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Raitira no Planeta Ricoicoi
Conto
Rosa Maria Santos 2
Ficha Técnica
Título Raitira no Planeta Ricoicoi Tema Conto Autora Rosa Maria Santos Capa Arranjo de José Sepúlveda Ilustrações Rosa Maria Santos Revisão de textos e Formatação José Sepúlveda Publicado por Rosa Jasmim Edições
Editado em E-book em Junho 2021 https://issuu.com/rosammrs/docs 3
Rosa Maria Santos Naturalidade – S. Martinho de Dume, Braga. Muito pequena, foi viver para a freguesia de Maximinos. A base do seu equilíbrio emocional está no seio familiar. É na família que encontra a alegria de viver. Viveu na Costa Litoral Alentejana, em Sines, trinta e um anos, tendo regressado em 2017, à cidade que a viu nascer, Braga. Participou em diversas coletâneas de Poesia, portuguesas, italianas e brasileiras. É Colunista no site Divulga Escritor, possuindo também uma rubrica na Revista com o mesmo nome. Foi assistente de produção e recolha na coletânea de postais do grupo Solar de Poetas, Poeta Sou…Viva a Poesia; participou nas coletâneas de poemas e postais de Natal do mesmo grupo: Era uma vez… um Menino; Nasceu, É Natal; Não Havia Lugar para Ele; Vale do Varosa: Uma Tela, um Poema, do Solar de Poetas, para promoção do Evento: Tarouca Vale a Pena; Belém Efrata; Então, Será Natal; Vi Uma Estrela, todas editadas em e-Book; O Presépio de Marco – inspirado nas imagens do presépio de Natal 2019, elaborado por Marco Penna e seus familiares; Quando o Menino Chegar – Coletânea de Poesia de Natal de 2020. 4
É Administradora dos grupos: Solar de Poetas, onde coordena também a equipa de Comentadores; Solarte – a Arte no Solar; SoLar-Si-Dó - A Música no Solar; Canal de Divulgação do Solar, Casa do Poeta; SolarTV Online; Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa; Hora do Conto e O Melhor do Mundo, todos do grupo Solar de Poetas. A escrita é uma das suas paixões… Não se considera escritora nem poetisa, mas uma alma poética a vaguear pelo mundo... Se um dia deixar de sonhar, diz, deixa de existir. Livros editados: Rosa Jasmim (poesia), Capa do Mestre Adelino Ângelo – Julho 2018.
E-Books - Poesia Cantam os Anjos (poesia de Natal) – Capa de Adias Machado – Natal 2017; - Ucanha terra de encanto Poesia) - Capa: Glória Costa – Maio 2018; - Sinos de Natal, Natal de 2018; - Glosa, Arte e Poesia, Pinturas de Glória Costa, poesia da autora, Agosto 2019; - Entre Barros, Arte e Poesia Bordadas à Mão – pinturas de Bárbara Santos, poesia da autora, Outubro 2019; - Maviosa poesia, a arte de rialantero" Pintura de Silvana Violante; poesia da autora; Em Palhas Deitado – Poesia de Natal, Dezembro 2020.
