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AS AVENTURAS DE MARIA LAURA
Maria Laura a Menina da Pรกgina Dezasseis
Conto
Rosa Maria Santos 2
Ficha Técnica
Título Maria Laura, a Menina da Página Dezasseis Tema Conto Autora Rosa Maria Santos. Capa Arranjo de José Sepúlveda Ilustrações Rosa Maria Santos Revisão de textos e Formatação José Sepúlveda
Editado em E-book em Agosto de 2020 https://issuu.com/rosammrs/docs
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Rosa Maria Santos Naturalidade – S. Martinho de Dume, Braga. Muito pequena, foi viver para a freguesia de Maximinos. A base do seu equilíbrio emocional está no seio familiar. É na família que encontra a alegria de viver. Viveu na Costa Litoral Alentejana, em Sines, trinta e um anos, tendo regressado em 2017, à cidade que a viu nascer, Braga. Participou em diversas coletâneas de Poesia, portuguesas, italianas e brasileiras. É Colunista no site Divulga Escritor, possuindo também uma rubrica na Revista com o mesmo nome. Foi assistente de produção e recolha na coletânea de postais do grupo Solar de Poetas, Poeta Sou…Viva a Poesia; participou nas coletâneas de postais de Natal do mesmo grupo: Era uma vez… um Menino; Nasceu, É Natal; Não Havia Lugar para Ele; VALE DO VAROSA: Uma Tela, um Poema, do Solar de Poetas, para promoção do Evento: Tarouca Vale a Pena; Belém Efrata; Então, Será Natal; Vi Uma Estrela, todas editadas em e-Book; O Presépio de Marco – inspirado nas imagens do presépio de
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Natal 2019, elaborado por Marco Massimo e seus familiares. É Administradora dos grupos: Solar de Poetas, onde coordena também a equipa de Comentadores; Solarte – a Arte no Solar; SoLar-Si-Dó - A Música no Solar; Canal de Divulgação do Solar, Casa do Poeta; SolarTV Online; Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa; Hora do Conto e O Melhor do Mundo, todos do grupo Solar de Poetas. A escrita é uma das suas paixões… Não se considera escritora nem poetisa, mas uma alma poética a vaguear pelo mundo... Se um dia deixar de sonhar, diz, deixa de existir. Livros editados: Rosa Jasmim (poesia), Capa do Mestre Adelino Ângelo – Julho 2018. E-Books: Cantam os Anjos (poesia de Natal) – Capa de Adias Machado – Natal 2017; - Ucanha terra de encanto Poesia) - Capa: Glória Costa – Maio 2018; Bolachinha em Tarouca (prosa e poesia) – Capa: Glória Costa – Maio 2018; - Bolachinha vai à Hora de Poesia – Outubro 2018; - Bolachinha vai à Casa Museu Mestre Adelino Ângelo – Novembro 2018; Sinos de Natal, Natal de 2018; - O Natal de Bolachinha, Natal 2018 Pétalas de Azul (contos) – Fevereiro 2019; - Estórias em Tons de Rosa (contos) Abril 2019; - Pena Rosada, Crónicas do Quotidiano, Julho 2019; - Glosa, 5
Arte e Poesia, Pinturas de Glória Costa, poesia da autora, Agosto 2019; - Entre Barros, Arte e Poesia Bordadas à Mão – pinturas de Bárbara Santos, poesia da autora, Outubro 2019; - 12 Contos de Natal, capa de Madalena Macedo - imagens com arranjos da Autora, Natal 2019 O Veado Solitário, na Aldeia do Chefe Lyn - Edição bilingue (português e italiano), Janeiro 2020; - Bolachinha e a Hora de Poesia, a visita de Teresa Subtil – Edição bilingue (português/Mirandês), Fevereiro 2020; - Esperança no País do Arco Íris – Edição bilingue (português e italiano) Abril 2020; - O Menino da Lagoa - Edição bilingue (português e inglês) Abril 2020; - A Menina Raposa, capa de Ana Cristina Dias; - Rufo, o Cãozinho desaparecido, Abril 2020; Ana Rita e o fascínio dos ovos – Maio 2020;- Milú, o Chapeuzinho que gostava de cirandar, Maio 2020; - Contos ao Luar, Maio de 2020; - Patusca, no Reino Misterioso - Edição bilingue (português/italiano) Maio 2020.- O bolo na casa da Avó Doroteia, Junho 2020; - Sonega, o Coelho Mandrião, Julho 2020; Maviosa poesia, a arte de rialantero" Pintura de Silvana Violante; poesia da autora; - Rosalina e a Sombra Rebelde, Julho 2020; - Bolachinha e a Hora de Poesia, a visita de José Sepúlveda – Edição bilingue (português e francês), Julho 2020; O Jardim em Festa – Julho 2020; Ritinha Salva a Sereia Serena Julho 2020. 6
