rtro Agosto/ Setembro 2011
Índice 4 Focus on Designers: Frida Giannini 10 Rituais de Verão 18 Um “Diamond” ainda em bruto: Ivânia Santos,
24 A Ideologia do Choque 28 Sex Files 40 Ler. Ver. Ouvir.
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Editorial
rtro.magazine rtro.wordpress.com rtro.magazine@ymail.com Editora-chefe Margarida Cunha
Agosto é o mês dos clichés. Setembro, o da renovação. O sol resplandecente, os emigrantes, os incêndios; as colecções de Outono/Inverno, os suplementos das revistas e a mudança de guarda-roupa. É curioso como tudo se repete ano após ano e, no entanto, não conseguimos imaginar um cenário diferente. Nesta edição poderíamos propor uma série de actividades e
Redactores
ocupações para os tempos livres mas... para quê? Férias são
Margarida Cunha
férias. Para preencher o tempo temos todos os restantes dias
Adriana Couto
do ano. No entanto, não somos apologistas de vegetar. É por
Catarina Oliveira
isso que deixamos uma selecção de roteiros culturais na rubri-
Marlene Ribeiro Mónica Dias
ca IR – vá e descubra um FMI completamente diferente ou um Chomsky cada vez mais interventivo.
Fotografia
E porque informação preventiva nunca é de mais, apre-
Catarina Oliveira
sentamos um artigo sobre Rituais de Verão – porque problemas
Luís Valadares
de saúde resultantes da sobre-exposição solar jamais deverão
Paginação Manuel Costa
tornar-se num cliché. Nesta altura em que a roupa mais parece um fardo do que um item de estilo – e em que os pastéis se sobrepõem às cores
Modelos
fortes – propomos uma direcção completamente diferente
Emyly Khataryne
pela mão de Frida Giannini. Responsável por imbuir a casa
Joana Moreira
Gucci de uma aura sexual poderosa, dá o mote para o tema
ro
Sofia Ferreira
deste mês: a sexualização nos media. Viveremos numa sociedade obcecada pelo sexo e pelas imagens chocantes? Um tema de peso para contrastar com a leveza dos dias.
Margarida Cunha Editora-Chefe
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Focus on
Designers Frida Giannini por Catarina Oliveira
O seu nome pode não significar nada, na primeira vez que se ouve. No entanto, associado à marca Gucci, tudo fará mais sentido. Frida Giannini é o cérebro por detrás de uma das casas de moda italianas mais sensuais.
Focus on Designers Nasceu em 1972 e desde cedo que moda era a sua paixão. Estudou na Academia de Moda de Roma e o seu talento levou-a a trabalhar na casa da marca Fendi. Pouco tempo depois, foi promovida a designer de peças de pele. Mais tarde transferiu-se para a Gucci. Frida veio substituir Tom Ford, um nome promissor e já muito acarinhado pelo público, por isso a sua tarefa não era fácil. Afastou-se do estilo de Tom Ford e da própria herança da marca. Ao início, a sua tentativa de criar novas tendências não foi bem recebida pelo mercado, mas logo começou a evoluir na marca e a dar-lhe sucesso. Foi indicada como directora criativa em 2006. Frida continua em força na Gucci. Podemos ver nas suas colecções como a cor é importante. Parece que atribui à mulher cores que lhe dão um certo poder sexual. Para a
iu provocar, com uma palete de color blocking remetente a finais de anos 70. Franjas no meio de tecidos sedosos, contraste com pretos e decotes acentuados são os pontos
Gucci - Primavera/Verão 2011
colecção Primavera Verão 2011, Frida decid-
Focus on Designers fortes desta colecção que não deixa ninguém indiferente. Principalmente quem a usa, que se sentirá sem dúvida poderosa. A colecção de Outono Inverno 2011/2012 mantém-se no mesmo tom, mas com alguma maturidade extra. Há uma sensação de femme fatale que paira no ar à medida que os modelos desfilam na passerelle. O glamour surge agora envolto em casacos de peles com cores vertiginosas ou em vestidos quase transparentes que param o trânsito. Ambas as colecções estão envoltas em alguma sexualidade, que é no entanto marcada pelo poder da mulher. Nunca se torna, assim, vulgar. É totalmente eficaz e a mensagem passa da melhor maneira. É neste sentido que vemos o objectivo de Frida Giannini ao criar. Vai aos arquivos, pesquisa o passa-
futuro. E a casa Gucci só ganha com isso. c
Gucci - Outono/Inverno 2011-12
do, mas está sempre com os olhos postos no
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Rituais de Verão por Adriana Couto
fotografia Luís Valadares modelos Emyly Khataryne e Joana Moreira
O Verão chegou e com ele a mesma calamidade de sempre. Para os homens é simples, para as mulheres nem tanto. O sexo masculino em pouco tem que pensar quando, por exemplo, quer ir à praia. Uns calções de banho, uns chinelos, uma t-shirt qualquer e está tudo pronto. Com as mulheres não é bem assim. Há inúmeras decisões a ponderar.