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E-Books - Contos Pétalas de Azul (contos) – Fevereiro 2019; - Estórias em Tons de Rosa (contos) Abril 2019; - Pena Rosada, Crónicas do Quotidiano, Julho 2019; - 12 Contos de Natal, capa de Madalena Macedo - imagens com arranjos da autora, Natal 2019; - O Veado Solitário, na Aldeia do Chefe Lyn - Edição bilingue (português/italiano), Janeiro 2020; - Esperança no País do Arco Íris – Edição bilingue (português/italiano), Abril 2020; - O Menino da Lagoa - Edição bilingue (português/inglês), Abril 2020; - A Menina Raposa, capa de Ana Cristina Dias; - Rufo, o Cãozinho desaparecido – Edição bilingue (português/espanhol), Abril 2020; - Ana Rita e o fascínio dos ovos – Maio 2020; - Milú, o Chapeuzinho que gostava de cirandar, Maio 2020; - Contos ao Luar, Maio de 2020; - Patusca, no Reino Misterioso - Edição bilingue (português/italiano), Maio 2020;- O bolo na casa da Avó Doroteia, Junho 2020; - Sonega, o Coelho Mandrião, Julho 2020; - Rosalina e a Sombra Rebelde, Julho 2020; - O Jardim em Festa, Julho 2020; - Ritinha, salva a Sereia Serena, Julho 2020; - Ana Clara, em tempos de pandemia, Novembro 2020; - Josefina, a menina que veio do mar, Novembro 2020; - Luizinho, protetor do ambiente, Novembro 2020; - A Girafa Alongadinha e a Pulga Salomé, Novembro 2020; O Dia de Natal, Dezembro de 2020; O Natal de Afonso; Dezembro de 2020; Um Milagre na Ilha Paraíso, Dezembro de 2020; Ventos de Mudança, Dezembro de 2020; Gisela e a Prenda de Reis, Janeiro de 2021; Dany, o 6
Menino que queria sorrir – Janeiro 2021; Marquito, o menino irrequieto – Janeiro 2021; Joaninha, a menina que vendia balões – Janeiro 2021; Vicentina, uma avó aventureira – Fevereiro 2021; Juliana e os sapatinhos encarnados – Fevereiro 2021; Tomás, o Pinguim Desastrado – Fevereiro 2021; Silas e o Triunfo do Amor – Fevereiro 2021, Bogalha, a macaquinha irreverente – Março 2021; Janota, a guardiã do ervilhal – Março 2021, Zâmbia, a macaquinha que queria casar – Março 2021; Tuly e o cavalinho de baloiço – Março de 2021, Maria, a menina que não conseguia dormir – Abril 2021; A Lenda da Menina Lua – Abril 2021; Estrela Silente, a Princesa cativa – Abril 2021, Marly, a pequenina duende – Abril 2021; Mariana no País do trevo Dourado – Maio 2021; Esperança e o sorriso do Palhaço – Maio 2021; Uma Aventura na Floresta Encantada – Maio 2021; Esmeralda, umas férias diferentes – Junho 2021; Raitira no Planeta Ricoicoi – Junho 2021.
Histórias da Bolachinha Bolachinha em Tarouca (prosa e poesia) - Capa: Glória Costa - Maio 2018; - Bolachinha vai à Hora de Poesia - Edição bilingue (português/ francês), Outubro 2018; - Bolachinha vai à Casa Museu Mestre Adelino Ângelo - Novembro 2018; - O Natal de Bolachinha, Natal 2018 Bolachinha e a Hora de Poesia, a visita de Teresa Subtil - Edição bilingue (português/Mirandês), Fevereiro 2020; - Bolachinha e a Hora de Poesia, a visita de José 7
Sepúlveda - Edição bilingue (português/francês), Julho 2020.
Aventuras de Maria Laura Maria Laura, a Menina da Página dezasseis, Agosto 2020; - Aventura no Castelo sem nome, Agosto 2020.
Distinções 2º Prémio de Poeti Internazionali. Poema Rosa de Saron, no Concorso Artemozioni, Cantico dei Cantici In Valle d’Itria, Itália; Maio 2017. 3º Prémio de Poeti Internazional - Itália. Com o poema “Violino”; 5° Biennale del Festival Internazionale Delle Emozioni, Itália - Maio 2019. 10° Edizione Del Concorso Di Poesia e Narrativa: Prémio d’Onore Concurso de Premio Letterario Internazionale di Poesia “Gocce di Memoria“, Itália, Junho 2019 con la poesia Sfera di cristallo (Bola de Cristal). Concorso “Il Meleto di Guido Gozzano” Sezione Autori di lingua straniera - ATTESTATO DI MERITO, 14 settembre 2019 com la poesia Assenza (Ausência). Itália, agosto de 2019. Jogos Florais Vale do Varosa 2019 – Concurso Literário Tarouca - “O rio, o vale e as gentes”: Menção Honrosa, categoria de Poema. Concorso di Poesia Internazionale " Gocce di Memoria" VI edizione 2020.
