Rtro31

Page 1

rtro magazine nยบ 31


rtro

“Muita gente não celebra aniversários porque é garantido que andar para a frente implica sempre olhar para trás. Mas invocar memórias não tem de ser uma tarefa amarga. É preciso é saber dar a essa tarefa o sabor que mais se adequa.” Escrevi estas palavras há 4 anos, quando celebrávamos a 12ª edição da RTRO. Neste momento, por ocasião do nosso 5º aniversário, é para mim claro o sabor que mais se adequa à data: um doce sabor. Doce porque 5 anos já é um número respeitável para uma publicação que foi fundada numa reunião improvisada numa sala de aula. Doce porque o caminho não foi perfeito, acumulando sucessos, quedas e intervalos, tornando as pequenas vitórias mais saborosas. Doce porque a RTRO não deixa de ser uma menina, mas uma menina que já faz retrospectivas e guarda memórias. Doce porque a RTRO nunca se fez, vai-se fazendo e moldando, a cada colaborador que passa e deixa a sua marca. Doce porque nunca poderia ter sido doutra forma, por muito salgado que às vezes tenha parecido. Doce porque, 5 anos depois, continuamos aqui porque alguém acha que ainda vale a pena ler-nos. A todas essas pessoas e a todos os que deixaram a sua marca na RTRO, um ENORME OBRIGADA! Esta é uma edição especial, uma edição marcada pelo número 5. Acreditam em Numerologia? Segunda esta, o 5 é o mais dinâmico e enérgico de todos os dígitos. É imprevisível, em constante movimento e em constante necessidade de mudança. Prometem continuar a mudar connosco?

magazine

Editorial

Margarida Cunha Editora


rtro staff

editora Margarida Cunha redactores Ana Cristina Silva Jorge Barbosa Luísa Silva Maria João Barbosa Margarida Cunha paginação Manuel Costa fotografia Margarida Cunha foto de capa Isa Martina

A rtro está sempre à procura de modelos, fotógrafos,stylists, maquilhadores, designers, que queiram colaborar, expor os seus trabalhos, se achas que tens o que é preciso contacta-nos para o nosso email.

geral@rtromagazine.com


INDÍCE

6

12

16

Somos Todos Charlie?

A Tida, A Dida E Eu

5 Mulheres Que Colocaram O Feminismo Na Agenda Mediática

40

46

52

5 Momentos Marcantes Na História Da Rtro

Os Filmes Mais Esperados De 2015

Fifty Shades Of Grey O Fenómeno E Critíca Ao Filme

92

94

O Amor Da Tua Vida

Ler. Ver. Ouvir.


22

26

32

5 Tendências PrimaveraVerão 2015

5 Directores Que Estão A Mudar O Mundo Editorial

5 Desafios Das Revistas De Moda

66

80

86

Sessão Casa De Campo

Horóscopo Amor E Sexo E Previsões Para 2015

Concertos 2015



Somos todos Charlie? Para além de Charlie - Uma reflexão sobre a liberdade por Jorge Barbosa

6 – 7 | rtro


Somos todos Charlie?

Em pleno século XXI, o terrorismo é cada vez mais um assunto presente no quotidiano de cada um de nós. A chamada Guerra Santa, que de santa nada tem, é cada vez mais uma realidade. Mas será que estamos todos conscientes deste problema mundial? Afinal, Somos todos Charlie? Desde o dia 7 de janeiro, dia dos atentados em Paris, que só se tem falado neste assunto. Uns são Charlie, outros não. Mas será que alguém pensou mesmo a sério neste assunto ou limitaram-se a seguir a moda Je suis Charlie? Ter a ousadia de satirizar as figuras mais mediáticas da nossa atualidade, na política, na religião, não é para todos. No entanto, todos se proclamam Charlie. Inclusive uma boa parte dos governantes presentes na manifestação de Paris, que seguravam um papel Je suis Charlie mas que na verdade são repressores da liberdade de expressão. Afinal, até que ponto vai a hipocrisia? Paris, 11 jan (EFE).- “A RSF citou nominalmente representantes de nações "onde jornalistas e blogueiros são sistematicamente humilhados, como Egito, Rússia, Turquia, Argélia e Emirados Árabes Unidos", que em sua última classificação da liberdade de imprensa ocupam, respetivamente, os postos 159, 148, 154, 121 e 118 dos 180 países analisados.” Enquanto alguns jornais árabes reagiram contra o massacre no Charlie Hebdo e a favor da liberdade de expressão, esses sim são Charlie.

Publicação do jornal Al-Arabi Al-Jadeed do Catar.


Eu gostava de ser um Charlie, mas não sou, não os tenho no sítio, como eles. Mas admiro-os. E decerto que não gostariam de ter morrido em vão. Por isso é que podemos não ser Charlie, mas podemos tentar ser um bocadinho mais Charlie. Reflectir no que se passa por todo mundo, a fome, a violência, a descriminação, a escravatura... E no que podemos fazer para tentar mudar alguma coisa. Porque ser Charlie não é simplesmente segurar numa folha de papel e fazer um minuto de silêncio. Ser Charlie é muito mais que isso. É ser uma voz activa contra o terrorismo, contra tudo o que achamos estar mal na sociedade, isso sim é ser Charlie. Ser Charlie é ser a favor da liberdade. Censura? Liberdade de expressão? A Sky News censura a tentativa de comentadora mostrar a nova capa do Charlie Hebdo e pede desculpas a quem se sentir ofendido. Observador, 14 jan.- “Uma das maiores editoras do mundo baniu os porcos para não ofender muçulmanos e judeus. Nem porcos, nem salsichas. O animal e as palavras que dele derivam foram proibidos pela Oxford University Press. Mas nem os judeus nem os muçulmanos, supostamente abrangidos pela medida, a entendem”.

8 – 9 | rtro


Somos todos Charlie?

A liberdade de expressão acaba quando começa a liberdade dos outros? Ou será que, quando assim é, se torna em censura? Porquê banir o porco de uma publicação e não banir a vaca sagrada da Índia? Ou outra qualquer crença? E as mulheres descobertas? Não será melhor banir também e obrigar todas as mulheres entrevistadas a usar burka? Para esclarecer estas questões temos a opinião da jurista Carla Freitas, Licenciada em Direito pela Universidade do Minho. A liberdade de expressão é um direito fundamental inerente aos Estados Democráticos*. Contrária à mesma, temos a censura que, por sua vez, está ligada a sistemas políticos opressivos. Nos Estados democráticos, os indivíduos têm o direito de expressar livremente as suas ideias sobre assuntos como política, religião, economia, entre outros. A democracia depende de uma sociedade bem-educada e bem informada sobretudo sobre assuntos de interesse público, sendo que o acesso à informação é fundamental para que os cidadãos possam participar, tanto quanto possível, na vida pública, manifestando as suas opiniões e defendendo os seus direitos. O debate livre e a divergência de opiniões é fundamental num Estado democrático e favorável aos interesses coletivos. A liberdade de expressão funciona até como meio de "controlo" do exercício do poder. Sempre que a liberdade de expressão começa a ser reprimida por um determinado Estado, a tendência é que ele se torne autoritário. Assim sendo, a liberdade de expressão é um direito fundamental ao exercício da democracia e não pode estar sujeito a qualquer tipo de censura. * A liberdade de expressão é um direito consagrado na Constituição da República Portuguesa.

Artigo 37.º(Liberdade de expressão e informação) 1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações. 2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma

Fonte: http://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublicaPortuguesa.aspx


10 – 11 | rtro


A tita, a dida, e eu por Maria João Barbosa

Hoje em dia muitas pessoas fazem questão de frisar que gostam mais de gatos do que de cães ou vice versa. Pois é … eu sempre me considerei uma cat person. Para mim, os gatos são a personificação da elegância, do olhar profundo, da individualidade muitas vezes ambígua. Aquele animal noctívago, caçador furtivo e solitário. No antigo Egipto, os gatos eram considerados os guardiões dos Faraós e também dos mortos. Eles viam-nos como uma espécie de divindade protectora dos maus presságios. Posso dizer que é assim também que eu os vejo, mas numa perspectiva mais doméstica.

Adoro o cheiro da comida de gato. Gosto das suas personalidades brincalhonas, até mesmo das suas facetas agressivas. Há alguns anos ofereceram-me uma gata ainda bébé. Foi a maior alegria que tive nesses tempos. Chamei-lhe Tita. Dócil, meiga mas também muito “só”. Infelizmente não durou muitos anos, porque após a esterilização começou a ter alergias atípicas. A medicação que tomava era muito forte e ela não aguentou. A morte da Tita fez com que eu caísse numa depressão, mas com o passar do tempo eu fui-me conformando. Passaram-se alguns meses e uma noite de fim de semana , um amigo meu perguntou-me se eu queria ficar com um gato, visto que ele tinha 6 para dar que eram do pai e estavam a viver num quarto escuro. Bem … eu inconscientemente adorei logo a ideia. Mas depois fiquei reticente... com tudo o que já se tinha passado, não sabia se era uma boa opção, para além do facto de que ia ser ainda mais difícil convencer os meus pais novamente. Mas tanta era a perseverança do Tomás como a minha. Chegado o momento de conhecer os gatos, eu estava em pulgas. Mal a porta do quarto se abre, dou de caras com 5 gatos já grandes e uma gatinha bébé siamesa pura (segundo o tomás). Era das coisas mais fofas que já tinha visto e fartava-se de miar. Até ao


Tomás a conseguir apanhar foi obra, ela era veloz como uma chita, mas também porque estava muito assustada. Ainda apanhei um susto grande quando já estava fora do prédio com a gatinha na mochila e de repente ela dá um salto e escapa-se para as imediações que circundavam o prédio. No entanto, o Tomás com a sua determinação acentuada conseguiu apanhá-la e trouxe-a até mim. Foi paixão à primeira vista. No ínicio foi um pouco complicada a adaptação dela a casa. Devido ao nervosismo dela, chegou a ter algumas diarreias mas depois passou. Chegava a desaparecer durante duas a três horas e sempre detestou colo. Quando cheguei a casa pus a gatinha na cozinha, já prevenindo para que ela não se enfiasse nalgum canto impenetrável. Quando o meu pai a viu, começou logo a reclamar, mas no fundo já estava apaixonado por aquela bolinha de pêlo. O pior foi a minha mãe, que mesmo com os

meus abraços e miminhos não conseguiu conter o desespero. Fechou-se na casa de banho aos berros e quase a chorar. Enfim … momentos bons, momentos maus … mas no final o tempo é sábio e dá-nos a resposta ás intermitências da vida. Hoje com 4 aninhos de vida , a Dida continua a mesma maluca de sempre. Adora jogar á bola e ao apanha esconde, adora falar connosco com o seu miar de bébezinha mas principalmente de saltar para cima dos móveis cá de casa e deitar coisas ao chão. È por isto que adoro gatos. Apesar de parecerem sizudos e mandões, assim que conhecem os seus donos e a sua zona de conforto, são mimados e também gostam de retribuir os mimos. Pondo de parte o que é inato à sua própria natureza (que é o que mais me fascina), se eles sentirem que têm alguém que gosta deles, vão acabar por ceder a uma aproximação, nem que seja moderada.

12 – 13 | rtro


anos

magazine


5 Mulheres

que colocaram o Feminismo na Agenda Mediática

5 Tendências Primavera-Verão 2015

5 Directores

que estão a mudar o Mundo Editorial

5 Desafios

das Revistas de Moda

5 Momentos

Marcantes na História da RTRO

14 – 15 | rtro


5 Mulheres

que colocaram o Feminismo na Agenda Mediática por Margarida Cunha

O feminismo é trendy. Já foi identidade, já gerou notícia, já espicaçou ódio e agora virou hashtag. Independentemente do posicionamento que se possa adoptar face ao movimento, é incontestável o aumento da frequência com que o termo tem vindo à baila nas redes sociais (onde tudo acontece primeiro). E se tal acontece é porque o tema se alimenta a si próprio, crescendo em forma e tamanho, levando a que, inevitavelmente, as celebridades queiram fazer parte do jogo. Na edição que celebra o 5º aniversário da RTRO, destacamos cinco mulheres que deliberadamente trouxeram o feminismo para as conversas de pequeno-almoço. E de almoço. E de jantar.


16 – 17 | rtro


5 Mulheres

MALALA YOUSAFZAI Lembram-se dos vossos 17 anos? As dúvidas existenciais, os arrufos com os pais, a insegurança face ao futuro? Com essa idade, Malala Yousafzai foi laureada com o Prémio Nobel da Paz. Um desfecho feliz de um pesadelo que é, para milhares de jovens, uma realidade. Em 2012, ao entrar no autocarro que a levaria à escola, Malala foi baleada na testa, ficando inconsciente e em estado grave. Um acto pouco fortuito, considerando que o autor dos disparos a chamou pelo nome – a jovem paquistanesa tinha vindo a promover a educação das jovens no vale do Swat (região sob o domínio do movimento talibã) através da participação num blog e num documentário da BBC. Um ano depois, a Time colocava-a na capa e declarava-a uma das cem pessoas mais influentes do mundo. A tragédia, a paixão da opinião pública, o carisma de Malala e o entusiasmo dos media trataram de a tornar num mito da luta pelos direitos das mulheres e do acesso à educação. Para a História ficam as suas imortais palavras: “Uma caneta, uma criança e um professor podem mudar o mundo”.

