A importância da assessoria técnica
ENTREVISTA Hidroponia à la carte com a chef Cristiane Skrings
TECNOLOGIA Aeroponia rende prêmio a startup brasileira
junho/2017
EDIÇÃO 18
ESPECIAL
Agronegócio emprega 19 milhões de pessoas no Brasil
Média salarial baixa O estudo do Cepea aponta, ainda, que empregados do agronegócio brasileiro recebem, em média, R$ 1.499,00 mensais, conforme dados de 2015. O segmento que mais remunera é o de insumos, que inclui a produção de fertilizantes, defensivos, rações, produtos veterinários, máquinas e equipamentos agrícolas, com rendimento médio mensal habitual de R$ 2.331,00. O segmento primário, por sua vez, paga, em média, R$ 998,00 mensais na pecuária e R$ 891,00 por mês na agricultura, correspondendo aos menores salários entre os segmentos do agronegócio. Os empregados na área de serviços recebem R$ 2.019,00 por mês. Para os trabalhadores da indústria agrícola e pecuária, os salários são de R$ 1.663,00 e R$ 1.397,00, respectivamente.
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Foto: banco de imagens
Foto: banco de imagens
Pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, revela que, atualmente, chega em cerca de 19 milhões o número de pessoas ocupadas no agronegócio brasileiro, com destaque para o segmento primário (“dentro da porteira”), com 9,09 milhões de trabalhadores ou quase metade do total. Agroindústria e serviços empregam, respectivamente, 4,12 milhões e 5,67 milhões de pessoas, enquanto que no segmento de insumos do agronegócio estão outras 227,9 mil pessoas. Esses números referem-se ao ano de 2015 e não incluem os trabalhadores que produzem exclusivamente para consumo próprio.
Foto: Zé Maria/arquivo pessoal
HIDRONOTAS
Trabalhadores sem carteira assinada Apesar do grande número de pessoas ocupadas no segmento primário do agronegócio, ainda é elevada a parcela sem carteira assinada neste segmento, conforme o estudo do Cepea. Por outro lado, na indústria e nos insumos, os trabalhadores com carteira assinada representam a maioria do total. Considerando-se todos os segmentos do agronegócio, 36% dos empregados têm carteira assinada e 33% atuam por conta própria. Outros 15% estão como empregados sem carteira assinada e apenas 4%, como empregadores. Os demais 12% se distribuem entre as categorias de trabalhadores domésticos, familiares auxiliares ou militares.
ENTREVISTA
Hidroponia à la carte Restaurante em Novo Hamburgo (RS) faz sucesso com pratos a partir de produtos hidropônicos Foto: divulgação
A chef Cristiane Skrings
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Toast Resto Bar, de Novo Hamburgo (RS), funciona com um menu à la carte de noite e um buffet executivo ao meio-dia. O ambiente da casa é bem moderno e aconchegante. No primeiro andar, o cliente encontra mesas, cadeiras e um sofá confortável, o cenário perfeito para um encontro com os amigos. O bar fica no meio do salão principal do estabelecimento, onde os clientes podem acompanhar o preparo dos drinks - como o Mojito - bem de pertinho. O cardápio do restaurante, reinaugurado em março deste ano e dirigido pela empresária Débora Kieling, oferece diversas opções, como pizzas italianas e outros pratos internacionais. Mas o grande diferencial é que o Toast Resto Bar, situado no número 5 da Rua Almirante Barroso, no Centro do município do Vale do Sinos, utiliza produtos hidropônicos – como tomate sweet grape, mini brotos, hortelã e flores comestíveis – em quase todos os pratos. “Usamos os hidropônicos do menu à la carte até a sobremesa”, destaca a chef Cristiane Skrings. Ela ressalta que os alimentos hidropônicos agregam um impacto visual muito bacana aos pratos e, como sua linha de cozinha do restaurante pende para o lado artístico, eles entram como a ‘cereja do bolo’. “Os produtos hidropônicos incrementam o visual e acrescentam bastante em sabor e qualidade”, afirma a chef, que, antes do Toast Resto Bar, trabalhou no Hotel Swan, no Le Musique e no Atelier Restaurante, em Novo Hamburgo, e com os chefs José Forte e Bruno Sarmento em alguns eventos. Cristiane diz que tem dificuldades em encontrar determinados produtos hidropônicos usados na sua cozinha e defende a valorização dos agricultores locais. “É preciso valorizar o produtor local para que a gente possa ter coisas diferentes, que agreguem no visual, sabor e qualidade”, completa.
