Título: Josefina, a menina que veio do mar, conto de RosaMaria Santos

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Josefina A menina que veio do mar

Conto

Rosa Maria Santos

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Ficha Técnica

Título Josefina, a menina que veio do mar Tema Conto Autora Rosa Maria Santos. Capa Arranjo de José Sepúlveda Ilustrações Rosa Maria Santos Revisão de textos e Formatação José Sepúlveda

Editado em E-book em Novembro de 2020 https://issuu.com/rosammrs/docs

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Rosa Maria Santos Naturalidade – S. Martinho de Dume, Braga. Muito pequena, foi viver para a freguesia de Maximinos. A base do seu equilíbrio emocional está no seio familiar. É na família que encontra a alegria de viver. Viveu na Costa Litoral Alentejana, em Sines, trinta e um anos, tendo regressado em 2017, à cidade que a viu nascer, Braga. Participou em diversas coletâneas de Poesia, portuguesas, italianas e brasileiras. É Colunista no site Divulga Escritor, possuindo também uma rubrica na Revista com o mesmo nome. Foi assistente de produção e recolha na coletânea de postais do grupo Solar de Poetas, Poeta Sou…Viva a Poesia; participou nas coletâneas de postais de Natal do mesmo grupo: Era uma vez… um Menino; Nasceu, É Natal; Não Havia Lugar para Ele; VALE DO VAROSA: Uma Tela, um Poema, do Solar de Poetas, para promoção do Evento: Tarouca Vale a Pena; Belém Efrata; Então, Será Natal; Vi Uma Estrela, todas editadas em e-Book; O Presépio de Marco – inspirado nas imagens do presépio de Natal 2019, elaborado por Marco Penna e seus familiares. 4


É Administradora dos grupos: Solar de Poetas, onde coordena também a equipa de Comentadores; Solarte – a Arte no Solar; SoLar-Si-Dó - A Música no Solar; Canal de Divulgação do Solar, Casa do Poeta; SolarTV Online; Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa; Hora do Conto e O Melhor do Mundo, todos do grupo Solar de Poetas. A escrita é uma das suas paixões… Não se considera escritora nem poetisa, mas uma alma poética a vaguear pelo mundo... Se um dia deixar de sonhar, diz, deixa de existir.

Livros editados: Rosa Jasmim (poesia), Capa do Mestre Adelino Ângelo – Julho 2018.

E-Books: Poesia Cantam os Anjos (poesia de Natal) – Capa de Adias Machado – Natal 2017; - Ucanha terra de encanto Poesia) - Capa: Glória Costa – Maio 2018; - Sinos de Natal, Natal de 2018; - Glosa, Arte e Poesia, Pinturas de Glória Costa, poesia da autora, Agosto 2019; - Entre Barros, Arte e Poesia Bordadas à Mão – pinturas de Bárbara Santos, poesia da autora, Outubro 2019; - Maviosa poesia, a arte de rialantero" Pintura de Silvana Violante; poesia da autora

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E-Books: Contos Pétalas de Azul (contos) – Fevereiro 2019; - Estórias em Tons de Rosa (contos) Abril 2019; - Pena Rosada, Crónicas do Quotidiano, Julho 2019; - 12 Contos de Natal, capa de Madalena Macedo - imagens com arranjos da autora, Natal 2019; - O Veado Solitário, na Aldeia do Chefe Lyn - Edição bilingue (português/italiano), Janeiro 2020; - Esperança no País do Arco Íris – Edição bilingue (português/italiano), Abril 2020; - O Menino da Lagoa - Edição bilingue (português/inglês), Abril 2020; - A Menina Raposa, capa de Ana Cristina Dias; - Rufo, o Cãozinho desaparecido – Edição bilingue (português/espanhol), Abril 2020; - Ana Rita e o fascínio dos ovos – Maio 2020; - Milú, o Chapeuzinho que gostava de cirandar, Maio 2020; - Contos ao Luar, Maio de 2020; - Patusca, no Reino Misterioso - Edição bilingue (português/italiano), Maio 2020;- O bolo na casa da Avó Doroteia, Junho 2020; - Sonega, o Coelho Mandrião, Julho 2020; - Rosalina e a Sombra Rebelde, Julho 2020; - O Jardim em Festa, Julho 2020; - Ritinha, salva a Sereia Serena, Julho 2020 ; - Ana Clara, em tempos de pandemia, Novembro 2020.