EMMA WATSON

“Uma caneta, uma criança e um professor podem mudar o mundo” Malala Yousafzai

Quando me deparei com a jovem brilhante Hermione Granger (“it’s ‘leviosa’, not ‘leviosar’!”) nos filmes da saga Harry Potter, estava longe de imaginar que estava a olhar para uma futura Embaixadora da Boa Vontade das United Nations Entity for Gender Equality and the Empowerment of Women. A personagem criada por J. K. Rowling catapultou-a para a fama, seguindo-se os editoriais de Moda, a campanha para a Burberry e inclusive um videoclipe – “Say you don’t want it” dos One Night Only. Nada de surpreendente para uma jovem mulher que revelava talento, beleza e vontade de aprender – Watson detém um bacharelato em Literatura Inglesa. Apesar do percurso promissor, nada fazia antever a notoriedade que Watson traria ao movimento #HeforShe – uma iniciativa dirigida aos homens que promove a igualdade do género, numa luta que também é deles. O momento que incendiou as redes sociais ocorreu a 20 de Setembro – data de lançamento da campanha – quando Watson discursou na sede da ONU, em Nova Iorque. Um discurso que colocou abertamente o dedo na ferida: a má reputação do feminismo e a consequente renitência das pessoas em assumi-


rem-se como feministas. Watson afirmou: “Eu decidi que era uma feminista, o que me parecia simples. Mas a minha pesquisa recente mostrou-me que o feminismo tornou-se numa palavra impopular. As mulheres estão a escolher não identificar-se como feministas. Aparentemente, estou entre as fileiras de mulheres cujas expressões são encaradas como muito fortes, muito agressivas, isolantes e anti-homens. Desinteressantes, até. Quando é que a palavra se tornou tão desconfortável?”. Uma pergunta pertinente quando nomes como Taylor Swift, Lady Gaga ou Sarah Jessica Parker se recusam a rever-se na palavra “feminista”. A não identificação de muitas celebridades com o feminismo tem sido um terreno fértil, alimentando debates e propiciando discussões que apontam a ignorância e a vontade de agradar os outros como os factores por detrás dessa postura. Mas a pergunta para um milhão de euros é, na verdade: é assim tão importante assumir-se como feminista? Não basta sê-lo? Talvez a jovem Emma ajude a esclarecer: “E se vocês ainda odeiam a palavra, não é a palavra que é importante. É a ideia e a ambição por trás dela (...) Convido-vos a dar um passo em frente, a serem vistos e a perguntar-vos a vós mesmos: “Se não eu, quem? Se não agora, quando?”. Elementar, minha cara Watson.

ANITA SARKEESIAN É difícil compreender a real dimensão de um problema até se fazer parte dele. Que o diga Anita Sarkeesian, investigadora e entusiasta de videojogos. Autora do web blog “Feminist Frequency”, produziu as séries de vídeos Tropes vs. Women e Tropes vs. Women in Video Game, em que analisa os estereótipos da representação feminina nos media. Mas foram as suas minuciosas análises às narrativas tradicionalmente machistas dos videojogos que revolucionaram a vida de Sarkeesian, valendo-lhe, alegadamente, ameaças de morte e violação. A especialista teve, inclusive, de cancelar uma palestra que ia conduzir no estado americano do Utah, na sequência de uma ameaça anónima de um massacre. Momentos no mínimo conturbados que têm assombrado a vida de Sarkeesian, e que apenas reforçam a ideia de que há meninos que ainda não querem partilhar um recreio que há muito deixou de ser exclusivamente deles – e cujos choros e protestos apenas confirmam precisamente a teoria a que se opõem.

“Quando é que a palavra [feminismo] se tornou tão desconfortável?” Emma Watson 18 – 19 | rtro


5 Mulheres

Quando muitos gamers estavam preocupados em [impedir Anita Sarkeesian] de entrar no jogo, já ela tinha feito level-up Mas como o que tudo o que é polémico vende, o ódio dirigido à investigadora tornou-a num nome apetecível para os media, catapultando-a do nicho da imprensa especializada para a agenda mediática global. O resultado? Entrevistas e editoriais em publicações como a Rolling Stone ou o New York Times – tendo inclusive sido convidada para o programa (entretanto extinto) “The Colbert Report”. Timidamente, as distinções também foram surgindo: em 2013, a Newsweek e o The Daily Beast nomearam Sarkeesian uma das “125 Women of Impact”. No ano seguinte, foi galardoada com o Ambassador Award, na 14ª edição dos Annual Game Developers Choice Awards, pelo seu trabalho sobre a representação feminina nos videojogos. No mesmo ano, a prestigiada The Verge nomeou-a uma das 50 pessoas mais importantes na intersecção da tecnologia, arte, ciência e cultura. Mas o verdadeiro poder do nome Anita Sarkeesian sente-se em cada fórum, tweet ou publicação. Como um verdadeiro boss, impõe-se pelas reacções viscerais, positivas ou negativas, que invoca nos internautas. Afinal, quando muitos gamers estavam preocupados em impedi-la de entrar no jogo, já ela tinha feito level-up.

BEYONCÉ KNOWLES Foi com alguma hesitação que incluí a ex-vocalista das Destiny’s Child nesta lista. O nome Beyoncé tem sido associado a tantas e variadas modas que me levou a considerar se a sua ligação ao feminismo não seria apenas mais uma. Mas este não é um artigo sobre a legitimidade do feminismo: é um artigo sobre personalidades que o colocaram nas primeiras páginas. E se há algo em que “Queen B” é exímia é em monopolizar atenções e protagonizar manchetes. Por isso, só quem vive numa cave sem televisão ou Internet é que não viu, com todas as letras, a palavra “FEMINIST” que, em Agosto de 2014, surgiu no ecrã gigante por trás da cantora, no final da sua performance nos MTV Video Music Awards. Foi um dos momentos mediáticos mais comentados do ano, desembocando no editorial, assinado por Beyoncé, “Gender Equality Is a Myth!”. Publicado no The Shriver Report – uma iniciativa que visa sensibilizar a sociedade para os problemas das mulheres e suas famílias – o editorial sublinha a desigualdade entre homens e mulheres, relembrando, nomeadamente as disparidades salariais – nos EUA, as mulheres continuam a ganhar


apenas 77 cêntimos por cada dólar auferido por um homem. E foi precisamente apoiada nos números que Beyoncé lançou o repto: “As mulheres constituem mais de 50% da população e mais de 50% dos eleitores. Temos de exigir que todas recebamos 100% das oportunidades.”

“A igualdade de géneros é um mito!” Beyoncé Knowles

PATRICIA ARQUETTE À semelhança de Emma Watson, este é um nome que, há pouco mais de um mês, não me ocorreria colocar numa lista de personalidades que deram voz ao feminismo. Mas quando se desperta para a segunda-feira a seguir aos Óscares com toda a Internet a falar sobre o discurso de Patricia Arquette, percebe-se que algo importante aconteceu. A actriz aproveitou o discurso de aceitação do Óscar de Melhor Actriz Secundária pelo seu papel no filme “Boyhood” para exigir igualdade de salários e direitos para todas as mulheres americanas. Uma afirmação que lhe valeu uma reacção tão ou mais mediática: a de Meryl Streep, que, de pé, apontava para Arquette, gritando “Yes! Yes!”. Mais tarde, já na conferência de imprensa que sucedeu à cerimónia, a actriz observou: “E está na altura de todas as mulheres na América, e todos os homens que amam as mulheres, e todos os homossexuais, e todas as pessoas de cor por quem todos temos lutado, de lutarem por nós agora!”. Um comentário acolhido com renitência por algumas plataformas mediáticas, que o consideraram fracturante – na medida em que parece acentuar as diferenças entre os grupos referidos, separar as batalhas que todos travam e legitimar os problemas do “feminismo branco” como sendo mais prementes. Este é um resumo das leituras que podem ser encontradas na Internet – leituras que me parecem muito profundas para um discurso improvisado. E agora outra leitura: e se Arquette se dirigiu a cada um dos grupos ditos minoritários que vivem na América porque a retórica nos ensina que é esse o meio mais eficaz de chegar às pessoas? A reacção da própria ao feedback negativo surgiu em vários tweets, em que reforça a importância da união de todas as mulheres na luta pela igualdade. E se estavam a pensar questionar a legitimidade de uma actriz consagrada em reclamar tal direito, Arquette tem um tweet para vocês: “Não me venham falar de privilégio. Em criança vivi bem abaixo da linha de pobreza. Onde quer que esteja não me esquecerei da luta das mulheres”.

“Está na altura de (…) lutarem por nós agora!” Patricia Arquette

20 – 21 | rtro


5 Tendências Primavera-Verão 2015 por Margarida Cunha

O sol anda a jogar às escondidas há já muito tempo, antevendo uma Primavera algo indecisa. Enquanto os dias quentes e soltos não chegam, é tempo de ponderar o que os criadores nos propõem para esta estação. As tendências podem ser diversificadas mas o registo que prevalece é o da vida e intensidade das peças.


22 – 23 | rtro


5 Tendências

AMARELO Aquela que é provavelmente uma das cores menos consensuais chega a esta estação em toda a sua glória. De Balmain a Moschino, passando por Naeem Khan, o amarelo – sobretudo o amarelo canário – é uma aposta segura para os dias de calor que se avizinham. Conhecida, na psicologia das cores, como a cor do intelecto e do trabalho, deve ser usada com moderação, sob pena de provocar encandeamento. Uma peça ou um acessório nessa cor é suficiente para dar a qualquer look um toque de personalidade e alegria. GUINGÃO Eternos fabricadores de sonhos, os estilistas recorreram a este padrão,

em diversas formas e estilos, para nos remeterem para a inocência da infância e as solarengas tardes de piquenique. Foi o caso de nomes como Altuzarra, Michael Kors ou Oscar de la Renta, que, em casacos, saias e vestidos, optaram por Interpretações leves, casuais mas simultaneamente elegantes. CAMURÇA Material improvável para esta época do ano, a camurça foi um dos denominadores comuns nas principais capitais da Moda. Usada em peças de corte e linhas simples, a camurça recolheu a preferência de nomes como Gucci, Tommy Hilfiger ou Ralph Lauren, trazendo elegância e conforto às passerelles.


BOÉMIO Tendência inescapável do tempo quente, o boémio exprime-se através de vestidos soltos e cores suaves. Alberta Ferretti foi sem dúvida a casa que melhor incorporou esta tendência, com os rosa e azul pastel a povoarem livremente a passerelle, em vestidos que remetem para os nossos mais cândidos sonhos. O boémio foi, de resto, uma nota dominante na Semana da Moda de Milão, tendo-se também feito notar no desfile de Emilio Pucci. INFLUÊNCIA ESPANHOLA Pode até dizer-se que de Espanha não vem bom vento nem bom casamento. Contudo, a ocupação espanhola à ilha da Sicília – que durou 300 anos – foi suficiente para inspirar Domenico Dolce e Stefano Gabbana. Conhecida pelas criações fortemente ornamentadas e ricas em apontamentos tradicionais, a dupla apostou em casacos estilo toureiro, brincos compridos e rosas para ornamentar o cabelo – sempre apanhado – das modelos. O vermelho foi o tom dominante, tingindo as passerelles de paixão e calor.

24 – 25 | rtro


5 Directores que estão a mudar o Mundo Editorial por Margarida Cunha

A realidade das revistas há muito que se encontra desafiada pela gravidade das tecnologias e do seu cada vez maior imediatismo. Manter uma publicação em formato físico – outrora um selo de qualidade e atestado de profissionalismo – consiste hoje em travar batalhas diárias contra as redes sociais e contra o défice de atenção colectivo. Torna-se premente criar, mais do que uma publicação, uma identidade. Assim, por ocasião do 5º aniversário da RTRO e sem ordem definida, eis uma selecção de cinco directores de revistas de Moda e Lifestyle que partiram na aventura de repaginar o destino da imprensa especializada.


26 – 27 | rtro


5 Directores

STEFANO TONCHI W Magazine

O nome Stefano Tonchi pode não soar familiar mas é responsável por algumas das mais icónicas capas dos últimos anos. Tendo deixado a sua marca em publicações como Esquire, L’Uomo Vogue e fundado a T: The New York Times Style Magazine em 2004, o florentino chegou à W em 2010 – um período crítico para a publicação. Desde então, a revista tem sobressaído e arrecadado prémios graças sobretudo à Fotografia – as fotos de capa são autênticos hinos à intemporalidade, tal é o impacto das imagens. Pouco dado a tradicionalismos – Tonchi considera que a tradição e o bom gosto são entraves à mudança – não hesitou em colocar Kim Kardashian na capa da W, muito antes de se especular sobre as capas da Vogue e da Paper. E se a publicação é conhecida pelo rol infindável de celebridades que desfilam nas suas páginas, Tonchi crê que o que distingue a W é a abordagem à Moda, que não se foca nas roupas ou nos objectos, mas no contexto que pode ser criado à volta destes. Para que saltem directamente das montras das lojas para os sonhos dos leitores.

KATE LANPHEAR Maxim

Sim, leram bem: Maxim, a revista masculina. Lanphear, conhecida pelo seu estilo rock e tom boy, construiu a sua carreira à volta do styling, o que se traduz num portefólio onde constam referências como Elle, T: The New York Times Style Magazine e vários desfiles de Moda. Podem, portanto, imaginar o choque que se abateu sobre o mundo editorial quando, em Setembro de


Tonchi não hesitou em colocar Kim Kardashian na capa da W, muito antes de se especular sobre as capas da Vogue e da Paper 2014, Lanphear foi anunciada como a nova directora da Maxim. O que pode uma editora com um background tão cimentado em Moda trazer a uma revista que invoca uma imagética pautada por mulheres seminuas? Lanphear respondeu, numa entrevista ao site Refinery 29: “Queremos criar uma marca que celebre os homens, as suas histórias e os seus sucessos (…)”. Acrescenta ainda que se pretende veicular uma visão multidimensional da mulher, bem como construir nos leitores aspirações como o sucesso e a sofisticação. O primeiro número sob a sua alçada – a edição de Março – denota claramente uma mudança de abordagem: há de facto uma mulher linda na capa, como é habitual, mas tudo o que pode ver-se é o rosto – as palavras “Come Closer” completam o convite. O que mudou? Kevin Martinez, publisher da revista, revelou à AdWeek: “O nosso rapaz cresceu. Tem 33 anos, está a começar a ganhar dinheiro e a olhar para a vida com outros olhos”.

