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A todos eles, um enorme OBRIGADA! Vamos fazer isto por mais uns anos? :)

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Se já acompanham a RTRO há algum tempo, saberão porque gostamos tanto desta época do ano: chega a Primavera, mostramse novas colecções e... é o aniversário da revista! Mesmo que tudo pareça ser uma ilusão e nada realmente mude (será que não?) a chegada de uma nova estação – ainda por cima solarenga e que é acompanhada pelo desabrochar das flores – assume sempre um estatuto simbólico nas nossas vidas. E por muito que critiquemos as datas e celebrações marcadas no calendário – levando-nos a questionar a pertinência de dias como o da Mulher ou dos Namorados – a verdade é que acabam por pautar um ritmo sem o qual o nosso quotidiano ficaria mais pobre. Afinal, se pensarmos que os dias se seguem iguais, ininterruptamente uns atrás dos outros, o que andaríamos aqui a fazer? É preciso assinalar o que deve ser assinalado – o nosso aniversário é disso exemplo. Por isso, deixamo-vos uma edição repleta de carinho e amor à arte, que tem sido afinal a assinatura de uma publicação que transita para o seu quarto ano de vida, sem qualquer tipo de apoios que não os dos nossos fantásticos leitores, colaboradores e parceiros.

magazine

Editorial

Margarida Cunha Editora


rtro staff

editora Margarida Cunha redactores Ana Rodrigues Ana Cristina Silva Catarina Oliveira Margarida Cunha Pedro Resende layout / paginação Manuel Costa fotografia Ricardo Costa Catarina Oliveira foto de capa Bruna Xavier

A rtro está sempre à procura de modelos, fotógrafos,stylists, maquilhadores, designers, que queiram colaborar, expor os seus trabalhos, se achas que tens o que é preciso contactanos para o nosso email.

geral@rtromagazine.com


INDÍCE

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Focus on Designer Damir Doma

Color me Vermelho

Tendências Primavera/ Verão 2014

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Sessão Esther Waters

Oscares 2014 The red carpet

Smells Like DKNY Woman


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40

42

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Sessão Yellow Riding Hood

Street Style

It Girl Meet another Czarina

It Boy The King of Promise

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Romance Tenho o teu número

Ler. Ver. Ouvir.

Wishlist


Focus on Designers por Pedro Resende

Mother at Fashion Damir Doma


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Focus on designers

Quando se tem uma mãe que possui um atelier de vestuário, ainda que este se encontre em zonas remotas do planeta, um caminho parece devidamente traçado (ou não) para que este seja um futuro profissional. Croácia, 1981, numa cidade chamada Virovitica (um nome que lido à primeira vez se torna confuso de pronunciar em voz alta) nasce Damir Doma. Estuda em Munique e em Berlim, gradua-se em 2004, e move-se para Antuérpia, onde trabalha com o grupo Ann Demeulemeester, Raf Simons e Dirk Schoenberger. Se o factor materno não decidiu o seu futuro, a partir daqui a sua carreira e sucesso não só estavam decididos como materializados. Primeira colecção, Paris, 2007. Renova-se uma paixão pelo Menswear e apresenta-se uma nova estética para o Homem. Mantém-se a masculinidade, sem a rigidez. Insere-se a fluidez e os drapeados e o homem torna-se mais livre na sua simplicidade. Em 2010, lança a linha Silent by Damir Doma. “É no silêncio que podemos limpar as nossas mentes e focar nos detalhes que de outra forma descuramos”. É assim que define


a linha, mais simples e despojada, principalmente trabalhada em malhar de algodão. Com um percurso de homem que começa com a colecção de Verão de 2006, e uma linha feminina que se inicia para o Inverno de 2010, Damir Doma insere-se na obscuração dos dois universos com uma luz bastante própria. A estética? Essa baseia-se sempre na proporção, numa dureza refinada entre materiais e cortes, e texturas, e num jogo de luz e sombra que acabou por cativar nomes como Robbert Pattinson ou Lenny Kravitz e publicações como a Vogue Paris, a Purple ou a 10Magazine. Se este não é um designer para focar, então quem será?

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Color me

por Catarina Oliveira

Se houve uma altura em que esta cor era considerada quente e demasiado sensual para algumas pessoas, hoje dá-lhe uma abordagem como fresca, leve e elegante. Nada melhor como o vermelho para dizer boas vindas à primavera. Se até a cor das frutas adopta a tonalidade, vale a pena investir em algumas peças e juntarmo-nos a esta tendência da natureza. Impossível decidir a nuance de vermelho que se destaca mais. Se pensarmos nas semanas da moda para a estação próxima, vemos o vermelho num tom mais alaranjado, ou numa vertente mais magenta. É a versatilidade que permite com que muitas peças vermelhas no armário nunca pareçam monótonas, pois são sempre diferentes. Para Elie Saab, o vermelho adopta uma conotação quase sanguínea. Escuro mas

sem deixar de ser vivo e forte. Arrisca usar o conjunto na cor total sem ser exagerado. Classe num look unicamente vermelho, ao mesmo tempo que sensual, torna-se arquitectural e extremamente belo. Vera Wang tem uma abordagem leve e alaranjada, um vestido que flui e nos atrai ao imaginar-mos a brisa primaveril e o sol que faz a cor brilhar ainda mais. As transparências do tecido tiram-lhe um possível peso e acabam com os estigmas do vermelho como cor envelhecida. Para colmatar, a RTRO tem algumas sugestões. Se o calor ainda não chegou, é de notar que os casacos vermelhos são confortáveis e uma boa opção para fugir ao tão fácil preto. Nem mesmo os dias finais do Inverno são boa desculpa para não usar a cor que literalmente faz parar o trânsito.


