A psicose
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do-o à escrita do nó, e não mais aos fenômenos de código e de mensagem, ele localiza aí o desencadeamento provocado por uma desamarração – isto é, provocado pelo fato de não ser mais capaz de suprir o que manteria articulados ou atados os registros real, simbólico e imaginário. Com tudo isso, podemos dizer que, no tocante às estabilizações psicóticas, a metáfora delirante nos evidencia a possibilidade de um trabalho de simbolização. Diz respeito, porém, a um trabalho sobre o significante que, adquirindo valor de inscrição primária, funda uma referência em torno da qual o sujeito se localiza no discurso do Outro. Com a metáfora falamos de uma operação de linguagem, e não de uma extração real, como no ato. O aspecto criacionista aqui aparece na invenção de uma nova significação designando o ser do sujeito, operando como um referente.
Estabilização psicótica e obra É somente quando se dedica a estudar a função da escrita para Joyce que Lacan trará perspectiva nova à discussão das estabilizações nas psicoses. Tornou-se consenso entre os psicanalistas ler a criação artesanal ou eventualmente artística do psicótico como possibilidade de extração real do objeto do campo do Outro – não realizada pela castração –, com a consequente localização do gozo no produto ali extraído. Assim, o psicótico localizaria o gozo fora do corpo, no caso da esquizofrenia, ou fora do campo do Outro, no