Distinções: 2º Prémio de Poeti Internazionali. Poema Rosa de Saron, no Concorso Artemozioni, Cantico dei Cantici In Valle d’Itria, Itália; Maio 2017 3º Prémio de Poeti Internazional - Itália. Com o poema “Violino”; 5° Biennale del Festival Internazionale Delle Emozioni, Itália - Maio 2019 10° Edizione Del Concorso Di Poesia e Narrativa: Prémio d’Onore Concurso de Premio Letterario Internazionale di Poesia “Gocce di Memoria“, Itália, Junho 2019 con la poesia Sfera di cristallo (Bola de Cristal). Concorso “Il Meleto di Guido Gozzano” Sezione Autori di lingua straniera - ATTESTATO DI MERITO, 14 settembre 2019 com la poesia Assenza (Ausência). Itália, agosto de 2019. Jogos Florais Vale do Varosa 2019 – Concurso Literário Tarouca - “O rio, o vale e as gentes”: Menção Honrosa, categoria de Poema. Concorso di Poesia Internazionale " Gocce di Memoria" VI edizione 2020 Menzione d'onore con la poesie “Il mio quadro” – (Meu quadro). Itália julho 2020 https://issuu.com/rosammrs?fbclid https://romyflor.blogspot.com/p/blog-page.html
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Maria Laura, a Menina da Página Dezasseis
Maria Laura era uma linda menina que vivia dentro de um livro de contos infantis. Ai, como desejava um dia vir a ser uma menina de verdade, poder esfolhear um livro, brincar, saltar. Na sua condição, sempre que uma criança abrisse o livro – o seu livro – ei-la que surgia sorridente, sempre no mesmo lugar, a página dezasseis, como que à espera de ganhar vida e voar página fora, à procura de
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aventura, imaginando-se ser a leitora que ali estava a conversar consigo.
- Como Ê bom me libertar, De viver como uma criança, Como podem criticar? Tenho alguma semelhança! A mim, pouco me interessa Viver num livro fechado Quero voar, tenho pressa De chegar a qualquer lado!
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Há quase trinta dias que se encontrava ali fechada, no seu livro-cela, arrumada para o canto duma prateleira, em plena biblioteca pública, de onde nem sequer podia apreciar o verde infinito da charneca alentejana ali mesmo à janela, frente à sua cidade, no profundo do Alentejo. Entre o sem número de livros ali ao seu lado havia um muito especial. Era um livro de aventuras, tão lido, tão lido, que as suas folhas se encontravam já gastas e descoloridas pelo uso. Era um livro fanfarrão, que gostava de se exibir a contar as suas aventuras a quem o 12
lia com avidez, aventuras dum país longínquo que se perdia para lá do mar.
Todos ficavam como que enfeitiçados a ouvir as velhas histórias daquele fanfarrão, que se pavoneava pela Biblioteca como se de alguém muito importante se tratasse. Maria Laura, ali presa à página – a dezasseis – apenas desejava que chegasse alguém, de longe a longe, que pegasse no livro – o seu livro – e com a mesma avidez o esfolheasse até que as suas folhas fossem rasgadas pelo uso. - Ah, seria o prenúncio da minha liberdade! – suspirava. 13
- Atenção, hoje há visitas Ao chegar as quinze horas, Crianças desabriditas Que nos chegam das escolas! - Eu cá por mim, fico aqui Gosto da Biblioteca - Elas gostam bem de ti, Fanfarrãozinho pateta! - Que pobre esta geração! Já não sabem escolher A leitura, a ocasião, Tão pouco, gosta de ler. 14
Quando a criançada chegou, quase todos os livros de contos infantis foram requisitados. Afinal, pensando bem, eram os livros mais adequados para a sua idade. O livro Y445 acabou por ser requisitado pela Camila, uma menina de sete anos, inteligente e muito atenta às coisas do mundo. Algo a atraiu. Tirou-o da prateleira, esfolheou-o e pediu conselho à professora sobre a possibilidade de o requisitar.
