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BOVINOS DE LEITE INVESTIGAÇÃO LEITEIRA O QUE HÁ DE NOVO?

NESTA RUBRICA APRESENTAMOS RESUMOS DOS TRABALHOS MAIS RECENTES PUBLICADOS NO JOURNAL OF DAIRY SCIENCE.

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Traduzido e adaptado por Pedro Nogueira, Engº zootécnico, Trouw Nutrition/Shur-Gain, e-mail: Pedro.Nogueira@trouwnutritioncom

“PERCEÇÕES DO PRODUTOR DE LEITE, DO APARADOR DE CASCOS E DO VETERINÁRIO RELATIVAMENTE ÀS BARREIRAS E ÀS FUNÇÕES DE CADA UM NO MANEIO DOS PROBLEMAS DE CASCOS”

(Journal of Dairy Science Vol. 104 No. 11, 2021)

Este artigo, escrito por investigadores

da Universidade de Minnesota e uma empresa de consultoria de Guelph, Ontário, tentou abordar as perceções sobre os problemas de cascos, as perceções sobre os papéis de cada interveniente na gestão dos problemas de cascos e as barreiras existentes no melhoramento da gestão dos problemas de cascos dentro dos grupos de produtores de leite, veterinários e aparadores de cascos. Os autores referem que, embora as claudicações sejam uma das principais preocupações relativamente ao bem-estar animal na indústria de laticínios, nem sempre há a melhor comunicação entre as partes interessadas (acima mencionadas) no que diz respeito ao maneio das claudicações nas explorações leiteiras. Este estudo, realizado através de discussões facilitadas de 1 hora, identificou alguns aspetos que podem ajudar a melhorar a colaboração entre produtores de leite, aparadores de cascos e veterinários, no sentido de melhorar a gestão dos problemas de cascos em explorações leiteiras.

Há cada vez mais interesse em

compreender a psicologia e as experiências das principais partes interessadas relativamente à adoção ou recomendação de estratégias de gestão de doenças em explorações leiteiras. A razão para isso, dizem os autores, é que as estratégias mais meticulosas de controle e prevenção de doenças são de pouca utilidade se as partes interessadas não as implementam ou apoiam e, portanto, é importante compreender as barreiras enfrentadas pelos agricultores e consultores agrícolas à medida que eles tomam decisões sobre a saúde e o bem-estar das vacas. Os autores dizem que os agricultores, em última análise, são os que tomam as decisões de gestão, financeiras e éticas nas suas explorações e que os investigadores estão cada vez mais a direcionar a sua atenção para as motivações dos agricultores e as barreiras sentidas no maneio dos problemas podais. Eles citam, como exemplo, um estudo que descobriu que os agricultores eram motivados pela dor e sofrimento de vacas coxas e tinham orgulho em ter uma manada saudável. Os agricultores também relataram falta de tempo e mãode-obra como barreiras importantes para a implementação de práticas de maneio das claudicações. Outras barreiras relatadas incluíram a falta de equipamento e a falta de conhecimento ou treino necessário. Por outro lado, referem os autores, quer os veterinários quer os aparadores de cascos são partes integrantes para a compreensão do maneio das claudicações, visto que muitas vezes assumem funções de aconselhamento ou suporte.

As conclusões deste estudo foram

que os produtores de leite, aparadores de cascos e veterinários que participaram consideraram os problemas de cascos um problema de saúde e um desafio de maneio altamente complexo. Parte dessa complexidade está relacionada com o facto de que as relações entre a patologia, as instalações e o maneio nem sempre são bem compreendidas ou fáceis de mudar, e também com o facto de que muitas vezes não haver acordo sobre uma definição de claudicação, normalização dos seus sinais, e a interconexão das claudicações com outras questões de saúde e maneio. Os autores afirmam que estas questões pareceram contribuir para a resignação dos participantes de que os problemas de cascos são inevitáveis. Eles também concluíram que, apesar das preocupações comuns sobre as claudicações entre estes grupos (produtores, veterinários e aparadores de cascos), os entrevistados relataram uma falta de comunicação, especialmente entre os aparadores de cascos e os veterinários. Os participantes expressaram o desejo de trabalhar juntos de forma mais produtiva, com os aparadores de cascos e os veterinários a valorizar a capacidade de transmitir uma mensagem consistente aos agricultores. Os autores dizem que estas descobertas sugerem que o aumento da comunicação e colaboração entre o agricultor, o aparador de cascos e o veterinário na tomada de decisões pode ajudar a alcançar melhorias no maneio dos problemas podais.

