7 minute read
Robots de ordenha
by RUMINANTES
Advertisement
PRODUÇÃO | VACAS DE LEITE OS JOVENS QUEREM TECNOLOGIA
A VACARIA DOS IRMÃOS MARQUES, EM RORIZ, FOI RECENTEMENTE REMODELADA PELA AQUISIÇÃO DE 2 ROBOTS DE ORDENHA DeLaval. O OBJETIVO DESTE MELHORAMENTO, FOI MELHORAR O BEM-ESTAR DAS PESSOAS QUE TRABALHAM NESTE NEGÓCIO FAMILIAR, QUE JÁ COMEÇA A CONTAR COM A COLABORAÇÃO DA GERAÇÃO MAIS NOVA. Por Ruminantes Fotos FG
Casimiro e António são irmãos e sócios numa exploração de vacas de leite em Roriz. O negócio já vinha dos pais mas em 1996 foi comprado pelos dois irmãos que asseguram a sua gestão. Atualmente também já trabalha na exploração a filha mais velha de Casimiro, Sara. A vacaria foi recentemente remodelada pela aquisição de 2 robots de ordenha que servem 130 vacas em produção dum efetivo total de 270 animais. Na área que têm em volta da exploração, produzem forragens para a alimentação do gado. Qual é a primeira coisa que fazem quando chegam à exploração? Ver se está tudo em ordem. Depois, dar comida aos animais e fazer limpeza às camas.
Há pouco tempo investiram em dois robots. Que sistema tinham?
Da esquerda para a direita: os irmãos António e Casimiro Marques, e a segunda geração: Sara e Beatriz Marques.
Uma sala de ordenha com 16 pontos que tinha sido adquirida há 17 anos. Investimos nos robots devido à falta de mão-de-obra e também porque queríamos ter mais qualidade de vida, e para chamar gente nova para aqui.
Antes, quanto tempo levavam a ordenhar as vacas? Cerca de 4 horas por dia. Agora também temos que estar aqui mas podemos estar a fazer outras coisas, para além de que não estamos presos a horários fixos. A instalação dos robots foi no início de agosto, e estamos no final de setembro. Como tem corrido a transição? Isto é como tudo, requer uma aprendizagem e habituação. Nos dois primeiros dias praticamente não saímos daqui.
Usaram alguma tática para a adaptação das vacas ao robot? Passámos quatro dias com as portas de acesso ao robot abertas, e obrigámo-las todas a passar pelos robots onde tinham ração à discrição.
Ao fim de quanto tempo entraram na rotina? Ao terceiro dia isto já andava, mas não se podia virar costas. Ao fim de uma semana, as vacas já estavam a entrar no ritmo, a comer a ração toda...
Tiveram quebras de produção? A produção nunca caiu. Contámos sempre com técnicos da empresa Harker XXI que, nos três primeiros, dias estiveram aqui de dia e de noite. Tivemos uma contrariedade neste processo que foi começar com muitas vacas, 130, para serem ordenhadas, o que é praticamente o máximo para os 2 robôs.
A qualidade do leite baixou? Dizem que é normal nos primeiros dias, com robôs, piorar a qualidade do leite, mas aqui até foi ao contrário. Um dos receios no arranque dos robôs está relacionado com o aumento da contagem das células somáticas e de microrganismos totais do leite. Nesta exploração, as células somáticas estão em valores baixíssimos, sempre se mantiveram nestes níveis até hoje. Quem ler a revista pode perguntar-se se rejeitámos muito leite. Não, não é uma questão de rejeitar leite, é que nós não tratamos uma única vaca. Num mês e meio de ordenha com o robô, não tratámos um único animal.
Porque foi diferente do habitual? Porque no arranque, nos primeiros dias, não deixámos acumular leite, ou seja, os robots conseguiram ordenhar todas as vacas.
O que fizeram à sala de ordenha? Quando entraram os robots, acabou a sala de ordenha.
