rtro magazine nยบ29
Adoro o Outono. Os fins de tarde dourados, hesitantes entre o frio e o calor. As folhas caídas no chão (um cliché que dá cor a qualquer passeio), E, claro, o Halloween. A noite assombrada, os rostos que se escondem, as festas mais ou menos cómicas que se vão espalhando em Portugal a cada ano que passa. Por isso, é com entusiasmo que montámos esta edição marcada pelo obscuro. O obscuro dos signos, o obscuro dos disfarces das celebridades e, finalmente, o obscuro real e claustrofóbico de alguém que passou pela tormenta de um distúrbio alimentar. “A minha jornada pelos distúrbios alimentares” é seguramente o artigo mais sério que alguma vez publicámos, um retrato real, despretensioso e acessível em que a relação com a comida é apenas o ponto de partida. Analisamos ainda as tendências de Moda para o OutonoInverno – que, felizmente, de obscuras têm muito pouco.
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E porque Halloween que se preze envolve cinema, esta RTRO vai tornar-vos mestres em Terror, com uma análise extensiva da evolução do género ao longo dos anos. Uma viagem arrepiante que vai deixar-vos nostálgicos. Se quiserem revelar ao mundo o vosso disfarce ou faceta obscura, inspirem-se nas nossas sessões fotográficas!
Uma última dica: se neste Halloween ficarem em casa e vos ligarem a perguntar “Do you like scary movies”? Desliguem, saiam de casa pela porta principal e nunca, jamais, digam “I’ll be right back”. Tenham um Halloween assustador!
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Editorial
Margarida Cunha Editora
rtro staff
editora Margarida Cunha redactores Ana Cristina Silva Luísa Silva Margarida Cunha Maria João Barbosa Luís Filipe Teixeira paginação Manuel Costa fotografia Liliana Ferreira Margarida Cunha Ricardo Malta foto de capa Luísa Silva
A rtro está sempre à procura de modelos, fotógrafos,stylists, maquilhadores, designers, que queiram colaborar, expor os seus trabalhos, se achas que Os vectores utilizados nesta edição encontram-se em http://temotato.com.
tens o que é preciso contacta-nos para o nosso email.
geral@rtromagazine.com
INDÍCE
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Scary Moves
Séries para o Halloween
A Máscara na Astrologia
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A Minha Jornada pelos distúrbios alimentares
The Girl With Blue Eyes
A Noite de Todas as Noites
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A Sombra do Zodíaco
Tendências Outono-Inverno 2014
Os Disfarces das Celebridades
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78
80
Dark
Começar de Novo
Ler. Ver. Ouvir.
Scary Moves Fotografia: Margarida Cunha Modelo: LuĂsa Silva
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Scary Moves
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Scary Moves
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Scary Moves
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Scary Moves
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Scary Moves
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Scary Moves
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SÉRIES PARA VER E REVER NO HALLOWEEN por Ana Cristina Silva
HALLOWEEN! Sim, chegou aquela altura do ano em que os nossos personagens preferidos vestem os seus melhores e mais assustadores disfarces e os episódios especiais invadem o pequeno ecrã. Vamos então revisitar os fantasmas de Halloweens passados e conhecer alguns dos melhores episódios especiais de algumas séries: Pretty Little Liars (“Pequenas Mentirosas”) – This is a dark ride (T03E13) Esta é a série que todos os anos nos brinda com um episódio especial, no qual muito provavelmente alguém morre e/ou importantes segredos são revelados. No episódio 13 da terceira temporada é exactamente isso que sucede. A acção passa-se numa festa de Halloween em pleno comboio e, como é premissa da série, envolveu perseguições, descobertas e confissões e contou ainda com a participação especial do músico Adam Lambert. Glee – The Rocky Horror Glee Show (T02E05) Inspirado no musical de 1973 “The Rocky Horror Show”, este episódio presta tributo a sete das músicas da adaptação cinematográfica da peça. O episódio contou também com a participação especial de Meat Loaf e Barry Bostwick. Tanto as versões musicais como o próprio episódio geraram, por parte dos especialistas, críticas contrárias e bastante extremas. Resta ver o episódio e julgar por nós mesmos. The Vampire Diaries (“Os diários do vampiro”) – The Ghost World (T03E07) Numa série com uma tão alta contagem de mortos como esta, surge um episódio em que alguns voltam, ainda que limitada e temporariamente, à vida. É o que sucede no sétimo episódio da terceira temporada quando Bonnie abre o portal para o outro mundo e os habitantes de Mystic Falls recebem a visita de velhos amigos e inimigos. Claro que tudo acaba no fim do episódio, não sem antes grandes revelações mudarem o rumo da história.
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Séries para o Halloween
Buffy the Vampire Slayer (“Buffy a caçadora de vampiros”) – Fear, Itself (T04E04) Este episódio especial leva Buffy, Xander, Oz e Willow a uma festa de Halloween de uma das residências de estudantes da Universidade. Tudo daria a entender que seria uma festa normal e que Buffy teria um descanso das suas patrulhas; no entanto, um demónio de nome Gachnar aparece e usa os seus poderes para revelar os piores medos de cada um das personagens, que não têm outra saída senão confrontá-los. Não nos podemos esquecer, contudo, daquelas séries que não precisam de episódios especiais para nos inspirar típicos sentimentos de medo e terror característicos da época. Sejam séries que já terminaram, ou que ainda continuam a exibir episódios que nos afetam, todas elas têm algo em comum: o mistério, os demónios (humanos ou não) que nos deixam agarrados ao assento. The Walking Dead – a série conta já com cinco temporadas e conta a história do xerife Rick Grimes que, ao acordar de um coma, descobre que vive num mundo pós-apocalíptico dominado por zombies. A cinco temporadas acompanham a sua busca pela família e a história de outros sobreviventes. Sleepy Hollow – a série de terror conta, para já, com apenas uma temporada e adapta para televisão a “Lenda do cavaleiro sem cabeça”. A trama acompanha Ichabod Crane, e a xerife local Abbie Archer que se unem para investigar misteriosos assassinatos na cidade de Sleepy Hollow. A série conta com uma forte dupla de protagonistas, várias viagens ao passado e um universo que, apesar de estranho, nos é credivelmente apresentado e explicado. True Blood (“Sangue Fresco”) – inspirada na série de livros “Sookie Stackhouse” de Charlaine Harris, “True Blood” passa-se numa nova era científica, em que os vampiros são cidadãos comuns, sem necessidade
