Bolachinha, vai à Hora de Poesia, de Rosa Maria Santos

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Bolachinha vai Ă Hora da Poesia

Rosa Maria Santos 2


Ficha Técnica

Título: BOLACHINHA vai à Festa da Hora da poesia Autor: Rosa Maria Santos Capa: Composição de José Sepúlveda Coordenação Editorial: José Sepúlveda Rosa Maria Santos Edição: Rosa Maria Santos Formatação: José Sepúlveda

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Biografia Rosa Maria Santos, natural de São Martinho do Dume, Braga. Ainda muito pequena, foi viver para a freguesia de Maximinos, naquela cidade. Viveu na Costa Litoral Alentejana, em Sines, trinta e um anos, tendo regressado em 2017, à cidade que a viu nascer, Braga. Participou em diversas coletâneas: Poesia Concorso Artemozioni, Cantico dei Cantici In Valle d’Itria - 2º Prémio de Poeti Internazionali. Livro: Rosa jasmim (poesia), Capa do Mestre Adelino Ângelo – Julho 2018 E-Books: Cantam os Anjos (poesia de Natal) – Capa de Adias Machado -Dezembro 2017 Ucanha terra de encanto (poesia ilustrada) Capa de Glória Costa – Maio de 2018 Bolachinha em Tarouca (prosa e poesia) – Capa de Glória Costa – Maio 2018

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Bolachinha vai à Festa da Hora de Poesia Bolachinha e Luizinho passaram uma semana ansiosos, à espera do dia de sábado, era o Sarau de Aniversário da Hora de Poesia. - Caramba, o tempo parece que parou, não passa. A mãe admoestava-os a cada instante: – Luizinho, Bolachinha, que frenesim é esse, meninos? Parece que nunca foram a uma festa. Tanta ansiedade porquê? Acalmem-se, miúdos, num abrir e fechar de olhos, estaremos no dia, o tempo passa depressa. - Quem será que vai estar Na Festa da Poesia? Poetas a declamar E muita, muita alegria! - É tão grande a emoção Que até custa adormecer E meu frágil coração Vive assim a padecer! - Paciência, Bolachinha, O tempo passa a correr! Vai descansar, pequenina, A hora chega, vais ver! A semana parecia interminável. Um, dois, três… Finalmente, chegou o almejado dia. 6


- Até que enfim, chegamos ao sábado. - Que crianças estas – clamava Mãezinha – põe-me velha com essas ansiedades. Minha pobre cabecinha, tão prematuramente povoada por esse manto de alvura. - Bolachinha - adiantou Luizinho – alegra-te, chegou o dia. Que bom, vamos à Festa. Bolachinha arregalou os olhos e, desalentada, murmurou baixinho: - Luizinho, acho que estou doente. Sinto arrepios, calafrios, estou zonza e agoniada. - Mãezinha - gritou Luizinho aflito - A Bolachinha está pálida, vem aqui, por favor. - Bolachinha, o que se passa? Grita aflita a Mãezinha Logo hoje, que desgraça! Vai-te deitar na caminha Eu vou ali à cozinha Para um chazinho fazer Fica aqui com Bolachinha Para não tanto sofrer! - Mãezinha - disse Luizinho Vai lá preparar o chá, Eu fico aqui sentadinho, A maleita passará. Poucos minutos depois Mãezinha trouxe um chazinho, 7


Bolachinha entre os lençóis Cobre o seu frágil corpinho. - Como te sentes, princesa, Bebe o chá, está quentinho, Vais ficar bem, de certeza, Se dormires um soninho - Vamos lá, Bolachinha, este chazinho de camomila e frutos silvestres vai-te fazer muito bem e acalmar-te. Num instante, já andas por aí a correr e a saltar. Ninguém vai conseguir calar-te. Passaste a semana ansiosa e pronto. Como resultado, este estado lastimoso em que te encontras. Descansa um pouco, sinto-te demasiado impaciente, querida, vá lá, descansa. Embora resmungando, Bolachinha anuiu ao clamor dos seus queridos e lá foi deitar-se um pouco, até que acabou por adormecer. Tempo depois, Mãezinha aproximou-se, e baixinho, com uma voz doce, chamou: - Acorda princesa, são horas de despertar. - Acorda, princesa minha, - Parece que adormeci. - Dormiste, sim, Bolachinha, Vamos lá tratar de ti. - Quem vai à festa, Mãezinha, Vá lá, diz-me, por favor - Acalma-te, pequeninha, Não gosto da tua cor. 8


Num ápice, Bolachinha saltou da cama. Parece que a doença já era… Saltou da cama e parecia barafustar com Mãezinha. - Quero levar o vestido mais lindo, ajuda-me a escolher. Talvez aquele de renda e brocado, não achas? - Leva este, é mais sóbrio e lindo. - Porque não o outro? Quero ir linda para ser admirada por toda a gente. - Vaidosa! A hora já vai chegar Com Bolachinha a sorrir E a mãe foi procurar Lindo traje p’ra vestir - É este que vais levar, Sapatos a condizer E os cabelos pentear Para esta fita prender Um pouquinho de “channel” Na veste vou colocar E um “baton” sabor a mel Para “alguém” saborear - Luizinho, vem aqui ver! Como é linda a princesinha - O sol vai desaparecer Despacha-te, Bolachinha!

