apresenta
darcĂlio lima um universo fantĂĄstico
apresenta
darcĂlio lima um universo fantĂĄstico
Curadoria Guilherme Gutman
8 de julho a 30 de agosto de 2015
Presidenta da RepĂşblica
Dilma Rousseff Ministro de Estado da Fazenda
Joaquim Levy Presidenta da Caixa
Miriam Belchior
A CAIXA é uma das principais patrocinadoras da cultura bras ileira e destina, anualmente, mais de R$ 60 milhões de seu orçamento para patrocínio a projetos culturais em espa ços próprios e de terceiros, com ênfase em mostras cin e mat ográficas, exposições de artes visuais, peças de teat ro, espetáculos de dança, shows musicais, festivais de teatro e dança em todo o território nacional, e também em arte sanato brasileiro. Os projetos são escolhidos por meio de seleção pública, uma opção da CAIXA para tornar mais democrática e acessível a participação de produtores e artistas de todas as unida des da federação, e mais transparente para a sociedade o invest imento dos recursos da empresa em patrocínio. A exposição Darcílio Lima – um universo fantástico, com ideal ização e coordenação de Afonso Costa e curadoria do psicanalista Guilherme Gutman, é uma iniciativa de resgate, valorização e divulgação completa do trabalho do artista plást ico Darcílio Lima, um dos maiores representantes do surrealismo no Brasil. Ao trazer mais esta mostra para o público brasiliense, a CAIXA reafirma sua política cultural de estimular a discus
são e a disseminação de ideias, promover a pluralidade de pensam ento, mantendo viva sua vocação de democratizar o ac ess o à produção artística.
Caixa Econômica Federal
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Lembranças e resgates... Afonso Henrique Costa
Darcílio Lima e Ivan Serpa Sem título, 1971 Nanquim sobre papel 48,2 x 38,3cm Coleção Guilherme Gutman
Idealizar e trabalhar na coordenação da retrospectiva de Darcílio Lima está se revelando para mim uma volta ao passado. Sempre me interessei por arte. A arte sempre esteve presente na curiosidade do foco do meu olhar, algo inato que não sei justificar. Nasceu comigo. Por volta de 1966/67, decidi frequentar as aulas que eram oferecidas pelo Departamento de Cursos do MAM-RJ. Muitos as ministravam, entre os quais Ivan Serpa, de quem me tornei aluno. É para mim indiscutível que o grande aprendizado que Ivan Serpa me legou foi o de me ensinar a olhar a arte. Ele afinou o meu olhar, libertou-o, tornando-o mais sábio, claro e objetivo. Suas aulas eram concorridas e, de alguma forma, todo mundo aparecia por lá; afinal, o MAM-RJ, naquele mo mento, era o coração pulsante do cenário artístico na cidade. Havia um ecletismo total entre os alunos de Ivan Serpa. Tinha de tudo. Desde pessoas muito jovens, o que era o meu caso, a pessoas idosas, como Grauben do Monte Lima, que começou a pintar já em idade avançada, e realizava uma pintura naïf pontilhista, ilustrada por uma magia de flores, plantas, pássaros e pavões, e incontáveis borboletas. Aparecia sempre muita gente. Desde Hélio Oiticica, Lygia Pape, Antônio Manuel, e claro, Darcílio Lima, cujo trab alho fantástico e obsessivo em bico de pena me dei xava fascinado.
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Frequentar o MAM-RJ passou a ser uma rotina na mi nha vida. Era um oásis de liberdade em um cenário de di tadura militar, quando a censura reinava no país. O museu pulsava com sua fabulosa cinemateca onde assisti a tudo que era relevante, e não perdia as exposições e eventos que gerava no seu entorno. Recordo dos Resumos JB, do Salão da Bússola, e dos Domingos da Criação, estes realizados em 1971 por Frederico Morais, verdadeiros happenings que atraíam multidões e eram notícia na mídia. Rememoro o especial carinho de Serpa pelo Darcílio. Serpa, inclusive, generosamente o abrigou em sua casa, após sua permanência na Casa das Palmeiras, onde Nise da Sil veira realizava um trabalho memorável. Ivan Serpa adorava Darcílio Lima, certamente um de seus alunos prediletos, o incentivava e o apoiava ao máximo. É indiscutível que foi seu pai artístico, com todo o empenho e desvelo possíveis. Ele afirmava que Darcílio não precisava frequentar aulas, precisava, sim, trabalhar, e assim, a cada dia, ele se tor nava mais obsessivo construindo sua obra notável.