de beber sangue humano graças ao sangue sintético inventado por cientistas japoneses. No entanto, nem todos concordam com esta “revolução” e numa mistura de vampiros, lobisomens, bruxas, fadas e pessoas comuns, mergulhamos num drama envolvente e obscuro. A série, já terminada, contou com sete temporadas. American Horror Story (História de Horror Americana) – Trata-se talvez da única verdadeira série de terror a ser actualmente exibida na televisão. A cada temporada, “American Horror Story” conta uma nova história centrada num tema totalmente diferente, mas com o mesmo elenco das temporadas anteriores a interpretar novas personagens. Na primeira temporada, o tema foi uma casa assombrada, na segunda, um manicómio, a terceira seguiu um grupo de bruxas na luta pelo poder. A quarta temporada, acabada de estrear nos E.U.A., vai seguir uma trupe circense, um verdadeiro espectáculo de horrores. Hannibal – Este thriller psicológico segue uma das personagens mais famosas da literatura e do cinema: o psiquiatra e assassino em série Hannibal Lector. Will Graham é um traçador de perfis do FBI que solicita ajuda do Dr. Lector para encontrar um serial killer. A dupla vida de Hannibal apenas é conhecida por nós, expectadores, e a trama acompanha a evolução das personagens à medida que a verdadeira natureza de Lector se começa a revelar. Os jogos psicológicos, verdadeiros desafios para a nossa mente, a evolução de Will (surpreendentemente bem capturado por Hugh Dancy), e o avançar e recuar no desmascarar de Hannibal elevam a série a um patamar elevado e deixam-nos pregados ao ecrã. O meu conselho é que nas vésperas do Halloween se deixe ficar por casa, no sofá, sozinho/a ou acompanhado/a, enroscado/a num cobertor e faça uma maratona de algumas destas séries para entrar realmente no espírito da época mais assustadora do ano. 24 – 25 | rtro
A máscara na
Astrologia por Luísa Silva
Todos nós já ouvimos falar do Ascendente, aquele elemento astral que sabemos que temos mas não percebemos bem. Vamos neste espaço compreender o real significado de dizer que somos tal signo de Ascendente. Ora, para saber em que signo se encontra é preciso saber a sua hora de nascimento. Este dado determina a constelação que estava no Horizonte atribuindo-lhe assim um dos 12 signos do zodíaco. Falar em ascendente é fazer metáfora com a palavra máscara. Enquanto o signo solar revela a nossa personalidade, o ascendente é considerado a primeira impressão que damos. Aquele ar, energia que as pessoas depreendem de nós num curto encontro. Certamente, conhecem amigos que não se encaixam no signo solar. Eu apresento-vos um caso. Ela tem sol em Leão mas numa primeira ideia ninguém diria que é expansiva até porque tem sempre sorriso doce e contido, o cabelo liso e os traços do rosto delicados. Tem ascendente em Balança. O outro lado da equivalência entre ascendente e máscara, o mais arriscado, está na analogia entre os nossos traços físicos e o signo ascendente. Fazer tal correspondência pode chegar a ser extremista. Ao pesquisar na Internet encontram-se muitos websites e fóruns que se dedicam a analisar fotografias, em especial de celebridades, para desvendar os respetivos ascendentes. Ora, tal processo
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A Mascara da Astrologia
parece lógico - uma forma de fazer a prova dos nove – mas não se pode basear uma determinação tão importante com base em fotografias que podem ser apenas frações de momentos, representar poses e ser dissimuladas por maquilhagem. É o ascendente que determina a divisão do sistema de casas. Relembro que cada casa está associada a diferentes áreas da vida como relacionamentos, vocação, finanças, família. O ascendente é o signo na cuspe da primeira casa que lida com assuntos relacionados com a aparência, personalidade social e primeira impressão, aquilo que projetamos. Não será difícil perceber por que razão os astrólogos e mesmo os estudantes desta arte se seduzem pela descrição da imagem física de cada signo ascendente. No estudo da astrologia o ascendente e o signo solar são a cara e a coroa da nossa personalidade com o signo lunar a falar do que nela está escondido emocionalmente. Criar pontos de ligação entre a pessoa e o ascendente é bom mas pouco. O nosso mapa astral, o conjunto de determinantes elementos celestiais que estavam em determinada posição, é o único modelo suficiente para descrever cada um de nós. Desta forma, apenas por eu ser ascendente em Gémeos não significa que o mundo das ideias e a comunicação sejam áreas de relevo. É preciso outro fator que o comprove, como ter Mercúrio (regente de Gémeos e da comunicação) em Balança que é o meu signo solar. Desta forma, o ascendente completa-se com o Sol assegurando que a minha personalidade é a de uma pessoa com paixão por comunicação. A astrologia é uma arte que deve ser levada a sério se a nossa intenção for compreender.
Assim, se a curiosidade o motiva há certas características que se destacam em cada um dos Ascendentes do Zodíaco. Veremos se concorda com algumas delas. O Carneiro em ascendente é alguém impulsivo e energético com cabelo por vezes escasso, andar rígido e ombros largos. Ter ascendente em Touro significa ser teimoso, leal e materialista, de aparência serena mas bem constituída. Os ascendentes em Gémeos são vivazes, inteligentes e sociais, assim como aparentam ser mais jovens do que são com dedos compridos mas graciosos. Ter ascendente em Caranguejo indica uma personalidade sensível e envergonhada mas dotada de sexto sentido, com face redonda e mãos pequenas e quadradas. A ascendência em Leão implica ser notado porque se possui um ar amigável e seguro com cabelos encaracolados a flutuar fruto do grande tempo dedicado a cuidar da aparência. O ascendente em Virgem é inteligente e reservado com tendências perfeccionistas, tendo corpo esguio e jovem além de falar muito com as mãos. A Balança em ascendente é pacifista, criativa e cheia de amigos o que combina com a aparência charmosa que cultiva. Ter ascendente em Escorpião é magnetizar e ter carisma, encarar tudo com determinação que se vê num olhar desafiante e de cor intensa. O ascendente em Sagitário possui um sentido de humor e otimismo contagiante ao mesmo tempo que
partilha o seu sorriso aberto e uma personalidade aventureira. Capricórnio em ascendente revela-se numa personalidade séria, determinada a ultrapassar obstáculos, com humor seco assim como a sua aparência sombria e resistente. Os ascendentes em Aquário são não conformistas de interesses ecléticos, como a astrologia, e com traços faciais únicos e cabelo indomável. Com Peixes como ascendente o individuo apresenta um ar empático, sensível e camaleónico combinado com uma face oval e as mãos e pés pequenos. Para uma descrição mais detalhada aconselho o website CafeAstrology. Aqui pode ler-se, de forma gratuita, artigos de uma vasta temática nomeadamente sobre os ascendentes (rising sign/ascendent). Se a curiosidade o motiva, sugiro ainda o filme Five Star Day protagonizado por Cam Gingadet que aborda conceitos astrológicos a um nível para além do superficial. Neste drama Jake Gibson, após a previsão de um dia de aniversário cinco estrelas se revelar no pior dia da sua vida, decide comprovar a ilegitimidade da astrologia. Nesta sua cruzada, Jake está determinado em encontrar e questionar as três pessoas que partilham a mesma data e local de nascimento - Sarah Reynolds, Yvette Montgomery e Wesley Henderson. Assim, viaja por Chicago, New Jersey e New York. Estes encontros vão testar as convicções de Jake ao mostrar que por vezes a vida dá voltas que não se prevêem. É um guião interessante pois arrisca em dar o papel principal à Astrologia. Agora se é apenas uma máscara para a verdadeira essência do filme, apenas cada um de nós pode comprovar.
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A sombra do ZodĂaco por LuĂsa Silva
“Toda a alma tem uma face negra, nem eu nem tu fugimos à regra”. Palavras sábias de Rui Veloso que espelham os dois lados do Zodíaco. Na tradição “Doçura ou travessura?” quais seriam as diabruras? Aqui se desenham algumas caricaturas sombrias dos signos.
