Marrocos & Espanha

marrocos & espanha 2010

Pela internet descobrimos uma locadora de motos BMW em Madri, Espanha, a IMTBike – www.imtbike.com e logo no primeiro contato fomos atendidos por uma brasileira, Juliana, e ela nos ajudou bastante a fazer as reservas das motos, duas BMW, modelo F 650 GS. No dia 22 de setembro de 2010 batemos à porta da IMTBike, eu e a Regina, junto com os amigos Luizão e Dulce. Estávamos carregados de malas, que deixamos guardadas nessa loja, colocamos algumas roupas nos baús – um superior e dois laterais. Instalei o GPS no guidão da moto e “ripa na chulipa”.

Ah! Antes de partir, pegamos com a Juliana as melhores dicas para viajarmos por estradas secundárias e esta foi uma ótima opção. Rodamos por estradas “vicinais” perfeitamente asfaltadas e sinalizadas, que estavam totalmente vazias, só esperando por nós.

Assim pudemos experimentar a BMW, em longas retas as motos mostraram que são velozes e nas curvas, abertas ou fechadas, elas provaram que o tanque de gasolina abaixo do banco confere muita estabilidade à moto.

Madri, Toledo & Ciudad Real.

280 km.

Logo chegamos a Toledo e como já era uma boa hora para o almoço, paramos no primeiro restaurante que avistamos na entrada da cidade antiga, o Arrabal. Por 9,00 €, por pessoa, comemos o menu formado por salada, espaguete, frango e sobremesa.

Após o almoço, passeamos de moto pelas ruelas da cidade Medieval e ficamos encantados com os palácios, castelos, casas, lojas, igrejas. Em qualquer canto deixávamos as motos para conhecer, fotografar, conversar...

Saímos de Toledo, pegamos a estrada A4 – só nossa – e fomos em direção a Granada. Não fizemos planejamentos e nem reservas em hotéis, apenas saímos com a intenção de visitar Granada e como saímos tarde de Toledo, rodamos apenas 100 km e paramos em Ciudad Real, Cidade de Don Quixote de La Mancha e seu fiel escudeiro, Sancho Pança. Em todos os lugares se encontra referências do personagem criado por Miguel de Cervantes. O herói que decide tornar-se um cavaleiro andante, parte pelo mundo e vive o seu próprio romance de cavalaria.

Voltando ao nosso tempo e aos nossos cavalos parados na “estrebaria” do hotel... na manhã seguinte estava chovendo. Em compensação o Hotel Amazadon era muito confortável e ao lado do Hotel havia uma loja de moto. Quer coisa melhor? Dormimos até mais tarde, visitamos a loja de moto e fuçamos em tudo lá dentro, até que a chuva diminuiu. Granada estava perto.

Ciudad Real - Granada: 210 km Seguimos pela estrada A4, passando por San Lourenzo. Em Granada nos hospedamos no Hotel Etap, à 39,00 € o apartamento para casal. Lá visitamos a praça Del Touro, o Castelo Vermelho - Alhambra e, o que mais nos surpreendeu, o Museu “Cuevas del Sacromonte”.

Situado em “El Barranco de los Negros”, As grutas de Sacromonte foram criadas na antiguidade. Abandonadas pelos primeiros habitantes, no século XV os Ciganos da Índia, povo enigmático e livre, com sua própria língua e escrita, utilizaram aquela área para se esconder da guerra entre Cristãos e Mouros. Eles cavaram a encosta da Montanha e criaram novas grutas para moradia, com quartos e cozinhas, oficinas de tear, cerâmica, produção de ferramentas de ferro e instrumentos musicais – à eles é creditada a dança do Flamenco. No início do século XX, com o risco de desabamento, os Ciganos foram retirados de lá e criou-se o museu.

Visto e apreciado. Subimos nas motos e consultamos o GPS, este nos mandava “continuar” pela estrada, então continuamos, sem saber que estávamos no sentido inverso da Cuesta Del Chapiz. Andamos três quilômetros e o asfalto acabou. O GPS estava louco. Pensamos que era um trecho de manutenção e seguimos por terra. Mais um pouco e a estrada de terra estava interditada e havia um caminho à direita.