Ivan Serpa enforcando Darcílio Lima, s/d Ivan Serpa e Darcílio Lima trabalhando juntos na residência Serpa, s/d
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Seus desenhos, com milhares de pontos e traços, de mandavam muito tempo para sua execução. Ele era mesmo perfeccionista e virtuoso. Darcílio tinha prazer em mos trar sua obra, revelando o conteúdo da pasta que sempre carregava, e numa dessas ocasiões terminei por adquirir uma gravura. Agora, resgatar sua obra me causou a mesma sensação, vendo colecionadores abrindo pastas com seus trabalhos. Não foi fácil, pois além de Darcílio ter, na verdade, nos le gado uma obra pequena, já que seus trabalhos demandavam muito tempo para serem executados, com tamanho virtuo sismo e obsessão, nada localizamos dele em museus e ins tituições, a não ser um desenho da Coleção Gilberto Chate aubriand que se encontra em comodato no MAM-RJ, e que está participando da retrospectiva. Os trabalhos, de fato, se encontram dispersos em coleções particulares, e foi graças à generosidade e ao entusiasmo de seus proprietários que estamos conseguindo reunir conjunto tão relevante. Quero agradecer a todos eles, e ainda a Guilherme Gutman, que aceitou com tanto entusiasmo o meu convite para esta corajosa empreitada de fazer a curadoria da mos tra, e que fez questão de partilhar comigo a seleção das obras apresentadas. Com esse resgate que realizamos, afinal sua obra ainda é tão pouco conhecida, fico feliz e orgulhoso em ver reunido, pela primeira vez desde seu falecimento, o maior e mais im portante conjunto de obras de Darcílio Lima, artista notável e virtuoso, na construção de um universo fantástico!
Afonso Henrique Costa atua como produtor, curador, marchand e cons ultor no mercado de arte, tendo sido associado a diversas ga lerias, com as quais realizou antológicas exposições. Participou – e ainda é integrante – da diretoria e do conselho de diversos mus eus e instituições culturais. Foi responsável pela formação de impor tantes coleções, entre as quais a Coleção João Sattamini, em co modato no MAC/Niterói, na qual desenvolveu, sobretudo, seu fa buloso núcleo concreto. Produziu numerosas exposições no Brasil e no exterior, e foi responsável pelo lançamento de diversos reno mados artistas. Nasceu e reside no Rio de Janeiro.
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Darcílio Lima e o labirinto da grande serpente Guilherme Gutman
Reprodução do cartaz de exposição realizada na galeria L’Atelier com texto de Mário Pedrosa, 1968 60 x 38cm Coleção Família Ivan Serpa
Existe uma antiga lenda sobre a fundação da cidade de Cas cavel, no Ceará. Sob o seu solo, viveria uma enorme e dia bólica serpente; venenosa cascavel da qual a cidade teria, então, recebido o seu nome; uma nomeação em sua acepção forte: algo que ao mesmo tempo marca e cria o mito de ori gem, em torno do qual um povoado começa a se enovelar. Nomeados pela serpente e vivendo sob o jugo do mito, os citadinos construíram uma torre – que mais parece um altíssimo e robusto bastão fincado na terra –, que impediria a grande serpente de sair dos subterrâneos que habita e de avançar, inclemente, voraz e veraz, sobre a cidade e sobre a sua gente, tão temerosa de sua fúria quanto fervorosa mente crente dos poderes de proteção atribuídos à imagem de uma Nossa Senhora do Ó, postada no alto desse pedes tal sui generis. A torre fálica, totêmica, na mesma medida em que contém o monstro, faz recordar a todos que ele está lá. Adormecido ou espumando de raiva, não se sabe, mas decerto com ferocidade ímpar, com a força de legiões, com a potência trágica e com a estranha beleza dos malditos. O bastão constrange a besta, mas, ainda assim, ela en controu uma forma de derramar a sua peçonha sobre as ci dades. Ela encontra o seu veio, pelo qual flui. É possível imaginá-la, percorrendo canais escuros, roçando a sua pele pelas paredes terrosas ou aninhada no buraco em que foi for çada a estar, com os olhos bem vivos, rutilantes, atenta aos sons e às vibrações do terreno, e aos sons daquilo que por cima da terra, para além da Terra, de algum modo, ela alcança.