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ENTREVISTA
Qual é o estilo de cozinha do Toast? O estilo da nossa cozinha é contemporâneo. A cozinha é sazonal e trabalhamos bastante com produtos orgânicos, vegetais e peixes da estação, tudo que é da época e é mais gostoso, com maior qualidade. Desde quando a Débora Kieling está na direção do Toast? Desde setembro de 2016 o Toast Resto Bar é dirigido pela empresária Débora Kieling. Quando o Toast Resto Bar foi inaugurado sob essa nova direção? A reinaugurado foi no dia 23 de março deste ano. Desde quando você está à frente da cozinha do Toast Resto Bar? Onde trabalhou antes? Comando a cozinha do Toast Resto Bar desde fevereiro deste ano. Antes, trabalhei de sub chef no Hotel Swan. Eu trabalhava para os cinco hotéis da rede na parte de eventos. Também trabalhei no Le Musique e no Atelier Restaurante/Risoteria, em Novo Hamburgo, e com os chefs José Forte e Bruno Sarmento em alguns eventos. Me formei na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), de São Leopoldo (RS).
Qual a aplicação dos produtos hidropônicos no cardápio do Toast? Usamos insumos hidropônicos tanto no buffet ao meio dia, nas saladas, quanto no à la carte, à noite. Pois, acredito que isso agrega valor visual ao buffet e, principalmente, aos nossos pratos do à lá carte. Unindo com a parte de que é um produto saudável e com um nível de sabor muito melhor. Se você come um broto de mini rúcula percebe o sabor. O mesmo produto comprado em uma fruteira não tem gosto de nada. Quais produtos hidropônicos você utiliza na cozinha? Utilizamos na nossa cozinha brotos de mini beterraba, de mini agrião e de rúcula, além de ervas aromáticas, tomate sweet grape, hortaliças baby e flores comestíveis, como a capuchinha (Tropaeolum majus) e a lanterna-japonesa (Abutilon megapotamicum). Quais as contribuições que os vegetais hidropônicos trazem ao cardápio do Toast? Sabor, qualidade, aspecto visual, crocância, etc.? Acredito que os hidropônicos agregam um impacto visual muito bacana aos pratos. Como minha linha de cozinha vai bem para o lado artístico eles entram como a ‘cereja do bolo’. Foto: divulgação
Produtos hidropônicos agregam valor aos pratos
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ENTREVISTA
Qual a aceitação dos clientes dos pratos com os alimentos hidropônicos? Temos um feedback muito positivo quanto a isso. Nossos clientes se surpreendem ao receber o prato na mesa. A maioria, antes mesmo de saborear, tira uma foto do prato para depois poder postar nas redes sociais. E muitos deles até se interessam e querem saber mais detalhes sobre o produto. Quais são os produtores hidropônicos que entregam suas mercadorias para o Toast? Trabalhamos com a mais conhecida, a H2orta, do produtor Ricardo Antonio Rotta, de Ivoti (RS) e com a Vandrea Especialidades, do Wanderlei Brawuers, de Arroio do Meio (RS). Também contamos agora com uma produtora do distrito de Lomba Grande, aqui em Novo Hamburgo, que trabalha exclusivamente conosco. Ela cultiva brotos e mini legumes para o Toast. Também adquirimos hortaliças e flores comestíveis na Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul [Ceasa-RS], em Porto Alegre. Como descobriram esses produtores? Indicação ou propaganda boca a boca? Eu trabalho com a H2orta desde o tempo que trabalhava no Hotel Swan, em Novo Hamburgo. A Vandrea Especialidades foi por indicação, pela propaganda boca a boca mesmo. Outros foram de muita busca e pesquisa minha. Temos muita dificuldade em conseguir fornecedores de produtos como mini brotos e flores comestíveis, por exemplo. Eu acho que é preciso valorizar os produtores locais para que a gente possa ter coisas diferentes, que agreguem no visual, sabor e qualidade. Como foi feita a inclusão dos vegetais hidropônicos no cardápio? Começamos a trabalhar com os produtos hidropônicos no Toast, depois da minha vinda para a casa. Antes, eles não usavam nada. Apenas utilizavam mini folhosas. Mas, como o meu tipo de cozinha tem muito a ver com isso, começamos a usar os alimentos hidropônicos. Em que tipo de prato esses vegetais são utilizados? São utilizados em praticamente todos os pratos do à la carte, tanto no preparo quanto no acabamento. Também uso bulbo de erva-doce (Pimpinella anisum), hortelã (Mentha) e físalis (Physalis L) no preparo das sobremesas.
