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Robots de ordenha

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Camas quentes

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PRODUÇÃO | VACAS DE LEITE OS JOVENS QUEREM TECNOLOGIA

A VACARIA DOS IRMÃOS MARQUES, EM RORIZ, FOI RECENTEMENTE REMODELADA PELA AQUISIÇÃO DE 2 ROBOTS DE ORDENHA DeLaval. O OBJETIVO DESTE MELHORAMENTO, FOI MELHORAR O BEM-ESTAR DAS PESSOAS QUE TRABALHAM NESTE NEGÓCIO FAMILIAR, QUE JÁ COMEÇA A CONTAR COM A COLABORAÇÃO DA GERAÇÃO MAIS NOVA. Por Ruminantes Fotos FG

Casimiro e António são irmãos e sócios numa exploração de vacas de leite em Roriz. O negócio já vinha dos pais mas em 1996 foi comprado pelos dois irmãos que asseguram a sua gestão. Atualmente também já trabalha na exploração a filha mais velha de Casimiro, Sara. A vacaria foi recentemente remodelada pela aquisição de 2 robots de ordenha que servem 130 vacas em produção dum efetivo total de 270 animais. Na área que têm em volta da exploração, produzem forragens para a alimentação do gado. Qual é a primeira coisa que fazem quando chegam à exploração? Ver se está tudo em ordem. Depois, dar comida aos animais e fazer limpeza às camas.

Há pouco tempo investiram em dois robots. Que sistema tinham?

Da esquerda para a direita: os irmãos António e Casimiro Marques, e a segunda geração: Sara e Beatriz Marques.

"AS CÉLULAS SOMÁTICAS ESTÃO EM VALORES BAIXÍSSIMOS. NUM MÊS E MEIO DE ORDENHA COM O ROBOT, NÃO TRATÁMOS UM ANIMAL."

Uma sala de ordenha com 16 pontos que tinha sido adquirida há 17 anos. Investimos nos robots devido à falta de mão-de-obra e também porque queríamos ter mais qualidade de vida, e para chamar gente nova para aqui.

Antes, quanto tempo levavam a ordenhar as vacas? Cerca de 4 horas por dia. Agora também temos que estar aqui mas podemos estar a fazer outras coisas, para além de que não estamos presos a horários fixos. A instalação dos robots foi no início de agosto, e estamos no final de setembro. Como tem corrido a transição? Isto é como tudo, requer uma aprendizagem e habituação. Nos dois primeiros dias praticamente não saímos daqui.

Usaram alguma tática para a adaptação das vacas ao robot? Passámos quatro dias com as portas de acesso ao robot abertas, e obrigámo-las todas a passar pelos robots onde tinham ração à discrição.

Ao fim de quanto tempo entraram na rotina? Ao terceiro dia isto já andava, mas não se podia virar costas. Ao fim de uma semana, as vacas já estavam a entrar no ritmo, a comer a ração toda...

Tiveram quebras de produção? A produção nunca caiu. Contámos sempre com técnicos da empresa Harker XXI que, nos três primeiros, dias estiveram aqui de dia e de noite. Tivemos uma contrariedade neste processo que foi começar com muitas vacas, 130, para serem ordenhadas, o que é praticamente o máximo para os 2 robôs.

A qualidade do leite baixou? Dizem que é normal nos primeiros dias, com robôs, piorar a qualidade do leite, mas aqui até foi ao contrário. Um dos receios no arranque dos robôs está relacionado com o aumento da contagem das células somáticas e de microrganismos totais do leite. Nesta exploração, as células somáticas estão em valores baixíssimos, sempre se mantiveram nestes níveis até hoje. Quem ler a revista pode perguntar-se se rejeitámos muito leite. Não, não é uma questão de rejeitar leite, é que nós não tratamos uma única vaca. Num mês e meio de ordenha com o robô, não tratámos um único animal.

Porque foi diferente do habitual? Porque no arranque, nos primeiros dias, não deixámos acumular leite, ou seja, os robots conseguiram ordenhar todas as vacas.

O que fizeram à sala de ordenha? Quando entraram os robots, acabou a sala de ordenha.