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EN Tendências Primavera/ Verão 2014 por Margarida Cunha

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Tendências Spring/Summer 2014

CAPÍTULO 1 - LONDRES - Um conto de fadas urbano

Se há um motivo pelo qual Setembro é um dos meses mais aguardados do ano é pelas Semanas da Moda, com a sua magia e promessa de criatividade e luxo para a próxima estação – funcionando simultaneamente como escape aos dias frios e escuros que se avizinham. Londres, sendo a capital do cool e um dos lugares mais multi-culturais do mundo, foi palco da London Fashion Week (LFW), organizada pelo British Fashion Council, entre 13 e 17 de Setembro. E as propostas não poderiam ter sido mais diversas. Acabadas de sair da era vitoriana, surgiram as bonecas vivas propostas por Meadham Kirchhoff, que apostou em modelos de cabelo cor-de-laranja, chapéus e casacos compridos sobre vestidos curtos, num mix improvável mas harmonioso que pareceu juntar os estilos vitoriano, colegial e campestre. Igualmente campestre mas mais romântico e primaveril foi o conceito proposto por John Rocha, que fez desfilar sobre a passerelle vestidos compridos semi-transparentes, adornados por flores e complementados por um chapéu. Já Burberry Prorsum optou por uma interpretação mais linear, apresentando sobretudo conjuntos lisos em tons pastel, nomeadamente, rosa e verde. Vivienne Westwood, numa apresentação mais artística para a Red Label, colocou a modelo Lily Cole a executar uma pequena performance em palco, seguindo-se o desfile – onde sobressaíram looks de tal modo variados que é difícil destacar um padrão ou nota dominante. De vestidos floridos a fatos de cetim, passando por t-shirts de intervenção ambiental, o resultado final foi algo trashy chic, pois os looks eram desfilados sobre os corpos parcialmente pintados de branco das modelos – como que zombies num cenário pós-apocalíptico ou numa obra rebuscada de Tim Burton. Mas se caos for a palavra de ordem, o verdadeiro vencedor foi Ashish. Vergando completamente as convenções e mergulhando-nos num desafio de desconstrução mental, o criador nascido em


Nova Deli criou um verdadeiro melting pot na passerelle. Combinou habilmente calças largas de ganga rasgada de lantejoulas com t-shirts da Coca Cola e coroas de viking – havendo ainda espaço para fatos divididos em dois tipos de padrão animal – como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Talvez o desfile mais Pop de todos, uma coisa é certa: foi dos mais criativos a pisar a London Fashion Week. Igualmente refrescante foi a colecção de House of Holland. A avaliar pela primeira fila, repleta de estrelas como Alexa Chung, Pixie Geldof, Kelly Osbourne ou Harry Styles, o entusiasmo era muito. E Henry Holland não desiludiu, tendo apostado em peças coloridas e abundantes em padrões, entre os quais quadrados, flores e riscas, resultando numa representação feminina elegante mas simultaneamente divertida. Mas se o assunto é diversão, o prémio vai para Ryan Lo, que fez desfilar autênticos animais na passerelle – como se, após o desfile, as modelos tivessem agendada uma festa de disfarces para crianças. Ou um piquenique. Assim, gabardinas foram descontraidamente combinadas com grandes óculos de sol e orelhas de pêlo. Ou casacos e camisolas de malha e croché divertidamente complementados por saias em chiffon. A paleta de cores era claramente simpática e adaptada à próxima estação, de onde se destacam o branco, o rosa e o verde. Junte-se um laço ao peito e assim termina com classe e descontracção o último dia da LFW. O futuro poderá ser desconhecido mas, a avaliar pelas propostas dos criadores para a próxima Primavera-Verão 2014, será certamente divertido.

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Tendências Spring/Summer 2014

CAPÍTULO 2 - MILÃO – Um paraíso colorido

Cor. Se uma palavra-chave pudesse definir a Milan Fashion Week (MFW) que decorreu entre 18 e 23 de Setembro, seria essa. Dsquared2 foi o primeiro grande nome a abrir a Semana da Moda de Milão e atestou isso mesmo. Com um bar numa praia paradisíaca como cenário, fez desfilar sobre a passerelle um conjunto de peças impregnadas de cores garridas, curtas e sensuais, dotadas de uma grande feminilidade – como, por exemplo, corpetes que realçavam o busto. Looks complementados por um batom cor-de-laranja que conferia um toque ainda mais exótico ao conjunto. No mesmo dia, Alberta Ferretti também apresentou as suas criações ao público, inspiradas, segundo a própria, pela luz do sol. Tal traduziu-se num conjunto de flores cor-de-laranja que ornamentam delicados vestidos compridos e folhados. Foi igualmente possível ver saias com riscas de várias cores, numa colecção que estava sem dúvida cheia de vida. Abordagem semelhante teve a casa Aquilano. Rimondi, revelando uma explosão de cor e artística, derivada das gravuras que pareciam estar replicadas em saias e camisolas compridas e cintadas. Se a colecção de Fendi tivesse o nome de um livro, seria certamente 50 Tons de Salmão. Isto porque o vermelho, o laranja e o salmão compuseram grande parte do esquema de cores escolhido pela casa italiana. A sobreposição de peças e os vestidos em organza divididos em diferentes camadas de tecido e cor davam a ideia de que alguém andava a tentar explorar (com sucesso) a sua veia artística. O legado da cor continua em Missoni, embora nas suas propostas assuma um carácter mais paisagístico. Assim, surgiram vestidos que descrevem um cenário em que gaivotas sobrevoam um céu branco, sobre um mar superficialmente verde e profundamente azul. Ou em que vales de montanhas se abrem de par em par. Além disso, a combinação de diferentes tipos de padrões riscados, típicos em Missoni e igualmente presentes nesta apresentação, conferia uma sensação de assimetria divertida e descontraída.