JOANNA COLES Cosmopolitan

Se a revista Maxim pode ser olhada de lado por muitos devido ao seu teor alegada e simplisticamente sexual, a mesma reputação é atribuída à Cosmopolitan. Liderada desde 1965 até 1997 pelo espírito revolucionário de Helen Gurley Brown, aquela que é provavelmente a revista feminina mais famosa do mundo construiu o seu legado à volta de chamadas de capa focadas em sexo, feminismo e trocadilhos pouco inocentes. O ano de 2012 foi de viragem para a marca: não só assinalou a morte da sua icónica directora Helen Gurley Brown como marcou a estreia de Joanna Coles nessa função. Uma escolha precedida, nomeadamente, por quatro anos à frente da Marie Claire, presenças habituais no programa Project Runway All Stars e reportagens no jornal Daily Telegraph.

“O [leitor da Maxim] cresceu. Tem 33 anos, está a começar a ganhar dinheiro e a olhar para a vida com outros olhos”

28 – 29 | rtro


5 Directores

E o que conseguiu Coles desde então? Além de segurar com estabilidade as 3 milhões de leitoras da revista, conseguiu duplicar o tráfego do site, traduzindo-se em 30 milhões de acessos. Mas o maior contributo que a britânica tem trazido à Cosmopolitan é qualitativo: em cima da mesa encontram-se agora artigos de fundo acerca de política, religião e sociedade – áreas que a “velha Cosmo” já cobria mas residualmente. Uma Cosmo mais madura, destinada, nas palavras de Coles ao The Guardian, “(…) à jovem lutadora, provavelmente saída da universidade, aturdida em dívidas e empréstimos, mas com grandes aspirações e a dúvida ‘Como é que vou fazer isto?’”.

ANNA WINTOUR Vogue

É uma escolha óbvia mas falar sobre directores proeminentes sem mencionar Wintour seria como falar sobre a história da música Pop sem mencionar Madonna. À frente da Vogue desde 1988, a londrina de 65 anos pode ser conhecida pelo seu carácter particularmente exigente e questionavelmente elitista; mas o que ficará para a História é o patamar a que elevou a Vogue: um patamar de exigência extremamente elevado, em que luxo e autoridade se misturam para produzir, mais do que uma revista, uma marca. Embora lhe seja atribuída a iniciativa de colocar celebridades nas capas de revistas de Moda – criando uma tendência que perdura até hoje – as negociações de Wintour com a democracia do gosto e do consumo são raras. A sua predilecção por peles assim o atesta, bem como o carácter aparentemente inatingível dos sonhos vendidos em cada edição da Vogue. Para Wintour, não se trata de alargar o gosto mas sim de refiná-lo. Como se a Vogue fosse o último reduto do luxo autêntico, depurado de expectativas, interpretações e politiquices. Livre do politicamente correcto, do socialmente expectável e do universalmente alcançável. E se tal abordagem possa ser encarada como potencialmente contraprodutiva, a verdade é que seduz os puristas, reduzidos a um nicho fiel e ávido, mas igualmente os progressistas, que vêem na Vogue um curioso caso de estudo – um pouco como a nossa colega que veio do colégio privado. Aquela que nos parece um tanto betinha e desenquadrada mas cujos passos não conseguimos deixar de seguir.

As negociações de Anna Wintour com a democracia do gosto e do consumo são raras


SOFIA LUCAS Máxima

Uma das minhas secções preferidas nas revistas é o editorial. Depois da capa, é o primeiro contacto com o leitor, a oportunidade de seduzi-lo ou perdê-lo; o momento em que a autoridade máxima da revista se dirige directamente ao seu público. Por isso, quando algum(a) director(a) consegue ir além da tarefa básica de descrever o conteúdo da revista e prender o leitor naquela única página que lhe é reservada, sabemos que o caso é sério. E os editoriais de Sofia Lucas são um caso sério de escapismo sob a forma consumada. Os leitores da Máxima sabem que a cada edição mensal corresponde um tema, social ou culturalmente relevante. Foi essa abordagem que me levou a crer, quando me deparei com “100 Homens Sem Preconceitos”, no ano passado, tratar-se apenas do tema do mês; uma iniciativa pertinente e bem pensada mas com tempo e espaço claramente definidos: a edição de Março. É por isso com agradável surpresa que descubro que a iniciativa se manteve até hoje, materializando-se numa exposição e, brevemente, em livro. Afinal, estamos a falar de uma campanha que pretende colocar os nossos mais icónicos homens a calçar saltos altos num país pouco dado a modas e em que o feminismo ainda é uma grande pedra no sapato. Abordar o feminismo faz, aliás, parte da agenda (por vezes forçada) de qualquer revista feminina que se preze. Portanto, quando a directora da Melhor Publicação Feminina de 2014 (segundo a Meios & Publicidade) avança na decisão de o transformar, mais do que em tema do mês, numa iniciativa à escala global, é preciso parar um pouco e prestar atenção. Porque o passo pode parecer pequeno mas o salto é alto. Porque o tema é desconfortável e provoca bolhas. Porque o lugar do preconceito é mesmo aí: sob a elegância desarmante do verniz de um sapato vermelho. É algo que faz sentido. No mundo de Sofia, no meu e, assim espero, no nosso.

Os editoriais de Sofia Lucas são um caso sério de escapismo sob a forma consumada

30 – 31 | rtro


5 Desafios

das Revistas de Moda por Margarida Cunha

Pode um universo aparentemente tão superficial, como o da Moda, atravessar fases críticas? Num mundo feito de tecido e purpurina, o que pode ser considerado um problema fracturante? Na edição que celebra o 5º aniversário da RTRO, identificámos 5 problemáticas que, recorrentemente, têm afectado a imprensa especializada nos últimos tempos.


32 – 33 | rtro


5 Desafios

A FALTA DE DIVERSIDADE O universo da Moda não é exactamente conhecido pela pluralidade. A (por vezes extrema) magreza das modelos ou o predomínio de rostos caucasianos nas passerelles são apenas duas das várias tendências que motivam duras críticas por parte do público em geral. Ainda assim, foi com surpresa que descobri que Rihanna é a primeira personalidade negra a representar comercialmente a Dior. Em 2013, como foi noticiado no blog da RTRO, a revista australiana Marie Claire retocou o corpo de Beyoncé, no sentido de o seu rosto e cabelo parecerem mais claros. O mesmo sucedeu à actriz da série Scandal, Kerry Washington, na capa da In Style de Março deste ano – onde está praticamente irreconhecível. Contudo, os problemas da representação feminina nos media especializados não se resumem à cor. O peso continua a ser um esqueleto no armário da Moda. Em 2013, abordámos no blog o curioso caso da capa que a actriz Melissa McCarthy protagonizou para a Elle – uma capa em que McCarthy, que tem excesso de peso, surge envolvida por um longo casaco que parece pretender esconder as suas formas. A mesma

Os problemas da representação feminina nos media especializados não se resumem à cor


abordagem conservadora pode ser apreciada em capas protagonizadas pela cantora Adele ou pela actriz Octavia Spencer. Numa indústria que confere primazia às cores, formas e texturas das roupas e acessórios, não deixa de ser intrigante a falta de originalidade (ou vontade) com que esses elementos (não) são conjugados quando aparecem sob a forma de ser humano.

O ABUSO DO PHOTOSHOP O programa mágico de edição de imagem é provavelmente a caixa de Pandora da indústria da Moda. Ferramenta de trabalho essencial, o Photoshop, e particularmente o seu uso excessivo, têm estado no centro do debate de todos os quadrantes sociais. Num universo que se pretende escapista, qual o limite entre o real e o fantasioso? Até que ponto é que os retoques excessivos nos rostos e corpos contribuem para cimentar uma concepção de beleza constrangedora e padronizada? Se o exagero é permitido – e se é por natureza excessivo – quais os limites que lhe podem ser impostos? Mais do que uma questão puramente visual, a reacção do público ao recurso abusivo ao Photoshop denota um problema mais latente: a relação dos leitores com as revistas e os ídolos que as povoam. Queremos ver mulheres e homens bem penteados, maquilhados e produzidos. Mas não a ponto de não conseguirmos imitá-los. Queremos que tenham sucesso e singrem na vida. Mas que não se esqueçam das suas origens nem se deixem deslumbrar. Queremos que nos levem para lá da fantasia através do seu trabalho e aparições públicas. Mas que saibam também errar e

34 – 35 | rtro


5 Desafios

ser humanos de vez em quando. Queremos que nos vendam um sonho cheio de verniz, brilho e cor. Mas um sonho que consigamos comprar numa cadeia de grande consumo. Estará na altura de retocarmos as nossas expectativas?

A FRAGILIDADE DAS MODELOS Em 2014 estalou aquela que foi provavelmente a polémica do ano: várias modelos desconhecidas vieram a público acusar o famosíssimo fotógrafo Terry Richardson de abusar do seu estatuto para as coagir sexualmente, durante as sessões fotográficas. Desde investidas não solicitadas a fotos de teor exageradamente sexual, modelos como Jamie Peck ou Emma Appleton viram-se confrontadas com um cenário de falsa escolha: ou se deixavam fotografar nos termos (sexuais) de Richardson ou simplesmente recusavam o trabalho, provavelmente perdendo uma grande janela de oportunidade numa indústria ferozmente competitiva. Vários destes episódios terão ocorrido sem o conhecimento prévio das protagonistas e/ou sem a presença dos seus representantes, colocando-as numa posição vulnerável e condicionada. O caso foi amplamente discutido nos media digitais, tendo inclusive merecido um extenso artigo de fundo na revista New York. Afinal, embora

Se o exagero é permitido (…) quais os limites que lhe podem ser impostos?


boa parte da obra de Richardson seja conhecida pelos seus excessos, a sua crescente colaboração com as principais revistas de Moda – e a notoriedade que daí adveio – provocaram uma onda de protestos e desconforto generalizado nas redes sociais. Os pedidos de boicote ao seu trabalho fizeram-se ouvir um pouco por toda a Internet. Já a resposta da indústria foi bem mais comedida – nos raros casos em que se pronunciou. A empresa canadiana de sapatos e acessórios Aldo anunciou que não pretendia trabalhar com o fotógrafo no futuro – a mesma resposta dada pela Vogue. No final, a poeira assentou e, aos olhos da indústria, a polémica limitou-se a confirmar a personalidade (no mínimo) excêntrica de Richardson. Há que virar a página para preparar a próxima edição. O que provavelmente ficará esquecido até ao próximo escândalo é o quão desprotegidas as modelos se encontram num universo que privilegia os seus rostos e corpos em detrimento das suas vozes.

AS ESCOLHAS DE CAPA Por vezes, observar as capas de revistas da especialidade é um bom exercício de argumentação. Eu, pelo menos, dou por mim a problematizar a escolha de Kristen Stewart para a capa de publicações de referência, como a W, a Vogue ou a Vanity Fair. O mesmo pode ser dito de Dakota Johnson, a actriz de Fifty Shades of Grey, e das suas aborrecidas capas para revistas como a Elle ou a Vogue. Considerando a total ausência

Onde se traça a linha entre criar a tendência e segui-la?

36 – 37 | rtro


5 Desafios

de talento de Stewart e as provas que Johnson ainda terá de dar no futuro, as escolhas de capa de publicações da indústria não deveriam recair sobre figuras cujo relevo cultural vá para além de um filme (de qualidade duvidosa)? É verdade que, para a imprensa especializada, se torna vital acompanhar o pulsar do entretenimento, indo ao encontro do que o público está a consumir agora. Mas não compete também a essa imprensa agir como filtro modelador do que é consumido pelos leitores, indo um pouco além dos fenómenos imediatistas? Estaremos a assistir a uma mudança de paradigma em que o imediatamente relevante se sobrepõe ao substancial, cultural ou socialmente relevante? Onde se traça a linha entre criar a tendência e segui-la? Na necessidade de obter lucro, provavelmente. Não deixa é de ser desconcertante que uma indústria que não sabe o que fazer com cores e formas diferentes não tenha qualquer problema em conferir protagonismo a figuras de relevância duvidosa. Talvez o talento possa ter rosto, corpo e presença. Ou até nem estar lá. Não pode é ter peso. Ou cor a mais.

A ERA DIGITAL A profecia do fim das revistas é quase tão premente como aquela que previa que, por esta altura, já circularíamos em carros voadores. Ambas apresentam uma ponta de verdade mas, na sua grande parte, falharam. As pessoas ainda compram revistas, as escolhas de capa ainda alimentam discussões apaixonadas e o mundo do entretenimento ainda pára quando são lançadas as edições de Setembro. Contudo, cativar a atenção de um público com cada vez mais escolha e cada vez menos capacidade de retenção permanece uma tarefa exigente. Se a Internet oferece actualidade e imediatismo, qual o valor que as revistas podem agregar? Ao The Guardian, a directora da Cosmopolitan americana, Joanna Coles (de quem falamos nesta edição), afirmou que as revistas preenchem um papel de curadoras, oferecendo informação precisa e confiável, do tipo que não pode ser encontrada na Internet.

Se a Internet oferece actualidade e imediatismo, qual o valor que as revistas podem agregar?