Qual o valor da obra para preparar a instalação dos robots? A obra podia ter sido feita por 5.000€. Mas também não chegou aos 30.000€. Depende do que cada um quiser. Fazer uma fossa e um

DADOS DE PRODUÇÃO

Produção total vacaria/ano 1.355.000 l

Efetivo total

Raça Nº de vacas em ordenha Nº de ordenhas por dia: Produção diária aos 365 dias por animal Nº médio de lactações por vaca Gordura média bruta do leite

270 Holstein

130

2,5 11.354 l

2,2

3,55

Proteína média bruta do leite Nº de células somáticas: Idade média ao 1º parto Intervalo entre partos Nº de inseminações por vaca adulta gestante Nº inseminações/vaca adulta

3,20 135.000

24-25 meses 396 dias

1,9

cc 2,5

sítio para estar, pode ser mais barato. Agora, se quiser as condições que nós pusemos – um corredor de acesso por fora, um telhado novo, entre outras coisas.

Que extras têm estes robots DeLaval VMS V300? O principal é uma câmara que ajuda a encontrar mais rapidamente o teto, Ou seja, torna a ordenha muito mais rápida. Tem também a vantagem de podermos colocar as tetinas à mão, se quisermos. Por exemplo, se precisarmos de tratar ou secar uma vaca, após a vaca acabar de fazer a ordenha, colocamos o robot no modo manual, secamos a vaca, tratamos e está feito. …

…Quantas ordenhas estão a fazer por vaca? Ao fim de um mês, já estávamos com 2,5 ordenhas, mas chegaremos às 3. A média de ordenhas deve subir aos poucos. As vacas estão habituadas a duas ordenhas. Quando se é obcecado por querer ter rapidamente um grande numero de ordenhas/vaca, as vacas ficam stressadas, as vacas não descansam, e aparecem outros tipos de problemas como a subida das células somáticas.

As vacas têm livre acesso a um ou outro robot? Sim, é um sistema livre. Quando analisa o investimento no robot, olha para leite ordenhado por robot ou por vaca? O meu indicador tem sido o leite ordenhado por vaca/dia.

Os dois robots estão a ordenhar sensivelmente o mesmo? Exatamente. Estivemos a ver no outro dia, por vezes há ligeiras diferenças. Cerca de 4.000 litros por dia no total, 2.000 litros cada. O que mudou na alimentação? Antes não dávamos ração na sala de ordenha, agora damos no robot.

É uma ração especial? Sim, é a ração Eficor Robot, especial para robots. Todas as vacas comem no robot, e por isso reajustámos a quantidade na manjedoura. No robot, a atribuição de concentrado é feita de acordo com dois parâmetros, a fase produtiva e a produção de leite.

Gorete Lopes, engenheira zootécnica na Coren que acompanha esta exploração, falou-nos sobre as caraterísticas do arraçoamento atual. "Fizemos uma alteração significativa, associada às características da mistura. A base manteve-se, utilizando grande quantidade de silagem de milho (38 a 40 kg), e sempre com mais do que 2 kg de palha. Agora fazemos uma “manjedoura” bastante fibrosa, para nos salvaguardarmos da saúde ruminal. A função desta base é uma mistura de baixa energia, em que favorecemos a fibra e a manutenção do animal e estimulamos a procura do concentrado. Há um desfasamento, em termos energéticos e proteicos, da ração da manjedoura e do robot. Outro ponto importante foi, antecipadamente à introdução do robot, alterarmos a mistura para reforçar o sistema imunológico da vaca, com um reforço de micronutrientes, tendo em conta o stress a que os animais iam ser sujeitos devido às obras e à adaptação ao robot. O granulado do robot Eficor Robot tem um núcleo próprio, que confere um aroma e uma apetência excecionais. A vaca gosta. A qualidade do granulado confere a dureza necessária para provocar o barulho que cativa o animal a entrar e parar. Em relação aos custos alimentares, antes do robot e agora, conseguimos estar bastante equilibrados. São muito similares."

Sistema de lavagem da câmara de colocação das tetinas do robot.

Gorete Lopes, engenheira zootécnica na Coren. Carlos Manuel, técnico comercial da Harker XXI.

Arrefecedor de placas para pré-refrigeração do leite.

"AO FIM DE UM MÊS, JÁ ESTÁVAMOS COM 2,5 ORDENHAS, MAS CHEGAREMOS ÀS 3. A MÉDIA DE ORDENHAS DEVE SUBIR AOS POUCOS."

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