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Rituais de Verão Ir à praia nunca poderá ser sinal de
eles gostam de admirar toda a beleza do
descuido na imagem, pelo contrário: há a
sexo feminino… principalmente na praia.
escolha do biquíni perfeito, do chapéu de
E depois há toda aquela rotina de nos
praia, das sandálias e dos vestidos a serem
deitarmos ao sol apenas com um objec-
levados para um óptimo dia passado ao ar
tivo: bronzear.
livre.
Se formos consultar dados históricos,
Os homens poderão não entender a
no século VIII, em Espanha, o ser-se bran-
razão de tanto trabalho para aquilo que
co era sinónimo de beleza. Os espanhóis,
para eles é apenas um dia a fazer-se nada
inicialmente de pele bem branca, começar-
num grande areal, estendidos ao sol. Mas,
am a ter filhos de pele mais morena devido
apesar disto, todas nós sabemos o quanto
à miscigenação com os povos que iam en-
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contrando. Mas os aristocratas da época
as veias, visto que o sangue venoso tem
andavam sempre de chapéu e sombrinha,
aspecto azulado se visto através da super-
na tentativa de permanecer com a pele
fície da pele, ainda mais se esta for clara.
o mais imaculada possível, para que os
Daí que a nobreza tenha ficado conhecida
raios solares não os atingissem. Exibiam
por essa expressão. O ser muito moreno
com orgulho o facto de o seu sangue ser
era quase sempre associado aos escravos
puro e não haver misturas de sangue com
ou à restante população que trabalhava
aquele povo quase negro. Aliás, há quem
longas horas ao sol.
diga que a expressão “sangue azul” se deve
Esses tempos já passaram, grande
a isso. As jovens da aristocracia eram tão
parte dos preconceitos ganhos em relação
brancas que se lhes notavam em demasia
ao tom de pele já desapareceram e não po-
dia haver nada melhor do que uma pele
tos ao sol, o nosso corpo perde água e sais
bonita e bronzeada.
minerais pelo que, nos dias de maior calor,
O Verão é associado a férias e alegria
temos tendência a transpirar mais e a per-
mas também a um grande descuido por
der mais água. A sua reposição é funda-
parte da população relativamente aos
mental, daí ser tão importante estarmos
cuidados que se devem ter com a ex-
constantemente a consumir água.
posição solar. Isto poderá ser sinónimo
Uma desidratação grave poderá levar a
de desidratação, insolação, queimaduras,
um dos problemas mais perigosos de uma
descamação, dor, pele vermelha, entre
exposição elevada ao sol: a insolação. Con-
outros.
siste em pele avermelhada, suores, dor
Quando estamos muito tempo expos-
de cabeça, vontade de vomitar e súbito
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cansaço. Permanecer pouco tempo ao sol
lares permite reverter o processo de envel-
é fundamental para o evitar.
hecimento que este provoca, evitando que
Bem conhecidas de toda a população
as zonas com maior tendência a avermel-
são as queimaduras solares. As dores são
har (nariz, maçãs do rosto…) o façam. O
terríveis mas mesmo assim poucos são
uso de protector solar acaba por ter mais
aqueles que se lembram de se precaver
prós do que contras.
contra estas nos primeiros dias de praia.
O cancro da pele ou melanoma poderá
É aqui que entram os protectores solares,
ser o caso mais perigoso de lesões devido
tantas vezes postos de parte por se achar
à exposição ao sol. Usar perfume na praia,
que não permitem bronzear.
loção da barba ou outros cosméticos que
Uma boa protecção contra os raios so-
contenham álcool tornam a pele mais sen-
sível ao sol. Uma constante aplicação de
grande distância entre o que sabemos e o
protector ao longo de todo o dia e evitar-
que praticamos. Mas isto são coisas que
se exposição aos raios solares mais fortes
ficam na consciência de cada um.