“EFEITOS DAS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS DOS BEZERROS NA SAÚDE E NO DESEMPENHO DAS VACAS LEITEIRAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA E METAANÁLISE”

(Journal of Dairy Science Vol. 104 No. 7, 2021)

Este artigo, de investigadores

canadianos e franceses, reviu a literatura científica sobre os efeitos da Doença Respiratória de Bovinos (DRB) na saúde e no desempenho de vacas leiteiras, especialmente os seus efeitos a curto e longo prazo. Para isso, os autores selecionaram apenas estudos que relatam casos de DRB de ocorrência natural desde o nascimento até 12 meses de idade em vitelas leiteiras na Europa e América do Norte. O estudo avaliou 4 desfechos: probabilidade de mortalidade, probabilidade de refugo da exploração antes do parto, ganho médio diário (GMD) e produção de leite durante a primeira lactação.

Os autores, citando vários outros

autores, explicam que a doença respiratória bovina é uma das doenças infeciosas mais comuns em vitelos leiteiros na América do Norte e na Europa, referindo que a doença é causada por vírus e bactérias e que ocorre predominantemente antes dos 6 meses de idade, quando a imunidade passiva transmitida pela mãe desaparece ou quando as defesas respiratórias são enfraquecidas por fatores de stress. Referem que a DRB causa perdas económicas substanciais para as explorações leiteiras individuais, bem como para a indústria leiteira como um todo. Os custos gerais da DRB em vitelos estão associados ao custo imediato do tratamento da doença e aos efeitos negativos da DRB na saúde e no desempenho. Os custos do tratamento incluem produtos farmacêuticos e mão de obra, e os efeitos na saúde e no desempenho incluem, entre outros, aumento da mortalidade, aumento do abate prematuro, aumento da idade ao primeiro parto, redução do GMD e redução da produção de leite na primeira lactação. Os autores dizem que os dados sobre saúde e desempenho, especialmente os efeitos de curto e longo prazo da DRB na vitela, são escassos, mas é importante ter um melhor entendimento das perdas económicas globais associadas à DRB, a fim de decidir quais as medidas preventivas de DRB devem ser implementadas em explorações leiteiras.

Os autores indicam que entre

os resultados para os quais foi obtida informação sumarizada, os efeitos a curto prazo da DRB (ou seja, mortalidade e GMD) foram provavelmente estimados com maior precisão do que os efeitos a longo prazo (ou seja, probabilidade de refugo antes do primeiro parto e produção de leite durante a primeira lactação). Os autores explicam que a mortalidade e a redução do GMD são consequências diretas da DRB, enquanto que a probabilidade de refugo antes do primeiro parto e a probabilidade de menor produção de leite dependem de outros fatores, como por exemplo de decisões dos produtores (ou seja, venda, refugo, reprodução), da fertilidade, do GMD e da idade ao primeiro parto. Eles fornecem como exemplo o caso de uma novilha com um GMD reduzido, diagnosticada com DRB enquanto vitela, que pode levar a uma decisão de não a inseminar aos 15 meses de idade ou abatê-la / vendê-la após apenas 1 ou 2 tentativas de inseminação mal sucedidas o que, portanto, poderia afetar diretamente o probabilidade de remoção do rebanho antes do primeiro parto. Por outro lado, os efeitos de longo prazo da DRB foram provavelmente subestimados, uma vez que as novilhas mais severamente afetadas com a DRB em vitelas, morrem ou são removidas do rebanho antes do primeiro parto.

No geral, com base no modelo usado

para analisar a literatura científica, os autores concluíram que novilhas com diagnóstico de DRB durante a fase de vitelas tinham uma probabilidade de morrer 2,85 vezes mais elevada e uma probabilidade de refugo (mortas, abatidas ou vendidas) antes do primeiro parto 2,30 mais elevada em comparação com novilhas não diagnosticadas com esta condição. Novilhas com DRB em vitela também tiveram um ganho médio diário reduzido de 0,067 kg/dia e produziram 121,2 kg de leite a menos durante a primeira lactação.

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