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Seu rasto é misterioso e sinuoso – como cabe às co bras – e os sulcos que deixa por onde rasteja não marcam o chão da pequena cidade brasileira, posto que referidos a outra geografia; seu caminho é o dos giros cerebrais – dos corações e mentes – daqueles que se deixam afetar pelo traço fantástico de Darcílio Lima. O seu tracejado é o dos mistérios cósmicos e das constelações de decifração difí cil, mas, na mesma medida e paradoxalmente, a sua arte é pedestre: ela não fala apenas a língua dos anjos – celestes ou decaídos – também fala a língua dos homens, tocando as coisas da carne, da violência e da paixão. A serpente e os seus pares estão por todo lado na obra de Darcílio: há felinos de olhares enigmáticos e sedutores ou francamente ameaçadores, com a sua bocarra aberta e os seus dentes afiados; há aves antropomorfizadas, enlaçadas a todo tipo de ser incomum; há rabos de peixe, asas e gar ras e, sempre, as cobras, inteiras ou metamorfoseadas em outras criaturas; às vezes, apenas sugeridas em sua textura escamosa, marca de muitos desenhos e gravuras do artista. São seres que se mostram terríveis, selvagemente an dróginos, atravessados por dores excruciantes e, talvez por isso, igualmente dispostos à imposição da dor. Eles se entre devoram, copulam, interpenetram-se, mastigam-se orgiasti camente. Há ventres intumescidos de gravidezes múltiplas, mamas de mamilos salientes, vaginas e pênis que recebem e penetram, línguas insinuantes e sedentas. Não são seres passivos: há muito movimento. E sobre cada um desses seres que compõem um besti ário fabuloso há, tal como vestes profanas, outros seres, às vezes pequeníssimos, tal qual alucinações liliputianas, que se relacionam com erotismo. Há, também, outras camadas sobre esses corpos: são como tecidos de padronagens varia das – como havíamos dito, talvez escamas de serpente – que Darcílio realiza obsessivamente e com grande apuro técnico. De onde virão os seres dessa “fauna darciliana”? Há certamente fortes motivações inconscientes na re petição de certos temas em Darcílio, mas, ao contrário do artista comum – no sentido específico de alguém que cria, por assim dizer, tendo como apoio, o solo mínimo de esta bilidade que a neurose supõe, em contraponto à estrutura psicótica –, ele é compelido a retecer a fina matéria de um mundo em que possa viver.
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Como apreciar, em toda a sua magnitude, a experiência estética que Darcílio Lima deixa com a sua obra? Talvez, aproximando-se com suavidade de cada um de seus traba lhos e, como quem cola o ouvido na terra, escutar o sibilo e o chacoalhar da grande cascavel em seu labirinto. Guilherme Gutman cursou medicina na Universidade Federal Flu minense, fez residência médica em psiquiatria, quando iniciou sua formação em psicanálise. Fez mestrado e doutorado no Instituto de Medicina Social/Uerj. Trabalhou em muitas instituições psiquiátri cas, onde pôde aprofundar a sua compreensão das relações entre Darcílio Lima em requintado interior Europeu, s/d
arte e loucura. É professor adjunto do Departamento de Psicologia da PUC-Rio, psicanalista e autor de vários artigos e capítulos de li vro. Nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro.
