rtro magazine nยบ 32
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Em declarações à edição de Agosto da Cosmopolitan americana, Sarah Jessica Parker – a eterna Carrie Bradshaw – disse não se identificar como feminista mas como humanista. O motivo? “Estou enormemente agradecida pelo trabalho que a geração da minha mãe fez (…) Mas vejo muitas pessoas a tentarem compreender o seu papel. Pessoas de cor, gays, lésbicas e transsexuais (…) Já não são apenas as mulheres. Seríamos tão poderosos se o movimento fosse humanista”. Parker é conhecida pelas suas opiniões comedidas e ponderadas, pelo que uma declaração deste tipo não é de estranhar. No entanto, o que parece escapar à actriz é que, quando se tenta lutar por tudo ao mesmo tempo, acaba-se por não se lutar por coisa nenhuma. Colocar todas as batalhas sociais no mesmo saco é ignorar todas as particularidades e desafios intrínsecos a cada grupo – negros, homossexuais, mulheres… Todos eles têm direitos a reclamar e terrenos a desbravar. Mesmo dentro do feminismo, que se pretende inclusivo para todas as mulheres, parece haver discrepâncias entre o que as feministas brancas querem e o que as feministas negras precisam. Afinal, o racismo é um factor que também entra na equação. Por isso é que, nesta edição, dedicámos dois artigos à luta das mulheres na indústria do entretenimento: no cinema e na música. Porque abarcar tudo num único texto não só diluiria as singularidades de cada segmento como, consequentemente, não permitiria dar a cada tema a importância que merece. Quando a América ficou sobressaltada com a onda de afro-americanos que sofreram (e morreram) às mãos das forças policiais por abuso da força, a hashtag #BlackLivesMatter invadiu a Internet em larga escala. Alguém, possivelmente com o complexo Taylor Swift, achou que era boa ideia meter o nariz onde não era chamado e resolveu criar a hashtag #AllLivesMatter. Porque não há nada como o nosso colega de escola que adora interromper a aula para constatar o óbvio, não é verdade? Se há lição que podemos retirar deste disparate é que, por vezes, a maior intervenção social que podemos fazer é dar um passo atrás e deixar que os protagonistas tenham direito ao seu palco. Se Taylor Swift foi capaz de compreender, nós também somos. Boas férias
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Editorial
Margarida Cunha Editora
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editora Margarida Cunha redactores Ana Cristina Silva Luísa Silva Margarida Cunha paginação Manuel Costa fotografia Lucy Soares foto de capa Marina Muñoz Martin
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geral@rtromagazine.com
INDÍCE
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FRIPATTITUDE Uma loja com atitude
MINAJ VS SWIFT Retrato de uma Indústria Racista?
Sessão O Mundo ao Contrário
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Smells Like Violet Kiss
As Aparências Iludem Pequenas Grandes Mentiras
Ler. Ver. Ouvir.
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A Personalidade na Palma da M達o
Ser Mulher em Hollywood
It Girl More Than a Woman
FRIPATTITUDE
UMA LOJA COM ATITUDE por Ana Cristina Silva
Proliferam cada vez mais as lojas de roupa usada em centros urbanos como Lisboa ou Porto, mas um novo tipo de loja está a chegar a Portugal, vindo diretamente de grandes capitais europeias como Londres ou Amesterdão: as lojas de roupa vintage. “Fripattitude”, a loja, inaugurada em 2014, que a RTRO foi visitar, localiza-se no centro da cidade de Braga e alia os dois conceitos. Trata-se de um negócio liderado por Rosa Oliveira, descrito pela mesma como uma loja vintage com peças únicas, algumas em segunda mão, outras provenientes de viagens pelo mundo; cada uma delas com uma história por detrás e um estilo singular. A decoração da loja ajuda ao ambiente que pretende transmitir: com uma decoração vintage e usando cabides, espelhos, quadros ou cadeiras servindo de expositores para as peças à venda. Os preços são também eles aliciantes, indo desde 1€ aos 70€ da peça mais cara em loja, um robe tibetano adquirido no Brasil. A RTRO esteve à conversa com Rosa Oliveira, a criadora da “Fripattitude”.
“A inspiração do nome vem do facto de a roupa não dar atitude à pessoa, a pessoa é que dá a atitude à roupa. Usado com atitude.”
Como surgiu a ideia de abrir esta loja, particularmente em Braga? Qual a inspiração para o nome "Fripattitude"? Rosa Oliveira: A ideia surgiu durante as viagens, onde eu visitava espaços vintage, e adquiria roupas de outras épocas, e comecei a colecionar, desde cerca de 2010. Fui acumulando bastantes roupas e num dia, numa viagem específica a Londres, passei por pequenas lojinhas encantadoras e decidi fazer algo assim em Braga com o stock que tinha colecionado. Sempre me senti fascinada pelo antigo e diferente. A inspiração do nome vem do facto de a roupa não dar atitude à pessoa, a pessoa é que dá a atitude à roupa. Usado com atitude. Trata-se de uma loja que alia artigos usados a peças vintage, de décadas passadas, mas em que se distingue a “Fripattitude” de outras lojas do género? Distingue-se porque procuramos selecionar pecas de acordo com diferentes décadas e às quais agora é possível aceder de forma mais fácil. Não há nada assim em Braga. Vemos bazares de usados com varias coisas, mas não distingue o vintage. A minha loja não é só de roupa usada, vamos buscar peças de há 20/30 anos que se marcam pela originalidade, é um conceito diferente na cidade, especialmente pelos preços acessíveis. Muita gente diz que costumava ir ao Porto e Lisboa e tem agora um ponto de moda vintage em Braga. O objetivo não é vender apenas roupa já usada, mas sim expor peças únicas que podem ser vestidas num contexto de moda atual. 6 – 7 | rtro
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“O objetivo não é vender apenas roupa já usada, mas sim expor peças únicas que podem ser vestidas num contexto de moda atual.” Toda a loja nos transporta para eras passadas, quer através da decoração e do espaço em si, como das peças expostas. Como seleciona aquilo que vende na loja? Ao longo dos anos sempre guardei peças que comprei em vários sítios diferentes, com a intenção de as adaptar e modernizar. Nem todas seguiram esse caminho e muitas das coisas na loja são originais da década de onde vêm. Muito vem do estrangeiro, pontos variados do país, peças antigas de família. A maior fonte de roupa neste momento é Londres, e estamos a planear expandir os territórios a mais capitais do vintage europeias. Desde a inauguração da loja em Dezembro de 2014, que tipo de clientes atrai a “Fripattitude”? Tem tido boa receção por parte do público? A maioria são jovens do 18 aos 25 anos, mas cada vez surgem mais clientes de todas as idades. Temos clientes com 50 anos e clientes com 15 anos. Normalmente são pessoas ligadas à música, arte, teatro, que viajam, que tem sensibilidade para o vintage, e que apreciam peças interessantes e preços baratos. As peças mais simples podem custar a partir de 1 euro, mas um vestido de cerimónia pode ir até aos 70 euros. A receção tem sido muito positiva desde a abertura, clientes que admiram a presença de algo assim em Braga e que permite que os apreciadores já não tenham que se deslocar ao Porto para comprar. Braga só por si é uma cidade com muitas referências vintage, as pessoas identificam-se com as peças.
