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Sempre imbuída de um espírito independente, a RTRO dedica esta edição aos festivais, ao Verão e à liberdade em geral. Não deixa de ser gratificante olhar para a paisagem cultural portuguesa e depararmo-nos com um número crescente de festivais, e eventos em geral, que colocam a tónica na música. Muita, boa e diversificada. É a altura perfeita para quebrar com o velho ritmo fatídico do quotidiano e toda a música (ruído?) com que a rádio e a televisão nos bombardeiam. É a altura perfeita para acabar com essa dose diária de mainstream que nos é dada à colher, sem que possamos impor-nos no processo. É, enfim, a altura perfeita para largar os smartphones e os tablets e todas as extensões tecnológicas que nos prendam ao estudo/trabalho. Ou, pelo menos, dar-lhes um uso diferente que não seja a captação de fotos de cappuccinos no Instagram. Contagiados pela possibilidade da libertação da rotina, nesta RTRO escolhemos 10 festivais de eleição dos portugueses e revelamos as suas principais atracções. Nessa linha, preparámos ainda uma artigo de Moda e Maquilhagem inspirada em e para acompanhar esses eventos. Felizmente tivemos ainda o prazer de conversar com vozes de quadrantes diferentes da cultura. O diálogo com o designer João Pedro Filipe conta-nos a origem do seu trabalho, as suas metas e o seu processo criativo. Já a conversa com as autoras do projecto Maçã de Adão remete-nos para um universo fantasioso e quase infantil. Um reminder que deveríamos ter constantemente de que por cá se fazem coisas muito boas e de que é preciso estimular a permanência das mentes frutíferas em solo lusitano. Por fim, pudemos trocar impressões com os muito acessíveis e simpáticos protagonistas da banda indie francesa Duellum. Um diálogo muito fluído que se materializou não só numa entrevista, como em material promocional da banda que temos para oferecer. Vejam como mais à frente. Nunca descurando as nossas rubricas habituais, a RTRO convidavos a insurgirem-se contra o ruído e a entregarem-se à música. Boa leitura e bons festivais!

magazine

Editorial

Margarida Cunha Editora


rtro staff

Editora Margarida Cunha

Redactores Adriana Couto Ana Dias Ana Rodrigues Catarina Oliveira Cátia Marques Joana Fernandes Joana Vilaça José Pinheiro Liliana Ferreira Margarida Cunha Mónica Dias Patricia Silvério Pedro Resende Sílvia Cardoso

Fotografia Catarina Oliveira

Paginação Manuel Costa Ana Dias

Modelo Capa Ana Oliveira

www.rtromagazine.com

A rtro está sempre à procura de modelos, fotógrafos, stylists, maquilhadores, designers, que queiram colaborar, expor os seus trabalhos, se achas que tens o que é preciso contacta-nos para o nosso email.

geral@rtromagazine.com


Índice

6

12

Focus on Designer Alexandre Herchovitch

Color me Neon

52

56

58

it girl Jagger Sisters

smells like Nina Fantasy

Maça de Adão

16 Blogger Chat Pedro Resende

64 House Vintage


20 Hello Summer

68 just DIY

30 Met Gala

72 Entrevista Duellum

34

48

Rtro Session

It boy! Irm達os Cabral

82

90

Jovens Talentos

Ver. Ouvir. Ir...

Jo達o Pedro Filipe

94 Wishlist Chic vs Cheap!


Focus on Designers

Alexandre Herchcovitch

por Pedro Resende


6–7|

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Brasilian Obsession!


Focus on Desingers


8–9|

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P

ensar numa carreira que começa com polémica pode parecer uma de duas coisas. Estranho, ou um caminho certo para um futuro de sucesso. No caso de Alexandre Herchcovitch, o segundo aplica-se com muito mais facilidade. Começou ainda criança, opinando nas roupas que a mãe usava quando se preparava para sair com o pai, e aos 16 anos produziu o seu primeiro vestido, revelando já um forte sentido de criação e confeção. Mas foi no seu desfile de final de curso que se revelou no seu esplendor. Fascinado pelo underground e obcecado por caveiras e elementos ocultos, fascinou também o mundo ao apresentar uma coleção que contava com cruzes invertidas e bonecos a largar sangue das mãos dos manequins como elementos principais, e depressa se soube que não pararia por aí. Apesar de ainda não ter concluído a sua formação superior, isso não o impediu de conquistar o mundo, tendo já apresentado em Paris e Londres e sendo hoje presença regular nas semanas de moda de Nova Iorque e São Paulo. Mudou o seu estilo pessoal ao longo dos anos, num processo de criação que passou do oculto para a sofisticação da mulher moderna mas que vai contando com os seus retornos às origens. Em paralelo, desenvolveu já coleções de calçado com a Democrata e joias com a Dyzum, ocupando neste momento o cargo de diretor criativo da Rosa Cha, depois da saída do seu fundador, Amir Slama. Como se não bastasse, entrou em áreas tão diversas como a criação de bandas adesivas ou o desenvolvimento de mobiliário, objetos de decoração e acessórios de cama, que contribuíram não só para a sua versatilidade enquanto criador mas para o sucesso do nome Alexandre Herchcovitch enquanto marca de moda. Intenso, eclético, é conhecido por uma sensibilidade camaleónica que o faz criar para todos os públicos que se propõe atingir, e por uma inexplicável ânsia do mesmo público pelo desfile seguinte. Afinal, nunca se sabe como um camaleão vai disfarçar o seu espírito criativo numa indústria de moda cada vez mais competitiva. E o que é facto é que, tratando-se de Herchovitch, o disfarce não é intenção!


Focus on Desingers


10 – 11 |

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Color me

por Catarina Oliveira qatch.wordpress.com


12 – 13 |

C

hoque. Luz. Vida. O néon está em alta. E nesta edição falaremos do tom amarelo. Aquela

cor, já por si tão difícil de combinar, mas que em néon prova ser a nova tendência para a próxima estação.

O amarelo apela ao calor. O sol, as flores, os gelados de gelo de limão. Mas o amarelo escolhido para marcar presença na estação quente é de um tom mais fluorescente, é néon. Pode parecer demasiado chocante para uns mas ninguém lhe pode ficar indiferente. Para o Verão, o amarelo néon demonstra positivismo. Nada melhor que usar uma cor forte para criar um estado de espírito mais alegre. Cushnie et Ots e Nanette Lepore apresentam-nos o néon total para usar nesta estação. Um vestido deste tom de amarelo basta para ser um showstopper em qualquer ocasião. No entanto, não é necessário ir tão longe. Para os arrojados, a ideia de Kylie Minogue de combinar umas calças amarelo néon com lilás (no cachecol) e cor de rosa (nos sapatos) é casual e ao mesmo tempo apelativa. Ideal para o dia-a-dia no Verão, sem precisar de grandes acessórios.

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Color Me

Para os mais tímidos que queiram experimentar esta tendência, o mais aconselhado será usarem um pormenor néon nos acessórios. As opções são muito variadas: nos sapatos, clutches, anéis, cintos que se inserem em visuais mais neutros, ou até no verniz das unhas ou lingerie, para um toque ainda mais subtil. Oscar de la Renta sugere uma opção muito interessante para combinar com o amarelo néon: branco. Neón com branco parece combinação made in heaven. A Zara apresenta também esta proposta a um orçamento mais acessível. O branco corta o choque do amarelo e dá-lhe um ar quase suave. Como se as duas cores se contrabalançassem. Isto atribui ao amarelo néon uma característica muito diferente da ideia geral. Não é só chocante, passa a ser também elegante. Em look total, numa peça de roupa, ou em acessórios, o néon é tendência obrigatória nos armários para a próxima estação. Não passará despercebido e, por mais incrível que pareça, tornará qualquer look em algo extremamente actual. c


14 – 15 |

Threadsence.com

HM

Louboutin

néon

American Apparel

Topshop

Antes 1 Cushnie et Ochs Primavera/Verão 2012 Aqui 2 Kylie Minogue 3 Nanette Lepore Primavera/Verão 2012 4 Oscar de la Renta Primavera/Verão 2012

Mango Touch

5 Zara

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Blogger Chat

por Liliana Ferreira www.chicreaction.com


16 – 17 |

N

esta edição estivemos à conversa com o Pedro Resende do Fashion Tailor (http://www.fashiontailor.com.pt/), que revelou quem é a pessoa por detrás de um blog cujos artigos nos colocam imediatamente a par do mundo da moda. É sobretudo alguém “não muito diferente do Pedro do blog”, como ele próprio se define, com sonhos, com esperança e confiança no futuro, que não baixa os braços e pretende sempre ser melhor e aprender mais, em tudo que o rodeia. Tem formação académica mas é o próprio que diz que pode aprender mais no dia-a-dia que num auditório ou sala de aula. É acima de tudo alguém com uma paixão pela moda e que está neste meio porque adora. Mas fiquemos com as próprias palavras do Pedro num auto-retrato de alguém que vive um dia de cada vez. Carpe diem!

