeira de muitas capas da Sino Azul a homenagear Graham Bell traz uma xilogravura, realizada pelo ilustrador Paulo Vieira. O título da revista confunde-se com as manchas do paletó de Bell, conferindo modernidade ao projeto gráfico. Outras duas capas foram dedicadas ao divulgador do telefone, ambas publicadas no mês de março, como homenagem à telefonia.

Agosto/Setembro 1945, nº 208, ano XVIII

Junho 1946, nº 215, ano XIX

Aumento no custo do equipamento telefônico (em porcentagem) 100 80 60 40 20 0 A PARELHOS

POSTES

C ABOS

CHUMBO

COBRE

EQUIP. DE ESTAÇÃO

Abril 1941, nº 160, ano XIV

Outubro 1931, nº 46, ano IV As listas telefônicas foram criadas na década de 1930 para viabilizar as ligações automáticas. Com elas, o assinante localizava o número desejado, sem o auxílio da telefonista. Esta capa da Sino Azul utiliza a linguagem da história em quadrinhos para narrar a confecção de uma lista, do seu projeto até o assinante, que consulta suas páginas. A sequência de imagens mostra a equipe envolvida em coletar os dados sobre os assinantes, a composição dos linotipos e páginas com as informações, a revisão dos dados, a impressão e, por último, a distribuição domiciliar das listas telefônicas, por profissional identificado pela maleta com o sino azul da CTB. Em primeiro plano, uma assinante consulta a lista do Distrito Federal. Na quarta capa da lista, publicidade de anunciante indica a oportunidade de incrementar seus negócios ao participar da listagem.

Agosto 1948, nº 234, ano XXI

Julho/Agosto 1951, nº 254, ano XXI

Algumas capas da revista explicitaram a estreita relação existente entre a CTB e o governo, nas suas diferentes esferas. Em dez anos, três capas foram dedicadas a registrar a presença de políticos em visitas e em atos de inauguração de serviços telefônicos. Em 1941, foi a vez do prefeito do Distrito Federal inaugurar o serviço radiotelefônico entre Brasil e Bolívia. A fotografia é do momento em que a comunicação entre os dois países é estabelecida. Em 1948, outro prefeito do Distrito Federal liga a chave da Estação 46, inaugurando mais uma estação automática. Em 1951, a Estação 36 foi inaugurada pelo capitão Genesio Nitrini, representando o prefeito de São Paulo, Sr. Armando de Arruda Pereira. As capas nada têm de atrativo graficamente, mas revelam a sintonia entre os planos da CTB e as intenções políticas dos governantes em associarem-se aos feitos da companhia como atos realizados em suas gestões.

Maio 1933, nº 65, ano VI Apesar de ser uma revista institucional, isto é, um órgão destinado à comunicação com os funcionários da CTB, poucas vezes a Sino Azul tratou tão explicitamente de questões administrativas em suas capas. Em 1933, a morte do Superintendente Geral da CTB, senhor Laurence Hill, enegreceu a capa da publicação. A fotografia é emoldurada por fortes linhas negras, como uma lápide, e ladeada pelo cipreste. O título é coberto por véu, em sinal de luto. O senhor Hill foi o idealizador da Sino Azul, em 1927, quando contratou E. M. Brandão (Editor Responsável) que criasse uma revista aos funcionários. Acompanhou apenas o início da trajetória dessa revista. Aqui, a história administrativa se sobrepõe aos acontecimentos de outra natureza, e esta função da Sino Azul se faz presente.

Abril 1941, nº 160, ano XIV

Agosto 1948, nº 234, ano XXI

Julho/Agosto 1951, nº 254, ano XXI

Abril 1930, nº 28, ano III

Janeiro/Fevereiro 1950, nº 245, ano XXIII

Os postes começaram a invadir a paisagem urbana e rural nas últimas décadas do século XIX. Tornaram-se um dos símbolos da crescente urbanização e modernização do Brasil no início do século XX. Postes conduziam os fios de energia elétrica e de telefone por quilômetros, levando à população serviços públicos que se tornariam essenciais nas décadas seguintes. Os primeiros postes eram de madeira, como a aroeira, e necessitavam de manutenção constante, contra as intempéries. Na segunda metade do Novecentos, os postes de madeira passaram a ser substituídos por postes de concreto, modelados especialmente para a fiação telefônica.

Maio/Junho 1952, nº 259, ano XXV Os postes acompanham a Via Anchieta, principal rodovia entre a capital paulista e o litoral, na época. O olhar é encaminhado pela fiação telefônica para a distante Serra do Mar, ao fundo na fotografia. No interior da revista, matéria anunciava um crescimento de 123% nas chamadas interurbanas entre São Paulo e Santos na última década, chegando, em 1951, a um total de 1.849.662 ligações. Nesse ano, as chamadas interurbanas ainda eram feitas com o auxílio das telefonistas e, dada a grande demanda, podiam demorar algumas horas para serem completadas.

Agosto 1937, nº 116, ano X Fincar uma bandeira é tradicionalmente o símbolo de uma conquista, o marco da chegada a um novo território. É essa a representação da capa da Sino Azul: os territórios conquistados pela CTB no sudeste brasileiro. Aparecem as cidades das sedes da empresa em diferentes estados: Rio de Janeiro, Niterói, Belo Horizontes, Vitória, São Paulo e Santos. O compasso – com a insígnia CTB – indica os projetos de expansão da companhia para os próximos anos.

Abril 1930, nº 28, ano III

Janeiro/Fevereiro 1950, nº 245, ano XXIII

Dezembro 1949, nº 244, ano XXII

Janeiro/Fevereiro 1954, nº 269, ano XXVII

Com desenho ocupando a primeira e a quarta capas, a Sino Azul apresenta o tema natalino em sintonia com os seus serviços. Papai Noel aparece como um “homem de negócios”, sentado na cadeira do seu escritório, sem o “paletó” e com os pés sobre a mesa. Ao fundo, o mapa com os serviços telefônicos da CTB, nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e no Distrito Federal. Cidades destacam-se em todas as regiões, mostrando a abrangência da rede telefônica. O presente natalino para a próxima década é a expansão dos serviços para novas cidades.

A fotografia aérea da cidade de São Paulo, reproduzida em página dupla (1a e 4a capas), dá a ideia da grandeza da capital paulista. As cores da capa são as cores da cidade – a foto em preto e branco, com faixa inferior, apenas com o título da Sino Azul e seus dados editoriais em vermelho. Tudo colabora para que a composição pareça uma “bandeira” em homenagem aos 400 anos da fundação de São Paulo. O aspecto urbano é valorizado, com as ruas e avenidas cortando a imagem em todas as direções. O centro, com seu aglomerado de arranha-céus, é visualizado no alto da fotografia, dando a dimensão da grandiosidade e riqueza da cidade. Em 1954, dezenas de homenagens foram feitas durante as comemorações do IV Centenário de São Paulo e a tônica foi valorizar o seu crescimento espetacular.

onde passou. Percorrendo a faixa do oleoduto que vai de São Paulo a Santos, pela Serra do Mar, o cabo teve, também, uma parte submersa numa represa. Com a sua conclusão, os assinantes de Santos podem, agora, discando primeiramente o código “7”, chamar diretamente o número desejado em São Paulo, sem o auxílio da telefonista. Constituindo-se num dos mais modernos aparelhamentos telefônicos para ligações a grande distância, o cabo coaxial representa um progresso inestimável no sistema de comunicações telefônicas no Brasil. No sistema de microondas, a localização das estações é fundamental para a boa transmissão dos sinais. Os equipamentos foram instalados muitas vezes em áreas de difícil acesso, como morros, encostas e florestas. A radiotelefonia expandiu os serviços da CTB nos anos seguintes, elevando para mais de 70 milhões o número de chamadas interurbanas completadas até 1960. Era a mais moderna tecnologia eletrônica aplicada às telecomunicações na época. Apesar das tentativas de manter a qualidade dos seus serviços, o atendimento aos consumidores estava bem aquém do ideal. Segundo o Comitê Consultivo Internacional Telefônico, órgão da ONU, o mínimo necessário era 15 aparelhos por 100 habitantes. Enquanto Nova York tinha uma relação de 58,3 telefones para 100 habitantes, o Rio de Janeiro, em 1960, tinha apenas 10,8 aparelhos. As dificuldades haviam começado no período da guerra e foram se agravando ao longo das décadas seguintes, por vários motivos, como a falta de fornecimento de materiais e equipamentos de indústrias estrangeiras. A CRISE NOS SERVIÇOS TELEFÔNICOS

A CTB chega à década de 1960 em profunda crise. Para se ter uma ideia, somandose a demanda do Rio de Janeiro e a de São Paulo, chegava-se a mais de 400 mil pretendentes aos serviços telefônicos na fila de espera, reflexo de um longo período de estagnação. Na tentativa de sanar tal déficit, o governo federal decretou intervenção na Companhia. Por mais de uma década a CTB apresentou balanço negativo. Em 1962 foi aprovado no Congresso Nacional o Código Brasileiro de Telecomunicações, responsável por formular uma política nacional para o setor, como a sistemática tarifária e o planejamento de integração das telecomunicações em um Sistema Nacional de Telecomunicações (SNT).

Outubro 1930, nº 34, ano III

Maio 1936, nº 101, ano IX

Seja na cidade, seja no campo, instaladores e guarda-fios exercem suas funções, prestando serviços não apenas à CTB, mas à população. Sobre escadas, nas alturas, cuidam da fiação que garante a ligação dos assinantes. A capa de 1930, de autoria de Paulo Vieira, traz um desenho nos moldes de Norman Rockwel e representa os técnicos responsáveis pela ligação da fiação ao estabelecimento comercial. Com o furgão Ford da CTB, típico dos anos 1930, o funcionário desperta a curiosidade dos meninos que passam pela calçada. Já na capa de 1936, a fotografia recortada por máscara, na forma de um isolador, destaca a imensidão do campo por onde passam os fios telefônicos, adentrando territórios e interligando-os aos centros urbanos. Se na primeira capa houve a preocupação em informar os dados da publicação, na segunda o projeto gráfico ignorou tais dados e chamou a atenção apenas para o título e a imagem. Ambas, apesar de tão diferentes graficamente, são do mesmo autor, Paulo Vieira.

Dezembro 1949, nº 244, ano XXII

Janeiro/Fevereiro 1954, nº 269, ano XXVII

Outubro 1930, nº 34, ano III

Maio 1936, nº 101, ano IX

Maio/Junho 1947, nº 224, ano XX

Junho 1940, nº 150, ano XIII

Essa sequência de capas tem como tema a instalação dos cabos telefônicos nas cidades e áreas servidas pela CTB. Além das linhas aéreas, suspensas pelos postes e travessões, a rede telefônica possuía também em suas instalações os cabos subterrâneos. Nas capas, funcionários trabalham dia e noite para garantir a expansão e a qualidade dos serviços. Os cabos subterrâneos cortaram as ruas das cidades, cruzaram territórios por terra e por água, submergindo em represas e mares, sempre com o objetivo de levar a telefonia às mais distantes localidades. A grande inovação veio com o cabo coaxial, instalado em 1955, ligando o Distrito Federal a Petrópolis. Vencer a natureza montanhosa e a longa distância foi um desafio para a CTB. A inauguração da rede permitiu que ligações interurbanas fossem feitas com qualidade entre as duas cidades.

Novembro 1930, nº 35, ano III

Janeiro/Fevereiro 1952, nº 257, ano XXV

Julho/Agosto 1953, nº 266, ano XXVI Para atender de maneira eficiente os assinantes que procuravam informações, foi preciso criar um sistema automatizado de localização dos números e nomes da lista telefônica. Chamado de “grega”, ele facilitava o trabalho das telefonistas do Serviço de Informações, que respondia no número 02. Em 1952, a telefonista Emília de Souza Tavares foi fotografada por Jean Manzon, conhecido fotógrafo e cineasta francês radicado no Brasil. Em 1953, a capa também foi dedicada ao sistema de informações aos assinantes. De um ano para o outro, o projeto gráfico da capa mudou, perdendo o padrão que se mantinha desde a década de 1940.

Maio/Junho 1947, nº 224, ano XX

Junho 1940, nº 150, ano XIII

Novembro 1930, nº 35, ano III

Janeiro/Fevereiro 1952, nº 257, ano XXV

1958, nº 2, ano XXXI

Novembro/Dezembro 1973, nº 6, ano XLVI

Capas de décadas diferentes. Durantes esses anos o projeto gráfico da Sino Azul mudou constantemente, não mantendo nenhuma regularidade visual, de tamanho, de logotipo e nem mesmo de periodicidade. Seu perfil editorial também foi se alterando ao longo do tempo, deixando de ser uma revista sociocultural para tornar-se uma publicação técnica, voltada à divulgação das conquistas na área das telecomunicações. As capas aqui selecionadas demonstram bem essa tendência. Todas elas têm como tema a tecnologia desenvolvida e aplicada no setor da telefonia. Em 1958, destaca-se a torre de microondas, usada para transmissões radiotelefônicas. Esse sistema garantia um maior tráfego de ligações em menor tempo, condizente com o progresso desejado pelo governo. Na capa de 1973, antena parabólica utilizada no sistema de microondas de transmissão ilustra a revista. A tecnologia é o foco da informação a ser divulgada. A expansão dos serviços era vista como estratégica e necessária ao desenvolvimento do país.

Nessa época, a CTB iniciou um plano de autofinanciamento para expansão, processo em que os interessados na utilização dos serviços participam do empreendimento, financiando os custos das novas instalações. Mas o plano de expansão realizou-se em etapas e não sanou em curto prazo as deficiências. A situação política do país foi profundamente alterada em 1964, quando um golpe militar depôs o então presidente João Goulart e deu início a um período de autoritarismo e controle da vida econômica, política, social e cultural. A consequência do golpe para o setor das telecomunicações foi o planejamento estratégico traçado pelos generais e seus assessores para a criação de um sistema de telecomunicação eficiente. Em setembro de 1965 foi constituída a Embratel, empresa pública do setor, responsável pelos investimentos e melhorias no serviço telefônico, iniciativa financiada pelo Fundo Nacional de Telecomunicações. Em março de 1966, ela adquiriu o controle acionário da CTB. Em 1967 foi criado o Ministério das Comunicações. Paralelamente, o Brasil participa do consórcio mundial Intelsat e passa a dominar as telecomunicações via satélite. Em janeiro de 1969 inaugura a primeira estação terrestre de comunicação via satélite, a estação Tanguá, em Itaboraí (RJ). Pouco tempo depois, os brasileiros começaram a assistir programas de televisão via satélite. Antes impensável, a chegada do homem à Lua, nesse mesmo ano, é transmitida via Embratel para milhões de brasileiros. Porém, o fato mais comemorado pelas emissoras de TV foi a transmissão ao vivo da Copa de 70, quando o Brasil foi tricampeão mundial de futebol.

técnicas e equipamentos. A nacionalização do capital da CTB e a sua abertura ao público, através do autofinanciamento, pretendiam redimir a empresa das consequências de um período de estagnação de cerca de 20 anos. O editorial de janeiro de 1971 informava também que a revista Sino Azul mudara seu perfil editorial, seu formato gráfico, bem como seu nome, que agora trazia também o subtítulo Telecomunicações em revista. Avisava os leitores que Sino Azul está inaugurando, hoje, sua nova roupagem. A partir de agora, Sino Azul deixará de ser o órgão de divulgação puramente social das empresas do Grupo CTB, para transformar-se no veículo de propagação de notícias e comentários capazes de contribuir para o desenvolvimento dos conhecimentos de nossos leitores, no setor específico das telecomunicações. A revista era um veículo de formação e informação dos funcionários da CTB, CTMG, CTES, com predomínio de matérias tecno-normativas para atualização de conhecimentos dos técnicos das empresas do grupo. Em julho de 1972 foi criada a Telebrás, empresa de economia mista, vinculada ao Ministério das Comunicações, com atribuições de planejar, implantar e operar o SNT. Uma das prioridades foi a incorporação das centenas de pequenas concessionárias de telefonia espalhadas pelo país. Só no estado de São Paulo atuavam 256 empresas municipais e regionais. A maior delas era a CTB, que atuava em cinco estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Guanabara, Minas Gerais e Espírito Santo – e nos anos seguintes deu origem às empresas estatais Telesp, Telerj, Telemig e Telest.

FORMANDO MÃO-DE-OBRA ESPECIALIZADA

A ESTATIZAÇÃO DA CTB

A Sino Azul, no início da década de 1970, fazia um balanço do setor telefônico após a tomada do controle da empresa: A nova era administrativa implantada pelo Governo após 1964, de tão fecundos resultados para a Nação, modificou profundamente o destino e a estrutura da CTB, impondo-lhe uma diretriz técnica dinâmica, e um novo dimensionamento econômico e financeiro. A criação do Ministério das Comunicações e a aquisição da CTB pela Embratel marcaram o processo de reformulação da telefonia no Brasil, o qual visava não somente à ampliação das redes existentes, como à introdução de novas

Com a criação da estatal Telesp, em 1973, e a retirada da CTB do estado de São Paulo, em vez da Sino Azul, os paulistas passaram a contar com Entrelinhas, veículo de comunicação interna específico para os funcionários da estatal, cujo nome foi escolhido por meio de um concurso. O número 1 da Entrelinhas trazia uma fala do então ministro das Comunicações, Hygino Caetano Corsetti: Nasce hoje mais um veículo de aproximação entre os homens, com a missão de divulgar cultura e entretenimento e de estabelecer ameno e necessário convívio entre os funcionários e usuários dos serviços da Telesp.

1965, nº 3, ano XXXVIII O ano de 1965 começava com capa dedicada às conquistas espaciais: naquela década, o homem chagaria à Lua. Para as telecomunicações, os satélites significaram um poderoso aliado. O avanço tecnológico foi marcado pelo ano de 1962, quando entrou em operação o primeiro satélite mundial de telecomunicações, o Telstar. Em 1965, foi lançado o primeiro satélite de telecomunicações comerciais, o “Early Bird”, posteriormente rebatizado de Intelsat I.

1958, nº 2, ano XXXI

Novembro/Dezembro 1973, nº 6, ano XLVI

FORMANDO MÃO-DE-OBRA ESPECIALIZADA

A ESTATIZAÇÃO DA CTB

A Sino Azul continuou a circular nos outros estados onde atuava a CTB, inclusive no Rio de Janeiro, onde a companhia telefônica passa a ser a Telerj. Já sob essa condição, a revista publicou no número de setembro/outubro de 1973 um panorama dos serviços de telefonia após o início do governo militar. Nessa época a ditadura estava no seu auge e as telecomunicações, além de controladas politicamente, eram estratégicas para o desenvolvimento econômico pretendido para o Brasil. Segundo o editorial, a estratégia do desenvolvimento nacional tanto exige a expansão dos fatores básicos de produção – estoque de capital, mão-de-obra, inovação científica e tecnológica – quanto o uso dos instrumentos de ação econômica e administrativa do Governo, nas áreas sob sua responsabilidade. Esse compromisso foi assumido pelo Executivo desde 1964, ganhando impulso maior a partir de 1967, quando, como resultado dos estudos e levantamentos promovidos nos 3 anos anteriores, a Reforma Administrativa e a modernização da empresa nacional se colocam na linha das atividades permanentes do governo. Após 25 anos de atuação, a Telebrás, que havia alavancado o sistema de telecomunicações no Brasil, estava descapitalizada e sem condições de atender novamente à demanda dos serviços telefônicos. As empresas públicas não conseguiam operar satisfatoriamente no mercado. No limiar do século XXI, o setor de telecomunicações acabou com o monopólio estatal e privatizou as companhias telefônicas, abrindo-se para investimentos estrangeiros e modernização à altura das necessidades e disponibilidades tecnológicas dos tempos atuais. Tinha início uma nova era na história do telefone no Brasil. Setembro 1939, nº 141, ano XII Janeiro/Fevereiro 1973, nº 1, ano XLVI 1973 seria o último ano de circulação da Sino Azul em São Paulo, pois a partir de setembro ela foi substituída por outra revista, a Entrelinhas, da Telesp. As duas circularam paralelamente, cada uma voltada a um público do setor da telefonia. A Sino Azul – Telecomunicações em Revista tornou-se uma publicação para os funcionários da CTB (Rio de Janeiro), CTMG (Minas Gerais) e CTES (Espírito Santo), até 1975, quando passou a circular somente como revista da Telerj.

A capa em tons de azul – cor que remete ao título da revista – ilustra as relações comerciais entre as duas grandes cidades servidas pela CTB. Ao centro, homens de negócio falam ao telefone, tratando de seus interesses com alguém à distância. A indicação da ligação aparece nas imagens dos dois círculos: São Paulo, representada pelo Viaduto do Chá – local central e histórico para os paulistanos – e Rio de Janeiro, representado pela Baía de Guanabara, local reconhecido mundialmente. A primeira, centro comercial e industrial; a segunda, centro administrativo e político do país. As duas interligadas pelo serviço de chamadas interurbanas.

MUDANÇAS SOCIAIS E CONTEXTO CULTURAL

O discurso das capas da Sino Azul permite uma leitura didática dos acontecimentos do Brasil por mais de quatro décadas, e transporta o leitor por várias imagens do país, aqui recuperadas em sua historicidade, a partir do imaginário de progresso vivido por tantas gerações. Ilustrações lúdicas e sedutoras permitem percorrer universos distintos que perpassam do campo à cidade, da propaganda à publicidade, da economia agrícola ao mercado financeiro, do artesanal ao industrial, da mulher “rainha do lar” à profissional com jornada de trabalho e tantos outros percursos que construíram o Brasil moderno. Sino Azul, revista de uma empresa voltada para a comunicação, lidando especialmente com o telefone, fez da figuração deste aparelho um dos sujeitos potencializadores das mudanças, protagonista de transformações do país. O processo mimético de humanizar o telefone por meio de representação figurativa aproximou-o afetivamente do leitor – leia-se, funcionários – e transformou-o em

um instrumento midiático que atuou na formação dos quadros da CTB, instruindo, formando, especializando, modelando, atualizando. Como revista de empresa, Sino Azul não introduziu matérias sobre fatos políticos nacionais e internacionais marcantes. Sabe-se que alguns deles, aliás, interferiram na existência da revista, ora restringindo a produção, ora proporcionando avanços. A despeito do silêncio editorial, esses acontecimentos aparecem subliminarmente na publicação, quando não mencionados de forma expressa, a exemplo da II Guerra Mundial. Assim, a coleção da revista Sino Azul, indiretamente presidida por contextos político-econômicos do mundo e do país, só pode ser lida e compreendida quando inserida nas conjunturas específicas de sua circulação. Nesse sentido, três tempos político-culturais marcaram sua vigência: o da ascensão de Getúlio Vargas (final dos anos 1920 até 1945), o da redemocratização (1945-1964) e o da Ditadura de 1964 em diante. Em outros termos: aquele que se voltou para o trabalhador, outro que apostou no desenvolvimentismo e, finalmente, o tempo do arrocho da comunicação das ideias e do investimento na modernidade técnica. Traduzindo plasticamente esses tempos diversos, tem-se o traço art déco, dos anos 1930/40, a balizar toda a estética do período em sua representação oficial, isto é, figurada nas capas de Sino Azul, que trouxeram a arquitetura geométrica e escalonada do déco brasileiro; em seguida, a liberdade de expressão dos anos 1950, ilustrada pelas linhas curvas da arquitetura moderna de Oscar Niemeyer, de traço leve, solto e inventivo; por fim, o controle exacerbado da imagem, do final dos anos 1960 e 1970 adentro, quando todo o aparato da modernização técnica foi estampado em nome da segurança nacional.

MUDANÇAS SOCIAIS E CONTEXTO CULTURAL

Junho 1928, nº 6, ano I A graciosa figura feminina vestida de “Sino Azul” apresenta linhas, fios e postes sobre nuvens, inserida no infinito das alturas e das distâncias, sugerindo o amplo alcance do telefone. Esse tratamento quase estilizado do poder da comunicação telefônica e sua apresentação associada à figura feminina foram ilustrações recorrentes nas mensagens da empresa. O uso expandido da cor vermelha era recurso sofisticado e caro na impressão gráfica da época. Curiosamente, esta foi uma das raras ilustrações de autoria feminina, Srta. Joannita Blanck, da Seção de Engenharia, do Rio de Janeiro. No interior da revista, cumprimentava-se a artista que aniversariava naquele mês, autora do “lindo e delicado trabalho de nossa capa”.

Setembro 1928, nº 9, ano I

Fevereiro 1931, nº 38, ano IV

Maio 1929, nº 17, ano II

De São Paulo, os fios do telefone automático se expandiam pelo território, atingindo cidades de seu entorno imediato e próximo. A imagem vigorosa do braço que avança portando o telefone, em grande escala, sugere a potência do aparelho e a empresa operante, superando os demais meios de comunicação. Na legenda das cidades beneficiadas pelo novo modelo automático, destacam-se São Paulo e Campinas, sinalizados por mancha mais expressiva. Assinaladas também as cidades de Itapetininga, Tatuí, Piedade, Pilar, Itapecerica, São Roque, São Miguel, Itatiba, Cabras, Pedreira, Amparo, Santa Bárbara, dentre outras.

Na simplicidade desta capa estão reunidos os elementos símbolos para fixação da imagem da CBT. A cor azul domina a área, o título e a periodização. Ao centro, a reprodução das peças fundamentais que possibilitam a transmissão: o telefone em primeiro plano, seguido do rolo de fios e, por fim, postes e linhas, alusivos ao avanço da empresa.

O desenho da bandeira da CTB resultou de concurso interno, em 1929. Nas cores tradicionais da empresa – azul e branco – desfraldada em escala gigante, integra o conteúdo dos planos superior e inferior da imagem, alusivos aos serviços da Companhia. Na parte superior, o poste sustentando fios estendidos em direção ao infinito. Na parte inferior, as telefonistas em ação, o imenso rolo de fio, carreador das mensagens para longas distâncias, e os dois modelos de telefone daquela década, o modelo castiçal e o modelo de mesa. Em fundo sépia, o azul e branco se destacam na bandeira, no logotipo e no título, este último trabalhado de forma graciosa, com a perna da última letra contornando a data do exemplar. Por ocasião deste número, o Brasil acabara de entrar na terrível crise de 1929, provocada pelo crash da bolsa de Nova York.

Setembro 1928, nº 9, ano I

Fevereiro 1931, nº 38, ano IV

Maio 1929, nº 17, ano II

Fevereiro 1930, nº 26, ano III

Maio 1931, nº 41, ano IV Na imagem estourada, projeta-se o infinito de um céu vermelho que cobre a imensa extensão por onde passam os postes e fios telefônicos, observando-se à direita uma isolada moradia no campo, beneficiada pelo novo meio de comunicação. O uso de apenas dois campos delimitados, acima o céu ondulado e abaixo uma simples mancha negra estilizada, assim como o título sóbrio, trazendo apenas a periodização de ano e mês, revelam o tratamento artístico da ilustração, que confere limpeza e elegância à capa.

A engenhosidade da ilustração apresenta uma das capas mais estilizadas da Sino Azul. Em traços geométricos, ao gosto do art-déco da época, tem-se a roda do telefone que se propaga em círculos em céu laranja dégradè, como se fosse o sol brilhando, trazendo o ano de 1930 em destaque ao centro, em negrito, encimando a moderna cidade dos arranha-céus, verticalizada e humanizada com a cor azul. Criando um campo inferior para inserção do título e demais complementos da edição, vale-se de um barrado negro como fundo que destaca as letras em azul e branco, simulando um skyline da parte antiga da cidade. O feliz jogo de cores equilibra os pesos da imagem, resultando em conjunto bastante proporcionado. Nesse momento, o uso de arranha-céus é sintomático, pois a cidade de São Paulo já dera início à voraz verticalização do centro, da qual foram pioneiros os edifícios Sampaio Moreira, na rua Líbero Badaró, de 1924, e o Martinelli, de 1929, com entradas pela Avenida São João, São Bento e Rua Líbero Badaró.

Fevereiro 1930, nº 26, ano III

Agosto 1941, nº 164, ano XIV

ASAS À FANTASIA...

O mais veloz “moço de recados”, pequena informação à esquerda da capa, mimetiza o telefone na figura realizada do “moço de recados”, que a passos largos avança com sua sombra pelas cidades do globo, que se torna diminuta a seus pés. O envelope com o símbolo da CTB e a inscrição “urgente”, reforça a mensagem da potencialidade do telefone, que alcança todos os lugares, a passos largos e com urgência. A ilustração se vale da caricatura, recurso frequente da época, de comunicação imediata e grande alcance. O personagem, porém, traz semblante da caricatura norte-americana, muito diverso dos tipos caricatos construídos pelos nossos artistas, a exemplo de Juca Pato, de Belmonte.

O estímulo à criatividade se manifesta desde o primeiro ano de circulação da Sino Azul, de acordo com o editorial de junho de 1928:

Julho 1940, nº 151, ano XIII O telefone a serviço da justiça, pequena informação à esquerda da capa, pode ser sintomático da demanda pelo estado de direito, suspenso pelo Estado Novo, ao tempo da ditadura de Vargas. A figura da Justiça vendada em movimento, portando a espada e a balança, caminha ao lado dos signos da comunicação, em um céu raiado e com nuvens, sinalizando um porvir. Em primeiro plano, abaixo, o telefone, bem definido, sucedido pelas imagens menores do cavaleiro, do trem e do avião. Em técnica de bico de pena, duas cores, título em letra negra com traços brancos internos, confinado ao alto, resulta em capa solene, pesada, coerente com parte da estética estadonovista. Novembro 1937, nº 262, ano X O fio envolvendo as cidades, os campos e o globo foi recurso figurativo constante nas capas da Sino Azul. Aqui, do telefone assentado num ramo de louro, é lançado o fio que abraça a cidade configurada pelos arranha-céus, intermediado por uma mancha de vegetação, sugerindo seu alcance em várias latitudes. O céu dourado com etérea nuvem centralizada sinaliza o avanço vitorioso e os limites imponderáveis da comunicação telefônica.

Sino Azul foge hoje ao realismo de suas capas anteriores representando motivos referentes ao mês ou a assuntos de seu texto. E dá asas à fantasia de uma artista, que é também uma colega, para ilustrar sua página principal.

De fato, até meados de 1928, as capas traziam ilustrações objetivas, traduzindo explicitamente as inovações da empresa ou o conteúdo do respectivo número. A partir de então, capas estilizadas e inventivas vão revelar a potencialidade dos artistas internos da casa – em geral por meio de concurso –, conectados ao tratamento avançado da imagem, inserindose nas abordagens gráficas do modernismo em voga. Estilizada, elegante e comunicativa, esta produção revelou as tendências estéticas da época, na sua maioria enfeixadas sob o rótulo de “futuristas”. Não podia ser diferente, em se tratando de empresa voltada para a divulgação de uma imagem de vanguarda, que introduzia as últimas conquistas técnicas da humanidade, fi gurando o telefone como uma das mais festejadas. A melhor linguagem gráfica dos anos 1920/30 foi apropriada para mensagens do avanço das linhas, por meio de desenhos geometrizados, estilizados, caricaturais, arlequinais. Enriquecia-se não só a propaganda e a publicidade da CTB, mas também as formas de comunicação ilustrada do país, que já contavam com agências de publicidade emergentes, afinadas com os modelos internacionais da propaganda e da publicidade. O fio telefônico, as linhas de expansão, os postes e o globo terrestre foram os elementos mais utilizados. O primeiro, ora abraçava a cidade, ora envolvia distâncias, simulando em passe de mágica as imensas possibilidades de comunicação, do país ao exterior, da terra até o infinito dos céus, acima das nuvens. As linhas e os postes projetavam-se no infinito, sugerindo a inesgotável capacidade de avanço geográfico dos aparelhos, expressão da melhor técnica de uma empresa qualificada. O globo terrestre simbolizava o domínio da comunicação telefônica sobre o universo em mutação.

Junho 1945, nº 206, ano XVIII O telefone protagoniza a cena, festejado do céu à terra. Abaixo, tem-se a população em festejo, representada pelas figuras de guardas, civis, homens e mulheres, saudando o poderoso aparelho da comunicação. Acima, divindade envolta no fio do telefone celebra as conquistas da empresa. Quase tocando o céu, o solene edifício em visível tratamento art-déco atinge as nuvens, corolário apoteótico para a transmissão da mensagem de glória e de poder. O ano era 1945, baliza de término da Ditadura e da Guerra e, não obstante a vitória dos Aliados, inferem-se figurações de espetáculos grandiosos e da arquitetura de agrado dos regimes totalitários, recém-derrotados. A estética fascista e seu desdobramento integralista no Brasil, com laivos do impressionismo russo, é perceptível no conjunto da cena, arrematada ao alto por raios. Nesta, modelos de telefone estilizados de todos os tempos rebuscam ainda mais a ilustração, dominada por dois tons de azul, cor universal das companhias telefônicas. Março 1936, nº 99, ano IX O fio do telefone envolvendo o globo foi recorrente. Aqui, a distribuição do aparelho na capa confere equilíbrio para a imagem, dotada de força de comunicação. O papel do telefone na comunicação mundial foi destaque do exemplar do mês de março, tradicionalmente dedicado à telefonia. Desde 1932, o Brasil já fazia ligações internacionais, pelo sistema de radiotelefonia.

Agosto 1941, nº 164, ano XIV

ASAS À FANTASIA...