Pode também falar-se do factor saudosista/sensorial: as revistas digitais (como a RTRO) não podem ser folheadas e não podemos sentir nelas o cheiro a tinta. Nem decoram casualmente a mesa da sala. Acima de tudo, a perspectiva de Coles faz sentido. Continuamos a precisar de fontes confiáveis, de pessoas que saibam do que estão a falar, de leituras que vão para além dos 140 caracteres e de opiniões que transcendam o “like”. Continuamos a precisar de saber que há uma previsibilidade na chegada dos conteúdos, uma periodicidade que nos dê tempo para absorver e deixar marinar. E ansiar por mais.

38 – 39 | rtro


Escolhas de uma Editora

5 Momentos Marcantes na História da RTRO por Margarida Cunha

Passaram 5 anos desde que decorreu, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, a reunião que viria a lançar as bases daquela que é hoje a RTRO. Parece pouco tempo para uma revista mas é de facto muito para um projecto que nasceu académico e que se foi descobrindo aos poucos. Como um verdadeiro ícone, na bagagem a RTRO já leva tantas mudanças de visual como Madonna e tantas entradas e saídas de gente como uma equipa de futebol. Presente desde o número 1, tive (e continuo a ter) o privilégio de ver esta menina a transformar-se numa mulher. Um dia, ela há-de pedir-me para lhe comprar o vestido para o baile de finalistas. Até lá, e na edição que comemora o 5º aniversário da RTRO, partilho convosco os 5 momentos que mais me marcaram desde que cá cheguei.


40 – 41 | rtro


5 Momentos

A “rtrô” sai do armário A 15 de Dezembro de 2009 recebo um email do GACCUM (Grupo de Alunos de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho). Estão à procura de colaboradores que gostem de escrever e que queiram fazê-lo para uma publicação mensal de Moda. Uma ideia que me pareceu interessante mas ainda um pouco vaga. Descubro que afinal a iniciativa partiu de um aluno brasileiro de Erasmus, Gustavo Stevanato, que viria a apresentar formalmente o projecto 10 dias depois. O conceito? Uma revista de nome “rtrô”, orientada pelas Doutoras Gabriela Gama e Maria Zara Coelho, numa abordagem que propõe, segundo o próprio Gustavo, uma “visão séria e académica da moda, 'mais conteúdo, menos oba-oba e babado fashion'.” E eis que, a 30 de Janeiro, é divulgado no blog o primeiro número da RTRO. Com apenas 5 páginas, e sob a assinatura “O clima é vintage, o visual é retro”, a “rtrô” surge salpicada de molho de tomate, protagonizada pelo ensaio provocador de Stevanato, “Sobre coisas belas e sujas”. Um desafio ao olhar comum, ao gosto massivo e às definições pré-enraizadas sem digestão. O meu percurso na revista começava, no papel de editora/ revisora. Com o entusiasmo característico de um projecto experimental, a “rtrô” saiu do laboratório.

O meu primeiro artigo Em Março de 2010, e já sob a orientação da Catarina Oliveira, é produzida a primeira “rtro” – a saída do Gustavo da liderança significou o aportuguesamento da palavra, caindo o acento circunflexo. Dedicada à Música, a edição de Abril vê nascer o meu primeiro artigo: “Music & Fashion”, um ensaio acerca da relação de reciprocidade entre ambas as áreas. Na capa encontrava-se a nossa colega e colaboradora, Mariana Sousa Santos, inspirada por elementos rock. O meu entusiasmo pela música – particularmente pela electrónica, que estava a desco-


brir – viria a inspirar uma rubrica para as edições seguintes – “Artista do Mês” – em que apresentei nomes emergentes em dose dupla: Justice, The Bloody Beetroots e Modeselektor encheram a RTRO de batidas efervescentes e irreverência. Hoje, a Catarina e a Mariana procuram outros palcos: a primeira em Inglaterra; a segunda em Itália.

O meu primeiro número como editora A 1 de Setembro de 2010 surge no Facebook da “rtro” um anúncio: “RTRO procura novo/a Editor/a-Chefe. REQUISITOS: * experiência na Rtro ou numa revista de moda; *aluno do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho (preferencialmente +2º ano). Interessados contactem-nos para o nosso email: rtro.magazine@ymail. com. É um cargo de grande responsabilidade e requer o cumprimento de prazos restritos, mas bastante gratificante.” 2 dias depois, enviei um email à Catarina, candidatando-me à posição. E aqui tenho ficado até hoje. A 6ª edição, a de Novembro de 2010, marca assim o início do meu percurso como editora da RTRO. Maquilhada por um lápis preto que a atravessava da capa à contra-capa, a revista surgiu com uma nova paginação, uma experimentação trabalhosa da nova paginadora, Cátia Sá. Foi um período de transição, um Outono que significou uma verdadeira rentrée para a RTRO. No meu primeiro editorial, podia ler-se: “A nossa presença na cena mediática é curta. Mas revelámo-nos bons estudantes porque passámos em exames importantes e retirámos algumas lições. E queremos continuar a aprender.”

42 – 43 | rtro


5 Momentos

Estilo Manuelino Um dos aspectos mais interessantes de frequentar a universidade é que nunca se sabe com quem poderemos cruzar-nos nem que marca poderão deixar nas nossas vidas. Um cliché que nos é vendido quando ainda frequentamos o liceu e que só se materializa quando, anos depois de termos terminado o curso, constatamos que há pessoas que continuam por cá, a fazer parte do nosso quotidiano. É assim que surge a participação do Manuel na RTRO. Meu colega de Mestrado, e formado em Audiovisual, o “Manel” ficou a conhecer a RTRO nos intervalos das aulas e prontificou-se a paginá-la enquanto, aos poucos, a formação inicial da revista se ia desfazendo. A sua entrada na RTRO, na edição de Abril de 2011, é considerada, por mim, um momento marcante porque representa um período de transição, ao nível da identidade visual da revista. A RTRO amadurece, solta-se da meninice e torna-se mais leve. Os textos surgem mais soltos, as imagens ganham destaque, o equilíbrio parece cada vez mais próximo. O “estilo manuelino” é difícil de caracterizar mas fácil de identificar: basta pegarem numa qualquer edição da RTRO a partir do nº9. Verão que há pequenos traços que surgem, formas que se metamorfoseiam e elementos subtis que são introduzidos aqui e ali. São os frutos do experimentalismo. Mas a essência do estilo manuelino mantém-se. Felizmente, até hoje.

A maior edição de sempre Com mais de 140 páginas, a RTRO de Setembro-Outubro de 2013 foi a nossa maior de sempre. Um número à altura de um autêntico “September issue” e, provavelmente, a minha edição favorita da revista. Neste número, foi conseguida uma RTRO verdadeiramente completa, com todas as rubricas que criámos aos poucos – Focus on Designers, Color Me,


Smells Like…, It Girl, Blogger Chat… A essas rubricas foram acrescentados artigos pertinentes das áreas (e abordagens) mais diversas, da Moda à Arte, passando pela Beleza ou a Música. Um feito aparentemente simples para qualquer revista profissional mas que requer um esforço mais do que redobrado, quando produzido nos tempos livres por colaboradores movidos apenas pelo vapor da paixão pela escrita e pela fotografia. O Verão e o início do Outono de 2013 foram períodos culturalmente relevantes e isso é perceptível nas páginas da revista. Ora, o que poderia ser mais compensador para uma publicação do que a capacidade de reflectir o seu tempo? A título pessoal, a edição #23 encontra-se igualmente revestida por um significado especial, na medida em que inclui três dos artigos mais maduros que assinei até hoje. Desde miúda que tenho um grande fascínio pelo pulsar da cultura Pop e ter a oportunidade de reflectir sobre a mesma é um privilégio que exercito ocasionalmente na RTRO. Ora, 2013 foi o ano em que Miley se reinventou, Gaga regressou e Robin Thicke (entretanto fadado ao esquecimento) pisou a(s) linha(s). Foram três momentos aparentemente normais para uma indústria que vive de excessos e regressos, mas que desencadearam debates em larga escala, que em muito ultrapassaram as fronteiras da música. Nesses meses, a Internet discutiu sobre sexualidade, emancipação feminina, autenticidade, rivalidade, vulgaridade, consentimento sexual, etc. Estes três artigos pretenderam funcionar como um eco dessas discussões, elevando um pouco a fasquia das perguntas que se levantavam. Três artigos em que as conclusões e novas perguntas se impunham à medida que teclava, desencadeando aquela euforia viciante de quem faz o que gosta. Três artigos em que consegui fundir duas das paixões que me acompanham desde que me lembro de ser gente: ouvir e escrever.

44 – 45 | rtro



Os Filmes mais esperados de 2015

por Ana Cristina Silva

Chegados a 2015, chega a altura de pôr em prática todas as resoluções que se fizemos durante a passagem de ano e, claro, ficamos desejosos de saber aquilo que ele nos reserva. Previsões astrológicas à parte, foquemo-nos naquilo que está ao nosso alcance e que podemos “controlar”: a cultura que consumiremos. 2015 promete ser um ano repleto de filmes há muito ansiados: quase todos lançados, os seus trailers circulam já pela internet e as datas de estreia já são conhecidas. Este ano há filmes pata todos os gostos: dominam as adaptações de obras literárias, as continuações de sagas e verdadeiros blockbusters e, como não podia deixar de ser, a magia da animação! Tratando-se de 2015, ficam aqui os 15 filmes mais esperados do ano por ordem de lançamento em Portugal.

46 – 47 | rtro


Filmes mais esperados de 2015

1. As cinquenta sombras de Grey – Sam Taylor-Johnson Estreia em Portugal: 12 fevereiro

Trata-se de um filme erótico e drama romântico americano baseado na obra de E. L. James que vendeu mais de 100 milhões de cópias por todo o mundo e o cujo trailer é já o mais visto de sempre na Internet. Depois de muita controvérsia por parte de críticos e dos milhares de fãs da trilogia literária, Dakota Johnson e Jamie Dornam foram os escolhidos para protagonizar a história de amor entre Anastasia Steele e o dominante Christian Grey. Apesar das muitas imagens e dos trailers já divulgados, mantem-se a expectativa para ver como as cenas mais provocativas e explícitas que permeiam o livro serão adaptadas ao grande ecrã. Independentemente do resultado final, “As cinquentas sombras de Grey” promete-se ser um êxito de bilheteira por todo o mundo e está praticamente garantida a adaptação cinematográfica dos restantes livros da trilogia.

2. Focus – Glenn Ficarra, John Requa Estreia em Portugal: 12 março

O novo filme da dupla Glenn Ficarra e John Requa (realizadores de “Amor, Estúpido e Louco”) narra a história de um vigarista, papel desempenhado por Will Smith, que se torna mentor de uma bela jovem (Margot Robbie). As coisas, no entanto, complicam-se quando os dois se envolvem romanticamente. No elenco do filme encontra-se também o brasileiro Rodrigo Santoro. A título de curiosidade: os portugueses Dead Combo tem duas músicas na banda sonora do filme, “Lisboa Mulata” e “Rumbero”.


3. Cinderela – Kenneth Branagh

4. No coração do mar – Ron Howard

Estreia em Portugal: 19 março

Estreia em Portugal: 19 de março

A história é inspirada no conto de fadas homónimo de Charles Perrault e na animação também da Walt Disney de 1950. Ella é uma jovem que, após o desaparecimento do pai, passa a ser tratada como uma empregada pela sua madrasta e meias-irmãs. É então que conhece Kit e se apaixona, sem, no entanto, saber que ele mais não é que o príncipe do reino e não um mero funcionário do palácio como a faz crer. Esta adaptação conta com Lily James como Cinderela, Cate Blanchett como a madrasta má, Richard Madden como o príncipe e Helena Bonham Carter como a Fada madrinha. Nos cinemas, o filme será precedido por uma curta-metragem de animação inserida no universo de “Frozen”.

No Inverno de 1820, em pleno Oceano Pacífico, o navio baleeiro Essex é atacado por um cachalote, o que deixa a sua tripulação encalhada por 90 dias, a milhares de quilómetros de casa. O filme narra a luta pela sobrevivência em alto mar dos vinte marinheiros, dos quais apenas 8 seriam resgatados com vida. Este evento real serviu de inspiração para o clássico da literatura “Moby Dick” de Herman Melville. Do elenco de tripulantes fazem parte Chris Hemsworth, Benjamin Walker e Cillian Murphy. O roteiro baseia-se no livro de 2001 “No coração do mar” de Nathaniel Philbrick.

48 – 49 | rtro


Filmes mais esperados de 2015

5. Insurgente – Robert Schwentke

6. Velocidade Furiosa 7 – James Wan

Estreia em Portugal: 26 de março

Estreia em Portugal: 2 de abril

Mais um filme inspirado numa trilogia literária, “Insurgente” continua a história de Tris e Quatro após os acontecimentos de “Divergente” (filme lançado o ano passado). Desta feita, eles são fugitivos procurados por Jeanine (Kate Winslet), a líder dos Eruditos e, confrontando ao longo do caminho os seus demónios interiores, terão de impedir os seus planos de destruir a sociedade de fações. Muitos segredos serão descobertos e muitos amigos revelar-se-ão inimigos. O terceiro filme da saga está já previsto para 2016.