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Blogger Chat

Rtro: Como é o Pedro que está por detrás do blog? Pedro: Não é muito diferente do Pedro que está no blog. É uma pessoa que consegue estar um dia inteiro quase ligado à tomada e de repente cai no sofá a fica ali, aninhado. Sou muito de impulsos e de não estar quieto, mas por vezes sabe-me bem estar comigo, sem pensar, só em morte cerebral com a televisão ou a minha música. É um Pedro extrovertido, simpático, perfeccionista, mas também muito teimoso, chato por vezes. De resto, sou como todos, penso eu. Tenho dias! Rtro: O que te levou a enveredar por este mundo da moda? Pedro: Paixão. Confesso que no início achava que era mais um capricho do que outra coisa, uma vontade de fazer algo diferente e inesperado, embora já gostasse da área. Hoje, não me imagino a fazer mais nada. Ganhei conhecimentos e o gosto aumentou e transformou-se em algo que me impulsiona todos os dias a acordar e ver o que há de novo. A moda move-me, sem dúvida! Rtro: Tens formação académica na área da moda. No entanto descreves que esta deve ser sempre complementada com aquilo que é partilhado. Queres falar um pouco mais sobre isto? Pedro: Não foi na Universidade ou no meu curso que aprendi a maioria do que hoje sei sobre moda. Foi em conversas,

pesquisas, revistas, sites, blogs, espaços de exposição, eventos, etc. A partilha de que falo é essa. A que nos leva a aprender mais, por vezes sem nos apercebermos. Houve já momentos em que um jantar ou um café entre amigos me levaram a aprender mais do que num mês (só para não exagerar) de formação académica. Rtro: Como blogger, de que mais gostas e menos gostas na blogosfera portuguesa? Pedro: Perguntas de reflexão, ui! O que mais gosto é a variedade. É interessante ver que há blogs muito específicos em notícias e divulgação e outros que são meramente pessoais e de opinião. Há um ar fresco bom em casa entrada online e lêem se coisas bastante boas. O que menos gosto, a leviandade. Hoje em dia não se é blogger por paixão, na maioria dos casos. É-se blogger por pretensão e mediatismo e por um lugar de destaque, e isso faz-me alguma confusão. É preciso algum conhecimento e gosto para começar um bom blog. Rtro: E como profissional do sector? Do que mais gostas e menos gostas? Pedro: Em Portugal? Gosto do espírito que se está a começar a criar. De unificação da indústria. Penso que é a única forma de a moda vir a triunfar e daí que estas recentes mudanças em designers, empresas, media, etc me venham a parecer muito boas. Do que menos gosto?


18 – 19 |

Palavras. Palavras como "crise", "derrotismo", "fracasso" porque acho que são elas que nos têm deitado abaixo. Felizmente a moda parece quase ter abolido essas palavras do dicionário, por opção, e o resultado está à vista. Temos novos designers, novas revistas, novos talentos, novos lucros, enfim...uma nova industria em emergência. Rtro:O que mudou desde que tens o blog? sobretudo na forma de interagires com as pessoas e partilha de experiências? Pedro: Muita coisa. Mudou o conhecimento que tenho de mim, da moda, de como a quero trabalhar. Mudou a minha visão sobre o blog e o que quero dele. Mudou porque me deu outra percepção sobre os assuntos (é importante ler, saber, cruzar fontes) e isso é bom em partilhar e conversas. Não me sinto tão impressionável nem tão frágil, mas também não me sinto um supra-sumo. Estou num ponto de equilíbrio mental entre o que sei e o que ainda vou saber. Rtro: Tens alguma história caricata devido ao blog? Pedro: Que me lembre, não. Tirando as histórias de sempre, entre amigos, cada vez que vou a um evento fazer a cobertura. Corridas, atrasos, as escolhas de outfits, enfim... mas algo concreto, para já, não aconteceu (quem sabe em breve)!

Rtro: Qual é a viagem favorita (ou de sonho), livro, filme e melodia favorita de sempre? Pedro: Não consigo dizer que haja algo preferido. Como disse antes, estou no meio do que sei e do que saberei, e isso pode sempre alterar tudo. Para já, estou numa de Lana del Rey, ou de um "Meia Noite em Paris" de filme e de cidade, enfim... estou num mood mais nostálgico e saudoso, talvez! Mas amanhã, quem sabe? Rtro: Que conselhos podes/queres dar a quem quer enveredar pelo mundo da moda e do design? Pedro: Perseverança e trabalho. É muito fácil, principalmente no mundo da moda, encontrar quem diga que não somos capazes ou que não temos o suficiente. Se não temos, cabe-nos a nós ganhá-lo. Rtro:O nome da revista é RTRO. A que associas imediatamente a palavra "retro"? Pedro: Ao meu estilo actual. A uma onda vintage mas cada vez mais actual que tenho associado um pouco a mim mesmo e ao que ando a fazer e trabalhar. Rtro é passado e futuro!

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Hello Summer Festivals, are you ready for me? por Joana Vilaça thefashiondreamcatcher.blogspot.com

Os festivais de Verão são usualmente sinónimo de liberdade, época de férias, calor, alegria e muita diversão. Festivais estes que, para além de estarem repletos de boa música, estão apinhados de gente com estilo! Looks muito desprendidos, com uma vibe muito cool e sem dúvida muito práticos! Não há regras, não há grandes tendências, apenas uma boa dose de criatividade e de originalidade. Porém, nos inúmeros festivais há um padrão comum, uma vibe mais boho-chic, com detalhes rockability! A RTRO seleccionou alguns itens que consideramos essenciais, não só em peças de roupa, como também maquilhagem. Preparados para embarcar nesta aventura?!


20 – 21 |

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1Âşlook

Thepartyglassesshop. com

Riverisland.com

Topshop.com Asos.com

Asos.com Moclocth.com


Hello Summer

2ยบlook H&M.com Pull&Bear.com

Nasty Gal.com

Urbanoutfitters.com

RiverInsland.com Asos.com


22 – 23 |

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3ºlook Topshop.com

Pull&Bear.com

Asos.com

H&M .com

Bershka.com


Hello Summer

4ยบlook H&M.com

Asos.com H&M.com

Blanco .com Pull&Bear.com


24 – 25 |

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5ºlook Thepartyglassesshop.com

Topshop.com

RiverIsland.com

Pull&Bear.com

Topshop .com

Zara.com


Hello Summer

Coachella Festival 2012 O festival Coachella é uma fonte de inspiração para qualquer fashionista. Estilo é a palavra de ordem deste festival que se realizou na California, nos passados dias 13 a 15 e de 20 a 22 de Abril. Sem dúvida que é o sonho de qualquer “festivaleiro”, pois para além da óptima música que por lá se ouve, é sem dúvida um local perfeito para uns excelentes dias de diversão, com uma pitada de loucura à mistura. Imensas celebridades passaram por lá, demonstrando inúmeros e interessantes looks. Mas não foram apenas as celebridades que causaram furor, aqui se vêem looks muito interessantes em termos de street style. A RTRO decidiu, assim, seleccionar alguns looks para vos inspirarem no vosso festival.


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Hello Summer

MAQUILHAGEM

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5 6


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Com as temperaturas a rondarem os 30º graus, a maquilhagem parece uma tarefa algo complexa. Porém é importante escolher os produtos certos, sendo essencial ter alguns cuidados extra com a pele. Indubitavelmente o protector solar é o principal produto a ter em conta, pois a pele precisa daquela protecção extra, não só para evitar os ditos escaldões, como também constitui uma preciosa fonte de hidratação. A maquilhagem neste tipo de eventos deve ser leve, não muito carregada, com tons de terra. Para as mais atrevidas, podem optar por uns lábios garridos de forma a tornar a maquilhagem um pouco mais viva e divertida.

