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I S T O Ñ É U M CARTÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para o título de especialista em Artes Visuais: Cultura e Criação à Faculdade Senac RJ. _________________________________ Orientador: Dilson Miklos

SENAC EAD - ESPECIALIZAÇÃO EM ARTE VISUAIS: CULTURA E CRIAÇÃO



I S T O Ñ É U M CARTÃO

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Banca Examinadora designada pelo Curso de Especialização em Artes Visuais: Cultura e Criação da Faculdade de Tecnologia Senac RJ como requisito necessário à obtenção do título de especialista na área de Artes visuais: Cultura e Criação. Rio de Janeiro, 22 de Junho de 2013.

BANCA EXAMINADORA: ______________________________________________________ Prof. Ms. Dilson Miklos Pereira - Orientador / ISERJ, SENAC ______________________________________________________ Profª Ms. Priscila Seixas da Costa / SENAC ______________________________________________________ Prof. Ms.Bruno Melo Monteiro / SENAC

SENAC EAD - ESPECIALIZAÇÃO EM ARTE VISUAIS: CULTURA E CRIAÇÃO



“Nada há na Natureza que mereça a nossa admiração, a não ser a encarnação de Cristo.” Lallemant.



A G R A D E C I M E N T O À todos os envolvidos no curso, aos alunos que compartilharam experiências, aos debates que renderam novos conhecimentos, aos tutores, à minha família, eu agradeço. Às Anas.



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Na China, em meados do século XV ou século XVII na França, não se sabe com certeza sua origem, mas seu uso hoje, todos conhecem bem. Passando por várias funções ao longo da sua evolução, o cartãozinho de visitas, como conhecemos hoje, é nosso objeto de estudo neste trabalho de conclusão de curso. Mais especificamente sua banalização de uso e de execução, em comparação com seus primórdios, quando era usado como sinônimo de status ou objeto de arte. Buscando analisar a história geral e nos limitando ao próprio cartãozinho, deixo de lado qualquer outro aspecto. Como conceitos de marca, por exemplo. E como conclusão alguns experimentos práticos como forma de possível solução, a partir da análise estética de cartões coletados, que são comumente encontrados no nosso dia a dia. Seja o taxista que você precisa do contato telefônico ou do pedreiro pra fazer aquela reforma. Na loja de eletrodomésticos, o vendedor ao concluir um atendimento deixa seu contato com o cliente, como forma de formalizar o atendimento, e criar um possível laço. Práticas muito comuns e que poderiam ser melhor aproveitadas, não fosse o completo desleixo estético ao criar um cartão de visitas. Este conteúdo busca compor informação suficiente para embasar e sustentar tal questionamento.



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In china in the mid-fifteenth century and the seventeenth century in france, no one knows for sure its origin, but its use today, everyone knows well. Through various functions throughout its evolution, the small card of visits, as we know it today, is our object of study in this work of course completion. More specifically its trivialization of use and implementation, compared to its early days when it was used as a synonym for status or art object. Trying to analyze the story in general and limiting the very small card and leaving aside any other aspect which, like brand concepts, for example. And in conclusion some practical experiments as a way of possible solution. From the aesthetic analysis of collected cards, which are commonly found in our daily lives. Is the driver that u need the telephone or mason to make that reform. The appliance store, the seller to complete a service lets your customer contact as a way to formalize the service, and can create a loop. Very common practices that could be better used, it was not a complete slouch aesthetic to create a business card. Search this content composing sufficient information to support and sustain such questioning.



LISTA

DE

FIGURAS

Figura 1. . ............................................................................................................ 25 Figura 2. . ............................................................................................................ 25 Figura 3. . ........................................................................................................... 27 Figura 4. . ............................................................................................................ 27 Figura 5. . ............................................................................................................ 29 Figura 6. . ............................................................................................................ 29 Figura 7. . ............................................................................................................ 29 Figura 8. . ............................................................................................................ 30 Figura 9. . ............................................................................................................ 33 Figura 10............................................................................................................ 33 Figura 11............................................................................................................ 33 Figura 12............................................................................................................ 37 Figura 13............................................................................................................ 39 Figura 14............................................................................................................ 42 Figura 15............................................................................................................ 44 Figura 16............................................................................................................ 45 Figura 17............................................................................................................ 45 Figura 18............................................................................................................ 49 Figura 19............................................................................................................ 50 Figura 20............................................................................................................ 53 Figura 21............................................................................................................ 54 Figura 22............................................................................................................ 57 Figura 23............................................................................................................ 58 Figura 24............................................................................................................ 63 Figura 25............................................................................................................ 66 Figura 26............................................................................................................ 67 Figura 27............................................................................................................ 68 Figura 28............................................................................................................ 69 Figura 29............................................................................................................ 70 Figura 30............................................................................................................ 71 Figura 31............................................................................................................ 72 Figura 32............................................................................................................ 73



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01 Introdução ........................................................................................... 19 02 História . . ............................................................................................... 23 02.1 Meishi............................................................................................. 24 02.2 Visiting Card . . .................................................................................. 26 02.3 Trade Card....................................................................................... 28 02.4 Carte-de-visite . . .............................................................................. 32 .

