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Equipamento
by RUMINANTES
EQUIPAMENTO | NEW HOLLAND BB 890 PLUS BALANÇO APÓS 1 ANO DE UTILIZAÇÃO
PARA OTIMIZAR A OPERAÇÃO DE ENFARDAMENTO DO AZEVÉM, QUE CULTIVA PARA FENOSSILAGEM COMO ALIMENTO PARA OS ANIMAIS, O CASAL DE QUINTANELAS ADQUIRIU, HÁ UM ANO, UMA ENFARDADEIRA NEW HOLLAND BIG BALER 890 PLUS, COMO NOTICIÁMOS. VOLTÁMOS AGORA A QUINTANELAS PARA SABER SE AS EXPETATIVAS SE CUMPRIRAM.
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Entrevista a António Castanheira | Por Ruminantes | Fotos F. Marques, N. Marques
Em junho de 2020 visitámos o Casal de Quintanelas [Ruminantes jul/ ago/set 2020], uma das vacarias modelo do nosso país, situada no Sabugo, concelho de Sintra, para ver em trabalho a nova enfardadeira New Holland Big Baler 890 Plus. Um ano volvido, fomos ouvir o testemunho de António Castanheira, gestor daquela sociedade agrícola, sobre o desempenho da máquina.
A exploração abrange 250 hectares cuja cultura predominante é o azevém para fenossilagem e feno, que constitui cerca de 60% da forragem fornecida aos animais.
Que considerações faz sobre a New Holland Big Baler 890 Plus após um ano de trabalho?
Antes do investimento nesta enfardadeira, quando fazíamos a silagem nos silos trincheira, o processo demorava 30 dias desde o início até fechar o ultimo silo. Hoje, a mesma área de erva é cortada e armazenada em 15 dias, como fenossilagem, com muito mais qualidade
"No sistema anterior não podia obter mais de 35% MS, porque não conseguia calcar bem a silagem. Com esta enfardadeira, a silagem é cortada à entrada, com cerca de 10-12 cm, e é imediatamente comprimida." devido à rapidez do processo. Conseguimos entrar na terra no período ideal, mesmo antes do espigamento, e terminar a operação praticamente ainda nesta fase. Por outro lado, esta máquina permite-nos entrar ainda mais cedo na terra do que seria esperado com o sistema anterior, porque tem duplo rodado e pneus mais largos.
Melhorou a qualidade das forragens?
Temos seguramente forragens 20% melhores do que pelo processo anterior. Começa logo, como já referido, com
" Continuamos a ter que gastar dinheiro em plástico, cerca de 5000€ por ano, mas temos muito mais qualidade na forragem armazenada."
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
Dimensões do fardo largura x altura e comprimento (cm) 80 x 90 e 100/260
Largura do pick-up MaxiSweep™ (DIN 11220) (m) 1,96
Nº de facas 9 ou 19
Proteção das facas Molas individuais
Potência mínima da TDF (kW/cv)
Sistema de atamento/ Nº de cordéis 100/136
Tipo nó duplo / 4
a rapidez do processo. Logo após estar concluído, o fardo é enrolado com o plástico e o processo fermentativo inicia-se de imediato. É completamente diferente de transportar a colheita para um silo trincheira que vai estar aberto durante 2 dias. A qualidade da fermentação é muito melhor. Com este sistema posso fazer a fenossilagem com o teor de matéria seca (MS) que quiser. Optei por ter 45-50% MS (cerca de 2 dias depois do corte). No sistema anterior não podia obter mais de 35% MS, porque não conseguia calcar bem a silagem. Com esta enfardadeira, a silagem é cortada à entrada, com cerca de 10-12 cm, e é imediatamente comprimida.
Como é o processo de enfardamento, atualmente?
O feno é cortado e espalhado. Dois dias depois, entra em campo um trator com um ajuntador (com largura de 6 m, antes não podia exceder 3 m), seguida pela enfardadeira. Não só se faz o dobro do trabalho numa só passagem, como a velocidade da máquina é superior.
O processo antigo obrigava a ter tratores e reboques a transportar a erva cortada, agora só fazemos o transporte depois de ter tudo cortado e, enfardado e plastificado.
As análises nutricionais à fenossilagem repercutem estas vantagens?
A primeira grande diferença está na utilização de forragens. Antes não podíamos utilizar mais de 35% de forragens no arraçoamento. Agora utilizamos 45% devido ao upgrade na qualidade e a produção de leite mantevese. Em relação à proteína, aumentámos 2 a 3 pontos percentuais. Só aqui estamos a ganhar bastante porque incorporamos muito mais alimento fabricado por nós, sem custos acrescidos.
Se pensarmos na quantidade de nutrientes por hectare, este ano foi muito bom. Chegámos a fazer 3 cortes em muitas terras, algo que raramente acontecia mas que, com a possibilidade de cortar mais cedo do que o habitual, pode vir a tornar-se mais frequente.
No nosso caso, a utilização de fenossilagem permitiu utilizar os silos de trincheira para armazenar silagem de milho para o ano todo e, portanto, não tivemos que investir em silos novos, que era a alternativa que tínhamos. Fazer um silo de trincheira para 2000 toneladas de silagem representa cerca de metade do valor da enfardadeira. Continuamos a ter que gastar dinheiro em plástico, cerca de 5000 € por ano, mas temos muito mais qualidade na forragem armazenada.
Que informações da enfardadeira usam?
Os registos relativos aos teores de MS são muito importantes quando fazemos o feno. Se a humidade for em excesso podemos correr riscos. Desta forma, sabemos exatamente o que temos e podemos tomar melhores decisões. Na fenossilagem utilizamos muito essa informação para definir e identificar os diferentes lotes, quando armazenamos, para depois fazer a melhor utilização dos mesmos Antes de começar a enfardar, o operador identifica a propriedade onde vai trabalhar e no final, a máquina dá-lhe a média de MS e o número de fardos. No final do dia esses dados são exportados para o computador da exploração.
Em termos de desperdícios, esta máquina trouxe vantagens?
Em dias de vento, cortar com o corta forragem e enviar para o reboque origina quebras de 10% ou mais. Com este sistema, não há perdas.
Que dados obtêm sobre a quantidade de forragem?
A quantidade de fardos e a MS em cada parcela, dados que antes não tínhamos. Outra informação, instantânea e importante, é a compressão com que se está a fazer os fardos que pode ser ajustada quando se está a enfardar.
O fardos perdem peso ao longo tempo?
Ainda não disponho dessa informação. É um teste que quero fazer, pesar 3 ou 4 fardos agora, e depois passado 6 meses, para perceber se o peso variou. Estamos a pôr 6 voltas de plástico para que haja o mínimo de entrada de oxigénio.
EQUIPAMENTO | SALA DE ORDENHA ROTATIVA UMA ROTATIVA DE 30 PONTOS NO PLANALTO MIRANDÊS
O TEMPO GASTO COM A ORDENHA DOS ANIMAIS, MAS TAMBÉM A ESCASSEZ DE MÃO-DE-OBRA E A TRANQUILIDADE DO PROCESSO, FORAM FATORES DECISIVOS PARA A AQUISIÇÃO, EM 2019, DE UMA SALA DE ORDENHA ROTATIVA DE 30 PONTOS, PELOS GESTORES DA EMPRESA GONÇALO SOCIEDADE AGRO-PECUÁRIA, LDA.
Éna localidade Duas Igrejas, ou Dues Eigreijas, em língua mirandesa, que os irmãos Gonçalo — Jorge, Maria e Emanuel — gerem um negócio de produção de leite de vaca que começou, há muitos anos, com os seus pais. Todo o leite que produzem (cerca de 2 milhões de litros/ano) é vendido para uma queijaria de Trancoso.
A exploração tem uma área total de 131 hectares e um efetivo de 350 vacas, das quais 230 em ordenha.
As forragens para a alimentação dos animais são semeadas na exploração: 25 ha de milho silagem em regadio, 30 ha de azevém, centeio, triticale e aveia para silagem e fenos. E ainda trigo para grão. Compram fora apenas a silagem de milho por falta de área.
As vacas em produção estão estabuladas. As novilhas e vacas secas, sempre que o clima permite, permanecem na pastagem.
O alimento é fornecido através do unifeed: silagem de milho, sorgo e erva; feno de aveia; concentrado; massa de cerveja e polpa de beterraba. Recentemente foram instaladas estações de alimentação na vacaria e colares nas vacas, para permitir dosear o alimento em função das necessidades específicas dos animais.
Entrevista a Jorge e Emanuel Gonçalo | Por Ruminantes | Fotos Francisca Gusmão
Porque investiram numa nova sala de ordenha rotativa?
Para poupar tempo, a nós e às vacas. Fizemos este investimento em 2019. Antes tínhamos uma sala em espinha, 2x6/12, e demorávamos 4 horas/ ordenha, ou seja, cerca de 8
Os irmãos Jorge, Maria e Emanuel Gonçalo dividem as suas atividades diárias na gestão da exploração leiteira que, atualmente, conta com um efetivo de 350 vacas, das quais 230 estão em ordenha.
horas por dia para ordenhar 100 vacas. A nova sala rotativa é de 30 pontos, interior, e permitenos reduzir bastante o tempo de ordenha e o número de pessoas envolvidas nesta tarefa.
Porque escolheram uma ordenha rotativa?
Devido à menor necessidade de mão de obra e à rapidez com que se faz a ordenha. Com a giratória, se for mesmo necessário, conseguimos fazer a ordenha só com uma pessoa, ainda que demore mais algum tempo. Visitámos explorações em Espanha, nos Estados Unidos e no Canadá, para percebermos qual o tipo de sala que mais se adequava às nossas necessidades, uma vez que as obras de construção civil são significativas no custo de instalação.
Que aspetos mais valorizam numa sala de ordenha?
O tempo de ordenha, a mão-de-obra, e também a tranquilidade do processo para nós e para os animais.
Qual é a diferença de investimento entre rotativa e paralela?
Os preços são diferentes, a giratória implica mais custos, sobretudo no aspeto da construção. Além disso, precisa de mais área: esta sala de 30 pontos ocupa cerca de 15x15 metros.
E a manutenção, como se compara?
Só temos esta sala há dois anos e ainda não tivemos nada de excecional no que se refere à manutenção, tirando a substituição, anual, de alguns tubos, borrachas e tetinas.
Quantas vacas em ordenha justificam uma sala rotativa?
Penso que a partir das 200 vacas.
As vacas entram de forma natural na sala de ordenha?
Sim, temos uma cancela de arrasto que permite, de forma bastante natural, trazer os animais para a ordenha.
Que tipo de informações obtêm da sala?
Nomeadamente a produção de leite por animal, por ordenha e por dia, os cios, a atividade dos animais, entre outras. Os alertas das vacas em cio são aqueles para que olhamos primeiro.
Em quantos anos pensam amortizar o investimento?
Entre 10 a 12 anos.
Que indicadores utilizam para gerir a exploração?
O valor recebido mensalmente pelo leite vendido, e o valor despendido na compra dos fatores de produção.
DADOS DA EXPLORAÇÃO
Nome Gonçalo Soc. Agro-Pecuária Lda
Área da exploração 131 hectares (70 são alugados)
Efetivo total 350
Nº de vacas em ordenha 230
Nº de ordenhas/ dia
Tempo por ordenha
Nº de pessoas na sala de ordenha
Produção média diária/ vaca 2
2h (com lavagem da sala)
2
32 litros
GB (%) 3,94
PB (%) 3,44
CCS 220.000 cél/ml
Idade ao 1º parto
Rendimento/ hora 24 meses
150 vacas
Nº de trabalhadores 5
A sala possui um sistema de medição eletrónica do leite por infra vermelhos Fi7. Os animais possuem colares de identificação eletrónica. Todo o estábulo está equipado com sistema corta-vento Vervaeke.
A cancela de arrasto automática, no parque de espera, encaminha as vacas para a ordenha.
No sistema DelPRO podem-se ligar todo o tipo de equipamentos da DeLaval, como o de vitelos, estações de alimentação, medidores, portas seletoras e equipamento relativo à saúde e reprodução. A antena de atividade deteta os cios e também a atividade dos animais. Foram instalados tapetes de borracha na sala rotativa e no parque de espera, para maior conforto dos animais.
EQUIPAMENTOS INSTALADOS NA VACARIA
4 Sala de ordenha DeLaval rotativa: interior de 30 pontos, com sistema DelPRO.
4 Estações de alimentação: colocadas nos parques, permitem ao nutricionista fazer tabelas de arraçoamento para cada vaca em função de parâmetros como a produção de leite, o número e a fase da lactação, por forma a ajustar a quantidade de ração que cai no comedouro. O ajuste é feito a cada 7 dias.