(que normalmente acontecem entre as
Setembro chegará como sinal de que se
11h e as 16h30) poderá ser fundamental
tem que regressar ao trabalho ou às aulas.
para se evitar possíveis consternações.
Haverá algo melhor do que chegar com
Enfim, a verdade é que, se formos para uma praia questionar as pessoas sobre o que devem ou não fazer enquanto ali estão, todas saberão responder correctamente mas a verdade é que continua a haver uma
uma imagem de quem gozou bem as suas férias? c
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Um “Diamond” ainda em bruto por Adriana Couto fotografia João Bettencourt Bacelar e João Mota
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Ivânia Santos, mais conhecida no mundo da blogosfera e moda por Ivânia Diamond, diz ser viciada em música, pastilhas elásticas e tantas outras coisas que «se continuasse a lista seria extensa.» Adora fast food e todos os pratos de bacalhau, o que provavelmente chocará alguma das suas seguidoras mais atentas à linha, não fosse o mundo da moda exigir que assim seja. Apesar de toda a paixão que nutre pela moda, os acessórios sem os quais não conseguiria viver são os relógios e os brincos. Nunca se cansou de ver o filme Pearl Harbor mas não se decide quanto à eleição do seu filme preferido. Mas não tem quaisquer dúvidas quanto à escolha do Diário de Anne Frank como o seu livro de mesa-decabeceira. O nascimento do seu filho, Gabriel, foi o acontecimento que mais a marcou até hoje. Se pudesse, embarcava já para Paris, o seu destino desonho, onde teria como objectivo: «Ser feliz à minha maneira».
Como começou esta paixão pelo mundo da moda? Ivânia Diamond (ID): Sempre fui ligada à área das Artes e, com as primeiras leituras de revistas de moda, com os meus 15 anos de idade, nasceu uma paixão que perdura até hoje e que tenho toda a certeza que fará sempre parte da minha vida.
Gostava de estar, de certo modo, mais envolvida nele? ID: O meu grande objectivo é estar mais envolvida no mundo da Moda, de várias formas, sem dúvida. E cada dia é uma nova batalha.
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Como surgiu a ideia de criar o seu
amantes do meu estilo. Isso é um pouco
actual blog totalmente relacionado
relativo, penso que apreciam mais a min-
com moda?
ha determinação. Mas, para se saber ao
ID: Surgiu após a leitura de uma revista que, por sinal, era a última edição em
certo, teríamos de questionar os meus leitores.
Portugal, e o tema que me chamou mais à atenção era sobre It Girls (bloggers), algo
Li, algures, que gosta que consid-
que até àquele momento eu desconhecia
erem que tem uma personalidade ex-
que existia. A blogosfera tornou-se vici-
cêntrica. O que leva a isso?
ante e cheguei à conclusão que deveria ini-
ID: Recordo-me de já várias pessoas
ciar um blog também, e através dele divul-
terem dito que tenho uma personali-
gar o meu estilo e a minha visão de moda.
dade excêntrica e penso que, na opinião das mesmas, passa pelo facto de eu não
Como se sente por saber que o seu
ter "medo" de ser sempre eu própria, de
estilo é tão apreciado pelas bloggers e
usar o que gosto e me apetece sem dar im-
que é seguida por mais de um milhar
portância a opiniões de terceiros. E de ser
de pessoas?
de certo modo rebelde e incansável na luta
ID: Eu ainda estou muito surpreen-
pelos meus objectivos, não passando no
dida por nos últimos seis meses ter tido
entanto por cima de ninguém. Tenho uma
mil novos seguidores. Como é óbvio, fico
personalidade especial e apenas quem
muito feliz por ver que as minhas metas,
comigo convive o reconhece, mas acabo
para além de serem alcançadas, são tam-
por transmitir um pouco isso no blog. O
bém superadas. No entanto, tenho noção
que tiver a dizer, digo, e acabo por ser o
que nem todos os meus seguidores são
género de pessoa que ou amam ou odeiam,
Um “Diamond” ainda em bruto confesso. E reconhecerem que sou excên-
ID: Por acaso não sou a típica segui-
trica a nível de personalidade... só poderia
dora de tendências e, exactamente por
gostar, mesmo sem explicação.
isso, sou totalmente contra as pessoas que usam determinadas marcas apenas
Como blogger de moda tem sem-
por acharem que assim estão "na moda".
pre necessidade de seguir as tendên-
Aborrece-me ver que andam todos vesti-
cias mas nem sempre os preços das
dos da mesma forma. Eu contorno bem os
grandes marcas são acessíveis aos nos-
preços, até porque sou adepta de pechin-
sos bolsos. Como contorna isto? Acha
chas e achados.
necessário ter que se usar uma marca para se seguir as últimas tendências?