Histórias da Bolachinha - Bolachinha em Tarouca (prosa e poesia) - Capa: Glória Costa - Maio 2018; - Bolachinha vai à Hora de Poesia - Edição bilingue (português/ francês), Outubro 2018; 6


- Bolachinha vai à Casa Museu Mestre Adelino Ângelo - Novembro 2018; - O Natal de Bolachinha, Natal 2018; - Bolachinha e a Hora de Poesia: A visita de Teresa Subtil - Edição bilingue (português/Mirandês), Fevereiro 2020; - Bolachinha e a Hora de Poesia: A visita de José Sepúlveda - Edição bilingue (português/francês), Julho 2020.

As Aventuras de Maria Laura Maria Laura, a Menina da Página dezasseis, Agosto 2020; - Aventura no Castelo sem nome, Agosto 2020

Em breve Vidas Suspensas, romance

Distinções - 2º Prémio de Poeti Internazionali. Poema Rosa de Saron, no Concorso Artemozioni, Cantico dei Cantici In Valle d’Itria, Itália; Maio 2017 - 3º Prémio de Poeti Internazional - Itália. Com o poema “Violino”; 5° Biennale del Festival Internazionale Delle Emozioni, Itália - Maio 2019 - 10° Edizione Del Concorso Di Poesia e Narrativa: Prémio d’Onore Concurso de Premio Letterario Internazionale di Poesia “Gocce di Memoria“, Itália, Junho 2019 con la poesia Sfera di cristallo (Bola de Cristal). 7


- Concorso “Il Meleto di Guido Gozzano” Sezione Autori di lingua straniera - ATTESTATO DI MERITO, 14 settembre 2019 com la poesia Assenza (Ausência). Itália, agosto de 2019. - Jogos Florais Vale do Varosa 2019 – Concurso Literário Tarouca - “O rio, o vale e as gentes”: Menção Honrosa, categoria de Poema. - Concorso di Poesia Internazionale " Gocce di Memoria" VI edizione 2020 - Menzione d'onore con la poesie “Il mio quadro” – (Meu quadro). Itália julho 2020 https://issuu.com/rosammrs?fbclid https://romyflor.blogspot.com/p/blog-page.html

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Josefina, a menina que veio do mar

Josefina, uma pequena Sereia de longos cabelos negros e uns enormes olhos da cor do mar, vivia dentro de um livro, cujo titulo era “Rio Yrto, do Sul da aldeia Sereilandia�. Era um dos livros mais requisitados pelos alunos, da biblioteca da escola de Santiago do Sul.

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Quando terminavam as aulas, Josefina esperava um pouco, para que não se ouvisse um ruído sequer e, sorrateiramente, saltava do livro e lá ia ela em busca de novas aventuras, preferencialmente, em qualquer outro livro onde pudesse penetrar, com o sonho de se sentir levada por entre rios, outros mundos que queria desbravar. Olhou para um lado, para o outro e não encontrou vivalma na sua biblioteca. Lançou um olhar para o velho relógio que jamais se esquecia de à hora certa anunciar as horas. Passavam já dez minutos das dezoito horas, estava na hora de partir à descoberta de um livro que falasse em longos rios, sim, teria que incluir rios. Afinal, ela era uma sereia, não era menina para qualquer tipo de aventuras, seria para si um terrível pesadelo. Aventura, essa, aonde era indispensável 11


existir ĂĄgua, com fartura, doce ou salgada, tanto valia.

