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Eis que se instalou confortavelmente nas nossas TVs a chamada silly season – um termo cunhado pelos media que caracteriza a tendência dos próprios media para, durante os meses de Verão, optarem por histórias ligeiras e até superficiais. À excepção de uma tragédia rural qualquer, abundam as rubricas de viagem pelo país fora – quando os telejornais não devotam metade do tempo a noticiar o que (não) se passa no Algarve. A praia entra-vos pelos olhos e ouvidos como uma associação incontestável ao Verão – tendência a que não ficámos alheios na RTRO.

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Como canalizadores de uma realidade segmentada, é natural que os media apostem forte naquela que é uma das paisagens privilegiadas nestes meses de Verão. No entanto, é de destacar negativamente o excessivo enfoque que se confere à praia, forçando um retrato já de si esborratado ao longo dos anos. O resultado é as pessoas olharem para nós com incredulidade quando afirmamos com renitência que não gostamos de praia. Apressam-se a tentar justificar esta nossa “panca” com argumentos duvidosos, como se gostar de praia fosse lei implícita e não gostar constituísse conduta desviante. Pois bem, cada um é dono do seu Verão e das suas férias, e se há coisa que nelas não cabe são lugares-comuns e imposições.

Portanto, se não gostam de praia, não abandonem a RTRO de imediato só porque ela previsivelmente ocupa a nossa capa. Folheiem um pouco mais e descubram que de silly não há aqui nada. Se for o caso, boas férias 

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Editorial

Margarida Cunha Editora


rtro staff

editora Margarida Cunha redactores Ana Cristina Silva Luisa Silva Margarida Cunha Maria João Barbosa layout / paginação Manuel Costa fotografia Ricardo Costa Liliana Ferreira foto de capa Ana Luisa Silva

A rtro está sempre à procura de modelos, fotógrafos,stylists, maquilhadores, designers, que queiram colaborar, expor os seus trabalhos, se achas que tens o que é preciso contactanos para o nosso email.

geral@rtromagazine.com


INDĂ?CE

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Its Summer Time

It Girl From Moss to Kloss

O gato da Astrologia

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A culpa ĂŠ das estrelas

Ler. Ver. Ouvir.


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O meu erasmus em Crac贸via

Sess茫o Intense Girl

Smells Like Signature



Its Summer Time Fotografia: Ricardo Costa (ricardocosta.org)

Assistente: Nuno Marques Modelo: Ana Luisa Silva Makeup & Hairstyle: Ana Luisa Silva Roupa: Dstyle, Oliveira do Bairro

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From Moss to Kloss por Margarida Cunha


Se abrirem uma revista de Moda ao acaso, há uma grande probabilidade de Karlie Kloss figurar nas suas páginas. Isto porque, apesar de os puristas defenderem que já não existem supermodelos, Kloss tem acumulado progressivamente sessões e capas de publicações da especialidade, o que a torna num dos nomes actuais mais sonantes no mundo da Moda.

Um dos seus trabalhos mais célebres e que mais suscitou curiosidade é sem dúvida a sessão fotográfica que co-protagonizou ao lado da dupla francesa de música electrónica Daft Punk, para a Vogue, nas ruas de Nova Iorque. Isto foi no Verão de 2013. Mas já desde 2006 que Kloss invade as capas de revistas tão nobres como W, Vogue, Madame Figaro, Harper’s Bazaar, Numéro ou Elle. Mas, afinal, onde reside o encanto desta jovem que nasceu em Chicago e que celebrou apenas 22 anos a 3 de Agosto? Para começar, a semelhança com Milla Jovovich, uma das mais icónicas modelos dos anos 90 em diante, poderá ajudar. Além disso, e o que não é muito comum em modelos, Kloss detém um rosto simpático e acessível – podia ser aquela vizinha alta e magrinha do 2º esquerdo. Mas é o seu look de menina-mulher, associado aos olhos esverdeados de felina, que a tornam inconfundível. Ainda assim, é impressionante o rol de marcas com as quais já trabalhou em campanhas publicitá-

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rias e desfiles: Yves Saint Laurent, Donna Karan, Nina Ricci, Marc Jacobs, Givency, Gucci… a lista é infindável. Se pensarem nas marcas top of the mind da indústria, existe uma probabilidade elevadíssima de Kloss já ter colaborado com elas. E já referimos que Kloss também é presença habitual nos desfiles da Victoria’s Secret? Adepta das redes sociais, Karlie utiliza o Facebook e sobretudo o Instagram para comunicar com os fãs, partilhando não apenas refeições e recordações de viagem, como frases inspiradoras. Mais recentemente, a modelo protagonizou uma das mais bonitas sessões da sua já longa carreira, ao posar lado a lado com Karissa, uma jovem que sofre de cancro, em parceria com a Make-A-Wish Foundation. Karlie demonstra assim ser mais do que um rosto bonito: a ele juntam-se simpatia e generosidade de encher as medidas. O resultado? 52kg e 1,85m de boas energias.