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- Vamos, Mãezinha, não quero chegar tarde, quero assistir a toda a festa. Lançaram-se pela porta fora e sem perder tempo dirigiram-se para a garagem. Entraram no seu BMW e lá partiram atentos ao trânsito rumo a Vizela. Estacionaram a correr e ei-los no Salão. - Maravilha de lugar, Estou contente, Mãezinha - Vamos lá, vamos entrar, Porta-te bem, Bolachinha! - Luizinho mas que lindo, Tanto poeta sentado E a Conceição sorrindo Junto a cada convidado Aproxima-se da entrada Saúda, sejam bem-vindos. - Menina, fica calada - Mas que meninos tão lindos! - Muita obrigada, senhora, É simpática, sabia? - Já está quase na hora, Vamos ouvir poesia! - Sentem-se ali, por favor, Naquela fila à direita. Num palco com tanta cor, A noite vai ser perfeita. 10


Bolachinha, de olhos esbugalhados, boquiaberta, olhava tudo à sua volta. Conceição corria de um lado para o outro, saudando todos os convidados. Distinta esta senhora. Uma maravilha a declamar. Fala de poesia como ninguém. Levando as crianças pela mão, lá se foram acomodando como podiam, quase não conseguindo sentar-se tantas as saudações e os cumprimentos de quem os rodeava. De repente, ouviram saudar. Era o José Sepúlveda, um poeta amigo, que se fazia acompanhar pela Amy, a sua linda esposa. O salão estava repleto, muitos e ilustres poetas reunidos. Cavalheiros bem acompanhados pelas esposas ou amigas, num desfile lindo de moda e fantasia. Quanta diversidade, quanta cor. Agora, sim, Bolachinha delirava, estava feliz. Afinal, no meio de tanta gente ilustre, era ela a linda princesa. Sentia-se no seu palácio de sonho e fantasia. Conceição Lima, a anfitriã, afinal, a produtora do programa Hora de Poesia e a quem se deve este evento, aproximou-se e segredou: - Como te chamas, princesa? - Ah…, eu sou a Bolachinha Mãezinha um dia me fez Com chocolate e farinha, Ganhei vida, como vês. Este é meu irmão, Luizinho, Um menino de verdade. De ter um coraçãozinho Tenho eu necessidade 11


Se Deus quiser, algum dia Sei que hei-de conseguir Fazer linda poesia, Como poeta aqui vir Como ainda sou criança, Quero brincar e sonhar Um dia, tenho esperança De poeta me tornar. Depois deste delicioso trecho poético, o seu batismo em poesia, Bolachinha sentou-se. Aqueles momentos parecem tê-la inspirado e sentir pulsar um coração que não existia. No decorrer do Sarau foi assaltada por uma amálgama de sentimentos e sensações dos quais não conseguia libertarse, tal o entusiasmo. Que fascínio, ali envolta naquela multidão de poetas, trovadores e declamadores, ouvindo poesia. Que maravilha! No palco, Conceição Lima Com poetas, poesia, Com sonetistas que estima, Por quem nutre simpatia E de perfeição falou, Muitos poetas lembrados, Outros, que o tempo levou São por ela recordados E logo o Carlos Revez Que a multidão encantou O Lacerda espera a vez E Conceição o chamou 12


A Libânia Madureira, O Hino que se cantou E logo António Roseira Seus poemas encenou E a Ana Albergaria Com carinho e devoção Declamava poesia Saída do coração Conceição, linda senhora, Simpática, bem-disposta, Se torna uma espetadora De quem toda a gente gosta. Foram tantos convidados Que por ali desfilaram E quando ao palco chamados Alegrias lá deixaram Cada um com seus poemas Com a maior qualidade Foram variando os temas E espalhando saudade. - Já? – disse Mãezinha com surpresa ao ver toda a gente com os papeis que haviam sido distribuído à entrada nas mãos - Que horas são? O tempo voou. Vai-se ouvir o hino da Hora de Poesia, que com carinho o José Sepúlveda tinha preparado. Tomem a letra, meninos, vamos acompanhar. Com a Assembleia de pé, entoou-se o hino carinhosamente preparado para o evento: 13


Marcha da Hora de Poesia Nesta cidade tão bela A radio Vizela Anda no Ar A despertar toda a gente Feliz, contente Sempre a cantar Na Hora da Poesia Quanta alegria No coração Poetas e Trovador Parias doutores Ouvindo estão Vamos cantar Com vigor com harmonia E dizer quanta alegria Que nos vai no coração Vamos levar Com vigor e amor profundo O versejar feliz fecundo No calor desta paixão Quando chega a quarta feira Vai-se a canseira Volta a alegria E feliz a nossa gente Ei-la contente A ouvir poesia 14


E nas redes sociais Rimas jograis Se elevam no ar E espalham por toda a parte A nossa arte De poetar Vamos cantar Com vigor com harmonia E dizer quanta alegria Que nos vai no coração Vamos levar Com vigor e amor profundo O versejar feliz fecundo No calor desta paixão Quando chega a quarta feira Vai-se a canseira Volta a alegria E feliz a nossa gente Ei la contente A ouvir poesia E nas redes sociais Rimas jograis Se elevam no ar E espalham por toda a parte A nossa arte De poetar.”