Sente que a moda nacional está a dar largos passos em direcção ao mercado internacional? Acha que os criadores portugueses têm capacidade e qualidade suficiente para se fazerem ver lá fora? ID: No geral as pessoas têm tendência a valorizar mais o que é de fora. Pessoalmente dou muito valor ao que é nacional. E, depois da última edição do Portugal Fashion, frisei que acredito mesmo no nosso produto. Vi peças que acredito que lá fora fariam o maior sucesso, mas infelizmente o nosso país ainda não é muito reconhecido nesta área a nível internac-
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ional, mas está a progredir e iremos alcan-
e/ou sentimentos, seja através da escrita,
çar estatuto. Pelo menos eu torço por isso!
pintura ou de outra coisa qualquer. Eu diariamente faço algo ligado às artes, sem
Há muita gente que considera a moda uma futilidade. Qual a sua opinião em relação a isto? ID: Existem pessoas fúteis e não estão ligadas ao mundo da Moda, é preciso ter noção disso também. Eu vibro com a Moda e com todas as suas vertentes, no entanto, conheço os meus "limites", e com isto quero dizer que reconheço que há coisas bem mais interessantes do que passar um dia inteiro num centro comercial, por exemplo. Na minha opinião, a moda não é uma futilidade, as pessoas é que a poderão tornar assim. E, acredita, já vi muitas pessoas do género.
Gosta de tudo o que envolva arte. O que a leva a gostar deste mundo? ID: Gosto imenso deste mundo porque admiro a capacidade criadora de um artista de expressar ou transmitir sensações
isso a minha vida não teria piada. c
A Ideologia do Choque por Monica Dias
fotografia "Confessions of a Shopaholic" Walt Disney Studios Motion Pictures
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Tudo o que difere do vulgar choca e tudo o que choca vende. Eis a poção mágica dos media, que torna o pouco usual na atracção principal.
A Ideologia do Choque Como é que Lady GaGa continua, apesar da sua presença já assídua, a fascinar e a escandalizar em doses iguais? Como é que os apelos dos pivots de TV para a violência das imagens funcionam como um estímulo extra para os espectadores? Tanto quanto as ideologias políticas, a ideologia do choque é feita à medida de um público-alvo. De igual forma, ambas pretendem não só captar atenções como também fazer acreditar que todos somos capazes de chegar aonde queremos e de nos tornarmos no que desejamos. Para isso, utilizam a mesma arma – os media. Enquanto Ser Omnipresente na sociedade de hoje, os media podem ser considerados o melhor amigo e o maior inimigo destas ideologias, já que com eles vem a expansão mas também a competitividade. É então importante que estas ideologias estejam preparadas para enfrentar desafios que, à partida, passam despercebidos ao olhar comum. No que toca à ideologia do choque, para além de lançar tendências, esta deve
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também alimentá-las. É importante captar os olhares curiosos e passar a ocupar o
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As figuras públicas: do choque involuntário ao propositado
primeiro lugar na lista de preferências de
A ideologia do choque relacionada à
cada um. Por isso, a ideologia do choque
sexualidade nos media funciona segundo
revela-se de duas formas: através de ima-
dois sistemas: através de campanhas pub-
gens violentas susceptíveis de ferir sen-
licitárias que incutam o desejo e a ambição
sibilidades ou baseando-se em imagens
do ter ou ser, e através das figuras públicas.
sensuais e invulgares que por vezes se as-
Há uma forte ligação entre os fa-
sociam à palavra-chave escândalo. Ambas
mosos e esta ideologia. Os media estão
têm como objectivo captar a atenção das
sempre prontos a apostar em imagens
massas e se a primeira tende a ser encara-
invulgares ou que revelem situações em-
da como uma chamada de atenção, a úl-
baraçosas, e as figuras públicas estão
tima assume como tema principal a sexu-
sempre prontas em testar a sua capaci-
alidade.
dade para captar atenções. Hoje em dia,
Por mexer com a imaginação de cada
o choque que outrora parecia involun-
um, a sexualidade é um tema que fun-
tário passou a ser propositado. As figuras
ciona como um íman. Se, após verem ima-
públicas, que até então temiam ser apan-
gens que transpiram sensualidade, a frase
hadas em situações constrangedoras, hoje
de eleição do público for “se eles podem,
pegam nessas situações para se posicion-
eu também posso”, então o objectivo foi
arem no topo da atenção mediática.
alcançado.