Trata-se do último filme com a participação saudosa do ator Paul Walker e o sétimo filme da bem-sucedida franquia “Velocidade Furiosa”. Depois de derrotarem Owen Shaw no último filme, Toretto, Brian, Letty e o resto da equipa voltam para os Estados Unidos com os seus cadastros criminais apagados. No entanto, Ian Shawn (Jason Statham) procura vingança contra Toretto (Vin Diesel) e a sua equipa após a morte do seu irmão e o primeiro ato de vingança é o assassinato de Han. As filmagens de “Velocidade Furiosa 7” começaram em 2013 mas, devido ao acidente que pôs fim à vida de Paul Walker, que interpreta Brian O’Conner, as mesmas foram suspensas e apenas retomadas em meados de 2014. Muitos são os rumores acerca do destino da personagem Brian O’Conner neste filme: será que irá morrer, será aposentado? Só nos resta esperar por Abril para descobrir.


7. Os Vingadores 2 - a era de Ultron – Joss Whedon Estreia em Portugal: 30 de abril

O filme de ação com mais sucesso de bilheteira de sempre “Os vingadores” tem a sua primeira sequela este ano, reunindo o realizador Joss Whedon com o elenco original. O Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), o Capitão América (Chris Evans) e Thor (Chris Hemsworth), depois de protagonizarem ao longo do ano passado os seus filmes homónimos, juntam-se de novo a Hulk (Mark Rufallo) e a novos heróis na luta contra o vilão Ultron. Os trailers já lançados pouco dão a entender em relação ao desfecho desta aventura, mas desde já se percebe que no seio dos super-heróis haverá um choque de egos.

8. Tomorrowland – Brad Bird Estreia em Portugal: 21 de maio

O mais recente filme da Disney, narra a história de uma brilhante jovem (Britt Robertson) com um grande conhecimento tecnológico e de um inventor (George Clonney), outrora prodígio infantil, que embarcam numa missão para descobrir um lugar que existe algures na sua memória coletiva: “a terra do amanhã”. O filme está repleto de viagens no tempo, explorando diversas teorias da conspiração relacionadas com o universo da própria Disney. Do elenco fazem ainda parte nomes como Hugh Laurie e Raffey Cassidy.

50 – 51 | rtro


Filmes mais esperados de 2015

9. Mundo Jurássico – Colin Trevorrow Estreia em Portugal: 11 de junho

14 anos depois de “Parque Jurássico III”, chega o quarto filme da série, ”Mundo Jurássico”, filmado em 3D e produzido por Steven Spielberg. A ação passa-se 22 anos depois dos eventos do primeiro filme, em Isla Nublar, onde foi, finalmente, inaugurado um novo parque de dinossauros, considerado totalmente seguro e aberto ao público. Neste filme podemos contar com muitos efeitos especiais e ainda com dinossauros geneticamente modificados. Chris Pratt é o novo protagonista.

10. Inside Out (Divertida-mente) – Pete Docter Estreia em Portugal: 18 de junho

“Inside Out” é um filme de animação em 3D da Pixar que se baseia numa ideia totalmente original do diretor Pete Docter. O filme passa-se na cabeça de uma jovem, Riley, de 11 anos, que é guiada pelas suas emoções. Ao mudar de cidade e de escola essas suas emoções (Alegria, Raiva, Tristeza, Medo e Nojo), que no filme adquirem as suas próprias versões animadas, descontrolam-se e é permitido aos espectadores entrar na mente de Riley e perceber como ela funciona. Mindy Kaling e Amy Poehler fazem parte do elenco que dará voz às emoções personificadas.


11. Mínimos – Kylie Balda, Pierre Coffin

12. Homem-Formiga – Peyton Reed

Estreia em Portugal: 23 de julho

Estreia em Portugal: 30 de julho

O tão-esperado filme acompanha as aventuras dos Mínimos, criaturas que, desde o início dos tempos, procuram servir o mestre mais malvado do mundo (como o T-Rex ou o Drácula), mas que acabam sempre por ficar sem mestre. Deprimidos, mudam-se para a Antártida onde vivem isolados. Mas Kevin, Bob e Stuart não desistem e partem numa aventura em busca de um novo mestre para servir. Chegados a Nova Iorque conhecem Scarlett Overkill, uma super-vilã que planeia conquistar o mundo e que irão tentar servir.

Este ano temos mais uma estreia com a chancela da Marvel, desta feita, do Homem-Formiga, um dos membros fundadores dos Vingadores, surpreendentemente interpretado por Paul Rudd. Dotado com a incrível capacidade de diminuir em tamanho mas crescer em força, Scott Lang, um vigarista fora-da-lei é recrutado por um cientista (Michael Douglas) para, mantendo em segredo os seus poderes, usá-los para salvar o mundo. Este filme encerra, juntamente com “Os Vingadores 2”, a segunda fase cinematográfica do universo Marvel.

52 – 53 | rtro


Filmes mais esperados de 2015

13. Spectre – Sam Mendes Estreia mundial: 6 de novembro

O último filme do espião britânico 007, “Skyfall”, de 2012 foi um enorme sucesso de bilheteira e provou que James Bond continua tão popular como antes. Em 2015 chega “Spectre”, o 24º filme da saga que conta com a realização de Sam Mendes e Daniel Craig como Bond. Ainda pouco se sabe sobre o enredo mas, como o próprio nome do filme indica, desta feita temos o regresso da organização criminosa fictícia do universo de 007, SPECTRE e o vilão mais icónico de todos, Oberhauser, papel a cargo de Christoph Waltz. Voltam Naomie Harris, Ben Whishaw e Ralph Fiennes como membros do MI6 e ingressam pela primeira vez Monica Bellucci e Léa Seidoux como as novas “Bond girls”.

14. Os Jogos da Fome - A Revolta parte 2 – Francis Lawrence Estreia em Portugal: 19 de novembro

Chega ao fim a série de filmes baseados na trilogia escrita por Suzanne Collins. Finalmente iremos descobrir o que acontece com Katniss, Peete, Gale e o resto dos habitantes de Panem. Fãs dos livros já sabem que este último capítulo da saga promete ser o mais intenso e surpreendente e veremos a luta pela liberdade chegar ao fim. Apesar de inspirado pela obra literária homónima, a saga “Jogos da Fome” vale por si própria pelo peso significativo da sua história e, particularmente, pela grande interpretação de Jennifer Lawrence da heroína Katniss.


15. Star Wars - A força desperta – J. J. Abrams Estreia em Portugal: 17 de dezembro

O novo filme da série "Star Wars", que será o primeiro produzido pela Walt Disney, será lançado no fim do ano e será dirigido pelo realizador J.J. Abrams. Mark Hamill, Harrison Ford e Carrie Fisher estão de volta aos seus papéis originais de Luke, Han Solo e Princesa Leia, respetivamente. Este sétimo filme da saga passa-se aproximadamente 30 anos depois dos acontecimentos de “O Regresso de Jedi”. No entanto, o enredo do Episódio VII deverá ser original, sem se basear diretamente em nenhum dos vários livros. Será também o primeiro da nova trilogia de Star Wars. Entre as novas adições ao elenco estão Adam Driver e Lupita Nyong’o. Os episódios seguintes estão agendados para ser lançados com dois ou três anos de intervalo entre si. “Star Wars – A força desperta” é talvez o filme mais esperado não só de 2015, senão dos últimos anos, já que representa o início de uma nova etapa do universo que tantos fãs move por todo o mundo.

54 – 55 | rtro


Fifty Shades of Grey

O Fen贸meno por Ana Cristina Silva


Semanas depois de chegar às salas de cinema de todo o mundo, raros serão os portugueses que não rumaram ao cinema com os amigos ou as caras metade para verem com os seus próprios olhos e tentarem perceber o que está afinal por detrás deste fenómeno que de literário passou a global, num piscar de olhos. O que estará então por detrás de “As cinquenta sombras de Grey”?

56 – 57 | rtro


Fifty Shades of Grey

A história “Cinquenta sombras de Grey” narra a história de amor entre Christian Grey e Anastasia Steele. Duas pessoas vindas de mundos totalmente diferentes; ele, empresário de sucesso e multibilionário, homem reservado, aparentemente sem amigos ou vida social; ela, uma estudante de literatura, tímida e um pouco desastrada, mas com uma rede segura de amigos próximos.

de encontros fortuitos (ou não), Christian revela a Ana o seu desejo de fazer dela sua submissa. Dão-se então um conjunto de situações em que se encontram para discutir e clarificar o que ambos querem e o que esperam um do outro, uma espécie de dança ou jogo de poder com avanços e recuos de ambas as partes, que deixa claro o quão ambos começam a significar um para o outro e o quanto estão dispostos a sacrificar ou ceder: ele tentando iniciá-la numa prática sexual completamente nova e um tanto assustadora para Ana, ela tentando fazer com que ele quebre algumas das suas barreiras.

O livro

O que faz então esta história diferente de tantas histórias de amor em que a rapariga pobre se apaixona pelo milionário ou então em que a rapariga boazinha se deixa seduzir e apaixonar pelo bad boy? A resposta será o tipo de bad boy que Christian é e aquilo que, afinal, dá ao romance de E. L. James a etiqueta de romance erótico: o facto de Grey ter uma vida sexual diferente do “normal”, do baunilha e mais virada para o universo do BDSM (bondagem, dominação e sadomasoquismo), contrapondo com o facto de Anastasia ser uma jovem de todo inexperiente em termos sexuais. Anastasia Steele incorpora o tipo de mulher que todos os homens secretamente desejam conhecer – inteligente, tímida, culta e… virgem; Christian Grey, jovem magnata bem-sucedido, atraente e misterioso, que seduz Anastasia e a conduz numa viagem sexual e emocional. Desde o primeiro encontro ambos se sentem intrigados um pelo outro e depois de uma série

Começando do princípio, “As cinquenta sombras de Grey” é o primeiro livro de uma trilogia escrita pela britânica E. L. James (pseudónimo de Erika Leonard), de 52 anos e mãe de dois adolescentes. Na trilogia seguem-se “As cinquenta sombras mais escuras” e “As cinquenta sombras livres”. Num primeiro momento, a história de Anastasia e Christian mais não passava do que uma fan fiction inspirada noutro grande fenómeno que é “Crepúsculo”. E. L. James, sendo uma assumida twihard


(nome dado aos fãs da trilogia “Crepúsculo”), criou uma história que, durante dois anos escreveu e publicou capítulo a capítulo na internet: a história de um empresário multibilionário, Edward Cullen, e da ingénua estudante Bella Swan que se acabam por apaixonar. A história tinha então o título de “Master of the Universe” (Mestre do Universo). Segundo a própria autora, não foi escrita para homens, tratou-se sempre de uma fantasia para mulheres, tendo sido escrita durante o que ela própria apelida de crise da meia-idade e espelhando algumas das suas próprias fantasias. Em 2010, nasceu a verdadeira trilogia que hoje conhecemos, “As cinquenta sombras de Grey”, rapidamente se tornando um fenómeno literário, não só na Inglaterra mas por todo o mundo. Estima-se que o livro tenha vendido mais de 100 milhões de cópias, tendo sido traduzido para mais de 50 línguas. E. L. James foi ainda o autor mais bem pago do mundo no ano de 2013, segundo a revista Forbes.

O filme Estávamos no ano de 2013 quando foi anunciado que a Universal Pictures tinha finalmente conseguido assegurar os direitos cinematográficos da trilogia. O primeiro anúncio, em junho de 2013, foi o da realizadora que levaria a cabo essa tarefa, Sam Taylor-Johnson. Seguiram-se meses de especulação acerca de quem seriam os atores a desempenhar os papéis de Christian e Anastasia. Dos fãs muitas sugestões surgiram com nomes como Matt Bomer, Ian Somerhalder ou Alexis Bledel como preferências. Charlie Hunnam (que pudemos ver na série “Sons of Anarchy” e em “Pacific Rim”) e Dakota Johnson (conhecida pelos papéis em “A rede social” e “Um noivado de 5 anos”) foram anunciados por E. L. James, em 2013, como sendo os protagonistas da história. As críticas dos fãs foram tantas que muitas petições online contra o casting foram

“As Cinquentas Sombras de Grey”

Crítica do Filme (Pode conter SPOILERS)

Desde o primeiro minuto do filme, uma coisa fica clara, ao contrário de muitas bandas sonoras, a de “As cinquenta sombras de Grey” faz, de facto, parte do filme. Desde os hits de Beyoncé, que são o som de ambiente das cenas mais tórridas e ousadas, ao clássico de Annie Lennox, “I put a spell on you” que dá o mote ao filme e protagoniza a primeira cena, o filme avança com o auxílio de um conjunto de músicas escolhidas a dedo que são parte integrante das cenas que protagonizam. Quem não tiver lido os livros provavelmente sairá da sala de cinema a pensar que algo lhe escapou. Ficou aparentemente a faltar algum background nas personagens principais, que leva a não compreender algumas das suas motivações, apesar de ser clara a evolução das mesmas ao longo das duas horas de filme. Mas, no essencial está lá tudo o que atrai na saga. Quem tiver lido os livros, dificilmente sairá da sala de cinema desapontado, afinal é claro que E. L. James teve um papel preponderante naquilo que acabou por ser filmado, no que diz respeito às cenas escolhidas, mas, sobretudo, em termos de diálogos (alguns demasiado simplistas e provocadores de algumas gargalhadas em plena sessão de cinema). No entanto, pode haver quem estivesse à espera de algo mais (como eu) e a quem a versão cinematográfica pareceu apenas a tradução do livro em imagens. Entrei a pensar que Jamie Dornan era o ator perfeito para o papel Christian e

58 – 59 | rtro


Fifty Shades of Grey

lançadas. No entanto, pouco antes de começarem as filmagens, Hunnam acabou por se retirar do papel devido a conflitos de calendário. Os substitutos possíveis, então, eram Alexander Skarsgard (o Eric da série “True Blood” e Jamie Dornan (ex-modelo da “Calvin Klein” e um serial killer na série britânica “The Fall”). Este último, após uma audição conjunta com Dakota, acabou por ser o escolhido para substituir Hunnam no papel do bilionário Christian Grey. Do elenco final do filme fazem ainda parte Jennifer Ehle, Eloise Mumford, Victor Rasuk, Luke Grimes e Marcia Gray Harden.

