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CABELOS PRATEADOS

Madrugada de expectativas, No silêncio de uma recepção, Pai e Avô esperam pela parida, De sua própria ressurreição.

Logo segue um menino na vida, Sentindo a poeira sortida na estrada, Vai buscar com seu próprio tino, O destino de uma árdua jornada.

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Precisa morrer pela pátria, sem nenhuma razão? Não, logo me diz uma avoengueira compreensão, Basta viver nesta lida, com um bom coração, Assim meu avô ensinou, minha primeira lição.

Com um olhar de laboriosa atenção, Sinto a força de meu pai, na palma de minha mão, Sei que fiz coisa errada, porque reclamar então? Com uma ditosa maestria, logo me conduz à razão.

Pressinto minha hora de partir, mas como dizer então? As lágrimas de minha mãe são contidas pela precisão. Rumo como um nômade de esperanças, Tendo em minha aljava, uma triste solidão.

Passa o tempo com a rapidez de meu pensamento, E logo vem a herança de um doce intento, Que acalento com uma extrema emoção. Meu filho nascido me olha, com olhos de interjeição.

Como que num espelho refletindo meu passado, Que me urge nesta hora ser lembrado, Contemplo minhas marcas neste chão, Como que semente fértil, sou apenas mais um grão.

São meus cabelos que vão ficando iguais, Embranquecidos pelo tempo e a razão, E não escondem meus olhos fitos ancestrais, No tempo que não volta mais.

Onde vejo sorridentes, lado a lado, Com seus reflexos de cabelos prateados, Os semblantes de meu Avô e meu Pai.

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