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Sem título, 1968 Aquarela e nanquim sobre papel 47,6 x 38,6cm Coleção Família Ivan Serpa Sem título, 1966 Guache sobre papel 41 x 50cm Coleção Guilherme Gutman Sem título, 1968 Nanquim sobre papel 68 x 51cm Coleção Família Ivan Serpa
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Sem título, 1968 Nanquim sobre papel 67,3 x 48,2cm Coleção Fabio Settimi Sem título, 1967 Nanquim sobre papel 48 x 40cm Coleção Carlos Byington
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Sem título, 1967 Nanquim sobre papel 48 x 40cm Coleção Carlos Byington Sem título, 1967 Nanquim sobre papel 48 x 40cm Coleção Carlos Byington
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Sem título, 1967 Nanquim sobre papel 48 x 40cm Coleção Carlos Byington Sem título, 1967 Nanquim sobre papel 48 x 40cm Coleção Carlos Byington
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Visão, 1968 Nanquim sobre papel 49 x 45,4cm Coleção Gilberto Chateaubriand Sem título, s/d Nanquim aquarelado sobre papel 55,1 x 39cm Coleção Guilherme Gutman
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Sem título, 21/02/1969 Nanquim sobre papel 47,2 x 37,4cm Coleção Jorge Eduardo Lima Figueiredo Sem título, 1969 Nanquim sobre papel 45,9 x 36cm Coleção Família Ivan Serpa Sem título, 1967 Nanquim sobre papel 51,6 x 40,9cm Coleção Família Ivan Serpa
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Espelho, 1971 Lápis de cor aquarelado e caneta esferográfica sobre papel 51,3 x 51,3cm Coleção Marcio Gobbi Fernandes
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Sem título, 1968 Aquarela e nanquim sobre papel 42,6 x 32,9cm Coleção Família Ivan Serpa Sem título, 1970 Hidrocor sobre papel 56,2 x 40,9cm Coleção Família Ivan Serpa
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Sem título, 1970 Nanquim e hidrocor sobre papel 47,8 x 38,6cm Coleção Família Ivan Serpa
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Sem título, 1968 Aquarela e nanquim sobre papel 36,6 x 31,1cm Coleção Família Ivan Serpa Sem título, 1969 Hidrocor sobre papel 48,4 x 38,9cm Coleção Família Ivan Serpa
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Sem título, 1967 Aquarela e nanquim sobre papel 65,4 x 50,6cm Coleção Família Ivan Serpa Sem título, 1967 Aquarela e nanquim sobre papel 63,8 x 48,8cm Coleção Família Ivan Serpa Sem título, 1967 Aquarela e nanquim sobre papel 62,8 x 47,8cm Coleção Família Ivan Serpa
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Sem título, 1967 Aquarela sobre papel 69 x 54cm Coleção Técio Lins e Silva Sem título, 1967 Guache e esmalte sobre papel 48,6 x 39,6cm Coleção Família Ivan Serpa
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Sem título, 1968 Colagem sobre papel 40,6 x 37,3cm Coleção Família Ivan Serpa Sem título, s/d Nanquim e colagem sobre papel 72,6 x 54,6cm Coleção Família Ivan Serpa
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Sem título, 1968 Intervenção (desenho) com nanquim sobre envelope impresso, postado e selado 33,6 x 32,1cm Coleção Família Ivan Serpa Sem título, 1969 Intervenção (desenho) com nanquim e aquarela sobre cartaz 36,8 x 29cm Coleção Família Ivan Serpa
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Sem título, 1967 Pintura bilateral sobre placa de madeira 50 x 26,5cm Coleção Marcio Gobbi Fernandes
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Antonio Manuel e Darcílio Lima Che Guevara Serigrafia de Antonio Manuel aquarelada por Darcílio Lima, s/d 77 x 58,5cm Coleção Laura Olivieri Carneiro de Souza Antonio Manuel e Darcílio Lima Che Guevara Serigrafia de Antonio Manuel aquarelada por Darcílio Lima, s/d 77 x 58,5cm Coleção Marcia e Luiz Chrysostomo
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Sem título, 16/05/1966 Xilogravura 44,1 x 37,1cm Coleção Família Ivan Serpa Sem título, 1969 Litografia, 05/50 69 x 48,7cm Coleção Guilherme Gutman
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Sem título, 1972 Litografia, P.A. I 85,5 x 67,5cm Coleção Guilherme Gutman Sem título, s/d Litografia, P.A. 74 x 55cm Coleção Alex Gama Sem título, 1972 Litografia, 07/25 79,4 x 59,4cm Coleção Jorge Eduardo Lima Figueiredo
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Sem título, 1968 Litografia, 16/60 88,3 x 69,5cm Coleção Guilherme Gutman Sem título, 1970 Litografia, P.A. III 82 x 62cm Coleção Guilherme Gutman
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Sem título, s/d Água-forte e água-tinta 80 x 53cm Coleção Família Ivan Serpa Sem título, 1988 Serigrafia, P.A. 3/3 66 x 48,1cm Coleção Guilherme Gutman
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Sem título Pintura sobre vaso de cerâmica 48 x 20 x 20cm Coleção Família Ivan Serpa
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Darcílio (Paula) Lima cronologia da vida e da obra Guilherme Gutman
1944 Nasce em Cascavel (CE). Último filho de uma prole de cinco. Ainda na infância, muda-se para a capital, Fortaleza. Aos dez anos fez a sua primeira exposição, ainda no colégio.