Vamos pegar este “atalho”, ele certamente nos levará de volta para a estrada de terra que acabará encontrando a estrada principal.

O Luizão, véio de trilha, concordou na hora: _Quero ver esta moto na trilha.

O atalho transformou-se em trilha, com pedras, barro, fortes subidas e decidas, e foi se fechando, fechando até que eu disse para a Regina: _Rê, desça da moto e veja o que tem depois daquela curva. Ela viu e falou: _Só com a Trial Sherco. Examinamos as nossas condições e resolvemos, com prudência, voltar. Mas o gostinho de uma boa trilha ficou.

Granada – San Juan de los Terreros: Nosso objetivo era Cartagena, mas ficou tarde e escolhemos a cidade de San Juan de los Terreiros, e não poderíamos ter escolhido melhor. Uma cidade de veraneio, bem pequena, casas fechadas e sem pessoas nas ruas. Com praias bonitas e um Forte, o Castelo de San Juan de los Terreros.

Construído no século XVIII por Carlos III.

Tudo fechado, exceto – e ainda bem – o restaurante e hotel.

Nos hospedamos no agradável Hotel Playa Terreros, por 44,00 € e lá conhecemos um casal de Austríacos que passam parte do ano viajando de moto. Eles estavam com uma Harley Davidson Electra Glide 1.600. Pretendem vir para a América do Sul em Janeiro de 2011, para acompanhar o Rally Dakar e conhecer Argentina e Chile.

San Juan de los Terreros - Gandia: 340 km Continuamos por estradas secundárias, a A7, pelo litoral do Mediterrâneo, com ótimas curvas e bonitos visuais. Visitamos Cartagena, a terra dos Piratas e seguimos pela 332.

Passando por uma cidadezinha e vimos que estavam organizando uma festa. Parada imediata em Bellreguard.

Assistimos o desfile de comemoração da reconquista da Península Ibérica pelos Cristãos. É uma parada com diversos blocos. Eles se vestem com roupas da época, com armas e armaduras, com banda de música e mulheres dançando. Aquele que melhor se apresentar ganha o concurso. Esta festa acontece em muitas cidades da Espanha.

A festa mudou nossos planos e, como ficou tarde, dormimos na cidade vizinha, Gandia.

No ano de 1.492, os Cristianos conseguiram vencer a guerra e expulsar os Mouros (Muçulmanos - Árabes) que a tinham invadido no século VIII D.C.

Gandia – Valença - Barcelona: 435 km Valência nos encantou pelas Torres antigas da cidade medieval (Serrano Torres e Quart Towers) e pela arquitetura moderna desenhada por Santiago Calatrava, como o L’Heminsferic inaugurado em 1998.

A seguir Barcelona.

Barcelona e as calçadas das Ramblas cheias de gente de todas as idades e procedências. Shows, apresentações de Flamenco, a Casa Bartló, o Mirador Colombo, o Mercado, o Palácio de Don Afonso XIII, a Igreja da Sagrada Família. Tudo vale a pena conhecer. O Parque Güell é um grande jardim que se situa na parte superior de Barcelona, foi desenhado pelo arquiteto Antoni Gaudí por encomenda do empresáriodo Eusebi Güell. Construído entre 1900 e 1914.

Barcelona - Balneário Caldes de Montbui - Prades-França: 280 km Em Caldes de Montbui nós conhecemos o Banho Romano. As Termas Romanas datam do século II A.C. e tinham o objetivo de curar os numerosos enfermos que chegavam de diferentes pontos da Espanha.

Encontramos também uma bica com água à 74º de temperatura. E, finalmente, encontramos o que procurávamos naquela cidade, a fábrica de motos Trial – SHERCO. Enquanto Luizão fazia seus contatos comerciais, eu fui bisbilhotar a produção, desde a montagem do quadro até o teste do produto final – este o mais interessante. Todos os empregados trabalhando com prazer, com gosto de produzir aquilo que gostam sem as amarras de EPIs e tantas outras normas da segurança do trabalho. Até no teste final da moto, o piloto faz a moto funcionar e sai para experimentá-la sem se preocupar com capacete, óculos ou luvas.

