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Saúde e bem-estar | Ovinos

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SAÚDE E BEM-ESTAR | OVINOS AS PRINCIPAIS CAUSAS DE ALTA MORTALIDADE EM BORREGOS

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OS BORREGOS MAIS FRÁGEIS NECESSITAM DE AJUDA EXTRA. A INGESTÃO RÁPIDA DE ENERGIA E IMUNOGLOBULINAS É VITAL PARA GARANTIR A SUA SOBREVIVÊNCIA.

TANJA KRÄGELOH Product Management Biochem

JOÃO MARIA BARRETO

Technical Sales Manager Ibéria Biochem barreto@biochem.net Ataxa de mortalidade em borregos continua a ser alta, até 15% ou mesmo mais, e as tentativas para reduzi-la são muitas vezes inconsistentes. O primeiro dia de vida é o mais crítico: até 50% da mortalidade em borregos antes do desmame pode ocorrer nas primeiras 24 horas de vida! Como tal, há que evitar os fatores de risco e definir estratégias adequadas de forma a conseguir um período de sucesso após o parto.

Quais são as principais razões para a mortalidade dos borregos?

1. Dificuldades ao nascimento 2. Rejeição do borrego por parte da ovelha 3. Doenças infeciosas 4. Malformações congénitas

Quais os fatores de risco que podemos definir?

Existem vários fatores de risco que influenciam essas causas de morte. O peso dos borregos ao nascimento é um fator importante, que pode ser influenciado pela alimentação das ovelhas no período pré-parto. Pesos elevados ao nascimento, ou partos múltiplos, podem resultar em problemas no parto por uma falta grave de oxigénio. Lesões cerebrais causadas por hipoxia afetam o comportamento dos borregos, que deixam de ser capazes de ficar de pé, de mamar ou de vocalizar. Além disso, a gestão da sanidade da exploração, rotinas de vacinação e alojamento afetam de forma significativa a pressão dos agentes patogénicos e o risco de doenças infeciosas.

Logo após o nascimento, os borregos podem estar sujeitos a baixas temperaturas e, como tal, é fundamental que consigam regular a sua temperatura corporal, o que poderá ser difícil pois são bastante pequenos. Os borregos recém-nascidos mantêm a temperatura corporal utilizando as reservas energéticas provenientes da gordura corporal e, também, pelo aumento da atividade muscular por meio

de tremores. A quantidade das reservas de gordura corporal vai depender do peso dos borregos ao nascimento, o que está diretamente relacionado com a alimentação da ovelha no período préparto.

Consegue-se assim perceber a importância do maneio alimentar das ovelhas gestantes, pois a sua alimentação vai influenciar diretamente a mortalidade neonatal dos borregos.

No período pré-parto, a transferência de anticorpos da ovelha para o borrego não é possível, devido à estrutura da placenta. A transferência da imunidade faz-se pela ingestão do colostro nas primeiras horas de vida. O sucesso da transferência da imunidade passiva (anticorpos maternos) depende principalmente do tempo que medeia entre o nascimento e a primeira ingestão do colostro e também da sua qualidade. Os borregos com reduzida capacidade de mamar, por incapacidade de ficar de pé logo após o nascimento ou por dificuldade em mamar por causa de ovelhas assustadas ou inexperientes, podem ficar com uma reduzida capacidade de adquirir uma imunidade passiva adequada. Considerando que cerca de 20% das ovelhas produzem um colostro de baixa qualidade (<50 g/l de Imunoglobulina G) e que ovelhas com partos múltiplos geralmente apresentam baixa qualidade do seu colostro, a procura por uma alternativa eficaz é normal.

Como ajudar os borregos da melhor maneira?

Para garantir um peso ideal dos borregos ao nascimento, deve ser fornecida uma dieta equilibrada às ovelhas (figura 1). Os borregos pequenos têm dificuldade em manter a sua temperatura corporal, enquanto os borregos mais pesados têm um maior risco de distócia. A ecografia, como ferramenta de avaliação do número de fetos gestantes e da pontuação da condição corporal, pode ajudar a adaptar a dieta das ovelhas.