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Menzione d'onore con la poesie “Il mio quadro” – (Meu quadro). Itália julho 2020. Segunda Classificada no Prémio Poeti Internazionali 11ª. Edizione del Concorso Internazionale di Poesiavideopoesia e racconti dal titolo: Poesia Esteri “Ouve” (Ascolta) dezembro 2020. Menzione di Merito de poeti Internazionali 11ª. Edizione del Concorso Internazionale di Poesia-videopoesia e racconti dal titolo: Racconti “Esmeralda” dezembro 2020. Ebook: https://issuu.com/rosammrs/docs
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Raitira no Planeta Ricoicoi
A aurora despontou bem cedo no planeta Ricoicoi. A população andava numa azáfama desenfreada, correndo de um lado para o outro. E tinham razões para isso, não fosse o aniversário da sua princesa, a bela Raitira. A princesinha do povo não saía dos limites do Castelo Lipoi e sempre que isso acontecia, era acompanhada por uma profusão de aias e damas de companhias que nunca tiravam os olhos de si. 10
Faltava um dia para esse momento feliz, a princesa iria festejar os seus frescos doze anos, prestes a entrar na sua adolescência. Raitira era uma menina de rara beleza, todas a adoravam no planeta Ricoicoi. A sua pele era clara, cor de canela, os cabelos longos, raiados de um bronze dourado tombavam suavemente sobre os delicados ombros e aqueles olhos verdes - ah, os seus olhos verdes! Certamente que muitos dos príncipes presentes iriam ansiar por um olhar da princesa.
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Era tradição no reino que, ao completar os doze anos, ser celebrada a data com uma grande festa onde nada devia faltar. Todos queriam participar nos jogos tradicionais, nos cantares tradicionais, nas danças e em todos os festejos que haveriam de aparecer. O folguedo haveria de se prolongar por três longos dias e noites. Depois, era a apoteose, o cantar dos parabéns à sua amada princesinha. Era o momento em que os pretendentes à mão da princesa desfilavam perante o cortejo real, entregando-lhe os ricos presentes que haviam preparado para si. Nesses momentos solenes, ofereciam à princesa lindos poemas de amor. No fim, era a 12
ânsia de saber qual o príncipe eleito pelo coração da princesa Raitira. Depois da festa, esta ausentava-se.
O príncipe teria então que aguardar quatro longos anos, até que completasse dezasseis anos. Só aí voltaria a vê-la, era o momento em que iniciariam o seu noivado que duraria o tempo achado suficiente para se conhecerem. Dois anos depois, iniciar-se-iam os preparativos para os esponsais e só então decorreria a boda real. Assim mandava a tradição no Planeta Ricoicoi.
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O tempo passava veloz. No salão do Castelo Lipoi faziam-se os últimos preparativos. Era o momento para a festa de aniversário.
Raitira, de olhar profundo, Olhava o livro e sonhava, Ia conhecer o mundo Esse sonho que almejava. Com seu olhar sonhador, Uma página observava; Sentia um certo calor, Não sabia o que a esperava. 14
Com gente de todo o lado Que a queria conhecer, Era esse o triste fado, A liberdade perder. Tão bela, cheia de graça, Mas com paciência pouca, Olhava pela vidraça E olhava, coisa mais louca!
- Raitira! - chamava a mãe - Abre a porta, filha, precisas provar o teu belo vestido, abre a porta.
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Envolta nos seus pensamentos, quase nem ouvia o chamado de Selena, a Rainha mãe. Sem resposta, Selena, mãe de Raitira, estava agora mais apreensiva. Chamou uma das aias para que lhe trouxesse a chave do quarto. Esta correu apressada ao chaveiro do palácio, ao lado da biblioteca, e ágil correu ao encontro da Rainha que logo se dirigiu de novo ao quarto da princesa.
- Abre a porta, minha filha, Mas que preocupação. O seu olhar já não brilha, Redonda, caiu no chão. 16
Há barulho em todo o lado E a princesa estremeceu. Abre a porta com cuidado: - Mãezinha, que aconteceu?
- Não é nada, filha. Isto logo passa. Estava preocupada contigo. Bem que bati, mas não respondeste. Preocupada, corri, embati na Lucineide que ia a passar com uma bilha de água, tropeçou e caímos. - Porque foi isso acontecer? - Diz-me, Raitira, porque não abriste a porta? 17
- Raitira, filha querida, O que tens tu, afinal? Faz parte da nossa vida, E para todas igual. Há de vir um pretendente Mas não irás casar já, Casamento? Só p’rá frente, Fazes anos amanhã Vem provar o vestidinho Feito de renda e brocado Da cor desse teu olhinho Com olhar apaixonado. 18
Sei que estás desagradada E que a festa não querias, Mas não posso dizer nada, Sei que não compreenderias. Logo, Raitira sorriu. Olhando a sua mãezinha E um abraço lhe deu Seguindo-a para a salinha. O vestido experimentou. Era lindo, que elegante! Olhou no espelho e gostou Mas, um pouco extravagante!