O estímulo à criatividade se manifesta desde o primeiro ano de circulação da Sino Azul, de acordo com o editorial de junho de 1928:

Janeiro 1929, nº 13, ano II O desenho estilizado com o traçado figurativo do telefone e do sino passaram a dominar a imagem das capas. Na figura da telefonista, que remete à melindrosa, observa-se em primeiro plano o telefone no pescoço, em seguida o colar trazendo o sino azul como berloque, a conformação de sino da cabeça e os cabelos femininos. A boca vermelha destaca-se na imagem, remetendo ao poder de comunicação da telefonista. O desenho artístico, inventivo, confirmava a sofisticação do traço já presente nos ilustradores brasileiros.

Junho 1941, nº 162, ano XIV

Maio 1941, nº 161, ano XIV

Julho 1941, nº 163, ano XIV

O cenário construído para a imagem da jovem ao telefone reproduz o glamour da época, sugerido pela decoração repleta de espelhos, pelo vestido drapeado e a pose irreverente, estudada. A reprodução da imagem no espelho se repetia, confirmando a projeção da postura correta que a CTB desejava da telefonista.

A homenagem à telefonista foi uma constante na publicação. Aqui ela se apresenta eficiente em seu posto de trabalho, em uniforme quase militarizado. No número correspondente a esta capa, há um artigo intitulado: Há e haverá telefonistas no Rio de Janeiro, que insiste em sua importância, embora a última estação manual do Rio de Janeiro tivesse sido desativada. Informa, contudo, que as telefonistas continuam prestando serviços nas seções de Auxílio Automático, de Concertos e de Informações, destacando suas qualidades para ocupar o cargo: “inteligente, viva, perspicaz, sadia, possuir um certo grau de instrução, ter a voz agradável e clara pelo telefone, os ouvidos apurados, e os braços destros, maneiras educadas e corteses”.

O uso da capa como modelo de conduta foi recurso bastante utilizado. Estampava-se a representação ideal da telefonista, reproduzindo a jovem sorrindo, demonstrando simpatia e distinção, mirando-se no espelho e aprovando-se. No editorial interno, vinha a recomendação: “Ora, desde longo tempo, que ensinar às pessoas a maneira correta de usar o telefone representa para a Companhia Telefônica Brasileira importante problema. (...) Cumpre que jamais nos esqueçamos que, ao falar ao telefone, nos devemos portar como se tivéssemos à nossa frente a pessoa com quem falamos e que, por conseguinte, devemos agir de conformidade com as regras da boa educação”. Imagem e texto, da capa ao interior, disseminavam posturas para adequação de funcionários e qualificação da empresa.

Junho 1941, nº 162, ano XIV

Maio 1941, nº 161, ano XIV

Julho 1941, nº 163, ano XIV

Os primeiros anos da Sino Azul correspondem ao uso livre do espaço de capa, sem delimitações de normas, o que resultou em ilustrações expandidas em todo o campo. Por volta de 1940, definindo uma identidade visual à revista, adotou-se o modelo de capa semiemoldurada, com a ilustração enquadrada em seu interior. Este tratamento foi mais limitador para o capista, mas, ainda assim, soluções criativas foram estampadas nos números subsequentes, afinados com a estética gráfica do momento. SOCIEDADE MUTANTE

Abril 1928, nº 4, ano I Da “rainha do lar” à mulher profissionalizada, divulgava-se uma nova representação feminina. O cabelo curto, quase a la garçone e a blusa de mangas cavadas rompiam com o figurino tradicional, enquanto a associação ao telefone, novo instrumento de trabalho, sinalizava sua inserção na empresa moderna. O rosto em primeiro plano sobre fundo liso remetia às ilustrações das revistas norte-americanas, que estampavam as atrizes de Hollywood, recurso certeiro de venda nas publicações comerciais.

Abril 1935, nº 88, ano VIII A comunicação telefônica, então internacional, está representada na capa que reúne fotografia e desenho. O ventilador na parede, o espaço confortável, o elegante uniforme das telefonistas atestavam a qualidade do ambiente de trabalho proporcionado pela CTB, dignificando o trabalho da mulher.

Sino Azul começou a circular às vésperas da disputa pela sucessão presidencial. A política “café com leite”, que alternara paulistas e mineiros no poder, representação da velha oligarquia do PRP (Partido Republicano Paulista), estava prestes a ser rompida. Após a posse como Presidente da República do gaúcho Getúlio Vargas, em 1930, o Brasil atravessou momentos cruciais de sua história, registrando-se não só ocorrências pontuais de contestação – a exemplo da Revolução de 32, em São Paulo, seguida da elaboração de uma nova constituição em 1934 – como também mais onze anos de regime ditatorial marcante. Curiosamente, a primeira capa da Sino Azul pode ser lida como a sinalização das duas vertentes em questão. Por meio de nova composição gráfica, reproduziu a fotografia de D. Pedro II, imagem que remetia ao Brasil monárquico e rural do passado, inserida numa estrada que avançava para o infinito, onde trilhos de trem, postes e fios do telefone apontavam para a modernidade vivida, da qual a CTB era uma das representações. Assim, já em seus primeiros números, Sino Azul conectou-se com as mensagens das transformações em curso, em especial aquelas provenientes das principais capitais do país, onde emergia uma nova sociedade, mercantil e burguesa, ávida de inserção e representação, seduzida pelos recursos da técnica e em busca do desfrute da vida moderna. Para o segmento feminino, em particular, descortinavam-se novas possibilidades de atuação social, fosse ainda como “rainha do lar” – que decidia os destinos da família –, fosse como participante nos quadros de trabalho. A imprensa da época divulgou a mulher em vários de seus novos papéis, inferindo o largo alcance da imagem feminina nos meios de comunicação. A CTB, que tinha na mulher personagem vital do cotidiano da empresa, levou-a para as páginas da Sino Azul, tematizando-a em várias representações.

Maio 1944, nº 195, ano XVII

Agosto 1939, nº 140, ano XII

A ilustração com a apreensiva telefonista reproduz as jornadas da mulher moderna, pressionada pelos horários, dividida entre os espaços do trabalho e do lar, realça a mensagem do controle profissional, o enfrentamento das mudanças climáticas – percebido pelo segurar do chapéu contra o vento – e a presença da chefia, em último plano. Conjugando toda a mensagem, um relógio figurado, alusivo ao disco de números do telefone, que a despeito de humanizado e com leve sorriso, acentua a premência do tempo e do trabalho.

O incentivo ao atendimento público cordial era mensagem recorrente da empresa. A ilustração em duas cores remete à película dos filmes noir, veiculados pelo cinema norte-americano. Em destaque, o título com letras sombreadas acompanhava o tratamento da imagem, sobre fundo laranja.

Novembro 1946, nº 219, ano XIX O papel integrador da telefonista era enfatizado por ocasião do Natal, quando a comunicação telefônica permitia aproximar famílias distantes. Na ilustração, a figura serena e eficiente da telefonista frente à mesa de trabalho, em primeiro plano, é o elo mágico que interliga afetos, alivia a saudade. A moldura azul traz desenho geométrico, de evidente influência art-déco, com destaque para o telefone estilizado no canto esquerdo da capa.

Maio 1944, nº 195, ano XVII

Agosto 1939, nº 140, ano XII

Agosto 1933, nº 68, ano VI A sugestão da mensagem fica por conta do leitor, tudo levando a crer que se trata de um diálogo amoroso, intermediado pelo telefone. Sóbrio e elegante, o desenho é limitado na parte inferior pelo título compacto.

Abril 1933, nº 64, ano VI A mulher e o telefone passaram a ser dualidade recorrente nas ilustrações. Nesta mensagem podia-se ler tanto sua atuação como telefonista, profissional importante no recente mercado de trabalho feminino, como seu papel decisivo na comunicação familiar e social, interlocutora amiga de todas as horas. A limpeza do desenho reforça ambas as figurações, da mulher e do telefone, destacadas do título que se desloca para o pé da capa, completando sua informação direta e objetiva. O olhar fixo parece mirar o leitor, como se falasse com ele ao telefone. Assinada por ilustrador do Rio de Janeiro, não identificado, trazia a estética do desenho publicitário norte-americano, influência inevitável da arte gráfica da época.

Abril 1931, nº 40, ano IV A mulher como personagem de comunicação, associada ao telefone, aparecia em novos tratamentos. Inserida em cenários inovadores, nesta capa era remetida a uma decoração de interiores de vanguarda, onde o telefone se integrava, obrigatoriamente. Em meio a cortinas que se abriam, à guisa de palco, a silhueta se colocava em pose elegante, rodeada de almofadas, outra inovação nos ambientes domésticos da época. Esta capa reproduzia de forma bastante similar uma das capas da revista O Cruzeiro, considerada então a revista de maior sucesso comercial no Brasil.

TELEFONISTA: COMPETÊNCIA E FEMINILIDADE

Maio 1928, nº 5, ano I

Março 1929, nº 15, ano II

Outubro 1928, nº 10, ano I

Agosto 1930, nº 32, ano III

A feminilidade da mulher era evocada em diferentes mensagens. Como funcionária vital para o bom funcionamento da empresa, festejavam-na em várias situações. Ao poder de sedução e beleza do “eterno feminino” associavam-se elementos que reforçavam o encantamento, nesse caso crisântemos multicoloridos em primeiro plano, sobraçados pela cativante figura da atriz americana Janet Gaynor, da Fox Film Corporation.

Em primeiro plano a mulher romântica, de figurino ousado pelas cores fortes do traje com detalhe extravagante da flor na cintura, que fala ao telefone de castiçal, sinalizando sua mobilidade e facilidade de uso. Inovador, o fundo azul marinho traz sinos estilizados em profusão, imprimindo movimento à capa. As letras do título acompanham seu ritmo, impressas em itálico e pontilhadas de branco. Esta capa foi ilustrada por Benjamim Coutinho, da Engenharia do Rio de Janeiro, como estímulo à participação dos funcionários da CTB no concurso lançado naquele número, onde o editorial na contracapa acrescentava: “E será para todos nós um justo orgulho ter nossa revista exclusivamente feita desde a capa ao mais simples comentário por empregados de nossa Companhia”.

A comunicação afetiva é claramente explicitada pelos elementos da capa. A figura moderna da jovem mulher que fala ao telefone – de modelo castiçal – com expressão romântica e em meio a nuvens, é encimada por fios e postes aos cuidados de dois cupidos, com corações rosados, à guisa de isoladores. O figurino feminino é repleto de inovações para a época, do vestido vermelho com um ombro de fora, de apelo sensual, ao grande anel verde no dedo mindinho.

Integrada ao desenho de um sino azul, a figura feminina anuncia inovações: em primeiro plano, o telefone de mesa e, a seguir, o serviço local interurbano, impresso na parte frontal do sino. A limpeza do desenho, praticamente sem fundo e com três elementos de informação – o telefone, a mulher e o sino - apontavam para o traço despojado e geometrizado do art- déco, a estética oficial dos anos 1930.

Da imagem feminina meramente coadjuvante, decorativa e submissa, conforme sua recorrente caracterização social, surgia a telefonista, tratada como mulher operante e participativa, força de trabalho do mercado da técnica. É este modelo que aparece nas capas, com novo figurino que a faz mais jovial, de cabelos e saias curtos, tomada em várias situações: da aplicada telefonista à mãe de família, esta também inserida em contexto renovado, usufruindo com os filhos do conforto propiciado pelo telefone. Surge a figura leve e ágil da mulher dos anos 1930, tão celebrada na figura da melindrosa. É certo que a introdução do telefone automático, a partir de 1928, foi retirando aos poucos essa profissional de seu posto de trabalho, mas a recolocou em outras seções da empresa, mantendo a mão-de-obra feminina como importante segmento da CTB, razão pela qual boa parte das colunas da Sino Azul dirigiam-se para essa funcionária, investindo em seu aprimoramento e eficiência. O uso da voz, as maneiras polidas, a mensagem de confiança que a telefonista deveria transmitir foram temas recorrentes, expressos figurativamente em suas capas. Em paralelo, marcadas por forte identidade de trabalho, essas profissionais mobilizaram-se em comemorações e festejos por meio de novas práticas de confraternização e inserção social. A instituição da festa de Natal da empresa, que propiciou tantas capas para Sino Azul, foi iniciativa da telefonista, quando ainda não era habitual a montagem de árvores de Natal e a celebração da data em moldes norte-americanos. Entre 1941 e 1944, anos de guerra e de evolução dos aparelhos telefônicos, são reproduzidos vários modelos da profissional, que contemplam respectivamente a telefonista em seu posto de trabalho, como exemplo de comunicação: a mulher sedutora, a profissional atarefada, presidida por horários, e aquela com uniforme de trabalho militarizado, quase como soldado no cumprimento do dever, competente prestadora de serviços. A MULHER EM VÁRIAS DIMENSÕES

Não só a telefonista foi alvo das mensagens da Sino Azul. A categoria feminina seria tema constante da revista, oscilando entre o figurino da melindrosa e aquele de Hollywood, exaustivamente veiculado por conta da estampa de atrizes nas capas dos

1958, nº 1, ano XXXI

1961, nº 2, ano XXXIV

1960, nº 5, ano XXXIII

1958, nº 3, ano XXXI

As quatro capas têm como tema a mulher, que nos anos 1960 conquistava sua independência e contava com novas possibilidades de inserção na sociedade. No interior da Igreja da Pampulha, elas contemplam o painel de Portinari. Adalgisa Colombo, Miss Brasil e 2a mais bela do mundo, divulga o telefone público. Na Praça dos Três Poderes, em Brasília, Edith Carvalho e Zenith Badim Viana, da CTB, prestam colaboração à Companhia Telefônica da nova Capital Brasileira. Mais uma vez, a bela Miss CTB.

TELEFONISTA: COMPETÊNCIA E FEMINILIDADE

Maio 1928, nº 5, ano I

Março 1929, nº 15, ano II

Outubro 1928, nº 10, ano I

Agosto 1930, nº 32, ano III

1958, nº 1, ano XXXI

1961, nº 2, ano XXXIV

1960, nº 5, ano XXXIII

1958, nº 3, ano XXXI

Março/Abril 1974, nº 2, ano XLVII Nos anos 1970, com título modificado para Sino Azul, Telecomunicações em revista, as capas merecem novo tratamento, condensando imagens elaboradas e apenas um título indicador da temática trabalhada em seus artigos. A mulher aí reproduzida ultrapassa a percepção de gênero, para figurar como um ente social inserido em novo contexto tecnológico. Neste número, voltado para a Psicologia Social, os artigos abordam O Homem em transformação; Os valores da mudança; Os caminhos do equilíbrio; Psicologia Industrial; Criatividade para produzir; O futuro da mente, temas de agrado da sociedade em tempos de mudanças aceleradas.

Abril 1939, nº 136, ano XII Em capa bastante ousada para uma revista de empresa, estampavase indiretamente sua atualidade e renovação. Alusiva ao pleno verão, possivelmente de uma praia carioca, sinalizava que o telefone podia ser utilizado até mesmo ao ar livre. Arranha-céus ao fundo e mobiliário moderno configuravam o cenário de inserção natural do telefone, aparelho presente nos espaços que se modernizavam. Em primeiro plano, a mulher, em traje de banho arrojado e elegante, reunia elementos que remetiam às práticas festejadas da época: cultivo do esporte e vida ao ar livre, saudável, inundada de sol.

Agosto 1929, nº 20, ano II

Agosto 1932, nº 56, ano V

Março 1931, nº 39, ano IV

A menina lê as instruções – conforme divulgadas em Sino Azul – e não mede esforços para subir na mesa, alcançar o telefone e executar a ligação. A imagem sangrada ganha realce pelo limite da faixa branca, onde aparecem o título e o logotipo da empresa.

A sombra da criança ao telefone se agiganta, revelando sua preferência pelo aparelho, em detrimento dos brinquedos, uma boneca e um bilboquê, abandonados no chão. Na ilustração sangrada, o título em cor contrastante organiza a cena.

A inocente brincadeira de bola causa estrago derrubando o telefone ao chão, assustando as crianças e alertando-as para o cuidado que se deve ter com o novo aparelho. O telefone era apresentado como fetiche do cotidiano, respeitado e atraente.

Agosto 1929, nº 20, ano II

Agosto 1932, nº 56, ano V

Março 1931, nº 39, ano IV

Maio 1930, nº 29, ano III O bebê se posta em cima de mesa de escritório, provavelmente do pai, em meio ao mata-borrão e ao tinteiro, e se comunica, ou simula comunicação com um interlocutor. Notar que, como fundo, simula-se na composição do segundo plano uma grande revista Sino Azul, norteadora de sua ação.

Setembro /Outubro 1933, nº 69, ano VI Em desenho hiper-realista, duas crianças simulam conversas distantes, por meio de um mesmo aparelho. O telefone era veiculado de forma lúdica, associado à simplicidade e à satisfação de um brinquedo.

Junho 1934, nº 78, ano VII O cachorro acompanha interessado a comunicação telefônica da criança, sugerindo a inserção do telefone no cotidiano doméstico, de fácil utilização. Talvez cão e telefone fossem os grandes amigos da nova geração do século XX. O tipo de caractere usado no título da revista é bastante inovador para a época, com letras estilizadas, em especial o N e o Z que, espelhados, conferem equilíbrio à composição.

Julho 1929, nº 19, ano II As crianças em trajes de passeio aguardam a mãe elegante que fala ao telefone, sugerindo uma situação de conforto e segurança transmitida pelo aparelho de comunicação. O ambiente decorado com requintes do modismo da época define o padrão de excelência da família, conforme desfrutado pelos usuários da CTB.

Outubro 1935, nº 94, ano VIII A representação da família feliz se repete, embevecida com o aparelho telefônico, mobilizador da cena. Tal como em um cartão-postal, os personagens loiros figuram como imagens idealizadas. O olhar da criança nos conduz ao aparelho telefônico, objeto de desejo. Os dois campos gráficos da capa, o da imagem e o do título, são realçados pela moldura branca, que confere limpeza ao conjunto.

Janeiro 1939, nº 133, ano XII

Agosto 1938, nº 128, ano XI

Novembro 1931, nº 47, ano IV

Julho 1933, nº 67, ano VI

Março/Abril 1954, nº 270, ano XXVII

Maio 1934, nº 77, ano VII

Como na maioria das capas dedicadas à passagem de um ano para outro, esta usa simbolicamente a figura dos amantes. Cada um deles está em um tempo – ela em 1938, com o velho pai a espreitá-la; ele já em 1939, provavelmente em viagem no exterior. A diferença de fuso horário pode ser a causa desse descompasso cronológico. No entanto, o telefone liga continentes, diminui as distâncias e faz o tempo ter outra dimensão!

O telefone permite enlevo à interlocutora enamorada. A comodidade oferecida pelo modelo de mesa propicia outra forma de diálogo, em posição relaxada. A moldura xadrez remete às toalhas de cozinha no mesmo padrão, indicando o aconchego do lar para a mulher que telefona. A capa é encimada pelo título escalonado.

Em desenho estilizado, o casal se comunica, intermediado pelo sino azul, que anuncia o serviço local e interurbano. Na parte inferior da capa, a mesa que mobilizava toda a rede daquela comunicação.

As tantas utilidades do telefone eram demonstradas por situações inusitadas. Aqui, o fazendeiro, vestido a caráter – com lenço vermelho no pescoço e chapéu de couro na cabeça – se vê em apuros na viagem, com problemas mecânicos de seu então moderno Ford. Ele foi salvo pela comunicação telefônica, sugestiva de algumas providências: o aviso do atraso para a chegada ou a solicitação de serviço especializado. Reforçando a propaganda, tem-se poste e fios ao fundo, em pleno campo, e o aparelho à mão, conferindolhe uma postura confiante e relaxada. Atentar para a ilustração, à moda dos desenhos de história em quadrinhos da primeira metade do século XX. O outro personagem é o motorista, com seu uniforme de chauffeur, profissional presente no cotidiano das famílias abastadas, as poucas que já possuíam carros na época.

O ilustrador Paulo Vieira, da CTB, prioriza a mensagem da cooperação. Em desenho hiperrealista, a criança contempla o convívio surpreendentemente amigo do gato e do cachorro. Reafirmava-se pela ilustração uma das normas básicas da empresa: a solidariedade. A legenda no interior da revista aludia ao “símbolo da união e cooperação que deve sempre haver em todos os ramos da atividade humana”. Esta capa foi publicada pela primeira vez na revista nº 21, de setembro de 1929.

O casal enamorado ao telefone é confinado ao centro da capa, emoldurado por tiras decoradas com corações e por riscas triplas nas laterais. Abaixo, no campo do título, um barrado com triângulos sugere o tratamento marajoara, muito usado pelo art-déco.

Janeiro 1939, nº 133, ano XII

Agosto 1938, nº 128, ano XI

Novembro 1931, nº 47, ano IV

Julho 1933, nº 67, ano VI

Março/Abril 1954, nº 270, ano XXVII

Maio 1934, nº 77, ano VII

Fevereiro 1928, nº 2, ano I Pierrot e um séquito de admiradores mascarados buscam a foliã carnavalesca, que fala ao telefone, no resguardo de uma cabine. A cena vibrante, com confetes e serpentinas, é delimitada pela faixa superior branca, que lhe dá destaque. A descontração da cena contrasta com o projeto gráfico da capa, com título e dados da edição em formato bastante padronizado, indicando ser uma revista institucional.

magazines e da própria Sino Azul, conforme se observa em número de maio de 1928, com a atriz americana Janet Gaynor, da Fox Film Corporationº Em outra configuração feminina, alusiva aos anos 1920/30, tem-se a mulher esportista, identificada com a raquete de tênis, o esporte da elite, que cultivava a vida saudável, afeita ao ar livre e ao sol. Na década de 1940 a mensagem da vida saudável prosseguia, reproduzindo a mulher em traje de banho arrojado, personagem festejado pela propaganda, exposta à luz do dia, participante. No decênio subsequente, sob o largo sorriso de Juscelino Kubitschek e ao som de uma iniciante bossa nova, os anos 1950 chegaram em clima de renovação, anunciando o desenvolvimentismo, os novos aportes da indústria, a construção de Brasília. Nesta conjuntura de celebrações, sucederam-se os tantos concursos de misses, que consagraram a representação da mulher no registro de sua beleza. Sino Azul também investiu na divulgação da figura da miss, eleita por meio de concursos internos da CTB. Nessa altura, a exemplo da grande imprensa, Sino Azul valeu-se da fotorreportagem para transmissão da notícia, estampada na sequência de fotografias em branco e preto, levando a mulher para os cenários modernos do país, como a Igreja da Pampulha e a Esplanada de Brasília. Entrando nos anos 1970, a revista, que se tornara mais técnica, subtraiu a mulher individualizada de suas capas, mas reproduziu-a inserida no contexto mais amplo do campo do conhecimento. O uso da figura feminina também destacou seu papel de mãe protetora. A construção da grande família pretendida pela CTB passava por sua valorização, decisiva para a constituição da imagem da família feliz. Aos moldes dos filmes norte-americanos, foi esse o modelo de família reproduzido nas capas de Sino Azul, harmonioso, participante, laborioso. Na imagem idealizada, inseria-se o aparelho telefônico como elo importante daquela ligação. TELEFONE, QUASE UM NOVO BRINQUEDO

A exemplo da propaganda das revistas de mercado, que tinham na criança forte poder de comunicação, também em Sino Azul sua representação figurou como importante elemento de mensagem. Na reprodução do quadro familiar, ou isoladamente, a criança foi personagem recorrente na propaganda telefônica dos

Março 1930, nº 27, ano III

Fevereiro 1938, nº 122, ano XI Fevereiro 1939, nº 134, ano XII

Durante vários anos a Sino Azul dedicou, no mês de fevereiro, sua capa a homenagear a festa mais popular do Brasil. Ainda praticado nos salões de baile, o carnaval era povoado de personagens muito populares, que aparecem representados em diferentes cenas nas capas selecionadas. Em 1930, colombinas procuram seus pierrots por meio da comunicação telefônica. Já em 1936, em cena teatral, à guisa de palco, um pierrot apaixonado avança em direção ao procênio, onde a figura feminina talvez esteja em comunicação com seu arlequim. Em 1939, fantasiado de palhaço, um folião se comunica ao telefone com expressão feliz. Confetes e serpentinas completam a cena colorida.

Março 1930, nº 27, ano III

Fevereiro 1938, nº 122, ano XI Fevereiro 1939, nº 134, ano XII

Novembro/Dezembro 1932, nº 59 e 60, ano V

Dezembro 1931, nº 48, ano IV

Janeiro 1935, nº 85, ano VIII

Sinos em vários tratamentos, dourados, azuis e brancos, anunciam o mês de Natal entre guirlandas e estrelas na capa ouro sobre azul. O título atravessa verticalmente a página em sinuosa ondulação, conferindo movimento ao desenho. Trata-se de uma das mais requintadas capas da coleção.

Entre tantos presentes, a jovem moderna abraça o preferido: o telefone. Ou o presente que o telefone lhe proporciona por meio de ligação na data especial. O ramo que atravessa a página remete à árvore típica de Natal dos Estados Unidos. O fundo dourado vinha como requinte de impressão, usado por poucos, dado seu custo alto.

Natal e Ano Novo são saudados com as conquistas da CTB: o telefone de comunicação local, interurbana e internacional. Observado pelo Papai Noel, o menino, personificando o Ano Novo, desfaz os nós nos fios telefônicos, propiciando as ligações.

Dezembro 1934, nº 84, ano VII A capa estilizada divide-se em duas partes, que se unem por conta do círculo onde a torre de uma igreja – devidamente acompanhada do poste e do fio telefônico – figura como ilustração exclusiva. O fundo estampado à esquerda remete às estampas de tecidos em voga, enquanto as linhas delgadas do título corroboram a leveza do conjunto.

Novembro/Dezembro 1932, nº 59 e 60, ano V

Dezembro 1931, nº 48, ano IV

Janeiro 1935, nº 85, ano VIII

primeiros anos, sobretudo em momentos de introdução de novos aparelhos, com uso diferenciado. Em tempos de ampliação do serviço telefônico, especialmente quando dos telefones automáticos, as instruções de uso deviam ser claras e didáticas, tão fáceis que até uma criança poderia realizar uma ligação, conforme divulgado nas capas que mostram a interação da criança com o telefone como uma ação natural. O grupo de capas que se apropria da criança como propaganda conheceu tratamento gráfico similar, com ilustração a quatro cores, reproduzindo desenhos hiper-realistas. Alguns se assemelhavam àqueles do ilustrador norte-americano Norman Rockwell, com trabalhos nas melhores revistas norte-americanas. A propaganda do telefone celebrava o encurtamento das distâncias físicas, mas, como recurso sensibilizador, utilizou-se do potencial do aparelho para a comunicação afetiva. Nesse propósito, o telefone foi divulgado como elo de ligação entre casais apaixonados, mediador de afetos, facilitador de diálogos amorosos, inserido em cenas românticas e mesmo dramáticas. Muitas delas coincidiram com os anos da II Guerra Mundial (1939-1945), reforçando a necessidade de comunicação entre casais distantes. Outra novidade, o telefone de mesa, praticamente portátil, inserido no quadro da nova sociabilidade, foi utilizado para remeter seus usuários aos ambientes elegantes e de lazer sofisticado. VALORIZANDO O FUNCIONÁRIO

Dezembro 1928, nº 12, ano I No primeiro ano da revista, anuncia-se o Natal de forma até ingênua, a julgar pelas demais ilustrações sobre o tema. Transportado por um sino azul, o canto do galo anuncia a data natalina, preso pelos pés com uma fita verde-amarela, alusiva ao Brasil, mas também com a folha símbolo do Natal norte-americano. O fundo branco e o titulo dourado ressaltam a ilustração.

De acordo com os moldes das melhores empresas do exterior, a CTB montou seus quadros de maneira que seus funcionários se voltassem para o crescimento pessoal e da empresa, por meio da valorização da sua ação no cotidiano. Era sobretudo importante para a Companhia sua projeção no curso das grandes mudanças do país, mudanças essas que passavam necessariamente pela CTB, dependentes do aperfeiçoamento do sistema de comunicação. Assim, o ideário de tornar cada funcionário um cidadão em progresso permeou os discursos textuais e imagéticos da revista, mobilizando seus quadros para o conhecimento do país. Essa prática foi bastante exercitada nas capas da revista, ao trazer o funcionário da CTB em ação no campo e na cidade, mas especialmente em meio a estradas de terra batida que avançavam com os postes e fios até o infinito, vinculando sua progressão ao empenho da empresa.

Novembro/Dezembro 1943, nº 190, ano XVI Em tempos de guerra, Papai Noel pisa no globo terrestre, destruindo instrumentos bélicos, navios, tanques e canhões. Na parte superior, com o braço direito, envolve o saco de presentes, no qual sobressai o telefone. Com o braço esquerdo, segura uma pomba da paz, mensagem de augúrio para o fim da guerra.

Dezembro 1940, nº 156, ano XIII O prestativo funcionário da CTB auxilia o Papai Noel na instalação do telefone, às vésperas do Natal. No chão, além do arco de pua que caiu da caixa de ferramentas, um pato e um trem elétrico também saltaram do saco do Papai Noel, figurando momento de solidariedade e cooperação.

Novembro/Dezembro 1947, nº 228, ano XX

Novembro/Dezembro 1950, nº 250, ano XXIV

Novembro/Dezembro 1954, nº 274, ano XXVII

O Papai Noel generoso se apresenta com três sacos de presentes, repletos de telefones. Mais do que os aparelhos, em gesto largo, apresenta outra dádiva: o avanço de cabos de serviço local e interurbano, conforme anunciado no sino azul figurado como corpo do personagem estilizado. Na moldura em cor contrastante, inúmeros ramos verdes, à guisa de candelabros. Embora os dados da capa indiquem o ano XIX, este exemplar é o último do vigésimo ano de publicação da revista.

O casal emocionado lê o cartão de Natal que traz lembranças e saudades. Como fundo, uma grande revista Sino Azul, trazendo o logotipo da CBT, envolto em guirlanda natalina.

Sobrevoando campos e cidades, o Papai Noel substitui o tradicional trenó puxado por renas pelo telefone, o moderno meio de comunicação.

Dezembro 1966, nº 5, ano XXXIX

Dezembro 1956, nº 5, ano XXIX

Dezembro 1968, nº 7, ano XLI

Dezembro 1937, nº 120, ano X

Na simplicidade e limpeza do desenho, está posta a mensagem de pronto atendimento do Papai Noel. Atendendo ao telefone, geometrizado, traz como acabamento do gorro o logotipo da CTB.

Nos votos de Boas Festas, o telefone é transmudado em harpa, tocada por um anjo do céu. Ao fundo, flocos de neve remetem ao Natal do hemisfério norte, modelo das tradições natalinas que passaram a ser praticadas também no Brasil. O telefone faz “cara” de quem acompanhas as canções da época.

Em tratamento criativo que recorta a fotografia e a insere em outro símbolo, estabelece-se a cumplicidade entre o desenho e a foto, entre a imagem e a letra. As informações escalonadas da capa resultam em informação cadenciada, passível de vários registros. Este recurso foi bastante utilizado pelo artista J. Carlos, quando diretor das revistas cariocas O Malho e Para Todos.

O presente do Papai Noel é o telefone, sorrateiramente colocado no aconchego do lar preparado para as festas natalinas.

Novembro/Dezembro 1947, nº 228, ano XX

Novembro/Dezembro 1950, nº 250, ano XXIV

Novembro/Dezembro 1954, nº 274, ano XXVII

O casal emocionado lê o cartão de Natal que traz lembranças e saudades. Como fundo, uma grande revista Sino Azul, trazendo o logotipo da CBT, envolto em guirlanda natalina.

Sobrevoando campos e cidades, o Papai Noel substitui o tradicional trenó puxado por renas pelo telefone, o moderno meio de comunicação.

Dezembro 1966, nº 5, ano XXXIX

Dezembro 1956, nº 5, ano XXIX

Dezembro 1968, nº 7, ano XLI

Dezembro 1937, nº 120, ano X

Na simplicidade e limpeza do desenho, está posta a mensagem de pronto atendimento do Papai Noel. Atendendo ao telefone, geometrizado, traz como acabamento do gorro o logotipo da CTB.

O presente do Papai Noel é o telefone, sorrateiramente colocado no aconchego do lar preparado para as festas natalinas.

Janeiro 1932, nº 49, ano V O número da Sino Azul do mês de janeiro chegava com os tradicionais votos de Ano Novo, exarados por meio de registros inventivos, onde a imagem do bebê recém-nascido foi constante. Nessa capa, o Ano Novo é festejado por usuários que empunham vários modelos de telefone, como troféus de vitória, saudando a entrada de 1932, alegorizado na figura da criança, cercada de raios de luz. O título na parte inferior remete à cor azul do logotipo da empresa.