Carneiro – Tudo se resume a agir conforme o que lhes apetece no momento. Simplistas. Definem-se como agressivos e inconscientes. Touro – É a atracão pelo mundo materialista que revela a sua atitude egocêntrica e teimosa. Gananciosos. Possessivos sem limites. Gémeos – Têm natureza inconsistente que se assemelha a uma máquina insensível. Superficiais. Vivem da aparência de inteligentes. Caranguejo – Refugiam-se num espaço de aconchego para não enfrentarem a realidade. Emocionais. As suas tendências nostálgicas irritam os demais. Leão – Os elogios dos outros é o único antídoto para o complexo de inferioridade. Tiranos. Por julgarem-se melhor do que os outros gostam de comandar os demais. Virgem – Assumem-se como os servos porque no fundo são inseguros. Metódicos. O detalhe e a organização são vícios que revelam tendências psicóticas.
Escorpião – Acredita que a vida é uma conspiração por isso mantêm o lado misterioso. Manipuladores. Só a emoção crua os satisfazem. Sagitário – Gostam de elucidar sobre todas as filosofias que já leu mas possui nenhuma. Exagerados. Irrequietos que rejeitam a instabilidade e o compromisso. Capricórnio – Passam despercebidos para assim chegar longe, ao futuro que já programaram. Calculistas. Nem o humor negro os torna menos egoístas, aborrecidos e pessimistas. Aquário – Levam à letra o complexo do inconformismo mas são apenas mais um. Distantes. Teorizam sobre todos os valores e ideais mas não os defendem com emoção. Peixes – Fazem questão de viver na sombra para evitar tomar posição. Fugitivos. A falta de poder de vontade torna-os em seres de indiferença.
Balança – São demasiado positivistas desviando-se de tudo o que é feio. Escapistas. Preguiçosos ao ponto de acharem que o seu charme é ser suficiente para subir na vida.
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EN TendĂŞncias Outono/Inverno 2014 por Margarida Cunha
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Tendências Outono-Inverno 2014
Lembram-se da icónica deixa “Florals? For spring? Groundbreaking”, da personagem Miranda Priestly (Meryl Sreep) no filme “O Diabo Veste Prada”? É um pensamento que transponho para as tendências de Inverno, quando antecipo que serão dominadas por tons escuros e peças à base de pêlo. Embora essas tendências tenham de facto desfilado na passerelle de muitos criadores, foi com agradável surpresa que constatei que muitos fugiram a essa abordagem óbvia. Comecemos pelas casas que optaram pelos materiais quentes e tons escuros. Alexander McQueen preparou as suas modelos para o rigor do Inverno ao apostar forte em looks em pêlo total – vestidos e casacos pretos que contrastavam com a palidez dos rostos. Um conceito semelhante ao de Lanvin, que, embora não tenha optado por materiais tão pesados, envolveu algumas das suas criações num negro total, do chapéu ao vestido, apenas iluminado por uma luz no centro da passerelle e, uma vez mais, pela palidez dos rostos das modelos. Em Prada, a abordagem tradicional ao Inverno foi salpicada por toques de cor (muito bem-vindos nesta altura do ano). Assim, casacos de pêlo quentes e confortáveis ganharam vida em casacos de várias cores – uma tendência que continuou a verificar-se nos vestidos, pelo joelho, de diversos padrões. A cor esteve também em destaque nas peças de Versace, sobretudo o azul coral, que acompanhou a
Em Prada, a abordagem tradicional ao Inverno foi salpicada por toques de cor
Qualquer semelhança entre bolsas Moschino e caixas de Happy Meal não é coincidência
eterna abordagem feminina da casa italiana – com as suas saias e vestidos assimétricos que se adaptavam ao corpo e conferiam às modelos uma atitude determinada e confiante. Para todos os que tinham saudades do estilo militar, Donatella Versace pontuou várias peças com botões dourados aos pares, invocando o espírito das conquistas napoleónicas. Felizmente, a saga da cor prossegue em Burberry Prorsum, com Cristopher Bailey a apostar em padrões – muitos padrões – em vestidos, écharpes, bolsas e cintos. As écharpes e as mantas descaídas sobre ombros e pescoço foram sem dúvida a assinatura desta colecção, conferindo conforto e leveza às modelos. Um passo em frente mais do que bem-vindo em relação ao tradicional padrão Burberry e aos trench coats do passado. Os padrões estiveram igualmente em destaque em Marc by Marc Jacobs, tendo as criadoras feito regressar o tradicional tartan escocês em camisas, vestidos e saias. Se se depararem com alguém com um laço de tecido ao pescoço, não se surpreendam – afinal, foi uma tendência que também marcou o desfile. Se achavam que a reinterpretação colorida do Inverno tinha acabado aqui, desenganem-se. O melhor ainda está para vir. Naquela que foi provavelmente a colecção mais comentada e partilhada na Internet, Moschino apoderou-se da paleta de amarelo e vermelho da cadeia de fast food McDonald’s para dar ao seu desfile uma aura popular e pós-moderna. Qualquer semelhança entre bolsas da casa italiana e caixas de Happy Meal não é,
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Tendências Outono-Inverno 2014
de modo algum, coincidência. Até o M da McDonald’s foi subtilmente curvado e arredondado para poder ser usado como M de Moschino. Mas a homenagem à cultura Pop não ficou por aí: até SpongeBob (sim, SpongeBob) teve direito a figurar em vestidos. A provável alusão à fast fashion e ao quotidiano continuou naquele que foi o conceito mais arrojado e bem encenado de toda a temporada Outono-Inverno 2014. Senhoras e senhores, apresentamo-vos o supermercado Chanel. Karl Lagerfeld executou tão habilmente a sua ideia de transformar o Grand Palais parisiense num supermercado, que os 500 produtos devidamente etiquetados com o selo Chanel remeteram para segundo plano as criações da marca. Ainda assim, foi possível constatar que a abordagem descontraída e desportiva que a casa tem vindo a adoptar veio para ficar, traduzindo-se em calças e casacos de malha largos e coloridos. O rosa suave, reminiscente de colecções passadas, continua a deleitar muitas entusiastas Mas se o assunto é reminiscências e nostalgia, elas estiveram presentes em Gucci, cuja principal tendência consistiu em combinar casacos de pele e pêlo com óculos coloridos à anos 60. Uma abordagem arrojada que muito contrastou com a colecção mais literalmente cinzenta da estação: a de Giorgio Armani. As silhuetas femininas e sobriamente estilizadas da marca foram envolvidas na sua maioria em tons cinza, o que fez com que, no final, nada digno de nota se destacasse. Tratou-se de uma colecção demasiado segura e previsível, acabando por ocultar um pouco o talento inquestionável do senhor Armani.
Senhoras e senhores, apresentamo-vos o supermercado Chanel
As interpretações propostas para o Outono-Inverno 2014 são bastante realistas
Sabem aquela miúda do vosso curso (ou da universidade) que tem um estilo próprio que vocês secretamente admiram? Aquela miúda que tem uma postura independente e que se apropria de forma muito pessoal das tendências? Essa é a miúda Saint Laurent. Essa miúda tem um estilo que poderia ser denominado de grunge chic, em que saias curtas e axadrezados são elegantemente combinados com meias pretas opacas. Essa miúda podem ser vocês, se a isso juntarem botas de cano alto pretas e uma atitude descontraída. Em jeito de conclusão, poderíamos dizer que, apesar das diferentes abordagens, as interpretações propostas para o Outono-Inverno 2014 são bastante realistas e incorporáveis no quotidiano. A casa que conferiu à sua colecção um toque mais fantasioso terá sido Dolce & Gabbana, com as suas rendas e bordados à base de cisnes, flores e esquilos – remetendo-nos um pouco para a atmosfera de contos de fadas. De resto, é inescapável que ao Inverno se associem materiais felpudos e quentes. Contudo, as criações que vimos irromperam através da escuridão e deram à luz uma nova associação: a de que o Inverno pode com toda a certeza ser alegre.
