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Ficha Técnica Título Maviosa poesia, a arte de rialantero Tema Pintura e poesia Autoras: Pintura: Silvana Violante Poesia: Rosa Maria Santos Capa Pintura de Silvana Violante Arranjo de José Sepúlveda Revisão de textos e Formatação José Sepúlveda
Editado em E-book em Julho de 2020 https://issuu.com/rosammrs/docs 2
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Silvana Violante Nasce em Vittoria, Itália, a 2 de Abril de 1961, onde vive até tirar a licenciatura de professora de ensino primário e estenodactilografia. A luta da vida pelo dia a dia, obriga-a a emigrar pela Suíça, a Montreux e daí para Portugal, em BritoGuimarães, onde hoje vive felizmente. A sua inspiração artística deve-se a influência do avô e do pai, Violante Gaspare, Maestro de Arte da Academia Internacional de Roma, do qual recebe os primeiros ensinamentos do desenho e da pintura, já inatos em ela. Dominando o óleo sobre tela o seu diálogo com ela, ultimamente, tem- se dirigido no figurativo: mulheres e gatos. Suas obras são cheias de luz e de uma sensibilidade que faz mesmo parte do interior da sua alma. A pintura é para ela, uma linguagem que permite exprimir emoções, pensamentos e carinhos escritos ou a escrever no livro da memória, pois a artista afirma: Pintar é como navegar nas páginas de um livro imaginário. Obteve em Vila do Conde o Premio Internacional Galeria Cais Art´s 2012, em Alfena a Menção honrosa
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Grau Ouro 2011 e em Estoril a Medalha de Ouro Internacional 2012. É Académica correspondente da Federação Brasileira dos Académicos das Ciências, Letras e Artes da qual foi nomeada Pincel de Ouro em Julho de 2013. É sócia da Galeria Aberta, faz parte dos Órgãos sociais da AAGP de Portugal. É sócia da Associação Dos Artistas de Gaia. Expôs as suas obras em várias salas de Portugal e no estrangeiro: Roma- Itália; Bruxelas -Bélgica no Palácio dos Eventos de Isabel Pratt; Bienal Arte Contemporânea 2013 Brescia-Itália; Gallery Gunma-Ken- Ota-Shi- Japão; Mostra Internacional de Pontevedra-Espanha, Casino La Coruña-Espanha.
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Explosão de Sentimentos A obra de Silvana Violante é uma sinfonia de cores radiosas, plenas de luz e fantasia. Invade os nossos domínios com a sua força expressiva. É um universo essencialmente feminino, de figuras belas exibindo corpos e olhares intencionais. Há um reino de mulheres solitárias, narcisistas ou misteriosas. Umas são fogosas e sedutoras, que estimulam os sentidos ao amor e despertam fenómenos sensoriais. A acompanhá-las, quase imperiosamente necessários, uns gatos ternurentos adormecidos, mimados, atentos ou desconfiados. Quase à maneira de Balthus (Balthasar M. Klossowski 1908/2001), a autora consente a convivência e observação dos felinos, seus animais preferidos, introduzindo-os nesse mundo, para que as tolerem ou com elas se relacionem. Outras, parecem meditativas, sonhadoras, apreensivas ou enigmáticas, acolhem sentimentos de simplicidade, harmonia, estranheza ou ambiguidade. Há também mães carinhosas e alegres com seus filhos. Flores e fundos primaveris envolvem os espaços em ambiente intimista ou inseridos na paisagem. Silvana Violante pinta com força, pureza e sinceridade. Reflete sobre os temas e maneja os pincéis libertando ecos e emoções da sua própria natureza. Expele de si 6
mesma para um contexto de cores onde a mulher é rainha. Tanto entra na intimidade do lar como sai para a rua, o jardim ou a praia. Numa paleta de cores bucólicas, onde abundam os lilases, azúis, verdes e magentas, a artista faz exaltar o valor dos sentimentos, emoções ou nostalgias em ritmos suaves e poéticos, regressando, por vezes, aos tons iniciais de ocres, castanhos e dourados. A sua obra, estruturada a partir de um gosto estético elegante e clássico, faz um percurso através do figurativo realista quase burguês e vai-se encaminhando para os léxicos do impressionismo francês, onde se sente cada vez mais confiante. Com vontade e sensibilidade, reinventa novas realidades que integra no seu mundo de cores luminosas e apelativas. Procura a verdade e valores positivos, intrinsecamente ligados à sua essência, até aos limites da sua alma. Um hino de luz e cor, composições onde nos podemos deleitar. Mensagens que acrescentam sentimentos de alegria e esperança no futuro, que traduzem liberdade e toda a beleza da mulher, como ser humano integral.
Filomena Fonseca (Licenciada em Estudos Artísticos e Culturais)
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Rosa Maria Santos Naturalidade – S. Martinho de Dume, Braga. Muito pequena, foi viver para a freguesia de Maximinos. A base do seu equilíbrio emocional está no seio familiar. É na família que encontra a alegria de viver. Viveu na Costa Litoral Alentejana, em Sines, trinta e um anos, tendo regressado em 2017, à cidade que a viu nascer, Braga. Participou em diversas coletâneas portuguesas, italianas e brasileiras.
