José Brites-Neto
OLHOS DE PIEDADE Ver a eternidade dos prantos, Dos choros que ecoam de tantos, Marcados pela tristeza de desencantos, Dos que vivem esquecidos a seus cantos. Ver o ranger de dentes tementes, De crianças que suplicam doentes, Enfermadas por uma miséria intransigente, Dos que tripudiam em seu perfil inconsequente. Ver as marcas de um povo defraudado. Em sua inocência, por um poder maculado, Neste antro de um planeta tão desolado, Pela ausente compaixão, urgente em todo lado. Ver as estrias demarcadas neste reduto cristão, Como uma sutil apunhalada em nosso próprio coração, Iniciativas derrogadas por falsos santos sem razão, Neste enredo sincopado estamos juntos e em solidão. Ver e nada fazer como sempre ficam e estão, Os que buscam ignorar e esconder a visão, Procurando somente estar aonde perdurarão, A cobiça e o bem-estar de uma saprófita redenção. 64