Mais conservadoras foram as propostas de Bottega Veneta, que optou por uma paleta de cinzentos e pretos, com vestidos e casacos em envelope largos e com volume mas de cintura marcada. Uma interpretação minimal partilhada por Marni, que arriscou pouco numa colecção em que predominam as peças compridas: vestidos e saias abaixo do joelho, em cores sóbrias, como o preto, o vermelho ou o branco. Igualmente femininas e ajustadas ao corpo foram as peças apresentadas por Emilio Pucci, embora com uma abordagem conceptual diferente. Os padrões foram reis, sobretudo os étnicos e exóticos, fruto da inspiração que o criador teve quando esteve em Marrocos. A feminilidade e a elegância continuam com Roberto Cavalli, de onde sobressaíram peças elegantes mas minimais, sobretudo em cinzento claro. Sandálias à gladiador, vestidos compridos em tons claros com efeito dégradé e, a peça protagonista, o casaco prateado de motoqueiro. Feminilidade essa partilhada pelas propostas de Gucci. Pela passerelle desfilaram vestidos compridos e transparentes, com acentuados decotes em V. A primazia cromática foi conferia aos tons escuros e sedutores, como cor de vinho e preto. A cidade é uma selva urbana e Prada captou-o muito bem na sua colecção. No que pareceu ser uma fusão harmoniosa dos conceitos de vegetação e Pop Art, a célebre marca apostou fortemente no verde escuro – assim como em peças como casacos de pêlo imbuídos de padrões característicos de Andy Warhol; vestidos texturados que parecem ter sido invadidos por um arco-íris de cores e incrustados com peças de bijuteria, como que o resultado de uma aula de trabalhos manuais. Preparados para uma viagem no tempo divertida e nostálgica? A casa Moschino completa 30 anos e celebrou em grande. Tendo aberto o desfile com Gloria Gaynor a cantar “I am what I am”, a marca italiana fez desfilar o que a Vogue britânica apelidou de “catálogo dos melhores êxitos revisitados”. A passerelle viu-se 16 – 17 | rtro


Tendências Spring/Summer 2014

assim invadida por propostas tão diferentes como uma túnica onde pode ler-se Holy Chic; um fato rosa de padrão de jornal; Gloria Gaynor num vestido polka dot vermelho enquanto segura o saco do pão fresco; saias hippie; laços vermelhos e orelhas de coelho na cabeça; uma freira com um grande laço branco na cabeça… Na verdade, houve uma natureza dualista presente em todo o desfile, com a criadora Rossella Jardini a apresentar as modelos duas a duas, num binómio que opunha uma good girl a uma bad girl. Foi sem dúvida uma das colecções mais teatrais, coloridas e divertidas, em que as modelos desfilaram com atitude e pareciam genuinamente estar a divertir-se. O penúltimo dia viu desfilar a nova colecção de Dolce & Gabbana. Como qualquer artista que parte dos desafios pessoais para dar corpo à sua produção artística, a dupla italiana ter-se-á inspirado no escândalo fiscal em que se viu recentemente envolvida para desenhar as suas propostas para a Primavera-Verão de 2014. Só isso poderá explicar as múltiplas moedas antigas que se viram espalhadas em vestidos e acessórios, num regresso às raízes greco-latinas. Se o dourado foi uma das apostas seguras da dupla, o vermelho também agarrou a atenção dos espectadores, sobretudo quando apareceu num vestido de verniz, marcado por um cinto onde se distinguia visivelmente o rosto de César. A encerrar a MFW, Giorgio Armani apresentou uma mulher clássica, com os seus conjuntos tweed de casaco e calção cinzento claro. O azul e o rosa em tons néon também marcaram presença em vestidos de manga comprida ou saias um pouco acima do joelho. Quer se opte por um registo mais brincalhão ou mais sóbrio, uma coisa é certa: com uma paleta de cores tão rica e diversificada, a próxima estação tem tudo para ser cheia de vida.


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Tendências Spring/Summer 2014

