A psicose
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pai”. É preciso ainda que esse Um-pai venha no lugar em que o sujeito não pôde chamá-lo antes. Para isso, basta que esse Um-pai se situe na posição terceira em alguma relação que tenha por base o par imaginário e complementar a-a’, isto é, eu-objeto ou ideal-realidade. O encontro contingente dos fatos da vida com a determinação subjetiva da foraclusão, somado ao consequente desarranjo identificatório, caracteriza a conjuntura dramática que Lacan localiza no momento do desencadeamento. Podemos, assim, destacar, respectivamente, as três condições para o desencadeamento na psicose: a) condição estrutural – foraclusão do Nome-do-Pai; b) quebra da identificação imaginária; c) condição específica – encontro com Um-pai. Desencadeada a psicose, o sujeito começa a trabalhar na reconstrução de seu mundo. É quando suas soluções fazem barulho e exigem resposta. Vejamos.
Abordagem lacaniana das estabilizações psicóticas Lacan, ao tratar das diferentes possibilidades de saída na psicose, localiza mais dois movimentos subjetivos, além do trabalho delirante já destacado por Freud: a passagem ao ato e a obra (escrita). Apesar de essas soluções aparecerem em experiências singulares de sujeitos distintos e únicos, delas é possível extrair princípios universais que podem facilitar, caso a caso, a leitura e a condução clínica