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Halloween Os Disfarces das Celebridades por Margarida Cunha
As celebridades podem ser vistas como personagens em si mesmas mas não é por isso que não podem interpretar outros papéis. Se em Portugal o fenómeno do Halloween ganha expressão a cada ano que passa – devido à americanização dos nossos hábitos – em Hollywood festas como as de Heidi Klum ou Christina Aguilera atingiram já um estatuto icónico, pela sua exuberância e criatividade. É nesse tipo de festas que podemos encontrar os mais fiéis tributos, quer a personagens do imaginário de terror, quer à cultura Pop. Sem mais demoras, inspirem-se então nos disfarces destas celebridades.
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Os Disfarces das Celebridades
1. Christina Aguilera como Noiva Cadáver 2. Adam Levine como Rambo 3. Demi Lovato como Zombie 4. Neil Patrick Harris como Drácula 5. Josh Duhamel e Fergie como Esqueletos do Dia dos Mortos 6. Beyoncé Knowles como Anjo 7. Paris Hilton como Madonna 8. Kim Kardashian como Poison Ivy 9. Iggy Azaelia como Cruella de Vil 10. Heidi Klum como Cleópatra 11. Jenny McCarthy como Mulher Maravilha 12. Katy Perry como Vampira 40 – 41 | rtro
A minha jornada pelos distĂşrbios alimentares por Maria JoĂŁo Barbosa
Era uma vez uma menina de doze anos que, depois de uma viagem com a família até à Suíça, começou a ficar muito sensível a questões do ser humano. A certa altura da sua pré-adolescência, brotou-se-lhe uma raiva tal que espelhou em todas as cenas da sua vida familiar. Uma rebeldia tal que chocava com quem quer que fosse, para tristeza e nostalgia do meu sorriso, do qual todos os meus mais que tudo invejavam com regozijo. Posso também dizer que o estilo de vida da minha irmã mais velha me chamou a atenção, especificamente todos os seus cuidados com a alimentação, a indumentária, enfim, com a beleza em geral. Mas não quero de maneira nenhuma estar aqui a atribuir culpas, quando a maior culpada disto tudo fui eu mesma. Comecei lentamente a mudar os meus hábitos alimentares, até que soou o radar dos meus pais para algo que temiam ser grave, dado o meu estado completamente apático e depressivo. Lembro-me como se fosse hoje, da minha primeira consulta com o psiquiatra, que fiquei a odiar passados quinze minutos de conversa, mesmo sendo um senhor conceituadíssimo no que diz respeito a estes problemas. Quis ignorar terminantemente o diagnóstico que me foi dado: anorexia nervosa. Depois, para completar este breu onde me encontrava, soube que um tio meu, que eu adorava tanto, tinha cancro no timo. Acompanhámos o estado dele de perto e eu cada vez mais definhava de dor e sofrimento. Eis que chegou a notícia da sua morte, dia 4 de agosto de 2000, uns dias antes do meu primeiro internamento na ala de Psiquiatria do Hospital de S. João, no Porto. Foi então que o meu mundo caiu … Bati no fundo do poço … A memória do funeral, de toda aquela angústia da minha família, assimilou-se em mim a duzentos por cento. Entretanto, já no internamento, conheci duas pessoas incríveis e inesquecíveis, que me ajudaram durante toda aquela fase dentro e fora do internamento: O Manel e a Filipa, ambos anoréticos e mais velhos que eu. A nossa cumplicidade foi-se tornando tal, que nós não nos concebíamos
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A Minha Jornada
separados dentro daquelas quatro paredes, mesmo o Manel tendo sido muitas vezes chamado à atenção por estar na ala feminina. Eu dormia no mesmo quarto que a Filipa e ela foi uma verdadeira irmã para mim … (sim, porque, nessa altura, eu sentia que não tinha irmã alguma, nem de sangue, nem do que quer que seja, visto que a Inês nunca me foi visitar ao Hospital das três vezes que fui internada). As duas vivemos situações terríveis e gratificantes. O meu primeiro animal de estimação foi-me dado pela Filipa, a minha bela gatinha Tita, que Deus a tenha em bom descanso. Entretanto, passaram-se dois anos e eu tive mais uma recaída. Este internamento foi pior, pois eu sentia-me completamente sozinha. Já não tinha o Manel nem a Filipa para me amparar, se bem que cheguei a fazer boas amizades lá dentro com algumas pessoas sem a minha doença. Mais dois meses lá dentro, sem perspectivas de futuro nem ambições, apenas a necessidade desmedida de ser magra. Por muito apoio que tivesse da minha família, a minha mentalidade obsessiva ganhava sempre mais terreno. A relação com os meus pais deteriorava-se a cada dia, havendo conflitos principalmente com o meu pai. Chegara então o dia, em que já não havia conflitos pois a minhas forças haviam-se dissipado completamente do meu corpo, na minha terceira e última recaída. Lembro-me como se fosse hoje, de todas as vezes que o meu pai me pegava ao colo pois eu já não tinha forças para andar, da minha mãe que me dava banho sempre que tínhamos compromissos familiares ou para as consultas. A minha voz inaudível acompanhava o bater do coração fragilizado e a respiração fraca e dolorosa no meu corpo escanzelado de meros 28kg de peso. Já não era eu, já não era vida, mas mesmo assim recusava-me a digerir o que quer que fosse, estando nessa altura simplesmente a água e chá deixando de mastigar durante dias seguidos. Enfim … era agora ou nunca … tinha que tomar uma decisão …”Queres morrer, ou queres viver?” Apesar de todo o meu sofrimento e de já estar mais morta que viva, sempre tive um medo abismal
da morte (que ainda hoje persiste), mas o facto de estar a causar uma descompensação enorme aos meus pais também pesou bastante na minha decisão final. Foi então que me fizeram um ultimato: “ou comes ou terás de ser alimentada por uma sonda”. Foi então que decidi, mesmo que muito contrariada na altura, que iria comer. Este último internamento foi o derradeiro, o mais difícil, em que vivi entre paredes e janelas gradeadas durante quatro meses seguidos. Confesso que todos estes meses naquele antro de insanidade me levaram a fazer as piores loucuras e a reter dentro de mim alguns dos meus maiores traumas e cicatrizes entreabertas. Após a minha saída definitiva deste internamento, jurei para nunca mais. A visão do inferno chegara ao fim. Nos meses seguintes fui recuperando rapidamente, mas as consequências de anos de privação alimentar levaram-me a uma bulimia e a compulsões alimentares sem precedentes. Desde essa época que o meu peso tem tido sempre altos e baixos. Felizmente, agora, com 27 anos, o meu peso tende a estabilizar, e com o tratamento adequado estou gradualmente a chegar ao peso ideal para a minha altura. Não nego que as compulsões continuem a existir, mas neste momento, muito mais controladamente. Enfim … a história da minha vida é esta. Já me propuseram escrever um livro sobre isto mas nunca tive coragem pois ainda tenho alguns fantasmas no armário, mas quem sabe um dia mais tarde. Acabo com uma frase que uma anorética minha amiga me disse para me dar forças para continuar: “Nunca percas esse sorriso lindo que tens. Sabes, há pessoas que dizem que quanto mais sofreres agora, no presente, mais vais ser feliz no futuro”. E de facto, ela tinha razão. Agora, mesmo, mesmo para finalizar, acabo com uma frase do nosso grande mestre Raúl Solnado, que me ficou para sempre na memória e no coração: “Nunca desistam de ser felizes.”