É com isto que a ideologia do choque se
Podemos então assumir que os jovens
sustenta e rege as suas leis, criando novas
são o público-alvo deste tipo de ideologia,
modas, novas mentalidades e diferentes
já que são os que mais sonham e que têm
estereótipos entre aqueles que consider-
sede de seguir as mais fortes tendências.
am ser o seu público-alvo. c
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Sex Files por Margarida Cunha
fotografia Catarina Oliveira modelo Sofia Ferreira
“Cause I may be bad/But I’m perfectly good at it/Sex in the air/I don’t care/I love the smell of it/Sticks and stones/May break my bones/But chains and whips/Excite me”. São estas as palavras proferidas por Rihanna no refrão do single, “S&M”. O vídeo que acompanha a música é recheado de referências sadomasoquistas e de símbolos implicitamente sexuais, em que a cantora assume protagonismo num constante discurso provocativo. Se há cerca de 50 anos um vídeo destes seria impensável, hoje dificilmente choca os críticos e mesmo o público. Vivemos numa cultura em que o sexo é a refeição principal da dieta servida pelos media, seja em livros, músicas, filmes, programas de TV, revistas ou na Internet. Perante esta omnipresença, estaremos a tornar-nos numa cultura sexualmente obcecada?
As manifestações sexuais nos media
um esbatimento da fronteira entre a in-
sempre ocorreram. Contudo, investiga-
fância e a idade adulta. No livro The Lolita
dores como Linda Papadopoulos identifi-
Effect: The Media Sexualization of Young
cam algumas diferenças nos dias de hoje.
Girls and What We Can Do About It, a es-
Actualmente, o fluxo de imagens e men-
tudiosa M. Gigi Durham aprofunda este
sagens é infinitamente superior, conduz-
tema, referindo que o Efeito Lolita con-
indo por vezes a uma saturação; em con-
siste na objectificação sexual de crianças
sequência, a proliferação dessas imagens
por parte dos media. Media estes que
contribui para uma estereotipização dos
divulgam igualmente uma panóplia de
géneros; outra característica diz respeito
produtos de consumo destinados a ir de
às crianças, que são sexualmente retrata-
encontro à concepção de sexy que estes
das como adultas – o que contribui para
construíram. Trata-se de uma visão muito
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Sex Files restrita e unilateral daquilo que é consid-
bright salvaguarda que outros factores de-
erado sensual e manifesta-se nas mais
vem ser tomados em conta na construção
variadas formas, de letras de músicas a
da personalidade, tais como a pressão dos
filmes, passando por revistas. As conse-
colegas, a auto-estima e o ambiente em
quências são notórias e reúnem consenso
casa.
por parte dos especialistas: o constante
O Efeito Lolita corrobora a teoria de
bombardeamento destes estereótipos ir-
que os ícones sexuais – outrora mulheres
realistas resultam em problemas sérios
maduras, como Sophia Loren ou Monica
nas crianças e adolescentes – nomeada-
Bellucci – são cada vez mais jovens. A au-
mente, insatisfação com a imagem, distúr-
tora especula que tal possa ter surgido
bios alimentares, depressões ou aumento
nos anos 90 – período economicamente
da violência sobre as mulheres. Embora
próspero para os EUA – em que os mar-
sejam relações difíceis de provar, estudos
keteers terão descoberto o poder de com-
– como o de Steven Martino, conduzido
pra das crianças e adolescentes. Contudo,
em 2006 – comprovam que adolescentes
Durham considera que os pais não podem
expostos a música sexualmente agres-
ser desresponsabilizados, uma vez que
siva (independentemente do estilo) têm
muitas vezes as crianças vêem nos media
relações sexuais mais cedo. Isto porque
os seus educadores sexuais porque aque-
– uma vez que os seus cérebros e person-
les não foram capazes de criar um diálogo
alidade se encontram em construção – os
franco e aberto sobre sexo.
