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OLHOS DE PIEDADE

Ver a eternidade dos prantos, Dos choros que ecoam de tantos, Marcados pela tristeza de desencantos, Dos que vivem esquecidos a seus cantos.

Ver o ranger de dentes tementes, De crianças que suplicam doentes, Enfermadas por uma miséria intransigente, Dos que tripudiam em seu perfil inconsequente.

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Ver as marcas de um povo defraudado. Em sua inocência, por um poder maculado, Neste antro de um planeta tão desolado, Pela ausente compaixão, urgente em todo lado.

Ver as estrias demarcadas neste reduto cristão, Como uma sutil apunhalada em nosso próprio coração, Iniciativas derrogadas por falsos santos sem razão, Neste enredo sincopado estamos juntos e em solidão.

Ver e nada fazer como sempre ficam e estão, Os que buscam ignorar e esconder a visão, Procurando somente estar aonde perdurarão, A cobiça e o bem-estar de uma saprófita redenção.

Salve-se quem puder tem sido o brado, Daqueles que por Deus nunca serão lembrados, Por só terem em seu coração um simples dado, O bolso e a ambição como seus esculápios.

Numa esculca mal assistida vivem insólitos, Os que querem traduzir sinais solidários, De uma linguagem cada vez mais mórbida, Onde a honesta visão é um conto anedotário.

Ouve meu irmão esta nossa demulcente moção, Já que não pode ter mais nenhum senso de perdão, Acorda pois já tarda o dia desta verdade, Quando seu sangue verterá sob Olhos de Piedade.

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