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The Girl with Blue Eyes Fotógrafo: Ricardo Malta Modelo: Gabriela Pereira
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The Girl With Blue Eyes
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The Girl With Blue Eyes
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The Girl With Blue Eyes
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The Girl With Blue Eyes
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A Noite de todas as Noites ou Um Reflexo dos Medos Humanos por LuĂs Filipe Teixeira
A época de Halloween aproximava-se e a quantidade de filmes de terror já existentes deixou Filipe na dúvida sobre qual iria ver hoje. Deveria dar uma oportunidade a algo recente desconhecido ou talvez fosse melhor ir para um clássico seguro? Porém, a curiosidade em conhecer as origens deste género levou-o ao YouTube para ver qual foi o primeiro filme de terror de sempre. The Execution of Mary Stuart (1895, Alfred Clark). Esta recriação da execução da rainha da Escócia durava apenas 17 segundos. No momento em que o machado está quase a tocar no pescoço da protagonista, esta é substituída por um boneco, criando-se assim um dos primeiros truques de câmera. Esta obra-prima era apenas uma das muitas produções de Thomas Edison, mas Filipe procurava algo mais complexo e foi aí que chegou ao Le Manoir du Diablo (1896, Georges Méliès), o primeiro verdadeiro filme de terror com narrativa, realizado pelo outrora ilusionista e agora considerado o pai dos efeitos especiais. Nestes 3 minutos, presenciamos, mais uma vez graças a truques de câmera e montagem, o aparecimento e desaparecimento de esqueletos, fantasmas e outras estranhas criaturas. Com mais de 500 filmes, Georges Méliès dominou praticamente esta época e graças à coluna dos vídeos relacionados no YouTube, Filipe nem deu pelo tempo a passar. Com o chegar da noite, acendeu o candeeiro e raios de luz começaram a pintar a parede. Literalmente. Era como que se estivesse a assistir ao filme que originou o expressionismo alemão: Das Cabinet des Dr. Caligari (1920, Robert Wiene). Com um contraste de cores evidente, em que o jogo de luzes era na realidade composto por pinturas a preto e branco nas paredes - cenários também eles deformados e desenhados de forma grotesca – a ideia era recriar a mente louca e incómoda que o personagem principal possuía, num mundo onde sonâmbulos conseguem prever mortes e nada é o que parece. Um verdadeiro pesadelo! E assim foram os anos 20: a idade de ouro do expressionismo alemão. Se o nosso doutor criou o género, este foi aperfeiçoado com Nosferatu – Eine Symphonie des Grauens (1922, F. W. Murnau), 56 – 57 | rtro
A Noite de Todas as Noites
a primeira adaptação de Dracula de Bram Stoker. Por uma questão de direitos de autor, foram porém obrigados a mudar os nomes dos personagens. As expressões exageradas, as sombras dominantes, tudo estava aqui presente. Isso e um Conde verdadeiramente assustador. A sua imagem terrorífica continua imbatível e a silhueta dele na parede nunca deixará de ser inquietante. Graças a uma excelente estratégia de marketing, chegou-se mesmo a dizer que o realizador foi buscar um verdadeiro vampiro para interpretar o papel. Filipe já acreditava em tudo. Ao ponto de começar a ouvir e imaginar monstros na sua casa. Algo que sempre considerou uma farsa. Mas não os monstros da Universal dos anos 30, porque apesar do seu valor cultural, já não metem medo a ninguém. Quem é que não os conhece? Dracula (1931, Tod Browning), agora sim com os nomes correctos e com um Bela Lugosi a interpretar o papel da sua vida e não só. O actor pediu para que, quando chegasse a altura, o enterrassem acompanhado da capa usada no filme. Frankenstein (1931, James Whale) e a superior sequela Bride of Frankenstein (1935, James Whale) que apesar de divergirem bastante da obra original, são os que apresentam o Monstro de Frankenstein mais emblemático de sempre. Nenhum outro nos vem à mente senão aquele interpretado por Boris Karloff sempre que ouvimos o seu nome. A sua imagem continua a servir de inspiração para outras reinterpretações do mesmo, seja na televisão ou na banda desenhada. Curiosamente o mesmo actor viria a interpretar outro monstro mítico desta companhia: The Mummy (1932, Karl Freund). Ao contrário dos anteriores, este não é baseado em nenhuma obra. É incrível, mas foi mesmo aqui que nasceu essa criatura mágica e exótica. Já a história... Os mais atentos descobriram que a narrativa principal é praticamente a mesma do Dracula do ano anterior. O que fizeram foi substituir elementos-chave de acordo com o contexto. Apesar das cenas paralelas, apesar dos personagens com uma “alma gémea”, apesar da música de abertura ser a mesma
(Tchaikovsky – Swan Lake), conseguiram (re)criar uma história que conta ainda hoje com sequelas e remakes. É verdade que estes monstros não ficaram presos a esta década. Temos o exemplo de The Wolf Man (1941, George Wagner) que depois de Lawrence Talbot (enorme interpretação por parte de Lon Chaney Jr.) ter sido mordido por uma feroz criatura à noite... Que levante o braço quem não souber o que acontece durante a lua cheia. Apesar de mencionado, o espectador nunca chega verdadeiramente a ver a lua no ecrã, surgindo apenas nas sequelas. Para compensar, temos cenários cobertos de nevoeiro. De forma exagerada até, diga-se, mas nada supérflua. São esses bosques de chão branco que dão ao filme a sua identidade. No entanto, outros sub-géneros também se começavam a fazer ver, ou melhor, notar. Bem, ouvir... Cat People (1942, Jacques Tourner) apresentava um terror sugestivo. Por outras palavras, praticamente tudo o que de mal aparentava acontecer, acontecia fora do ecrã e portanto só nos podíamos apoiar em 3 coisas: o som, as expressões dos personagens e a mais forte de todas, a nossa imaginação. Este filme em que a protagonista acreditava transformar-se literalmente numa pantera sempre que tentava ter relações íntimas com o marido, veio influenciar muitos outros devido à mestria com que conseguia criar suspense em situações comuns. A maior parte das vezes não chegava a acontecer nada de anormal, mas a tensão criada até ao tal momento deixava o espectador com o coração aos saltos. Esta era apenas mais uma prova de que o desconhecido podia ser ainda mais assustador do que aquilo que nos aparece realmente à frente e isso era o que as pessoas nos anos 50 sentiam. A Guerra Fria tinha-se entretanto instalado e com isso as incertezas e inseguranças. É claro que isso também se reflectiu nos filmes. O pessoal tinha-se virado para outro tipo de monstros. Criaturas gigantescas vítimas de radiações atómicas. Them! (1954, Gordon Douglas), um dos primeiros do género, contava a história de umas formigas que se tornaram gigantescas no deserto do 58 – 59 | rtro