fotografias de Catarina Oliveira
FRIPATTITUDE Local: Rua de Santa Margarida, 52, Braga Contacto: 912 511 419 Facebook: https://www.facebook.com/fripattitude.braga 10 – 11 | rtro
MINAJ VS SWIFT
RETRATO DE UMA INDÚSTRIA RACISTA? por Margarida Cunha
Lembram-se de “Anaconda”? O polémico vídeo de Nicki Minaj, estreado no Verão de 2014, foi um dos fenómenos da temporada, motivando GIFs, reinterpretações, paródias e um recorde de visualizações na plataforma de vídeos VEVO – com perto de 20 milhões de acessos nas primeiras vinte e quatro horas. O single – que recupera a batida contagiante de “Baby Got Back (I Like Big Butts)”, de Sir Mix-A-Lot – é uma ode aos rabos grandes, sendo por isso que no vídeo vemos Minaj e as bailarinas a abanarem-se sensualmente num cenário exótico, repleto de referências eróticas (tais como bananas e águas de côco a escorrer). O refrão não deixa margem para dúvidas quanto ao tema da música: “My Anaconda don't want none unless you got buns hun. Oh my Gosh! Look at her butt!”. A testar a teoria de Minaj surge o rapper Drake, perto do final do vídeo, a quem a artista oferece uma lap dance – na qual se destaca a incredulidade do cantor. Um ano depois – e na impossibilidade de ser considerado para os MTV Video Music Awards (VMAs) 2014 devido ao prazo das candidaturas – “Anaconda” surge agora nomeado para os VMAs de 2015 nas categorias de Best Female Video e Best Hip Hop Video. A cereja (ou a banana) no topo do bolo, a nomeação para Video of the Year, não tocou a Nicki Minaj. Indignada, a artista deixou alguns desabafos no Twitter: “Se eu fosse um ‘tipo’ de artista diferente, Anaconda seria nomeado para melhor coreografia
“Se eu fosse um ‘tipo’ de artista diferente, Anaconda seria nomeado para melhor coreografia e vídeo do ano” – Nicki Minaj e vídeo do ano” ou “Se o teu vídeo celebra mulheres com corpos muito magros, és nomeada para vídeo do ano… Não sou sempre confiante. Estou apenas cansada. As mulheres negras influenciam tanto a cultura pop mas raramente são premiadas por isso”. Identificando-se como o alvo de uma crítica que não lhe era dirigida, Taylor Swift respondeu: “Sempre te amei e apoiei. Nem parece teu virares mulheres umas contra as outras. Talvez um dos homens tenha ficado com a tua nomeação”. A intervenção de Swift foi a gota de água no oceano de críticas e respostas que se seguiriam. Katy Perry – que recentemente fez capa da revista Forbes na qualidade de “America's Top Pop Export” – aproveitou a deixa e comentou: “Acho irónico que alguém use o argumento de virar as mulheres umas contra as outras enquanto lucra derrubando uma mulher…”. A indirecta diz respeito a “Bad Blood”, vídeo de Taylow Swift em que a artista lidera um exército de amigas célebres para derrubar uma ex-amiga que a traiu – e que está nomeado para, precisamente, Video of the Year. Especula-se que a ex-amiga seja Katy Perry, que alegadamente terá “roubado” alguns dançarinos à equipa de Swift. Rivalidades à parte, uma coisa é certa: aquilo que Minaj pretendia ser uma crítica à atitude alegadamente racista da MTV rapidamente se tornou num mal-entendido entre artistas, para deleite dos media – que transformaram aquilo que podia ser um diálogo cultural numa briga de miúdas. Afinal, o que correu mal? O PODER DO TWITTER O Twitter é hoje uma ferramenta de intervenção social. As hashtags não são apenas asteriscos: representam grupos, ideias e movimentos. É, por isso, com naturalidade que plataforma se tornou, a par do Instagram e do Facebook, um meio privilegiado de comunicação directa entre artistas e fãs. É também por isso que mensagens, outrora prévia e minuciosamente filtradas por agentes e publicitários, são hoje debitadas, sem grande reflexão, nas redes sociais. Foi o que sucedeu no caso de Taylor Swift, o que chateou muita gente: vítima da sua ignorância, egocentrismo e do imediatismo do Twitter, a artista interveio numa batalha que não era sua. 12 – 13 | rtro
Minaj vs Swift
Taylor Swift, vítima da sua ignorância, egocentrismo e do imediatismo do Twitter, interveio numa batalha que não era sua É assim que um potencial diálogo sobre um problema social e cultural grave – o racismo subentendido por Nicki Minaj – é interpretado por uma artista branca como um insulto à sua pessoa – ou seja, ao desviar o assunto da rapper para si, Swift acaba por, ironicamente, provar o ponto de vista da primeira. Uma dúvida subsiste: porque haveria Swift de depreender que o comentário de Minaj era sobre si?
UMA MÁQUINA CHAMADA TAYLOR SWIFT Taylor tem apenas 25 anos mas é hoje o nome mais sonante da música pop. Com mais de 40 milhões de discos vendidos e vários prémios na carteira, a loira americana de 1, 78m conquista admiradores através da sua música contagiante, postura acessível, contantes diálogos com os fãs e um estilo aparentemente desajeitado, a que os americanos chamam de “dorkly”. A imagem de Swift é vendida ao público como a rapariga quase perfeita que está plenamente consciente das suas “falhas” – o que a torna perfeita aos olhos dos seus seguidores. Assim, e com letras que ilustram as vicissitudes da adolescência, Swift consegue o amor das massas infanto-juvenis, adquirindo uma influência apenas reservada às estrelas pop. Ah: já referi que Taylor namora com o produtor e DJ Calvin Harris? Não falta sequer o namorado famoso e bem-sucedido. Não é, por isso, de admirar que, quando a cantora se opôs à decisão da Apple de disponibilizar o serviço Apple Music gratuitamente durante três meses (não remunerando os artistas durante esse período experimental), a gigante tecnológica tenha recuado. Numa carta aberta redigida em Junho, Swift esclareceu que não era ela a principal penali-
zada pela iniciativa da Apple: “Isto é sobre o novo artista ou banda que acabou de lançar o seu primeiro single e não será pago pelo seu sucesso. Isto é sobre o jovem compositor que conseguiu a sua primeira oportunidade e pensou que os direitos de autor do seu trabalho o livrariam da dívida”. Desconhecem-se as verdadeiras intenções da artista, mas a verdade é que o Twitter reconheceu nela o potencial de justiceira, com utilizadores a dirigir-lhe pedidos como “Ok, a seguir dedica-te à brutalidade policial e ao controlo de armas”.