02.5 Business Card................................................................................. 34

03 Argumentos.. ....................................................................................... 41 04 Tudo Prática ........................................................................................ 49 04.1 Cartão de visitas feito à mão.......................................................... 52 04.2 Desenvovido em um computador................................................... 56

05 Concluindo ........................................................................................... 61 06 Demonstrando . . .................................................................................. 65 07 Considerações .................................................................................... 75 08 Referências ......................................................................................... 77


I N T R O D U Ç Ã O ..............................

cartãozinho de visitas


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01. INTRODUÇÃO

SONHO

ENCONTRAR

TIR

DE

PURAS

MA,

CADA

VEZ

MINHA

OBRA

CONDIÇÕES MAIS

A

DE

REFLETIDAS,

PARFORPRE-

CISAS ATÉ O PONTO EM QUE ELAS APRESENTAM

OU

IMPONHAM

QUASE

UM

ASSUNTO.

Paul Valéry - Dialogue de l’arbre, 1923.

Cartãozinho, parafraseando Abraham Moles, é o resultado

da ocasião de alguns encontros. Em outras palavras, quando duas pessoas tratam de negócios, em qualquer contexto, se há o interesse de uma ou ambas as partes, no final da conversa, em geral, troca-se cartão de visita. Uma forma de adquirir o contato pessoal um do outro. Telefone, email, endereço, por exemplo. Nos Estados Unidos, é conhecido como Business Card.

Carte-de-visite, Business Card, Cabinet Card, Trend Card,

são alguns dos nomes que foram usados para designar o famoso cartãozinho, que já foi objeto de arte, etiqueta social, promissória de divida e até colecionável. Há quem diga que teve seus primeiros usos por volta do século XV, na China. Outros acreditam que sua origem se deu na frança, durante o reinado de Louis XIV, no século XVII, onde era usado como sinônimo de status.


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Seja como obra de arte, ferramenta de marketing, colecionável, forma de eti-

queta social, peça publicitária, vitrine, empresarial ou pessoal, independente do seu contexto ou modalidade, o cartão de visitas desempenha o papel fundamental de transmitir informações de contato.

Baseado na sua funcionalidade, seu papel como ferramenta de informação e

pela relativa facilidade de se ter um cartãozinho, surge o interesse para o desenvolvimento deste estudo. Aprofundando um pouco sobre o tema, como forma de propor uma reflexão, questionamentos e posteriores resultados práticos, levando em conta todo o conteúdo abordado durante o presente curso de especialização em história da arte: cultura e criatividade. Hoje, networking, redes de sociais, prospecção, marketing de guerrilha, gestão de relacionamento, produtividade, liderança, comunicação, são palavras que costumam compor o repertório de ambientes empresariais, mas estão cada vez mais presentes no dia a dia de qualquer pessoa. Na atualidade, em que o capitalismo impera e o consumismo nada de braçada, o design é ferramenta importante na diferenciação e como forma de se destacar no mercado. Com isso será ferramenta essencial no processo arquitetônico de se compor e executar o cartãozinho.

“O feio vende mal”, afirmou Raymond Loewy, e justamente com esta célebre

afirmação justifica-se a importância desse estudo. Preocupação estética deve ser levada em conta não só na hora de escolher o que vestir, por exemplo, mas também em diversas outras decisões. Ao se abrir uma empresa, a escolha de um nome. A solução visual para apresentá-la. Através de uma marca, que seja coerente aos objetivos e valores dessa nova empresa. E por fim, o desdobramento de tal marca. Suas infinitas aplicações e usos, previamente definidos e contemplados por uma identidade visual coesa e que de fato transmita os valores dessa nova empresa. Através da linguagem visual onde quer que apareça essa nova marca. Que se solidificará tendo nesses valores e representações visuais seus próprios alicerces. Definitivamente, todas essas decisões devem sim passar por critérios rigorosos em relação à preocupação com toda a execução visual e estética.

Um exemplo prático é como a Coca-Cola trabalha sua marca. Conceitos e estu-

dos de marca à parte, para este momento, não entraremos em detalhes mais específicos


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ou estudos de marca, brand ou identidade visual. Como uma forma de tornar o estudo mais inclusivo, a observação e análise serão especificamente no que diz respeito ao cartão de visita, isoladamente. O buraco é mais embaixo. Verdade seja dita, dados do Serasa comprovam: “No primeiro trimestre de 2.013, 429 mil empresas foram abertas legalmente. Das quais 2/3, aproximadamente 300 mil, eram microempreendedores individuais. Ou seja, mais ou menos 100 mil cartões por mês. Imagina-se todo o árduo desenrolar que envolve o processo para se abrir uma empresa, e claro, sempre há um investimento inicial, que sempre é bem superior ao previsto, onde raramente ou quase nunca se contempla um planejamento e desenvolvimento de marca por um profissional.

Existe sempre um sobrinho, ou alguem que arrisca uma opção e resolve logo da for-

ma mais barata possível. O que necessariamente compromete a imagem da empresa, seja qual for o ramo de atuação. Mas, como dito anteriormente, este estudo se limita ao cartão de visita, o qual pode ser usado para representar desde a multinacional Coca-Cola até um taxista autônomo que é sua própria empresa. Sendo assim a marca como elemento visual não será levada em conta, visto que o taxista anterior com certeza não teria uma marca, mas ainda assim precisaria de um cartão para passar seus contatos para um cliente que possa precisar dos seus serviços.