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Novo México, devido a causas de exposição à radiação. O que começou por ser um simples filme de ficção científica rapidamente se virou para o terror. Gojira/Godzilla (1954, Ishirö Honda), o rei, o deus e o mais conhecido dos monstros também foi vítima de uma mutação devido a testes nucleares. Já em Attack of the Giant Leeches (1959, Bernard L. Kowalski), temos de lidar com sanguessugas megalómanas. A causa de tudo? Radiações atómicas. Ficção-científica e terror andavam, portanto, de mãos dadas nos anos 50 e mais uma prova disso era, graças também aos avanços tecnológicos, o repentino surgimento de tantos filmes sobre extraterrestres e invasões alienígenas que podiam muito bem ser uma metáfora para os inimigos na Guerra Fria. Se os gigantes monstros eram apenas vítimas das circunstâncias, estes por outro lado tinham a destruição total e domínio em mente. The Thing from Another World (1951, Christian Nyby) ainda levava as invasões com mais calma, através de um visitante no Ártico meio tímido mas deveras perigoso. Já The War of the Worlds (1953, Byron Haskin) ofereceu-nos uma verdadeira guerra entre seres malignos do espaço e as forças armadas. Centenas de naves espaciais. O mundo inteiro é destruído. O que poderá detê-los se até mesmo a bomba atómica não o consegue? Invasion of the Body Snatchers (1956, Don Siegel) traz-nos os extraterrestres até nós de forma mais íntima. O dr. Miles Bennell começa a estranhar o comportamento de alguns dos seus pacientes. Pensando tratar-se inicialmente apenas de mais uma paranóia dele (num claro piscar de olhos ao Macartismo e perseguição politica da altura), a falta de emoção dos pacientes levou-o finalmente a descobrir que os humanos estavam a ser substituídos por duplos extraterrestres. O susto de descobrir que um familiar nosso é na realidade um extraterrestre e a dificuldade em reconhecer quem é que ainda era humano ou não, deixava o espectador com tantas incertezas como medos. É claro que esta moda fez com que também surgis-
sem filmes de fraca qualidade como It Conquered the World (1956, Roger Corman), It! The Terror from Beyond Space (1958, Edward L.Cahn) e o famoso Plan 9 From Outer Space (1959, Edward D. Wood Jr.) em que até se conseguiam ver os fios que seguravam as naves espaciais. Não de todo impossível, mas a probabilidade de Filipe ter um encontro com extraterrestres esta noite era mínima e isso deixava-o mais descansado. Por esta altura, pensava já nada o poder assustar. No entanto, tudo ia começar a ficar mais real a partir daqui. Sim, ainda havia fenómenos relacionados com o oculto, como o êxito que foi Rosemary’s Baby (1968, Roman Polanski). Rosemary engravida após ter sonhado que teve relações sexuais com um monstro, talvez o derradeiro monstro. A partir daí começa a entrar numa luta pela segurança do seu ainda não nascido bebé, acreditando que os novos vizinhos pretendem apoderar-se dele para fins relacionados com rituais satânicos. Outro êxito foi Night of the Living Dead (1968, George A. Romero), o filme repleto de críticas à sociedade. Não apenas isso, mas foi este que popularizou os filmes zombies. Ainda com uma aparência igual à dos humanos e nunca realmente apelidados de zombies, diga-se. Os nossos protagonistas tentam sobreviver aos mortos-vivos fechando-se dentro de uma casa, mas para tal precisam de colaborar uns com os outros. Porém, as diferenças de personalidade levam-nos a constantes discussões dentro do cubículo, resultando numa interessante visão sobre a conduta do ser humano. Mas vamos ao tal terror real de que falava. Psycho (1960, Alfred Hitchcock) não retratava monstros fantásticos, nem extraterrestres que nunca ninguém viu. Em vez disso, o foco foi para a mente humana que por si já é perturbante. Hitchcock foi um dos melhores realizadores de todos os tempos e sabia que só conseguia criar impacto usando elementos reais. Talvez o primeiro verdadeiro slasher, Psycho reunia uma realização soberba, uma edição cuidada e um argumento trabalhado. O twist final ainda hoje é estudado, mas toda a glória chegou com algo que 60 – 61 | rtro
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acontece nem a meio do filme, na famosa cena do chuveiro. Eliminar a personagem principal tão cedo era algo tão ousado que só um realizador daquela categoria tinha coragem de o fazer. Tocando novamente em acontecimentos naturais, surgiu The Birds (1963, Alfred Hitchcock). Numa clara crítica à forma como engaiolamos os inocentes pássaros (são várias as indirectas ao longo do filme), estes surgem de forma furiosa, mas nunca irreal, como que se de uma revolução se tratasse. Os nossos protagonistas nada mais podem fazer do que esperar que tudo passe. Se Psycho era acompanhado por uma banda sonora memorável, The Birds apostava na quase ausência dela, de forma a conseguirmos ouvir com mais atenção o som desesperado dos pássaros. Filipe pensava já ter visto de tudo, mas nada o preparava para os anos 70. Exorcismos, canibalismo, tubarões, serial killers, a lista era infindável nesta boa década para os amantes do terror. Se foi mais uma estratégia de marketing ou não, nunca saberemos, mas a verdade é que ocorreram vários incidentes durante as filmagens de The Exorcist (1973, William Friedkin), como os cenários começarem a pegar fogo. Muitas pessoas saíram a meio do cinema e muitas pessoas ainda hoje pensam que este filme do diabo, onde uma jovem é possuída por uma entidade desconhecida, está amaldiçoado. The Texas Chainsaw Massacre (1974, Tob Hooper) ensina-nos que nunca nos podemos sentir verdadeiramente seguros, seja onde for. Depois de serem perseguidos por um psicopata cuja melhor amiga é uma motosserra, um grupo de amigos refugia-se numa casa desconhecida, mas depressa se apercebe que os aparentemente simpáticos donos são familiares do perseguidor e igualmente psicopatas. Seguem-se cenas canibais do mais trivial que há. Canibalismo à parte, mas continuando na onda do medo de se ser devorado, está Jaws (1975, Steven Spielberg). Ainda de poucos recursos, este jovem cineasta apostou em mostrar o tubarão fictício apenas alguns segundos de cada vez, de forma a não se reparar
no horrível estado em que se encontrava. É claro que para preenchermos o filme, precisávamos de mais do que isso e como tal surgiram personagens bem caracterizados, repletos de histórias para contar. É aí que se vê a mestria em criar um elo entre o personagem e o espectador. Já a história de Michael Myers em Halloween (1978, John Carpenter) era mínima. Algo que também pode ir a seu favor. Pouco se sabia sobre este serial killer a não ser que começou já em miúdo a eliminar familiares. Sem dizer uma palavra, sem revelar um motivo em concreto, aquele que era conhecido por muitos como bicho papão, era (para o psiquiatra que tratou dele até ter fugido do Sanatório) a pura e simples maldade em pessoa. Surgiram muitas sequelas de slashers nos anos 80 e essa moda originou outros tantos, cada um com uma personalidade própria. Friday the 13th (1980, Sean S. Cunningham), por motivos que se descobre no final, criticava claramente a miudagem irresponsável que só pensava em sexo. A Nightmare on Elm Street (1984, Wes Craven) ensinava-nos que nem nos nossos sonhos podíamos estar descansados, pois era aí que o assassino Freddy Krueger nos aparecia. Uma vez morto no sonho, morto na realidade. Child’s Play (1988, Tom Holland) brincava com o facto de que até os bonecos dos nossos filhos podiam ser assassinos em série (e este primeiro ainda era verdadeiramente terrorífico). No meio dos slashers, foram aparecendo obviamente outros sub-géneros. The Shinning (1980, Stanley Kubrick) apresentava um terror mais psicológico. Jack Torrance decide ir com a família para um hotel que se encontra fechado durante a temporada, procurando descanso e inspiração para a sua escrita. Mas o isolamento resulta em visões, perda de sanidade e, como consequência, na violência. Stanley Kubrick é um perfeccionista e isso é notável em todos os enquadramentos. Perfeita é também a interpretação de Jack Nicholson, capaz de deixar o próprio espectador nervoso.