Certos quadros eram apenas isso, uma imensa e hermética pedra que eu ia violentar em seguida. [Em seguida] foi a fase dos nus, todos adquiridos por Dona Nise da Silveira para a sua Clínica da Casa das Palmeiras. 1966, ano da aceitação integral da minha verdade. Grande interesse por leituras de ficção científica, Sartre e os evangelhos.
1958 Vem para o Rio de Janeiro (RJ). Segundo um crítico da época, seus temas eram “jangadas e praias”. Aos 15 anos trabalhou com guache e aos 20, experimentado a tinta a óleo.
1966 Vive em condições adversas, até que é acolhido pela Dra. Nise da Silveira (1905-1999) na Casa das Palmeiras, lugar de promoção da saúde mental, nos moldes de uma psiquiatria libertária e sob forte influência das teorias de Carl G. Jung. Produz vários trabalhos que permanecem no acervo da instituição. Sobre o período anterior a 1966, diz ele: Não era aquilo que eu queria, aquelas paisagens passivas. Queria uma coisa além da realidade. Então comecei a pintar só pedras, foi a minha crise.
1967 Foi encaminhado pela Dra. Nise ao ateliê de Ivan Serpa (1923-1973), que já a conhecia a partir do trabalho que desenvolveu em conjunto com o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), com Almir Mavignier (1925), então funcionário da secretaria do hospital psiquiátrico, e com Abraham Palatinik (1928) no Centro Psiquiátrico Pedro II (Engenho de Dentro, Rio de Janeiro), no final da década de 1940. Darcílio morou e trabalhou ao lado de Serpa por quase três anos. Estimulada por Serpa, a sua produção avançou muito, encontrando a trilha que, nos anos seguintes, resultou no que talvez seja o melhor de sua obra. Recebe a Grande Medalha de Ouro no III Salão de Arte Contemporânea de Campinas (SP). Segundo um crítico de arte, membro do júri, “Ninguém sabia quem era”.
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Darcílio Lima na Primeira Comunhão, s/d Darcílio Lima no seminário, s/d Darcílio Lima no carnaval, s/d Darcílio Lima servindo o Exército, s/d
1968
1969
Inaugura, em janeiro, sua primeira exposição individual,na Galeria L’Atelier (Rio de Janeiro), com texto de apresentação de Mário Pedrosa. Nessa exposição, um jornalista da época afirma, “[Darcílio] foi convidado por um militar a retirar as estrelas de coronel que usava em sua indumentária no dia da inauguração”.
Integra o VII Resumo de Arte do Jornal do Brasil, categoria “desenho” no MAM–RJ.
Integra o VI Resumo de Arte do Jornal do Brasil, no MAM-RJ e o XVII Salão Paulista de Arte Moderna. Obtém o certificado de isenção de júri no XVII Salão Nacional de Arte Moderna. Participa de várias coletivas: “Mostra de arte fantástica – necrológica”, no Floresta Country Club (Rio de Janeiro), no qual apresenta o objeto A virgem; “Carolina”, composta de “interpretações plásticas do personagem da música de Chico Buarque de Holanda”; e “As eróticas”, no Museu de Arte Moderna da Bahia. Na noite de vernissage de Ivan Serpa, uma jornalista do Jornal do Brasil (Rio de Janeiro) escreve: Darcílio Lima, também pintor, apareceu com um trabalho intitulado A noiva. O trabalho: uma jovem, (aluna, aliás, de Serpa), vestida com longa veste branca, pintada com símbolos e caracteres eróticos que só são mesmo entendidos quando seu autor os explica, de viva voz.