Qual o valor da obra para preparar a instalação dos robots? A obra podia ter sido feita por 5.000€. Mas também não chegou aos 30.000€. Depende do que cada um quiser. Fazer uma fossa e um
DADOS DE PRODUÇÃO
Produção total vacaria/ano 1.355.000 l
Efetivo total
Raça Nº de vacas em ordenha Nº de ordenhas por dia: Produção diária aos 365 dias por animal Nº médio de lactações por vaca Gordura média bruta do leite
270 Holstein
130
2,5 11.354 l
2,2
3,55
Proteína média bruta do leite Nº de células somáticas: Idade média ao 1º parto Intervalo entre partos Nº de inseminações por vaca adulta gestante Nº inseminações/vaca adulta
3,20 135.000
24-25 meses 396 dias
1,9
cc 2,5
sítio para estar, pode ser mais barato. Agora, se quiser as condições que nós pusemos – um corredor de acesso por fora, um telhado novo, entre outras coisas.
Que extras têm estes robots DeLaval VMS V300? O principal é uma câmara que ajuda a encontrar mais rapidamente o teto, Ou seja, torna a ordenha muito mais rápida. Tem também a vantagem de podermos colocar as tetinas à mão, se quisermos. Por exemplo, se precisarmos de tratar ou secar uma vaca, após a vaca acabar de fazer a ordenha, colocamos o robot no modo manual, secamos a vaca, tratamos e está feito. …
…Quantas ordenhas estão a fazer por vaca? Ao fim de um mês, já estávamos com 2,5 ordenhas, mas chegaremos às 3. A média de ordenhas deve subir aos poucos. As vacas estão habituadas a duas ordenhas. Quando se é obcecado por querer ter rapidamente um grande numero de ordenhas/vaca, as vacas ficam stressadas, as vacas não descansam, e aparecem outros tipos de problemas como a subida das células somáticas.
As vacas têm livre acesso a um ou outro robot? Sim, é um sistema livre. Quando analisa o investimento no robot, olha para leite ordenhado por robot ou por vaca? O meu indicador tem sido o leite ordenhado por vaca/dia.
Os dois robots estão a ordenhar sensivelmente o mesmo? Exatamente. Estivemos a ver no outro dia, por vezes há ligeiras diferenças. Cerca de 4.000 litros por dia no total, 2.000 litros cada. O que mudou na alimentação? Antes não dávamos ração na sala de ordenha, agora damos no robot.
É uma ração especial? Sim, é a ração Eficor Robot, especial para robots. Todas as vacas comem no robot, e por isso reajustámos a quantidade na manjedoura. No robot, a atribuição de concentrado é feita de acordo com dois parâmetros, a fase produtiva e a produção de leite.
Gorete Lopes, engenheira zootécnica na Coren que acompanha esta exploração, falou-nos sobre as caraterísticas do arraçoamento atual. "Fizemos uma alteração significativa, associada às características da mistura. A base manteve-se, utilizando grande quantidade de silagem de milho (38 a 40 kg), e sempre com mais do que 2 kg de palha. Agora fazemos uma “manjedoura” bastante fibrosa, para nos salvaguardarmos da saúde ruminal. A função desta base é uma mistura de baixa energia, em que favorecemos a fibra e a manutenção do animal e estimulamos a procura do concentrado. Há um desfasamento, em termos energéticos e proteicos, da ração da manjedoura e do robot. Outro ponto importante foi, antecipadamente à introdução do robot, alterarmos a mistura para reforçar o sistema imunológico da vaca, com um reforço de micronutrientes, tendo em conta o stress a que os animais iam ser sujeitos devido às obras e à adaptação ao robot. O granulado do robot Eficor Robot tem um núcleo próprio, que confere um aroma e uma apetência excecionais. A vaca gosta. A qualidade do granulado confere a dureza necessária para provocar o barulho que cativa o animal a entrar e parar. Em relação aos custos alimentares, antes do robot e agora, conseguimos estar bastante equilibrados. São muito similares."