de
Poesia,
É Colunista no site Divulga Escritor, possuindo também uma rubrica na Revista com o mesmo nome. Foi assistente de produção e recolha na coletânea de postais do grupo Solar de Poetas, Poeta Sou…Viva a Poesia; participou nas coletâneas de postais de Natal do mesmo grupo: Era uma vez… um Menino; Nasceu, É Natal; Não Havia Lugar para Ele; VALE DO VAROSA: Uma Tela, um Poema, do Solar de Poetas, para promoção do Evento: Tarouca Vale a Pena; Belém Efrata; Então, Será Natal; Vi Uma Estrela, todas editadas em e-Book; O Presépio de Marco – inspirado nas imagens do presépio de Natal 2019, elaborado por Marco Massimo e seus familiares. 8
É Administradora dos grupos: Solar de Poetas, onde coordena também a equipa de Comentadores; Solarte – a Arte no Solar; SoLar-Si-Dó - A Música no Solar; Canal de Divulgação do Solar, Casa do Poeta; SolarTV Online; Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa; Hora do Conto e O Melhor do Mundo, todos do grupo Solar de Poetas. A escrita é uma das suas paixões… Não se considera escritora nem poetisa, mas uma alma poética a vaguear pelo mundo... Se um dia deixar de sonhar, diz, deixa de existir. Livros editados: Rosa Jasmim (poesia), Capa do Mestre Adelino Ângelo – julho 2018. E-Books: Cantam os Anjos (poesia de Natal) – Capa de Adias Machado – Natal 2017; - Ucanha terra de encanto Poesia) - Capa: Glória Costa – Maio 2018; - Bolachinha em Tarouca (prosa e poesia) – Capa: Glória Costa – Maio 2018; - Bolachinha vai à Hora de Poesia – Outubro 2018; - Bolachinha vai à Casa Museu Mestre Adelino Ângelo – Novembro 2018; - Sinos de Natal, Natal de 2018; - O Natal de Bolachinha, Natal 2018; - Pétalas de Azul (contos) – Fevereiro 2019; - Estórias em Tons de Rosa (contos) Abril 2019; - Pena Rosada, Crónicas do Quotidiano, Julho 2019; - Glosa, Arte e Poesia, Pinturas de Glória Costa, poesia da autora, Agosto 2019; Entre Barros, Arte e Poesia Bordadas à Mão – pinturas de Bárbara Santos, poesia da autora, Outubro 2019; - 12 Contos de Natal, capa de Madalena Macedo. Imagens com arranjos da Autora, Natal 2019; - Veado Solitário, 9
na Aldeia do Mestre Li - Edição bilingue (português e italiano), Janeiro 2020; - Bolachinha e a Hora de Poesia, a Visita de Teresa Subtil – Edição bilingue (português/Mirandês), Fevereiro 2020; - Esperança no País do Arco Íris, Abril 2020; - O Menino da Lagoa, bilingue (português e inglês) Abril 2020; - A Menina Raposa, capa de Ana Cristina Dias; - Rufo, o Cãozinho desaparecido, Abril 2020; - Ana Rita e o fascínio dos ovos – Maio 2020; - Milú, o Chapeuzinho que gostava de cirandar, Maio 2020; - Contos ao Luar, Maio de 2020; Patusca, no Reino Misterioso - Stellina, nel regno misterioso - Conto de Rosa Maria Santos Tradução de Massimo Penna, Edição bilingue (português/italiano) Maio 2020.- O bolo na casa da Avó Doroteia, Junho 2020; Sonega, o Coelho Mandrião – Julho de 2020. A editar, em breve: Histórias da Bolachinha – Capa e ilustrações de Glória Costa. Distinções: 2º Prémio de Poeti Internazionali. Poema Rosa de Saron, no Concorso Artemozioni, Cantico dei Cantici In Valle d’Itria, Itália; Maio 2017. 3º Prémio de Poeti Internazional - Itália. Com o poema “Violino”; 5° Biennale del Festival Internazionale Delle Emozioni, Itália - Maio 2019 10° Edizione Del Concorso Di Poesia e Narrativa: Prémio d’Onore Concurso de Premio Letterario Internazionale di Poesia “Gocce di Memoria“, Itália, 10
Junho 2019 con la poesia Sfera di cristallo (Bola de Cristal). Concorso “Il Meleto di Guido Gozzano” Sezione Autori di lingua straniera - ATTESTATO DI MERITO, 14 settembre 2019 com la poesia Assenza (Ausência). Itália, agosto de 2019. Jogos Florais Vale do Varosa 2019 – Concurso Literário Tarouca - “O rio, o vale e as gentes”: Menção Honrosa, categoria de Poema.
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Quando a caneta e o pincel Exprimem sentir sincero, Fazem da tela e papel A Arte de Rialantero. JosĂŠ SepĂşlveda
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Tu, qual eu Embalas-me a alma, O teu sorriso me acalma, Fazes me sentir mulher, Não um farrapo qualquer Embalas-me a alma Quando a noite cai, O dia se esvai E nos teus braços Encontro a paz que necessito. Embalas-me a alma Quando no silêncio Memórias me vêm ao pensamento E choro as tristezas do passado, Quando estavas ao meu lado. Embalas-me a alma Quando o dia cinzento Estraga o momento, As nuvens passam E tu chegas e me abraças.
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Embalas-me a alma Momento após momento, Vives em meu pensamento E embora ausente Estás presente Num coração que te espera, Qual sonho ou quimera Que dá razão ao meu viver. Embalas-me a alma Porque tu és eu, Eu sou tu, E como um só Te sinto sempre No meu mundo indiferente.
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Felicidade Caminho solitária no deserto A mente se transforma em poesia A espalhar magia que por certo Não passa de mais uma fantasia Ouvi as tuas palavras meu amor, E logo foi de mim a solidão Partiu de mim aquela estranha dor Que sempre dominou meu coração. E toda essa tristeza que sentia Depressa se tornou mais colorida Partiu de mim aquela nostalgia Que um dia dominou a minha vida. Reaprendi assim a caminhar Livrei-me dessa insana solidão E vivo agora um sonho de encantar Que dá tanta alegria ao coração. E a paz voltou de novo ao meu viver, As lágrimas lancei em liberdade Senti a minha vida renascer No meu caminho p’rá felicidade
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Violante Como qualquer poesia abandonada, Guardada num recanto da gaveta, Perdida numa folha esbranquiçada, Tens a beleza duma borboleta; Como onda pelo mar acorrentada Qual nota numa escala de uma pauta, Como grilhões aonde, acorrentada, Te quedas a ouvir o som da flauta; O teu desassossego voa ao vento, Arrasta-te, te faz rodopiar, Na dança que te prende o pensamento Aonde nunca deixas de sonhar. Como poema velho, amarrotado, Escrito numa folha, verso a verso, Eis-me que canto agora o triste fado Deste meu tempo incerto, controverso. O sonho traz de novo a esperança E faz em mim nascer outra verdade, Quero voltar aos tempos de criança E renascer em mim, Sóror Saudade!
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Vem Quisera numa noite de luar Dançar feliz, sentir-te junto a mim, No corpo teu poder rodopiar Por tempo que não mais chegasse ao fim. Quisera eu provar teu doce beijo, Sentir os braços teus a me enlaçar E nessa fome intensa de desejo Ouvir-te ao meu ouvido, a sussurrar. Quisera ter em mim as tuas mãos, Teus dedos os meus seios percorrer Sentir vibrar, sedento, o coração, Que não cessasse nunca de bater. E o tempo apagaria a cepa torta Que quer roubar a paz, felicidade, De resto, o que ficasse, pouco importa, Importa sim a sã cumplicidade. Vem, meu amor, encher-me de paixão, Tornar o sonho meu, realidade, Vem ter comigo, finda esta ilusão, Constante sonho pela eternidade.
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Sede infinita Sedentas são as águas deste mar Que ao invadir as ondas tão macias As fazem mais alegres, a cantar, Lhes dão beijinhos, entre as maresias. Sedentas quando ao entardecer O sol se põe e, já na despedida, Espera no seu leito adormecer E nessas ondas encontrar guarida Sedentas as gaivotas a planar Quando a voar no ar, cheias de vida, No mar o alimento, vão buscar P’ra dar mais força e paz à sua vida. Em Deus o homem busca proteção E pede para as ondas amainar, É nessa faina que procura o pão Para a família, em casa, sustentar. Sedento é o vento forte que ao passar Coloca aquele mar em movimento E que a tormenta pode provocar Trazendo à terra e mar maior lamento.