De uma maneira geral, levando em conta alguns conhecimentos específicos de de-

sign - teóricos e práticos - como minimalismo, tipografia e estudo de cor, bem como critérios estéticos como forma de atingir maior aceitação e se diferenciar, em um contexto onde todos podem e têm um cartão de visitas. Esse estudo também aborda outros conceitos estudados durante todo o curso, como: Escola de Ulm, Bauhaus, Minimalismo; estabelecendo uma relação entre a banalização e aceitação de cartões esteticamente mal executados, com a possibilidade de mudança visual como forma relevante de causar impacto em quem interage com esse cartãozinho. E como resultado prático, algumas propostas de redesign de cartões coletados durante a produção deste trabalho e como forma de justificá-lo.

Noutros termos, mais do que carregar informações, um cartão de visitas deve ser im-

pactante e comunicar de forma apropriada seu conteúdo. Este estudo tem a intenção de mostrar que há possibilidades de se ter um cartão de visitas que funcione bem sem usar a foto da fachada ou do santana amarelo como forma de tangibilizar seu negócio.


H Ó

I S T R I A

..............................

evolução

×

papel social


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02. HISTÓRIA


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02.1 Meishi

S É C . X V

Meishi,

como

era

chamado na china, originado no século XV, era compartilhado entre a população como forma de anunciar uma visita real ou uma visita mais importante e formal.

Segundo a tradição o cartão deveria ser oferecido

segurado pelas duas mãos, olhar para ele e se curvar. Acredita-se ainda que era comum as pessoas terem porta-cartão para mantê-lo bem guardado e protegido, como algo realmente valioso.

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O cuidado especial com os cartões fazia tanto parte da

tradição, que cartões amaçados ou com dobras não eram aceitos. E ao segurá-lo não deve-se ocultar nenhuma informação.


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Fig. 1 - Cartão pessoal de designer, Tóquio, 2.012.

MEISHI, EM

AINDA PAÍSES

Fig. 2 - Escritório de engenharia, Tóquio, 1.936.

TRADIÇÃO ORIENTAIS


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02.2 Visiting Card

S É C . X V I I

Visiting Card, conheci-

do como um cartão de visita, é um cartão com o próprio nome impresso nele. Começaram a ser usados no século XVII, na França. Como sinônimo de status, era usado principalmente pela aristocracia e pela realeza.

Quando um novo visitante chegava à paris, ele precisava se hospedar.

Uma alternativa aos hotéis e hospedagens comerciais era buscar a residência de alguém. Em Paris e em boa parte da europa, esse hábito tinha como parte do procedimento a entrega do cartão pessoal do pretendente ao mordomo de tal residência, para uma avaliação dos proprietários

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Ao retornar com a resposta, o cartão poderia ser entregue com o canto

dobrado ou pessoalmente, significando que a visita foi aceita. Quando o cartão era devolvido em um envelope, o visitante teria sido discretamente rejeitado.


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VISITING

CARD,

INDISPENSÁVEL

FERRAMENTA DE

ETIQUETA.

Fig. 3 - Wilhelm II, o último Imperador Alemão e Rei da Prússia, 1.902.

Fig. 4 - Visiting Card do irmão de Ludwig Van Beethoven, 1.770.


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02.3 Trade cards

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Trade Card, ou em tradução literal

cartões de comércio, começaram a circular primeiramente em Londres ainda no início do século XVII em paralelo com os cartões sociais franceses. Eram distribuídos para clientes e clientes potenciais de algum prestador de serviço ou comércio local.

Cartões de comércio tinham seu uso muito ligado a negociações,

como forma de representar um comércio ou mesmo um vendedor, continha em geral informações de como localizar tal localização, já que nenhum sistema de mapas ou endereços existiam na época. Funcionava em outras ocasiões como nota promissória de pendências financeiras ou dividas de jogos de cartas. Neste último caso muitas vezes a própria carta era o cartão, onde escrevia-se à mão as informações necessárias. Também era usado como ferramenta publicitária e forma de anunciar diferentes ofertas.

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S

Os cartões de comércio com a finalidade

de anunciar foram substituídos por publicidade em jornais, por atingir mais pessoas.


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NASCE CIO

O

PUBLICITÁRIO.

Fig. 6 - Comércio, séc. XIX.

Fig. 5 - Cartão de propaganda da marca de perfumes Murray & Lanman, Flórida - água de colônia, 1.910 (litografia).

ANÚN-

Fig. 7 - Advogado, 1.895.


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CARTÕEZINHOS

Fig. 8 - Trade cards variados do final do séc. XVII, em técnica de litografia.


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FORAM

ANÚNCIOS

PUBLICITÁRIOS.


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02.4 Carte-de-visite

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Carte-de-visite era uma peque-

na fotografia colada em um pedaço de cartão com os detalhes do proprietário abaixo. Patenteado em 1.854 em Paris por Andre Adolfo Eugene Disdéti, tornou-se muito popular e muitas vezes trocados entre amigos e visitantes. Tornou-se colecionável.

De tamanho pequeno, 9,5 x 6 cm, a foto, ge-

ralmente revelada pela técnica de impressão em albumina, era colada em um cartão de papel rígido um pouco maior 10 x 6,5 cm aproximadamente.

Durante a década de 1860 popularizou-se

a ponto de passar a ser modismo tal arte do retrato, conferindo ao fotografado status de distinção e representação social. Era trocado entre familiares, amigos e colecionadores do mundo todo, já que cabia em uma envelope de carta comum.