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O Gato da

Astrologia por Luisa Silva

A Astrologia é para curiosos. Não cria dependência nem se assemelha a um portal mágico. É de forma despretensiosa que devemos encarar qualquer leitura astrológica.

Pretendo apenas abordar a riqueza de temas que a astrologia tem. Hoje em dia, o mundo astrológico deixou de ser algo pesado que apenas um místico de turbante e dono de um gato preto poderia manobrar. Em cada acesso que faça à Internet, lhe garanto que encontra uma nova página de astrologia para bom entendedor. Confesso, sou curiosa nata. Ainda mais, por astrologia. Todos temos aquele amigo não crente mas que a cada passo nos pergunta sobre o seu signo solar ou se a sua lua está em vénus. Tenho a minha dose e por eles a fama de entendida na matéria. O pouco que sei prometo partilhar. No fim, pode sempre discordar da minha abordagem. Assumo, ainda, que sou fascinada por certas áreas da Astrologia. Se se vir ameaçado por tanta informação, relembre que muito educadamente lhe referi este facto. É que a Astrologia tem tanto em si que é difícil enumerar. Deixo de lado, sem peso na

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O gato da Astrologia

consciência, a astrologia adivinhatória. Para mim o importante é entender que o Cosmos é de uma dimensão que ainda não podemos assumir com certezas, assim como a Astrologia não pode ser definida e enquadrada com base em dados empíricos. É da experiência que as asserções surgem. Se nos faz mais sentido, e de modo a facilitar a comunicação, procedemos à aceitação do pré conceito que a astrologia é uma disciplina artística, uma manifestação da cultura popular que data de há muitos séculos atrás. Para mim, astrologia é o reconhecimento de certos padrões psicossociais associados aos astros - planetas do sistema solar, sol, lua, determinadas estrelas e outros seres celestes. Contudo, estes padrões são contornados, fácil ou dificilmente, de acordo com o aspetos que formam entre si, pelo nosso livre arbítrio. Por exemplo, alguém com Sol em Balança é referido como uma pessoa com gosto pelo que é belo e refinado, amante da moda. É, no entanto, a escolha dessa pessoa que a faz colaborar numa revista de moda. Sublinho que o elemento primordial do trabalho de um astrólogo é o Mapa Astral, determinado através da data de nascimento. É este que nos mostra dentro de um círculo dividido em 12 signos e ainda repartido em 12 casas, todas as relações (aspetos, termo correto) que os planetas estabelecem entre si, com os signos e com as casas onde se encontram. Há tanto para falar sobre o Mapa Astral de uma pessoa, com já referi. Não quero cansá-lo já com a infinidade de informação que dali se pode retirar. Relembro que este elemento de análise é único, pois refere-se a uma pessoa e indica-nos aspetos da sua personalidade. Aos curiosos, como eu, deixo aqui alguns sites que oferecem este serviço – www.astro.com e www.cafeastrology.com. Agora que estamos em tempo veraneio nada melhor do que nos focarmos no Sol e nas energias que ele nos transmite. Vamos então atentar na posição do nosso Sol em


termos de signos. Sim, cada um possui um signo solar de acordo com o dia do mês em que nasceu. Cada signo, que compõe o Zodíaco, é dado pelas constelações – que formam uma imagem no nosso céu - na qual o Sol se encontra quando a pessoa nasce. Os 12 signos estão ainda associados a seres mitológicos à exceção de Balança e Aquário que são representados por objetos. É o signo solar que mostra a nossa identidade, aquilo que realmente somos. Os Carneiro são assumidamente os mais assertivos com um toque de ingenuidade do Zodíaco (conjunto dos 12 signos). Os Peixes são os poetas sonhadores ao contrário dos Touros, teimosamente sensuais. Os Gémeos descrevem-se como comunicadores versáteis, os Caranguejo são os doces altruístas, já os Leão são os líderes generosos. Os Virgem destacam-se por serem humildes perfeccionistas, os Balança são os anfitriões justos, os Escorpião apaixonadamente decididos. Por último surgem os Sagitário, filósofos aventureiros, ainda os Capricórnio, ambiciosamente comprometidos, e os Aquário, amigos revolucionários. A título de curiosidade sobre o mistério da temática astrológica, sugiro aos amantes da sétima arte o filme Zodiac. Este aclamado thriller baseia-se numa série de assassinatos verídicos que assustaram a Califórnia dos anos 70. Retrata a obsessão de um cartoonista (Jake Gyllenhaal) por desvendar a identidade do serial killer que se auto denomina Zodiac. Uma trama que refere mensagens em código ainda por decifrar e o uso de simbologia, apesar de até hoje não se conseguir estabelecer ligação astrológica entre as vítimas. Uma intriga que dá que pensar e não sacia os curiosos.