FEMINISMO VS RACISMO Com um percurso destes, devemos censurar Swift por achar que o comentário de Nicki Minaj lhe dizia respeito? Os críticos consideram que sim. Desde The Guardian a Flavorwire, passando por Salon, Telegraph, Slate ou The Cut, os media especializados concordam que Taylor não tem culpa de beneficiar dos privilégios de uma típica americana loira e branca; mas tem culpa de, aos 25 anos,
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Minaj vs Swift
Na sua tentativa de colocar um penso sobre a ferida, Swift mais não fez do que provar que Minaj estava correcta não ter maturidade para, de acordo com o The Guardian, imaginar um debate maior do que o seu próprio ego. Isto porque, depois de Nicki esclarecer que o comentário não lhe era dirigido, Swift respondeu: “Se eu ganhar, por favor, sobe comigo!! Estás convidada para qualquer palco que eu pise”. Aparentemente, na cabeça de Taylor esta intervenção fez sentido. Na óptica da Internet não. Não bastava criar um mal-entendido com base no seu egocentrismo: na sua tentativa de colocar um penso sobre a ferida, Swift piorou as coisas, optando por um discurso condescendente que mais não fez do que provar, com maior consistência, que Minaj estava correcta na sua primeira observação. Como pode ler-se no site brasileiro Lugar de Mulher: “Se uma mulher negra está criticando um sistema que exclui mulheres que não sejam brancas e magras, não é esse o momento para uma mulher branca e magra tentar se inserir na conversa (…) É o momento para a mulher branca e magra calar a boquinha e ouvir o que as outras mulheres têm a dizer”. Ainda segundo o The Guardian, a resposta de Taylor Swift, a par da cobertura por parte de alguns media, levou a que Nicki fosse estereotipada como a mulher negra chateada, enquanto Swift saía da história como a heroína feminista. E eis que se coloca outra questão: o feminismo não é para aqui chamado. E, mesmo que fosse, ser feminista não significa concordar com tudo o que uma mulher diz. Significa igualdade de direitos e tratamento entre homens e mulheres – e isso implica criticar juízos mal fundamentados, independentemente do género do autor desses juízos. O que é para aqui chamado, aquilo que Nicki queria que fosse realmente discutido, é o racismo.
O sonho americano é uma visão ao alcance de poucos. Sobretudo quando se é mulher e negra RETRATO DE UMA AMÉRICA FRACTURADA O sonho americano é uma visão ao alcance de poucos. Sobretudo quando se é mulher e negra. Segundo o site Refinery29, um estudo divulgado em Julho pela American Association of University Women, por ocasião do Black Women’s Equal Pay Day – decorrido a 28 de Julho – revela que, por cada dólar ganho por um americano branco, uma afro-americana aufere apenas 64 cêntimos – o valor sobe para 78 cêntimos no caso de uma mulher branca. O mesmo estudo conclui que as afro-americanas compõem apenas 1% dos cargos mais bem pagos na área da engenharia – 3% no caso da área informática. Não admira, portanto que, o mesmo site, citando um inquérito conduzido pela parceria New York Times/CBS News, afirme que cerca de 80% de brancos e negros acreditam que as relações raciais nos EUA estão iguais ou piores. De facto, 2015 tem sido um ano marcado pelas convulsões sociais na América. O abuso da força por parte das forças policiais motiva constantemente manchetes escandalosas – como o caso de Freddy Gray, jovem afro-americano de 25 anos, que terá sido espancado até à morte por seis agentes da polícia; ou de Sandra Bland, que apareceu enforcada na sua cela, no Texas – a polícia assegura que se tratou de suicídio mas a família e milhares de pessoas por toda a Internet (incluindo Kim Kardashian, que usou o Twitter para expressar a sua indignação) não estão convencidas.
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Minaj vs Swift
Os EUA foram ainda sacudidos por aquele que é considerado um dos maiores crimes de ódio dos últimos anos naquele país – em Junho, Dylann Roof entrou numa igreja na Carolina do Sul, assassinando nove afro-americanos. E se o racismo se manifesta de forma mais expressiva na convivência quotidiana, há quem considere existir também racismo na forma como é encarada a sexualidade das afro-americanas. Citado no site Mic, Mychal Denzel escreveu para o site Feministing: “Quando as mulheres negras reclamam o seu sentido de sexualidade e esta não parece ser controlada pelo olhar masculino heterossexual, o mundo fica descontrolado (…) É um pensamento assustador num mundo em que os corpos das mulheres negras se destinam ao nosso consumo, mas apenas nos termos que toda a gente que não seja negra ditar”. No caso de Minaj, é ela quem faz as regras. É verdade que os seus atributos físicos são exibidos aberta e confiantemente para deleite dos observadores. No entanto, é a artista que detém o controlo sobre quem usufrui do seu corpo – como é visível no vídeo de Anaconda: a dada altura da lap dance que executa para Drake, o rapper tenta apalpá-la mas a cantora afasta-lhe a mão de imediato. O PAPEL DA MTV
Depois de analisarmos o comportamento de Taylor Swift e da sociedade americana, fica a faltar uma variável: então e a MTV? Os números dos VMAs não são animadores para as artistas afro-americanas – desde 2010, contam-se apenas duas nomeadas para Video of the Year, num total de vinte e sete nomes. Será que os números reflectem proporcionalmente o rácio de artistas negras na indústria? Será que os vídeos
dessas artistas nunca são suficientemente bons? Toda a gente sabe que a qualidade não é exactamente o critério número um de uma cerimónia de prémios em que as comunidades de fãs votam em massa para eleger o vídeo do seu artista favorito. No entanto, se Ed Sheeran pode ser nomeado para Vídeo do Ano por se limitar a dançar com uma mulher numa sala luxuosa – ao som de uma balada previsível e pouco arriscada – porque não pode Minaj? Como sublinha o site Slate, se “Anaconda” foi um fenómeno cultural, e se à MTV cabe o papel de sentir o pulso à cultura Pop, faria sentido que estivesse na lista de nomeados. No meio de toda a polémica, quem parece ter uma opinião muito própria sobre o tema é o sempre interventivo Deadmau5. O produtor e DJ foi ao Twitter dizer algo como: “Grande coisa, não ganhaste um prémio. Quanto trabalho é que investiste no vídeo, além de apareceres nele?”. O argumento do canadiano faz sentido mas, a aplicar-se a Minaj, aplicar-se-ia a qualquer artista nomeado – além de que não é esse o assunto em apreço. E isto são os VMAs. É preciso não elevar muito a fasquia.
Toda a gente sabe que a qualidade não é exactamente o critério número um de uma cerimónia de prémios em que as comunidades de fãs votam em massa para eleger o vídeo do seu artista favorito 18 – 19 | rtro
Minaj vs Swift
Será que Taylor Swift foi o mal que veio por bem, obrigando-nos de novo a tirar o racismo dos livros de História? BLANK PAGE No final, as coisas resolveram-se. Alguém na populosa máquina de marketing de Taylor Swift a deve ter elucidado, pois a artista rematou na sua conta no Twitter: “Pensei que estava a ser acusada. Não percebi o contexto, entendi mal e depois falei erradamente. Desculpa, Nicki”. A rapper aceitou as desculpas e tudo está de novo bem no mundo da Pop. Resolvida a polémica, uma pergunta continua a assombrar-me: os media estariam a falar tão incisivamente de racismo na cultura, não tivesse Swift intervindo? As discussões que entretanto surgiram por todo o lado acerca de sexualidade, racismo e apropriação cultural teriam tido lugar se a namoradinha da América tivesse ficado calada? E se, ao inadvertidamente reforçar que o racismo existe, Taylor Swift contribuiu para lançar uma discussão à escala global – uma discussão que nunca assumiria proporções gigantescas caso o seu nome não fosse envolvido? Poder-se-ia contra-argumentar, dizendo algo como “Bem, se Swift tivesse ficado calada, isto nem sequer seria um problema.” Mas não é esse exactamente o problema: o facto de o racismo não ser encarado como um problema? O facto de não falarmos sobre ele? Será que, inconscientemente, muitas pessoas não ficaram chateadas com Swift por esta as ter tirado da sua zona de conforto, obrigando-as a pensar – ou pelo menos a ler – acerca de um tema que tantas vezes preferem ignorar? Em suma: será que Taylor Swift foi o mal que veio por bem, obrigando-nos de novo a tirar o racismo dos livros de História e a trazê-lo aonde ele pertence: às conversas de todos os dias? Talvez estejamos a dar demasiado crédito a uma estrela Pop. Ou talvez prefiramos pensar que sim, pois assim é mais fácil fechar o livro e passar para a próxima “Blank Page”.