Por meio de artigos informativos, motivava o funcionário a ser um desbravador, sugerindo-lhe fornecer uma verdadeira corografia do Brasil, a partir dos locais de trabalho. Para muitos, a itinerância era constante, abrindo estradas para a implantação de novas linhas em regiões que demandavam estudos e conhecimento. Entre o avanço das linhas e a chegada do progresso, registrou-se em algumas capas a nostalgia do campo que dava lugar às cidades urbanizadas, ilustradas pelas aquarelas que reproduzem cenas rurais. Para além da integração de ideários – da empresa, do país e do funcionário – orquestrados pela mensagem maior do Brasil em progresso, a revista voltou-se à integração social de seu corpo de trabalhadores, mobilizado por meio de vários expedientes veiculados pelo periódico. Torná-lo co-responsável pela qualificada circulação da revista foi recurso imediato para creditar-lhe o sucesso da publicação. A estratégia dos concursos foi um dos expedientes mais utilizados, por meio dos quais praticamente se produziu a revista nos primeiros anos. Sucederam-se concursos para a escolha da capa, de desenhos, de fotografias, de misses, de seções e de símbolos, estratégia que levou o leitorfuncionário ao pronto envolvimento com a publicação, esmerando-se em sua participação. Ilustradores gráficos, fotógrafos, redatores, todos os realizadores da Sino Azul provinham do corpo de funcionários da CTB. A valorização do funcionário ganhou mais um aporte quando da criação da seção de veteranos. Festejado nas páginas da Sino Azul, o veterano mereceu matérias extensas de reconhecimento da empresa, homenagens que vinham como corolário de vida. A seção de humor foi outro recurso de inserção do funcionário, na qual a comunicação se fazia por meio da imagem, mais eficaz se dotada de caráter jocoso. Assim, a seção de caricaturas, que levava o título de “Repicando”, trouxe cenas do cotidiano da empresa, do momento e do país, que por meio do riso aproximavam colegas e integravam os membros da CTB. Só em 1957 a seção “Repicando” muda de nome e passa a ser Sino Humor, quando adota a linguagem da história em quadrinhos.

Janeiro/Fevereiro 1955, nº 275, ano XXVIII Sino Azul anuncia o Ano Novo de 1955 com desenho dinâmico, em ritmo de trabalho. O destaque aos números, particularmente os dois números 5, remete ao Plano Quinquenal de JK, mobilizando todos os personagens da capa ao desenvolvimento da cena. Em sentido horário, acima o operador amarra o cabo no número 9, um poste com fios avança pelos céus, a telefonista opera a comunicação, o engenheiro traz seu relatório e o sino badala, dialogando com o próprio nome da revista.

Abril 1936, nº 100, ano IX

Março 1935, nº 87, ano VIII

Agosto 1935, nº 92, ano VIII

Novembro 1935, nº 95, ano VIII

Agosto 1936, nº 104, ano IV

Outubro 1936, nº 106, ano IX

O momento simbólico do erguimento do poste é tematizado em vários tratamentos, condensando a mensagem da chegada do progresso. Aqui, o clichê reproduz um aspecto comum nos trabalhos de construção de linhas telefônicas. O movimento e esforço sugeridos pela imagem evocam o trabalho especializado, laborioso e a eficiência da empresa, que avança por paragens longínquas, em nome da modernização do país. O tratamento estourado da ilustração potencializa a mensagem pretendida. O título é definido por linhas sinuosas ao alto da capa.

A capa, de autoria do funcionário Alfredo Frederico Sedlemayer, reproduz aquarela de pitoresco trecho da estrada por onde se construía a linha interurbana Trompowsky-Varginha, entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais. O título recebeu um tratamento dinâmico, em letras brancas cortadas por traços azuis, sugerindo movimento.

Aquarela de Alfredo Frederico Sedlemayer, reproduzindo aspecto da cidade de Pomba, no Estado de Minas Gerais. Na concepção bem equilibrada da paisagem, onde o tom verde domina a cena, a estrada de terra batida, secionada pela tosca ponte que cruza o rio, avança em direção ao singelo vilarejo entre as montanhas, onde se destaca, à esquerda, a torre da Igreja. A leveza do conjunto é acentuada pela letra cursiva de Sino Azul. Curiosamente, aqui não há nenhuma alusão à presença do telefone, salvo o próprio título da revista, cujas letras terminam em enrolados fios que remetem à fiação telefônica.

A cena evoca novamente a rústica povoação, na cidade de Pomba, em Minas Gerais, de alinhamento irregular típico de antigas vilas brasileiras, trazendo em primeiro plano construção remanescente, talvez em taipa de pilão, com porão habitável e beiral. Um coqueiro e roupas estendidas no varal, inundados pelo sol, compõem sua moldura imediata, enquanto o casario vizinho, em telhados de quatro águas, completa o cenário, sugestivo de um tempo passado, que pode ou deve se reabilitar, com a chegada do telefone. Ilustração de Alfredo Frederico Sedlemayer, engenheiro geral do Rio de Janeiro. O título se desloca para baixo, emoldurado por linhas finas.

Em mais uma paisagem da pitoresca região de Pomba, em Minas Gerais, a aquarela reproduz o casario rural, antiga modesta sede de fazenda, com casa de quatro águas, curral e cercado de madeira, de terras gastas, de um tempo que já passou. O morro pelado ao fundo, um coqueiro solitário – arremedo de palmeira imperial – e abaixo a lavoura indefinida remetem a uma paisagem que pede renovação. Sem alusão à chegada das linhas telefônicas, a ilustração é de autoria de Alfredo Frederico Sedlemayer, da Engenharia Geral, do Rio de Janeiro. O título é inserido embaixo, em fundo azul, com letra bastante estilizada.

A capa de imagem sangrada na página traz um aspecto da vida no acampamento das turmas de construção de linhas interurbanas que, pela distância em que se encontram dos centros populosos, são obrigados a improvisar uma cozinha ao ar livre. Tem-se o registro de dois tempos: o território por desbravar, do passado, e a chegada do progresso, do presente, trazido pela CTB. Em meio ao acampamento improvisado, com barraca de lona e rancho com cobertura de zinco, uma funcionária negra prepara grande quantidade de refeição, em rústico fogão de lenha, para servir aos homens da Companhia, em trabalho no campo. O poste altaneiro da CTB, já instalado, prenuncia o avanço do trabalho, ainda incompleto, a julgar pelos postes deitados no chão, em primeiro plano. O título se solta em letra cursiva no alto da capa.

Abril 1936, nº 100, ano IX

Março 1935, nº 87, ano VIII

Agosto 1935, nº 92, ano VIII

Novembro 1935, nº 95, ano VIII

Agosto 1936, nº 104, ano IV

Outubro 1936, nº 106, ano IX

Outubro 1939, nº 142, ano XII Quebrando o estereótipo das capas em duas cores e com ilustrações geometrizadas, Sino Azul estampa a quatro cores o desenho quase ingênuo, que tem como fundo uma plácida paisagem entremeada de campos em vários tons e a montanha imponente encimada pelo céu azul. Conferindo dinâmica ao cenário, um carro de corrida passa veloz, enquanto no alto, circunscrito a um círculo, um homem fala ao telefone, sugestão da comunicação imediata que encurtava as distâncias. Em outros termos, a mensagem adiantava que o telefone era mais veloz que o ágil carro de corrida. Fevereiro/Março 1946, nº 212, ano XIX Em primeiro plano, o funcionário na cabine remete para a eficiência demandada pelo operador do telefone, que rege toda a dinâmica da vida moderna, aqui sinalizada pelo trem – um deles de modelo arrojado – e pelos centros urbanos em desenvolvimento. A moldura, ilustrada com sucessivos modelos de telefone, potencializa a ideia de evolução dos meios de comunicação, em particular do telefone. Novamente, o título geometrizado com vários traços libera o branco de fundo, conferindo mais ritmo à ilustração. Agosto 1944, nº 198, ano XVII Em meados dos anos 1940 ainda permanecem as referências icônicas simbólicas da velocidade – o trem, o navio e o avião –, assim como a verticalização urbana que faz fundo à cena. O competitivo avanço do trem e do telefone nos trilhos e dos aviões nos ares confere movimento à ilustração, reforçada pelos tantos funcionários em operação desenhados na moldura.

A ênfase no espírito de equipe e de cooperação vinha ressaltada em textos e imagens. De 1929 a 1954, as capas aparentemente ingênuas, que conciliavam, entre outros opostos, cão e gato, aludiam ao símbolo da união e cooperação que deve sempre haver em todos os ramos da atividade humana, segundo legenda do interior da revista, de março de 1954. As festas internas funcionaram como instrumentos de comunhão e celebração, introduzindo novas práticas culturais. Em particular as festas de Natal, data que tinha correspondência nas capas de dezembro da Sino Azul, sempre alegorizando o telefone, a fi gura do Papai Noel e o saco de presentes, muitas vezes alusivos ao aparelho telefônico. O número do mês de janeiro chegava com os tradicionais votos de Ano Novo, oferecidos por meio de registros inventivos. Também eram festejadas as folias de Momo, com capas alusivas ao Carnaval, com riqueza de cores e movimento. Reproduzindo as prioridades da CTB com relação aos funcionários, Sino Azul investiu nas temáticas educação, saúde e esporte. As revistas anunciaram as muitas bibliotecas circulantes da empresa que se propagaram pelo interior, veicularam textos literários, noticiaram os postos de saúde da CTB. Quanto ao esporte, inicialmente divulgado em poucas páginas, acabou por conformar importante seção do periódico, correspondente à festejada atuação dos tantos times e grupos que se formaram na Casa: de futebol, de tênis, de xadrez, com suas respectivas agremiações, torneios e taças. MODERNIDADE

A abrangência do serviço telefônico vinha didaticamente ilustrada nas capas da Sino Azul. Cenas diversas tinham o telefone como elemento unificador, como a paisagem distante, onde um carro passa veloz, sob postes e fios telefônicos; a novidade do serviço interurbano; a mãe de família zelosa; o atendimento médico; o homem de negócios; o comerciante; a comunicação social; o motorista. Em meio a todos esses quadros, o telefone centraliza a cena, sobreposto a um fundo de sol, que irradia raios comunicadores. Quatro sinos azuis arrematam as laterais da composição, encimada pelo título da revista e logotipo da CTB. Capas assim ilustradas demonstravam os vários usos cotidianos do telefone e sua necessidade e utilidade na vida moderna.

A transformação das cidades em nome da modernidade exigida pelo século XX foi tematizada exaustivamente nas capas da Sino Azul. Nada mais apropriado para veicular a demanda da comunicação agilizada, que tinha nos serviços telefônicos símbolos potencializados da era moderna. Na sinfonia das metrópoles, o telefone emergia como aparelho vital para construção do “país do futuro”, conforme jargão cunhado nos anos 1940, por conta do progresso vivido em alguns centros urbanos do país. Ao final da década de 1920, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte apresentam centros urbanos renovados, conformando o cartão-postal que divulgava cidades racionais e higienizadas. Em tempos republicanos, sob o bordão “O Brasil civiliza-se”, vendia-se para o mundo a imagem do país em progresso, confiável para investimentos de toda a ordem e rico por natureza. No Rio de Janeiro e em São Paulo, do “bota abaixo” de suas cidades velhas, germinara a paisagem geometrizada, então em processo de verticalização, à espera de seus destinos triunfantes. Belo Horizonte, porém, já nascera planejada e moderna, fi gurativa da nova centralização do poder do estado mineiro. Na era da velocidade, o automóvel demandava rasgar avenidas enquanto o avião cruzava os ares, acelerando a comunicação, que tinha no telefone automático a presteza exigida pela automação dos tempos. Nas capas da Sino Azul, esta celebração da modernidade urbana foi difundida em várias cores e tons, por meio de tratamentos gráficos inovadores, atrelados à magia dos telefones, aparelho onipresente da vida moderna. Em suas capas, apreende-se o momento de crescimento e efervescência dos espaços urbanos, tematizados pelo traço criativo do ilustrador ou pelas tomadas fotográficas de impacto. A despeito da centralização da CTB nos grandes centros urbanizados, seu avanço para o interior demandou o convívio com o campo agreste, penetrando Brasil afora, levando seus postes e linhas a paragens recônditas. Vários capistas da Sino Azul registraram paisagens campestres, que logo desapareceriam. Também reproduziram a interligação entre estes e a cidade, mediada pelo telefone, revelando a coexistência do rural e do urbano às vésperas de viver suas conexões, desta vez na chave do progresso.

Setembro 1932, nº 57, Ano V A utilidade do telefone nas emergências. De cima para baixo, no sentido horário: por ocasião de incêndio; para atendimento em obras; para avarias do carro na estrada; para socorro médico; para comunicação de transportes distantes; para o corpo de bombeiros. Centralizando a ilustração, o telefone protagoniza a cena, tendo ao fundo um sol figurado, que remete para o discador do aparelho.

Outubro 1932, nº 58, ano V Na capa de autoria do funcionário Paulo Vieira estão postos os símbolos da modernidade, presididos pela velocidade: o trem e o automóvel na terra, o avião nos céus e, em primeiro plano, o telefone. Distância e tempo são vividos de maneira diferente no século XX. Os avanços tecnológicos quebraram antigos paradigmas e impuseram novos ritmos ao cotidiano do homem moderno.

Julho 1942, nº 175, ano XV A demonstração da velocidade superior dos telefones em relação aos demais meios de comunicação foi constante. Aqui, o exemplo é dado a partir de uma cabine de comando de voos, onde o oficial se comunica com um ponto distante olhando para o avião, considerado o meio de transporte mais veloz. A ideia de controle da situação provém do uso do telefone, que confere serenidade aos personagens, a despeito da tempestade que desaba sobre o aeroporto Santos Dumont, na cidade do Rio de Janeiro, como indicam as montanhas ao fundo.

NOVAS SEDES: AVANÇO DOS SERVIÇOS E QUALIFICAÇÃO ARQUITETÔNICA

Outubro/Novembro 1938, nº 130-131, ano XI A aquarela, em tratamento teatral, reproduz o novo edifício da Companhia Telefônica Brasileira de São Paulo, na Rua 7 de Abril. O projeto é do Escritório Técnico Ramos de Azevedo – Severo, Villares & Cia Ltda, fiscalizado por Hugo Maroni, engenheiro arquiteto da empresa. Construído para alojar todas as seções da CTB, foi inaugurado em 1938. Ao assinalar sua importância, Sino Azul põe em cena a São Paulo moderna: “Trata-se de uma construção que honra a cidade de São Paulo, de que é um dos prédios mais belos e mais altos, de acordo, portanto, com o crescente e admirável progresso da linda capital do grande Estado. A sua majestosa silhueta é divisada de quase todos os pontos da cidade, ostentando a apreciação publica as suas linhas sóbrias, mas traçadas com elegância dentro do espírito da arquitetura moderna”.

De 1930 a 1945 a CTB impulsionou a instalação de novas sedes pelas capitais e interior do Sudeste. A imagem da cidade moderna, atrelada às transformações do capital e aos avanços da técnica, traduziu-se em nova arquitetura urbana, funcional, inserida nas tendências “futuristas”, conforme denominação dos partidos estéticos daquela vanguarda. Uma de suas manifestações foi o art déco, de apropriação universal, que chegou ao Brasil pelo viés francês, mas também pela influência norte-americana, esta última reproduzida com mais frequência na paisagem urbana do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Os edifícios institucionais, em particular, receberam o tratamento plástico da hora, protagonizando uma arquitetura de agrado do Estado Novo, figurando o art déco como sua representação quase exclusiva no cenário urbano. O corpo de engenheiros da CTB projetou seus edifícios no rastro da nova linguagem, sinalizando a atualidade estética e funcional da empresa enquanto incorporava a proposta de menor custo, acenada pelo novo “estilo”. Inovou também na técnica construtiva, utilizando o concreto armado em larga escala. Como resultado, surgiram edifícios que qualificaram as cidades, referências da melhor arquitetura da época. Junto com ela, chegava o serviço automático e a linha interurbana. Para além da figuração arquitetônica da vanguarda, outros símbolos representativos da modernidade foram representados nas capas da Sino Azul. A começar pelos novos meios de comunicação na terra, no ar e nos oceanos – carros velozes, aeroplanos, navios de grande calado –; passando pelas situações limites, nas guerras e nas emergências do dia-a-dia – dos hospitais ao corpo de bombeiros –, até os novos centros urbanos, que brotavam em direção ao céu, com seus espigões que verticalizavam a paisagem. Ao longo dessas quase cinco décadas de circulação da Sino Azul, o Brasil mudou. De 37 milhões de habitantes em 1930, para 93 milhões habitantes em 1973, o país recebeu infraestrutura de ponta, que permitiu lançar parte expressiva do território na ansiada modernidade como peça importante da engrenagem capitalista internacional.

Junho 1930, nº 30, ano III O desenho em três cores, estourado na capa, estampava a Estação 7, a segunda estação automática da CTB no Rio de Janeiro, inaugurada em 7 de junho de 1930. Situada na Rua Visconde de Pirajá nº 44, em Ipanema, atendia aos moradores do Leme, Copacabana, Ipanema e Leblon, bairros da elite carioca, em vertiginoso desenvolvimento. Com dois pavimentos, em concreto armado, dispunha de equipamento telefônico para 5 mil linhas, quando o anterior, manual, de 1919, possuía capacidade para 1,6 mil linhas. Do gradil de ferro à fachada despojada podem ser observados traços do art-déco em voga.

Agosto 1931, nº 44, ano IV Ao estampar a sede da Estação Telefônica de Belo Horizonte, em qualificado art-déco, a revista informava que o edifício podia “figurar condignamente entre os melhores de Belo Horizonte”. Reproduzido em aquarela, com transeunte à frente permitindo aquilatar sua escala, eleva-se para o céu azul, onde o título em letra cursiva, em meio às nuvens, confere leveza ao conjunto. Sua construção correspondeu à instalação do serviço automático e da linha interurbana.

Setembro 1930, nº 33, ano III Sede do novo serviço automático de Petrópolis, inaugurado em 23 de agosto de 1930, localizada na Avenida 15 de Novembro, nº 880. Projetada por Hugo Maroni, engenheiro arquiteto da CTB, que também acompanhou as obras, foi construída pela firma Dwight P. Robinson & Co. Distanciava-se da proposta art-déco, apropriada aos grandes centros, aproximando-se do tratamento eclético, afinado com a ambiência bucólica da cidade de Petrópolis. Notável, porém, a diagramação e os elementos da capa que, dividida em dois planos, em tons sépia e azulado, trazia várias informações: na parte inferior, o maquinário pertinente ao novo serviço; na parte superior, a sólida edificação emoldurada, complementada lateralmente por discos telefônicos, em perspectiva. O título em letra cursiva, ao pé da capa, arrematava a diagramação.

NOVAS SEDES: AVANÇO DOS SERVIÇOS E QUALIFICAÇÃO ARQUITETÔNICA

Julho 1931, nº 43, ano IV A conjugação campo e cidade é reproduzida em tratamento criativo do capista, sobre fundo verde, estampado com pés de cana-de-açúcar, trazendo a fotografia da Estação Telefônica da cidade de Campos, município fluminense que recebia o serviço automático e a nova sede. Beneficiada pela recente instalação de indústrias, a construção de linhas sóbrias coadunava-se com a prosperidade local. A revista assinalava que seu “aspecto arquitetônico está à altura do adiantamento urbano de Campos”. O título ao pé da capa, em branco frisado de azul, equilibra o peso dos planos e da ilustração. Junho 1933, nº 66, ano VI A nova estação telefônica de Barbacena (MG) é estampada em azul na parte superior da capa, que traz embaixo quadro alusivo à cidade na época da Revolução Liberal de 1842, no mesmo tom, reproduzindo a antiga Praça dos Andradas, com a Casa da Câmara e a Matriz, onde se alocou o serviço telefônico posteriormente. As imagens dos dois tempos – o passado e o presente – são interligadas pelo título Sino Azul.

Fevereiro 1934, nº 74, ano VII A capa dividida em planos estabelece o elo entre passado e presente, onde se reproduz o monumento erigido a Braz Cubas, como símbolo do espírito de iniciativa do passado e a nova estação automática de Santos, à Rua Braz Cubas nº 340, como concretização das possibilidades e aspirações do presente. Discos telefônicos, simulando movimento, se distribuem na parte superior, onde se destaca o título com especial arranjo de letras.

Sua passagem de país agroexportador – como primeiro fornecedor de café do mundo – a detentor de parque industrial significativo dependeu das transformações do universo da técnica, em particular daquela afeita aos meios de comunicação. Como mercado potencializado para investimentos estrangeiros, recebeu homens e máquinas que fincaram a infraestrutura indispensável para novos empreendimentos. Coube ao avanço dos postes e linhas da CTB promover o salto qualitativo do país, no âmbito das comunicações. Sino Azul, da CBT, deixou de circular em São Paulo no ano de 1973. Na evolução da empresa surgiram novos órgãos de comunicação impressa, segmentados em função de demandas da ampliada rede de telefonia, que se transformou em Telesp e, posteriormente, no Grupo Telefônica. Ao tempo da Telesp veiculou-se a revista Entrelinhas, que lançada em 1973 encerrou-se em dezembro de 1997. Mais tarde, o Grupo Telefônica lançou a revista Televip, que circulou entre 1999 e dezembro de 2008. Encerrada esta, o Grupo Telefônica publica desde fevereiro de 2009, sua nova house organ, a revista Somos, ao lado das demais mídias operadas pelo grupo.Ao longo dos anos, portanto, circularam diferentes house organs do setor de telecomunicações. Sino Azul, publicação inaugural, cumpriu uma das trajetórias mais longevas do periodismo brasileiro, enquanto as publicações subseqüentes aqui citadas conheceram novos perfis, renovando-se em função das conjunturas históricas da empresa. Importa registrar que em todas as house organs da empresa, em momentos distintos, persistiu o mesmo escopo de comunicação ágil e imediata com seu público alvo: os empregados da Casa, ontem CTB, hoje Grupo Telefônica. Nesse propósito, consolidou em seus quadros o senso de integração e pertencimento, postura registrada desde os primórdios de sua sempre moderna mídia impressa.

Junho 1939, nº 138, ano XII Prédio da Estação Automática de Belo Horizonte, à Avenida Afonso Pena, prolongando-se até a Rua Goiás. Trata-se da mesma estação de 1931, ampliada e adaptada para receber novos equipamentos. A montagem da capa é inusitada, recortada por moldura decorada por retângulos e círculos com os mecanismos do serviço automático. Ao centro, o edifício ampliado recebeu fachada art-déco. Os transeuntes, minúsculos, e a passagem do automóvel animam a cena geometrizada, sinalizando sua escala. O título se destaca pelo movimento similar àquele dos elementos da moldura. Junho 1935, nº 90, ano VIII A capa elaborada estampava, em primeira mão, a fotografia do prédio da Estação 48, no Rio de Janeiro, que seria inaugurado à 0 hora do dia 3 de junho, “quando já estiver todo no prelo o presente número de Sino Azul”. Parte da moldura vinha estampada com sinos azuis estilizados, enquanto o título rebuscava-se em círculos nas extremidades das letras, recurso já usado em outra capa e que remete aos fios de telefones.

1956, nº 1, ano XXIX

1956, nº 4, ano XXIX Inauguração à meia-noite de 1o de setembro da Estação nº 62, em São Paulo, na esquina da Rua Iperoig com a Rua Caiubi, nas Perdizes. Celebrada no quadro do progresso da paulicéia, devia servir a quatro mil novos assinantes. No segundo plano se divisam os edifícios que projetam a cidade moderna. A roda do telefone, em preto, coordena a cena, tendo abaixo a população em trânsito e os carros em movimento.

Edifício majestoso que seria ocupado pela CTB, centralizando os escritórios dispersos na Capital Federal. Projetado pelo arquiteto João Khair, construído pela Construtora Guanabara, foi supervisionado pelo arquiteto Manuel Augusto Côrtes, do Departamento de Engenharia da empresa. Com dois blocos, possuía 15 pavimentos no bloco A e 10 pavimentos no B, com cinco elevadores Otis, podendo alojar 1,3 mil funcionários. Dotado de brise-soleil, tinha o hall revestido em mármore branco e tiras verdes no piso e na parede, até dois metros de altura. Externamente era revestido de mármore cinza e preto, até a altura da sobreloja.

1956, nº 1, ano XXIX

EL TELÉFONO EN REVISTA Sino Azul es, por lo tanto, una revista hecha por los empleados y para los empleados de la Companhia Telefônica Brasileira. Tiene un equipo directivo, como es necesario, pero no prescinde de la colaboración de todos. EDITORIAL DE SINO AZUL, EN 1928

Colecciones de revistas de época figuran hoy como rarezas del mercado, disputadas por coleccionistas y bibliófilos. Tradicionalmente desechadas por sus suscriptores y dueños, vistas muchas veces como publicaciones anacrónicas, solamente en los últimos años se han reconocido, valorado y, en el caso de muchas, reimpreso en ediciones facsimilares, debido a su extrema importancia cultural. El hábito de desechar revistas y colecciones de revistas deriva de la propia naturaleza de esa publicación –un impreso de carácter efímero y de lectura amena que, después de leído, se echa. De ahí la preservación de pocos ejemplares, circunstancia también propiciada por la exigüidad contemporánea de espacio físico para guardarlas, lo que las condena a la destrucción pura y simple. El enorme placer del coleccionismo ya sería un buen motivo para reunirlas, en función de las temáticas abordadas, de la antigüedad de los ejemplares y, sobre todo, de los registros de arte gráfica presentes en sus páginas. En las últimas décadas, las colecciones de revistas de época han adquirido una dimensión múltiple como documento plural

para, entre otros fines, promover la recuperación de imágenes del pasado, es decir, la reconstrucción de la Historia. El registro de lo cotidiano, por ejemplo, se puede asimilar en un simple hojear de sus páginas. Una colección de revistas es un conjunto lúdico irresistible que, en una sola publicación, reúne texto, imagen, técnica, visiones de mundo e imaginarios colectivos que deleitan a cualquier lector. Sus componentes –formato, papel, tipo, ilustración, tirada– pueden parecer banales, pero proporcionan una infinidad de informaciones mediante un amplio registro: del textual al iconográfico, del extratextual –anuncio u otro tipo de propaganda– a la segmentación, del perfil de sus propietarios al de sus consumidores. En ese sentido, la colección de la revista Sino Azul, editada hace más de 80 años por la Companhia Telefônica Brasileira (CTB), es un documento importante que merece un análisis y su divulgación. Esa singular colección forma parte de los fondos históricos del Grupo Telefónica en Brasil, administrados por la Fundación Telefónica, que, a través de su núcleo Memoria Telefónica, actúa en su preservación y divulgación. Como revista de larga existencia, su permanencia dependió de cambios inevitables –una de las razones de su longevidad– exigidos por circunstancias específicas y por nuevas demandas de la empresa y de la sociedad. Entre enero de 1928 y agosto de 1973, Sino Azul fue una revista de la CTB y circuló en Río de Janeiro, en São Paulo, en Minas Gerais y en el Distrito Federal. A partir de agosto de 1973, con la constitución de Telesp, la CTB deja de actuar en el estado de São Paulo. Sino Azul da lugar, entonces, a la revista de la nueva compañía telefónica del estado, Entrelinhas, creada en Abril de ese mismo año y de distribución limitada a los empleados de la estatal. Entre 1973 y 1975, la CTB mantiene la revista Sino Azul en los demás estados en los que actúa y le añade el subtítulo Telecomunicaciones en revista. A partir de 1976, Sino Azul pasa a ser una revista tanto de los empleados de Telerj, estatal de Río de Janeiro que siguió

publicándola hasta finales de la década de 1980, como de los empleados de la CTB, de la CTMG (Minas Gerais) y de la CTES (Espírito Santos). No está de más recordar que en la década de 1920, cuando se lanzó Sino Azul, la popularidad del género revista vivía su apogeo. Con una ampliación de tiradas y de circulación debido a la revolución técnica de la imprenta, era el medio preferido para dar noticias de todo tipo, el soporte ideal para estampar y divulgar propagandas, el impreso que permitía, con mejor resolución, echar mano de las múltiples experiencias gráficas que enriquecían el mensaje. Ese género adoptó la impresión en colores y los métodos fotoquímicos de reproducción e innovó en la introducción de las nuevas estéticas del diseño gráfico. Entre el periódico, de tratamiento gráfico menos atractivo, y el libro, al alcance de pocos, le tocaba a la revista, sobre todo la ilustrada, arrebatar a la población lectora de un Brasil que se alfabetizaba, recién ingresado en la República y que procuraba difundir su progreso en las páginas seductoras de los magazines y/o revistas de variedades. Y estas eran innumerables... Sino Azul se destacaba entre las revistas de la época. Aunque era una publicación interna de empresa, dirigida a su plantel de empleados y que al parecer no tenía en cuenta la competencia –como lo haría una revista de mercado–, se guiaba por un riguroso profesionalismo y seguía un adecuado proyecto editorial. Al contrario de sus contemporáneas, muchas acometidas del famoso “mal de los siete números” –o sea, la circulación de solamente siete números tras su lanzamiento–, Sino Azul fue longeva y se reinventó entre los muchos modelos editoriales dictados por las décadas subsiguientes, en el marco de las transformaciones de la empresa y también del país. SINO AZUL, MÁS QUE UNA REVISTA

De periodicidad mensual, Sino Azul nació con el año nuevo, ya que su primer número se lanzó en el mes de enero de 1928, repleto de mensajes estimulantes acerca de la fecha auspiciosa.

¿Por qué el título Sino Azul? ¿Cuál es su simbología? Además de la inmediata asociación con el último apellido del gran divulgador del teléfono, Alejandro Graham Bell, que traducido al portugués significa “sino” –“campana”, en español–, se encuentra, en el editorial de julio de 1944, la explicación completa: La Campana se ha convertido en un símbolo sagrado de la gran Nación (estadounidense). Es natural, por ello, que se la recordara a la llegada de un medio de comunicación de extraordinario alcance, que surgió el mismo año que se celebraba el 1er. Centenario de la Independencia Americana, en 1876. (...) Desde hace aproximadamente sesenta años, las compañías telefónicas estadounidenses, que formaron después el Sistema Bell, adoptaron la campana como símbolo de la empresa, a fin de reverenciar el propio nombre de “Bell”, que significa campana, o en homenaje a la histórica “Campana de la Libertad” estadounidense. Y el Sistema Bell utilizó desde entonces el emblema de la campana en color azul sobre fondo blanco, con la posterior evolución en la forma de fondo, que pasó de rectangular a circular. Así, era inevitable que la campana azul, conjunto de tantas significaciones, se transformara en el título de una revista de la CTB. La nueva publicación, de circulación interna en la empresa, se dirigía en esa época a su diversificada plantilla, que se distribuía entre los estados de Río de Janeiro, São Paulo y Minas Gerais, además del Distrito Federal, en la época, en Río de Janeiro. Sino Azul se diferenciaba de las revistas de mercado no exactamente por su formato, su diseño, su técnica de impresión o sus recursos gráficos innovadores, sino, sobre todo, por su

proyecto editorial. Se dirigía a un público muy particular, quizá específico, constituido por los varios niveles del plantel de empleados de la CTB. Por ello, debería atender a todos, desde el botones más sencillo hasta el director, lo que pasaba por el gran equipo de ingenieros, por los empleados administrativos, por los distintos técnicos y por las muchas mujeres, que pasaban a figurar como agentes sociales decisivos en una empresa moderna. Su gran alcance exigía que se tuviera en cuenta la complejidad de los distintos niveles sociales y culturales de sus consumidores –formados por hombres y mujeres de procedencia variada– y su orientación estaba dirigida por algunos propósitos: el congraciamiento de su plantel, su respectiva cualificación sociocultural y la formación de un equipo de empleados estimulados a buscar su propio crecimiento profesional y personal. Estos propósitos estaban asociados en una única iniciativa: la divulgación y venta de una imagen cualificada de la empresa, de extrema modernidad y que exaltaba un Brasil que, al equiparse con los recursos punteros de la comunicación, ingresaba muy rápido en las demandas del capitalismo internacional. El nuevo órgano debería, por lo tanto, transmitir la contemporaneidad y eficiencia de la empresa y contar con una cuidada presentación gráfica, además de estar dotado de un contenido noticioso de buena calidad y al alcance de todos. Todos estos mensajes se concentraban en una sola representación gráfica: la del teléfono, artefacto de baquelita negra imprescindible al avance de la comunicación y de la modernidad técnica, aparato que indicaba progreso y reflejaba la eficiencia y la racionalidad pretendidas por el país. Símbolo del acortamiento de las distancias y de la aproximación de continentes y movido por líneas invisibles, el teléfono fascinaba y encantaba con su mágico poder de

De periodicidad mensual, Sino Azul nació con el año nuevo, ya que su primer número se lanzó en el mes de enero de 1928, repleto de mensajes estimulantes acerca de la fecha auspiciosa.