4 Antena de atividade: serve para detetar os cios e a atividade dos animais. Quando a atividade sai do padrão, é enviado um aviso para o telemóvel. O sistema conhece a atividade habitual de cada animal: se está a 100% é porque tudo está normal, se está muito abaixo, o produtor deverá ir ver o que se passa. Muito acima dos 100, é normalmente sinal de cio.
4 Porta seletora automática: permite separar vacas que estão por exemplo com antibiótico, com o cio (nível máximo de alarme)... são automaticamente separadas. Pode separar para até 4 parques diferentes.
4 Cancela de arrasto automática no parque de espera: vai-se movendo (automaticamente ou de forma manual) direcionando as vacas para a ordenha. No final da ordenha, ao voltar para trás, limpa o parque atrás de um arrastador de borracha.
4 Tapetes de borracha: na sala rotativa e no parque de espera, para maior conforto dos animais. Os irmãos Jorge, Maria e Emanuel Gonçalo (atrás). Joselito Atenor (distribuidor da DeLaval) e Carlos Manuel (técnico da Harker XXI). 4 Sistema DelPRO: liga todos os equipamentos da DeLaval, como o equipamento de vitelos, estações de alimentação, medidores, portas seletoras e equipamento relativo à saúde e reprodução.
4 Equipamentos High Performance • Unidade de ordenha Top Flow com capacidade de 360 cc Harmony • Sistema de medição eletrónica do leite por infravermelhos “Fi7” • Sistema de gestão de rebanhos Delpro • Sistema de deteção de cios AM2 • Porta seletora automática DSG2 • Parque de espera com cancela de arrasto e raspador de limpeza • Borracha p/ plataforma das vacas e parque de espera R18P
4 Outros Equipamentos • 2x escova de vacas mod. Swing • 2x estação de alimentação FSC2 • Revestimento da manjedoura em PVC FTC • Sistema de alimentação artificial de vitelos CF500 2 estações • Sistema arrastador de estrumes de correntes Joz • Cortina corta-vento Vervaeke • Logetes Jourdain Euro BP • Cornadis Jourdain Safety • Silo 31M3 em fibra “Millenium”
O retorno sobre o investimento estima-se em 18 meses, embora esteja dependente dos preços das matérias-primas. Quanto mais elevados estes estiverem e quanto maior for o efetivo, melhor será o retorno.
EQUIPAMENTO | EvoNIR COMO TER UM LABORATÓRIO MÓVEL NA EXPLORAÇÃO
NA EXPLORAÇÃO FONTE DE LEITE DÁ-SE A MAIOR IMPORTÂNCIA À ALIMENTAÇÃO.. SUPRIR AS NECESSIDADES ESPECÍFICAS DO EFETIVO DE VACAS DE LEITE, OTIMIZAR O GASTO DE MATÉRIAS-PRIMAS E CONSEGUIR FORNECER UM ALIMENTO COM UMA QUALIDADE CONSTANTE, SÃO OBJETIVOS QUE JORGE FRANCO, GESTOR DA EXPLORAÇÃO, PRIORIZA. A AQUISIÇÃO DE UM EvoNIR DG, HÁ UM ANO, TROUXE VANTAGENS IMPORTANTES.
Entrevista a Jorge Franco | Por Ruminantes | Fotos Francisco Marques
AFonte de Leite é uma exploração situada na Azambuja que pertence ao Grupo Ortigão Costa. Atualmente tem um efetivo de 830 vacas em lactação e um total de cerca de 1450 animais. Para a alimentação dos animais, usam silagem de erva, silagem de milho, feno, palha, colza e farinha de milho. O concentrado é comprado fora. Conforme a disponibilidade de terrenos, cultivam, ou compram fora com base no teor de MS das forragens e decidem a altura de corte em função dos interesses próprios. Há cerca de 1 ano, decidiram adquirir um NIR do reconhecido especialista em alimentação animal Dinamica Generale — representado em Portugal pela empresa Maciel Máquinas—, para acoplar ao unifeed automotriz. Para se certificarem de que os animais estavam a ter uma alimentação otimizada, faziam cerca de 3 análises por semana ao alimento. "O trabalho e o tempo que demoravam estas análises, não permitiam uma fiabilidade tão grande como com o NIR. Além disso, o NIR analisa instantaneamente, várias vezes.”, disse Jorge Franco que
Jorge Franco, gestor da exploração, e José Grosso, operador da máquina.
está “bastante satisfeito” com a compra deste equipamento: “Vai de encontro às expetativas que eu tinha.” Como principais vantagens, o gestor da Fonte de Leite realça a fiabilidade do sistema e a certeza de estar a dar às vacas exatamente aquilo que quer dar: “a qualidade da mistura disponibilizada é mais consistente porque medimos a qualidade das forragens todos os dias.”
Quais os nutrientes que analisa com o NIR?
Humidade, matéria seca (MS), amido, proteína, ADF’s, NDF’s, cinza, fibra.
Em termos de alimentação, o que trouxe a utilização do NIR?
Conseguimos ajustar melhor a quantidade de MS às necessidades dos animais e diminuir o alimento que sobra. Fabricamos cerca de 45 toneladas de alimento/ dia, e desde que começámos a usar o NIR poupámos cerca de 20 toneladas em 2 meses (±1%). Aos preços atuais das matérias-primas, este valor é significativo.
Por que ordem são feitas as misturas?
Colocamos primeiro os alimentos fibrosos (palha e fenos, quando entram), depois os concentrados, as silagens de erva e milho e, finalmente, as leveduras.
O consumo de MS por animal variou? E a produção de leite?
Sim, o consumo de MS aumentou e a produção de leite subiu. Foi uma evolução interessante que ainda pode melhorar. Melhorámos também a eficiência produtiva (litros de leite/kg MS).
Notaram melhorias na saúde animal?
Desde o início do ano que temos notado menos problemas, nomeadamente nas fases de transição: menos ocorrências de deslocamentos de abomaso, diarreias e hipocalcemias. Acho que para estes resultados contribuiu, sem dúvida, uma alimentação mais precisa e consistente.
O nutricionista utiliza os dados recolhidos pelo NIR?
Neste momento, ainda só está a utilizar os dados da MS. Antes de adquirirmos o NIR, fazíamos análises 3 vezes por semana à MS, aqui na exploração; agora usamos os valores dados pelo NIR. Em relação aos outros dados nutricionais disponibilizados pelo NIR, ainda estamos numa fase de ajustes. Vamos fazendo medições e comparando os valores com os resultados das análises feitas em laboratório.
Têm acesso remoto à plataforma onde está a informação?
Sim. existe uma APP com toda a informação do NIR, onde podemos consultar as análises efetuadas, assim como os ajustes realizados no TMR.
Com que assiduidade fazem análises para verificar se os valores dados pelo NIR são coincidentes com os valores das análises laboratoriais?
Nos primeiros 2 meses fizemos com bastante frequência, e posso afirmar que a precisão do NIR é muito elevada. Além disso, todos os meses fazemos, no mínimo, 1 análise laboratorial às silagens e ao TMR.
Quantos anos são necessários para pagar o investimento no NIR?
Numa primeira análise, pensámos que se poderia pagar em 18 meses. Quanto mais elevados estiverem os preços das matérias primas, como agora, e maior for o efetivo, maior será o payback e mais se justifica um investimento destes.
Quantas pessoas estão treinadas para trabalhar com o NIR?
Uma pessoa e um suplente. Nós trabalhamos de acordo com uma das opções que o equipamento oferece, em que o operador se limita a seguir as recomendações dadas pelo NIR relativamente à quantidade a carregar de cada ingrediente, após a análise. Confiamos na precisão do NIR.
Que vantagens viram, até agora, neste equipamento?
Fez diminuir, significativamente, a quantidade de sobras de alimento na manjedoura. O NIR analisa constantemente a mistura, e o carregamento, para alertar quando é atingido o teor pretendido de MS de cada ingrediente. A quantidade de silagem é ajustada em função do teor de humidade.
Qual a possibilidade de errar?
Desde que o NIR não tenha uma avaria, a probabilidade de erro é muito reduzida. O sistema está sempre a analisar, faz as contas automaticamente, corrige o peso de carga, e pára logo que tem a quantidade certa de MS de cada ingrediente. Na opção de automático, o operador não pode carregar quantidades diferentes do estabelecido no NIR.
Que conselhos daria a outros produtores?
Penso que este tipo de ferramenta é tão importante numa vacaria grande, como numa pequena. Talvez numa vacaria pequena possa levar mais tempo a pagar, depende do ponto de partida (sobras de alimento, produção de leite...), mas a precisão com que se trabalha o fator com maior importância no custo de produção — a alimentação — é enorme.
Qual é, para si, a principal vantagem do NIR?
A precisão com que se trabalha a alimentação, que é o principal fator do custo de produção do leite. Conseguimos alimentar as vacas de forma mais eficiente. É como ter um laboratório móvel que está junto aos alimentos.
DADOS DA EXPLORAÇÃO
Nº de vacas em lactação 930
Efetivo total 1450
Produção média/ animal/dia (litros)
TG (%)
TP (%) 39,5
3,7%
3,4%
FEEDELIO IC Precision Feeding Systems
FEEDELIO 8000-IC, da Dinamica Generale, é um kit que pode ser instalado a qualquer momento em qualquer um dos misturadores de ração do mercado. Rastreie a precisão de carga e descarga dos seus operadores diretamente no seu smartphone, graças à aplicação disponível para Android e iOS.
• Indicador de peso DG8000-IC • Software DTM Core (versão Cloud IC) • Modem GPRS para transferência de dados confiável • Aplicativo DTM
BENEFÍCIOS
4 Controlo totalmente automático do tempo de trabalho e custos, desde a preparação da receita até a alimentação de cada grupo de animais. 4 Controlo dos tempos de trabalho. 4 Controlo e gestão do stock. 4 Controlo de matéria seca para cada ingrediente. 4 Intuitivo, fácil de usar. 4 Arraçoamento e programas de distribuição montados no pc e rapidamente transferidos para a balança com o modem GPRS. 4 Gestão de recusas. 4 Controlo do operador através de login específico. 4 Totalmente integrado com sistemas de análise NIR. 4 Gestão e rastreabilidade de premix. 4 Controlo de alimentação ideal para produção máxima de carne bovina e leiteira.
EQUIPAMENTO | VITELOS AMAMENTADORAS AUTOMÁTICAS DE VITELOS
TODOS OS PRODUTORES DE LEITE PROCURAM VACAS BOAS PRODUTORAS E COM UMA VIDA LONGA MAS, PARA ISSO, DEVEM PRIMEIRO OTIMIZAR A RECRIA DAS VITELAS. A AMAMENTADORA AUTOMÁTICA DE VITELOS GARANTE UM ÓTIMO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DOS ANIMAIS. OS VITELOS PODEM DESFRUTAR DO SEU COMPORTAMENTO NATURAL E BEBER SEMPRE QUE QUISEREM, DE FORMA CONTROLADA, ENQUANTO QUE O TRABALHO É REDUZIDO AO MÍNIMO. AFINAL, AS VITELAS DE HOJE SÃO AS VACAS ALTAS PRODUTORAS DE AMANHÃ.
JOANA TOMÁS Responsável de FMS (Farm Management Support) Lely Center Vila Nova de Gaia atomas@alteiros.pt
Quando um vitelo bebe da mãe, normalmente bebe em quantidades adequadas e distribuídas ao longo do dia. No entanto, na agricultura atual, quando o vitelo é alimentado manualmente, o consumo é limitado a uma ou duas vezes por dia. É por isso que a Lely introduziu a amamentadora automática de vitelos que fornece a quantidade e concentrações certas ao longo do dia, assemelhando-se assim ao comportamento natural do animal.
A amamentadora automática de vitelos oferece vários benefícios como: - elevada taxa de crescimento; - um melhoramento significativo no desenvolvimento dos órgãos do aparelho digestivo, devido ao facto de o alimento ser distribuído em pequenas e exatas quantidades e ao longo do dia; - um desmame gradual e sem stress; - adequação a todos os tamanhos de efetivos; - facilitação da habituação das novilhas ao sistema automático de ordenha, devido ao facto de os animais aprenderem desde tenra idade a obter o leite; - economia de tempo; - mais dados recolhidos; - flexibilidade da mão-de-obra; - benefícios económicos, com uma manutenção mínima.