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REDAÇÃO EM PAUTA
As novidades da Revista Hidroponia em 2017 Anuário Brasil Hidroponia será lançado no segundo semestre
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Publicação traz dados do setor, informações anuais de desempenho, inovações tecnológicas e muito mais
Revista Hidroponia lançará um documento com indicativos seguros para instrumentar o setor e fornecer dados seguros do segmento e, com, isso, estabelecer um parâmetro confiável. O 1º Anuário Brasil Hidroponia, que começou a ser construído e planejado desde 2012, traz dados do setor, a partir de análises de especialistas, enfoques dos diferentes segmentos envolvidos na cadeia produtiva, inovações tecnológicas e muito mais. Os dados apresentados na 1ª edição do Anuário são preliminares e servirão de parâmetro para a construção de um trabalho mais completo no Anuário Brasil Hidroponia 2018. “O maior objetivo desta publicação será dimensionar o real tamanho da Hidroponia no país e, com isso, termos referência para a estruturação e planejamento de novos projetos para a Hidroponia brasileira”, afirma o diretor-geral da Revista Hidroponia, Roberto Luis Lange. O anuário comprova a expansão da Hidroponia no Brasil. De Norte a Sul do país não faltam exemplos de agricultores que produzem frutas e hortaliças por meio do cultivo sem solo. A técnica é usada para combater a seca na Paraíba e para produzir alimentos frescos no arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco. É um instrumento de combate ao êxodo rural no interior de São Paulo. No Rio Grande do Sul, o cultivo semi-hidropônico de morango, conduzido em prateleiras, tem permitido a reinserção no mercado de trabalho de pessoas mais velhas. A Hidroponia também é uma importante ferramenta de inclusão social. A publicação mostra vários exemplos em que presidiários, portadores de deficiência e crianças carentes usam o cultivo sem solo para aprender uma nova profissão e produzir alimentos frescos e saudáveis, mostrando que a técnica também pode ter um caráter social, sendo usada em projetos de combate a desnutrição, mortalidade infantil, superação da pobreza e combate ao êxodo rural.
Novo site mais interativo e moderno
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Página foi completamente redesenhada e traz mais conteúdo e informações atualizadas
m junho, a Revista Hidroponia apresentou seu site novo, com mais conteúdo e informações atualizadas. A página, que foi totalmente redesenhada, será mais interativa e moderna. As mudanças atendem a uma busca incessante da Revista Hidroponia por melhorias que permitam uma maior integração entre todos os agentes da cadeira hidropônica. Os assinantes contarão com uma área especial onde terão acesso a conteúdo exclusivo, além de um sistema aperfeiçoado para a leitura da edição digital da Revista Hidroponia. Também trará uma opção de cadastro gratuito para os interessados em conhecer melhor a publicação, sem custos. Como forma de ampliar a cobertura da pauta hidropônica, a Revista Hidroponia vai disponibilizar uma área de cadastro para os Correspondentes Hidropônicos, jornalistas de todo o Brasil que poderão contribuir com sugestões de pautas e matérias. “Essa iniciativa tem o objetivo de conhecermos outras realidades do cultivo hidropônico em todo o país e estarmos presentes em todas as regiões”, sublinha Lange.