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O meu erasmus em Cracóvia por Maria João Barbosa

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O Meu Erasmus Em Cracóvia

Não há palavras para descrever uma experiência como esta. Dez meses repletos de novas amizades, paixões, lágrimas e alegrias – foi o que me prendeu àquela cidade mágica que é Cracóvia. No início foi tudo mais pujante, ficar a viver num dormitório permitiu-me conhecer imensa gente e aprender novos idiomas. Todos os dias daquele mês de Setembro que vivi lá ficarão para sempre gravados no meu coração. Foi lá que criei as melhores amizades e até jogar futebol só com rapazes fui capaz. Foi por ter estado lá que tive a oportunidade de conhecer tanto as partes mais sombrias, como Auschwitz, como as mais atractivas da Polónia, como por exemplo, Zakopane e as minas de sal. Aprender polaco não foi tarefa fácil, mas o meu entusiasmo inicial ajudou-me a finalizá-lo com sucesso. Posso dizer que nunca me senti tão segura como em Cracóvia, apesar de achar que há uma preocupação exagerada em manter a ordem na cidade. Praticamente todos os dias havia uma comemoração especial na cidade e, enquanto os carros da polícia rondavam o centro, as multidões iam cada vez mais enchendo as ruas. Penso que para mim o maior choque foi do que eu me apercebi em termos religiosos. Pessoas de todas as idades viam-se nas igrejas a rezar e até nos transportes públicos o faziam como que a meditar. Igrejas, Catedrais, Sinagogas Judaicas entre outras, ofuscaram-me com a sua riqueza em ouro, ornamentos e imponência. Relativamente à comida típica da região, foi um pouco estranha a sensação, pois eles primam pela quantidade exagerada de pimenta e especiarias nos pratos típicos. Mas no geral gostei bastante, principalmente porque maioritariamente é comida vegetariana. Não pude deixar de reparar na tão cobiçada beleza e elegância das mulheres polacas, sempre bem vestidas e maquilhadas e prontas para fazer a festa. Já os rapazes, pelo que observei, são pouco chamativos ou atraentes. Mas no geral, os jovens polacos são muito acessíveis e também falam inglês, ao contrário da faixa etária mais velha, que sabe apenas algumas palavras – como os taxistas, por exemplo. Assim ao primeiro embate, fiquei com a ideia de que os polacos não eram muito hospitaleiros nem primavam pela simpatia, por causa dos seus semblantes sempre sérios e carrancudos. Mas com o tempo fui-me habituando e, claro, nem todos


se incluiriam nesse grupo. Entretanto, chegou o momento de mudar de casa e foi aí que fiquei a conhecer aquelas duas pessoas com que partilhei a minha vida durante os oito meses restantes, o Dimas e a Anna. Pessoas lindas, com os seus defeitos como toda a gente, mas verdadeiramente meus amigos e irmãos. Talvez a única coisa de que me arrependo neste Erasmus foi a falta de oportunidades para viajar pela Polónia. A única cidade que visitei foi a Breslávia que fica a mais ou menos três horas de Cracóvia. Adorei a cidade, com os seus gnomos em miniatura espalhados pelas ruas, e a companhia das seis raparigas que viajaram comigo. Foi um fim-de-semana cheio de humor e novas descobertas. A vida nocturna em Cracóvia é também muito rica. No centro da cidade podemos encontrar inúmeros bares, sendo os mais frequentados o Bania Luka e Pijalnia, pois a cerveja e os shots custam apenas um euro. Relativamente a discotecas, também tem uma grande oferta, se bem que, em termos musicais, imperam aquelas músicas mais comerciais que muitas vezes passam nas rádios. Há também bares de striptease, pelo menos em duas ruas do centro, onde constantemente estão duas raparigas vestidas de um modo provocador, do lado de fora, a abordar homens para entrar. A zona onde eu morei, Kazimierz, antigamente era uma ilha separada da outra parte da cidade, onde viviam e ainda vivem maioritariamente judeus. Adorei conhecer todos aqueles bairros judeus, a pequena praça do mercado, entre outros locais muito simpáticos. Outra coisa que vale muito a pena visitar é o castelo de Wawel, onde a paisagem que se tem para além do rio é muito bonita, e onde as capelas que fazem parte do castelo por dentro são realmente brutais. Enfim, fazendo agora uma retrospectiva sobre todos os meses que lá passei e os sítios que tive oportunidade de visitar, acho que nunca fui tão feliz e nunca me apaixonei tantas vezes como naquela mágica cidade. Deixei lá a minha liberdade, mas também a minha esperança de um dia voltar. Como se diz em polaco: Dzienkuje bardzo (obrigada por tudo), Cracóvia!