CAPÍTULO 3 - NOVA-IORQUE – Uma maçã introspectiva

Nova Iorque é a grande anfitriã de um dos períodos mais excitantes do ano: as Semanas da Moda. É na New York Fashion Week (NYFW) que começam a desfilar as primeiras propostas da próxima estação. Tendo decorrido de 5 a 12 de Setembro, o que nos terão reservado os grandes criadores? Herve Leger apresentou vestidos gráficos com ilusão de óptica, bem como casacos em pele conjugados com calções curtos. Os corpetes em cabedal foram uma constante, conferindo um toque de rigor mas simultaneamente de elegância. Num dos desfiles mais esperados, Victoria Beckham fez desfilar a sua colecção mais descontraída. Embora mantendo a sobriedade nos cortes e nos tecidos, ousou um pouco mais nas cores, tendo incluído o fúcsia na sua paleta. Conjugado com o branco, traduziu-se em peças simultaneamente elegantes e desportivas. Delpozo levou-nos até ao seu jardim, onde nos mostrou vestidos de vários cortes e comprimentos decorados alegremente com diversos tipos de flores: das rosas aos girassóis, as peças conseguiram imergir-nos completamente no espírito da Primavera. Numa colecção que conferiu mais primazia à texturas, o mais jovem vencedor do “Project Runway”, Christian Siriano, apostou fortemente nos folhos e nas plumas. Com flores em relevo a descerem alegremente pelos braços a pernas dos vestidos de organza, o norte-americano criou um conceito multi-sensorial que tanto agrada à vista como ao toque. Flores que, em vermelho, pautaram igualmente as criações de Naeem Khan, que fez desfilar vestidos de diversos cortes, comprimentos e padrões – como riscas e flores brancas. Compridos e com elegantes decotes em V ou apenas com o ombro destapado, Khan encontrou o equilíbrio entre o conforto e o glamour primaveril. Já Reem Acra apostou fortemente numa componente gráfica, fazendo regressar o tradicional padrão pied de poule, que surgiu em laranja e em preto e


branco. Os vestidos propostos eram sensuais e glamorosos, pelo joelho ou compridos, nunca curtos. Numa abordagem completamente diferente, Rodarte inspirou-se na cultura de rua para criar um look desportivo, com bonés para trás, calções curtos e os padrões leopardo e zebra a aparecer em coletes, casacos ou bordas. Para complementar os looks, não faltaram os cintos pretos em pele, decorados com tachas, e correntes ao pescoço. Igualmente divertido e sexy foi o conceito escolhido por Betsey Johnson, que fez desfilar as modelos com perucas cor-de-rosa – o que nos lembrou imediatamente de Nicki Minaj. Naquela que foi porventura a colecção mais Pop da NYFW, Johnson fez com que a pureza do branco contrastasse com a ousadia de peças como tutus, corpetes e vestidos curtos. Não faltaram também vestidos curtos floridos com folhos às camadas e chapéu a condizer. Mas sem dúvida que conjuntos em branco total foram os protagonistas. Seguidos do padrão leopardo, que apareceu em casacos e acessórios como luvas, cintos e malas. Se ainda acreditam em contos de fadas, a colecção de Anna Sui é para vocês. Criando como que uma heroína hippie ou uma bondosa fada, as modelos da criadora pareciam ter saído de uma obra fantástica, com materiais delicados como o cetim, o veludo e a organza a produzir vestidos decorados por borboletas ou padrões étnicos. Igualmente escapistas mas mais românticas e glamorosas surgiram as criações de Oscar de la Renta, que apostou em vestidos de gala de diversas cores e padrões, por vezes com saias em sino que conferiam a ideia de volume e movimento. Desde um vestido curto completamente florido em camadas a um elegante vestido comprido em creme que se abre no peito, é bem provável que uma ou várias destas peças apareçam brevemente nas passadeiras vermelhas. Jeremy Scott foi o criador mais divertido e colorido de todos. Desde um vestido completamente decorado com as barras coloridas da televisão, 20 – 21 | rtro


Tendências Spring/Summer 2014

passando por outro, curto, em cabedal preto e justo ao corpo, com fechos (que nos lembra a Catwoman); até a uma camisa preta salpicada por formas que nos lembram o jogo Pacman e a uma saia verde garrida que parece ter sido arrancada a um crocodilo (as escamas estão lá!), Scott deve ter-se divertido imenso ao ir buscar as influências mais coloridas e visualmente apelativas da cultura Pop. Ralph Lauren entrou em cena para nos provar que o look colegial pode ser simultaneamente sóbrio e geek. Com meias pretas até ao joelho e conjuntos de calções e camisolas em que o branco e o preto se uniam em diversas formas e feitios, Lauren conseguiu criar uma multiplicidade de looks a partir do esquema de cores (ou não-cores) mais básico. Numa espécie de intelectual chic, o criador apresentou ainda looks masculinos de cortes bem vincados e gravata ao peito – sempre jogando com o preto e o branco. O branco foi igualmente uma das apostas fortes de Calvin Klein, que apresentou aquela que foi provavelmente a colecção mais elementar e minimal da NYFW. Dedicando-se às cores básicas como o cinzento, o já referido branco ou o preto, predominaram peças com poucas costuras e cortes simples, como vestidos e saias pelo joelho. A fechar a Semana da Moda de Nova Iorque, Marc Jacobs encerrou a passerelle de forma algo soturna. Optando por uma paleta característica dos meses frios, conferiu protagonismo a tons escuros, como o verde musgo e a cor de vinho. Os padrões foram uma constante, sobretudo as folhas. As golas altas e os braços cobertos por chiffon conferiam leveza ao resto dos vestidos coloridos mas escuros. No entanto, uma das peças mais proeminentes foram os casacos à matador, que surgiram em vermelho, verde e azul, em modelos loiras platinadas, de cabelos curtos. Embora promissora, a NYFW foi pautada por alguma contenção criativa – quem sabe resultante da contenção financeira dos tempos actuais. Ousadia e diversão foram estados de espírito genericamente ausentes, tendo-se optado muitas vezes pela sobriedade e pela elegância contida.