ALIMENTAÇÃO
Assim que um vitelo entra numa estação de amamentação é identificado e, de acordo com o seu plano de alimentação, a amamentadora automática de vitelos decide se o animal tem permissão ou não para beber e a quantidade a que tem direito. A quantidade mínima e máxima de leite por visita pode ser definida para cada vitelo, de modo que o alimentador determinará automaticamente o alimento distribuído por animal.
Vantagens da amamentadora automática de vitelos:
- prepara, na hora, o alimento para cada visita em pequenas e exatas quantidades; - o alimento é disponibilizado a 39º C, a temperatura adequada para o sistema digestivo dos bovinos; - o leite fresco é distribuído de forma exata, em pó ou numa combinação de ambos; - não existem interrupções quando o animal está a beber e na preparação do alimento; - a quantidade de leite por visita pode depender da idade do vitelo; - fornece um alto rendimento
e taxa de mistura. Traz bons ganhos de peso, mesmo com um grande número de vitelos para alimentar; - contribui para a diminuição da mortalidade (Gráfico 1); - contribui para a melhor saúde dos vitelos (Gráfico 2).
GRÁFICO 1 MORTALIDADE DOS VITELOS COM ALIMENTADORES AUTOMÁTICOS: De acordo com 88% dos utilizadores dos alimentadores automáticos de vitelos, a mortalidade dos vitelos é menor ou semelhante ao sistema tradicional de amamentação de vitelos.
Superior 2%
10%
ND
Igual
37%
Inferior 51%
GRÁFICO 2 MELHOR SAÚDE DO VITELO: De acordo com os utilizadores da amamentadora automática de vitelos, o estado de saúde dos vitelos melhorou em comparação com os sistemas de alimentação tradicionais.
Não, piora ND
Não há diferenças 1%
18% 7%
Sim, significativo
33%
Sim, ligeiramente 45% HIGIENE
A limpeza da amamentadora automática é feita automaticamente, resultando numa melhor higiene da máquina e pode ser melhorada através da instalação de opções extra, tais como: • A Hygienebox, que garante uma ótima higiene até à tetina e através de um processo de limpeza completo, em dois passos e totalmente automatizado. • A tetina amarela (Yelloteat) que é uma tetina feita de um material que repele a sujidade. • Uma sequência de limpeza com os consumíveis Lely (Lely Calm Cid e Lely Calm Lin).
A MÁQUINA
O sistema de alimentação automático, que no conjunto fornece os benefícios acima referidos, é composto por várias partes: - uma função de aprendizagem. Através do toque num botão, é libertado um jato de leite que ajuda a ensinar os seus vitelos; - uma simples corrente evita que os vitelos mais pequenos saiam da box no momento de aprendizagem; - o tamanho da box ajusta-se facilmente ao tamanho dos vitelos; - está disponível em dois modelos, cada um dos quais em várias versões. Ambos os modelos incluem equipamento padrão com opções adicionais (Tabela 1); - uma estação de bebida, composta por uma caixa de higiene interna e externa da tetina, leitor e unidade de tetina; - detergentes para a limpeza diária, para garantir uma excelente higiene; - um software inteligente online proporciona uma visão em tempo real sobre o comportamento de bebida dos vitelos.
FIGURA 1 EXEMPLO DE UM PROJETO DE INSTALAÇÃO DE UMA AMAMENTADORA DE VITELOS COM DUAS BOXES
Parque para vitelos até ±30 dias Parque para vitelos dos ±30 aos 70 dias
Base 1 m2 com altura máxima em relação à cota das boxes Ponto de água com passador macho 3/4"
Tomada trifásica de 16 A a 1 metro do chão TABELA 1 DIFERENÇAS ENTRE OS MODELOS LELY CALM COMPACT+ E VARIO+
Lely Calm Nº Vitelos Estações de alimentação Leite em pó
Compact+ 50
Vario+ 120 1 – 2
1 – 4 35 kg
35/50 kg
INSTALAÇÃO DA AMAMENTADORA AUTOMÁTICA DE VITELOS
Para otimizar o funcionamento da amamentadora automática de vitelos, há que ter em consideração os seguintes aspetos: - a amamentadora automática de vitelos deve ser colocada numa sala/local, separado, para que permaneça limpa, seca e livre de pó; - o local onde está a amamentadora deve permitir a conexão ao Wi-Fi; - a amamentadora deve estar perto da área de alimentação. Os vitelos destreinados precisam de uma mangueira de sucção curta, até 3 m, enquanto que os vitelos mais velhos podem aguentar até 8 m. Quanto mais próxima a amamentadora estiver da área de alimentação, mais quente sairá o leite; - os produtos de limpeza utilizados na amamentadora automática não devem conter cloro, pois pode danificar os materiais da Hygienebox e o seu funcionamento. De preferência, deve utilizar os detergentes feitos para o efeito; - certifique-se de que o processo de limpeza é feito a uma temperatura superior a 40ºC . Esta é a temperatura a partir da qual ocorre a fusão das gorduras; - a dimensão dos parques pode ser variável, de acordo com o número de vitelos pretendido, respeitando as regras de bemestar animal (Figura 1).
CONSELHOS DO FARM MANAGEMENT SUPPORT (FMS) • Os vitelos devem estar alojados num local confortável, seco, limpo, com alguma luminosidade e livre de correntes de ar. • Devem ser criados grupos homogéneos de animais, de acordo com a idade ou o peso. • Durante a fase de adaptação, os vitelos devem ser mantidos num grupo pequeno, para permitir: - Melhor acesso à amamentadora automática. - Redução do risco de doenças. - Gestão mais fácil do alimento.
Depois de escolher a localização adequada e proceder à instalação, a amamentadora automática de vitelos permite verificar o desempenho dos vitelos a qualquer altura. A amamentadora possui funções diversas, botões rápidos e registos chave a que pode rapidamente aceder para alterar informações.
A amamentadora automática de vitelos pode ser ligada ao programa de gestão avançado Lely Horizon, dando uma visão geral, clara e fácil de todos os vitelos através do seu PC, smartphone ou tablet. Permite também criar relatórios e gráficos das quantidades de leite por animal.
É possível alimentar apenas com leite fresco, em pó ou com uma combinação de ambos, e ainda escolher o modelo mais adequado às necessidades.
Os painéis de comando, os ecrãs e o joystick estão instalados no lado direito da cabina.
As imagens são captadas por câmaras de vídeo instaladas nas laterais da máquina.
EQUIPAMENTO | KUHN SPV POWER 17.1 DL MAIOR CAPACIDADE, PARA GANHAR TEMPO
UMA FRESA MAIS POTENTE, UM RAIO DE VIRAGEM MAIS CURTO E UMA CABINE MAIS BAIXA E COM MAIOR VISIBILIDADE. ESTAS SÃO ALGUMAS DAS VANTAGENS QUE SOBRESSAEM NO NOVO UNIFEED AUTOMOTRIZ VERTICAL ADQUIRIDO PELA QUINTA DA COSTA, LDA..
Entrevista a Miguel Miranda | Por Ruminantes | Fotos Francisco Marques
Em maio de 2021 a empresa investiu num novo unifeed automotriz vertical, um KUHN - SPV Power 17.1 DL. O objetivo foi essencialmente aumentar a capacidade, passando de 14 m3 para 17 m3. Com este unifeed, que tem capacidade para alimentar 110 vacas, a expectativa é passar de 2 para 1 carro por dia e, com isso, ganhar tempo.
Uma fresa mais potente, um raio de viragem mais curto e uma cabine mais baixa e com maior visibilidade são algumas das vantagens que sobressaem no novo modelo relativamente ao anterior. A escolha foi para um modelo vertical. Na opinião de Miguel Miranda este tipo de máquina tem menor desgaste e consegue uma mistura menos prensada: “Espero vir a ter uma melhor homogeneidade da mistura, e um alimento mais solto.” Como outra vantagem de peso, Miguel referiu a balança incorporada que permite exportar para as tabelas alimentares do computador da exploração os dados registados ao longo do dia (quantidade de cada alimento, hora a que foram distribuídos, etc.). Estes dados podem ser cruzados com os dados recolhidos pelos robots de ordenha, permitindo uma análise mais detalhada.
Rodrigo Gonçalves, responsável técnico pela marca Kuhn na Auto Industrial, destacou outros pontos positivos da máquina: - pelo facto de serem semfins verticais, o desgaste das chumaceiras em relação aos horizontais praticamente não existe; - o motor do sem-fim é hidráulico e está assente por baixo da cuba, não sendo necessário mexer no interior da cuba no caso de ser necessária alguma intervenção no mesmo; - no caso de os fardos serem introduzidos inteiros, não existe impacto sobre o motor, graças a uma caixa de rotor assente em banho de óleo que amortece os impactos.
Fresa de 2,10 m com 1,95 m de corte efetivo, e pode cortar até uma altura de 5,30 m. Está equipada com um motor hidráulico de 120 cv. Possibilidade de regulação da fresa. Os tapetes de descarga, devido à largura da boca, permitem descarregar até 3400 kg de mistura por minuto.
Motor John Deere de 4.5 litros, 170 cv
O unifeed possui direção traseira e tração dianteira, com distribuição de peso 70% - 30%.
O tapete transportador permite 2400 kg de silagem de milho por minuto.
DADOS DA EXPLORAÇÃO
Nome
Localização
Nº de empregados Área total explorada
Culturas A balança digital pode ser calibrada na máquina, ou através de computador caso o cliente queira transferir o arraçoamento que tem no computador para o unifeed, através de uma pen ou wireless.
Quinta da Costa
Chorente, Barcelos
4
35 ha
Milho e erva A cuba é quinada, o que contribui para a homogeneidade final da mistura. O sem-fim e as laterais da bacia são em k-nox para aumentar exponencialmente a durabilidade.
Nº de robots 2
DADOS DO REBANHO
Nº total de animais 252
Nº vacas em ordenha 110
Nº médio de ordenhas/vaca/dia 2,7
Produção média diária/vaca
Teor de proteína 38 a 40 litros
3,3%
Teor de gordura 3,6%
Contagem de células somáticas 170.00
Maneio alimentar (mistura no unifeed) Silagem de erva e de milho, concentrado, 2 vezes/dia Esq. para dta.: João Ribeiro e Bruno Sá (Reptractor), Miguel Miranda (Quinta da Costa), Avelino Ribeiro (Reptractor), Manuel Miranda e Ricardo Miranda (Quinta da Costa).
EQUIPAMENTO | COBERTURA DE SILOS COMO CONSEGUIR SILAGENS DE QUALIDADE
FALÁMOS COM DOIS AGRICULTORES QUE INSTALARAM SOLUÇÕES DE TECNOLOGIA RECENTE, NAS SUAS EXPLORAÇÕES, PARA A COBERTURA DOS SILOS. OS PRODUTOS DA MARCA ALEMÃ BÖCK, QUE SÃO DISTRIBUIDOS EM PORTUGAL PELA EMPRESA NUTRIGENETIK: O PLÁSTICO BLUE 9, A REDE GITTERFLEX E OS FIXADORES SILOCLIP.