1. Protector solar Avène 50+: O protector solar nunca deverá nem poderá ser esquecido. A sugestão é este da Avène, com factor 50, perfeito para grandes exposições solares. 2. Sleek blush by 3: Cores garridas, perfeitas para o Verão, com tons desde os rosas aos corais. São ideais para conferir mais cor ao rosto, resultando numa face com uma aparência mais saudável e iluminada. 3. Benefit they’re real mascara: Rímel que funciona como um 2 em 1. Tanto alonga as pestanas como lhes confere imenso volume! 4. Base em pó MAC Studio Fix: Perfeita para as temperaturas elevadas, pois fixa-se bem à pele, evitando oleosidades e outros problemas. Confere à pele um aspecto natural e suave, cobrindo as demais imperfeições. 5. Sleek eyeshadow palette, à venda na Sephora: Com diversas opções, cada palete contém 6 cores diferentes, são práticas e facilmente transportáveis para qualquer lado. Oferecem ainda uma boa pigmentação, o que permite um esfumado de longa duração. 6. YSL, Rouge Pur Couture Vernis É um produto revolucionário, pois é um 3 em 1: funciona como um batom, gloss e verniz! Mais prático não podia ser; detém uma gama variada, com cerca de 20 cores à escolha.



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Met Gala 2012 por Catarina Oliveira qatch.wordpress.com

Quando a exposição de moda do Costume Institute abre as portas, o Museu Metropolitano de Nova Iorque (MET) é palco do que pode ser descrito como um dos maiores eventos de moda arrojada do ano: o MET Gala. Deixem os vestidos bonitos para os Óscares, aqui muitas convidadas decidem ir no seu papel mais excêntrico. Não é um baile para todos os gostos, mas sim para chamar a atenção. É considerado o maior acontecimento anual de Nova Iorque, e a Vogue é anfitriã. Desde 1948 que o MET é o sítio escolhido para um dos eventos de passadeira vermelha mais marcantes. Peças de alta costura com pormenores incríveis, designers que mostram os seus mais interessantes trabalhos e montes, montes de celebridades. No entanto, há sempre quem decida ir de uma forma mais discreta. A RTRO esteve atenta à red carpet. Looks arrojados ou simplesmente fora do comum. Como se algumas celebridades decidissem vestir algo que habitualmente não usariam. O vermelho e o amarelo são cores que predominam. Cores fortes, showstoppers. Vemos aqui vários looks em que estas tonalidades foram a preferência.


Met Gala 2012

Quanto aos 3 melhores e 3 piores, a escolha foi difícil. Ter que quebrar com as nossas próprias convenções em prol de uma gala que é excêntrica por norma, sem deixar de fora, obviamente, os habituais vestidos black tie. No top 3 está Karolina Kurkova, em Rachel Zoe. Parece coberta de ouro da cabeça aos pés. O dourado do vestido desliza pelo seu corpo e só esta super modelo seria capaz de fazer uma “touca” parecer deslumbrante. A seguir temos Beyoncé em Givenchy. Um look que divide muito as opiniões mas este vestido faz parar o trânsito e esta é a melhor altura para o admirar. Já para não falar no corpo pós-gravidez da Beyoncé, que está estonteante. Por fim, Camilla Belle em Ralph Lauren. Uma opção mais segura mas que, com os lábios escuros, consegue ser ousada ao mesmo tempo. Sem falhas. Os 3 looks que não nos impressionaram foram Elizabeth-Banks em Mary Katrantzou. Os padrões não parecem resultar, nem as formas do vestido, que, quase plastificado, dá a Elizabeth uma postura muito rígida e desconfortável. Na mesma categoria está Kirsten Stewart, em Balenciaga. As suas formas não estão evidenciadas e os sapatos fazem os pés parecer mais pequenos, o que tira elegância à protagonista de Twilight. Para fechar a lista, temos Lana del Rey em Altuzarra, um exemplo em que o batom escuro não equilibra mas exagera o look sombrio, com a capa a esconder a beleza do vestido.


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session


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Fotografia Catarina Oliveira Modelo CĂĄtia Marques



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Armando Cabral

Fernando Cabral


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it boy! Brothers in Success por Pedro Resende

São ambos homens, são ambos Cabral, são ambos bem-sucedidos e são ambos estrelas internacionais lançadas por este pequeno país à beira mar plantado. Armando e Fernando Cabral são os It Boys desta edição numa pluralidade que parte de singularidades como o apelido e a paixão pela moda! O nome Armando Cabral já vem soando no mundo da moda há mais de uma década. Primeiro como manequim e agora também como designer de calçado, o nome deixou de o ser para se tornar uma marca de sucesso internacional. A paixão começou com a mãe, costureira, e, enquanto Armando ia despertando para a moda, a sua educação seguiu uma área diferente: a Gestão Empresarial. Desfilou para nomes como Calvin Klein, Dries Van Noten ou Louis Vuitton e figurou em campanhas como H&M, Alexander McQueen ou Michael Kors. Hoje em dia dedica-se à produção, em parceria com o designer Rucky Zambaro, de uma linha de calçado clássico mas casual, numa continuação de adjetivos como “intemporal e

sofisticado”, com os quais foi descrito ao longo da carreira como manequim. Fernando segue as pisadas do irmão, mas dá-lhes um outro cunho: o seu. De “irmão de Armando Cabral” ganha projeção pelos trabalhos desenvolvidos, entre os quais o recente editorial da Another Man fotografado por Nick Knight, onde contracena com Kate Moss numa dança e contra-dança entre fluidez e movimento. Nascido na Guiné, Fernando é agenciado em Portugal pela Karacter Models mas a sua projeção já vai muito além-fronteiras. Para isso têm contribuído campanhas para a H&M, a figuração em diversos editoriais para diversas revistas de moda e um sentido estético que combina na perfeição com o seu look diferente e arrojado. Pontos diferenciadores? O percurso, a forma como o fizeram e os resultados obtidos. Pontos em comum? O nome, as maçãs do rosto e o facto de ambos serem, sem dúvida, IT BOYS!!!


It boy!


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Antes 1 Armando Cabral por Adrien Sauvage 2 Fernando Cabral por Conan Thai Aqui 3 Fernando Cabral e Kate Moss por Nick Knight 4 Armando Cabral - Michael Kors SS2012 5 Fernando Cabral - Billy Reid Fall​Winter 2012


it girl!

Jagger Sisters por Catarina Ferreira http://​fashionablyxlate.blog​spot.com

Filhas do icónico Mick Jagger e das modelos Bianca Jagger (Jade) e Jerry Hall (Lizzie e Georgia), estas irmãs nasceram já parte da realeza do rock e da moda. Donas de uma beleza única e invejável, estas irmãs têm deixado a sua marca no mundo da moda não só como modelos de sucesso, mas também como designers. Nascida em Paris a 21 de Outubro de 1971, Jade Jagger é a irmã mais velha do clã. A sua infância e adolescência foram passadas em Londres e Nova Iorque, mas foi em Ibiza onde assentou mais tarde com o namorado e as suas duas filhas, Asisi Lola Jackson e Amba Isis Jackson antes de voltar novamente para Londres. Apesar do trabalho que fez como modelo, Jade focava-se mais no design de joalharia, por isso, em 1996 criou a sua empresa (Jade Inc) com Tasmin de Roemer e em 2001 tornou-se Creative director da Garrand. O seu trabalho mais recente foi a criação e design da nova garrafa do perfume Shalimar de Guerlain. A 2 de Março de 1984 nasceu Elizabeth “Lizzie” Scarlett Jagger. Em Lizzie, é possível ver os traços de sua mãe (Jerry Hall) no seu rosto, logo, não é de estranhar que tenha seguido as pisadas de Jerry pelo mundo da moda. A sua estreia no runway foi em 1998 ao lado da mãe no desfile de Thierry Mugler. Após esta estreia monumental, o trabalho de Lizzie foi sempre mais focado em campanhas fotográficas. Em 2000 posou para uma cam-

panha de Tommy Hilfiger ao lado de Alexandra e Theodora Richards (filhas de Keith Richards) e em 2002 foi o rosto da linha de maquilhagem LCM de Lancôme. Em 2005 foi escolhida como cara da Mango e em 2006, foi um dos rostos da marca Marks & Spencer juntando-se assim a Noemie Lenoir, Erin O’Connor, Twiggy e Laura Bailey. 2010 viu Lizzie a posar para a campanha Fashion Against Aids da H&M e em 2011 seguiu, novamente, as pisadas da mãe com uma sessão fotográfica para a Playboy. A irmã mais nova do clã Jagger/Hall, Georgia May, é a que mais tem dado que falar ultimamente. Visivelmente mais parecida com o pai, a sua boca e, principalmente, os seus dentes são a sua imagem de marca. Aos 16 desfilou pela primeira vez para Vivienne Westwood e desde então, tem sido uma das modelos mais requisitadas pelos maiores nomes da indústria. Já fez campanhas para Rimmel London, H&M (com a mãe) Versace e Hudson Jeans, para a qual Georgia também contribui como designer. De todos os editorials, foi o de Harpers Bazaar que mais chamou a atenção, pois o styling for inspirado na sua mãe. Georgia foi eleita Model of the Year nos British Fashion Awards de 2009 e após um breve período a viver em Nova Iorque, decidiu voltar para junto da família em Londres. Três irmãs com três estilos distintos, aqui ficam algumas sugestões:


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Jade Jagger

Pulseira Mango 9.99 €

Saia Zara 29.95 €

Camisa Topshop 32 £

Sandálias Topshop 22 £


It Girl!