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Sedentas são as rugas dessas mãos Quando me tocam para me abraçar, É nelas que procuro proteção Quando, sedenta, busco o teu olhar. Sedentos são meus olhos, meus ouvidos, Que anseiam ver em ti gestos de amor, E fazem agitar os meus sentidos Quando, sedenta, sorvo o teu calor.
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Espero É já tarde. Quanta dor! Esta espera me magoa, As roseiras deram flor E o sino já não soa. Choro triste em meu torpor Tua ausência, meu amor. Olho ao longo do caminho, Minha alma desespera Sente falta de carinho E eu aqui à tua espera! Meu amor, como desejo Saborear o teu beijo. Cada minuto que passa Tu és o meu pensamento Olho a chuva p’la vidraça Neste longo sofrimento. Os trovões a ribombar E eu aqui, a esperar!
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Não queiras adivinhar O que vai no coração, Não consigo dominar Esta minha solidão. São arrepios, são medos Que me escapam pelos dedos. Vá de mim esta ansiedade, O temor, a frustração, Sozinha, sinto saudade Da tua imensa afeição. Penso em ti em cada dia Nesta eterna fantasia. Sei que um dia hás de chegar E esta dor terminará Esta vontade de amar, Nunca mais me deixará… E em todo o universo Serei teu verbo, teu verso!
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A Vida A vida, em seu espelho, nos faz ver Quão frágil é a lei da natureza, O dia tomba pelo entardecer E a noite vem tão cheia de beleza. A vida é uma caixa de ilusão Que guarda o coração do sonhador E em si cria momentos de paixão Que vai distribuindo em seu fulgor. O espelho montra da realidade, Sem hesitar, nos leva a conhecer Ocultos traços duma veleidade Que nunca nos fará esmorecer. O tempo é o ponteiro desta vida Tão cheia de incerteza, insegurança, Que um dia se nos mostra vã, perdida, E logo envolta em mantos de esperança. Quando em silêncio vivo a recordar Os meus momentos lindos de criança, A lágrima humedece o meu olhar Me faz sentir com mais perseverança.
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Se num momento de fragilidade Eu penso que já nada faz sentido, Eu caio em mim, e o mal que então me invade Se vai da minha vida espavorido. A vida é uma escola e se desperto Com algo que me quer fazer sofrer, Meu coração se mostra forte, aberto, E pulsa com vontade de viver.
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Contigo És a estrela cadente Que me faz especial, E vivo em meu peito ardente O meu sonho bem real. Sou a chama incandescente Que traz a luz à saudade Contigo me sinto gente, Um ser vivo, na verdade. Com pés assentes no chão, Sou a gaivota a planar, Num palácio de ilusão, Quando no céu a voar Seguro as plumas no ar, Salto de felicidade E quero o mundo alcançar Com maior felicidade. Sinto a saudade no peito, Na minha alma apaixonada, Quero amar sem preconceito E sentir que sou amada. Tudo para de repente E ganha significado Quando estamos frente a frente, De mãos dadas, lado a lado. 37
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Confia Se um dia te perderes, Olha o céu. Em cada estrela, Um sorriso meu Não sintas ser capricho, Ser loucura, Vai e procura A estrela mais brilhante, A mais pura... Se um dia não me encontrares, Observa a delicada roseira. Em cada botão a desabrochar, Quase a abrir Vais-me encontrar a sorrir Se um dia desaparecer O sol, o meu companheiro, Sente a maresia, O ondular das ondas, As ondas do meu mar, E ouve o vento a soprar, Sente a brisa que deslisa A anunciar que estou perto, Tão perto do teu olhar, Para te amar. 39
Se um dia não me sentires, Olha o céu E ver-me-ás a sorrir. E em cada esquina, Em cada flor, Em cada sorriso de criança, Em cada estrofe de um poema, Lá vais encontrar Minha alegria, Minha esperança, A esperança de um novo dia. Se um dia deixares de sonhar Pensa em meu olhar, Na rosa jasmim E vais-me encontrar No mesmo jardim Envolta em luar, Refletida no mar, Pronta para te amar.
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No teu silêncio, ó mar Porque me fazes sonhar Quando vem a maresia? O teu suave ondular É poder em cada dia. Olho nas tardes de verão Teu azul celestial E sinto na ondulação Um ser muito especial. Caminho na areia quente A areia me acaricia. E caminho lentamente Ao som dessa melodia. Com tuas águas me encanto Quando vem a maré cheia E as gaivotas, com seu canto, Vão pousando sobre a areia.
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Sonho de Esperança Adormeci num sonho de esperança Que em vão eu quis tornar realidade, Ali guardei meus sonhos e lembranças E alimentei assim essa vontade. Mas nessa hora inconstante, incerta, Fixei o meu olhar na tua mente E logo fiz a nova descoberta Do teu olhar ali à minha frente. E tu me aconselhaste nesse dia A estar contigo, ter-te bem presente, Ter calma e paz, viver com alegria, Sentir o teu amor eternamente. E vi-me mergulhada em emoções, Partir a ansiedade, os medos, ais. Senti em mim de novo sensações Que então perdera, quando essenciais.
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Sou ...Sou qual borboleta a bailar ao vento sou rosa, maria amor, sentimento... ...Sou flor, sou mulher vivendo a quimera de ser passarinho numa primavera … Sou relva no prado papoila a acenar sou lírio, sou cravo que voam no ar ...Se o vento permite minha alma tocar espero confiante quem ousa esperar Passa um dia e outro e eu sempre a bailar na noite em que o sonho persiste em ficar Noite de luar e eis-me a sorrir não quero chorar ao ver-te partir 47
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Como a flor Como o mar que invade a terra Do sol-pôr ao entardecer Como o rio desce a serra Pela montanha, a correr Como a lua, que ao luar, Ilumina a noite escura, Como a onda que no mar A branca areia procura Como o sol azul no ar Nos saúda com paixão, Como o vento que ao soprar Traz tanta destruição Como a criança, na areia, Em castelos de quimera E ao chegar a maré cheia Os perde e se desespera Como o sol no horizonte Fonte é de calor e vida Como a árvore do monte Torna a serra colorida
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Meu amor é p’ra te dar Mesmo que faça sofrer Na esperança de encontrar Uma razão p’ra viver Tu e eu com nosso amor Vivemos com a esperança De ver nascer nessa flor Novos tempos de bonança.
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Teus olhos O teu olhar, essência perfumada, Quais tochas rodeadas de paixão, Me faz sentir feliz, apaixonada, Vivendo num palácio de ilusão. Eu olho e vejo neles esperança, Aonde abunda paz e harmonia, Um novo mundo, um mundo de mudança, Envolto em frenesim, em fantasia. Teus olhos, cristais puros, luminosos, Viajam no espaço e à procura Dos lábios meus, sedentos, cobiçosos De beijos, de carinho, de loucura. Tais quais, duas janelas para o mundo Querendo no meu corpo despertar Um novo amor, segundo após segundo, Quais mil e uma noites ao luar. Quando se cruzam nestes olhos meus, São como estrelas belas a brilhar Relâmpagos rasgados pelos céus Aonde os meus, os teus, hão de voar.