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REDAÇÃO EM PAUTA
Os técnicos e especialistas em cultivo sem solo e com reconhecida contribuição para o segmento podem prestar assistência como Consultores Hidropônicos Avançados. O novo site vai permitir que estes profissionais se cadastrem e tenham acesso a uma área exclusiva. “Os Consultores Hidropônicos Avançados terão acesso a conteúdos mais completos e poderão interagir com a redação”, afirma. Cabe aos consultores esclarecer dúvidas dos produtores e, desta forma, contribuir com a qualificação do processo hidropônico, conforme o diretor-geral da Revista Hidroponia. Os novos catálogos – Produtores, Fornecedores de Serviços, de Produtos e de Distribuição – trarão mais conteúdo e permitirão um acesso mais ágil às informações das empresas. O internauta poderá acessar fotos e vídeos dos produtos, assim como dados de contato (endereço, telefone, redes sociais, etc.). “As alterações atendem à solicitação dos anunciantes por mais visibilidade para suas marcas”, completa Lange. O visitante pode conferir outras novidades acessando o endereço www.revistahidroponia.com.br.
Quem vê de perto entende melhor
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Espaço de produção hidropônica tem o objetivo de aproximar a redação do sistema de cultivo sem solo
uem vê de perto, entende melhor. Com esse mote, a Revista Hidroponia pretende criar o Observatório Hidropônico, um espaço de produção hidropônica junto à redação da publicação, em Novo Hamburgo, município da Região Metropolitana de Porto Alegre. A estrutura foi planejada minuciosamente, abrindo espaço para a demonstração de práticas simples, mas também incorporando tecnologias e, assim, oportunizando a participação de todo o segmento. O objetivo do projeto é aproximar a redação da Revista Hidroponia do sistema de cultivo sem solo, agregar valor de informação para as abordagens editoriais e permitir que os profissionais aprendam ainda mais com a prática da produção. A iniciativa também visa reconhecer desafios para melhor elaborar conteúdos, estabelecer afinidades e identificar oportunidades e, principalmente, gerar pautas pela vivência da técnica e dispor de ambiente próprio para conteúdo multimídia. “Com o Observatório Hidropônico, teremos um espaço para cursos e eventos e também para implantação de processos e lançamento de produtos”, salienta Lange. O projeto do Observatório foi planejado e será executado e mantido observando os critérios e normas técnicas recomendadas para a montagem e cultivo dos produtos hidropônicos preconizados por especialistas. Todo o processo será orientado pela equipe dos Consultores Hidropônicos Avançados da Revista Hidroponia e a participação de cada um será por sua disponibilidade e área de especialidade. As empresas atuantes no setor serão convidadas para participar, fornecendo os recursos físicos estruturais e os insumos de produção para lançamento e manutenção do projeto. Marcas concorrentes poderão estar lado a lado, respeitando-se a individualidade, características e referências de cada uma.
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EVENTO
Seminário abordará a produção de folhosas no Brasil Evento, que ocorrerá em 31 de agosto, em Petrópolis (RJ), é promovido pela Abcsem
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Foto: divulgação
busca pela qualidade, a produção de folhosas sem o desperdício de água e comercialização de folhosas na visão de supermercados e redes varejistas e atacadistas estarão entre os temas de um evento que ocorrerá em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro. O 2º Seminário Nacional de Folhosas será realizado no dia 31 de agosto e é uma promoção da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (Abcsem) em parceria com a Win Eventos, de Goiânia (GO). O Seminário de Folhosas será aberto pelo presidente da Abcsem, Steven Udsen. Logo após, o diretor de Projetos da Abcsem, Paulo Koch, falará sobre o tema “Mercado de Folhosas - Números e Tendências”. A engenheira agrônoma Larissa Gui Pagliuca, do Cepea da Esalq-USP, abordará o tema “A Produção e Consumo de Folhosas no Brasil”. Outros assuntos que serão abordados serão a “Produção e consumo de folhosas no Brasil” e “Comercialização de folhosas na visão do mercado atacadista”.