Tshirt Topshop 36£

Óculos Mango 15.99€

Elizabeth Jagger

Calções Bershka 29.99€ Galochas Hunter 85£

Colar Topshop 5£


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Camisa Zara 39.95 €

Georgia Jagger Relogio Uterque 119 €

Calçoes Zara 29.95 €

Sapato Mango 65.99 €


Smells like…

Nina Fantasy por Mónica Dias

D

ando continuidade à influência do Oriente na indústria dos aromas, desta vez no que respeita ao design, apresentamos a edição limitada de Nina Ricci: Nina Fantasy. O desenho deste frasco inspira-se no estilo japonês Kawaii, fazendo jus à composição aromática de florais com frutos que este contém. O perfume, centrado na estação primaveril e no estado de espírito sonhador que esta desperta, transporta o estilo utópico, transparente e brincalhão que descreve os sonhos. Com os aromas a bergamota, pêra e tangerina misturados com o toque suave a sakura (flor de cereja), balsamina e rosa, este é um perfume tentador para aqueles que ousam levantar a cortina de uma outra dimensão: a dimensão da fantasia.


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Maçã de Adão o fruto proibido nunca foi tão apetecido...

por Patricia Silvério www.pumps-fashion.com


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A

Maçã de Adão é um pomar em construção das jovens velhinhas Raquel Graça, designer gráfica e criadora dos caderninhos beija-flor, e de Diana Vinha, consultora de Imagem da Pretty Exquisite. Dedicadas à confecção de adorna-pescocinhos, como gostam de lhes chamar, apresentam-se com a máxima:

“Não temos batom no colarinho, por enquanto, mas temos adorna-pescocinhos com personalidade, recheados com amor, pérolas, brilhantes e fitinhas. Trabalhamos à mão, em tardes cheias de chá, música e sorrisos. A maioria das nossas peças são filhas únicas, outras são de possível reprodução, em cores e materiais diferentes.”

Fascinadas pela corrente DIY e pela falta de acessórios de usar ao pescoço e não só, foram vasculhar os baús antigos e as técnicas manuais de outros tempos, e criaram a Maçã de Adão, para dar resposta à falta de acessórios mimosos. Dizem que se vão os anéis e ficam os dedos, que usam para fazer coisas “riquinhas” que enternecem o olhar e os pescocinhos dos demais. A RTRO foi conhecer um pouco deste projecto com as talentosas Diana Vinha e Raquel Graça.

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Maça de Adão

Rtro: Como é que surgiu a ideia de criar a Maçã de Adão? Maçã de Adão: Como uma das metades da maçã é designer e consultora de imagem, Diana Vinha, a vontade de criar acessórios de moda já vinha de trás, criando acessórios para ela mesma, sempre com a promessa de que um dia haveria de criar para os outros também. Depois de conhecer a outra metade, Raquel Graça, designer de comunicação, amante dos trabalhos manuais e com vontade de se dedicar a um novo projecto, criaram a Maçã de Adão em Dezembro de 2011 mas, por motivos profissionais de ambas, reservaram o seu lançamento para Janeiro de 2012. Rtro: Que tipo de artigos se pode encontrar na Maçã de Adão? Maçã de Adão: Para além dos adornapescocinhos em forma de gola, colar ou colarinho, têm também maçãs de perder a cabeça, que são as bandoletes e voiletes, as maçãs de pernas para o ar que são os collants, e a diversidade de peças não irá certamente ficar por aqui. Rtro: Qual é o papel da Diana Vinha e da Raquel Graça, na criação de de cada peça? Maçã de Adão: O trabalho é feito a quatro mãos, desde o design das peças até à sua produção. Para além destes aspectos também existem outros ligados à gestão e logística da marca, que também é sempre feita pelas duas. Podemos chamar-lhe telepatia ou empatia, mas podemos sobretudo dizer que as duas metades da maçã funcionam a 100%, mesmo quando uma delas se encontra ausente por motivos profissionais. Assim garantimos um bom

atendimento aos nossos clientes, não havendo falhas de comunicação nem tarefas que só uma consegue cumprir. Para além de tudo isto, as tardes de trabalho na produção das peças são passadas a duas, porque é muito mais divertido poder trocar dois dedos de conversa enquanto se cosem pérolas e fitinhas. Rtro: Como é que surgiu a oportunidade de se juntarem? Maçã de Adão: As duas metades da maçã foram apresentadas por um amigo comum, o Fred Gomes, e esta apresentação nada teve de inocente. Este nosso amigo já tinha a certeza de que a dupla ia funcionar, uma vez que sempre acompanhou de perto o percurso profissional de ambas. Rtro: Onde é que vão buscar inspiração para a concepção das vossas criações? Maçã de Adão: A metade da maçã formada em Design de Moda e Consultoria de Imagem está sempre em cima das novas tendências e à procura de novos nichos de mercado, sendo que a ideia inicial foram os colarinhos por serem um acessório pouco recorrente no mercado português. Outra das coisas que acontece com frequência é a chegada de pedidos especiais para determinados clientes; se esses pedidos dão bons resultados decidimos reproduzir e incluir nos nossos acessórios. Rtro: Como é que descrevem a vossa criatividade? Maça de Adão: Vasculhamos baús antigos, usamos técnicas manuais de outros tempos, e criamos maçãs diferentes todas as semanas. Dizem que se vão os anéis e


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Maรงa de Adรฃo


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ficam os dedos, que usamos para fazer coisas “riquinhas” que enternecem o olhar e os pescocinhos dos demais. É assim que gostamos de acreditar que é a nossa criatividade: não temos um método, temos vontade de fazer coisas bonitas e de surpreender quem acompanha o nosso trabalho. Rtro: A Maçã de Adão conseguiu atingir os objectivos que definiram? Maça de Adão: Mais do que atingir os objectivos a que nos tínhamos proposto, já os ultrapassámos e temos vindo a crescer. O nosso Pomar tem vindo a crescer tanto em número de maçãs como de quem as apanha. Rtro: Segundo tenho visto na página do Facebook, a Maçã de Adão está a dar a volta ao mundo... Maça de Adão: Sim. É com orgulho que podemos dizer que já enviámos maçãs um pouco para todo o país e para o estrangeiro. É caso para dizer que a maçã já fala outras línguas. Rtro: A tendência está a pegar em Portugal? Maça de Adão: Nós não exploramos só uma tendência, mas basta visitar a nossa página do Facebook para percebermos que tudo o que a Maçã de Adão tem oferecido em termos de acessórios tem sido bem recebido de norte a sul do país.

Info

Rtro: Onde se pode encontrar a Maçã de Adão?

email: maca.adao@gmail.com

Maça de Adão: A maçã de Adão, para além das vendas online, está presente em alguns espaços como a Gata do Laço, em Guimarães, a Bling Bling, no espaço Artes em Partes, e no espaço Entre Linhas, na Rua Miguel Bombarda, Porto. c

Blogge: http://macadeadaoshop.blogspot.pt/ Facebook: https://www.facebook.com/Maca.De.Adao


House vintage por Ana Rodrigues toroseparade.blogspot.com


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Na edição anterior, a RTRO deu-vos algumas ideias sobre como criar um ambiente minimalista e clean nas vossas casas. Desta vez, vamos dar uma volta de 360º e apresentar dicas para espaços feministas e vintage.