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Ai, professora Luzia, Será que o posso levar? - Sim, Camila – lhe dizia Ao ver seus olhos brilhar. Com seu sorriso espelhado E a saltar com alegria. Logo pensou com bom grado Lê-lo todo nesse dia. Quando regressaram à escola, Camila apenas desejava o fim das aulas para poder correr para casa. No fim das aulas, aproximou-se de Luzia, a professora, e abraçou-a. - Foi tão boa esta visita à Biblioteca! Muito obrigada, senhora professora. 16
Correu para casa e mal entrou, abriu a sacola e puxou do livro. Folheou-o ao longo de cada página para tentar adivinhar o enredo e logo começou a ler.
- Parece que o conteúdo Deste livrinho infantil Será bom para o estudo… Que menina mais gentil! Sei que vou gostar de o ler Com toda a minha atenção Ler acrescenta saber E alicerça a opinião. 17
Quando estava a esfolhear Salta a Laurinha p’rá mão. E antes de algo perguntar Logo viu porque razão. - Na página dezasseis Aqui vivo há muito tempo E nem tu, nem vós sabeis Quão grande é meu sofrimento.
Camila, boquiaberta, olhava para Maria Laura, sem nada entender. Uma página aberta, uma criança que salta, uma menina que fala!... - Quem és tu? 18
- Lê, lê o livro, Camila! Sou Maria Laura, a protagonista do livro. Quero conhecer-te, brincar contigo! - Claro que quero, mas… Espera, quero conhecer-te melhor. Vou ler o livro até à página dezasseis. Depois…, bem, depois podemos brincar – sorriu. Avidamente, foi devorando página após página. - Que livro mais interessante – pensava.
Impaciente, Maria Laura mordiscava as pontas dos dedos de Camila, como querendo chamar a sua atenção. - Tem calma, menina, estou quase a chegar à tua página, são apenas mais uns instantes. 19
Tentando conter a emoção, sentou-se na pequena mesa e aguardava, com um longo sorriso, que Camila lhe prestasse a atenção a que pensava ter direito. E sorria silenciosa, atenta ao entusiasmo de Camila. E eis que esta atinge a famigerada página dezasseis. Maravilhada, num ápice devorou a história de Maria Laura. - Que bela a tua história, minha amiga! Não vou, nunca mais, esquecê-la! Trata-se, na verdade, de uma história fascinante.
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- Esta história tem magia, Gostei muito de a ler! Que pena chegar um dia Que tenho que a devolver! Ó professora Luzia, Que na escola, o nosso ninho, Esta Biblioteca um dia Possa ter este livrinho. Tempo sem fim, Camila e Maria Laura permaneceram em longas conversas, mas as horas não perdoam e Maria Laura viu-se obrigada a voltar à sua página dezasseis.
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Na manhã seguinte, Camila chegou à escola e abeirou-se da professora: - Professora Luzia, vemos bem quanto esforço o seu para levar a que cada aluno se interesse pela leitura. São tão bons e úteis os seus conselhos! Queria propor que fale aos restantes professores e aos nossos pais para que possamos ter a nossa própria biblioteca aqui na escola. Que diz? O primeiro livro que lhe pedia para adquirir, é este que levei para casa. Um livro cheio de beleza… e encanto – disse de si para si. Feliz com a sugestão, Luzia sorriu e disse: - É uma ótima ideia, Camila, vou propor isso mesmo hoje ao Conselho Pedagógico. Mas porquê o fascínio para com esse livro? – perguntou.
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- Ah, senhora professora, isso terá que ser cada um a descobrir. Vão surpreender-se quando abrirem uma certa página. Disfarçadamente, abriu a página dezasseis e ali ficou a olhar, como que enfeitiçada. Ao ver o seu olhar absorto, Luzia disse: - Mostra-me o livro, Camila, fiquei curiosa. E, virando-se para o resto da turma: - Meninos, sentem-se. Vamos ler um pouco deste livro. Querem? - Siimmm – responderam a uma só vez. - Vamos então: Era uma vez uma menina chamada Maria Laura que vivia dentro de um livro, mais precisamente na página dezasseis…
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- O livro, o melhor amigo, Fonte de sabedoria Vai viver sempre contigo E na vida ser teu guia Não se joga um livro fora Em nenhuma ocasião Porque vai chegar a hora Em que é mais que nosso irmão.
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