SINO AZUL REVISTA MENSUAL PUBLICADA GRATUITAMENTE PARA LOS EMPLEADOS DE LA CTB E. M. BRANDÃO EDITOR SE DEBE ENVIAR TODA LA CORRESPONDENCIA A: E. M. BRANDÃO CTB – APARTADO DE CORREOS 571 – RÍO DE JANEIRO TODAS LAS FORMAS DE COLABORACIÓN PARA DETERMINADO NÚMERO DEBEN ESTAR EN MANOS DEL EDITOR HASTA EL DÍA 15 DEL MES ANTERIOR A SU PUBLICACIÓN.

comunicación, entonces al alcance de pocos. Como verdadero objeto de adoración, se presentó en prosa, verso, caricaturas, estilizaciones y estéticas innovadoras, símbolo de innúmeros mensajes. A pesar de esa repetición, la revista resultó diversificada y plural, un retrato del Brasil que se modernizaba por medio de los cables telefónicos propagados por el país en crecimiento. Sino Azul alegorizó el teléfono y lo representó y estilizó por medio de íconos del progreso, de modo que se exhibieran mensajes positivos. Lograr ese alcance en el proyecto editorial no fue una tarea fácil. Por las páginas de Sino Azul se sabe, incluso, que existieron proyectos anteriores que no tuvieron éxito. Uno de ellos fue O Telefone, publicado por primera vez en 1927, en las Seções de Avaliação e Contabilidade de São Paulo, y que se limitó a seis números. En diciembre de 1927, el superintendente general de la CTB, el Sr. Laurence Hill, llamó a un editor del mercado, E. M. Brandão, para crear una revista interna de la empresa. Así, en enero de 1928 se publicaba el primer número de Sino Azul, revista de periodicidad mensual que permaneció en las décadas siguientes y contó con Brandão como su editor responsable hasta su jubilación, el 30 de septiembre de 1955. Por medio del editorial del presidente, se convocaba a los empleados de la gran familia que componía la empresa y se estimulaba su participación en todos los segmentos de la revista. En su junta directiva completa, constaban las informaciones:

En su primera portada, Sino Azul publicó una fotografía de D. Pedro II, monarca reconocido como el introductor del teléfono en Brasil. El editorial anunciaba el año nuevo, de acuerdo con el espíritu de las revistas de variedades, amenas, vistas entonces como “la sonrisa de la sociedad”. En el caso de Sino Azul, un texto sencillo anunciaba su ingreso: en la intimidad de los hogares, donde la virtud inunda el aire y los efluvios del puro amor purifican las almas. Y finalizaba exaltando: el espíritu de los que honran a la humanidad con el ejemplo del trabajo que hace más noble la individualidad y fortalece la virtud.1 Estaban claras ya en ese primer número las premisas editoriales de la publicación, orientada hacia un público específico – los empleados de la Compañía – y siempre tratando de valorar sus virtudes como agentes esforzados y dedicados al deber. A pesar de circular en el año 1928, el texto traía rasgos parnasianos, tendencia de muchas revistas institucionales, aunque por lo general la comunicación de Sino Azul era directa y objetiva. Como revista de empresa, la publicación privilegiaba la comunicación inmediata para divulgar informaciones técnicas de la Compañía, artículos de la historia de las comunicaciones y asuntos variados de interés general. Les tocó a sus portadas, sin embargo, reflejar lo que había de mejor en la combinación de tema, técnica y diseño.

1 Sino Azul. 1928, n. 1, año I.

La revista nacía en un momento de buenas perspectivas económicas para Brasil. A pesar de la caída del precio internacional del café, el país se encontraba entre los mayores proveedores mundiales del producto y este hacía que São Paulo, Río de Janeiro y Minas Gerais –justamente las localidades donde se ampliaban las instalaciones de postes telefónicos– se convirtieran en los estados prometedores del país. La industria también conocía progresos en esos estados e indicaba un futuro igualmente prometedor. La confianza en la Patria y el espíritu patriótico eran uno de los principales temas de los discursos de la época. Desde el primer número de la publicación se nota el carácter educativo y modelador del proyecto editorial, un instrumento de entrenamiento de los empleados, de su congraciamiento, integración y cualificación. A las telefonistas se les enseñaba cómo utilizar la voz y la obligada cortesía en la comunicación; a los técnicos se les transmitían informaciones sobre el funcionamiento de los equipamientos. Cuando se instaló el sistema automático de teléfonos, por ejemplo, el artículo “Funcionamiento del Servicio Telefónico Automático” se publicó en distintas partes, desde la edición de nº 15 hasta la de nº 37, es decir, de 1929 a 1931. Como un tema frecuente, sobre todo en los primeros años, se narraba la historia del teléfono y de la ciencia, distribuida en capítulos, casi como una publicación por entregas que, mes tras mes, seducía y conquistaba al lector. La exaltación de célebres personalidades de la historia de la ciencia fue constante y más tarde se incorporó aun la celebración de las fechas cívicas nacionales. De acuerdo con los patrones de las revistas de la época, que diversificaban sus secciones y temas para alcanzar a una amplia gama de lectores, Sino Azul también resultó ser una “revista de variedades” y se organizó en distintas secciones que condicionaban al lector hacia la permanente consulta, de modo que se estableciera un vínculo entre él y la publicación mensual. Traía el repertorio tradicional de sus congéneres y además del indefectible editorial, por lo general firmado por

el Presidente de la Compañía, se sucedían las secciones sobre la historia del teléfono y de la ciencia, las crónicas cordiales y del deporte, además de la inevitable sección de humor que, con caricaturas aisladas o tiras, se titulaba “Repicando”. Había aun ilustraciones ocasionales con caricaturas de los empleados que se presentaban bajo el título “Galería Telefónica” y, en ocasiones, “Caras y Caretas”. También eran constantes la “Página Femenina” y la de “Notas Sociales”. En la primera, se reproducían figurines que estaban de moda e informaciones de interés de la mujer. En la segunda, se informaban las fechas de nacimiento de los hijos de los empleados, los cumpleaños y las fiestas de confraternización ocurridas en la empresa, así como la muerte de miembros del personal. A partir de 1929, cuando generaciones de empleados se jubilaron por la CTB, se rindió homenaje a la categoría de los veteranos, que tuvieron destaque en secciones especiales de Sino Azul. “Cómo se hace a los veteranos” fue una de ellas y ahí se reconocía y celebraba la actuación de los antiguos empleados.2 El segmento “Notas Deportivas”, imprescindible en las publicaciones de la época, empezó de manera modesta, pero fue adquiriendo más espacio –sobre todo cuando se formaron los equipos de la Casa– y se mantuvo a lo largo de los años en los que se publicó la revista. Hubo aun una sección regular de divulgación de los concursos internos, que se celebraban o para concebir las muchas portadas de la revista, o para seleccionar la mejor bandera para la CTB o, más tarde, para elegir a la Mis Telefónica. La “Sección Médica” también era constante y presentaba orientaciones sobre higiene y salud. Entre tantos apartados, los que efectivamente permanecieron –aunque con pequeños cambios en sus títulos– en el curso de la existencia de Sino Azul fueron: “Repicando”, “Página Femenina”, “Notas Sociales”, “Veteranos” y “Notas Deportivas”.

2 El homenaje a los veteranos se inicia en Sino Azul. 1929, n. 16, año II.

Así, en aquellas páginas periódicas, el empleado de la CTB, transformado mensualmente en tema de la revista, adquiría otra dimensión de sí mismo, se identificaba con sus colegas y se reconocía como un elemento importante del engranaje que traía la modernidad a ese contexto, lo que le permitía darse cuenta del alcance de la empresa de la que formaba parte e incorporarse afectivamente como miembro de una gran familia. En los primeros años de circulación, la propaganda y la publicidad tuvieron espacio en Sino Azul, ya que su consumidor disponía de una renta segura para adquirir los bienes del mercado. Por lo general, dichos anuncios aparecían en las dos caras de la contraportada y los productos anunciados señalaban la adquisición de lo nuevo, la renovación de las prácticas de consumo, de confort y de ocio. Entre 1928 y 1929 se divulgaron los siguientes productos: Açúcar União; Água de Caxinguy; Stromberg Carlson; aparatos de reproducción de sonidos; Lar Brasileiro, administrado por Sul América, para cajas de ahorros; venta de parcelas; magnesia S. Pellegrino; droguerías; margarina vegetal de coco Brasil; Cinzano como fortificante, archivos de acero, máquinas de escribir Underwood; Confeitaria Vienense, en la calle Barão de Itapetininga, 63, delante del Grande Hotel da Paz; Grande Torrefação e Moagem do Café Internacional, en el barrio de Brás; Casa Alemã; Saponáceo Cito; Casa Odeon; Chocolates Falchi; Cerveja Pilsen de Petrópolis; equipos Siemens; Elevadores Otis; entre muchos otros. Todos estos artículos novedosos del mercado representaban productos que reflejaban las conquistas técnicas de la modernidad y, a la vez, estaban al alcance de los empleados de la CTB. Se registro, incluso, un anuncio del automóvil Hupmobile, de 6 cilindros, año 1928, dirigido seguramente a la plana mayor de la empresa. Al mismo tiempo, como propaganda subliminal de esos días de renovación de todo tipo, se daba la noticia, en 1929, de la inauguración de la Carretera Río-São Paulo y Washington Luís,

Presidente de la República, presentó el proyecto de esa vía que seguiría en paralelo con los ferrocarriles. En ese espacio, se echó mano de modernas técnicas de venta que se basaban en distintas estrategias para promocionar los productos, como, por ejemplo, las que se mencionan a continuación y que son del año 1929: Quien presenta el cupón de Sino Azul tiene un descuento de un 5% en el precio de compra en la Mobiliadora, de Isidoro Chansky & C., en la calle Rangel Pestana, 194, São Paulo. Compren en las casas que anuncian en Sino Azul. Y digan que han visto sus anuncios en esta revista.3 En la gran mayoría de los casos, los anunciantes eran de São Paulo, la ciudad que era entonces el más poderoso centro de comercio de Latinoamérica. No obstante, esos anuncios que transformaban Sino Azul en un medio de propaganda y publicidad se hicieron menos frecuentes a lo largo de la década de 1930, hasta desaparecer completamente y limitarse, así, a las páginas de divulgación sobre informaciones de la empresa. Fue inevitable, sin embargo, que a lo largo de las casi cinco décadas en las que circuló como Sino Azul, revista de la CTB, la publicación oscilara en su diseño, en su número de páginas y en su formato. Atenta a las increíbles y rápidas transformaciones de la técnica, las costumbres y los hábitos del siglo XX y presidida por coyunturas que interferían en su confección –de la crisis del papel en tiempos de guerra a los sucesivos cambios en el perfil de la empresa, la publicación acabó plasmando, en papel y tinta, las marcas del siglo. Se pueden observar esos mensajes en el interior de la revista, mediante sus editoriales, secciones e ilustraciones. No obstante, más que el interior, son las portadas de Sino Azul que mejor reflejan las transformaciones de todo tipo del

3 Sino Azul, en los ejemplares de 1929.

1 Sino Azul. 1928, n. 1, año I.

2 El homenaje a los veteranos se inicia en Sino Azul. 1929, n. 16, año II.

3 Sino Azul, en los ejemplares de 1929.

período y reúnen, asimismo, en una única página de gran efecto comunicador, momentos especiales de la historia de la Companhia Telefônica Brasileira, hoy Telefónica, además de ilustrar la historia de Brasil. EL DESFILE DE LAS PORTADAS

La portada, sin lugar a dudas, cumple un papel en el proceso por el que uno se relaciona físicamente con el libro (o con la revista), pues, aunque no se puede mirarla mientras se lee, es la portada que lo define como objeto que se va a tomar, que se va a dejar a un lado y tal vez que se va a conservar a lo largo del tiempo. ALAN POWERS

La portada es un “rostro” que se ofrece al mundo y que debe conquistar al consumidor inmediatamente, por medio de la simple mirada. No importa si se trata de un libro o de una revista, la portada tiene una función protectora y definidora del objeto de la lectura. Tal vez en la revista su poder de atracción sea, incluso, más intenso, inmediato, dado el carácter efímero de esa publicación, es decir, la velocidad a la que tiene que transmitir su mensaje, válido durante una semana o un mes, según su periodicidad. Con esa función de protagonista destacada de los varios géneros de impreso, la portada desempeña funciones múltiples, pues sintetiza hechos complejos, destila mensajes precisos, educa, sorprende, conquista, reinventa estéticas, desarrolla experimentos técnicos, documenta la Historia. Por si sola, la reunión de portadas merece una publicación. En Sino Azul, la representación de las portadas figura de forma ejemplar. Eje conductor de los más de 500 números que circularon entre 1928 y 1973, sus mensajes representan verdaderos editoriales. Más aclarador será, pues, organizarlas por períodos, en sus contextos de circulación, en su ejercicio constante de renovación. El primer período de circulación de Sino Azul, de 1928

a 1943, estuvo marcado por portadas que le dieron un perfil editorial y una comunicación visual de calidad. No obstante, además de la corrección del trazo gráfico y de los mensajes divulgados, todavía no había un modelo sistemático que les proporcionara una homogeneidad. Todo era variable e imprevisible en esa composición, desde la selección de los diseñadores por medio de los concursos internos de la empresa hasta la variada localización del título –algunas veces en la parte superior, otras en la inferior–, así como en la diversificación de los tipos utilizados en el nombre de la publicación. En su mayoría, sin embargo, aportaban la idea de pluralidad, lo que transformaba cada edición en una sorpresa, casi como si fueran ediciones "customizadas", de acuerdo con la última moda en la comunicación gráfica. Algunos procedimientos permanecieron inalterados en los primeros años, un resultado inmediato de la propuesta de congraciamiento de empleados de la empresa, que repetidamente insistía en el espíritu de cooperación y confraternización entre los miembros de su plantel. En ese sentido, fueron constantes las portadas temáticas que celebraban el Año Nuevo, la Navidad y el Carnaval. Sin la misma constancia, números conmemorativos también tuvieron en cuenta otras fechas, como, por ejemplo, las del mes de marzo, alusivo al teléfono tanto por la fecha de nacimiento de Graham Bell, el día 3, como por la fecha de la primera transmisión telefónica, el 10 de marzo de 1876. Asimismo, se celebraron algunas fechas cívicas nacionales, con más regularidad el Siete de Septiembre, día de la Proclamación de la Independencia, y el Quince de Noviembre, el de la Proclamación de la República, así como las fechas cívicas estadounidenses. Estas, sin embargo, se celebraban más bien en el interior de la revista. En cuanto a su formato, las portadas pasaron por varios cambios. En vísperas de la Segunda Guerra, Sino Azul se imprimía en papel de calidad inferior. En el período

del Estado Nuevo4, bajo todo tipo de control, la libertad de impresión también estuvo restringida y estos límites se acentuaron en 1940, debido al episodio bélico. A partir de ese año se redujo el formato de la revista –que pasó de 32 x 23 cm a 39 x 16 cm– y el número de páginas aumentó. Se acercó, de cierta forma, al modelo de la internacional y famosa Selecciones Riders Digest. Aunque se intensificó el uso de la fotografía en detrimento del dibujo, el interior de la publicación permaneció casi inalterado en el orden de las secciones y en sus respectivos contenidos. Curiosamente, en su número 145, de 1940, la revista informaba que el cambio no había ocurrido por la guerra, sino por la practicidad de un volumen menor: (...) Olvide esas ideas sobre guerra, dificultad, subida del coste del papel y otras que nada tienen que ver con la actual transformación de nuestra Revista. Desde junio del año pasado que el cambio de formato ya se había decidido y no se hizo antes solamente para no perjudicar a los coleccionistas, al obligarlos a encuadernar dos volúmenes, uno de cada tamaño. El nuevo formato es más cómodo, más portátil, no le costará trabajo llevárselo a casa, debajo del brazo o incluso en el bolsillo... El nuevo tamaño no ha perjudicado la esencia de la Revista. Note que las estampas no han perdido nada en nitidez, pues sus dimensiones son casi las mismas que las del formato antiguo. Sino Azul tiene hoy la mitad del tamaño anterior y el doble de páginas del formato antiguo. Se observa en ese momento la búsqueda de una unidad de proyecto, ya que se procuró darle una marca a la revista, como ocurría con las publicaciones del mercado. En estas últimas, dicha unidad trataba de conquistar la fidelidad del público lector y, asimismo, de estimularlo a comprar la publicación. Por otra parte, en Sino Azul se pretendía 4 Como “Estado Nuevo” –“Estado Novo”, en portugués– se conoce el período de la historia republicana brasileña entre 1937 y 1945, cuando el país estuvo sometido al gobierno autoritario de Getúlio Vargas (N. del T.).

integrar a sus consumidores a partir de normas y proyectos comunes, de modo que la revista cumpliera el papel de hermanarlos a partir de los ideales de la empresa. El cuidado de transformar sus números en una colección indicaba el carácter de identificación pretendido por el lector de Sino Azul, es decir, por el empleado de la CTB. Más evidente a partir de 1940, la introducción de un nuevo modelo sistemático de portada, con un marco lateral semiabierto, ceñía entre sus límites la ilustración del mensaje, muchas veces una fotografía, tratamiento que se mantuvo hasta 1952. Se acentuaba la búsqueda de una identidad editorial, expresada ahora en el diseño de las portadas, siempre a partir del mismo modelo. Esa propuesta, de tratamiento geométrico y que reducía físicamente la ilustración, limitaba la expansión del diseñador y lo restringía a un espacio mucho menor, pero que se siguió utilizando de forma creativa. Para compensar la reducción del campo –y también la sustitución del dibujo por la fotografía, como ocurrió en algunos números–, ese profesional echó mano del espacio del propio marco e introdujo ahí dibujos estilizados alusivos al teléfono. Se puede identificar entonces la asociación de la fotografía y el dibujo, intensificada a partir de enero de 1950, pero sometida, entre los años 1952 y 1954 –período que puede corresponder a acomodamientos del posguerra, cuando Sino Azul deja de ser mensual para ser bimestral–, a una inestabilidad en el diseño de las portadas y a una disminución de la calidad. En verdad, la interrupción en la regularidad de la publicación ya se estaba configurando en los años anteriores, cuando números ocasionales correspondieron a un bimestre entero, sin que ello significara una nueva periodicidad. La permanencia del nuevo modelo de portada se hace notar entre los años 1954 y 1967, cuando el recurso iconográfico es la fotografía. No podría ser diferente, pues el fotorreportaje dominaba entonces la prensa y movilizaba a millares de lectores con tomas impactantes. Sin embargo, no fue el caso de Sino Azul en ese momento, ya que la revista

echó mano de la fotografía para reproducir imágenes poco estimulantes, debido a la forma obvia como se retrataban los paisajes, los edificios y, sobre todo, las empleadas de la Casa, a vueltas con los modismos de los años 1950, sobre todo los concursos de mis, una fiebre nacional. Para romper la monotonía del blanco y negro de las imágenes, se sobreponía a la foto una raya de colores donde se estampaba el título Sino Azul, ahora de acuerdo con un único modelo de letra. A pesar del tratamiento plástico de menor calidad, en esos años el contenido de la revista revela las transformaciones por las que pasaba el país. De la tendencia de valoración del desarrollo económico de los años 1950 al golpe de estado de 1964, se había vivido casi todo: el plan quinquenal de Juscelino Kubitschek; la construcción de Brasilia; la apertura del mercado a las empresas extranjeras; la industrialización de base, automovilística y de bienes durables; la urbanización; los grandes flujos migratorios internos; el éxodo rural; entre otros. En los años siguientes, más exactamente de 1968 a 1975, se notan en Sino Azul nuevas marcas que reflejan el momento contradictorio del país: por un lado, la represión dictatorial, que, presidida por una severa censura, oprimía a los individuos y reprimía las libertades civiles; por el otro, la inversión masiva en la modernización de las comunicaciones, con proyectos altamente ambiciosos que lanzaron Brasil en la era del satélite. La entonces CTB se agigantaba como una de las mayores beneficiarias de los modernos servicios introducidos por la tecnología puntera. De cierto modo, las dos posturas se tradujeron en las portadas de Sino Azul. Entre 1968 y 1969 la secuencia de ilustraciones echó mano muy fuertemente de la fotografía, marcada por imágenes de aparatos y equipamientos técnicos. Consecuencia o no de la censura, es importante registrar que ahí se encuentran las portadas más empobrecidas de la colección. A pesar del mismo contexto, a partir de 1970 –y casi de golpe– las portadas se innovan y se introducen los cuatro colores, lo que hace que se asocie el diseño de las modernas máquinas de comunicación con elegantes grafismos.

En 1971, la primera portada de Sino Azul del período documenta de forma inequívoca su momento político y hace explicito el control dictatorial que se vive entonces, ya que muestra una sesión solemne presidida por el Presidente Emílio Garrastazu Médici. Hay que decir que, desde enero de ese año, la revista había recibido un subtítulo –Telecomunicaciones en revista–, al que se le añade, a finales de 1973, una nueva información de portada: Órgano de divulgación de la CTB. A esas alturas, el resultado plástico de las imágenes adquiere mayor calidad. La profesionalización del órgano, a partir de entonces especializado tan sólo en el segmento de las telecomunicaciones, demandaba otro tratamiento, similar al que se empleaba en el poderoso parque gráfico de las publicaciones periódicas del país. Los grupos Abril y Bloch, que actuaban desde los años 1960, habían establecido niveles de excelencia en sus títulos, mientras los estudios de publicidad se distinguían por su extraordinario poder creativo. Sino Azul sería beneficiaria de esa coyuntura y lanzaría números con portadas atractivas que divulgarían su modernidad técnica. Sin embargo, ya no se trataba de una revista orientada hacia la “familia de la CTB”, pues se dirigía, ahora, a los centenares de empleados de la empresa y les daba prioridad a los aspectos técnicos de la comunicación y a las innovaciones punteras en el sector: la implementación de la nueva cabina de teléfonos, el DDD5 (Código de

5 Se asociaba esa sigla a la llamada directa a larga distancia, porque en portugués se decía “discagem direta a distância” (N. del T.).

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Llamada Directa a Larga Distancia), la automatización como futuro del hombre, la planifi cación económica y la formación de mano de obra para el desarrollo, las nuevas estrategias y los nuevos modelos de comunicación, que conllevan a la expansión de la empresa en marcha. Del Brasil de la década de 1920 al de los años 1970, los sucesivos cambios de la técnica, de los hábitos y de las costumbres se plasmaron en las portadas de Sino Azul, que reprodujeron momentos decisivos de las transformaciones del país. Los recursos de imagen de esa narrativa se utilizaron de manera amplia para hacer más vibrante el mensaje. Le tocó al arte gráfico de sus portadas potenciar las informaciones y producir, indirectamente, un registro panorámico de las evoluciones de Sino Azul y del país. En las portadas de Sino Azul, aquí reproducidas lúdicamente y con sus efectos espectaculares, se narra el registro de esas transformaciones, algunas veces en blanco y negro, otras en colores, pero siempre de una manera que permita captarlas en un simple y placentero hojear de páginas. Ya está hecha aquí la invitación para ese deleite.

Junio 1932, n.º 54, año V La sofisticada revista Arlequim de São Paulo, caracterizada por su propuesta estética modernista, reproducía sistemáticamente en su portada los rombos característicos de la ropa de Arlequín. Es lo que se observa en esta Sino Azul del mismo período, con un fondo de rombos de colores en el que se insertan los teléfonos en fila. En primer plano, la figura del mensajero sonriente y ágil presenta el teléfono en una bandeja y muestra su alegría con la transmisión más rápida y eficaz del mensaje. Observar que la figura del mensajero, con un atuendo ejemplar, se refiere al uso del teléfono en los hoteles de calidad que se estaban inaugurando en São Paulo, que se beneficiaban de la difusión de la telefonía. El ritmo de los rombos del fondo,

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el título Sino Azul en letras contorneadas de blanco, simulando movimiento, así como la paleta diversificada de colores de la ilustración, hacen que esta portada tenga una movilidad y ligereza poco frecuentes, en contraste con los días que vivían las capitales del sudeste del Brasil, en la que se desarrollaba la que dio en llamarse la Revolución de 32. p. 11 Marzo 1928, n.º 3, año I El tercer número de la revista tenía una portada metalingüística: la misma revista aparece en la ilustración. Un niño vocea la revista Sino Azul entre la gente que, contenta, lo mira. Colgado de un poste telefónico, invita a los lectores a conocer este nuevo canal de comunicación interna de la empresa. La revista no se distribuía en los quioscos de periódicos, sino que se repartía gratuitamente entre los empleados de la CTB de los estados de Río de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, y el Distrito Federal.p. 12 Enero 1928, n.º 1, año La portada del primer número de 1928 de Sino Azul, presentaba la fotografía del monarca D. Pedro II, introductor del teléfono en Brasil. Lanzado durante la preparación de las elecciones para presidente, simbolizaba de forma curiosa las fuerzas en pugna. El innovador recurso gráfico reproducía la fotografía de D. Pedro II, una imagen que hacía referencia al Brasil monárquico y rural del pasado, insertada en el dibujo azul de una carretera que avanza hacia el infinito, donde las vías del ferrocarril, los postes y cables del teléfono apuntaban hacia la modernidad deseada, de la cual la CTB era uno de los paladines. p. 14 Enero 1971, n.º 1, año XLI En el apogeo de la dictadura militar, el presidente Emilio Garrastazu Medici posa para la foto. En esta época, la revista es cada vez más técnica, sin artículos importantes con enfoque cultural y social, probablemente en virtud de la política de control y censura a la expresión de la sociedad y de la importancia atribuida por el gobierno a la formación de mano de obra especializada. p. 15 Junio 1929, n.º 18, año I Diseño gráfico y servicios telefónicos son equivalentes en su modernidad. La revista Sino Azul presenta en esta portada la síntesis de sus servicios: una red de comunicación. Es el germen de la web actual (telaraña, en inglés). Sobre fondo rojo, la central de conexión está envuelta en una telaraña que simboliza la creación de un sistema de comunicación amplio y envolvente. Al frente de esta telaraña de cables (telefónicos) se encuentra la telefonista, con sus

ágiles brazos conectando rápidamente las llamadas. De espaldas al lector, atrae la mirada a su foco de atención —la mesa de conmutación— y, como ella, lo que vemos es la complejidad de ese equipo telefónico, responsable de la comunicación entre las personas. p. 16 1970, n.º 1, año XLII La modernidad aparece aquí en el diseño gráfico y en el tema de la portada. Audaz en la ampliación de uno de los cables telefónicos, Sino Azul, en la década de 1970, comenzó a centrar sus artículos internos en temas tecnológicos. El proyecto de diseño gráfico tambien pasó por transformaciones, utilizando sobretodo fotografías en color, lo que dió una nueva apariencia a la publicación. A lo largo de esos años, la revista ya no se distribuía en los estados tradicionales donde la CTB prestaba servicios y, en São Paulo, fue reemplazada por la revista Entrelinhas de la Telesp, empresa pública que tomó el lugar de la antigua compañía. p. 17 Noviembre/diciembre 1938, n.º 132, año X El reloj marca casi la medianoche, Papá Noel se anuncia por teléfono a un niño que espera su regalo. p. 21 Enero 1933, n.º 61, año V Desde la década de 1930, se hizo más fácil la comunicación entre el campo y la ciudad. El país, de tradición agraria, necesitaba conectarse con los centros urbanos, las capitales de los rascacielos, las ciudades de las industrias, y le correspondía al teléfono poner en contacto esos universos distantes y opuestos. En este sentido, la comunicación era humanizada, como se observa en la portada que muestra en primer plano a la pareja que habla por teléfono en escenarios típicos, del centro verticalizado y dinámico, al campo pintoresco y bucólico. El objetivo era sorprender e informar a través del teléfono, tal como lo expresan los personajes ahora ancianos, que usan con facilidad el aparato moderno, ella en el campo, con un modelo más viejo, y él en la metrópolis, con el último modelo, de sobremesa. En el diseño, firmado por Paulo Vieira y cortado por el título Sino Azul, so observa la influencia de Norman Rockwell, que retrata la sociedad de los EE. UU. en la década de 1920. p. 22

DESARROLLO TECNOLÓGICO Y CONTEXTO POLÍTICO Durante el período en el que la revista Sino Azul circuló, Brasil vivió transformaciones políticas y culturales que desestabilizaron antiguos paradigmas y renovaron la creencia en el poder infinito de la tecnología, sentimiento típico de la época de la creación del teléfono. Se remonta a finales del siglo XIX, específicamente al año 1876, el primer contacto de un brasileño con el teléfono, recién divulgado por Alejandro Grahan Bell. Fue en la Exposición de Filadelfia, en los Estados Unidos, que el entonces Emperador de Brasil, D. Pedro II, habló y escuchó sonidos al acercar el aparato telefónico al oído. No por casualidad, el primer ejemplar de Sino Azul ofrecía en la portada la imagen del monarca asociada a los postes de cables telefónicos. Sintiéndose parte de esa historia, la Companhia Telefônica Brasileira (CTB) se comprometió, por medio de su revista interna, a divulgar a sus empleados aspectos históricos y técnicos sobre la telefonía, en Brasil y en el mundo. Al hojear sus páginas, se nota la preocupación de la empresa de, siempre que posible, contar la historia de la telefonía brasileña desde sus principios, como lo hizo entre febrero y mayo de 1929, en un artículo titulado "La introducción del Teléfono en Brasil – Notas cronológicas concatenadas", por J. Carvalho de Abreu. Aunque fue todavía a finales del Segundo Imperio que el teléfono llegó a Brasil, con la primera concesión otorgada en 1879 a Charles Paul Mackie, para la fundación de una compañía telefónica en Río de Janeiro –la Telephone Company

of Brazil–, fue sólo durante la Primera República (1889-1930) que los servicios telefónicos conquistaron una gran parte de las ciudades brasileñas y transformaron la vida de sus poblaciones. En oposición a lo que se consideraba el retraso imperial del Brasil agrícola y con el advenimiento de la República, en noviembre de 1889, el discurso modernizador cobró dimensión con la llegada al país de empresas de capital extranjero, interesadas en invertir en la concesión de servicios públicos urbanos. Fue el caso de The São Paulo, Tramway, Light and Power Co., de origen canadiense, dirigida a los servicios de generación y distribución de energía eléctrica. Primera empresa del Grupo Light a instalarse en Brasil, dio inicio a la era de las grandes inversiones en infraestructura urbana en la ciudad de São Paulo, que recibió la instalación de kilómetros de raíles de tranvías eléctricos, de cañerías para el gas y de una red de energía eléctrica y telefónica. En Río de Janeiro, el Grupo Light también hizo mejoras en el sector de telefonía y cruzó la ciudad con sus cables aéreos y subterráneos. La Light, como se conocía en la época, incorporó antiguas empresas concesionarias de servicios de telefonía en São Paulo y en Río de Janeiro, entre las que se encontraba la Companhia Rede Telefônica Bragantina (creada en 1896) y la Brasilianische Electricitats Gesellschaft (creada en 1899), respectivamente. En esa época, el número de teléfonos instalados en São Paulo y en Río de Janeiro era pequeño: en la capital paulista había 1.040 aparatos en 1901 y en la capital federal ese número llegaba a 1.500 en 1906. La Brazilian Traction Light & Power Co., organizada en 1912 en Canadá para controlar las empresas del Grupo en Brasil, adquirió acciones de varias empresas brasileñas y, en 1916, creó la Rio de Janeiro and São Paulo Telephone Company, con capital inicial de 12.500.000 dólares. En 1923, el Grupo Light cambió el nombre de la empresa para Brazilian Telephone Company, que pasó a llamarse Companhia Telefônica Brasileira algunos meses después.

Nacía la CTB, con actuación en los estados de São Paulo, Río de Janeiro, Minas Gerais y Distrito Federal, en la época en la ciudad de Río de Janeiro. A lo largo de 1929, la historia de la llegada del teléfono a Brasil y la trayectoria de la creación de la Compañía se contaron en las páginas de Sino Azul. La revista informaba a sus lectores mensualmente sobre los avances en los servicios telefónicos. Fue con orgullo que la CTB informó, por ejemplo, la instalación del aparato que completaría los cien mil teléfonos en funcionamiento, en el despacho del vice presidente de la Compañía, el 25 de marzo de 1929. Ese mismo año, indicaba a los lectores el número de teléfonos en funcionamiento en su red. Teléfonos de la CTB en funcionamiento en 1929 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 0 D ISTRITO FEDERAL

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Aún en la década de 1920, comenzó la modernización de los servicios telefónicos en las áreas servidas por la CTB, como la remodelación de la red telefónica carioca, la inauguración del servicio interurbano entre algunas ciudades –Río-São Paulo, Río-Niterói y Río-Petrópolis, por ejemplo– y la inauguración de estaciones automáticas en ciudades de los estados de São Paulo y de Río de Janeiro, para sustituir las antiguas estaciones manuales. Todo era motivo para celebraciones y eventos públicos que tenían la intención de divulgar las realizaciones de la empresa, así como acercarla al poder federal y a los poderes estaduales y municipales. Un ejemplo fue la ceremonia de entrega de la Estación Automática "3" de Río de Janeiro, cuando los tres

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niveles de poder se hicieron representar y participaron en la inauguración. Se mencionó al entonces presidente Washington Luís –que envió a un representante– en un discurso proferido por el vice presidente de la CTB, el Sr. C. A. Sylvester, quien se excusó: Por motivos notorios, y completamente independientes de nuestra voluntad, no fue posible, durante los últimos años, dotar esta Capital del servicio que se merecía y que la Compañía sinceramente deseaba proporcionarle. Demostrar una preocupación constante por la mejora de los servicios telefónicos era una manera de acercarse tanto a la población, que consumía dichos servicios, como a los gobernantes, que legislaban sobre la concesión de los servicios públicos y sobre la actuación de las empresas extranjeras en el territorio brasileño. EL NUEVO ESCENARIO POLÍTICO NACIONAL

Los años 1930 transcurrieron bajo la herencia de grandes turbulencias económicas, ocasionadas por la crisis de 1929, y políticas, derivadas de la Revolución del 30 y de la Revolución Constitucionalista de 1932. Tales acontecimientos prácticamente no se mencionaron en las páginas de Sino Azul. Al parecer los editores estaban más preocupados por noticiar las conquistas técnicas de la CTB que por los cambios ocurridos en el poder federal. Si antes de 1930 los invitados a las ceremonias eran los políticos de la oligarquía agraria brasileña, especialmente los del eje São Paulo-Minas Gerais, ahora, con la toma del poder de la República en octubre de 1930 por otros sectores de la sociedad, eran los representantes del futuro Estado Nuevo que frecuentaban los eventos proporcionados por la CTB.