A figura 2 recomenda como agir se os borregos nascerem fracos ou com uma temperatura corporal baixa. A hipotermia dos borregos deve ser evitada fornecendo abrigo, isolamento e reduzindo o tamanho do grupo. Grupos pequenos também podem ajudar a melhorar a ligação entre borrego e ovelha, para que seja possível uma amamentação precoce.

Além disso, é muito importante a ingestão adequada de colostro, pois as consequências de uma ingestão insuficiente são vastas, como o aumento do risco de hipotermia e a suscetibilidade a agentes patogénicos. Pelo menos 50 ml de colostro/kg de peso vivo devem ser ingeridos pelos borregos nas primeiras 18 horas de vida. Contudo, em locais onde a temperatura é baixa, essa quantidade pode aumentar até 280 ml/kg. Além disso, os borregos são expostos a diferentes microrganismos logo após o nascimento, alguns dos quais podem ser patogénicos. Se a pressão do agente patogénico for alta e a oferta de colostro for inadequada, o risco para o desenvolvimento de várias doenças é maior. A diarreia é o sintoma clínico mais comum na mortalidade neonatal em borregos e pode estar associada a uma falha na transferência de imunidade das ovelhas para os borregos. Contudo, por vezes, as rotinas de maneio das explorações são difíceis de alterar, apesar de todos os esforços. Muitas vezes deparamo-nos com colostros de baixa qualidade, ou mesmo com a falta dele, devido ao tamanho das ninhadas. Estar preparado nestas alturas ajuda bastante.

Existem diferentes maneiras de ajudar com suplementos alimentares, dependendo da situação da exploração: ✓ Pastas de fácil aplicação ricas em colostro bovino, energia, oligoelementos, vitaminas e prebióticos, que fornecem energia extra e imunoglobulinas (anticorpos); ✓ O substituto do colostro deve estar disponível na exploração para algum caso de emergência, ou seja, quando não houver colostro disponível; ✓ A qualidade do colostro deve ser verificada. Se a qualidade não for boa, o colostro precisa de ser melhorado com colostro artificial.

Se forem usados substitutos, totais ou parciais, de colostro, não se pode apenas olhar para o nível das imunoglobulinas, mas também para a concentração de gordura que deve ser assegurada para evitar uma hipotermia. Estas concentrações são essenciais para um substituto de colostro, uma vez que os borregos e os cabritos apenas são capazes de ingerir pequenos volumes por toma (até 250 ml, dependendo do peso corporal). Devem ser administrados pequenos volumes por toma, sendo que se devem dar várias tomas por dia durante o primeiro dia de vida. Os pré & probióticos vão ajudar a desenvolver uma flora intestinal inicial, promovendo uma proteção contra os agentes patogénicos.

Nota: para consultar a bibliografia, contacte o autor.

FIGURA 1 ESTRATÉGIAS PARA UM PARTO BEM-SUCEDIDO FIGURA 2 COMO AJUDAR OS BORREGOS E CABRITOS MAIS FRACOS COM HIPOTERMIA

MANTER UMA BOA HIGIENE E EVITAR A HIPOTERMIA

GARANTIR A INGESTÃO DE COLOSTRO DE BOA QUALIDADE LOGO APÓS O NASCIMENTO DAR UMA BOA ALIMENTAÇÃO ÀS OVELHAS GESTANTES

VIGILÂNCIA E BOA ASSISTÊNCIA NO PARTO ✓ Verificar a temperatura • Abaixo de 37º (hipotermia severa) • Entre 37ºC e 39ºC (hipotermia leve) ✓ Verificar a qualidade do colostro e garantir a sua ingestão ✓ Suplementar com colostro artificial, se necessário ✓ Secar e aquecer o borrego ✓ Se não conseguir manter a cabeça erguida: dar uma injeção de glucose ✓ Favorecer o desenvolvimento da microbiota intestinal

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