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Noite de luar Quando chega a escuridão Eu oiço pela janela Nesta minha solidão Os sons da noite tão bela O firmamento, Qual pintura, ou aguarela, Com estrelas cintilantes… Quanta beleza! Estendo a mão E procuro alcançar A distante estrela Sempre a brilhar. Tantas luzinhas lá longe! Uma lágrima, Quiçá, de alegria, Rola pelo rosto Com sabor a maresia. Choro de tristeza, Nostalgia, Perdi a liberdade Naquele dia!
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Saudade, Saudade dos tempos de criança, Em que tudo se alcança Ao lançar um olhar. O meu pensamento flutua À procura De esperança, Do tempo de infância Quando tudo era tão simples, tão belo! Passo a mão no cabelo Que o vento insiste em fazer voar E me oculta o olhar. No silêncio da noite, Ouço o mar, ai, o meu mar! E eis-me a entoar Uma melodia de amor Que me faz levitar, Que me faz brilhar Num quadro de tanta cor! A lua, o luar E ali fico a sonhar. O cintilar das estrelas Nesse frenesim louco, Nem tão pouco Consegue suavizar Os pensamentos ocultos Que guardo para mim. 56
O seu bailado impar As harpas, os banjos, O coro dos arcanjos, Num cântico singular. É a minha sina! O vento que sopra, Com o seu cantar, Me quer arrastar Aos tempos de menina. Noite, Luar, Presente, Ausente, Fim!
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Felizes Não sei se fui eu que passei por ti, Se foste tu que reparaste em mim, Só sei que as borboletas que ali vi Andavam a voar num frenesim. Não sei bem quem de nós olhou primeiro, Se eu, se tu, não sei, foi o destino Que nos juntou, e logo, nesse enleio, Seguimos lado a lado esse caminho. Nada na vida é mero acontecer, Momentos são tão cheios de paixão Que aproveitamos, ânsia de viver Movidos nesse tempo de ilusão. Compete-nos a nós saber trilhar Caminhos que nos levem ao amor, Saber compreender, acreditar Que somos dois em um, com mais valor. E, mão na mão, seguimos pela estrada Pensando no amanhã, na eternidade, A vida sem amor, não vale nada, Buscamos, isso sim, felicidade.
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Poesia-te Como o mar que invade a terra De manhã, ao alvorecer, Qual rio que desce a serra Ou folgo que faz viver; Como a lua e o luar, Qual onda que vai e vem, Qual homem querendo amar Sabe amar como ninguém; Vem a tarde e ao sol-pôr, Eu sinto o vento a soprar, Qual giesta quando em flor, O amor anda no ar; Como o sol no horizonte É graça, calor e vida, Como o arbusto lá no monte Torna a serra mais colorida; Como nós dois, tu e eu, Com alegria, paixão, Somos amor que nasceu E vibra no coração.
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Momento Nos meus lençóis de linho me deitei E neles pela noite me perdi Amanheceu e logo recordei Momentos maravilha que vivi. Rolei-me no teu corpo e então sonhei Com esse céu imenso em que senti Teus braços me enlaçando e acordei E logo nesse abraço me perdi. Meu coração batia sem ter jeito E a lágrima verteu-se pelo olhar Senti a palpitar este meu peito E um beijo teu me veio despertar. Senti as tuas mãos na minha pele, Teus dedos penetrando meu cabelo, Sabor a hortelã, a lima, a mel Naquela noite longa, o nosso anelo. Amor, aquele estranho sentimento Que às vezes nos faz bem, às vezes mal, Que nos vem visitar cada momento, Trazendo sempre algo especial.
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Sim… A alma, o coração, Todo o meu ser Flutua pelo universo Como se um verso Que busca inspiração, intensidade, Num contexto irreal Que em meu pensamento Se faz fermento, Unguento, Liberdade, Sem entrave, Com pés assentes no chão, Rumo a outra dimensão Sim… Abro a porta da imaginação E todo o meu ser se sublima Me transporta A uma nova galáxia… Treme o coração, Desilusão, Uma falácia!
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Quantas estrelas Quase ao alcance das mãos, O vento é minha força A força que me transcende, Me surpreende Um pensamento profundo Me conduz a outro mundo, Sem culpas, sem dor, Aonde o meu viver fecundo Se faz luz e cor. Sim… Como um condor, Voo em liberdade, Voo sem parar, a planar, É outra realidade, virtualidade Em expansão, Rumo à eternidade Aonde vibra um coração.
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És meu És o amor, que tanto amo, Um encanto para mim, Sou rosa, quando te chamo, Colhida no teu jardim. Os teus lábios me deleitam, Me fazem viver um sonho, Se as nuvens no céu espreitam Todo o céu é mais risonho. Tens no coração um véu Quando entras nessa porta, Um pecadinho só meu Que ninguém quer, mas que importa? Vejo estrelas ao luar Deus as proteja do vento, Não as consigo alcançar, Vivem no meu pensamento. Brotam sonhos, esperança, Quando te sinto a meu lado E sinto-me uma criança No teu peito apaixonado.
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Hoje sinto-te Sinto-te de um modo tão forte Que quase me dói a alma A minha pele arde em chama, Te reclama, Te vive, chama Com voz tremente, Meus lábios são felicidade, Perfeito contentamento E mesmo até a saudade Por vezes se faz presente. Hoje, o meu sentir é diferente, Sinto tua alma em mim Como se fosses jardim Com gardénias, com jasmim, Na minha mente o teu perfume Me enche a alma E ardentemente Te chama. Sinto-me a flutuar na lua, Corro descalça na rua Nada me faz parar, Nem as pedras de tropeço, Nem a chuva que padeço, 71
Sequer o vento ao passar, Soprando animosamente, Virado p’ra toda a gente, Indiferente, Polar. Quero sentir tua mão A tocar o meu coração, Enlaçar-te num abraço E nos teus lábios pousar. Nada me fará parar! Quero dançar ao luar Contigo, aprender a amar, E me entregar. Só penso em ti, meu amor, Nesse olhar multicolor Que faz a minha loucura E ao sentir tua ternura No meu quarto, seminua, Entregar-me pura, Ser tua!