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En 1932, Getúlio Vargas compareció en la ceremonia realizada en el Palacio de Itamaraty con ocasión de la inauguración de los grupos de circuito radiotelefónicos Río-Buenos Aires, Río-Nueva York y Río-Madrid. A los suscriptores de la CTB tal realización les permitió comunicarse con América y Europa e inauguró los servicios de llamadas internacionales. También hubo solemnidad en la entrega del teléfono de número 200 mil, un aparato dorado regalado al Presidente de la República el 25 de julio de 1939 y que Vargas utilizó para, desde el Palacio de Catete, hablar directamente con el embajador brasileño en Washington. Conquistas técnicas e innovaciones tecnológicas caminaban junto con el gobierno y mantenían los oídos atentos a las nuevas tendencias de la política nacional. El perfil editorial de la revista se acercó mucho a la política nacionalista del período de Vargas. Tanto las portadas como el contenido de los artículos se inclinaron a valorar temas patrióticos, de tono ufano, de acuerdo con los patrones de las directrices trazadas oficialmente para la cultura del país. Entre 1937 y 1945, en el período llamado Estado Nuevo, Getúlio Vargas gobernó de manera autoritaria y controló todos los sectores de la vida política: desmovilizó movimientos sociales, dictó reglas y leyes, invirtió en la propaganda oficial y casi se dejó seducir por el discurso totalitario de moda en la Europa nazi-fascista. Son de ese período las portadas con temas de la historia de Brasil y con celebraciones cívicas. Grandes personajes de la historia merecieron repetidas portadas, muchas en los colores de la bandera nacional. En el número publicado en septiembre de 1941, el editorial “La Patria Adorada” alababa las hazañas militares de Duque de Caxias con un texto pomposo y lleno de adjetivos: No podrían dejar de merecer registro especial en las páginas de Sino Azul las brillantes solemnidades cívicas que se iniciaron, en el Distrito Federal, con la “Semana de Caxias” y terminaron de manera muy imponente con la “Semana de la Patria”. Las celebraciones de la “Semana de Caxias”

encontraron su expresión máxima el 25 de agosto último, “Día del Soldado”, cuando nuestras Fuerzas Armadas rindieron excepcionales homenajes a la memoria de un gran militar y no menor ciudadano, el Mariscal Luis Alves de Lima e Silva, una personalidad de elite cuyo alto valor no se hizo patente sólo en los campos de batalla, en defensa de la integridad nacional. Además de los elogios a los próceres de la Historia, se publicaban aun editoriales dedicados a la colaboración de los empleados en las conquistas de la CTB. El tono de reconocimiento de la participación de los técnicos en la historia de la empresa era el mismo usado para contar episodios de la historia nacional. Todo y todos colaboraban en el progreso del país y en el crecimiento de la Compañía. En Abril de 1942, el editorial “Una visión de la Historia” elogiaba a los empleados del sector de telefonía. Afirmaba: Así, en el desarrollo y en la expansión de la cultura humana, como en la circulación de las riquezas, factores básicos en la génesis del progreso y de la civilización, influye, poderosamente, es hecho consabido, la facilidad de los medios de transporte y comunicación. (...) En esas condiciones, pensando, como es natural, en los que trabajan en telefonía y, particularmente, en los que trabajan en la CTB, queremos subrayar que, para nosotros, no representan a individuos que sirven solamente a los intereses de determinadas colectividades, sino que son las propias razones superiores del progreso y, en consecuencia, la propia civilización. Inspirada en el lema republicano de la bandera, progreso con civismo era también la meta de la CTB para el comportamiento en el ámbito empresarial. Todavía en 1942, Sino Azul divulgaba nuevos números sobre sus servicios: entre 1932 y 1941, se realizaron por medio de la CTB 61.463.003 llamadas interurbanas. Estos datos podían impresionar a la población, pero, si se consideraran los datos comparativos de otras ciudades del mundo, estaría claro que el número de llamadas y de teléfonos instalados en Brasil aún era bajo para la época. Por ejemplo: mientras, en

1939, en todo Brasil había aproximadamente 300 mil aparatos funcionando, sólo en Nueva York ese número llegaba a más de 1,6 millón y, en París, a más de 400 mil. Sin embargo, el crecimiento de la CTB era loable. Con la II Guerra Mundial desorganizando a Europa desde 1939, la telefonía se vio particularmente afectada en los años 1940. LAS DIFICULTADES DE LA GUERRA

En 1942, Getúlio Vargas decidió entrar en la guerra al lado de las Potencias Aliadas, que luchaban por la restauración de la democracia y por el fin de la expansión nazifascista. La decisión del presidente recibió un amplio apoyo en las páginas de Sino Azul cuando, en agosto de ese mismo año, el editorial “Por Brasil” convocaba a los lectores a colaborar con la nación. En octubre, el editorial “Acerca de la situación actual” hacía un primer balance de la situación del país: Son considerables las repercusiones del estado de guerra sobre toda la vida nacional. Circunstancias excepcionales de suma gravedad alteran profundamente la vida del país, cuyos recursos por lo general se deben movilizar en favor de la defensa de la Patria amenazada. El apoyo a Vargas parecía ilimitado y se realizaron varios eventos para inaugurar retratos del presidente en distintas secciones de la Compañía. El culto al “líder” no combinaba con la lucha democrática. Vargas se mantenía en el poder desde 1937, cargo que aseguró por medio de un golpe de Estado. Pero, al parecer, la amenaza a la soberanía nacional despertó el sentimiento patriótico y dejó a un lado las posibles críticas al autoritarismo del gobierno. Otra demostración de cooperación con el ideario de Vargas era la participación de empleados de la CTB en las manifestaciones públicas del 1o de Mayo, el Día del Trabajo. Esa fecha formaba parte del calendario oficial del gobierno, que aprovechaba la ocasión para reunir a millares de trabajadores en estadios o plazas para promover desfiles en homenaje a las medidas sociales adoptadas y crear una imagen

simpática del gobernante. Las telefonistas participaron en esas celebraciones con banderas que mostraban la campana azul– símbolo de la CTB. Otra demostración de apoyo al gobierno se manifestó en las tradicionales “Páginas Femeninas”. Durante la década de 1940, esa sección pasó a publicar, además de los consejos de belleza y moda, pequeñas biografías de “Brasileñas célebres”. En septiembre de 1942 la homenajeada fue la Primera Dama, Da. Darcy Vargas. A finales de 1942, entre los convocados a la guerra se encontraban algunos empleados de la CTB. Sino Azul trató el asunto con mucha seriedad y conmoción, además de reverenciarlos por medio de la sección “Sirviendo a la Patria”, iniciada en diciembre de 1942, con página doble dedicada a la publicación de las fotografías de los hombres a los que se había llamado. A las empleadas, Sino Azul les dedicó una sección para el curso de socorristas, de capacitación para los primeros auxilios en el caso de guerra. Todos los esfuerzos estaban concentrados en la turbulenta situación mundial. Desde 1943 hasta el fin del conflicto, la revista cubrió mensualmente asuntos relacionados al sector telefónico y a la situación de sus empleados. Portadas dedicadas a la guerra inspiraban esperanza en la resolución de los enfrentamientos e invocaban los sentimientos patrióticos de los lectores. Una vez más, se rescataron asuntos históricos con el objetivo de crear una historia de victorias del país y de identidad nacional. Se inicio esta serie de artículos en Abril de 1943, con el reportaje titulado “En el tiempo de las Carabelas (Fragmento de la Historia no 1)”, de Fausto Cardona, ingeniero general del Distrito Federal. La portada de ese número mostraba carabelas portuguesas guiadas por Pedro Álvares Cabral. En el número siguiente, el “Fragmento de la Historia no 2” estaba dedicado al Palenque de Palmares y a la trayectoria de Zumbi, en alusión al mes de mayo, mes de la abolición de la esclavitud. ¡Eran tiempos de aclamar las libertades!

Un editorial de ese mismo año recordaba con entusiasmo la participación de las telefonistas en la Guerra. El texto caracterizaba su actuación como “Voces de la Victoria”, porque las voces de todas las telefonistas de los países que luchan contra las Potencias del Eje traducen la victoria de sus esfuerzos, la victoria de las fuerzas del bien, la victoria de los Aliados. Si en las portadas las ilustraciones reclamaban la victoria de las Potencias Aliadas, en las contraportadas la CTB solicitaba el uso adecuado de los teléfonos, pues, debido a la falta de materia prima y de equipamientos para la manutención de la red, la prestación de servicios telefónicos se había visto afectada por la guerra. A partir de 1944, se sustituyeron antiguas publicidades de empresas del sector de telefonía por advertencias de la CTB sobre la saturación de sus servicios. Se trataba de frases como: “¡Estoy sobrecargado!”, “Sé breve”, “La guerra se ha acabado, pero sus efectos perduran...” El sector pasaba por dificultades para atender a la creciente demanda por nuevas líneas telefónicas. El final del conflicto se celebró a lo largo del mundo y, con la deposición de Vargas del comando de la nación y la convocación de elecciones presidenciales, determinados sectores de la sociedad brasileña también festejaron la vuelta de la democracia al país. Era el fin del Estado Nuevo.

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Con ocasión del fin del año, el Presidente de la CTB, Henry Borden, escribió en Sino Azul una carta a los empleados de la empresa en la que les deseaba unas felices fi estas y su mensaje indicaba la expectativa de la Compañía de, con la ayuda de todos sus técnicos y colaboradores, crecer y superar los problemas de los años anteriores. Borden terminaba su declaración así: Afirmamos, pues, el aprecio de la Administración por esa conjunción de esfuerzos y de buena voluntad, seguros de que se repetirá en el próximo año ese ritmo de trabajo constructivo y progresista, tan necesario a la ejecución de un servicio perfecto, a la prosperidad de todos los que aquí trabajan y al buen concepto en el que se tiene a esta Empresa. NUEVAS TECNOLOGÍAS EN LA TELEFONÍA

Los años 1950 estuvieron marcados por intentos de democracia y de desarrollo económico. La CTB, en un editorial de julio/ agosto de 1951, comparaba la expansión de sus servicios de telefonía con las banderas1, pues ambos se adentraron por el interior del país y conectaron ciudades. El simbolismo, muy fuerte en la época, valoraba la acción de esos expedicionarios y asociaba las conquistas de la Compañía a la ocupación de nuevos territorios en el pasado. En “La marcha expedicionaria del teléfono”, Sino Azul afirmaba: Son las “banderas” de las comunicaciones telegráficas y telefónicas, que eliminaron distancias, acercaron a naciones, entrelazaron a pueblos. Y terminaba el editorial reiterando el papel de la CTB: Fue 1 Como “banderas” –“bandeiras”, en portugués– se conocen las expediciones que exploraban las tierras vírgenes de Brasil (N. del T.).

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nuestra Compañía que acentuó en nuestra tierra el destino expedicionario del teléfono, que se va infiltrando por los territorios más importantes y atrae, hacia los centros más civilizados, a los núcleos de población distribuidos en regiones que se mantenían casi aisladas, lo que los pone en contacto a través de la red interurbana, que ahora se va extendiendo también rumbo al norte, a través del Estado de Espírito Santo. ¡Expedicionario de la comunicación, el teléfono va llevando por los cables la fraternidad, la riqueza y el sentimiento de identidad brasileña que surge en los corazones de nuestros patricios, orgullosos de lo inmenso que es nuestro país, pero que el teléfono hace tan accesible! Sin embargo, a pesar de la expansión de sus servicios, la CTB continuaba enfrentándose a problemas para atender a la demanda por nuevas líneas. La empresa insistía en comunicar sus esfuerzos y avances, pero la situación empezaba a hacerse más grave. Datos estadísticos servían para demostrar el empeño de la Compañía y el crecimiento de la oferta de teléfonos a la población. Por ejemplo: en 10 años la CTB alcanzó un crecimiento de un 87% en el número de aparatos instalados en el Distrito Federal, localidad donde se encontraba su sistema telefónico más importante. Si en 1940 había 113.248 teléfonos, en 1950 ya eran 212.307 instalaciones. Sumaban 4 millones las llamadas locales diarias en la capital del país. En agosto de 1951 se fundó la Companhia Telefônica do Espírito Santo (CTES) y en junio de 1953 la Companhia Telefônica de Minas Gerais (CTMG), de las que la CTB era la accionista mayoritaria. Las redes telefónicas en esos dos estados crecieron y pasaron a conectar los sistemas interurbanos.

A mediados de los años 1950, São Paulo cumplía 25 años de servicios telefónicos automáticos, con más de 160 mil teléfonos instalados. Sin embargo, la espera por una nueva línea ya correspondía a más de 80 mil pedidos. Durante la Exposición de las Celebraciones del IV Centenario de São Paulo, realizada en el Parque de Ibirapuera, la CTB montó un stand sobre el fabuloso mundo de las telecomunicaciones y mostró a los visitantes los beneficios de la adopción de los 600 kilómetros de cables subterráneos en la “ciudad que más crece”. Sin ellos, el paisaje urbano sería una verdadera maraña, dada la cantidad de cables existentes para conectar todas las líneas instaladas en la capital paulista. Fue un intento de calmar a los que aguardaban insatisfechos por su teléfono. En 1955, se adoptó una nueva tecnología: el uso del cable coaxial. Inaugurado por primera vez en Brasil, conectaba la ciudad de Río de Janeiro a Petrópolis y garantía una mejor calidad en los servicios. La edición de Sino Azul de marzo/Abril de ese mismo año explicaba a los lectores lo que era un cable coaxial, a fin de que todos entendieran la dimensión de esa conquista. ¿Qué es un cable coaxial? – preguntaba el artículo de carácter técnico. Y explicaba: Este es un cable compuesto por 4 tubos con un conductor central de cobre macizo que se mantiene rigurosamente en el eje del tubo por medio de discos aislantes de polietileno, espaciados, regularmente, en intervalos de 33 milímetros. Hay aun en el mismo envoltorio 18 pares de cables destinados a servicios auxiliares. El diámetro externo del cable, que está cubierto de plomo, es de solamente 32 milímetros. La transmisión de la voz se procesa por medio de alta frecuencia a través del tubo y del cable central, que conduce una corriente de 1.000 voltios para el suministro de las estaciones amplificadoras intermedias. La revista también prometía ampliar todavía más el sistema de comunicaciones telefónicas entre las ciudades servidas por la CTB.

Aún en 1955, ya se encontraba en fase experimental el sistema de microondas, que opera en ondas de frecuencias cortas y que la CTB utilizaría ampliamente en la década siguiente, en las comunicaciones de larga distancia. Todavía bajo los efectos de la posguerra, los materiales necesarios para las instalaciones de las redes de telefonía en Brasil sufrían subidas de precios considerables, lo que perjudicaba la acción de la CTB. En Sino Azul, se noticiaron los aumentos en el coste del equipamiento telefónico que habían ocurrido durante 12 años: Aumento en el coste del equipamiento telefónico (en porcentaje) 100 80 60 40 20 0

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A todo eso se sumaban los aumentos salariales concedidos para que los sueldos siguieran la subida del coste de vida. El valor de operación había aumentado y la CTB solicitaba al gobierno urgencia en la revisión de las tarifas y un reajuste que favoreciera su inversión en la telefonía. LA NACIONALIZACIÓN DE LA CTB

Grupos nacionalistas presionaban al gobierno para que reconsiderara los contratos de concesión de empresas extranjeras que actuaban en la prestación de servicios públicos. El Grupo Light, del que la CTB formaba parte como empresa asociada, actuaba en el sector eléctrico y telefónico y se le hicieron duras críticas. Tras años de lucha, los nacionalistas consiguieron una victoria contra las empresas extranjeras y un decreto firmado por el presidente Juscelino Kubitschek las

nacionalizó. Sus sedes pasaron a estar en Brasil y se adaptaron sus nombres al portugués. La CTB se transformó, entonces, en una empresa nacional, hecho que no la impidió seguir reivindicando la subida de las tarifas, dada la dificultad de cubrir los costes operativos. Sino Azul dio la noticia de la nacionalización de la empresa en su número 1 de 1957. Aunque con dificultades, la Compañía mantenía la expansión de su red e implementaba nuevas tecnologías en el servicio telefónico. En 1958, la primera página de la revista número 3 celebraba la inauguración del servicio de llamada directa a larga distancia, conocido como DDD. Con él se logró, por primera vez en Sudamérica, completar una llamada DDD, entre Santos y São Paulo, ciudades que la CTB había conectado por medio de la instalación del cable coaxial entre ellas. Dicho cable venció los obstáculos geográficos de la región por la que pasó: Recorriendo la zona del oleoducto que va de São Paulo a Santos, por la Sierra del Mar, el cable tuvo, también, una parte sumergida en una represa. Con su conclusión, los subscritores de Santos pueden, ahora, marcando primero el código “7”, llamar directamente al número deseado en São Paulo, sin el auxilio de la telefonista. Uno de los más modernos instrumentales telefónicos para llamadas a larga distancia, el cable coaxial representa un progreso inestimable en el sistema de comunicaciones telefónicas en Brasil. En el sistema de microondas, la localización de las estaciones es fundamental a la buena transmisión de las señales. Muchas veces se instalaron los equipamientos en áreas de difícil acceso, como cerros, cuestas y selvas. La radiotelefonía extendió los servicios de la CTB en los años siguientes y elevó a más de 70 millones el número de llamadas interurbanas completadas hasta 1960. Era la más moderna tecnología electrónica aplicada a las telecomunicaciones que existía en la época. A pesar de los intentos de mantener la calidad de sus servicios, la capacidad de atender a la demanda de los consumidores estaba muy por debajo de lo ideal. Según el Comité Consultivo Internacional Telefónico, órgano de

la ONU, el número mínimo necesario de aparatos era 15 por cada 100 habitantes. Mientras Nueva York tenía una relación de 58,3 teléfonos para cada 100 habitantes, Río de Janeiro, en 1960, tenía solamente 10,8 aparatos. Las dificultades habían comenzado en el período de la guerra y se fueron agravando a lo largo de las décadas siguientes, por varios motivos, como la falta de suministro de materiales y equipamientos de industrias extranjeras. LA CRISIS EN LOS SERVICIOS TELEFÓNICOS

La CTB llega a la década de 1960 en una profunda crisis. Sumando la demanda de Río de Janeiro y la de São Paulo, se llegaba a más de 400 mil interesados que esperaban para adquirir los servicios telefónicos, un reflejo de un largo período de desfase. Para intentar superar ese déficit, el gobierno federal decretó una intervención en la Compañía. Por más de una década la CTB presentó un balance negativo. En 1962, el Congreso Nacional aprobó el Código Brasileño de Telecomunicaciones, responsable de diseñar una política nacional para el sector, lo que incluía el régimen tarifario y la planificación de la integración de las telecomunicaciones en un Sistema Nacional de Telecomunicaciones (SNT). En esa época, la CTB inició un plan de autofinanciación para la expansión, proceso en el que los interesados en la utilización de los servicios participaban en la empresa y financiaban los costes de las nuevas instalaciones. Pero el plan de expansión se realizó en etapas y no superó a corto plazo las deficiencias. La situación política del país se alteró en 1964, cuando un golpe militar depuso al entonces presidente João Goular y dio inicio a un período de autoritarismo y de control de la vida económica, política, social y cultural. La consecuencia del golpe para el sector de las telecomunicaciones fue la planificación estratégica diseñada por los generales y sus asesores para la creación de un sistema de telecomunicaciones eficaz. En septiembre de 1965 constituyeron Embratel, empresa

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pública del sector que era responsable de las inversiones y mejoras en el servicio telefónico, una iniciativa financiada por el Fondo Nacional de Telecomunicaciones. En marzo de 1966, Embratel adquirió el control accionario de la CTB. En 1967 se creó el Ministerio de las Comunicaciones. Al mismo tiempo, Brasil participaba del consorcio mundial Intelsat y pasaba a dominar las telecomunicaciones por satélite. En enero de 1969 inauguró la primera estación terrestre de comunicación por satélite, la estación Tanguá, en Itaboraí (Río de Janeiro). Poco tiempo después, los brasileños empezaron a ver programas de televisión por satélite. Antes impensable, la llegada del hombre a la Luna, ese mismo año, se la transmite Embratel a millones de brasileños. Sin embargo, el hecho más celebrado por las emisoras de TV fue la transmisión en directo de la Copa del 70, cuando Brasil fue tricampeón mundial de fútbol. FORMANDO MANO DE OBRA ESPECIALIZADA

Sino Azul, a comienzos de la década de 1970, hacía un balance del sector telefónico después de la toma del control de la empresa: La nueva era administrativa implementada por el Gobierno tras 1964, de tan fecundos resultados para la Nación, modificó profundamente el destino y la estructura de la CTB al imponerle una directriz técnica dinámica y una nueva dimensión económica y financiera. La creación del Ministerio de las Comunicaciones y la adquisición de la CTB por Embratel marcaron el proceso de reformulación de la telefonía en Brasil, que buscaba no sólo la ampliación de las redes existentes, sino también la introducción de nuevas técnicas y de nuevos equipamientos. La nacionalización del capital de la CTB y su apertura al público, a través de la autofinanciación, pretendían redimir la empresa de las consecuencias de un período de desfase de aproximadamente 20 años. El editorial de enero de 1971 informaba aun que la revista Sino Azul había cambiado su perfil editorial y su diseño gráfico, así como su nombre, que ahora traía

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también el subtítulo Telecomunicaciones en revista. Avisaba a los lectores que Sino Azul está inaugurando, hoy, su nuevo diseño. A partir de ahora, Sino Azul dejará de ser el órgano de divulgación puramente social de las empresas del Grupo CTB, para transformarse en el medio de propagación de noticias y comentarios capaces de contribuir al desarrollo de los conocimientos de nuestros lectores, en el sector específico de las telecomunicaciones. La revista era un medio de formación e información de los empleados de la CTB, CTMG, CTES, con predominio de reportajes técnicos y normativos para la actualización de los conocimientos de los técnicos de las empresas del grupo. En julio de 1972 se creó Telebrás, empresa de economía mixta vinculada al Ministerio de las Comunicaciones, con la atribución de planificar, implementar y operar el SNT. Una de sus prioridades fue la incorporación de los centenares de pequeñas concesionarias de telefonía distribuidas por el país. Sólo en el estado de São Paulo actuaban 256 empresas municipales y regionales. La mayor era la CTB, que actuaba en cinco estados –São Paulo, Río de Janeiro, Guanabara, Minas Gerais y Espírito Santo– y que, en los años siguientes, originó las empresas estatales Telesp, Telerj, Telemig y Telest. LA ESTATALIZACIÓN DE LA CTB

Con la creación de la estatal Telesp, en 1973, y la salida de la CTB del estado de São Paulo, en vez de Sino Azul, los paulistas pasaron a contar con Entrelinhas, medio de comunicación interna específico para los empleados de la estatal. El número 1 de la revista, cuyo nombre se eligió por medio de un concurso, traía una declaración del entonces ministro de las Comunicaciones, Hygino Caetano Corsetti: Nace hoy un medio más de aproximación entre los hombres, con la misión de divulgar cultura y entretenimiento y de establecer la amena y necesaria convivencia entre los empleados y usuarios de los servicios de la Telesp. Sino Azul siguió circulando en los demás estados donde actuaba la CTB, incluso en Río de Janeiro, donde la compañía

telefónica pasa a ser Telerj. Ya en esa condición, publicó, en el número de septiembre/octubre de 1973, un panorama de los servicios de telefonía después del inicio del gobierno militar. En esa época la dictadura estaba en su apogeo y las telecomunicaciones, además de controladas políticamente, eran estratégicas para el desarrollo económico que se buscaba para Brasil. Según el editorial, la estrategia del desarrollo nacional exige tanto la expansión de los factores básicos de producción –reserva de capital, mano de obra, innovación científica y tecnológica– como el uso de los instrumentos de acción económica y administrativa del Gobierno, en las áreas bajo su responsabilidad. Desde 1964 el Poder Ejecutivo asumió ese compromiso, que tomó mayor impulso a partir de 1967, cuando, como resultado de los estudios e investigaciones promovidos en los 3 años anteriores, la Reforma Administrativa y la modernización de la empresa nacional se colocan en la línea de las actividades permanentes del gobierno. Después de 25 años de actuación, Telebrás, que había impulsado el sistema de telecomunicaciones en Brasil, estaba descapitalizada y, una vez más, no tenía condiciones de atender a la demanda de los servicios telefónicos. Las empresas públicas no conseguían operar satisfactoriamente en el mercado. Así, en el umbral del siglo XXI, se acabó el monopolio estatal en el sector de telecomunicaciones y se privatizaron las compañías telefónicas, lo que las abrió a las inversiones extranjeras y les permitió alcanzar un nivel de modernización compatible con las necesidades y disponibilidades tecnológicas de los tiempos actuales. Empezaba una nueva era en la historia del teléfono en Brasil.

Mayo 1932, nº 53, año La portada es de estilo art nouveau, con un tipo sinuoso en el título Sino Azul y un fondo de palmeras ornamentales que decoran el papel tapiz de la sala en que transcurre la escena. El teléfono modelo candelabro, usado en las primeras décadas del siglo XX, espera ser usado por el abonado, que consulta la guía de teléfonos. El libro, lleno de datos, indica la creciente presencia del teléfono en la vida de las personas. La fecha de la revista está incorporada a la escena, en el calendario que se encuentra sobre la mesa. El lector se entera también de que anunciar su empresa en la guía de teléfonos puede ser una buena idea, como ya lo hicieron varios comerciantes, que figuran en la parte inferior de las páginas de la revista. p. 25 Agosto 1942, nº 176, año XV La portada rinde homenaje a Luiz Alves de Lima e Silva, el Duque de Caxias, patrón del ejército brasileño. Siguiendo la línea de exaltación de la historia nacional, se eligió para la portada uno de los militares que más se destacaron en acciones de pacificación de conflictos internos y externos en Brasil. El 25 de agosto se celebra el Día del Soldado y, en tiempo de guerra, los soldados son recordados a través de su patrón. El busto del Duque de Caxias tiene al fondo imágenes de la Segunda Guerra Mundial, con tanques, aviones, paracaidistas y soldados en el frente de batalla, usando el teléfono para comunicarse con las fuerzas aliadas. p. 26

que tenían lugar en Europa en esa época, bajo el dominio de las ideologías nazi-fascistas. El presidente de la república, Getúlio Vargas, también gobernaba el Brasil en forma autoritaria. Era el período del Estado Novo. Uno de los principales ideales difundidos por el gobierno era el nacionalismo, patente en esta portada, de acuerdo con las pautas de la época. p. 26 Septiembre 1937, nº 117, año X La élite de São Paulo, heredera de la oligarquía agraria de las primeras décadas del siglo XX, se enorgullecía de su pasado de conquistas territoriales. Fue en la figura del bandeirante , personaje típicamente paulista, que la ciudad se inspiró para construir su imagen de emprendedora. La CTB usó en la portada de su revista, ilustrada por Silio Del Debbio, la imagen del bandeirante mítico, que se convirtió en un héroe por haber ampliado el territorio brasileño. Ese uso puede entenderse como una alusión al papel desempeñado por la empresa en la interconexión, por medio de la telefonía, de las ciudades del interior del estado. El pionero en este caso era el teléfono, con sus postes y su cableado. p. 27

Mayo 1940, nº 149, año XII En 1940, Sino Azul anunciaba en la portada la inauguración, en São Paulo, del estadio del Pacaembu. El espectáculo convocó multitudes y contó con la presencia de Getúlio Vargas, presidente de la república, Prestes Maia, alcalde de la ciudad, y otras autoridades. En la foto se observa el elegante estadio de fachada art decó y, al fondo, las primeras casas del barrio Pacaembu, un proyecto de la compañía City. En plena época del Estado Novo, eran frecuentes los grandes espectáculos para las multitudes, inspirados en la ideología nazi-fascista, vigente en Europa. Durante esos años, la revista Sino Azul cedió sus páginas a la difusión de las obras y logros del gobierno de Vargas. p. 26

Octubre/noviembre 1942, nº 178, año XV; Noviembre 1944, nº 200, año XVII Las portadas, una con estrellas y otra verde y amarilla, eran intencionales. El ilustrador Mendes, autor de decenas de portadas de Sino Azul, plasmó el sentimiento de respeto a la bandera nacional, sobre el escenario del mapa de Brasil y la bahía de Guanabara. En esa época, Río de Janeiro era la capital de Brasil y en su territorio se concentraban las tropas militares brasileñas. Los números 178 y 283 de la revista rindieron homenaje al Día de la Bandera, celebrado el 19 de noviembre. Después que un militar, el mariscal Deodoro da Fonseca, proclamó la república, Brasil cambió su bandera por una que representaba los nuevos tiempos por venir. La bandera actual, que tiene las estrellas de la Cruz del Sur según la posición del cielo en la mañana del 15 de noviembre de 1889, fecha de la proclamación de la Independencia, se confeccionó cuatro días después del derrocamiento de la monarquía. El día 19 fue, por tanto, elegido para su celebración. p. 28

Septiembre 1942, nº 177, año X En la Semana de la Patria, en que se celebraba la independencia del Brasil, durante varios años, la portada de Sino Azul se dedicó a cubrir los festejos. Pero ninguna fue tan jactanciosa como la de 1942. La fotografía del desfile militar está enmarcada encuadrada en un marco de rayas verdes y amarillas, salpicadas de estrellas, con los colores de la bandera nacional, destacada en el centro. El desfile recuerda las grandes manifestaciones

Noviembre/diciembre 1936, nº 107 año IX El último número de 1936 presenta una «línea del tiempo» de la evolución de los aparatos telefónicos. Al centro, el modelo automático de teléfono de sobremesa, de baquelita, un material derivado del petróleo, con el año de publicación en el disco. En torno al aparato más moderno, una secuencia cronológica de los modelos anteriores, cada uno con el año de su creación. En 1875, el primer teléfono creado por

Graham Bell, seguido por el modelo patentado por él en 1876. El modelo de 1877 es el teléfono ambivalente (receptor y transmisor en el mismo tubo) en forma de sello, diseñado por Bell y fabricado por Thomas Watson en los Estados Unidos. En 1878, el modelo de pared con timbre y sistema de magneto, un generador bipolar que produce señales de llamada de corriente alterna. Los siguientes son de 1886, 1895 y 1900, todos teléfonos de sobremesa del modelo conocido como «candelabro». p. 29 Septiembre 1935, nº 93, año VII La evolución de los teléfonos de sobremesa es el tema de esta portada. Los modelos representados son una evolución de los aparatos antiguos. En la parte inferior, el monofono con magneto (de manivela lateral). En el centro, un modelo de pared, y en la parte superior, un modelo de sobremesa automático, con el disco numérico para hacer las llamadas. La portada está elegantemente diseñada en estilo art-nouveau, muy de moda en las primeras décadas del siglo XX, con el título de la revista en tipos dibujados. Los márgenes están delimitados por líneas que se asemejan a trazos arquitectónicos y a cables de las redes telefónicas. p. 29 Enero 1941, nº 157, año XI Los albores del nuevo año son anunciados por un teléfono automático, modelo de sobremesa hecho de baquelita. Humanizado, con cuerpo y cara infantil, el aparato conocido como «tanque», en alusión a los años de guerra y por su apariencia pesada, se usa ampliamente en las décadas de 1930, 40 y 50. Al fondo, alado y con la guadaña de la muerte sobre sus hombros, camina hacia la desaparición el teléfono «candelabro», usado en las primeras décadas del siglo XX. La evolución técnica fue rápida e innovadora, y permitió la industrialización de los aparatos, con la reducción del coste y el crecimiento de las ventas en el mercado mundial, además de facilitar el uso y ofrecer una calidad superior a la de los primeros aparatos. Se oía y se hablaba cada vez mejor. p. 30 Mayo 1948, nº 232, año XX El color rosa realza aún más el papel de la mujer —en la figura de la telefonista— en el desarrollo de las comunicaciones del Brasil. El ilustrador construye una línea evolutiva de los aparatos usados por las telefonistas para atender a los usuarios de los servicios telefónicos. Comenzando en la parte superior, uno de los primeros aparatos que usaron, el modelo reversible, seguido por el modelo de gancho y el modelo fijado al cuerpo. La evolución del diseño de los aparatos refleja la necesidad de dejar libres las manos de las profesionales, a fin de que pudieran conectar las llamadas de forma más rápida. Los auriculares y micrófonos más pesados e incómodos fueron sustituidos por modelos pequeños, ligeros y más eficientes. p. 30