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Em contrapartida, o terror de The Evil Dead (1981, Sam Raimi) e Evil Dead 2: Dead by Dawn (1987, Sam Raimi) é puramente físico. Uma casa abandonada no meio do bosque serve de cenário para aquilo que viria a tornar-se literalmente num banho de sangue. Árvores violadoras, pessoas a transformarem-se em Zombies, o livro dos mortos e um humor negro do melhor que há é o que podemos encontrar aqui. Sangue, sangue, risadas e mais sangue é uma forma de resumir estes filmes de culto. A união entre o terror psicológico e físico está presente em The Fly (1986, David Cronenberg). Depois de uma das suas experiências ter corrido mal, o cientista Seth Brundle vê os seus genes a serem unidos aos de uma mosca. Se no início se sente energético como nunca, aos poucos o seu corpo começa a assemelhar-se cada vez mais ao de uma mosca. Ao desespero inquietante do cientista junta-se o gore que pode não ser para toda a gente. Só de imaginar, Filipe deixou a ideia dos filmes de terror um pouco de lado. Houve, no entanto, quem pensasse o oposto. Uma figura fantasmagórica aparece-lhe à frente. Não lhe era estranha, pois fazia-lhe lembrar o famoso quadro de Edvard Munch, O Grito. Esta não falava. Limitava-se a inclinar a cabeça e... a fazer surgir uma faca por dentro da manga do manto preto. Mas a onda dos slashers já não tinha terminado em meados dos anos 90? As ideias tinham-se esgotado e não havia muito mais por onde pegar, mas Scream (1996, Wes Craven) fez renascer o sub-género através de um guião cheio de novas ideias. As vítimas já não eram tipicamente estúpidas. Estas conheciam os filmes de terror e sabiam as suas regras. Esta obra surge então como uma espécie de “enciclopédia do terror”, onde nos é dito o que devemos ou não fazer se quisermos sobreviver. Para além das sequelas, criou-se toda uma nova moda de slashers com personagens mais inteligentes. I Know What You Did Last Summer (1998, Jim Gillespie) baseado no mito do homem misterioso de gancho na mão e Urban Legend (1998, Jamie Blanks) baseado em mitos em geral, são dois exemplos disso.
Mas antes de terminar essa década, surgiu algo que viria mudar os filmes de terror: The Blair Witch Project (1999, Daniel Myrick, Eduardo Sanchez). O filme foi vendido como sendo uma recolha das filmagens que três estudantes captaram antes de terem morrido no bosque em Maryland. Tinham como objectivo fazer um documentário sobre a lenda da bruxa de Blair. Muitos acreditaram na história, resultando num êxito estrondoso, popularizando assim um novo sub-género. Coisa que resultou graças à nova tecnologia. [REC] (2007, Jaume Balagueró, Paço Plaza) usou o mesmo tipo de filmagens, mas agora com um novo inimigo e um apartamento como cenário. Já Paranormal Activity (2007, Oren Peli) tentou mudar um pouco as regras ao apresentar o filme com imagens que recriavam filmagens das câmeras de segurança da casa. Este novo milénio sofreu outro update com a chegada de Saw (2004, James Wan) e Hostel (2005, Eli Roth). A tortura física e explícita nesses filmes tornou o espectador mais receptivo à violência nos filmes que se seguiram. Felizmente nem tudo é sangue e dores físicas. Insidious (2010, James Wan) e The Conjuring (2013, James Wan) apresentam um terror mais fantasmagórico, mas igualmente capaz de nos deixar sem sono durante dias, ajudando este jovem realizador a conquistar lentamente o lugar entre os melhores realizadores do género da actualidade. Mas se existe filme perfeito para se ver na noite de Halloween para além daquele do mesmo nome, é Trick’r Treat (2007, Michael Dougherty). Pelas pequenas histórias macabras que se cruzam numa aldeiazinha. Por se passar na noite das noites e pelo magnífico ambiente criado através das centenas(!) de abóboras espalhadas por todo e qualquer canto. Já o Filipe, ninguém sabe se conseguiu chegar até ao dia 31 de Outubro...
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COMEÇAR DE NOVO
MISTÉRIO A MENOS, PERSONAGENS A MAIS
por Ana Cristina Silva
“Começar de novo” é o mais recente livro da já conhecida Nora Roberts a ser editado em Portugal. Sob o título “Tribute” foi originalmente publicado em 2008 e deu origem, no ano seguinte, a uma produção televisiva do mesmo nome, com a falecida Brittany Murphy no papel principal. A obra trata-se de uma história de recomeços, um romance mascarado de suspense, repleto de segredos e descobertas. Cilla McGowan, ex-estrela infantil de Hollywood, dedica-se agora à restauração de casas antigas e chega à Virgínia, mais precisamente a uma velha quinta que outrora pertencera à sua avó. Dedica-se, então, a restaurar a quinta como um tributo à avó, Janet Hardy, uma atriz lendária, que, no
entanto, nunca chegou a conhecer em vida. Foi nessa quinta que a atriz, numa noite do verão de 1973, segundo a “lenda”, acabou com a própria vida. Cilla resolve limpar, cortar, partir, queimar e reconstruir a quinta, uma espécie de metáfora da nova etapa da sua vida que parece começar. Apresentemos Ford Sawyer, vizinho de Cilla, um verdadeiro geek e escritor e ilustrador de romances gráficos, com bastante sucesso. Ford depressa se inspira por aquela mulher que vê pela primeira vez de martelo ao ombro e com óculos de proteção no rosto e a transforma numa personagem das suas obras: a arqueóloga/guerreira celta Dr. Cass Murphy. E assim começa a relação entre os dois personagens principais, que, sim,
Título: Começar de novo Título original: Tribute Autor: Nora Roberts Tradutor: Ana Mendes Lopes Editora: Chá das Cinco Edição: agosto de 2014 Páginas: 407 Género: Romance
acabam por se apaixonar. Com demasiada frequência, vemos nos romances que o herói e a respetiva heroína se apaixonam perdidamente nas primeiras páginas, declaram facilmente o seu amor e a sua relação cresce exponencial e rapidamente, de um modo pouco credível. O que se destaca de Ford e Cilla é o gradual crescimento da sua relação, de conhecidos a amigos e confidentes e só depois entram a sedução e o amor em jogo. É Ford que lhe proporciona o conforto e proteção de que ela tanto necessita, quando os sonhos sombrios que tem com a avó e os segredos de família a começam a atormentar e se transformam em pesadelos reais. Começam ataques de vandalismo, um amigo é atacado e levado para hospital, a propriedade e o seu camião são vandalizados, a casa é invadida e a vida de Cilla ameaçada. Ela crê que estes ataques estão relacionados com as velhas cartas de amor outrora trocadas entre a avó e um homem casado, que encontrou no sótão. Será que foi o pai da criança que a avó esperava que a matou? Será que morreu verdadeiramente de uma overdose não intencional, como se pensa? São estas as perguntas cujas respostas Cilla procura ao longo do livro, pois a sua vida parece depender disso. Apesar de se tratar de um romance de suspense, “Começar de novo” não tem a intensidade ou o frenesim que muitos suspenses têm. O suspense aqui é mais subtil, menos intenso, pois a história é guiada pelas personagens e pelo romance. É sobre as pessoas, o seu passado, as relações. Sobre Cilla tentar compreender quem realmente é, tentar encontrar o seu lugar no mundo. E sobre o romance que gradualmente se vai construindo entre ela e Ford. No entanto, posso dizer, que a parte mais interessante da obra foi mesmo a descoberta de quem estava por detrás das ameaças a Cilla e o facto de a escritora nos deixar em dúvida praticamente até ao fim. Tal foi possível talvez pelo
número extenso (e exagerado) de personagens secundárias que nos são apresentadas ao longo das 407 páginas. Mesmo a razão por que estavam a atacar Cilla foi deixada por adivinhar. Se o responsável fosse aquele então a razão seria esta, mas se o responsável já fosse outro, a razão seria totalmente diferente. Este aspeto fez com que a leitura fosse feita de um modo cada vez mais cuidadoso de forma a não perder nenhuma pista ou nuance que me pudesse ajudar a descobrir o verdadeiro mau da fita. Os sonhos de Cilla com a falecida avó forneceram também pistas em relação ao mistério que foi a morte de Janet e ajudaram a perceber a razão de Cilla estar tão focada em restaurar a quinta e prestar tributo a alguém que, no fim de contas, nunca conheceu. “Começar de novo” é um livro que se centra acima de tudo nas personagens, pois entre elas encontramos um herói, uma heroína e uma dezena de suspeitos. Mas, não desesperem, no fim da obra descobre-se quem é o vilão da história e só fica a faltar mesmo, na minha opinião um epílogo, algo que nos ajude resumidamente a perceber como a vida das personagens foi daí para a frente.