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Apesar de seu sucesso, o carte de visite foi aos poucos substituído por

um novo formato, um pouco maior, conhecido como carte cabinet, surgido na década de 1.870, com um formato maior. Suas fotos tinham mais qualidade e perfeição de detalhes e agora os dados do estúdio ou fotógrafo eram gravados no verso do cartão.


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F O T O G R A F I A C O L E C I O N Á V E L .

Fig. 10 - Casamento, EUA, 1.870.

Fig. 11 - Atelier, Porto Alegre, 1.860.

Fig. 9 - Carte-de-visite, tirada pelo fotógrafo teuto-brasileiro Alberto Henschel, o qual quebrou paradigmas ao retratar negros posando à vontade. Escravos ou livres, 1.869.


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02.5 Business card

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Business card, cartão de negócios, cartão de visi-

ta, cartãozinho, independente do nome usado, hoje esse é o método internacionalmente reconhecido de trocar informações de contato. Dados do Serasa, mostram que no primeiro semestre desse ano, 2.013, 429 mil empresas foram abertas legalmente. Das quais 2/3, aproximadamente 300 mil, eram microempreendedores individuais.

Fazendo uma interpretação da afirmação, temos uma

demanda média e aproximada de 100 mil novos cartões de visita a cada mês. É cartãozinho de monte!


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E-mail, números de telefone celular, twitter, facebook, linkedin

e sites pessoais são comumente usados detalhados ​​ em cartões de visita. O século 21 trouxe novos papéis reciclados e de luxo, coloridos, com textura, brilhantes com verniz.Assim como o design é usado como forma de inovar sempre, tanto nos materiais como na execução. A falta dele acarreta uma banalização e até vulgarização de uma ferramenta de comunicação tão eficaz. Com a acessibilidade e fácil aquisição de um cartão pessoal nota-se um desleixo com sua estética, mesmo com infinitas possibilidades de acertar a mão.


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Fig. 12 - Belos cart천es de visita, 2.013. Fonte: Behance.


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Fig. 13 - CartĂľes coletados como objeto de anĂĄlise, 2.013. Arquivo pessoal.


A R G U M E N T O S ..............................

teorias e conceitos


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03. ARGUMENTOS

“OS

MEIOS

SA

NOS

DE

O

DE

‘EDUCAM’ NASCIMENTO

COMUNICAÇAO E

NOS ATÉ

DE

MAS-

‘ACULTURAM’ A

NOSSA

DES-

MORTE.”

Domenico De Masi, Ócio criativo, 2000.

Notamos uma diferença relevante entre os cartões

apresentados, onde alguns tiveram cuidados minuciosos para criação, e os outros, coletados para análise, carregados de informações se a menor atenção ao serem dispostas, são a prova real de quão banalizado é o famigerado cartãozinho. Há quem acredite ser relevante tangibilizar seu negócio colocando uma foto do veículo de trabalho, da fachada, logotipos de software que manuseia. O desenvolvimento prático busca mostrar uma possibilidade alternativa às soluções que compôem o cenário atual, sempre levando em consideração os cartões coletados, como objeto de estudo.

“O FEIO VENDE MAL.” Raymond Loewy, 1953.


Fig. 14 - Raymond Loewy


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Raymond, nascido na frança, foi um dos mais

conhecidos designers industriais do século XX. Passou a maior parte de sua carreira nos Estados Unidos, onde foi influenciado pelos aspectos da vida americana. Loewy surge como principal responsável por embasar estes estudos e análises, ao lado do surrealista, de espírito travesso, René Magritte, praticante do surrealismo realista, ou realismo mágico. Parafraseando sua obra “Ceci n´est pas une pipe”, temos o título deste trabalho.

“A américa entrava então em uma década de gigantesco de-

senvolvimento industrial [...] Toda a produção era absorvida por um público ávido que julgava somente em termos de realização, sem preocupar-se com a apresentação. O país estava inundado de refrigeradores equilibrados sobre altos pés ou empilhados de reservatórios sem qualquer graça. As máquinas de escrever eram mastodônticas e lúgubres. Para montar um aspirador era preciso quase que todo um hangar e, quanto aos aparelhos telefônicos, tinham um ar deslocado. Eu tinha certeza de que um fabricante astucioso que pusesse à venda um produto harmoniosamente desenhado por um preço concorrencial encontrar-se-ia nitidamente em vantagem na hora em que os negócios se tornassem mais difíceis.” (La laideur se vend mal, Loewy, 1.953).


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Sempre muito preocupado com a aparência estética de

todas as coisas em todos os contextos, Loewy onde trabalhava deixava sua marca. Com produtos harmoniosos e cheios de graça, ele conseguia transmitir beleza onde quer que colocasse as mãos. Assinou projetos importantes em um cenário de desenvolvimento industrial acelerado, onde a produção em série e sem muitos acabamentos estéticos eram comuns.

Com a montadora de carros Studebaker, teve uma

relação que rendeu bons frutos. Em um cenário pós segunda guerra mundial, onde Ford , General Motors e Chrysler, tinham impedimentos burocráticos para novos projetos de design de carro, a Studebaker, independente e portanto não sujeita à tais restrições, pode lançar o primeiro all-new automóvel pós-guerra, em 1.947. Loewy também fez uma alteração na marca da montadora, simplificando-a.

Fig. 15 - Estudos desenvolvidos


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Fig.16 - Embalagem Lucky Strike, 1.942.