adolescentes consideram que os estereóti-
E porque o sexo chama a atenção, a
pos veiculados são perfeitamente normais
Publicidade há muito descobriu o seu po-
– estereótipos como o homem predador e a
tencial comercial. Já desde o século XIX
mulher sexualmente disponível e promís-
que são visíveis anúncios sexualmente sug-
cua. Contudo, a investigadora Yvonne Ful-
estivos. Não é, portanto, surpreendente
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Sex Files a campanha lançada por Tom Ford para
instinto básico de sobrevivência, o desejo
promover o seu perfume para homem –
sexual é o apelo psicológico mais forte – o
em que o frasco é estrategicamente colo-
que justifica que um estímulo sexual se so-
cado em zonas erógenas dos corpos femi-
breponha a praticamente qualquer outro
nino e masculino. Nem o anúncio criado
a que sejamos expostos. Não surpreende,
por Yves Saint Laurent, em 2000, para
portanto, que o sexo seja o tópico mais
o perfume Opium – em que Sophie Dahl
pesquisado na Internet e que os lucros por
aparece apenas de stilettos, numa pose de
ele gerados superem os de empresas como
puro êxtase.
Apple, Microsoft, Google, Amazon, ebay e
Este fascínio é justificado pelo investi-
Yahoo (consideradas no conjunto).
gador Richard F. Taflinger como sendo o
A omnipresença de manifestações sex-
resultado da nossa biologia. Assim, após o
uais é, então, evidente, mas a sua aparição
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Sex Files não pode, de todo, ser considerada for-
mente dos laços emocionais e da sua fun-
tuita. E será esta omnipresença suficiente
ção reprodutiva. O erotismo e toda uma
para considerarmos que vivemos numa
iconografia sexual são agora um lugar-co-
sociedade sexualizada? A estudiosa Feona
mum, mais um produto a ser devorado e
Attwood – autora do artigo Sexed Up: Theo-
deitado fora na nossa rota infinita rumo à
rizing the Sexualization of Culture – consid-
auto-satisfação. Em suma, o sexo tornou-
era que o termo “sexualização da cultura”
se o centro da vida, servindo numerosos
é uma expressão ambígua com variadas
propósitos, alimentando escândalos e fas-
manifestações, mas que, em síntese, con-
cínios – considere-se o caso Bill Clinton.
fere ao sexo o estatuto de protagonista. Características desta cultura, refere, são a proliferação de textos sexuais, uma preocupação com os valores e práticas sexuais, a mudança para uma atitude mais permissiva, a emergência de novas formas de experiência, etc. Acima de tudo, o sexo abandona a exclusividade e discrição da esfera privada e das tertúlias académicas para se tornar alvo de debate e discussão pública. Os especialistas reforçam também que, numa sociedade de consumo como aquela em que nos integramos, o sexo assume contornos cada vez mais hedonistas e terapêuticos: importa aproveitar o momento e o seu carácter recreativo, independente-
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Um protagonismo de tal modo visível que
e a indignação são defesas que já pouco
penetrou no domínio da estética, sendo
protegem. Mas talvez não haja razão
agora associado ao bom gosto e ao estilo –
para alarme. Como referiu o escritor Josh
uma associação a que não foi alheia a série
Smith, a verdade é que o sexo sempre fez
de televisão americana O Sexo e a Cidade.
parte da experiência comum e continuará
Perante a aliança entre impulsos tão fortes quanto os sexuais e os consumistas, o ser humano parece não poder fazer muito mais do que sucumbir. O choque
a fazer. Como tal, está aqui para ficar. Na Publicidade... e em todo o lado. c
Ler. Ver. Ouvir. por Marlene Ribeiro
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Livro A Manipulação dos Média Os Efeitos Extraordinários da Propaganda Autor: Noam Chomsky Editora: Inquérito Ano: 2003
Chomsky ainda não escreveu um livro que não merecesse o carimbo “leitura obrigatória”. Nesta obra, o linguista analisa o papel dos média na democracia contemporânea, uma “democracia de espectadores”, com uma evocação inevitável da história e da força da propaganda. Mostra como a comunicação social age sob a influência de uma elite de poder, exibindo imagens que não correspondem à realidade e alienam os cidadãos da mesma. Enumera estratégias de controlo da opinião pública, do “rebanho tolo”, e de diluição da massa crítica. Independentemente de se concordar ou não, é imperativo ler de uma ponta a outra e pensar pelo caminho.