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Intense Girl Foto e edição: LR FOTOGRAFIA Modelo: Susana Correia Makeup: Liliana Ferreira Assistentes: Hugo e Bruno Santos

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Smells like‌

Signature

by Christina Aguilera por Margarida Cunha


O lançamento de perfumes tornou-se prática comum no mundo das celebridades – uma estratégia que permite não só aumentar os seus lucros em mais alguns dígitos, como alargar o seu público-alvo. Christina Aguilera, depois de acumular múltiplos #1, prémios e capas de revista, não foi excepção e, em 2007, lançou a sua primeira fragrância. Inicialmente identificado simplesmente como Christina Aguilera, mas agora conhecido como Signature, é um perfume de uso diurno, lançado sob o slogan “Sometimes, it’s all you need to wear”. O seu aroma é muito envolvente e viciante, com as notas a reflectirem algo de pessoal na vida da cantora: as de topo, tangerina, groselhas pretas e frutas exóticas, são associadas à lua-de-mel que a artista passou com o seu ex-marido em Bali; o jasmim, que se junta a peónia e ameixa nas notas de coração, relembra Aguilera do glamour da velha Hollywood; por fim, a sensualidade liberta-se com as notas de base: âmbar, baunilha e almíscar. Cria-se assim uma sedutora e hipnótica harmonia, que resulta num perfume muito agradável, fresco e feminino, sem pecar pela intensidade. Aliás, a apontar-se-lhe um defeito, seria o da fixação – que, como sempre, não reúne consenso. Para quem acompanhou o período criativo de Back to Basics – o CD duplo que Aguilera lançou em 2006 para homenagear as grandes vozes do jazz, blues e soul dos anos 20, 30 e 40 – o frasco rendado e curvilíneo, de aspecto vintage, constitui uma escolha óbvia e representa fielmente o conceito desta fragrância. Fragrância que foi o primeiro passo rumo ao título de linha de perfumes de celebridades Nº1 na Europa. Entre os múltiplos prémios arrebatados por Signature, sobretudo na Alemanha, destaca-se, em 2008, o prestigiado Fifi Award para melhor perfume lançado por uma celebridade – escolha do público. Disponível nos seguintes formatos: Eau de Parfum (15ml, 30ml e 50ml e 75ml); Desodorizante Spray (150ml); Gel de Banho (200ml); Loção Corporal (200ml).

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“A CULPA NÃO É DAS NOSSAS ESTRELAS, MAS SIM DE NÓS PRÓPRIOS” por Ana Cristina Silva

Sucumbi à “pressão” e resolvi ler “A culpa é das estrelas”, o livro que inspirou uma adaptação cinematográfica que promete ser mais um filme a bater recordes de audiência este ano. Ainda não vi o filme, por isso esta resenha assenta somente no quarto romance do premiado autor John Green. “A culpa é das estrelas” conta, na primeira pessoa, a história de Hazel Lancaster, uma jovem de 16 que desde os 12 sofre de cancro da tiroide. Ela tem consciência de que vai morrer mas está sob o efeito de uma droga experimental (e ficcional) que lhe tem dado tempo adicional de vida, o que se pode traduzir em semanas, meses, ou anos. Por isso,