Capa do livro A Celestina, clássico espanhol de Fernando de Rojas, feita a partir de desenho original. Recebe isenção de júri no XVIII Salão Nacional de Arte Moderna, e o prêmio Assis Chateaubriand no Salão da Bússola. Participa da Sala Especial Sala de Arte Mágica, Fantástica e Surrealista, na X Bienal de São Paulo. Conhece e se aproxima do premiado desenhista e gravador Marcelo Grassmann (1925),um entusiasta de seu trabalho e o introduz na técnica da gravura.
1970 Participa da IV Coletiva da Galeria Ibeu– “O rosto e a obra”; da Jovem Arte Contemporânea, no Museu de Arte Contemporânea da USP e do XIX Salão Nacional de Arte Moderna. Interesse de europeus pelo seu trabalho: Mantém contato com Jacques Fouché, da Arte-Idéia; ilustra um texto de JeanJacques Pauvert para a revista francesa Bizarre. E acerta com Eric Losefeld o lançamento de um livro de desenhos para a sua editora, segundo um jornalista do Correio da Manhã (RJ).
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1971
1974
Ganha o prêmio de Viagem ao Exterior no XX Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM–RJ.
Tem trabalhos incluídos na Mostra de Gravura Brasileira, Fundação Bienal de São Paulo.
Integra o III Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM–SP.
1975
Aparece na revista londrina Art and Artists em imagens e em texto crítico de Beresford Evans.
1972
Retorna ao Brasil. Publicação do livro Darcílio Lima, diafragma, primeiro número da Coleção Arte Hoje: Almas e Climas (Rio de Janeiro: Etcetera Edições).
Comentário de um crítico: Aplicando o prêmio [de viagem ao exterior], realiza um périplo de viagens que o teria levado aos extremos de Nova York, Cairo, Medina, Turquia, Paris, Escócia e Weimar. Há também referências à “Escócia [onde teria vivido em um castelo], à Floresta Negra e à Áustria”.
Participa da XIII Bienal de São Paulo.
Durante sua estada de dois anos em Paris, assinou contrato com a editora de gravuras Vision Nouvelle, a mesma de Miró, Dali e Vasarély.
Participa da Bienal Nacional com três desenhos, em bico de pena, da série Legião e outros dois da série Diafragma, um dos quais reproduzido no catálogo.
Publica o texto “Vision contemporary” na revista inglesa The Image, acompanhado de imagens de seus trabalhos.
1982
Apresenta exposição na galeria Trois, Pleux, Deux, em Paris.
1983
Realiza exposição na Galeria Bonino; a última organizada pelo artista, quando saiu do cenário artístico e ninguém sabia notícias suas.
1976
Volta para Cascavel (CE).
A pedido do prefeito, desenha a bandeira oficial de sua cidade natal.
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Bandeira oficial do município de Cascavel (CE) Poliamida resinado 130 x 90cm O desenho foi feito por Darcílio Lima em 1983, a pedido do prefeito Jurandir Dantas de Sousa
1985
2001
Um jornalista que o encontra em Cascavel relata: “Deparei-me com um mendigo de olhar perdido, cabelos ralos e mal cuidados. [...] Morava agora nos fundos de uma velha igreja Batista, ao lado de um cemitério”. Começa a ser articulado o seu retorno ao Rio de Janeiro.
Quinze desenhos sobre papel, produzidos em 1966, na Casa das Palmeiras, são apresentados em “Inconsciente e criação”, no Museu Nacional de Belas-Artes, Rio de Janeiro.
1986 Possível ano de retorno ao Rio de Janeiro.
1988 Última exposição em vida, na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro.
1990 Foi morar em Búzios (RJ), onde voltou a produzir em óleo sobre tela.
2004 “Mar do inconsciente: a imagem como linguagem”, exposição de artistas da Casa das Palmeiras, no Espaço BNDES, Rio de Janeiro.
2005 Seus trabalhos são apresentados na exposição “Visual glossolalia”, na Louise Ross Gallery, em Nova York, junto de artistas como Minnie Evans e Carlo Zinelli.
2006 1991 Morre em Cabo Frio (RJ), em 31/08, em consequência de uma queda sofrida em Búzios, seguida de traumatismo craniano.
Mostra em homenagem aos 150 anos de nascimento de Sigmund Freud, Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza (CE).
2012 2000 Tem obra exposta na “Mostra do Redescobrimento”, Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo.