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Marzo/abril 1949, nº 239, año XXII La portada está colmada de información y trata de dar al lector una idea de la evolución de los servicios de telefonía. La viñeta lateral reproduce el trazado de la portada del nº 232, con la telefonista y los distintos aparatos telefónicos que usaba para atender las llamadas. En la parte central de la portada, dos épocas conversan por teléfono. Una mujer hermosa usa un moderno modelo de gancho y sonríe a los lectores. Del otro lado de la línea, una escena histórica: el Emperador del Brasil, D. Pedro II, habla por teléfono por primera vez el 25 de junio de 1876, durante su visita a la Exposición de Filadelfia (Estados Unidos). Al oír una voz, exclamó delante del teléfono de Graham Bell: «¡Dios mío, esto habla!». p. 30 Julio 1935, nº 91, año VIII; Septiembre 1936, nº 105 año IX; Mayo 1939, nº 137, año XI Las portadas de estos números están ilustradas con fotografías y siguen la misma línea de diseño gráfico. El color azul de las portadas dialoga con el nombre de la revista, Sino Azul. Las fotografías se complementan con los dibujos de teléfonos y de la campana, símbolo de los servicios de telefonía. Muestran con orgullo los nuevos equipos de telefonía, tales como la inauguración de las centrales automáticas del Distrito Federal y Belo Horizonte, un detalle del mecanismo automático de los buscadores de líneas, una vista interna de la mesa de conmutación en la que las telefonistas conectan las llamadas. Las llamadas de corta distancia se automatizaron a partir de la década de 1930, pero las llamadas a larga distancia todavía necesitaban la ayuda de las telefonistas. p. 31 Febrero 1932, nº 50, año El año 1932 fue importante para la telefonía brasileña por los adelantos tecnológicos. Se inauguraron los grupos de circuitos radiotelefónicos de Río de Janeiro-Buenos Aires, Río de Janeiro-Nueva York y Río de Janeiro-Madrid, lo que puso América y Europa al alcance de los abonados de la CTB. Esta mejora amplió el servicio internacional y marcó un hito en la historia del teléfono de Brasil. Como en esta portada, las telefonistas adquirieron un estatus de mayor respeto aún, porque se convirtieron en profesionales de alto nivel, políglotas y calificadas para ejercer funciones de alta precisión y complejidad. Carlos Reis Filho ilustra estos avances en esta portada, por medio de la telefonista conectando los cables a las distintas ciudades de Suramérica y Norteamérica. p. 32

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Noviembre/diciembre 1951, nº 256, año XXI El tema navideño es el recurso usado por la revista para regalarles a los lectores la información sobre la ampliación del servicio telefónico a lo largo de los últimos años. Papá Noel muestra los resultados del esfuerzo de la CTB para prestar servicios a cada vez más abonados de la capital federal. Para ello, la empresa cuenta con el apoyo de sus profesionales, ilustrados a la izquierda de la portada: telefonista, instalador de cables y técnico de mantenimiento. Al fondo, la línea del horizonte del centro comercial del Distrito Federal. Los datos comparativos muestran que, si bien el crecimiento de la población fue del 44 % entre 1939 y 1951, el crecimiento de la oferta de nuevos servicios telefónicos fue del 106 %. Papá Noel trae en su saco de regalos más teléfonos para todos. p. 33 Abril 1929, nº 16, año I Desde los primeros años de la publicación, Sino Azul se dedicó a honrar a sus técnicos y a relacionarlos con los planes de la CTB para ampliar sus servicios en Brasil. Esta portada destaca, según el editorial, el trabajo de los ingenieros en la reformulación de la red telefónica de la capital del país. La Companhia Brasileira de Telefone, que formaba parte del Grupo Light, de capital extranjero, recibió ese nombre en 1923 y cubría la mayor parte de los estados de São Paulo, Río de Janeiro y Minas Gerais, además del Distrito Federal. En el mapa que ilustra la portada de la revista, otras regiones y estados del Brasil aparecen en los planes de la empresa. Al fondo, postes y líneas telefónicas interfieren en el paisaje, cada vez más urbano. En el título, la campana azul central –símbolo de la CTB— refuerza el nombre de la revista. p. 33 Septiembre/octubre 1948, nº 235, año XX Una vez más, aparece en la portada de Sino Azul la alegoría de la telefonista como responsable de la conexión del Brasil con el resto del mundo. De sus manos salen los cables telefónicos que forman la red de comunicación mundial. Ella, sonriente y servicial, está dispuesta a cumplir su tarea. Al fondo, los rayos de sol iluminan industrias, postes telefónicos y bobinas de cables. Son los servicios de la CTB que garantizan el progreso. La portada tiene viñetas laterales que refuerzan el tema central: el teléfono al lado del globo terráqueo indica el alcance mundial de los servicios telefónicos. p. 34

Febrero 1937, nº 110, año X El diseño gráfico de la portada es audaz. Discos de teléfonos automáticos se superponen y crean un grafismo compuesto por números y campanas azules, símbolo de la CTB. Las letras del título muestran la modernidad de la revista, en consonancia con las transformaciones de la época. En la parte inferior, una fila de teléfonos modelo candelabro automático trazan un gráfico que muestra el crecimiento de la instalación de teléfonos automáticos de 1929 — con 4697 aparatos instalados— a 1937, cuando se alcanzó la marca de 100 000 teléfonos automáticos. El número está impreso en el centro, de forma destacada, poniendo en evidencia el orgullo de la empresa por sus logros. p. 34

Julio 1939, nº 139, año XI La CTB hacía hincapié en el papel protagónico de los profesionales de la empresa en sus servicios, en especial, la telefonista. En esta portada, aparece en el centro, sentada a la mesa de conmutación, haciendo las conexiones para las llamadas solicitadas. A su alrededor, varias ilustraciones hacen referencia a la agitada década de 1930, cuando la industrialización y la urbanización en Brasil consolidaban su curva ascendente. Aviones, rascacielos, transatlánticos, vías férreas y trenes de alta velocidad, coches de carrera e industrias comparten la página con los postes y las líneas telefónicas. Es la telefonista quien coordina todas las interconexiones de los tiempos modernos. p. 36

Abril 1932, nº 52, año V; Mayo 1937, nº 113, año X La década de 1930 fue significativa para la expansión de la telefonía en Brasil. La CTB desempeñó un papel clave en el desarrollo de los servicios en la zona de su concesión. Las ciudades de la región sudeste empezaron a formar la red telefónica de más importancia del Brasil. Las portadas de la revista, en diferentes años, representan la llegada del teléfono a varios centros urbanos. En 1932, fotografías del Distrito Federal, Belo Horizonte, São Paulo y Niteroi aparecen como en un disco de teléfono. El nombre CTB está escrito detrás de las imágenes, sin comprometer su lectura. En 1937, una gama de diseños representa las ciudades de Santos, Teresópolis, São Paulo, Río de Janeiro, Belo Horizonte, Petrópolis, Caxambu, Niteroi y, una vez más, Río de Janeiro. En evidencia, el teléfono de gancho. La fotografía está superpuesta al título, en consonancia con el diseño gráfico de la época. En las dos portadas, la campana azul está en el centro y representa tanto el nombre de la revista como los servicios prestados por la CTB. p. 35

Mayo 1943, nº 184, año XV Durante el Estado Novo, los desfiles de las celebraciones del Día del Trabajo eran fiestas públicas de exaltación patriótica, de conformidad con la política del gobierno Vargas de cooptación de la clase obrera y de control de las demandas laborales. Algunos años, las telefonistas participaron en esas celebraciones, tal como en 1942. Los años siguientes, como en 1943, la revista dedicó la portada del mes de mayo al personal técnico de la Compañía. p. 36

Septiembre/octubre 1972, nº 11, año XLI En la década de 1970, la moda estampada y psicodélica llega a los teléfonos, que ya no son negros y sobrios, sino de colores, tales como el rojo de esta portada. Sin embargo, en la historia política del Brasil, estos años no fueron de «flores», sino que estuvieron marcados por el endurecimiento de la dictadura militar, la censura y la restricción de las libertades individuales. Desde noviembre de 1971, Sino Azul lleva el subtítulo «Telecomunicações em revista». En ese período, el objetivo de la publicación es convertirse en una revista técnica, dedicada a la capacitación de sus profesionales y la difusión de la información sobre el desarrollo de las telecomunicaciones en el país, un área considerada estratégica por el Gobierno Federal. p. 35

1961, nº 5, año XXXI Entre los empleados que trabajaban en las calles de las ciudades donde la CTB prestaba sus servicios, se destacaba el técnico de mantenimiento, responsable de recorrer diariamente toda la red de cableado telefónico para verificar y solucionar problemas variados y asegurar su mantenimiento. El técnico de mantenimiento José Luiz dos Santos, del departamento de red del estado de Guanabara, fue fotografiado durante sus actividades en la playa de Bica, una calle de la Ilha do Governador. Al fondo, vemos la iglesia de Nuestra Señora de la Concepción, construida en el siglo XVIII y declarada de interés por la División de Patrimonio Histórico y Artístico de Guanabara, en febrero de 1966. La tradición cultural y la modernidad de los cables telefónicos conviven en las ciudades brasileñas. p. 36 Septiembre 1941, nº 165, año XI Durante los primeros años de la Segunda Guerra Mundial, Sino Azul no dedicó casi ningún espacio al asunto. Sin embargo, a partir de 1941, las portadas —diseñadas por el ilustrador Mendes— empezaron a abordar, muy a menudo, los diferentes aspectos del conflicto. Las fechas cívicas y los desfiles militares de la Semana de la Patria, en septiembre, eran una oportunidad para recordar a los lectores la función del teléfono en

el frente de batalla. En esta ilustración, en primer plano, un soldado trata de obtener información por teléfono, lo que demuestra la gran utilidad de este medio de comunicación en situaciones de vida o muerte. Al fondo, militares brasileños desfilan orgullosos y la bandera brasileña, una vez más, es exaltada en la portada de la revista. p. 37 Enero 1943, nº 180, año XV Las portadas de enero se dedicaban al comienzo del año y, por lo general, presentaban alegorías del nacimiento del Año Nuevo. De 1943 a 1945, la mayoría de las portadas trataron el conflicto que sacudía a prácticamente todo el mundo. La V de la victoria era el gran deseo de los lectores de Sino Azul. Aquí, el globo terráqueo recibe los votos de esperanza por la victoria aliada en la Segunda Guerra Mundial. El fin de la guerra en Europa tardaría otros dos años. El sol, al fondo, lleva la fecha de 1918, recordando al lector el año en que terminó el conflicto anterior, la Primera Guerra Mundial. p. 37 Agosto 1943, nº 187, año XV Los aviones, al fondo, indican que la guerra prosigue. Es necesario dedicar con empeño todos los esfuerzos para asegurar la victoria. El tiempo —representado por el reloj de arena— pasa y los millones de dólares necesarios para la reposición de equipos y armas se consiguen con la venta al público de los bonos de guerra. La sociedad también participa con sus profesionales especializados, como la telefonista —al centro—, responsable de mantener la comunicación en situaciones de extrema gravedad. p. 37 Junio 1937, nº 114, año XVI; Junio 1943, nº 185, año XV El teléfono se asocia a menudo a la modernidad, apareciendo junto a los iconos del progreso industrial, tales como aviones, coches, barcos e industrias. Si en años anteriores esta analogía expresaba el deseo de la CTB de crear una imagen de vanguardia para su público lector (como en junio 1937), en los tiempos de la Segunda Guerra Mundial la empresa trataba de mostrar a los empleados y sus familias la importancia de los servicios telefónicos en la difícil realidad de la década de 1940. Se sustituyeron los iconos de la modernidad por símbolos de la guerra, como bombarderos, tanques, portaaviones e industria de armamentos. Al centro, destacado por el trazo negro —de la baquelita—, el teléfono está también representado como un «arma de guerra» de los aliados contra los nazi-fascistas. En el interior de la revista, el artículo titulado «La guerra y el servicio telefónico» informa del papel fundamental de la telefonía en la lucha contra los enemigos. p. 38

Enero/febrero 1945, nº 202, año XVII El año 1945 comenzó con el gran deseo de victoria de los aliados y el final de la guerra. La portada del número 202, referido a los dos primeros meses del año, usó una alegoría común de Año Nuevo: la imagen de un niño. Solo que en este número, el niño era en realidad un querubín, o más bien, el ángel que barrería de Europa los escombros, las armas, el sufrimiento y los muertos de la Segunda Guerra Mundial. El nacimiento de un nuevo tiempo significaba el nacimiento de la esperanza de que, en ese año, el conflicto terminaría y el continente europeo retomaría la paz. Profética, la portada prenunciaba el mayor acontecimiento de ese año: el fin de la guerra. p. 38 Julio 1944, nº 197, año XVI El color rosa de la portada de este número contrasta con el tema de su imagen y con gran parte del contenido de la revista. La ilustración muestra, en primer plano, a un soldado junto a armas de guerra. Con la mirada fija, parece anticipar los problemas que encararía en el frente de batalla europeo. En julio de 1944 partió el primer contingente de la Fuerza Expedicionaria Brasileña (FEB) hacia Italia, para combatir, bajo el mando de los Estados Unidos, al lado de los soldados de otros países que apoyaban las fuerzas aliadas. Al fondo de la ilustración, una composición de imágenes de dioses de la guerra y alegorías de la victoria indican la adhesión de Brasil a la guerra contra la expansión nazi-fascista. En las páginas internas, el tema fue tratado en el artículo «El ejército brasileño en la guerra». Sino Azul acompañó mensualmente la participación de los soldados brasileños en la Segunda Guerra Mundial, en especial, la participación de los empleados de la CTB. p. 39 Septiembre/octubre 1944, nº 199, año XVI En situaciones de guerra, las emociones y los sentimientos patrióticos son estimulados y alientan a los ciudadanos a luchar —en el campo de batalla o en discusiones acaloradas— por la victoria. En las celebraciones cívicas, se exalta la historia del país y se honran a los próceres. Esto es lo que muestra la portada de Sino Azul de septiembre y octubre de 1944. Tradicionalmente, el número de septiembre solía tratar sobre la Independencia del Brasil, que se celebra el 7 de septiembre. En este número, el tema nacional no se relegó al olvido, fue el telón de fondo de la ilustración, y se usó como referencia el lienzo de Pedro Américo Independencia o muerte, pintado en 1888. El ilustrador Mendes destacó en primer plano un acontecimiento de importancia mundial: el desembarque de las tropas aliadas en Normandía (Francia), donde más de 150 .000 soldados ocuparon la costa francesa. El 6 de junio de 1944, conocido como el Día D, marcó el comienzo de la victoria de las fuerzas aliadas y la liberación de

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Europa del nazismo. En la portada, los vientos soplan a favor de los que anhelaban el regreso de la libertad a Europa, tal como había ocurrido en Brasil en 1822, con la Independencia. p. 39 Junio 1944, nº 196, año XVI Desde la década de 1940, las portadas de Sino Azul cuentan con un nuevo diseño gráfico. El título siempre en la parte superior; una imagen enmarcada —una ilustración o una fotografía— ocupa el mismo espacio de la página, seguida, más abajo, con la fecha, año de publicación y el número de la edición. Este patrón de portada empobreció las alternativas gráficas que se explotaban anteriormente en la revista. La apariencia más austera coincide con los años de la Segunda Guerra. Las dificultades impuestas por el conflicto se expresaron en portadas como esta. El color gris y el trazo negro del dibujo, además de ilustraciones de soldados en el frente, muestran el tono sombrío de esos años. Los cables telefónicos aparecen a veces en primer plano, a veces discretamente en el paisaje, recordando a los lectores que Sino Azul era la revista de los empleados de la CTB. p. 40 Agosto/septiembre 1945, nº 208, año XVIII En agosto de 1945, después de que los Estados Unidos bombardearan Hiroshima y Nagasaki con la bomba atómica, los japoneses firmaron la rendición que puso fin a la Segunda Guerra Mundial. La tragedia de un pueblo se vio compensada por la alegría de los demás. Japón, Italia y Alemania fueron derrotados por las fuerzas aliadas. Con el fin del conflicto, se inició el retorno de los sobrevivientes a la tierra natal. Si las portadas anteriores se caracterizaban por la impresión a dos colores, esta se destaca por el uso de la cuatricromía. Los colores expresan la alegría de la victoria: es la celebración de la vida de aquellos que lucharon y sobrevivieron. En esta portada, el soldado se reencuentra con su esposa y su hija. La hermosa familia —representada según el patrón de familia estadounidense— recibe a su héroe. Al fondo, las ruinas de la guerra son pasado y se acumulan en la parte izquierda de la ilustración; a la derecha, la pluma y el pergamino hacen referencia al tratado de paz firmado al final de la guerra. En la parte superior, una paloma de la paz vuela sobre la bandera brasileña. Terminaba uno de los episodios más dramáticos de la historia de la humanidad. p. 40 Junio 1936, nº 102 año IX La primera de muchas portadas de Sino Azul en honor a Graham Bell muestra una xilografía del ilustrador Paul Vieira. El título de la revista se confunde con las manchas de la chaqueta de Bell, lo realza la modernidad del diseño gráfico. Otras dos portadas se dedicaron al inventor del teléfono, ambas publicadas en marzo, como homenaje a la telefonía. p. 41

Junio 1946, nº 215, año XIX Algunas portadas de Sino Azul se dedicaron a honrar el histórico momento en que el Emperador del Brasil, D. Pedro II, conoció el teléfono en la Exposición de Filadelfia (EE. UU.). Esta portada celebra el 70.º aniversario del teléfono. Graham Bell obtiene la patente nº 174 465, de la invención del teléfono, otorgada el 7 de marzo de 1876. Los personajes tienen, al fondo, el futuro de la telefonía: un gran disco para las llamadas automáticas, de gran prestigio en la década de 1940. En el centro del disco, el mundo, que simboliza el alcance global de los servicios telefónicos. Para reforzar la historia del teléfono, una viñeta lateral reproduce cronológicamente algunos modelos antiguos, serie que termina con el moderno teléfono automático de gancho.p. 41 Marzo 1943, nº 182, año XV En marzo se celebraba el mes del teléfono (en la actualidad el día de teléfono sigue siendo recordada el 10 de marzo, fecha de la primera transmisión telefónica de Graham Bell). A lo largo de los años, varios números de marzo dedicaron sus portadas a la historia del teléfono. En esta, el pasado y el presente dialogan, como en previsión mística. Al fondo, Bell trabaja en la invención de nuevos aparatos telefónicos. Al frente, en una bola de cristal, la vidente lee con sus manos el futuro de la telefonía: el modelo de baquelita, tan usado en la década de 1940. Mendes ilustró humorísticamente la visión que Bell tuvo en el siglo XIX al jugarse por la comunicación telefónica. El mundo no sería el mismo después de la creación y difusión del teléfono. La vida cotidiana de la gente cambió en todo el mundo y se crearon nuevos patrones de tiempo y distancia. p. 41 Octubre 1931, nº 46, año I La guía de teléfonos se creó en la década de 1930 para facilitar las llamadas automáticas. En ella, el abonado encontraba el número deseado, sin ayuda de la telefonista. Esta portada de Sino Azul usa el lenguaje de los tebeos para narrar la preparación de una guía, desde el diseño al abonado que consulta sus páginas. La secuencia de imágenes muestra el equipo dedicado a recopilar los datos de los abonados, la composición de las linotipias y las páginas con información, la revisión de los datos, la impresión y, por último, la distribución de las guías de teléfonos, por un profesional identificado por el maletín con la campana azul de (la) CTB. En primer plano, un abonado consulta la guía de teléfonos del Distrito Federal. En la contraportada de la guía, la propaganda del anunciante indica la oportunidad de aumentar sus negocios al figurar en la guía. p. 42

Abril 1941, nº 160, año XIV; Agosto 1948, nº 234, año XXI; Julio/agosto 1951, nº 254, año XXI Algunas portadas de la revista ponen en evidencia la estrecha relación entre la CTB y el gobierno, en sus diferentes ámbitos. En diez años, tres portadas registraron la presencia de políticos en visitas y actos de inauguración de servicios telefónicos. En 1941, le tocó al alcalde del Distrito Federal inaugurar el servicio de radiotelefonía entre Brasil y Bolivia. La fotografía es del momento en que se establece la comunicación entre los dos países. En 1948, otro alcalde del Distrito Federal conecta la llave de la central 46 e inaugura una nueva central automática. En 1951, la central 36 fue inaugurada por el Capitán Genesio Nitrini, en representación del alcalde de São Paulo, Sr. Armando de Arruda Pereira. Las portadas no tienen ningún atractivo, desde el punto de vista gráfico, pero revelan la armonía entre los planes de la CTB y las intenciones políticas de las autoridades al asociar los logros de la empresa a acciones realizadas en su gestión. p. 43 Mayo 1933, nº 65, año VIA pesar de ser una revista institucional, es decir, un órgano destinado a la comunicación con los empleados de la CTB, pocas veces Sino Azul abordó de forma tan explícita en la portada temas de la administración. En 1933, la muerte del superintendente general de la CTB, señor Laurence Hill, vistió de negro la portada de la publicación. La fotografía está enmarcada por fuertes líneas negras, como una lápida, y ladeada por el ciprés. El título está cubierto por un velo, signo de duelo. El Sr. Hill fundó la revista Sino Azul en 1927, al contratar E. M. Brandão (editor responsable) para crear una revista para los empleados. Solo pudo acompañar el comienzo de la trayectoria de la revista. Aquí, la historia de los acontecimientos administrativos se superpone a los acontecimientos de otra naturaleza, y se hace patente esta función de Sino Azul. p. 43 Abril 1930, nº 28, año III; Enero/ febrero 1950, nº 245, año XXII Los postes empezaron a invadir el paisaje urbano y rural en las últimas décadas del siglo XIX. Se convirtieron en uno de los símbolos de la creciente urbanización y modernización del Brasil a comienzos del siglo XX. Los postes sustentaban los cables de energía eléctrica y teléfono a lo largo de kilómetros, para llevar a la gente los servicios públicos que serían esenciales en las décadas siguientes. Los primeros postes eran de madera,

tales como el molle, y necesitaban servicios de mantenimiento constante, contra el daño causado por la intemperie. En la segunda mitad del novecientos, los postes de madera empezaron a ser reemplazados por postes de hormigón, moldeados especialmente para el cableado telefónico. p. 44 Mayo/junio 1952, nº 259, año XX Los postes corren a lo largo de la Vía Anchieta, que era la principal carretera entre São Paulo y la costa. Las líneas telefónicas dirigen la mirada hacia la lejana Serra do Mar, al fondo de la fotografía. En el interior de la revista, un artículo anunciaba el crecimiento, en la última década, del 123 % de las llamadas interurbanas entre São Paulo y Santos, que en 1951 llegaban a 1 849 662. En ese momento, las llamadas de larga distancia todavía se hacían con la ayuda de las telefonistas y, dada la gran demanda, podían tardar varias horas en concretarse. p. 44 Agosto 1937, nº 116, año X Plantar una bandera es tradicionalmente el símbolo de una conquista, el hito que marca la llegada a un nuevo territorio. Esto es lo que representa la portada de Sino Azul: los territorios conquistados por CTB en el sudeste del Brasil. Están señaladas las ciudades de diferentes estados en las que la empresa tiene oficinas: Río de Janeiro, Niteroi, Belo Horizonte, Vitoria, São Paulo y Santos. El compás, que lleva la insignia de CTB, indica los proyectos de expansión de la compañía para los años subsiguientes. p. 45 Diciembre 1949, nº 244, año XXI El diseño ocupa la portada y la contraportada y Sino Azul presenta el tema navideño en línea con sus servicios. Papá Noel aparece como un «empresario», sentado en el sillón de su oficina, sin la chaqueta y con los pies sobre el escritorio. Al fondo, el mapa con los servicios telefónicos de CTB prestados en los estados de Sao (São) Paulo, Minas Gerais, Río de Janeiro, Espirito Santo, y el Distrito Federal. Las ciudades se destacan en todas las regiones, a fin de mostrar la extensión de la red telefónica. El regalo de Navidad para la próxima década es la ampliación de los servicios a nuevas ciudades. p. 46 Enero/febrero 1954, nº 269, año XXVI La fotografía aérea de la ciudad de São Paulo, que se reproduce a doble página (portada y contraportada), da una idea de la grandeza de la capital del estado de São Paulo. Los colores de la portada son los colores de la ciudad: la

foto en blanco y negro, con una franja en la parte inferior, solo con el título Sino Azul y los datos editoriales en rojo. Todo lleva a que la composición parezca una «bandera» en homenaje al cuarto centenario de la fundación de São Paulo. Se destaca el aspecto urbano, con las calles y avenidas cortando la imagen en todos los sentidos. El centro, con su aglomeración de rascacielos, aparece en la parte superior de la foto, mostrando la escala de grandeza y riqueza de la ciudad. En 1954, se llevaron a cabo decenas de homenajes, durante la celebración del IV Centenario de São Paulo, y el tema central fue su crecimiento espectacular. p. 46 Octubre 1930, nº 34, año III; Mayo 1936, nº 101 año IX Ya sea en la ciudad o en el campo, los instaladores de cables y los técnicos de mantenimiento ejercen sus funciones y prestan servicios no solo a la CTB, sino también a la gente. Subidos en escaleras, en las alturas, cuidan las líneas que garantizan las llamadas de los abonados. La portada de 1930, diseñada por Paulo Vieira, cuenta con un diseño al estilo de Norman Rockwel, que representa a los técnicos responsables por la conexión de los cables a un establecimiento comercial. El furgón Ford de la CTB, típico de la década de 1930, despierta la curiosidad de los niños que pasan por la acera. En la portada de 1936, la fotografía recortada por máscaras en forma de aislador, destaca la inmensidad del campo cortado por los cables telefónicos, que se internan en nuevas zonas y las interconectan con los centros urbanos. En la primera portada se cuidó de informar los datos de la publicación, pero en la segunda el diseño gráfico hizo caso omiso de estos datos y solo llamó la atención hacia el título y la imagen. Ambas, gráficamente tan diferentes, son del mismo autor, Paulo Vieira. p. 47 Noviembre 1930, nº 35, año III; Junio 1940, nº 150, año XIII; Mayo/ junio 1947, nº 224, año XX El tema de esta serie de portadas es la instalación de cables telefónicos en las ciudades de las zonas bajo concesión de a la CTB. Además de las líneas aéreas, sustentadas por los postes y crucetas, la red telefónica también contaba con cables subterráneos. En las portadas, los empleados trabajan día y noche para garantizar la expansión y la calidad del servicio. Los cables subterráneos cruzan las calles de las ciudades, atraviesan regiones por tierra y por agua, sumergidos en represas y mares, con el objetivo de llevar la telefonía a las poblaciones más distantes.

Una innovación importante fue el cable coaxial, instalado en 1955, entre el Distrito Federal y Petrópolis. El tendido en la zona montañosa y la larga distancia fueron un reto para a la CTB. La inauguración de la red permitió que se hicieran llamadas de calidad entre las dos ciudades. p. 48 Enero/febrero 1952, nº 257, año XXV; Julio/agosto 1953, nº 266, año XXV Para atender de forma eficiente a los abonados que buscaban información, fue necesario crear un sistema automático para encontrar los números y nombres de la guía de teléfonos. Llamado «griega» facilitaba la labor de las telefonistas del servicio de información, que respondían las llamadas al número 02. En 1952, la telefonista Emília de Souza Tavares fue fotografiada por Jean Manzon, conocido fotógrafo y cineasta francés radicado en el Brasil. En 1953, la portada se dedicó al sistema de información al abonado. De un año a otro, el diseño gráfico de la portada cambia y pierde el patrón que se mantenía desde la década de 1940. p. 40 1958, nº 2, año XXXI; Noviembre/ diciembre 1973, nº 6, año XLV Portadas de décadas diferentes. A lo largo de estos años, el diseño gráfico de Sino Azul cambia constantemente y no mantiene ninguna regularidad visual, de tamaño, de logotipo, ni siquiera de periodicidad. El perfil editorial también fue cambiando con el tiempo y dejó de ser una revista sociocultural para convertirse en una publicación técnica dedicada a la difusión de los adelantos en el ámbito de las telecomunicaciones. Las portadas seleccionadas en esta serie muestran esta tendencia. Todas tienen por tema la tecnología desarrollada y aplicada en el ámbito de la telefonía. En 1958, se destaca una torre de microondas, usada en las transmisiones de radiotelefonía. Este sistema garantizaba mayor tráfico de llamadas en un tiempo más corto, en consonancia con el progreso deseado por el gobierno. En la portada de 1973, una antena parabólica usada en el sistema de transmisión por microondas ilustra la revista. La tecnología es el foco de la información que debe difundirse. La expansión de los servicios se consideraba estratégica y necesaria al desarrollo del país. p.50

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1965, nº 3, año XXXVII El año 1965 comenzó con una portada dedicada a las conquistas espaciales: en esa década, el hombre llegaría a la Luna. Los satélites eran un poderoso aliado de las telecomunicaciones. El avance tecnológico fue notable en 1962, cuando entró en operación el primer satélite mundial de telecomunicaciones, el Telstar. En 1965, se lanzó el primer satélite de telecomunicaciones comerciales, el Early Bird, que posteriormente recibió el nombre Intelsat I. p.51 Enero/febrero 1973, nº 1, año XLV En 1973 circularon los últimos números de Sino Azul en São Paulo, donde, en septiembre, fue sustituida por otra revista, Entrelinhas, de Telesp. Las dos revistas circularon en paralelo, cada una dedicada a un público del ramo de telefonía. Sino Azul - Telecomunicações em Revista, se convirtió en una publicación dirigida a los empleados de la CTB (Río de Janeiro), la CTMG (Minas Gerais) y la CTES (Espíritu Santo), hasta 1975, cuando comenzó a circular exclusivamente como revista de Telerj. p.52

Septiembre 1939, nº 141, año XI La portada en tonos de azul —color referido al título de la revista— ilustra las relaciones comerciales entre las dos grandes ciudades en que la CTB presta servicios. Al centro, hombres de negocio hablan por teléfono y tratan de sus intereses con alguien a distancia. La indicación de la llamada está ilustrada en las imágenes de los dos círculos: São Paulo, representada por el viaducto de Chá —lugar del centro de São Paulo, de importancia histórica para la ciudad— y Río de Janeiro, representada por la bahía de Guanabara, un paisaje que se reconoce en todo el mundo. La primera, centro comercial e industrial, la segunda, centro político y administrativo del país. Las dos interconectadas por el servicio de llamadas de larga distancia. p.53

CAMBIOS SOCIALES Y CONTEXTO CULTURAL El discurso de las portadas de Sino Azul permite una lectura didáctica de los acontecimientos de Brasil por más de cuatro décadas y transporta al lector por un recorrido a través de varias imágenes del país, aquí recuperadas en su historicidad, a partir del imaginario de progreso vivido por tantas generaciones. Ilustraciones lúdicas y seductoras permiten recorrer universos distintos que pasan por el campo y la ciudad, por la propaganda y la publicidad, por la economía agrícola y el mercado financiero, por lo artesano y lo industrial, por la mujer “reina del hogar” y la profesional con jornada laboral, y por tantos otros caminos que han construido el Brasil moderno. Sino Azul, revista de una empresa dirigida a la comunicación, y que trataba especialmente del teléfono, hizo que la imagen de este aparato se convirtiera en uno de los agentes que fomentaron los cambios, en uno de los protagonistas de las transformaciones del país. El proceso mimético de humanizar el teléfono por medio de una representación figurativa lo acercó afectivamente al lector –es decir, a los empleados de la CTB– y lo transformó en un instrumento mediático que actuó en la formación del plantel de la Compañía, ya que instruía, especializaba, modelaba y actualizaba a estos trabajadores. Como revista de empresa, por lo general Sino Azul no ofreció reportajes sobre hechos políticos nacionales e internacionales impactantes, aunque se sabe que algunos de estos sucesos

interfirieron en la existencia de la revista, unas veces porque restringieron su producción, otras porque le proporcionaron avances. Sin embargo, a pesar del silencio editorial, estos acontecimientos políticos aparecen de manera subliminal en la publicación, cuando no se mencionan de forma expresa, como es el caso, por ejemplo, de la II Guerra Mundial. Así, la colección de la revista Sino Azul, indirectamente presidida por etapas político-económicas del mundo y del país, sólo se puede leer y comprender si se la contextualiza de acuerdo con las coyunturas específi cas de su circulación. En ese sentido, tres tiempos político-culturales marcaron su vigencia: el de la ascensión de Getúlio Vargas (desde finales de los años 1920 hasta 1945), el de la redemocratización (1945-1964) y el de la Dictadura de 1964 en adelante. En otras palabras: el período que se orientó hacia el trabajador, otro que apostó a una tendencia de valoración del desarrollo económico y, por fin, el tiempo de la represión a la libre comunicación de las ideas y de la inversión en la modernidad técnica. Para traducir plásticamente esos tiempos diversos, primero estuvo el trazo art déco de los años 1930/40, que orientó toda la estética de la época en su representación oficial, es decir, figurada en las portadas de Sino Azul, que trajeron la arquitectura geométrica y escalonada del art déco brasileño. Luego, vino la libertad de expresión de los años 1950, ilustrada por las líneas curvas de la arquitectura moderna de Oscar Niemeyer, de trazo ligero, suelto y creativo. Por fin, se manifestó el control exacerbado de la imagen, de finales de los años 1960 y de los años 1970 en adelante, cuando, en nombre de la seguridad nacional, se estampó todo el aparato de la modernización técnica.

Sino Azul se escapa hoy al realismo de sus portadas anteriores, que representaban motivos acerca del mes corriente o asuntos de su texto, y da alas a la fantasía de una artista, que también es una colega, para ilustrar su página principal. De hecho, hasta mediados de 1928, las portadas traían ilustraciones objetivas que traducían explícitamente las innovaciones de la empresa o el contenido del respectivo número. A partir de entonces, portadas estilizadas y creativas iban a revelar –en general por medio de concursos– el potencial de los artistas de dentro de la Casa, de modo que sus creaciones se asociaran a un tratamiento avanzado de la imagen y se ajustaran a los abordajes gráfi cos del modernismo1, muy de moda en la época. Estilizada, elegante y comunicativa, esa producción reveló las tendencias estéticas de la época, en su mayoría asociadas bajo el título de “futuristas”. No podría ser distinto, ya que se trataba de una empresa orientada hacia la divulgación de una imagen de vanguardia, que introducía las últimas conquistas técnicas de la humanidad y presentaba el teléfono como una de las más celebradas. Asimismo, el mejor lenguaje gráfico de los años 1920/30 era muy adecuado a los mensajes sobre el avance de las líneas e se presentaba por medio de dibujos geométricos, estilizados, caricaturales y arlequinescos. Se enriquecía no sólo la propaganda y la publicidad de la CTB, sino también las formas de comunicación ilustrada del país, que ya contaban con agencias de publicidad emergentes, ajustadas a los modelos internacionales de la propaganda y de la publicidad. 1 En Brasil, "modernismo" es la designación genérica del conjunto de varios movimientos artísticos que existieron a finales de siglo

ALAS A LA FANTASÍA...