Fig. 17 - Logotipo Shell, 1.971.

por Loewy e seu pessoal para a montadora Studebaker, entre 1.930 e 1.961.


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“A BELEZA PELA FUN -ÇÃO E PELA SIMPLI -FICAÇÃO.” Raymond Loewy, 1.936.


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Analisando mais dedicadamente o advérbio ‘harmoniosamente’, que é

tantas vezes repetido em seu livro, assim como o substantivo ‘harmonia’. Loewy não cessa de repetí-los, como quem sabe na ponta da língua uma das definições mais usuais do termo: “conjunto de caracteres, combinação de sons, acentos, ritmo, que torna um discurso agradável ao ouvido”; ou outra definição, tão acertada quanto: “relações entre as partes de um todo, que fazem com que essas partes concorram para um mesmo efeito de conjunto, em prol do todo”; em suma, já no caso dos cartões e já partindo para uma execução mais pratica de tal harmonização, deve haver um acordo entre a forma, o conteúdo informativo e a beleza do objeto, como valorização estética. Mas também e sobretudo para seu sucesso e diferenciação no mercado.

Loewy, em 1.953, prevê em seu livro o futuro próximo do triunfo da

sociedade de consumo, com sua multiplicação de objetos antigos ou novos, definidos ou redefinidos pelo desempenho tanto quanto pela aparência estética, alguns úteis, outros perfeitamente inúteis. Produtos envoltos em uma estética radiante, garantiam o poder de serem irresistíveis, impulsionando as vendas.

Enxergando uma conexão direta entre a funcionalidade da forma e a

atratividade da estética como fator de sucesso para o convencimento, Lowey sustenta esse projeto. Se há 60 anos tais argumentos tinham tamanha pertinência, hoje, devem ser requisito básico em qualquer ambiente que seja. Nos atendo ao contexto levantado, os cartões de visita passam ser palco para aplicação de tais conceitos, através de uma demonstração prática de redesign.


TUDO.NA PRÁTICA ..............................

criação e redesign


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04. TUDO NA PRÁTICA

Fig. 18 - Cartão de visitas, estúdio de design, 2.013.

Folia dos Reis é um estúdio de design e laboratório criativo comprometido

com a felicidade. Atua nos arredores de Uberlândia, Minas Gerais.

Quando precisa se definir, costuma dizer: ‘nós somos nosso trampo’. Atuan-

te no setor de artes visuais e design gráfico, tem costume de trabalhar com criação de marca e desenvolvimentos de identidade. Além de dominar alguns softwares, contam com prestação de serviços fotográficos. Tudo com muita criatividade.

Aqui temos um cartão de visitas que busca tangibilizar todos os valores

apresentados, através de ícones que possam gerar associações ao seu receptor. Com uma estética que não pode ser considerada bela, o cartão não garante credibilidade ao estúdio.


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A linguagem visual se aproxima bastante dos cartões de taxistas que usam

foto de veículo como endossante. Ou ainda, estabelecimentos comerciais que fazem questão de usar a fotografia da sua fachada compondo o layout do cartão. Este cartão do folia dos reis, não diferente, peca em vários aspectos. Que se tratando de um estúdio de design são bastante relevantes.

Em enquete informal, realizada para detectar a percepção em relação ao visu-

al do cartão, com pessoas aleatórias, o cartão mostra-se ineficiente e sem nenhuma atratividade que despertasse interesse. Portanto não cumpria seu papel primordial de causar impacto.

Sendo assim, a proposta prática é de refazê-lo, buscando solucionar a falta

de impacto detectada, e com argumentos estéticos torná-lo mais bonito. O que será executado em duas diferentes plataformas, como forma de argumentar que não há limitações, quando se busca uma solução esteticamente coesa.

A primeira, rudimentar, com possibilidades limitadas e sem tecnologia. Usan-

do apenas uma maquina de escrever e um carimbo. No segundo momento, já na plataforma digital, a solução prima a facilidade e acessibilidade de conhecimentos básicos de criação. Com a escolha de uma cor atrativa, tipografia sóbria e de fácil leitura, elementos geométricos e nada além de minimalismo.

Com isso o projeto tem como objetivo tornar-se acessível, executável e prin-

cipalmente comprovar a relevância estética de cartões, independente do segmento de atuação de quem o distribui.


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Fig. 19 - Foto cart천ezinhos, arquivo pessoal, 2.013.


04.1 Cartão de visitas feito à mão

ETAPA 01 PLATAFORMA ANALÓGICA


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Fig. 20 - Materiais: mรกquina de escrever, papel, materias escolares e carimbo.


Fig. 21 - Processo criativo, cartãozinho feito à mão.


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“A

TIPOGRAFIA

HONRAR

SEU

EXISTE

PARA

CONTEÚDO.”

Robert Bringhurst, Elementos do estilo tipográfico, 1.992.

O desafio com a execução fora da platafor-

ma digital vem justamente como forma de repensar o projeto em sua área a ser layoutada. Sem o software a interação com a peça a ser criada é mais direta. Literalmente coloca-se a mão na massa. Sem os facilitadores de alinhamento e espaçamentos automáticos e principalmente sem o comando de desfazer (o famoso ctrl+z), projetar e prever a ocupação de cada espaço do cartão é fundamental. Escolhido o papel kraft com uma das faces parda e a outra amarela. Em conjunto com o papel, a tipografia retrô com suas falhas e borras muito características já temos uma ótima composição estética remetendo a valores artesanais, tanto pelo kraft como pela datilografia. Fechando o processo criativo, o uso do carimbo como forma de criar uma estampa, e definir o elemento de repetição, que nesse caso é a própria marca do estúdio.