A adaptação do romance de E. L. James gerou receitas de cerca de 220 milhões de euros nas bilheteiras internacionais no fim-de-semana de estreia (que englobou o Dia dos Namorados), superando o sucesso de Avatar em 2009, que acabou por vir a ser, nesse ano, considerado o filme mais lucrativo de sempre. Apesar de os milhares de fãs devotos da trilogia literária poderem assegurar por si só o sucesso deste filme, tal não explica estes números recorde. O fenómeno deve-se então a todo o marketing feito pela Universal em redor do filme e explica-se por toda a controvérsia e expectativa gerada à volta do mesmo: desde a escolha

dos atores, à tensa relação entre a realizadora Sam Taylor Johnson e a produtora executiva e autora dos livros que inspiraram o filme, E. L. James, até ao boicote pretendido por muitas organizações. Ponto comum da controvérsia: os temas (ainda?) tabu que nos apresenta e que deu, então, aso à variedade de classificações conferidas ao filme. No Reino Unido, o filme foi classificado para maiores de 18 devido ao sexo e nudez apresentados e ao retrato de jogos eróticos baseados em dominação, submissão e práticas sadomasoquistas. Em contraste, na América, o filme teve um R rating (maiores de 17 mas com a possibilidade de menores poderem ver o filme desde que acompanhados pelos pais) devido a comportamentos fora do comum, representados no filme, nudez gráfica e um conteúdo marcadamente sexual. Em Portugal, o filme pode ser visto por maiores de 16 anos. Já na França, o Ministério da Cultura decidiu permitir a visualização do filme a partir dos 12 anos (!), por não considerar que “As cinquentas sombras de Grey” se trate de um filme que possa chocar muito as pessoas, recebendo a categorização de romance. No passado filmes como “O lobo de Wall Street” ou o violento “300” receberam a classificação também de maiores de 12, mostrando que a França é marcadamente mais liberal em relação a conteúdo sexual. Extremos opostos são as Filipinas, onde o filme é para maiores de 18 e contém várias imagens desfocadas em algumas das cenas mais explícitas, e a Mongólia, onde não estará sequer em exibição por ter sido considerado pornografia.


Facto é que, supostamente, um sexto do filme envolverá cenas de sexo entre Christian e Anastasia, mas “As cinquentas sombras de Grey” é considerado pelo próprio Jamie Dornan mais romântico que sexual, numa tentativa de apelar a uma audiência mais vasta, sem nunca entrar no reino da pornografia. Aliás, foi esta a intenção da realizadora, não ultrapassar limites; o filme não chega a ser graficamente explícito e não contem nudez frontal total (o que poderá desiludir algumas pessoas, em particular os leitores da trilogia). De facto, cerca de 15% do livro contém cenas tórridas que não poderiam passar na totalidade para o ecrã.

A marca Fifty Shades Poucos são aqueles que não sabiam que “As cinquentas sombras de Grey” iria estrear pelo mundo fora no fim-de-semana do dia dos namorados e isso deve-se a todo o marketing e promoção desenvolvidos pela Universal. Desde os inúmeros posters do filme divulgados nos meses anteriores à estreia, aos diferentes clips com cenas integrais do filme a serem colocados online ou transmitidos nas televisões nacionais de muitos países, muito foi o buzz que precedeu o lançamento do filme. Semanas antes do tão esperado 12 de fevereiro, começaram a surgir artigos e sessões fotográficas com Dakota Johnson e Jamie Dornan como protagonistas. Capa da “Entertainment Weekly” e da “W Magazine”, onde foram publicadas ousadas fotos a preto e branco dos bastidores das filmagens tiradas pela realizadora Sam Taylor-Johnson. A edição de Março da revista “Glamour” terá também uma sessão fotográfica exclusiva com os dois protagonistas. Sejam oficiais ou não, muitos foram os produtos que se renderam ao universo Fifty Shades: desde brinquedos sexuais ou maquilhagem, passando por peluches e jogos de tabuleiro.

com muito receio que Dakota Johnson não fosse a Anastasia mais acertada. No fim, as emoções são mistas: ela encarna bem o personagem a quem até dá novas facetas; já ele demonstra-se demasiado taciturno de início ao fim (o que apesar de fiel em relação ao livro, deixa algo a desejar). É criado um certo romantismo entre Grey e Anastasia que talvez não se sinta tanto no livro mas que faz com que sintamos uma certa empatia com o casal. Grey apresenta-se como um homem culto, inteligente e atencioso que rapidamente nos fascina a nós e a Anastasia, principalmente até conhecermos o seu outro lado bastante (demasiado?) controlador. A sua riqueza e sucesso são claramente retratados ao longo do filme, Christian é dono de um helicóptero, avião privado, uma luxuosa penthouse, obras de arte valiosas e uma armada de carros digna de um colecionador. Talvez tenhamos mais empatia por Ana, que no filme é muito mais expressiva e tem um sentido de humor delicioso, demonstrando-se capaz de tomar decisões por si própria, ao contrário do que sucede no livro (talvez por este ser narrado por ela na primeira pessoa e termos acesso a todos os seus pensamentos e debates internos, deixando-nos por vezes um pouco frustrados e irritados com ela e todas as suas indecisões). Mas tratando-se de uma história centrada não só na relação, mas também nos jogos sexuais entre Christian e Anastasia, falemos então das cenas mais controversas: as cenas de sexo. Muitas foram as críticas à relação retratada entre Christian e Anastasia, descrita por muitos como uma relação abusiva e doentia, onde falta consentimento da parte dela. Mesmos as práticas de BDSM retratadas foram consideradas por

60 – 61 | rtro


Fifty Shades of Grey

No que diz respeito a produtos de beleza, a marca “Make Up For Ever” lançou uma edição limitada, inspirada no filme, de produtos ousados e que revelem o lado mais sexy da mulher . Da coleção fazem parte blushes, batons, sombras e eyeliners. A marca de vernizes “O.P.I.”, também apresenta uma coleção de edição limitada, de seis vernizes cujos nomes estão associados ao filme ("Embrace The Grey", "Dark Side Of The Mood", ou "My Silk Tie”). Os tons dos vernizes variam entre o cinzento, o preto e o vermelho.

A banda sonora oficial do filme conta com nomes como Ellie Goulding, Beyoncé e The Weeknd. Mas vai para além disso, com faixas como “I put a spell on you” de Annie Lennox, “Witchcraft” de Frank Sinatra e uma versão de “I’m on fire” de Springsteen interpretada pelos Awolnation. No videoclip de “Earned it” de The Weeknd temos o vocalista Abel Tesfaye a cantar frente a um grupo de dançarinas de cabaret, com alguma pele à mostra… e Dakota Johnson suspensa do teto. Em Portugal o álbum já é nº1 no iTunes.

Em termos oficiais, foi lançado um jogo de tabuleiro que fará com que todos os seus amigos lhe revelem as suas fantasias e experiências sexuais e promete fazer qualquer mulher revelar a sua deusa interior (segundo a embalagem).

A marca de detergente para a roupa “Surf” lançou uma edição do seu amaciador chamada “Flirty shades of surf”, que contém rosa, jasmim


e sândalo, essências evocativas que prometem levar “um toque de atrevimento” ao seu quarto.

alguns experts na matéria como irreais e pobremente executadas. Facto é que E. L. James aforma ter feito muita pesquisa aquando da escrita do livro para conseguir retratar o mais fielmente possível essa faceta sexual. Fica claro em “As cinquentas sombras de Grey” que, nesse universo do BDSM, o consentimento é um requerimento, havendo um período de pré-negociação em que as partes envolvidas discutem ao pormenor aquilo que gostam e aceitam em termos

Mas até de ursos de peluche podemos falar, a empresa “Vermont teddy bear” lançou no mercado um urso de peluche representativo de Christian Grey, completo com uma máscara, algemas, gravata de seda e, claro, um olhar penetrante.

sexuais, e o que esperam da relação. E é exatamente isto que acontece quando Christian dá a Anastasia um contrato para ela assinar que estabelece os limites da relação (e que ela decide não assinar). Por isso, em termos de consentimento, não pode haver dúvidas, fica claro que ela lhe pode claramente dizer que não (especialmente no filme, em que tal de facto acontece). Não há nada, pois, a meu ver, de problemático em termos de consentimento sexual no filme, talvez o problema seja o ultrapassar de limites de Christian fora das quatro paredes do quarto. Como a própria personagem de

O próprio DVD oficial já se encontra em pré-venda, havendo ainda a possibilidade de adquirir a sua edição limitada com uma capa personalizada com o nome inserido numa das frases icónicas do filme: “…, Mr. Grey recebe-a já de seguida”.

Christian diz, ele não consegue ficar longe de Anastasia. Ele é retratado como alguém que é obcecado pelo controlo mas que, pouco a pouco, o vai perdendo porque se apaixona. O filme romantiza essa obsessão de Christian: ele tenta impor regras para criar distância entre eles, mas Anastasia não concorda e, então, ele volta atrás e quebra as mesmas regras que ele próprio impôs. As cenas de sexo são de bom gosto e estão bem filmadas. Sensuais, sem serem demasiado visuais ou óbvias, com o recurso à câmara lenta em algumas ocasiões, deixando à imaginação do espetador o que no ecrã fica apenas sugerido. Quanto aos tão falados chicotes e outros brinquedos sexuais

62 – 63 | rtro


Fifty Shades of Grey

O que o futuro nos reserva As “cinquentas sombras de Grey” depressa passarão a ser cento e cinquenta. A realizadora Sam Taylor-Johnson confirmou numa entrevista que os dois restantes livros da trilogia literária serão também adaptados ao cinema. Rumores ainda por confirmar dizem que o primeiro dos filmes, “As cinquenta sombras mais escuras”, poderá chegar aos cinemas já no próximo ano de 2016. Também em entrevistas as estrelas Jamie Dornan e Dakota Johnson demonstraram interesse em participar nas duas sequelas, sendo que essa deverá ser uma das estipulações nos contratos que assinaram com a Universal. Recentemente têm surgido rumores que indicam que a realizadora Sam Taylor-Johnson poderá não regressar no próximo filme, em parte devido à má relação que teve durante as filmagens com a escritora e produtora executiva E. L. James.

Para lá do universo Fifty Shades, mas em parte devido a ele os leitores por todo o mundo têm demonstrado um interesse cada vez maior pela literatura erótica. Em Portugal, tal facto é facilmente corroborado com escritoras como Sylvia Day e Maya Banks a serem cada vez mais conhecidas e obras como “A submissa” de Tara Sue Mae ou “ O inferno de Gabriel“ de Sylvain Reynard

a subirem rapidamente na lista de mais vendidas. Em paralelo, nos Estados Unidos, cada vez mais romances eróticos estão a ser adaptados ao pequeno ou grande ecrã. Outro fenómeno que se verifica, particularmente nos Estados Unidos da América, é a ascensão de histórias consideradas fan fiction ao mundo editorial. Cada vez mais, editoras e agentes literários procuram novos talentos em sítios da internet como o Wattpad, o fanfiction. com ou o mais recente Kindle Worlds. De facto, “As cinquentas sombras de Grey” foi facilmente lançado no mercado literário devido aos devotos fãs que obteve quando não passava de uma história de fan fiction na internet. Seguindo as pegadas da obra de E. L. James estão, por exemplo, Sophie Jackson e Anna Todd. A trilogia “Pound of flesh” de Sophie Jackson, também uma fan fiction de “Crepúsculo”, atingiu mais de 4 milhões de leitores online e já tem garantida a edição literária no mercado americano, assim como a adaptação cinematográfica para breve. Também Anna Todd, depois de a sua história “After”, cuja personagem principal é Harry Styles dos “One Direction”, conseguir mais de 1 milhão de visualizações em apenas 2 meses, conseguiu a publicação de quatro livros inseridos na saga.


Curiosidades - Em Portugal, o livro “As cinquentas sombras de Grey” já vai na sua 34ª edição. - Nomes como Michael Fassbender, Chris Pine ou Ryan Goslig foram considerados para o papel de Grey e Lucy Hale, Jennifer Lawrence ou Emilia Clark para o de Anastasia. - Os dois trailers do filme foram os mais vistos em 2014. - Parte da mobília da casa de Grey foi feita em Portugal, mais exatamente por uma empresa de Rio Tinto. - Dakota Johnson é filha dos atores Melanie Griffit e Don Johnson e neta de Tippi Hedren. - O guião inicial tinha muitas mais cenas de sexo, mas a produção acabou por decidir cortar muitas delas. - Jamie Dornan visitou várias casas de bondage para melhor se preparar para o papel de Christian Grey. - O guião foi decorado pelos atores em apenas cinco dias. - Na audição final os atores principais tiveram de contracenar no primeiro e último capítulo do livro. - Beyoncé fez uma versão especial do seu hit “Crazy in love” de propósito para o filme.

do universo do sadomasoquismo não são de todo centrais à obra cinematográfica, para além do contrato de dominador/submissa que Christian insiste que Ana assine, pouco há no filme que realmente seja chocante nesse sentido. Há (bastante) nudez por parte de Dakota Johnson apenas, já que Dornan assinou um contrato que impediu que o filmassem em nu frontal. Como qualquer filme, pode agradar a uns e desagradar a outros. As cenas no quarto da dor (apelidado “red room of pain” por Anastasia) são as mais provocadoras e o espaço está sem dúvida bem construído; é impactante quando o vemos no ecrã pela primeira vez, tal como devia ser já que ele é símbolo de tudo aquilo que é transgressor e obscuro na personagem de Christian Grey. Duas horas de filme, que parece constantemente estar a caminhar rumo a uma momento mais dramático mas que deixa a sensação de ser um tanto anti climático (que dizer da imagem com que termina o filme?). É um romance ortodoxo por um lado e pouco ortodoxo por outro, que apesar de toda a controvérsia, vale a pena ver. Uma história de sedução, com humor e inteligência em que dois polos se atraem. A cena do planador é representativa daquilo que o filme na sua essência retrata: a experiência e o controlo de Christian vs. a juventude, ingenuidade e o desejo de liberação de Anastasia. Para lá das cenas de sexo, da sua intensidade, duração ou nudez, para lá da controvérsia sobre se existem mesmo práticas sadomasoquistas ou cenas de violência doméstica no filme, “As cinquentas sombras de Grey” é, para mim, essencialmente uma interessante história de amor.