Andamos um pouco mais e encontramos o Adreu Codina, ex campeão mundial de Trial que já morou no Brasil e tem uma distribuidora de acessórios para MotoCross. Uau!!!! Enfim chegamos às boas compras.

Comprar é ótimo, mas, como levar? Entulhamos as coisas no baús, Luizão já estava sentando em cima para ver se fechava e sobrou coisas para a Dulce levar nas mãos ou na mochila.

Prades-França - Principado de Andorra (Andorra La Vella): 150 km

Quase o dia todo para andar 150 quilômetros??? E foi rápido demais. A estrada que atravessa o Parc Del Pirineu Catalã, situa-se na Serra dos Pirineus, é estreita – só cabe um carro, tem curvas bem fechadas – para se fazer em primeira marcha. É a mesma em que passa o Tour de France, aquela famosa corrida de bicicletas. Aqui e ali tem lugares paisagens, castelos, pessoas, ovelhas, frutas, perfumes, pistas de esqui...

Começamos pela D 14, após 14km chegamos em Campome Mosset, onde tem o “La tour dês Perfums”. Outras vilas fomos passando e, com 35km, continuamos pela D84. Seguimos em direção à Roquefort, pegamos a D17 e alcançamos o ponto mais alto da estrada 2001m. – com um frio de 5ºc. Andorra La Vella é um principado governado pelo Presidente da França e o Bispo é a autoridade maior, é uma zona de livre comércio com isenção de taxas. Ôba!!! Mais algumas compras foram feitas.

Andorra La Vella - Zaragoza: 300 km

Ora, a alegria é frágil!

Nós nos desencontramos na rua das lojas de motos e acessórios.

Esperamos por eles, andamos pela cidade em busca deles... e nada. O tempo passando e nós ali sem ter o que fazer: _Vamos embora? Eles devem estar na nossa frente.

Pela primeira vez e no último dia, tínhamos programado que iríamos dormir em Zaragoza. Viajamos pelas belezas dos lugares e cidades. Ao chegar em Zaragoza deixei a moto em cima da calçada de forma bastante visível, com um bilhete enroscado no banco. Fomos conhecer a cidade e suas Igrejas.

No dia seguinte a moto e o bilhete estavam lá, intactos: _E agora?

Hipóteses foram surgindo e a mais notável: _Ontem foi aniversário da Dulce, o Luiz fugiu para comemorar sozinho com ela!!!

O próximo ponto obrigatório de encontro seria na locadora, no momento de devolver as motos. Dessa ele não iria escapar. Mesmo assim, ainda nos restaria o encontro na fila do check in do Aeroporto.

Zaragoza - Madri: 340 km Total: 2.730km em 10 dias

Uma viagem chata. Porque escolhemos uma estrada secundária, sem pedágios e, por isso, todos os caminhoneiros também escolhem e ficou muito difícil fazer ultrapassagens. Chata porque passamos o dia todo preocupados com nossos amigos. Eles estavam sem telefone, não ligaram para nós, ligamos para o Brasil mas “lá” não tinha notícias.

A locadora fecha às 19:00 horas, estávamos lá desde às 17:00, era sexta-feira e os funcionários não viam a hora de pirulitar dalí. Eu estava procurando alternativas para devolver a moto no dia seguinte – sem chances. Bom, então vamos ficar aqui dentro esperando.

Afinal, à 19:05 eles chegam, e trazem junto outros dois brasileiros, O Gabriel e o Wagner, que haviam alugado duas BMW 1.200cc e estavam perdidos em Madri. _Hijo de uma gran ..............!!! _Parabéns Dulce, você é um amor!!!

Quanto mais eles se justificavam, mais se enrolavam. E, ainda, o Luizão nem se lembrou do aniversário da Dulce.