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Meu mar Entro feliz no meu mar, meu universo, Na esperança de nas ondas me banhar, Deixo p’ra trás meu corpo submerso Para essas águas frescas partilhar. Que estranho todo esse sentimento! Sinto bater meu coração, afoite, Nas ondas num intenso movimento E fico ali, até chegar a noite. Nas águas prateadas me deleito, As suas ondas gosto de abraçar No seu vaivém sereno em que me deito A ver as águas suas a ondular. Na correnteza, sinto um arrepio Entregue na total cumplicidade, E sinto pelo corpo um calafrio, Um misto de prazer e de ansiedade. Então, anseio ver-me em liberdade, Respiro o seu sabor a maresia, Na pele sinto em vão necessidade De me entregar, até que nasça o dia. Abraço-o na esperança de viver Um dia, outro dia com meu mar, Serena, em seu regaço, adormecer E no seu colo, enfim, poder ficar. 75
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Olho-te Olho-te Na profundeza do teu ser Olho com desejo Esse teu corpo perfeito Que meu olhar Cor de avelã, Cada manhã te olha Com ânsias de te querer. Olho-te Na imensidão dos teus olhos, De cor verde, como o mar, Da cor da esperança, Vem-me à lembrança O tempo da mocidade, Rios de saudade. Olho-te Por ti me perco de amores, Com volúpia, paixão, Me entrego no teu fulgor Em laços de tentação, Com loucura, Em busca de aventura.
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Olho-te Quando te deitas ao meu lado, Me envolves num abraço E meu corpo apaixonado, Se entrega em pedaços À mercê dos teus beijos Em ardentes desejos. Olho-te Com a loucura que há em nós, Quando me despertas sentimentos, Me sussurras em baixa voz, Me fazes delirar Em movimentos mil, À espera de te amar, Febril. Olho-te Qual réstia de esperança Que, com segurança, Num momento de amor, Não se cansa de te olhar! Em cada alvorecer, Quero-te amar, Em ti renascer.
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Quem me dera ser Quem me dera ser uma pequena semente Germinando num monte, do além Conseguir ver o que ninguém Neste mundo deslumbrou na sua mente Aguente o pensamento sem demora Aguentando o choro que aflora Momentos passados na memória Que conta e encanta a nossa história No futuro quem me garante o que fazer Num tempo de querer, ou desquerer Deslumbres de beleza inigualável No tempo de viver o inquestionável Sorrisos no meu rosto a fluir Num tempo meu amor quero sorrir Deslumbres do meu rosto de mulher Num tempo que a alegria vai acontecer
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Lua minha Ó lua, suave e pura Tão firme, que com brandura, Me segura o pensamento, A tua grande ternura Me faz sentir a frescura Do teu nobre sentimento. Quando meus olhos te fitam, São pensamentos que gritam Cortejados de esperança E logo fico a sonhar Nesse teu lindo brilhar Tão cheio de confiança. Se te pudesse tocar, Nos meus braços te embalar Tão perto do coração, Minha alma exultaria Ao sentir quanta alegria Eu tinha na minha mão. Quando em noites de luar Tu abraças nosso mar Com tanta, tanta alegria, Meus olhos olham p’ra ti Todo o meu corpo sorri Toda a noite, todo o dia. 83
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Por onde andas, amor? Ainda sinto esse pesar na alma Que me destrói, que me retira a calma! Existe em mim tristeza e ansiedade Pois constatar ser a realidade. Registo no meu peito esse temor Que o passo do destino quer impor E sinto solidão neste momento Pois és em mim a luz do pensamento. E no delírio que me vai na mente, Teu pensamento em mim está presente, E ouço a tua voz com tal fulgor Cá dentro da minha alma, meu amor. Quantas saudades, quantas frustrações, Num tempo louco, cheio de emoções! Navegas como fosses para mim, Semente a germinar no meu jardim. Silêncio sinto em cada alvorecer, Agora, mal consigo adormecer, São gritos estas bágoas a cair Porque sem ti não posso mais sorrir. Nesta janela, em cada entardecer, Espero o que me vai acontecer… Silente, aqui prostrada no meu leito, Eu penso em ti, dobrado no meu peito. 85
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Meu menino Contigo, a palavra amar Ficou a ter mais sentido Contigo vou preparar Um futuro com sentido. Aprendi a caminhar Desde que te concebi, Contigo, vou conquistar O que algum dia perdi. No ventre te alimentei, Ao teu corpinho dei vida E tu disseste: - Cheguei! Então, fiquei preenchida. Agora, o tempo é só teu, És um pedaço de mim, Uma graça que me deu, A flor linda do jardim. Em mim encontras amor, Minha estrelinha do céu. Chegaste, trouxeste cor A este lar, que Deus te deu. Meu pequeno ser amado Alegre sempre sorrindo Meu coração dedicado É só teu, menino lindo 87
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Teus Cabelos Quão belos são teus cabelos Em perfeito movimento, Tons castanhos, amarelos, Quase levados p’lo vento. Pelos ombros, triunfantes, São cascatas a ondular Nesses bailados constantes Que te vão acarinhar. Se soltos, em liberdade, Vão p’los ombros deslizar, Mesmo sem necessidade, Vão as costas adornar. Nunca me canso de olhar Os teus cabelos tão belos, Vontade de os moldar Com os meus toques singelos A fragrância que libertam Se passo à tua janela, Logo, na mente despertam Teu aroma, rosa bela.
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Dádiva... És a água cristalina Que desce por meu olhar, A névoa do amanhecer, A bruma da alvorada Que o sol faz desaparecer... Quando o meu corpo cansado Tenta em vão adormecer, Apareces ao meu lado, Elixir do alvorecer... Tu és todo o meu viver O ar puro que em ti respiro, O destino de meu ser Nesta roda aonde eu giro. A vida me premiou, Por vezes ando perdida, Mas agora sei quem sou Embrião que despertou Muito cedo para a vida. Fui pedir ao meu destino Uma dádiva do céu; Ele pôs-me em meu caminho E me deu o teu carinho, Sou feliz, agora és meu. 91
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Mulher Mulher, luz do universo E mãe da humanidade, Poesia, prosa ou verso Nasce na maternidade. Sensação de liberdade, Tempo de amor, de quimera, Gestos, sensualidade Nesses momentos de espera. Frustração, desilusão, Sofrimento a suportar Grande angústia e aflição Numa luta sem ter par. Mãe, esposa, amante, amiga, Milagre da natureza É coragem, luta, briga, Tudo passa, com certeza. E vive a realidade Resistindo à tentação Traz no peito essa verdade Que lhe enche o coração.
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Espero-te Na calada da noite, aqui te espero Com o meu coração em frenesim E quando tu te atrasas, desespero, Carente estou de ti, vem para mim. Espero, meu amor, ver-te chegar, Não imaginas quanto eu te quero. Como uma pluma de ave a flutuar, Te entrego o meu afeto tão sincero. No céu há mil estrelas a brilhar E ao luar o céu fica radioso. Olho um condor lá longe, vai planar, No seu infindo voo, esperançoso. Quão bom quando te tinha aqui ao lado, E sinto o teu carinho, o teu abraço, O teu olhar sincero, apaixonado, Quando em ternuras mil eu me desfaço. Vem até mim, amor, vem-me abraçar, Dar-me o teu beijo cheio de fulgor, Em ti, eu sou gaivota a flutuar, Recebe para ti o meu amor. Vem, bem, e traz-me o teu carinho, Vê como vibra o frágil coração, Os passos teus vão ser o meu destino, Contigo hei de viver esta paixão. 95
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Vem, Amor Vem, amor, só mais um dia, Vem comigo ver o mar, Respirar a maresia, Em suas ondas mergulhar. Estás tão longe e tão perto, Porque não estás ao meu lado? Meu coração bate incerto Pois está triste e cansado. Vivo aflita, meu amor, Já são tantas as saudades! Não tardes, vem, por favor, Quero sentir-te, não tardes! Oiço o vento que ao passar Me faz sentir tão sozinha, Não consegue perfumar Esta triste sina minha. A manhã quase passou E não vieste, querido, Minha vida se espetou Porque não estás comigo!