Em tempos de crise hídrica, o evento não poderia deixar de fora o tema economia de água. Uma palestra do Professor Doutor Glaucio da Cruz Genuncio, da Zeoconsult Consultoria e Assessoria Agronômica, tratará sobre “Produção de folhosas sem o desperdício de água”. A qualidade na produção de folhosas, uma das principais vantagens do cultivo hidropônico, será discutida na mesa-redonda “Desafios na produção de folhosas com qualidade”. Também foi confirmada a participação dos especialistas em regulação em vigilância sanitária Juliano dos Santos Malty e Carlos Alexandre, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na primeira edição do Seminário de Folhosas, que ocorreu no dia 10 de agosto de 2016, no Hotel Premium, em Campinas, o evento teve como palestrantes Glaucio Genuncio falando sobre Hidroponia, e a Doutora Regina Pires, diretora do Centro de Ecofisiologia e Biofísica do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), que abordou a Tecnologia de Cultivo e Gotejamento. O seminário, que foi acompanhado por aproximadamente 300 pessoas, contou ainda com a participação do presidente da Abcsem, da engenheira agrônoma Larissa Gui Pagliuca, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq-USP, e do engenheiro agrônomo Paulo Roberto Ferrari, da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Eles discutiram assuntos como a produção de folhosas sem desperdício de água e os desafios na produção de folhosas com qualidade, entre outros. O 2º Seminário Nacional de Folhosas será realziado no Hotel Vila Verde, em Petrópolis (RJ). A expectativa dos organizadores é reunir cerca de 300 pessoas, conforme Luciene Martins, do Departamento de Eventos da Win Eventos.
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TECNOLOGIA
Produção de batatas-semente por Aeroponia Foto: divulgação
Startup do interior de São Paulo venceu concurso promovido pelo Carrefour com projeto inovador
Babatas-semente em Aeroponia
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sando uma tecnologia de cultivo para a produção de batatas-semente por meio do sistema de Aeroponia, a CBA Sementes, de Divinolândia (SP), conseguiu reduzir em 98% o consumo de água e em 80% o uso de fertilizantes em comparação aos processos produtivos tradicionais. O projeto inovador foi escolhido o vencedor do Desafio Startups Carrefour, competição que integra a conferência global da ONG francesa Hello Tomorrow. O evento ocorreu em maio, em São Paulo (SP), e envolveu projetos de startups com soluções inovadoras para a produção de alimentos no mundo em resposta ao tema proposto pelo desafio: ‘Comida do amanhã para todos’. A Aeroponia é um processo em que as raízes da planta, em vez de ficarem enterradas, desenvolvem-se suspensas no ar. É considerada uma variante da Hidroponia, na qual o sistema radicular dos vegetais fica imerso na água. A Aeroponia está presente em países como Estados Unidos, Espanha, Finlândia, China e Coreia do Sul, e pode ser usada também em outras culturas, como tomate, alface, pepino e morango. No Brasil, porém, ela ainda é incipiente, mas vem sendo usada para produzir batatas-semente, que são minitubérculos para a multiplicação da planta. A CBA Sementes otou pelo sistema de cultivo depois que um dos sócios da startup, o engenheiro mecatrônico Lucas Moreira conheceu o principal instituto de desenvolvimento tecnológico da Àsia, situado na Coreia do Sul. De volta ao Brasil, ele e o irmão César Moreira abriram mão de uma empresa da área de construção civil para investir no agronegócio e fizeram uma parceria com a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), para adaptar a técnica às condições climáticas do Brasil. “A CBA Sementes é a primeira empresa brasileira a produzir em Aeroponia em escala comercial, sem qualquer contato da cultura com o solo”, afirma um dos sócios, Lucas Moreira.