64 – 65 | rtro



Casa de

Campo

Modelo: Isa Martina Fotografia: Margarida Cunha Estilismo: Diana Soares Maquilhagem: LuĂ­sa Silva

66 – 67 | rtro


Casa de Campo


68 – 69 | rtro


Casa de Campo


70 – 71 | rtro


Casa de Campo


72 – 73 | rtro


Casa de Campo


74 – 75 | rtro


Casa de Campo


76 – 77 | rtro


Casa de Campo


78 – 79 | rtro


Horóscopo Amor e Sexo

O Perfil de Cada Mulher por Luisa Silva

Nem sempre o amor anda de mãos dadas ao sexo, assim como nem sempre o nosso signo solar traduz a nossa personalidade. Há que ter em conta a posição, em especial, de Vénus, Marte e da Lua bem como os seus aspectos. Contudo, a posição do nosso signo solar indica-nos traços gerais do comportamento que podemos ter em relação ao amor e ao sexo. Para os curiosos deixo aqui pequenos pormenores sedutores. No amor, a mulher Carneiro é atraída por alguém com personalidade vincada, como ela, que seja aventureiro e divertido. Quando interessada ela é dedicada. Adora a caça mas garantir, por muito tempo, a sua paixão é apenas conseguido com o entusiasmo do seu parceiro. Apesar de ser das poucas, a ariana consegue separar o sexo do amor. Para ela sexo é uma aventura, uma oportunidade para experimentar novas posições ou cenários. É o seu entusiasmo é erótico. A mulher Touro é extremamente sensual e carinhosa mas leva o seu tempo a assumir uma relação. Cautelosa mas quando apaixonada faz tudo por quem gosta. A taurina é vista como uma mulher real. É genuína e paciente, feminina e teimosa. Para ela o sexo é uma forma de escapar à realidade, um mundo de fantasia. Não tem pudor em dizer o que gosta e como gosta. O seu amante terá de explorar cada momento e estar à altura da sua paixão. A mulher de Gémeos é muito romântica e quando apaixonada dedica a sua atenção ao parceiro. Precisa de ser estimulada mentalmente com muita conversa e diversão. Contudo, apaixonar não significa manter. É preciso fazê-la rir e ter gestos capazes de a conquistar no dia-a-dia. No sexo variedade e constante estimulação são obrigatórios. A sua imaginação não para. A geminiana está disposta a experimentar. Gosta tanto de seduzir como de ser seduzida.


Previsões para 2015 É certo que não se pode prever o futuro, pois cada um possui livre arbítrio. Contudo, há no céu movimentos dos astros que têm impacto na vida de cada um de nós. Saturno em Sagitário traz uma mudança especial para os nascidos entre Novembro de 1985 e de 1988. É este um bom período para reavaliar o nosso propósito e as áreas que Saturno rege. O novo ano, 2015, é o palco do grande fim para a quadratura entre Pluto e Urano que tem modificado o mundo desde 2012: qual será a grande transformação? Até Agosto Júpiter, planeta da expressão e expansão, está em Leão exibindo selfies em redes sociais. No meio do mês transita para Virgem, relembrando que há mais formas de se ligar ao mundo além da virtualidade. Este é ainda o Ano da Ovelha no Oráculo Chinês, que teve início no mês de Fevereiro. Ela traz momentos calmos e acolhedores. Um bom contrabalanço para os energéticos trânsitos que surgem no cosmos. A todas as gerações, apresentam-se as linhas gerais das influências astrológicas para cada um dos signos. Carneiro Deve escolher bem que oportunidades aproveitar. Em meados de Abril, quando Júpiter entra em harmonia, pode considerar o ensino superior ou ainda uma mudança de carreira ou emprego. Comprar casa pode ser um bom investimento. Na saúde deve evitar que o stress na vida amorosa o prejudique. Touro Este ano deve permanecer flexível pois esperam-se muitas reviravoltas. É bom ano para comprar um novo veículo e criar bases para um futuro promissor no trabalho. Quem estudo terá um ano calmo. No amor pode ser pressionado para assumir um compromisso. Gémeos 80 – 81 | rtro


Horóscopo Amor e Sexo

No amor, a mulher de Caranguejo não gosta de ser apressada. Ser cortejada é imprescindível. Quando apaixonada é a mais devota do Zodíaco. É paciente face a adversidades no campo do amor. Apesar de sensível e calma, com a pessoa certa ela mostra um lado mais ousado. Para a canceriana sexo está intimamente ligado ao amor. Sexo é uma dança lenta e sensual. O parceiro comanda mas ela responde de forma sedutora e até fantasiosa. Para a mulher Leão, no amor existe apenas tudo ou nada. Quando apaixonada o seu par será o centro das suas atenções tal como ela terá de ser o dele. É entrega total. Ela é generosa, leal e divertida. O seu par terá de possuir um carácter forte e ser tudo menos aborrecido. O sexo é parte importante da relação. Provavelmente, a leonina será quem domina entre as quatro paredes. Adora lingerie sensual e não tem medo de experimentar. A mulher de Virgem encara o amor de forma prática. É determinada e intensa mas analisa detalhadamente as emoções. Apesar de apaixonada não consegue de deixar de ver as suas falhas. Precisa que a conquiste diariamente fazendo-a ver de forma sincera que é única. No sexo, só um parceiro seguro que nunca esqueça o foreplay trará ao de cima a sua intensidade. Não será ela a tomar a iniciativa. Em contrapartida fará tudo para seduzir de forma perfeita. A mulher Balança apesar de ser muito centrada e parecer distante ou pouco demonstrativa, quando apaixonada entrega-se. Ser apreciada é importante para ela. Procura um relacionamento harmonioso. Pode ainda ser brutalmente honesta pois no amor não há jogos. No sexo, a libriana adora seduzir e não dispensa o foreplay. É estimulada mentalmente através de alguma conversa ou mensagem mais atrevida. Para ela dar e receber deve ser feito de forma justa e bela. A mulher Escorpião é secreta, intensa e emocional. Quando se apaixona, a sua devoção é eterna. Ela fará tudo pelo seu parceiro. Este tem de saber defendê-la quando preciso ao mesmo tempo que a deixa liderar. Não haverá mais ninguém na sua vida que lhe desperte interesse. No


Apostar no seu instinto é a melhor forma de encarar este novo ano. Se tem tempo livre invista num novo hobby para calibrar as suas energias. Não gaste em demasiada e evite comer comida de plástico. Poderá desentender-se com alguém que estima. Uma nova relação também está nos astros. Caranguejo Os altos e baixos deste ano serão felizes. As finanças estão equilibradas apesar de uma mudança de carreira ou emprego. Deve dedicar mais atenção à sua vida pessoal. Nas relações amorosas mantenha-se franco: se o parceiro o irrita, diga-lhe. Contudo, não o tome por adquirido. Não negligencie a sua saúde. Leão Apesar de ser um ano de muita energia, é um ano que deve ser de introspeção. As lições que tirar deste ano vão permitir-lhe crescer. Tenha especial atenção à sua saúde. Se está comprometido, os astros estão a seu favor. O seu parceiro estará mais demonstrativo sendo esta uma boa altura para casar. Virgem Seja mais contido nas demonstrações de temperamento. A nível financeiro, certas despesas extra podem ser esperadas. Contudo, oportunidades não irão faltar mas com algum risco. É importante concentrar-se no seu trabalho e vida. Uma viagem a um local distante é possível: em trabalho ou a prazer. Balança Apesar do início do ano parecer pouco promissor, esperam-se novas perspectivas. Seja assertivo mas mantenha o foco. Será um ano em que terá de trabalhar a dobrar. Terá mais lucro apesar de um aumento nas despesas. No amor tente manter-se compreensivo para que tudo lhe corra de feição. Escorpião

82 – 83 | rtro


Horóscopo Amor e Sexo

sexo, a sensualidade inegável da escorpiã dá-lhe a fama de deusa. Ela possui uma elevada libido e precisa de alguém que acompanhe o seu compasso. Para ela, prazer é dar e receber. Para a mulher Sagitário, o amor é algo muito valioso mas difícil de encontrar. Ela prefere um parceiro que lhe mostre o que é amar, alguém mental e fisicamente seu par. Por norma, encontra-o no seu grupo de amigos. É uma amante honesta e confiável que consegue manter a sua independência. Encara o sexo como uma actividade física. Sem dúvida, segura de si, a sagitariana está sempre pronta a seduzir. Apenas um parceiro ousado e inteligente a conquistará. A mulher Capricórnio nem se deixa conquistar por pequenas seduções nem acredita em amor à primeira vista. Observadora e cautelosa, prefere dedicar tempo em conhecer o seu parceiro antes de tomar qualquer decisão. Para ela um relacionamento só funciona quando ambos caminham lado a lado. No sexo, a capricorniana despe o seu ar reservado para assumir o papel de aventureira. Contudo para despertar a sua grande paixão é preciso uma ligação emocional. A mulher de Aquário encara o amor como um jogo, algo que a divirta. No entanto, não se apaixona facilmente. É-lhe difícil confiar e conseguir criar uma ligação emocional mas, quando acontece, entrega-se sem reserva conservando a sua independência. Para ela, apenas a comunicação garante um bom relacionamento. O sexo para a aquariana é em parte mental. Precisa de alguém que não tenha receio de quebrar tabus e desafiá-la mentalmente. A mulher Peixes é a eterna romântica. O amor é algo de misterioso e mágico. Ela é devota, fiel e sente-se completa quando apaixonada. É capaz de dedicar-se ao parceiro de corpo e alma mas espera que este a proteja e lhe dê segurança. A pisciana não separa o sexo do amor. Deseja criar uma ligação que vai para além do próprio acto. Sexo é algo fantasioso digno de vários cenários. Ela gosta de sexo e de boas surpresas.


É um ano de balanços. Seja cauteloso na forma como lida com o sucesso. Pode esperar um novo folgo no trabalho e uma nova relação. Se é casado não se desentenda com o seu parceiro. Caso seja solteiro, depois de Abril pode esperar algo concreto a nível pessoal. Cuide da sua saúde. Sagitário Esperam-se muitas oportunidades mas permaneça humilde. Viagens, trabalho ou estudos estão favorecidos. Tenha cuidado com tentações e distrações. O início do ano é a melhor altura para começar uma nova relação mas ter futuro terá de superar algumas dificuldades. No campo profissional, aceite novos desafios. Capricórnio O novo ano traz mudanças positivas mas graduais. É possível que mude de emprego. Seja equilibrado em tudo o que faz e evite realizar várias tarefas em simultâneo. Tenha atenção à saúde. Lembre-se que uma relação só resulta quando estiver pronto a dar o seu melhor. Apaixone-se primeiro por si. Aquário Um ano promissor para mostrar o seu valor. O seu esforço será recompensado em todas as áreas da sua vida. Contudo, não meça o seu sucesso em termos monetários. No amor, um relacionamento com um amigo antigo pode renascer. Viagens em trabalho são possíveis. Na saúde mantenha um estilo de vida saudável. Peixes É a altura ideal para demonstrar toda a sua energia. No trabalho seja humilde ao lidar com os seus superiores. Não corra grandes riscos financeiramente. No amor, se permanece inseguro quanto à sua relação, tenha fé. Abril e Maio são os meses ideais para casar. Medite ou faça yoga para evitar problemas de saúde.

84 – 85 | rtro


C oncertos 2015 por Ana Cristina Silva


86 – 87 | rtro


Concertos 2015

1 de Abril - MEO Arena - 34 a 38€ The Script (+ Labrinth) Os irlandeses, The Script, passam por Lisboa para apresentarem em primeira mão o quarto álbum da banda, “No Sound Without Silence”, lançado em 2014. A primeira parte do concerto fica por conta do músico, produtor e multi-instrumentista Labrinth, uma das grandes revelações dos últimos tempos.

2 de Abril - Coliseu dos Recreios - 20€ Royal Blood O duo de rock britânico estreia-se em Portugal en 2015. Formados há apenas dois anos, são compostos apenas por Mike Kerr, baixista e vocalista, e por Bem Thatcher, baterista, o que confere uma sonoridade diferente à banda. Tendo já aberto espetáculos para Arctic Monkeys e Foo Fighters, estreia-se em nome próprio em Portugal a 2 de Abril, em Lisboa.

9 de Abril - Coliseu dos Recreios - 23€ Pentatonix Para Os Pentatonix, grupo acappella, o ano de 2015 promete ser em cheio: estreiam-se em inúmeros países Europeus e fazem parte do elenco do filme “Pitch Perfect 2”. O grupo norte-americano ficou conhecido por terem vencido a terceira temporada do programa “The Sing-Off” em 2011 e desde então lançaram já 5 EPs com versões de algumas das músicas do momento e algumas faixas originais. Vêm a Portugal dia 9 de Abril apresentar o álbum “PTX, Vol. III”.