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Sonhos Há sonhos neste olhar cheio de espera Num tempo que se perde entre as ramagens E sonho com a doce primavera Vivida noutro tempo, outras paragens. Minha alma vive triste, com saudade, Daqueles sonhos lindos de criança, Aperta-se em meu peito a liberdade E vejo assim fugir-me a esperança. Deleite quando penso no teu peito E aperto o corpo teu – uma miragem, O meu abraço forte, tão perfeito, Esfuma-se na ausência, sem coragem. Aquele olhar que um dia te sorriu Enquanto mergulhava em teu regaço, No tempo sem ter tempo se esvaiu Além do infinito, além do espaço. Entraste no meu peito certo dia E com amor te dei o peito meu Mas o destino tudo mudaria Quando partiste. O meu amor morreu.
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Silêncio Mais um dia, não respondes, Tento me questionar Do porquê, porque te escondes E não me vens abraçar. Permaneço em solidão Ao passear no jardim E oiço o teu coração Que está tão longe de mim. Silêncio ao entardecer Quando, em vão, procuro o mar. Sinto o sol a se esconder Para não me aconchegar. É grande este meu sofrer, Por ti, amor, desespero, Eu vivo por te querer, E sofro porque te espero.
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Recordação Nua de preconceitos, coisas vãs, Meu mundo é de silêncios, raiva, dor Desperto e conto todas as manhãs Que afogo em mágoas, só por ti, amor. À noite, vem a escuridão, o breu, São horas sem dormir e me recordo Dos tempos que vivi, qual fino véu Aonde transpareces. E acordo. Co’a boca sem palavras, te procuro, Há réstias de esperança pelo ar Caem-me lágrimas no breu impuro E sinto-me no mar, a naufragar Na folha de papel passo o olhar, Tento escrever palavras de paixão E escrevo apenas a palavra amar Gravada a ferros no meu coração. Silêncio ecoa no meu pensamento Que voa louco, cheio de ilusão, O povo diz: Com o passar do tempo Tudo se esvai…, fica a recordação.
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Meu Mar Porque choras, mar salgado, Porque sentes tanta dor? Um amor indesejado Paira ainda ao teu redor? Ó meu lar celestial, Ouve-me, chamo por ti! É tão grande, especial, O amor que em ti já vivi! Das ondas sinto saudade Quando, alegre, passeava E com toda a liberdade Em ti, meus pés refrescava. A longa praia corria E a virava do avesso O ar fresco nos unia Em dias que não esqueço. Uma pluma a flutuar Em melodias sem fim E o teu suave ondular Sempre tão perto de mim.
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Sinto! Um pedacinho de céu Senti no céu a surgir Um coração se me deu E vi a vida a sorrir Pelo ar, qual borboleta, Quis voar em liberdade Mas senti-me tão pateta Ao cair na realidade. Dias há que como o vento Vivo a sonhar e a sorrir Mas logo o meu pensamento Sinto meu mundo ruir. E não sei por onde vou Não consigo me encontrar, Procuro ser, mas não sou Nem aonde me encontrar. Sinto que passa o meu tempo Em minha terna lembrança Perco o amor, o sentimento, Mas não perco a esperança.
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Letras Letras sem fim bailando em minha mente Deslizam pelos dedos desta mão No pardo papel caem docilmente Vivendo em si momentos de paixão. Fluem pela tinta permanente E uma a uma vão compondo o verso, Voam felizes, soltas, livremente, Além do infinito, no universo. Num tempo infinito e complexo Eu olho a escuridão angustiada, No chão molhado vejo o teu reflexo, Miragem pura, sinto-me enganada. A vida é muita vez bem complicada, Promete-nos o que não pode dar E de repente a vida se faz nada, Tempo de pausa, é bom recomeçar. Virá outro amanhã, outra esperança, E então o sol de novo vai brilhar, Novo futuro, nova confiança, O tempo se faz tempo de mudar.
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Solta Quero viver a minha primavera Sentir-me como linda borboleta Olhar-te na noite à luz da vela, Sentir-me com a alma de poeta. Andar de bicicleta com o vento Soltar meu corpo e ver-me a respirar Ser livre, corpo e pensamento, Olhar um arco-íris a brilhar. Sentir-me uma mulher realizada, Viver feliz contente cada dia, Só eu e a natureza bela, amada, Usufruir de paz e de harmonia. Viver qual flor mais bela em meu jardim, Olhar em cada olhar felicidade, Cruzar o tempo e ao ser feliz assim Dançar por fim com toda a liberdade. Poder estar contigo, te abraçar, Correr descalça, solta, a serrania, Sentir no rosto o vento a acarinhar Beijar teus lábios, sim, que bom seria!
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Longe de tudo Longe de tudo, mas, quiçá, tão perto, Lá fora, o chilrear das andorinhas, Amanhecer, o dia está desperto As tuas mãos se envolvem entre as minhas. As rolas, a pomba, o melro, a cotovia Vão para o ninho ao ver anoitecer, O vento com a sua rebeldia Sopra suave pelo entardecer. As plantas crescem nessa liberdade Que a natureza dá com harmonia, A seara cresce com simplicidade E ondeia, quer de noite, quer de dia. Teus braços me entrelaçam ternamente Trazendo-me momentos de paixão Teus dedos me percorrem suavemente, Momento lindo, enlevo, sedução. O meu pensar se estende e então divaga, Procura as frescas águas do meu mar Que olha para mim enquanto afaga As ondas que não ousam mais parar. Momentos simples de cumplicidade Na simbiose alegre da natura, O por do sol, o gozo, a plenitude, Momentos de beleza rara e pura.
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Ternura Em névoa de ternura me cobri E logo em teu olhar me descobri. Então, nos braços teus me deleitei E num raro momento, eu te amei. E no silêncio desse nosso amor, Senti por longo tempo o teu fulgor, Agora, é o meu corpo que te clama E a ti se entrega quente, quase em chama Senti assim o folgo da paixão... Entre estes jogos, pura sedução, Tentando não perder um só momento, E pondo nesse amor meu pensamento. Então, vaguei por entre os meus segredos, Deixei que se esvaíssem os meus medos, E caminhei, vivendo essa ilusão Como resposta à voz do coração. Sob pedras dum vulcão eu caminhei Até à exaustão… E delirei, Corri pelas searas já maduras Banhando-me em delícias, ternas, puras.