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Vamos cantar Com vigor com harmonia E dizer quanta alegria Que nos vai no coração Vamos levar Com vigor e amor profundo O versejar feliz fecundo No calor desta paixão (Autor: José Sepúlveda)

A Assembleia levantou-se e cantou em uníssono, aquela melodia simples e tão marcante. E chegou por fim o Porto de Honra, o bolo e o champanhe. Brindemos com alegria/ à Hora da Poesia! Conceição Lima estava radiante feliz, era mais um aniversário da Hora de Poesia, o seu menino de ouro. Hip, hip hurra, viva a Madrinha dos Poetas. Visivelmente emocionada, seus olhos se mancharam de lágrimas, lágrimas de alegria. Bolachinha aproximou-se, saltou-lhe para o colo e segredou-lhe: Muito obrigado! - Deixa a Doutora Conceição, princesa – disse Mãezinha – deve estar exausta. - Não, deixa-me sentir um pouquinho só este prazer – respondeu – posso, Conceição? - Sinto um prazer imenso em ter-te aqui, Bolachinha, que bom que vieste. - Os teus olhos, azul-mar, 16


São qual gota cristalina, Do orvalho a declamar, Os sonhos teus de menina Segue esses sonhos, criança, Nunca deixes de sonhar, Não percas a tua infância, Nunca deixes de brincar. As nuvens que no presente Tentem assombrar o teu dia Sejam a força premente De expressão da poesia Se hoje és Bolachinha, Um dia tu vais ser gente E a princesa pequenina Vai ser rainha, evidente - Muito obrigado. E quando um dia eu for poeta, tu vais ser também minha madrinha. Obrigado por esta noite memorável que não mais hei-de esquecer. Quão grata estou a todos os poetas que aqui vieram hoje. Até breve, minha amiga. - Que bom ter-te conhecido, és, na verdade, uma menina muito especial. - Posso declamar para si um poema que a Mãezinha escreveu no decorrer da Hora de Poesia? - Um poema? Claro que podes! – virando-se para a multidão de poetas – Meus senhores, uma surpresa, vamos ouvir: 17


Vá lá, quero ouvir: Podes sim Bolachinha - Por favor, vamos ouvir a nossa Bolachinha declamar um poema. Silêncio absoluto no Salão de festas Bolachinha agradeceu e declamou: - Foi a Festa da Poesia, Para o ano vai voltar E esperemos cada dia Que a Conceição nos vai dar - Quarta-feira lá vem ela Com a poesia no ar, Cada poeta a estrela De que ela vai falar! Um programa de cultura Trazido por Conceição Biografia, leitura, Poesia e emoção! Cada programa é a verdade Da poesia no ar E aguardamos com saudade Nova semana chegar! A multidão de poetas aplaudiu efusivamente Bolachinha que estava radiante e cheia de orgulho. Mãezinha, sem saber o que dizer, olhava Luizinho e sorria.

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- A nossa princesa é mesmo especial. E que bem que declamou o poema, Mãezinha! Conceição Lima, sem esconder a emoção, enlaçou Bolachinha. - Obrigada, Conceição Lima, por esta oportunidade. Sentime tão bem a declamar para esta gente toda! Uma gargalhada geral soou no espaço. Como é seu hábito, José Sepúlveda, acercou-se de Bolachinha e deu-lhe um forte abraço. - Uiiii – disse, gemendo, com um sorriso nos lábios – que apertado! Uma gargalhada se fez ouvir. - Chin chin, viva a Bolachinha, viva a poesia! Emocionada, Bolachinha, de mão dada a Luizinho e à mãe, abandonaram a sala em direção a casa. Entrou no carro e… dormiu durante toda a viagem. Acorda Bolachinha, chegamos. - Já chegamos, Bolachinha, Que noite mais agradável, Meus parabéns, princesinha, Foi um dia memorável. - Muito obrigado, Mãezinha Por um dia ter nascido, - Vamos dormir, pequeninha, Um descanso merecido. - Ai, meu querido maninho, É tão bom seres assim! 19


Gosto de ti, Luizinho De te ter junto de mim! Vai dormir, minha querida, Estรกs cheia de soninho, Hรกs-de ter por toda a vida O meu amor e carinho.

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