Entrevista a Joaquim Silva, Nutrigenetik, António Estrela Rego, médico veterinário e produtor de leite, Helder Duarte, produtor de leite | Por Ruminantes | Fotos Böck, A. E. Rego Nutrigenetik | Contacto: Joaquim Silva | Morada: Rua Rio Este, nº20 4480-297 Junqueira- Vila do Conde | Telemóvel: 961 729 568 | E-mail: geral@nutrigenetik.pt
Acobertura dos silos com plástico, com pneus ou terra por cima, como forma de conservar a forragem está a cair em desuso. Hoje, existem soluções mais fáceis de implementar que garantem a obtenção duma silagem de elevada qualidade e evitam desperdícios. Esta é a opinião de Joaquim Silva, gerente da Nutrigenetik, a empresa que representa em Portugal os produtos da marca alemã Böck. Falámos com dois agricultores, clientes da Nutrigenetik — António Estrela Rego, médico veterinário e produtor de leite em São Miguel, Açores, e Helder Duarte, sócio-gerente da empresa Agroleite, em Canha — que instalaram estas novas soluções nas suas explorações, mais precisamente os plásticos Blue 9 e a rede Gitterflex® para a cobertura dos silos, e o sistema de fixadores Siloclip®. "Os fatores a ter em conta para a obtenção de uma forragem de qualidade são vários, nomedamente: a hora a que se faz o corte, o espalhamento da forragem, a compactação, e por fim o fecho do silo", afirma Joaquim Silva: "O silo tem que ser fechado de forma a garantir que não haja qualquer entrada de ar, nem saída de gases produzidos pela silagem." O conceito comercializado pela Nutrigenetik aposta na qualidade do plástico e dos materiais, mas "é essencial que o procedimento seja feito de forma correta para garantir que, no final, não haja silagem que apodreça. A silagem tem que ser bem compactada desde o início até ao fim, e depois ser bem tapada e fechada”, concluiu Joaquim Silva. António Estrela Rego instalou este sistema há quase um ano e vê como principais vantagens a eliminação dos ataques dos ratos, a facilidade em cobrir os silos e a qualidade da forragem obtida: "Primeiro, é um trabalho mais leve, só trabalhamos com rede e plástico, não há pneus nem terra para transportar para a parte superior do silo, apenas sacos de pedra ou brita para fixar, a cada 10 metros, as zonas de união das redes de cobertura. Em segundo lugar, é um trabalho mais limpo, não utilizamos nem pneus nem terra, que trazem sempre muita sujidade à área dos silos. E como não há podres, também não temos esse problema para resolver. E, por fim, obtemos uma silagem limpa, sem desperdícios nem silagem podre, o que é muito bom porque nunca corremos o risco de pôr dentro do carro unifeed alguma silagem deteriorada. Na Agroleite usam silagens a partir dos 3 meses de vida em todos os lotes de produção. Por isso, "é fundamental a sua estabilidade, conservação e qualidade", disse-nos Helder Duarte. "A grande parte das nossas forragens são conservadas na forma de silagens em silos de trincheira. Temos 4 silos de 4.000 toneladas com abertura de ambos os lados, o que nos permite ter em stock 16.000 toneladas de silagens e produzir até 24.000 ton anualmente com armazenamento correto." Já usaram outros sistemas de cobertura, mas desde há um ano adotaram o plástico com barreira de oxigénio e o Siloclip®: "o sistema com o plástico Blue 9 permite não usar o plástico de película, o que poupa uma aplicação de plástico. O sistema Siloclip® veio revolucionar a forma como se fecha a lateral do silo.
O sistema Siloclip® veio revolucionar a forma como se fecha a lateral do silo. Conjuntamente com o uso de um plástico na lateral e o Siloclip® obtivemos o máximo de facilidade e rapidez na cobertura e o mínimo de perdas de silagem. 6 ou 7 dias após a cobertura do silo, produz-se o efeito balão. Depois, os gases resultantes da fermentação são progressivamente reabsorvidos e o plástico adere à silagem, estando criadas as condições para uma boa conservação. Se o plástico não inchar é sinal de que algum processo não correu bem.
Conjuntamente com o uso de um plástico na lateral e o Siloclip® obtivemos o máximo de facilidade e rapidez na cobertura e o mínimo de perdas de silagem. Em relação aos cuidados recomendados a quem opta por este sistema, Helder Duarte é perentório: "Sigam as recomendações do vendedor e não se esqueçam das regras básicas: cobrir rapidamente e destapar apenas o necessário."
9 camadas
5 camadas
3 camadas FIGURA 1 PLÁSTICO BLUE EM COMPARAÇÃO COM OUTROS PLÁSTICOS
Número de camadas Permeabilidade ao oxigénio Força de tração
FIGURA 2 PLÁSTICO BLUE 9 - CAMADAS
UV 18 meses - Estabilidade Camada de estiramento e desgaste Oferece elasticidade única Liga as camadas Barreira de oxigénio Liga as camadas Oferece elasticidade única Camada de estiramento e desgaste Leveza - impermeabilidade
7 DICAS PARA OBTER UMA SILAGEM DE QUALIDADE O NOVO PLÁSTICO BLUE 9 (FIGURA 1) É PRODUZIDO A PARTIR DE 9 CAMADAS DIFERENTES (FIGURA 2). UMA MISTURA INTELIGENTE DE MATERIAIS OFERECE FORÇA MÁXIMA - AINDA QUE A ESPESSURA SEJA DE APENAS 80 MICRONS. A CAMADA SUPERIOR AZUL OFERECE UMA ESTABILIDADE UV DE 18 MESES E PREVINE O REAQUECIMENTO DA SILAGEM. O BÖCK BLUE 9 NÃO REQUER PELÍCULA, POUPANDO ASSIM TEMPO DE TRABALHO.
1. Timing
2. Estrutura do Silo
3. Evitar oxigénio
4. Cobertura rápida
5. Selagem ótima
6. Use as melhores coberturas
7. Proteção Completa Colher o milho com uma percentagem de matéria seca entre 25% e 37%, em pedaços de 4-12mm.
Colher a erva com uma percentagen de matéria seca entre 30% e 35%, em pedaços de 15-25mm.
Consumo da face exposta do silo 2,5mt/semana mínimo durante o verão, 2mt/semana mínimo durante o inverno.
Compactação óptima: máx. 3-4 km/h, máximo de 30cm por camada. Ensilar, compactar e cobrir em 24 horas. Peso de compactação: 1/5 (milho) ou 1/3 (erva) do peso total de silagem descarregada/hora.
Calcar 2-3 vezes por camada, sem interrupções.
A cobertura tem que ser feita logo após a compactação. Se chover, cubra imediatamente.
Evitar a corrosão das paredes do silo, que se produzem por ácidos de fermentação. Isso também impedirá a entrada de água e oxigénio que podem estragar a silagem que está encostada às paredes.
Os plásticos com barreira de oxigénio garantem fermentação ótima e perfeita estabilidade aeróbica.
A rede Gitterflex® protege o plástico de danos causados por animais e condições climatéricas; combinada com Siloclip e sacos pode substituir os velhos pneus e poupar tempo.
OBSERVATÓRIO DAS MATÉRIAS-PRIMAS À PROCURA DA ESTABILIDADE
Por João Santos; Fonte USDA s&d, relatório de março
A VOLATILIDADE E A ESTABILIDADE De agosto do ano passado até março de 2021, assistimos a uma subida mais ou menos linear dos preços da matériasprimas agrícolas. De janeiro a abril deste ano os preços estiveram estáveis, num patamar alto. A partir de maio, devido à possibilidade de os States flexibilizarem os mandatos de biocombustíveis, que aumentavam em junho para 13%, a soja e o milho tiveram, e vão continuar, a ter uma volatilidade extrema devido aos avanços e recuos que estas medidas possam ter nos States; uma vez que, à margem do que o Presidente Biden possa decidir, também os tribunais podem ter uma palavra a dizer. Se a isto acrescentarmos a incerteza habitual sobre o ritmo de importações da China e o “weather market” no Estados Unidos, temos reunidas as condições para assistir a tudo menos a estabilidade nos preços nos próximos meses. Poderíamos dizer que isto não nos interessa mas, na verdade, a generalidade dos países onde os consumidores (fábricas) costumam comprar a longo prazo, e que ainda tem contratos feitos antes da subida de agosto de 2020, já terminaram, na sua maioria, esses contratos. Assim, a generalidade das fábricas de ração, um pouco por todo o mundo, estão muito pouco compradas neste momento mas, em particular, a partir de setembro deste ano. Donde, comprar a deferido matérias primas sem ter a carne ou o leite vendido, é muito arriscado, uma vez que não estamos a fechar a margem e as matérias primas vão continuar a ter grandes variações de preços. Sendo fácil acontecer ficar mal comprado, comparando com os vizinhos, quer estejam na Polónia ou na aldeia ao lado. E nada nos garante que os preços da carne e do leite não baixem.
PROTEÍNAS Já era sabido que os Estados Unidos, em junho, passavam o seu mandato de incorporação de biocombustíveis para 13% e que isso iria “chupar” todo o óleo vegetal e gorduras para os States. Tornou-se ainda mais difícil equilibrar procura/oferta, como aconteceu em maio, com os preços do óleo, em Chicago, a chegarem a valores nunca vistos; e por arrasto o grão de soja. O mesmo aconteceu com a colza no Canadá. Um pouco por todo o mundo, os óleos subiram. As dificuldades técnicas e comerciais de rebalancear o mercado do óleo, em particular a exportação massiva de óleo de soja da Argentina e do Brasil para os States, não se materializa. E, assim, criou-se uma situação no mercado do óleo nunca vista nestes dois países, com um desconto de 250-300 dólares/tonelada em relação ao óleo nos States, causando uma enorme distorção em todo o mercado mundial, em todo o complexo da soja. A meados de junho, o Presidente Biden disse que estaria a repensar os níveis de incorporação, ou isentar algumas refinarias da obrigação de fazerem o blend de biocombustíveis, e com alguns recursos das refinarias, no Supremo Tribunal dos States, a poderem ter decisões favoráveis, começou a fazerse uma correção nos preços do óleo em Chicago e, por arrastamento, no grão de soja e na farinha. E também no milho, por causa do etanol. Como consequência, em Lisboa, os preços de farinha de soja variaram no último trimestre entre 430€ e 370€ ton para o disponível. Não sabendo ainda o que finalmente acontecerá aos
biocombustíveis nos States, a meteorologia poderia ter estado um pouco mais favorável e um pouco mais de chuva teria sido bem-vinda. No final de junho, finalmente apareceu a chuva, mas mesmo assim o tempo apresentouse muito quente. Hoje estão reunidas as condições para um resto de verão muito tenso em relação às condições meteorológicas. Por outro lado, o Brasil obteve uma respeitável colheita de 137 milhões, mas as últimas previsões da BAGE são de uma colheita na Argentina de 43 milhões, longe dos 56 milhões que já teve num passado recente. Para dificultar a situação, a bacia do rio Paraná está a sofrer uma seca extrema, com um caudal muito baixo, reduzindo a capacidade dos navios de navegarem carregados desde o “coração” da soja na Argentina (Rosário), obrigando-os a fazer um dispendioso segundo porto no sul do Brasil ou a virem parcialmente vazios. Esta situação vai conduzir ao aumento dos prémios de farinha soja nesta origem, o principal fornecedor mundial de farinha de soja. Paralelamente, devido à escassez de navios, os fretes continuam a subir. Depois de mais de 10 anos com fretes extremamente baixos, hoje custam o dobro do preço de há 12 meses, e com tendência para subirem. Dito isto, não me atrevo a dar uma previsão da evolução dos preços. No entanto, no fundamental continuamos a ver a China a importar mais de 100 milhões de toneladas de grão de soja. Os stocks finais, à conta de uma colheita muito boa no Brasil, melhoraram mas por outro lado temos uma situação muito tensa de stock baixos nos States. Assim, vamos continuar a ter muita volatilidade e, atrevo-me a dizer que talvez tenhamos maior probabilidade de ver o mercado subir, do que descer. Em relação à farinha de colza, em Portugal, a produção local será muito reduzida no que resta de 2021, devido à política adotada pelo Estado, este ano, para o biodiesel que favoreceu os óleos usados importados e o HVO importado, em detrimento da incorporação de óleos de colza e soja produzidos em Portugal. Com isto, em particular, e com a reduzida procura de óleo de colza para o biodiesel nacional, a extração de colza em Portugal será muito limitada, e a farinha importada fica a um valor proteico que perde competitividade em relação à soja, pelo que será de esperar que a colza continue a sair das fórmulas. CEREAIS A correção que vimos na farinha de soja em Lisboa, de 500€ para menos de 400€ ton, nos últimos meses, não se vê nem viu no milho, e há duas justificações para tal: por um lado, a política de biocombustíveis nos States e, por outro, a sementeira da Safra no Brasil que terminou umas 3 semanas mais tarde do que seria desejável (nov/ dez), o que conduziu a uma Safrinha, a segunda colheita, maioritariamente de milho, a ser plantada muito tarde já na época seca. A falta de humidade nos solos durante a sementeira, e o tempo seco que se tem mantido, irão traduzirse numa Safrinha curta, que não terá o efeito de inundar o mercado mundial a partir de julho-agosto, como tem sido habitual nos últimos anos. As colheitas serão exatamente antes do início das do milho no hemisfério norte. Assim sendo, o preço do milho para o disponível não tem descido dos 250€, e as ofertas de milho para 2022 não descem dos 220€. Com isto, nos próximos semestres não voltaremos a ver o milho à volta de 170€, como nos tínhamos habituado nos últimos anos. Para ajudar, em Espanha a colheita de cevada está a tocar os 7 milhões de toneladas, havendo ofertas de cevada colocada em Portugal sobre os 210€. É também de esperar uma colheita muito boa de trigo na Europa, podendo haver abundância de trigo forrageiro que hoje está claramente mais barato que o milho nos portos nacionais, tanto o da velha como o da nova colheita. Assim, para quem pode, é de começar a usar mais estes dois últimos cereais em detrimento do milho.