Hazel vem-se preparando para morrer: é vegetariana porque não quer ser responsável por mortes de animais e vive preocupada com o modo com a sua mãe irá reagir quando ela se for. Hazel vive fechada no seu mundo: os seus melhores amigos são os seus pais, lê o mesmo livro vezes sem conta e raramente sai de casa. É uma personagem irónica ao extremo e impaciente com a atitude das pessoas para com os pacientes de cancro. Num grupo de apoio conhece Augustus Waters, Gus, jovem, atrativo e cheio de carisma e rapidamente estabelecem uma amizade sincera. Augustus perdeu uma perna devido a um cancro mas parece estar

Título: A culpa é das estrelas Título original: The fault in our stars Autor: John Green Tradutor: Ana Beatriz Manso Editora: Asa Edição: Setembro de 2012 Páginas: 256 Género: Romance, Young Adult


em remissão e, ao contrário de Hazel, quer deixar a sua marca no mundo, não quer cair na lei do esquecimento; encara cada dia como uma oportunidade de mudar algo na sua vida ou na vida dos outros. Gus é tudo o que Hazel precisa para ter vontade de sair de si mesma; o motivo. E é isso que o faz aproximar de Hazel, sem se importar com o tanque de oxigénio que vai com ela para todo o lado ou com as tentativas dela de ficar fechada no seu mundo. Ele lê “Uma aflição imperial”, o livro preferido de Hazel e talvez uma das personagens principais desta obra de John Green. O livro deixa-a transtornada, pois narra a história de Anna, uma menina que sofre de cancro terminal, mas acaba com uma frase a meio. Hazel não consegue ultrapassar esse facto, quer saber o que aconteceu com as personagens, quer saber como acaba a história. Augustus decide ajudá-la e entra em contacto com o autor do livro que, no entanto, se recusa a dar-lhe respostas via e-mail, carta ou telefone e convida-os a encontrarem-se com ele em Amesterdão para lhes contar o final do livro. Assim, Hazel e Gus partem numa viagem rumo a Amesterdão para conhecerem o autor e, no fundo, para se conhecerem melhor a eles próprios. Uma viagem romântica e agridoce ao mesmo tempo; a história de Hazel e Gus é a história de um primeiro amor, aquele que nunca se esquece, e, ao mesmo tempo, do último amor. John Green trabalhou com pacientes terminais que sofriam de cancro quando era mais novo e será por isso que tendo contactado tão de perto com jovens cuja doença é tão devastadoramente real escreveu esta obra de uma maneira tão sincera. Este livro não pretende demonstrar a coragem ou o espírito de sobrevivência que este tipo de doença desperta nos pacientes, mas sim um retrato fiel do que realmente passa pela cabeça de dois jovens e das suas famílias quando o inevitável se começa a aproximar.

Augustus parece bom demais para ser verdade. Tudo o que ele desperta em Hazel, tudo o que ele representa e aquilo por que luta, contra o esquecimento e a favor de uma vida mais completa, é o que todos nós deveríamos fazer. Sim, muitas vezes as suas falas e monólogos parecem demasiado maduros para um jovem de 17 anos, mas tudo aquilo por que já passou, faz com o que nos transmite encaixe na personagem. “A culpa é das estrelas” é um livro que nos evoca sentimentos contraditórios, que nos faz rir, sorrir e chorar, tudo ao mesmo tempo, e que faz dele um livro completo. Para além do tema que, inevitavelmente, nos faz refletir, o que importa sublinhar são as personagens. E não me refiro só às principais, Hazel e Gus, mas também e, em especial, a Isaac, amigo de Gus, ou ao próprio escritor holandês. Hazel e Gus são, por certo, personagens reais, que em alguma parte do mundo realmente existem e tentam balancear a vida que lhes falta com o amor que ainda lhes resta viver. Um dos objetivos de John Green ao escrever este livro, segundo uma entrevista do autor, era o de nos fazer entender que doentes terminais não deixam de ser pessoas como todas as outras, também têm o direito a se revoltarem com injustiças, a rirem-se às gargalhadas, a ter esperança e, principalmente, têm direito a apaixonarem-se Leiam o livro antes de ver o filme ou façam-no depois; mas leiam o livro: vale a pena!