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O Mundo ao Contrário Fotografia, Estilismo; Edição e Retoque: Lucy Soares Modelo: Marina Muñoz Martin Cabelo e assistente de fotografia: Cibele Helena
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O Mundo ao Contrรกrio
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A personalidade na palma da mão por Luisa Silva
Ser curioso ou não ser curioso, eis a questão. Querer saber mais sobre a nossa personalidade sempre foi uma característica do ser humano. Ao conhecer-nos acabamos por aquirir ferramentas que nos permitem construir um melhor eu. Deixando de lado muitos estudos científicos ou psico-analíticos, vamos concentrar-nos numa técnica ancestral, a leitura da palma da mão. Cada vez mais a quiromancia encontra público interessado. Basta ver a fila que se faz nas diversas feiras medievais, romanas ou de outras épocas. Como é retratado em filmes, series ou livros, outrora todos os reinos possuíam um feiticeiro, homem ou mulher, que era considerado um adivinho ou mesmo um conselheiro. Como é que eles detinham tanta sabedoria? Nada pode responder a esta questão. Contudo, a leitura enquanto técnica milenar baseia-se na avaliação de linhas, comprimento dos dedos e forma da mão para atribuir designadas características à pessoa. Se desconfia da base científica não desconfie que a curiosidade o vai fazer olhar para as mãos procurando enquadrá-las nas seguintes definições.
Em busca de um significado Primeiro, a mão a ser lida depende do que se procura. A mão em menor uso (esquerda para os destros, por exemplo) chama-se por passiva e descreve as características herdadas e o potencial. Por sua vez, a mão mais usada será designada por mão activa e indica as mudanças que a pessoa fez à sua herança. Quando a palma da mão activa difere muito da mão passiva, a pessoa é considerada como alguém que investiu no seu desenvolvimento pessoal. Relativamente ao corpo, se a mão é dita grande, a pessoa pensa mais do que age. Por outro lado, se a mão é pequena, a pessoa é mais impulsiva. Para se avaliar a forma da mão é preciso ter em conta o formato quadrado da palma (comprimento horizontal e vertical são aproximadamente o mesmo) por oposição a uma forma comprida e o comprimento dos dedos - dedos compridos quando o dedo do meio é igual ou superior a 3/4 da palma da mão e dedos pequenos quando é inferior. Assim, as diferentes formas se associam aos quatro elementos seguintes. Ar: Forma quadrada, dedos compridos e linhas finas e definidas. Mãos de indivíduos intelectuais e sociais que procuram sempre estímulo intelectual, particularmente nas suas relações amorosas. Terra: Forma quadrada, dedos pequenos e linhas marcadas e retas. Mãos de pessoas práticas e com grande vitalidade, sempre conectadas à natureza que são uns amantes diretos e de confiança. Fogo: Forma comprida, dedos compridos e linhas múltiplas e salientes. Mãos de indivíduos que vivem para agir e correr riscos. No amor, são confiantes e gostam de liderar. Água: Forma comprida, dedos pequenos e muitas linhas finas e pouco definidas. Mãos de pessoas criativas e emocionais que em termos amorosos são sensíveis e precisam de cuidar do outro. Há ainda estudiosos que consideram a importância do polegar. Quanto mais flexível for, mais flexível é a pessoa. Se o polegar estreita na base, indica que a pessoa uso o tacto e a diplomacia para se relacionar com os outros. Polegares compridos indicam que essa pessoa é fiel a si e aos restantes.
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A Personalidade na Palma da Mão
Ler nas entrelinhas No que toca às linhas da mão, a primeira leitura a ser feita é relativa ao número de linhas finas adicionais às linhas principais. Quanto mais numerosas, mais sensível e complexo é o indivíduo. No entanto, quanto menos existirem mais direto é. As linhas principais são três. A Linha do Coração, linha superior horizontal que termina abaixo do indicador, indica o comportamento amoroso. Quanto mais próxima dos dedos, mais apaixonada e ciumenta é a pessoa. Uma linha que atravessa a mão indica alguém emocionalmente distante. Quando a linha se curva em direção ao indicador traduz-se uma natureza justa e carinhosa nos relacionamentos. Cruzes e falhas sugerem períodos difíceis no amor. A Linha da Cabeça, linha horizontal no meio da palma, diz-nos o tipo de inteligência que um possui. Quanto mais o inicio desta linha esteja próximo da Linha da Vida mais cuidadosa é a pessoa. Caso a distância entre as linhas seja grande mais aventureira e confiante é a sua natureza. A Linha da Vida, linha curva que sobe da base até acima do polegar, em termos de relacionamentos fala daquilo que se está disposto a dar. Uma linha com grande curvatura revela uma natureza expansiva e generosa. Contudo, uma linha mais próxima do polegar apresenta-se num indivíduo menos dedicado. A par das linhas da mão surgem os montes que estão associados aos planetas. A nível amoroso interessa falar do Monte de Vénus, que se situa ao lado do polegar entre a Linha da Vida. Um monte saliente indica gosto pelos prazeres da vida, sendo que quanto mais firme, maior é a natureza sexual da pessoa. Várias linhas horizontais proeminentes sugerem grande charme, enquanto muitas linhas finas quase em grelha indicam uma pessoa complexa no amor. A leitura da palma da mão possui ainda mais linhas e outros traços em estudo. Caso a sua curiosidade esteja ainda desperta, procure um livro ou abrace a experiência de consultar um esotérico.
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Ser Mulher em Hollywood
Um filme escrito, realizado e protagonizado por homens por Margarida Cunha
Sabiam que, em Junho, o casal Charlize Theron e Sean Penn deixou de o ser? Caso não saibam de quem se trata, a plataforma E! News informa: Penn tem 52 anos e é vencedor de um Óscar; Theron tem 39 e… é uma beldade sul-africana. Mas, perguntam vocês, a actriz não venceu também um Óscar (além de outros prémios)? Não tem um currículo de filmes impressionante, acumulando os cargos de produtora e Embaixadora da ONU? Então por que é que Sean Penn é tratado pelo E! News como um actor e Charlize Theron como um objecto decorativo? Bem-vindos a Hollywood.