CONCLUSÃO Não posso dizer que os tempos vindouros sejam fáceis ou estáveis, não havendo uma relação de um para um entre os preços das matériasprimas e os da carne e leite, podendo até haver uma relação inversa, no curto prazo. O que podemos dizer é que todo o mundo está numa situação bastante similar. Por isso, temos que manter a disciplina nas compras de matérias primas, em particular os que se habituaram a comprar muito à la longue, recomendo comprar mais no curto prazo, mais vezes e menos quantidade, porque será difícil antever os movimentos futuros. E, mais uma vez, centrarmo-nos na redução dos custos, tanto os fixos como os variáveis, uma vez que esses, sim, serão os fatores diferenciadores de cada pecuária.
Despeço-me com amizade.
QUADRO 1 COLHEITAS MUNDIAIS
Milhões de tn 14/15 15/16 16/17 17/18 18/19 19/29 20/21 21/22
Soja
Produção mundial 319,00 312,80 351,40 342,09 360,30 339,00 364,10 385,50 Stock finais 77,60 76,60 96,00 98,56 111,88 96,04 88 92,55
24% 24% 27% 29% 31% 28% 24% 24%
Milho
Produção Mundial 1008,80 961,90 1070,20 1076,20 1123,30 1116,50 1125,00 1189,9,30 Stock finais 208,20 210,90 227,00 341,20 320,80 303,10 280,60 289,40
21% 22% 21% 32% 29% 27% 25% 24%
OBSERVATÓRIO DO LEITE FALANDO-SE DE NÚMEROS, SUSTENTABILIDADE E INSETOS
A PANDEMIA TEVE, COMO JÁ VIMOS ANTERIORMENTE, UM IMPACTO PROFUNDO NOS PADRÕES DE CONSUMO A NÍVEL MUNDIAL. O GRADUAL REGRESSO A UMA NOVA NORMALIDADE, QUE ESTAMOS A ATRAVESSAR, NÃO TRARÁ CERTAMENTE UMA REGRESSÃO COMPLETA AOS ANTIGOS COSTUMES. O SETOR LEITEIRO, QUE EM 2020 SE DESTACOU PELA RESILIÊNCIA, TERÁ ASSIM DE OLHAR PARA O PASSADO COM ATENÇÃO E TIRAR DELE AS LIÇÕES QUE LHE PERMITIRÃO CRESCER NO PÓS-PANDEMIA.
Por Joana Silva, Médica Veterinária | Fontes Agência Reuters, Feed Additive, McKinsey & Company, Research and Markets, The Dairy Site
Oconfinamento e respetivas restrições abriram uma janela à experimentação, com 33% dos consumidores a admitir terem comprado novas marcas. Para 20%, essa descoberta de novidades terá mesmo sido uma das suas prioridades diárias. As preocupações financeiras também não terão ficado esquecidas, com 32% dos consumidores a considerarem as promoções como uma alavanca à compra de produtos lácteos. Em paralelo, 42% dos consumidores terão optado por alternativas ao leite devido às suas preocupações ambientais, um aumento de 14% face a 2019. A conjuntura pandémica também favoreceu o comércio online, um fenómeno transversal a todas as idades e não apenas aos mais novos, como poderíamos pensar. De facto, 40% dos novos utilizadores deste canal de compra terão 60 anos ou mais. Apesar da fidelização de muitos clientes ao canal online, cerca de 60% dos consumidores ainda preferem as lojas físicas para as suas compras de leite e derivados.
Até 2029, e de acordo com as previsões da FAO, a produção leiteira deverá crescer na ordem dos 1,6% ao ano, atingindo-se as 997 milhões de toneladas no final da década. Em países onde o pastoreio é predominante, o aumento da produção dever-se-á ao crescimento do número de cabeças, enquanto em países onde o setor é mais industrializado se assistirá a um aumento de produtividade por animal. Atualmente, existirão a nível mundial cerca de 150 milhões de explorações leiteiras, que produzem entre si 850 milhões de toneladas de leite anuais. Os bovinos são responsáveis por 81% dessa produção, sendo os restantes 19% assegurados por búfalos (15%), ovinos, caprinos e camelos. Em 2020, o efetivo bovino leiteiro chegou aos 137 milhões de animais, com uma previsão de pelo menos mais um milhão no final deste ano.
Prevê-se que mais de metade do crescimento da produção até à próxima década seja assegurado pela Índia e Paquistão. Na UE, atualmente o segundo maior produtor leiteiro, o crescimento deverá ficar aquém da média mundial, devido essencialmente a constrangimentos ambientais e procura interna limitada. O aumento do rendimento leiteiro no continente deverá rondar os 1% anuais, com uma paralela redução dos efetivos na ordem dos 0,6%.
A grande maioria dos produtos lácteos são hoje consumidos maioritariamente no local onde são produzidos, sendo o leite em natureza uma matéria-prima perecível. No entanto, o comércio internacional do leite e derivados tem um peso importante na economia de muitos países, e poderá ser uma fonte importante da satisfação da procura de produtos de valor acrescentado, como o queijo e manteiga, em sociedades que estão a registar mudanças radicais de padrões de consumo devido a uma maior urbanização, aumento do poder económico e globalização.
Na China, a divulgação da opinião generalizada da classe médica relativamente aos benefícios do consumo de leite ao longo do ano passado levou a que, durante a pandemia, se gerasse um frenesim de procura e uma explosão de nascimentos de novas explorações leiteiras. Atualmente o terceiro produtor mundial de leite, a China terá um desafio difícil em saciar a procura doméstica: as trinta e quatro milhões de toneladas de leite produzidas no ano passado apenas conseguiram satisfazer 70% das necessidades de consumo interno. O consumo
per capita anual é de 6,8 litros de leite, um valor modesto quando comparado com os 50 litros nos Estados Unidos, por exemplo, mas tudo indica que a expansão da produção e consumo será uma realidade. No entanto, com elevados custos de produção e escassez de água e solo disponíveis, a China não se livra do rótulo de ser um dos países onde produzir leite sai mais caro – com um preço de venda ao público a roçar o dobro do preço praticado no Reino Unido ou nos Estados Unidos.
O mercado de leite e derivados obtidos através de produção biológica atingiu em 2020 os 20 biliões de dólares, com uma previsão de crescimento sólido pelo menos até 2026. Estes produtos caracterizam-se pela riqueza nutricional em antioxidantes, vitaminas, ácidos gordos Ómega 3 e ácido linoleico conjugado – mais conhecido como CLA. Além da perceção generalizada do público acerca dos benefícios destes produtos, existem igualmente incentivos monetários e formativos por parte de instituições governamentais. Na Europa, foi recentemente adotada nova legislação para a produção biológica e respetiva rotulagem, de modo a garantirse um comércio justo para os produtores e distribuidores. Além do aumento da procura, outros fatores irão contribuir para o crescimento da agricultura biológica, como a modernização das cadeias de distribuição e aprovisionamento, a disponibilização destes produtos online e os avanços tecnológicos, que permitirão desenvolver produtos cada vez mais saudáveis e que satisfaçam as exigências dos consumidores modernos.
No mercado concorrencial ao leite, um estudo levado a cabo pela Universidade de Maastricht terá comprovado que a proteína obtida a partir de insetos é nutricionalmente equitativa à proteína do leite, tendo ambas a mesma performance a nível de digestão, absorção e estímulo de síntese muscular. Esta aparenta ser a primeira fonte proteica alternativa que se consegue “bater” com a proteína láctea – até agora, as alternativas vegetais disponíveis no mercado revelaram possuir um nível baixo de aminoácidos essenciais e, consequentemente, um perfil de aminoácidos incompleto. Apesar da perceção que muitos consumidores - especialmente nas sociedades ocidentais - têm da alimentação à base de insetos, considerada repugnante, a produção destes animais para consumo humano é associada a uma maior sustentabilidade ambiental, apontando-se uma poupança na ocupação de solo na ordem dos 98% face à produção agrícola com ruminantes, e consequentemente uma menor pegada de carbono.
A preocupação do setor leiteiro com a sustentabilidade ambiental é algo que também já abordámos várias vezes, e que continua a ser uma das prioridades dos seus intervenientes. Na Universidade de Harper Adams, na Inglaterra, focada na especialização do ensino agrícola, tem sido desenvolvido trabalho de investigação que visa minimizar o impacto ambiental da produção leiteira através da atuação sobre o teor de proteína da dieta dos bovinos e consequente minimização das emissões de azoto. Estudos governamentais no Reino Unido mostraram que, em 2019, 88% das emissões de amónia provinham da agricultura e, destas, 28% foram atribuídas à produção leiteira. Neste estudo, os investigadores utilizaram fontes proteicas alternativas à corrente silagem de erva, como o trevo vermelho – conhecido por apresentar um elevado teor de proteína altamente degradável – a luzerna e a silagem de ervilha-forrageira. A maior degradabilidade e aproveitamento destas matérias-primas minimiza a necessidade de recorrer a fontes secundárias de aporte proteico através de suplementos, e permitiu, segundo o estudo, aumentar a percentagem de aproveitamento da proteína da dieta de 25% para 35% e minimizar assim as excreções de azoto para o ambiente. Em paralelo, a utilização de fontes alternativas de proteína permitiu reduzir o custo de produção, tudo isto sem afetar a performance das vacas leiteiras.
PREÇOS DO LEITE PAGO AOS PRODUTORES EU* (peso média)
* sem o Reino Unido ** valores estimados para maio 2021
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO LEITE CRÚ ABRIL 2021 COMPARATIVAMENTE COM ABRIL 2020
Roménia Eslováquia Portugal Finlândia Chipre Grécia Itália Espanha Croácia Estónia Áustria Eslovénia Bulgária França Hungria Alemanha UE* Dinamarca Letónia Rep. Checa Holanda Suécia Polónia Malta Lituania Bélgica Irlanda**
* sem o Reino Unido ** valores estimados para abril 2021
ÍNDICE VL E ÍNDICE VL-ERVA QUEM QUERERÁ DESTRUIR A PRODUÇÃO DE LEITE VACA EM PORTUGAL?
DESDE HÁ VÁRIOS MESES QUE TEMOS VINDO A ASSISTIR E A ALERTAR PARA O BAIXO VALOR DO LEITE PAGO AO PRODUTOR PORTUGUÊS. NA ATUAL SITUAÇÃO SÓCIO ECONÓMICA, EM QUE OS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS E DAS MATÉRIAS-PRIMAS SOBEM NO MERCADO INTERNACIONAL, EM QUE AS DIFICULDADES SÃO IGUAIS EM TODA A EUROPA E EM QUE SE PRETENDEM TORNAR MAIS IGUAIS OS CIDADÃOS EUROPEUS, NÃO SE PODE ACEITAR ESTA ENORME DIFERENÇA DE PREÇOS PAGOS AOS PRODUTORES DE LEITE.
Por António Moitinho Rodrigues, docente/investigador, Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco; Carlos Vouzela, docente/investigador, Faculdade de Ciências Agrárias e do Ambiente da Universidade dos Açores/IITAA; Nuno Marques, Revista Ruminantes.
Analisamos neste número da Ruminantes os Índices VL e VL-ERVA para o período de fevereiro a abril de 2021. Os dados do SIMAGPP (2021) mostram-nos que o preço médio do leite pago aos produtores individuais no continente variou entre 0,311 €/kg em fevereiro e 0,312 €/kg em março e abril. Na Região Autónoma dos Açores, o preço médio do leite pago aos produtores individuais foi mais elevado em fevereiro (0,278 €/ kg) e mais baixo em março (0,276 €/kg).
Consultando os dados publicados pelo Milk Market Observatory (MMO) verificamos que o preço médio do leite pago ao produtor entre fevereiro a abril de 2021 foi, mais uma vez, muito inferior em Portugal (0,2999 €/kg) quando comparado com a média da UE27 (0,3519 €/kg) (MMO, 2021). No mês de abril de 2021 Portugal foi mesmo o país em que o preço do leite pago ao produtor foi o mais baixo da UE27, com o inconcebível valor de 0,3001 €/kg de leite com 3,70% de gordura e 3,28% de proteína. No mesmo mês de abril, os preços pagos aos produtores de leite dos 5 países da UE27 com maior produção anual de leite foram os seguintes: Alemanha 0,3560 €/ kg; França 0,3649 €/kg; Holanda 0,3600 €/kg; Polónia 0,3310 €/ kg e Itália 0,3600 €/kg. Será que querem destruir a produção de leite de vaca em Portugal? Será esse o grande objetivo das organizações cooperativas e outras que compram leite no nosso país? Desde há vários meses que temos vindo a assistir e a alertar para o baixo valor do leite pago ao produtor português. Na atual situação sócio económica, em que os preços dos combustíveis e das matérias-primas sobem no mercado internacional, em que as dificuldades são iguais em toda a Europa e em que se pretendem tornar mais iguais os cidadãos europeus, não se pode aceitar esta enorme diferença de preços pagos aos produtores de leite.