04.2 Desenvolvido em um computador

ETAPA 02 PLATAFORMA DIGITAL


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“O É

PRIMEIRO NATURALMENTE

PROBLEMA O

QUE

DOS

ELEMENTOS

SE

IMPÕEM DA

ARTE.”

Kandinsky, Ponto e linha sobre plano, 1.926.

Fig. 22 - Elementos digitais, software Illustrator, 2013.

Após esse primeiro experimento, tem-se segurança e domínio da área geo-

métrica a ser trabalhada, em relação aos espaços e alinhamentos das informações. Como referências para a criação do cartão, agora na plataforma digital e com o apoio de um computador, me limito a usar conceitos mais superfíciais de criação, como forma te tornar este estudo inclusivo e abraçar não-designers ou designers com pouca experiência. Convidando todos a repensarem suas percepções estéticas em relação aos cartões que adquirimos em nosso dia a dia.

De acordo com a limitação criativa estipulada, foi definido como

padrão 4 diferentes formas geométricas compostas por linhas retas, para compor esteticamente o cartão. A cor amarela escolhida anteriormente foi mantida, sendo transferida para o sortware.


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Fig. 23 - Cartรฃo impresso em grรกfica rรกpida e carimbado, 2.013.


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“QUANTO DA

COR,

APLICAÇÃO

MAIS

CRIATIVO

MENOS MERAMENTE

SE

TORNAVA

DESEJÁVEL CONFIÁVEL

O

USO

TORNAVA-SE

UMA

E

COMPORTADA.”

Josef Albers, A interação da cor, 1.963.

A nova solução, se comparada com a manufa-

turada execução à mão, é mais eficiente, por ter uma linguagem visual mais bem resolvida. É mais funcional no quesito praticidade, já que levaria muito mais tempo para datilografar cada cartão por vez, do que encomendar um milheiro de cartões em uma gráfica rápida.

Mas comparando os dois experimentos isolada-

mente e sustentados por um argumento que conceitue a estética escolhida, temos duas soluções com desempenhos funcionais e em bastante felizes falando esteticamente. Solução muito harmoniosa.

Em ambos o carimbo usado assegura uma esté-

tica diferenciada. No primeiro momento, com um conceito mais artesanal, pode-se defender com um breve texto subjetivo que o estúdio tem tal cartão como forma de demonstrar seus valores institucionais apoiados pela dedicação e atenção especial para cada projeto, desde o mais simples deles.

No segundo caso, vigorou clareza e simplici-

dade do minimalismo. Buscando uma solução bastante racional e geométrica, sob fortes influências de outros projetos desempenhados por estudiosos do tema, bem como da escola Bauhaus, como Kandinsky ou mesmo Alexandre Wolner, ícone do design brasileiro.


“O

MÉTODO

SÉRIE TAS

DE

DE EM

ORDEM

PROJETO

NÃO

OPERAÇÕES LÓGICA,

É

MAIS

DO

NECESSÁRIAS, DITADA

PELA

QUE

UMA

DISPOS-

EXPERIÊNCIA.”

Bruno Munari, Das coisas nascem coisas, 1.981.

CONCLU - I N D O ..............................

comparativo prático


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05. CONCLUINDO

Levando em conta os argumentos de Raymond

Loewy, e usando a harmonia estética das informações como critério comparativo de beleza, podemos considerar o segundo cartão mais belo que o primeiro. No segundo momento temos coerência e harmonia entre os elementos unindo forma à função de informar e divulgar o portfólio do estúdio.

O primeiro cartão possui informações em dema-

sia, o que leva o cliente a se confundir e dificulta a leitura e interpretação. Escolher as informações estritamente necessárias para compor um cartão é o que pode na maior parte dos casos torná-lo mais atrativo. Uma boa opção é manter um site institucional com todas as demais informações relevantes de contato. Assim um cartão que carrega apenas o site como informação, apesar de necessidar de uma plataforma complementar, executa sua função de informar, sem contar seu ganho estético reduzindo a quantidade de conteúdo.


62

DESIGN RO

UMA

RAL CIAL.

E

NÃO

É

COISA

ARTE,

ORGÂNICA

ECONÔMICO. A

BUSCA

COMO

DA

NÃO

DEFINIMOS NO

SENTIDO

CONSIDERO

PERFEIÇÃO

É

O

ARTE.

CONSIDE-

SOCIAL,

UMA

COISA

CAMINHO

DO

CULTUESPEDESIGN.

Alexandre Wollner, 1.999.

Ilustrando o comparativo entre os dois cartões, vale citar uma passagem

durante o processo desse estudo e levantamento do material aqui apresentado. Para tentar entender a percepção estética do receptor de cartões de visita, pensei na seguinte generalização do receptor: pessoa leiga interessada no assunto ao qual diz respeito o cartão. Como por exemplo, após pegarmos um táxi, ao acertar a corrida, peço para o taxista um cartãozinho. Ou seja, necessido da informação e tenho interesse por ela. Definido a relação entre o portador e o receptor do cartão, conceitos estéticos são simplesmente ignorados quando não há nenhum modelo comparativo imediato.