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Ler. Ver. Ouvir.
DVD Funny Games/ Brincadeiras Perigosas Realização e Argumento: Michael Haneke Com Susanne Lothar, Ulrich Muche e Arno Frisch Ano: 1997 Género: Suspense / Drama
Em 1997, trouxe uma abordagem pouco comum da violência juvenil. Em Funny Games, os adolescentes problemáticos não são os miúdos do bairro social, mas os que vivem aborrecidos porque sempre tiveram tudo. Dois jovens de boa aparência aparecem na casa de uma família que chegara à sua casa de férias para lhe dar as boas vindas. A partir daí, começa um jogo sádico.
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Disco Smell The Magic Editora: Sub Pop Records Ano: 1991
O segundo álbum de L7, o primeiro na Sub Pop Records, é de um rock muitas vezes próximo do metal, diferente do grunge das restantes bandas da editora de Seattle. Foi lançado há precisamente 20 anos, no mesmo ano em que as integrantes da banda criaram a fundação Rock For Choice para defender os direitos das mulheres, organizando festivais e concertos. Smell The Magic é ele próprio crítica, em formato longa duração.
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rtro Ir...
BRAGA
por Marlene Ribeiro
Exposições O quê? A montanha encantada – exposição colectiva de Baltazar Torres, Álvaro Negro, Peter Halley, Santiago Villanueva, entre outros. Comissariado: David Barro Quando? Até 22 Setembro Onde? Galeria Mário sequeira
O quê? Fotografia Memórias Passadas Recordações Presentes Quando? Até 14 de Agosto Onde? Museu D. Diogo de Sousa mdds.imc-ip.pt
Música O quê? FMI Festival de Música Independente com Birds are Indie, Noiserv, Kathryn Calder, Drums of Death, entre outros Quando? De 16 a 18 de Setembro Onde? Sá de Miranda www.facebook.com/fmibraga
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Teatro
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PORTO
O quê? Jardim, pela Companhia de Teatro de Braga Quando? De 8 a 23 Setembro, 21h30
Música
Onde? Theatro Circo
O quê? Frankie Chavez – Verão na Casa
www.theatrocirco.com
Quando? 18 Agosto, 22h30 Onde? Casa da Música veraonacasa2011.casadamusica.com
Outros O quê? Apresentação do livro por me
O quê? Couple Coffee
lembrar de ti de Nuno Guimarães. Dec-
Quando? 15 Setembro, 22h30
lamação por Ângelo Vaz e Hugo Vieira.
Onde? Casa da Música
Quando? 5 Agosto, 21h30
veraonacasa2011.casadamusica.com
Onde? Capítulos Soltos Livraria cslivraria.blogspot.com
O quê? Anna Calvi Quando? 22 Setembro, 21h00
O quê? Festival Holi – música, feira e
Onde? Hard Club
gastronomia
www.hard-club.com
Quando? 6 Agosto Vila Braga http://vilabraga.com
Exposições O quê? Zona de Combate, de Jack Teagle
O quê? Noite do livro - apresentação de
Quando? 11 Setembro a 23 Outubro
livros de fotografia com preços e edições
Onde? Galeria Dama Aflita, Porto
especiais e debates
www.damaaflita.com
Quando? 17 de Setembro Onde? Livraria Centésima Página encontrosdaimagem.com
Wishlist Aqui ficam as sugestões da redacção da rtro para os meses de Agosto/Setembro! Vestido verde às pintas (http://www.thecorner.com) Elegância clássica com um twist de diversão, este vestido verde adapta-se a qualquer ocasião. Passeio, noite, trabalho. Nunca passará despercebida, no bom sentido.
Fato de banho (http://www.thecorner.com) Mudar um pouco a rotina do bikini com este fato de banho é o ideal. Os tons misturam-se como que numa pintura, fazendo com que nunca mais queira usar bikini..
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Calções de ganga (http://www.modekungen.se) O verão é tão quente que não se aguenta de calças. Uns bons calções de ganga não só permitem mostrar as pernas, mas ficam bem com qualquer parte de cima.
Sapato de salto alto (Open Toes Miu Miu) Em couro e com um salto de impor respeito. Perfeitos.
Perfume Jimmy Choo (Sephora) Muito feminino, combina em partes iguais um aroma frutado com doces sensações florais. Perfeito para este Verão.