Durante o trimestre em análise, os preços das 5 principais matérias-primas utilizadas na formulação dos alimentos compostos utilizados neste trabalho sofreram um aumento médio de 13,6%. No continente português, aquele aumento traduziu-se no acréscimo de 2,3% nas despesas com a alimentação da vaca tipo, embora o preço pago pelo leite tenha diminuído 1,1% relativamente ao trimestre anterior. Nos Açores, o aumento das matérias-primas teve pouco impacto nos custos com a alimentação da vaca uma vez que na primavera os animais têm maior consumo diário de pastagem. Houve mesmo uma ligeira redução dos custos com a alimentação. No entanto, a redução acentuada de 2,7% no preço do leite relativamente ao semestre anterior anulou o efeito favorável da diminuição dos custos alimentares.
A evolução do preço do leite e dos custos da alimentação refletiu-se no Índice VL e no Índice VL-ERVA que, em abril de 2021 foram, respetivamente, de 1,538 e de 1,775. De referir que, um ano antes, em abril de
2,0
1,9
1,8
1,7
1,6
1,5
1,4
1,3
1,2 ÍNDICE VL JULHO 2012 A ABRIL 2021
1,1
1,0 jul. '12 jan. '13 jan. '14 jan. '15 jan. '16 jan. '17 jan. '18 jan. '19 jan. '20
O ÍNDICE VL é influenciado pela variação mensal do preço do leite pago ao produtor no continente português e pelas variações mensais dos preços dos alimentos que constituem o regime alimentar da vaca leiteira tipo (concentrado 9,5 kg/ dia; silagem de milho 33 kg/dia; palha de cevada 2 kg/dia).
jan.'21 abr'21
ÍNDICE VL-ERVA JULHO 2013 A ABRIL 2021
2,7 2,6 2,5 2,4 2,3 2,2 2,1 2,0 1,9 1,8 1,7 1,6 1,5 1,4 1,3 1,2 1,1 1,0
jul. '13 jan. '14 jan. '15 jan. '16 jan. '17 jan. '18 jan. '19 jan. '20 jan. '21 abr'21
O ÍNDICE VL – ERVA é influenciado pela variação mensal do preço do leite pago ao produtor na Região Autónoma dos Açores e pelas variações mensais dos preços dos alimentos que constituem o regime alimentar da vaca leiteira tipo (primavera/verão 60 kg/dia de pastagem verde, 10 kg/dia de silagem de erva e de milho, 5,6 kg/dia de concentrado; outono/inverno 47 kg/dia de pastagem verde, 13,3 kg/dia de silagem de erva e de milho, 6,7 kg/dia de concentrado).
2020, o Índice VL havia sido de 1,695 e o Índice VL - ERVA de 2,054. Curiosamente, na Região Autónoma dos Açores o Índice VL-ERVA foi em fevereiro 1,481 e em março 1,498, em ambos os casos inferior a 1,5. Esta situação acontece pela primeira vez em 94 meses de análise de dados, desde julho de 2013, altura em que iniciámos a determinação do Índice VL-ERVA. De realçar que o Índice VL-ERVA reflete a realidade da produção de leite mais favorável existente na ilha de S. Miguel onde se produz cerca de 60% do total de leite dos Açores. Um índice igual ou inferior a 1,5 (valor muito baixo) indica forte ameaça para a rentabilidade da exploração leiteira; um índice entre 1,5 e 2,0 (valor moderado) indica que a produção de leite é um negócio viável; um índice maior do que 2,0 (valor elevado) indica que estamos perante uma situação muito favorável para o sucesso económico da exploração (Schröer-Merker et al., 2012). NOTAS - no continente português, comparando os meses abril de 2020 e abril de 2021, verificase que se mantiveram iguais os preços do leite pago aos produtores. No entanto, nos Açores o preço em abril de 2021 foi 1,3 cêntimos/kg mais baixo do que em abril de 2020; - durante o trimestre em análise houve um aumento do preço de todas as matériasprimas que entram na formulação dos alimentos compostos. Esta evolução contribuiu para aumentar os preços, não só do alimento composto como também do regime alimentar formulado para o cálculo do Índice VL; - no trimestre em análise, o preço dos alimentos forrageiros utilizados na formulação do regime alimentar manteve-se; - as três considerações anteriores refletem-se nos Índice VL e Índice VL-ERVA que, em abril de 2021, foram, respetivamente, 1,538 e 1,775;
- pela primeira vez, em 94 meses de análise, o Índice VLERVA calculado para os Açores foi inferior a 1,5 - meses de fevereiro e março de 2021; - se em abril de 2021 os produtores portugueses tivessem recebido o valor médio pago aos produtores da UE27 (0,3544 €/ kg de leite), os 5,4 cêntimos/kg pagos a mais permitiriam que as explorações tivessem maior rentabilidade, contribuindo para a sustentabilidade financeira da produção de leite de vaca em Portugal.
EVOLUÇÃO DO ÍNDICE VL E ÍNDICE VL - ERVA
ABRIL 2020 A ABRIL 2021
Mês Índice VL Índice VL - ERVA
abr-20
mai-20
jun-20
jul-20
ago-20
set-20
out-20
nov-20
dez-20
jan-21
fev-21
mar-21 1,695
1,726
1,739
1,730
1,757
1,704
1,633
1,614
1,611
1,529
1,505
1,551 2,054
2,010
2,042
2,015
1,989
1,987
1,596
1,612
1,590
1,509
1,481
1,498 Os valores são influenciados pela variação mensal do preço do leite pago ao produtor individual do continente (Índice VL) e da Região Autónoma dos Açores (Índice VL - ERVA) e pelas variações mensais dos preços de 5 matérias-primas utilizadas na formulação do concentrado e pelo preço dos outros alimentos que integram o regime alimentar da vaca leiteira tipo.
VACAS DE LEITE INVESTIGAÇÃO LEITEIRA O QUE HÁ DE NOVO?
NESTA RUBRICA APRESENTAMOS RESUMOS DOS TRABALHOS MAIS RECENTES PUBLICADOS NO JOURNAL OF DAIRY SCIENCE.
Traduzido e adaptado por Pedro Nogueira, Engº zootécnico, Trouw Nutrition/Shur-Gain, e-mail: Pedro.Nogueira@trouwnutritioncom
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DE ALUNO DE PÓS-GRADUAÇÃO: EDEMA DO ÚBERE EM VACAS LEITEIRAS – UM POTENCIAL PROBLEMA DE BEM-ESTAR ANIMAL
Journal of Dairy Science Vol. 104 No. 6, 2021
Este artigo de revisão bibliográfica, da Universidade Estadual do Colorado, descreve o edema do úbere (EU) em gado leiteiro e os fatores associados à sua origem. O edema do úbere é um distúrbio metabólico não infecioso. Os autores resumem os fatores associados ao EU tais como a genética, a nutrição, o stress oxidativo e as mudanças fisiológicas em novilhas em fase de pré-parto. Referem também que o EU afeta negativamente a vida produtiva de uma vaca leiteira, nomeadamente porque as estruturas de suporte do úbere podem ser quebradas devido a danos nos tecidos, e a inflamação dos tetos pode torná-los sensíveis, tornando mais difícil a fixação das unidades de ordenha. A quantidade de leite produzida diminui devido à acumulação de líquido nos espaços dos tecidos. O risco de doenças secundárias, como mastite ou dermatite do úbere, também aumenta e as vacas podem exibir comportamentos negativos, semelhantes aos observados em casos de mastite, como diminuição do tempo em que estão deitadas e agitação frequente na sala de ordenha. Todos esses fatores têm impacto económico no lucro da exploração. A investigação indica que o edema do úbere é comum em vacas leiteiras, sendo que 66% das vacas têm EU pelo menos uma vez. Os autores afirmam que é reduzido o número de estudos recentes sobre o bem-estar dos animais com este problema, e que também faltam métodos de avaliação standardizados para avaliar com precisão a gravidade do EU. O interesse dos autores por este problema é a sua conexão com o bem-estar animal, uma vez que o EU pode causar dor, indicando que vacas leiteiras com EU precisam de ser avaliadas objetivamente quanto à dor. A ordenha torna-se uma experiência desagradável tanto para o ordenhador como para a vaca, resultando em potenciais lesões, infeções ou abate precoce, afetando a rentabilidade e o bem-estar do animal.
O edema do úbere manifesta-se como uma acúmulação de fluido linfático dentro e ao redor dos espaços intersticiais da glândula mamária. Durante a gravidez, o aumento da pressão fetal na região pélvica faz com que a circulação do sangue e do fluido linfático seja prejudicada, resultando na acumulação de fluido nos tecidos do úbere. O edema do úbere, com base em diversos artigos sobre o assunto, tem sido associado ao excesso de sal na dieta, maior idade ao primeiro parto, condição corporal acima do ideal, características genéticas, alterações fisiológicas durante a maturação e desenvolvimento do úbere, stress oxidativo, aumento do stress causado por transferências das vacas entre diferentes áreas, ao retirar ou trazer novos animais para o grupo, superlotação e stresse por calor. Um estudo revelou que novilhas com parto no inverno tinham 3,68 vezes mais possibilidade de desenvolver EU do que no verão. Os locais de acumulação de líquido incluem o peito, o úbere, o umbigo e, em casos extremos, as pernas e a vulva. O edema torna-se menos severo e diminuiu de prevalência à medida que os animais têm mais partos.
A revisão aborda vários fatores que contribuem para o EU bem como riscos secundários associados. Aspetos como a inadequação ou falta de suplementação em proteína, sais aniónicos e minerais aumentam o risco de edema do úbere. Os autores afirmam que o EU pode ser reduzido no curto prazo ajustando a nutrição e, no longo prazo, possivelmente mudando os parâmetros de seleção genética.
O PESO CORPORAL DAS NOVILHAS LEITEIRAS ESTÁ POSITIVAMENTE ASSOCIADO À REPRODUÇÃO E PERMANÊNCIA NA EXPLORAÇÃO
Journal of Dairy Science Vol. 103 No. 5, 2020
Este estudo, originário da Nova Zelândia, investigou as relações entre o peso vivo (PV) e a permanência na exploração, e o peso vivo e o padrão de partos de novilhas leiteiras da Nova Zelândia. Isto é interessante, pois vários investigadores mencionam a importância de registar o peso e o ganho médio diário de novilhas, mas raramente vemos estudos que utilizem essa informação. Os autores trabalharam com 5 raças e cruzamentos diferentes: Holstein-Friesian (F), Holstein-Friesian crossbred (FX), Jersey (J), Jersey crossbred (JX) e HolsteinFriesian × Jersey crossbred (FJ). Com base no PV aos 6, 12 e 15 meses de idade, eles analisaram a sua relação com a permanência na exploração, a taxa de parto e a taxa de fertilidade nos primeiros 3 partos.
Os autores referem que explorações com maiores níveis de longevidade das vacas apresentam maior proporção de vacas adultas e de alta produção e menor proporção de novilhas de recria, em comparação com explorações com pouca longevidade. Para este estudo, eles usaram como medida de sobrevivência das vacas, a capacidade de permanência (STAY). A capacidade de permanência não requer registo de dados de abate, uma vez que STAY é definida como a probabilidade de um animal sobreviver até uma determinada idade, uma vez que teve a oportunidade de atingir essa idade. Os autores, referindo-se a outro estudo feito na Nova Zelândia, dizem que a heritabilidade da sobrevivência das novilhas é baixa, o que sugere que os fatores ambientais influenciam a sobrevivência das novilhas até os 25 meses de idade em maior extensão do que a genética. Outros estudos mostraram que um maior número de novilhas Holstein-Friesian mais pesadas (≥ 343 kg a cobrição) estava presente no início da primeira (93% vs. 82%) e na segunda (76% vs. 62%) lactações em comparação com as novilhas mais leves (≤ 290 kg), enfatizando os benefícios de ter novilhas Holtein-Friesian mais pesadas à cobrição, para a sua sobrevivência na exploração.