Outsider Art Fair, Nova York.
2013 Metro Show, Nova York.
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vídeos
Fragmentos do Fantástico Roteiro e direção / Celia Resende Fotografia / Belisario Franca e Paulo Santos Filho Assistente de direção / Roni Lima Luz e still / Leonardo Nery Produção / Luiz Carlos Lopes Assistente de produção / João Paulo Lima Edição / Celia Resende, Giorgio Albonetti e Ruy Junior
Cosmovisão Audiovisual de Paulino Cabral de Mello
Soraia Cals entrevista Celia Resende no programa Arte é Investimento
Reprodução do livro Diafragma, da editora Etcetera, 1975 40,64, x 24,13cm
Leia aqui a versão completa do catálogo
Encarte do compacto com a trilha sonora do filme Carnaval, o aval da carne, de Carlos Marques e Ralph Justino, 1983
Bruna Lessa CRB-5/1764 C837 Costa, Afonso Henrique. Darcílio Lima: um universo fantástico / Afonso Henrique Costa e Guilherme Gutman. – Rio de Janeiro : R&L Produtores Associados , 2015.
48 p. : il. color.
Revisora: Rosalina Gouveia. Fotografia: Vicente de Mello e Jaime Acioli; projeto gráfico, Aline Carrer. Editor: Rodrigo Andrade Alvarenga e Lucas Lins Gesteira. ISBN 978-85-67067-05-6 1. Surrealismo. I. Gutman, Guilherme. II. Título. CDU 7.035.7 CDD 759.06
DARCÍLIO LIMA
Tratamento de imagens
Evandro Carneiro
UM UNIVERSO FANTÁSTICO
André Cossich
Evânio Reis Bessa
8 de julho a 30 de agosto de 2015
Identidade visual
CAIXA Cultural Brasília Galerias Piccola I e Piccola II SBS Quadra 04 Lotes 3/4 Edifício Anexo à Matriz da CAIXA 61 3206-9448 | 3206-9449
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n ão r ec o m e n d a d o p a r a m en o r es d e 16 an o s
Realização
R&L Produtores Associados Direção de produção
Rodrigo Andrade Gestão de projeto
Lucas Lins Idealização, montagem e coordenação geral
Isabela Gonçalves Vieira Jaime Acioli
Aline Carrer
Jossua Molteni Aquarone
Impressão
Kyko Barros
Ultraset
Luiz Camillo Osório
Assessoria de imprensa
Mário Pedrosa (in memoriam)
Meio & Imagem Comunicação
Marta Mestre Mônica e George Kornis
Museologia
MAM Rio de Janeiro
Ana Maria Carvalho
Pedro Sanchez Cardoso
Ivanei Silva
Ronie Mesquita
Restauração
Rosa e Paulino Cabral de Mello
Alex Gama
Soraia Cals Vera Pedrosa
Cenotécnica
Mário Costa [Claquete] Iluminação
Milton Giglio [Atelier da Luz]
Agradecimentos aos colecionadores
Alex Gama Carlos Byington
Transporte
Fabio Settimi
Afonso Henrique Costa
Atlantis
Gilberto Chateaubriand
Curadoria
Seguro
Guilherme Gutman
Guilherme Gutman
Affinité
Revisão de texto
Agradecimentos
Rosalina Gouveia
Adriano de Aquino
Versão para o inglês
Márcio Pinheiro
Jorge Eduardo Lima Figueiredo Laura Olivieri Carneiro de Souza Marcia e Luiz Chrysostomo
Anna Letycia Quadros Antonio Manuel
Marcio Gobbi Fernandes Técio Lins e Silva
Carlos Alberto Gouvea Chateaubriand
Agradecimentos especiais
Vicente de Mello (todas com exceção de)
Celia Resende
João Paulo Lima
Cosac Naify
Leila Serpa
Jaime Accioly (p. 35)
Edmundo Bessa
Fotógrafos não identificados (p. 6, 11, 44 e 45)
Elisa Byington
Lygia e Ivan Serpa (in memoriam)
Fotografia
r eal izaç ão
Heraldo Serpa
Yves Serpa apo io
patrocínio
d i s t r i b u i ç ã o g r a t u ita
re a l i z a ç ã o
apoio
patrocínio