A psicose
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A título de complementação, é importante lembrarmos que, além dessas três soluções observadas e discutidas por Lacan, também as sublimações criadoras, a identificação imaginária e a própria transferência podem funcionar como veículos que favorecem a estabilização na psicose. A identificação imaginária comparece menos como trabalho subjetivo e mais como fenômeno que pode favorecer uma forma precária de apaziguamento. A sublimação criadora, por seu turno, se aproxima da metáfora delirante e, diferentemente dela, faz pacto, laço, sentido para o campo social, como no caso de Jean-Jacques Rousseau com sua obra filosófica. E, enfim, a transferência, que pode ganhar diferentes matizes, como vimos, favorece o vínculo do sujeito a uma pessoa ou a um serviço de atenção, abrindo a possibilidade da circulação social e do enlace simbólico. Em alguns casos, entretanto, é preciso trivializar esse vínculo, que, adensado, pode comprometer um tratamento. Acompanhar essas soluções nos permitirá a construção do percurso que alimenta a ideia de que, longe de ser um sujeito deficitário e precário, o psicótico inventa saídas e encontra soluções aos embaraços que sua posição particular na linguagem provoca.
Estabilização psicótica e ato Ao trabalhar o ato como solução na psicose em sua tese de doutoramento, Lacan o associa ao mecanismo de autopunição, característico do tipo de paranoia que estabelece.