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Ser Mulher em Hollywood
UMA QUESTÃO DE IDADE Recentemente foi divulgada a identidade da próxima Bond girl: Monica Bellucci. Se ver Bellucci no ecrã é sempre uma boa notícia em si mesma, o significado da escolha transcende os limites da tela: pela primeira vez em toda a saga 007, o espião britânico será emparelhado com uma mulher mais velha – Daniel Craig, que interpreta o papel de James Bond, tem 47 anos; Monica Bellucci tem 50. Embora pareça uma notícia completamente trivial – afinal, a diferença de idades é mínima e, além disso, quantos homens não preferem o carisma e a maturidade de uma mulher mais velha? – a verdade é que contraria a tendência esmagadora disseminada pelos filmes de Hollywood, que aposta em pares em que o homem é muito mais velho do que a mulher. Algo a que Bellucci não é alheia: quando contactada pelo realizador Sam Mendes para fazer parte de Spectre, a actriz perguntou, em tom de brincadeira, “Precisam que substitua Judi Dench?”. Embora a falecida intérprete Aaliyah tenha cantado “Age ain’t nothing but a number”, para muitas actrizes os números são obstáculos difíceis de contornar. Que o diga Maggie Gyllenhaal: com 37 anos e provas mais do que dadas no mundo da representação, a actriz confessou ao site The Wrap que lhe disseram ser muito velha para fazer par amoroso com um actor de 55 anos.
É verdade que a nossa cultura tem um velho fascínio pela juventude mas Hollywood sofre de uma estirpe específica: a obsessão por mulheres jovens. Não se trata apenas de uma vaga impressão que paira no ar depois de irmos ao cinema; o site Vulture compilou dados e criou gráficos
É verdade que a nossa cultura tem um velho fascínio pela juventude mas Hollywood sofre de uma estirpe específica: a obsessão por mulheres jovens para ilustrar a dimensão do problema. Analisando números respeitantes às carreiras de Emma Stone, Scarlett Johansson e Jennifer Lawrence, a plataforma concluiu que as actrizes contracenam com protagonistas muito mais velhos, quase sempre de meia-idade. Poder-se-ia argumentar que a ficção imita a realidade mas a verdade é que, citando o relatório americano Census 2013, o Vulture revela que, na maioria dos casamentos heterossexuais (60%), a diferença de idades compreende 2 a 3 anos. Discrepâncias significativas, na ordem dos 15 (1,6%) e 20 (1%) anos, são muito menos comuns – contrariando os retratos amorosos que Hollywood nos quer vender. Inversamente, o Vulture analisou os pares amorosos das maiores estrelas masculinas de Hollywood. Conclusão? Os homens envelhecem mas os seus pares não. Denzel Washington tem quase 60 anos mas a idade média das suas parceiras situa-se nos 35. Já Johnny Depp costuma ser emparelhado com mulheres de idade igual ou inferior a 25 anos. Das dez estrelas analisadas, apenas Tom Hanks parece envelhecer juntamente com as co-protagonistas.
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Ser Mulher em Hollywood
UMA QUESTÃO DE PROTAGONISMO Qual foi o último filme, protagonizado por uma mulher, que viram? Os mais de 3 segundos que vos demorou a pensar numa resposta são sintomáticos do estado das coisas em Hollywood. Uma vez mais, a frieza dos números impõe-se: segundo o site Refinery29, em 2014, apenas 12% dos 100 filmes mais rentáveis tinham mulheres como protagonistas. O número aumenta para 29% no caso de personagens importantes. O site cita Melissa Silverstein, criadora da fundação Women and Hollywood, que afirma que, no ano transacto, nenhum filme nomeado na categoria de Melhor Filme tinha uma protagonista feminina. Silverstein revela que os filmes devem reflectir a cultura – e que o que o reflexo que temos recebido é o de que os homens brancos são mais importantes. (Pelo menos foi essa a impressão que ficou comigo depois de ter visto o nome de Ben Affleck surgir antes do de Rosamund Pike nos créditos de Gone Girl – ainda que toda a história seja meticulosamente construída pela sua Amy.)
É difícil para as mulheres chegarem às salas de cinema, mesmo depois de terem vendido milhões de exemplares de banda desenhada. Que o diga a Captain Marvel, a primeira super-heroína a ter direito a um filme… depois de 19 filmes protagonizados pelos seus colegas. Segundo o site Cracked, ao ritmo de uma protagonista a cada dez anos, a Marvel há-de equilibrar as coisas no próximo século. E o que dizer da saga Avengers, que praticamente excluiu a Black Widow (interpretada por Scarlett Johansson) do seu merchandising? Um problema sentido até pelo seu colega Mark Ruffalo (que dá vida a Hulk), tendo levado o actor a pedir, no Twitter, mais merchandise da personagem para as suas filhas e sobrinhas.
Em 2014, apenas 12% dos 100 filmes mais rentáveis tinham mulheres como protagonistas
UMA QUESTÃO DE NÚMEROS Se à frente da câmara as coisas não parecem promissoras, atrás não estão melhores. É difícil singrar como realizadora em Hollywood. Retomando os dados divulgados pelo Refinery29 relativos a 2014, apenas 6,8% (ou seja, 17) dos 250 filmes mais rentáveis foram conduzidos por mulheres. Já as conclusões do estudo “Exploring the Careers of Female Directors”, a cargo da Female Filmmakers Initiative, indicam que, desde 2002, das 1 300 longas-metragens mais lucrativas, a proporção de filmes realizados por mulheres e por homens é de 1 para 23. Os orçamentos disponíveis para a realização de filmes também revelam discrepâncias entre géneros. A já citada Melissa Silverstein, da fundação Women and Hollywood, afirma, com base na sua pesquisa, estar convencida de que nenhuma mulher alguma vez dirigiu um filme com um orçamento acima dos 100 milhões de dólares – para efeitos comparativos, por exemplo, The Dark Knight tinha um orçamento de 185 milhões, Iron Man, de 140 milhões e The Amazing Spider-Man, de 230 milhões. 48 – 49 | rtro
Ser Mulher em Hollywood
As disparidades subsistem quando o assunto é salários. Na sequência do ataque de hackers à Sony, no final de 2014, Hollywood e o mundo ficaram a saber que mesmo estrelas premiadas como Jennifer Lawrence auferiam valores inferiores aos dos seus co-protagonistas. Dados que Charlize Theron utilizou a seu favor aquando da discussão da folha salarial para o filme The Huntsman – depois de se saber que a actriz iria receber menos pelo seu papel do que o co-protagonista, Chris Hemsworth, Theron renegociou um aumento de 10 milhões de dólares.
UMA QUESTÃO DE IMAGEM Em Hollywood, a imagem é essencial. Mas quando se é mulher na indústria dos sonhos, ter uma boa imagem não basta: é preciso ser sexualmente atraente. Rose McGowan, actriz de filmes como Scream e Planet Terror, atestou isso mesmo quando divulgou no Twitter as exigências de um casting a que ia concorrer: deveria vestir-se de preto ou em tons escuros, com um top justo que revelasse o decote (encorajando-se o uso de um soutien push-up) e leggings ou jeans justos. Poderíamos
contra-argumentar, dizendo que talvez a ideia fosse criar uma dinâmica entre duas personagens sensuais, mas não: o co-protagonista era Adam Sandler. (O agente de McGowan deixou de a representar depois deste episódio.) Sabe-se que as grandes estrelas masculinas de Hollywood têm muitas vezes o direito contratual de escolher as actrizes com quem vão trabalhar num determinado filme. Segundo Salma Hayek, eles não gostam quando uma personagem feminina é forte. Mas a testosterona que flui em Hollywood não diz respeito apenas a actores e realizadores; os media de entretenimento asseguram-se sempre de escrutinar o visual das mulheres ao mais ínfimo pormenor. Que o diga Cate Blanchett, que, por ocasião dos Screen Actors Guild Awards de 2014, ao ser filmada de cima abaixo por um cameraman do canal E!, questionou, apontando para a câmara: “Também fazem isso aos homens?”. O mesmo canal achou que era boa ideia criar uma manicam – uma pequena câmara onde as mulheres revelam a sua manicure. Várias estrelas recusaram-se a tal exposição mas a que teve a melhor reacção foi, sem dúvida, Elisabeth Moss – actriz de Mad Men – que deixou que a câmara captasse o seu dedo do meio em toda a sua glória.