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Depois da prova, sem dúvida, digno de qualquer uma princesa, Raitira pediu à mãe que a deixasse um pouco no seu recato ali no quarto. Ela aquiesceu. Então, entrou, pegou de novo no livro e folheou para a página seguinte. Então, estupefacta, abriu a boca de espanto e suspirou. Não podia ser! Uma das figurinhas acenoulhe e disse: - Raitira, queres vir conhecer o teu mundo fora dos portões desse castelo? - Raitira esfregou os olhos e pensando alto, disse: - Só pode ser delírio, ou sonho! - Vem, Raitira, entra na página e vem conhecer o mundo. 20
Raitira, estava agora curiosa, mas receando o que podia acontecer. Tinha medo, muito medo. Afinal, nunca passara dos portões do seu castelo dourado.
- Tenho medo, muito medo De sair do meu castelo Mas bem, será meu segredo Ir conhecer o que é belo. - Entra, princesinha, vem, Segura na minha mão, Há de tudo correr bem, Vem daí, vamos, então! 21
Olha esse campo verdinho, São frágeis os animais, Vê ao longo do caminho Quanta pobreza, é de demais. É esta a realidade, Eis um povo esfomeado Sem haver necessidade, Só e negligenciado.
- O povo, meu povo vive assim?
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Ao vê-lo, Raitira fica triste, estupefata, por tanta carência ali, à sua frente. Como era diferente da vida faustosa no seu Castelo. Nunca se tinha apercebido que aquele povo, o seu povo, era tão carente. Bem queria sair, conversar com eles, aperceber-se de todas as necessidades. Era gente tão humilde e dedicada! E foi. E ali deixou que desabafassem, que falassem consigo em liberdade. Falaram de tudo o que lhes ia na alma, enquanto a jovem princesa os ouvia com a maior atenção. Acabou por se abrir com eles.
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- Sou Raitira, a vossa princesa. Na verdade, nunca imaginei como é penoso o vosso viver. Como é fútil a minha vida, despreocupada e faustosa, lá no Castelo! Logo, após ouvir todas as lamúrias do seu povo, começou a pensar no modo como agir para reverter toda aquela miséria, quando chegasse ao Castelo.
- Como te chamas, pequeno, - Sou o Rusty. – Eu Lelé. - Guy. – Santana. – Eu sou o Meno, Devolveste-nos a fé.
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- Todos haveis de sorrir Os animais vão correr, Novo ciclo vai surgir, Não vos quero ver sofrer. Houve alguém que disse um dia Que até vós ia chegar, Trazer-vos paz, alegria E o sol de novo a brilhar. Por favor, creiam em mim, Nova era vai surgir E as portas do Jardim Desse castelo hei de abrir. Vou-me agora de partida Ao castelo vou regressar. Mas não vou dar por perdida A vinda a este lugar.
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Mais feliz, Raitira regressou ao castelo. Nem deram pela sua ausência. Mas o certo é que no dia seguinte, o dia do seu aniversário, teria muitas coisas a reivindicar. A primeira, a mais importante no momento, era abrir as portas do castelo e deixar que todo a gente do povoado pudesse entrar, gozar da beleza dos jardins e saciar-se com todas as iguarias que por ali iam estar espalhadas por toda a parte. Amanheceu no Castelo Lipoi. Aquele dia ficaria gravado nos anais da fortaleza. Raitira, a menina princesa iria transformar todo aquele espaço. Logo, os pássaros invadiram as árvores de todo o jardim. Animais de pequeno porte entraram e espalharam-se ao longo dos
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canteiros, sorrindo de alegria. Era agora outro o Planeta Ricoicoi.
A festa começou e durou até às tantas. Ali estavam os seus novos amiguinhos: o Rusty, o Lelé, o Guy, o Santana, o Meno, ena, tantos! Pela primeira vez no seu universo, os animais e o povo se juntavam para em harmonia e paz partilharem a alegria do convívio com a sua princesa querida. Diz a história que a partir desse dia os portões do Castelo, a que Raitira pôs o nome de Arco-Íris, logo pela
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manhã, se abriam de par em par para receber os súbditos do seu povo e atender às suas solicitações. Quando a Raitira, como diz a história, casou e foi feliz para todo o sempre.
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