Este tipo de decoração reporta-nos aos anos 50 e aos belos apartamentos no centro de Paris. Afinal de contas, achamos que muitos de vocês sonham ter uma casa assim um dia: espaços amplos com soalho em madeira escura, madeiras e móveis lacados a branco ou tinta de cor... A RTRO propõe-vos algumas ideias no que diz respeito à escolha de mobiliário:


House vintage

No catálogo da Ikea estão presentes alguns exemplos que se adequam perfeitamente ao estilo vintage: cama (350€) e toucador (200€). Aliás, como em qualquer outra loja de decoração e mobiliário acessível, somos capazes de encontrar boas alternativas a mobiliário antigo e caro. O que é fulcral aqui é conseguir conjugar todas as opções de forma a conseguir o resultado desejado! Em termos de organização dos espaços temos também algumas ideias para vos propor. Podemos optar por recriar os famosos closets de sonho, bem femininos, com chapeleiras e caixas para guardar acessórios e cruzetas forradas a cetim e também, adquirir caixas em vidro a imitar antigos frascos de perfume e organizar o interior das gavetas com fita bordada.


66 – 67 | A Zara Home dispõe de alguns destes objectos, como as cruzetas forradas a tecido, apenas por 10€, frascos em vidro e caixas em metal, cada 16€. Apesar de termos, de certa forma, colocado uma “etiqueta” a cada um destes estilos, achamos que a decoração de interiores não deve ser vista como algo que tem de seguir as tendências à risca mas sim que se deve ser original e conseguir criar um espaço pessoal, bem ao estilo e ao gosto de cada pessoa. c

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Just

DIY! por Ana Rodrigues toroseparade.blogspot.com

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RTRO traz-vos uma novidade esta edição: um artigo apenas e só dedicado ao DIY – do it yourself. Temos ideias, propomos e queremos saber quais têm sido as vossas experiências neste tipo de criação! Nesta edição sugerimos dois excelentes truques: uma saia peplum e uma camisa com tachas. E, melhor do que isso, foi tudo feito a partir de peças desactualizadas!


68 – 69 | Como sabemos, as saias peplum são uma tendência para esta estação e parece que são muito fáceis de obter através de uma saia antiga e old fashion. Para conseguirmos criar uma saia deste tipo precisamos apenas de: uma saia “rodada” ou com um “folho” na parte inferior, tesoura, alfinetes, máquina de costura e linha da mesma cor do tecido. Como fazer? Em primeiro lugar, é necessário destacar a parte inferior da saia que vai ser utilizada para unir à parte de

cima, recriando a saia peplum. Em seguida, divide-se a parte que foi retirada da saia a meio e, com a ajuda de alfinetes, faz-se uma bainha com cerca de 10 cm em cada uma das peças. Por fim, une-se as duas peças à parte superior da saia, conforme ilustrado na figura 5, e com a ajuda da máquina de costura e de linha da mesma cor do tecido cose-se as peças. O resultado? Uma saia que, à partida, teria os seus dias contados no nosso armário completamente renovada em pouco tempo!

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JUST DIY!

A camisa com tachas é ainda mais simples de obter: apenas são necessárias uma camisa simples de ganga ou outro tecido à escolha, um lápis, tachas (importante que contenham a parte de trás em forma de parafuso para um melhor ajuste à camisa), um furador e uma chave de fenda.

Em primeiro lugar é necessário marcar com o lápis os sítios onde se deseja colocar as tachas. Em seguida, fura-se o tecido nesses locais e colocam-se as tachas apertando-as com a chave de fenda, et voilà! Uma camisa de tachas, muito acessível e fácil de obter! c


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fonte: www.apair-andaspare.blogspot.pt

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Enviem-nos as vossas propostas DIY! Na próxima edição será seleccionada uma das ideias que nos enviarem e apresentada na revista juntamente com mais duas outras propostas encontradas em blogs deste tipo de criação. Só precisam de enviar um texto com os vossos dados (nome, cidade onde vivem, endereço do blog pessoal (opcional), a lista de material necessária para o DIY bem como todos os passos e fotografias before e after do DIY e enviar para: geral@rtromagazine.com



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Duellum por Margarida Cunha

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uando Baudelaire escreveu as suas Fleurs du Mal estava longe de imaginar que um dos seus sonetos iria dar nome a uma banda Indie francesa. O quarteto nasceu em 2007 e lançou, no final do ano passado, o seu primeiro EP. Com membros ainda distantes do quarto de século de existência, revelam, contudo, uma clareza de ideias e uma abertura de espírito empolgantes – traço de personalidade ou necessidade artística? As respostas são reveladoras. E porque tudo o que vem de Paris vem com amor, o que começa com uma conversa sobre música acaba por se perder nos cantos da indústria, da França de hoje, do estado do Indie e da libertação que é cantar numa língua que não a nossa. Os Duellum queriam falar. E nós demoslhes vários pretextos.


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Rtro: Denominaram o vosso primeiro EP de “For some reasons I want to talk” (Por algumas razões que quero falar). Agora que os vossos motivos foram revelados, consideram que a mensagem foi entregue? Jonathan: Bem, até certo ponto sim. O significado deste EP foi muito espontâneo e era isso que queríamos. Descobrimo-lo quanto estávamos a conduzir pelas autoestradas da Normandia rumo a Le Hauvre para gravar o nosso primeiro vídeoclipe. Toda a gente estava empenhada, pelo que decidimos mantê-lo. Ficou pronto em 5 minutos mas reflecte um significado mais profundo. Estávamos a ponto de ficar loucos antes de gravarmos este EP, tínhamos a impressão de uma certa estagnação acerca de tudo, queríamos respirar ar fresco, construir coisas novas, experienciar sons e fazer novos projectos. Graças aos Ouicheaters, o colectivo criativo que nos produziu, foi o que aconteceu. Arthur: Acho que a mensagem foi bem entregue. A afirmação principal foi criar uma espécie de credibilidade, mostrando que a banda estava a progredir, a inovar e que tínhamos fé nos Duellum. Somos pessoas que trabalham no duro e nunca

tomamos a música como um hobby, como possam imaginar. Logo, mal o EP foi lançado, decidimos ficar sob pressão para que a mensagem dele – e, acima de tudo, da banda – fosse bem transmitida. Fizemos um trabalho de RP intensivo para fazer com que as pessoas falem de nós na Internet. Isso foi parte da mensagem. Rtro: Alguém que ouviu o vosso EP postou o seguinte comentário no iTunes: “Canções soberbas e uma produção incrível! Difícil de admitir que sejam franceses...”. Parece que este homem também tem algumas razões por que quer falar. Ocorre-vos alguma? Fred: É um óptimo comentário, muito lisonjeador. Primeiro, diz que a qualidade do disco é óptima, o que são muito boas notícias! Não é a primeira vez que alguém diz que soamos a uma banda inglesa como deve ser. É muito agradável que as pessoas o digam mas penso que não somos uma colagem do que se passa em Inglaterra. Os nossos background musical e ambiente podem ter tido alguma influência na nossa sonoridade, que não é sempre associada à música britânica. Por exemplo, adoramos música clássica, assim como os pioneiros ameri-


74 – 75 | canos do minimalismo Steve Reich, Philip Glass, ou artistas experimentais como Laurie Anderson, Stockhausen, Hildur Gudnadottir, Hauschka ou The Books, etc... Rtro: Há algum tempo actuaram ao vivo no TGV. Com as progressivas perdas nas vendas de discos e com toda gente a lutar por se tornar de alguma forma num artista (seja numa banda ou como DJ/produtor), esse tipo de performances inesperadas pode fazer a diferença? Hugo: Algumas pessoas estão a fazer coisas excelentes na música de hoje, apesar de a França não ser sempre o berço das ino-

vações. Contudo, o TGV decidiu abrir as carruagens a bandas musicais. Creio que é o único sítio no mundo em que se pode tocar a bordo de um comboio (risos)! Fred: Acontece que, agora, com o crescimento da Internet e das redes sociais, a música e, genericamente falando, todas as formas de arte fizeram com que o talento se tornasse turvo. Hoje em dia, qualquer pessoa pode tirar fotografias e considerarse “fotógrafo”. Passa-se o mesmo com a música, toda a gente pode fazer música, divulgar as suas canções gratuitamente na rede, os seus vídeos e auto-promover-se a toda a hora.