Os autores usaram registos do peso corporal de 189 936 novilhas leiteiras, nascidas na Nova Zelândia entre 2006 e 2013, nas temporadas de parto da primavera. Aproximadamente 92% das novilhas criadas pariram pela primeira vez aos 2 anos, 76% pela segunda vez aos 3 anos e 61% pela terceira vez aos 4 anos. O estudo descobriu uma relação curvilínea positiva entre o peso corporal pré-reprodutivo e a capacidade de permanência, bem como os parâmetros reprodutivos de novilhas leiteiras. Novilhas que eram mais pesadas aos 6, 12 e 15 meses de idade eram mais propensas a permanecer na exploração para o primeiro, segundo e terceiro parto, e eram mais propensas a parir cedo (dentro da estação de partos, visto que os partos na Nova Zelandia são sazonais) ao primeiro parto em comparação com as novilhas que eram mais leves independentemente do grupo de raças. Para novilhas na área de maior peso da faixa de peso no estudo atual, os autores encontraram um leve declínio no STAY e no desempenho reprodutivo em comparação com novilhas na faixa média de peso. Consequentemente, eles concluem, para novilhas que estão acima da média em PV, o benefício de aumentar o PV antes da primeira cobrição será pequeno e poderá até resultar num ligeiro declínio no STAY. Para novilhas que estão abaixo da média de PV, benefícios consideráveis para o STAY e para o desempenho reprodutivo podem ser alcançados melhorando as práticas de recria com o objetivo de obter novilhas mais pesadas durante a fase de recria pré-reprodução.
Esquema simplificado do ciclo do metano: na troposfera, em cerca de 20 anos, é hidrolisado em CO2 que depois é assimilado pelas plantas; O restante é utilizado pelas bactérias do solo e em conjunto com o Carbono dos resíduos das plantas fica sequestrado no húmus (vulgarmente “matéria orgânica”), por várias décadas, ultrapassando o tempo de permanência do CH4 na atmosfera.
AMBIENTE | VACAS DE LEITE METANO, BOVINOS E ERRO NO CÁLCULO DO IPCC
QUALQUER RISCO AMBIENTAL. Por José Pedro P Fragoso de Almeida, Prof. Coordenador da ESA/IPCB
As preocupações ambientais são uma questão corrente na nossa sociedade. Em 2019, o relatório da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) sobre a emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE), atribuiu à fermentação entérica dos animais domésticos a maior quota de produção de metano do setor agrícola. Tendo em consideração que este gás tem um efeito direto no aquecimento global, Portugal entrou em pânico: artigos em jornais e revistas, rádio, declarações do Ministro do Ambiente, culminando com uma tomada de posição do Reitor da Universidade de Coimbra, proibindo o consumo de carne de vaca nas cantinas. Tais notícias e posições públicas, incentivaram o debate nacional. Porém, na altura, nenhuma entidade apresentou uma explicação técnico-científica convincente, deixando assim a sociedade oscilante entre o receio e as “frases feitas”, algumas delas bastante exacerbadas. Acalmados agora os “ânimos”, penso que está na altura de esclarecer alguns dos factos mais relevantes e avaliar de forma correta os sistemas de produção animal com ruminantes: 1. A APA tem a responsabilidade de produzir um relatório das emissões nacionais de GEE. Para isso, usa uma metodologia adotada pelos países que subscreveram os compromissos do protocolo de Kyoto, desenvolvida pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). Esta metodologia estabelece que todos os GEE devem ser contabilizados pelo potencial de aquecimento a 100 anos com referência ao CO2 (o que se designa por “CO2 equivalente” ou CO2e). No caso do metano (CH4), essa equivalência era realizada pelo fator 28, atualizado posteriormente para 25, ou seja, 1 kg de CH4 teria o mesmo potencial de aquecimento do que 25 kg de CO2 em 100 anos. Foi esta a equivalência usada no relatório da APA de 2019 e que causou tantas notícias alarmantes; 2. Em 2019, na revista “Climate and Atmospheric Science”, foi publicado um estudo sobre este tema (Cain et al., 2019). A conclusão principal é de que a metodologia usada pelo IPCC para contabilizar o metano (CO2e), não reflete o potencial de aquecimento real deste gás. Esta conclusão baseia-se no facto do metano, contrariamente ao que era considerado (100 anos), desaparecer da atmosfera até 20 anos após a emissão (cerca de metade degrada-se nos 8-9 anos iniciais). Refira-se também, que o metano é assimilado pelas bactérias metanotróficas do solo, das pastagens utilizadas pelos bovinos, sendo o restante hidrolisado em CO2 e água na troposfera. Considerando assim esta realidade, este grupo de cientistas propôs um método alternativo para cálculo do potencial de aquecimento global do metano (GWP*). Com este método é possível calcular o efeito do metano na temperatura global, a partir da quantidade de metano emitida. 3. Assim, tomando como base de calculo o GWP*, Cain et al. (2019) recalcularam os valores de emissão de metano, tendo concluído que em 2019 foram sobrevalorizados em mais do dobro. Porém, a dinâmica do metano com o tempo de vida na atmosfera curto, traz outras implicações. Se considerarmos um número estabilizado de bovinos, no momento anterior ao da contabilização, então a produção de metano emitido não tem qualquer consequência ambiental (como referem Cain & Lynch, 2019 noutro estudo); caso o número de bovinos diminua 10%, então estes sistemas de produção animal passam a funcionar como importantes sequestradores de metano; no caso do número de bovinos ser 35% superior ao do relatório, verificar-seiam os valores calculados.
Em conclusão, segundo Cain & Lynch (2019), nos sistemas de produção animal de ruminantes, em particular com bovinos, desde que o número não aumente 35%, o metano produzido não constitui qualquer risco ambiental. Para além disso, outros trabalhos mostraram que, quando a produção de ruminantes é baseada no pastoreio e considerando o sistema como um “todo” (solo-pastagemanimal-atmosfera), estes sistemas são um importante “sumidouro” de carbono, contribuindo dessa forma para o único sequestro de carbono que ocorre a nível global - o do setor Agro-Florestal.
DEMONSTRAÇÕES REDE BovINE AO ENCONTRO DA PRODUÇÃO
PUBLICAMOS, NESTE NÚMERO DA REVISTA, AS DUAS DEMONSTRAÇÕES MAIS RECENTES NO ÂMBITO DO PROJETO BOVINE DECORRIDAS, RESPETIVAMENTE, EM MAIO, NO CENTRO DE TESTAGEM DA RAÇA MERTOLENGA, EM ÉVORA, E, EM JUNHO, NA EXPLORAÇÃO DA AGRIANGUS EM ASSEICEIRA, TOMAR.
Por Fontes M.1, Stilwell G.1, Lemos J.P.1, Pais J.2, Maio C.3, Rocha H.3 1 Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa | 2Associação Criadores Bovinos Mertolengos | 3Promert – Agrupamento de Produtores de Bovinos Mertolengos S.A.
Mais informação na plataforma de arquivo de todas as boas práticas e inovações identificadas pelo projeto BovINE, em https://hub.bovine-eu.net/login www.bovine-eu.net | Este projeto tem o apoio financeiro do programa de inovação e investigação Horizonte 2020 da União Europeia, ao abrigo do contrato nº 862590
CONTROLO DIÁRIO DA INGESTÃO INDIVIDUAL DE ALIMENTO COM O SISTEMA RIC DA HOKOFARM MONOTORIZAÇÃO EM TEMPO REAL
A ingestão de alimento residual (RFI – Residual Feed Intake) é definida como a diferença entre o consumo real de alimento de um animal e o consumo de alimento calculado para satisfazer as necessidades nutricionais do mesmo animal, calculadas com base no seu peso metabólico e no seu ganho médio diário (GMD) durante um período de teste padronizado. Basicamente, o RFI quantifica a variação no consumo de alimento de animais com o mesmo peso vivo e o mesmo GMD. Animais mais eficientes consomem menos alimento do que o esperado e têm um RFI negativo ou baixo, enquanto que animais menos eficientes consomem mais alimento que o esperado e têm um RFI positivo ou alto.
Considerando que a alimentação pode representar até 70% dos custos de produção de carne de bovino, monitorizar e melhorar a eficiência alimentar de futuros reprodutores, pode ser uma estratégia com impacto económico importante no retorno financeiro de um produtor.
Alguns ensaios indicam que melhorar a eficiência alimentar de um rebanho em 5% pode significar uma melhoria no resultado económico da exploração quatro vezes maior, quando comparado com o resultado obtido com uma melhoria de 5% no GMD.
Durante a última década, a investigação sobre eficiência alimentar em bovinos, principalmente a efetuada na Austrália, Canadá e Estados Unidos, mostrou que a seleção de animais com valor de RFI baixo está relacionada com os seguintes resultados: - não afeta o crescimento, rendimento de carcaça ou a qualidade da carne; - para um animal mais eficiente, há redução no consumo de alimento quando comparado com outro animal menos eficiente e de peso e GMD idênticos; - redução na produção de metano e esterco, reduzindo a pegada de carbono dos bovinos; - tem pouco ou nenhum efeito na idade à puberdade; - não afeta o padrão de partos nas primíparas; - não tem efeito negativo sobre a taxa de gestação, parto ou desmame; - tem um efeito positivo sobre a gordura corporal ou peso, especialmente durante períodos de stress; - reduz os custos com alimentação.
A monitorização em tempo real, através do sistema SenseHub da Allflex, com a utilização de sensores em brincos auriculares ou em colares, permite recolher dados sobre cada animal, que alimentam algoritmos sofisticados para analisar comportamentos associados à atividade, ruminação e alimentação. Esta análise permite obter informação em tempo real sobre reprodução e bem-estar de cada animal bem como do grupo em que está inserido.
Como exemplo temos a informação sobre a ciclicidade reprodutiva e identificação da janela de oportunidade para otimizar a taxa de sucesso na inseminação artificial (https:// www.allflexsa.com/products/ monitoring/beef-monitoring/).
PEQUENOS RUMINANTES | FARMIN-TRAININGS SELOS DE BEM ESTAR ANIMAL
Por Roberto Ruiz, Ina Beltrán de Heredia NEIKER-Instituto Basco de Pesquisa e Desenvolvimento Agrário, Aliança Basca de Pesquisa e Tecnologia (BRTA), Campus de Arkaute , 01080 Vitoria-Gasteiz
Asociedade, ou pelo menos uma proporção dos cidadãos (representada neste caso por parte dos consumidores), cada vez mais exige que os alimentos sejam produzidos em sistemas sustentáveis e, portanto, com respeito pelos animais e o ambiente. Assim, é essencial que os animais sejam manipulados em condições que assegurem o seu bemestar, tanto durante a sua criação, o crescimento ou a produção, bem como durante o transporte e abate. Por isso, é necessário implementar procedimentos e metodologias que sirvam para identificar e diferenciar os alimentos que são produzidos dentro do que podemos considerar desenvolvimento sustentável.
Neste contexto, o selo *Welfair™ nasce em Espanha por volta de 2019 , fruto da colaboração e experiência de dois centros de pesquisa, IRTA e NEIKER, em torno de dois projetos europeus: Welfare Quality e AWIN Welfare Indicators. O objetivo destes projetos é identificar os alimentos de origem animal provenientes de explorações cujo bem-estar foi monitorizado (tanto na exploração ou unidade de produção como no local de abate). No final é obtida uma pontuação mínima necessária em todos os indicadores analisados e em estrita conformidade com as disposições da Comunidade Europeia.
No caso da produção de pequenos ruminantes, particularmente dos borregos de engorda, o selo Welfair™ significa que a carne é proveniente de borregos criados em instalações, quintas ou engordas, sujeitas a uma avaliação e monitorização do bemestar, com base no protocolo de avaliação do bem-estar de borregos desenvolvido no projeto AWIN® . Este selo também indica que os borregos foram abatidos num matadouro também submetido a avaliação, obtendo em ambos os casos (na exploração e no matadouro) a pontuação necessária para a obtenção da certificação. Para isso, uma vez verificada a conformidade com a legislação em vigor, é realizada uma rigorosa auditoria de bem-estar animal por meio da observação direta dos animais e do seu ambiente.
Desta forma, a avaliação do bem-estar animal é realizada principalmente a partir de indicadores baseados nos próprios animais e, portanto, incide diretamente na observação dos indivíduos e do seu comportamento. Para isso, avalia-se uma amostra de indivíduos da exploração ou matadouro (cujo número depende do tamanho do efetivo ou da capacidade da empresa) de acordo com indicadores definidos e padronizados. Entre os indicadores avaliados, estão, por exemplo, a sujidade dos animais, condição corporal, incidência de doenças, claudicação, diarreia, ou alguns aspetos de comportamento (nomeadamente estereotipias ou comportamentos anormais). Assim, o objetivo é avaliar o estado real dos animais, para além das condições onde são criados (acesso a alimento, disponibilidade de água, espaço para se mover, etc.), ou onde são abatidos.