4 de Maio - MEO Arena - 30€ a 42€ 5 Seconds of Summer Os australianos 5SOS formaram-se em 2011 e tornaram-se conhecidos graças aos covers que postavam no YouTube; no ano seguinte, já abriam os concertos dos One Direction. O primeiro álbum de estúdio “5 Seconds of Summer” surgoiu apenas em 2014 e rapidamente ascendeu ao primeiro lugar dos tops de Austrália, EUA, Holanda e Irlanda. Os 5 Seconds Of Summer estreiam-se em Portugal no MEO Arena, em Lisboa. A "Rock Out With Your Socks Out 2015 Tour" é a primeira grande digressão do quarteto australiano que nos meses de maio e junho vai realizar dezenas de concertos pela Europa, sendo Portugal a primeira paragem da tour.

23 de Maio - MEO Arena - 22€ a 50€ Pablo Álboran O artista que apaixonou Portugal, Pablo Alborán, está de regresso a Portugal desta feita para nos apresentar o seu quarto e mais recente álbum “Terral”. Pablo é hoje em dia o maior artista de Espanha; em Portugal os seus álbuns já arrecadaram múltiplas platinas, tornando-o um dos artistas internacionais mais adorados no nosso país. Conhecido por músicas como “Perdóname”, “Solamente tú” e “Tanto”, Alborán faz a paragem obrigatória em Portugal a 23 de maio no MEO Arena.

17 de Junho - MEO Arena - 35€ a 55€ Maroon 5 Os norte-americanos Maroon 5 fazem-se à estrada em fevereiro de 2015 na sequência do seu quinto álbum de estúdio, “V”, que conta com singles como “Maps” e “Animals” que já tocam há muito nas rádios portuguesas. Presença já habitual nos festivais de verão do nosso país, este ano a banda volta a Portugal em nome próprio. A tournée mundial “THE MAROON 5 WORLD TOUR 2015” passa por Lisboa a 17 de junho.

88 – 89 | rtro


Concertos 2015

9 de Julho - Festival NOS Alive! - 55€ Muse Com 6 álbuns de estúdio, inúmeras platinas e dezenas de prémios ganhos, a banda britânica Muse já dispensa apresentações. Ataram pela primeira vez em Portugal em 2006 e desde então são presença permanente no nosso país. O sétimo álbum da banda está previsto para Maio deste ano e para o apresentar, regressam a Portugal, desta feita ao festival Alive!, no mês de julho.

18 de Julho - Festival MEO Marés Vivas - 35€ Jamie Cullum Jamie Cullum mantem a tradição de fazer (pelo menos) uma visita anual a Portugal, depois de ter passado pelo s festivais EDP Cool Jazz e MEO Sudoeste, e pelos Coliseus do Porto e Lisboa, este ano atua no MEO Marés Vivas, em Vila Nova de Gaia. O pianista, cantor e compositor britânico vem apresentar o mais recente álbum, “Interlude”, composto por 12 faixas de um estilo pop jazz que lhe é característico. Cullum atua no palco principal do Festival, tal como a portuguesa Ana Moura, a 18 de julho.

28 de Julho - Festival EDP Cool Jazz - 25€ a 60€ Mark Knopfler O líder e ex-guitarrista dos Dire Straits, Mark Knopfler, vem a Portugal apresentar o seu próximo álbum a solo, “Tracker”. O guitarrista ficou conhecido pela sua passagem pelos Dire Staits, onde foi criador de músicas como “Sultans of Swing” ou “Romeo and Juliet” e pela colaboração com vários artistas de renome, mas desde 1996 que tem uma frutífera carreira a solo com já 8 álbuns editados.


6 de Agosto - Festival Sudoeste - 48€ Calvin Harris DJ, compositor e produtor o escocês Calvin Harris volta a Portugal para apresentar o seu mais recente trabalho “Motion” de 2014. Dono de singles como “I feel so close” e “I need your love” e produtor e escritor de grandes êxitos como “We found love” de Rhianna, o escocês foi considerado o DJ mais bem pago nos anos de 2013 e 2014.

2 de Novembro - Coliseu do Porto - 24 a 30€ Apocalyptica Os finlandeses Apocalyptica voltam a Portugal em 2015 pra apresentar o seu oitavo álbum de estúdio, “. Após o sucesso mundial de “7th Symphony” de 2010, os finlandeses dedicaram-se a projetos a solo, regressando este ano co novo álbum e uma extensa digressão que se estenderá aos maiores palcos da Europa.

90 – 91 | rtro


O AMOR DA TUA VIDA

COMO SE APAIXONAR PELA VIDA EM 27 CAPÍTULOS por Ana Cristina Silva

De Cecila Ahern, autora irlandesa de obras como “PS: – Eu amo-te”, chegou a Portugal, em finais de 2014, mais um romance. Como fazer alguém voltar a apaixonar-se pela vida? É a esta questão que ”O amor da tua vida” se propõe responder. A história apresenta-nos Christine e Adam, dois desconhecidos que procuram dar um novo sentido à sua vida, mas de formas irremediavelmente diferentes. Christine, no espaço de uma semana, testemunha duas tentativas de suicídio que vão mudar a sua vida. O primeiro dos episódios foi traumático e deixou-a sentindo-se responsável pelo sucedido. Essa culpabilidade vai-lhe abrir os olhos em relação à própria vida: decide deixar o marido com

que está casada há menos de um ano, simplesmente porque já não é feliz com ele. Recorre, então, à sua imensa coleção de livros de autoajuda para decidir que rumo tomar daí para a frente, como aliás tem feito sempre que tem de ligar com algo imprevisto (para ilustrar tal dependência, a própria autora deu aos capítulos deste romance títulos de supostos livros desse género). É seguindo as instruções de um desses livros, que Christine se depara com um homem prestes a saltar de uma ponte. Decidida a não repetir os erros do passado, tenta, de todas as maneiras e recorrendo a variados argumentos, convencer o desconhecido (Adam) a não saltar (título do capítulo: “Como se agarrar à tão preciosa

Título: O amor da tua vida Título original: How to fall in love Autor: Cecelia Ahern Tradutor: Rita Granha Editora: Presença Edição: Novembro de 2014 Páginas: 280 Género: Romance


vida”)! Consegue-o finalmente, fazendo um acordo com ele: ela tem duas semanas para o fazer apaixonar-se pela vida. Se não tiver sucesso, dali a duas semanas, Adam voltará àquela mesma ponte e seguirá em frente com o seu plano original. A partir de então, Christine transforma-se na sombra de Adam, na tentativa de lhe provar que a vida vale a pena e que tudo tem solução. Por que razão se oferece ela para tal tarefa aparentemente impossível de concretizar? A história de Christine é simples. Trabalha na sua própria empresa de recrutamento onde é uma espécie de conselheira que, na realidade, atua mais como psicóloga e amiga dos seus clientes, fazendo de tudo para os ajudar a superar as suas dificuldades e encontrar o emprego mais adequado para cada um deles. Trata-se de alguém que está habituada a pôr os outros primeiro e a fazer inúmeras concessões na vida. É uma mulher mais frágil do que parece: prisioneira de uma vida monótona, com uma família que não a parece entender, ela procura preencher um vazio que não sabe explicar. Ao tentar ajudar Adam a organizar a sua vida e voltar a reconhecer o seu valor, Christine começa a aperceber-se de que ela própria já não sabe apreciar a vida. Mas o que será que levou Adam a tentar suicidar-se? O primeiro passo de Christine é descobrir as razões por detrás da sua decisão. Descobrimos que Adam perdeu o emprego que adorava devido à repentina doença do pai. Quando a doença se revelou terminal, descobriu que teria de ocupar o lugar do pai e liderar a empresa da família. Para culminar, a namorada, Maria, terminou recentemente com ele para andar com outro, o seu próprio melhor amigo. Com um prazo de duas semanas, Christine assume a tarefa de lhe mostrar a beleza da vida, recorrendo a ideias e ações que, embora por vezes um pouco clichés, resultaram credíveis por não serem demasiado

dramáticas ou grandiosas. Cecelia Ahern controla à perfeição a dose de seriedade e de humor, passando de cenas divertidas a momentos de tristeza de uma forma bastante realista. Por tratar de um assunto sério, este livro tem os seus momentos mais graves e emocionais, mas, no geral, está repleto de risos e positivismo, à medida que Adam e Christine partem em aventuras para que ele recupere a sua vida (por exemplo, os grandes gestos românticos que põem em ação para que Adam reconquiste a ex-namorada). E Adam, pouco a pouco, deixa-se convencer. Ahern faz um bom trabalho ao mostrar-nos que não foram tanto os imprevistos e desgraças que lhe aconteceram, que o levaram àquela ponte; mas antes o facto de ter perdido o controlo sobre a própria vida. Por isso, a solução final acabou por não ser consertar o que estava errado na sua vida, mas sim voltar a dar-lhe um sentido de controlo, assumir de nova as rédeas da sua vida. Não querendo adiantar muito acerca do final da obra, é, no entanto, óbvio que Adam e Christine acabam por se apaixonar. Mas é o caminho que os levou ao seu destino final que realmente conta, a sua viagem para encontrar as respostas que tanto procuravam. A sua aproximação fez-se lentamente, quase impercetivelmente, pois cada um deles tem um objetivo para esses quinze dias que, definitivamente, não incluía apaixonarem-se um pelo outro. “O amor da tua vida” é essencialmente uma história de amor mas parece muito mais que isso; é uma história de esperança e de redenção humana, que nos ensina que vale a pena investir nos outros. “Enquanto tentavas que a Maria se apaixonasse por mim, e eu me apaixonasse pela vida, apaixonei-me por ti.” Cecelia Ahern in “O amor da tua vida”

92 – 93 | rtro


Ler. Ver. Ouvir. por Ana Cristina Silva

Ler Telefonemas do Nilton Autor: Nilton Editora: Livros d´Hoje Ano: 2014 Género: Humor O humorista português Nilton terminou 2014 com o lançamento d’“Os telefonemas do Nilton”, obra que compila os telefonemas feitos pelo próprio na sua rúbrica diária no programa “Café da Manhã” da RFM. Sempre que algo de relevante se passe no país e no mundo, Nilton está atento e telefona para a pessoa ou local em questão para reclamar. A rubrica é seguida religiosamente pelos portugueses, quer em direto na rádio, quer nos vídeos disponibilizados na internet, que contam já com milhares de visualizações. Desde o telefonema para a FIFA, afirmando que “Ronaldo is the best” ao telefonema para a vizinha a solicitar a sua password da internet, o livro reúne os telefonemas mais impactantes e a explicação de Nilton sobre como a ideia surgiu e como foi possível concretizá-los. “Os telefonemas do Nilton” vem também com um CD com os ficheiros áudio dos telefonemas retratados.


Ver

Ouvir

O Juíz

The endless river

Realização: David Dobkin

Autor: Jason Mraz

Elenco: Robert Downey Jr., Robert Duvall

Editora: Pink Floyd

Ano: 2014

Ano: 2014

Género: Drama

Género: Rock

Filme de 2014, realizado por David Dobkin, “O Juíz” é um drama familiar com um caso jurídico como pano de fundo. Baseado na obra homónima de John Grisham, narra a história da família Palmer, liderada por Joseph (Robert Duvall), juiz da pequena cidade de Carlinville, no Indiana, e a sua relação conturbada com os três filhos, particularmente o do meio, Henry (Robert Downey Jr.). Esta relação é o tema central do filme mas vai sendo alterada no decorrer do mesmo, uma vez que Joseph se vê acusado de um crime que não se lembra de ter cometido. Hank, advogado que exerce na cidade de Chicago, arrogante e excessivamente confiante nas suas capacidades, acaba por defender o pai no julgamento. O facto de ambos apresentarem interpretações e modos diferentes de encarar a lei fará com que o julgamento adquira uma dinâmica interessante.

Dez anos depois do último álbum editado, chegou em 2014 “The endless river”, baseado em sessões nunca divulgadas do disco “Division Bell” de 1994. Segundo os resistentes David Gilmour e Nick Mason é também um tributo ao teclista da banda Rick Wright falecido em 2008, que figura postumamente em algumas das dezoito faixas.

A premissa do filme é um tanto cliché mas “O Juíz” é um filme equilibrado com drama e humor na medida certa; vale, sobretudo, pelo elenco que reúne e por apresentar sem rodeios os altos e baixos de um relacionamento complicado entre pai e filho. De notar que é o primeiro filme estrelado por Robert Downey Jr. desde que assumiu os papéis principais em “Sherlock Holmes” e “Homem de Ferro”. Do elenco fazem ainda parte Vera Farmiga, Leighton Meester e Billy Bob Thornton.

O 15º álbum de estúdio de Pink Floyd é também, segundo eles, o último da banda, outrora liderada por Roger Waters, e autora de grandes sucessos como “Wish you were here”, “Money” ou “Another brick in the wall”. Nele temos um disco instrumental à exceção da última faixa “Louder than words”. A música funciona como homenagem póstuma a Wright e conta com David Gilmour na voz. O som da guitarra de Gilmour é imediatamente reconhecível desde a segunda música do alinhamento e é ela o centro da ação de todo o disco. Todos os sons e melodias que até hoje identificamos como sendo característicos da banda estão aqui presentes e cada membro representa o seu papel habitual. “The endless river” parece, pois, simbolizar um regresso ao passado e, ao mesmo tempo, um encerrar do presente desta banda de verdadeiros mestres e veteranos da música.

94 – 95 | rtro



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.