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E nessa entrega ingénua, mas total O nosso sonho se tornou real Fechei os olhos, pus-me a meditar, Era o amor tão puro a germinar. E neste enleio belo e agridoce, Sonhei com o futuro p’ra que fosse Um puro enleio envolto entre lençóis, Naquele leito, partilhado a dois. E sinto o teu sabor, o cheiro teu, Que tatuado em mim permaneceu Nesse momento tão especial Que vou guardar como algo sem igual.
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Sentimento Nos lábios, o teu sorriso algo incomum; Caminho sem ter rumo, sem lugar, Na estrada que não tem sentido algum, Sem perceber aonde me encontrar. A Luz do mundo ao longe prevalece Iluminando o meu percurso vão, Repúdio desta vida que entristece E faz sangrar meu frágil coração. O vento vem suave pela noite, Levanta os medos meus ora escondidos E entrando por vielas, solto, afoite, Viola os meus segredos esquecidos. O tempo agita a vida e a história, Recordo o tempo ido em oblação E tento assim limpar minha memória Do sonho, mito, tempo de ilusão.
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Tristeza Fugaz p’ra mim o tempo de esperança Que faz correr e fica na lembrança Com sentimentos puros de saudade Quando almejava em ti a eternidade. Momentos de prazer, de lealdade, Impõem restrições, são na verdade, Limites duma posse, dum querer, Que apenas sofrimento vão trazer. Promessas falsas, ocas, ilusão, Entrei num mundo de imaginação Aonde a minha alma levitou Quando por ti, amor, se apaixonou. Voei em direção a ti, amor, Com sentimentos livres, com pudor, E então perdi a tranquilidade Buscando em ti a minha liberdade. Ao entregar-me ao sonho, à ilusão, Foi grande, meu amor, essa paixão, Momentos em que em ti eu flutuei E sem rodeios eu me entreguei. Ao despertar de um sonho tão querido, Meu tempo da quimera vi perdido Espaços tristes, grande a ansiedade, Quando acordei para a realidade.
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Sonho Do sonho despertava lentamente Em ais, na pele de uma sonhadora. E no meu leito, agora, finalmente, Sentia-me uma grande vencedora. No sonho minha alma se fundiu Contigo, em fragrâncias de jasmim. E, perfumado, o corpo se sentiu Com mil fragrâncias doces de alecrim. Nos rubros lábios, teu olhar risonho… E acordei para a realidade. Era afinal apenas mais um sonho, E respirei em plena liberdade. A natureza, o teu olhar suave, A lua… E me senti enamorada. Volvi por fim num tempo sem idade E ao abraçar-te, me senti amada.
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Gotinha de água Gotícula no jardim, Ânsia de continuar O vento num rodopio Vem e lança um desafio Ela vai assim lutar Na ânsia de ali ficar… E ali fica no alto Nesse eterno sobressalto Temerosa e a tinir Para à noite resistir Resiste para viver Venha lá o que vier… Como o sonho, a esperança, No olhar de uma criança, O seu caminho persegue Num trajeto curto e leve À espera de ver seu sonho Concretizar-se, risonho... Pensa, luta e obedece Ao que o sonho lhe oferece Lê o futuro a sonhar Que algo bom há de chegar Da gota que prevalece Um grande amor transparece…
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Nos meus cabelos Existem nos meus cabelos Borboletas coloridas Que brincam as escondidas Num mundo de fantasia... Voam, voam, que alegria! Ao longo dos meus cabelos Há peixinhos cor de prata Algas marinhas há farta E ondas em corrupio… Como nas águas de um rio! Há nos meus loiros cabelos Trancinhas multicolores, Como a ilha dos amores Que o calor do sol aquece… Sempre, sempre que amanhece! Nos meus tão longos cabelos Há sereias a nadar, Anjos harpas a tocar, Um mundo de fantasia… Cada noite, cada dia! No brilho dos meus cabelos Há mil sonhos de criança Ocultos na longa trança Que ao verem a luz brilhar, Cantam, cantam, sem parar!
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Palavras... Palavras SĂŁo palavras divinais E desastradas demais, Qual vento das alvoradas Cheias de pequenos nadas. Nostalgias outonais, Tempestades invernais E que prendem minha alma 128
Num tempo que não acalma. Aves em cantos, magias, Harpas, sons e melodias, Cantigas de bendizer Nesse céu do meu querer. Corro o espaço infinito Com sons, lamentos e grito Aos sonhos de meus encantos, Entre lágrimas e prantos. Quisera acordar em ti, Viver o que já vivi, Fechar a porta do tempo Em trova lançada ao vento. Tempo triste, enegrecido, Neste meu mundo escondido, Ensandecimentos tais Que parecem bem reais Meus velhos tempos de outrora Que recordo em cada aurora, Lembrai-vos de mim, de nós, Atendei à minha voz.
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Enleio Qual onda de ternura que se sente, Envolta em teu amor tão puro e quente, Eu vivo neste enleio a transbordar, Como onda deslizando pelo mar. Sinto fulgor intensa da loucura A percorrer montanhas de aventura Na ânsia de em teu corpo me encontrar E a sós contigo te poder amar. Qual água, voo em pura liberdade Alem do mundo, além da eternidade, Percorro o meu espaço intemporal Sem mal temer qualquer tristeza ou mal. Sou o vento que desliza por teu rosto Teus lábios saboreio, com tal gosto E quando em comunhão com a natureza Se sente apaixonada, com certeza Somos um só, sou tu e tu és eu, Unidos por estrelas lá do céu, Estrelas que se estendem a brilhar E cantam quando em noites de luar. Dois corpos nus cobertos com um véu Um dia que se vai, só teu e meu, Aos poucos, construído com carinho O dia que cruzaste o meu caminho.
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Espero-te Espero-te, na cama, no meu leito, Vazia, quando já tarde me deito Espero-te na noite, no meu sonho, Ansiosa até que chegas e me exponho. Espero-te, encontrar um lindo dia Quando, mergulhada em nostalgia, Já entranhado estás no pensamento, Em toda a hora, em qualquer momento. Saudade quando ausente o teu sorrir Na madrugada, sem poder dormir, Meu coração suplica o teu amor, Não sente o teu carinho, o teu fulgor. O tempo vai, não sei como aguentar Essa vontade imensa de abraçar, Depressa, amor, regressa para mim, Qual borboleta, eu sou no teu jardim. O meu pensamento busca o paraíso, Quero o aconchego, é dele que preciso, Se de repente volto a te encontrar, Verás quando grande é a ânsia de te amar. Enquanto em nostalgia permaneço, Na minha prece a Deus eu agradeço Pela ventura em ter te conhecido, E tão feliz contigo ter vivido.