Facilitando o entendimento, temos como exemplo um caso que ao receber

o cartão número 1, a pessoa, que já conhecia o portfólio do estudio, demonstrou estranhamento porém não o manifestou e guardou o cartão, armazenando as informações desejadas. Em um segundo momento, na mesma ocasião, lhe foi apresentado o segundo cartão, ambos sem prévia explicação, apenas lhe foram entregues. Em contato com o cartão número 2 houve então a manifestação da opinião pessoal: “ah, este é bem melhor!”.

Concluímos que devido a banalização da utilização do cartãozinho, sua

apresentação estética é comumente deixada de lado, já que a informação é o que importa. Acreditar nesse pensamento é o mesmo que aceitar a rejeição do belo, em um cenário onde o feio vende mal, enão é de hoje.


01

02

Fig. 24 - Comparativo, solução prática da teoria abordada.


DEMONSTRANDO ..............................

filosofia da estética


65

06. DEMONSTRANDO

Para estudar racionalmente o belo, a filosofia preci-

sou criar uma nova linha de estudos: a Estética. O belo aqui é aquilo que desperta a emoção estética por meio da contemplação - e o sentimento que ele pode suscitar nos homens. Estética (do grego aisthésis: percepção, sensação) estuda o julgamento e a percepção do que é considerado belo, a produção das emoções pelos fenômenos estéticos, bem como: as diferentes formas de arte e da técnica de representação visual.

Para Hegel (1.770 - 1.831) o belo é algo espiritual,

para definir o belo como algo espiritual, parte da premissa da inexistência material do belo, colocando-o na categoria de conceito sem realidade física, portanto, pertencente ao plano espiritual, ao plano da imaginação do sujeito, “Só é belo o que possui expressão artística”.

Trazendo a filosofia para um contexto atual, realista

e prático, a Estética aqui tem a função de impactar, ou pelo menos agradar os olhos, ao se entregar um cartãozinho para um contato futuro.


66

EX./01

Fig. 25 - Carro de cachorro quente, faculdades Uberlândia.

Uma Parati modelo quadrada, modificada, com sistema de fogão à gás e

com direito a chicletes e chocolates é o literalmente o carro de cachorro quente do casal Wesley e Simone. Como diferencial eles usam um cartãozinho de visitas que funciona como cartão fidelidade, onde a cada hotdog consumido, você ganha um carimbo. Ao completar 10 carimbos o próximo é por conta da casa.

Como frequentador religioso acabei criando amizade com o casal, ao

longo da graduação, entre 2007 e 2010, o que foi um dos critérios de escolha para usar este cartão como o primeiro exemplo. E, como dito anteriormente, é muito comum usar foto do ‘objeto comercial’ como forma de tangibilizar o seu produto. Para a solução, uma abstração.


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Optando sempre pelo simples e minimalista como solução estética mais fácil de

ser percebida, e neste caso com uma tipografia icônica, consigo transformar a palafra HOTDOG em uma salsicha, que com o complemento da representação do pão, se torna o próprio hotdog.

Como complemento, com a mesma referência tipografica da salsicha, o registro de

qual hotdog se trata: Wesley + Simone. O casal 20 do intervalo da ESAMC.

No verso, seguindo a tradição de que “Comeu 10, o próximo é por conta da casa”,

troca-se o carimbo anterior por um x, simplificando e compondo o novo visual. Com uma linguagem jovem, tem coerência ao se comunicar com os universitários.

Fig. 26 - Solução exemplo 01.


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EX./02

Fig. 27 - Academia de natação.

Academia e escola de natação, a Pingo D’Água oferece desde aulas de

natação para bebês até treinamentos para atletas e nadadores de competição.

Há mais de 10 anos, com tradição e muito bem quista por seus alunos, a

academia nunca teve uma preoupação com a sua parte de identidade visual, o que se torna incoerente com sua credibilidade.

Relativamente, o cartão se fez muito impactante. Negativamente. Um

cartão comum, cheio de informações mal distribuídas, tipografia padrão, totalmente incoerente com os valores e atributos destacados por suas sócias e compartilhado entre os alunos e colaboradores. Para essa segunda solução o cartão é a própria piscina.


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Com o fundo azul royal, muito vivo, e vibrante, tem-se a sensação

de estar olhando para a própria piscina. Ainda no pensamento de execuções simples e minimalistas, a tipografia novamente ganha destaque.

Como a marca anterior era muito antiga e defasada, e não havendo

possibilidade de um estudo aprofundado nesse quesito, a solução foi destacar o nome da escola, que já é forte e traria um bom reforço de marca, mesmo não tendo uma.

No verso, ainda dentro da piscina, viriam as informações de conta-

to. de uma forma descontraída e ainda colocando todos os serviços oferecidos pela escola de natação.

Fig. 28 - Solução exemplo 02.


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EX./03

Fig. 29 - Oficinas dos óculos, soldas na hora.

Famosa pelas proezas ao recuperar estragos quase irremediáveis, a Ofici-

na dos Óculos é uma empresa familiar, já na sua terceira geração. Em um longo corredor, lá no fundo, atrás de um balcão de madeira, seu Nelson, avô de Vanderley, por mais de 40 anos conduziu com destreza os reparos, na época tanto óculos quanto relógios.

Sua paixão, que passou a ser especialidade sempre foram os óculos,

transmitida através das gerações, hoje quem carrega os dotes familiares é seu neto, Vanderley. Com as técnicas familiares complementadas com cursos especializantes, hoje a Oficina dos Óculos é referência em Uberlândia e região.