XIX y en la primera mitad del siglo XX y que procuraron superar

El estímulo a la creatividad se manifiesta desde el primer año de circulación de Sino Azul, de acuerdo con el editorial de junio de 1928:

los sistemas estéticos del arte tradicional. Corresponde a lo que en España y en distintos países hispanoamericanos se conoce como el período de las vanguardias (N. del T).

El cable telefónico, las líneas de expansión, los postes y el globo terrestre fueron los elementos más utilizados. El primero, unas veces abrazaba la ciudad, otras veces envolvía distancias, a fin de simular las inmensas posibilidades de comunicación del teléfono, que, como por arte de magia, conectaba el país y el extranjero, la tierra y el infinito de los cielos, por encima de las nubes. Las líneas y los postes se proyectaban hacia el infinito y sugerían, así, la inagotable capacidad de avance geográfico de los aparatos, expresión de la mejor técnica de una empresa cualificada. El globo terrestre simbolizaba el dominio de la comunicación telefónica sobre el universo en mutación. Los primeros años de Sino Azul corresponden al uso libre del espacio de la portada, sin limitaciones normativas, lo que permitía la utilización de ilustraciones en toda su superficie. Hacia 1940, para definir una identidad visual de la revista, se adoptó el modelo de portada semienmarcada, con la ilustración encuadrada en su interior. Al diseñador ese tratamiento se le hizo más limitador, pero, aun así, soluciones creativas se estamparon en los números subsiguientes, ajustados a la estética gráfica del momento. SOCIEDAD MUTANTE

Sino Azul empezó a circular en vísperas de la disputa por la sucesión presidencial. La política del “café con leche”, que representaba la vieja oligarquía del PRP (Partido Republicano Paulista) y que había hecho que paulistas y mineiros se turnaran en el poder, estaba a punto de verse interrumpida. Tras la toma de posesión, como Presidente de la República, del gaúcho Getúlio Vargas, en 1930, Brasil atravesó momentos cruciales de su historia y se registraron no sólo casos puntuales de contestación –como, por ejemplo, la Revolución del 32, en São Paulo, seguida de la elaboración de una nueva constitución, en 1934– sino también once años de un impactante régimen dictatorial. Curiosamente, se puede leer la primera portada de Sino Azul como la indicación de las dos vertientes en cuestión. Por medio de una nueva composición gráfica, la revista reprodujo

la fotografía de D. Pedro II –imagen que remetía al Brasil monárquico y rural del pasado–, introducida en una carretera que avanzaba hacia el infinito, donde raíles de tren, postes y cables de teléfono apuntaban hacia la modernidad vivida, de la que la CTB era una de las representaciones. Así, ya en sus primeros números, Sino Azul divulgó mensajes que trataban de las transformaciones en curso, sobre todo las que venían de las principales capitales del país, donde surgía una nueva sociedad, mercantil y burguesa, ávida por inclusión y representación, seducida por los recursos de la técnica y que procuraba disfrutar de la vida moderna. Para el segmento femenino, en particular, se abrían nuevas posibilidades de actuación social, o todavía como la “reina del hogar” –quien decidía los destinos de la familia–, o como participante en los planteles laborales. Al percibir el largo alcance de la imagen femenina en los medios de comunicación, la prensa de la época la divulgó en varios de los nuevos papeles que a la mujer ahora le tocaba desempeñar. La CTB, que encontraba en ella el personaje vital del día a día de la empresa, la llevó a las páginas de Sino Azul y la transformó en su tema en varias representaciones. LA TELEFONISTA: CAPACIDAD Y FEMINEIDAD

De la imagen femenina sumisa y tan sólo secundaria, de acuerdo con su reiterada caracterización social, surgía la telefonista, tratada como una profesional operante y participativa, fuerza de trabajo del mercado de la técnica.

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XIX y en la primera mitad del siglo XX y que procuraron superar

El estímulo a la creatividad se manifiesta desde el primer año de circulación de Sino Azul, de acuerdo con el editorial de junio de 1928:

los sistemas estéticos del arte tradicional. Corresponde a lo que en España y en distintos países hispanoamericanos se conoce como el período de las vanguardias (N. del T).

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Es ese modelo de mujer el que aparece en las portadas, con un nuevo vestuario que la hace más jovial, con el pelo y la falda cortos y en varias situaciones distintas: de la aplicada telefonista a la madre de familia, esta también introducida en un contexto renovado y disfrutando con los hijos de la comodidad propiciada por el teléfono. Surge la figura femenina ligera y ágil de los años 1930, tan celebrada en la “nueva mujer”. Es cierto que la introducción del teléfono automático, a partir de 1928, fue retirando poco a poco a esta profesional de su puesto de trabajo, pero también es verdad que ese mismo suceso la hizo buscar una recolocación en otras secciones de la empresa, lo que mantuvo la mano de obra femenina como un importante segmento de la CTB y explica aun por que buena parte de las columnas de Sino Azul se dirigían a esta empleada e invertían en su perfeccionamiento y eficiencia. El uso de la voz, los buenos modales, el mensaje de confianza que la telefonista debería transmitir fueron temas comunes que se expresaban figurativamente en las portadas de la revista. Al mismo tiempo, marcadas por una fuerte identidad de trabajo, estas profesionales se movilizaron en celebraciones y festejos por medio de nuevas prácticas de confraternización e inclusión social. La institución de la fiesta de Navidad de la empresa, que le propició tantas portadas a Sino Azul, fue una iniciativa de la telefonista, cuando todavía no se solía montar árboles de Navidad ni celebrar la fecha de acuerdo con los patrones estadounidenses. Entre 1941 y 1944, años de guerra y de evolución de los aparatos telefónicos, se reprodujeron varios modelos de la profesional, modelos que mostraban a la telefonista en

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su puesto de trabajo y la presentaban como un ejemplo de comunicación. Entre ellos, estaban la mujer seductora, la profesional atareada y sometida a los horarios y la que lleva uniforme de trabajo militarizado, casi como un soldado en cumplimiento del deber, una capaz prestadora de servicios. LA MUJER EN VARIOS ASPECTOS

No sólo a la telefonista se dirigieron los mensajes de Sino Azul. La categoría femenina en general sería tema constante de la revista y su representación alternaba entre el vestuario de la “nueva mujer” y el de Hollywood, exhaustivamente difundido debido a la imagen de actrices en las portadas de los magazines y de la propia Sino Azul –como se observa en un número de mayo de 1928, con la actriz estadounidense Janet Gaynor, de la Fox Film Corporation. En otra configuración femenina, alusiva a los años 1920/30, se ve a la mujer deportista, identificada por la raqueta de tenis, el deporte de la elite que cultivaba una vida sana, asociada al aire libre y al sol. En la década de 1940, el mensaje de la vida saludable se mantenía al reproducir ahora a la mujer en un osado traje de baño, un personaje celebrado por la propaganda, expuesto a la luz del día, participante. En el decenio siguiente, bajo la larga sonrisa del presidente Juscelino Kubitschek y al son de una iniciante bossa nova, los años 1950 llegaron en un ambiente de renovación y anunciaron una tendencia de valoración del desarrollo económico, los nuevos aportes de la industria y la construcción de Brasilia. Fue en ese contexto de celebraciones que se sucedieron los muchos concursos de mises, que consagraron la representación

de la mujer en el registro de su belleza. Sino Azul también invirtió en la divulgación de la figura de la mis, elegida por medio de concursos internos de la CTB. Como ya lo hacía la gran prensa, a esas alturas Sino Azul echó mano del fotorreportaje para transmitir la noticia, que, estampada en la secuencia de fotografías en blanco y negro, llevaba a la mujer a los escenarios modernos del país, como, por ejemplo, la Iglesia de Pampulha y la Explanada de Brasilia. Al entrar en los años 1970, la revista, que se había hecho más técnica, eliminó a la mujer individualizada de sus portadas, pero la reprodujo en el contexto más amplio del campo del conocimiento. En la divulgación de la fi gura femenina también se destacó su papel de madre protectora. La construcción de la gran familia pretendida por la CTB se asociaba a su valorización, decisiva para la constitución de la imagen de la familia feliz. De acuerdo con los patrones de las películas estadounidenses, fue ese el modelo de familia reproducido en las portadas de Sino Azul, harmonioso, participante y laborioso. En la imagen idealizada, se incluía el aparato telefónico como un importante eslabón de esa larga cadena.

seguirlas, de acuerdo con lo que se divulgaba en las portadas que muestran la interacción de los muy jóvenes con el teléfono como una acción natural. El grupo de portadas que se apropia de los niños como un componente de la propaganda recibió un tratamiento gráfico semejante, con ilustraciones en cuatro colores que reproducían dibujos hiperrealistas. Algunos de ellos se parecían a los del ilustrador estadounidense Norman Rockwell, que tenía trabajos en las mejores revistas estadounidenses. La propaganda del teléfono celebraba el acortamiento de las distancias físicas, pero, como recurso sensibilizador, se utilizó el potencial del aparato para la comunicación afectiva. Con ese objetivo, se divulgó el teléfono como una forma de conexión entre los miembros de parejas enamoradas, un elemento que, introducido en escenas románticas e incluso dramáticas, mediaba afectos y hacía posibles los diálogos amorosos. Muchas de esas imágenes coincidieron con los años de la II Guerra Mundial (1939-1945) y reforzaban, así, la necesidad de comunicarse de novios que estaban alejados. Otra novedad introducida en el marco de la nueva sociabilidad, el teléfono de mesa, prácticamente portátil, se utilizó para remitir a sus usuarios a los ambientes elegantes y de ocio sofi sticado.

EL TELÉFONO, CASI UN NUEVO JUGUETE

Como ya lo hacía la propaganda de las revistas de mercado, que encontraban en la imagen infantil un fuerte poder de comunicación, también en Sino Azul su representación figuró como un importante elemento de los mensajes. En la reproducción del cuadro familiar, o aisladamente, los niños fueron personajes frecuentes en la propaganda telefónica de los primeros años, sobre todo en momentos de introducción de nuevos aparatos, con usos diferenciados. En tiempos de ampliación del servicio telefónico, especialmente cuando surgieron los teléfonos automáticos, las instrucciones de utilización debían ser claras y didácticas, tan fáciles que hasta un chico podría

VALORANDO AL EMPLEADO

De acuerdo con los patrones de las mejores empresas extranjeras, la CTB formó su plantilla laboral de modo que, por medio de la valoración de las actitudes cotidianas, sus empleados se dedicaran a su propio desarrollo personal y al de la empresa. A la Compañía le resultaba importante sobre todo su proyección en el curso de los grandes cambios del país, transformaciones que pasaban necesariamente por la CTB, ya que dependían del perfeccionamiento del sistema de comunicación. De esa manera, el ideal de transformar a cada empleado en un ciudadano que progresaba penetró en los discursos textuales y visuales de la revista, lo que movilizó a su plantel hacia el

conocimiento del país. En las portadas de la revista, se echó mano de ese procedimiento muchas veces, cuando se presentaba al empleado de la CTB en acción en el campo o en la ciudad y sobre todo cuando ese trabajador actuaba en medio a carreteras de tierra que avanzaban con los postes y cables hacia el infinito. Se vinculaba, así, su progreso al empeño de la empresa. Por medio de artículos informativos, se incentivaba al empleado para que fuera un explorador, lo que se hacía ofreciéndole una verdadera descripción cartográfica de Brasil a partir de los lugares donde podría actuar. Muchos de esos trabajadores abrían carreteras para la implementación de nuevas líneas en regiones que demandaban estudios y conocimientos y, asimismo, la vida itinerante les resultaba constante. Entre el avance de las líneas y la llegada del progreso, en algunas portadas se registró, mediante acuarelas que reproducían escenas rurales, la nostalgia del campo, que daba lugar a las ciudades urbanizadas. Además de la integración de idearios –de la empresa, del país y del empleado– concertados por el mensaje mayor del Brasil que progresaba, la revista se orientó aun hacia la integración social de su plantel de trabajadores, movilizados por medio de varios recursos difundidos por la publicación. Hacerlo corresponsable de la circulación de la revista fue el recurso inmediato para atribuirle el crédito por su éxito. La estrategia de los concursos fue uno de los recursos más utilizados y prácticamente fue por medio de ellos que se produjo la revista en los primeros años. Se sucedieron concursos para la elección de portadas, de dibujos, de fotografías, de mises, de

secciones y de símbolos, estrategia que, en poco tiempo, llevó al lectorempleado a establecer un vínculo con la publicación y a empeñarse para participar en su elaboración. Ilustradores gráficos, fotógrafos, redactores, todos los realizadores de Sino Azul venían del plantel de empleados de la CTB. La valoración del empleado recibió un aporte más cuando se creó la sección de los veteranos, que, celebrados en las páginas de Sino Azul, fueron objeto de largos reportajes de reconocimiento por parte de la empresa, homenajes que se hacían como el galardón por toda una vida. La sección de humor fue otro recurso de inclusión del empleado en el que la comunicación ocurría por medio de la imagen, más efectiva si tenía un carácter gracioso. Así, la sección de caricaturas –que se titulaba “Repicando”– trajo escenas del día a día de la empresa, de la época y del país y, por medio de la risa, aproximaba a los colegas e integraba a los miembros de la CTB. Sólo en 1957 la sección “Repicando” cambia su nombre y pasa a llamarse “Sino Humor”, cuando adopta un lenguaje de historieta. El énfasis en el espíritu de equipo y de cooperación se resaltaba en textos e imágenes. De 1929 a 1954, las portadas aparentemente ingenuas que conciliaban, entre otros opuestos, perros y gatos, aludían al símbolo de la unión y cooperación que siempre debe existir en todas las ramas de la actividad humana, según un subtítulo del interior de la revista, de marzo de 1954. Las fiestas internas actuaron como instrumentos de comunión y celebración e introdujeron nuevas prácticas culturales. Ese fue uno de los papeles que cumplieron sobre todo las fiestas de Navidad, fecha a la que correspondían las portadas de diciembre

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de Sino Azul, que siempre alegorizaban el teléfono, la figura de Papá Noel y el saco de regalos, muchas veces alusivos al aparato telefónico. El número del mes de enero llegaba con los tradicionales votos de un feliz Año Nuevo, manifestados por medio de registros creativos. También se celebraba el Carnaval, con portadas que se referían a esta festividad con una gran riqueza de colores y de movimiento. Reproduciendo las prioridades de la CTB con respecto a sus empleados, Sino Azul invirtió en los temas de educación, salud y deporte. Anunció las muchas bibliotecas circulantes de la empresa que se propagaron por el interior del país, publicó textos literarios y notició los puestos de salud de la Compañía. En cuanto al deporte, inicialmente divulgado en pocas páginas, este acabó conformando una importante sección de la revista, que correspondía a la celebrada actuación de los varios equipos y grupos que se formaron en la Casa: de fútbol, de tenis, de ajedrez, con sus respectivos colectivos, sus torneos y sus copas. MODERNIDAD

El gran alcance del servicio telefónico venía didácticamente ilustrado en las portadas de Sino Azul. Escenas diversas tenían en el teléfono un elemento unificador: el paisaje distante donde un coche pasa veloz, bajo postes y cables telefónicos; la novedad del servicio interurbano; la madre de familia cuidadosa; la atención médica; el hombre de negocios; el comerciante; la comunicación social; el conductor. En medio a todas estas

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imágenes, el teléfono centraliza la escena, sobrepuesto a un fondo de sol que despide rayos comunicadores. Cuatro campanas azules rematan las partes laterales de la composición, que se encuentra debajo del título de la revista y del logotipo de la CTB. Portadas ilustradas así demostraban los varios usos cotidianos del teléfono y su necesidad y utilidad en la vida moderna. La transformación de las ciudades en nombre de la modernidad exigida por el siglo XX era frecuentemente el tema de las portadas de Sino Azul. Nada más apropiado para divulgar la demanda de la comunicación ágil, que tenía en los servicios telefónicos los potentes símbolos de la era moderna. En la sinfonía de las metrópolis, el teléfono surgía como un aparato imprescindible a la construcción del “país del futuro”, según el epíteto acuñado en los años 1940, debido al progreso vivido en algunos centros urbanos del país. A finales de la década de 1920, Río de Janeiro, São Paulo y Belo Horizonte presentaban centros urbanos renovados y constituían las tarjetas postales que divulgaban las ciudades racionales e higienizadas. En tiempos republicanos, en base a la máxima de que “Brasil se civiliza”, se vendía al mundo la imagen del país que progresaba, del país seguro para las inversiones de todo tipo y del país naturalmente rico. A partir del movimiento de tirar abajo las construcciones viejas, en Río de Janeiro y São Paulo había surgido un paisaje más geométrico, que se hacía vertical y que aguardaba sus

destinos triunfales. Belo Horizonte, sin embargo, ya había nacido planificada y moderna, reflejo de la nueva centralización del poder del estado mineiro. En la era de la velocidad, el automóvil demandaba que se abrieran avenidas mientras el avión cruzaba los aires y aceleraba la comunicación, que encontraba en el moderno teléfono automático la prontitud exigida por la automación de los tiempos. En las portadas de Sino Azul, esa celebración de la modernidad urbana se difundió en varios colores y tonos, por medio de tratamientos gráficos innovadores y que se asociaban a la magia de los teléfonos, aparato omnipresente de la vida moderna. En sus portadas, se identifica el momento de crecimiento y agitación de los espacios urbanos, transformados en temas de la revista por medio del trazo creativo del ilustrador o de las tomas fotográficas de impacto. A pesar de la centralización de la CTB en los grandes centros urbanizados, su avance hacia el interior del país le exigió convivir con el campo agreste y la hizo penetrar por Brasil para llevar sus postes y líneas a lugares recónditos. Varios diseñadores de portadas de Sino Azul registraron los paisajes campesinos, que enseguida desaparecerían. También reprodujeron la relación entre ellos y la ciudad, que, mediada por el teléfono, revelaba la coexistencia de lo rural y de lo urbano en vísperas de vivir sus conexiones, ahora en la clave del progreso. NUEVAS SEDES: AVANCE DE LOS SERVICIOS Y CUALIFICACIÓN ARQUITECTÓNICA

De 1930 a 1945, la CTB fomentó la instalación de nuevas sedes por las capitales y por el interior de la región Sudeste de Brasil. La imagen de la ciudad moderna, asociada a las transformaciones del capital y a los avances de la técnica, se tradujo en una nueva arquitectura urbana, funcional, incluida en las tendencias “futuristas”, según la denominación de los partidos estéticos de dicha vanguardia. Una de sus manifestaciones fue el art déco, de apropiación universal, pero que llegó a Brasil por la línea francesa y también por la influencia estadounidense, esta última reproducida

con más frecuencia en el paisaje urbano de Río de Janeiro, São Paulo y Minas Gerais. Los edificios institucionales, sobre todo, recibieron el tratamiento plástico del momento y protagonizaron una arquitectura que agradaba al Estado Nuevo, de modo que el art déco figuraba como su representación casi exclusiva en el escenario urbano. El equipo de ingenieros de la CTB proyectó sus edificios de acuerdo con el nuevo lenguaje, lo que indicaba la actualidad estética y funcional de la empresa, que, por su parte, incorporaba la propuesta de menor coste proporcionado por el nuevo “estilo”. Innovó también en la técnica constructiva, al utilizar el hormigón armado en larga escala. Como resultado, surgieron edificios que les dieron lustre a las ciudades, referencias de la mejor arquitectura de la época. A la vez, llegaban el servicio automático y la línea interurbana. Además de la configuración arquitectónica de vanguardia, en las portadas de Sino Azul se estamparon otros símbolos representativos de la modernidad. Primero, los nuevos medios de comunicación en la tierra, en el aire y en los océanos – coches veloces, aeroplanos, buques de gran calado–; luego, las situaciones límite, en las guerras y en las urgencias del día a día –de los hospitales a los bomberos–; y, por fin, los nuevos centros urbanos, que se levantaban hacia las nubes, con sus rascacielos que hacían vertical el paisaje. A lo largo de esas casi cinco décadas de circulación de Sino Azul, Brasil cambió. De los 37 millones de habitantes en 1930 a los 93 millones en 1973, el país recibió una infraestructura puntera, que le permitió lanzar una parte expresiva de su territorio en la deseada modernidad, como una pieza importante del engranaje capitalista internacional. Su transformación de un país agroexportador –el mayor productor de café del mundo– en un país que tenía un parque industrial signifi cativo dependió de los cambios del universo de la técnica, sobre todo los relacionados a los medios de comunicación. Como mercado potenciado para las inversiones extranjeras, recibió a hombres y máquinas

que implementaron la infraestructura indispensable a las nuevas empresas. Le tocó al avance de los postes y de las líneas de la CTB promover el salto de calidad del país en el ámbito de las comunicaciones. Sino Azul, la revista de la CBT, dejó de circular en São Paulo en 1973. Durante la evolución de la empresa surgieron nuevos órganos de comunicación impresa, segmentados en función de demandas de la ampliada red de telefonía, que se transformó en Telesp y, posteriormente, en el Grupo Telefónica. En la época de Telesp se editó la revista Entrelinhas, que, lanzada en 1973, terminó en diciembre de 1997. Más tarde, el Grupo Telefónica lanzó la revista Televip, que circuló entre 1999 y diciembre de 2008. Finalizada esta última, el Grupo Telefónica pasa a publicar, desde febrero de 2009, su nuevo house organ –la revista Somos–, al lado de los demás medios administrados por el grupo. A lo largo de los años, por lo tanto, circularon diferentes house organs del sector de las telecomunicaciones. Sino Azul, la primera publicación, contó con una de las trayectorias más duraderas del periodismo brasileño, mientras las publicaciones siguientes aquí citadas tuvieron nuevos perfiles, para renovarse en función de las coyunturas históricas de la empresa. Es importante registrar que en todos los house organs de la empresa, en distintos momentos se mantuvo el mismo objetivo de lograr una comunicación ágil e inmediata con el público al que se destinaban: los empleados de la Casa, ayer la CTB, hoy el Grupo Telefónica. De ese modo, se consolidó en sus planteles el sentido de integración y el sentimiento de formar parte de una institución, postura registrada desde los albores de sus siempre modernos medios impresos.

Junio 1928, nº 6, año La agraciada figura femenina vestida de «Sino Azul» muestra líneas, cables y postes sobre nubes, en el infinito de las alturas y las distancias, para sugerir el amplio alcance del teléfono. Este tratamiento casi estilizado del poder de la comunicación telefónica y su presentación asociada a la figura femenina fueron ilustraciones recurrentes en los mensajes de la empresa. El uso amplio del color rojo era un recurso de impresión sofisticado y caro en esa época. Curiosamente, este fue uno de los pocos ejemplos de ilustración de autoría femenina, Srta. Joannita Blanck, de la sección de ingeniería de Río de Janeiro. En el interior de la revista, se felicitaba a la artista por su cumpleaños, autora de la «bella y delicada obra de nuestra portada». p.56 Septiembre 1928, nº 9, año De São Paulo, los cables del teléfono automático se expandían y llegaban a las ciudades de su entorno inmediato. La imagen poderosa del brazo que avanza llevando el teléfono, a gran escala, sugiere que el poder del aparato y de la empresa operadora supera el de todos los otros medios de comunicación. En las referencias de las ciudades beneficiadas por el nuevo modelo automático, se destacan Sao Paulo y Campinas, marcadas con una mancha más intensa. También constan las ciudades de Itapetininga, Tatuí, Piedade, Pilar, Itapecerica, São Roque, São Miguel, Itatiba, Cabras, Pedreira, Amparo y Santa Bárbara, entre otras. p.57 Febrero 1931, nº 38, año I La simplicidad en esta portada agrupa los elementos símbolo usados en la fijación de la imagen de la CBT. El color azul domina el espacio, el título y la periodicidad. Al centro, la reproducción de los componentes fundamentales que hacen posible la transmisión: el teléfono en primer plano, seguido por el rollo de cable y, por último, postes y líneas, que representan el progreso de la empresa. p.57 Mayo 1929, nº 17, año I La bandera de la CTB se definió a través de un concurso interno, en 1929. Con los colores tradicionales de la empresa —azul y blanco—, desplegada en escala gigante, integra el contenido de los planos superior e inferior de la imagen, que representan los servicios de la compañía. En la parte superior, el poste sustenta cables tendidos hacia el infinito. En la parte inferior, las telefonistas en plena acción, el gran rollo de cable, portador de los mensajes a larga distancia y los dos modelos de teléfono de esa década, el modelo candelabro y el de sobremesa. Sobre el fondo sepia, se destacan

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el blanco y el azul de la bandera, el logotipo y el título, este último trabajado con gracia, con la pierna de la última letra contorneando la fecha de publicación. En la época en que se publicó este número, Brasil acababa de entrar en la terrible crisis de 1929, producida por el desplome de la Bolsa de Nueva York. p.57 Mayo 1931, nº 41, año I En la imagen mal definida, se proyecta el infinito de un cielo rojo que cubre la inmensidad que cruzan los postes y cables telefónicos; a la derecha, se observa una vivienda aislada en el campo, beneficiada por el nuevo medio de comunicación. El uso de solo dos campos delimitados —por arriba el cielo ondulado y por abajo un sencilla mancha negra—, así como el título sobrio, que informa solo el año y el mes, revela el tratamiento artístico de la ilustración, cuyo resultado es una portada limpia y elegante. p.58 Febrero 1930, nº 26, año II Por el ingenio de la ilustración esta es una de las portadas más estilizadas de Sino Azul. En líneas geométricas, al estilo art decó de la época, se ve el disco del teléfono que se propaga en círculos en un cielo naranja en gradación, como si fuera el sol brillando; al centro, se destaca el año, 1930, en negrita, por arriba de la moderna ciudad de los rascacielos, verticalizada y humanizada por el color azul. Para crear un campo inferior para insertar el título y la otra información de la edición, se usa como fondo una franja negra que resalta las letras azules y blancas, simulando la línea del horizonte de la ciudad vieja. El logrado juego de colores equilibra los pesos de la imagen y el resultado es un conjunto bastante proporcionado. En ese momento, el uso de los rascacielos es sintomático, porque la ciudad de São Paulo ya había comenzado la voraz verticalización del centro, de la cual fueron pioneros los edificios Sampaio Moreira de la calle Líbero Badaró, de 1924, y Martinelli, con entradas por la avenida São João, São Bento y calle Líbero Badaró, de 1929. p.59 Agosto 1941, nº 164, año XI «El mensajero más rápido», pequeña información a la izquierda de la portada, mimetiza el teléfono en la figura del «mensajero» que, a grandes pasos, avanza con su sombra por las ciudades del mundo y se hace minúscula a sus pies. El sobre con el símbolo de la CTB y la inscripción «urgente», refuerza el mensaje sobre las potencialidades del teléfono, que llega a todos los lugares, a grandes pasos y con urgencia. La ilustración usa la caricatura, un recurso de uso frecuente en esa época, de comunicación inmediata y amplio alcance. El personaje, sin embargo, tiene cara de caricatura de los EE. UU., muy diferente de los personajes caricaturescos dibujados por artistas brasileños, como Juca Pato, de Belmonte. p.60

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Julio 1940, nº 151, año XII El teléfono al servicio de la justicia, la pequeña información a la izquierda de la portada, puede ser un indicio de la demanda por el estado de derecho, suspendido por el Estado Novo durante la dictadura de Vargas. La figura de la justicia de ojos vendados, llevando la espada y la balanza, camina al lado de los símbolos de la comunicación por un cielo lleno de rayos y nubes, que simboliza el porvenir. En primer plano, en la parte inferior, el teléfono, bien definido, seguido por las imágenes más pequeñas del caballero, el tren y el avión. En técnica de dibujo a pluma, a dos colores, título en tipos negros con líneas internas blancas, limitado a la parte superior, el resultado es una portada solemne, pesada, en consonancia con parte de la estética del Estado Novo. p.60 Noviembre 1937, nº 262, año X El cable que rodea las ciudades, los campos y el mundo fue un recurso figurativo constante en las portadas de Sino Azul. Aquí, del teléfono posado sobre una rama de laurel parte el cable que abraza la ciudad conformada por los rascacielos, pasando por un parche de vegetación, que sugiere su alcance a varias latitudes. El cielo dorado con una etérea nube en el centro señaliza el progreso victorioso y los límites imponderables de la comunicación telefónica. p.60 Junio 1945, nº 206, año XVII El teléfono es el protagonista de la escena, celebrado en el cielo y la tierra. Abajo, está la gente en fiesta, representada por las figuras de guardias, civiles, hombres y mujeres, alabando el poderoso instrumento de comunicación. Arriba, la divinidad envuelta en el cable del teléfono celebra los logros de la empresa. Casi tocando el cielo, el solemne edificio, en evidente tratamiento art decó, llega a las nubes, apoteótico corolario de la transmisión del mensaje de gloria y poder. Era el año 1945, marco del final de la dictadura y de la guerra y, a pesar de la victoria de los aliados, se observan figuraciones de los espectáculos grandiosos y de la arquitectura que agradaba a los regímenes totalitarios, recién derrotados. La estética fascista y su desdoblamiento integrista en Brasil, con dejos de impresionismo ruso, es visible en toda la escena, coronada de rayos. En esta portada, los modelos estilizados de teléfono de todos los tiempos hacen aún más rebuscada la ilustración, dominada por dos tonos de azul, el color universal de las compañías telefónicas. p.61

Marzo 1936, nº 99 año IX El cable del teléfono rodeando el mundo era un tema recurrente. Aquí, la distribución del aparato en la portada equilibra la imagen, de gran fuerza de comunicación. El papel del teléfono en la comunicación mundial fue puesto en evidencia en el número de marzo, tradicionalmente dedicado a la telefonía. Desde 1932, Brasil ya hacía llamadas internacionales, por el sistema de radiotelefonía. p.61 Enero 1929, nº 13, año I El dibujo estilizado y el tratamiento figurativo del teléfono y la campana empezaron a dominar la imagen de las portadas. En la figura de la telefonista, que hace referencia a las garçonnes, se observa en primer plano el teléfono en el cuello, y luego el collar con la campana azul como colgante, la forma de campana de la cabeza y el pelo de la mujer. La boca roja se destaca en la imagen y hace referencia al poder de comunicación de la telefonista. El dibujo artístico, creativo, confirmaba la sofisticación de los trazos ya presente en los ilustradores brasileños. p.62 Junio 1941, nº 162, año XI El escenario construido para la imagen de la joven hablando por teléfono reproduce el glamour de la época, sugerido por la decoración llena de espejos, por el vestido drapeado y la pose irreverente, estudiada. La reproducción de la imagen en el espejo se repetía, lo que confirma la proyección de la postura correcta que la CTB quería de la telefonista. p.63 Mayo 1941, nº 161, año XI El homenaje a la telefonista era una constante en la publicación. Aquí se presenta eficiente en su puesto de trabajo, de uniforme casi militar. El número correspondiente a esta portada incluye un artículo titulado: Hay y habrá telefonistas en Río de Janeiro, que hace hincapié en su importancia, aunque la última central manual de Río de Janeiro ya había sido desactivada. Informa, sin embargo, que las telefonistas continúan prestando servicios en las secciones de ayuda automática, de asistencia técnica y de información, y destaca sus cualidades para el cargo: «inteligente, vivaz, perspicaz, saludable, tener un cierto grado de educación, tener voz agradable y clara por teléfono, oído agudo, brazos ágiles, modales educados y corteses». p.63

Julio 1941, nº 163, año XI El uso de la portada como un modelo de conducta fue un recurso usado a menudo. Se exhibía la representación ideal de la telefonista y se reproducía una joven sonriente, que reflejaba simpatía y distinción, que se miraba al espejo y se aprobaba. En el editorial interno, había una recomendación: «Sin embargo, desde hace mucho tiempo enseñar a la gente la forma correcta de usar el teléfono representa un gran problema para la Companhia Telefônica Brasileira. (...) Nunca debemos olvidar que, cuando hablamos por teléfono, debemos portarnos como si tuviéramos ante nosotros a la persona con la que estamos hablando y, por consiguiente,debemos actuar de conformidad con las normas de la buena educación». La imagen y el texto, desde la portada hasta el interior, difundían las conductas adecuadas para los empleados con la finalidad de aumentar la calificación de la empresa. p.64 Abril 1935, nº 88, año VII La comunicación telefónica, ya internacional, está representada en la portada, que combina fotografía y dibujo. El ventilador de pared, el espacio confortable, el elegante uniforme de las telefonistas daban testimonio de la calidad del entorno de trabajo proporcionado por la CTB, que dignificaba el trabajo de las mujeres. p.64 Abril 1928, nº 4, año De «reina del hogar» a profesional, se difunde una nueva representación de la mujer. El pelo corto, casi a la garçonne, y la blusa sin mangas rompían con los trajes tradicionales, mientras que su asociación con el teléfono, nuevo instrumento de trabajo, mostraba su inserción en la empresa moderna. El rostro en primer plano, sobre fondo claro, hacía referencia a las ilustraciones de las revistas de los Estados Unidos, que publicaban fotos de las actrices de Hollywood, recurso infalible para la venta de publicaciones comerciales. p.64 Mayo 1944, nº 195, año XVI La ilustración con la telefonista aprensiva reproduce los días de la mujer moderna, presionada por el tiempo, dividida entre los espacios del trabajo y del hogar, subraya el mensaje del control profesional, el enfrentamiento de cambios del tiempo —representado por la mano sujetando la gorra contra el viento— y la presencia de los jefes al fondo. Resumiendo todo el mensaje, un reloj figurado, que hace alusión al disco del teléfono, a pesar de humanizado y sonriente, hace hincapié en la urgencia del tiempo y del trabajo. p.65

Agosto 1939, nº 140, año XI El incentivo por la atención cordial al público era un mensaje recurrente de la empresa. La ilustración a dos colores hace referencia a dos películas noir del cine estadounidense. Se destaca el título de letras sombreadas, que acompañan el tratamiento de la imagen, sobre fondo naranja. p.65 Noviembre/diciembre 1946, nº 219, año XIX El papel integrador de la telefonista se hacía resaltar por ocasión de la Navidad, cuando la comunicación telefónica permitía ponerse en contacto con la familia distante. En la ilustración, la figura calma y eficiente de la telefonista sentada a su mesa de trabajo, en primer plano, es el eslabón mágico que conecta los afectos y alivia la nostalgia. El marco azul tiene un dibujo geométrico de evidente art decó que destaca el teléfono estilizado en la esquina izquierda de la portada. p.65 Abril 1933, nº 64, año V La mujer y el teléfono comenzaron a ser una dualidad recurrente en las ilustraciones. En este mensaje se podía leer tanto su actuación como telefonista, profesional de importancia en el reciente mercado laboral femenino, como su papel fundamental en la comunicación familiar y social, interlocutora amiga que siempre está dispuesta a conversar. La limpieza del dibujo refuerza las dos figuras, la mujer y el teléfono, separadas del título que se desplaza al píe de la portada, como complemento de su información directa y objetiva. La mirada fija parece enfocar al lector, como si hablara por teléfono con él. Firmada por un ilustrador de Río de Janeiro no identificado, presenta una estética de dibujo publicitario estadounidense, una influencia inevitable del arte gráfico de esa época. p.66

Esta portada reproduce en forma muy similar una de las portadas de la revista O Cruzeiro, considerada en aquel momento la revista de mayor éxito comercial del Brasil. p.67 Mayo 1928, nº 5, año La feminidad de la mujer se evocaba en diferentes mensajes. En calidad de empleada vital para el buen funcionamiento de la empresa, se la celebraba en diversas situaciones. El poder de seducción y la belleza del «eterno femenino» se asociaba a elementos que reforzaban el encanto, en este caso, crisantemos multicolores en primer plano, en los brazos de la cautivante imagen de la actriz Janet Gaynor, de Fox Film Corporation. p.68 Marzo 1929, nº 15, año I En primer plano una mujer romántica, de vestido audaz por los colores fuertes y el detalle extravagante de la flor en la cintura, habla por un teléfono de candelabro, para demostrar su movilidad y facilidad de uso. Innovador, el fondo azul marino con una profusión de campanas estilizadas da movimiento a la portada. Las letras del título acompañan su ritmo, impresas en cursiva y salpicadas de blanco. Esta portada fue ilustrada por Benjamin Coutinho, del departamento de ingeniería de Río de Janeiro, como un estímulo a la participación de los empleados de la CTB en el concurso presentado en ese número, sobre el cual el editorial de la contraportada decía: «Será para todos nosotros un orgullo que nuestra revista sea hecha exclusivamente, desde la portada al más simple comentario, por los empleados de nuestra empresa.» p.68

Agosto 1933, nº 68, año V La sugerencia del mensaje queda a cargo del lector, todo lleva a pensar que se trata de un diálogo de amor, mediado por el teléfono. Sobrio y elegante, el dibujo está limitado, en la parte inferior, por el título compacto. p.67

Octubre 1928, nº 10, año I La comunicación afectiva está claramente expuesta por los elementos de la portada. La figura moderna de la joven que habla por teléfono —modelo candelabro— con expresión romántica y en medio de nubes está coronada por cables y postes, al cuidado de dos cupidos, con corazones rosados en lugar de aisladores. El vestuario femenino está lleno de innovaciones para su época, del vestido rojo que deja un hombro descubierto, atractivo y sensual, al gran anillo verde en el meñique. p.68

Abril 1931, nº 40, año I La mujer como personaje de la comunicación, asociada al teléfono, aparecía con nuevos tratamientos. Inserta en escenarios innovadores, en esta portada hacía referencia a una decoración de interiores vanguardista, en la que el teléfono se integraba, necesariamente. En medio de cortinas que se abrían como en un escenario, la silueta adopta una pose elegante, rodeada de almohadones, otra innovación en los ambientes domésticos de la época.