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TECNOLOGIA
Foto: divulgação
A empresa possui uma estufa de 500 metros quadrados em Divinolândia, com capacidade para produzir 1 milhão de mini tubérculos de batata-semente categoria GO por ano. “Nossos clientes são bataticultores que buscam material de propagação de altíssima qualidade fitossanitária e produtividade”, destaca Moreira. O engenheiro conta que as raízes ficam suspensas e a planta é alimentada por aspersão de gotículas de água carregadas de nutrientes. A nebulização é feita em circuito fechado, em que a água e os nutrientes são tratados com processos de oxidação avançados, que elimina possíveis micro-organismos que podem provocar doenças nas plantas. Desta forma, a solução nutritiva, livre de contaminações, circula no sistema. O processo é todo automatizado. “As plantas recebem a quantidade ideal de solução nutritiva. Nem mais nem menos”, ressalta o empreendedor. Os sócios da CBA Sementes receberam um prêmio de R$ 50 mil e o Carrefour se comprometeu a apoiar o desenvolvimento dos produtos e o modelo de negócio. Além disso, a empresa ainda ganhou duas passagens aéreas e hospedagem para participar da final global do Hello Tomorrow Global Summit 2017, encontro mundial promovido pela ONG nos dias 26 e 27 de outubro, na França. Na ocasião, startups, pesquisadores e demais convidados participarão de diversos debates sobre os temas selecionados para a conferência deste ano. O evento reúne grandes nomes da indústria de alimentos e foi criado com o objetivo de conectar startups e inovações aos figurões do setor e investidores.
Os irmãos Lucas Moreira (à esquerda) e César Moreira (à direita)
Tendência - O CEO do Carrefour Brasil, Charles Desmartis, participou do evento e destacou o caráter inovador da competição e o quanto é importante para a rede estar ao lado das startups. “Temos de nos preocupar com o futuro da cadeia de alimentos”, disse. Mais de 100 projetos foram inscritos para a competição e seis finalistas apresentaram seus negócios a uma plateia lotada e ao júri. Por meio da iniciativa, a organização convida startups e empreendedores a participar de desafios a fim de desenvolver novas tecnologias e soluções inovadoras para os problemas reais do planeta. O tema da competição brasileira, proposto pelo Carrefour, considerou importantes pilares que a companhia valoriza e fomenta ao redor do mundo para incentivar uma alimentação saudável, sustentável e sem desperdício. As soluções propostas pelas startups e empreendedores seguiram os três critérios eleitos para o desafio: o desenvolvimento de alimentos mais saudáveis (produção, distribuição, manuseio, armazenamento e informações nutricionais), mais sustentáveis (desenvolvimento, produção, distribuição), e com menos desperdício (produção, manuseio, armazenamento, comercialização, aproveitamento e reciclagem). “As startups vencedoras desenvolveram projetos alinhados à estratégia de sustentabilidade do Grupo Carrefour. Apoiamos modelos de produção mais sustentáveis e com menos impacto ao meio ambiente, como o apresentado pela campeã CBA Sementes”, destaca o diretor de Sustentabilidade do Carrefour Brasil, Paulo Pianez. Após a edição brasileira, a Hello Tomorrow levará, ainda neste ano, o Desafio de Startups ao Peru, Coreia do Sul, Índia, Turquia e Paquistão.
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RECEITA HIDROPÔNICA
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Sopa de tomate
inverno está chegando e os dias mais frios pedem alimentos que aqueçam o corpo e a alma. E nada melhor do que uma sopa para enfrentar as baixas temperaturas. A receita desta edição é uma sopa de tomate, um prato popular em todo o mundo, com poucas variantes, a não ser os acompanhamentos ou os condimentos. A escolhida pelo editor da Revista Hidroponia tem como ingredientes tomate e cebolinha hidropônica, batatas, alho e camarão. É fácil de fazer e muito gostosa. Sirva acompanhada de torradinhas. Harmoniza com um vinho tinto.