Quando se é mulher na indústria dos sonhos, ter uma boa imagem não basta: é preciso ser sexualmente atraente
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Ser Mulher em Hollywood
UMA QUESTÃO DE REPRESENTAÇÃO Atrás das câmaras, o sexismo mantêm-se: não só o número de realizadoras é reduzido como o tratamento que lhes é dado revela muitas vezes um paternalismo condescendente. Segundo a organização ACLU (American Civil Liberties Union), que recolheu testemunhos de dezenas de realizadoras, muitos executivos afirmam que um determinado programa ou série não é “woman friendly” – havendo mesmo produtores que dizem aos agentes para não enviarem mulheres ou, a cereja no topo do bolo: “Já contratámos uma mulher nesta temporada”. Alguns minutos passados a ler testemunhos no tumblr Shit People Say To Women Directors (& Other Women In Film) também poderão revelar-se esclarecedores. A discriminação do género em Hollywood é um polvo com vários tentáculos: não se prende apenas com a idade, o salário ou a imagem das mulheres; estende-se ao tipo de cobertura mediática que obtêm, passando pelas perguntas que lhe são colocadas. Na cerimónia de prémios Elle Women of Hollywood do ano passado – quando ainda era casada com Ben Affleck – Jennifer Garner confessou, em tom de desabafo, que estava farta que lhe perguntassem como conseguia equilibrar a carreira com a vida pessoal, quando Affleck nunca tinha sido questionado sobre esse assunto. Um dos muitos episódios que motivaram a iniciativa #askhermore, popularizada por Reese Witherspoon, no sentido de questionarem as actrizes acerca das suas participações nos filmes e não apenas acerca do seu vestido ou vida pessoal.
Muitos executivos afirmam que um determinado programa ou série não é “woman friendly”
“A única coisa que podemos fazer é mostrar-lhes que somos uma força económica" - Salma Hayek
Como pode uma tendência com séculos de existência ser revertida? Com paciência e, segundo Salma Hayek, dinheiro. “A única coisa que podemos fazer é mostrar-lhes que somos uma força económica. Nada mais os afectará. Quando virem o dinheiro, as coisas serão instantaneamente diferentes. Mostrem-lhes o dinheiro”. Sim, mostrem-lhes o dinheiro. A mim, apenas precisam de mostrar manchetes como esta: “Oscar-Winner Charlize Theron Broke Up With Her Boyfriend”.
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IT GIRL
MORE THAN A WOMAN Em Memória
de
Aaliyah - 1979 - 2001
por Margarida Cunha
Em 2015, precisamente no dia 25 de Agosto, assinala-se o décimo quarto aniversário da morte de Aaliyah. Com apenas 22 anos, chegavam ao fim a vida e a carreira de uma intérprete que estava precisamente a atingir a maturidade artística. 2001 até estava a ser um bom ano. Aaliyah tinha lançado o seu terceiro e auto-intitulado álbum, do qual foi retirado o comercialmente bem-sucedido single de apresentação “We Need a Resolution” – uma faixa R&B viciante que contou com a produção e colaboração de Timbaland. Aaliyah surgia após dois álbuns promissores que colocaram a cantora no radar da cultura urbana. “Age ain’t nothing but a number” – o seu trabalho de estreia lançado em 1994 – foi gravado quando tinha apenas 14 anos e deu ao mundo o seu primeiro grande êxito, o catchy “Back & Forth”. Escrito e produzido quase na totalidade por R. Kelly – que a tinha vinculado à Jive Records dois anos antes – o álbum foi assombrado pelas alegações de um casamento ilegal entre Aaliyah e o produtor. Dois anos depois, seguiu-se One in a Million, um trabalho com a marca de Timbaland e Missy Elliott, dois dos nomes mais proeminentes da música R&B. Num ano marcado pelos fenómenos Pop – tais como Spice Girls e Backstreet Boys – One in a Million oferecia ao público um sabor diferente: um Hip Hop e R&B embebidos nas raízes da cultura urbana, mas abrindo terreno para os anos seguintes, em que o R&B viria a dominar os tops da MTV. Aí por volta de 1999 não repararam
na presença cada vez mais forte de nomes como Destiny’s Child, En Vogue, Brandy ou 702? Agora sabem que não foi por acaso. A sempre criativa e inovadora “Baby Girl” – como Timbaland carinhosamente a apelidava – sentiu-se impelida a experimentar novos voos, pelo que a chegada ao cinema era inevitável. O ano 2000 marcou a sua estreia no grande ecrã, ao lado de Jet Li, em “Romeo Must Die” – um filme de acção livremente inspirado no clássico de William Shakespeare. Embora a crítica não tenha adorado a película, esta continha, na dose certa, os ingredientes para criar um clássico de acção: lutas de artes marciais, romance, comédia e disputas territoriais entre negros e chineses. Aaliyah cumpriu bem o seu papel – o de filha do líder Isaak O’Day (Delroy Lindo) – criando uma química interessante e pouco comum entre a sua personagem e a de Jet Li (que, na história, pertencia a uma família rival). De todos os pares românticos que já vi em filmes, a dupla Aaliyah/Li é um dos mais curiosos, engraçados e desarmantes. Ao contrário de muitos outros casais, este é um dos que queremos mesmo que fiquem juntos no fim.
Como era expectável, Aaliyah ofereceu também ao filme um contributo musical. Das quatro faixas com o seu nome produzidas para a banda sonora, uma destaca-se até hoje como um verdadeiro hino da viragem do milénio: a eterna “Try Again”. Produzido por Timbaland, o single chegou ao topo nas listas Billboard Hot 100 e Hot 100 Airplay – esta última baseando-se apenas no número de vezes que uma música passa nas rádios. O videoclipe de “Try Again”, que tantas vezes passou nos canais temáticos, contava ainda com a participação de Jet Li. 54 – 55 | rtro
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Entretanto, Aaliyah viria a participar em mais um filme: Queen of the Damned – adaptação do terceiro capítulo da trilogia de vampiros de Anne Rice. O período de filmagens coincidiu com a gravação do seu derradeiro álbum, levando a cantora a filmar de dia e a gravar à noite – o que a deixou extenuada. No entanto, “Baby Girl” nunca chegaria a conhecer o desempenho comercial de Queen of the Damned – o filme estreou apenas em 2002, quase seis meses após a sua morte.