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Nostalgia A minha mente vive descontente E longa nostalgia chega a mim Memórias de outro tempo, diferente, Me envolvem entre as flores do meu jardim. O tempo para mim é nostalgia Que deixa minha mente a flutuar, O vento sopra, leva essa alegria Sacode as folhas com o seu soprar. Outono meu, é tempo de lembrança, Recordações percorrem a memória, O tempo que passei na minha infância, Retalhos desta minha longa história. Ciclo após ciclo, a vida vai correndo, Com tudo o que ela tem para nos dar E eu vou com gestos simples recolhendo Ensinos p’ra na vida caminhar. É primavera, outono desta vida Trazida dos meus tempos de criança Uma odisseia já por mim vivida Na busca do meu porto de esperança.
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De Noite ao Luar De noite ao luar O mundo gira sem parar Liberdade sinto ao caminhar Observo as estrelas No alto livres e belas Brilhantes Apaixonantes No seu cintilar Sempre provocantes De noite ao luar Quando o sol se está a deitar No silêncio ouço o vento passar O som de agonia do mar Penso em ti, amor, Num misto de alegria e dor, Sei que vives noutro mundo Em sono profundo De noite ao luar Quando o vento afoite Passeia livre pela noite O meu pensamento tão longe
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Voa em direção ao teu coração Nesta louca paixão Sei que o teu sonhar é meu Sinto-o no deslumbramento do céu De noite ao luar As trevas na terra se vão dissipar O mar, invade o areal Pois se sente especial À janela O vento vem sussurrar Trazendo um beijinho teu Que no meu rosto vem pousar E logo, num adeus, Segue o caminho seu De noite ao luar Muitos sonhos Que se vão concretizar
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Olho-te, mar Olho-te, mar, Na carícia das ondas Que me faz repousar No silêncio da alma, Na vida demasiado calma, Nesse meu lugar sagrado Por mim tão idolatrado. Sinto na respiração Um alívio, uma emoção E, meu Deus, quanta ilusão! Em ti me refugio dos medos, A ti confio os meus segredos De forma plena, total, Um confidente, afinal! Olho-te, mar, Sentada no areal; Nem sei se penso, Se bem ou se mal. Envolta em tristeza, Tenho a certeza Que no teu regaço Encontro o espaço Aonde ficar.
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No teu silêncio Alicerço o meu querer, O meu acreditar. Provocas fascínio em mim Penso, sem fim, No teu ondular Aonde vou encontrar Qual Rosa Jasmim Que paira no ar. Olho-te, mar, Na tua imensidão Sinto emoção Ao respirar a maresia, A frescura do dia, O teu ondular. Caminho sobre a areia E sinto a sensação De ter a alma cheia De gozo e ilusão, Enorme leveza Me corre na mente Com tal clareza Por te ter presente.
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Olho-te, mar, Sempre diferente, Quando junto a ti, Perdida entre a gente. E, qual vez primeira Que venho atÊ ti, A imagem de sempre Que me olha e sorri. Prenda que me traz Tal conforto e paz. Mar‌ Meu confidente Leal e seguro Que, sempre presente, Me preenche a mente Sempre, sempre, Em meu futuro.
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Um mundo diferente Fui à procura de um sonho, Subi montes e montanhas, Corri vales e planícies, Subi alto e lá no alto, Quanto mais alto subia, Mais distante o cume via Do sonho da minha vida. Cheguei ao cimo do monte, Terminei minha viagem. As nuvens e a paisagem Lindos, de rara beleza Milagre da natureza Numa vida de passagem. E olhei o azul do céu O verde, as cores da terra, Quão deslumbrada fiquei Ao ver o verde da serra. Meu olhar, forte, profundo Abraçava assim o mundo.
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Enquanto olhava, chorei E às nuvens perguntei O porquê de assim subir Para depressa cair. Perguntar, eu perguntei Mas a resposta não sei. Então, fiquei a pensar Eu não quero mais sonhar E lá não pude ficar. Era um lugar sem maldade, Não havia falsidade, Perseguição, preconceito, Era um lugar perfeito No meu mundo de encantar.
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Regressa Deixaram as estrelas de brilhar, Os versos já perderam o sentido, Ao meu redor já tudo vai tombar Porque partiste, não estás comigo. A treva já deixou de atormentar E a noite traz a mim o pensamento Das coisas que não quero recordar Pois trazem no seu dorso o sofrimento. A minha rua se tornou escura E quando a olho, encontro-me a chorar Do azul do céu insisto na procura Quando o silêncio vêm me perturbar. Pudera eu rasgar este meu peito, Rasgar a angústia insana que há em mim, E encontrasse assim o melhor jeito De me livrar da minha dor sem fim. O tempo apaga todas as memórias, O meu baú tão feito de promessas, Lançar ao vento os sonhos, as histórias, Que meu viver viraram às avessas. Não partas, meu amor, quero-te amar, Traz-me de novo o teu carinho, amor, Sem ti, não quero mais continuar, Regressa, sim, regressa por favor. 149
Índice Ficha Técnica ........................................................................2 Silvana Violante ...................................................................4 Explosão de Sentimentos ......................................................6 Rosa Maria Santos ................................................................8 Tu, qual eu ..........................................................................15 Felicidade............................................................................19 Violante ..............................................................................21 Vem ....................................................................................23 Sede infinita ........................................................................25 Espero .................................................................................29 A Vida.................................................................................33 Contigo ...............................................................................37 Confia .................................................................................39 No teu silêncio, ó mar .........................................................43 Sonho de Esperança ............................................................45 Sou ......................................................................................47 Como a flor .........................................................................49 Teus olhos ...........................................................................53 Noite de luar .......................................................................55 Felizes .................................................................................59 Poesia-te..............................................................................61 Momento .............................................................................63 150
Sim… ..................................................................................65 És meu ................................................................................69 Hoje sinto-te .......................................................................71 Meu mar ..............................................................................75 Olho-te ................................................................................77 Quem me dera ser ...............................................................81 Lua minha ...........................................................................83 Por onde andas, amor? ........................................................85 Meu menino ........................................................................87 Teus Cabelos.......................................................................89 Dádiva... ..............................................................................91 Mulher ................................................................................93 Espero-te .............................................................................95 Vem, Amor .........................................................................97 Sonhos ................................................................................99 Silêncio .............................................................................101 Recordação .......................................................................103 Meu Mar ...........................................................................105 Sinto! ................................................................................107 Letras ................................................................................109 Solta ..................................................................................111 Longe de tudo ...................................................................113 Ternura..............................................................................115 Sentimento ........................................................................119 Tristeza .............................................................................121 151
Sonho ................................................................................123 Gotinha de รกgua ................................................................125 Nos meus cabelos .............................................................127 Num tempo que nรฃo calma. ..............................................129 Enleio ................................................................................131 Espero-te ...........................................................................133 Nostalgia ...........................................................................135 De Noite ao Luar ..............................................................137 Olho-te, mar ......................................................................141 Um mundo diferente .........................................................145 Regressa ............................................................................149
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