Talvez seja apenas um reflexo da mentalidade americana da pós-modernidade, mais reservada e defensiva. Ou talvez os criadores se tenham fartado das interpretações muitas vezes previsivelmente coloridas e floridas da estação. De qualquer forma, algo ficou claro: nem só de flores e sol vive a Primavera-Verão.

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Tendências Spring/Summer 2014

CAPÍTULO 4 - PARIS – Uma mulher pós-moderna

A eterna cidade-luz, sinónimo de elegância e vanguardismo, viu desfilar sobre o seu chão diferentes interpretações da estação quente de 2014. Se uns optaram pelas cores e padrões que conferiam vida própria às criações, outros houve que preferiram manter a sobriedade – e até mergulhar no negro total O padrão pied de poule voltou definitivamente à terra natal. Que o diga Balmain, que apostou em vários conjuntos protagonizados por esse padrão. Abundaram também os conjuntos de camisola e saia pretos e brancos, bem como azuis. Numa época de conquistas femininas, Rochas optou por realçar o lado frágil e delicado da mulher – em criações em tons pastel e nude que eram tão subtis e discretas, que pareciam pedir desculpa pela sua mera presença. Uma abordagem diferente da de Christian Dior, que, no segundo dia de desfiles, propôs uma paleta de cores muito diversificada, predominando cores intensas e veraneias como o azul, o rosa, o laranja ou o amarelo. Interpretação em que não faltaram também os eternos ícones da estação: as flores. As sempre elegantes propostas de Lanvin foram todas pinceladas a metalizado, reflectindo-se numa colecção chique, urbana e simultaneamente retro. Assim, um simples vestido de ombro descaído amarelo torna-se numa rica ornamentação dourada para o corpo. E porque, segundo a Vogue, Jean Paul Gaultier se viu privado de assistir ao seu programa predilecto, Dancing with the Stars, devido à estreia da sua colecção, o estilista resolveu recriar a sua própria versão do formato. O resultado foram looks leves e vibrantes, amigos da liberdade de movimentos. Para que possamos dançar ao som do quotidiano. Já Céline abusou dos gráficos e padrões coloridos – uma abordagem reforçada pelas sobrancelhas das modelos – integralmente pintadas a preto. Interpretação que contrastou com a visão de Givenchy, que também recorreu à variedade nas


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Tendências Spring/Summer 2014

cores, mas de forma misteriosa e sóbria. Looks que fizeram os rostos das modelos brilhar. Literalmente, graças às purpurinas que foram usadas, como se de base de maquilhagem se tratasse. Finalmente (e para regozijo de quem estava farto dos eternos conjuntos sóbrios, seguros mas aborrecidos de colecções passadas), Lagerfeld deu à marca a frescura e jovialidade de que carecia há anos. Alguém se recorda de uma colecção tão divertida e despretensiosa? Finalmente, Chanel significa exuberância, risco e, pasmem-se, ousadia. A paleta de cores é uma autêntica ode ao Verão, com cores sólidas como rosa, azul ou branco a dominarem conjuntos sóbrios no corte e nas texturas. De certa forma, arte e, simultaneamente, uma aura brincalhona pairaram sobre toda a colecção – uma reinterpretação mais do que necessária para uma marca tão fortemente alicerçada em valores como a sobriedade e a tradição. Saint Laurent, pela mão de Hedi Slimane, mostrou também uma das melhores colecções, com padrões coloridos a revestir conjuntos curtos e atrevidos, para a mulher decidida e urbana que sabe exactamente o que quer. Já Valentino propõe um regresso às origens, com os seus fantásticos padrões étnicos e tribais. Por fim, e para coroar 16 anos à frente da Louis Vuitton, Marc Jacobs despediu-se com uma colecção aparentemente soturna e mergulhada em negro. Predominaram os conjuntos à base de calças de ganga e camisolas pretas, numa espécie de contraste entre o clássico e o efémero, o tradicional e o moderno e, quem sabe, o passado e o futuro. O que fica é o retrato de uma Paris cheia de vida e cor, que abraça a diversidade e as interpretações pós-modernas das vicissitudes do ser mulher hoje.


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yellow riding hood Fotografia: Ricardo Costa (ricardocosta.org)

Modelo: Bruna Xavier Makeup & Hairstyle: makeuphooked.pt Assistente: Nuno Marques

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Yellow Riding Hood


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Yellow Riding Hood


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Yellow Riding Hood


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Yellow Riding Hood


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Yellow Riding Hood


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street style Ana Rodrigues


Sarah Pinto Casaco Pull&Bear Bolsa Parfois Botas Eureka

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it girl

Meet another Czarina por Pedro Resende


É este o nome dado a um grupo selecto de russas que se destaca neste momento por diversos motivos, um deles sendo a sua influência e paixão primordial pelo mundo da moda. Da edição passada, Miroslava Duma, à qual se juntam Vika Gazinskaya, Elena Perminova e a It Girl deste mês, Ulyanna Sergeenko. Ela que estudou Filologia em São Petersturbo, definida pelo dicionário Priberam da língua portuguesa como o “estudo científico de uma língua”, parece perceber melhor a linguagem da moda do que qualquer outra, e isso prova-se na sua reinvenção em múltiplas actividades do sector, desde modelo a fotógrafa, blogger ou stylist, passando agora a uma carreira bem-sucedida como designer. Começando do princípio, a vida desta Czarina parece um verdadeiro conto de fadas (e isto inclui as roupas que usa quotidianamente). Originalmente de Ust-Kamenogorsk, no Cazaquistão (os nomes mais exóticos também são uma característica na sua vida), Ulyanna nasceu em 1979, mas não até à adolescência que se começou a destacar pela sua paixão por objectos e roupas de valor acrescentado. Falando em valor acrescentado, conheceu o seu marido, um dos maiores milionários russos, na fila para o dentista, e foi este que acabou por patrocinar a sua ingressão pelo mundo do design, quando lançou a sua marca homónima.