Josefina bem procura Um livrinho aonde entrar, Precisava de aventura, Conhecer novo lugar. A rios interligado Ou a mares, com certeza Ela bem que procurava MistĂŠrios da natureza. 12


Quando Josefina finalmente encontrou o livro que procurava, embrenhou-se por ele dentro com redobrada atenção, perdendo-se no tempo. Foi assim que… … naquele amanhecer a pequena Sereia acordou estremunhada, debaixo duma algazarra que se fazia ecoar pelos corredores ao longo de toda a escola. Olhou ao seu redor. O dia ia já alto, o calor apertava. Espreguiçou-se e exclamou: - Oh, nem acredito, adormeci! Logo hoje que a escola tem visitas! Coisas que não deviam acontecer, mas, enfim, aconteceu!

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Na verdade, não era a primeira vez que Josefina adormecera a ler um dos muitos livros da Biblioteca. Eram eles o seu mundo, o seu refúgio. Ouvira uns zunzuns na biblioteca que iria haver uma visita de alunos de uma qualquer escola. Sorrateiramente, preparou-se para sair do livro e zás, uma pequena e sagaz mãozita a apanhou. Sentindo-se presa, olhou com estupefação, mas apenas vislumbrou umas lunetas de vidro, muito fortes e uns olhos da cor dos seus que espantados a olhavam como se vira um fantasma. Sem saber como reagir, ganhou coragem e balbuciou:

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- Desamarra-me, fedelho, Mas quem pensas tu que és? Devias ver-te ao espelho! E ao menos ser cortês . Tira as tuas mãos de mim Que nem posso respirar - Vou tirar minha mão, sim, Mas podes-me explicar? O que fazes por aqui? Na nossa biblioteca? Uma sereia, já vi, Riu, fazendo uma careta. 15


E mascarada! Afinal, Porque razão? Não há festa! Até vir o carnaval, ‘Inda muito tempo resta. - Sim, eu sou uma sereia, Mas deixa-me ir embora Pois já o tempo escasseia, Preciso ir! - lhe implora. O meu nome é Josefina, Mas é um segredo nosso - Mas és menino ou menina? - Preciso ir, se é que posso?

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- Espera um pouco, diz-me pelo menos aonde vives, aqui não há mar! Nem imaginava que havia sereias. Serás um mito? - já são perguntas a mais, Mesmo assim, vou responder: Como seres especiais, Só no mar vamos viver! Mito não, eu não sou, não, Eu respiro, tenho vida, Um pulmão, um coração… Se não volto, estou perdida.

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- Vivo num livro, aquele livro ali de capa azul, um lindo livro sobre oceanos, já leste? - Ainda não, mas suscitaste a minha curiosidade. Irei lê-lo, sim. - Olha, meu amigo, faz-se tarde, tenho que ir. A esta hora, já devem andar a esfolhear as páginas à minha procura. Josefina lança a sua pequena mão para o livro, tenta alcançar a sua página, não sem antes lançar um aceno ao seu novo amiguinho. - Até à próxima. Quando está quase a desaparecer, lembra-se que não sabe o seu nome e grita: - Como te chamas? Foram as suas últimas palavras. Apressadamente, entrou no livro de tal forma que já nem ouviu o seu nome. - Faustino! – gritou. - Que pena, acho que não consegui perceber o seu nome!

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- Não ouviu, mas não faz mal, Brevemente a encontrarei Num dia memorial Que será belo, bem sei. Logo hoje, quem diria, Que isto ia acontecer… Sua vozita tremia Neste eterno amanhecer.

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- Mais logo requisito o livro e levo-o para casa. Tenho a certeza que entre as páginas cheias de magia irei encontrá-la. Josefina, a pequena sereia, que história linda! De repente, entra aos gritos na biblioteca um bando de crianças, de olhos arregalados, deslumbrados com tantos e tão fantásticos livros. Faustino chegou junto da Professora Justina, encarregada da biblioteca e segredou-lhe ao ouvido:

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- S’tora, posso levar este livro para casa? - Olá Faustino, qual o livro, diz-me. - “Rio Yrto, do Sul da aldeia Sereilandia” Admirada, perguntou-lhe de novo: - Tens a certeza, Faustino? É mesmo esse o livro que desejas? - Tenho sim S’tora. - Mas - retorquiu - É muito diferente dos que costumas levar! - Sabe S’tora. Esta na hora de mudar os meus hábitos de leitura. - Concordo contigo Faustino. 21


- É um belo livro, este que requisitas hoje. – Parabéns! - Vais gostar muito de o leres - Tenho a certeza que sim S’tora!