“O mundo de Janet tinha sido um misto de luz brilhante e da mais completa escuridão. Sempre.” Nora Roberts in “Começar de novo”
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Ler. Ver. Ouvir. por Ana Cristina Silva
Ler Codex 632 Autor: José Rodrigues dos Santos Editora: Gradiva Ano: 2005 Género: Romance “Codex 632” é o primeiro de uma série de livros protagonizados pelo professor Tomás Noronha e criados pelo escritor e jornalista português José Rodrigues dos Santos. Após a morte misteriosa do historiador Martinho Toscano, o professor Tomás Noronha é convidado pela “American History Foundation” para continuar a investigação sobre a descoberta do Brasil. Assim, Noronha tem acesso a toda a pesquisa elaborada pelo seu antecessor, mas a informação está repleta de códigos e charadas que o historiador e perito em criptanálise terá de desvendar. A obra resulta de muita pesquisa pela parte do escritor através de autores, livros e documentos históricos e pretende responder à pertinente pergunta: quem foi realmente Cristovão Colombo? “Codex 632” é um livro que conta duas histórias entrelaçadas: relata a aventura de um historiador na senda de conhecer a verdadeira história de Cristovão Colombo, mas aborda também os seus problemas conjugais e familiares durante o desenrolar da investigação. Tomás e a mulher entram em crise quando ele tem um caso com uma aluna, uma sueca esbelta de olhos azuis, e a única coisa que parece ainda ligá-los é a filha que sofre de síndrome de Down. Este é o primeiro livro de uma série de volumes que, à semelhança de outras obras do autor, se destaca pela numerosa e extensiva investigação que acarreta e pela capacidade de interligar factos que nunca antes tínhamos nós pensado em relacionar. À semelhança do que acontece em Portugal, José Rodrigues dos Santos tem conquistado consecutivamente os primeiros lugares nos tops de vendas em diversos países.
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Need for speed
Yes!
Realização: Scott Waugh
Autor: Jason Mraz
Elenco: Aaron Paul, Dominic Cooper, Imogen Poots
Editora: Atlantic Records
Ano: 2014
Ano: 2014
Género: Ação, Suspense
Género: Pop/Rock, Folk
O filme trata-se de uma adaptação da popular série de videojogos “Need for Speed” da Electronic Arts e conta com Aaron Paul (ex protagonista de Breaking Bad), Dominic Cooper e a britânica Imogen Poots nos papéis principais.
“Yes!” é o quinto álbum de estúdio do americano Jason Mraz, intérprete de êxitos como “I’m yours”, “Lucky” ou “I won’t give up”. Considerado por muitos primeiro álbum verdadeiramente acústico de Mraz, “Yes!” sucede a “Love is a four letter world” e distancia-se das faixas maioritariamente uptempo deste apresentando-nos uma banda sonora mais adequada para uma noite intimista. Este intimismo é favorecido e explicado pela colaboração da banda folk “Raining Jane” (composta apenas por vozes femininas) como backup de todas as faixas.
O filme narra uma história de vingança e injustiça. Tobey Marshall (Aaron Paul) sai da prisão onde esteve encarcerado por um crime que não cometeu e vê-se logo envolvido noutro crime que também não cometeu: a morte do amigo Pete. O verdadeiro responsável foi Dino Brestwer, empresário para o qual Tobey monta um Ford Mustang clássico no início da trama. Saltamos então dois anos no tempo e temos novamente Tobey a sair da prisão, desta feita resolvido a vingar-se. Para tal decide entrar na De Leon, uma corrida ilegal disputada na Califórnia e patrocinada pelo enigmático Monarch (Michael Keaton), e desmascarar Dino no processo, auxiliado por Julia (Imogen Poots). Nota-se que existe uma procura de criar uma saga semelhante a "Velocidade Furiosa", a começar por Tobey Marshall, o seu protagonista, mecânico com enorme talento para as corridas de carros que tem uma oficina que herdou do seu falecido pai, onde trabalha com os seus melhores amigos: Pete, Finn, Joe e Benny. Não são, no entanto, as personagens ou a história que os jogos emprestam ao filme, são sim os cenários das corridas e as perseguições policiais em plena cidade. “Need for speed” está repleto de perseguições, acrobacias, explosões e afins. É um filme que vale por isso e pela representação de Aaron Paul, uma vez que a dita história é pouco inspirada.
Seria um digno sucessor de “We sing, we dance, we steal things” de 2008 pelo seu feel acústico e foco em letras que não evitam clichés mas que a partir deles criam histórias de amor maduras e bem pensadas. Mas é a voz e o estilo particular de Mraz que representam o ponto alto do álbum, assim como os coros e solos de ukelele, guitarra ou violoncelo bem encaixados. Desde a primeira música “Rise” percebemos o tom acústico que se estenderá a todo o álbum. Segue-se o primeiro single “Love somebody”, uma verdadeira balada romântica, com a voz doce de Mraz permeada com o som da viola e de uma letra que é um verdadeiro poema cantado. Destaque ainda para “It’s so hard to say goodbye to yesterday”, um cover de um original dos Boys II Men, cantado a capella por Mraz até ao refrão onde mais uma vez o destaque vai para a envolvência criada pela voz do americano e das “Raining Jane”; e para “Best Friend” e “You can rely on me”, verdadeiros hinos à amizade. “Everywhere” e “Shine” são as faixas mais rock do álbum que fogem um pouco ao universo folk a que “Yes!” parece querer pertencer.
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