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It girl

A sua linha de Alta Costura foi lançada em 2011 na semana de Alta Costura parisiense, uma atitude tomada como pretensiosa por muitos mas que acabou por se revelar um enorme sucesso dentro do público que já se tinha habituado a um look russo com inspirações vintage da russa de olhos claros e cabelos loiros (obviamente). A justificação para a Alta Costura? O público russo… e é também dessa Rússia enclausurada que vem a paixão destas novas mulheres pela moda e pela novidade que esta traz. Isso, e as possibilidades financeiras que nenhuma delas tem vergonha de ostentar. Sucesso deste o início, as suas peças que sobem aos 28 mil euros demoram semanas ou meses a produzir por uma equipa composta por um total de quarenta costureiras. Demasiado? Claro que não…afinal é de Alta Costura que estamos a falar. E de Ulyanna Sergeenko, a mulher de Danil Khachaturov que dispensa o nome do marido para ser apresentada ao mundo da moda. Afinal, uma It Girl faz-se de si mesma, e não dos que a acompanham, e por muito que por trás de um grande homem esteja sempre uma grande mulher, o contrário também se verifica. Czarina, membro de uma nova máfia russa, Ulyanna Sergeenko promete continuar a apresentar peças únicas em passerelle e looks únicos fora delas, e é isso que atrás como It Girl deste mês, numa primavera futura que combina tão bem com os padrões florais que são uma das suas características.


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it boy!

The King of Promise por Margarida Cunha

Decorreram já 16 anos desde que o nome Jared Leto começou a soar-me familiar. O filme “Mitos Urbanos” tornou-o presença habitual nas publicações de adolescentes, em que fazia suspirar os corações das meninas. Decorria o ano de 1998, época em que os slashers (filmes de terror que se centram num assassino em série) eram ainda uma moda lucrativa. Contudo, esse estatuto de sex-symbol chegou bem depois da sua grande estreia na TV, em My So-Called Life (Que Vida Esta!, em Portugal), em 1994. Depois disso, a sua carreira cinematográfica foi ganhando projecção, tendo participado em filmes de culto como Fight Club, Girl, Interrupted, American Psycho ou Requiem for a Dream – naquele que era, até há bem pouco tempo, o papel mais marcante da sua carreira. Entretanto, o apelo da música levou-o a liderar a conceituada banda de rock alternativo 30 Seconds to Mars, que conta já com 4 álbuns de estúdio em 11 anos: 30 Seconds to Mars (2002), A Beautiful Lie (2005), This Is War (2009) e Love, Lust, Faith and Dreams (2013). Em 2013, e coroando uma carreira versátil, em que se contam as actividades de actor, cantor, compositor, activista e filantropo, chega Dallas Buyers Club. A personagem Rayon, um transsexual viciado em drogas que contrai o vírus da SIDA, traduziu-se em 13kg perdidos e na depilação total do corpo – incluindo sobrancelhas. Um esforço que lhe valeu mais de 30 prémios da representação, entre os quais os ambicionados Globo de Ouro e Óscar para Melhor Actor Secundário – os prémios de Melhor Actor ficaram reservados para o seu colega de filme, Matthew McConaughey. Pouco dado a polémicas cor-de-rosa, Leto contestou há bem pouco tempo a veracidade das quedas de Jennifer Lawrence nas cerimónias dos Óscares. Aproveitou igualmente o seu discurso no evento para homenagear os manifestantes venezuelanos e ucranianos. Recentemente esteve, inclusive, na Ucrânia, com a sua banda, onde galvanizou os esforços do povo na sua luta pela liberdade e recusou veementemente cancelar os espectáculos agendados naquele país. Se, como chegou a afirmar, o famoso single “Kings and Queens” explora o sentimento triunfante das possibilidades humanas, não há dúvida de que é a banda sonora adequada para coroar a sua carreira. 46 – 47 | rtro


It boy!


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Esther Waters Fotografia: Catarina Oliveira Modelo: Esther Waters


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Oscars 2014 the red carpet por Catarina Oliveira


Meses e meses de expectativa, tentando ver todos os filmes nomeados. Prevendo vencedores, fazendo apostas. C hega aquele esperado domingo em que parece fácil ficar acordado, e depois, fim. Feito. Óscares visto, já só pensamos no próximo ano. Além dos filmes, obras importantes, talento de actores e de profissionais do cinema, o que fica na memória? A passadeira vermelha. Os vestidos, aqueles que adoramos e os que detestamos. E, admitamos, para muitos, é a única razão pela qual assistem à cerimónia.

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Oscares 2014 red carpet

1) Amy Adams, Gucci. Não é totalmente fácil conseguir vencer num vestido justo ao corpo, com linhas quase inexistentes, a não ser por um decote geométrico. Amy Adams faz com que o vestido pareça uma peça confortável, como se meramente o tivesse posto sem pensar duas vezes. Mas esta simplicidade é conseguida com uma mistura de elegância, acessórios q.b. e atitude. A cor ajuda pela sobriedade, sem ser demasiado discreta que tire dinamismo a este vestido tão intemporal.