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Foi o que nos ajudou muito mas, ao mesmo tempo, tornou o caminho rumo ao profissionalismo muito mais difícil (e ainda não acabou para nós). Por isso, agora, sabem que a competição entre bandas é maior e as comparações mais fáceis (basta clicar 2 segundos em qualquer página Bandcamp ou Soundcloud). Fazer a diferença agora, e creio que todos o fazemos, consiste em organizar eventos, performances, produzir tom e conteúdo para a nossa comunidade. Jon: Temos feito muitas coisas num espírito DIY até agora e comunicamos com as pessoas muito francamente, de forma directa. Faz parte da profissão fazer-se notar. Não nos escondemos atrás do nosso manager ou de outras pessoas. Quando a banda está a falar na Internet ou em qualquer lado, é a banda a falar, não um espantalho. E agora é suposto estar-se em todo o lado, em todas as linhas da frente para obter novas audiências, alcançar pessoas novas. Temos feito muitas produções de Moda, por exemplo, porque acreditamos firmemente que é uma das chaves para ser-se diferente. Fazer música é o coração dos Duellum, mas estar presente noutras áreas com a banda é também crucial (...) Reparem no grande hype do Festival de Cannes. Apesar de ser um festival de Cinema, um certo grupo de artistas vai lá para tocar música porque é diferente e é o que as pessoas querem. Pediram-nos para actuar lá este ano mas tivemos alguns problemas de agenda e infelizmente não conseguimos. Agora, a Internet está a acelerar tendências. Para fazer a diferença, [as pessoas] querem ser surpreendidas, querem ousadia e então aí estariam provavelmente dispostas a prestar atenção a quem somos.

Rtro: Vocês viveram e fizeram muitas actuações em Londres, que é universalmente considerada a capital do cool. Tal influenciou de alguma forma o vosso processo criativo? Arthur: Com certeza, nem imaginam quanto! Quando chegámos a Londres, cantávamos em Francês. Depois de alguns dias em bares e pubs de West London, tivemos uma revelação: Francês soava a folk. O que éramos foi posto em causa de um modo muito positivo: livrámo-nos de tudo o que tínhamos produzido até então, desistimos logo do Francês. Foi a nossa primeira resolução e tudo melhorou a partir daí. Fred: Absolutamente. Desistir do Francês emancipou a nossa música. Sei que parece estranho mas é mesmo assim. É a nossa língua-mãe mas não nos tínhamos aperce-


76 – 77 | bido, antes de viver no estrangeiro, de que era muito opressiva para nós. Estávamos presos a alguns princípios de escrita acerca do significado e da perfeição rítmica nas letras, mas isso era muito reflectido, não muito vivo. Toda a música padecia disso. Jon: Em Londres, descobrimos o que os surrealistas designam de “escrita automática”. Quando escreves numa língua que não é a tua, tens muita liberdade por causa da metalinguagem que cria em ti. Vem de ti, mas não te pertence realmente. Significado e sons podem ser dissociados, e a escrita é muito fluída nesse estado de espírito. O “pensa antes de falares” estava obsoleto. As emoções, os sentimentos e o som do Inglês orientaram a caneta no papel. Não podíamos aguentar mais que o nosso cérebro tivesse o monopólio da criação artística. Precisamos em parte de

oportunidades incertas e inesperadas. O Inglês deu-nos isso e toda a música cresceu neste espírito, permitindo que a sorte e as emoções criassem as suas próprias regras. Mas, com algum prática nisto, durante os ensaios, por exemplo, começas a perceber que também podes orientar a sorte e isso é o melhor. Ir numa certa direcção para encontrar uma certa coisa, mas sentir quando a sorte está a vir e forçá-la tanto quanto se puder. Isto é místico! Arthur: Para além disso, tínhamos um estúdio caseiro em Londres. Por isso tínhamos o luxo de tocar e gravar quando quiséssemos (…). No final do ano, fomos encontrados na rede pela BBC, que tocou uma das nossas canções. Achámos que eles perceberam, até certo ponto, o que tínhamos vivido durante um ano.

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Rtro: O vosso primeiro EP é muito vibrante, contagiante e cheio de energia. A protagonista do vosso primeiro vídeo, “The penny dropped”, é jovem, cool e relaxada, tal como vocês. E o vosso blogue apresenta os pensamentos de Pierre Schaeffer sobre la jeunesse. Os Duellum, como conceito, reflectem o fascínio da sociedade pela Juventude?

regime. Queremos fazer coisas acontecer, mas estamos perdidos diante de todas as montanhas que temos de ultrapassar.

Jon: Falo pessoalmente aqui. Não sou fascinado pela Juventude em si. Sou fascinado e obcecado pela evaporação da juventude, o tempo a passar rápido e as conquistas da vida durante um período claramente definido. Quando Pierre Schaeffer fala sobre a juventude, afirma que somos devidamente jovens aos 50 anos mas, aos 50 anos, tudo acabou porque já não somos suficientemente fortes para concretizar ambições. Concordo mesmo com ele. Quando és jovem, tudo é muito frustrante: queres mudar o mundo mas não consegues porque

Arthur: Audrey, a actriz no vídeo, representa inocência, creio, e uma espécie de ingenuidade, mas, ao mesmo tempo, muito adulta e madura. No final do vídeo, o choro dela é quase insuportável, sente-se o peso daquelas lágrimas pesadas a rolar pelas bochechas abaixo. Uma criança não choraria tão intensivamente e, ao mesmo tempo, ela parece entreter-se com ocupações de crianças durante todo o vídeo – acredito que possa haver alguma ambivalência. Mas este feeling que tiveste acerca de juventude no vídeo não foi intencional, creio. O que queríamos realmente transmitir é a ideia de vida como um elevador emocional, cheio de rupturas, violência e bondade, começos e fins. Isto é particularmente visível quando a Audrey está a desligar completamente a mente, quando se

dependes de um sistema que se apoia em alguns valores instituídos muito difíceis de mover. Encontramo-nos actualmente nesse

apaixona pela criatura púrpura sobrenatural. Sente, então, uma espécie de atracção por ela que simplesmente não consegue


78 – 79 | controlar, abandonando completamente o Kevin – o tipo com quem adorava passar tempo (e que estava apaixonado por ela). Hugo: Para ser mais racional, como jovens, é difícil dizer se a sociedade é fascinada pela juventude. O que é certo é que, na música ou na moda, a juventude é o órgão vital da indústria. Ser jovem é a condição inflexível para se tornar interessante. É assim que funciona, ninguém o pode mudar. É muito acerca das aparências. O que é certo é que está tudo a correr muito depressa... Já tenho 20 anos e tenho a impressão de que a vida correu muito rápido até hoje. Fred: Como poderás notar na letra, a oposição entre “start” e “end” é muito proeminente. Somos um bocado obcecados com isso. “The Penny Dropped” é sobre isso, “Winter Parade” também, assim como “Elliptical Premises/Mcbeth”. Se transportarmos isso para a vida, a data de nascimento de qualquer ser é o início; a morte, o fim. Parece maniqueísta e um tanto absurdo. Mas a vida é como círculos concêntricos. Há muitos começos e muitos fins, até ao

definitivo (…). Todas as rupturas numa vida, novos começos, fins de períodos e momentos, pessoas que aprendes a conhecer, pessoas que perdes... tudo isto torna a vida particularmente forte e faz com que valha a pena viver. Acho que a juventude, para nós, foi um pretexto não intencional para mostrar as nossas visões mais globais acerca da não linearidade da existência. Rtro: Ao longo do tempo a França deu ao mundo artistas mainstream de diferentes géneros, como Daft Punk, Alizée e, antigamente (quando os nossos pais eram jovens), Jacques Brel, Françoise Hardy ou Art Sullivan. Acham que continua a desempenhar um papel importante na cultura de hoje? Jon: Esta pergunta é mais leve do que a anterior (risos)! Estou muito chocado por dizeres que Daft Punk é agora mainstream..! Bem, até certo ponto eles são agora vítimas do seu próprio sucesso mas trouxeram um punhado de faixas que são verdadeiras obras-primas! Alizée... meu Deus, pensei que

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estávamos a falar de música (risos). Pegamos sempre nos mesmos exemplos mas uma das nossas principais influências continua a ser francesa. Phoenix é a banda que mais nos impressionou e eles deixam literalmente pegadas em todo o mundo. Temos uma tradição musical muito peculiar baseada num género popular chamado “variété”, sendo Françoise Hardy um exemplo. Esta cultura ainda é muito seguida em França e é a razão pela qual tocamos o que tocamos. Fred: Toda esta cultura não foi muito inspiradora para nós. Temos andado sempre à procura de música de todo o mundo. Como o Jon disse, muitas influências são bandas francesas actuais mas cantam todas em inglês ((Phoenix, Stuck In the Sound, os nossos amigos Velocity Bird, de Lille, Destronics, outros amigos de Lyon...). Arthur: Contudo, não temos nada contra cantar em francês! A questão é que não estamos a aproveitar-nos deste background de sonoridades francesas para compor hoje em dia. Há pessoas que adoramos actualmente que cantam em francês, tais como o duo críptico Arlt, Arnaud Fleurent-Didier (que soa muito a Gainsbourg) ou o bom liricista Benjamin Biolay. Mas o que é fascinante é que todos trabalham bem no estrangeiro, apesar de cantarem na língua de Molière! Hugo: No outro dia, vi o novo filme de Wes Anderson, Moonrise Kingdom, em que a protagonista gostava de Françoise Hardy! Talvez seja a prova de que a cultura popular francesa é mais influente no estrangeiro do que em França (já ninguém ouve Françoise Hardy hoje em dia [risos]).