É este livro que eu quero Levar comigo p’ró lar E encontrar lá dentro, espero, Alguém com quem conversar. E quando esse livro abrir Eu irei saber mais dela. E ao conhecê-la, sentir, Como é doce, como é bela. 22


Faustino ia guardar o livro na mochila, mas algo lhe chamou a atenção. Sentiu um fio de água a sair por entre as páginas. - Que estranho, exclamou surpreendido. Quando ia verificar a página de onde vinha o fio de água, viu aproximar-se a sua amiguinha Henriqueta, colega de carteira, uma afável menina de dez anos que usava uns enormes óculos que quase lhe tapavam todo o seu rosto sardento.

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O livro vou esconder Não vá ela perguntar E nem sequer deve ver Que a mochila vou molhar.

- Que é isso, Faustino? - Nada, não é nada – respondeu, resguardando o livro na mochila. - Há sim, não me enganas. Mostra-me esse livro que tentas esconder na mochila, não o escondas de mim. E logo lançou mão da mochila de Faustino, retirando o livro. 24


- Porque levas este livro para casa, Faustino? – não é o teu tipo de leitura. Quando se apercebeu das pequenas gotas que escorriam das páginas do livro, assustada, virou-se e disse: - Vem Faustino, vamos sair daqui! Apressadamente, segurando a mão do amigo, saíram da biblioteca. Quando atingiram um lugar mais sossegado, abriram o livro com o maior dos cuidados e logo se viram no meio do oceano.

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- Faustino, diz-me, estás bem? Perguntou-lhe a Henriqueta Olha bem, não há ninguém, É uma ilha deserta. Como viemos parar A esta ilha, Faustino? Tanta água, tanto mar Qual vai ser nosso destino? O sol brilha lá no céu A água, da cor da prata, O mar, o céu, tu e eu, Sós, numa ilha pacata!

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De repente, uma onda gigante surgiu ao longe. Ao vêla já perto de si, Henriqueta, apavorada, agarrou-se a Faustino e ambos são colhidos por ela, que os leva mar fora até chegarem a um castelo misterioso, no fundo do oceano. Ao chegarem, veem abrir-se a pesada porta. Henriqueta e Faustino entram, olhando com redobrada atenção para tudo o que os rodeia.

- Meu amigo, sinto medo, Segura na minha mão, Metemo-nos num enredo Tão cheio de confusão.

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- Vamos os dois nele entrar, Não te separes de mim Teremos que esperar, Vamos até ao jardim. Há tantas plantas no mar! Posidónias e corais, Algas, que lindo lugar, Tantos peixes belos, quanto mais! - Que beleza de castelo Mas quem é que mora aqui? Leva a mãozita ao cabelo, Para Faustino sorri.

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- É duma fada encantada, Ou talvez duma sereia? E mergulhados no nada, Algo perto serpenteia. - Oh, linda princesinha! Viste, Faustino, acolá? - Vi sim, uma amiga minha, Conheci-a esta manhã! Mas não entendo o porquê De nos trazer até aqui. Ai, o pobre do meu pé, Uma picada senti!

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- Foi então que ouviram uma melodiosa voz surgida de trás. - Olá, meus bons amigos, como estão? Espero que estejam a sentir-se bem nos jardins do meu castelo. - Que bom que apareceste, Josefina, estávamos tão assustados! - Que lugar mais estranho - exclamou Henriqueta, olhando Josefina através daqueles seus enormes óculos que quase lhe tapavam as encantadoras sardas do seu rostinho de menina.

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Faustino, ainda espantado pela presença da pequena sereia, acabou por desabafar: - Meu Deus, Josefina, como és bela! - Venham conhecer o meu mundo. Vou levar-vos a conhecer a magia deste lugar. Subam para o meu dorso e segurem-se bem. Agora, felizes com o desfecho de tudo o que acabara de acontecer, lá foram os três, desbravando os mares, à descoberta de um novo mundo, o mundo de Josefina, a pequena Sereia.

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