Agosto 1930, nº 32, año II Integrada al diseño de una campana azul, la figura femenina anuncia innovaciones: en primer plano, el teléfono de sobremesa, a continuación, el servicio de corta y larga distancia, impreso en la parte frontal de la campana. La limpieza del diseño, prácticamente sin fondo y con tres elementos de información —el teléfono, la mujer y la campana— señalaban la línea despojada y geometrizada del art decó, la estética oficial de la década de 1930. p.68

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Agosto 1929, nº 20, año I La niña lee las instrucciones —tal como difundidas en Sino Azul— y no escatima esfuerzos para subir a la mesa, alcanzar el teléfono y hacer la llamada. La imagen sangrada es realzada por el límite de la franja blanca en la que aparece el título de la revista y el logotipo de la empresa. p.71 1958, nº 1, año XXXI; 1958, nº 3, año XXXI; 1960, nº 5, año XXXII; , nº 2, año XXXIV El tema de estas cuatro portadas es la mujer que, en la década de 1960, ganaba su independencia y tenía nuevas oportunidades de inserción en la sociedad. En el interior de la iglesia de Pampulha, contemplan el mural de Portinari. Adalgisa Colombo, Miss Brasil y 2.º lugar en el concurso miss universo, anuncia el teléfono público. En la plaza de los Tres Poderes en Brasilia, Edith Carvalho y Zenith Badim Viana, de la CTB, colaboran con la Companhia Telefônica de la nueva capital del Brasil. Una vez más, la hermosa Miss de la CTB. p.69 Marzo/abril 1974, nº 2, año XLVI En 1970, con el título modificado a Sino Azul, Telecomunicações em revista, las portadas reciben un nuevo tratamiento: condensan imágenes elaboradas y solo un título que indica el tema de sus artículos. La mujer reproducida aquí supera la percepción de género, para aparecer como un ente social insertado en el nuevo contexto tecnológico. En este número, dedicado a la psicología social, los artículos son: El hombre en transformación, Los valores del cambio, Los caminos del equilibrio; Psicología industrial; Creatividad para producir y El futuro de la mente, todos temas que agradan a la sociedad en tiempos de cambios acelerados. p.70 Abril 1939, nº 136, año XI En una portada bastante osada para una revista de empresa, se expresaba indirectamente su actualidad y renovación. Haciendo alusión al pleno verano, posiblemente en una playa de Río de Janeiro, sugería que el teléfono podía ser usado incluso al aire libre. Los rascacielos del fondo y los muebles modernos conformaban un escenario de inserción natural del teléfono, aparato siempre presente en los ambientes que se modernizaban. En primer plano, la mujer, en traje de baño elegante y audaz, reunía elementos que hacían referencia a las prácticas de moda en la época: la cultura de los deportes y la vida al aire libre, saludable, a pleno sol. p.70

Agosto 1932, nº 56, año La sombra del niño en el teléfono se agiganta y muestra su preferencia por el aparato, a expensas de los juguetes, una muñeca y un boliche, abandonados en el suelo. En la ilustración sangrada, el título en color contrastante organiza la escena. p.71 Marzo 1931, nº 39, año I El inocente juego de balón causa un accidente y hace caer el teléfono al suelo, los niños se asustan y toman conciencia de que es necesario tener cuidado con el nuevo aparato. El teléfono se presentaba como un fetiche del cotidiano, respetado y atractivo. p.71 Mayo 1930, nº 29, año II El bebé se encuentre encima de una mesa escritorio, probablemente del padre, entre el secante y el tintero, y se comunica, o finge comunicarse, con un interlocutor. Observar que, como fondo, se simula en la composición del segundo plano una gran revista Sino Azul que orienta su acción. p.72 Septiembre/octubre 1933, nº 69, año V En un dibujo hiperrealista, dos niños fingen conversar a distancia, a través de un único aparato. El teléfono se difundía de forma lúdica, asociado a la simplicidad y la satisfacción de un juguete. p.72 Junio 1934, nº 78, año VI El perro que acompaña con interés la comunicación telefónica del niño sugiere la inserción del teléfono, fácil de usar, en la vida cotidiana del hogar. Tal vez el perro y el teléfono serían los grandes amigos de la nueva generación del siglo XX. Los tipos usados en el título de la revista son innovadores para la época, con letras estilizadas, especialmente la N y la Z que, reflejadas en espejo, equilibran la composición. p.72

Julio 1929, nº 19, año I Los niños vestidos para salir esperan a la elegante madre que habla por teléfono, lo que sugiere un ambiente de comodidad y seguridad transmitido a través del aparato. El salón decorado con el refinamiento de la moda de la época establece el estándar de excelencia de la familia, tal como lo disfrutaban los usuarios de la CTB. p.73 Octubre 1935, nº 94, año VII La representación de la familia feliz se repite, extasiada con el aparato telefónico, punto central de la escena. Al igual que en una tarjeta postal, los personajes rubios aparecen como imágenes idealizadas. La mirada del niño nos lleva al aparato telefónico, objeto de deseo. Los dos campos gráficos de la portada, el de la imagen y el del título, son destacados por el marco blanco, que aporta limpieza al conjunto. p.73 Enero 1939, nº 133, año XI Al igual que la mayoría de las portadas dedicadas al paso de un año a otro, esta usa simbólicamente la figura de los amantes. Cada uno de ellos está en un momento; ella en 1938, con el viejo padre espiándola; y él ya en 1939, probablemente en un viaje por el extranjero. La diferencia de zona horaria puede ser la causa de este desfase cronológico. Sin embargo, el teléfono conecta continentes, reduce las distancias y hace que el tiempo tenga otra dimensión. p.74 Agosto 1938, nº 128, año X El teléfono permite el embelesamiento de la interlocutora enamorada. La comodidad que ofrece el modelo de sobremesa propicia otra forma de diálogo, en una posición relajada. El marco a cuadros hace referencia a los paños de cocina con ese patrón, lo que indica que la mujer que habla por teléfono está en el hogar. La portada esta coronada por el título escalonado. p.74 Noviembre 1931, nº 47, año I En el dibujo estilizado, la pareja se comunica, por intermedio de la campana azul, que anuncia el servicio de llamadas de corta y larga distancia. En la parte inferior de la portada, la central que controlaba toda la red de esa comunicación. p.74

Julio 1933, nº 67, año V Los múltiples usos del teléfono se demostraban a través de situaciones poco usuales. En este caso, el agricultor, con ropa característica —pañuelo rojo al cuello y sombrero de cuero en la cabeza—, tiene problemas durante el viaje, por el desperfecto mecánico de su moderno Ford. Fue salvado por la comunicación telefónica, lo que sugiere algunas medidas: el anuncio de la demora en llegar o la solicitud de servicios especializados. Para reforzar la propaganda, al fondo, hay postes y cables, en pleno campo, y en la mano, el aparato que sostiene en una postura segura y relajada. Observar la ilustración, al estilo de los dibujos de los tebeos de la primera mitad del siglo XX. El otro personaje es el conductor, con su uniforme de chauffeur, un profesional presente en el cotidiano de familias acomodadas, las pocas que tenían coches en esa época. p.75 Marzo/abril 1954, nº 270, año XXVI El ilustrador Paulo Vieira, de la CTB, da prioridad al mensaje de la cooperación. En un dibujo hiperrealista, el niño contempla la sorprendente convivencia amistosa del perro y el gato. Se reafirmaba, a través de la ilustración, una de las reglas básicas de la empresa: la solidaridad. El epígrafe en el interior de la revista hacía referencia al «símbolo de la unión y cooperación que debe existir en todas las ramas de la actividad humana». Esta portada se publicó por primera vez en el número 21 de la revista, de septiembre de 1929. p.75 Mayo 1934, nº 77, año VI La pareja enamorada que habla por teléfono está limitada al centro de la portada, enmarcada por tiras decoradas con corazones y tres rayas en los márgenes. Abajo, en el campo del título, una guarda con triángulos sugiere el estilo marajoara, ampliamente usado por el art decó. p.75 Febrero 1928, nº 2, año Pierrot y un séquito de admiradores mascarados buscan a la fiestera carnavalera, que habla por teléfono, protegida en una cabina. La vibrante escena, con confeti y serpentina, está delimitada por la franja superior de color blanco, que la destaca. La informalidad de la escena contrasta con el diseño gráfico de la portada, con el título y los datos de la edición, de formato normalizado, que indica que es una revista institucional. p.76

Marzo 1930, nº 27, año III; Febrero 1938, nº 122, año XI; Febrero 1939, nº 134, año XI Durante varios años, Sino Azul, dedicó la portada de febrero a la fiesta más popular de Brasil. Las fiestas de carnaval, celebradas en los salones de baile, estaban pobladas de personajes muy populares, que aparecen representados en diferentes escenas en este grupo de portadas. En 1930, las colombinas buscan a sus pierrots a través de llamadas telefónicas. En 1936, en una escena teatral, a modo de escenario, un enamorado Pierrot se mueve hacia el proscenio, donde la figura femenina tal vez está en comunicación con su arlequín. En 1939, disfrazado de payaso, un juerguista habla por teléfono con expresión feliz. Confeti y serpentinas completan la escena multicolor. p.77 Noviembre/diciembre 1932, nº 59 y 60, año Campanas con diferentes tratamientos, doradas, azules y blancas, anuncian el mes de la Navidad entre guirnaldas y estrellas en la portada oro sobre azul. El título, que atraviesa verticalmente la página, en una ondulación sinuosa, aporta movimiento al diseño. Es una de las más sofisticadas portadas de la colección. p.78 Diciembre 1931, nº 48, año I Entre tantos regalos, la joven moderna abraza el preferido: el teléfono. O bien, el regalo que el teléfono le proporciona por medio de la llamada el día especial. La rama que cruza la página hace referencia al típico árbol de Navidad de los Estados Unidos. El fondo dorado era un refinamiento de la impresión, usado por pocos, dado su alto coste. p.78 Enero 1935, nº 85, año VII Se celebran la Navidad y el Año Nuevo con los logros de la CTB: el teléfono para llamadas locales, interurbanas e internacionales. Observado por Papá Noel, el niño, que personifica el Nuevo Año, desata los nudos de los cables telefónicos, facilitando las llamadas. p.78 Diciembre 1934, nº 84, año VI La portada estilizada se divide en dos partes, unidas por el círculo donde la torre de una iglesia —debidamente acompañada por el poste y cable telefónico— es la única ilustración. El fondo estampado a la izquierda, recuerda el estampado de las telas de moda, mientras que las líneas finas del título abundan en la levedad del conjunto. p.79

Diciembre 1928, nº 12, año En el primer año de la revista, se anuncia la Navidad de una forma casi ingenua, a juzgar por las otras ilustraciones sobre el tema. Transportado por una campana azul, el canto del gallo anuncia el día de Navidad, atado por los pies con una cinta verde y amarilla, en referencia a Brasil, pero también con la hoja símbolo de la Navidad de los Estados Unidos. El fondo blanco y el título dorado destacan la ilustración. p.80 Noviembre/diciembre 1943, nº 190, año XV En tiempos de guerra, Papá Noel pisa el globo terráqueo y destruye los instrumentos bélicos: barcos, tanques y cañones. En la parte superior, con la derecha, abraza el saco de regalos del que sobresale el teléfono. Con el brazo izquierdo, sostiene una paloma de la paz, un mensaje de augurio del final de la guerra. p.81 Diciembre 1940, nº 156, año XII El atento empleado de la CTB ayuda a Papá Noel a instalar el teléfono, en vísperas de la Navidad. En el piso, además del berbiquí que se cayó de la caja de herramientas, un pato y un tren eléctrico también saltaron del saco de Papá Noel, representando un momento de solidaridad y cooperación. p.81 Noviembre/diciembre 1947, nº 228, año XX El generoso Papá Noel aparece con tres sacos de regalos, repletos de teléfonos. Más que los aparatos, con un amplio gesto, presenta otro don: el avance de los cables del servicio de corta y larga distancia, como se anuncia en la campana azul, que asume la forma del cuerpo de un personaje estilizado. En el marco de color contrastante, muchos ramos verdes en forma de candelabros. Aunque los datos de la portada indican el año XIX, este número es el último del vigésimo año de publicación de la revista. p.82 Noviembre/diciembre 1950, nº 256, año XXI La pareja emocionada lee la tarjeta de Navidad que despierta recuerdos y nostalgia. Como fondo, una gran revista Sino Azul, con el logotipo de la CBT, envuelta en una guirnalda navideña. p.82

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Noviembre/diciembre 1954, nº 274, año XXVI Sobrevolando campos y ciudades, Papá Noel reemplaza el tradicional trineo tirado por renos por el teléfono, el medio de comunicación moderno. p.82

Diciembre 1966, nº 5, año XXXIX En la sencillez y limpieza del dibujo, está incluido el mensaje de atención inmediata de Papá Noel. Está atendiendo el teléfono, geometrizado, y en el pompón del gorro lleva el logotipo de la CTB. p.83 Diciembre 1956, nº 5, año XXIX En los deseos de Felices Fiestas, el teléfono está transmutado en arpa, tocada por un ángel del cielo. Al fondo, copos de nieve hacen referencia a la Navidad en el hemisferio norte, modelo de las tradiciones navideñas que fue adoptado por el Brasil. El teléfono pone cara de quien acompaña las canciones típicas de las fiestas. p.83 Diciembre 1968, nº 7, año XL A través de un tratamiento creativo que recorta la fotografía y la inserta en otro símbolo, se establece la complicidad entre el dibujo y la fotografía, entre la imagen y la letra. La información escalonada de la portada da lugar a información cadenciada, pasible de diversos registros. Este recurso fue ampliamente usado por el artista J. Carlos, cuando era director de las revistas O Malho y Para Todos, publicadas en Río de Janeiro. p.83 Diciembre 1937, nº 120, año X El regalo de Papá Noel es el teléfono, colocado a escondidas en la calidez del hogar preparado para las celebraciones navideñas. p.83 Enero 1932, nº 49, año El número de enero de Sino Azul llegaba con los deseos tradicionales de Año Nuevo, expresados a través de registros ingeniosos, en los que la imagen del recién nacido era constante. En esta portada, los usuarios festejan el Año Nuevo empuñando, como trofeos, varios modelos de teléfono, celebrando la llegada de 1932, simbolizado por la figura del niño rodeado de rayos de luz. El título, en la parte inferior, hace referencia al azul del logotipo de la empresa. p.84

Enero/febrero 1955, nº 275, año XXVII Sino Azul anuncia la llegada de 1955 con un dibujo dinámico, en ritmo de trabajo. El énfasis en los números, especialmente los dos números 5, hacen referencia al Plan Quinquenal de Juscelino Kubitschek y moviliza a todos los personajes de la portada en el desarrollo de la escena. En sentido horario, arriba, el operador ata el cable en el número 9, un poste con cables avanza por el cielo, la telefonista opera la comunicación, el ingeniero lleva su informe y la campana toca, en diálogo con el nombre de la revista. p.85 Abril 1936, nº 100 año IX El momento simbólico del levantamiento del poste, un tema que recibió diversos tratamientos, condensa el mensaje de la llegada del progreso. Aquí, el cliché reproduce un aspecto común en los trabajos de tendido de líneas telefónicas. El movimiento y el esfuerzo sugeridos por la imagen evocan el trabajo especializado, laborioso, y la eficiencia de la empresa, que avanza por parajes remotos, en nombre de la modernización del país. El tratamiento de baja definición de la ilustración potencia el mensaje. El título está definido por líneas sinuosas en la parte superior de la portada. p.86 Marzo 1935, nº 87, año VII La portada, diseñada por el empleado Alfredo Frederico Sedlemayer, reproduce una acuarela de un pintoresco tramo de carretera por donde se tendía la línea Trompowsky - Varginha, entre los Estados de Sao Paulo y Minas Gerais. El título recibió un tratamiento dinámico: letras blancas cortadas por líneas azules, para sugerir movimiento. p.86 Agosto 1935, n.º 92, año VIII Acuarela de Alfredo Frederico Sedlemayer, que reproduce parte de la ciudad de Pomba (estado de Minas Gerais). En una concepción bien equilibrada del paisaje, en el que el verde domina la escena, el camino de tierra, cortado por el puente rústico que cruza el río, avanza hacia la simple aldea en las montañas, donde destaca, a la izquierda, la torre de la iglesia. La ligereza del conjunto está acentuada por la letra cursiva de Sino Azul. Curiosamente, aquí no hay ninguna alusión al teléfono, excepto en el título de la revista, con letras que terminan en cables enrollados que hacen referencia al cableado telefónico. p.86

Noviembre 1935, nº 95, año VII La escena evoca nuevamente la rústica aldea, en la ciudad de Pomba (Minas Gerais), con la alineación irregular típica de los antiguos pueblos del Brasil. Muestra en primer plano, una construcción remaneciente, tal vez de barro apisonado, con alero y sótano habitable. Una palmera y ropa tendida, inundadas por el sol, componen su marco inmediato, mientras que las casas vecinas, con techos a cuatro aguas, completan el escenario, que sugiere un tiempo pasado, que puede o debe ser rehabilitado, con la llegada del teléfono. Ilustración de Alfredo Frederico Sedlemayer, ingeniero general de Río de Janeiro. El título se desplaza hacia abajo, enmarcado por líneas finas. p.87 Agosto 1936, nº 104, año I En otro paisaje de la pintoresca zona de Pomba (Minas Gerais), la acuarela reproduce la villa rural, antigua sede de la granja, casa con techo a cuatro aguas, corral y cerca de madera, tierras gastadas, de un tiempo que ha pasado. La colina desnuda, una palmera solitaria —simulacro de palma real— y, abajo, la era de cultivo indefinido, sugieren un paisaje que requiere renovación. Sin ninguna alusión a la llegada de las líneas telefónicas, la ilustración es de Alfredo Frederico Sedlemayer, del departamento de ingeniería general de Río de Janeiro. El título está en la parte inferior, sobre fondo azul, en letra muy estilizada. p.87 Octubre 1936, nº 106 año IX La portada, de imagen sangrada, muestra un aspecto de la vida en el campamento de las cuadrillas de tendido de las líneas interurbanas, que, por la distancia a que se encontraban de los centros de población, se ven obligados a improvisar una cocina al aire libre. Se registran dos tiempos: el territorio salvaje, en el pasado, y la llegada del progreso, en el presente, de la mano de la CTB. En medio del campamento improvisado, con una carpa de lona y una choza con techo de cinc, una empleada negra prepara el rancho en un rústico fogón de leña, para servir a los hombres de la Compañía que trabajan en el campo. El poste altanero de la CTB, ya instalado, anuncia el avance de la labor, aún incompleta, a juzgar por los postes que yacen en el suelo, en primer plano. El título se suelta, en cursiva, en la parte superior de la portada. p.87 Octubre 1939, nº 142, año XI Rompiendo el estereotipo de portadas de dos colores con ilustraciones geometrizadas, Sino Azul imprime a cuatro colores el dibujo casi ingenuo, que tiene como fondo un bucólico paisaje entremezclado de campos en varios tonos y la montaña imponente coronada por el cielo azul. Dinamizando la escena, un coche de carreras pasa raudo, mientras en

lo alto, circunscripto en un círculo, un hombre habla por teléfono, lo que sugiere la comunicación inmediata que acortaba las distancias. En otras palabras, el mensaje afirmaba que el teléfono era más rápido que el veloz coche de carrera. p.87 Agosto 1944, nº 198, año XVI A mediados de la década de 1940 todavía permanecían las referencias icónicas que simbolizaban la velocidad —el tren, el barco y el avión— y la verticalización urbana que sirve de fondo a la escena. El competitivo avance del tren y del teléfono en las vías y de los aviones en el aire le da movimiento a la ilustración, reforzada por muchos empleados en servicio dibujados en el marco. p.87 Febrero/marzo 1946, nº 212, año XIX En primer plano, el empleado en la cabina hace referencia a la eficiencia demandada por el operador del teléfono, que rige toda la dinámica de la vida moderna, caracterizada aquí por los trenes, uno de los cuales de diseño osado, y por los centros urbanos en desarrollo. El marco, ilustrado con los sucesivos modelos de teléfono, refuerza la idea de la evolución de los medios de comunicación, especialmente del teléfono. Una vez más, el título geometrizado con varias líneas libera el fondo blanco y le da más ritmo a la ilustración. p.87

Julio 1942, nº 175, año X La demostración de que los teléfonos eran más veloces, en comparación con los otros medios de comunicación, era constante. Aquí, el ejemplo está tomado de la torre de control de tráfico aéreo, donde el oficial se comunica con un punto distante mirando al avión, considerado el medio de transporte más rápido. La idea de control de la situación proviene del uso del teléfono, que serena a los personajes, a pesar de la tormenta que se abate sobre el aeropuerto Santos Dumont, de la ciudad de Río de Janeiro, según lo indican las montañas al fondo. p.89 Octubre/noviembre 1938, nº 130-131, año X La acuarela, en tratamiento teatral, reproduce el nuevo edificio de la Companhia Telefônica Brasileira de São Paulo, en la calle 7 de abril. El proyecto es del Escritório Técnico Ramos de Azevedo – Severo, Villares & Cia Ltda, con fiscalización de Hugo Maroni, ingeniero arquitecto de la empresa. Construido para dar cabida a todos los departamentos de la CTB, se inauguró en 1938. Para marcar su importancia, Sino Azul pone en escena la São Paulo moderna: «Esta es una construcción que honra a la ciudad de São Paulo, es uno de los edificios más bellos y más altos, en consonancia, por lo tanto, con el creciente y admirable progreso de la hermosa capital del gran estado. Su majestuosa silueta puede ser vista desde casi todos los puntos de la ciudad, sometiendo a la apreciación pública sus líneas sobrias, pero trazadas con elegancia dentro del espíritu de la arquitectura moderna.» p.90

Septiembre 1932, nº 57, año La utilidad del teléfono en las urgencias. De arriba a abajo, en sentido horario: en caso de incendio; para asistencia en obras de construcción; en caso de desperfecto del coche en la carretera, para urgencias médicas, para comunicación de transportes a distancia, para el departamento de bomberos. Centrando la ilustración, el teléfono es el protagonista de la escena, tiene al fondo un sol figurado, que hace referencia al disco del teléfono. p.89

Junio 1930, nº 30, año II El diseño a tres colores, no bien definido en la portada, mostraba la central 7, la segunda central automática de la CTB en Río de Janeiro, inaugurada el 7 de junio de 1930. Ubicada en la calle Visconde de Pirajá 44, barrio de Ipanema, atendía tambien a los residentes de Leme, Copacabana, Ipanema y Leblon, barrios en que vivía la élite de la ciudad y que estaban en proceso de desarrollo vertiginoso. Con dos plantas de hormigón armado, contaba con equipo telefónico para conmutar 5000 líneas telefónicas, cuando el anterior, manual, de 1919, tenía capacidad para conmutar 1600 líneas. De la reja de hierro a la fachada sencilla pueden verse rastros de art decó, que estaba tan a la moda. p.91

Octubre 1932, nº 58, año En la portada diseñada por el empleado Paulo Vieira, figuran los símbolos de la modernidad, presididos por la velocidad: el tren y el coche en tierra, el avión en el cielo y, en primer plano, el teléfono. La distancia y el tiempo son una experiencia diferente en el siglo XX. En función de los adelantos tecnológicos, hubo una ruptura con los viejos paradigmas y se impuso un nuevo ritmo a la vida cotidiana del hombre moderno. p.89

Agosto 1931, nº 44, año I Al mostrar la sede de la Central Telefónica de Belo Horizonte, en art decó calificado, la revista informaba de que el edificio podría «figurar condignamente entre los mejores de Belo Horizonte». Reproducido en acuarela, con un transeúnte al frente que permita percibir su escala, se eleva hacia el cielo azul, donde el título en cursiva, en medio de las nubes, aligera el conjunto. Su construcción correspondió a la instalación del servicio automático y de la línea de larga distancia. p.91

Septiembre 1930, nº 33, año II Sede del nuevo servicio automático de Petrópolis, inaugurado el 23 de agosto de 1930, situada en la avenida 15 de noviembre, n º 880. Diseñada por Hugo Maroni, arquitecto ingeniero de la CTB, que también dirigió las obras, fue construida por la empresa Dwight P. Robinson & Co. Difiere de la propuesta art decó, adecuada para los grandes centros, y se aproxima al tratamiento ecléctico, para combinar con el ambiente bucólico de la ciudad de Petrópolis. Notable, sin embargo, la maquetación y los elementos de la portada que, dividida en dos planos, en tonos sepia y azul, incluía bastante información: en la parte inferior, los mecanismos pertinentes al nuevo servicio, en la parte superior, la sólida construcción enmarcada, complementada, a los costados, por discos de teléfono, en perspectiva. El título en letra cursiva, al pié de la portada, completaba la maquetación. p.91 Julio 1931, nº 43, año I La combinación de campo y ciudad se reproduce en tratamiento creativo. Sobre fondo verde, se muestran plantas de caña de azúcar, la fotografía de la central telefónica de la ciudad de Campos, municipio del estado de Río de Janeiro, en el que se inauguraba el servicio automático y la nueva central. La construcción de líneas sobrias combinaba con la prosperidad local, beneficiada por la instalación de nuevas industrias. La revista afirmaba que su «apariencia arquitectónica está a la altura del adelanto urbano de Campos». El título, al pie de la portada, en blanco contorneado de azul, equilibra el peso de los planos y de la ilustración. p.92 Junio 1933, nº 66, año V La nueva central telefónica de Barbacena (Minas Gerais) se ilustra en azul en la parte superior de la portada que, más abajo, muestra, en el mismo tono, un cuadro que representa la ciudad durante la Revolución Liberal de 1842. El cuadro reproduce la antigua plaza de los Andradas, con la Casa de la Cámara y la iglesia matriz, donde se instaló más tarde el servicio telefónico. Las imágenes de los dos tiempos —el pasado y el presente— están vinculadas por el título Sino Azul. p.92 Febrero 1934, nº 74, año VI La portada, dividida en diferentes planos, establece el vínculo entre pasado y presente. Reproduce el monumento a Braz Cubas, como símbolo del espíritu de iniciativa del pasado y la nueva central automática de Santos, situada en la calle Braz Cubas nº 340, como símbolo de la concreción de las posibilidades y aspiraciones del presente. Discos telefónicos que simulan movimiento se explayan en la parte superior, en la que se destaca el título por la distribución especial de las letras. p.92

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1956, nº 4, año XXIX Inauguración a la medianoche del 1.º de septiembre de la central nº 62, situada en la esquina de la calle Iperoig con la calle Caiubi, en el barrio de Perdizes (São Paulo). Insertada en el marco del progreso de São Paulo, debía prestar servicio a cuatro mil nuevos abonados. En segundo plano se divisan los edificios que proyectan la ciudad moderna. El disco del teléfono, en negro, coordina la escena, y, por debajo de él, las personas en tránsito y los coches en movimiento. p.93

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Junio 1939, nº 138, año XI Edificio de la central automática de Belo Horizonte, en la avenida Afonso Pena, que se extiende hasta la calle Goiás Esta es la misma central de 1931, ampliada y adaptada para recibir los nuevos equipos. El montaje de la portada es inusitado, recortado por el marco decorado con rectángulos y círculos con los mecanismos del servicio automático. Al centro, el edificio ampliado exhibe su nueva fachada art decó. Los transeúntes, diminutos, y el paso de un coche animan la escena geometrizada, sugiriendo su escala. El título se destaca por el movimiento similar al de los elementos del marco. p.93

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Junio 1935, nº 90, año VIII La portada, muy elaborada, estampaba a primera vista la fotografía del edificio de la central 48, en Río de Janeiro, que se inauguraría a las 0 horas del 3 de junio, «cuando ya esté en la imprenta el presente número de Sino Azul». Parte del marco tenía estampadas campanas azules estilizadas, mientras que el título se rebuscaba en círculos en los extremos de las letras, recurso que ya se había usado en otra portada y que hacia referencia a los cables telefónicos. p.93

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1956, nº 1, año XXIX Edificio majestuoso en el que la CTB centralizaría las oficinas dispersas por la Capital Federal. Diseñado por el arquitecto João Khair y edificado por la Construtora Guanabara, la obra fue supervisada por el arquitecto Manuel Augusto Côrtes, del departamento de ingeniería de la empresa. Con dos bloques, el primero de 15 pisos y el segundo de 10, con cinco ascensores Otis, podía acomodar a 1300 empleados. Equipado con brise-soleil, el hall del piso y de las paredes, hasta una altura de dos metros, estaban revestidos de mármol blanco con tiras verdes. Externamente estaba revestido de mármol gris y negro, hasta la altura del entrepiso. p.93

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