Rtro: A música Indie começou como um género alternativo, uma espécie de tónico para todos os que não se identificavam com a música mainstream. Agora é globalmente aceite por todos, com bandas como 2 Door Cinema Club, One Night Only e M83 a tocar nas rádios e no Vh1. O Indie mudou de posição na paisagem musical? Arthur: A tua pergunta retoma directamente o velho debate acerca da fronteira entre contra-cultura e mercado mainstream. A música Indie parece estar na onda. Algumas bandas – como 2 Door Cinema Club, entre outras – têm este status ambivalente muito particular. Têm todos os atributos para ser indie, ou passar despercebidas, mas são de algum modo vítimas do seu próprio sucesso e são agora consideradas como “mainstream independente”. Mas quem é que se importa? Jon: Sim, quem é que se importa? Não podemos mentir e dizer que não quereríamos que a nossa música tivesse sucesso algum dia. Tenho a certeza de que adoraríamos ter uma carreira como os 2 Door Cinema Club mas cada carreira é diferente, cada caminho é o melhor mas singular para cada banda. Creio que há uma questão por trás de tudo isto. Terá a contra-cultura perdido o poder para fazer a sociedade evoluir? Onde está a contra-cultura hoje? Não te parece que está muito ligada à música popular? Muitas grandes marcas, por exemplo, compreenderam o quão importante é abrigarem-se sob a capa de “passar despercebido” – marcas como Urban Outfitters, Kitsuné (editora dos 2 Door Cinema Club) ou American Apparel. São formadas com um


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certo espírito mas são na verdade capitalistas e orientadas para o lucro. Agora, e cada vez mais desde a grande crise da indústria musical, não se pode escapar a estas ligações cada vez mais estreitas entre o underground e o negócio mainstream, que detém o dinheiro para fazer com que tudo funcione. Há uma tensão real da qual nos deveríamos aperceber. Hugo: Também temos de ter muito cuidado para não nos desviarmos das nossas aspirações e de quem somos, mas também sabemos que, por vezes, haverá cedências a fazer se quisermos realmente viver da música que produzimos. Rtro: Finalmente, como descreveriam uma vida “with no laughter, no candles, no bruises, no kisses”? Jon: Uma vida assim seria uma aporia, um beco sem saída completamente morto de qualquer projecto; nenhuma vontade, nenhuma ambição para construir as coisas com as nossas próprias mãos. Fred: Uma carência do coração e do espírito, um obstáculo à vida. Arthur: Isso seria tão duro como a “maleita do século” referida no séc. XIX, a ansiedade global, a melancolia, apatia e falta de entusiasmo para fazer coisas. Trata-se do manifesto contra o qual nos propomos lutar. c

Passatempo Temos 3 conjuntos compostos por 1 EP “For some reasons I want to talk” + 1 Autocolante + 1 Pin para oferecer! Para participar, basta seguir 2 passos: 1. Partilhar esta edição da RTRO no teu mural. 2. Enviar-nos um email (geral@rtromagazine.com) ou mensagem no Facebook (www.facebook.com/rtro.magazine) a dizer-nos, em apenas uma frase, qual a parte da entrevista de que gostaste mais e porquê. Boa sorte! Concurso limitado a território nacional continental.

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João Pedro Filipe por Mónica Dias

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oão Pedro Filipe é um designer de calçado e acessórios que vive e trabalha no Porto. Portador de um portefólio que põe qualquer um curioso e desejoso de conhecer mais acerca do seu trabalho, acrescentou recentemente mais um prémio ao seu historial profissional: o da Plataforma de Moda/Fashion Hub 2012, organizado em Guimarães, este ano Capital Europeia da Cultura. Com o Fashion Hub, Guimarães procurou apoiar e contribuir na evolução do design têxtil do norte do país, no intuito de o alastrar a mercados internacionais. Trinta designers de moda responderam a este desafio, mas apenas seis foram escolhidos para finalistas por um júri internacional. Desses seis destacou-se João Pedro Filipe, que irá então representar Portugal no The British Council’s Young Creative Fashion Entrepreneur Award 2012, no Reino Unido, que tem início em Setembro. Para além de poder contactar com a indústria da moda em Inglaterra, este designer irá também marcar presença em vários encontros, seminários e eventos que ocorrerão durante a London Fashion Week. Vamos conhecê-lo!


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Rtro: Esta é uma arte que já existe na tua família há algumas gerações. Sempre soubeste que irias seguir este legado?

Rtro: Conta-nos um bocadinho acerca do teu percurso profissional e o que te fez regressar a Portugal.

JPF: O meu avô era sapateiro mas eu tenho poucas lembranças dele, a minha avó sempre disse que eu ia ser alfaiate. A minha família materna sempre esteve ligada ao calçado e à marroquinaria. Na realidade sabia que queria trabalhar numa área criativa mas só comecei a pensar no que queria seguir quando tive que decidir o que ia fazer depois do liceu. Comecei por decidir que queria estudar Design de Moda. A minha professora de Teoria do Design insistiu que, se iria estudar moda, deveria fazê-lo no CITEX. Vi os cursos que existiam e na altura pareceu-me ser a melhor opção. Sempre desenhei calçado para os meus projectos de moda e algumas colecções mas só percebi que me queria focar em calçado no IFM (Institut Français de la Mode) em 2007 quando estudei com a Nathalie Elharrar. Agrada-me no calçado a aproximação a um objecto de design tridimensional e os desafios técnicos de construção. Interessa-me também o lado fetichista e emocional que a maior parte das pessoas tem com o calçado.

JPF: Quando estava no terceiro ano do CITEX, em 2001, comecei a trabalhar com a Helena de Matos na Dematos Designers. Fiz lá o meu estágio curricular e fiquei como designer assistente até 2006, altura em que decidi que queria prosseguir os meus estudos. Queria uma escola que tivesse uma ligação com a indústria e uma forte componente criativa. Decidi que seria importante estar num país com uma forte cultura de moda e uma linguagem com a qual me identificasse. O IFM reunia os meus requisitos. Depois do curso fiz o estágio na Felipe Oliveira Baptista. No final as propostas que recebi foram de mais estágios que não cobriam as despesas, o que tornaria insustentável a minha permanência na cidade. Voltei. Portugal tem uma vantagem para quem quer trabalhar com a industria do calçado - produzimos todo o tipo de calçado e componentes e está tudo concentrado num ponto geográfico reduzido. Comecei por trabalhar como freelancer e a dar aulas. Em 2010 abri o meu estúdio e sou o designer da marca EXCEED desde o final de 2011.


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Rtro: Até agora, que trabalhos é que te marcaram mais?

Rtro: Explica-nos como funciona o teu processo criativo.

JPF: Porque me fez perceber que queria concentrar o meu trabalho em calçado e acessórios e me deu a perceber como funciona uma grande marca – Sissi, o projecto de calçado e acessórios que desenvolvi no IFM em parceria com a Louis Vuitton. O estágio com o Felipe Oliveira Baptista permitiu-me assistir ao desenvolvimento de uma colecção e passar por todos os processos de um dos designers que mais admiro. Foram os cinco meses de trabalho mais felizes de todo o meu percurso, nunca tinha aprendido tanto em tão pouco tempo.

JPF: Normalmente começo por criar personagens e a dramaturgia da colecção, pesquisar, fazer colagens de imagens, desenhar em formas... o meu processo criativo é uma mistura de vários processos na procura de detalhes, proporção e volumetria. Depois desta fase desenvolvo uma parte mais técnica em desenho e de protótipos onde resolvo os problemas ao nível da construção e montagem.