Ainda assim, 2001 foi suficiente para que a artista saboreasse um pouco do sucesso que viria a ter o seu terceiro trabalho. Aaliyah começou com o pé direito: “We Need a Resolution”, com a assinatura de Timbaland, marcava o início de uma sonoridade que parece nova até aos dias de hoje. As influências electrónicas e orientais dão ao álbum uma frescura que transcende os limites do tempo, tornando insignificantes os seus 14 anos de idade. “More Than a Woman” foi o single que se seguiu. Apesar de ter começado a promovê-lo, Aaliyah já não se encontrava entre nós quando o vídeo foi divulgado, em Novembro de 2001. Filmado em Agosto, “More Than a Woman” pretendia ser um passo rumo ao sucesso comercial de Aaliyah. No mesmo mês, a busca de um hit de Verão que destacasse
as vendas levou as editoras Blackground e Virgin a apostar na faixa “Rock the Boat”. Aaliyah e a sua equipa embarcaram num voo para as Bahamas, onde viria a ser filmado o vídeo do single. No entanto, a artista nunca regressaria. Na viagem de retorno, o avião despenhou-se pouco depois de ter descolado, conduzindo à morte uma das mais promissoras vozes do R&B, juntamente com mais oito pessoas. As investigações do acidente concluíram que o aparelho viajava com 300kg acima da carga permitida, bem como transportava uma pessoa em excesso. O piloto, além de não estar licenciado para voar, terá consumido cocaína e álcool – uma vez que foram encontrados vestígios dessas substâncias no sangue, por ocasião da autópsia. Apesar das circunstâncias trágicas que o rodearam – ou talvez precisamente por causa delas – o vídeo de “Rock the Boat” viria a conhecer a luz do dia em Janeiro de 2002. Nele, podemos ver Aaliyah e as suas bailarinas a dançarem sensualmente num iate, vestidas de branco contra um céu azul polvilhado de nuvens. No final, a cantora surge debaixo de água a nadar em direcção ao céu. Ficaram palavras por dizer. Coisas por fazer. Aaliyah já tinha filmado
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parte da sua participação em Matrix Reloaded e deveria aparecer também em Matrix Revolutions. O inesgotável fascínio que a morte exerce sobre as massas levou-as a correr às lojas para comprar o derradeiro álbum de originais da cantora. Em 2009, já tinham sido vendidas mais de 3 milhões de cópias de Aaliyah. Seguiram-se os tributos e, em 2002, a compilação que reúne as músicas mais marcantes da cantora, bem como seis faixas inéditas: I Care 4 U.
Pensar sobre o legado de Aaliyah é um exercício nostálgico mas consensual. Os peritos da indústria destacam-na como uma referência na redefinição do género R&B dos anos 90, tendo o seu álbum One in a Million sido considerado um dos mais influentes da década nesse segmento. É impossível não nos questionarmos acerca do percurso da “Baby Girl”, não tivesse a sua vida sucumbido à tragédia. Como se enquadraria ela na cultura actual? Até que ponto seria influente nesta era de likes, tweets e instagrams? Hoje com 36 anos, continuaria a contribuir com a sua voz dócil e aveludada para o vanguardismo da indústria musical? Perguntas impossíveis de responder mas que deixam uma certeza: a sua voz faz falta. Porque era uma num milhão. E porque Aaliyah era decididamente muito mais do que uma mulher.
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Smells like…
Violet Kiss
by Primark
por Margarida Cunha
Violet Kiss é um daqueles perfumes que nos agarra no primeiro instante. Fresco, frutado e leve, enche-nos com um aroma a Verão, sem no entanto nos nausear. Comercializado pela Primark, combina o poder das frutas – bergamota, laranja e pêra – com a sedução de “flores cheias de sol” e da baunilha. O perfume surge embalado numa caixa roxa salpicada de bolas brancas, num piscar de olho que convida à diversão. Não é disso que se trata o Verão? É difícil encontrar informações sobre Violet Kiss. Afinal, não é uma fragrância de gama alta e facilmente passa despercebida entre os milhares de itens disponíveis nas lojas da cadeia irlandesa. Também não fixará na vossa pele durante muito tempo. Mas Violet Kiss vai perdurar na vossa memória como a fragrância leve e descontraída que, com uma única vaporização, vos transporta de imediato para as longas tardes solarengas e as noites divertidas que prometem não ter fim.
Violet Kiss Eau de Parfum 50ml 3,5€ Disponível nas lojas Primark
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AS APARÊNCIAS ILUDEM
PEQUENAS GRANDES MENTIRAS por Ana Cristina Silva
Chega a Portugal mais um livro da autora sensação da Austrália, Liane Moriarty, “Pequenas grandes mentiras”. A australiana, com seis livros publicados, tornou-se recentemente num bestseller internacional (particularmente em Inglaterra e nos Estados Unidos) com “O segredo do meu marido”. Segundo a própria autora, o seu último livro, “Pequenas grandes mentiras”, retrata um tema muito em voga nos dias de hoje, o bullying, quer aquele que é perpetrado por crianças na escola, quer entre mulheres adultas, ou, na sua vertente mais cruel, a da violência doméstica e sexual. Embora permeado com algum humor, já característico de obras anteriores da australiana, as cenas mais fortes do livro são descritas de uma forma fria e analítica. A ação passa-se numa vila costeira fictícia e centra-se na vida de pais, mães e filhos que frequentam a escola pública de Pirriwee. O trama principal assenta sobre uma festa de pais, (que alia uma mascarada a uma espécie de quiz de cultura geral), organizada para angariar fundos para a escola e que termina de uma forma imprevisível: com uma morte. A história, inicialmente, parece demorar a avançar, misturando o passado e o presente com
inúmeras personagens que surgem sem qualquer apresentação prévia mas que, ao longo do livro, passamos a conhecer melhor e a atribuir-lhes uma maior importância. Basta ler a sinopse para saber que haverá um crime… mas quem morreu? Quem matou? E mais importante: porquê? Sabemos, apenas, que a noite da festa responderá a todas essas dúvidas. E enquanto o mistério perdura ao longo da história, vamos conhecendo a fundo as particularidades de cada protagonista. Jane, jovem mãe solteira de Ziggy, de 5 anos, acaba de se mudar para a Península de Pirriweee para começar uma nova vida. Faz, de imediato, amizade com Madeline e Celeste, que se mantêm a seu lado mesmo depois de ser posta de parte pelas restantes mães da vila costeira. É uma jovem com a autoestima comprometida devido a situações passadas, que tem tudo para feliz mas que não consegue ver todas as potencialidades e tudo o que o mundo lhe tem para oferecer. Madeline, de 40 anos, é casada com Ed, tem uma vida financeira estável e 3 filhos. Um menino viciado em desportos radicais, Abigail, filha mais velha do seu primeiro casamento com Nathan, e Chloe, de 5 anos, colega de Ziggy e Skye,
Título: Pequenas Grandes Mentiras Título original: Big Little Lies Autor: Liane Moriarty Tradutor: Raquel Dura Lopes Editora: Edições Asa Edição: Maio de 2015 Páginas: 480 Género: Romance, Mistério