Com isto, o certificado Welfair ™ permite que os produtores e os responsáveis pelos matadouros conheçam o estado de bem-estar animal nas suas instalações, o que contribui para promover a melhoria contínua em termos de boas práticas, respeitosas e sustentáveis, dando aos consumidores a garantia da qualidade do alimento de origem animal que está a comprar.
Complementamos a nossa GAMA DIOXIDOS
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NUTRIÇÃO | LEITE DE VACA SOBRE O LEITE
ESTE ARTIGO CONTINUA O TEMA DO ÚLTIMO PUBLICADO NA RUMINANTES AINDA SOBRE "O DILEMA OMNÍVORO". OS LATICÍNIOS AINDA SÃO UM "DILEMA" PARA MUITAS PESSOAS E AS OPINIÕES SOBRE ELES VARIAM MUITO. POR UM LADO, HÁ QUEM OS CONDENE COMO ALIMENTOS QUASE TÓXICOS, POR OUTRO, HÁ QUEM OS CONSIDERE COMO
SUPERALIMENTOS NUTRICIONALMENTE DENSOS. Mais informação sobre dietas nutricionalmente densas em www.westonaprice.org
Oleite contém proteínas, probióticos, gorduras ómega 3, cálcio, vitaminas A, B, C, D, E, K, magnésio, fósforo, ferro e ácido linoleico conjugado (CLA). Apesar deste impressionante perfil de nutrientes, nem todo o leite é produzido igualmente e nem todas as pessoas estão equipadas para digeri-lo. Para determinar se os laticínios podem fazer parte de uma dieta saudável, deve-se ter em consideração quer a qualidade e o tipo de leite , quer a tolerância individual aos laticínios.
Por Michelle Harvey, terapeuta nutricional e health food chef. O seu foco são as dietas não-restritivas, os alimentos integrais e a reabilitação dos conhecimentos ancestrais como guia para o bem-estar. Pode segui-la em: michellechristineharvey@gmail.com Instagram.com/michelleharvey A QUALIDADE E O TIPO DE LEITE
Como acontece com qualquer alimento, o caminho que percorreu para o seu prato ou copo é o fator determinante de quão salutar pode ser. Leite de uma operação de laticínios industrializada, em que as vacas são alimentadas com cereais não biológicos e recebem hormonas de crescimento e antibióticos, não é saudável nem para nós nem para a terra nas quais essas explorações operam. Vacas leiteiras alimentadas com pastos bem geridos nutrem a terra e, por sua vez, dão origem ao um leite igualmente nutritivo e livre
de contaminantes. O leite de vacas criadas a pasto contém níveis mais elevados de ácido linoleico conjugado (CLA) e ácidos gordos essenciais (1).
A opção por laticínios produzidos em pastagens é certamente melhor que por produtos produzidos industrialmente. Os laticínios crus criados em pastagens são os mais adequados em termos de densidade de nutrientes, porque a pasteurização reduz a quantidade de manganês, cobre e ferro, destrói grande parte da vitamina C e diminui a biodisponibilidade da vitamina B6. A pasteurização também destrói algumas das proteínas do leite que atuam como cofatores para absorver outros nutrientes como a vitamina A.
Isso significa que, apesar de certos nutrientes estarem presentes no leite pasteurizado, não é certo que sejamos capazes de absorvê-los de forma eficiente.
Se fizer a escolha de beber leite cru, certifique-se de que é de um agricultor em quem confia, que segue práticas de higiene rigorosas, já que o risco de contaminação é maior do que com o leite pasteurizado. No entanto, tenha em mente que o risco relativo de doenças de origem alimentar devido ao consumo de produtos lácteos é muito menor do que na maioria outros grupos de alimentos, como frutos do mar, aves, carne ou mesmo frutas e vegetais (ver gráfico).
Diferentes raças de vacas, cabras e ovelhas dão origem a laticínios de diferentes qualidades que são mais ou menos adequados a diferentes necessidades bioindividuais. Por exemplo, o leite de cabra contém menos lactose quando comparado com o leite de vaca, enquanto o leite de búfala contém mais gordura e o leite de camelo contém 3 vezes mais vitamina C.
Dentro da categoria do leite de vaca, diferentes raças produzem leite com diferentes tipos de caseína. As caseínas são o maior grupo de proteínas do leite, constituindo 80% da proteína total. A beta-caseína é o tipo mais comum de caseína e vem em duas formas: beta-caseína A1 (geralmente encontrada em raças de vacas originárias do norte da Europa) e beta-caseína A2 (geralmente encontrada em raças de vacas originárias do sul da França). O leite normal contém betacaseína A1 e A2, no entanto, o que é conhecido como “leite A2” contém apenas beta-caseína A2. Há algumas evidências que sugerem que o leite A2 é mais digerível e menos propenso a causar o inchaço ou desconforto intestinal às vezes associado ao leite.
NÚMERO RELATIVO DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS, LIGADAS A SURTOS, CAUSADOS POR VÁRIAS CATEGORIAS DE ALIMENTOS ADAPTADOS PARA CONSUMO
Categorias de alimentos Laticínios
Frutas e hortaliças
Carne de porco
Carne de vaca
Ovos
Aves
Peixe e marisco
0 5 10 15 20 25 30
Número de doenças em relação às causadas por produtos lácteos
Nota: Usou-se a média anual de doenças ligadas a surtos de laticínios como base.
A TOLERÂNCIA INDIVIDUAL AOS LATICÍNIOS
Depois de considerar o tipo e a qualidade do leite que consome, a próxima questão é como o seu corpo reage aos laticínios a um nível bioindividual. Existem dois fatores a serem considerados aqui: - o primeiro é a sua predisposição genética. Todos nós temos a capacidade de digerir lactose quando bebés, quando bebemos o leite das nossas mães. No entanto, a evolução ditou que num momento durante a infância, a função não é mais necessária e o gene da lactose é “desligado”. No entanto, com o advento da pecuária leiteira há ± 8.600 anos atrás, aconteceu que muitas pessoas desenvolveram uma mutação genética que permitiu a persistência da capacidade de digerir a lactose. Esta mutação provou ser muito útil para os humanos por muitos motivos, como ter acesso a uma fonte de nutrição em meses de inverno, quando as colheitas não crescem. Não só essa mutação explodiu em certas populações, como também evoluiu independentemente entre os continentes. No entanto, a capacidade específica de cada ser humano de digerir lactose depende ainda se ambos ou só um dos progenitores terem o cromossoma mutante. Se houver um cromossoma normal e um mutante, isso resulta numa capacidade "mais fraca" de digerir lactose que pode piorar com o tempo devido a uma saúde intestinal deficiente; - isto leva-nos ao próximo fator que pode afetar a capacidade de digerir a lactose, que é uma saúde intestinal deficiente. Células intestinais danificadas têm uma menor capacidade de digerir a lactose e isso pode resultar em reações comuns, como o inchaço e gases. Pessoas com intolerância ao glúten muitas vezes também têm problemas com laticínios, por causa da forma como as proteínas do leite reagem de forma cruzada com o glúten. Pessoas com o síndrome do supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SIBO) também se verão afetadas porque as bactérias fermentarão os açúcares do leite e isso causará irritação. Uma saúde intestinal deficiente pode ser o resultado de muitos fatores, tais como a ingestão de alimentos processados pró-inflamatórios, o contacto com pesticidas, a ingestão de contaminantes na água, o uso excessivo de produtos farmacêuticos, infeções bacterianas ou fúngicas e o stress.
É importante que não presumamos ter intolerância à lactose não tendo descartado todos estes fatores.
Espero que este artigo seja útil para clarificar como escolher os produtos lácteos nutricionalmente mais densos e que, ao mesmo tempo também se adequam às necessidades bioindividuais de cada um.
Bibliografia
1) https://www.sciencedirect.com/science/ article/abs/pii/S0377840106002616 2) https://www.sciencedirect.com/ science/article/abs/pii/0308814694900507 3) https://www.westonaprice.org/healthtopics/abcs-of-nutrition/vitamin-b6-theunder-appreciated-vitamin/ 4) https://33q47o1cmnk34cvwth15pbvt12 0l-wpengine.netdna-ssl.com/wp-content/ uploads/ 5) https://pubmed.ncbi.nlm.nih. gov/24986816/https://pubmed.ncbi.nlm. nih.gov/27039383/)
II SIMPÓSIO NANTA RECRIA DE VITELAS
CERCA DE 400 PROFISSIONAIS DO SETOR ASSISTIRAM AO II SIMPÓSIO #RECRIACOMPRIMA, CELEBRADO NO FORMATO DIGITAL NO PASSADO MÊS DE MAIO. INTERVIERAM TRÊS ESPECIALISTAS NESTA ÁREA: TREVOR DEVRIES, JOÃO COSTA E KEN NORDLUND.
Ainfluência do bem-estar, da nutrição e das instalações, no rendimento das vitelas, foi o tema da segunda edição do Simpósio #RecriaComPrima. O evento, de carácter bienal, teve lugar num interessante formato online, que conseguiu reunir cerca de 400 veterinários, produtores e outros profissionais do sector dos bovinos leiteiros, em direto. O objetivo: maximizar o rendimento da recria de vitelas.
Trevor DeVries (Universidade de Guelph) falou sobre a importância da alimentação e do maneio das vitelas para melhorar o seu comportamento. Entre os pontos chave para garantir um bom crescimento, DeVries destacou uma administração correta do leite para garantir benefícios a curto e longo prazo: “menos stress, melhor função imunológica, assim como uma maior eficiência de conversão, para além de atingir uma idade mais precoce à primeira inseminação e um melhor desempenho na lactação”. O especialista referiu o desmame como um dos grandes desafios, e destacou a importância dum programa de desmame gradual: “O starter será importante, mas não podemos esquecer a administração de forragem”, disse. Neste sentido, explicou as diferentes vantagens de administrar a forragem no início da vida do animal: “estimular o consumo de alimentos sólidos antes e depois do desmame, melhorar as papilas do rúmen e promover uma maior quantidade de ácidos gordos voláteis aí produzidos”.
João Costa (Universidade de Kentucky) centrou a sua apresentação nas tecnologias de precisão para vitelas e as suas aplicações ao maneio, nomeadamente, a utilização de tecnologias na monitorização do comportamento e de vários parâmetros fisiológicos. No caso concreto dos sistemas automatizados de alimentação de vitelas, destacou a vantagem de individualizar programas de alimentação e desmame e permitir monitorizar o desempenho dos animais.
Ken Nordlund (Universidade Wisconsin-Madison) analisou o alojamento para vitelas e o seu impacto na saúde dos animais. Nordlund apresentou diferentes sistemas e maneios da ventilação nos estábulos, assinalando a importância de garantir uma boa ventilação, para além do estábulo, no parque ou no microambiente da vitela, para garantir a higiene do ar ao seu redor, uma vez que “altas contagens de bactérias nos parques têm sido associadas a uma prevalência crescente de vitelas com problemas respiratórios”. Assim, definiu como ideal nos estábulos, um mínimo de 10 m2 de cama por vitela, a drenagem das camas e a ventilação natural com tubo de pressão positiva suplementar. Nordlund também referiu como fator chave o sistema “tudo dentro, tudo fora”, para minimizar a possível transmissão de doenças e garantir a limpeza e desinfeção dos pavilhões.
IDENTIFICAÇÃO ELETRÓNICA O BRINCO QUE FAZ A DIFERENÇA
Independentemente da aptidão para carne ou leite, a fileira dos ovinos, tem sentido as vantagens da grande procura destes animais para o mercado de exportação. Desde logo, pela melhoria no preço de venda mas também porque a procura deixou de ser fortemente sazonal, concentrada nas épocas da Páscoa e do Natal, passando a ser muito regular, ao longo de todo o ano.
Contudo, no dia 7 de Junho a DGAV publicou um nota informativa onde se pode ler (ponto 4) que: “Os ovinos e caprinos destinados a trocas comerciais intracomunitárias ou com países terceiros são identificados individualmente na exploração de nascimento.” Ou seja, a maior procura de borregos, regular ao longo do ano, vai ficar limitada aos borregos aos quais foi aplicado um brinco eletrónico na exploração de nascimento.
O pequeno investimento num par de brincos, de cerca de €1, vai fazer toda a diferença, tornando o borrego exportável e, portanto, alvo de maior procura.
Cabe aos OPP e aos detentores de ovelhas cuidarem da aplicação deste brinco, assegurando que o sexo do animal fica correntemente registado no SNIRA.