2) Emma Watson, Vera Wang. Mais um effortless que acaba por nos apanhar de surpresa ao ser considerado demasiado básico de início, e se tornando melhor e melhor ao olhar. As tonalidades negras brilhantes e a maneira como a cintura abraça a actriz traduz-se num look vencedor.

3) Margot Robbie, Saint Laurent: Com um visual totalmente novo, depois de nos habituar ao loiro, a actriz aparece agora num vestido preto que nunca deixa de ser elegante. Se não parece algo de outro mundo, basta virar-se de costas para que o pormenor do laço retire todas as duvidas. Mais um exemplo de luxo disfarçado de simplicidade. Vemos agora que passadeira vermelha já não apela a vestidos de princesa.


1) Elsa Pataki, Elie Saab. Se Elsa irradia beleza com um ar saudável, o vestido retiralhe o brilho da gravidez (e brilhantes não faltam na peça), ao tornar a barriga demasiado evidente. O efeito final acaba por ser de um adereço prostético, invés de uma leveza maternal.

3) Jennifer Garner, Oscar de La Renta. Estilo anos 20 sempre foi apelativo, as franjas e o corte de decote marcam uma época em que a moda fez história. No entanto, a abordagem de Garner torna-se demasiado literal, no que se parece mais com uma fantasia do que um vestido de gala.

3) Angelina Jolie, Elie Saab. Mais um vestido belíssimo que acaba por perder o seu fulgor ao ter um ar demasiado solto na actriz, não lhe favorecendo o torso. O aspecto final é envelhecido, embora a maquilhagem e cabelo consigam dar a volta e mostrar jovialidade em Angelina.

64 – 65 | rtro


Smells like…

DKNY WOMEN by DKNY por Margarida Cunha

Nova Iorque é uma cidade que inspira fascínio. Ícone do sonho americano e da sua promessa de infinitas possibilidades, foi protagonista de séries e filmes. Tornou-se igualmente no conceito de um dos perfumes mais populares de sempre: DKNY Women. O seu aroma floral foi conseguido, entre outros, à base de laranja, tulipa, orquídea, folha de tomate e até, imagine-se, vodka! O resultado desta combinação improvável é aquele que se conhece: um perfume muito fresco, revigorante e duradouro. É uma daquelas fragrâncias realmente energéticas, que parecem dar-nos uma outra disposição: mais leve, mais urbana, mais descontraída. Disponível nos seguintes formatos: Eau de Parfum (30ml, 50ml e 100ml) e Eau de Toilette (30ml, 50ml e 100ml).


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ROMANCE E MISTÉRIO:

E se dois desconhecidos partilhassem o mesmo núm3ro de tlm? por Ana Cristina Silva

Título: A Tenho o teu número Título original: I’ve got your number Autora: Sophie Kinsella Tradutor: Maria João Vieira Editora: Quinta Essência Edição: Janeiro de 2014 Páginas: 420 Género: Romance

O último romance de Sophie Kinsella chegou a Portugal no início de 2014 e trata-se, como não podia deixar de ser, de um verdadeiro conto de fadas moderno, na senda de “Louca por compras” da mesma autora. “Tenho o teu número” é narrado na primeira pessoa por Poppy Wyatt, uma jovem de casamento marcado com Magnus, o partido ideal. Porém, e justamente no dia em que vai conhecer os futuros sogros, perde o anel de noivado – um anel que está na família de Magnus há três gerações. Desesperada para o recuperar, Poppy vasculha cada canto do hotel onde desapareceu, e deixa o seu número a todos os funcionários, mas, e para a maré de azar ser mesmo grande, é assaltada e roubam-lhe o telemó-

vel. Desesperada, volta ao hotel, encontra abandonado um telemóvel praticamente novo: a solução perfeita, certo? Bem, o “único” problema é que o dono o quer de volta: Sam Roxton, um empresário que liga à procura da sua assistente. Poppy recusa-se a devolver o telemóvel mas explica a situação e promete reencaminhar-lhe todas as mensagens que receber. A questão é que ela não consegue “apenas” enviar as mensagens e começa a ler os e-mails de Sam. É aqui que a história começa realmente a acontecer: Poppy não resiste e responde todos os e-mails que recebe (ao contrário de Sam), sempre com uma palavra amiga, enquanto Sam é curto e direto. Eles passam, então, a conhecer-se


através da troca de sms e e-mails. Imaginem o que deve ser partilhar uma caixa de entrada com outra pessoa! A interação entre eles aprofunda-se e acabam por interferir um na vida do outro mesmo sem nunca se terem conhecido pessoalmente. A troca de mensagens é, pois, o ponto forte do livro. E elas aparecem ao longo da obra em alternância com a narração; tal pode parecer estranho ou distrair-nos da verdadeira história mas, neste caso, acaba por ser à volta delas que toda a obra se constrói. Outra particularidade deste livro são as notas de rodapé. Não me consegui habituar a elas, não nego que algumas eram verdadeiramente hilariantes mas não valiam o “trabalho” que deram (isto porque li o livro em formato e-book, o que me obrigava sempre a saltar até ao fim do capítulo para as poder ler). Tratando-se de uma história de Sophie Kinsella, ficamos a conhecer o seu enredo a partir do momento em que lemos a sinopse. Sim, é uma história clichê, mas em “Tenho o teu número” essa previsibilidade é compensada com uma escrita fluida e uma atenta construção dos personagens. Não conseguimos, por exemplo, deixar de nos identificar com Poppy, com a sua grande dependência do telefone e a sua propensão para o desastre. Quanto aos outros personagens, Magnus é o suposto homem perfeito – um pouco perfeito demais –, os seus pais são bastante pomposos o que dá origem a alguns momentos bem engraçados; já Sam é um homem de negócios profissional, focado e ambicioso e, ao mesmo tempo, um homem direto mas reservado. Eles são suficientemente dinâmicos: nenhum perso-