Ingredientes
Modo de fazer
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Descasque as batatas, a cebola e o alho. Corte tudo finamente e coloque em uma panela; regue com o azeite, tape e deixe no micro-ondas, por 2 minutos, em potência máxima. Junte o tomate hidropônico fresco e o de conserva, limpos de pele e sementes. Deixe ferver mais 2 minutos e junte o camarão. Depois de ferver por 4 minutos, em potência máxima, retire os camarões e regue com a água. Enquanto a sopa vai cozinhando, vá esmagando os legumes contra o recipiente. Tempere com sal, junte uma gota de piri-piri e sirva com os camarões descascados e a cebolinha picada.
3 batatas médias 1 cebola 3 dentes de alho 75 mL de azeite 2 tomates hidropônicos maduros 6 tomates em conserva 4 camarões grandes 1,2 L de água 1 raminho de cebolinha hidropônica sal e piri-piri a gosto
Foto: banco de imagens
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MIX
O NÚMERO 923 milhões Foto: banco de imagens
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Foto: divulgação
erca de 923 milhões de pessoas não têm acesso à água potável no mundo inteiro, segundo um relatório do Conselho Mundial da Água. Na quantidade total de habitantes sem água, estão inclusos 319 milhões da população da África, equivalente a 32%; 554 milhões na Ásia (12,5%); e 50 milhões da América do Sul (8%). Entre as regiões mais afetadas pela falta d’água estão Papua-Nova Guiné, onde 40% da população tem acesso a fontes potáveis, seguido da Guiné Equatorial (48%), Angola (49%), Chade e Moçambique (51%), República Democrática do Congo e Madagáscar (52%), e Afeganistão (55%).
SOLUÇÃO Compras na palma da mão
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nfrentar o trânsito congestionado e filas enormes no supermercado para comprar frutas, legumes e verduras hidropônicas não é um programa agradável. A solução para se livrar deste incômodo é o aplicativo Hortideli. Depois de instalar o app em seu celular, o cliente escolhe o que quer, paga – o pagamento pode ser feito via Paypal, Pagseguro ou transferência bancária - e recebe as compras em casa. Os produtos, que vêm direto das horas da Hortideli em Pernambuco (nos municípios de Caetés, Capoeiras, Chã Grande, Garanhuns e Vitória de Santo Antão), Paraíba (Pedra de Fogo) e Alagoas (Campo Belo) são entregues no dia seguinte, de segunda-feira a sábado. O valor mínimo para compras é de R$ 30,00 e os pedidos têm de ser feitos até as 14h. Após esse horário, os pedidos são entregues em até dois dias úteis. O aplicativo tem versões para Android e iOS.
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lei previa que toda a população brasileira seria dotada de serviços básicos em 2027. Mas, de 2007 a 2015, os avanços foram pequenos e boa parte dos brasileiros ainda não conta com tratamento de esgotos e acesso à água potável. O índice de pessoas atendidas com água tratada passou de 80,9% em 2007 para 83,3% em 2015. A coleta de esgotos passou, no mesmo período, de 42% para 50,3%, enquanto o tratamento de esgotos gerados passou de 32,5% para 42,7%.
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PERSONAGEM
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Foto: banco de imagens
Estado da Paraíba, na Região Nordeste, enfrenta a pior seca dos últimos 100 anos. Em 12 meses, o número de cidades em colapso de abastecimento aumentou 60% e mais de 120 cidades decretaram racionamento, conforme dados da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa). Um problema que não preocupa o administrador de empresas Gabriel Santos, de 33 anos, e o sócio José Alberto Barbosa, 30. Os dois começaram a produzir vegetais hidropônicos no sertão da Paraíba e vendem um mix de 40 produtos para grandes redes de supermercados do Rio Grande do Norte e Pernambuco.