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Rtro:O que mais te inspira? JPF: A música, os vídeoclipes, a fotografia, o comportamento das pessoas que me rodeiam, concentração e trabalho. Rtro: Qual é o teu maior objectivo a nível profissional? JPF: Neste momento, para além de conseguir implementar a minha marca, o meu maior objectivo é contribuir para o desenvolvimento e regularização do sistema de moda português. Rtro: O que te fez concorrer ao Fashion Hub? JPF: Em Portugal não existe (que eu conheça) nenhum apoio à criação de marcas de moda, os investimentos que existem são através das plataformas de apresentação de colecções. A minha intenção era lançar a marca em Janeiro do próximo ano. Quando conheci a convocatória do Fashion Hub, que tem com objectivo impulsionar novos designers e marcas, pensei que seria importante para a marca antecipar uma estação e ter o apoio desta plataforma no lançamento da primeira colecção, sobretudo no que diz respeito à parte de gestão e apresentação da marca em mercados internacionais. Por outro lado, é raro ver plataformas de apoio à moda tão bem estruturadas e isso fez-me querer participar.

Rtro: Esperavas ter sido o escolhido para representar Portugal no “The British Council’s Young Creative Fashion Entrepreneur Award 2012”? JPF: Não. Foi uma boa surpresa. Durante o processo de selecção preocupei-me apenas em dar a conhecer ao júri os objectivos do trabalho que tenho desenvolvido. Penso que isso e o conceito da marca que irei apresentar em Junho ajudaram. Eu considero o Ricardo um dos designers mais consistentes da minha geração e estava certo de que seria ele o seleccionado para nos representar. Rtro:Quais são as tuas expectativas para o que se segue em Londres? JPF: Espero poder encontrar parceiros de negócio para a minha marca. Mostrar o meu trabalho num mercados influente e ter feedback em relação ao que vou apresentar. Tenciono igualmente desenvolver contactos e outros projectos em que estou a trabalhar.

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Ver. Ouvir. por Joana Fernandes


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Ouvir

John Carter

The very best of

Realização: Andrew Stanton

Musico: Donna Summer

Ano: 2012

Editora: Universal

Género: Acção/Aventura

Ano: 2003

Trata-se de um dos filmes mais aguardados do ano, o novo filme da Disney realizado por Andrew Stanton. O filme conta a história de um veterano da Guerra Civil americana, chamado John Carter (Taylor Kitsch) que vê-se transportado para o planeta Marte, chamado Barsoom. Lá é capturado pela tribo dos guerreiros Thark, monstros verdes de múltiplos braços, sendo condenado a troféu, causando-lhe mais contratempos. A sua vida complica ainda mais, quando resolve salvar uma princesa Dejah Thoris (Lynn Collins) em apuros, deixando assim para segundo plano a sua busca pelo caminho de regresso a casa. De uma certa forma este filme tem uns certos clichés, ou seja, podemos lembrar-nos de filmes como as Guerras das Estrelas, o Avatar, Stargate. John Carter apresenta de efeitos visuais impressionantes, as paisagens são fantásticas e os seres são excepcionais. Este filme recomenda-se a fãs de efeitos especiais 3D e de uma favorável aventura na Ficção Cientifica.

Donna Summer foi uma das cantoras pop norteamericanas mais conhecida pelo seu estilo disco dos anos 70, conferindo-lhe o título de Rainha da Disco. Vendendo mais de 130 milhões de discos, com uma carreira de 37 anos, foram inúmeros os seus êxitos. Ao longo da carreira, Donna ganhou cinco Grammies. Era um ícone da era disco e dona de um dos maiores hits da história. O seu trabalho ainda é aplaudido pela crítica.


Ver.Ouvir.Ir...

Sumol Summer Fest – Ericeira – 28 a 30 de Junho Arriscando-se a arrebatar o prémio de festival mais descontraído, o Sumol Summer Fest será, como sempre, pautado por muita música, surf, praia, amigos e, nas palavras da organização, “good vibes”. A descontracção começa já no dia 28, para quem adquirir o passe geral. O segundo dia ficará a cargo de Richie Campbell, Selah Sue ou Gui Boratto; a assumir as rédeas do último dia estarão Gabriel, o Pensador e Booka Shade.

Ir... por Margarida Cunha

Este bimestre dedicamos a rubrica “Ir” única e exclusivamente a festivais. Rompendo a monotonia dos dias de fato e gravata, exames e projectos, os festivais de música têm assumido um protagonismo crescente em Portugal, reflectindo um público com um leque de gostos cada vez mais heterogéneos. Do metal ao trance, passando pelo pop, reggae ou rock, a panóplia de opções é vasta. Exploramos aqui os 10 eventos mais relevantes à escala nacional. Super Bock Super Rock – Praia do Meco – 5 a 7 de Julho

Optimus Alive – Oeiras – 08 a 10 de Julho

Paredes de Coura – Paredes de Coura – 14 a 17 de Julho

A 18ª edição do SBSR promete-nos sonoridades tão díspares como Incubus, Apparat ou Skrillex. Mas são as vozes femininas que conferem distinção ao cartaz, ficando o protagonismo a cargo de Lana del Rey, Regina Spektor e M.I.A..

Um dos maiores festivais de música em Portugal (senão o maior) traz-nos este ano nomes como Snow Patrol, LMFAO ou Buraka Som Sistema. Ainda no primeiro dia, amantes da música electrónica poderão desfrutar de um toque electro ao som de dois dos nomes mais proeminentes da Ed Banger Records: Justice e Busy P. The Cure e Florence + The Machine assumem o protagonismo do 2º dia. É, contudo, o último dia (já esgotado) que promete arrasar com Oeiras ao som dos míticos e muito ansiados Radiohead.

Com um cartaz não encerrado e vários nomes por confirmar, os parabéns pelo seu 20º aniversário serão cantados ao som de Japandroids, Kavinsky, dEUS, Kasabian e Ornatos Violeta.


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Marés Vivas TMN – Vila Nova de Gaia – 18 a 21 de Julho

Milhões de Festa – Barcelos – 20 a 22 de Julho

Boom Festival – Idanha-a-Nova – 28 de Julho a 4 de Agosto

Tendo vindo a assumir um protagonismo crescente no Norte, o festival Marés Vivas promete animar o Verão – este ano com uma tonalidade rock – ao som de Franz Ferdinand, Garbage, Kaiser Chiefs, Billy Idol ou The Hives.

Afirmando-se como uma atitude, o Milhões pretende (e consegue) premiar a cultura alternativa e independente, promovendo o contacto entre “os mais variados quadrantes sociais, culturais e musicais”. Este ano, tal tarefa será incumbida a nomes como Baroness, Youthless, Alto!, Gala Drop, Bro-X, Publicist, L'enfance rouge, Killimanjaro ou Midnight Priest.

Num convívio que pretende fundir harmoniosamente a paz, a arte, o ambiente, o amor e a cultura psicadélica, o Boom Festival traz consigo a promessa de muitas noites sem dormir e muitas viagens ao mais íntimo do cosmos. A marcar o tom destas viagens estarão nomes como Gala Drop, Tjax, X-Dream, Coma Sector, Neutral Motion, Liquid Ross ou Tristan.

Vagos Open Air – Vagos – 3 e 4 de Agosto O festival de metal com maior proeminência em Portugal acontece em Aveiro e trouxe-nos já grandes nomes como Opeth, Epica, The Gathering ou Anathema. Este ano a organização conseguiu reunir bandas como At the Gates, Overkill, Enslaved, Textures, Disaffected ou Nasum.

Sudoeste TMN – Zambujeira do Mar – 1 a 5 de Agosto

Neopop – Viana do Castelo – 8 a 11 de Agosto

O evento mais mainstream da paisagem festivaleira portuguesa é uma vez mais pautado pela variedade. Será, assim, possível dançar ao som de Martin Solveig ou Pete tha Zouk. Ou deixar-se embalar ao som de Ben Harper e James Morrison. Ou ainda escutar a voz de Eddie Vedder a solo. Ou simplesmente sucumbir ao mais puro pop e acompanhar as letras de The Ting Tings e Jessie J.

Já foi conhecido como Anti Pop. Hoje é reconhecido como o maior festival de música electrónica em Portugal e é constantemente premiado pelo seu conceito criativo. Este ano conceder-nos-á o privilégio de colocar na nossa rota a mestria de Richie Hawtin, a omnisciência de James Holden ou a classe de Mini Logue e Josh Wink.


Wishlist

vs 4

por Ana Rodrigues toroseparade.blogspot.com

1

Chic 3

1

2

2

Robert Clergerie, 420€

Rochas, 1049€

3

4

Acne, 287€

Marc Jacobs, 260€


s 1

94 – 95 |

rtro

4

1

Cheap! 3 2

Mango, 68€

H&M, 15€

3

4

Mango, 18€

Zara, 30€

2



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