nagem é totalmente perfeito, o que torna as suas ações e reações bastante credíveis. O que encontramos no final é um livro onde os personagens Poppy, Sam e Magnus não são os mesmos que iniciaram a narrativa. Resumindo: parágrafos que nos fazem rir às gargalhadas, um romance que nos aquece o coração, uma protagonista com que rapidamente nos identificamos, um herói que nos conquista pouco a pouco e, como se isso não bastasse, ainda somos seduzidos por uma pitada de intriga. É uma leitura perfeita para quem anseia esquecer a rotina do dia-a-dia, “Tenho o teu número” é uma comédia romântica no seu melhor. Ele não se sentou, propriamente, frente a frente e teve uma conversa honesta com ela. Tenho a certeza. Provavelmente, apenas lhe mandou uma mensagem do género «Acabou. Sam.». Sophie Kinsella in “Tenho o teu número”

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Ler. Ver. Ouvir. por Margarida Cunha

Ler The Body Book Autor: Cameron Diaz Editora: Harper Collins Ano: 2013 Género: Auto-ajuda Apesar de se manter activa na sua carreira de actriz, desde A Professora Baldas (2011) Cameron Diaz tem adoptado uma postura low profile. Não se admirem, contudo, se se depararem, numa livraria, com um cartaz a anunciar uma sessão de autógrafos por parte da ex-Anjo de Charlie. É que Cameron Diaz lançou recentemente o livro The Body Book: The Law of Hunger, the Science of Strength, and Other Ways to Love Your Amazing Body, uma obra confessional escrita na primeira pessoa, onde partilha experiências e dados científicos acerca daquela que é a nossa maior dádiva: o nosso corpo. A escrita de Diaz é extremamente acessível e despretensiosa. Mas, atenção: se estiverem em busca de uma nova dieta, ficarão desiludidos. É a própria quem o afirma. Afinal, este é um livro cujo pilar assenta na auto-aceitação, independentemente da forma como decidem vestir-se ou tratar dos pêlos púbicos – nada fica por explorar. The Body Book tem tido boa aceitação por parte da crítica e é um óptimo cartão de visita para quem quer desmistificar a imagem de Cameron Diaz da típica loira sonsa e milionária de Hollywood. Ainda não está disponível na versão traduzida para português, mas que isso não vos impeça de agarrarem esta leitura descontraída e informativa.


Ver

Ouvir

Grand Budapest Hotel

G.I.R.L.

Realização: Wes Anderson

Autor: Pharrell Williams

Elenco: Ralph Fiennes, Jude Law, Edward Norton,

Editora: Columbia Records

Ano: 2014

Ano: 2014

Género: Drama, Comédia

Género: Disco, Pop, R&B

O que acontece quando um icónico concierge (o fantástico Ralph Fiennes), do celebérrimo hotel que dá nome ao filme, trava amizade com uma jovem empregada durante o período que medeia entre as duas Grandes Guerras? E referi que há um roubo de um famoso quadro renascentista pelo meio?

Depois de várias colaborações populares em 2013 (Get Lucky, Blurred Lines ou Loose Yourself to Dance) e de vários anos a produzir para outros artistas, Pharrell Williams brinda-nos finalmente com um novo álbum.

Wes Anderson assina um argumento que funde na perfeição drama e comédia, recheado de um elenco de luxo; de uma só vez, poderemos matar saudades (além do referido Ralph Fiennes) de: Jude Law, Bill Murray, Edward Norton, Willem Dafoe, Tilda Swinton, Harvey Keitel ou Adrien Brody. Um dos filmes mais esperados dos últimos anos – e com uma excelente direcção artística - Grand Budapest Hotel conseguiu amealhar 200 000 dólares quando se encontrava em exibição em apenas quatro salas, em Los Angeles e Nova Iorque. Uma obra-prima que não deverão deixar passar ao lado.

G.I.R.L. é o produto final que foi temporariamente disponibilizado para stream. E que produto! A energia charmosa de Williams é contagiante, com uma onda Disco, Pop e R&B a percorrer todo o trabalho. Tal traduz-se em 50 minutos de pura magia, sem quebras. Se a omnipresente Happy não foi um pretexto suficiente para vos cativar a ouvir ~~~~~~~~~~~~~~~~, saibam que o ex-Neptunes se rodeou das estrelas Miley Cyrus, Daft Punk, Justin Timberlake e Alicia Keys para rechear o seu novo trabalho. Carreguem no Play e sintam as boas vibrações a invadir-vos!

Estreia a 10 de Abril.

70 – 71 | rtro


Wishlist por Ana Rodrigues

1

1

2

Stella McCartney, N/A€

Zara, aprox. 56€

6

7

Zara, aprox. 20€

Stella McCartney, 504€

v

7

Chic

5

3


3

4

5

Dior, 212€

Parfois, aprox. 4€

Topshop, 125€

8 Zara, 56€

vs 8

4

2

Cheap!

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