Mesmo com inúmeras qualidades e diferenciais, seu cartãozinho ainda é

estampado por uma antiga concepção de marca, idealizada em seus primórdios. O que, novamente, não transmite os valores institucionais. Nesse caso, por ser uma empresa bastante conhecida, e com as cores muito características, elas são o impacto do cartão.


71

A combinação de verde e vermelho já é a própria marca da Oficina. Co-

res que trazem o espírito inovador do avô, que há quase 60 anos, começava seu negócio no ramo de conserto de óculos, acabou ficando defazadas, em harmonia com o antigo projeto de marca.

Mantendo as cores, que ainda hoje podem ser consideradas impactantes,

com a combinação de duas tipografias, uma com peso e vazada, cantos arredondados, moderna, combinada com uma letra solta, cursiva, com um toque do próprio maestros dos reparos. Assim como no exemplo anterior, onde Pingo D’Água é um nome forte, Oficina dos Óculos é inconfundível. No verso um ‘splash’ resume todos os valores a serem destacados: soldas na hora. Serviço garantido e com rapidez. Vanderley continua honrando a tradição da empresa começada nos anos 60, no centro uberlandense, que já não é o mesmo.

Fig. 30 - Solução exemplo 03.


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EX./04

Fig. 31 - Táxi Tubal Vilela, carro executivo.

Finalmente o famoso e tão comentado cartãozinho de taxistas, com direi-

to a efeitinho de página virando e foto do automotivo. Seu Antonio Alves não é culpado, seu dom é a direção.

Navega como nínguem pelas ruas e ruelas em Uberlândia, seja no centro

da cidade ou em qualquer outro bairro. Conhece os atalhos e melhores caminhos. Exerce a profissão desde o dia que recebeu sua permissão da Carteira Nacional de Habilitação. Motorista por escolha, seu Antonio garante a qualidade do serviço. Sobre seu cartão não dá pra dizer o mesmo.


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Amarelo e preto, por tradição, é a cor do táxi que vemos em filme, em livros,

retratos, e muitas vezes também na rua. Há também uma vertente de taxistas que dirigem carros brancos. Independente da cor do carro, não há de se negar que amarelo e preto lembra táxi.

Com essa referência, o novo cartão de seu Antonio é a representação do próprio

veículo. Fundo amarelo e a palavra táxi de preto letras garrafais, Tubal Vilela, para citar a referência, com o diferencial em destaque: 24 horas.

Além de informar a disponibilidade em tempo integral, o cartãozinho precisa

informar o cliente dos contatos de seu Antonio, que por vaidade, classifica seu carro como executivo. Muito meu amigo, seu Antonio consentiu em fazer a experiência, desde que eu custeasse o feito. Feito! Entreguei um milheiro de cartões com a nova arte para o motorista dedicado, com trato de liber pedindo feedback nas próximas semanas. Aproximadamente 5 semanas depois, fiz a ligação. “Rapaz, preciso do seu telefone, tive que arrumar mais dois carros. Hoje, meu neto e meu sobrinho estão trabalhando comigo. Preciso de cartões pra eles também.”

Fig. 32 - Solução exemplo 04.


“MAIS TOS,

DO O

QUE

CARTÃO

CONTER DEVE

SER

CONTALINDO.”

Ronaldo Botelho, 2.013.

CONSIDE -RAÇÕES ..............................

funciona

e

encanta


75

07. CONSIDERAÇÕES

Diante de tudo que foi estudado sobre os cartões de visita, per-

cebemos como essa forma de manifestação artística é poderosa para comunicar uma ideia, visto que de improváveis encontros pessoais podemos dar ou receber um cartãozinho como forma de retomar o contato com base em algum interesse.

Um fato observado é que a aparência estética muitas vezes é

deixada de lado. Entretanto ela pode facilmente despertar a manifestação do receptor, desde que ele tenha repertório ou estímulos suficiente pra interpretar se tal cartão é feio ou bonito. Palavras essas realmente sem nenhum aprofuntamento filosófico ou teórico. Dando ênfase em dois possíveis contextos onde temos reuniões de negócios previamente agendadas ou mesmo a casualidade de encontros que podem ter a troca de cartões como desfecho.

Sendo assim melhor prevenir do que remediar, e um cartão bem

executado e atrativo, podem ser o toque sutil para que ele seja classificado como bonito, e não, feio.

Muito bem provado com a parte prática do trabalho, onde o desa-

fio proposto mostra claramente essa dicotomia estética e suas implicações. Mostrando que nao adianta apenas ter um cartãozinho pessoal ou da sua empresa. Mais do que conter contatos, o cartão deve ser lindo.


R E F E Rร NCIAS ..............................

bibliogrรกficas


SANTAELLA, Lucia. Semiótica aplicada. São Paulo, 2005. NYEMEYER, Lucy. Elementos de semiótica aplicados ao design, 2003. CARDOSO, Rafael. Design para um mundo complexo, 2011. MOLES, Abraham. O cartaz, 1974. KANDINSKY, Wassily. Ponto e linha sobre plano, 1926. ALBERS, Josef. A interação da cor. 1963. MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. 1981. BRINGHURST, Robert. Elementos do estilo tipográfico, 1992. WOLLNER, Alexandre, e a formação do design moderno do Brasil, 2005.



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