a filha mais nova do ex-marido. Apesar de ser uma mulher decidida e segura de si mesma, Madeline vive ainda um pouco no passado, nunca conseguiu superar totalmente o facto de Nathan a ter abandonado e, para piorar, ser agora aparentemente um pai e esposo ideal, casado com uma mulher que a própria filha parece preferir a ela. Celeste, uma mulher bela e encantadora com uma vida perfeita: casada com Perry, extremamente rico e bonito, e com dois filhos gémeos. Tem aparentemente uma vida de sonho e é a inveja de todas as outras mães. O custo desta vida é, no entanto, alto como percebemos ao longo da narrativa, em que a vemos sempre a agir pensando primeiro nos julgamentos da sociedade. A narrativa é feita na terceira pessoa, mas permite-nos aproximar de cada uma delas e entender as suas particularidades e características, mesmo as mais bem escondidas. Embarcamos numa viagem de (re)descoberta com estas três mulheres, que acabam por ser mais comuns do que esperado, conseguimos identificá-las facilmente com alguém que conhecemos: as nossas mães, irmãs ou amigas. A amizade de Jane, Madeline e Celeste é posta à prova logo nos primeiros capítulos, quando Ziggy é acusado de cometer bullying com uma das crianças da escola causando um enorme alvoroço entre os pais, que pretendem uma resposta firme e exemplar por parte da escola. No entanto, as coisas não parecem ser como realmente são. É este episódio que desata uma série de outros em que Jane e Ziggy se transformam em párias, e pais e crianças são “forçadas” a escolher um lado. É, assim, que, nós, leitores, ficamos a conhecer o que cada família vivencia e guardava para si até então, tudo o que vai ser determinante para o desenlace da história. Moriarty apresenta-nos as personagens principais da trama, alterna entre elas e estende a narrativa dando-nos pequenas pistas sobre o ponto de viragem do livro, a noite da festa de máscaras. Para chegar à tal festa a autora optou por fazer avanços e recuos no tempo: os capítulos aparecem em forma de contagem regressiva até a noite do Jogo de Perguntas e Respostas e são
narrados por diferentes personagens; contudo, no final de cada capítulo, são-nos apresentadas diversas versões do que realmente aconteceu. Depoimentos (pós-tragédia) de pais, professores e detetives fundem-se, assim, à narrativa, aparecendo nos capítulos como algo relativo ao assunto nele narrado, mas também dando pistas acerca do que pode ter acontecido naquela fatídica noite. O clímax da história foi muito bem escolhido, pois consegue misturar os dois géneros que a obra partilha: o drama e o mistério. Basta dizer que todos os capítulos sem exceção nos ajudam a conhecer as personagens a fundo e construir as nossas próprias suspeitas e, finalmente, chegar à verdadeira resposta, que apenas nos é dada nos capítulos finais. Impreterivelmente, todos os episódios que nos são narrados, todas as experiências por que passam as personagens e todas as pistas de que nos são transmitidas, giram em torno das circunstâncias da misteriosa morte que acabará por alterar o destino de pais e alunos de Pirriwee. Moriarty expõe os defeitos daquilo que é aparentemente perfeito, ensinando-nos a não acreditar em tudo desde um princípio, mas, sim, duvidar até ao fim de palavras, ações e vidas aparentemente perfeitas. Um livro que retrata na perfeição o efeito “bola de neve” de algumas mentiras: as que contamos aos outros, e principalmente, as que contamos a nós mesmos. Não há, no entanto, mentiras que durem para sempre. De referir, que os direitos da obra foram adquiridos pelas produtoras de Nicole Kidman e Reese Witherspoon, que serão as protagonistas da adaptação cinematográfica de “Pequenas Grandes Mentiras”: Já sabem, antes de ver o filme, leiam o livro. “Nunca lhe passara pela cabeça que mandar o filho para a escola seria como se ela própria voltasse para a escola!” Liane Moriarty in “Pequenas Grandes Mentiras”
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Ler. Ver. Ouvir. por Ana Cristina Silva
Ler Prometo falhar Autor: Pedro Chagas Freitas Editora: Marcador Ano: 2014 Género: Romance “Prometo falhar” é o mais recente livro de Pedro Chagas Freitas que, já com inúmeros livros publicados, nos habituou a um tipo de literatura muito particular. Sob a premissa “O amor existe quando desistimos de ser perfeitos” chega-nos uma obra singular que valoriza a beleza das nossas imperfeições através de textos soltos, histórias de duas a três páginas sobre tudo aquilo que é o amor. É um livro invulgar pois não sente a necessidade de ter uma narrativa definida, é uma coletânea de textos inspirados sobre o amor, todos os seus “géneros” e tudo aquilo que ele causa. Repleto de lugares comuns, uns quantos palavrões, uma linguagem muito coloquial e permeada com todo o tipo de construções frásicas, “Prometo falhar” vale pela qualidade da escrita, pelos detalhes e, sobretudo, pela forma como o conteúdo é apresentado. Através de diálogos, de cartas, de reflexões, Pedro Chagas Freitas escreve e descreve situações ou sentimentos com que cada leitor, por certo, se identifica ou identificará no futuro.
Ver
Ouvir
A Ressaca de saltos altos
The endless river
Realização: Steven Brill
Autor: Pablo Álboran
Elenco: Elizabeth Banks, James Marsden
Editora: Atlantic Records
Ano: 2014
Ano: 2014
Género: Comédia romântica
Género: Pop/Rock, Folk
“A ressaca de Saltos Altos” ou no título original “Walk of Shame” é um filme de 2014, realizado por Steven Brill, com as participações de Elizabeth Banks, James Marsden, Gillian Jacobs. Considerado a versão feminina da trilogia “A Ressaca”, o filme conta divertida história de Meghan Miles (Banks), coapresentadora das notícias do canal de televisão local que depois de não conseguir o seu emprego de sonho numa estação televisiva nacional, decide sair à noite com as amigas. Pede emprestado um chamativo vestido amarelo a uma amiga e acaba a noite na casa de Gordon (Jamers Marsden), um galante barman e escritor. No dia seguinte, e de ressaca, Meghan recebe uma chamada do agente a dizer que afinal vai conseguir a entrevista de emprego que tanto queria. Vê-se, assim, perdida nos arredores de Los Angeles sem telemóvel, carro, documentos ou dinheiro e com apenas 8 horas para chegar aos estúdios de televisão.
Desde o seu álbum homónimo de estreia em 2011 que Pablo Álboran é o cantor com mais álbuns vendidos em Espanha e por muitos outros países latinos. O cantor de vinte e cinco anos lançou em 2014 o seu terceiro disco de originais: “Terral”.
Seguem-se um conjunto de aventuras e confusões hilariantes com a (des)ajuda das amigas e de Gordon (vê-se envolvida com traficantes e é confundida com uma prostituta) em que a protagonista é a tal “Mulher de amarelo”. Um filme para descontrair, que vale pelas diversas situações cómicas que nos proporciona, apesar de ser uma comédia de erros um tanto ou quanto previsível.
Co-produzido por Álboran e Eric Ross (produtor de Maroon5 e Birdy) e gravado em Los Angeles, “Terral” é composto por 17 faixas em espanhol, com versões acústicas de duas músicas, “Por fin” e “La escalera”, e duas versões de “Quimera”, uma com a participação especial de Ricky Martin e outra a solo. O álbum está repleto de melodias memoráveis e arranjos acústicos que demonstram influências mais próximas do jazz: arranjos feitos pelo próprio e dominados pelo som do piano, mas acompanhados por uma banda com alguns dos melhores músicos europeus. As letras são todas de sua autoria, verdadeiras narrativas que, desde o primeiro verso, captam a atenção do ouvinte. O primeiro single “Por Fin” toca há muito nas rádios portuguesas e é nº 1 na América Latina e em Espanha, o segundo single a ser lançado será “Quimera”, que conta com a colaboração de Ricky Martin. O malaguenho apresentou “Terral” em Portugal no dia 23 de Maio, na Meo Arena, em Lisboa mas faz parte dos planos de Álboran regressar ainda este ano de 2015 ao nosso país.
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