Onde está instalado o empreendimento? Gabriel Santos - A hidroponia está instalada em uma área de 50 hectares, no município de Pedra de Fogo, situado no Litoral Sul da Paraíba. Estamos reestruturando uma antiga instalação hidropônica que funcionava no local. Já recuperamos 2 hectares da estrutura – 12 estufas de 900 metros quadrados – e começamos a produzir folhosas e legumes hidropônicos. O carro-chefe é a produção de alface, dos tipos, lisa, crespa, roxa, mimosa e americana, mas também plantamos agrião, alho-poró, coentro, cebolinha, capim-santo, hortelã, manjericão verde, mostarda, menta americana, salsa e salsão aipo. Que culturas são produzidas pelo sistema semi-hidropônico? Pelo sistema semi-hidropônico, cultivamos pimenta dos tipos biquinho, cambuci, malagueta, dedo de moça e pimenta agronômica ou de cheiro, além de um mix de legumes, como abobrinha, berinjela, pepino japonês, pimentão amarelo, pimentão vermelho, tomate-cereja e tomate piccolo italiano. O piccolo é um tomate de maior valor agregado que se caracteriza por ser maior do que o tomate-cereja, de formato oval mais doce e com mais suco. Ele é muito utilizado na Europa e agrega valor à produção. A estrutura está sendo ampliada. Que culturas serão produzidas nesta nova área? Em breve, outros 2 hectares também entrarão em produção. Serão mais 12 estufas de 900 metros quadrados. A ampliação da estrutura permitirá o cultivo de tomate do
tipo sweet grape e brotos, produtos muito procurados por chefes de restaurantes requintados. A gente não encontra brotos e sweet grape nos supermercados da região. Também queremos aumentar a produção das folhosas, mas ainda estamos analisando o que vamos fazer. A cada 15 dias, nos reunimos com o pessoal do Walmart e Pão de Açúcar para discutirmos o que o cliente está buscando, decidirmos os rumos que precisamos tomar. Nós estamos começando, mas queremos crescer. Qual é a produção da Hortifrios? Nós produzimos, em média, 50 mil pés de alface crespa, 12 mil pés de alface americana, 10 mil pés de alface dos tipos roxa e lisa e outros 5 mil pés de alface mimosa por semana. A produção de coentro, manjericão e outras folhosas gira em torno de 4 mil a 5 mil pés por semana. Essa quantidade dobrará quando a estrutura, que está sendo refeita, entrar em produção. A estiagem histórica na Paraíba preocupa? Nós estamos apaixonados pela Hidroponia, entendemos que ela é a agricultura do futuro. Ela já é popular no Japão, nos Estados Unidos e nos países escandinavos, mas aqui no Nordeste, ainda é incipiente. Mesmo com a forte seca na região, nós estamos produzindo, e eu calculo com um 1/8 de água em relação à agricultura convencional. Os meus concorrentes, que cultivam no solo, não estão conseguindo produzir devido à falta d’água. A Hidroponia tem esse diferencial.
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INOVAÇÃO Belo Horizonte ganha primeira fazenda urbana da América Latina
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arceria da startup BeGreen e o Boulevard Shopping, a primeira fazenda urbana da América Latina foi inaugurada no dia 11 de maio em Belo Horizonte (MG). O espaço conta com uma estufa de 1,5 mil metros quadrados com capacidade de produzir peixes e até 50 mil pés de alfaces baby e ervas por mês. Além da estufa, o espaço contempla a loja Casa Horta, para a venda dos produtos cultivados e de produtores locais; a Casa Amora, restaurante com conceito farm-to-table com pratos que utilizam as hortaliças e legumes orgânicos e da produção local e um espaço de convivência com mesas, deck e palco para realizações de eventos relacionados à vida saudável e à conscientização da nova agricultura.
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dica desta vez é o site da Plant-Tec - Estufas Agrícolas, empresa sediada em Bragança Paulista (SP) que fabrica estruturas para Hidroponia, produção de flores e eucalipto, ranicultura, piscicultura e cogumelos, entre outros. O site da Plant-Tec traz informações bem legais sobre o cultivo sem solo. O internauta encontrará lá desde informações sobre o que é Hidroponia, as principais vantagens do cultivo protegido e o uso de telas de sombreamento na produção em estufas. Além disso, o endereço ainda disponibiliza notícias do setor e o calendário dos já tradicionais cursos sobre Hidroponia promovidos pela Plant-Tec. Passa lá e confere.
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Foto: internet
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