“Esse é o problema da dor. Ela precisa de ser sentida” John Green in “A culpa é das estrelas”

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Ler. Ver. Ouvir. por Ana Cristina Silva

Ler Dei-te o melhor de mim Autor: Nicholas Sparks Editora: Presença Ano: 2011 Género: Romance A história de “Dei-te o melhor de mim” começa com um grande amor proibido entre dois jovens, Dawson e Amanda, vindos de dois mundos diferentes: ele de uma família problemática, ela de uma das famílias mais respeitadas de uma pequena cidade americana, Oriente. O amor entre os dois acaba por não resistir à pressão das famílias e, ainda jovens, seguem rumos diferentes. Passado 25 anos voltam à cidade onde nasceram e reencontram-se; o primeiro amor nunca esquecido volta a surgir e tudo parece dar a entender que desta feita o final será feliz. No entanto, durante tantos anos de ausência muita coisa mudou, Amanda casou e teve filhos, apesar de nunca ter esquecido Dawson e este esteve preso, acusado de matar um homem. Ambos encontram-se divididos pelo que foram e pelo que são agora. Nicholas Sparks, com a sua escrita clara, comovente e realista tem a capacidade de retratar episódios de vida que poderiam ser os de qualquer um, uma vez que as situações descritas são muito reais. Quando se lê Nicholas Sparks nunca se sabe se vai haver um final feliz ou se o livro acabará numa ou mais mortes; certo é que haverá sempre uma lição de vida a ser aprendida; no caso de “Dei-te o melhor de mim” essa é que tudo na vida acontece por uma razão. A adaptação cinematográfica do livro chega às salas de cinemas portuguesas em Outubro deste ano com James Marsden e Michelle Monaghan nos principais papéis.


Ver

Ouvir

O Homem duplicado

In the lonely hour

Realização: Denis Villeneuve

Autor: Sam Smith

Elenco: Jake Gyllenhaal, Mélanie Laurent, Sarah Gadon

Editora: Capitol Records

Ano: 2013

Ano: 2014

Género: Thriller

Género: Pop/Rock, R&B

“Um homem duplicado” é um filme inspirado no livro homónimo de José Saramago e lançado em Portugal no ano em que o Prémio Nobel faria 100 anos, 2014. É uma obra em que, segundo o realizador Denis Villeneuve, apesar de ser uma adaptação, foram seguidas muito mais as emoções e sensações do que, fielmente, o texto.

Sam Smith: um nome a reter para futuras referências. “In the lonely hour” trata-se do primeiro álbum do artista britânico, vocalista em canções como “La, la, la” de Naughty Boy ou “Latch” dos Disclosure.

O filme trata-se de um thriller erótico que explora a mente de um homem em crise, esse homem é Adam. Adam é um professor que leva uma vida monótona até que descobre a existência de Anthony, um ator de pouco relevo que é fisicamente igual a ele. Ele decide, então, ir atrás do seu duplo, envolvendo a sua namorada e a esposa dele numa trama de suspense que muda a vida de todas as personagens. São homens idênticos (não gémeos) que quando se deparam com esta realidade duplicada, vivem atormentados por um desejo insaciável de respostas. Esse desejo acaba por se traduzir também, em luxúria e inquietação que terminam em distorções de identidade: onde começa Adam e onde termina Anthony? De destacar a interpretação de Jake Gyllenhall, ator em filmes como “Brockeback Mountain” ou “Zodíaco”. Ele faz com que leves diferenças psicológicas e sutis alterações de comportamentos dos protagonistas nos pareçam a nós, espetadores, extremamente distintas. No fim, ficanos a sensação de que o filme nos tentou enganar, de que ele não é apenas um suspense comum e de que ficou (propositadamente?) algo por perceber da nossa parte.

Neste álbum, mais do que a sua voz inconfundível e repleta de falsetes e vibratos perfeitos, salta aos ouvidos a história por detrás das músicas que canta. Letras sobre amores não correspondidos ou oportunidades perdidas que deixam transparecer a sinceridade com que foram escritas, alternando momentos de raiva (“I’ve told you now”) e sentimentos de injustiça (“Like I can”) com palavras de desespero (“Leave your lover” e “Not in that way”). Daqui depreende-se em termos de conteúdo uma influência de Norah Jones ou Adele na tentativa (conseguida) de construir um álbum com uma narrativa sincera que nos fale diretamente. Num disco repleto de músicas com muita guitarra e alguns sintetizadores, são, no entanto, aquelas que parecem subir de tom até explodirem num refrão forte em termos musicais e de conteúdo que realmente marcam “In the lonely hour”. De referir a versão acústica de “Latch” com que Sam Smith termina o disco como a malha que parece encerrar todo o potencial da sua voz. Recomendo uma visita ao YouTube para verem e ouvirem a participação musical que fez há uns meses no famoso programa americano Saturday Night Live e a versão ao vivo de “Stay with me” com a colaboração de Mary J. Blige, (para além das inúmeras versões praticamente acústicas de várias da músicas do álbum, quiçá melhores que os respetivos originais).

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